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Antropologia na moda, na crista da onda. Crise climática que vem à público. Destaque
internacional, opinião pública. Figuras indígenas, intelectuais que emergem. Modo
como se ouve esses intelectuais, com referência, caudatário de LS: interesse nos
conhecimentos contra hegemônicos.
Trabalhou as duas grandes temáticas - mais sociológicas, teoria da sociedade que
funda o social; teorias da mentalidade - pensamento "primitivo". Fraser - fantasiou uma
história evolutiva das crenças da magia, pensamento religioso, para chegar a luz
máxima da ciência.
1) Qual o princípio sociológico de organização da sociedade - princípio fundante do
social. (parentesco)
2) O pensamento selvagem - mentalidades em causa.
--> o que dá coesão é a estrutura, o tal estruturalismo.
• Estruturalismo - um troço-paradigma que vingou em vários campos de pensamento.
Psicanálise, Linguística, Psicanálise. Espírito do tempo - ideia que surgiu e ficou
quente entre uma turma, e que vai dar um click nesse cara. Ferramenta teórica
potente. Ideia de estrutura que atravessa.
• Panorâmico sobre Lévi-Strauss.
• Sistema de parentesco e mitologia - método analítico que atravessa - associado ao
estruturalismo.
AULA 2 – 21/03
- Possui um universal também: a estrutura (que graças, ele nunca encontrou). Mas
seria sim um universal.
Aula 3 – 28/03
Antropo na voga agora: questão ambiental trazendo a rebote novas questões sobre
velhos temas (indígenas). Questões de negritude. Gênero em novos termos.
Esse 'antropos' está em questão. Pega mal essa narrativa de estou falando sobre
humanidade. Campo do conhecimento que é um grande guarda-chuva.
Compartilhamento de alguns autores, de teorias. Na FR - a palavra etnologia é em
certa medida intercambiável com Antropologia. No Br, convencionou que etnologia diz
respeito a estudos indígenas. Alguns que estudam de grupos quilombolas e
ribeirinhas, se dizem etnólogo - campo de discussão comum.
Clastres -
Disciplina que se constitui da grande divisão nós e eles. Na hora que coloca em
prática, é forma de supurar essa cisão.
Volta à Estrutura
Para todos os camaradas (LS, R-B, Boas) - saída do paradigma histórico, recusa da
explicação histórica. Estrutura como saída aqui. Determinado contexto social - explicar
a estrutura social que compõe a realidade (explicar não é botar na história ou
historicizar).
Outra compreensão do que seja explicar: para a CS, para a Linguística.
- Bastide de novo:
Estrutura social como organismo social
Linguística:
Fonema: mínima unidade de sentido. Ó, Ô. Sons que podemos usar para significar
coisas diferentes. Em pguês, posso mobilizar essa diferença.
Não há uma relação de sentidos do ó com vó, mãe e o escambau.
Valor diferencial de Ó e Ô - relação diferencial que tem entre si -
Entender uma língua não é entender a história de sua constituição. Olhar para língua
como um sistema integrado - cujo funcionamento depende da relação entre as partes.
O valor de um fonema se estabelece na relação com os outros - naquilo que não é.
A estrutura consiste nas relações diferenciais que
Ideia de mesa não liga ao som mesa. A coisa mesa só pode ser pensada em oposição
pelo que é não-mesa.
Não escrever história - também os estruturalistas não querem. Escrever todo um todo
integrado. Escrito e entendido no nível de relação entre seus termos.
Compreender as relações que unem os sons para entender a língua, mas une
separando, diferenciando. Língua como um todo solidário. Solidariedade sincrônica
entre as partes - precisa fazer sentido agora. Leis invariadas por trás dessa variedade.
Ideia de que é possível comparar sistemas - tipos de relações que se repetem (leis
das estruturas dos sistemas fonológicos) - formas que aparecem em todas as línguas.
Aula 4 – 10/04
Nós e eles - em Mauss, nós fomos o que eles são. Ainda subsiste. O que há de
parecido e que em nós está se perdendo.
Relação de nós e ele, é de outra natureza. Alteridade radical. Não está interessado
em o que temos de parecido.
O que Mauss quer com esse texto? Caráter aberto. Desbravou campos e temas de
pesquisa. Diferentes épocas e sociedades, concebem de forma diferente o que é uma
pessoa. Não dá para lidar com o campo antropológico, sem pensar o que é uma
pessoa. Concepção psicológica da pessoa é uma concepção moderna, recente. Texto
de noção de pessoa – central, basilar, lança programa de pesquisa. Mas é um esboço,
mal acabado.
Dádiva – texto mais bem acabado. Consegue delinear muito bem a questão – esse
objeto de pesquisa. Se é ou não um universal, é uma questão mais datada – que não
é mais muito central na antropologia
Os Argonautas do Pacífico Ocidental – Malinovski (1922). Mauss incorpora muito
rapidamente. Esse é o mais completo trabalho publicado. Etnografia imensa –
densidade etnográfica. Kula como objeto (troca de colares por bracelete que segue
regime circular) – mas todo um sistema de trocas que acontece entre um monte de
gente e coisa imensa em um monte de lugar. O melhor exemplo;
Vida trombrian – vida de dar e receber. Que se organiza na lógica da troca, que é
dado em forma de dádiva, mas exige retorno.
Importância do trabalho do Malinovski no trampo do Mauss.
O texto dele:
“Dispêndio nobre”
Voltar ao arcaico, ao elementar. Retorno de valores. Em que o social e não o indivíduo
é valorizado. Troca que promove “trens” coletivos. Princípio mesmo da vida social
moral. Pedra de toque do direito. Elementar. Moral eterna.
Começa o Ensaio sobre a Dádiva – estava interessado nas formas primitivas do direito
(direitos e deveres sobre coisas e pessoas). Esse é o horizonte de partida. Mas chega
em outro canto – a pedra fundamental que é onde vai tocar LS.
Ele não está encaixando todos os povos em uma linha evolutiva. Ainda que haja algo
de evolucionista. Atirou no direito e chegou no social: porque é da ordem do princípio
do social (isso que ele chega). Essa é a herança maussiana para LS.
“Mas essa troca, ele não reconhece nos fatos... fala do dar, receber e retribuir.”
A troca a totalidade; Dar, receber, retribuir – os fragmentos.
Pode-se provar que nas coisas trocadas, há uma virtude... LS questiona se essa
virtude existe como propriedade física dos objetos? Para ele, não existe –
evidentemente... Mauss pega o role maori do row – pega isso e torna teoria geral – o
reciprocar, a obrigatoriedade. LS – nem tudo que se troca é coisa, entender o que se
troca subjetivamente.
O ponto da crítica: não é caso daqueles casos em que o etnólogo os deixa mistificar
pelo indígena? É uma teoria, neozelandesa, importante, com valor... mas não teoria
universal. O row não é a razão última da troca, é a forma consciente (inconsciente)
em que uma sociedade vive e formula esse role da troca. Mauss, para LS, ficou preso
em uma teoria indígena. A teoria neozelandesa que era a que melhor explicava a
obrigação de retribuir.
Mauss parte do row. Regime da dádiva em que as coisas são dadas de modo
aparentemente desinteressada, mas que tem que ser retribuído. Confusão entre
coisas e pessoas. As coisas não valem em si mesmas.
Menção ao Clastres: chefes sem poder coercitivo. O chefe como doador de palavras.
Discursos cerimoniais. (mas Marina acha que doa mais que palavras). Questão de
mediador. Não tanto no sentido do cara que tem algo (???)
Aula 05 - 18/04/2023
A primeira vez que está cruzando o método estrutural para lidar com o problema do
incesto.
Capítulos iniciais sobre natureza e cultura em uma obra dedicada ao parentesco.
Olhar para o parentesco como modo de entender a passagem de natureza e cultura.
Debate velho. Relação com a distinção sociedade com e sem Estado. Sociedades que
não se organizam pela lógica do Estado Nação e seu regime identitário.
Organização social relacionada ao parentesco. Divisão social do trabalho e todo o
resto – tudo organizado pelo parentesco. Grande matriz de organização social da
sociedade sem Estado. Lógica evolucionista – o Estado depois. O princípio do social
– mirá-lo seria uma possibilidade a partir dessas sociedades ditas primitivas. Olhar
para o parentesco seria olhar para a fundação do social.
Projeto ambicioso – falar sobre esse princípio do social.
Capítulos que preparam o terreno para a tese dele. Anunciação.
- Prefácio do livro – procede de maneira inversa – apresenta o objeto e o objetivo do
livro. “Entendemos como estruturas elementares do parentesco...
Monta uma árvore genealógica, e explica as diferentes expectativas – posições
classificatórias (aplicação do sistema ocidental para traduzir um sistema de
parentesco indígena). Geral pode ser parente cruzado ou paralelo. Menos a
verdadeira genealogia do que um sistema de nomear. Negociação de expectativas.
Classificar as pessoas da sua geração como primos paralelos e cruzados define o
horizonte de namoro. Todo o mundo pode ser dividido entre parentes que posso ou
não casar, e também expectativas de cuidado, de troca. As pessoas sabem quais são
seus parentes próximos, nas relações mais distantes é mais negociável as relações.
Os amigos formais – sobrecodificação de alianças... em relação mais distante.
Quem a gente reconhece como pais e avós – diz respeito a quem você irá cuidar. Há
adultos cuidando de velhos e crianças.
Sistemas prescritivos – positivos. Não apenas com quem a gente não pode, mas com
quem eu tenho que. Nosso sistema é de regra negativa, não é prescritivo. (Interdito
de fato – zona cinzenta - ).
Dois capítulos conceituais. Nos capítulos seguintes, destrincha sua ideia. Depois,
analisa três grandes sistemas: China, Austrália e ...
Busca uma lei geral do parentesco, que é, por sua vez, uma lei geral da sociedade em
geral. Nesta obra, tomado pelo problema do social. Discernir sentido lógico...”
Ao avançar, vai perceber que os povos indígenas também estão pensando isso.
"relações jocosas” – texto... piadas e sacanagens como atitudes prescritas para certas
relações de parentesco.
- Ideia senso comum de que o incesto é uma questão genética. É uma etnovisão. Uma
crença nossa. E LS bate nisso. A coisa do Japão Antigo – casar com a irmã mais nova
e não com a mais velha, nunquinha.
- Tá aí algo que a sociologia não pode tratar, ele contesta.
- É uma boa teoria para pensar o social – questões que nos colocamos. Mas para que
serve? Jeito de se relacionar com a teoria. Situar, contextualizar. Útil para pensar
algumas coisas. Passível de diálogo com outros interlocutores.
- Marx como etnógrafo do klismo.
- Como procedem as ciências humanas? Deslocamento de problemas, mais que
acumulação ...
- Entender a questão que ele está colocando. Quais as premissas, o que está implícito.
Que ele usa como base para construir o problema que irá resolver.
- Louis Dumont –“teorias da descendência vs. Teoria da aliança”. Comentador.
Organiza o cenário.
-Depois disso, estudos do parentesco, guinada radical: uma figura lá que diz que
também é um sistema étnico (o parentesco). Usamos o role genealógico como
construção genética, da verdade. Mas no limite é uma visão de mundo, uma
perspectiva de um grupo étnico. Essa coisa que a gente usa para traduzir outros
esquemas. Usos políticos do saber antropológico – essa questão vai ganhando relevo
na antropologia.
- comprovação não é o lance da antropologia. Usá-las, quando servir.
- a coisa mais difícil de cultivar no encontro com as CS é não lidar desse modo
positivista. Chave da comprovação. Modos de pensar sobre o fenômeno humano. E
aí chega nesse lugar de para que serve a teoria.
Capítulo 2 –
A passagem para a cultura – não é natural ela mesma, ela não emerge da natureza,
não está inscrita na natureza. A cultura surge de alguma inflexão da vida natural.
A proibição do incesto: no limiar da cultura, na cultura (variante), e é a própria cultura.
A Regra das regras. Três linhagens que procuraram explicar a questão do incesto.
A primeira, a coisa da consanguinidade, endogamia. Não existe distância nenhuma
em relações consanguíneas em vários grupos, argumento genético, argumento sobre
a impossibilidade de todo mundo ter conhecimento genético disso (racionalização).
Segunda – psicológica e fisiológica – repulsa por relações demasiado próximas. Freud
(1913) – se não houvesse desejo, não seria necessário proibir. Elas são concebíveis,
pensáveis, desejáveis. Parcialmente interesse no Freud do LS. Terceira –
propriamente sociológica, durkheimiana – relaciona incesto e exogamia
(obrigatoriedade de casar fora do grupo de pertencimento). Exogamia clânica, de
metades, linguística. Durkheim – associa exogamia e proibição do incesto por um
caminho tortuoso e pouco convincente. Versão purificada da obrigação da exogamia,
que por sua vez seria resultado de crenças totêmicas, e coisas consanguíneas (a
coisa do animal totêmico, consubstancialidade e aí o sangue, e o sangue menstrual).
O sangue menstrual vai para outro lugar. Vai desenvolver essa coisa da exogamia,
mas por outro caminho.
Rubin – tentar ler. De 1975 – antropóloga feminista. Como ler a questão da troca de
mulheres.
Tendência humana à poligamia. (dos homens, diz LS). É preciso garantir a distribuição
e a circulação de gente.
A proibição do incesto – não importa pelo que ela proíbe, mas pelo que obriga: ao me
negar acesso a um certo campo de pessoas, me permite acesso a um
Famílias como entidades naturais que se ligam pela aliança, essa unidade artificial,
social. Sem presumir que a família precede a sociedade. Sem antecedência histórica
da família à sociedade. Uma máxima estruturalista importante – a relação é anterior
aos termos. A relação é mais importante.
A viscosidade específica dessa coisa que ele chama de família. (tendência natural:
dispersão e atomização). Aliança obriga a abrir. Promove coesão social.
Rubin: troca de mulheres como modo particular que certas sociedades concebem
relações de gênero. É uma forma, não A forma por excelência.
O social, tal como LS está falando aqui, ao pé da letra, a dominação das mulheres
pelos homens. Reifica aqui coisas. E aqui o fato etnográfico para o princípio universal.
É difícil.
LS está dizendo basicamente: o casamento é relacionar dois homens a partir da troca
de mulheres. Uma coisa é reconhecer que isso opera assim em alguns lugares, outra
coisa é generalizar isso para o todo.
Toda sociedade obriga casar fora de seu núcleo, e dentro de certo limite: toda é
endogâmica e exogâmica, nesse sentido (jogo de dentro, jogo de fora).
Suficientemente diferentes, suficientemente similares. Vai mostrar como isso é
relativo.
Clastres contesta a ideia do chefe polígamo como uma posição superior. Posição de
devedor – submeter o chefe. O casamento cria uma assimetria. A mulher é o bem
mais precioso, quem casou com a irmã de alguém, deve sempre pra esse irmão.
Ter muito é uma boa maneira de poder dar muito, e aí prestígio, fama, renome. Ter
influência. Ser generoso.
- a troca pela troca, mas é a troca como constituição de pessoas, mas também como
meio de cuidado. Os bens são submetidos às pessoas. A pessoa é o valor. Valor
máximo da mulher.
Fazer parente por aliança como modo mais estável, no limite, não é necessariamente
o caminho mais estável. Há treta.
A coisa tem dinâmica. O que se performa nos roles, aí que a coisa acontece mesmo.
O sonho indígena é o de não viver obrigado pela regra da reciprocidade
Performance