Você está na página 1de 32

Antropologia – Aula 1 (14/03)

• Logica do departamento de antropo - cronologia. Reflexão sobre o fazer


antropológico. Evolucionismo, Escola sociológica francesa. A. II - críticas ao
paradigma evolucionista que surge em idos de 1930. Os argonautas - instituição do
método etnográfico - experiência de campo, produto máximo desse saber.
• Antropologia cultural britânica (Antropologia II)
• Antropologia ...americana. Do que se trata? (Margaret Mead). Antropologia III -
decida-se a um autor: LS. Suplementarmente - autores para bagunçar, sofisticar.
• A IV - muitos autores

• Abordagem panorâmica, noção do campo.


• Nem todas as linhas contemporâneas lançam mão de LS. Sobre o qual vale a pena
se deter. Questão a se colocar: por que vale a pena lê-lo e sustentá-lo (pergunta)
• Se valer de sua potência, embeber-se, mas não precisa comprar tudo, endossá-la.
Coisas que eram vistas como suprassumo, agora em questão.
• Potência de pensamento de um homem branco colonialista.
• Antropologia começa mal - apresentando os evolucionistas. História da disciplina,
pais fundadores. Algo que germinou ali e deu margem a coisas interessantes.
Problemas da teoria evolucionista - racista. Germinado e que pode levar a outros
pensamentos.
• Pensamento indígena é ciência do concreto, produz filosofia - isso é LS. Visto como
sofisticado, hoje contestado. Mudança de perfil dos estudantes chegadas cotistas.
Transformando o pensamento.
• Roy Wagner, Latour - antropo IV
• Departamento onde há muitos levistraussiano. Trajetória intelectual que conflui com
da USP, o departamento de CS daqui. Quem trabalha com povos indígenas - neste
campo, não dá para passar incólume.
• Prestar reverência, com irreverência.

Antropologia na moda, na crista da onda. Crise climática que vem à público. Destaque
internacional, opinião pública. Figuras indígenas, intelectuais que emergem. Modo
como se ouve esses intelectuais, com referência, caudatário de LS: interesse nos
conhecimentos contra hegemônicos.
Trabalhou as duas grandes temáticas - mais sociológicas, teoria da sociedade que
funda o social; teorias da mentalidade - pensamento "primitivo". Fraser - fantasiou uma
história evolutiva das crenças da magia, pensamento religioso, para chegar a luz
máxima da ciência.
1) Qual o princípio sociológico de organização da sociedade - princípio fundante do
social. (parentesco)
2) O pensamento selvagem - mentalidades em causa.
--> o que dá coesão é a estrutura, o tal estruturalismo.
• Estruturalismo - um troço-paradigma que vingou em vários campos de pensamento.
Psicanálise, Linguística, Psicanálise. Espírito do tempo - ideia que surgiu e ficou
quente entre uma turma, e que vai dar um click nesse cara. Ferramenta teórica
potente. Ideia de estrutura que atravessa.
• Panorâmico sobre Lévi-Strauss.
• Sistema de parentesco e mitologia - método analítico que atravessa - associado ao
estruturalismo.

• Avaliação: duas provas escritas (burocrática).


• Programa - Mapeamento de contexto. Caráter autobiográfico - Tristes Trópicos. O
que a noção de estrutura ofereceu para ele.
• Quanta coisa cabe sobre esse nome. Como ela nasce a gente médio sabe, nasce
com aqueles caras querendo pensar sobre outras sociedades, outros modos de viver,
outras culturas. Objetos no balaio de gato evolucionista: os povos primitivos. Povos
muito diferentes - todos são não-ocidentais modernos. Não modernos. Há quem esteja
falando de direito grego, direito romano, melanésios e indígenas norte-americano -
Mauss
• Um campo de investigação sobre sociedades não-modernas. Nesse campo gigante,
formas de organização social (como se reconhecem como sociedade) - pensa
parentesco (é que não há Estado). Formas primitivas de religião.
• Surge como estudo de Outro. Segue sendo (pergunta). Mas desde 1930, limiares
mais fluidos. Escola de Chicago - método malinowskiano
• Método de pesquisa antropológica - desde muito, para pesquisar a sociedade do
pesquisador. Mas ainda assim, alguma alteridade se busca. O cara da escola de
Chicago - a gangue de garotos em Chicago.
• Surge como estudo da alteridade. Outros povos, outros grupos étnicos; ...
• Movimento de autoetnografia - alteridade colocada em cheque, sob mira. Desde idos
1980, mais recente aqui.
• Em questão: modos de organização social - princípios organizadores - regras
(codificadas, conjunto de costumes).
• Objetos diferentes: modos de pensar, organização social.
• Azandi - feitiços... quem fala desse grupo?
• Estudo do outro, com muitos objetos possíveis, muitos métodos...
• Parentesco como exemplo - formas de abordagem, muitos materiais diferentes e
formas de olhar.
• O que LS acha que vale a pena ser visto ou dito.
• Evolucionistas: Fraser - mentalidades, crenças, pensamentos; Morgan - estrutura
social. Mas compara sociedades diversas escalonando em linha evolutiva.
• "Formas elementares da vida religiosa" - Durkheim.
• Ideia de elementar está, mas não etapismo de chegada. O que é o essencial da vida
religiosa, o essencial da vida social. LS - é um francês - filósofo (não ciclo direto -
Durkheim e Mauss). Durkheim - pretensão grandiosa de síntese. Nesse livro - Deus
era a sociedade (isso). Mauss diferente - um erudito, dados vários, relato de viagem.
Funda os problemas da disciplina: noção de pessoa é diferente para cada sociedade
(culturalmente circunscrita). Questão culturalmente variada. Atenção para o corpo -
produzido culturalmente e socialmente. As técnicas moldam corpos. A troca - grande
ideia. "Ensaio sobre a dádiva" - não escreve a bíblia, um tratado, é um ensaio. Menos
pretensão totalizante.
• LS é herdeiro de Mauss. Elementar - de Durkheim - vai encontrar em LS. Mas apoia-
se muito na ideia da dádiva maussiana, estilo maussiano também. Tributário de.
• O que se busca: colocar na história; coerência interna (culturalista, de olho na
coesão, sistema funcional); o que (pergunta). O que interessa para LS, qual seu objeto
de investigação. O que o suscita esse autor (questões). - O QUE SE ATENTA
QUANDO SE OLHA PARA O OBJETO ANTROPOLÓGICO.
• Tradição - os mestres mais velhos. Malinowski e Boas - para Mauss criar o esboço
da teoria da dádiva - que é muito importante para a perspectiva de LS - teoria do
parentesco - questão relacionada à centralidade da troca.
• Aula 4 - Mauss; questão da troca.
• LS - pretensão de falar sobre o social, pretensão maior - pautar a sociedade humana.
Pensando a troca - homens trocam mulheres
• Segunda fase - fase de transição, momento menos sociológico. Década de 1960. As
estruturas elementares do parentesco - não tem muita ressonância na época. Bomba
na década de 1960 - cenário internacional. Antropologia Estrutural - dois volumes.
Dois livros importantes - dobradiças: Totemismo Hoje e Pensamento Selvagem -
virada no negócio estruturalista, virada de objeto. Construir uma crítica como todos os
autores antes dele estavam sendo tratado como totemismo... Paradigma analítico.
• A ciência do concreto - agora pode ser objeto de crítica. Interessa o modo como os
outros pensam, não apenas como eles vivem. Outro modo de pensar.
• As Mitológicas - lógicas que seguem por trás das narrativas míticas. Como vai pensar
mito - e de que modo os mitos são objetos em sua análise.
• O Cru e o Cozido - um desses. Mitologias ameríndias (7 livros).
• Viveiros de Castro - tradição intelectual de LS
• O que funda o social - o social precisa ser gerado a partir do não social - que vamos
chamar de natural. (questão fundamental).
• O que promove a passagem da natureza à cultura - como problema universal, da
espécie humana, que ele, um experto, vai achar uma saída.
• Ao estudar os mitos indígenas - percebe que essa passagem também é pensada por
outros povos, os indígenas. Isso é uma questão para eles também.
• Como extrair sentido delas - narrativas doidonas.
• Várias versões do LS.
• Mudanças no mundo acadêmico - cotas: mudanças... Incorporar textos de outros
pensadores.
• LS - não era exatamente um etnógrafo. Um erudito - mas produz coisas muito
potentes a partir dos ameríndios.
• Mito de quem - isso aqui é história --> mito é nome que branco dá para as narrativas
que os povos indígenas se contam. Não são menos reais. Questão do estatuto de
realidade.

AULA 2 – 21/03

- Autobiografia - esboço de figura (?). Marco fundamental: a passagem pelo Brasil.


Centralidade dessa experiência brasileira.
Único livro que pode ser concebido como registro etnográfico, no mais aporte teórico
para a Antropologia.
Vem ao Brasil em 1935 e fica até 1939.
- Sua versão de uma literatura popular à época - a literatura de viagem; relatos de
(gênero)
- Missão francesa: leva de intelectuais franceses que vieram ajudar a constituir a USP.
- NY - 1941 - Posto de pesquisa na fundação Rockfeller - mergulho na produção
etnológica norte-americana. Boas. Tese dele 1949 - As estruturas elementares do
parentesco.
- No início, interesse em etnografia - pesquisas com populações indígenas. Inserção
neste campo de estudos ameríndios.
- Sua contribuição deixa de ser para o campo da produção indígena americanista,
para o campo da etnografia, mas sim para a teoria antropológica geral.
- Papel do Tristes Tópicos: divulgação científica... caráter mais vendável, gênero
literário. Primeiro best-seller.
- Marca o enraizamento de seu pensamento à sua experiência brasileira - povos
indígenas sul-americanos. A partir de onde fala. As principais contribuições teóricas
até então ... outros lugares. Outros solos etnográficos: Melanésia, Polinésia, Austrália;
África. Produzindo as grandes teorias antropológicas até então. Inserção etnográfica
dos ameríndios.
- Solo etnográfico desde onde se produz a teoria. Enraizamento etnográfico.
- Insight para a teoria do parentesco - cena primal - evento que acompanha com os
Ambiquara.
- Interlocutores sobre os povos indígenas sul-americanos. Mas mais pontual.
- Atravessa toda a sua obra: pessimismo com relação ao seu próprio mundo. Primeira
guerra como marco no pensamento europeu pós-primeira guerra. Ambiente intelectual
particular nessa Europa - afeta o campo da criação. Reafirma o pessimismo com
relação à expansão europeia. Desconforto.
- O lixo do ocidente: produzido pelo (imperialismo) europeu.
- Idealização de encontrar uma forma pura - o povo sem corrupção. Tipo de viagem
colecionista - viajando e mapeando, medindo crânios - em voga, antropologia física:
relação entre costumes e morfologia física.
P. 39 - "eu gostaria de ter vivido no tempo das grandes viagens, quando se oferecia
em todo o seu esplendor um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito"
- Afirma que não há sociedade sem história. (Em Raça e História) - não há sociedade
criança, geral é muito antiga.
- Ele é um ranzinza, horrorizado com a "civilização" brasileira - com a elite. Não gosta
da baía da guanabara.

- Positivação da noção de primitivo. Depois troca por selvagem (discussão dessa


categoria).
- Interesse partilhado pelo primitivo, com os artistas surrealistas.

1936-37: (quais grupos?)


1938 - Ambiquaras e ... - aí o grande insight (sobre o incesto).

[Cap 6. Como se faz um etnógrafo?]

- Qual que é a dele com a Antropologia, seus entendimentos.


- Vai falar da Filosofia: forma de pensamento estéril, feito para dentro, que procede
por jogos retóricos, sem compromisso ou relação com o mundo lá fora. Sem
compromisso com a verdade: do que ele está falando? Valor instrumental que a
Filosofia tem em sua formação e no que vai fazer. Ele está interessado em olhar para
o mundo - só é possível pensar a partir do olhar para fora - não para si mesmo. Objetos
do mundo - os norte-americanos. Que estão olhando para o mundo.
- Vem para o Brasil: posição como diplomata intelectual - representante do cânone
francês da época (insurreição declarada para Durkheim). Para Durkheim - figuras
totêmicas são ideações cuja função social é mobilizar o coletivo, coletivo se reatualiza
em ato e ritual em torno dessas figuras sagradas. O que importa é essa refeitura
permanente. Desmascara Deus - deus é nada mais que nós, sociedade. Positivismo
durkheimiano - LS não quer ter nada a ver com as grandes sínteses que se afastam
dos solos etnográficos.
Se afasta de uma tradição durkheimiana, mas não integralmente.
Curiosamente, ele é visto como intelectualista, como alguém que abre caminho ao
entendimento da filosofia indígena.
Recusa ao sujeito universal - isso ele repudia. Não dá para tirar o mundo a partir de
mim mesmo.
Interessado em questões filosóficas - pensa o pensamento dos outros. Alteridade é
fundamental - é preciso ter um outro para olhar.
- Ambiente intelectual de interesse pelo primitivo (vide notação acima). Que é também
o interesse do inconsciente. Inconsciente como campo de investigação importante -
inclusive para pensar a violência e a (auto) destrutividade humano.
- Reflexão sobre o pesquisador e professor - fora-dentro, para pensar o etnólogo.
Romantiza em certa medida, da vocação - mas abertura radical à experiência do
Outro. *Busca por um deslocamento na escolha pela Antropologia.
- Brutalidade da experiência de campo; da profunda alteridade, implica deslocamento
existencial. Desconforto.
- Psicanálise como boa imagem para pensar antropologia. Freud - relação ambígua.
Discordância.
- Desejo de encontrar a lógica subjacente aos mitos, assemelha-se ao desejo de Freud
às voltas com o inconsciente. Crítica à ideia de lógico - pré-lógico. Para LS, é sempre
algo da ordem das relações lógicas, da ordem do intelecto. A treta passa por isso. Não
dá fé na pira de que tudo é sexualidade. Não há prevalência do sexual a qualquer
outro nível da experiência humana.
Totem e Tabu - Freud escreve uma bobagem sobre os indígenas - tinha lido os
etnólogos.
- Pensamento dele próprio como objeto. Eu olho para os modos de pensar dos outros
a partir do meu pensamento. Simetria. A análise é da mesma natureza do que ela
analisa. Concepção sobre. Procedimento de simetria. Foge do eu penso, e eles
fazem (a vida dos outros). Eu penso sobre o pensamento dos outros e os outros
também pensam e analisam nosotros. A gente analisa as análises do outro. Nosso
conhecimento é mediado por uma infinidade de coisas - corpo, experiência,
(só consigo conhecer algo dos trombriandeses conversando com eles, eu tenho
acesso à análise deles, o que eles fornecem, suas concepções). Começa a oferecer
Seu objeto de interesse não são modos de existir, organizações sociais, sistemas;
mas sim modo de conceber o mundo que os outros fazem. Abre caminho para algo
mais contemporânea - virada ontológica na antropologia. Conhecer o mundo.
- Geologia: a própria imagem do conhecimento - a partir da paisagem, algo mais
imediato, à vista, desordem. Aparente desordem, mas dá qual pode se encontrar
nexos lógicos. O que se condensa ali (na chave do dilema aparência - essência, diz
Marina - mas precisaria pensar um pouco mais).
- Geologia como para tirar um sentido primeiro. Princípio lógico fundante, mas que só
conseguimos observar a imagem deformada (as dobras, curvas, camadas
sobrepostas).
- A estrutura como LS entende não pode ser confundida com a estrutura social dos
funcionalistas britânicos. Posições sociais - papéis sociais. Mapeável e tal.
- Estrutura social - não é composta por papéis sociais, é uma estrutura lógica, de
relações. Ele é um leitor do Boas e da escola boasiana; autores dos anos 1920 e 1930
- crítica aos evolucionistas, metodológica: comparação desenfreada de fragmentos de
culturas). Incomparabilidade. Incomensuráveis. Mas há em certas regiões do mundo.
Está interessado na difusão cultural. Regiões que partilham práticas e talz - circulação
e difusão cultural. Área cultural - que há trânsito de pessoas, conhecimentos e
práticas. Boas - investiu nos trânsitos, mapeamento disso. Abordagem
levisstraussiana - se interessa em entender como os conhecimentos transitam. Por
que as histórias são contadas diferentes em cada lugar? O importante é a estrutura
lógica.
- Princípio fundante e variantes do princípio. Todas as manifestações visíveis de um
dado fenômeno é atualização de um mesmo princípio - há isso se relaciona a noção
de estrutura. Análise antropológica, para ele, como se permitisse atingir uma
inteligibilidade mais densa (ao estilo da geologia).
- Marx: modelo.
- Afirma o interesse empírico, é importante o olhar o outro. Mas quer é construir o
modelo. A antropo não se volta à descrição do fenômeno - crítica à fenomenologia -
mas a depuração do modelo ...
- Duas correntes filosóficas da época, que ele tinha zebra: Fenomenologia
(continuidade entre a experiência e o real - o real subjacente, implícito, o real é de
uma ordem lógica). Muito abstrato o que ele busca no empírico. O real, a verdade -
nisso ele não chega (essa sua meta). Existencialismo - o pressuposto do sujeito
universal, o pressuposto que os meus problemas universais são estendíveis aos
problemas existenciais da rápa.
- Combina Marx, psicanálise e geologia.
- Está falando de estrutura.
- Intangibilidade, impalpabilidade da noção de estrutura.
- Bebe-se em Boas - comparatismo, relações. Não está interessado na coerência
interna de um grupo, mas é sempre de vários. Ideia de transformação.
- Ideia de um elementar durkheimiano - nesse sentido, LS. Mas não os mesmos
objetos, da mesma maneira, partindo das mesmas sínteses. Outro modo de proceder
- lidar com massa gigantesca de dados, com paciência e minúcia boasiana. Sem
pressa de concluir.
- Programa de estudo: chato, mas apresentando sua ideia.

- Quais as questões que estava às voltas quando começa a produzir.


- Nas estruturas do parentesco, constrói um modelo. Segue se entendendo fiel à
estrutura - muda ao largo da vida o modo de proceder o estruturalismo.
- "se embriagava de espaço e seu olhar maravilhado media a riqueza e a variedade
de objetos" (57)

Antropologia como conhecimento situado - discussão atual. LS não se debruça sobre


as condições do observador, não diz disso. Abre caminho para questões atuais e bem
pensadas.
- Conhecimento parcial. Não de revelação.

- Relação entre psicanálise e antropologia: problemática. Diferença entre eu ir lá


buscar alguém (relação de confiança, transferência, autoridade) e um povo indígena
que cagou para
Verdade a ser revelada - verdade que interessa a mim e que o psicanalista está me
ajudando. LS entender que o antropólogo revela algo dos povos indígenas estudados.
Revelar algo que é inconsciente para esses sujeitos, inacessível para essas pessoas.
É ruim comparar antropólogo e psicanalista.
O discurso do analista é da mesma ordem do analisado.

- Possui um universal também: a estrutura (que graças, ele nunca encontrou). Mas
seria sim um universal.

Aula 3 – 28/03

Bastide (1958) - mapeia o conceito. Polissêmico. Sem síntese resolutiva - noção


usada em sentidos distintos. Algumas principais. Conceito vinha sendo usado a um
tempo. Como entra nas CS, via biologia, dimensão arquitetônica.
Uso disseminado do termo. Queridinho.
Duas linhagens - derivas que mapeia.
- Uma mais empirista - usa para descrever uma realidade concreta. Como se
observada na prática. Algo que é da ordem do real - encontrada no mundo tal e qual.
- Outra mais modelar (LS nessa linha; diz que de Marx que tira a compreensão que a
função social das CS é criar modelos). Modelo passível de ser usado para
compreender fenômenos.

Benevides - um linguista. O que é uma abordagem estrutural da linguagem. Por que


focar a linguística?

(Colóquio promovido pela ONU - Seminário internacional - prestígio do conceito).


Aparato conceitual mais bem amarrado - produção sobre o social mais relevante.

Antropo na voga agora: questão ambiental trazendo a rebote novas questões sobre
velhos temas (indígenas). Questões de negritude. Gênero em novos termos.

O texto do LS ajuda para entender isso. Prefácio de livro do Jacobson - legado de


Saussure.
* Descobre a noção de estrutura ouvindo o curso de Jacobson em NY. Vai pensar a
estrutura ao modo dos linguistas - se apropria de um modo de pensar e se apropriar
da noção de estrutura. Transformações que promove no estruturalismo.

Em 1958 - Antropologia Estrutural é publicado (reúne textos mais basilares de LS


sobre estruturalismo). Cronologia: 42, 43 - curso do Jacobson. Em 1945 - análise
estrutural da linguística (construindo seu programa e apontando a centralidade da
linguística em seu pensamento). Em 1949 - Material a prova na máquina estrutural
(material sobre o parentesco). Em 1952 - a noção de estrutura em Etnologia *** Para
quem quiser sacar estrutura em LS. (texto mais pesado).

Distinção (inclusive por LS).


* Antropologia: Modo de conhecimento sobre o antropos, sobre o humano. As
estruturas elementares do parentesco - ordem antropológica (falando sobre a
humanidade, a origem da sociedade).
* Etnologia: nível de abstração acima, comparativa. A etnologia americanista, p.ex.
Campo de estudos. Ainda sobre o étnico.
* Etnografia: a escrita sobre um grupo étnico; paradigma malinowskiano, escrito
etnográfico (para Europa do s. XX, todo mundo era étnico, menos eles, que eram os
humanos universais. Hoje, o Ocidente que pensa a Antropologia, reconhecimento de
que também é étnico - um olhar sobre o mundo...). Um contexto social, cultural,
delimitado - o texto sobre.

Esse 'antropos' está em questão. Pega mal essa narrativa de estou falando sobre
humanidade. Campo do conhecimento que é um grande guarda-chuva.
Compartilhamento de alguns autores, de teorias. Na FR - a palavra etnologia é em
certa medida intercambiável com Antropologia. No Br, convencionou que etnologia diz
respeito a estudos indígenas. Alguns que estudam de grupos quilombolas e
ribeirinhas, se dizem etnólogo - campo de discussão comum.

Perpetuação da lógica do 'nós' e 'eles'. A Etnologia estuda os Outros, enquanto a


Antropologia - as várias variações de nós
Discussão atual sobre o objeto de Antropologia. A questão foi sendo cada vez menos:
o que é o homem, a cultura, a sociedade, seus funcionamentos. O que é o homem
sob o prisma do grupo tal. Como os talz entendem sociedade? Aproxima a
Antropologia da Etnografia. Mas aí é uma discussão que outros trazem: não dá para
dizer que se reduz a Etnografia. Viveiros de Castro - a tarefa da Antropologia é trazer
outras Antropologias - concepção sobre o que é humano, cosmos, natureza, ...
Entender que o humano é outra coisa, totalmente outra, fica um pouco esdrúxula a
questão de "o humano" - atomiza.

Clastres -
Disciplina que se constitui da grande divisão nós e eles. Na hora que coloca em
prática, é forma de supurar essa cisão.

Estar a fim de se balançar - antropólogo - disposição à exposição. Balançar certezas.


Etnografia - uma pesquisa, um contexto etnográfico. Etnologia - um campo de
pesquisas (diálogo, várias pesquisas, abstração).

Volta à Estrutura

Bastide: ao se deparar com o termo - preocupa em situar o termo. Nem toda a


estrutura é a mesma, nem usada do mesmo jeito.
Acepção arquitetônica - surgimento do termo meio nessa chave. Expansão de
sentidos. Metáfora boa.

Linhagem: Estrutural funcionalismo britânico - Radcliffe-Brown.

Para todos os camaradas (LS, R-B, Boas) - saída do paradigma histórico, recusa da
explicação histórica. Estrutura como saída aqui. Determinado contexto social - explicar
a estrutura social que compõe a realidade (explicar não é botar na história ou
historicizar).
Outra compreensão do que seja explicar: para a CS, para a Linguística.

- Bastide de novo:
Estrutura social como organismo social

(IT 1 - Spencer - Dkeim - R-B) - "naturalista”, diz Bastide


Boas: olhar para o contexto social e pensá-lo em termos de sua coerência interna.
Relação entre aquelas partes. Ideia forte de que a sociedade é um organismo - tudo
funciona em prol daquele organismo, de sua reprodução. Metáfora orgânica.

(IT 2 - Morgan - L-S) - sistemas.

--> Corrente mais empirista: a estrutura social bororo - p.ex.


--> Corrente mais como modelo, imagens: a que LS vai pensar - não pode ser descrita
a partir de um objeto empírico. Não está ali para ser escrita. Comparativista. Nível
etnológico.
P. 8 - dois sentidos gerais:

1) o que faz da estrutura uma definição do objeto


2) o que faz dela umaa construção conformadora do objeto - A de LS.
LS - não é o núcleo do objeto, mas, pelo contrário, "o sistema de

Entender a estrutura ajuda a prever mudanças, reconfigurações, rearranjos. "Sistema


de relações latente no objeto, os mesmos sistemas de relações, ou pelo menos, as
leis de passagem de um a outro poderiam ser encontrados em objetos bastante
diferentes; deste modo, "conseguir-se-ia eliminar as divisões de disciplinasafins. é o
que ele tenta em estruturas elementares do parentesco, entre fatos etnográficos e os
fatos psicológicos, finalmente, na Antropo Estrutural, entre fatos etnográficos,
sociológicos, econômicos, estéticos e religiosos..."

- Tudo seria atualização de uma coisa latente, subjacente...


- humanista nesse sentido: sistemas simbólicos que possuem regras estruturais.

p. 9 - "em suma, todas as estruturas se reduziriam para LS as estruturas mentais - pq


elas nada mais seriam que "modalidades temporais de leis universai em que consiste
a atividade inconsciente do espírito".

Palavras que partilham do cosmos da estrutura: organização social, sistema,


sincrônico...

Linguística:

- Saussure: menor parte significativa da língua - o fonema. Leis subjacentes - está na


mente da sociedade, regras implícitas. Todos os níveis estão no mesmo nível - partes
da língua - jogo de oposição - jogo de xadrez -

Fonema: mínima unidade de sentido. Ó, Ô. Sons que podemos usar para significar
coisas diferentes. Em pguês, posso mobilizar essa diferença.
Não há uma relação de sentidos do ó com vó, mãe e o escambau.
Valor diferencial de Ó e Ô - relação diferencial que tem entre si -
Entender uma língua não é entender a história de sua constituição. Olhar para língua
como um sistema integrado - cujo funcionamento depende da relação entre as partes.
O valor de um fonema se estabelece na relação com os outros - naquilo que não é.
A estrutura consiste nas relações diferenciais que
Ideia de mesa não liga ao som mesa. A coisa mesa só pode ser pensada em oposição
pelo que é não-mesa.

A língua não é pensamento - a língua enforma o pensamento, mas não é pensamento.


(confundia-se língua com pensamento).

Não escrever história - também os estruturalistas não querem. Escrever todo um todo
integrado. Escrito e entendido no nível de relação entre seus termos.

Compreender as relações que unem os sons para entender a língua, mas une
separando, diferenciando. Língua como um todo solidário. Solidariedade sincrônica
entre as partes - precisa fazer sentido agora. Leis invariadas por trás dessa variedade.

Benevides: Dois princípios: língua é forma - relações formais; unidades da língua só


podem ser definidas considerando suas relações. LS - Ideia que não abandona: O
sentido emerge das relações diferencias em qualquer nível que seja. O sentido
pressupõe a diferença.

O termo estruturalismo só aparece na década de 1930.

Ideia de que é possível comparar sistemas - tipos de relações que se repetem (leis
das estruturas dos sistemas fonológicos) - formas que aparecem em todas as línguas.

--não tem o sentido da totalidade orgânica. É em um nível mais abstrato.


- Organização social - princípios estruturais
- Em todos os sistemas de parentescos conhecidos: há um tipo de relação que é
proibido - o incesto - que varia em tipo.
É a-histórica? Não contempla a História. Sair da diacronia e apostar na diacronia.
Implica em recusar a História. (queria que desenvolvesse isso).

[Questões: LS não curte a hermenêutica e a fenomenologia?]

Texto LS - prefácio do Jacobson

* LS - estilo de campo mais antigo, pré-malinovskiano - colecionista, museográfico -


do dele.
- A estrutura em LS nunca é relacionada a um contexto etnográfico.
- Princípios estruturais - comparar sistemas (emerge da análise comparativa de
fenômenos diferentes). (há o insight com os ambiquara, mas aqui não se trata disso).
- A sua atravessa sociedades inteiras. Tem um humano pressuposto.
- Apostar que o sentido emerge das relações diferenciais. Dimensão inconsciente.
- Ao olhar a sociedade, não precisa o grupo ter consciência da regra do incesto.

(interessa-o como os mitos pensam a si mesmos - as transformações...).


A noção da estrutura pressupõe a transformação. Mas não transformação alheatória,
mas regida por regras latentes que incidem sobre essa transformação.

Flerte com um cognitivismo organicista (linhagem francesa).

Aula 4 – 10/04

Ensaio sobre a Dádiva – introdução e duas primeiras partes do ensaio sobre a


dádiva.
Comentários des colegues:
• “Poclat” – ritual específico de algum lugar que o Mauss usa como uma espécie
de tipo ideal weberiano? Modelo?
• Por que ler Mauss no contexto do curso?
• O capítulo do Kopenawa – lê-los juntos. Correlações. Facilita o entendimento
do Ensaio sobre a Dádiva.
• Cerimônia que envolve um/o fato social total – tentando exemplificar.
• Pegada evolucionista.
• Trobriandeses: reciprocidade entre marido e esposa?

A queda do céu: Trabalho de qualidade etnográfica. Acessar o jeito de pensar do


Kopenawa. Em seu lugar de poder, em plena potência de expressão. Desconforto em
se valer da escrita para quem se constitui como pensador no regime da oralidade.
Densidade do pensamento. Relato de sua experiência e sua interpretação ao
pensamento napë.

Mauss – autor caro a LS.


O primeiro a perceber e delinear como problema antropológico. Interessado em um
universal. Há um indígena sulamericano – Kopenawa – contemporânea, cagando pro
universal, confirma alguma universalidade do que aquele camará francês há cem anos
estava escrevendo. Ler outro estilo, outra forma. O que permanece nisso.
Melanesios, trombriandeses – universo do Mauss.
O ocidente moderno, contemporâneo do autor, um mundo em que resquícios da
dádiva ainda podia ser visto. Presente no direito antigo – hindu, romano (a dádiva).
Investe na ideia de que a lógica do dom segue operante na contemporaneidade, mas
que ela foi sobreposta por outra lógica (mercantilismo, e também individualismo).
Lógicas distintas. Essa
Lógica mercantil, individualista, do interesse, da necessidade – se hegemônica, não
faz desaparecer. Nós temos o que eles tinham (residual, subsiste) – essa lógica
coletivista.

Outro universo. Expor-nos à.

Nós e eles - em Mauss, nós fomos o que eles são. Ainda subsiste. O que há de
parecido e que em nós está se perdendo.
Relação de nós e ele, é de outra natureza. Alteridade radical. Não está interessado
em o que temos de parecido.

O que Mauss quer com esse texto? Caráter aberto. Desbravou campos e temas de
pesquisa. Diferentes épocas e sociedades, concebem de forma diferente o que é uma
pessoa. Não dá para lidar com o campo antropológico, sem pensar o que é uma
pessoa. Concepção psicológica da pessoa é uma concepção moderna, recente. Texto
de noção de pessoa – central, basilar, lança programa de pesquisa. Mas é um esboço,
mal acabado.

Dádiva – texto mais bem acabado. Consegue delinear muito bem a questão – esse
objeto de pesquisa. Se é ou não um universal, é uma questão mais datada – que não
é mais muito central na antropologia
Os Argonautas do Pacífico Ocidental – Malinovski (1922). Mauss incorpora muito
rapidamente. Esse é o mais completo trabalho publicado. Etnografia imensa –
densidade etnográfica. Kula como objeto (troca de colares por bracelete que segue
regime circular) – mas todo um sistema de trocas que acontece entre um monte de
gente e coisa imensa em um monte de lugar. O melhor exemplo;
Vida trombrian – vida de dar e receber. Que se organiza na lógica da troca, que é
dado em forma de dádiva, mas exige retorno.
Importância do trabalho do Malinovski no trampo do Mauss.

Mauss explora determinados campos etnográficos: povos do Pacífico (todos) –


civilização do Pacífico? É possível pensar em termos de difusão cultural? Ele cagou
para isso. É possível, mas não interessa à Mauss (questão mais tipicamente
boasiana). Interesse mais propriamente antropológico: chegar em algo do humano.
Valor sociológico geral – entender o momento da evolução social. Interesse para a
história – entender a nossa própria sociedade. “sociedades que precederam as
nossas”. Procedimento evolucionista não é o caso de Mauss: situar historicamente
sociedades escalodanamente (modos de existência, tecnologias...). Em Mauss, um
pouco distinto. Sem a linha evolutiva. Ideia de sobrevivência, permanência – sentido
de uma essência, princípio essencial que subsiste. Ideia de algo essencial que está
sendo identificado.

O texto dele:

Se o direito contemporâneo distingue coisas e pessoas – direito de propriedade e


direito de / sobre pessoas. Confusão entre coisas e pessoas. Não é muito clara (não
era). E é entre a gente.

“Dispêndio nobre”
Voltar ao arcaico, ao elementar. Retorno de valores. Em que o social e não o indivíduo
é valorizado. Troca que promove “trens” coletivos. Princípio mesmo da vida social
moral. Pedra de toque do direito. Elementar. Moral eterna.

Começa o Ensaio sobre a Dádiva – estava interessado nas formas primitivas do direito
(direitos e deveres sobre coisas e pessoas). Esse é o horizonte de partida. Mas chega
em outro canto – a pedra fundamental que é onde vai tocar LS.

Ele não está encaixando todos os povos em uma linha evolutiva. Ainda que haja algo
de evolucionista. Atirou no direito e chegou no social: porque é da ordem do princípio
do social (isso que ele chega). Essa é a herança maussiana para LS.

Prefácio LS (1950) – a influência de Mauss na etnologia francesa (textos poucos


difundidos, mais suas aulas e discípulos). LS – não discípulo direto. Dívida com o
pensamento de Mauss. Como LS leu o Mauss: uma criticazinha – deteve-se a beira
de imensas possibilidades. Passagem decisiva que não transpôs Mauss... A troca
denominador comum de ...
Ideia de fato social total – não são fatos departamentais, atravessa todos os campos
e domínios da vida (não o econômico, a religiosidade, o parentesco, mas perpassa
tudo...). Troca denominador comum de um pá de atividades sociais que perpassam
aquele grupo.
O Kula do Malinosvki – para falar de um sistema de trocas, tem que falar de tudo...
(de parentesco, de sistema ritual, de modo de produção e os caralho).
É impossível recortar da vida social sem reconhecer todas as dimensões).
Para Mauss – todos os domínios da vida social (fato social total)...
Teoria do “row” – as coisas tem espírito... (Mauss – ponto de partida).

“Mas essa troca, ele não reconhece nos fatos... fala do dar, receber e retribuir.”
A troca a totalidade; Dar, receber, retribuir – os fragmentos.

Pode-se provar que nas coisas trocadas, há uma virtude... LS questiona se essa
virtude existe como propriedade física dos objetos? Para ele, não existe –
evidentemente... Mauss pega o role maori do row – pega isso e torna teoria geral – o
reciprocar, a obrigatoriedade. LS – nem tudo que se troca é coisa, entender o que se
troca subjetivamente.

O ponto da crítica: não é caso daqueles casos em que o etnólogo os deixa mistificar
pelo indígena? É uma teoria, neozelandesa, importante, com valor... mas não teoria
universal. O row não é a razão última da troca, é a forma consciente (inconsciente)
em que uma sociedade vive e formula esse role da troca. Mauss, para LS, ficou preso
em uma teoria indígena. A teoria neozelandesa que era a que melhor explicava a
obrigação de retribuir.

Concepção de antropologia de 1950. As teorias indígenas são massa, mas é só maori.


Não pode dar conta de um fenômeno que atravessa todos esses contextos (LS acha
isso).

Mauss parte do row. Regime da dádiva em que as coisas são dadas de modo
aparentemente desinteressada, mas que tem que ser retribuído. Confusão entre
coisas e pessoas. As coisas não valem em si mesmas.

LS – necessidade inconsciente, mais abstrata, mais geral. Tá afim de salvar o


pensamento indígena da pecha de ilógico. Para ele, esse papo de confusão entre
coisa e pessoa é mística demais. Esses povos: aposta da racionalidade (própria e dos
outros). Aposta na racionalidade dos outros.

LS – é o cara da lógica classificatória. Tudo que é da ordem da confusão... não é a


praia dele. (a coisa da linguagem: é preciso haver corte, diferença, valores diferenciais
atribuídos aos elementos para que possa produzir valores diferentes – a coisa do
fonema: palavras diferentes porque fonemas soam diferentes).

O que LS recusa no Mauss é muito interessante (Marina acha). Acha interessante


pensar hoje. LS é um cara das ciências, convicto nisso. Queria a teoria geral mais
pura. Racionalista convicto – tudo para ele é um sistema de signos (coisa da
linguagem). E que a gente faz é decifrar.
O universal – a partir dos 1960, vai sendo abandonado. Vai mudando o rumo, o foco.
Conduz a outra forma de pensar o ... Geertz é um exemplo disso. Um desenvestimento
na coisa do universal. Geertz – antropologia e contexto.

O Ensaio sobre a Dádiva:

• [A palavra xamã vingou. Veio da Sibéria. Tomar um termo de língua indigena e


torná-lo um conceito genérico, transcende-o de seu contexto para mencionar
algo que aparece, de modo semelhante, em vários contextos. Pajé também.
Potled – não colo].
• Potled – prestações totais – troca envolvendo coletividades (não indivíduos).
Coletividades que se reúnem e se associam através da troca. Morfologia social
relacionada ao sistema de trocas (interligado).
• Dimensão agonística da troca – há competição. Dar como modo de construir
honra. A liderança exige generosidade (não existe chefe que não seja
generoso). Ser dadivoso, ser respeitado. O potled – expressão maximizada
disso (coisa de vida ou morte, violência, exagero). Nome genérico que seria
potled. Os termos (nem agonístico, nem potled) não colaram.
• Dar um nome para isso que viu em vários lugares como algo recorrente em
vários contextos, conotações de lei geral. (o que eu ganho em dar um nome
indígena para algo que vejo em diferentes contextos?).
• Potled – relacionado a costa noroeste norte-americana. Ritual. Violência e talz.
Destruir é bem particular em relação a Polinésia e Melanésia. Mas atina que a
coisas comuns: as coisas tem nome, vontade,
• Imbricação coisa-pessoa. A personitude das coisas. As pessoas são meio que
constituídas pelas coisas e as coisas também informadas pelas pessoas.
• Kula – malinovskiana – TECNOLOGIA DE INFLUÊNCIAS (estética, mágica).
Sedução. INFLUÊNCIA. Afetar o outro, mas não de maneira direta –
procedimentos de ordem estética. A coisa de encantamentos.
• Discussão importante: CONTRA A IDEIA DE UMA ECONOMIA NATURAL. São
tudo menos regidos pela necessidade individual, não tem a ver com
sobrevivência. O motivo primeiro não é necessidade, não se trata de
subsistência (ter o que comer, coisas para construir sua casa). O motivo
associa-se ao urdir coletivos – rede complexa. Rede de crédito, juros. Sistemas
que importa as relações constituídas no tempo. DÍVIDA é relação. Contra a
ideia do hommo economicus – essa figura não existe. A forma primitiva da troca
é altamente sofisticada e complexa.
• “economia amorfa e desinteressada (na Austrália, no leste estadunidense) –
chinfrim. E a nossa – inventada lá nos gregos, com mercado, essa coisa e tal.
Essa racionalidade econômica é invenção. (Mas ele cai em uma noção de
necessidade econômica meio esquisita).
• Relação entre troca e guerra: obrigação de retribuir, obrigação de dar e receber
– exemplifica, mas não explica. Não pode recusar algo recebido. Reconhece a
obrigação – (LS queria essa explicação, e não pode ser a teoria nativa, mas
tem que haver uma motivação inconsciente que é inerente ao humano – algo
de ordem inconsciente, não o inconsciente de cada um). Malinowski situa no
indivíduo – necessidades individuais da troca. Necessidades inconscientes não
reveladas.
• Texto do LS – “Eficácia Simbólica” – sobre relação entre ritual de cura xamânica
e o trabalho do psicanalista. Pensa a ideia de inconsciente não como um
receptáculo de conteúdos... como estrutura, estruturante... para pensar o que
é a estrutura em LS. Não está em lugar nenhum. Matriz estruturante. Estar no
mundo é significar.
• Como é a coisa da linguagem para LS?

Menção ao Clastres: chefes sem poder coercitivo. O chefe como doador de palavras.
Discursos cerimoniais. (mas Marina acha que doa mais que palavras). Questão de
mediador. Não tanto no sentido do cara que tem algo (???)

Aula 05 - 18/04/2023

A primeira vez que está cruzando o método estrutural para lidar com o problema do
incesto.
Capítulos iniciais sobre natureza e cultura em uma obra dedicada ao parentesco.
Olhar para o parentesco como modo de entender a passagem de natureza e cultura.
Debate velho. Relação com a distinção sociedade com e sem Estado. Sociedades que
não se organizam pela lógica do Estado Nação e seu regime identitário.
Organização social relacionada ao parentesco. Divisão social do trabalho e todo o
resto – tudo organizado pelo parentesco. Grande matriz de organização social da
sociedade sem Estado. Lógica evolucionista – o Estado depois. O princípio do social
– mirá-lo seria uma possibilidade a partir dessas sociedades ditas primitivas. Olhar
para o parentesco seria olhar para a fundação do social.
Projeto ambicioso – falar sobre esse princípio do social.
Capítulos que preparam o terreno para a tese dele. Anunciação.
- Prefácio do livro – procede de maneira inversa – apresenta o objeto e o objetivo do
livro. “Entendemos como estruturas elementares do parentesco...
Monta uma árvore genealógica, e explica as diferentes expectativas – posições
classificatórias (aplicação do sistema ocidental para traduzir um sistema de
parentesco indígena). Geral pode ser parente cruzado ou paralelo. Menos a
verdadeira genealogia do que um sistema de nomear. Negociação de expectativas.
Classificar as pessoas da sua geração como primos paralelos e cruzados define o
horizonte de namoro. Todo o mundo pode ser dividido entre parentes que posso ou
não casar, e também expectativas de cuidado, de troca. As pessoas sabem quais são
seus parentes próximos, nas relações mais distantes é mais negociável as relações.
Os amigos formais – sobrecodificação de alianças... em relação mais distante.

Quem a gente reconhece como pais e avós – diz respeito a quem você irá cuidar. Há
adultos cuidando de velhos e crianças.

“Entendemos por estruturas elementares do parentesco (objeto analítico que ele


desenha), os sistemas nos quais a nomenclatura permite determinar imediatamente o
ciclo de parentes (consanguíneo) e de aliados (ou afins; pessoas as quais me associo
através do casamento). Isto é, um sistema que prescrevem o casamento com um certo
tipo de parente. A expressão corresponde portanto à casamento preferencial. O objeto
fundamental deste livro é ... conjunto de elementos ...”

Sistemas prescritivos – positivos. Não apenas com quem a gente não pode, mas com
quem eu tenho que. Nosso sistema é de regra negativa, não é prescritivo. (Interdito
de fato – zona cinzenta - ).

Termo parente – pode estar querendo dizer universo dos consanguíneos ou do


conjunto de parentes e afins. Estatuto ambíguo.
Elementares – mais simples porque distingue o mundo em casáveis e não casáveis.
Essência, cerne da questão.

Sistemas complexos – trocas econômicas que se instauram em torno do casamento.


Sistemas fundados em sistema de riqueza, ou nos sistemas baseados na livre escolha
(como o nosso) – estruturas complexas. Opera por regra negativa.
- não existe estrutura absolutamente elementar. O sistema é prescritivo na medida em
que determina uma classe, mas não um indivíduo. Conjunto vasto de gente. Alguma
liberdade de escolha.
- nenhuma estrutura complexa tampouco pressupõe role totalmente livre. Não só
quem não pode casar, mas também outros elementos atravessam as escolhas (várias
inflexões incidem sobre a escolha, inclusive no nível do desejo).

“Introdução a uma teoria geral do sistema de parentesco”. A escolha da publicação é


motivada por pensar seu estudo como completo, pois trata do princípio geral de toda
estrutura de parentesco.

Dois capítulos conceituais. Nos capítulos seguintes, destrincha sua ideia. Depois,
analisa três grandes sistemas: China, Austrália e ...

Busca uma lei geral do parentesco, que é, por sua vez, uma lei geral da sociedade em
geral. Nesta obra, tomado pelo problema do social. Discernir sentido lógico...”
Ao avançar, vai perceber que os povos indígenas também estão pensando isso.

Epígrafe do Tyler. E é dedicado ao Morgan (o evolucionista que é tido como pai do


sistema de parentesco, é ele que saca esse role do classificatório). Como os parentes
são classificados por um lado: termos, atitudes (expectativas de, de acordo com a
posição de parentesco) etc. Em síntese, parentesco: sistema terminológico, sistema
de atitude, regras de casamento (tríade – temas obrigatórios em estudo de
parentesco). Parentesco incide sobre produção, política, economia.

Morgan – organização da massa de informações, que encaixa tudo em uma linha


evolutiva. Há uma forma final (a família monogâmica). O grande ponto de inflexão na
história é o desenvolvimento da noção de propriedade privada (agricultura, série de
atividades produtivas, com excedente – cria a questão de hereditariedade). Dado
momento da evolução tecnológica que deu margem à propriedade privada, e esta a
questão da hereditariedade. E aí o parentesco. A necessidade de definir o caminho
da herança é o que ele acha que faz surgir a coisa do parentesco.
O legado evolucionista subsiste de formas insidiosas. Ideia de que haveria um
caminho inexorável para as coisas. Como se houvesse um direcionamento obrigatório
a uma sociedade estratificada. As condições materiais levam um caminho que é nosso
– esse é o pensamento evolucionista. Escolha de vida em pequena escala. Recusa
do poder coercitivo. A ideia do Morgan associando agricultura, revolução tecnológica,
criação de propriedade – fala de um certo mundo, mas não de todos os mundos.
Clastres – questionamento do raciocínio evolucionista. Não é que não conseguiram
desenvolver o Estado. Não quiseram...
A questão essencial do Morgan é a filiação – determinação do pertencimento ao
grupo. O LS faz uma inversão radical – não é a linearidade, não é a transmissão da
herança – é... Virada no estudo de parentesco. Teoria da aliança (É LS).

- Qualidades de chefia: Generosidade, paciência, comedimento na fala

"relações jocosas” – texto... piadas e sacanagens como atitudes prescritas para certas
relações de parentesco.

Os capítulos propriamente dito (1 e 2):


- não é possível pensar a humanidade fora do social. Princípio do social em operação.
A passagem da natureza e cultura como um método. Não existe homem que não seja
social – (regularidade, regra, ausência de uma determinação exclusivamente institual).
Não pode ser historicamente determinada essa passagem. Não é determinar
historicamente. Mas determinar logicamente. Não pode ser encarado historicamente:
o que é o princípio lógico do social é que é a questão? Pensar isso como questão de
lógica.
- A questão das crianças selvagens (pergunta: o que seria a natureza humana longe
da sociedade? Pergunta que acha que LS não faz sentido). Na verdade, para ele não
dá para aprender nada – pq ser humano é social, não tem para onde voltar (somos
animais sociais). Ponto de não retorno.
A excepcionalidade humana é que está em questão.
- Isso está em questão na antropologia e na biologia. A excepcionalidade humana:
discurso bíblico. Essa atitude diante do mundo é destrutiva. Relação entre a catástrofe
vivida e essa crença de nossa condição no mundo.
Para os povos indígenas, não existe isso. Todos os seres são sociais. Dentro da
biologia, uma turma que vem pensando coisas que colocam em cheque a coisa da
excepcionalidade humana.
O que ele está chamando de um sistema social – Chipanzé. Não há norma.
Versatilidade em seu comportamento. Reações inesperadas diante das situações
(liderança, comportamento sexual). Ausência de regra.
- Metafísica ocidental básica: natureza una, culturas diversas. Todo mundo come,
como come é cultura (qual dieta, segundo quais regras). Ai ele apresenta a proibição
do incesto. Isso não é ele que propõe. Já está em discussão há tempos sobre a
proibição. Totem e tabu como exemplo. É particular e universal: todo mundo proibido
o incesto, mas como é essa proibição varia.

- Ideia senso comum de que o incesto é uma questão genética. É uma etnovisão. Uma
crença nossa. E LS bate nisso. A coisa do Japão Antigo – casar com a irmã mais nova
e não com a mais velha, nunquinha.
- Tá aí algo que a sociologia não pode tratar, ele contesta.
- É uma boa teoria para pensar o social – questões que nos colocamos. Mas para que
serve? Jeito de se relacionar com a teoria. Situar, contextualizar. Útil para pensar
algumas coisas. Passível de diálogo com outros interlocutores.
- Marx como etnógrafo do klismo.
- Como procedem as ciências humanas? Deslocamento de problemas, mais que
acumulação ...
- Entender a questão que ele está colocando. Quais as premissas, o que está implícito.
Que ele usa como base para construir o problema que irá resolver.
- Louis Dumont –“teorias da descendência vs. Teoria da aliança”. Comentador.
Organiza o cenário.
-Depois disso, estudos do parentesco, guinada radical: uma figura lá que diz que
também é um sistema étnico (o parentesco). Usamos o role genealógico como
construção genética, da verdade. Mas no limite é uma visão de mundo, uma
perspectiva de um grupo étnico. Essa coisa que a gente usa para traduzir outros
esquemas. Usos políticos do saber antropológico – essa questão vai ganhando relevo
na antropologia.
- comprovação não é o lance da antropologia. Usá-las, quando servir.
- a coisa mais difícil de cultivar no encontro com as CS é não lidar desse modo
positivista. Chave da comprovação. Modos de pensar sobre o fenômeno humano. E
aí chega nesse lugar de para que serve a teoria.

Capítulo 2 –

Regulação da vida sexual – se mais um fenômeno que está na cultura e na natureza,


por que tão especial?
É pré-social – universalidade (dado do humano, antes da distinção dos humanos).
Tipo de relações: é propriamente instintiva. Se impõe como necessidade aos
indivíduos ...
Diálogo com Freud e psicanálise. A relação sexual entra no universo do instinto, mas
é um determinante da ação do homem no mundo. O desejo não pode ser vinculado à
regra. A vida sexual está aquém e além do social – aquém pq é própria do indivíduo,
escapa as dimensão da regra (o desejo), tem a ver com instito. Além – pq ligada à
reprodução da espécie. Prenúncio da vida social – a necessidade sexual é um instinto
que requer o outro (o único). Me impulsiona ao outro. Discurso psicanalítico. No campo
dos instintos naturais, que se inscreve a dimensão social – é por princípio, social. Algo
que é propriamente humano. Algo que é propriamente social.

A passagem para a cultura – não é natural ela mesma, ela não emerge da natureza,
não está inscrita na natureza. A cultura surge de alguma inflexão da vida natural.
A proibição do incesto: no limiar da cultura, na cultura (variante), e é a própria cultura.
A Regra das regras. Três linhagens que procuraram explicar a questão do incesto.
A primeira, a coisa da consanguinidade, endogamia. Não existe distância nenhuma
em relações consanguíneas em vários grupos, argumento genético, argumento sobre
a impossibilidade de todo mundo ter conhecimento genético disso (racionalização).
Segunda – psicológica e fisiológica – repulsa por relações demasiado próximas. Freud
(1913) – se não houvesse desejo, não seria necessário proibir. Elas são concebíveis,
pensáveis, desejáveis. Parcialmente interesse no Freud do LS. Terceira –
propriamente sociológica, durkheimiana – relaciona incesto e exogamia
(obrigatoriedade de casar fora do grupo de pertencimento). Exogamia clânica, de
metades, linguística. Durkheim – associa exogamia e proibição do incesto por um
caminho tortuoso e pouco convincente. Versão purificada da obrigação da exogamia,
que por sua vez seria resultado de crenças totêmicas, e coisas consanguíneas (a
coisa do animal totêmico, consubstancialidade e aí o sangue, e o sangue menstrual).
O sangue menstrual vai para outro lugar. Vai desenvolver essa coisa da exogamia,
mas por outro caminho.

Aula 25/04 – Antropologia III

As estruturas elementares do parentesco – capítulo 3, 4, 5... (1949)

Rubin – tentar ler. De 1975 – antropóloga feminista. Como ler a questão da troca de
mulheres.

Questão metodológica – um modelo de antropologia sendo posto em prática. Parte


conceitual – até o capítulo X. Segunda e terceira parte – análise de três sistemas de
parentesco com trocas elementares: Austrália, Índia do Sul e ...

Caráter abstratão. Projeto universalista – os fenômenos do humano. Não é muito o


regime que estamos acostumados hoje. Estranha-se. Extrapolações teóricas
atualmente na Antropologia → opera em outro registro, que não é o de recolher ou
manipular um monte de fragmentos não é em busca do universal. Não se quer a
síntese que extrai o comum de todos os casos e chega na verdade do humano. Como
a Antropologia procede agora? (a busca de um comum no campo da diversidade). O
que é a teoria antropológica hoje? (ofende a sensibilidade antropológica
contemporânea – alguns).

1922 – “Os Argonautas” - apresentação sistemática e defesa do método etnográfica.


Dados com densidade para produzir verdades universais.

Criação de um objeto analítico – criou um conceito para dar conta de um conjunto de


diferentes sistemas que vai reunir sobre a rubrica do “sistema elementar de
parentesco”. Por que esse livro começa com a passagem da natureza e da cultura?
Está atrás do problema universal da passagem da natureza à cultura – responder isso
a partir dos sistemas de parentesco.

O que define o humano – a existência de regras (socialmente estabelecidas). O


universo da regra. Determinar logicamente. Há uma regra que é a regra instituinte: a
que institui o social. Que é o fundamento lógico.

Capítulo 2 – discussão sobre a proibição do incesto – caráter particular e geral. Ponto


de articulação: levanta hipótese – a regulação da vida sexual. Não a regulação da vida
alimentar: se essa também é universal e particular. O argumento é que o instinto
sexual é o campo privilegiado do social – satisfação individual, da espécie, e também
sempre obrigatoriamente envolve o outro. (isso não está posto claramente no livro,
mas Marina formula).

Por que a proibição do incesto é o princípio de passagem do natural e social?

Estudos de parentesco – linhas: filiação – hereditariedade (Morgan – determinação da


herança); sistemas de classificação de parentes (nome mesmo); sistema de atitude;
questões de pertencimentos; sistemas de aliança.
(para ilustrar: Sociedade unilinear – eu tenho mãe e pai, mas eu pertenço a uma delas
– um dos grupos. Matrilinear ou unilinear. Concepções sobre pertencimento grupal.)
Sistema de aliança é “com quem eu posso me casar e com quem eu não posso”.
Quem me é interditado.

Parentesco pode querer dizer uma infinidade de coisas. Consanguinidade, filiação,


afinidade/aliança (parentes por casamento)...
Parentesco classificatório.

Parentesco real – genético. A PI incide sobre relações sociais.

O campo da filiação – hereditariedade - genética: determinação biológica →


indeterminação. Com relação a isso, não há o que fazer. De quem você é filho, c’est
la vie (natural). Mas com quem você pode se casar, o social tem gerência:
determinação.

A espécie só existe na medida em que nos reproduzimos. É preciso aliança para


reprodução, mas essa: ingerência nossa.

Aliança – arbitrária e necessária. Campo de incidência do social.

Por que neste campo a cultura se afirma sobre a natureza?

A proibição do incesto como intervenção – controle da distribuição das mulheres.

Sociedades que se organizam segundo a divisão sexual do trabalho, que a unidade


produtiva é conjugal: a refeição completa necessita do par conjugal. Onde não tem
mulher não há comida. Sociedades que explicitamente fazem relação entre as
mulheres e a comida. [ressalva: Rubin acha que não dá para generalizar – há casos
em que faz sentido, está presente nas narrativas do grupo (expressam nesses
termos); outros que não explicitado, mas dá para se valer; em outros, não se sustenta).

A mulher é recurso escasso não quantitativamente (há mulheres e mulheres). O fato


da troca – pode ser de pessoas. Em causa, a qualidade da troca.
As mulheres como o bem mais valioso - não é na chave do exótico. Produto escasso
- como parceiras nessa célula produtiva que é a célula conjugal, mas no fundo é para
além disso. A CIRCULAÇÃO DE PESSOAS NO FUNDO DA CIRCULAÇÃO DAS
COISAS. O casamento é o evento privilegiado de circulação de pessoas e coisas.
Circuito de transações que é posto em jogo pela circulação de pessoas. A distribuição
do boi. Proibição é instituída como modo de garantir e fundar a troca.

Dar é garantir que vai receber: reciprocidade.

A sociedade – entidade que opera para a sua auto-reprodução. Bem imaginação


sociológica. Role durkheimiano. A sociedade quer que todo mundo tenha par. O que
a proibição do incesto institui é a circulação de pessoas, a reciprocidade e a troca.
Imaginação sociológica meio partilhada entre a gente. (indivíduo e a sociedade é algo
que precisa ser formada dessa reunião de indivíduos que foram sendo socializados,
mas que é algo mais que a sociedade).
Pressuposto: a sociedade que existe enquanto tal, que opera com lógica própria em
função de sua reprodução.

Hobbesiano – Hobbes sem estado. (argumentação nessa chave).

Controle da circulação de pessoas – Intervenção.


A circulação de dom – as coisas existem para circular, diz Davi.

Tendência humana à poligamia. (dos homens, diz LS). É preciso garantir a distribuição
e a circulação de gente.

A proibição do incesto – não importa pelo que ela proíbe, mas pelo que obriga: ao me
negar acesso a um certo campo de pessoas, me permite acesso a um

A proibição do incesto obriga a saída desse campo atomístico da família em direção


à sociedade. Sociedade é aquilo que se instaura quando as famílias se abrem para
relacionar com os outros. Se abrir para outras famílias. E se abrir de modo estável,
mais que o dom

Famílias como entidades naturais que se ligam pela aliança, essa unidade artificial,
social. Sem presumir que a família precede a sociedade. Sem antecedência histórica
da família à sociedade. Uma máxima estruturalista importante – a relação é anterior
aos termos. A relação é mais importante.
A viscosidade específica dessa coisa que ele chama de família. (tendência natural:
dispersão e atomização). Aliança obriga a abrir. Promove coesão social.

Rubin: troca de mulheres como modo particular que certas sociedades concebem
relações de gênero. É uma forma, não A forma por excelência.
O social, tal como LS está falando aqui, ao pé da letra, a dominação das mulheres
pelos homens. Reifica aqui coisas. E aqui o fato etnográfico para o princípio universal.
É difícil.
LS está dizendo basicamente: o casamento é relacionar dois homens a partir da troca
de mulheres. Uma coisa é reconhecer que isso opera assim em alguns lugares, outra
coisa é generalizar isso para o todo.

Endogamia verdadeira ou relacional:


- A regra negativa tem uma fase positiva. Nesse sentido, toda a sociedade é
exogâmica porque precisa casar fora (do grupo). Organização positiva a partir da
regra negativa. A nossa, a regra mínima: com quem não pode, todo o geral é liberado.

Todas também são endogâmicas – nunca é radicalmente alheatória. No mínimo, ser


humano. Mas o que isso significa varia muito. De clã, linguística, de aldeia...
Os também organizado por classe: a classe dos primos cruzados – não formam um
grupo (é definida em relação a um ego de referência). Como classe, definem
positivamente o que é possível.
Equipara grupos à classe
Primo cruzado (ainda assim, circunscrito)

Toda sociedade obriga casar fora de seu núcleo, e dentro de certo limite: toda é
endogâmica e exogâmica, nesse sentido (jogo de dentro, jogo de fora).
Suficientemente diferentes, suficientemente similares. Vai mostrar como isso é
relativo.

A endogamia “verdadeira” – os limites dos casáveis


A endogamia relacional – aquelas tidas como exogâmicas mais classicamente.

Raça e história – etnocentrismo como coisa de toda sociedade.

Saber que proibir uma coisa, é obrigar a outra.

91 – A proibição do uso sexual da filha ou da irmã obriga a dar em casamento a filha


ou a irmã a um outro homem e, ao mesmo tempo, cria um direito sobre a filha ou irmã
desse outro homem. Assim, todas as estipulações negativas da proibição têm uma
compensação positiva. A proibição equivale a uma obrigação, e a renúncia abre
caminho a uma reinvindicação

Clastres contesta a ideia do chefe polígamo como uma posição superior. Posição de
devedor – submeter o chefe. O casamento cria uma assimetria. A mulher é o bem
mais precioso, quem casou com a irmã de alguém, deve sempre pra esse irmão.

Na troca, algo mais do que coisas trocadas.


O que a troca faz é instituir relações. E é isso que importa na troca. A guerra – troca
mal sucedida. A aliança é uma troca bem resolvida. Oposição entre guerra e troca.
Oposição entre guerra e aliança. Aliança é o oposto da guerra.
As coisas relacionam pessoas.

O Kula – sistema sofisticado.

Há trocas que alimentam. As trocas intermediam muita coisa.


Regimes de reciprocidade – regime do dom.
Sistemas de prestígio e de liderança – também constituídas nesse regime.

Ter muito é uma boa maneira de poder dar muito, e aí prestígio, fama, renome. Ter
influência. Ser generoso.
- a troca pela troca, mas é a troca como constituição de pessoas, mas também como
meio de cuidado. Os bens são submetidos às pessoas. A pessoa é o valor. Valor
máximo da mulher.

Movimentos indígenas de mulheres – reivindicação de espaço. Há aquelas que falam


machismo em suas sociedades.

Fazer parente por aliança como modo mais estável, no limite, não é necessariamente
o caminho mais estável. Há treta.
A coisa tem dinâmica. O que se performa nos roles, aí que a coisa acontece mesmo.
O sonho indígena é o de não viver obrigado pela regra da reciprocidade
Performance

Você também pode gostar