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Curso: História, historiografia e memória das ditaduras e violências políticas do

século XIX.

Aula 1 - 20/03

APRESENTAÇÃO

Estudos da ditadura levaram ao caminho da memória. Processos sociais de


memória.
- processos de violência, memorialização e patrimonialização da memória: caminho
da disciplina.
- centralidade da violência: museologizada e patrimonializada.
- Área de patrimônio: em crescimento. Não era o foco do curso de História.
Patrimônio e memória: incorporado ao curso de História.
- Demanda profissional e política.
- Turismo de consciência: iniciativas (movimentos sociais antirracistas)

Objetivos:
- (analisar) relações entre a experiência histórica, historiografia e memória social dos
conflitos políticos do século XX.
- (analisar) Casos paradigmáticos e matrizes teóricas do debate sobre violência,
memória e trauma.
- Formação: Lidar com conflitos de memório e do negacionismo histórico.

Roteiro bibliográfico...

--> Trauma, tabu e narrativa histórica. Tabu: em geral, associado ao perpetrador.


--> Trauma cultural: o que se mantém por gerações, para além da vítima direta.

--> Holocausto: evento que cria matriz teórica, construção de categorias. Na


Argentina, matriz de memória sobre a ditadura -
Chave na climagem da epistemologia histórica: a vítima - até então,
secundária/efeito colateral dos vencedores. Vítima - centralidade (mal necessário do
processo/progresso histórico) Gesta problema na memória e na história. Vítima
reclama seu lugar - muda o paradigma histórico. Chave epistemológica diferente e
local de memória também diferente. Convite a olhar para a história pregueça: dá
novo regime interpretativo - genocídio indígena e escravidão.
--> Negacionismo: categoria que começa com a negação do Holocausto (origem).
Se torna plural.

Processos memoriais - como os processos de violência se tornam processos de


memória.
- Camboja (caso).
- Holocausto: caso único ou mais um genocídio (ainda que adensado)?
- Políticas de memória, políticas de reparação.

Como os sites organizam uma narrativa de memória? (sites de museu).

- Tema da resistência - chave teórica.


Guerras anticoloniais África e Ásia feita nessas chaves. Pressupostos éticos de
resistir.
Resistencialismo - apagamento das contradições.
Fundadora da democracia ocidental pós-guerra.
Memorializou a segunda guerra - na FR, De Gaulle à direita e comunistas à
esquerda. Ideia de que a França - essa entidade espiritual - resistiu. Cinema mostra
que não é bem assim, colaboracionismo e adesão ao nazismo.

Caso de uma aldeia que é aniquiliada pela SS: Oradour-sur-Glane.


(ecomuseu). sentido e lugar de memória distinto. Caso paradigmático.
--> memórias alemãs e polonesas. Políticas de memória muito específica na
Alemanha (distinta entre a Ocidental - desnazificar e assumir a culpa - a culpa
alemã; Oriental - )
* A questão da culpa alemã

Caso polonês: caso muito específico. Não dá para associá-la ao holocausto


(conivência). Invadida pela Alemanha (ocupaçaõ nazista - massacre), pela URSS,
depois satélite da URSS. Duplo trauma. Varsóvia - toda destruída (reconstruída à
mando de Stalin). Discussão canônica no patrimônio: o falso histórico - reconstrução
tal como era. Polônia e Alemanha: casos que revelam contradições da memória.
Evento imenso (2 GM) - memórias plurais que se cruzam.
- Guerra dos soviéticos na Alemanha: guerra de vingança. Guerra do exército
vermelho - guerra de vingança: estupros nisso.
- Ian Kershaw: há resistência também entre os alemães?

- América do Sul: Chile, Argentina e Uruguai. Memória matriz desse processo -


Argentina. Espelhamento com relação à Nuremberg. As memórias muito diferente
entre esses três países. A sociedade uruguaia em plebiscito quis encerrar o
processo. No Chile e na Argentina não.
- Momento que se cria as políticas de memória - decisões por vezes institucionais.
Relatório de desaparecidos, 1984. No governo Kischner - sofistica a política. Com a
prisão do Pinochet, em 1999, intensifica, antes mais moderada (ligada aos juízes).
No Peru - guerrilha do Cendero Luminoso e terrorismo de Estado: dois demônios.
Colômbia - em processo de construção da paz em um conflito que leva 50 anos
(conflito ainda em curso, mais matizado que nos anos 1970/80).

* Palestra sobre Comissão da Verdade: Pguai, Argentina, Brasil.

Parte 3: reflexões sobre patrimônio - museus, memoriais, monumentos, lugares de


memória.
- Camadas e sobreposição nem sempre coerentes.
- Resultado de uma forma de narrar o país - contradições com alguma lógica.
- Patrimonializações atrapalhadas.

Filme:
* "Uma História da Loucura" - sobre o genocídio armênio (filme francês).
* genocídio indígena - é aplicável? Palavra disseminada.

Construção de uma memória de que os EUA são a antítese do nazifascismo.


Museus judaicos - Spielberg. Internacionalização da narrativa do Holocausto -
relação com elite judaica influente mundo afora. A Lista de Schindler.
- O genocídio armênio - ressignificado pós-Holocausto. (chave: efeito colateral da
guerra).
- Guerra das estátuas.

Trabalho (ideias):

- Ensaio
- Proposta circunstanciada de estudo do meio
- Protótipo de aplicativos (roteiros de memória, espaços de memória) - turismo de
consciência
- Roteiros...
- "Guia dos lugares difíceis de São Paulo" - Carandiru que vira Parque da Juventude
(apagamento).

AULA 1 - Dupla crise da memória e da história:

- Categorias construídas num momento semelhante - enquadramento produzido no


século XIX. Campos do conhecimento. Estruturadas qual como conhecemos - no
XIX.
- Memória como objeto das ciências sociais - sociologia e psicologia.
- Construção da nação e coesão social - tal como concebida pelas (dinastias?)
europeias. Drama para resolver: Antigo regime e suas monarquias - lógica de
coesão social do súdito. No caso do Estado nação, a coesão social é outra - como
convencer o campones e o trabalhador que faz parte de um mesmo todo nacional?
Memória social reconfigurada nesse contexto.
Pedagogia cívica. Narrativa unificadora de todos aqueles que
Traumático - unificação da língua nacional. Impérios multiétnicos subjugavam várias
comunidades nacionais (étnicas?).
História-batalha - o herói nacional como o epicêntro.
Instituições, Estado nação - objeto da História.
História oficial -a história chancelada pelas elites políticas (pesquisada a partir
delas). Espelha seu projeto político (dominante).
Em lugares, como o Brasil atual, em que há pluralidade de narrativas, diferentes
agentes.
História oficial - Era Vargas (momento em que ouve). Sentido estrito - narrativa das
elites sobre o passado nacional. Ou história de uma instituição feita por si mesma ou
instituição autorizada por.
História oficial nem sempre é sinônimo de história hegemônica.
Histórias da civilização: via-se como o ápice da civilização. Interesse por
monumentos, pelo medievo etc. Interesse pelo passado para provar/respaldar seu
valor. Histórias concorrentes. Mas partilha de uma história de civilização - acúmulo
de histórias materiais.

IGHB - ambas as narrativas: da civilização (herdeiros da civilização europeia) e da


formação de uma nação/nação em formação...
Apagamento da história social - rebeliões populares, p.ex.
Polônia - comunidade nacional havia (território, língua, cultura), mas sem Estado
nação.

Pós-guerra produz clivagens.


Deixa de ser necessário a narrativa nacional (nações mais constituídas). Na primeira
guerra, já um abalo - mais para as elites. Abalo na 2 GM

História da civilização conversa com a história da nação. A história da França que


começa com os galeuses - história de origens. Os bretões que resistiram
Iluminismo e romantismo combinam-se nisso. Ideia iluminista - ideia de humanidade
e civilização - Europa concentra um acúmulo de dominação de todos os povos.
Burguesia continental - identidade enquanto classe e como nação - convivem de
maneira tensa;

- No Brasil:Estado como loci de civilização - só assim é possível civilizar a nação.


País sem povo. Indígena nobre - o do passado, nobreza da terra. Literatura
fundacional.

Civilização e narrativa civilizacional (conquista civilizacional - educação, arte...)

Voltando à 1GM - crise de consciência e de ideia de Europa -


impactante para as elites. Experiência da barbárie atravessada pela técnica. Guerra
do indivíduo contra a máquina. As grandes narrativas nacionais vistas como
preparatória da barbárie.
Abalo que se completa na segunda guerra -
guerra - inicia nas questões nacionalistas.
Centralidade da vítima - processo ligado à 2GM e aos roles testemunhais.
Nuremberg - impacto das imagens. O livro de Levi - 1961 - lançado e vira um
clássico - definitivo ao testemunho à narrativa testemunhal. "Como é possível narrar
a morte? Não conto a verdade, esta está com os mortes" - questão
Aos solavancos, a crise e a construção da memória
A descolonização - processo central nesse percurso. Operação intelectual das novas
elites reinvindicando o direito de resistência contra a tirania (ideia liberal do século
XVIII). Carta do Rochimin ao Trumann (1946) - "nós aqui no Vietnã, queremos fazer
o mesmo que vocês fizeram há dois século" -
A luta anticolonial - adensam e ganham certas chaves. Reinvindicar seu lugar.

O surgimento da vítima:
! Documentário: Decolonizacion

Livro: Arno Myer - A força da tradição - (crise da nação desde fins do XIX, com
Freud, p.ex).

O passado das grandes civilizações - representação nas formas culturais.

Halbwachs - escola sociológica francesa.


- pensando memória não na chave que trabalharemos aqui - construção social que
articula indivíduo e coletivo. Como uma sociedade (de indivíduos) pode se manter
coesa? Entender laços
de coesão social - também é questão do Durkheim.
- Memória é elemento de coesão fundamental - criar um passado comum. Memória
social - meios de difusão dessa memória (construção)
A história metódica alimenta história nacional que vai construir uma memória
coletiva. Construção de uma biografia da nação.
- Halbwachs: processo de memória ... construído socialmente.
A memória traumática é a memória da impossibilidade da coesão - impossibilita
narrativa orgânica da coesão social. Instaurar processo jurídico, mas também de
memória - restituir o tecido social. Comissões da verdade - desejo utópico de
memória comum - coesão. Democracia como chave - dissensos, mas laço comum.
Relacionada às sociedades democráticas (liberais - filosófica liberal). Regras de
convívio comum - dentro do conflito, viver em harmonia social.
- Tradição de direito liberal (progressista).

Revisões de memória:
- processos mais atuais:

Jan Assman - Memória Cultural (ref) -


a) memória comunicativa: autobiográfica, passado recente (3 gerações), tradições,
orais... informais, gêneros de comunicação cotidiana, língua vernacular.
b) memória cultural: coletiva impessoal, passado longínquo, alto grau de
formalização, mediada em textos, ícones, rituais, concentrada em especialistas e
altamente hierarquizadas...

- zonas de confluência: religiões de matriz africana; ritualesca, ainda que não


escrita.
- Teoria como ponto de partida.
- Descendentes de escravizados
- Famílias brancas: invenção de passado. Imaginário do imigrante europeu
(diferença entre comunidades rurais do sul, imigrantes trabalhadores urbanos -
classe operária). Os da classe operária: esquecer a pobreza e construir o futuro.
- Processos de memória interessantes e distintos. Muitas narrativas e relações com
o passado...

- Memória do desterro:
- Vazios de memória em sociedades construídas por imigrantes: EUA - memória
prótese (construída artificialmente)
- Em Halsbach - ideia de que há uma organicidade na construção da memória
coletiva. Na Europa, certa pretensão de homogeneidade racial. Nas Américas,
muito mais difícil, sociedades cindidas. Memória construída artificialmente.

O silêncio do perpetuador: o do tabu.

- Direito à memória é um direito desigualmente distribuído?


- Experiência do imigrado e do escravizado.

Régine Robin...

Meneses: discurso identitário (memória) e operação crítica intelectual (História). Não


se confundem
memória: duração, estabilidade, continuidade (Halbswach). Na sua perspectiva, não
imposição das elites. Desempenha função social - coesão social. Quando bem
suscedida - escola que impõe ... Antes de 1870,1890 - Europa analfabeta. Imposição
de memória pela escola - harmonização,
Para Halb, não era um processo imposto. Foge do conflito. Pilares
da memória: por que um grupo se sente parte de uma coisa? Nação como forma
mais acabada...

Experiência da comunidade rural - coesão maior;


Literatura e depois a escola.

Pós-guerra: instabilidade, ruptura.

Anderson e Hobsbawn - tradições inventadas. Não há uma adesão afetiva - mas


uma comunidade imaginada.

França e Inglaterra - experiência bem sucedida do sentimento nacional. De


pertencimento. Bem sucedida - ancoragem social grande. Sentimento de pertencer à
nação. Sentimento partilhado de ser francês.
Gramsci vai tentar entender esse processo - como um povo se sente parte da
nação? mesmo com atravessamentos, clivagens de classe muito forte. Processos de
formação do nacional popular (projeto para tirar o nacionalismo da Direita).

o Outro da comunidade imaginada - na Europa, o judeu - o judeu sem pátria, que


matou o Cristo. Igreja pari o antissemitismo. Antissemitismo moderno se encontra
com o tradicional.

Nacionalismo étnico e linguístico. Componente racista.

Ideia de que a cultura francesa é uma cultura cívico-universal, estendida a qualquer


um.

Hobsbawn - ênfase no monumento do soldado desconhecido, o anônimo que


morreu em nome da nação. Mártir que morreu em nome da nação. Simbolizado na
chave do herói militar.
No pós-segunda guerra, não mais o soldado. O herói passa a ser a vítima. Muda a
narrativa da história oficial - varia de
EUA: Luta moral contra o nazismo, porque o nazismo é a barbárie. Triunfalista. FR:
nacionalismo. Narrativa da
Abala a história oficial, reembaralha perdedores e vencedores. Até 1960 -
esquecimento na Alemanha. Só em meados de 1960 começa a ser mexida.

Abala também as formas de conhecer História:

Memória, história e esquecimento - do Ricoeur - feita sob impacto da Guerra dos


Balcãs. Sérvios, croatas...
Eslavofobia/russofobia - não sendo ocidental, é um estado tirânico.
Os croatas se sentem parte da história ocidental. Os sérvios não - microrregiões que
apesar do esforço de nacionalizar a identidade regional e o regionalismo é muito
forte.
Identidades locais fortes. Implosão de Estado oficial nos anos 1990 - Iuguslávia nos
anos 1990. Briga de vizinhos quando implode.
Quando se aflora a memória, se aflora os ressentimentos.

Judeus - narrativa padronizada. (Robin - análise de museus judeus).

Quais tensões pertubam a aparente coesão social? Trampo para o historiador no


âmbito do trabalho de memória.

Memória-prótese: caso específico de memória para países que são uma colcha
étnica, não há passado longíncuo. EUA, sobretudo. Identidade racial - o branco. Elite
anglo-saxã, imigrantes brancos, escravizados, e imigrantes latinos mais
recentemente. O apelo nos EUA: o patriotismo - que é diferente do nacionalismo
étnico (o francês, com mil anos de história). A coisa se constroi pelo patriotismo -
não passa por corte étnico, mas por terra comum garantida por leis comuns. Ritual
de se tornar americano: jurar a bandeira. A nação tem fundamento étnico (a minha
etnia é melhor que o seu).
Corpo político original - fundadores nos States - o WASP. narrativa de trazer os
imigrantes.
Debate com Halb - memória ancorada na experiência europeia - não dá para pensar
em coesão orgânica. Meios de comunicação constroem a memória: cinema e
impresso. Cinema americano é um caso sistêmico de plantação de memória
mundial. Memória implantada que prescinde de memória comum - adesão por meio
daquela repetição: liberdade e blabla. Sedução desse meio de comunicação: se
adaptam à realidade multiétnica. Tipos múltiplos de identificação. "Adão Negro" -
herói anticolonialista - paradoxo. Por que isso é possível? Tradição de uma memória
implantada. Holiwood é um sistema.
Comodificação cultural - é possível consumir memória. Parques históricos temáticos
- encenação de memória da guerra civil; dos pioneiros.
Turismo de fazenda cafeeira: apagamento, sublimação. Mesmo quando é memória
da dor.

Como fazer um turismo - relação economica - que seja pedagógico à nível da


consicência?

Estratificação social: o não-branco. Aqui no BR: o não-negro.

A crise da memória triunfante -

A crise da memória enseja crise da história: põe em xeque a objetividade da história.

Novos discursos e demandas da memória..

HomiBaba - ruptura da narrativa sobre a modernidade. Ocidente não pode se


pensar a partir da narrativa da (des)colonização.
Guerra colonial (tática) - usada na ditadura, ensinada pelo governo francês...

Aula 2 – no caderno

Aula 3 - 10-04

Holocausto: paradigma de memória sobre violência de Estado.

Discussão em torno do termo genocídio. Nem URSS, nem Inglaterra topou.


Massacre político. Inglaterra - em função da história colonial. Questões com a Índia
em 1947. URSS - crimes do PC.

Debate 1) Sobre genocídio e holocausto - ver Zagni e Loureiro, 2019.

genocídio se consagra como perseguição a minorias étnicas, raciais, religiosas (sai


a dimensão do político). Implicações disso. Dificuldade de tipificar os crimes da
ditadura como genocídio.

Aceita-se que seja qualquer matança que envolva poder estatal contra população
civil. Debate. Não aplicação stricto sensu.

Tribunal de Nurembergue - não havia esse tipo de crime (genocídio). Em


Nurembergue, crime contra humanidade (os nazistas condenados por).

Conceito com implicações políticas, jurídicas e históricas. Impacto epistemológico.


Novas chaves para olhar e interpelar o passado.

Singularidade do Holocausto - debate grande.

Holocausto na origem do conceito de genocídio (qual como debatido no pós-guerra).

Debate 2) É possível narrar o Holocausto? Questão que é ética.


Quem eram as vítimas? figuras que não questionaram ou ofenderam o Estado
alemão. Projeto de matança contra quem não era inimigo do Estado (argumento
usado pela URSS, pelas ditaduras da América Latina).

O que aconteceu? Dimensão de espanto; assombro - em face de quem são as


vítimas. O que houve? Racismo - combinação de inferiorização com exploração da
mão de obra. Projeto de extermínio. Relatório de Vance (isso?).

Como lembrarmos? Horror sistemático, em escala industrial. Feito por uma potência
ocidental que se julgava caudatária da cultura ocidental.
Primeiro ímpeto: esquecer.
Os primeiros anos - expostos aos feitos, fatos.
Começo da guerra fria (47, 48): desnazificação, esquecimento, silenciamento - das
testemunhas. (contexto geopolítico - luta contra os soviéticos).
Alguém quer ouvir???
Como falar e como preparar uma escuta? (se não, perde efeito pedagógico).
Dever de memória e o efeito disruptivo sobre o conhecimento histórico
contemporâneo: testemunho como acesso ao conhecimento.

Arendt - entender o Holocausto a partir de uma dimensão meta-histórica - para além


do evento. Mexe com questões epistemológicas. O ético e o epistemológico em
causa...

A partir de 1961, caso Eichmann (julgamento): ERA DO

TESTEMUNHO. Dura até os anos 1980. Culto ao testemunho. Ensejando o


testemunho de outros eventos históricos violentos. Questão central que se coloca:
estranhamento ou empatia emocional - o que deve provocar o testemunho?

Debate 3) Lugar do TESTEMUNHO

Correntes radicais acham que não deve provocar empatia emocional, mas sim
choque - defende o completo estranhamento da experiência. Há controvérsia - é
preciso empatia, há quem ache. Legitimidade do emocional em causa. Emocional
associado à catarse.

Debate Spielberg x Lehmann (é para você se incomodar).


Spielberg: excessos de representação - há quem critique.
Lehmann - crítico. Na esteira de Alain Resinei (noite e neblina, 1956).
Abjeção não pode ser mostrada. Bebe-se disso Lehmann - a abjeção na memória
dos sobreviventes.
Série: Holocausto.
Amistad (falar da escravidão com as lentes do Holocausto).

o que há durante? Registros. Quatro fotografias analisadas pelo Did-Hubermann


(apesar de tudo, imagens).
Os primeiros registros provocavam incredulidade.

Debate sobre o próprio testemunho: tratar como fonte? Tratada com o devido
distanciamento. Ou vale em si. SACRALIDADE DO DEPOIMENTO.
Guinada subjetiva? Sarlo?

Como você encena o perpetrador? (isso no audiovisual). Treta ética, epistemológica


e ética. Dupla violência.

Acúmulo de debate sobre a vítima.


Quem é o perpetrador? Quem cabe nesta categoria?
Estudo do perpetrador - campo que avança em 1990.

O Capitão - filme sobre perpetrador.

Perpetrador: definições.

Primo Levi - problematizar se a vítima diz a verdade. Zona cinzenta - lança essa
noção. Em Afogados e ... - texto de 1980. Quem sobreviveu não foram os melhores
ou que tiveram acesso à verdade do campo. Aqueles que mergulharam na verdade
do campo - esses morreram. Discussão trazida pela Sarlo em Tempo Passado. A
conta não fecha.

A partir dos anos 1990 - reconfigurações da era do testemunho. Transformação - em


era da vítima. A narrativa da vítima. Ampliação do conceito. Cuidados éticos-
epistemológicos.

Livro: "As benevolentes".

Na ficção - sobre perpetradores.

Psicopatas charmosos - na indústria cultural. Questão no audiovisual. Risco de


banalização.

Batalha de Argel - cinema político de 1960. Figura do perpetrador: nem de monstro e


nem de psicopata. Lado errado da história (chave). A questão moral em segundo
plano. Movimento da história. Papel na obra fílmica (da fala do perpetrador).

Chave: parte da luta (a tortura). Não tem a chave do trauma. É preciso falar do
trauma como parte do

Historicamente, muda-se a narrativa.

Questão do desaparecimento - implicações cotidianas. Sem certidão de óbito. (para


além da certidão de óbito).

Outubro (Eisenstein - Revolução Russa).

Os primeiros relatos sobre tortura não têm a tônica da impossibilidade narrativa. Os


primeiros torturados - relatos técnicos (numa chave mais ao estilo do role político
visto em Batalha de Argel, sem o drama, ou a moralidade toda).

Decreto de 1941/2 - Noite neblina - a coisa do desaparecido político. O ciclo do


medo. Uso nas ditaduras AL.
HOLOCAUSTO:
- processos judiciais relevantes: Nuremberg (45-46/47-48); caso Eichmann em
Jerusalém (1961); Processo de Frankfurt-Auschwitz (1963-1965) - 22 guardas SS
imputados (?); Caso Klaus Barbie (1987, França)

Casos que lançam as bases historiográficas sobre os estudos do Holocausto;


também o desmonte dos mitos.

Sobre o caso Klaus Barbie - documentário Hotel Términos (19??) - desmonte do


mito da Resistência Francesa. Como um cara desse conseguiu fugir? (Matou mais
de 5 mil pessoas em Marselha).
Mitos morais - desmontados.

PRIMEIROS TRABALHOS DE ANÁLISE HISTÓRICA SOBRE O H.

1) Reitlinger (1953)
2) Poliakov (1954)
3) Hilberg (1961) - estudo sistemático; modelo de construção da perseguição
4) Arendt (1963) - Eischmann em Jerusalém (1963).
(extrapola a si mesmo - o evento, por isso metahistórico; muda a chave de
entendimento da história...). Antissemitismo define a escolha da vítima, mas não a
natureza do crime.

Tema que dá pano para manga: a passividade dos judeus - negociação dos líderes
comunitários. Levante do Gueto de Varsóvia - contestação do mito da passividade
dos judeus. milícias, redes de resistência. Primo Levi - sistema produz a passividade
(humilhação, desnutrição e segue - construção...).

Debate: É ÚNICO???

- Correntes várias, entendimentos distintos


- Única pela monta, pela escala industrial e tralalala... não pode comparar nada.
- Dimensão de ser ímpar ou não. Único na medida em que tem um impacto na
cultura sem igual (nesse sentido sim).
- Corrente que narra o evento como a refundação da nacionalidade jurídica.
Fundação de Israel. E tudo que seja contra o Estado de Israel é antissemitismo.

* Ponto importante: a lógica industrial usada para matar pessoas. Assombroso.


Capacidade de planejamento, técnica.

LINHAGENS QUE PENSAM SOB O PRISMA DO PERPETRADOR.

5) Corrente funcionalista (estruturalista). Década de 1960. BROSZAT - discussão da


máquina de extermínio como sistema. Relacionado ao processo jurídico que levou à
condenação dos guardas da SS. Assessoraram o Processo de Frankfurt contra os
guardas.

6) Outra corrente: EBERHARD, Jackel - articulação entre antissemitismo


eliminacionista e Espaço Vital (eixos da visão de mundo hitleriana). Centralidade do
líder, intencionalidade de matar. INTENCIONALISTA - responsabilidade jogada para
cúpula, isenta uma ganga...

Discussão sobre o lugar de Hitler na cadeia de poder?


É política de Estado ou nem? (sistêmica) Ou pessoalista?

Modelos para estudar perpetradores: sistêmico ou intencional.

Negacionismo - é produção sistemática de mentira. Não é revisionismo. Não se


debate com para não se dar fórum
Não trair princípios metodológicos e historiográficos. Função de apagar fatos
históricos (funções políticas de ocultar ... ideológicas).

Olhar esse evento: front oriental - na URSS - guerra de caráter colonial. Na França
não. Extermínio. Chave possível para pensar o avanço contra (os eslavos?).
Lossudo - Guerra e Revolução.
Sistematização do debate - Marina CATARUZZA. A Historiografia da Shoah.

Autor que relaciona à ocupação colonial. Experiẽncia da Namíbia.


Guerra colonial.

Cartago - ideia de genocídio se aplica à. Apagar fisicamente a cidade e a seus


habitantes. O que Roma fez lá na última guerra púnica. Antiguidade da ideia de
extermínio. A metáfora do apagar a cidade.

Sendo historiador alemão, como historicizar o nazismo? Debate grande. 1986 como
marco... Querela dos historiadores. Questão da culpa.

"o passado que não quer passar..."

NOLTE - lança polêmica: se acusa os nazistas de uma ferocidade asiática (noção


que vem do iluminismo, remete à barbárie, que não é coisa dos europa). Gulag não
seria mais original nesse sentido? Não colou na historiografia, mas a direita gostou...
ainda dizem. Por que não equilibrar e equivaler? Joga pros soviéticos.
Relativismo.

Argumentos complicados... a equivalência. Coisas diferentes em sua origem (a


violência que suscitaram pode até assemelhar-se, mas não são equivalentes).

Conceito de totalitarismo em Arendt é circunscrito: Stalin e terror (não URSS na


geral), nem fascismo italiano - nazismo. Questão com o nazismo - raciscmo de
partida.

Nazismo - ideologia criminosa porque racista. Fascismo - violência é derrivação.


Nazismo - remete à racismo. Racismo como realização em sua essência.

FRIEDLÄNDER e BROSZAT - debate entre. Necessidade de historicização do


nazismo. Crítica à ideia de história cotidiana do nazismo.
Corrente - ideia de resistência passiva (há sim resistência, mas não essa ativa, de
enfrentamento). Dois conceitos para resistência em alemão.

Bavaria Project (77-83) - estudo do cotidiano. Como era a Bavaria durante o


Nazismo? Os argentinos beberam nisso... examinar a convivência entre barbárie e
normalidade cotidiana. Questão do cotidiano. Difícil estudar. Que fontes lançar mão?
Na Argentina, com associações de bairro (como eram os bailes naquela época?).
Falta esse tipo de pesquisa aqui no Brasil. Como viver uma "vida normal" diante da
barbárie?

Vermelho Sol - filme de 2018 (Argentino).

Autoritarismo prussiano e nazismo - relação - historiografia política estabelece isso.


Dimensão da elite, da burocracia.
Questão da Bavária - interessante, porque região católica.

Guerra cultural - debate de ordem teológica relacionada à igreja luterana.


Luteranismo define a nacionalidade alemã ou é universal?

Nazismo - relação complicada com a religião. Defesa de uma religião "cívica" - é


para além disso. Dimensão acessória do cristianismo. O culto ao Estado.
Geopolítica nazista - pensavam a Europa, do norte para lá, germânica
(escandinavos, austríacos). A Áustria é cultura alemã (entendida como Alemanha,
essência alemã). França pode ser legal - problema político. Eles podem ser
germânico. Italiano, Espanhol é para baixo (subraça mas não é perigoso, tá lá pra
baixo). Os Ingleses - primos... A Hitler interessava europa e eurásia - ali exercer a
dominação alemã. Para isso, eliminar ou subjugar a subraça eslava. E judeus - aí
nem gente (elimínio). Eslavos - jogar pra Ásia. Ing e Fr - não problema, problema é
judeu e eslavos. Por que o Ocidente é contra nós se além de acabar com os
eslavos, acabar com comunismo? Fazendo um favor...

A coisa da germanidade. Central. Paranóia do pós-guerra: a traição da primeira


guerra. França impõe humilhação de guerra. Crise economica, desemprego, votação
na extrema direita - virada rápida. Galera ressentida.
Antissemitismo mais laico na Alemanha. Antissemitismo lascado - Império Russo.
(aqui o bicho pegava).

Judeus cunharam essa cultura alemã. Piadinha nem tão piadinha assim. Escritores,
músicos, pensadores.

Hitler não contava com a aliança entre a URSS e o liberalismo ocidental. Churchil -
ferrabrás do colonialismo, teórico do liberalismo. Anticomunista total. Deixam para
depois a treta com o comunismo, naquele momento a Alemanha dá mais trabalho.

A elite política - EUA (roosevelt, ligado à Harvard), Inglaterra, FR - esses que se


opõe ao nazismo. Não tanto a sociedade civil.

Livro: Eni, o filho do século (Scurati) - como se autobiografia confessional do


Mussolini.

O H começou nas trincheiras - brutalização, preparação de uma geração que


matará por prazer, disposta à. Geração ressentida, brutalizada. Conexão da primeira
e segunda GM - um crescente. hobsbawn - guerra de 30 anos. Autoimagem de
Europa implodida com a primeira guerra.

Adeus à Europa - livro de Olivier Compagnion.

Holocaustos Coloniais - Mike Davis - lógica de extermínio (não no sentido de H, de


apagar), mas outros tipos... se sabia das consequências. Fome e tal...

FRIEDLÄNDER - volta ao debate clássico: A QUESTÃO DA REPRESENTAÇÃO


(limites).

Nazismo, o H e o "homem comum"...

- A dimensão do cotidiano, do homem comum, na perpetração do nazismo.


- antieslavismo e antisemitismo parte do homem comum (corrente de pensamento)
- estudo de microhistória individualizando sobre reservistas alemães que praticam
memória

No Brasil, pouco disso sobre a ditadura. O que ajudaria inclusive a entender a


memória positivada da ditadura entre a classe média. Não foi a deepweb que
perpetrou. Foi no cotidiano, interior das famílias. Ditadura de baixo impacto -
repressão seletiva. Memória positivada: era bom porque era ditadura.

Sublimação da escravidão cozinhando durante séculos. O turismo das fazendas...


não sobra nem a consciência da violência passada.

Dificuldades das narrativas: encontrar inimigo comum? Consenso sobre quem é


certo e quem é errado.

terror de Estado - maquinário de Estado e impunidade judicial...


tortura é crime de Estado. Terror de Estado é crime. Método de controle social.

Martin Caparoci - argentina sobre os grupos revolucionários e suas ações.

Peru - Museu de Memória e Violência. Fala-se do terror revolucionário, não só do


Estado (contra comunidades agrícolas). Cada Estado, equaciona a seu jeito.

Quando é uma política de memória bem suscedida - quando a sociedade civil se


reconhece e dá conta de pactuar socialmente. Efeito pedagógico.

Questão de apagamento: Indonésia (1965), Cambodja - comunistas do Vietnã que


fizeram a primeira política de memória (genocídio praticado pelos maoístas).

Lógicas próprias dos eventos traumáticos.

Colômbia - processo de memória em aberto. Difícil. Desplazados pela guerra.


Violência de tudo que é lado.
Aqui narrativa que mais ou menos orienta.
Argentina - exemplar porque pacto de condenação da ditadura.
Caso de Tulsa (negros de classe média exterminados pela
população branca. Onde?)

Alemanha no pós-guerra: desnazificação e esquecimento (combinação).


Esquecimento seletivo.

Política de memória: balanço entre o que esquecer e o que lembrar. Memória é (e


tem que ser) seletiva.
Borges - a personagem Furnes...
Na A Ocidental - tema da culpa que leva ao silêncio
Na A Oriental - ...

COMPREENSÃO HISTÓRICA:

RUSEN, J - Reinvenção da disciplina para olhar e estudar esse evento. A


indignação moral bloqueia o conhecimento objetivo.
- relação entre moralidade e historicidade
- condenação moral do nazismo (loucura, racismo extremo) é no fundo estabelecer
um corte entre as democracias ocidentais. Como se fossem a antítese.
- Como o histórico se constitui a partir da memória? Para conhecer o H é preciso
contornar as lacunas da operação historiográfica consagradas pela disciplina,
racionalidade metódica, progresso no conhecimento por meio da pesquisa,
interpretações teoricamente consistentes...

Lacunas de fontes. Sem documentação sistematizada.

- fomos perseguidos, sobrevivemos, triunfamos (Israel, EUA)

ROBIN - enfrenta também a sobrerrepresentação da memória do H.

Informar sem deixar de fora questões éticas e epistemológicas.


- Adesão e culpa coletiva, com ou sem consciência da culpabilidade.

Aula 4 – 17/04

Negacionismo e revisionismo:

Distinguir os dois processos. Negacionismo – negação, a priori, da matriz factual de


um processo ou evento, reconhecido e estabelecido pela comunidade de
historiadores como efetivamente ocorrido no passado.
Rejeição do conhecimento histórico estabelecido, em nome de uma suposta
“verdade ocultada” pelas instituições acadêmicas, científicas e escolares.
Produção sistemática e intencional de mentiras e ocultações sobre um passado
“sensível”, visando diluir responsabilidades sobre violências massivas de um grupo
social ou político sobre alguma vítima coletiva.

Revisionismo: processo de revisão do conhecimento factual ou das interpretações


historiográficas dominantes, com base em novas questões teóricas,
problemas/hipóteses, métodos de análise e novas fontes primárias.
Processo normal do trabalho histórico. Agendas dadas pelo tempo, as filiações
podem entrar.

Revisionismo ideológico.

Negacionismo:
Intenção de apagar um grande evento relacionado a um crime. (negacionismo).
Estratégia corrente: prova não-ontológica (não vi, não existe). Tem uma
prova/documento e o cara nega que existe a documentação.
- Apagamento – visa apagar a matriz factual.

Mentira sistematicamente produzida – negacionismo.

Problematizar através de fontes uma memória da ditadura. Caso do Daniel Arãao


Reis – os guerrilheiros buscavam revolução, não buscavam a luta democrática. Dá
xabu, burburinho no seio da historiografia.
Negacionismo – é fenômeno fundado na segunda metade do XX. Conceito de pós-
guerra. Cuidar com as projeções. Não esperar que o historiador do passado esteja
pautado em certa agenda que é atual. Coisas que não estão na pauta.

Não existiu nada daquilo, não foi intencional, não houve tantas mortes.

Questões da produção da história: base documental, debate historiográfico


(consistência).

Pensar no campo estrito da historiografia que é onde se dá o debate negacionista.


Há armadilhas negacionistas:

O que os negacionistas cobram, uma contradição em termos: que o historiador seja


neutro, mas que cada qual tenha sua narrativa.

Objetividade é dada pelo método, mas não pelos valores a priori. É pelo método que
você segue. Objetividade não anula engajamento e nem pressupõe neutralidade.
Neutralidade pressupõe uma visão equidistante sobre o objeto. Não, porque o
historiador é um cidadão, atravessado por coisas...

Revisionismo ideológico: quando a hipótese parte de elementos valorativos


(ideológicos ou morais), mas a análise das fontes e a argumentação respeita os
princípios básicos do métodos historiográfico: a) revisão da literatura com foco no
debate historiográfico sobre o tema, b) crítica das fontes primárias, c) distanciamento
interpretativo para evitas o anacronismo e o voluntarismo, d) respeito às evidências
documentais e exposições das bases teóricas e metodológicas que orientaram o
trabalho.
- Não rejeita a matriz factual.
- As vezes a argumentação trabalha com uma verdade, mas a interpretação...

Parte de um debate legítimo e se chega onde se quer. Exemplo, Narlock.


Anacronismo e voluntarismo (a história aconteceu porque alguém quis que, isso é
voluntarismo).

A questão da evidência é importante no trabalho historiográfico. Nele, você expõe


sua perspectiva – debate x, postura y.

Argumentação do revisionismo é mais sofisticado. Podem chegar na mesma


resposta, mas caminhos distintos (negacionismo e revisionismo ideológico).

Cultura historiográfica pública e memória social: limiar tênue. Disputas de memória.


Cultura historiográfica dos brasileiros (fraca no Brasil).
- Revolução; golpe de Estado.

O vocabulário político: que termos positiva, que termos tem conotação negativa.

Brasil Paralelo: projeto original - recuperar o patriciado branco civilizatório


monarquista. Não que sejam senso stricto monarquista, mas se bebem disso, matriz
para seu fazer político. Pensam que a República não dá conta do projeto
civilizatório. Documentário: A Última Cruzada – o Brasil é fruto de um destino
relacionado ao Ocidente. Foi descoberto.
Uma certa elite se identifica.

Direita: combate ao vitimismo da esquerda. Caso do “Guia politicamente incorreto”.


De fato, a questão da moralidade na história é complicada. Mas no caso dessa obra,
intenção posta: combater políticas de reparação, inclusão e tal. Na esteira das
cotas...

Luís Edmundo de Souza Moraes – estratégias de legitimação. Procedimentos de


análise semelhante aos “não-revisionista”. Convocam a necessidade de outras
versões sobre a história (ou outra versão). Ausência de prova documental. Falta de
conexão lógica-causal entre os fatos que caracterizam o evento a ser negado (ex.
Holocausto). Tomam o fato como interpretação e defendem seu método como
“factual”.
Não achar que é uma corrente historiográfica. Os “argumentos” podem levar à ideia,
errônea, de que constituem uma “escola historiográfica” e que defendem o método
histórico, visões comuns fora do campo historiográfico.
Do ponto de vista de seu procedimento, considero que o negacionismo não se pauta
pela apresentação de teses, mas pelo estabelecimento de uma proclamação: "o
assassinato sistemático e planejado de judeus não existiu”, p.ex.

VIDAL-NAQUET: princípios negacionistas em relação ao Holocausto

1 – A história do genocídio e o instrumento que simbolizava, a câmara de gás nunca


existiam.
2 – A solução final nunca foi além da expulsão dos judeus para o Leste Europeu.
3 – O número de vítimas judias do nazismo é muito menor do que foi dito.
4 – A Alemanha de Hitler não foi a maior responsável pela 2GM (interpretação
política).
5 – O principal inimigo da humanidade durante os anos trinta e quarenta não foi a
Alemanha nazista, mas a URSS de Stalin.
6 – O genocídio é uma invenção da propaganda dos Aliados vencedores, prici

A CONDENAÇÃO DO NAZISMO FUNDA O MUNDO CONTEMPORÂNEO. O


nazismo, o fascismo – colapso da humanidade. Lutar contra é imperativo étnico (não
questão ideológica). Lutar contra aglutina segmentos distintos.
Matriz fundamentalmente liberal – liberalismo se refunda no pós-guerra, a igreja
católica também se refunda.

Esse mundo está sendo questionado hoje, com essa ascensão de extrema direita.

Filme: O Filho de Saul.

Há um comportamento de seita. Imaginário de cariz religioso. A verdade escondida...

Há prova ou não há prova: prova tradicional, testemunho...


Massacre de Nanquim – Julgamento de Tokyo.
Questões da Ásia: ressentimentos, esquecimentos, conduta diferente... diferente a
política de memória...
Camboja se assemelha mais daqui.

Lembrar demais o futuro não vem – jogo pragmático do esquecimento.

“Alemanha, pálida mãe”. – filme

Modelo de comissão da verdade que surge em Uganda – outro modelo para lidar
com política de memória, diferente dos tribunais do pós-guerra.
Camboja tem algo mais semelhante à política de memória ocidental.

Em causa: lugar político que a memória ocupa na transição do país.

Na África do Sul, a transição vai se apropriar de práticas comunitárias – dar uns


xingão no perpetrador.

... voltando ao Vidal-Naquet

- Negacionista de Extrema-Direita e de Extrema-esquerda.


- Os de esquerda, grupos franceses antissionistas que esbarram no antissemitismo.
Críticos do Estado de Israel, pró-palestina.
- Jurisprudência importante: no Brasil, caso de 2002. Revisionismo do holocausto
como crime de racismo.

O Método:

- qualquer testemunho direto trazido por um judeu é mentira ou invenção.


- qualquer testemunho, documento antes da liberação dos campos é falso ou
ignorado (chave do boato).
- qualquer documento, em geral, que nos fale em primeira mão sobre os métodos é
falso....
Professor faz menção ao Protocolo de Vance sobre a solução final.

Para-metodologia: apropriação distorcida e seletiva de teses historiográficas


reconhecidas; destaque sensacionalista para casos particulares, peculiares e
excepcionais do passado (personagens, valores, instituições), cujas especificidades
transformam-se em regra e modelos para demonstrar como as teses consagradas
por historiadores acadêmicos são falsas. Utilização de fragmentos de fontes
primárias, sem a devida contextualização ou crítica. Exposição linear de fatos e
processos por relação direta de causa e efeito, abordagem há muito criticada e
superada pela historiografia. Defesa de posições sobre o passado que partem de um
olhar ideológico, moral ou valorativo – mas devidamente ocultado nas premissas –
adequando a argumentação para comprová-las (...)

Decorro profissional – o que é ou não opinião, o que é debate historiográfico


(procedimentos pedagógicos para separar isso).

DEBATE COM RELAÇÃO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO.


Direito à opinião negacionista.

- Chomsky – alega que é opinião isso. Faz o prefácio do Faurisson (um tio de
extrema direita).
- Naquet responde: direito de falar mentira, mas não reivindique a verdade histórica.

Entrecruzar informações, fontes. Desconfiar da fonte.

ALGUNS EXEMPLOS DE NEGACIONISMO HISTÓRICO:


- negação de genocídio (indígena nas Américas; armênio na Primeira Guerra).
O caso armênio – negacionismo oficial (política de Estado, o estado turco). O
Holocausto – é cultural
- negação de massacres políticos cometidos pelo Estado ou por grupos paraestatais
(em guerras civis ou sob ditaduras de qualquer matriz ideológica). Ex. processos de
Moscou, Gulag. O tabu associado à Stalin.
Discussão do genocídio e massacre político – implicações sobre a interpretação.
- O silêncio dos outros (documentário)
- negação das responsabilidades históricas dos europeus no tráfico de escravizados
africanos e dos efeitos do sistema escravista nas atuais nações com este passado.
- faltou um
(caso da Argélia, apagamento. Generais que vem pro Brasil ensinar método de
tortura)

Outros...
- A teoria dos dois demônios: equivaler ações violentas cometidas por grupos
armados de oposiição
- o caráter benigno da escravidão.
- o brasil que se funda corrupto desde a colônia, o problema é do Estado
(liberalzona).
- valorizar a Monarquia como um regime amplamente democrático que combateu o
sistema escravista.
- o caráter benigno e civilizatório da colonização europeia sobre povos africanos e
asiáticos, em que pese a violência sofrida por estes.)
(fergunson? – um tatcheriano, liberal conservador – Império). Não confundir má
qualidade do texto com negacionismo e nem vice e versa.

Defesa das bases metodológicas:


- explicar posições teóricas e metodológicas ao leitor, com base em literatura
acadêmica reconhecida.
- explicar agendas políticas e valores ideológicas e morais que te guiam.
- dialogar com a historiografia sobre o tema, valorizando o debate crítico

Guia para reconhecer má ciência – compoundchem.

O princípio da ciência é provar que está tudo falso?

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