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associado ao primeiro caso pode ser cal-

culado da seguinte forma

onde e% é o erro percentual associado à


idealização. De modo semelhante, o inter-
valo de tempo gasto pelo ponto material
para atravessar a ponte de 2000 m seria
de

Figura 2. Na parte superior, o instante em que o caminhão entra na ponte. Na parte Em conseqü ência, o erro percentual
inferior, o instante em que o caminhão cruza completamente a ponte [18, p. 44]. associado à idealização, nesta situação,
seria de
ção cinemática do movimento. Nesse sen- dade durante o movimento, ou seja, o ca-
tido, a situação descrita acima pode ser minhão atravessará a ponte ao longo da .
objeto de estudo tanto da cinemática direção que coincide com o comprimento
A resposta ao item “c” do problema,
quanto da dinâmica. Contudo, em ambas: da mesma. Com base nestas idealizações,
com base na análise do erro percentual
a) delimitamos o sistema a ser estudado, obtemos uma representação esquemática
devido à redução das dimensões do cami-
selecionando os objetos relevantes que fa- (modelo conceitual) na qual o caminhão
nhão a um ponto material, poderia ser:
rão parte do modelo, isto é, os referentes; descreve um movimento retilíneo e uni-
embora a simplificação resulte, em am-
b) fazemos idealizações de modo a simpli- forme. Para determinar o intervalo de
bos os casos, em uma diferença de 1 s entre
ficar o tratamento do problema em função tempo gasto pelo caminhão ao atravessar
os intervalos de tempo considerando o ca-
das variáveis e dos parâmetros associados a ponte de 80 m de extensão (do item “a”
minhão ora como corpo extenso, ora
aos referentes; c) estimamos os erros do problema), basta aplicar o conceito de
como ponto material, o modelo de ponto
introduzidos pelas idealizações a fim de velocidade média à situação idealizada,
material alcança um grau de precisão acei-
alcançarmos um grau de precisão acei- lembrando que o deslocamento do
tável somente no caso em que a ponte pos-
tável; e d) discutimos a validação da solu- caminhão equivale à soma da extensão da
sui extensão de 2000 m. Outro aspecto
ção encontrada. Em suma, construímos ponte mais o seu próprio comprimento,
importante é a análise da razoabilidade das
um modelo teórico capaz de gerar resul- de modo que
soluções encontradas. Mesmo um erro de
tados que possam ser confrontados com
1%, 1 s, poderia ser relevante na situação
os dados empíricos e analisamos a razoa- ,
hipotética em que a ponte estivesse na imi-
bilidade dos mesmos. Do ponto de vista
nência de cair. Freqü entemente, esta aná-
da cinemática, os referentes envolvidos onde é a velocidade média do caminhão, lise acaba servindo como ponto de partida
nesta situação são dois: o caminhão e a ∆x o seu deslocamento e ∆t o intervalo de para a formulação de outras questões ini-
ponte. Se estivéssemos tratando o proble- tempo gasto para atravessar a ponte. De cialmente não consideradas, como, por
ma do ponto de vista da dinâmica tería- forma análoga, para determinar o inter- exemplo: e se considerássemos a possibi-
mos que incluir a Terra e, ao considerar a valo de tempo gasto pelo caminhão para lidade da ponte desmoronar? Neste caso,
resistência do meio, o ar como referentes, atravessar a ponte de 2.000 m (item “b”), parece razoável considerar o comprimento
também. Consideremos o problema do temos que do caminhão como sendo a distância en-
ponto de vista da cinemática, como pro-
tre os seus eixos dianteiro e traseiro para
posto por Gaspar [17], formulando as . fins de determinação do intervalo de tem-
seguintes questões:
po necessário para o caminhão atravessar
a) Qual o intervalo de tempo que o ca- Os intervalos de tempo acima foram efetivamente a ponte, antes que a mesma
minhão leva para atravessar comple- determinados considerando-se as dimen- se rompa. Este tipo de questionamento
tamente a ponte?; b) Supondo que a sões do caminhão, isto é, tratando-o como pode contribuir para a conexão entre teo-
ponte tenha 2000 m de extensão, qual corpo extenso. O item “c” do problema ria e realidade, para a conceitualização das
deve ser o intervalo de tempo gasto pelo sugere a possibilidade de se considerar o grandezas envolvidas e, provavelmente,
caminhão para atravessar a mesma?; caminhão como um ponto material. A fim para uma maior motivação do aluno.
c) Em qual das situações o caminhão de avaliarmos esta possibilidade, calcula- Por ú ltimo, discutiremos de forma
pode ser considerado um ponto mate- remos o erro percentual introduzido por qualitativa um segundo problema de
rial? esta simplificação, ou seja, o erro devido termodinâmica:2
A fim de tratar a situação de forma à idealização que ignora as dimensões do Uma barra de alumínio de comprimen-
simplificada, faremos as seguintes ideali- caminhão, nos dois casos. Para a ponte to L = 80 cm e de seção reta A = 200
zações: a) desprezaremos todo o tipo de de 80 m, o intervalo de tempo gasto pelo cm2 tem uma de suas extremidades intro-
ondulação ao longo da ponte, consideran- ponto material ao atravessá-la seria de duzida em uma caldeira com água em
do-a perfeitamente plana; b) considera- ebulição. A outra extremidade da barra
.
remos o movimento do caminhão unifor- se encontra no ar ambiente, a 20 °C. De-
me, como o próprio enunciado afirma; e termine o fluxo de calor Φ que é transfe-
c) desprezaremos todo o tipo de sinuosi- Conseqü entemente, o erro percentual rido através da barra para o ar ambiente.

Física na Escola, v. 9, n. 1, 2008 Modelagem e ensino de física 13

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