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As finalidades e funções do Estado..............................................................................................

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As finalidades Estaduais e a sua progressão histórica..................................................................3
Caraterísticas das funções do estado.......................................................................................3
Os vários critérios atinentes aos tipos de funções Estaduais.......................................................4
A Teoria de Kelsen........................................................................................................................4
Teoria que efetua a distinção com base num critério formal.......................................................4
Teoria que efetua a distinção com base num critério material....................................................4
Caraterização das funções do Estado de acordo com o critério material.....................................4
As funções do Estado face á atual CRP.........................................................................................5
A lei em sentido formal e em sentido material............................................................................5
O princípio da tipicidade dos atos legislativos..............................................................................6
Competência legislativa da Assembleia da República..................................................................6
CATEGORIAS DE LEIS APROVADA PELA Assembleia da República................................................7
Fases do processo legislativo.......................................................................................................9
A competência legislativa do Governo.......................................................................................10
Competência legislativa que as Regiões Autónomas..................................................................10
O veto do Presidente da República e do Ministro da República.................................................11
O primado da competência legislativa da Assembleia da República..........................................11
Sistemas de Governo e Partidos Políticos..................................................................................11
Sistema de Governo democrático..............................................................................................12
O regime político........................................................................................................................14
O princípio democrático e a sua caraterização...........................................................................15
O princípio democrático e a sua concretização constitucional...................................................15
O princípio democrático e o direito sufragista...........................................................................15
A democracia semidirecta e o seu princípio inerente................................................................15
O sistema eleitoral na/e a CRP...................................................................................................16
O princípio democrático e o sistema de partidos.......................................................................16
Liberdade externa dos partidos políticos...................................................................................16
Sistemas e Regimes Económicos e Políticos: a sua conceção constitucional.............................17
Os modos de fiscalização da Constitucionalidade......................................................................17
O Tribunal Constitucional assume ainda o papel.......................................................................19
Fontes Escritas...........................................................................................................................20
O direito originário.............................................................................................................20
Direito derivado.................................................................................................................20
Fontes Obrigatórias............................................................................................................20
Fontes não obrigatórias......................................................................................................21
O direito complementar dos tratados....................................................................................21
Fontes Externas......................................................................................................................22
Acordos concluídos pela União com países terceiros.........................................................22
Acordos concluídos pelos Estados Membros com países terceiros ou organizações
internacionais.....................................................................................................................22
Tratados concluídos pelos Estados Membros entre si........................................................22
Fontes não escritas.............................................................................................................22
LIBERDADES DE CIRCULAÇÃO.....................................................................................................22
Liberdade de circulação de mercadorias................................................................................22
Liberdade de circulação de pessoas.......................................................................................23
Liberdade de prestação de serviços.......................................................................................23
O Direito de Estabelecimento e a livre prestação de serviços................................................24
Liberdade de circulação de capitais........................................................................................24
Restrições às liberdades de circulação...................................................................................25
Restrições ao exercício de determinadas atividades..............................................................25
A liberdade de circulação de trabalhadores, o direito de estabelecimento e a livre prestação
de serviços..............................................................................................................................25
AS COMPETÊNCIAS DA UNIÃO EUROPEIA..............................................................................26
Competências da União Europeia para concluir acordos internacionais............................26
Relações entre as competências dos Estados Membros e as competências da UE................26

As finalidades e funções do Estado


Os fins estaduais são os objetivos que o Estado visa atingir sendo eles a segurança, a
justiça e o bem-estar social e económico.

Deste modo, a segurança traduz duas realidades distintas, ou seja, pode ser entendida
no sentido de segurança individual e/ou no sentido de segurança coletiva. Assim, a segurança
individual, encontra-se prevista nos artigos 9º b) e c) e 27º ambos da Constituição da República
Portuguesa, à frente denominada por CRP, ora, a segurança individual pressupõem que cada
cidadão deve saber com o que pode contar dentro das fronteiras do Estado. Posteriormente, a
segurança coletiva, encontra-se prevista no artigo 9º a) da CRP, e, esta pressupõem a defesa
da coletividade face ao exterior.

A justiça é outra finalidade estadual. Ora, a justiça traduz-se na ideia de que o Estado
tem a obrigação de proteger a comunidade do arbítrio e da violência individual e deve e deve
satisfazer a ideologia de justiça. Assim, a justiça assume duas perspetivas diferentes, a justiça
comutativa e a justiça distributiva. A justiça comutativa, pressupõem que o Estado assuma o
dever de garantir aos indivíduos que, nas suas relações recíprocas, cada um receba o
equivalente ao que prestou a outrem, ou seja, o Estado tem a obrigação de garantir entre os
cidadãos a equivalência dos valores permutados. Exemplos da atuação do Estado, no sentido
de atingir a justiça comutativa, encontram-se plasmados no Código Civil nomeadamente nos
artigos 282º, 443º, 994º e 1889º. Por outro lado, a justiça distributiva, expressa que cada
cidadão deve receber da comunidade os proventos equivalentes à atividade produtiva que
exerce a título permanente ou o equivalente à situação social de carência em que se encontra.
Neste sentido o Estado atua, por exemplo, através da atribuição de abono de família,
reformas, subsídios, entre outros.

Por fim, o bem-estar económico e social é a última finalidade assumida pelo Estado, encontra-
se prevista no artigo 9º d) que nos remete, entre muitos, para o artigo 66º, ambos CRP. Assim,
nesta finalidade o Estado deve fomentar as condições de vida dos cidadãos, através da
garantia de acesso a bens e serviços havidos como fundamentais pela sociedade, como bens
económicos, que possibilitam a elevação do nível de vida de extratos sociais cada vez mais
amplos e serviços essenciais, como a educação, a saúde, entre outros. Ou seja, refere-se à
prestação de serviços públicos.

As finalidades Estaduais e a sua progressão histórica


Segundo os ensinamentos de Maria Manuela Magalhães Silva e de Dora Resende
Alves, o Estado de Direito Liberal encontra-se caraterizado pelo abstencionismo e capitalismo
concorrencial, no que se refere ao ponto de vista económico, e pelo regime demoliberal, em
termos políticos, a primeira finalidade do Estado é a segurança. Posteriormente, o Estado
Social e Democrático de Direito retrata a passagem do capitalismo concorrencial para o
capitalismo monopolista e para o intervencionismo, passando a dar-se prevalência à finalidade
da justiça, nas suas duas realidades distintas, quer seja comutativa, quer seja distributiva,
tratando-se agora de uma justiça em sentido material, ou seja, é mais relevante a igualdade de
situações económicas e sociais ou pelo menos a igualdade de oportunidades para conquistá-
las, do que a mera igualdade de direitos e deveres. Sendo assim, compete ao Estado a criação
de estruturas que se destinam à defesa dos direitos económicos, sociais e culturais, para além
dos direitos civis e políticos. Por fim, nos Estados Socialistas era dada prevalência aos fins de
justiça e bem-estar económico e social, o que podiam conduzir a uma burocratização excessiva
do poder político e excessiva intromissão na vida íntima dos cidadãos, devido à falta de
respeito pelos direitos civis e políticos.

Caraterísticas das funções do estado


As funções do Estado serão as atividades levadas a cabo pelos órgãos do poder
político, com vista à realização dos objetivos consagrados na CRP. Assim, cada órgão realiza um
conjunto de atos dependentes ou independentes dos atos de outros órgãos, mas tendo como
objetivo primordial a persecução de fins comuns. Ora as funções do Estado apresentam duas
caraterísticas essenciais o cariz específico e diferenciado e o cariz duradouro. Deste modo, a
primeira resulta dos efeitos que os atos produzem, da tramitação que exigem e dos órgãos de
onde emanam (elementos materiais, orgânicos, formais). Posteriormente no cariz duradouro
os atos prolongam-se indefinidamente, embora se possam desdobrar em atos localizados no
tempo e envolvendo pessoas e situações diferentes.

Os vários critérios atinentes aos tipos de funções Estaduais


Segundo os ensinamentos de Marcello Caetano, utilizam-se três critérios para definir
as atividades que correspondem ás funções do Estado.

O critério material parte da análise do conteúdo dos variados tipos de atos ou dos
resultados em que se projeta a atuação Estadual para alcançar o conceito de função, ou seja,
incide sobre o conteúdo das normas propriamente ditas. O critério formal atende às
circunstâncias exteriores caraterísticas das atividades Estaduais distinguindo as funções de
acordo com a forma externa revestida pelo desempenho de cada uma daquelas, ou seja, incide
sobre a forma da norma jurídica (lei, decreto de lei, entre outros). Por fim, o critério orgânico
relaciona as funções com os órgãos que as exercem e as caraterísticas desses órgãos ou da sua
posição na estrutura do poder político compreende a especialidade das suas tarefas, ou seja,
incide sobre quem emana os atos (Assembleia da República, Assembleias Legislativas
regionais, e assim por diante).

Em jeito de conclusão, tendo como referência os critérios referidos, surgiram algumas


teorias sobre as funções estaduais nomeadamente a teoria de Kelsen, a teoria que efetua a
distinção com base num critério formal e a teoria que efetua a distinção com base num critério
material.

A Teoria de Kelsen
Constituição/ Direito Internacional/ Leis e Decretos de Leis/ Decretos Regulamentares/
Decretos Regulamentares Regionais/ Princípios Específicos do Direito/ Princípios Gerais do
Direito. (livro página 141)

Teoria que efetua a distinção com base num critério formal


(livro página 142)

Teoria que efetua a distinção com base num critério material


(livro página 143)

Caraterização das funções do Estado de acordo com o critério material


Segundo os ensinamentos do Professor Afonso Queiró, este faz a caracterização das
funções do Estado segundo o critério material, ou seja, atende ao conteúdo dos atos.

Assim, o Estado desenvolve várias funções, a função política ou governamental, que


depende exclusivamente da Constituição. Assim, a função política ou governamental abarca
atos que não estão sujeitos a apreciação contenciosa, trata-se de atos de direção política que
definem as grandes opções da nação. Posteriormente, a função legislativa, atualmente
consagrada no artigo 112º nº1 da CRP, traduz-se num ato de vontade prévia e define uma
disciplina inovadora que depois virá a ser efetivada, ora é de referir que a função legislativa
concretiza a Constituição, e, esta função é realizada sob a forma de atos legislativos, sujeitos
apenas à fiscalização da sua constitucionalidade e não sujeita ao recurso contencioso. Além do
mais, a função judicial (atualmente denominada por jurisdicional) visa a resolução de um
conflito de pretensões entre duas ou mais pessoas, encontra-se, assim, subordinada ao direito
e impede os conflitos de interesses através de órgãos independentes, imparciais e passivos.
Ora, os atos praticados no âmbito desta função, são passiveis de recurso contencioso. De outro
modo, a função administrativa visa a execução das leis e por vezes da Constituição tendo em
vista a satisfação das necessidades coletivas, por parte de órgãos independentes a quem foi
conferida a iniciativa e a parcialidade, ainda assim, a atividade administrativa encontra-se
subordinada à lei, devido ao princípio da legalidade, atualmente, plasmado no artigo 266º nº2
da CRP.

Dado o exposto, todos os Estados desenvolvem, sobre tudo, as quatro funções atrás
referidas, assim, podemos referir que as funções do Estado, segundo um critério material, são
as atividades desenvolvidas por parte dos órgãos que pertencem ao poder político com a
finalidade de atingir os objetivos previstos na Constituição. Por fim, a função política ou
governamental, só chegou a Portugal através da caracterização de Afonso Queiró.
As funções do Estado face á atual CRP
As funções do Estado na CRP estão atribuídas a diferentes órgãos, mas num sentido de
interdependência, de acordo com o artigo 11º da CRP com o epígrafo “Separação e
Independência”. Assim, as várias funções devem ser atribuídas no essencial a um determinado
órgão, mas podendo ser também exercidas por outros, havendo assim um balanço ou controlo
das funções com o fim de impedir um superpoder, que consequentemente, incorre em abusos
e desvios de poder. Ora, a CRP alude à função política no seu artigo 197º “Competência
política”, função esta que cabe ao Presidente da República, á Assembleia da República, ao
Governo e a órgãos das Regiões Autónomas. Posteriormente, a função administrativa, está
consagrada nos artigos 199º “Competência administrativa” e 227º “Poderes das regiões
autónomas”, ambos da CRP, função esta que compete ao Governo, (órgão superior da
Administração Pública), aos Órgãos das Regiões Autónomas e às Autarquias Locais. Por outro
lado, a função legislativa, consiste na criação do Direito, e, encontra-se plasmada nos artigos
161º “Competência política e legislativa”, 164º “Reserva absoluta de competência legislativa”,
165º “Reserva relativa de competência legislativa”, 198º “Competência legislativa” e 227º
“Poderes das regiões autónomas”, todos da CRP. Assim, a função legislativa cabe à Assembleia
da República, que tem o primado da competência legislativa consagrado no artigo 161ºc) da
CRP, ao Governo, e às Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas. Por fim, a função
jurisdicional, está consagrada no artigo 202º da CRP, com o epigrafo “Função jurisdicional”,
esta função é independente de todas as outras, e, esta que cabe exclusivamente aos Tribunais.

A lei em sentido formal e em sentido material


Segundo os ensinamentos de Marcello Caetano, a lei entendida em sentido formal
serão todos os atos emanados pelos órgãos legislativos, segundo o processo
constitucionalmente previsto na criação de leis, ou seja, esta qualificação é feita através do
processo de feitura e da forma constitucional prevista. Encontramos fragmentos da
consagração da lei em sentido formal no artigo 112º número 1 da CRP. Posteriormente,
segundo os ensinamentos de Jorge Miranda, a lei em sentido material são todas as disposições
que, independentemente da sua forma, revestem o caráter de norma jurídica, ou seja, um
caráter geral, abstrato e inovador, que contenham uma disciplina nova, introduzindo, assim
um novo preceito no ordenamento jurídico. Encontramos fragmentos da consagração da lei
em sentido formal no artigo 18º nº 3 da CRP. Por fim, é de referir que de acordo com os
ensinamentos de Maria Manuela Magalhães Silva e Dora Resende Alves, poderá existir uma
coincidência entre a lei entendida em sentido formal e a lei entendida em sentido material,
mas esta coincidência também pode não haver, pois a forma da lei pode não corresponder a
um conteúdo normativo, como é o caso das leis medida, individuais, da mesma forma que
pode haver regulamentos que podem constituir materialmente uma lei, por exemplo, os
regulamentos independentes.

O princípio da tipicidade dos atos legislativos


A nossa Constituição não contém uma definição de lei em sentido material, ou seja,
limita-se a indicar quais os atos que são considerados como lei em sentido formal e quais os
atos que são formalmente considerados como atos legislativos. Ora, a CRP, consagra o
princípio da tipicidade dos atos legislativos, isto é, os atos legislativos encontram-se referidos
no artigo 112º nº 1 da CRP e apenas estes são os atos formalmente considerados como atos
legislativos, de acordo com o artigo 112 nº6 da CRP são as Leis, os decretos de leis e decretos
legislativos regionais. Assim, os órgãos com competência legislativa, são respetivamente: a
Assembleia da República (alínea c) com competência genérica, artigo 161.º da CRP), o Governo
(n.º 2, do artigo 198.º da CRP que também beneficia de competência legislativa genérica), e
por fim as Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas (artigo 232.º, nº1 da CRP com uma
competência limitada territorial e materialmente).

Contudo, a Constituição não se opõem a que atos legislativos que tenham um


conteúdo individual e concreto, uma vez que não compreende uma definição de lei em sentido
material, mas, é de referir que encontramos um fragmento da consagração em sentido
material no artigo 18º número 3 da CRP.

Competência legislativa da Assembleia da República


A Assembleia da República tem uma competência legislativa genérica, ou seja, pode
legislar sobre todas as matérias, artigo 161º, alínea c) da CRP, tendo apenas uma exceção, ou
seja, não pode legislar sobre matérias da competência exclusiva do Governo, dado que apenas
existe uma matéria que é da exclusividade do Governo, consagrada no artigo 198º nº 2 da CRP,
que diz respeito á sua organização e respetivo funcionamento. Posteriormente, a Assembleia
da República apresenta uma grande variedade de matérias que são da sua exclusiva
competência, artigo 164º e 165º da CRP.

Ora, de todas as matérias que a Assembleia da República pode legislar, determinadas


matérias fazem parte da competência legislativa exclusiva é da Assembleia da República, são-
lhe reservadas as matérias que são da reserva de competência legislativa da Assembleia da
República, relevando, assim os artigos 161º a) a h), 164º e 165º da CRP. Posteriormente, no
que se refere à reserva absoluta, ou seja, apenas a Assembleia da República pode legislar
sobre essas matérias, encontra-se prevista nos artigos 161.º e 164.º, ambos da CRP. Contudo,
a reserva relativa da Assembleia da República, o quer dizer que tanto pode ser a Assembleia da
República a legislar sobre essas matérias como pode ser o Governo se a Assembleia da
República o autorizar para tal. É de referir, que apenas pode ser o Governo porque vigora o
princípio das autorizações legislativas, artigo 111 nº2 da CRP, e estas autorizações são dadas
em forma de lei, releva aqui o artigo 161 d) da CRP, autorizando assim o Governo a aprovar
decretos de lei sobre as matérias em questão, artigo 198º nº1 da CRP. No entanto, na
competência concorrente qualquer um dos órgãos pode legislar sobre as matérias e vigora o
princípio lei posterior que revoga lei transata em tudo o que lhe for contrária, dado que nesse
âmbito, Lei e Decreto de Lei têm o mesmo valor, artigo 112.º, n.º 2. 1.ª parte, da CRP. Por fim,
a Assembleia da República ainda é dotada de competência legislativa indireta, que é aquela
que a Assembleia da República exerce quando aprova leis nas quais não vai criar de modo
direto o regime jurídico de certa matéria, mas cujo objetivo é autorizar o Governo ou as
Assembleias Legislativas Regionais a legislar sobre determinada matéria, nos moldes definidos
no artigo 161.º, d) e e) da CRP. Efetivamente, trata-se de situações das leis de autorização
legislativa que a Assembleia da República aprova e que autorizam o Governo a legislar acerca
de matéria da reserva relativa da Assembleia da República, prevista no artigo 161.º, d) da CRP,
ou autorizam as Assembleias Legislativas Regionais a legislar acerca de matérias de interesse
específico para as Regiões e em sentido inverso ao disposto em leis gerais da República, artigo
161.º, e), da CRP é de relevar que este artigo deve ser lido em consonância com o artigo 227º
nº1 e o artigo 112º nº4 ambos da CRP.

CATEGORIAS DE LEIS APROVADA PELA Assembleia da República


A CRP refere-se ás leis constitucionais desde logo artigo 119.º, n.º 1, a), da CRP, mas, também
se encontram leis constitucionais no artigo 166.º, n.º 1, da CRP. Ora, da conjugação destas
normas constitucionais podemos concluir que no sistema português as normas constitucionais
são aquelas que se identificam com as leis de revisão da CRP, ou seja, só se assumem como leis
constitucionais aquelas que determinam alterações á Constituição. Todas as outras leis
emanadas pela Assembleia da República são denominadas por leis ordinárias, artigo 166º nº3
da CRP. Ora, é de notar que o legislador ordinário não pode atribuir essa forma às normas que
na sua ótica versam sobre matéria com dignidade constitucional. Com tudo, todas as leis têm
de respeitar a Constituição sob pena de inconstitucionalidade.

Dentro das Leis ordinárias podemos diferenciar as Leis ordinárias comuns e as Leis ordinárias
reforçadas são também leis ordinárias, que se encontram hierarquicamente abaixo da
Constituição e têm de a respeitar sob pena de inconstitucionalidade, mas por diversas razões
estas são superiores às demais leis ordinárias inserindo-se entre estas últimas e a CRP.

Como espécie de Leis Ordinárias Reforçadas, encontramos as leis ordinárias reforçadas de


alcance geral, ou seja, são aquelas que se impõem a todos os restantes atos legislativos e que
são as leis estatuárias e as leis orgânicas, segundo os ensinamentos de José Joaquim Gomes
Canotilho as leis estatuárias são as que se referem às leis da Assembleia da República que
procedem à aprovação do estatuto político-administrativo de cada Região Autónoma, artigo
161.º, b), da CRP, ora, tais estatutos têm um processo de elaboração distinto do das restantes
leis da Assembleia da República, artigo 228.º da CRP. Assim, a iniciativa compete às
Assembleias Legislativas Regionais, que devem enviar os projetos para discussão e aprovação
na Assembleia da República, se a Assembleia da República pretender rejeitar o projeto ou
introduzir-lhe modificações, deve enviá-lo novamente à respetiva Assembleia Legislativa
Regional para que esta emita o seu parecer, parecer este que não é vinculativo. De seguida, a
Assembleia da República decide de modo definitivo, através da elaboração de uma nova
discussão e de uma deliberação final, podendo mesmo esta caminhar em sentido contrário à
vontade da Assembleia Regional. Posteriormente, as leis orgânicas de acordo com o artigo
166º, nº2 da CRP, são as leis da Assembleia da República que versam as matérias previstas nos
artigos 164º, alínea a) a f) e h), j), primeira parte da alínea l), q) e t), e no artigo 255º da CRP,
isto é, são da competência exclusiva de reserva absoluta da Assembleia da República. Ora, é de
referir que as leis orgânicas têm algumas particularidades na sua formação, previstas no artigo
168º nº 4, a aprovação na especialidade tem de ser feita pelo Plenário da Assembleia da
República; A aprovação final global tem de ser feita por maioria dos deputados em efetividade
de funções, artigo 168º nº 5; Em caso de veto político do Presidente da República sobre uma
lei orgânica, para a Assembleia da República superar este veto tem de a reprovar por maioria
de 2/3 dos deputados presentes desde que superior à maioria absoluta dos deputados em
efetividade de funções, artigo 136º nº3; A fiscalização preventiva da constitucionalidade de
uma lei orgânica pode ser solicitada pelo Tribunal Constitucional não só pelo Presidente da
República, como pelo Primeiro Ministro e 1/5 dos deputados, artigo 278º nº4, todos os artigos
referido pertencem à CRP. Ora, nos artigos 112 nº3, 280º nº2 a) e 281º nº1 b), todos da,
encontramos o fundamento constitucional das leis orgânicas como leis de valor reforçado.

As leis ordinárias reforçadas de alcance limitados são as leis da Assembleia da República que
tem carater supralegislativo, mas apenas em relação a certos atos legislativos e que são as leis
de bases, as leis de autorização legislativa, as leis quadro e as leis que aprovam as grandes
opções do plano. Assim, as leis de bases são as leis da Assembleia da República que fixam
apenas os princípios gerais do regime jurídico de determinada matéria, artigos 112º, nº2 e
198º, nº1 alínea c) da CRP. Estas leis são hierarquicamente superiores aos decretos de leis de
desenvolvimento artigo 198º, nº1 alínea c) da CRP e aos decretos de lei regionais de
desenvolvimento artigo 227º, nº1 alínea c) da CRP que as desenvolvem. Assim, esta
superioridade hierárquica, encontra-se consagrada no artigo 112º nº2 da CRP, em relação aos
primeiros. Posteriormente, as leis de autorização legislativa subdividem-se em leis de
autorização legislativa ao governo e leis de autorização legislativa às Assembleias Legislativas
Regionais. As leis de autorização legislativa ao Governo, surgem quando a Assembleia da
República, mediante Lei, outorga ao Governo autorização para legislar sobre matérias da sua
competência legislativa exclusiva de reserva relativa – artigos 161.º, c), e 165.º ambos da CRP.
A natureza reforçada das leis de autorização legislativa relativamente aos Decretos de Lei
publicados mediante essa autorização encontra-se consagrado no n.º 2, do artigo 112.º da
CRP. Ora, por sua vez o artigo 165º nº2 estabelece o seu regime, ou seja, devem prever o
objeto, o sentido, a extensão e a duração da autorização. Sendo que, é necessário a aprovação
em Conselho de Ministros, artigo 200º nº1 d) e o envio para promulgação ocorre dentro do
prazo previsto. Ainda é atribuído ao Governo, o benefício de poder utilizar a mesma
autorização mais do que uma vez, o que não impede a sua utilização parcelar, nº3 do artigo
165º da CRP. Assim, apenas e só o Governo, pode legislar mediante as autorizações legislativas
na medida em que há o dever de respeitar o princípio da tipicidade das autorizações
legislativas plasmado no n.º 2, do artigo 112.º da CRP. Posteriormente, as leis de autorização
Legislativa das Regiões Autónomas, que realizam uma autorização da Assembleia da República
a uma Assembleia Legislativa de um Região Autónoma para que esta possa legislar em
matérias previstas nos artigos 165º (161º e)) todos da CRP. Ora, no artigo 227º nº1 b) da CRP
podemos conferir a natureza constitucional do carater reforçado relativamente aos decretos
de legislativos regionais proferidos através dessas autorizações. Assim, por força do artigo
227º nº2 e 3 da CRP a estas autorizações aplica-se o disposto no artigo 165º nº 2 e 3 da CRP.
Em jeito de conclusão, é inconstitucional conferir autorização a favor de outros órgãos como
decorre do princípio da tipicidade das autorizações legislativas, artigo 111º nº2 da CRP.

As leis-quadro são leis que enquadram juridicamente ou regulam o regime de produção de


atos Estaduais, incluindo os atos legislativos. O valor reforçado destas leis encontra-se previsto
nos moldes do artigo112 nº3 da CRP. Assim, a nossa Constituição consagra o valor reforçado
de algumas leis-quadro como por exemplo, a lei do Orçamento Geral de Estado que esta tem
de subordinar á respetiva lei de enquadramento, artigo 106º, nº 1 e 2 da CRP e a lei quem em
concreto institui uma região administrativa, artigo 256º da CRP e esta por sua vez tem que se
subordinar á lei que cria as regiões administrativas artigo, 255º da CRP.

As leis que aprova as grandes opções do plano é a lei através da qual cabe à Assembleia da
República aprovar as grandes opções que equivale a cada plano, artigo 90º da CRP. O
fundamento Constitucional que confere um valor reforçado relativamente à lei do Orçamento
esta plasmado nos artigos 91º nº1 e 105º nº2 da CRP.

Fases do processo legislativo


Segundo os ensinamentos de Maria Manuela Magalhães Silva e Dora Resende Alves designa-se
por processo legislativo a sucessão de uma série de atos ou fases necessárias para produzir um
ato legislativo. Os atos sucedem-se através de uma serie de quatro fases que se reconduzem: à
fase de iniciativa, fase constitutiva, fase de controlo e a fase de ativação ou integração de
eficácia.

Na fase de iniciativa a iniciativa, artigo 167º nº1 da CRP, pode ser interna e é genérica, artigos
156º b) e 180 nº1 e 2 g) da CRP, esta provém dos deputados e dos grupos parlamentares,
adotando a forma de projetos de lei sobre todas as matérias, sendo que apresentam
determinadas exceções plasmadas, artigo 226º, artigo 227º nº1 e), 167 nº1 in fine, e 227º nº2;
ou externa quando provém do Governo também é genérica, artigo 197º d) da CRP, ora podem
ser apresentadas propostas de lei sobre todas as matérias, mas tem algumas exceções
previstas nos artigos 285º nº1, a167º nº2 da CRP. Quando a iniciativa externa provém das
Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas é limitada e é lhes exclusiva. Só podem
apresentar propostas de lei incidindo sobre matérias respeitantes às Regiões Autónomas, ou
seja, que lhes destinem exclusivamente, artigo 167º nº1 e ss, 227º, nº1, alínea f) da CRP.

Fase constitutiva é aquela fase em que se produz o ato principal, que não é cronologicamente
a última, mas aquela que se determina o conteúdo do ato. Esta fase inclui vários
subprocedimentos e que são discussão ou debate, a votação e redação. Ora, depois da
proposta de lei ou projeto de lei ter sido entregue na mesa da Assembleia da República e ter
sido aceite, haverá uma apresentação perante o Plenário, podendo ser apresentadas pelos
deputados propostas de alteração. Assim, a discussão e a votação estão previstas no artigo
168.º da CRP. A aprovação dos atos legislativos, via de regra, é por maioria simples ou relativa,
ou seja, à pluralidade de votos, 116.º, n.º 3, da CRP, mas, no entanto, certas leis carecem de
aprovação por maioria qualificada em qualquer das votações, artigo 168º nº6. As leis orgânicas
carecem de aprovação final por maioria absoluta de deputados, 168º nº5. Um caso particular é
a lei de revisão constitucional, em que cada alteração tem de ser votada por 2/3 de acordo
com o artigo 286.º, nº 1 da CRP, sendo que não existe votação final global, artigo 286º nº2.

Fase de controlo visa a permitir a avaliação do mérito e da conformidade constitucional do ato


legislativo. Os projetos ou as propostas de lei, uma vez aprovados são enviados com o nome
de decretos da Assembleia da República ao Presidente da República para efeitos de
promulgação, artigo 136.º da CRP. Assim, a promulgação é uma formalidade essencial no
processo legislativo e ato próprio do Presidente de República, artigo 134.º, b) da CRP sendo
que é vital a transformação do decreto da Assembleia da República em lei e a sua falta implica
a inexistência jurídica do ato, 137.º da CRP. Interligada com a promulgação encontra-se ligado
o direito de veto do Presidente da República, através de qualquer controlo de mérito (veto
político 136º da CRP) e a conformidade constitucional do Decretos da Assembleia da República
(artigos 278º, e 279º). Por sua vez, o Governo exerce também através de referenda um
controlo certificatório, embora diferente do controlo do Presidente da República. A referenda
ministerial é uma formalidade essencial ao processo legislativo e 140º nº 1 da CRP, já que a
falta desta implica a inexistência jurídica do ato de promulgação, artigo 140º nº2, e,
consequentemente, a própria inexistência do ato legislativo, artigo 137º da CRP.

Fase de integração de eficácia é a fase que abarca os atos que se destinam a tornar eficaz o ato
legislativo designadamente mediante a sua publicação, ora as leis devem sem publicadas em
Diário de República, artigo 119.º n.º 1 c) da CRP. É de referir a relevância da vacatio legis, ou
seja, o período que medeia a publicação e a data da entrada em vigor de determinado diploma
legal, artigo 5.º n.º 2 do CC português. Esta formalidade do processo legislativo não afeta a
validade do ato legislativo, determina apenas, na sua falta, determina a ineficácia jurídica, ou
seja, o ato não produz efeitos, artigo 119º nº 2 da CRP. Se o diploma nada disser sobre a data
da sua entrada em vigor, estabelece que a lei entra em vigor cinco dias apos a sua publicação,
Lei n.º 74/98, de 11 de novembro. Quando o texto publicado não corresponder ao texto oficial
deve fazer-se uma nova publicação, ou seja, uma retificação. Por fim, é de referir que o texto
ou parte do texto publicado não estiver conforme com o original considera-se que não tem
eficácia.

Para além do processo legislativo parlamentar analisado até aqui, há alguns processos
legislativos especiais em que, pela natureza das coisas ou imposição constitucional expressa, se
verificam especificidades em algumas fases referidas: Os estatutos das Regiões Autónomas,
artigo 226.º da CRP; A autorização e confirmação da declaração de estado de sítio e estado de
emergência – artigos 134.º, d), 138.º e 161.º, m), todos da CRP; As leis orgânicas previstas nos
artigos 166.º, n.º 2, 168.º, n. º4 e nº5 todos da CRP; As situações previstas no artigo 54º nº5 d),
56º nº2 a), 168º nº 4 e nº6, 227º nº1 v) e 229º nº2 todos da CRP.

A competência legislativa do Governo


O Governo possui uma competência legislativa genérica, isto é, pode legislar sobre
qualquer matéria, salvo a reserva pela Constituição à Assembleia da República, artigo 198º da
CRP, emanando decretos de lei e que se traduz em duas realidades distintas: a competência
legislativa própria ou independente e competência legislativa dependente ou derivada.

A competência legislativa própria pode revestir duas modalidades: competência


legislativa exclusiva, plasmada no artigo 198º nº2 CRP, que respeita á organização e
funcionamento do Governo, sendo que só ele pode legislar sobre ela, pois esta é lhe exclusiva,
e, posteriormente, a competência legislativa concorrencial, artigo 198º nº1 a) da CRP que diz
respeito a todas as matérias que não são reservadas nem à Assembleia da República nem ao
Governo, são matérias de competência concorrente, ou seja, todas as que não constam nos
artigos 161º, 164º, 165º e 198º nº2, e que tanto Assembleia da República como o Governo
podem legislar independentemente, pois vigora o princípio que a lei posterior revoga a lei
transata em tudo o que lhe é contrária. É de notar que, aqui, as leis e os decretos de leis
segundo o artigo 112º nº2, 1º parte da CRP. Também a competência legislativa derivada ou
dependente também pode revestir duas realidades distintas: a competência legislativa
autorizada é aquela que o Governo exerce no que se refere à reserva relativa da Assembleia da
República e mediante uma autorização legislativa, 198º nº1 b) da CRP. Embora as leis e os
decretos de lei têm o mesmo valor, verifica-se a subordinação dos decretos de lei no uso de
autorização legislativa à respetiva lei de autorização, artigo 112º nº2 da CRP. Esta
subordinação é claramente patenteada e controlada de acordo com o artigo 198º nº3 da CRP.
E, por outro lado, a competência legislativa de desenvolvimento ou complementar é aquela
que o Governo exerce quando vai desenvolver leis que se limitam a fixar as bases do régie
jurídico de determinada matéria, quando faz decretos de lei de desenvolvimento, artigo 198º
nº1 c) da CRP. Aqui, também se verifica a subordinação dos decretos de lei no uso de
autorização legislativa à respetiva lei de autorização, artigo 112º nº2 da CRP. Esta
subordinação é claramente patenteada e controlada de acordo com o artigo 198º nº3 da CRP.

Competência legislativa que as Regiões Autónomas


Nas regiões autónomas a competência legislativa cabe apenas às Assembleias Legislativas
Regionais, que emanam os decretos de lei legislativos regionais, artigo 232º nº1 da CRP, e
cabe, assim, ao Governo Regional, no âmbito da função administrativa, apenas a tarefa de
regulamentar a legislação regional. Sendo certo quer as Assembleias Legislativas das Regiões
Autónomas têm três tipos de competência legislativa, a competência legislativa própria,
consagrada no artigo 227º nº1 a) da CRP, a competência legislativa autorizada, plasmada no
artigo 227º nº1 b) da CRP e a competência legislativa de desenvolvimento, artigo 227º nº1 c)
da CRP.

O veto do Presidente da República e do Ministro da República


O ato da promulgação não se limita a uma assinatura, também garante a autenticidade do
diploma aprovado e ordena a sua publicação, de acordo com o artigo 119º da CRP,
introduzindo-o no ordenamento jurídico, exprime o direito de controlo material exercido pelo
Presidente da República. Ora, esse contro subdivide-se no controlo de defesa da Constituição,
pois tem o dever, como o órgão constitucional, de não colaborar no procedimento de
formação de um ato do Estado contrário à lei fundamental, e posteriormente no controlo
político autónomo, próprio de um órgão constitucional num sistema de governo
semipresidencialista, ao qual são conferidos poderes de conformação política. Assim, o veto
pode ser jurídico por inconstitucionalidade, artigo 134º g), artigo 136º nº5, o artigo 278.º e o
artigo 279.º da CRP ou um veto político, artigo 136º nº1 da CRP. Assim, é de notar que existe
uma equiparação dos regimes de veto do Presidente da República e do Ministro da República
embora que de forma adaptável de acordo com o artigo 136.º e 233.º da CRP. Ora, o veto
político ou de mérito encontra-se plasmado no artigo 136.º e 233.º da CRP, assim, o veto que é
exercido sem que tenha havido previa pronuncia de inconstitucionalidade pelo Tribunal
Constitucional (tenha ou não sido chamado a pronunciar-se). É de notar que, o veto jurídico
encontra-se consagrado nos artigos 278º e 279º da CRP, ou seja, o veto que é exercido quando
e por força do Tribunal Constitucional se ter pronunciado sobre a inconstitucionalidade.

O primado da competência legislativa da Assembleia da República


Seguindo os ensinamentos de Jorge Miranda, o primado da competência legislativa da
Assembleia da República apresenta os seguintes planos. Assim, na reserva alargada de
competência legislativa da Assembleia da República. Enquanto a reserva exclusiva do Governo
diz apenas respeito à sua própria organização e funcionamento, artigo 198º nº2 da CRP, na
reserva do Parlamento inclui-se a quase totalidade das matérias mais importantes do
ordenamento jurídico. Deste modo, no instituto de apreciação dos Decretos de Lei por parte
da Assembleia da República, artigo 169.º da CRP, que possibilita ao Parlamento, fazer cessar a
vigência dos Decretos de Lei com uma maior força vinculativa. De outro modo, no caráter
suspensivo do veto político do Presidente da República no que diz respeito às leis aprovadas
pela Assembleia da República, sendo que quanto aos Decretos de Leis tal veto reveste caráter
absoluto. E, posteriormente na possibilidade de a Assembleia da República condicionar a
competência legislativa do Governo, mediante as leis de bases e as leis de autorização
legislativa.

Sistemas de Governo e Partidos Políticos


Os sistemas de Governo: são as formas políticas mediante as quais se buscam expressar as
diferentes modalidades de relacionamento entre os órgãos encarregados do exercício do
poder político.

Classificação dos sistemas de Governo Cesarista

Sistema de Governo ditatorial Monocrático Monárquico

Autocrático

Sistema de governo ditatorial é aquele em que o poder político é exercido em nome do


próprio por uma pessoa ou por um grupo social. No sistema de governo ditatorial monocrático
o poder político, é exercido a título exclusivo, por um homem, com base numa legitimidade
alheia a qualquer forma democrática de expressão de vontade popular. No sistema de governo
ditatorial autocrático, o poder político é exercido por um setor político, económico ou social
fechado, correspondendo aos regimes políticos ditatoriais.
Sistema de Governo democrático
No sistema de Governo democrático entende-se que o poder político pertence
originariamente a toda a coletividade, ao povo, e a sua tipologia é mais complexa. Pode ser,
quanto ao exercício do poder político e os respetivos órgãos, direto, semidirecto e
representativo. Estes podem ainda se subdividir:

Direto

Sistema de governo democrático Semidirecto

Representativo De concentração de poderes

De separação de poderes

Os sistemas de governo democrático direto pressupõem o exercício permanente do poder


político pela totalidade dos cidadãos ativos. Consiste no exercício integral das funções próprias
do poder político pela Assembleia Geral dos cidadãos ativos do Estado. O sistema de governo
democrático semidirecto combina o exercício do poder pelos cidadãos eleitores com o
exercício pelos seus representantes. Coexistem mecanismos próprios da democracia
representativa e, mecanismos da democracia direta. A Constituição prevê a existência de
órgãos com titulares eleitos, mas condiciona a validade de certas deliberações á manifestação
da vontade do próprio povo, constituído pela totalidade dos cidadãos eleitores. O sistema de
governo democrático representativo existe democracia representativa quando o poder político
pertence à coletividade, mas é exercido por órgãos que atuam por autoridade em nome dela e
tendo por titulares indivíduos escolhidos com intervenção dos cidadãos que a compõem. O
sistema de governo democrático representativo de divisão de poderes abrange subtipos: o
sistema de governo democrático representativo de concertação de poderes e o sistema de
governo

democrático representativo de separação de poderes

Sistema de governo parlamentar pode ser puro ou de assembleia

mitigado ou de gabinete

O sistema de governo parlamentar toma como referência o exemplo Britânico, em que o


governo parlamentar é exercido por um gabinete, formado de acordo com as indicações, em
que o governo parlamentar é exercido por um gabinete, formado de acordo com as indicações
do Parlamento e foi historicamente a primeira modalidade a surgir.

O sistema de governo parlamentar puro ou de assembleia é historicamente o primeiro e revela


a prevalência absoluta do Parlamento sobre o Governo, pela ausência de uma maioria sólida
de uma força política no Parlamento, onde reside a hegemonia política. Posteriormente, o
sistema de governo parlamentar mitigado ou de gabinete revela uma influência
contrabalançada do Governo em relação ao Parlamento, em que o Governo dispõe de um
apoio maioritário solido no Parlamento. O centro da vida política torna-se o Governo, pois
embora responda perante o Parlamento, o apoio que aí goza permite-lhe plena estabilidade e
margem de atuação.

Sistema de governo parlamentar Clássico Presidencialista

Racionalizado Semipresidencialista
No sistema parlamentar clássico o legislador constituinte limita-se a estabelecer as
regras gerais típicas do sistema parlamentar: Chefe de Estado sem poderes efetivos. O
Governo responsável politicamente perante o Parlamento. O Governo é formado a partir das
eleições parlamentares. O parlamento tem poder de destituição do Governo e o Governo tem
a possibilidade de fazer dissolver o Parlamento.

No sistema parlamentar racionalizado o legislador constituinte preocupa-se em criar


mecanismos jurídicos com a função de condicionar, orientar, “domesticar” o funcionamento
das instituições do sistema parlamentar, obtendo a racionalização do sistema.

No sistema de governo parlamentar racionalizado presidencialista o exercício de poderes


importantes pelo Chefe de Estado e ausência de responsabilidade política do Executivo
perante o Parlamento são as caraterísticas genéricas que distinguem o sistema
presidencialista. O Chefe de Estado é eleito por sufrágio universal. Porém nos EUA, o sufrágio é
indireto em dois graus: efetuam-se eleições primarias em julho, em que todos os eleitores de
cada Estado, escolhem um candidato a representar por cada partido, e como na prática só há
dois grandes partidos, torna-se numa escolha de um líder para cada um deles, escolhido o
candidato por cada partido, a campanha eleitoral prossegue e, em novembro, há eleições para
formar um Colégio Eleitoral que designará o Presidente.

 O Presidente pode formar livremente o seu Governo, não respondendo nenhum deles
perante o Parlamento.
 Não existe dualidade PR/PM.
 O PR não dispõe de poder de dissolução do Parlamento.

Nos EUA o Governo adota medidas legislativas com delegação do Parlamento.

O sistema de governo parlamentar racionalizado semipresidencialista carateriza-se pela


convergência das duas influências: a influencia presidencial e a influencia parlamentar.
Encontramos o Chefe de Estado como órgão politicamente ativo, mas o0 Governo é
politicamente responsável perante o Parlamento.

Componente Parlamentar:

 O Governo é formado de acordo com os resultados das eleições parlamentares e


subsequente composição da Assembleia.
 A constituição e a sobrevivência do Governo dependem da confiança parlamentar.
 Existe distinção de funções entre o Chefe de Estado e o Chefe do Governo.

Competência Presidencial:

 A eleição do Chefe de Estado processa-se por sufrágio universal e direto.


 O Governo é politicamente responsável perante o Chefe de Estado, comutativamente
com a sua responsabilidade perante o Parlamento.

Na atual CRP quanto ao regime económico inicialmente foi um regime económico de transição
do capitalismo para o socialismo, isto até à ocorrência da revisão constitucional de 1989. Com
a revisão constitucional de 1989, o texto constitucional foi alterado para passar a contemplar
elementos, atinentes a um regime económico capitalista, desaparecendo o intuito de transitar
para o regime económico socialista.
O regime político
O regime político trata-se do conceito que procura identificar cada uma das diferentes
formas de exercício do poder político, tendo em conta a relação entre governantes e
governados e o grau de participação dos cidadãos no exercício do poder. É constituído pelo
conjunto coordenado das instituições políticas constituindo um subsistema político de um
sistema social. Para muitos é sinonimo de sistema político, ora, é de referir as várias
classificações existentes nomeadamente, o denominado princípio da soberania popular,
artigos 1º, 2º e 3º da CRP. Respeito e garantia dos direitos fundamentais do cidadão, artigos 2º
e 24º e ss da CRP. Admite o pluralismo de expressão e organização política democrática, artigo
2º da CRP. Princípio do sufrágio direito e universal com forma de designação dos governantes,
artigos 10º nº1 e 113º da CRP. Separação e interdependência dos órgãos de soberania e a sua
direta subordinação à constituição, artigos 111º nº1 e 108º da CRP. Independência dos
tribunais, artigo 203º da CRP. Obediência dos Tribunais e da Administração Publica à lei, artigo
203º e 206º nº2 da CRP. Independência das Igrejas e do Estado, artigo 41º, nº4 da CRP. Forma
Republicana do governo, artigo 1º da CRP.

Constituições Sãs Monarquia


Aristocracia
República
Perversas Tirania
Oligarquia
Demagogia

As Constituições sãs traduzem formas de exercício do poder de acordo com o interesse geral.

Dentro destas, as que confiam o poder político a um só homem, consagravam um regime


chamado monarquia. Aquelas que o poder político é exercido por um grupo restrito de
homens, consagravam aristrocacias. Aquelas em que o Governo pertencia à coletividade, nela
se integra apenas os cidadãos ativos, denominavam-se por Repúblicas.

As Constituições perversas projetavam formas de organização política do Estado degeneradas


ou degradadas. Dentro destas, aquelas em que o exercício do poder cabe a um só homem, mas
no seu exclusivo interesse, quando o monarca exerce despoticamente o poder, consagravam
tiranias. As que confiam o Governo a um grupo de homens no interesse dos mais ricos,
denominam-se por oligarquias. As que confiam o governo à coletividade que prossegue em
exclusivo os interesses dos mais explorados, consagravam uma República que só vê o interesse
do pobre, consagram a demagogia.

Recentemente: distingue-se regime político liberal de regime político totalitário. E distingue-se


ainda regime político ditatorial de regime político democrático (sendo que neste há respeito
pelo pluralismo no plano das conceções filosóficas e no domínio institucional)

O princípio democrático e a sua caraterização


Quanto à sua justificativa
A democracia enquanto princípio normativo;
Aquilo a que Gomes Canotilho denomina por «princípio democrático-normativo como
princípio complexo»;
A democracia enquanto processo dinâmico;
O princípio democrático na sua qualidade de princípio informador do Estado e da sociedade;
O princípio democrático na sua veste de princípio de organização;
A eventual correlação entre princípio democrático e os direitos fundamentais;
O princípio democrático e a respetiva justificação negativa.

O princípio democrático e a sua concretização constitucional


O denominado princípio da soberania popular;
O princípio da representação na sua veste de representação democrática formal;
A representação democrática em sentido material

O princípio democrático e o direito sufragista


Os princípios materiais sufragistas: o sufrágio tem de ser geral, igual, direto, secreto e
periódico (artigo 10.º, nº 1, do artigo 49º, nº 1; artigo 113º nº1; artigo 115º nº7): O princípio
da universalidade. O princípio da imediaticidade. O princípio da liberdade. O princípio do voto
secreto. O princípio da igualdade. O princípio da periodicidade. O princípio da unicidade.

A democracia semidirecta e o seu princípio inerente


Os procedimentos de democracia semidirecta são:

O referendo consulta popular realizada depois de o Congresso elaborar um projeto de lei sobre
a matéria, cabendo à população ratificar/sancionar ou rejeitar a medida.
Quanto ao referendo nacional
Quanto ao âmbito de cariz material: artigo 115.º da CRP + Lei Orgânica do referendo: Lei n.º
15-A/98, de 03 de abril.
Quanto à iniciativa: artigos 115.º e 170.º da CRP + Lei n.º 15-A/98, de 03 de abril.
Quanto à eficácia jurídica: artigos 115.º e 256.º da CRP.
Quanto ao universo eleitoral: artigos 115.º, 124.º e 225.º da CRP.
Quanto ao referendo Regional artigo 115º e 232º da CRP
Quanto ao referendo local: art. 240.º da CRP + Regime Jurídico do Referendo Local: Lei
Orgânica n.º 4/2000, de 24 de agosto.
Ainda importa enaltecer a relevância assumida pelo princípio da participação: artigos 109º e 9º
da CRP.

A iniciativa popular é o direito constitucional que torna possível a um grupo de cidadãos e


cidadãs apresentar projetos de lei, para serem votados e eventualmente aprovados.

O veto significa a rejeição, pelo povo, de uma medida governamental. Permite ao eleitorado,
através de previa petição formulada por determinado número de cidadãos, opor-se a uma lei
que entendam ser contraditória aos seus interesses, a eficácia, na prática, guarda muita
semelhança com o referendo, não se tratando, contudo, de mecanismos idênticos.

O plebiscito consulta popular realizada antes de o Congresso elaborar um projeto de lei sobre
a matéria, cabendo aos cidadãos o debate e a decisão sobre determinado assunto.

O sistema eleitoral na/e a CRP


O sistema eleitoral na qualidade de reserva de constituição. O sistema proporcional enquanto
elemento constitutivo do princípio democrático. As tentativas de pessoalização do voto e de
garantia de proximidade entre os denominados eleitores e eleitos: o escrutínio uninominal e o
escrutínio por lista. As tentativas de pessoalização de voto e de garantia da proximidade entre
eleitores e eleitos propriamente ditas. A Lei Eleitoral para a Assembleia da República a Lei n.º
14/79, de 16 de maio + a Lei Orgânica n.º 3/2018, de 17 de agosto (que «procede à décima
sexta alteração à Lei n.º 14/79, de 16 de maio, que aprova a Lei Eleitoral para a Assembleia da
República.

O princípio democrático e o sistema de partidos


Tendo em conta a concretização constitucional do princípio democrático, é de salientar
o pluralismo partidário. Assim, refere-se a um elemento que constituí o princípio democrático
e da própria ordem constitucional chegando a constituir um limite material de revisão. Deste
modo, os partidos políticos revestem-se como direito constitucional formal, sendo que a CRP é
evidencia que uma vez que os partidos são uma realidade constitucional formal, sendo
também aquele direito constitucional formal, são de relevar os artigos 10º nº2, 40.º, 51.º,
114.º, 151.º, 180º, 187.º e o artigo 288º i) todos da CRP. Mas, os partidos políticos enquanto
associações privadas com funções constitucionais, não são órgãos Estaduais ou
Constitucionais, nãos lhes sendo atribuída a qualificação de corporações de Direito Público. No
que diz respeito à liberdade interna dos partidos político esta apresenta dois prismas
essenciais, ou seja, sobre os partidos não pode existir qualquer controlo ideológico-
programático e não se admite um controlo sobre a organização interna partidária artigo 51º
nº3 da CRP.

Liberdade externa dos partidos políticos


A liberdade externa dos partidos é a que incide essencialmente na liberdade de
fundação de partidos políticos, de acordo com o artigo 51.º da CRP de acordo com o nº6 do
mesmo artigo, os partidos políticos estão obrigados pela CRP a tornar públicos os seu
patrimónios e contas, no que diz respeito á liberdade de atuação dos partidos políticos, ainda
assim, tem de ser assegurado o contexto igualitário de oportunidades partidárias. É de
mencionar, que dentro dos partidos políticos são garantidos aos seus afiliados direitos
fundamentais. Os partidos políticos tem direito à oposição, e, neste contexto partidário, deve
ser respeitado, sendo que é dali que advém a liberdade de opinião e a liberdade de associação
partidária. Mas, é de notar, que há que ser feita uma distinção entre a desobediência civil (que
é díspar dom direito de resistência dado que a desobediência civil não se destina a combater
integralmente um sistema político corrupto ou injusto) e o direito de oposição político-
partidária, pois não é a mesma coisa.

O princípio democrático e o princípio maioritário a sua possível correlação

Estes dois princípios caminham lado a lado, mas, a maioria não dispõe da faculdade de dispor
de toda a «legalidade», isto é, não lhe está possibilitado, pelo simples facto de ser maioria,
tornar disponível o que é indisponível, como sucede a título de exemplo, com os DLG`s e, em
geral, com toda a disciplina constitucionalmente estabelecida, até porque o princípio da
constitucionalidade sobrepõe-se ao princípio maioritário.

O princípio maioritário não tem um preceito próprio a si aplicável que o reconheça como
princípio constitucional geral, mas vários preceitos constitucionais apontam, nesse sentido.
artigo 116º nº3, artigo 163º i), artigo 168º nº 5 e 6, artigo 136º nº 2 e 3, artigo 278º nº4, artigo
281º g), artigo 284.º e artigo 286.º todos da CRP.

Sistemas e Regimes Económicos e Políticos: a sua conceção constitucional


O poder político é a faculdade que um povo tem para, por autoridade própria, instituir
órgãos que desempenhem o senhorio de um território e nele criem e imponham normas
jurídicas, dispondo dos necessários meios de coação.
Quanto aos sistemas Económicos sistema económico, trata-se da forma abstrata de
organização do processo de produção, circundando a propriedade dos meios de produção e a
sua gestão e controlo social. Deste modo, o sistema económico capitalista prevalece o modo
de produção capitalista, que se carateriza por uma propriedade privada dos meios de
produção e sua gestão e controlo social visando interesses particulares que se consideram
concordantes com o interesse da coletividade. Posteriormente, no sistema económico
socialista prevalece o modo social de produção socialista, que se carateriza por propriedade
coletiva dos meios de produção e a sua gestão e controlo obedecem à concretização de
interesses coletivos, constitucional ou legalmente contemplados, objeto de prossecução pelo
poder político e se sobrepõem a quaisquer interesses de cariz particular.

Quanto aos regimes económicos são as formas como se encontram organizados os


processos de produção numa sociedade política concreta, circundando a propriedade dos
meios de produção, sua gestão e controlo social; é o modo de organização económica que
vigora num Estado. Por um lado, o regime económico capitalista tem predomínio o modo de
produção capitalista, não impossibilitando a existência de elementos secundários de outros
modos produtivos. Posteriormente, no regime económico socialista predomina o modo de
produção socialista, não impossibilitando a existência de resíduos de outros modos. Por outro
lado, o regime económico de transição entre o denominado capitalismo e entre o denominado
socialismo onde coexistem elementos específicos do modo produtivo capitalista e do socialista
e em que há um desígnio constitucional de mutação do regime económico de capitalista para
socialista. Assim, este regime económico de transição entre o socialismo e o capitalismo
manifesta-se no Leste da Europa.

Os modos de fiscalização da Constitucionalidade


A inconstitucionalidade é a desconformidade de uma norma ou de um ato praticado por
órgãos de poder político com o texto da Constituição, e está consagrada no Título I, da Parte IV
da atual CRP.

O controlo abstrato preventivo ou controlo abstrato prévio está consagrado no artigo 278.º da
CRP. Assim, podem ser objeto de fiscalização preventiva da constitucionalidade quaisquer
normas previstas nos tratados internacionais que tenha sido enviadas ao Presidente da
Republica para ratificação ou algum decreto que lhe tenha sido enviado para o Presidente da
Republica promulgar como lei ou decreto-lei, também os acordos internacionais cujo decreto
de aprovação lhe tenha sido remetido para assinatura, bem como quaisquer normas presentes
no decreto legislativo regional que tenha sido enviado aos Representantes da República nas
Regiões Autónomas para assinatura. Dado o exposto, tem legitimidade para requerer a
fiscalização prévia o Presidente da República, os representas da republica nos Açores e na
Madeira, o Primeiro Ministro e 1/5 dos deputados em efetividade de funções. O Presidente da
republica pode requerer a inconstitucionalidade preventiva da normas relativamente aos
tratados internacionais que lhe sejam enviados para ratificação, aos decretos que lhe sejam
remetidos para promulgação ou acordos internacionais cujo decreto seja enviado ao
Presidente da Republica para assinatura, os representantes da República nos Açores e na
Madeira, tem legitimidade no que diz respeito aos decretos legislativos regionais, o Primeiro-
Ministro e 1/5 dos deputados em efetividade de funções tem legitimidade no que se refere a
decretos que tenham sido enviados ao Presidente da Republica para serem promulgados como
lei orgânica , nº 1, 2, e 4, do artigo 278.º da CRP. No âmbito da tempestividade o prazo para
requerer a fiscalização preventiva ou prévia é de 8 dias, a contar da data da receção do
diploma pelo Presidente da República ou pelo Representante da República ou da data da
comunicação pelo Presidente da Assembleia da República ao Primeiro-Ministro e aos grupos
parlamentares do envio ao Presidente da República do decreto para promulgação como lei
orgânica – ver os nºs 3, 5, e 6, do artigo 278º da CRP. No que se refere à tramitação, a entidade
requerente tem de indicar as normas que pretende que o TC aprecie, e, especificar as normas
ou princípios constitucionais que considere violados, apenas tendo a faculdade o TC de se
pronunciar acerca das normas constantes do objeto do pedido, embora o TC tenha a faculdade
de fundamentar a pronúncia de inconstitucionalidade na violação de normas ou princípios
constitucionais distintos daqueles cuja violação foi invocada – artigo 51 nº s 1 e 5, da Lei do
Tribunal Constitucional, que é a Lei Orgânica n.º 28/82, de 15 de novembro, quanto à
competência, esta cabe ao Plenário do Tribunal Constitucional, artigo 224º n.º 2 da CRP. Na
situação em que o TC não se pronuncie pela inconstitucionalidade do diploma, o Presidente da
República tem de promulgar ou o Representante da República assinar os decretos em causa, se
não exercerem o direito de veto político, mas, caso o TC se pronuncie pela
inconstitucionalidade de norma constante de qualquer decreto ou acordo internacional, o
diploma tem de ser a título obrigatório vetado pelo PR ou pelo Representante da República,
não podendo o decreto vetado por inconstitucionalidade ser promulgado ou assinado sem que
o órgão que o tiver aprovado expurgue a norma tida por inconstitucional ou, quando for caso
disso, o confirme por maioria de 2/3 dos Deputados presentes, desde que superior à maioria
absoluta dos deputados em efetividade de funções, de acordo com o artigo 279º nºs 1 e 2 da
CRP, e ainda releva os artigos 51.º a 61.º da Lei do Tribunal Constitucional

O controlo abstrato sucessivo direito ou por via principal ou por via de ação está consagrado
no artigo 281.º da CRP. Assim, este modo de fiscalização incide sobre: “quaisquer normas
jurídicas” já em vigor, al. a), do n.º 1, da arte. 281.º da CRP, de acordo com o referido nas las.
a) a g), do n.º 2 e nº3, do artigo 281.º da CRP, tem legitimidade para requerer aquela
fiscalização, ou seja, o PR, o Presidente da Assembleia da República, o Primeiro-Ministro, o
Provedor de Justiça, o Procurador-Geral da República, 1/10 dos Deputados à AR, os
Representantes da República, as Assembleias Legislativas das regiões autónomas, os
presidentes destas assembleias, os presidentes dos Governos Regionais ou 1/10 dos
deputados à respetiva Assembleia Legislativa, e os representantes do MP junto do TC ou
qualquer dos juízes do Tribunal, nos processos em que o TC apreciar e declarar, com força
obrigatória geral, a inconstitucionalidade de qualquer norma, desde que tenha sido por ele
julgada inconstitucional em 3 casos concretos, em processos de fiscalização concreta. No que
se refere à tempestividade o pedido de fiscalização abstrata sucessiva direta, pode ser feito a
todo o tempo, sendo que a competência, cabe ao Plenário do TC, artigo 224º nº2 da CRP.
Sobre a declaração de inconstitucionalidade, esta tem força obrigatória geral artigo 282º nº1
da CRP, apagando do ordenamento jurídico a norma declarada inconstitucional, em regra,
desde a data da sua entrada em vigor, e estabelecendo a repristinação das normas que ela,
eventualmente, haja revogado. Quanto às decisões que não declarem a inconstitucionalidade
com força obrigatória geral, estas não fazem caso julgado, podendo a mesma questão ser
recolocada no futuro à consideração do TC. É de relevar os artigos 51º a 56º, 62º a 66º e 82º
da Lei do Tribunal Constitucional.

O controlo abstrato por omissão, esta consagrada no artigo 283.º todos da CRP. Ora, é de
referir que a competência para conhecer da inconstitucionalidade por omissão é do Plenário
do TC, artigo 224º nº2. No âmbito da tempestividade, não existe prazo para apresentação do
pedido. Assim, o TC pode proferir decisões positivas, isto é, de verificação da
inconstitucionalidade por omissão, ou decisões negativas, ou seja, de não verificação da
inconstitucionalidade por omissão, artigos 67º e 68.º da Lei do Tribunal Constitucional
O controlo concreto ou incidental

A fiscalização concreta ou incidental da constitucionalidade de normas jurídicas está plasmada


no artigo 280º da CRP. Deste modo o TC intervém, mediante as suas 3 Secções, no domínio
específico do controlo concreto da constitucionalidade. Ora, a fiscalização concreta ou
incidental, pode recair sobre as decisões dos tribunais que recusem a aplicação de qualquer
norma com fundamento na sua inconstitucionalidade, ou seja, decisões de desaplicação, artigo
280º nº1 a) da CRP e artigo 70º nº1 c) da Lei do Tribunal Constitucional, o recurso tem cariz
obrigatório, devendo ser interposto pelo MP, artigo 280º parte final do nº3 da CRP quando a
norma desaplicada constar de convenção internacional, ato legislativo ou decreto
regulamentar, artigo 280º 1º parte do nº3. A fiscalização incidental pode recair ainda sobre as
decisões que apliquem norma cuja inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o
processo, ou seja, decisões de aplicação, artigo 70º nº1 b) da Lei do Tribunal Constitucional,
artigo 280º nº1 b) e ainda das decisões, dos tribunais que apliquem norma anteriormente
julgada inconstitucional pelo próprio TC, artigo 280º nº 5 da CRP. É de referir, que os 69.º a
85.º da Lei do Tribunal Constitucional, devem ser aplicados em consonância com os artigos
referidos. A interposição do recurso para o TC tem o prazo de 10 dias, e interrompendo os
prazos para a interposição de outros recursos que eventualmente caibam da decisão, os quais
apenas podem ser interpostos depois de cessada a interrupção, nº 1, do artigo 74.º da Lei do
Tribunal de Contas, artigo 75º da Lei do Tribunal Constitucional. É de revelar ainda o artigo 70º
nº 3 a 6. da Lei do Tribunal Constitucional. Assim, no âmbito da legitimidade, tem legitimidade
para interpor o recurso de constitucionalidade as pessoas que, de acordo com a lei reguladora
do processo em que a decisão foi proferida, possam dela interpor recurso ordinário e que
hajam suscitado a questão de inconstitucionalidade de acordo com o artigo 72º nº 1 b) e n.º 2,
da Lei do Tribunal Constitucional. O recurso tem de ser interposto para o TC através de
requerimento no qual se indiquem os elementos que são pedidos nos termos do artigo 75.º-A
da Lei do Tribunal Constitucional, ora, compete ao tribunal que tiver proferido a decisão
recorrida apreciar a admissão do respetivo recurso, artigo 76º da Lei do Tribunal
Constitucional. Do despacho que indefira o requerimento de interposição do recurso ou
retenha a sua subida cabe reclamação para o TC, artigo 76º nº4 da Lei do Tribunal
Constitucional.

O Tribunal Constitucional assume ainda o papel de controlo indireto ou incidental da


constitucionalidade e da legalidade das denominadas normas administrativas, do controlo
abstrato por via principal da constitucionalidade e da legalidade das denominadas normas
administrativas, de proferir a declaração de inconstitucionalidade e de ilegalidade com força
obrigatória geral das denominadas normas administrativas e a declaração de
inconstitucionalidade e de ilegalidade com efeitos restritos ao caso concreto das normas
administrativas e ainda a questão embaraçosa da inconstitucionalidade da norma do n.º 2 do
artigo 73.º do CPTA. Posteriormente, quando há lugar a responsabilidade civil extracontratual
do Estado e Demais Entidades Públicas por danos decorrentes de ações e/ou omissões
legislativas ilícitas, releva o artigo 15.º do RRCEE e quando há lugar a responsabilidade civil
extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas por danos decorrentes de
regulamentos inconstitucionais relevam os artigos 7º, 8º e 9º do RRCEE
Fontes Escritas
Fontes Internas

O direito originário abrange normas que constam dos Tratados Institutivos, do Tratado de Paris
(CECA) e do Tratado de Roma (CE e a EURATOM). As normas são criadas com intenção de
alterar os Tratados, e estes podem ser revistos em qualquer altura pelos processos específicos
nos Tratados. A revisão pode ser através da revisão por simples Tratado Internacional, ou seja,
alteração por celebração de Tratado Internacional; pelo processo de revisão ordinário previsto
no artigo 48º nº1, 2 e 3 do TUE, que engloba a fase comunitária, diplomática e a ratificação; e
pelo processo de revisão simplificada, consagrada no artigo 48º nº6 e 7 da TUE, esta é feita
com a intervenção dos órgãos da União Europeia e sem a intervenção dos Estados Membros. É
de referir que já se foram feitas alterações aos tratados através do Ato Único Europeu, Tratado
de Maastricht de Nice e de Amesterdão. Também podem ser aqui referidos os tratados de
adesão e de saída pois são alterações/revisões aos tratados, pois reem o seu funcionamento e
competência, previsto no artigo 48º do TUE. Por exemplo, Portugal entrou na União Europeia
através do Tratado de Lisboa e o Reino Unido saiu da União Europeia através do Brexit. É um
direito convencional porque resulta de convenções concluídas pela União Europeia ou pelos
Estados Membros e estas convenções resultam da vontade soberana dos Estados. Devem ser
celebrados de acordo com as Constituições dos Estados celebrantes. Ora, dado isto, podemos
dizer que o direito originário trata-se da “Constituição da União Europeia”.

Direito derivado é fonte de origem unilateral e resulta dos atos emanados pelos órgãos da
União Europeia, para realizar os objetivos dos Tratados. Atos que se encontram previstos no
artigo 288º 1º parágrafo do TFUE. Podemos distinguir fontes obrigatórias (Regulamentos,
Diretivas e Decisões) de fontes não obrigatórias (Recomendações e Pareceres). Assim, devido á
hierarquia entre o Direito originário e o Direito derivado, sendo que este último deve-se
sujeitar ao Direito originário.

Fontes Obrigatórias
(Regulamentos, Diretivas e Decisões)

O regulamento está consagrado no artigo 288º segundo parágrafo, tem carácter geral e
abstrato e são obrigatórios em todos os seus elementos e diretamente aplicáveis em todos os
Estados Membros produzem efeitos sem qualquer medida de receção por parte dos Estados
Membros, e podem depender de tomada de medidas para a sua aplicação. Assim, os
regulamentos subdividem-se em regulamentos de bases e regulamentos de execução. Os
regulamentos de bases são adotados para aplicar as disposições do Direito Originário. São em
regra adotados pelo Conselho. Este regulamento contém princípios gerais das matérias em
causa sendo pormenorizados e aplicados através dos regulamentos de Execução.
Posteriormente os regulamentos de execução, aplicam e pormenorizam os regulamentos de
base e substituem automaticamente toda a legislação nacional que os contrarie. Ora, podemos
concluir que existe uma hierarquia entre os regulamentos de bases e os regulamentos de
execução, prevalecendo acima de ambos os Tratados sucedidos pelos regulamentos de bases e
por fim, os regulamentos de execução. Para finalizar, é importante referir que os regulamentos
são a lei da União por excelência e podem ser adotados pelo Conselho, pela Comissão através
de poder delegado e pelo Parlamento Europeu em conjunto com o Conselho. Sendo certo que
o regulamento tem de respeitar certas formalidades: a fundamentação, artigo 296º TFUE, a
assinatura, a publicação e a entrada em vigor, todas elas previstas no artigo 297º do TFUE.
A Diretiva encontra-se consagrada no artigo 288.º, 3.º paragrafo TFUE. São atos praticados
pelos Órgãos da União Europeia que vinculam apenas os Estados Membros a que se destinam.
No que se refere aos objetivos a alcançar, os meios e a forma como o fazem ficam a cargo dos
Estados a quem estas se destinam. Assim, o destinatário pode ser um Estado Membro, vários
Estados Membros ou todos os Estados Membros. Em regra, são adotadas pelo Conselho, mas
podem ser adotados pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho ou pela Comissão, através de
poder delegado. As diretivas têm de ser transportadas para o direito interno dos Estados
Membros, ou seja, estes são obrigados a dar execução às diretivas no prazo nelas fixados.
Execução essa que visa alterar a legislação vigente ou criar lei nova de acordo com a
Constituição. É de referir que no caso português a transposição deve ser feita através de lei,
decreto de lei, ou decreto de lei Legislativo Regional de acordo com o artigo 112º nº 8 CRP.
Deste modo, as diretivas não são diretamente aplicáveis aos cidadãos, pois os Estados
Membros têm que lhe dar execução. Sendo certo que o objetivo primordial é a harmonização
das legislações. Sendo certo que a diretiva tem de respeitar certas formalidades: a
fundamentação, artigo 296º TFUE, a assinatura, a publicação e a entrada em vigor, todas elas
previstas no artigo 297º do TFUE.

A Decisão encontra-se plasmada no artigo 288.º, 4.º parágrafo do TFUE. Estas são obrigatórias
em todos os seus elementos para os destinatários que designar, sendo que os destinatários
podem ser: particulares (pessoas individuais ou pessoas coletivas), um Estado, vários Estados
ou todos os Estados Membros. A decisão é utilizada para regulamentar casos concretos e o seu
não cumprimento pode resultar em ações judiciais. As decisões podem ser adotadas: pelo
Conselho, pelo Parlamento Europeu com o Conselho ou pela Comissão e resultam da função
executiva (administrativa) dos órgãos comunitários. Ora, dado o exposto podemos dizer que as
diretivas são semelhantes aos atos administrativos portugueses. Sendo certo que a decisão
tem de respeitar certas formalidades: a fundamentação, artigo 296º TFUE, a assinatura, a
publicação e a entrada em vigor, todas elas previstas no artigo 297º do TFUE.

Fontes não obrigatórias estão plasmadas no artigo 288.º 5.º parágrafo do TFUE, não
são vinculativas, ou seja, são um convite para que os seus destinatários acerca de certa regra
de conduta.

As Recomendações aconselham a adoção de um determinado comportamento sobre matérias


concretas, como por exemplo o artigo 117.º n.º 1 TFUE.

Os Pareceres traduzem a opinião de determinado órgão comunitário sobre determinada


matéria concreta, como por exemplo o artigo 126.º n.º 5 TFUE

O direito complementar dos tratados abrange os meios utilizados para complementar os


tratados e podem ser, convenções concluídas pelos Estados Membros com o fim de realizar os
objetivos dos tratados como é o caso do artigo 326º do TFUE ou as decisões dos
representantes dos Estados Membros no Conselho, reunindo como conferência
intergovernamental e não como instituição da União Europeia.

Fontes Externas
Acordos concluídos pela União com países terceiros (acordos tarifários, acordos comerciais,
acordos de ajuda alimentar, acordos de adesão, entre outros…), estes acordos são vinculativos,
artigo 216.º nº 2 TFUE, são hierarquicamente superiores ao Direito Derivado e são
hierarquicamente inferiores ao Direito Originário. Têm que ser compatíveis com os tratados.
Acordos concluídos pelos Estados Membros com países terceiros ou organizações
internacionais, são tratados concluídos antes da entrada em vigor do Tratado de Roma ou do
Tratado de Adesão respetivo, se criam direitos para os Estados Membros, estes devem
renunciar a eles, se criam obrigações os Estados Membros devem procurar eliminar possíveis
incompatibilidades, sendo celebrados após a entrada em vigor do Tratado de Roma devem
estar de acordo com o mesmo.

Tratados concluídos pelos Estados Membros entre si, devem ser sempre compatíveis com o
Tratado de Roma.

Fontes não escritas


As fontes não escritas do Direito da União Europeia são: os Princípios gerais comuns aos
Estados Membros, ou seja, são os princípios que estão de acordo com os objetivos dos
Tratado, como por exemplo o princípio da boa fé e o princípio da segurança jurídica.
Posteriormente, outra fonte não escrita do Direito da União Europeia são os princípios gerais
de direito comuns às nações civilizadas, aqui, a interpretação é feita de acordo com o contexto
do Tratados. Quando a norma não é clara e carece de critérios interpretativos ou existe uma
omissão recorre-se ao princípio. Também os princípios gerais de Direito Internacional, são uma
fonte não escrita do Direito da União Europeia, estes servem como “inspiração” para a
elaboração de normas e, ate mesmo “influenciar” a jurisprudência do Tribunal de Justiça da
União Europeia. Por outro lado, os princípios gerais de Direito da União Europeia, plasmados
no preâmbulo do TUE (Princípio da democracia, Princípio da liberdade, Princípio da
solidariedade), a jurisprudência do TJC, ou seja, o conjunto das decisões dos tribunais, que tem
vindo a criar vários princípios como o Princípio da Aplicabilidade direto e o Princípio do efeito
direto, são fontes não escritas da União Europeia. Por fim, também os usos fazem parte destas
fontes e estes traduzem-se em práticas sociais acompanhadas da convicção de
obrigatoriedade. É de referir que no âmbito da União Europeia quase não existe porque é
recente.

LIBERDADES DE CIRCULAÇÃO
A União Europeia constitui uma União económica e monetária sendo que esta pressupõe a
livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços, capitais. Ora, é de referir que a liberdade de
circulação é um dos princípios em que assenta a União Europeia. Assim: as liberdades de
circulação pressupõem três âmbitos distintos, material, subjetivo e territorial. Assim o âmbito
material é aquele que apenas beneficiam destas liberdades as atividades económicas as
situações previstas no artigo 26.º n.º 2 TFUE. Posteriormente, o âmbito subjetivo aplica-se aos
nacionais dos Estados Membros e aos seus familiares e dependentes, a pessoas coletivas,
públicas ou privadas. Por fim, o âmbito territorial abrange o território dos atuais Estados
Membros (27).

Liberdade de circulação de mercadorias


A liberdade de circulação de mercadorias está prevista no artigo 28º e ss TFUE. Assim, a união
aduaneira implicou várias modificações na prática do comércio internacional, ora, a abertura
das fronteiras poderia implicar riscos para a economia/produtividade dos Estados Membros,
mas, posteriormente, a agricultura e a indústria poderiam ser gravemente afetadas pela
extinção das fronteiras e, produtos melhores e mais baratos circulariam pela União. Deste
modo, estabeleceu-se uma Pauta Aduaneira Comum que implicou que a mercadoria
proveniente de países terceiros circularam livremente deixando de estar sujeitas a novos
direitos aduaneiros. É de referir que todas as decisões relativas à Pauta Aduaneira Comum são
de competência exclusiva da União. A PAC tem como propósito a defesa da comunidade e da
concorrência de países terceiros, então foram criados instrumentos complementares à PAC e
um regime aduaneiro comum. Ora, os instrumentos complementares da PAC continham
medidas tais como a aplicação de restrições quantitativas ás importações, as importações para
o mercado comunitário eram reguladas e/ou restringidas, estes instrumentos também
impedem a perturbação das atividades produtivas do Estados Membros e as medidas também
era aplicável a produtos industriais. Por outro lado, o regime aduaneiro comum pretendia a
harmonização dos procedimentos aduaneiros no espaço comunitário, as mercadorias são
classificadas de acordo com a mesma nomenclatura e se as mercadorias apenas passarem pela
comunidade são aplicadas as mesmas regras em todos os Estados Membros.

Liberdade de circulação de pessoas


A livre circulação de trabalhadores está prevista nos artigos 45.º e ss TFUE. Assim, a liberdade
de circulação de pessoas implica a existência de uma atividade assalariada, ou seja, uma
relação laboral, que consiste no exercício de atividade sob ordem, direção e fiscalização de um
empregador e o pagamento de uma remuneração. De acordo com o TJC de acordo com artigo
45º é trabalhador aquele que resulte do conceito de contrato de trabalho (atividade, direção,
remuneração). Assim, de acordo com o artigo 157 nº 2 TFUE entende-se por remuneração “…o
salário ou vencimento ordinário, de base ou mínimo, e quaisquer outras regalias pagas, direto
ou indiretamente, em dinheiro ou em espécie, pela entidade patronal ao trabalhador em razão
do trabalho deste último.”

A liberdade de circulação de pessoas está regulada no Regulamento 1612/68 do Conselho,


então qualquer nacional de um Estado Membro no território de outro Estado Membro: tem o
direito de acesso a uma atividade assalariada, pode responder a ofertas de emprego, podem
circular livremente no território e até mesmo residir pelo prazo de 3 meses para procura de
emprego, beneficiar das mesmas regalias atribuídas aos trabalhadores nacionais, os seus
familiares gozam também do direito de se instalar nesse estado e aceder a uma atividade
assalariada ou ao ensino (podendo esta pessoa ser o cônjuge, descendentes ou ascendentes
que estejam a seu cargo)

DIRECTIVA 2004/38/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO aplica-se aos


trabalhadores que suspendam a sua atividade, permite-lhes, após a cessação, permanecer no
território do Estado onde prestaram a atividade, é uma liberdade que é adequada
gradualmente aos novos Estados Membros, em Portugal já é plena desde 1991.

Liberdade de prestação de serviços


A liberdade de prestação de serviços encontra-se regulada nos artigos 56.º e ss TFUE, o
prestador de serviços fica sujeito simultaneamente à legislação comunitária (no que se refere à
liberdade de circulação), do seu país (regulação da sua atividade), e à legislação do país onde
vai prestar o serviço (regulação do serviço em questão). Assim, entende-se por serviço “… as
prestações realizadas normalmente mediante a remuneração, na medida em que não sejam
reguladas pelas disposições relativas á livre circulação de mercadorias, de capitais e de
pessoas.”, artigo 57º TFUE

Mas as liberdades de prestação de serviços pressupõem a existência de um estabelecimento


num Estado da Comunidade e a prestação de um serviço noutro Estado da Comunidade.
Assim, a prestação de serviços pode ser: ativa, ou seja, o prestador desloca-se ao estado que
carece da prestação ou passiva, isto é, quando é o beneficiário da prestação que se desloca ao
Estado da prestação, a liberdade de circulação de serviços aplica-se quer num caso quer
noutro.

A prestação de serviços pode ocorrer de várias formas entre elas: a deslocação do prestador
em direção ao beneficiário do serviço, como por exemplo: consultores, peritagens,
espetáculos, empreitadas, entre outros; a deslocação do beneficiário ao país do prestador
como por exemplo para cuidados médicos; a deslocação do próprio serviço, como por
exemplo, mensagens televisivas, análises bancárias, económicas ou de seguros, publicidade,
trabalhos escritos)

Exclusão do direito de prestação de serviços (nacionalidade e direito de estabelecimento)

A liberdade de prestação de serviços só é concedida a nacionais de um Estado Membro, ou


seja, não se aplica a nacionais de Estados Membros que estejam estabelecidos num estado
extracomunitários. É de referir que o requisito de cidadania é imposto ao prestador do serviço.
O destinatário basta que esteja estabelecido dentro do espaço comunitário pode beneficiar da
liberdade. Prestador e beneficiário no mesmo Estado – Direito interno. A livre prestação de
serviço implica que o prestador e o beneficiário estejam em Estados diferentes

O direito de Estabelecimento

O direito de estabelecimento está previsto no artigo 49º e ss TFUE e consiste na faculdade que
as pessoas singulares e coletivas da Comunidade têm acederem às atividades não assalariadas
e ao seu exercício, a constituírem e gerir empresas, àqueles direitos nas mesmas condições
estabelecidos num país para os seus nacionais. Deste modo, a constituição de empresas pode
ser a título principal ou secundário e pode ser um estabelecimento dependente de outro já
exercido na comunidade. E, é de referir que as pessoas singulares têm que ser nacionais de
algum Estado Membro, quando são pessoas coletivas têm que ter fim lucrativo, como previsto
no artigo 54 segundo parágrafo do TFUE, e a sede ou estabelecimento principal tem de estar
num Estado Comunitário.

O Direito de Estabelecimento e a livre prestação de serviços


O direito de estabelecimento e a livre prestação de serviços abrange atividades
independentes, não assalariadas. Assim, a liberdade de estabelecimento consiste no direito de
a exercer de forma contínua e permanente, o operador económico transfere-se com o seu
estabelecimento para outro Estado Membro A livre prestação de serviços é o exercício
temporário e ocasional daquelas atividades, visa a realização de um número indeterminado de
atos e os clientes são indeterminados. Posteriormente na livre prestação de serviços há uma
prestação que não depende da existência de um estabelecimento, o exercício é temporário e
ocasional dessas atividades, realiza-se um ou mais atos, durante um determinado período e os
clientes ao contrário do direito de estabelecimento os clientes são determinados.

Liberdade de circulação de capitais


A liberdade de circulação de capitais está prevista nos artigos 63.º e ss TFUE e engloba
qualquer transferência de valores de um Estado Membro para outro e transferências para não
residente. De acordo com os artigos 63º a 66º TFUE inclui os pagamentos correntes e o
movimento de capitais, é de mencionar que este conceito foi definido pelo TJC. Ainda assim,
segundo o TJC os pagamentos correntes traduzem-se na transferência que constitui uma
contraprestação que lhes está subjacente. Por outro lado, o movimento de capitais é a
transferências e investimentos financeiros. Estão proibidas restrições pelos Estados Membros
no que se refere às transferências monetárias necessárias para o exercício de qualquer uma
das liberdades havidas fundamentais.

Restrições às liberdades de circulação


A liberdade de circulação está consagrada nos artigos 45 e ss TCE e podem sofrer limitações,
limitações essas que podem resultar de razões de segurança, ordem pública ou razões de
saúde pública. Estes limites estão regulados por uma diretiva do Conselho que visa definir os
critérios comuns e uniformes em todos os Estados Membros.

Razões de Ordem Pública

Para que os Estados Membros invoquem a ordem pública não podem basear-se em
discriminações arbitrárias, ou seja, tem que haver uma ameaça efetiva aos interesses
fundamentais, uma atividade tolerada aos nacionais do Estado também deve ser aceite aos
nacionais de outros Estados Membros. A ordem publica deve basear-se no comportamento
individual, avaliado caso a caso, são proibidas medidas que abranjam grupos de pessoas, e,
uma conduta passada só releva se a ameaça se mantiver e a presença do individuo represente
perigo para o Estado. Ora, muito resumidamente tem que haver uma ameaça efetiva e grave
para o interesse do Estados Membros.

Razões de Saúde Pública:

A Diretiva 64/221 contém um lista de doenças, e estas doença devem ser detetadas aquando
da entrada no território, devem ser levadas ao conhecimento do interessado e se essa decisão
levar à recusa de autorização de residência ou expulsão do território o interessado é notificado
para abandonar o território, no prazo não inferior a 15 dias, se não tivesse ainda autorização
de residência ou abandonar o território, no prazo de 30 dias, nos outros casos a notificação
deve indicar os fundamentos da decisão. Por fim, é importante referir que esta decisão é
passível de impugnação.

Restrições ao exercício de determinadas atividades


Restrições ao exercício de determinadas atividades estão previstas nos artigos 45º n.º 4 TFUE
Podem verificar-se restrições ao exercício de determinadas atividades que impliquem exercício
de autoridade pública, estão abrangidas as atividades que tenham inerentes poderes de:
polícia, defesa, jurisdição, lançamento/liquidação de impostos. Estas restrições justificam-se
porque os interesses em causa requerem uma especial relação de confiança e solidariedade
com o Estado e reciprocidade de direitos e deveres, o artigo 45º nº 4 TFUE impede a liberdade
de circulação de trabalhadores no que se refere à Administração Pública, o TJC entende que a
interpretação deste artigo deve ser conjugada com o art. 51º TFUE, sendo que a mesma
entidade referida entende que restrições só devem ocorrer no caso de atividades que
impliquem exercício de autoridade pública.

A liberdade de circulação de trabalhadores, o direito de estabelecimento e a livre prestação de


serviços
A liberdade de circulação de trabalhadores, o direito de estabelecimento e a livre prestação de
serviços podem ter natureza económica, isto é, qualquer uma delas tem uma natureza
económica, o direito de residência, onde todas incluem o direito de residência; regras de
segurança social: é possível a sua aplicação; restrições: aplicação dos mesmos princípios nesta
matéria; Exercício de uma atividade e livre circulação
AS COMPETÊNCIAS DA UNIÃO EUROPEIA
As competências atribuídas pelos Tratados Institutivos à União Europeia são diferentes
das competências atribuídas às organizações internacionais de cooperação. Ora, a União
Europeia (organização internacional de cooperação) tem as competências que são necessárias
para atingir os seus objetivos.

As competências das União Europeia podem ser: competências por atribuição ou


competências funcionais. Assim, as competências por atribuição, artigo 5º do TUE, são aquelas
que resultam diretamente do Tratado tendo como objetivo a realização das tarefas confiadas à
União Europeia. Posteriormente, as competências funcionais são os poderes e meios de ação
atribuído a uma intuição, poderes estes que são necessários para as instituições realizarem os
seus fins, ora estas só podem atuar de acordo com as competências que lhe são atribuídas. É
de notar que as competências não se presumem.

Deste modo, sempre que as instituições da União Europeia precisem de adotar um ato
para atingir os seus fins previstos no Tratado, e, se essa ação ou ato não pertencer ás
competências atribuídas às instituições, o ato pode ser adotado recorrendo a uma de duas
hipóteses possíveis, ou á teoria das competências implícitas ou ao disposto no artigo 352º do
TFUE. Assim, a teoria das competências implícitas é uma forma de interpretação extensiva dos
Tratados. Ora, a competência decorre dos Tratados, mas não de forma expressa, então a lei vai
aplicar-se a situações não abrangidas pela sua letra, mas pelo seu espírito e finalidade, como
por exemplo, o Tratado expressa como atribuição a área dos transportes, ela abrange a área
dos transportes públicos, embora o Tratado não se refira especificamente à competência, ela
existe de um modo subentendido. Por outro lado, quando se recorre ao conteúdo plasmado
no artigo 352º TFUE, existem requisitos para se aplicar o artigo referido e se proceder à adoção
de atos, que não estejam na esfera das competências das União Europeia. Assim, esses
requisitos têm dupla natureza as condições materiais e as condições formais. Ora, as condições
materiais tratam-se da necessidade de ação por parte da União Europeia, da ação necessária
para realizar os objetivos das União Europeia, da ausência de poderes de ação por parte das
instituições (dentro desta, existe a ausência explicita e a ausência implícita). Além disso, no
que se refere às condições formais não há intervenção dos Estados Membros enquanto tal, o
Conselho delibera por unanimidade, sob a proposta da Comissão e após a aprovação do
Parlamento Europeu, sendo os atos adotados pelo Conselho.

Competências da União Europeia para concluir acordos internacionais


Em bom rigor a União Europeia só teria competências para concluir acordos nos casos
previstos no artigo 207º TFUE, por exemplo, os acordos tarifários (que fixam os montantes do
dos s direitos aduaneiros, em consequência da Pauta Aduaneira Comum), e os acordos
comerciais (que fixam o volume e as trocas comerciais) e previstos no artigo 217º TFUE os
acordos de Associação (criam laços de cooperação entre as União Europeia e os Estados
Membros). É de mencionar que sobre as matérias que o Tratado fixa expressamente a
competência das União Europeia para celebrar acordos internacionais. Ainda de acordo com a
tese das competências implícitas, defendida pelo TJUE, as União Europeia têm competências
para celebrar acordos internacionais sobre todas as matérias em relação às quais tenha
competência interna.

Relações entre as competências dos Estados Membros e as competências da UE


Deste modo, determinadas matérias foram excluídas dos tratados e ficaram reservadas
para os Estados Membros. De um modo amplo, os tratados só abrangem atividades de caráter
económico sendo que as restantes estão reservadas aos Estados Membros. Assim, à medida
que existem avanços na integração europeia e as políticas comuns substituem as questões
nacionais os Estados Membros vão alienando as suas competências para a União Europeia. No
que se refere ás competências exclusivas da União Europeia, estas incidem sobre a Política
Comercial Comum, a Política Agrícola Comum, a Política das Pescas e à Política Aduaneira.
Depois, no âmbito das competências do Estados Membros, trata-se das regras relativas à sua
organização interna. Finalmente, no que diz respeito às competências partilhadas da União
Europeia com os Estados Membros, estes fazem a cunhagem e o Banco Central da Europeu
regula os indicies do Euro.

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