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Critérios de Avaliação

A avaliação ao longo das actividades lectivas será periódica, sendo efectuados


dois testes.
Os testes serão nos dias 18 de Novembro de 2013 e 13 de Janeiro de 2014.
Os dois testes serão cotados, cada um deles, para 10 valores.
Cálculo I
Mestrado Integrado em Engenharia Aeronáutica Designando por T1 a nota do primeiro teste e por T2 a nota do segundo teste,
a classificação final será calculada da seguinte forma:
– se T1 + T2 for inferior a 16,5 valores, a classificação final será o
António Bento arredondamento às unidades de T1 + T2 ;
bento@ubi.pt
– se T1 + T2 for superior ou igual a 16,5 valores, terá de ser feita uma
prova oral; nessa prova oral será atribuída uma nota, que designaremos
Departamento de Matemática
Universidade da Beira Interior por P O, entre 0 e 20 valores; a classificação final será o arredondamento
às unidades de
T1 + T2 + P O
 
2013/2014 max 16, .
2
São aprovados os alunos com classificação final igual ou superior a 10 valores.
Todos os alunos são admitidos a exame.
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Bibliografia Atendimento

– Apostol, T.M., Cálculo, Vol. 1, Reverté, 1993


– Dias Agudo, F.R., Análise Real, Vol. I, Escolar Editora, 1989
– Demidovitch, B., Problemas e Exercícios de Análise Matemática, McGrawHill,
1977 O atendimento aos alunos será às segundas-feiras, das 17 horas às 19 horas,
– Lang, S., A First Course in Calculus, Undergraduate texts in Mathematics, no gabinete 4.25 do Departamento de Matemática.
Springer, 5th edition
Caso este horário não seja conveniente, pode ser combinado outro horário com
– Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 1, Projecto Euclides, IMPA, 1989
o docente da cadeira através do email
– Lima, E. L., Análise Real, Vol. 1, Colecção Matemática Universitária, IMPA, 2004
– Mann, W. R., Taylor, A. E., Advanced Calculus, John Wiley and Sons, 1983 bento@ubi.pt
– J. P. Santos, Cálculo numa Variável Real, IST Press, 2013
– Sarrico, C., Análise Matemática – Leituras e exercícios, Gradiva, 3a Ed., 1999
– Stewart, J., Calculus (International Metric Edition), Brooks/Cole Publishing
Company, 2008
– Swokowski, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Vol. 1 e 2, McGrawHill,
1983

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Índice Índice

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
3 Cálculo diferencial em R Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas
4 Cálculo integral em R
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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Índice §1.1 O conjunto dos números reais

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais No conjunto dos números reais, que representaremos por R, estão
Função módulo definidas duas operações:
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
– uma adição, que a cada par de números reais (a, b) faz
Funções hiperbólicas corresponder um número a + b;

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade – uma multiplicação, que a cada par (a, b) associa um número
representado por a.b (ou a × b ou simplesmente ab).
3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

Propriedades da adição
A1) Para cada a, b, c ∈ R,
a + (b + c) = (a + b) + c (associatividade)
A2) Para cada a, b ∈ R,
Distributividade da multiplicação em relação à adição
a+b=b+a (comutatividade) D1) Para cada a, b, c ∈ R,
A3) Existe um elemento 0 ∈ R, designado por "zero", tal que para cada a(b + c) = (b + c)a = ab + ac (distributividade)
a∈R
a+0=0+a=a (elemento neutro)
A4) Para cada a ∈ R, existe um elemento −a ∈ R tal que
a + (−a) = (−a) + a = 0 (simétrico)

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

Associadas a estas operações estão duas outras operações, a


Propriedades da multiplicação subtracção e a divisão. A subtracção entre dois números reais a e b
M 1) Para cada a, b, c ∈ R, representa-se por a − b e é definida por
a(bc) = (ab)c (associatividade)
M 2) Para cada a, b ∈ R, a − b = a + (−b).
ab = ba (comutatividade) a
A divisão entre dois números reais a e b com b 6= 0 representa-se por
M 3) Existe um elemento 1 ∈ R, diferente de zero e designado por b
(ou a ÷ b ou a/b) e é definida por
"unidade", tal que para cada a ∈ R
a.1 = 1.a = a (elemento neutro) a
= ab−1 .
M 4) Para cada a ∈ R \ {0}, existe um elemento a−1 ∈ R tal que b
aa−1 = a−1 a = 1 (inverso) a
A , com b 6= 0, também se chama fracção entre a e b.
b

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

Operações com fracções


Sejam a, b, c e d números reais tais que b 6= 0 e d 6= 0. Então
a c ad + bc Lei do anulamento do produto
• + = ;
b d bd Dados números reais a e b tem-se
a c ad − bc
• − = ; ab = 0
b d bd
a c ac se e só se
• = ; a=0 e/ou b = 0.
b d bd
a
a d ad
• cb = × = onde c 6= 0.
b c bc
d

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

Lei do corte da adição


Sejam a, b e c números reais. Então

a+c=b+c
Casos notáveis da multiplicação
se e só se Se a e b são números reais, então
a = b.
i) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2 ;

ii) (a − b)2 = a2 − 2ab + b2 ;


Lei do corte da multiplicação
iii) (a + b)(a − b) = a2 − b2 .
Sejam a, b e c números reais com c 6= 0. Então

ca = cb

se e só se
a = b.

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

Das quatro propriedades de ordem mencionadas atrás é possível


deduzir as seguintes propriedades:
Ordem
Propriedades de ordem
No conjunto dos números reais está definida uma relação de ordem,
Para quaisquer números reais a, b, c e d, tem-se
relação essa que denotamos por < e que verifica, para quaisquer a, b,
c ∈ R, as seguintes propriedades: a) se a 6 b e b 6 a, então a = b;
b) se a 6= 0, então a2 > 0;
O1) apenas uma das seguintes condições é verdadeira:
c) se a < b e c < d, então a + c < b + d;
ou a = b, ou a < b, ou b < a;
d) se a < b e c > 0, então ac < bc;
O2) se a < b e b < c, então a < c; e) se a < b e c < 0, então ac > bc;
O3) se a < b, então a + c < b + c; f ) se a > 0, então a−1 > 0;
g) se a < 0, então a−1 < 0;
O4) se 0 < a e 0 < b, então 0 < ab;
a+b
h) se a < b, então a < < b;
2
i) ab > 0 se e só se (a > 0 e b > 0) ou (a < 0 e b < 0).

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

Quando a < b é uma proposição verdadeira, dizemos que a é menor


do que b. A relação de ordem permite-nos representar os números reais numa
Diz-se que a é menor ou igual do que b, e escreve-se recta ou num eixo.

a 6 b, se a < b ou a = b.

Dizemos que a é maior do que b, e escreve-se


√ √
−3 −2 −1 0 1 2 3 2 e 3π
a > b, se b < a.

Obviamente, diz-se que a é maior ou igual do que b, e escreve-se

a > b, se b 6 a.

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

As relações de ordem que definimos previamente permitem-nos definir


vários subconjuntos de R chamados intervalos. Dados dois números
reais tais que a 6 b, temos os seguintes conjuntos: Intuitivamente, poderíamos construir os números naturais da
seguinte forma:
]a, b[ = {x ∈ R : a < x < b} ;
1 é um número natural;
]a, b] = {x ∈ R : a < x 6 b} ;
1 + 1 que representamos por 2 é um número natural;
[a, b] = {x ∈ R : a 6 x 6 b} ;
1 + 1 + 1 = 2 + 1 = 3 é um número natural;
[a, b[ = {x ∈ R : a 6 x < b} ;
etc.
]a, +∞[ = {x ∈ R : a < x} ;
Assim,
[a, +∞[ = {x ∈ R : a 6 x} ; N = {1, 2, 3, 4, 5, . . .} .
] − ∞, b[ = {x ∈ R : x < b} ;
] − ∞, b] = {x ∈ R : x 6 b} ;
] − ∞, +∞[ = R

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§1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais

A partir dos números naturais podemos definir os números inteiros e os


Representação geométrica dos intervalos números racionais.

Um número real diz-se um número inteiro se for um número natural,


ou se o seu simétrico for um número natural ou se for zero, isto é, o
]a, b[ ]a, +∞[ conjunto dos números inteiros é o conjunto
a b a

Z = N ∪ {0} ∪ {m ∈ R : −m ∈ N} .
[a, b] [a, +∞[
a b a
Um número racional é um número real que pode ser representado
como o quociente entre dois números inteiros, isto é, o conjunto dos
[a, b[ ] − ∞, b[ números racionais é o conjunto
a b b
m
 
Q= : m ∈ Z, n ∈ Z \ {0} .
n
]a, b] ] − ∞, b]
a b b

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§1.1 O conjunto dos números reais Índice

Os números racionais também podem ser definidos através da 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
representação decimal. Um número real é racional se no sistema O conjunto dos números reais
decimal tiver uma dízima finita ou uma dízima infinita periódica. Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Domínio e contradomínio de uma função
Gráfico de uma função
Assim, o número Funções polinomiais e funções racionais
0, 3333333... Função módulo
Função inversa e composição de funções
é um número racional, que também se representa por Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas
0, 3(3)
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
Além disso, este número também pode ser representado por
3 Cálculo diferencial em R
1
.
3 4 Cálculo integral em R

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§1.1 O conjunto dos números reais Índice

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Aos números reais que não são racionais chamamos de números O conjunto dos números reais
irracionais. Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Domínio e contradomínio de uma função
Gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
√ √ Função módulo
Os números 2, 3, π e e são números irracionais. Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas
As inclusões seguintes são óbvias:
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R. 3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.2.1 Domínio e contradomínio de uma função §1.2.1 Domínio e contradomínio de uma função

Uma função f : A → B é definida à custa de três coisas:


• um conjunto A a que se chama domínio da função;
As funções f que nós vamos estudar são funções reais de variável
• um conjunto B chamado de conjunto de chegada da função; real, ou seja, o domínio da função f é um subconjunto de R e o
• uma regra que a cada elemento de x ∈ A faz corresponder um e conjunto de chegada é o conjunto dos números reais R. O domínio
um só elemento de B, elemento esse que se representa por f (x). costuma representar-se por D ou Df e usa-se a seguinte notação

Referimo-nos a x ∈ A como um objecto e a f (x) ∈ B como a sua f : D ⊆ R → R,


imagem por f , respectivamente. Também usamos a expressão valor
de f em x para nos referirmos à imagem f (x). ou, de forma mais abreviada,

Ao conjunto das imagens chamamos contradomínio de f , ou seja, o f : D → R.


contradomínio é o conjunto

f (A) = {f (x) ∈ B : x ∈ A} .

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§1.2.1 Domínio e contradomínio de uma função §1.2.1 Domínio e contradomínio de uma função

A natureza da regra associada a f : A → B, e que nos permite Primeira Lei de Ohm


determinar o valor de f (x) quando é dado x ∈ A, é inteiramente
arbitrária, tendo apenas que verificar duas condições: A primeira lei de Ohm diz que a intensidade I da corrente eléctrica é
1) não pode haver excepções, isto é, para que o conjunto A seja o dada pelo quociente entre a diferença de potencial V e a resistência
domínio de f a regra deve de fornecer f (x) para todo o x ∈ A; eléctrica R do condutor:
V
2) não pode haver ambiguidades, ou seja, a cada x ∈ A a regra deve I= .
R
fazer corresponder um único f (x) ∈ B. Assim, a intensidade da corrente pode ser vista como uma função da
diferença de potencial.

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§1.2.1 Domínio e contradomínio de uma função Índice

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais
Consideremos função real de variável real definida por Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Domínio e contradomínio de uma função
Gráfico de uma função
f (x) = x. Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
Função inversa e composição de funções
Quando o domínio de uma função real de variável real não é referido, Função exponencial e função logarítmica
apenas é dada a regra que define a função, considera-se como domínio Funções trigonométricas e suas inversas
o maior subconjunto de R a que se pode aplicar a regra. No exemplo Funções hiperbólicas

que estamos a considerar, a regra pode-se aplicar a todos os números


2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
reais e, portanto, o domínio de f é R.
O contradomínio de f é R. 3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

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§1.2.1 Domínio e contradomínio de uma função §1.2.2 Gráfico de uma função

A função definida por


f (x) = x2
Dada uma função real de variável real f : D ⊆ R → R, o conjunto
tem como domínio R e como contradomínio [0, +∞[.
G (f ) = {(a, f (a)) : a ∈ D}
Consideremos agora a função real de variável real dada por
designa-se por gráfico de f . Obviamente, este conjunto pode ser
1 representado no plano e a essa representação geométrica também se
g(x) = .
x chama gráfico.
Como a divisão por zero não é possível, o seu domínio é R \ {0} e o seu
contradomínio é R \ {0}.

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§1.2.2 Gráfico de uma função §1.2.2 Gráfico de uma função

Exemplo Exemplo
As funções f, g, h : R → R definidas por As função dada por
f (x) = 1/x
f (x) = x, g(x) = 2x + 1 e h(x) = −x − 1
tem os seguintes gráficos: cujo domínio é R \ {0} tem o seguinte gráfico
y y
g(x) = 2x + 1 1
f (x) = x f (x) =
x

h(x) = −x − 1
1 1

−1 1 −1

x 1 x

−1 −1

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§1.2.2 Gráfico de uma função Índice

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Exemplo O conjunto dos números reais
A função dada por Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
f (x) = x2 + x + 1 Funções afim
Funções quadráticas
tem o seguinte gráfico Funções polinomiais
y Funções racionais
Função módulo
f (x) = x2 + x + 1
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas

1 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


−1 1
3 Cálculo diferencial em R
x

4 Cálculo integral em R

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Índice §1.3.1 Funções afim

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Quando b = 0, a expressão da função afim reduz-se a
O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
f (x) = ax
Funções afim
Funções quadráticas e exprime que as variáveis entre x e y = f (x) existe proporcionalidade
Funções polinomiais
Funções racionais
directa, visto que o quociente dos dois valores correspondentes é
Função módulo constante:
Função inversa e composição de funções
y
= a.
Função exponencial e função logarítmica x
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas Dizemos então a função definida é linear.

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Quando a = 0, a expressão da função afim reduz-se a

3 Cálculo diferencial em R f (x) = b,


4 Cálculo integral em R
ou seja, nestas condições a temos uma função constante.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 41 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 43 / 521

§1.3.1 Funções afim §1.3.1 Funções afim

As funções dada por


f (x) = ax + b,
Resolução de equações de primeiro grau
onde a e b são dois números reais fixos, designam-se por funções afim.
Sejam a e b números reais. Então
O domínio de uma função afim é sempre o conjunto dos números reais. i) a + x = b ⇔ x = b − a;
O contradomínio é o conjunto R dos números reais, excepto no caso em b
que a = 0. Quando a = 0 o contradomínio é o conjunto singular {b}. ii) ax = b ⇔ x = onde a 6= 0;
a
O gráfico de uma função afim é sempre uma recta não vertical que
quando a = 0 é uma recta horizontal.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 42 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 44 / 521
§1.3.1 Funções afim §1.3.2 Funções quadráticas

As funções definidas por

Resolução de inequações de primeiro grau f (x) = ax2 + bx + c, a 6= 0


Sejam a e b números reais. Então
designam-se por funções quadráticas. O seu domínio é o conjunto R
i) a + x < b ⇔ x < b − a; dos números reais e o contradomínio é o intervalo
b

b2
" "
x < se a > 0; b
    
, +∞ = c − , +∞

a f −
ii) ax < b ⇔ 2a 4a
x > b se a < 0.


a se a > 0 e é o intervalo

b2
# #
b
  
Os casos de inequações de primeiro grau com 6, > ou > são análogos. −∞, f − = −∞, c −
2a 4a

se a < 0.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 45 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 47 / 521

Índice §1.3.2 Funções quadráticas

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Funções afim
Funções quadráticas
Funções polinomiais Fórmula resolvente (de equações de segundo grau)
Funções racionais
Função módulo
Sejam a, b e c números reais, com a 6= 0. Então
Função inversa e composição de funções √
Função exponencial e função logarítmica 2 −b ± b2 − 4ac
Funções trigonométricas e suas inversas ax + bx + c = 0 ⇔ x = .
Funções hiperbólicas
2a

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 46 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 48 / 521
§1.3.2 Funções quadráticas §1.3.2 Funções quadráticas

Inequações de segundo grau


Consideremos a inequação
ax2 + bx + c < 0, a 6= 0.
2
a) Se a > 0 e b − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o Para as inequações
intervalo
ax2 + bx + c > 0, a 6= 0,
]x1 , x2 [,
onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 < x2 . e
ax2 + bx + c > 0, a 6= 0,
b) Se a > 0 e b2 − 4ac 6 0, então a inequação não tem soluções.
temos algo semelhante aos dois casos anteriores.
c) Se a < 0 e b2 − 4ac < 0, então o conjunto solução da inequação é R.
d) Se a < 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o
intervalo
] − ∞, x1 [ ∪ ]x2 , +∞[,
onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 6 x2 .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 49 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 51 / 521

§1.3.2 Funções quadráticas §1.3.2 Funções quadráticas

Inequações de segundo grau (continuação) Fazendo ∆ = b2 − 4ac, a figura seguinte ajuda-nos a resolver as
Consideremos a inequação inequações de segundo grau.

ax2 + bx + c 6 0, a 6= 0. a>0 a>0 a>0


2
a) Se a > 0 e b − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o ∆>0 ∆=0 ∆<0
intervalo
[x1 , x2 ],
onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 6 x2 .
b) Se a > 0 e b2 − 4ac < 0, então a inequação não tem soluções.
c) Se a < 0 e b2 − 4ac 6 0, então o conjunto solução da inequação é R.
d) Se a < 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o
intervalo
a<0 a<0 a<0
] − ∞, x1 ] ∪ [x2 , +∞[,
∆>0 ∆=0 ∆<0
onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 < x2 .
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 50 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 52 / 521
Índice Índice

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
O conjunto dos números reais O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais Funções polinomiais e funções racionais
Funções afim Funções afim
Funções quadráticas Funções quadráticas
Funções polinomiais Funções polinomiais
Funções racionais Funções racionais
Função módulo Função módulo
Função inversa e composição de funções Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R 3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R 4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 53 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 55 / 521

§1.3.3 Funções polinomiais §1.3.4 Funções racionais

As funções As funções racionais são as funções definidas como o quociente entre


f: R→R dois polinómios, ou seja, são as funções dadas por

definidas por an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0


f (x) = ,
bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0
f (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 ,
onde m, n ∈ N, a0 , a1 , . . . , an−1 , bm−1 , . . . , b1 , b0 ∈ R e an , bm ∈ R \ {0}.
onde n ∈ N, a0 , a1 , . . . , an−1 ∈ R e an ∈ R \ {0} designam-se por
funções polinomiais. O seu domínio é o conjunto
n o
Obviamente, as funções afim e as funções quadráticas são funções D = x ∈ R : bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0 6= 0 .
polinomiais.

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Índice §1.4 Função módulo

A função f : R → R definida por


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
O conjunto dos números reais f (x) = |x| ,
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo cujo domínio é o conjunto R e tem por contradomínio o conjunto
Função inversa e composição de funções [0, +∞[. O seu gráfico tem representação geométrica que se segue.
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas y
Funções hiperbólicas y = |x|

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R
1

4 Cálculo integral em R

1 x

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 57 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 59 / 521

§1.4 Função módulo §1.4 Função módulo

Por valor absoluto ou módulo de um elemento x ∈ R entende-se o


número real |x| definido por
(
x se x > 0;
|x| = Propriedades do módulo
−x se x < 0.
Para quaisquer números reais a, b tem-se
Uma forma equivalente de definir o módulo de um número real x é a a) |a| = 0 se e só se a = 0;
seguinte
|x| = max {x, −x} . b) |a| > 0;
c) |ab| = |a|.|b|;
Geometricamente, o módulo de um número dá-nos a distância desse d) |a + b| 6 |a| + |b|; (desigualdade triangular)
número à origem.
y 0 x

|y| |x|

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 58 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 60 / 521
§1.4 Função módulo §1.4 Função módulo

A propriedade d) denomina-se desigualdade triangular pelo facto de


num triângulo o comprimento de qualquer lado ser menor do que a Podemos usar o módulo para calcular a distância entre dois números
soma dos comprimentos dos outros dois lados. reais. A distância entre dois números reais a e b é dada por

|a − b| .

Geometricamente,
a b

|a − b|
|a + b| 6 |a| + |b|

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 61 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 63 / 521

§1.4 Função módulo Índice

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Propriedades do módulo (continuação) Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
a) |x| = a ⇔ x = a ∨ x = −a onde a > 0; Função inversa e composição de funções
Injectividade, sobrejectividade e bijectividade
b) |x| < a ⇔ x < a ∧ x > −a Função inversa
Composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
c) |x| 6 a ⇔ x 6 a ∧ x > −a Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas
d) |x| > a ⇔ x > a ∨ x < −a
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
e) |x| > a ⇔ x > a ∨ x 6 −a
3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 62 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 64 / 521
Índice §1.5.1 Injectividade, sobrejectividade e bijectividade

Exemplo
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
O conjunto dos números reais
Seja f : R → R a função definida por
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais f (x) = 2x + 3.
Função módulo
Função inversa e composição de funções
Injectividade, sobrejectividade e bijectividade Como
Função inversa
Composição de funções f (a) = f (b) ⇔ 2a + 3 = 2b + 3
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas ⇔ 2a = 2b
Funções hiperbólicas
⇔ a = b,
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
b−3
a função f é injectiva. Além disso, dado b ∈ R, fazendo a =
3 Cálculo diferencial em R 2
temos
b−3 b−3
 
4 Cálculo integral em R f (a) = f =2 + 3 = b − 3 + 3 = b,
2 2
o que mostra que f é sobrejectiva.
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 65 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 67 / 521

§1.5.1 Injectividade, sobrejectividade e bijectividade §1.5.1 Injectividade, sobrejectividade e bijectividade

Seja f : D ⊆ R → R uma função real de variável real. Dizemos que f é


injectiva se
Exemplo
para quaisquer a, b ∈ D tais que a 6= b se tem f (a) 6= f (b). A função f : R → R definida por f (x) = x2 não é injectiva porque
A função f é sobrejectiva se
f (−1) = f (1).
para cada b ∈ R, existe a ∈ D tal que f (a) = b.
Além disso, também não é sobrejectiva porque o seu contradomínio é o
Obviamente, uma função real de variável real é sobrejectiva se o seu intervalo [0, +∞[.
contradomínio for o conjunto R dos números reais.

As funções que são injectivas e sobrejectivas dizem-se bijectivas.

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Índice §1.5.2 Função inversa

Exemplo
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos A função f : {1, 2, 3, 4} → R definida por
O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função f (1) = 9, f (2) = 8, f (3) = 7 e f (4) = 6
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
Função inversa e composição de funções é injectiva e pode ser representada da seguinte forma:
Injectividade, sobrejectividade e bijectividade f
Função inversa 4 b
f −1 b
6
Composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas 3 b b
7
Funções hiperbólicas
2 b b
8
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
1 b b
9
3 Cálculo diferencial em R

e a sua inversa é a função f −1 : {6, 7, 8, 9} → R definida por


4 Cálculo integral em R
f −1 (6) = 4, f −1 (7) = 3, f −1 (8) = 2 e f −1 (9) = 1.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 69 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 71 / 521

§1.5.2 Função inversa §1.5.2 Função inversa

Seja f : D ⊆ R → R uma função real de variável real injectiva. Recordemos


que o conjunto de todas as imagens por f de elementos de D, ou seja, o Exemplo
conjunto Consideremos novamente a função f : R → R definida por
f (D) = {f (x) ∈ R : x ∈ D} , f (x) = 2x + 3.
se designa por contradomínio de f . Como f é injectiva, dado y ∈ f (D), existe Já vimos que esta função é injectiva e, consequentemente, tem inversa. Além
um e um só x ∈ D tal que disso, o contradomínio de f é R e, portanto,
f (x) = y. f −1 : R → R.
Nestas condições podemos definir a inversa da função f que a cada y ∈ f (D) Como
faz corresponder x ∈ D tal que f (x) = y. Essa inversa representa-se por f −1 e
y = f (x) ⇔ y = 2x + 3
é a função
f −1 : f (D) → R ⇔ −2x = −y + 3
⇔ 2x = y − 3
definida por
y 3
f −1
(y) = x se e só se f (x) = y. ⇔ x= − ,
2 2
É evidente que para cada x ∈ D e para cada y ∈ f (D) se tem
f −1 é definida por
f −1 (f (x)) = x e f (f −1 (y)) = y. y 3 x 3
f −1 (y) = − ou f −1 (x) = − .
2 2 2 2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 70 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 72 / 521
§1.5.2 Função inversa §1.5.2 Função inversa

Exemplo (continuação) Exemplo (continuação)


y = 2x + 3 y=x y = x2 y=x

3 3


2 2 y= x

1 1
x 3
y= −
2 2

−4 −3 −2 −1 1 2 3 −4 −3 −2 −1 1 2 3
−1 −1

−2 −2

−3 −3

−4 −4

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 73 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 75 / 521

§1.5.2 Função inversa Índice

Exemplo
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
Seja f : R → R a função definida por O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
f (x) = x2 . Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
Função inversa e composição de funções
Esta função não é injectiva porque, por exemplo,
Injectividade, sobrejectividade e bijectividade
Função inversa
f (−1) = f (1) = 1. Composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Assim, a função f não tem inversa. No entanto, se pensarmos na restrição Funções trigonométricas e suas inversas
desta função a [0, +∞[, ou seja, se usarmos a função g : [0, +∞[→ R definida Funções hiperbólicas
por g(x) = x2 , esta função já é injectiva pelo que podemos pensar na sua
√ 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
inversa. Como o seu contradomínio é [0, +∞[ e y = x2 ⇒ x = y, a função

g −1 : [0, +∞[→ R 3 Cálculo diferencial em R

é definida por 4 Cálculo integral em R



g −1
(x) = x.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 74 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 76 / 521
§1.5.3 Composição de funções §1.5.3 Composição de funções

Sejam Exemplo (continuação)


f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R Se em vez de g ◦ f calcularmos f ◦ g temos
duas funções reais de variável real. A função composta de g com f
Df ◦g = {x ∈ Dg : g(x) ∈ Df }
é a função
1
 
g ◦ f : Dg◦f ⊆ R → R, = x ∈ R \ {0} : ∈ R
x
de domínio = R \ {0}
Dg◦f = {x ∈ Df : f (x) ∈ Dg } ,
e
definida por 1
(g ◦ f )(x) = g(f (x)). (f ◦ g)(x) = f (g(x)) = f (1/x) = − 1.
x2

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§1.5.3 Composição de funções §1.5.3 Composição de funções

Exemplo Exemplo (continuação)


Sejam
1
f: R→R e g : R \ {0} → R y=
x2 − 1
3
as funções definidas por
1 2
f (x) = x2 − 1 e g(x) = .
x
1
Então g ◦ f tem por domínio o conjunto
Dg◦f = {x ∈ Df : f (x) ∈ Dg } −3 −2 −1 1 2 3
n
2
o
= x ∈ R : x − 1 ∈ R \ {0} −1
1
y= −1
x2
= R \ {−1, 1} −2
e é definida por
−3
1
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(x2 − 1) = 2 .
x −1

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 78 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 80 / 521
Índice §1.6.1 Função exponencial

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais Dado um número real positivo a > 0, pretendemos estudar a função
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo f :R→R
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica definida por
Função exponencial
Função logarítmica f (x) = ax ,
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas que se designa por função exponencial de base a.

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Repare-se que quando a = 1 temos a função constante
3 Cálculo diferencial em R f (x) = 1x = 1.
4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 81 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 83 / 521

Índice §1.6.1 Função exponencial

Propriedades da função exponencial


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Sejam x, y ∈ R e a, b ∈ ]0, +∞[. Então
O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função a) a0 = 1
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
b) ax+y = ax ay
Função inversa e composição de funções 1
Função exponencial e função logarítmica c) a−x =
Função exponencial
ax
Função logarítmica ax
Funções trigonométricas e suas inversas d) ax−y = y
a
Funções hiperbólicas
x y
e) (a ) = axy
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade f ) ax bx = (ab)x
3 Cálculo diferencial em R g) se x > y e a > 1, então ax > ay
h) se x > y e 0 < a < 1, então ax < ay
4 Cálculo integral em R
i) se a ∈ ]0, +∞[ \ {1} a função exponencial é injectiva
j) se a ∈ ]0, +∞[ \ {1} o contradomínio da função exponencial é ]0, +∞[

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 82 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 84 / 521
§1.6.1 Função exponencial §1.6.1 Função exponencial

1 x

y y= y
3 1 x

y=
1 x 4

0<a<1 a>1 y= 2

1
a=1

x x

Gráfico da função exponencial Gráfico de funções exponenciais

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 85 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 87 / 521

§1.6.1 Função exponencial §1.6.1 Função exponencial

y y = 3x Na natureza aparecem frequentemente quantidades que estão


y = 4x y = ex
y = 2x relacionadas por leis de decrescimento e de crescimento exponenciais.
As leis mais comuns são da forma
 
y = A e−kx e y = A 1 − e−kx

onde A e k são constantes (positivas).

A A
1

x y = A e−kx y = A 1 − e−kx

Gráfico de funções exponenciais

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 86 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 88 / 521
§1.6.1 Função exponencial §1.6.2 Função logarítmica

Vejamos alguns exemplos:


Quando a ∈ ]0, 1[ ∪ ]1, +∞[, a função exponencial ax é injectiva e, por
a) Expansão linear l = l0 eα θ conseguinte, tem inversa. Essa inversa chama-se logaritmo na base a
b) Variação da resistência eléctrica com a temperatura Rθ = R0 eα θ e representa-se por loga .
c) Tensão em correias T1 = T0 eµ θ Assim, tendo em conta que o contradomínio da função exponencial é o
d) Lei de Newton do arrefecimento θ = θ0 e−kt intervalo ]0, +∞[, temos que

e) Crescimento biológico y = y0 e k t loga : ]0, +∞[→ R


f ) Descarga de um condensador q = Q e−t/CR
é a função definida por
g) Pressão atmosférica p = p0 e−h/c
loga x = y se e só se x = ay .
h) Decaimento radioactivo N = N0 e−λ t
i) Intensidade da corrente num circuito indutivo i = Ie−Rt/L Obviamente, quando a = e temos a função logaritmo natural que
representamos por ln.
 
j) Intensidade da corrente num circuito capacitivo i = I 1 − e−t/CR

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 89 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 91 / 521

Índice §1.6.2 Função logarítmica

Propriedades da função logarítmica


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Sejam x, y ∈ R+ e a, b ∈ ]0, +∞[\ {1}. Então
O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função a) loga (xy) = loga x + loga y
Funções polinomiais e funções racionais
1
Função módulo b) loga = − loga x
Função inversa e composição de funções x
Função exponencial e função logarítmica x
Função exponencial c) loga = loga x − loga y
Função logarítmica
y
Funções trigonométricas e suas inversas d) loga (xα ) = α loga x
Funções hiperbólicas
e) loga x = logb x loga b
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
f ) loga 1 = 0
3 Cálculo diferencial em R g) se x > y e a > 1, então loga x > loga y
h) se x > y e 0 < a < 1, então loga x < loga y
4 Cálculo integral em R
i) a função logarítmica é injectiva;
j) o contradomínio da função logarítmica é R
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 90 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 92 / 521
§1.6.2 Função logarítmica Índice

y 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


a>1 O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções seno e coseno
x Funções tangente e cotangente
1
Funções secante e cosecante
Propriedades das funções trigonométricas
Funções trigonométricas inversas
Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


0<a<1

3 Cálculo diferencial em R

Gráfico da função logaritmo de base a 4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 93 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 95 / 521

§1.6.2 Função logarítmica Índice

y 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais
log2 x Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
ln x Função módulo
log4 x Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções seno e coseno
x Funções tangente e cotangente
1
Funções secante e cosecante
Propriedades das funções trigonométricas
log1/4 x Funções trigonométricas inversas
log1/3 x Funções hiperbólicas

log1/2 x 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

Gráfico de funções logarítmicas 4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 94 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 96 / 521
§1.7.1 Funções seno e coseno §1.7.1 Funções seno e coseno

E BE CD
=
AE AD

AB AC As funções seno e coseno, cujo domínio é o conjunto dos números


= reais, fazem corresponder a cada x ∈ R
α
AE AD
A B C
sen x e cos x,

• seno: respectivamente. O contradomínio destas duas funções é o intervalo


comprimento do cateto oposto BE CD [−1, 1].
sen α = = =
comprimento da hipotenusa AE AD

• coseno:
comprimento do cateto adjacente AB AC
cos α = = =
comprimento da hipotenusa AE AD

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 97 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 99 / 521

§1.7.1 Funções seno e coseno §1.7.1 Funções seno e coseno

1
α em radianos
y

cos α 1
x
sen α −2π − 3π −π −π π π 3π 2π
2 2 2 2
α 1
−1

Gráfico da função seno

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 98 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 100 / 521
§1.7.1 Funções seno e coseno §1.7.2 Funções tangente e cotangente

Outra função trigonométrica importante é a função tangente, definida


y
pela fórmula
1
sen x
tg x = ,
x
cos x
−2π − 3π
2
−π −π
2
π
2
π 3π
2
2π que está definida para todos os pontos x tais que cos x 6= 0, ou seja, o
domínio da função tangente é o conjunto
−1
π
 
x ∈ R : x 6= + kπ, k ∈ Z .
Gráfico da função coseno 2
O seu contradomínio é o conjunto dos números reais.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 101 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 103 / 521

Índice §1.7.2 Funções tangente e cotangente

y
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções seno e coseno
Funções tangente e cotangente x
Funções secante e cosecante −2π − 3π −π −π π π 3π 2π
2 2 2 2
Propriedades das funções trigonométricas
Funções trigonométricas inversas
Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R
Gráfico da função tangente
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 102 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 104 / 521
§1.7.2 Funções tangente e cotangente §1.7.2 Funções tangente e cotangente

cos x
= cotg x
1 sen x
A função cotangente é dada pela expressão
cos x
cotg x = . sen x
= tg x
sen x cos x

O seu domínio é o conjunto x 1

{x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z}

e o contradomínio é o conjunto dos números reais.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 105 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 107 / 521

§1.7.2 Funções tangente e cotangente Índice


y
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções seno e coseno
−2π −π π 2π Funções tangente e cotangente
x
− 3π −π π 3π Funções secante e cosecante
2 2 2 2
Propriedades das funções trigonométricas
Funções trigonométricas inversas
Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R
Gráfico da função cotangente
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 106 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 108 / 521
§1.7.3 Funções secante e cosecante §1.7.3 Funções secante e cosecante

A função secante é definida por A função cosecante é definida por


1 1
sec x = , cosec x = ,
cos x sen x
o seu domínio é o conjunto o seu domínio é o conjunto
π
 
x ∈ R : x 6= + kπ, k ∈ Z {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ R}
2
e o seu contradomínio é o conjunto e o seu contradomínio é o conjunto

] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[. ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 109 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 111 / 521

§1.7.3 Funções secante e cosecante §1.7.3 Funções secante e cosecante

y y

1 1

x x
−π π π 2π −2π − 3π −π −π π π 2π
−2π − 3π
2
−π
2 2

2 2 2 2

2
−1 −1

Gráfico da função secante Gráfico da função cosecante


António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 110 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 112 / 521
Índice §1.7.4 Propriedades das funções trigonométricas

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Fórmula fundamental da trigonometria
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo sen2 x + cos2 x = 1
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções seno e coseno Desta fórmula resultam imediatamente as seguintes fórmulas
Funções tangente e cotangente
Funções secante e cosecante 1 1
Propriedades das funções trigonométricas 1 + tg2 x = e 1 + cotg2 x = ,
Funções trigonométricas inversas cos2 x sen2 x
Funções hiperbólicas
que podem ser reescritas da seguinte forma
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

1 + tg2 x = sec2 x e 1 + cotg2 x = cosec2 x.


3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 113 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 115 / 521

§1.7.4 Propriedades das funções trigonométricas §1.7.4 Propriedades das funções trigonométricas

Reduções ao primeiro quadrante

π π π π 3π sen(−x) = − sen x
0 π
6 4 3 2 2 cos(−x) = cos x
√ √ 1
1 2 3
seno 0 1 0 -1 sen(π/2 − x) = cos x
2 2 2
√ √ cos(π/2 − x) = sen x
3 2 1 xx
coseno 1 0 -1 0
2 2 2 sen(π/2 + x) = cos x x x 1
√ x x
3 √ cos(π/2 + x) = − sen x
tangente 0 1 3 n.d. 0 n.d.
3
√ sen(π − x) = sen x
√ 3
cotangente n.d. 3 1 0 n.d. 0 cos(π − x) = − cos x
3
sen(π + x) = − sen x
cos(π + x) = − cos x

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 114 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 116 / 521
§1.7.4 Propriedades das funções trigonométricas §1.7.4 Propriedades das funções trigonométricas

Reduções ao primeiro quadrante (continuação)

sen(3π/2 − x) = − cos x 1 Resolução de equações trigonométricas


cos(3π/2 − x) = − sen x sen x = sen α ⇔ x = α + 2kπ ∨ x = π − α + 2kπ, k ∈ Z
sen(3π/2 + x) = − cos x cos x = cos α ⇔ x = α + 2kπ ∨ x = −α + 2kπ, k ∈ Z
cos(3π/2 + x) = sen x x 1
x tg x = tg α ⇔ x = α + kπ, k ∈ Z
sen(2π − x) = − sen x xx
cotg x = cotg α ⇔ x = α + kπ, k ∈ Z
cos(2π − x) = cos x
sen(2π + x) = sen x
cos(2π + x) = cos x

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 117 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 119 / 521

§1.7.4 Propriedades das funções trigonométricas §1.7.4 Propriedades das funções trigonométricas

Fórmulas trigonométricas
Reduções ao primeiro quadrante (continuação)
sen(x + y) = sen x cos y + sen y cos x
tg(−x) = − tg(x)
sen(x − y) = sen x cos y − sen y cos x
cotg(−x) = − cotg(x) cos(x + y) = cos x cos y − sen x sen y
tg(π/2 − x) = cotg x cos(x − y) = cos x cos y + sen x sen y
cotg(π/2 − x) = tg x sen(2x) = 2 sen x cos x
tg(π/2 + x) = − cotg x cos(2x) = cos2 x − sen2 x = 2 cos2 x − 1 = 1 − 2 sen2 x
cotg(π/2 + x) = − tg x x+y x−y
sen x + sen y = 2 sen cos
2 2
tg(π − x) = − tg x x−y x+y
sen x − sen y = 2 sen cos
cotg(π − x) = − cotg x 2 2
x+y x−y
tg(π + x) = tg x cos x − cos y = −2 sen sen
2 2
cotg(π + x) = cotg x x+y x−y
cos x + cos y = 2 cos cos
2 2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 118 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 120 / 521
Índice §1.7.5 Funções trigonométricas inversas

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos x arc sen x


O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função 0 0
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo 1 π/2
Função inversa e composição de funções
Função exponencial e função logarítmica
Funções trigonométricas e suas inversas −1 −π/2
Funções seno e coseno
Funções tangente e cotangente 1/2 π/6
Funções secante e cosecante
Propriedades das funções trigonométricas −1/2 −π/6
Funções trigonométricas inversas
Funções hiperbólicas √
2/2 π/4
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

− 2/2 −π/4
3 Cálculo diferencial em R

3/2 π/3
4 Cálculo integral em R

− 3/2 −π/3

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 121 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 123 / 521

§1.7.5 Funções trigonométricas inversas §1.7.5 Funções trigonométricas inversas

A função seno não é injectiva pelo que não tem inversa.


 No entanto, y
π π

considerando a restrição da função seno ao intervalo − , , a que se
2 2 π
2
b

chama restrição principal, ou seja, considerando a função


π π
 
f: − , → R,
2 2
definida por −1
x
f (x) = sen x, 1

tem-se que a função f é injectiva. À inversa desta função chama-se


arco seno e representa-se por arc sen. Assim,
arc sen : [−1, 1] → R b − π2

e é definida da seguinte forma


π π
 
arc sen x = y se e só se x = sen y e y ∈ − , . Gráfico da função arco seno
2 2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 122 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 124 / 521
§1.7.5 Funções trigonométricas inversas §1.7.5 Funções trigonométricas inversas

y
Considerando a restrição da função coseno ao intervalo [0, π], ou seja, a
função b π
g : [0, π] → [−1, 1]
definida por
g(x) = cos x,
π
tem-se que g é uma função injectiva. A inversa desta função 2

representa-se por arc cos e chama-se arco coseno. Assim,

arc cos : [−1, 1] → R

é a função definida por b x


−1 1
arc cos x = y se e só se x = cos y e y ∈ [0, π] .

Gráfico da função arco coseno

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 125 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 127 / 521

§1.7.5 Funções trigonométricas inversas §1.7.5 Funções trigonométricas inversas

x arc cos x Seja


π π
 
0 π/2 h: − , →R
2 2
1 0 a função definida por
h(x) = tg x.
−1 π
A função h é injectiva, pelo que h tem inversa. A inversa desta função
1/2 π/3
representa-se por arc tg e chama-se arco tangente. Assim
−1/2 2π/3
√ arc tg : R → R
2/2 π/4
√ é a função definida por
− 2/2 3π/4
π π
 
√ arc tg x = y se e só se x = tg y e y ∈ − , .
3/2 π/6 2 2

− 3/2 5π/6

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 126 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 128 / 521
§1.7.5 Funções trigonométricas inversas §1.7.5 Funções trigonométricas inversas

x arc tg x
0 0
π À inversa da restrição ao intervalo ]0, π[ da função cotangente
1 chamamos arco cotangente e representamos essa função por arc cotg.
4
π Assim,
−1 − arc cotg : R → R
4
√ é a função definida por
3 π
3 6
√ arc cotg x = y se e só se x = cotg y e y ∈ ]0, π[ .
3 π
− −
3 6
√ π
3
3
√ π
− 3 −
3
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 129 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 131 / 521

§1.7.5 Funções trigonométricas inversas §1.7.5 Funções trigonométricas inversas

x arc cotg x
π
y 0
2
π
π
2
1
4

x −1
4

3 π
3 3
− π2 √
3 2π

3 3
Gráfico da função arco tangente √ π
3
6
√ 5π
− 3
6
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 130 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 132 / 521
§1.7.5 Funções trigonométricas inversas Índice

y 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


π O conjunto dos números reais
Domínio, contradomínio e gráfico de uma função
Funções polinomiais e funções racionais
Função módulo
Função inversa e composição de funções
π Função exponencial e função logarítmica
2
Funções trigonométricas e suas inversas
Funções hiperbólicas

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


x

3 Cálculo diferencial em R

Gráfico da função arco cotangente 4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 133 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 135 / 521

§1.7.5 Funções trigonométricas inversas §1.8 Funções hiperbólicas

Domínio Contradomínio Regra


As funções
senh : R → R e cosh : R → R
π π π π
h i h i
arc sen [−1, 1] − , arc sen x = y ⇔ x = sen y ∧ y ∈ − ,
2 2 2 2 definidas por

arc cos [−1, 1] [0, π] arc cos x = y ⇔ x = cos y ∧ y ∈ [0, π] ex − e−x ex + e−x
senh x = e cosh x =
2 2
π π π π
i h i h
arc tg R − , arc tg x = y ⇔ x = tg y ∧ y ∈ − , designam-se por seno hiperbólico e por coseno hiperbólico,
2 2 2 2
respectivamente.
arc cotg R ]0, π[ arc cotg x = y ⇔ x = cotg y ∧ y ∈ ]0, π[

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 134 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 136 / 521
§1.8 Funções hiperbólicas §1.8 Funções hiperbólicas

y
y = cosh x

ex − e−x
senh x = y ⇔ =y
2
⇔ ex − e−x = 2y
1
⇔ ex − e−x −2y = 0
⇔ e2x −2y ex −1 = 0
x

4y 2 + 4 2✘
❳ ✘
2y + 4y✘
❳❳2y − ✘ +4
p p
x
⇔e = ∨ ex✘
=✘✘✘
❳❳✘❳❳
2 ✘ 2 ❳❳❳
q
⇔ ex = y + y2 + 1
 q 
⇔ x = ln y + y2 + 1 y = senh x

Logo o contradomínio do seno hiperbólico é R. Gráfico das funções seno e coseno hiperbólico

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 137 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 139 / 521

§1.8 Funções hiperbólicas §1.8 Funções hiperbólicas

ex + e−x
cosh x = y ⇔ =y
2
Associada a estas funções está a função tangente hiperbólica. A
⇔ ex + e−x = 2y tangente hiperbólica é a função
⇔ ex + e−x −2y = 0
tgh : R → R
⇔ e2x −2y ex +1 = 0
2y +
p
4y 2 − 4 2y − 4y 2 − 4
p definida por
⇔e = x
∨ ex = senh x ex − e−x e2x −1
2 2 tgh x = = x = .
q q cosh x e + e−x e2x +1
⇔ ex = y + y 2 − 1 ∨ ex = y − y2 − 1
q  q 
⇔ x = ln(y + y 2 − 1) ∨ x = ln y − y2 − 1

Assim, o contradomínio do coseno hiperbólico é o intervalo [1, +∞[.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 138 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 140 / 521
§1.8 Funções hiperbólicas §1.8 Funções hiperbólicas

e2x −1
tgh x = y ⇔ =y
e2x +1 É fácil mostrar que as seguintes igualdades são válidas:
2x 2x
⇔e −1 = y e +y a) cosh2 x − senh2 x = 1
⇔ (1 − y) e2x = y + 1 1
b) 1 − tgh2 x =
y+1 cosh2 x
⇔ e2x = c) senh(x + y) = senh x cosh y + senh y cosh x
1−y
1 y+1 d) cosh(x + y) = cosh x cosh y + senh x senh y
 
⇔ x = ln
2 1−y
y+1
Assim, temos de ter > 0, o que é equivalente a −1 < y < 1. Logo
1−y
o contradomínio da tangente hiperbólica é o intervalo ] − 1, 1[.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 141 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 143 / 521

§1.8 Funções hiperbólicas Índice

y 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

1 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


Breves noções de topologia em R
Limites: definição, propriedades e exemplos
Limites infinitos e limites no infinito
x
Limites laterais
Assímptotas
Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos
Propriedades fundamentais das funções contínuas
−1

3 Cálculo diferencial em R

4 Cálculo integral em R
Gráfico da função tangente hiperbólica

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 142 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 144 / 521
Índice §2.1 Breves noções de topologia em R

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


Breves noções de topologia em R
Limites: definição, propriedades e exemplos
Limites infinitos e limites no infinito -1 0 1/2 1 2
Limites laterais
Assímptotas Seja A o conjunto ]0, 1]. Então
Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos
1
Propriedades fundamentais das funções contínuas é um ponto interior a A,
2
3 Cálculo diferencial em R 2 é um ponto exterior a A,
−1 é um ponto exterior a A,
4 Cálculo integral em R
0 é um ponto fronteiro a A e
1 é um ponto fronteiro a A.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 145 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 147 / 521

§2.1 Breves noções de topologia em R §2.1 Breves noções de topologia em R

Seja A um subconjunto de R. Um ponto a ∈ R diz-se interior a A


O conjunto dos pontos interiores a A designa-se por interior de A e
se existir ε > 0 tal que ]a − ε, a + ε[ ⊆ A. representa-se por
int A ou A◦ ,
O ponto a diz-se exterior a A
o conjunto dos pontos exteriores a A chama-se exterior de A e
se existir ε > 0 tal que ]a − ε, a + ε[ ∩ A = ∅ representa-se por
(ou seja, ]a − ε, a + ε[ ⊆ R \ A). ext A
Um ponto diz-se fronteiro a A se não for interior, nem exterior, isto é, e o conjunto dos pontos fronteiros a A diz-se a fronteira de A e
a é um ponto fronteiro de A representa-se por
fr A.
se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ A 6= ∅ e ]a − ε, a + ε[ ∩ (R \ A) 6= ∅.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 146 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 148 / 521
§2.1 Breves noções de topologia em R §2.1 Breves noções de topologia em R

Exemplos
a) Para o intervalo A =]0, 1] temos Um ponto a ∈ R diz-se aderente a um subconjunto A ⊆ R

se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ A 6= ∅.


int A =]0, 1[, ext A =] − ∞, 0[ ∪ ]1, +∞[ e fr A = {0, 1} .
O conjuntos dos pontos aderentes de um conjunto A designa-se por
aderência ou fecho de A e representa-se por
b) Considerando o intervalo I =]a, b[, com a < b, verifica-se
imediatamente que A.

int I =]a, b[, ext I =] − ∞, a[ ∪ ]b, +∞[ e fr I = {a, b} . Das definições resulta que

A = int A ∪ fr A
c) Os intervalos ]a, b], [a, b[ e [a, b], onde a < b, têm o mesmo interior,
o mesmo exterior e a mesma fronteira que o intervalo ]a, b[. e
int A ⊆ A ⊆ A.
d) int R = R, ext R = ∅, fr R = ∅.
e) int ∅ = ∅, ext ∅ = R, fr ∅ = ∅.
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 149 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 151 / 521

§2.1 Breves noções de topologia em R §2.1 Breves noções de topologia em R

Exemplos
a) Se A =]0, 1[, então A = [0, 1].
a) Da definição resulta imediatamente que int A, ext A e fr A são b) Dado I = [a, b], com a < b, temos
conjuntos disjuntos dois a dois e que
I = [a, b].
R = int A ∪ ext A ∪ fr A.
c) Os intervalos ]a, b[, [a, b[ e ]a, b], onde a < b, têm a mesma aderência
b) Outra consequência imediata da definição é o seguinte que o intervalo [a, b].
d) Seja A = [1, 2[ ∪ {3, 4}. Então
ext A = int (R \ A) e fr A = fr (R \ A) .
A = [1, 2] ∪ {3, 4} .

e) Obviamente, R = R e ∅ = ∅.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 150 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 152 / 521
§2.1 Breves noções de topologia em R §2.1 Breves noções de topologia em R

Sejam A um subconjunto de R e a um número real. Diz-se que a é um


ponto de acumulação de A
Um subconjunto A de R diz-se aberto se
se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ (A \ {a}) 6= ∅.
A = int A
O conjunto dos pontos de acumulação de um conjunto A representa-se
por e diz-se fechado se
A′ A = A.

e designa-se por derivado. Os pontos de A que não são pontos de


acumulação de A designam-se por pontos isolados.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 153 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 155 / 521

§2.1 Breves noções de topologia em R §2.1 Breves noções de topologia em R

Exemplos Exemplos
a) O derivado do intervalo I = [a, b[, com a < b, é o conjunto a) Como
I ′ = [a, b]. int ]0, 1[=]0, 1[,
b) Os intervalos ]a, b[, ]a, b] e [a, b], onde a < b, têm o mesmo derivado temos que ]0, 1[ é um conjunto aberto. Por outro lado,
que o intervalo [a, b[.
]0, 1[ = [0, 1]
c) Seja A =]0, 2] ∪ {3}. Então
int A =]0, 2[, e, por conseguinte, ]0, 1[ não é fechado.
b) O intervalo [0, 1] é um conjunto fechado porque
ext A =] − ∞, 0[ ∪ ]2, 3[ ∪ ]3, +∞[,
[0, 1] = [0, 1]
fr A = {0, 2, 3},
A = [0, 2] ∪ {3} e e não é um conjunto aberto porque

A′ = [0, 2]. int [0, 1] =]0, 1[.


d) R′ = R e ∅′ = ∅. c) Os conjuntos ∅ e R são simultaneamente abertos e fechados.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 154 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 156 / 521
Índice §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Tendo em conta que
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
Breves noções de topologia em R 0 < |x − a| < δ ⇔ x ∈ ]a − δ, a + δ[\ {a}
Limites: definição, propriedades e exemplos
Limites infinitos e limites no infinito
Limites laterais
e que
Assímptotas |f (x) − b| < ε ⇔ f (x) ∈ ]b − ε, b + ε[,
Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos
Propriedades fundamentais das funções contínuas tem-se o seguinte

3 Cálculo diferencial em R lim f (x) = b


x→a
⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (x ∈ ]a − δ, a + δ[ \ {a} ⇒ f (x) ∈ ]b − ε, b + ε[) .
4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 157 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 159 / 521

§2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos

y
Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função, a um ponto de
acumulação de D e b ∈ R. Diz-se que b é o limite (de f ) quando x
f (a) b

tende para a, e escreve-se


b+ε
lim f (x) = b,
x→a b+ε

se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que b

b−ε
|f (x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x − a| < δ.
b−ε
Simbolicamente, tem-se o seguinte
a−δaa+δ
a−δa−δa−δ a+δa+δa+δ x
lim f (x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x) − b| < ε)
x→a

Interpretação geométrica do conceito de limite de uma função

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 158 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 160 / 521
§2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos

Propriedades dos limites


Sejam D ⊆ R, f, g : D → R e a um ponto de acumulação de D. Suponhamos
que existem lim f (x) e lim g(x). Então Propriedades dos limites (continuação)
x→a x→a

a) existe lim [f (x) + g(x)] e Sejam


x→a
f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R
lim [f (x) + g(x)] = lim f (x) + lim g(x);
x→a x→a x→a duas funções reais de variável real. Suponhamos que a ∈ R é um ponto
de acumulação de Df e que b ∈ Dg é um ponto de acumulação de Dg .
b) existe lim [f (x)g(x)] e
x→a Se
h i h i lim f (x) = b e lim g(x) = g(b),
x→a
lim [f (x)g(x)] = lim f (x) . lim g(x) ; x→b
x→a x→a x→a
então
f (x) lim (g ◦ f )(x) = lim g(f (x)) = g(b).
c) se lim g(x) 6= 0, existe lim e x→a x→a
x→a x→a g(x)

f (x) lim f (x)


lim = x→a .
x→a g(x) lim g(x)
x→a

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§2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos

Um dos limites mais conhecidos é o seguinte

Propriedades dos limites (continuação) ex −1


lim = 1.
Sejam D ⊆ R, f, g : D ⊆ R → R e a um ponto de acumulação de D. x→0 x
Suponhamos que
lim f (x) = 0 ln(1 + x)
x→a A partir deste limite podemos calcular lim . Fazendo a
x→0 x
e que g é uma função limitada em D ∩ ]a − δ, a + δ[ para algum δ > 0, mudança de variável ln(1 + x) = y, tem-se x = ey −1 e quando x → 0
isto é, existe c > 0 tal que tem-se y → 0. Assim,
|g(x)| 6 c para qualquer x ∈ ]a − δ, a + δ[ ∩ D. ln(1 + x) y 1 1
lim = lim y = lim ey −1 = = 1.
x→0 x y→0 e −1 y→0 1
Então y

lim [f (x).g(x)] = 0. Logo


x→a
ln(1 + x)
lim = 1.
x→0 x

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 162 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 164 / 521
§2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos

Provemos que
Outro limite bastante importante é o seguinte:
arc sen x arc tg x
sen x lim =1 e lim =1.
lim = 1. x→0 x x→0 x
x→0 x

No primeiro limite fazemos a mudança de variável arc sen x = y e


Usando este limite podemos calcular vários outros limites. Por
obtemos
exemplo,
arc sen x y 1 1
tg x sen x
1 sen x 1 lim = lim = lim sen y = = 1.
lim = lim cos x = lim = 1 = 1. x→0 x y→0 sen y y→0 1
y
x→0 x x→0 x x→0 cos x x 1
Portanto Para o segundo limite fazemos a mudança de variável y = arc tg x e vem
tg x arc tg x y 1 1
lim = 1. lim = lim = lim tg y = = 1.
x→0 x
x→0 x y→0 tg y y→0 1
y

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 165 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 167 / 521

§2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Índice

Vejamos que
1 − cos x 1
lim 2
= . 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
x→0 x 2
De facto, 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
Breves noções de topologia em R
1 − cos x (1 − cos x)(1 + cos x) Limites: definição, propriedades e exemplos
lim 2
= lim Limites infinitos e limites no infinito
x→0 x x→0 x2 (1 + cos x) Limites laterais
1 − cos2 x 1 Assímptotas
= lim Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos
x→0 x2 (1 + cos x) Propriedades fundamentais das funções contínuas
sen2 x 1
= lim 2
3 Cálculo diferencial em R
x→0 x (1 + cos x)
2
sen x 1 4 Cálculo integral em R

= lim
x→0 x (1 + cos x)
1 1
= 12 = .
2 2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 166 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 168 / 521
§2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito

Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função e a um ponto Sejam D um subconjunto de R não majorado, f : D → R uma função e
de acumulação de D. Diz-se que b ∈ R. Dizemos que

f tende para +∞ quando x tende para a, f tende para b quando x tende para +∞,

e escreve-se e escreve-se
lim f (x) = +∞, lim f (x) = b,
x→a x→+∞

se para cada L > 0, existe δ > 0 tal que se para cada ε > 0, existe M > 0 tal que

f (x) > L para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x − a| < δ. |f (x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que x > M .

Simbolicamente, Simbolicamente,

lim f (x) = +∞ ⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x − a| < δ ⇒ f (x) > L) . lim f (x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃M > 0 ∀x ∈ D (x > M ⇒ |f (x) − b| < ε) .
x→a x→+∞

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 169 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 171 / 521

§2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito

y y

L b+ε
L b+ε
b+ε
L b
b−ε
L b−ε
f (a) b b−ε

a−δa−δa−δa−δ a a+δa+δa+δa+δ x M M M M M M M x

Interpretação geométrica de lim f (x) = +∞ Interpretação geométrica de lim f (x) = b


x→a x→+∞

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§2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito

Sejam D um subconjunto de R não majorado e f : D → R uma função.


Diz-se que A partir dos três limites anteriores podemos definir os restantes casos.
Assim,
f tende para +∞ quando x tende para +∞,
• lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞
x→a x→a

e escreve-se • lim f (x) = b se lim f (−x) = b


lim f (x) = +∞, x→−∞ x→+∞
x→+∞
se para cada L > 0, existe M > 0 tal que • lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞
x→+∞ x→+∞

f (x) > L para qualquer x ∈ D tal que x > M . • lim f (x) = +∞ se lim f (−x) = +∞
x→−∞ x→+∞

Formalmente, • lim f (x) = −∞ se lim −f (−x) = +∞


x→−∞ x→+∞
lim f (x) = +∞ ⇔ ∀L > 0 ∃M > 0 ∀x ∈ D (x > M ⇒ f (x) > L) .
x→+∞

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§2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito

L
L
Nos limites infinitos podemos usar a regra do limite da soma desde que
se adoptem as convenções
L
(+∞) + a = +∞ = a + (+∞)
(−∞) + a = −∞ = a + (−∞)
L
(+∞) + (+∞) = +∞
(−∞) + (−∞) = −∞

M M M M M M x onde a é um número real qualquer.

Interpretação geométrica de lim f (x) = +∞


x→+∞

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§2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito

Não se faz nenhuma convenção para os símbolos


Adoptando as convenções que se seguem, podemos usar a regra do
limite do produto: (+∞) + (−∞),

(+∞) × a = +∞ = a × (+∞) onde a ∈ R+


(−∞) × a = −∞ = a × (−∞) onde a ∈ R+ 0 × (+∞), 0 × (−∞),
(+∞) × a = −∞ = a × (+∞) onde a ∈ R−
+∞ +∞ −∞ −∞
(−∞) × a = +∞ = a × (−∞) onde a ∈ R− , , ,
+∞ −∞ +∞ −∞
(+∞) × (+∞) = +∞ = (−∞) × (−∞)
(+∞) × (−∞) = −∞ = (−∞) × (+∞) 0
0
pois são símbolos de indeterminação.

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§2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito

A regra do limite do quociente mantém-se se se adoptarem as seguintes


convenções Exemplos
a a
= = 0, a ∈ R a) É óbvio que
+∞ −∞
a lim x = +∞
= +∞, a > 0 x→+∞
0+
a e
= −∞, a < 0 lim x = −∞.
0+ x→−∞
a
= −∞, a > 0
0− 1
a b) Seja f : R \ {0} → R a função definida por f (x) = . Então
= +∞, a < 0 x
0−
onde 0+ significa que 1 1
lim = =0
f (x) → 0 e f (x) > 0 na intersecção do domínio com um intervalo aberto que
x→+∞ x +∞
contém o ponto em que estamos a calcular o limite e
1 1
e 0− significa que = lim = = 0.
x→−∞ x −∞
f (x) → 0 e f (x) < 0 na intersecção do domínio com um intervalo aberto que
contém o ponto em que estamos a calcular o limite.
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§2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito

Exemplos (continuação)
Outros limites importantes são os seguintes
c) Seja f : R → R definida por
x−1
 
 se x > 0, +∞ se a > 1
2x + 1 lim ax =


f (x) = x→+∞ 0 se 0 < a < 1
2
 −2x + 3 se x < 0.


3x2 + 8
e
Então 
0 se a > 1
1 1 lim ax =
 
1−x 1− .
x−1 x x = 1 x→−∞ +∞ se 0 < a < 1
lim f (x) = lim = lim  = lim
x→+∞ 2x + 1 1 1 2

x→+∞ x→+∞ x→+∞
x 2+ 2+
x x Destes limites resulta que
e

3

3 lim ln x = +∞ e lim ln x = −∞ .
2 x2 −2 + −2 + 2 x→+∞ x→0
−2x + 3 x 2
x = −2.
lim f (x) = lim = lim  = lim
x→−∞ 3x2 + 8 8 8 3

x→−∞ x→−∞ x→−∞
x2 3 + 2 3+ 2
x x

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§2.3 Limites infinitos e limites no infinito Índice

Vejamos
x
1

lim 1+ =e.
x→+∞ x 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

Comecemos por observar que 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
  Breves noções de topologia em R
1 Limites: definição, propriedades e exemplos

1
x 
1
  ln 1 + x
lim ln 1+ = lim x ln 1 + = lim Limites infinitos e limites no infinito
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ 1/x Limites laterais
Assímptotas
Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos
e que fazendo a mudança de variável y = 1/x temos Propriedades fundamentais das funções contínuas
x 
1 ln (1 + y)

lim ln 1+ = lim = 1. 3 Cálculo diferencial em R
x→+∞ x y→0 y
4 Cálculo integral em R
Assim,
x
lim ln[(1+ x1 ) ]
x
1
 x
ln[(1+ x1 ) ] = ex→+∞
lim 1+ = lim e = e1 = e .
x→+∞ x x→+∞

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§2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais

Exemplo
Consideremos a função f : R → R definida por
Sejam A um subconjunto de D ⊆ R, a um ponto de acumulação de A e (
1 se x ∈ Q,
f : D → R. f (x) =
0 se x ∈ R \ Q.
Chama-se limite de f no ponto a relativo a A (ou limite quando Então
x tende para a no conjunto A) ao limite em a (quando exista) da lim f (x) = 1
restrição de f a A e usa-se a notação x→a
x∈Q
e
lim f (x).
x→a lim f (x) = 0
x∈A x→a
x∈R\Q

qualquer que seja a ∈ R. Logo não existe

lim f (x).
x→a

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§2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais

Seja f : D ⊆ R → R e consideremos os conjuntos

É evidente que se existe Da+ = {x ∈ D : x > a} = D∩ ]a, +∞[


lim f (x),
x→a e
então também existe Da− = {x ∈ D : x < a} = D∩ ] − ∞, a[.
lim f (x)
x→a Definem-se, respectivamente, os limites laterais à direita e à
x∈A
esquerda da seguinte forma
para qualquer subconjunto A de D do qual a é ponto de acumulação de
Ae lim f (x) = lim f (x)
x→a+ x→a
lim f (x) = lim f (x). x∈Da+
x→a x→a
x∈A
e
Assim, se existirem dois limites relativos distintos, o limite não existe.
lim f (x) = lim f (x),
x→a− x→a
x∈Da−

desde que a seja ponto de acumulação de Da+ e de Da− , respectivamente.

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§2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais

Exemplo
Seja f : R → R a função dada por
Também existem limites laterais para limites infinitos:
(
1 se x > 0, lim f (x) = +∞
f (x) = x→a−
0 se x < 0.
⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a < 0 ⇒ f (x) > L)
Esta função é conhecida por função de Heaviside. É óbvio que caso a seja um ponto da acumulação de Da− e
lim f (x) = +∞
lim f (x) = lim f (x) = 1 x→a+
x→0 x→0+
x∈]0,+∞[ ⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < x − a < δ ⇒ f (x) > L)
e quando a é um ponto de acumulação de Da+ .
lim f (x) = lim f (x) = 0.
x→0 x→0−
x∈]−∞,0[

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§2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais

Observações

a) É óbvio que lim f (x) = b é equivalente a


x→a
x∈A

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ A (0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x) − b| < ε) . Usando os limites anteriores podemos definir os seguintes limites:
b) Como
x ∈ Da− e 0 < |x − a| < δ • lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞;
x→a− x→a−
é equivalente a
x∈D e −δ <x−a<0 • lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞.
x→a+ x→a+
e, portanto, lim− f (x) = b é equivalente a
x→a

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a < 0 ⇒ |f (x) − b| < ε) .

Analogamente, lim+ f (x) = b é equivalente a


x→a

∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < x − a < δ ⇒ |f (x) − b| < ε) .

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§2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais

Vejamos que

lim tg x = +∞ e lim tg x = −∞ .
+
Propriedade dos limites laterais x→ π2 − x→ π
2

Sejam D ⊆ R, f : D → R e a um ponto de acumulação de Da+ e Da− .


Então De facto,
sen x 1
lim f (x) = b, lim− tg x = lim− = + = +∞
x→a x→ π
2
x→ π2 cos x 0
onde b ∈ R ou b = +∞ ou b = −∞, se e só se existem e são iguais a b e
os limites laterais, ou seja, sen x 1
lim tg x = lim = − = −∞.
x→ π2 + x→ π
2
+ cos x 0
lim f (x) = lim f (x) = b.
x→a− x→a+ De forma análoga temos

lim tg x = −∞ e lim tg x = +∞ .
x→− π2 + x→− π
2

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§2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais

Exemplos
a) É evidente que
1 1 De
lim+ = + = +∞ lim tg x = +∞ e lim tg x = −∞
x→0 x 0 x→ π −
x→− π +
e que 2 2

1 1 conclui-se imediatamente que


lim = − = −∞.
x→0− x 0
π
lim arc tg x =
x→+∞ 2
b) Também se tem
e
1 1 1 π
lim 2
= + 2 = + = +∞ lim arc tg x = − .
x→0+ x (0 ) 0 x→−∞ 2
e
1 1 1
lim 2
= − 2 = + = +∞.
x→0− x (0 ) 0

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Índice §2.5 Assímptotas

Sejam D um subconjunto não majorado e f : D → R uma função. A


recta de equação
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos y = mx + b
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade diz-se uma assímptota não vertical à direita do gráfico de f se
Breves noções de topologia em R
Limites: definição, propriedades e exemplos lim [f (x) − (mx + b)] = 0.
Limites infinitos e limites no infinito x→+∞
Limites laterais
Assímptotas
Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos
Propriedades fundamentais das funções contínuas
Se D é um subconjunto não minorado e f : D → R é uma função,
diz-se que a recta de equação
3 Cálculo diferencial em R
y = mx + b
4 Cálculo integral em R
é uma assímptota não vertical à esquerda do gráfico de f se

lim [f (x) − (mx + b)] = 0.


x→−∞

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§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

y = f (x)
Assímptotas não verticais à direita
Sejam D um subconjunto de R não majorado e f : D → R uma função.
Para que o gráfico de f tenha uma assímptota não vertical à direita é
necessário e suficiente que existam e sejam finitos os limites
d y = mx + b f (x)
a) lim
x→+∞ x
(que designaremos por m),
b) lim [f (x) − mx].
x→+∞
Verificadas estas condições, e designando por b o segundo limite, a
assímptota à direita do gráfico de f tem a equação
d = f (x) − (mx + b)
y = mx + b.
lim [f (x) − (mx + b)] = 0
x→+∞

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 198 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 200 / 521
§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

Assímptotas não verticais à esquerda


Sejam D um subconjunto de R não minorado e f : D → R uma função.
Para que o gráfico de f tenha uma assímptota não vertical à esquerda é Diz-se que a recta de equação x = a é uma assímptota vertical ao
necessário e suficiente que existam e sejam finitos os limites gráfico de f se pelo menos umas das seguintes condições se verificar:
f (x)
a) lim lim f (x) = +∞, lim f (x) = −∞,
x→−∞ x x→a+ x→a+
(que designaremos por m),
b) lim [f (x) − mx]. lim f (x) = +∞ ou lim f (x) = −∞.
x→−∞
x→a− x→a−
Verificadas estas condições, e designando por b o segundo limite, a
assímptota à esquerda do gráfico de f tem a equação

y = mx + b.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 201 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 203 / 521

§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

Assim, para calcularmos uma assímptota não vertical à direita temos


y = f (x)
de calcular os seguintes limites
f (x)
m = lim e b = lim [f (x) − mx]
x→+∞ x x→+∞

e se estes limites existirem e forem finitos, a assímptota é a recta de


equação
y = mx + b. a

Para as assímptotas não verticais à esquerda temos de calcular os


limites
f (x)
m = lim e b = lim [f (x) − mx]
x→−∞ x x→−∞

e caso existam e sejam finitos ambos os limites, a assímptota é a recta


de equação
y = mx + b. A recta de equação x = a é uma assímptota vertical ao gráfico de f

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 202 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 204 / 521
§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

Exemplos (continuação)
Exemplos
a) Consideremos a função definida por a) (continuação) Por outro lado, atendendo a que
f (x) x2 + x + 1 1
 2 
x x
x2 + x + 1 lim = lim = lim + +
f (x) = . x→−∞ x x→−∞ x2 x→−∞ x2 x2 x2
x
1 1 1 1
 
= lim 1 + + 2 = 1 + + =1+0+0=1
O domínio de f é o conjunto R \ {0} e para qualquer a ∈ R \ {0} x→−∞ x x −∞ (−∞)2
temos e
x2 + x + 1 a2 + a + 1
lim f (x) = lim = , x2 + x + 1 x2 + x + 1 − x2
 
x→a x→a x a lim [f (x) − x] = lim − x = lim
x→−∞ x→−∞ x x→−∞ x
pelo que a única possibilidade a assímptota vertical ao gráfico de f x+1

x 1
 
1

é a recta de equação x = 0. De facto, como = lim = lim + = lim 1+
x→−∞ x x→−∞ x x x→−∞ x
1 1 1
lim f (x) = = +∞ e lim f (x) = = −∞, = 1+ = 1 + 0 = 1,
x→0+ 0+ x→0− 0− −∞
também se verifica que a recta de equação y = x + 1 é uma assímptota
a recta de equação x = 0 é uma assímptota vertical ao gráfico de f .
não vertical à esquerda do gráfico de f .
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 205 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 207 / 521

§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

Exemplos (continuação)
a) (continuação) Como
f (x) x2 + x + 1
 2
x x 1

Exemplos (continuação)
lim = lim = lim + +
x→+∞ x x→+∞ x2 x→+∞ x2 x2 x2 a) (continuação) Assim, as assímptotas da função dada por
1 1 1 1
 
= lim 1 + + 2 = 1 + + =1+0+0=1
x→+∞ x x +∞ (+∞)2 x2 + x + 1
f (x) =
e x
x2 + x + 1 x2 + x + 1 − x2 são as rectas de equação
 
lim [f (x) − x] = lim − x = lim
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ x y =x+1
x+1 x 1 1
   
= lim = lim + = lim 1+ e
x→+∞ x x→+∞ x x x→+∞ x
x = 0.
1
= 1+ = 1 + 0 = 1,
+∞
concluímos que a recta de equação y = x + 1 é uma assímptota não
vertical à direita do gráfico de f .
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 206 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 208 / 521
§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

Exemplos (continuação)
a) (continuação) Vejamos o gráfico da função f .
Exemplos (continuação)
y
b) (continuação) Também só faz sentido calcular a assímptota não
y = x+1
vertical à direita pois o gráfico de f é o intervalo ]0, +∞[. Como

f (x) ln x
lim = lim =0
x→+∞ x x→+∞ x2
e
ln x
x lim f (x) = lim = 0,
x→+∞ x→+∞ x
a recta de equação y = 0 é uma assímptota não vertical (horizontal)
à direita ao gráfico de f .

x2 + x + 1
y=
x

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 209 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 211 / 521

§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

Exemplos (continuação)
Exemplos (continuação)
b) Calculemos as assímptotas da função dada por
b) (continuação) Vejamos o gráfico da função.
ln x y
f (x) = .
x
O domínio desta função é o intervalo ]0, +∞[ e para qualquer a ∈ ]0, +∞[ ln x
y=
temos x
ln x ln a
lim f (x) = lim = ,
x→a x→a x a x
o que mostra que a única possibilidade de assímptota vertical é a recta de
equação x = 0. Obviamente, atendendo a que o domínio de f é ]0, +∞[,
apenas devemos fazer x → 0+ . Assim,
ln x −∞
lim f (x) = lim+ = + = −∞,
x→0+ x→0 x 0
pelo que x = 0 é assímptota vertical ao gráfico de f .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 210 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 212 / 521
§2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas

Exemplos (continuação)
Exemplos (continuação) c) (continuação) Vejamos o gráfico de f .
c) Seja f a função dada por y

sen x
f (x) = .
x
O domínio desta função é R \ {0} e como para qualquer a ∈ R \ {0} y=
sen x
temos x
sen x sen a
lim f (x) = lim =
x→a x→a x a x
e
sen x
lim f (x) = lim = 1,
x→0 x→0 x

a função não tem assímptotas verticais.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 213 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 215 / 521

§2.5 Assímptotas Índice

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Exemplos (continuação)
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
c) (continuação) Calculemos as assímptotas não verticais. Como Breves noções de topologia em R
Limites: definição, propriedades e exemplos
f (x) sen x 1 Limites infinitos e limites no infinito
lim = lim = lim 2 · sen x = 0 Limites laterais
x→+∞ x x→+∞ x2 x→+∞ x
Assímptotas
e Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos
sen x 1 Propriedades fundamentais das funções contínuas
lim f (x) = lim = lim · sen x = 0,
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ x
3 Cálculo diferencial em R
a recta de equação y = 0 é assímptota à direita ao gráfico de f . É
evidente que também é assímptota à esquerda ao gráfico de f . 4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 214 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 216 / 521
§2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos

Observações
Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função e a ∈ D. Diz-se a) Ao contrário do que acontece na definição de limite, só faz sentido
que f é contínua no ponto a se para cada ε > 0, existir δ > 0 tal que considerar pontos do domínio D quando estamos a investigar a
continuidade de uma função.
|f (x) − f (a)| < ε para qualquer x ∈ D tal que |x − a| < δ.
b) Se a é um ponto isolado de D, então a função f : D → R é contínua
Simbolicamente, em a. De facto, dado ε > 0, basta escolher δ > 0 tal que
f é contínua em a ]a − δ, a + δ[ ∩ D = {a} .
⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (|x − a| < δ ⇒ |f (x) − f (a)| < ε) . Assim, a condição x ∈ D ∧ |x − a| < δ é equivalente a x = a e, por
conseguinte,
Dizemos que a ∈ D é um ponto de descontinuidade de f se f não é
contínua em a. |f (x) − f (a)| = 0 < ε.
c) Se a ∈ D é um ponto de acumulação de D, então f : D → R é
Uma função f : D → R é contínua se for contínua em todos os pontos
contínua em a se e só se
de D.
lim f (x) = f (a).
x→a

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 217 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 219 / 521

§2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos

y
Propriedades da continuidade
a) Sejam f, g : D ⊆ R → R duas funções contínuas em a ∈ D. Então

f (a)+ε f + g, f − g e f g são contínuas em a


f (a)+ε
e se g(a) 6= 0 então
f (a) f
é contínua em a.
f (a)−ε
g
f (a)−ε
b) Sejam f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R duas funções. Se f é
a−δaa+δ
a−δa−δa−δ a+δa+δa+δ x
contínua em a ∈ Df e g é contínua em f (a) ∈ Dg , então

g ◦ f é contínua em a.
Interpretação geométrica do conceito de função contínua num ponto

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 218 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 220 / 521
§2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos

Exemplos Exemplos (continuação)


a) As funções constante são contínuas. k) A função f : R → R definida por
(
b) A função f : R → R definida por f (x) = x é contínua. Esta função 1 se x > 0
f (x) =
designa-se por identidade. 0 se x < 0
c) As funções polinomiais, ou seja, as funções f : R → R definidas por não é contínua em x = 0 porque não existe lim f (x). Obviamente, a
x→0
f (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 , função é contínua em qualquer x ∈ R \ {0}.
l) Seja f : R → R a função definida por
onde n ∈ N e a0 , a1 , . . . , an−1 , an ∈ R, são funções contínuas. ( sen x
d) As funções racionais, ou seja, as funções dadas por se x 6= 0
f (x) = x
0 se x = 0
an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0
f (x) = , Então f não é contínua em x = 0 porque
bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0
sen x
lim f (x) = lim = 1 6= f (0) = 0.
onde m, n ∈ N, a0 , a1 , . . . , an−1 , b0 , b1 , . . . , bm−1 ∈ R e an , bm ∈ R \ {0}, x→0 x→0 x
são funções contínuas.
É claro que a função é contínua em qualquer x ∈ R \ {0}.
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 221 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 223 / 521

§2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos

Sejam f : D → R e a ∈ D. Diz-se que a função f é contínua em a à


Exemplos (continuação) direita se
e) A função f : R → R dada por f (x) = |x| é contínua.
√ a restrição de f a D ∩ [a, +∞[ é contínua em a.
f ) A função f : [0, +∞[→ R dada por f (x) = x é contínua.
g) As funções exponencial e logarítmica são funções contínuas. A função diz-se contínua em a à esquerda se

h) As funções trigonométricas são funções contínuas. a restrição de f a D ∩ ] − ∞, a] é contínua em a.


i) As inversas das funções trigonométricas são funções contínuas. Assim, f é contínua à direita em a se e só se
j) As funções hiperbólicas são funções contínuas.
∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 6 x − a < δ ⇒ |f (x) − f (a)| < ε) ,
k) A função definida por

ln(x − 2)
 e é contínua à esquerda em a se e só se
x2 −x
f (x) = sen e +
arc tg(x − 5)
∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a 6 0 ⇒ |f (x) − f (a)| < ε) .
é uma função contínua pois é a composição de funções contínuas.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 222 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 224 / 521
§2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas

Obviamente, se a é um ponto de acumulação de D ∩ ]a, +∞[, então


Teorema de Bolzano ou dos valores intermédios
f é contínua à direita em a ⇔ lim f (x) = f (a) Sejam a e b números reais tais que a < b e
x→a+
f : [a, b] → R
e caso a seja um ponto de acumulação de D ∩ ] − ∞, a[ temos
uma função contínua tal que
f é contínua à esquerda em a ⇔ lim f (x) = f (a).
x→a−
f (a) 6= f (b).

Propriedade Então para qualquer valor k entre f (a) e f (b), existe um ponto
Sejam f : D ⊆ R → R e a ∈ D. Então f é contínua em a se e só se é c ∈ [a, b] tal que
contínua à esquerda e à direita em a. f (c) = k.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 225 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 227 / 521

Índice §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos y

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


Breves noções de topologia em R
Limites: definição, propriedades e exemplos f (b) b

Limites infinitos e limites no infinito k b

Limites laterais
Assímptotas f (a) b

Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos


Propriedades fundamentais das funções contínuas

3 Cálculo diferencial em R a c b x

4 Cálculo integral em R
Interpretação geométrica do Teorema de Bolzano

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 226 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 228 / 521
§2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas

Corolário dos valores intermédios ou de Bolzano Exemplos


Sejam a e b números reais tais que a < b e seja Provemos que a função f : [0, 1] → R definida por

f : [a, b] → R πx
 
f (x) = cos − x2
2
uma função contínua tal que
tem (pelo menos) um zero em [0, 1]. Obviamente, esta função é
f (a).f (b) < 0. contínua pois é a composição de funções contínuas. Como
 π
  
Então existe

2 2
f (0)f (1) = cos (0) − 0 cos −1 = 1(−1) = −1,
c ∈]a, b[ 2
tal que pelo (Corolário do) Teorema de Bolzano, f tem de ter pelo menos um
f (c) = 0. zero no intervalo ]0, 1[.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 229 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 231 / 521

§2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas

Exemplos (continuação)
Consideremos uma função polinomial
y
f (b) b
p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 ,

an 6= 0, de grau ímpar, ou seja, n é um número natural ímpar. Como


a
+∞ se an > 0,

b b b
an−1 a1 a0
 
c1 c2 c3 b x n
lim p(x) = lim x an + + · · · + n−1 + n =
x→+∞ x→+∞ x x x −∞ se an < 0,
f (a) b

e
se an > 0,

an−1 a1 a0 −∞
 
lim p(x) = lim xn an + + · · · + n−1 + n =
x→−∞ x→−∞ x x x +∞ se an < 0,
Interpretação geométrica do Corolário do Teorema de Bolzano
existem números reais a e b tais que p(a) < 0 e p(b) > 0. A
continuidade de p implica, pelo Teorema de Bolzano, que p tem de ter
um zero entre a e b. Assim, todos os polinómios de grau ímpar têm
pelo menos um zero (real)!
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 230 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 232 / 521
§2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas

Seja f : D ⊆ R → R uma função definida num subconjunto não vazio Exemplo


D. Seja f : [1, 5] → R a função definida por
Dizemos que f tem um máximo (absoluto) no ponto a ∈ D ou que 
x − 1 se x ∈ [1, 3],
f (a) é um máximo (absoluto) de f se

f (x) = e2x−6 −1
 se x ∈ ]3, 5].
f (x) 6 f (a) para todo o x ∈ D. x−3

Como
lim f (x) = lim− x − 1 = 2
Quando x→3− x→3
f (x) > f (a) para todo o x ∈ D, e
e2x−6 −1 e2(x−3) −1
dizemos que f tem um mínimo (absoluto) no ponto a ∈ D ou que lim+ f (x) = lim+ = lim+ 2 = 1 · 2 = 2,
x→3 x→3 x−3 x→3 2(x − 3)
f (a) é um mínimo (absoluto) de f .
temos lim f (x) = 2 = f (3). Assim, f é contínua no ponto x = 3. Além disso,
x→3
Os máximos e mínimos (absolutos) de f dizem-se extremos em [1, 5] \ {3} a função é contínua pois é a composição de funções contínuas.
absolutos de f . Pelo Teorema de Weierstrass, f tem máximo e mínimo absolutos em [1, 5].

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 233 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 235 / 521

§2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas Índice

Teorema de Weierstrass
Sejam D ⊆ R um conjunto não vazio, fechado e limitado e
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

f: D →R
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

uma função contínua. Então f tem máximo e mínimo absolutos.


3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Aplicações do cálculo diferencial

Corolário 4 Cálculo integral em R


Sejam a e b números reais tais que a < b e

f : [a, b] → R

uma função contínua. Então f tem máximo e mínimo absolutos.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 234 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 236 / 521
Índice §3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Sejam D um subconjunto não vazio de R, f : D → R e a ∈ D um
ponto de acumulação de D. Diz-se que f é derivável ou
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade diferenciável em a se existe (e é finito) o limite:

3 Cálculo diferencial em R f (x) − f (a)


Derivadas, regras de derivação e exemplos
lim .
x→a x−a
Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada
Derivadas laterais
Regras de derivação Tal limite (quando existe) diz-se a derivada de f no ponto a e
Derivada da função composta df
Derivada da função inversa
representa-se por f ′ (a), Df (a) ou ainda por (a). Fazendo a
dx
Tabela de derivadas mudança de variável x = a + h, temos
Derivadas de ordem superior à primeira
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Aplicações do cálculo diferencial f (a + h) − f (a)
f ′ (a) = lim .
h→0 h
4 Cálculo integral em R
Aqui têm apenas de se considerar os valores de h tais que a + h ∈ D.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 237 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 239 / 521

Índice §3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


Diz-se que a função f : D → R é derivável ou diferenciável em D se
3 Cálculo diferencial em R for derivável em todo o ponto de D e à nova função
Derivadas, regras de derivação e exemplos
Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada
Derivadas laterais f ′ : D → R,
Regras de derivação
Derivada da função composta que a cada ponto x ∈ D faz corresponder f ′ (x), chama-se derivada de
Derivada da função inversa
df
Tabela de derivadas f e representa-se também por Df ou .
Derivadas de ordem superior à primeira dx
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Aplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 238 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 240 / 521
§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada §3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada

O quociente
f (a + h) − f (a)
h
representa o declive da recta que passa pelos pontos Exemplos – função constante
(a, f (a)) e (a + h, f (a + h)) . Seja f : R → R a função definida por

Fazendo h tender para zero, a recta que passa nos pontos f (x) = c,

(a, f (a)) e (a + h, f (a + h)) , onde c é um número real. Então


vai tender para a recta tangente ao gráfico de f e que passa no ponto f (x + h) − f (x) c−c 0
f ′ (x) = lim = lim = lim = lim 0 = 0
(a, f (a)). Assim, geometricamente, a derivada de uma função num h→0 h h→0 h h→0 h h→0
ponto do domínio é o declive da recta tangente ao gráfico da função no
ponto considerado. Portanto, a recta tangente ao gráfico de uma para cada x ∈ R. Assim, f ′ é a função identicamente nula.
função f no ponto (a, f (a)) é a recta de equação
y = f (a) + f ′ (a)(x − a).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 241 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 243 / 521

§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada §3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada

y = f (a) + f ′ (a)(x − a)
Exemplos – função identidade
Consideremos a função f : R → R definida por
f (a
f (a +
+ h)
b
h) b b

f (a + h) b
f (x) = x.
f (a) b

Então, para cada x ∈ R, temos

f (x + h) − f (x) x+h−x h
f ′ (x) = lim = lim = lim = lim 1 = 1
h→0 h h→0 h h→0 h h→0

f ′ (a) = tg α e, portanto, f ′ : R → R é dada por


α
a a + ah + ah + ah + h f ′ (x) = 1.

Interpretação geométrica do conceito de derivada

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 242 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 244 / 521
§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada §3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada

Exemplos – função seno


Exemplos – função exponencial A função f : R → R definida por f (x) = sen x é derivável para
Seja f : R → R a função dada por qualquer x ∈ R. De facto,

f (x) = ex . f (x + h) − f (x)
f ′ (x) = lim
h→0 h
Então sen (x + h) − sen x
= lim
′ f (x + h) − f (x) h→0 h
f (x) = lim x+h−x x+h+x
h→0 h 2 sen cos
ex+h − ex = lim 2 2
= lim h→0 h
h→0 h
sen h/2 2x + h
e h −1 = lim cos
= lim ex h→0 h/2 2
h→0 h = cos x,
= ex .
o que mostra que (sen x)′ = cos x.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 245 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 247 / 521

§3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada §3.1.1 Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada

Exemplos – função logaritmo natural Exemplos – função coseno


Seja f : ]0, +∞[ → R a função dada por f (x) = ln x. Então Consideremos a função f : R → R dada por f (x) = cos x. Atendendo a
que
f (x + h) − f (x)
f ′ (x) = lim f (x + h) − f (x)
h→0 h f ′ (x) = lim
ln(x + h) − ln x h→0 h
= lim cos (x + h) − cos x
h→0 h = lim
x+h h→0 h
ln x+h+x x+h−x
= lim x −2 sen sen
h→0 h = lim 2 2

h
 h→0 h
ln 1 + 2x + h sen h/2
x 1 = lim − sen
= lim h→0 2 h/2
h→0 h/x x
1 = − sen x,
= .
x temos que (cos x)′ = − sen x.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 246 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 248 / 521
Índice §3.1.2 Derivadas laterais

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Se f : D → R e a ∈ D é um ponto de acumulação de

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Da+ = {x ∈ D : x > a} = D ∩ ]a, +∞[,

3 Cálculo diferencial em R então diz-se que f é derivável (ou diferenciável) à direita em a se


Derivadas, regras de derivação e exemplos existe e é finito o limite
Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada
Derivadas laterais f (x) − f (a) f (a + h) − f (a)
Regras de derivação lim = lim = fd′ (a).
Derivada da função composta x→a+ x−a h→0+ h
Derivada da função inversa
Tabela de derivadas Tendo em conta as propriedades dos limites, resulta imediatamente,
Derivadas de ordem superior à primeira
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
para pontos a ∈ D que são pontos de acumulação de Da− e de Da+ , que
Aplicações do cálculo diferencial f é derivável em a se e só se f é derivável à esquerda e à direita em a e

4 Cálculo integral em R fe′ (a) = fd′ (a).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 249 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 251 / 521

§3.1.2 Derivadas laterais §3.1.2 Derivadas laterais

Exemplos
Seja f : R → R a função definida por
Sejam f : D → R e a ∈ D tal que a é ponto de acumulação de
f (x) = |x| .
Da− = {x ∈ D : x < a} = D ∩ ] − ∞, a[.
Então
Diz-se que f é derivável (ou diferenciável) à esquerda em a se
existe e é finito o limite f (x) − f (0) |x| x
fe′ (0) = lim = lim = lim − = lim −1 = −1
x→0− x−0 x→0− x x→0− x x→0−
f (x) − f (a) f (a + h) − f (a)
lim = lim = fe′ (a). e
x→a− x−a h→0− h
f (x) − f (0) |x| x
fd′ (0) = lim = lim = lim = lim 1 = 1,
x→0+ x−0 x→0+ x x→0+ x x→0+

o que mostra que f não é derivável no ponto 0.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 250 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 252 / 521
§3.1.2 Derivadas laterais Índice

Exemplos 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Consideremos a função f : R → R definida por
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

x sen 1

se x 6= 0, 3 Cálculo diferencial em R
f (x) = x Derivadas, regras de derivação e exemplos

0 se x = 0. Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada
Derivadas laterais
Esta função não é diferenciável à direita, nem à esquerda do ponto 0, Regras de derivação
Derivada da função composta
pois não existe Derivada da função inversa
x sen (1/x) 1 Tabela de derivadas
lim = lim sen , Derivadas de ordem superior à primeira
x→0 + x x→0 + x Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
nem Aplicações do cálculo diferencial
x sen (1/x) 1
lim = lim sen .
x→0 − x x→0 − x 4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 253 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 255 / 521

§3.1.2 Derivadas laterais §3.1.3 Regras de derivação

Regras de derivação
Propriedades Sejam f, g : D → R funções deriváveis em a ∈ D e k ∈ R. Então
Se f : D → R é uma função derivável em a ∈ D, então f é contínua
i) f + g é derivável em a e
nesse ponto.
(f + g)′ (a) = f ′ (a) + g′ (a);

ii) kf é derivável em a e
Observação
(kf )′ (a) = kf ′ (a);
O recíproco desta propriedade é falso. A função
iii) f.g é derivável em a e
f :R→R
(f.g)′ (a) = f ′ (a) g(a) + g′ (a) f (a);
dada por f
f (x) = |x| iv) se g(a) 6= 0, é derivável em a e
g  
é contínua no ponto 0, mas não é derivável nesse ponto. f ′ f ′ (a) g(a) − g′ (a) f (a)
(a) = .
g g2 (a)

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 254 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 256 / 521
§3.1.3 Regras de derivação §3.1.3 Regras de derivação

Demonstração das regras de derivação (continuação).


iv) Do mesmo modo temos
Demonstração das regras de derivação
f f f (x) f (a)
   
i) Basta observar que (x) − (a)
g(x)

g(a)
g g
lim = lim
x→a x−a x→a x−a
(f + g)(x) − (f + g)(a) f (x) − f (a) g(x) − g(a)
 
lim = lim + f (x)g(a) − f (a)g(x)
x→a x−a x→a x−a x−a g(x)g(a)
′ ′ = lim
= f (a) + g (a). x→a x−a
1 f (x)g(a) − f (a)g(x)
h i
= lim
x→a g(x)g(a) x−a
ii) Basta ter em conta que h 1 f (x)g(a) − f (a)g(a) + f (a)g(a) − f (a)g(x)
i
= lim
(kf )(x) − (kf )(a) f (x) − f (a) x→a g(x)g(a) x−a
lim = lim k h
1

f (x) − f (a) g(x) − g(a)
i
x→a x−a x→a x−a = lim
x→a g(x)g(a) x−a
g(a) − f (a)
x−a

= k f (a). f ′ (a) g(a) − g ′ (a) f (a)
= .
g 2 (a)

Na última igualdade usou-se o facto de g ser contínua em a.


António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 257 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 259 / 521

§3.1.3 Regras de derivação §3.1.3 Regras de derivação

Exemplos – funções polinomiais


A função f : R → R definida por
Demonstração das regras de derivação (continuação)
iii) Basta atender a que f (x) = xn

(f g)(x) − (f g)(a) f (x)g(x) − f (a)g(a) derivável em todos os pontos de R e


lim = lim
x→a x−a x→a x−a
f (x)g(x) − f (a)g(x) + f (a)g(x) − f (a)g(a) f ′ (x) = nxn−1 .
= lim
x→a x−a
f (x) − f (a) Usando esta última igualdade, tem-se que a derivada da função
 
g(x) − g(a)
= lim g(x) + f (a)
x→a x−a x−a definida por
= f (a)g(a) + f (a)g (a).
′ ′
p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0
Na última igualdade foi usado o facto de g ser contínua em a.
é dada por

p′ (x) = nan xn−1 + (n − 1) an−1 xn−2 + · · · + 2a2 x + a1 .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 258 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 260 / 521
§3.1.3 Regras de derivação §3.1.3 Regras de derivação

Exemplos – tangente Exemplos – seno e coseno hiperbólicos


Atendendo a que
A derivada da tangente pode ser calculada da seguinte forma:
′
1 1′ ex −(ex )′ 1 − ex 1

sen x ′ −x ′ −x
e = = = 2 = − ex = − e ,
 

(tg x) = ex (e )
x 2
(e )
x
cos x
(sen x)′ cos x − (cos x)′ sen x tem-se
=
cos2 x !′ ′
cos x. cos x − (− sen x) sen x ′ ex − e−x (ex )′ − (e−x ) ex + e−x
= (senh x) = = = = cosh x
cos2 x 2 2 2
cos x + sen2 x
2
= e
cos2 x
1 ex + e−x
!′ ′
(ex )′ + (e−x ) ex − e−x
= (cosh x) = ′
= = = senh x.
cos2 x 2 2 2
= sec2 x.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 261 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 263 / 521

§3.1.3 Regras de derivação Índice

Exemplos – cotangente 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Do mesmo modo temos
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
cos x ′
 
(cotg x)′ = 3 Cálculo diferencial em R
sen x Derivadas, regras de derivação e exemplos
(cos x)′ sen x − (sen x)′ cos x Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada
= Derivadas laterais
sen2 x Regras de derivação
− sen x. sen x − (cos x) cos x Derivada da função composta
= Derivada da função inversa
sen2 x Tabela de derivadas
sen x + cos2 x
2
Derivadas de ordem superior à primeira
= − Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
sen2 x
Aplicações do cálculo diferencial
1
= −
sen2 x 4 Cálculo integral em R
= − cosec2 x.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 262 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 264 / 521
§3.1.4 Derivada da função composta §3.1.4 Derivada da função composta

Derivada da função composta


Exemplos
Sejam Df e Dg dois subconjuntos não vazios de R e
2
A função h : R → R definida por h(x) = e3 cos x tem derivada em todos
f : Df → R e g : Dg → R os pontos de R e

funções tais que


′
h′ (x) = e3 cos x
2
3 cos x2

f (Df ) ⊆ Dg . ′
2
= e3 cos x

−3 sen x2

Suponhamos que a ∈ Df é um ponto de acumulação de Df e b = f (a) é x2
um ponto de acumulação de Dg . Se f é derivável em a e g é derivável = e3 cos x
2
−3 sen x2
 
2x
em b, então g ◦ f é derivável em a e
3 cos x2
= −6x sen x2 e .
′ ′ ′ ′ ′
(g ◦ f ) (a) = g (f (a)) f (a) = g (b) f (a).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 265 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 267 / 521

§3.1.4 Derivada da função composta §3.1.4 Derivada da função composta

Exemplos
100
Seja f : R → R a função definida por f (x) = 2x2 + 5 . Então, Exemplos – função exponencial e função logarítmica
usando a derivada da função composta, temos Para a função exponencial temos
99  ′ x)
′ ′
(ax )′ = eln(a

= ex ln a

f ′ (x) = 100 2x2 + 5 2x2 + 5 = ex ln a ln a = ax ln a.


99
= 100 2x2 + 5

4x Para a função logarítmica usando a igualdade
99
= 400x 2x2 + 5

. loge x = loga x loge a

Consideremos a função g : R → R dada por g(x) = sen (ex +1). A sua temos
(ln x)′
′
ln x 1/x 1

derivada é dada por (loga x) = ′
= = = .
ln a ln a ln a x ln a
g′ (x) = cos (ex +1) (ex +1)′ = cos (ex +1) ex = ex cos (ex +1) .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 266 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 268 / 521
§3.1.4 Derivada da função composta §3.1.5 Derivada da função inversa

Exemplos
Derivada da função inversa
Se f é uma função real de variável real diferenciável, então
Sejam f uma função diferenciável e injectiva definida num intervalo
h i′
I ⊆ R e a ∈ I. Se
ef (x) = f ′ (x) ef (x) ,
f ′ (a) 6= 0,
então f −1 é diferenciável em b = f (a) e
[sen (f (x))]′ = f ′ (x) cos (f (x))
 ′ 1 1
e f −1 (b) = = .
′ ′ f ′ (f −1 (b)) f ′ (a)
[cos (f (x))] = −f (x) sen (f (x)) .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 269 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 271 / 521

Índice §3.1.5 Derivada da função inversa

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Exemplos – raízes


A função g :]0, +∞[→]0, +∞[ definida por
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

g(x) = n x
3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos
Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada é a função inversa da função f :]0, +∞[→]0, +∞[ definida por
Derivadas laterais
Regras de derivação f (y) = y n .
Derivada da função composta
Derivada da função inversa
Tabela de derivadas Como f ′ (y) = ny n−1 6= 0 para qualquer y ∈ ]0, +∞[ temos, fazendo
Derivadas de ordem superior à primeira y = g(x),
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Aplicações do cálculo diferencial  ′ 1 1 1
g′ (x) = f −1 (x) = = = √ .
4 Cálculo integral em R f ′ (y) ny n−1 n
n xn−1

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 270 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 272 / 521
§3.1.5 Derivada da função inversa §3.1.5 Derivada da função inversa

Exemplos – arco coseno


Exemplos – logaritmo natural A função g : [−1, 1] → [0, π] definida por
Do mesmo modo, a função g : ]0, +∞[→ R definida por
g(x) = arc cos x
g(x) = ln x é a inversa da função f : [0, π] → [−1, 1] definida por

é a inversa da função f : R →]0, +∞[ definida por f (y) = cos y.


Atendendo a que f ′ (y) = − sen y 6= 0 para cada y ∈]0, π[ vem
f (y) = ey .
1
(arc cos x)′ =
Como f ′ (y) = ey 6= 0 para qualquer y ∈ R e y = ln x temos − sen y
e, como sen2 y + cos2 y = 1 e y ∈]0, π[, temos sen y = 1 − cos2 y o que
p


−1
′ 1 1 1
g (x) = f (x) = ′ = y = . implica
f (y) e x
1 1
(arc cos x)′ = − p 2
= −√ .
1 − cos y 1 − x2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 273 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 275 / 521

§3.1.5 Derivada da função inversa §3.1.5 Derivada da função inversa

Exemplos – arco seno Exemplos – arco tangente


Consideremos a função g : [−1, 1] → [−π/2, π/2] definida por
A função g : R → ]−π/2, π/2[ definida por
g(x) = arc sen x.
A função g é a função inversa da função f : [−π/2, π/2] → [−1, 1] dada por g(x) = arc tg x
f (y) = sen y.
é a inversa da função f : ]−π/2, π/2[ → R definida por
Além disso, f ′ (y) = cos y 6= 0 para y ∈ ]−π/2, π/2[. Assim, escrevendo
y = arc sen x, ou seja, x = sen y, temos g(y) = tg y.
′ 1 1
g ′ (x) = f −1 (x) = ′ = .
(sen y) cos y 1
Como g′ (y) = 6= 0 para y ∈ ]−π/2, π/2[ temos
Tendo em
cos2 y
√ conta que sen y + cos y = 1 e que y ∈ ]−π/2, π/2[, obtemos
2 2

cos y = 1 − x2 e, por conseguinte, para x ∈ ]−π/2, π/2[ temos 1 1 1


1 (arc tg x)′ = = = .

(arc sen x) = √ . 1 2
1 + tg y 1 + x2
1 − x2
cos2 y
Nos pontos x = −1 e x = 1 a função não tem derivada lateral à direita, nem
derivada lateral à esquerda, respectivamente.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 274 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 276 / 521
§3.1.5 Derivada da função inversa §3.1.6 Tabela de derivadas

Tabela de derivadas
[αu(x)]′ = α u′ (x), α ∈ R [u(x) + v(x)]′ = u′ (x) + v ′ (x)
Exemplos – arco cotangente ′
u′ (x) v(x) − u(x) v ′ (x)

u(x)
Do mesmo modo tem-se ′
[u(x) v(x)] = u (x) v(x) + u(x) v (x)
′ ′
= 2
v(x) [v(x)]
1
(arc cotg x)′ = − . i′ u′ (x)
1 + x2
hp
[(u(x))α ] = α u′ (x) [u(x)]α−1 , α ∈ R

u(x) = p
2 u(x)
 u(x) ′ u′ (x)
e = u′ (x) eu(x) [ln (u(x))] =

u(x)
 u(x) ′ u′ (x)
= u′ (x)au(x) ln a [loga (u(x))] =

a
u(x) ln a

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 277 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 279 / 521

Índice §3.1.6 Tabela de derivadas

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Tabela de derivadas (continuação)

2 Funções reais de variável real: limites e continuidade


[sen (u(x))]′ = u′ (x) cos [u(x)] [cos (u(x))]′ = −u′ (x) sen [u(x)]

3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos u′ (x) u′ (x)
[tg (u(x))] =

[cotg (u(x))] = −

Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada cos2 [u(x)] sen2 [u(x)]
Derivadas laterais
Regras de derivação
Derivada da função composta u′ (x) u′ (x)
Derivada da função inversa [arc sen (u(x))]′ = q [arc cos (u(x))]′ = − q
2 2
Tabela de derivadas 1 − [u(x)] 1 − [u(x)]
Derivadas de ordem superior à primeira
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial u′ (x) u′ (x)
[arc tg (u(x))] =

[arc cotg (u(x))] = −

Aplicações do cálculo diferencial 2 2
1 + [u(x)] 1 + [u(x)]
4 Cálculo integral em R
[senh (u(x))] = u′ (x) cosh [u(x)]

[cosh (u(x))] = u′ (x) senh [u(x)]

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 278 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 280 / 521
Índice §3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira

1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


Mais geralmente, se existirem as derivadas de f até à ordem n − 1 e as
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
representarmos por
f ′ , f ′′ , . . . , f (n−1)
3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos
Definição, interpretação geométrica e primeiros exemplos de derivada
e f (n−1) é derivável em a, então diz-se que f tem derivada de ordem
Derivadas laterais n em a e
Regras de derivação
Derivada da função composta f (n−1) (x) − f (n−1) (a)
Derivada da função inversa f (n) (a) = lim
Tabela de derivadas x→a x−a
Derivadas de ordem superior à primeira f (n−1) (a + h) − f (n−1) (a)
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial = lim .
Aplicações do cálculo diferencial h→0 h

4 Cálculo integral em R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 281 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 283 / 521

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira §3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira

Uma função f : D → R diz-se de classe C n , e escreve-se


Sejam D um subconjunto não vazio de R e
f ∈ C n (D),
f: D →R
se f é n vezes diferenciável em D e a derivada de ordem n, f (n) é
uma função diferenciável em D. Se f′
é diferenciável em a ∈ D, então contínua em D.
diz-se que f é duas vezes diferenciável em a e a derivada de f ′ em a
designa-se por segunda derivada de f em a e representa-se por Por extensão, escreve-se
d2 f f ∈ C 0 (D) ou f ∈ C(D)
f ′′ (a) ou (a) ou ainda D 2 f (a)
dx2
para designar que f é contínua em D.
e é dada por
′ f ′ (x) − f ′ (a) f ′ (a + h) − f ′ (a) Se f admite derivadas de todas as ordens em D, então dizemos que f é
f ′′ (a) = f ′ (a) = lim = lim . indefinidamente diferenciável ou de classe C ∞ e usa-se a notação
x→a x−a h→0 h

f ∈ C ∞ (D).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 282 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 284 / 521
§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira §3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira

Exemplos
a) A função f : R → R definida por

f (x) = xm , Exemplos (continuação)


m ∈ N, é uma função de classe C ∞ . De facto c) A função exponencial é de classe C ∞ pois fazendo

f (x) = ex

m−n
m (m − 1) . . . (m − (n − 1)) x se n < m;


f (n) (x) = m! se n = m;
 temos
0 se n > m. f (n) (x) = ex .

Mais geralmente, qualquer polinómio p : R → R dado por

p(x) = am xm + am−1 xm−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0

é de classe C ∞ .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 285 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 287 / 521

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira §3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira

Exemplos (continuação)
Exemplos (continuação)
b) Se
p, q : R → R d) A função seno é uma função de classe C ∞ . De facto, fazendo

são dois polinómios, então fazendo f (x) = sen x,

D = {x ∈ R : q(x) 6= 0} temos 

 cos x se n = 4k − 3, k ∈ N;
tem-se que a função f : D → R definida por


 − sen x

se n = 4k − 2, k ∈ N;
f (n) (x) =
p(x)  − cos x se n = 4k − 1, k ∈ N;
f (x) =



q(x)  sen x

se n = 4k, k ∈ N;
e, portanto, o que mostra que a função seno pertence a C ∞ (R).

f ∈ C (D).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 286 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 288 / 521
§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira §3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira

Exemplos (continuação)
f ) (continuação) Vimos que
Exemplos (continuação)
2x sen 1 − cos 1

e) Do mesmo modo, a função coseno é uma função de classe C ∞. De ′ se x 6= 0;
f1 (x) = x x
facto, se 
0 se x = 0.
f (x) = cos x,
Como não existe
temos  1
 − sen x se n = 4k − 3, k ∈ N; lim cos ,
x
x→0



 − cos x

se n = 4k − 2, k ∈ N;
f (n) (x) = a função f1′ não é contínua. Assim, f1 é diferenciável, mas não é de


 sen x se n = 4k − 1, k ∈ N; classe C 1 . Mais geral, a função fk : R → R definida por

 cos x se n = 4k, k ∈ N.
x2k sen 1
 
se x 6= 0;
fk (x) = x

0 se x = 0;

tem derivadas até à ordem k, mas não é de classe C k .


António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 289 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 291 / 521

§3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira §3.1.7 Derivadas de ordem superior à primeira

Exemplos (continuação) Exemplos (continuação)


f ) A função f1 : R → R definida 
por g) Se
x2 sen 1 se x 6= 0; f, g : D ⊆ R → R
f1 (x) = x
0 se x = 0; têm derivada até à ordem n, então os mesmo acontece com
é diferenciável, mas a primeira derivada não é contínua. Como f +g e fg
′
1 1 1 1 1 1
  
2 2
x sen = 2x sen + x − 2 cos = 2x sen − cos
x x x x x x e
e (f + g)(n) (x) = f (n) (x) + g(n) (x)
1
f1 (x) − f1 (0) x2 sen − 0 1 e
f1 (0) = lim

= lim x = lim x sen = 0, n
!
x−0 x−0 x (n) n
f (j)(x)g(n−j) (x),
x→0 x→0 x→0
X
(f g) (x) =
temos j=0
j
2x sen 1 − cos 1 se x 6= 0;

f1′ (x) = x x onde f (0) = f e g(0) = g. Esta igualdade é conhecida por fórmula
0 se x = 0. de Leibnitz.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 290 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 292 / 521
Índice §3.2.1 Teorema de Rolle

Teorema de Rolle
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
Sejam a e b números reais tais que a < b e seja
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
f : [a, b] → R
3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Se
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Teorema de Rolle
Teorema do valor médio de Lagrange f (a) = f (b),
Teorema de Taylor
Aplicações do cálculo diferencial então existe
c ∈ ]a, b[
4 Cálculo integral em R
tal que
f ′ (c) = 0.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 293 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 295 / 521

Índice §3.2.1 Teorema de Rolle

A interpretação geométrica de f ′ (c) = 0 corresponde a que a recta


tangente ao gráfico de f no ponto (c, f (c)) é horizontal. Tendo isto em
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos conta, podemos interpretar geometricamente o Teorema de Rolle da
seguinte forma.
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
y

3 Cálculo diferencial em R b

Derivadas, regras de derivação e exemplos


Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Teorema de Rolle
Teorema do valor médio de Lagrange f (a) = f (b) b b

Teorema de Taylor b

Aplicações do cálculo diferencial

4 Cálculo integral em R

x
a c c′ b
Interpretação geométrica do Teorema de Rolle

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 294 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 296 / 521
§3.2.1 Teorema de Rolle §3.2.1 Teorema de Rolle

Aplicação (dos Corolários) do Teorema de Rolle (continuação)


A função f é diferenciável pois é a diferença de duas funções diferenciáveis e a
sua derivada é dada por
Corolários do Teorema de Rolle f ′ (x) = (ex −3x) = ex −3.

Sejam I um intervalo e
f: I →R Assim,

uma função diferenciável em I. Então f ′ (x) = 0 ⇔ ex −3 = 0


a) entre dois zeros de f existe pelo menos um zero da derivada; ⇔ ex = 3
⇔ x = ln 3,
b) entre dois zeros consecutivos da derivada de f existe, quando
muito, um zero da função. ou seja, f ′ tem apenas um zero e, aplicando o Corolário do Teorema de Rolle,
f tem no máximo dois zeros.
Logo f tem exactamente dois zeros, isto é, a equação

ex = 3x

tem exactamente duas soluções.


António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 297 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 299 / 521

§3.2.1 Teorema de Rolle Índice

Aplicação (dos Corolários) do Teorema de Rolle


Vejamos que a equação
ex = 3x 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

tem exactamente duas soluções. Para isso consideremos a função f : R → R 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
definida por
f (x) = ex −3x. 3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos
A função f é contínua pois é a diferença de duas funções contínuas. Como Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
f (0) = e0 −3 · 0 = 1 > 0 e f (1) = e1 −3 · 1 = e −3 < 0, Teorema de Rolle
Teorema do valor médio de Lagrange
o Teorema de Bolzano permite-nos concluir que f tem pelo menos um zero em Teorema de Taylor
]0, 1[. Por outro lado, como Aplicações do cálculo diferencial

e2 > (5/2)2 = 25/4 > 24/4 = 6, 4 Cálculo integral em R


temos
f (2) = e2 −3 · 2 = e2 −6 > 0,
pelo que, usando novamente o Teorema de Bolzano, f tem pelo menos um
zero em ]1, 2[.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 298 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 300 / 521
§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange §3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange

Aplicações do Teorema de Lagrange


Teorema do valor médio de Lagrange √
a) Vejamos como o Teorema de Lagrange nos permite estimar 101. Seja
Sejam a e b números reais tais que a < b e f : [100, 101] → R a função definida por

f : [a, b] → R f (x) = x.

Obviamente, a função verifica as hipóteses do Teorema de Lagrange pois é


uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Então existe
contínua em [100, 101] e é diferenciável em ]100, 101[ (aliás é diferenciável
em [100, 101]). Assim, pelo Teorema de Lagrange, existe c ∈ ]100, 101[ tal
c ∈ ]a, b[
que
f (101) − f (100)
tal que = f ′ (c),
101 − 100
f (b) − f (a) = f ′ (c) (b − a) ,
ou seja, atendendo a que
ou seja, 1
f ′ (x) = √ ,
f (b) − f (a) 2 x
= f ′ (c).
b−a tem-se
√ 1
101 − 10 = √ .
2 c
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 301 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 303 / 521

§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange §3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange

f (b) − f (a) Aplicações do Teorema de Lagrange (continuação)


Geometricamente, o quociente é o declive da recta que
b−a
passa nos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)). O que o Teorema de Lagrange a) (continuação) Como
nos diz é que existe uma recta tangente ao gráfico de f paralela à recta 100 < c < 101,
que passa nos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)). resulta √ √ √
y 10 = 100 < c < 101 < 11,
e por conseguinte
b 1 1 1
< √ < .
11 c 10
f (b) b Assim, de
√ 1
101 − 10 = √ ,
2 c
f (a) b

tem-se
1 √ 1
< 101 − 10 < ,
x 22 20
a c b
ou seja,
1 √ 1
Interpretação geométrica do Teorema de Lagrange 10 + < 101 < 10 + .
22 20
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 302 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 304 / 521
§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange §3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange

Aplicações do Teorema de Lagrange (continuação) Corolários do Teorema de Lagrange


b) Vejamos que Sejam I um intervalo de R e f, g : I → R funções diferenciáveis em I.
1 1 1
 
< ln 1 + < a) Se
x+1 x x f ′ (x) = 0 para qualquer x ∈ I,
para qualquer x > 0. A estimativa anterior irá ser obtida através da então f é constante.
aplicação do Teorema de Lagrange à função f : [x, x + 1] → R definida por
b) Se
f (t) = ln t. f ′ (x) = g ′ (x) para qualquer x ∈ I,
então a diferença f − g é constante em I.
A função f verifica as hipóteses do Teorema de Lagrange pois é contínua
em [x, x + 1] e é diferenciável em ]x, x + 1[. Atendendo a que c) Se f ′ (x) > 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente crescente em
I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I,
1
f ′ (t) =
, se x > y, então f (x) > f (y).
t
pelo Teorema de Lagrange, existe c ∈ ]x, x + 1[ tal que d) Se f ′ (x) < 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente decrescente
em I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I,
f (x + 1) − f (x) 1
= f ′ (c) = .
x+1−x c se x > y, então f (x) < f (y).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 305 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 307 / 521

§3.2.2 Teorema do valor médio de Lagrange Índice

Aplicações do Teorema de Lagrange (continuação)


b) (continuação) Atendendo a que
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
x<c<x+1
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
implica
1 1 1 3 Cálculo diferencial em R
< <
x+1 c x Derivadas, regras de derivação e exemplos
e que Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Teorema de Rolle
f (x + 1) − f (x) x+1 1
 
= ln(x + 1) − ln(x) = ln = ln 1 + , Teorema do valor médio de Lagrange
x+1−x x x Teorema de Taylor
Aplicações do cálculo diferencial
da igualdade
f (x + 1) − f (x) 1 4 Cálculo integral em R
= ,
x+1−x c
obtida atrás, resulta
1 1 1
 
< ln 1 + < .
x+1 x x
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 306 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 308 / 521
§3.2.3 Teorema de Taylor §3.2.3 Teorema de Taylor
Ao polinómio de Taylor de grau um de uma função f em torno de a
chamamos linearização ou aproximação linear de f em torno de x = a, ou
seja, a função dada por

Fórmula de Taylor (com resto de Lagrange) L(x) = f (a) + f ′ (a)(x − a)


Sejam I um intervalo, é a linearização de f em torno de x = a. Nestas condições escrevemos
f: I →R
f (x) ≈ f (a) + f ′ (a)(x − a).
uma função de classe C n , n + 1 vezes diferenciável em int I e a um
ponto de I. Para cada x ∈ I \ {a}, existe c estritamente entre a e x tal
que Ao polinómio de Taylor de grau dois de uma função f em torno de x = a, isto
é, à função dada por
f ′′ (a) f (n) (a) f (n+1) (c)
f (x) = f (a)+f ′ (a) (x − a) + (x − a)2 +· · ·+ (x − a)n + (x − a)n+1 .
2! n! (n + 1)! f ′′ (a)
Q(x) = f (a) + f ′ (a)(x − a) + (x − a)2 ,
2

chamamos aproximação quadrática de f em torno de x = a e escrevemos


f ′′ (a)
f (x) ≈ f (a) + f ′ (a)(x − a) + (x − a)2 .
2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 309 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 311 / 521

§3.2.3 Teorema de Taylor §3.2.3 Teorema de Taylor

Exemplos
A
1) Seja f a função exponencial. Atendendo a que f (n) (x) = ex para cada
n ∈ N e, portanto, f (n) (0) = e0 = 1, o polinómio de Mac-Laurin de grau n
f ′′ (a) f (n) (a)
pn (x) = f (a) + f ′ (a) (x − a) + (x − a)2 + · · · + (x − a)n é dado por
2! n!
f ′′ (0) 2 f (n−1) (0) n−1 f (n) (0) n
pn (x) = f (0) + f ′ (0) x + x + ···+ x + x
chamamos polinómio de Taylor de grau n da função f em torno de 2! (n − 1)! n!
x=aea x2 xn−1 xn
= 1+x+ + ··· + +
f (n+1) (c) 2! (n − 1)! n!
Rn (x) = (x − a)n+1
(n + 1)!
e, por conseguinte, temos a seguinte aproximação linear
resto de Lagrange de ordem n da função f em torno de x = a.
ex ≈ 1 + x

Se a = 0 a fórmula de Taylor designa-se por fórmula de Mac-Laurin e a seguinte aproximação quadrática


e o polinómio de Taylor designa-se por polinómio de Mac-Laurin.
x2
ex ≈ 1 + x + .
2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 310 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 312 / 521
§3.2.3 Teorema de Taylor Índice

Exemplos (continuação) 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos


2) Seja f a função seno. Então
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
(−1)k+1
(
se n = 2k − 1, k ∈ N;
f (n) (0) = 3 Cálculo diferencial em R
0 se n = 2k, k ∈ N; Derivadas, regras de derivação e exemplos
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
e, portanto, Aplicações do cálculo diferencial
Regra de Cauchy
Monotonia e extremos locais
x3 x5 x2n+1 Convexidade e pontos de inflexão
sen x = x − + + · · · + (−1)n + R2n+1 (x).
3! 5! (2n + 1)! Estudo e esboço do gráfico de uma função

Assim, neste exemplos as aproximações linear e quadrática são 4 Cálculo integral em R


iguais:
sen x ≈ x.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 313 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 315 / 521

§3.2.3 Teorema de Taylor Índice

Exemplos (continuação)
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
3) Se f é a função coseno, então
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
(−1)k
(
(n) se n = 2k, k ∈ N;
f (0) =
0 se n = 2k − 1, k ∈ N; 3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
e, consequentemente, Aplicações do cálculo diferencial
Regra de Cauchy
x2 x4 x2n Monotonia e extremos locais
cos x = 1 − + + · · · + (−1)n + R2n (x) Convexidade e pontos de inflexão
2! 4! (2n)! Estudo e esboço do gráfico de uma função

e temos 4 Cálculo integral em R


x2
cos x ≈ 1 e cos x ≈ 1 −
2
como aproximações linear e quadrática, respectivamente.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 314 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 316 / 521
§3.3.1 Regra de Cauchy §3.3.1 Regra de Cauchy

Regra de Cauchy Regra de Cauchy quando x → +∞


Sejam a e b números reais tais que a < b e f, g : ]a, b[→ R funções Sejam a um número real e f, g : ]a, +∞[→ R funções diferenciáveis em
diferenciáveis em ]a, b[ tais que ]a, +∞[ e tais que
g′ (x) 6= 0 para cada x ∈]a, +∞[.
g′ (x) 6= 0 para cada x ∈ ]a, b[.
Suponhamos que
Suponhamos que
lim f (x) = lim g(x) = 0 lim f (x) = lim g(x) = 0
x→+∞ x→+∞
x→a+ x→a+
ou que ou que
lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞. lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞.
x→a+ x→a+ x→+∞ x→+∞
f ′ (x) f ′ (x)
Se lim ′ = L, então Se lim = L, então
x→a+ g (x)
f (x)
x→+∞ g′ (x)
lim = L. f (x)
x→a g(x)
+ lim = L.
x→+∞ g(x)

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 317 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 319 / 521

§3.3.1 Regra de Cauchy §3.3.1 Regra de Cauchy

Observações Observação
a) O resultado continua válido se substituirmos O resultado continua válido se substituirmos
lim lim
x→a+ x→+∞
por por
lim− . lim ,
x→b x→−∞
b) O resultado também é válido quando calculamos o limite em pontos sendo neste caso o domínio das funções um intervalo do tipo ] − ∞, a[.
interiores do domínio das funções.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 318 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 320 / 521
§3.3.1 Regra de Cauchy §3.3.1 Regra de Cauchy

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)


1) Como 2) (continuação) Temos de aplicar novamente a regra de Cauchy
cos x − 1 0
lim 2
= , esen x − ex
x→0 x 0 lim
x→0 sen x − x
temos pela regra de Cauchy ′
cos2 x − sen x esen x − ex
 
= lim
cos x − 1 (cos x − 1)′ x→0 [− sen x]

lim = lim
x2 (x2 )′ (−2 sen x cos x − cos x) esen x + cos2 x − sen x cos x esen x − ex

x→0 x→0
= lim
− sen x x→0 − cos x
= lim −1 + 1 − 1
x→0 2x = =1
1 sen x −1
= lim −
x→0 2 x
Este limite podia ter sido calculado mais facilmente da seguinte
1
= − .1 forma
2 esen x − ex esen x−x −1
1 lim = lim ex = e0 .1 = 1.
=− . x→0 sen x − x x→0 sen x − x
2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 321 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 323 / 521

§3.3.1 Regra de Cauchy §3.3.1 Regra de Cauchy

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)


Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)
esen x − ex 0
2) Como lim = , usando a regra de Cauchy temos 3) Vejamos que
x→0 sen x − x 0
ln x
lim = 0, a > 0.
esen x − ex (esen x − ex )′ cos x esen x − ex 0 x→+∞ xa
lim = lim ′ = lim = .
x→0 sen x − x x→0 (sen x − x) x→0 cos x − 1 0 Como
ln x +∞
lim = ,
Aplicando novamente a regra de Cauchy vem x→+∞ x a +∞
aplicando a regra de Cauchy temos
esen x − ex (cos x esen x − ex )′
lim = lim
x→0 sen x − x x→0 (cos x − 1)′ 1
− sen x esen x + cos2 x esen x − ex ln x (ln x)′ x = lim 1 = 1 = 0.
= lim lim = lim ′ = lim
x→0 − sen x
x→+∞ x a x→+∞ (x )
a x→+∞ axa−1 x→+∞ axa +∞
0
= .
0

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 322 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 324 / 521
§3.3.1 Regra de Cauchy §3.3.1 Regra de Cauchy

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)


Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)
1
√ 5) Calculemos agora lim − cotg x = ∞ − ∞. Transformando esta
4) Vejamos como calcular lim+ x − 1 ln (ln x) = 0 × (−∞). Como x
x→0
x→1 indeterminação na seguinte
√ ln (ln x) ∞ 1 1 cos x sen x − x cos x 0
lim x − 1 ln (ln x) = lim+ = , lim − cotg x = lim − = lim = ,
x→1+ x→1 (x − 1)−1/2 ∞ x→0 x x→0 x sen x x→0 x sen x 0

podemos usar a regra de Cauchy e temos podemos aplicar a regra de Cauchy. Assim,

1/x sen x − x cos x (sen x − x cos x)′


lim = lim
[ln (ln x)]
√ ′
ln x x→0 x sen x x→0 (x sen x)

lim x − 1 ln (ln x) = lim+ h i′ = lim+
x→1+ x→1
(x − 1)
−1/2 x→1 (x − 1)
−3/2 cos x − cos x + x sen x
− = lim
2 x→0 sen x + x cos x
3/2 x sen x
2 (x − 1) 0 = lim
= lim+ − = . x→0 sen x + x cos x
x→1 x ln x 0 0
= .
0

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 325 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 327 / 521

§3.3.1 Regra de Cauchy §3.3.1 Regra de Cauchy

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)


3/2 Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)
(x − 1) 0
4) (continuação) Atendendo a que lim+ = , aplicando
x→1 ln x 0 5) (continuação) Aplicando novamente a regra de Cauchy temos
novamente a regra de Cauchy temos
′ 3 (x − 1)1/2 sen x − x cos x (x sen x)′
lim = lim

3/2
(x − 1)
3/2 (x − 1) x sen x x→0 (sen x + x cos x)′
lim+ = lim+ = lim+ 2 x→0
x→1 ln x x→1 (ln x)

x→1 1 sen x + x cos x
= lim
x x→0 cos x + cos x − x sen x
3x (x − 1)
1/2 0
= lim+ = 0, =
x→1 2 2
= 0
pelo que
√ 2 (x − 1)
3/2 o que implica
lim+ x − 1 ln (ln x) = lim+ − 1
x→1 x→1 x ln x lim − cotg x = 0.
x→0 x
2 (x − 1)3/2
= lim+ − = 0.
x→1 x ln x

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 326 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 328 / 521
§3.3.1 Regra de Cauchy Índice

Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação)


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
6) Calculemos agora
x
lim (sen x) . 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
x→0+

Neste caso temos uma indeterminação do tipo 00 . Atendendo a que 3 Cálculo diferencial em R
x
Derivadas, regras de derivação e exemplos
lim (sen x)x = lim eln[(sen x) ]
= lim ex ln(sen x) , Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
x→0+ x→0+ x→0+ Aplicações do cálculo diferencial
Regra de Cauchy
basta calcular lim x ln (sen x). Como Monotonia e extremos locais
x→0+ Convexidade e pontos de inflexão
Estudo e esboço do gráfico de uma função
ln (sen x) ∞
lim+ x ln (sen x) = lim+ = ,
x→0 x→0 1 ∞ 4 Cálculo integral em R

x
podemos aplicar a regra de Cauchy.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 329 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 331 / 521

§3.3.1 Regra de Cauchy §3.3.2 Monotonia e extremos locais

Já vimos que para estudar a monotonia de uma função basta estudar o


Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) sinal da primeira derivada. Isso é consequência de corolários do
6) (continuação) Assim, Teorema de Lagrange:

cos x Corolários do Teorema de Lagrange


(ln (sen x))′ sen x
lim x ln (sen x) = lim = lim Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função diferenciável em I.
x→0+ x→0+
 ′
1 x→0+ 1
− 2
x x a) Se f ′ (x) > 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente
x crescente em I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I,
= lim (−x cos x) = 1.0 = 0
x→0+ sen x
se x > y, então f (x) > f (y).
e, portanto,
b) Se f ′ (x) < 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente
lim (sen x)x = lim ex ln(sen x) = e0 = 1. decrescente em I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I,
x→0+ x→0+

se x > y, então f (x) < f (y).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 330 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 332 / 521
§3.3.2 Monotonia e extremos locais §3.3.2 Monotonia e extremos locais

Sejam D um subconjunto não vazio de R, f : D → R uma função e y


a ∈ D. Diz-se que a função f tem um máximo local ou relativo no
ponto a ou que f (a) é um máximo local ou relativo da função f se b

existir um ε > 0 tal que


b

f (x) 6 f (a) qualquer que seja x ∈ ]a − ε, a + ε[ ∩ D.


b b

Do mesmo modo, diz-se que a função f tem um mínimo local ou b b

relativo no ponto a ou que f (a) é um mínimo local ou relativo da


função f se existir um ε > 0 tal que x0 x1 x2 x3 x4 x5
x

f (x) > f (a) qualquer que seja x ∈ ]a − ε, a + ε[ ∩ D.


Para a função representada na figura anterior vê-se facilmente que nos
pontos x0 , x2 e x4 a função tem mínimos locais e que nos pontos x1 , x3
Diz-se que f tem um extremo local ou relativo no ponto a ou que
e x5 a função tem máximos locais. Além disso, em qualquer a ∈ ]x2 , x3 [
f (a) é um extremo local ou relativo da função f se f tiver um
a função tem um máximo e um mínimo local.
máximo ou um mínimo local no ponto a.

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais §3.3.2 Monotonia e extremos locais

Teorema de Fermat
Seja
b

b
b
f: D ⊆R→R
uma função diferenciável num ponto a interior a D. Se f (a) é um
b

x
extremo local de f , então
x0 x1 x2 x3 x4 x5 f ′ (a) = 0.

Os pontos x0 , x2 e x4 são pontos onde a função tem mínimos locais,


enquanto que a função tem máximos locais nos pontos x1 , x3 e x5 .
A figura sugere que nos pontos x1 , x2 , x3 , x4 a derivada da função é
nula.

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais §3.3.2 Monotonia e extremos locais

A condição Sejam I um intervalo de R e


f ′ (a) = 0
não é suficiente para a existência de extremo. Por exemplo a função f :I→R

f : R → R, uma função duas vezes diferenciável num ponto a interior a I com

definida por f ′ (a) = 0.


f (x) = x3 ,
Então
tem derivada nula no ponto x = 0, mas f (0) não é extremo local. i) se f ′′ (a) > 0, a é um ponto de mínimo local;
ii) se f ′′ (a) < 0, a é um ponto de máximo local.

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais §3.3.2 Monotonia e extremos locais

Exemplo
Sejam I um intervalo de R e
Uma bateria de voltagem fixa V e resistência interna fixa r está ligada
f :I→R a um circuito de resistência variável R. Pela lei de Ohm, a corrente I
no circuito é
V
uma função m vezes diferenciável, m > 1, num ponto a interior ao I= .
intervalo I. Suponhamos que R+r
Se a potência resultante é dada por P = I 2 R, mostre que a potência
′ (m−1) (m)
f (a) = · · · = f (a) = 0 e f (a) 6= 0. máxima ocorre se R = r.

Então 2
V V 2R
 
i) se m é ímpar, f não tem qualquer extremo local no ponto a; De P = I 2 R, temos P = R= . Assim, o que temos
R+r (R + r)2
ii) se m é par, f tem em a um ponto de máximo local ou um ponto de de fazer é calcular os extremos locais da função
mínimo local, consoante
V 2R
P (R) = .
f (m) (a) < 0 ou f (m) (a) > 0. (R + r)2

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§3.3.2 Monotonia e extremos locais Índice

Exemplo (continuação)
V 2R 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
Derivando a função P (R) = temos
(R + r)2
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
2 (R 2 2R
V + r) − 2 (R + r) V
P ′ (R) = 3 Cálculo diferencial em R
(R + r)4 Derivadas, regras de derivação e exemplos
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
V 2 (R + r) − 2V 2 R Aplicações do cálculo diferencial
=
(R + r)3 Regra de Cauchy
Monotonia e extremos locais
V 2r − V 2R Convexidade e pontos de inflexão
= Estudo e esboço do gráfico de uma função
(R + r)3
V 2 (r − R) 4 Cálculo integral em R
=
(R + r)3
e, portanto,
P ′ (R) = 0 ⇔ R = r.
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§3.3.2 Monotonia e extremos locais §3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão

Exemplo (continuação) b
(b, f (b))

Para verificarmos que R = r é um ponto de máximo local, atendendo a (a, f (a)) b

que
V 2 (r − R)
P ′ (R) = ,
(R + r)3
função convexa
podemos fazer o seguinte quadro
Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função. Dizemos que f é
R r convexa ou que tem a concavidade voltada para cima em I se
P ′ (R) + 0 − para quaisquer a, b ∈ I, com a < b, o gráfico de f em [a, b] está abaixo
da secante que une os ponto (a, f (a)) e (b, f (b)), isto é,
P (R) ր M ց
f (b) − f (a)
f (x) 6 f (a) + (x − a)
b−a
para qualquer x ∈ [a, b].
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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão §3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão

b
(b, f (b))

(a, f (a)) b
Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função diferenciável.
Então as seguintes afirmações são equivalentes:
a) f é convexa;
função côncava b) a derivada de f é monótona crescente;
c) para quaisquer a, x ∈ I temos
A função f diz-se côncava ou que tem a concavidade voltada para
baixo em I se para quaisquer a, b ∈ I, com a < b, o gráfico de f em f (x) > f (a) + f ′ (a) (x − a) ,
[a, b] está acima da secante que une os ponto (a, f (a)) e (b, f (b)), isto é,
ou seja, o gráfico de f está acima das suas rectas tangentes.
f (b) − f (a)
f (x) > f (a) + (x − a)
b−a
para qualquer x ∈ [a, b].
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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão §3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão

Fazendo x = (1 − t)a + tb, t ∈ [0, 1], nas desigualdades que caracterizam


as definições de função convexa e de função côncava temos as seguintes
definições alternativas:

A função f é convexa em I se para cada a, b ∈ I e para cada t ∈ [0, 1], b

f ((1 − t)a + tb) 6 (1 − t)f (a) + tf (b). b

A função f diz-se côncava em I se, para cada a, b ∈ I e para cada


t ∈ [0, 1], b

f ((1 − t)a + tb) > (1 − t)f (a) + tf (b). Função convexa

Obviamente, uma função f é côncava se e só se −f é convexa.

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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão §3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão

Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função duas vezes


Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função diferenciável. diferenciável em I. Então
Então as seguintes afirmações são equivalentes: a) f é convexa em I se e só se
a) f é côncava;
b) a derivada de f é monótona decrescente; f ′′ (x) > 0
c) para quaisquer a, x ∈ I temos para qualquer x ∈ I;
f (x) 6 f (a) + f ′ (a) (x − a) , b) f é côncava em I se e só se

ou seja, o gráfico de f está abaixo das suas rectas tangentes. f ′′ (x) 6 0

para qualquer x ∈ I.

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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão §3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão

Sejam I um intervalo, a um ponto interior a I e f : I → R. Diz-se que


a é um ponto de inflexão de f se existe ε > 0 tal que num dos
b conjuntos ]a − ε, a[ ou ]a, a + ε[ a função é convexa e no outro é côncava.
y

b
b
b
b

Função côncava x
a0 a1 a2

Na figura anterior vemos que a função f é côncava à esquerda de a1 e é


convexa à direita de a1 . Logo a1 é um ponto de inflexão.
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§3.3.3 Convexidade e pontos de inflexão §3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função

Assim, podemos usar a informação que as derivadas nos fornecem para


fazer o esboço do gráfico de uma função. Para tal devemos estudar
• o domínio da função;
Sejam I um intervalo de R e • os zeros da função;
• a continuidade da função;
f :I→R
• a paridade da função;
uma função duas vezes diferenciável. Se a ∈ I é um ponto de inflexão • os intervalos de monotonia da função;
de f , então • os extremos relativos da função;
f ′′ (a) = 0.
• as concavidades da função;
• os pontos de inflexão da função;
• as assímptotas da função.

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Índice §3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função

Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1)


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Seja f a função real de variável real definida por
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade x2
f (x) = .
x−1
3 Cálculo diferencial em R
Derivadas, regras de derivação e exemplos Vamos fazer um estudo completo desta função. Esta função tem como
Teoremas fundamentais do cálculo diferencial
Aplicações do cálculo diferencial domínio a seguinte função
Regra de Cauchy
Monotonia e extremos locais
Convexidade e pontos de inflexão
Df = {x ∈ R : x − 1 6= 0} = R \ {1}
Estudo e esboço do gráfico de uma função
e como
4 Cálculo integral em R x2
f (x) = 0 ⇔ = 0 ⇔ x = 0 ∧ x 6= 1,
x−1
f tem apenas um zero no ponto x = 0. Além disso, a função é contínua
pois é o quociente de duas funções polinomiais.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 354 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 356 / 521
§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função §3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função

Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação)


Obviamente, esta função não é par nem é ímpar. A função é Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação)
diferenciável em todo o domínio e primeira derivada é dada por A segunda derivada de f é dada por

(x2 )′ (x − 1) − x2 (x − 1)′
h i′
′ 2 2
x2 − 2x (x − 1) − (x − 1) x2 − 2x
!′ 

f (x) = x − 2x
2
(x − 1)2 f ′′ (x) = 2 = 4
(x − 1) (x − 1)
2x (x − 1) − x2
= 2
(2x − 2) (x − 1) − 2 (x − 1) x − 2x
2 2
2 (x − 1) − 2 x2 − 2x
 
(x − 1)2 = 4 = 3
(x − 1) (x − 1)
2x2 − 2x − x2
= 2x2 − 4x + 2 − 2x2 + 4x 2
(x − 1)2 = 3 =
(x − 1) (x − 1)3
x2 − 2x
= e, portanto, f não tem pontos de inflexão já que a segunda derivada não tem
(x − 1)2
zeros.
x(x − 2)
= .
(x − 1)2

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§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função §3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função

Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação)


Calculemos os zeros da primeira derivada

x(x − 2) Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação)



f (x) = 0 ⇔ =0
(x − 1)2 Fazendo um quadro temos
⇔ x(x − 2) = 0 ∧ (x − 1)2 6= 0 x 1
⇔ (x = 0 ∨ x = 2) ∧ x 6= 1.
f ′′ (x) − ND +
Atendendo a que o denominador de f ′ é sempre positivo, temos o
f (x) ∩ ND ∪
seguinte quadro de sinal

x 0 1 2 o que nos permite concluir que f tem a concavidade voltada para baixo
em ] − ∞, 1[ e tem a concavidade voltada para cima em ]1, +∞[.
f ′ (x) + 0 − ND − 0 +
f (x) ր M ց ND ց m ր

Além disso, f (0) = 0 e f (2) = 4.


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§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função §3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função

Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação)


Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação)
Quanto a assímptotas, uma vez que

f (x) x2 x2 1
lim = lim 2 = lim 2 = lim =1
x→+∞ x x→+∞ x − x x→+∞ x (1 − 1/x) x→+∞ 1 − 1/x
4
e
x2 x2 − x2 + x
lim f (x) − x = lim − x = lim
x→+∞ x→+∞ x − 1 x→+∞ x−1
x 1 1
= lim = lim =1
x→+∞ x(1 − 1/x) x→+∞ 1 − 1/x −1
1 2
a recta de equação y = x + 1 é uma assímptota não vertical à direita do
gráfico de f . Do mesmo modo se conclui que esta recta também é
assímptota não vertical à esquerda do gráfico de f .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 361 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 363 / 521

§3.3.4 Estudo e esboço do gráfico de uma função Índice

Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação)


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
Por outro lado, tendo em conta que o domínio de f é R \ {1} e que f é
uma função contínua, a única possibilidade para assímptota vertical ao 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
gráfico de f é a recta de equação x = 1. Como
3 Cálculo diferencial em R
x2 1
lim f (x) = lim = + = +∞
x→1 + x→1 + x − 1 0 4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
e Teorema Fundamental do Cálculo
x2 1 Primitivas imediatas
= − = −∞,
lim f (x) = lim Aplicações do Cálculo Integral
x→1 − x→1 x − 1
− 0 Técnicas de primitivação e de integração
a recta de equação x = 1 é de facto uma assímptota vertical ao gráfico Integrais impróprios

de f .

Estamos em condições de esboçar o gráfico de f .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 362 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 364 / 521
Índice §4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos

Seja
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
f : [a, b] → R
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade uma função limitada. Para cada partição
3 Cálculo diferencial em R P = {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn }
4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
de [a, b], usa-se a notação
Teorema Fundamental do Cálculo
Primitivas imediatas mi = mi (f, P ) = inf {f (x) : x ∈ [xi−1 , xi ]}
Aplicações do Cálculo Integral
Técnicas de primitivação e de integração
Integrais impróprios e
Mi = Mi (f, P ) = sup {f (x) : x ∈ [xi−1 , xi ]} ,
i = 1, . . . , n.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 365 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 367 / 521

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos

Designa-se por soma inferior da função f relativa à partição P ao


Seja [a, b] um intervalo de R com mais do que um ponto, ou seja, a < b. número n
Chama-se partição de [a, b] a todo o subconjunto
X
s(f, P ) = mi (f, P ) (xi − xi−1 ) .
i=1
P = {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn } Do mesmo modo, chamamos soma superior da função f relativa à
partição P ao número
com
a = x0 < x1 < . . . < xn−1 < xn = b. n
X
S(f, P ) = Mi (f, P ) (xi − xi−1 ) .
i=1

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 366 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 368 / 521
§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos

Exemplos de somas superiores e de somas inferiores


y
a) Consideremos a função f : [a, b] → R a função definida por f (x) = c,
m7 c ∈ R. Dada uma partição P = {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn } de [a, b], temos
m3
m2 =m4 =m8 b
mi (f, P ) = c e Mi (f, P ) = c
m6
m5 e, portanto,
m1 b
n
X n
X
s(f, P ) = mi (f, P ) (xi − xi−1 ) = c (xi − xi−1 )
i=1 i=1
Xn
=c (xi − xi−1 ) = c (b − a)
x i=1
a x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 b e
q q
x0 x8 n
X n
X
S(f, P ) = Mi (f, P ) (xi − xi−1 ) = c (xi − xi−1 )
Interpretação geométrica das somas inferiores i=1 i=1
de uma função f : [a, b] → R Xn
= c (xi − xi−1 ) = c (b − a).
i=1

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 369 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 371 / 521

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos

y
Exemplos de somas superiores e de somas inferiores (continuação)
b) Seja f : [0, 1] → R a função definida por
b

(
0 se x ∈ [0, 1] ∩ Q,
b f (x) =
1 se x ∈ [0, 1] ∩ (R \ Q) .

Dada uma partição P de [0, 1], atendendo a que

x mi (f, P ) = 0 e Mi (f, P ) = 1,
a x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 b
q q
x0 x8
temos que
Interpretação geométrica das somas superiores s(f, P ) = 0 e S(f, P ) = 1.
de uma função f : [a, b] → R

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 370 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 372 / 521
§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos

Exemplos do integral de Riemann (continuação)


Uma função f : [a, b] → R diz-se integrável à Riemann em [a, b] se e b) Já vimos que para a função f : [0, 1] → R, definida por
só se existir um e um só número A tal que (
0 se x ∈ [0, 1] ∩ Q,
f (x) =
s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) para qualquer partição P de [a, b]. 1 se x ∈ [0, 1] ∩ (R \ Q) ,

O único número A que verifica a desigualdade anterior designa-se por se tem


integral de Riemann de f em [a, b] e representa-se por s(f, P ) = 0 e S(f, P ) = 1
Z b qualquer que seja a partição P de [0, 1]. Portanto, se A ∈ [0, 1]
f (x) dx. tem-se
a
0 = s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) = 1
para qualquer partição P de [0, 1], o que mostra que f não é
integrável à Riemann em [0, 1].

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 373 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 375 / 521

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos

Exemplos do integral de Riemann Propriedades dos integrais


a) Consideremos novamente a função f : [a, b] → R definida por Sejam a e b números reais tais que a < b.
f (x) = c. Já vimos que para qualquer partição P de [a, b] tem-se a) Se
s(f, P ) = c (b − a) = S(f, P ). f, g : [a, b] → R

Assim, são funções integráveis em [a, b], então f + g é integrável em [a, b] e


Z b Z b Z b
[f (x) + g(x)] dx = f (x) dx + g(x) dx.
s(f, P ) 6 c (b − a) 6 S(f, P ) para qualquer partição P de [a, b] a a a

e b) Se λ é um número real e

c (b − a) f : [a, b] → R
é o único número real que verifica as estas desigualdades. Logo f é
é uma função integrável em [a, b], então λ f é integrável em [a, b] e
integrável à Riemann em [a, b] e
Z b
Z b Z b
f (x) dx = c (b − a). λ f (x) dx = λ f (x) dx.
a a a

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 374 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 376 / 521
§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Índice

Propriedades dos integrais (continuação)


c) Se a, b e c são números reais tais que a < c < b e 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
f : [a, b] → R
uma função limitada, então f é integrável em [a, b] se e só se f é integrável 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
em [a, c] e em [c, b]. Além disso,
Z b Z c Z b 3 Cálculo diferencial em R
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c 4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
d) Se Teorema Fundamental do Cálculo
f, g : [a, b] → R Primitivas imediatas
Aplicações do Cálculo Integral
são duas funções integráveis em [a, b] tais que Técnicas de primitivação e de integração
Integrais impróprios
f (x) 6 g(x) para cada x ∈ [a, b],
então
Z b Z b
f (x) dx 6 g(x) dx.
a a

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 377 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 379 / 521

§4.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §4.2 Teorema Fundamental do Cálculo

Propriedades dos integrais (continuação)


e) Seja
No que se segue vamos fazer as seguintes convenções
f : [a, b] → R
Z a
uma função integrável. Então |f | é integrável em [a, b] e f (x) dx = 0
a
Z
b Z b
e

f (x) dx 6 |f (x)| dx.

Z a Z b
a a f (x) dx = − f (x) dx.
b a

f ) Toda a função contínua f : [a, b] → R é integrável em [a, b].


g) Toda a função monótona f : [a, b] → R é integrável em [a, b].

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 378 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 380 / 521
§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo §4.2 Teorema Fundamental do Cálculo

Teorema Fundamental do Cálculo A igualdade


Sejam a, b ∈ R tais que a < b e Z b
f (x) dx = F (b) − F (a)
a
f : [a, b] → R
designa-se por fórmula de Barrow e é costume usar a seguinte
uma função integrável. Então a função notação
h ib
F (x) = F (b) − F (a),
F : [a, b] → R a
ou seja,
definida por Z b h ib
x f (x) dx = F (x) = F (b) − F (a) ,
Z
F (x) = f (t) dt a a
a
é contínua em [a, b]. Além disso, se f é contínua num ponto c ∈ [a, b], onde, como vimos atrás,
então F é diferenciável em c e F : [a, b] → R
é uma função diferenciável cuja derivada é a função contínua f .
F ′ (c) = f (c).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 381 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 383 / 521

§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo §4.2 Teorema Fundamental do Cálculo

A fórmula de Barrow é válida em condições mais gerais.


Corolário do Teorema Fundamental do Cálculo
Se a e b são números reais tais que a < b e Fórmula de Barrow
Sejam a e b números reais tais que a < b e
f : [a, b] → R
f : [a, b] → R
é uma função contínua, então existe uma função real de variável real
definida e diferenciável em [a, b] e cuja derivada é a função f . Além uma função integrável à Riemann em [a, b] e suponhamos que existe
disso, se
F : [a, b] → R F : [a, b] → R
é tal que tal que
F ′ (x) = f (x) para qualquer x ∈ [a, b], F ′ (x) = f (x) para qualquer x ∈ [a, b].
então Então
Z b
b ib
f (x) dx = F (b) − F (a).
Z h
a
f (x) dx = F (x) = F (b) − F (a).
a a

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 382 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 384 / 521
§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo §4.2 Teorema Fundamental do Cálculo

Exemplos
Exemplos (continuação)
a) Calculemos
Z 1 d) Z 2 1
Z 2
2
x dx. dx = x−3 dx
0 1 x3 1
#2
Pelo que vimos anteriormente, para calcularmos o integral dado,
"
x−2
basta descobrir uma função cuja derivada seja a função =
−2 1
f (x) = x2 . 
1
2
= − 2
Como a derivada da função dada por 2x 1
x3 1 1
 
F (x) = , =− 2
− −
3 2.2 2 . 12
é a função f , temos 1 1
=− +
#1 8 2
1 13 03
"
x3 1 3
Z
2
x dx = = − = . =
0 3 0
3 3 3 8

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 385 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 387 / 521

§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo §4.2 Teorema Fundamental do Cálculo

Exemplos (continuação) Exemplos (continuação)


√ √
Z π/2 e) Z 3 1 1
Z 3 1
b) Calculemos agora cos x dx. Então √ dx = dx
4−x 2 2 1 − x2 /4
p
0 Z
π/2 0 0
π/2
cos x dx = sen x 0 √

1
Z 3 1
0
π = dx
2 1 − (x/2)2
p
= sen − sen 0 0
2 √
= 1−0 Z 3 1/2
= dx
= 1. 1 − (x/2)2
p
0
c) Obviamente também se tem √
x 3

Z π/2 = arc sen
π/2
sen x dx = − cos x 0
 2 0
0 √
π 3 0
= − cos − (− cos 0) = arc sen − arc sen
2 2 2
= 0 − (−1) π π
= −0=
= 1. 3 3
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 386 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 388 / 521
§4.2 Teorema Fundamental do Cálculo §4.3 Primitivas imediatas

Exemplos (continuação)
f) √
3 √
3 √
3 Sejam I um intervalo e
2 x2 1 2 x2 1 2 x2
Z Z Z
dx = dx = dx f :I→R
4+x 6 4 6
1 + x /4 4 1 + (x3 /2)2
0 0 0
uma função. Chama-se primitiva de f em I a toda a função

3 #√
3
2
3x2 /2
2
"
12 1 x3
Z
= dx = arc tg F :I→R
43 0 1 + (x3 /2)2 6 2 0
√ tal que
( 3 2)3 03
" #
1 F ′ (x) = f (x) para qualquer x ∈ I.
= arc tg − arc tg
6 2 2
1
= [arc tg 1 − arc tg 0] Diz-se que f é primitivável em I quando f possui pelo menos uma
6
primitiva.
1 π π
 
= −0 =
6 4 24

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 389 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 391 / 521

Índice §4.3 Primitivas imediatas

Exemplos
a) Uma primitiva da função f : R → R dada por
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos

f (x) = x
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade

3 Cálculo diferencial em R
é a função F : R → R definida por

Cálculo integral em R
x2
4 F (x) = .
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos 2
Teorema Fundamental do Cálculo
Primitivas imediatas b) Dum modo mais geral, dado n ∈ N, uma primitiva da função
Aplicações do Cálculo Integral f : R → R definida por
Técnicas de primitivação e de integração
Integrais impróprios f (x) = xn
é a função F : R → R definida por

xn+1
F (x) = .
n+1
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 390 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 392 / 521
§4.3 Primitivas imediatas §4.3 Primitivas imediatas

Se f e g são duas funções primitiváveis num intervalo I e k ∈ R, então


Sejam I um intervalo e
F :I→R
Z Z Z
f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx
uma primitiva de uma função
e
f : I → R. Z Z
kf (x) dx = k f (x) dx.
Então, para qualquer c ∈ R, a função
Assim,
F +c Z
an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 dx
é também uma primitiva de f .
xn+1 xn x2
Reciprocamente, qualquer outra primitiva de f é da forma = an + an−1 + · · · + a1 + a0 x + c.
n+1 n 2
F + c, c ∈ R.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 393 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 395 / 521

§4.3 Primitivas imediatas §4.3 Primitivas imediatas

O conjunto das primitivas de uma função f : I → R representa-se por Nem todas as funções são primitiváveis. Por exemplo, a função
f : R → R definida por
Z
f (x) dx.
(
Tendo em conta o que vimos anteriormente, se F : I → R é uma primitiva de 1 se x > 0,
f (x) =
f temos Z 0 se x < 0,
f (x) dx = {F (x) + c : c ∈ R} .
não é primitivável em R, pois se F fosse uma primitiva de f , a
Por uma questão de simplicidade de escrita escrevemos apenas restrição de F ao intervalo ]0, +∞[ seria uma função da forma x + c e a
Z
restrição de F ao intervalo ] − ∞, 0[ seria da forma d. Assim a restrição
f (x) dx = F (x) + c.
de F a R \ {0} seria
Assim, (
Z
x2 x+c se x > 0;
x dx = +c F (x) =
2 d se x < 0;
e de um modo mais geral
e independentemente do valor que se dê a F (0), a função F não é
xn+1
Z
xn dx = + c. derivável em x = 0, o que contradiz o facto de F ser uma primitiva de
n+1
f.
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 394 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 396 / 521
§4.3 Primitivas imediatas §4.3 Primitivas imediatas

Já sabemos que para qualquer x > 0 se tem Z


xα+1
Z
[u(x)]
α+1
α
x dx = +c u′ (x) [u(x)]α dx = +c
1 α+1 α+1
(ln x) =

x α 6= −1 α 6= −1
e se x < 0 tem-se
1 u (x)
Z Z ′
(−x)′ −1 1 dx = ln |x| + c dx = ln |u(x)| + c
[ln (−x)]′ = = = . x u(x)
−x −x x
1
Assim, uma primitiva da função f (x) = em R \ {0} é a função ln |x|. No
Z Z
x ex dx = ex +c u′ (x) eu(x) dx = eu(x) +c
entanto, as funções do tipo
ln |x| + c
ax au(x)
Z Z
1 ax dx = + c, a>0 u′ (x)au(x) dx = + c, a>0
não nos dão todas as primitivas de f (x) = . Para obtermos todas as ln a ln a
x
primitivas de f temos de considerar todas as funções da forma Z Z
( sen x dx = − cos x + c u′ (x) sen [u(x)] dx = − cos [u(x)] + c
ln x + c1 se x > 0;
ln (−x) + c2 se x < 0.
Z Z
cos x dx = sen x + c u′ (x) cos [u(x)] dx = sen [u(x)] + c

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 397 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 399 / 521

§4.3 Primitivas imediatas §4.3 Primitivas imediatas

1 u′ (x)
Z Z
Por uma questão de simplicidade passamos a representar todas as dx = tg x + c dx = tg [u(x)] + c
cos2 x cos2 [u(x)]
funções da forma (
ln x + c1 se x > 0; 1 u′ (x)
Z Z
dx = − cotg x + c dx = − cotg [u(x)] + c
ln (−x) + c2 se x < 0. sen2 x sen2 [u(x)]
por
Z Z
senh x dx = cosh x + c u′ (x) senh [u(x)] dx = cosh [u(x)]+c
ln |x| + c,
ou seja,
Z Z
cosh x dx = senh x + c u′ (x) cosh [u(x)] dx = senh [u(x)]+c
1
Z
dx = ln |x| + c.
x Z
u′ (x) u(x)
1 x
Z
√ dx = arc sen + c q dx = arc sen +c
a 2 a
2
a −x 2 a2 − [u(x)]
O que foi feito para esta função será feito relativamente a todas as
funções cujo domínio é a reunião de dois ou mais intervalos e o fecho de 1 1 u′ (x) 1 u(x)
Z
x
Z
dx = arc tg + c dx = arc tg +c
cada um desses intervalos não intersecta o(s) outro(s) intervalo(s). a2 + x2 a a a2 + [u(x)] 2 a a

a ∈ ]0, +∞[
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 398 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 400 / 521
Índice §4.4.1 Áreas de regiões planas

Seja f : [a, b] → R uma função integrável tal que f (x) > 0 para
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
qualquer x ∈ [a, b].
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
y
3 Cálculo diferencial em R
f (x) b

4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
b
Teorema Fundamental do Cálculo
Primitivas imediatas
Aplicações do Cálculo Integral
Áreas de regiões planas Z b
Volume e área de superfície de um sólido de revolução
Comprimento de curvas planas A= f (x) dx
Técnicas de primitivação e de integração a
Integrais impróprios
x
a b

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 401 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 403 / 521

Índice §4.4.1 Áreas de regiões planas

Seja f : [a, b] → R uma função integrável tal que f (x) 6 0 para


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos qualquer x ∈ [a, b].
y
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
a b
3 Cálculo diferencial em R
x
Z b
4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
A=− f (x) dx
a
Teorema Fundamental do Cálculo
Primitivas imediatas
Aplicações do Cálculo Integral
Áreas de regiões planas b

Volume e área de superfície de um sólido de revolução


Comprimento de curvas planas
Técnicas de primitivação e de integração f (x) b

Integrais impróprios

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 402 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 404 / 521
§4.4.1 Áreas de regiões planas §4.4.1 Áreas de regiões planas

Seja f : [a, b] → R uma função integrável tal que existe c ∈]a, b[ tal que Sejam f, g : [a, b] → R funções integráveis tais que existe c ∈]a, b[ tal
f (x) > 0 para qualquer x ∈ [a, c] e f (x) 6 0 para qualquer x ∈ [c, b]. que f (x) > g(x) para qualquer x ∈ [a, c] e f (x) 6 g(x) para qualquer
y x ∈ [c, b].
y

f (x)
b g(x)
c b b b

x
a b

x
a c b
Z c Z b Z c Z b
A= f (x) dx − f (x) dx A= f (x) − g(x) dx + g(x) − f (x) dx
a c a c

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 405 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 407 / 521

§4.4.1 Áreas de regiões planas §4.4.1 Áreas de regiões planas

Exemplos do cálculo da área de figuras planas


Sejam f, g : [a, b] → R uma funções integráveis tal que f (x) > g(x) para
qualquer x ∈ [a, b]. a) Calculemos a área da região plana limitada pelas rectas de equação
y = x, y = 2−x e x = 0.
f (x)
y b Como nenhuma destas rectas é paralela às outras duas, a região plana de
que queremos calcular a área é um triângulo. Calculemos os vértices desse
triângulo. Para isso temos de resolver os seguintes sistemas:
( ( ( (
Z b y=x 2−x=x 2 = 2x x=1
b
A= f (x) − g(x) dx ⇔ ⇔ ⇔
y =2−x —— —— y=1
a
( (
y=x y=0
g(x) ⇔
x=0 x=0
b b
( (
y =2−x y=2

x x=0 x=0
a b
Assim, a região plana de que queremos calcular a área é o triângulo de
vértices (1, 1), (0, 0) e (0, 2).
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 406 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 408 / 521
§4.4.1 Áreas de regiões planas §4.4.1 Áreas de regiões planas

Exemplos do cálculo da área de figuras planas


Exemplos do cálculo da área de figuras planas
b) (continuação) Representemos geometricamente a região do plano de que
a) (continuação) Façamos a representação geométrica da região e
queremos calcular a área.
calculemos a sua área. Assim, a área é
Assim, a área do triângulo é Z 2
y A= x + 2 − x2 dx
y=x y
Z 1 y = x2 −1

2 b A= 2 − x − x dx 4 b 
x2 x3
2
0 = + 2x −
Z 1 2 3 −1
= 2 − 2x dx 22 23
0 = + 2.2−
1 b h i1 2 3
= 2x − x2 
(−1)2 (−1)3

0 − + 2(−1) −
y =x+2 b
1
y = 2−x
= 2 . 1 − 12 − (2 . 0 − 02 ) 2 3
8 1 1
b

1 x = 1. -1 2 x = 2+4− − +2−
3 2 3
9
= .
2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 409 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 411 / 521

§4.4.1 Áreas de regiões planas §4.4.1 Áreas de regiões planas

Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação)
b) Calculemos a área da região plana limitada pela recta de equação c) Calculemos a área da região plana limitada pelas rectas de equação
y =x+2 x
y = 2x, y= e y = −x + 3.
2
e pela parábola de equação
y = x2 . A região do plano de que queremos calcular a área é um triângulo pois é
limitada por três rectas. Calculemos os seus vértices.
Comecemos por calcular os pontos de intersecção das duas curvas:
y = 2x x/2 = 2x x = 4x −3x = 0 x=0
    
( ( ( ⇔ ⇔ ⇔ ⇔
y =x+2 x2 = x + 2 x2 − x − 2 = 0 y = x/2 —— —— —— y=0
⇔ ⇔
y = x2 —— —— y = 2x −x + 3 = 2x −3x = −3 x=1
   
⇔ ⇔ ⇔
y = −x + 3 —— —— y=2
Como
√ 
y = x/2 −x + 3 = x/2

−2x + 6 = x

−3x = −6 x=2
 
1± 1+8 1±3 ⇔ ⇔ ⇔ ⇔
x2 − x − 2 = 0 ⇔ x = ⇔x= ⇔ x = 2 ∨ x = −1, y = −x + 3 —— —— —— y=1
2 2
os pontos de intersecção são (2, 4) e (−1, 1). Assim, os vértices do triângulo são (0, 0), (1, 2) e (2, 1).

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 410 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 412 / 521
§4.4.1 Áreas de regiões planas §4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução

Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) Seja f : [a, b] → R uma função contínua.
y
y = f (x)
c) (continuação) Representemos geometricamente o triângulo e calculemos a b

sua área.
Z 1 Z 2 b

x x
A = 2x − dx + −x + 3 − dx
0
2 1
2
y 1 2 a b x
y = 2x 3x 3x
Z Z
y = −x + 3 = dx + − + 3 dx
0
2 1
2
1 2 2
3 3
Z Z Z
x = x dx − x dx + 3 1 dx
2 b
y= 2 2
2 0 1 1
3 3
i1 i2
x2 x2
h h
 2
= − +3 x 1
2 2 2 1 O volume do sólido de revolução que se obtém rodando em torno do
 2 0
1 b

3 1 3 4 1 eixo dos xx a região situada entre o gráfico de f e o eixo dos xx é dado


 
= −0 − − + 3 (2 − 1)
b
2 2 2 2 2 por
1 2 x 3 9
= − +3 Z b
4 4 V =π [f (x)]2 dx .
3
= . a
2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 413 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 415 / 521

Índice §4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução

Se f : [a, b] → R é uma função não negativa e com derivada contínua,


então a área de superfície do sólido de revolução que se obtém rodando
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
em torno do eixo dos xx a região situada entre o gráfico de f e o eixo
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
dos xx é dada por
Z b q
3 Cálculo diferencial em R AS = 2π f (x) 1 + [f ′ (x)]2 dx .
a
4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos y
Teorema Fundamental do Cálculo y = f (x)
b

Primitivas imediatas
Aplicações do Cálculo Integral
Áreas de regiões planas b

Volume e área de superfície de um sólido de revolução


Comprimento de curvas planas
Técnicas de primitivação e de integração a b x
Integrais impróprios

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 414 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 416 / 521
§4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução §4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução

Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação)


Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação)
a) Calculemos o volume e a área de superfície de um cone de altura h e raio
da base r. Para obtermos este cone basta pormos a rodar em torno do a) (continuação) A área de superfície do cone é
eixo dos xx o segmento de recta que une os pontos (0, 0) e (h, r): Z h
s   2
2πr h
r
r r ′  r 2
Z
y AS = 2π x 1+ x dx = x 1+ dx
r 0 h h h 0 h
r r
h h
2πr r2 2πr h2 + r 2
Z Z
= x 1 + 2 dx = x dx
h 0 h h 0 h2
h x
h h
2πr p 2πr p

x2
Z
= 2 h2 + r 2 x dx = 2 h2 + r2
h 0 h 2 0

2πr p h2 02
  p
= 2 h2 + r 2 − = πr h2 + r 2
r h 2 2
É óbvio que a equação do segmento é y = x com x ∈ [0, h]
h
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 417 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 419 / 521

§4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução §4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução

Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação)


Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação)
a) (continuação) O volume é do cone é b) Seja f : [1, 2] → R a função dada por f (x) = x3 , cujo gráfico é
Z h
 r 2 apresentado a seguir.
y
V =π x dx
0 h 8 b
y = x3

πr2 h 2
Z
= 2 x dx
h 0
h
πr2 x3

= 2
h 3 0
πr2 h3 03
 
= 2 −
h 3 3 1 b

πr2 h 1 2 x
=
3

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 418 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 420 / 521
§4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução Índice

Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação)


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
b) (continuação) Então o volume do sólido gerado pela rotação, em
torno do eixo das abcissas, da função dada por f (x) = x3 entre 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
x = 1 e x = 2 é dado por
3 Cálculo diferencial em R
Z 2 Z 2 2
2 3
V =π [f (x)] dx = π x dx
1 1 4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
#2 Teorema Fundamental do Cálculo
2
"
x7
Z
=π x6 dx = π Primitivas imediatas
1 7 1
Aplicações do Cálculo Integral
Áreas de regiões planas
Volume e área de superfície de um sólido de revolução
27 17
!
128 1
 
Comprimento de curvas planas
=π − =π − Técnicas de primitivação e de integração
7 7 7 7
Integrais impróprios
127π
= .
7

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 421 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 423 / 521

§4.4.2 Volume e área de superfície de um sólido de revolução §4.4.3 Comprimento de curvas planas

Seja f : [a, b] → R uma função com derivada contínua.


Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação) y
b) (continuação) A área de superfície do mesmo sólido de revolução é
dada por y = f (x)
b

Z 2 q Z 2 q
AS = 2π f (x) 1 + [f ′ (x)]2 dx = 2π x3 1 + (3x2 )2 dx b

1 1
 2
2 3/2
π 1/2 π  1 + 9x4
Z
36x3 1 + 9x4

= dx = 
18 1 18 3/2
1
a b x
4 3/2 4 3/2
 !
1+9·2 1+9·1

π
= −
18 3/2 3/2 O comprimento do gráfico de f é dado por

1453/2 − 103/2
!
π π  √ √  Z bq
= = 145 145 − 10 10 . ℓ= 1 + [f ′ (x)]2 dx .
18 3/2 27 a

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 422 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 424 / 521
§4.4.3 Comprimento de curvas planas §4.4.3 Comprimento de curvas planas

Cálculo do comprimento de curvas planas Cálculo do comprimento de curvas planas (continuação)


a) Calculemos o comprimento da curva b) Calculemos o comprimento da curva
3/2
y=x x3 1
y= +
entre x = 0 e x = 1. 6 2x
y entre x = 1 e x = 3.
y
x3 1
1 b
y = x3/2 y= +
6 2x

x 1 3 x
1

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 425 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 427 / 521

§4.4.3 Comprimento de curvas planas §4.4.3 Comprimento de curvas planas

Cálculo do comprimento de curvas planas (continuação) Cálculo do comprimento de curvas planas (continuação)
a) (continuação) Como b) (continuação) Então

3/2
′ 3 3√
x = x1/2 = x,
v " ′ #2
2 2
u
3 3
x3 1
Z q Z u
2
ℓ= 1 + [f ′ (x)] dx = t1 + + dx
temos 1 1 6 2x
Z 1q Z 1q √ 2 s
1 + (f ′ (x))2 dx = 3 2 3
r
ℓ= 1 + 3 x/2 dx x2 1 x4 1 1
Z  Z
0 0 = 1+ − 2 dx = 1+ − + 4 dx
1 2 2x 1 4 2 4x
Z 1q 4
Z 1 9
= 1 + 9x/4 dx = (1 + 9x/4)1/2 dx
s
3
r 2 3
x4 1 1 x2 1

9 4
Z Z
0 0 = + + 4 dx = + 2 dx
#1 1 4 2 4x 1 2 2x
(1 + 9x/4)3/2 4 2 13 3/2 2 3/2
" !
4
 
= = − 1 Z 3 2
x 1

x3 1
3
9 3/2 9 3 4 3 = + 2 dx = −
0 1 2 2x 6 2x 1
√ ! √
4 2 13 13 2 13 13 8 3 3
1 1
 3
1

9 1 1 1 14
= √ − = − . = − − − = − − + = .
9 3 4 4 3 27 27 6 2·3 6 2·1 2 6 6 2 3

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 426 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 428 / 521
Índice §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Sejam I um intervalo e
f, g : I → R
1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
duas funções diferenciáveis em I. Como
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
[f (x) g(x)]′ = f ′ (x) g(x) + f (x) g′ (x)
3 Cálculo diferencial em R
tem-se
4 Cálculo integral em R
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos f ′ (x) g(x) = [f (x) g(x)]′ − f (x) g′ (x).
Teorema Fundamental do Cálculo
Primitivas imediatas Assim, f ′ g é primitivável se e só se f g′ o é e
Aplicações do Cálculo Integral Z Z Z
Técnicas de primitivação e de integração
Primitivação e integração por partes f ′ (x) g(x) dx = [f (x) g(x)]′ dx − f (x) g′ (x) dx,
Primitivação e integração por substituição
Primitivação e integração de funções racionais
Integrais impróprios
ou seja,
Z Z
f ′ (x) g(x) dx = f (x) g(x) − f (x) g′ (x) dx

que é a fórmula de primitivação por partes.


António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 429 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 431 / 521

Índice §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Exemplos de primitivação por partes


1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
Z
a) Calculemos por partes x sen x dx:
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade x2 x2
Z Z
x sen x dx = sen x − (sen x) dx

2 2
3 Cálculo diferencial em R
x2 x2
Z
= sen x − cos x dx.
4 Cálculo integral em R 2 2
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
Teorema Fundamental do Cálculo A primitiva que agora temos de calcular é mais complicada do que a
Primitivas imediatas inicial. No entanto, trocando os papeis das funções temos
Aplicações do Cálculo Integral Z Z
Técnicas de primitivação e de integração x sen x dx = (− cos x) x − (− cos x) x′ dx
Primitivação e integração por partes
Primitivação e integração por substituição Z
Primitivação e integração de funções racionais = −x cos x − (− cos x) dx
Integrais impróprios Z
= −x cos x + cos x dx
= −x cos x + sen x + c.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 430 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 432 / 521
§4.5.1 Primitivação e integração por partes §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Exemplos de primitivação por partes (continuação)


Exemplos de primitivação por partes (continuação) d) A primitiva de arc sen x calcula-se de forma semelhante:
b) Para primitivarmos a função ln x temos de primitivar por partes:
Z Z
arc sen x dx = 1 · arc sen x dx
Z Z
ln x dx = 1 · ln x dx Z
= x arc sen x − x (arc sen x)′ dx
Z
= x ln x − x (ln x)′ dx Z
1
= x arc sen x − x√ dx
Z
1 1 − x2
= x ln x − x dx
x 1 −1/2
Z
−2x 1 − x2

= x arc sen x + dx
Z 2
= x ln x − 1 dx −1/2
1 1 − x2
= x arc sen x + +c
= x ln x − x + c 2 1/2
p
= x arc sen x + 1 − x2 + c
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 433 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 435 / 521

§4.5.1 Primitivação e integração por partes §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Exemplos de primitivação por partes (continuação) Exemplos de primitivação por partes (continuação)
c) Vejamos como primitivar a função arc tg x: e) Primitivando por partes a função sen2 x temos
Z Z Z Z
arc tg x dx = 1 · arc tg x dx 2
sen x dx = sen x sen x dx
Z Z
= x arc tg x − x (arc tg x)′ dx = − cos x sen x − − cos x (sen x)′ dx

1
Z Z
= x arc tg x − x dx = − cos x sen x − − cos x cos x dx
1 + x2
x
Z Z
= x arc tg x − dx = − sen x cos x + cos2 x dx
1 + x2
1 2x
Z Z
= x arc tg x − dx = − sen x cos x + 1 − sen2 x dx
2 1 + x2
1
Z
sen2 x dx.

= x arc tg x − ln 1 + x2 + c = − sen x cos x + x −

2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 434 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 436 / 521
§4.5.1 Primitivação e integração por partes §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Exemplos de primitivação por partes (continuação)


Z Exemplos de primitivação por partes (continuação)
e) (continuação) Fazendo I = sen2 x dx em
Z Z f ) (continuação) De
2 2
sen x dx = − sen x cos x + x − sen x dx Z
x x x
Z
e sen x dx = e sen x − e cos x − ex sen x dx
tem-se
I = − sen x cos x + x − I concluímos que
o que implica Z
2I = − sen x cos x + x 2 ex sen x dx = ex sen x − ex cos x

e, portanto, e, portanto,
sen x cos x x
I=− + .
2 2 Z
ex
ex sen x dx = (sen x − cos x) + c.
Assim, 2
sen x cos x x
Z
sen2 x dx = − + + c.
2 2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 437 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 439 / 521

§4.5.1 Primitivação e integração por partes §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Exemplos de primitivação por partes (continuação)


f ) Primitivemos por partes a função ex sen x: Integração por partes
Z Z Sejam a e b números reais tais a < b e
ex sen x dx = ex sen x − ex (sen x)′ dx
Z f, g : [a, b] → R
x
= e sen x − ex cos x dx
 Z  funções diferenciáveis com derivadas integráveis. Então
= ex sen x − ex cos x − ex (cos x)′ dx Z b h ib Z b
Z f ′ (x)g(x) dx = f (x)g(x) − f (x)g′ (x) dx.
x x x a
= e sen x − e cos x + e (− sen x) dx a a
Z
= ex sen x − ex cos x − ex sen x dx

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 438 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 440 / 521
§4.5.1 Primitivação e integração por partes §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Exemplos de integração por partes Exemplos de integração por partes (continuação)


Z e
a) Calculemos ln x dx. Então c) Z 2 Z 2
2 x
1 x e dx = ex x2 dx
Z e Z e 0 0
ln x dx = 1 · ln x dx i2 Z 2
1 1
ex (x2 )′ dx
h
ie e
= e x x2 −
0
Z
0
h

= x ln x − x . (ln x) dx
1 1
Z 2
Z e 1 = e2 22 − e0 02 − 2 ex x dx
= e · ln e −1 · ln 1 − x . dx 0
1 x h i2 Z 2 
Z e = 4 e2 −2 ex x − ex x′ dx
= e −0 − 1 dx 0 0
1
ie
 Z 2 
2 2 0 x
= 4 e −2 e 2 − e 0 − e dx
h
= e− x
1 0

= e − (e −1) h i2
= 2 e2 − e0
 
= 2 ex = 2 e2 −2
0
= 1.
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 441 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 443 / 521

§4.5.1 Primitivação e integração por partes §4.5.1 Primitivação e integração por partes

Exemplos de integração por partes (continuação) Exemplos de integração por partes (continuação)
b) Z π Z π Z π/2
x cos x dx = (cos x) x dx d) Calculemos cos x ex dx:
0 0 0
h iπ Z π
= (sen x) x − (sen x) x′ dx π/2 π/2
Z Z
x
π/2
cos x e dx = sen x ex 0 sen x (ex ) dx
 ′
0 0 −
0 0
Z π Z π/2
= (sen π) π − (sen 0) 0 − sen x dx π π/2
= sen e − sen 0 e0 − sen x ex dx
0 2 0
π
Z " Z π/2 #
π/2
= − sen x dx = eπ/2 − − cos x ex 0 − − cos x (ex )′ dx
 
0 0
h iπ Z π/2
= cos x
h π i
0 = eπ/2 − − cos eπ/2 − − cos 0 e0 − cos x ex dx
2 0
= cos π − cos 0 Z π/2
= eπ/2 −1 − cos x ex dx.
= −1 − 1 = −2. 0

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 442 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 444 / 521
§4.5.1 Primitivação e integração por partes §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Sejam I e J dois intervalos de R, f : I → R uma função primitivável e


ϕ : J → I uma função bijectiva e diferenciável e tal que ϕ′ (t) 6= 0 para
Exemplos de integração por partes (continuação) cada t ∈ J. Suponhamos que F : I → R é uma primitiva de f . Como
d) (continuação) Acabámos de ver que
(F ◦ ϕ)′ (t) = F ′ (ϕ(t)) ϕ′ (t) = f (ϕ(t)) ϕ′ (t)
Z π/2 Z π/2
cos x ex dx = eπ/2 −1 − cos x ex dx, F ◦ ϕ é uma primitiva de (f ◦ ϕ) ϕ′ . Assim, para calcularmos as
0 0
primitivas de f (x) basta calcularmos as primitivas de f (ϕ(t)) ϕ′ (t) e
e, portanto, depois fazer a mudança de variável t = ϕ−1 (x), ou seja,
Z π/2
2 cos x ex dx = eπ/2 −1,
0
Z Z

f (x) dx = f (ϕ(t)) ϕ (t) dt t=ϕ−1 (x) .

o que implica
π/2 eπ/2 −1
Z
cos x ex dx = . Para primitivarmos por substituição usamos a notação
0 2

dx = ϕ′ (t)dt.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 445 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 447 / 521

Índice §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de primitivação por substituição


Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
Z p
1
a) Para calcularmos a2 − x2 dx, a > 0, fazemos a substituição
2 Funções reais de variável real: limites e continuidade x = a sen t
e, portanto,
3 Cálculo diferencial em R
dx = (a sen t)′ dt = a cos t dt
4 Cálculo integral em R o que dá
Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Z p Z p
Teorema Fundamental do Cálculo a2 − x2 dx = a2 − a2 sen2 t a cos t dt
Primitivas imediatas
Aplicações do Cálculo Integral
Z p
Técnicas de primitivação e de integração = a2 (1 − sen2 t) a cos t dt
Primitivação e integração por partes Z √
Primitivação e integração por substituição = a2 cos2 t a cos t dt
Primitivação e integração de funções racionais Z
Integrais impróprios
= a cos t a cos t dt
Z
= a2 cos2 t dt.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 446 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 448 / 521
§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)


Z
a) (continuação) Primitivando por partes cos2 t dt temos Exemplos de primitivação por substituição (continuação)
Z Z
b) Para calcularmos a primitiva
cos2 t dt = cos t cos t dt
1
Z Z
= sen t cos t − sen t (− sen t) dt √ dx
Z x2 1 − x2
= sen t cos t + 1 − cos2 t dt fazemos a substituição
x = sen t
Z
= sen t cos t + t − cos2 t dt
e, portanto, o que dá
Z
2 cos2 t dt = sen t cos t + t dx = (sen t)′ dt

o que implica = cos t dt.


sen t cos t t
Z
cos2 t dt = + +c
2 2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 449 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 451 / 521

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de primitivação por substituição (continuação) Exemplos de primitivação por substituição (continuação)
a) (continuação) Assim,
Z p Z b) (continuação) Assim,
2 2
a2 − x2 dx =a cos t dt
1 1
Z Z
√ dx = √ cos t dt
2 sen t cos t t 2 x2 1 − x2 sen2 t 1 − sen2 t
=a +a +c
2 2
e atendendo a que 1
Z
= cos t dt
x = a sen t, sen2 t cos t
1
Z
resulta = dt
x sen2 t
t = arc sen
a
= − cotg t + c
o que dá
ax x a2 x = − cotg(arc sen x) + c
Z p  
a2 − x2 dx = cos arc sen + arc sen + c √
2 a 2 a
2 1 − x2
x p 2 a x =− +c
= a − x2 + arc sen + c x
2 2 a
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 450 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 452 / 521
§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de primitivação por substituição (continuação)


Exemplos de primitivação por substituição (continuação)
c) Se quisermos calcular a primitiva
d) (continuação) Assim,
1
Z
√ dx
(1 + x ) 1 + x2
2 1 1 2 1 1 1
Z Z Z
√ dx = dt = dt
1 x2 x2 + 4 2 2
cos t 4 2
sen t cos t
fazemos a substituição x = tg t e, portanto, dx = dt, o que dá 4 tg2 t
cos2 t cos t cos2 t
1 1 1
Z Z
√ dx = dt 1 1 sen−1 t
Z
(1 + x2 ) 1 + x2 1 + tg t 1 + tg t cos2 t
2 2 = cos t sen−2 t dt = +c
p
4 4 −1
1 1
Z
= dt
1 1 cos2 t 1 1
r
=− +c=− +c
2
Z cos t cos t
2 4 sen t 4 sen (arc tg x/2)
= cos t dt = sen t + c √
x2 + 4
x =− +c
= sen (arc tg x) + c = √ +c 4x
1 + x2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 453 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 455 / 521

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de primitivação por substituição (continuação) Exemplos de primitivação por substituição (continuação)
e) Calculemos a seguinte primitiva
d) Calculemos
1 1
Z Z
√ dx, √ dx,
x2 x2 + 4 x2 x2 − 1
usando a substituição fazendo a substituição
x = 2 tg t.
1
Então x = sec t =
cos t
2
dx = (2 tg t)′ dt = dt. e, portanto,
cos2 t
′
Além disso, 1 sen t

dx = dt = dt.
q q cos t cos2 t
4 tg2 t + 4
p
x2 + 4 = (2 tg t)2 + 4 = Além disso,
1 2
q r
4 tg2 t + 1 = 2 1
r
= =
 q
tg2 t = tg t.
p
2
cos t cos t x2 −1= −1=
cos2 t
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 454 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 456 / 521
§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de integração por substituição


Exemplos de primitivação por substituição (continuação) Z 4
1 √
e) (continuação) Assim, a) Calculemos √ dx fazendo a substituição t = x. Então
0 1 + x
1 1 sen t
Z Z
√ dx = dt x = t2 , pelo que dx = (t2 )′ dt = 2t dt.
x x2 − 1
2 1 cos2 t
tg t
cos2 t Além disso, quando x = 0 temos t = 0 e quando x = 4 vem t = 2. Assim,
Z
= cos t dt
Z 4 Z 2 Z 2
1 1 t
√ dx = 2t dt = 2 dt
0 1 + x 0 1 + t 0 1 + t
= sen t + c Z 2 Z 2
1+t−1 1+t 1
1 =2 dt = 2 − dt
 
= sen arc cos +c 0 1+t 0 1+t 1+t
x Z 2 Z 2
1

√  2  2 
x2 − 1 =2 1 dt − dt = 2 t 0 − ln |1 + t| 0
= +c 0 0 1+t
x
= 2 (2 − 0 − (ln 3 − ln 1)) = 4 − 2 ln 3.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 457 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 459 / 521

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de integração por substituição (continuação)


Integração por substituição 6 x
Z
Sejam a, b, c e d números reais tais que a < b e c < d, b) Calculemos √ dx. Para isso fazemos a substituição
1 x+3
f : [a, b] → R √
t = x + 3,
uma função contínua e isto é,
g : [c, d] → R x = t2 − 3
uma função diferenciável com derivada integrável e tal que e, portanto, ′
dx = t2 − 3

g([c, d]) ⊆ [a, b]. dt = 2t dt.
Além disso,
Então Z g(d) Z d quando x = 1 vem t = 2
f (x) dx = f (g(t))g′ (t) dt.
g(c) c e
quando x = 6 temos t = 3.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 458 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 460 / 521
§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de integração por substituição (continuação) Exemplos de integração por substituição (continuação)

b) (continuação) Assim, c) (continuação) Assim,


Z 1 1
Z 1/ e 1

1

Z 6 x
Z 3 t2 −3 dx = − dt
√ dx = 2t dt 0 ex +1 1 1/t + 1 t
1 x+3 2 t
Z 3
Z 1/ e 1
=2 2
t − 3 dt =− dt
2 1 1+t
" #3 i1/ e
t3
h
= 2 = − ln |1 + t|
− 3t 1
3 2 " #
1
 
27 8 = − ln 1 + − ln 2
  
= 2 −9− −6 e
3 3
8 e +1
 
= 2 6− = ln 2 − ln
3 e
20 2e
= = ln .
3 e +1
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 461 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 463 / 521

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de integração por substituição (continuação) Exemplos de integração por substituição (continuação)
1 1 Z 1
1
Z
c) Para calcularmos dx fazemos a substituição d) Calculemos dx. Para isso usamos a substituição
0 ex +1 −1 (1 + x2 )2

e−x = t, x = tg t, o que implica dx = (tg t) dt =


′ 1
dt.
cos2 t
o que implica
Obviamente, atendendo a que t = arc tg x,
x = − ln t
π
e, portanto, quando x = −1 tem-se t = arc tg(−1) = −
4
1
dx = − (ln t)′ dt = − dt. e
t π
quando x = 1 vem t = arc tg(1) = .
Além disso, quando 4
x = 0 temos t = 1 Repare-se que
2
e quando 1 1

(1 + x2 )2 = (1 + tg2 t)2 = = .
x = 1 vem t = 1/ e . cos2 t cos4 t

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 462 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 464 / 521
§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Exemplos de integração por substituição (continuação) Área de um círculo de raio r (continuação)


Z rp
d) (continuação) Assim,
Para calcularmos A = 4 r2 − x2 dx temos de fazer a substituição
0
1 π/4 π/4
1 1 1
Z Z Z
2
dx = dt = cos t dt x = r sen t
−1 (1 + x2 )2 −π/4 1/ cos t cos2 t
4
−π/4

π/4 π/4 e, portanto,


cos(2t) + 1 1
Z Z
dx = (r sen t) dt = r cos t dt.

= dt = cos(2t) + 1 dt
−π/4 2 2 −π/4
Além disso, como
x
1

sen(2t)
π/4 t = arc sen
= +t r
2 2 −π/4 resulta que
sen(π/2) π
1 sen(−π/2) π
  
= + − − quando x = 0 temos t = arc sen 0 = 0
2 2 4 2 4
e
1 1 π 1 π π+2
  
= + − − − = π
2 2 4 2 4 4 quando x = r temos t = arc sen 1 = .
2
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 465 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 467 / 521

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Área de um círculo de raio r Área de um círculo de raio r (continuação)


Calculemos a área de um círculo de raio r. Por uma questão de simplicidade vamos Assim,
considerar o centro do círculo a origem. Obviamente, basta calcular a área da parte
r π/2
do círculo que está no primeira quadrante e multiplicar esse valor por quatro. Para
Z p Z q
isso temos encontrar a equação da curva que limita superiormente a zona sombreada A = 4 r 2 − x2 dx = 4 r 2 − (r sen t)2 r cos t dt
0 0
da figura. Da equação da circunferência temos
Z π/2 p Z π/2

x2 + y 2 = r 2 ⇔ y 2 = r 2 − x2 = 4r r 2 (1 − sen2 t) cos t dt = 4r r cos t cos t dt


y p 0 0
r ⇔ y=± r 2 − x2
π/2 π/2
cos(2t) + 1
Z Z
e, portanto, a curva que limita superiormente a = 4r 2 cos2 t dt = 4r 2 dt
2
zona sombreada é 0 0

π/2
p Z
y=
iπ/2
r 2 − x2 . sen(2t)
h
rx = 2r 2 cos(2t) + 1 dt = 2r 2 +t
0 2 0
Assim, a área do círculo de raio r é dada por
sen π π sen 0 π
  
r
= 2r 2 + − +0 = 2r 2
Z p
A=4 r 2 − x2 dx. 2 2 2 2
0
= πr 2 .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 466 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 468 / 521
§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Volume e área de superfície de uma esfera de raio r


Calculemos o volume e a área de superfície de uma esfera de raio r. Como Volume e área de superfície de uma esfera de raio r (continuação)
habitualmente vamos centrar a esfera na origem. Uma esfera de raio r
Quanto à área da superfície esférica, temos de calcular
centrada na origem obtém-se rodando em torno do eixo dos xx um
semicírculo de centro na origem e de raio r. Z r q
y AS = 2π f (x) 1 + [f ′ (x)]2 dx
−r

com f (x) = r 2 − x2 e como
p ′ x
f ′ (x) = r 2 − x2 = −√
r2
− x2
−r r x
temos o problema de a derivada não estar definida em x = r e em
x = −r. Para contornarmos este problema vamos calcular o integral
entre −r + ε e r − ε, com 0 < ε < r, e depois fazer ε tender para 0+ .

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 469 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 471 / 521

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Volume e área de superfície de uma esfera de raio r (continuação) Volume e área de superfície de uma esfera de raio r (continuação)
√ Assim,
Já sabemos que temos de a equação da semicircunferência é y = r2 − x2 , s 2
r−ε 
x
Z
donde o volume da esfera de raio r é igual a
p
AS = lim+ 2π 1 + −√
r2 − x2 dx
Z r p 2 ε→0 −r+ε r2 − x2
V =π r2 − x2 dx Z r−ε p
s
−r x2
Z r = lim+ 2π r2 − x2 1 + 2 dx
ε→0 r − x2
=π r2 − x2 dx −r+ε
−r s
Z r−ε p
r2 − x2 + x2
 r
x3 = lim+ 2π r2 − x2 dx
= π r2 x − ε→0 r2 − x2
3 −r −r+ε
3
(−r)3
  
3 r 2
Z r−ε Z r−ε
=π r − − r (−r) − = lim+ 2π r dx = lim+ 2πr 1 dx
3 3 ε→0 −r+ε ε→0 −r+ε
3
 
r
= π 2r3 − 2
 r−ε
3 = lim+ 2πr x −r+ε = lim+ 2πr (r − ε − (−r + ε))
ε→0 ε→0
4
= πr3 . = lim+ 2πr (2r − 2ε) = 4πr2 .
3 ε→0

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 470 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 472 / 521
§4.5.2 Primitivação e integração por substituição §4.5.2 Primitivação e integração por substituição

Perímetro de uma circunferência de raio r Perímetro de uma circunferência de raio r (continuação)


Calculemos o perímetro de uma circunferência de raio r. Para isso Assim, s
2
consideremos como centro da circunferência a origem. Obviamente r−ε 
x
Z
ℓ = lim+ 4 1 + −√ dx
basta considerar a parte da circunferência situada no primeiro ε→0 0 r2 − x2
quadrante. r−ε
1
Z
= lim+ 4r √ dx
ε→0 r 2 − x2
y 0
r h x ir−ε
= lim+ 4r arc sen
ε→0 r 0
 
r−ε
= lim+ 4r arc sen − arc sen 0
ε→0 r
rx
= 4r (arc sen 1 − 0)
π
= 4r
2
= 2πr

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 473 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 475 / 521

§4.5.2 Primitivação e integração por substituição Índice

Perímetro de uma circunferência de raio r (continuação)


√ 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
Da equação da circunferência x2 + y 2 = r2 , resulta y = ± r2 − x2 . Como
p ′ x 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade
r2 − x2 = − √ ,
r2 − x2
temos 3 Cálculo diferencial em R

Cálculo integral em R
s s
r 2 Z r 4
x2

x
Z
ℓ= 4 1 + −√ dx = 4 1+ 2 dx Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
0 r2 − x2 0 r − x2 Teorema Fundamental do Cálculo
s Primitivas imediatas
Z r Z r Aplicações do Cálculo Integral
r2 − x2 + x2 1 Técnicas de primitivação e de integração
= 4 2 − x2
dx = 4r √ dx,
0 r 0 r 2 − x2 Primitivação e integração por partes
Primitivação e integração por substituição
1 Primitivação e integração de funções racionais
só que a função √ não está definida em x = r. Para ultrapassarmos Integrais impróprios
r − x2
2
este problema vamos calcular o integral entre 0 e r − ε onde ε é tal que
0 < ε < r e em seguida fazer ε tender para 0+ .

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Uma função racional é uma função f : D → R definida por Além disso, existem números reais A′ s, B ′ s e C ′ s tais que

P (x) P (x) A1,1 A1,n1


f (x) = = + ··· + +
Q(x) Q(x) x − a1 (x − a1 )n1
Ak,1 Ak,nk
onde P e Q são polinómios e D = {x ∈ R : Q(x) 6= 0}. Assumimos que +··· + + ··· + +
x − ak (x − ak )nk
P e Q não têm zeros (reais ou complexos) comuns. Se o grau de P é
B1,1 x + C1,1 B1,m1 x + C1,m1
maior ou igual do que o grau de Q, então fazendo a divisão de P por Q + 2 2
+ ··· + h im1 +
temos (x − α1 ) + β1 (x − α1 )2 + β12
P (x) = D(x)Q(x) + R(x) Bl,1 x + Cl,1 Bl,m1 x + Cl,ml
+··· + 2 2
+ ··· + h iml ,
e, portanto, (x − αl ) + βl (x − αl )2 + βl2
P (x) R(x)
= D(x) +
Q(x) Q(x) ou seja,
onde D e R são polinómios e o grau de R é menor do que o grau de Q. k X n l X m
P (x) X i
Ai,j l
Bi,j x + Ci,j
Assim, para primitivarmos as funções racionais basta sabermos
X
= j + ij .
Q(x) i=1 j=1 (x − ai ) 2
h
primitivar as funções racionais onde o grau do numerador é menor do i=1 j=1 (x − α ) + β 2i i
que o grau do denominador.
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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Sejam P e Q dois polinómios com o grau de P menor do que o grau de


Q e sem zeros (reais ou complexos) em comum. Então Exemplos de primitivação de funções racionais
h im1 h iml a) Calculemos
n1 nk 2 2
Q(x) = (x − a1 ) . . . (x − ak ) (x − α1 ) + β12 . . . (x − αl ) + βl2 Z
x2
dx.
x2 − 1
onde os zeros reais de Q são
Fazendo a divisão de x2 por x2 − 1 temos
a1 , . . . , ak com multiplicidades n1 , . . . , nk , x2 +0x +0 | x2 +0x −1
−x2 −0x +1 1
respectivamente, e os zeros complexos de Q são
+0x +1
α1 + β1 i, . . . , αl + βl i com multiplicidades m 1 , . . . , ml , e, portanto,
x2 1
respectivamente, e 2
=1+ 2 .
x −1 x −1
α1 − β1 i, . . . , αl − βl i com multiplicidades m 1 , . . . , ml , Agora precisamos de factorizar o denominador. Para isso basta ter
em conta que zeros do denominador que são 1 e −1.
respectivamente.
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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação) Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)
a) (continuação) Então existem números reais A e B tais que b) Consideremos a função f definida por
x+1
1 1 A B f (x) = 3 2 .
= = + x (x + 1)
x2 − 1 (x − 1)(x + 1) x−1 x+1
Então temos de ter
e, portanto, x+1 A B C Dx + E
1 A(x + 1) + B(x − 1) f (x) = = 3+ 2+ + 2
= , x3 (x2+ 1) x x x x +1
x2 − 1 (x − 1) (x + 1)
e, portanto,
pelo que
A(x + 1) + B(x − 1) = 1. A x2 + 1 + Bx x2 + 1 + Cx2 x2 + 1 + (Dx + E) x3 x+1
  
= 3 2 ,
x (x + 1)
3 2 x (x + 1)
Fazendo x = −1 resulta que B = − 1/2 e fazendo x = 1 tem-se
A = 1/2, ou seja, o que implica
1 1/2 1/2
A x2 + 1 + Bx x2 + 1 + Cx2 x2 + 1 + (Dx + E) x3 = x + 1.
     
= − .
x2 −1 x−1 x+1
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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)


Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação) b) (continuação) Fazendo x = 0 em
a) (continuação) Assim, A x2 + 1 + Bx x2 + 1 + Cx2 x2 + 1 + (Dx + E) x3 = x + 1.
  

x2 1 temos A = 1 e fazendo x = i tem-se


Z Z
dx = 1+ dx
x2 − 1 x2 − 1 (Di + E) i3 = i + 1 ⇔ (Di + E) (−i) = 1 + i ⇔ D − Ei = 1 + i
Z
1/2 −1/2 o que implica D = 1 e E = −1. Fazendo x = 1 obtemos
= 1+ + dx 2A + 2B + 2C + D + E = 2 ⇔ 2 + 2B + 2C + 1 − 1 = 2 ⇔ B + C = 0
x−1 x+1
e fazendo x = −1 resulta
1 1 1 1
Z Z Z
= 1 dx + dx − dx 2A − 2B + 2C + D − E = 0 ⇔ 2 − 2B + 2C + 1 − (−1) = 0
2 x−1 2 x+1 ⇔ −2B + 2C = −4
⇔ −B + C = −2,
1 1
= x+ ln |x − 1| − ln |x + 1| + c. o que dá o sistema
2 2
B+C =0 B = −C B=1
  
⇔ ⇔
−B + C = −2 C + C = −2 C = −1

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação)


b) (continuação) Assim, A primeira primitiva é bastante simples de calcular pois quando k = 1
x+1 1 1 1 x−1 temos
= 3+ 2− + 2 A 1
Z Z
x3 (x2 + 1) x x x x +1 dx = A dx = A ln |x − a| + c
x−a x−a
pelo que e quando k > 1 vem
x+1
Z
dx Z
A
Z
x3 (x2
+ 1) dx = A (x − a)−k dx
Z
1
Z
1
Z
1
Z
x−1 (x − a)k
= dx + dx − dx + dx
x3 x 2 x xZ2 + 1 (x − a)−k+1
1 1 2x 1 =A +c
−k + 1
Z Z Z Z
−3 −2
= x dx + x dx − dx + 2
dx − 2
dx
x 2 x +1 x +1 A 1
=− + c.
x−2 x−1 1  k − 1 (x − a)k−1
− ln |x| + ln x2 + 1 − arc tg x + c

= +
−2 −1 2
1 1 1  2 
= − 2 − − ln |x| + ln x + 1 − arc tg x + c
2x x 2
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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Para as funções do tipo


Bx + C
(x − α)2 + β 2
Tendo em conta a decomposição que obtivemos, para primitivarmos
fazendo a mudança de variável x = α + βt tem-se dx = βdt e
funções racionais basta sabermos calcular as seguintes primitivas
Bx + C B (α + βt) + C
Z Z
A dx =
Z
β dt
dx (x − α)2 + β 2 β 2 t2 + β 2
(x − a)k
βBt + αB + C
Z
e = β dt
Z
Bx + C β 2 (t2 + 1)
ik dx, B 2t αB + C 1
Z Z
(x − α)2 + β 2 = +
h
2
dt 2
dt
2 t +1 β t +1
B αB + C
onde A, B, C, a, α ∈ R, β ∈ R \ {0} e k ∈ N.

= ln t2 + 1 + arc tg t + c

2 β
x − α 2

B αB + C x−α
= ln + 1 + arc tg +c

2 β β β

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Usando a mesma mudança de variável x = α + βt, pelo que dx = βdt, vem


Primitivação de funções racionais – resumo
Bx + C B (α + βt) + C
Z Z
ik dx = β dt P (x)
(β 2 t2 + β 2 )
k Para primitivarmos uma função racional , com P e Q polinómios sem
h
2
(x − α) + β 2 Q(x)
zeros (reais ou complexos) comuns, devemos fazer o seguinte:
βBt + αB + C
Z
= β dt
β 2k (t2 + 1)
k 1) se o grau de P é maior ou igual do que o grau de Q, fazemos a divisão de
P (x)
B 2t αB + C 1 P por Q. Deste modo é igual à soma de um polinómio com uma
Z Z
= dt + dt Q(x)
2β 2k−2 (t + 1)
2 k β 2k−1
(t + 1)
2 k
função racional em que o grau do numerador é menor do que o grau do
B αB + C 1 denominador;
Z Z
2
−k
= 2t t + 1 dt + 2k−1 dt
2β 2k−2 β (t + 1)
2 k
2) factorizar Q(x) como o produto de factores da forma
−k+1
B t2 + 1 αB + C 1
Z
= + dt x−a ou (x − α)2 + β 2 ,
2β 2k−2 −k + 1 β 2k−1
(t + 1)
2 k
agrupando os factores repetidos de modo que fiquemos com factores
e, portanto, temos de saber calcular diferentes da forma
n 2 2 m
 
Z
1 (x − a) ou (x − α) + β ,
Ik = k
dt. com n, m ∈ N;
(t2 + 1)

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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Para isso temos


Primitivação de funções racionais – resumo (continuação)
1 t2 + 1 − t2 1 t2
Z Z Z Z
Ik = dt = dt = dt − dt 3) decompor a função racional (a que obtivemos na divisão ou a inical, caso
(t + 1)k
2 (t2 + 1)k (t + 1)k−1
2 (t2 + 1)k
não tenha sido necessário fazer a divisão) numa soma de parcelas da forma
1
Z
−k
= Ik−1 − 2t t2 + 1 t dt A1 A2 An−1 An
2 + + ···+ + ,
" −k+1 −k+1 # (x − a)n (x − a)n−1 (x − a)2 (x − a)
1 t2 + 1 t2 + 1
Z
= Ik−1 − t− 1 dt por cada factor
2 −k + 1 −k + 1
  (x − a)n , n ∈ N
1 1 1 1
Z
t
= Ik−1 − − dt que aparece na factorização de Q(x), e da forma
2
1 − k (t2 + 1)k−1 1−k (t + 1)k−1
2
B1 x + C1 B2 x + C2 Bm−1 x + Cm−1 Bm x + Cm
1 t 1 + +·· ·+ + ,
= Ik−1 + + Ik−1 [(x − α)2 + β 2 ]m [(x − α)2 + β 2 ]m−1 [(x − α) + β ]
2 2 2
(x − α)2 + β 2
2k − 2 (t2 + 1)k−1 2 − 2k
3 − 2k 1 t por cada factor
= Ik−1 + m
2 − 2k 2k − 2 (t2 + 1)k−1 (x − α)2 + β 2 , m ∈ N


o que dá uma fórmula por recorrência para calcular primitivas do tipo que aparece na factorização de Q(x) e onde cada Ak , cada Bk e cada Ck é
Z
1 um número real;
dt.
(t2 + 1)k 4) primitivar cada uma das parcelas obtidas na decomposição.
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§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Exemplo de primitivação de uma função racional Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)
Calculemos a primitiva Z Deste modo
3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 Z
3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2
dx. dx
x2 (x2 + 1)2 x2 (x2 + 1)2
Pelo que vimos anteriormente temos de fazer a seguinte decomposição Z
2 1 2x + 1 2x + 1
3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 A B Cx + D Ex + F = + + 2 + 2 dx
= 2 + + 2 + 2 . x2 x (x + 1)2 x +1
x2 (x2 + 1)2 x x (x + 1)2 x +1 Z Z
1
Z Z
1
Assim, temos =2 x−2 dx + dx + 2x(x2 + 1)−2 dx + dx
x (x2 + 1)2
A(x2 + 1)2 + Bx(x2 + 1)2 + (Cx + D)x2 + (Ex + F )x2 (x2 + 1) 2x 1
Z Z
+ dx + dx
5 4 3
= 3x + 3x + 6x + 6x + x + 2 2 x2 + 1 x2 + 1
(x2 + 1)−1 1
Z
donde x−1
=2 + ln |x| + + dx + ln |x2 + 1| + arc tg x
4 2 5 3 3 2
A(x + 2x + 1) + B(x + 2x + x) + Cx + Dx + E(x + x ) + F (x + x ) 5 3 4 2 −1 −1 (x2 + 1)2
2 1 1
Z
= 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 = − + ln |x| − 2 + dx + ln |x2 + 1| + arc tg x.
x x +1 (x2 + 1)2
e, portanto,
Falta calcular
(B + E)x5 + (A + F )x4 + (2B + C + E)x3 + (2A + D + F )x2 + Bx + A 1
Z
dx.
= 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2. (x2 + 1)2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 493 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 495 / 521

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação) Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)
Assim, de Z
1
Z 2
x + 1 − x2
2 dx = 2 dx
(B + E)x5 + (A + F )x4 + (2B + C + E)x3 + (2A + D + F )x2 + Bx + A (x2 + 1) (x2 + 1)
= 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 x2 + 1 x2
Z Z
= 2 dx − 2 dx
resulta   (x2 + 1) (x2 + 1)
B+E =3 E=2 1 1
Z Z
−2
= dx − 2x x2 + 1 x dx

 

A+F = 3 F =1 x +1
2 2

 


 

 
2B + C + E = 6 C=2
" −1 −1 #
1 x2 + 1 x2 + 1
  Z

2A + D + F = 6 D=1 = arc tg x − x− 1 dx

 
 2 −1 −1
B=1 B=1

 

 
1 1
   
x
  Z
A=2 A=2 = arc tg x − +
 
− 2 dx
2 x +1 x2 + 1
pelo que
1 x 1
3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 2 1 2x + 1 2x + 1
= arc tg x + − arc tg x + c
= 2 + + 2 + 2 . 2 x +1 2
2
x2 (x2 + 1)2 x x (x + 1)2 x +1 1 1 x
= arc tg x + +c
2 2 x2 + 1

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 494 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 496 / 521
§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais Índice

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)


Tendo em conta que 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos
1 1 1 x
Z
2 dx = 2 arc tg x + 2 x2 + 1 + c, Funções reais de variável real: limites e continuidade
2
(x2 + 1)
3 Cálculo diferencial em R
tem-se
Z
3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 4 Cálculo integral em R
dx Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos
x2 (x2 + 1)2 Teorema Fundamental do Cálculo
Primitivas imediatas
2 1 1
Z
Aplicações do Cálculo Integral
= − + ln |x| − 2 + dx + ln |x2 + 1| + arc tg x Técnicas de primitivação e de integração
x x +1 (x2 + 1)2
Integrais impróprios
2 1 1 1 x
=− + ln |x| − 2 + arc tg x + + ln |x2 + 1| + arc tg x + c
x x +1 2 2 x2 + 1
2 1 1 x 3
=− + ln |x| − 2 + + ln |x2 + 1| + arc tg x + c
x x + 1 2 x2 + 1 2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 497 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 499 / 521

§4.5.3 Primitivação e integração de funções racionais §4.6 Integrais impróprios

Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação)


1
Z
Fazendo a substituição x = tg t, podemos calcular dx de outro
(x + 1)2
2
1 Na definição do integral de Riemann de uma função
modo. Assim, tendo em conta que dx = dt, temos
cos2 t
f : [a, b] → R
1 1 1 1 1
Z Z Z
dx = dt = dt
(x2 + 1)2 (tg2 t + 1)2 cos2 t (1/ cos2 t)2 cos2 t exigimos que o intervalo
cos(2t) + 1 1 1
Z Z Z Z
= cos2 t dt = dt = 2 cos(2t) dt + 1 dt [a, b] fosse fechado e limitado
2 4 2
1 t sen t cos t t e que a função
= sen(2t) + + c = + +c
4 2 2 2 f fosse limitada.
sen(arc tg x) cos(arc tg x) arc tg x
= + +c
2 2
1 x 1
= + arc tg x + c
2 x +1 2
2

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 498 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 500 / 521
§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Suponha-se, no entanto, que


Z u
Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie
Z +∞
i) f está definida em [a, +∞[ e existe f (x) dx para cada u ∈ [a, +∞[; ou
a a) Calculemos e−x dx:
Z b 0
ii) f está definida em ] − ∞, b] e existe f (x) dx para cada t ∈ ] − ∞, b]; ou Z +∞ Z u
t e−x dx = lim e−x dx
ainda 0 u→+∞ 0
Z u h iu
iii) f está definida em ] − ∞, +∞[ e existe f (x) dx para cada t, u ∈ R. = lim − e−x
t u→+∞ 0
Nestas condições, temos, para cada uma das três situações consideradas, as 
− e−u −(− e0 )

seguintes definições = lim
u→+∞
Z +∞ Z u
i) f (x) dx = lim f (x) dx = lim 1 − e−u
a u→+∞ a u→+∞
b b
= 1 − e−∞
Z Z
ii) f (x) dx = lim f (x) dx
−∞ t→−∞ t
Z +∞ Z c Z u = 1−0
iii) f (x) dx = lim f (x) dx + lim f (x) dx
−∞ t→−∞ t u→+∞ c = 1.
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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Dizemos que os integrais Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)


Z +∞
+∞ b +∞
a) (continuação) Assim, o integral e−x dx é convergente. O valor
Z Z Z
f (x) dx, f (x) dx e f (x) dx 0
a −∞ −∞ deste integral pode ser interpretado como sendo a área da região
existem ou que são convergentes quando existirem (finitos) os sombreada da figura seguinte.
limites indicados; se o limites não existirem dizemos que o respectivo y = e−x y
integral é divergente.

Os integrais considerados designam-se por integrais impróprios de


primeira espécie.

Na definição iii) não há dependência do ponto c escolhido. Na prática 1


pode-se fazer Z +∞ Z u
f (x) dx = lim f (x) dx.
−∞ u→+∞ t
t→−∞ x

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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação) Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)
Z +∞
Z +∞
1 1
b) Estudemos a natureza do integral dx, ou seja, determinemos se c) Calculemos dx:
x α −∞ 1 + x2
1
o integral é convergente ou divergente. Comecemos por supor α 6= 1. Z +∞ 1
Z u 1
Então dx = lim dx
Z +∞ Z u −∞ 1 + x2 u→+∞ t 1 + x2
1 t→−∞
α
dx = lim x−α dx
1 x u→+∞ 1 h iu
 −α+1 u = lim arc tg x
x u→+∞ t
= lim t→−∞
u→+∞ −α + 1
1
 −α+1
u 1
 = lim (arc tg u − arc tg t)
u→+∞
= lim − t→−∞
u→+∞ −α + 1 −α + 1

 1 π π
  
se α > 1 = − −
= α−1 2 2
+∞ se α < 1

= π.
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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação) Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação)
b) (continuação) Se α = 1, então c) (continuação) A igualdade
Z +∞
1
Z u
1
Z +∞ 1
dx = lim dx dx = π
1 x u→+∞ 1 x −∞ 1 + x2
u
= lim ln |x| significa que a área da região sombreada na figura seguinte é π.

u→+∞ 1
y
= lim (ln |u| − ln |1|)
u→+∞

= ln (+∞) − 0 1 1
y=
1 + x2
= +∞
+∞
1
Z
Assim, o integral α
dx é convergente apenas quando α > 1. Neste x
1 x
exemplo também podemos interpretar o integral como uma área.

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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Critério de comparação Exemplos (continuação)


Sejam f, g : [a, +∞[→ R duas funções tais que existe c ∈ [a, +∞[ tal que
b) Consideremos agora o integral impróprio
0 6 f (x) 6 g(x) para qualquer x > c. +∞
1
Z
Então √ dx.
1 1 + x2
i) se
+∞
Como
Z
g(x) dx é convergente, 1 1 1 1
a 06 = p = √ 6 √
1+x (1 + x)2 1 + 2x + x2 1 + x2
então
+∞
para qualquer x > 1 e usando o facto de que
Z
f (x) dx também é convergente;
a Z +∞
1
ii) se dx é divergente,
Z +∞ 1 1+x
f (x) dx é divergente,
a pelo critério de comparação, alínea ii), o integral
então +∞
+∞ 1
Z Z
g(x) dx também é divergente. √ dx também é divergente.
a 1 1 + x2

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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Exemplos Exemplos (continuação)


a) Consideremos o integral impróprio b) (continuação) Vejamos que de facto o integral impróprio
+∞
1
Z
+∞
1
Z
√ dx. dx é divergente.
1 1 + x3 1 1+x
Atendendo a que Para isso basta usarmos a definição:
1 1 1
06 √ 6 √ = 3/2 Z +∞ Z u
1+x 3 x3 x 1 1
dx = lim dx
para qualquer x > 1 e que 1 1+x u→+∞ 1 1+x
u
= lim ln |1 + x| 1
Z +∞ 
1
3/2
dx é convergente, u→+∞
1 x
= lim [ln |1 + u| − ln |1 + 1|]
u→+∞
pelo critério de comparação, alínea i), o integral
+∞
= +∞ − ln 2
1
Z
√ dx também é convergente.
1 1 + x3 = +∞.

António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 510 / 521 António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 512 / 521
§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Observação Nos três casos considerados anteriormente o integral


Também existem critérios de comparação para os integrais impróprios Z b
da forma Z b f (x) dx
a
f (x) dx
−∞
designa-se por integral impróprio de segunda espécie. O integral
e Z +∞ diz-se convergente se existem e são finitos os limites indicados e
f (x) dx. diz-se divergente quando tal não se verifica.
−∞

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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Suponhamos agora que f está definida em [a, b[ e que é integrável em


qualquer intervalo [a, u] com u ∈ [a, b[. Nesta condições define-se Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie
Z b
Z b Z u 1
f (x) dx = lim− f (x) dx. a) Calculemos dx. Comecemos por supor que α 6= 1. Então
u→b a (x − a)α
a a
b b
1
Z Z
dx = lim+ (x − a)−α dx
De forma análoga define-se a (x − a)α t→a t
Z b Z b b
(x − a)−α+1

f (x) dx = lim+ f (x) dx = lim+
t→a
a t t→a −α + 1 t
quando f é está definida em ]a, b] e f é integrável em qualquer intervalo [t, b]
(b − a)−α+1 (t − a)−α+1
 
com t ∈ ]a, b]. = lim+ −
t→a −α + 1 −α + 1
Quando f está definida em [a, c[ ∪ ]c, b] para algum c ∈]a, b[ e f é integrável
em [a, u] e [t, b] para quaisquer u ∈ [a, c[ e t ∈ ]c, b], define-se
 (b − a)
1−α

se α < 1

Z b Z u Z b = 1−α
f (x) dx = lim− f (x) dx + lim+ f (x) dx. +∞

se α > 1
a u→c a t→c t

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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação) Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação)
a) (continuação) Quando α = 1 temos b) (continuação) Para α = 1 vem
b b
1 1 b u
Z Z
1 1
Z Z
dx = lim+ dx dx = lim− − dx −
a x−a t→a t x − a a b−x u→b a b−x
b u
= lim+ ln(x − a) t = lim − ln(b − x) a
 
t→a u→b−

= lim+ (ln(b − a) − ln(t − a)) = lim − (ln(b − u) − ln(b − a))


t→a u→b−
+
= ln(b − a) − ln(0 ) = − ln(0+ ) − ln(b − a)


= ln(b − a) − (−∞) = − (−∞ − ln(b − a))


= +∞ = +∞
Portanto,
Assim, (
b
1 convergente se α < 1;
( Z
b
1 convergente se α < 1;
Z
dx é dx é
(x − a)α divergente se α > 1. a (b − x)α divergente se α > 1.
a

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§4.6 Integrais impróprios §4.6 Integrais impróprios

Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação)


Z b
1
b) Determinemos a natureza de dx. Comecemos por fazer
a (b − x)
α
α 6= 1. Então
b u
1
Z Z
dx = lim− − −(b − x)−α dx Observação
a (b − x)α u→b a
Também existem critérios de comparação para os integrais impróprios
de segunda espécie.
u
(b − x)
 −α+1
= lim− −
u→b −α + 1 a

(b − u)−α+1 (b − a)−α+1
 
= lim − −
u→b− −α + 1 −α + 1

 (b − a)
1−α

se α < 1;

= 1−α
+∞

se α > 1

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§4.6 Integrais impróprios

Exercícios
Calcule
Z +∞ +∞
arc tg x
Z
2
a) xe−x dx b) dx
0 0 1 + x2
0 1
1
Z Z
c) dx d) x ln2 x dx
−∞ 1 + x2 0
2
1 +∞
Z
x
Z
e) dx f) dx
|x − 1| 1 + x2
p
0 −∞
π 1
sen x 1
Z Z
2
g) dx h) dx
0 1 − cos x 0 x(1 − ln x)
0 1
x
Z Z
6
i) dx j) x5 ex dx
−∞ 1 + x4 −∞
+∞ +∞
1 1
Z Z
k) dx l) √ dx
1 (1 + x2 ) arc tg x e x ln x − 1
António Bento (UBI) Cálculo I 2013/2014 521 / 521

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