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APONTAMENTOS 

  BIOLOGIA CELULAR 
 

Estudo/Observação da Célula 
 
  SÉCULO XVI 
  Revolução científica 
  * Termómetro; 
  * Barómetro; 
  * Relógio de pêndulo; 
  * Bomba de aspiração; 
  * Telescópio; 
  * Microscópio. 
 
 
  Academie dei Lyncæ 
Lyncæ  Lince
   Frederigo Cesi  Melhorar a capacidade de visão da 

   Galileu Galilei  realidade 
Boa capacidade de visão 
   Giovanni Faber 
 
  Primeiros microscópios eram chamados de: 
  ‐  Conspicilium  Muscarum    “Lente  das  moscas”    avanço  em  termos  de  estudo  pormenorizado  da  anatomia  dos 
insectos; 
  ‐ Conspicilium Pulicerum  “Lente das pulgas” 
 
  1625  Giovanni Faber  o instrumento recebe o nome de microscópio. 
  ?  primeira referência à “futura célula” 
  1665  Robert Hooke  é proposta a denominação de célula (usa este termo ao analisar cortiça com o microscópio). 
 
  Antony Van Leeuwenhoek 
  ‐ 247 microscópios (50 – 300x) 
  ‐ 419 lentes 
  ‐ descreve células vivas (sangue) 
  ‐ seres unicelulares (protozoários) 
  ‐ primeiro corante (açafrão) 
 
 
  SÉCULO XIX 
  * Abandonam‐se as simples observações à transparência; 
  * Utilização de cortes finos de material previamente fixado, desidratado e incluído; 
  * Desenvolvem‐se corantes específicos para organitos e estruturas celulares; 
  * Desenvolvem‐se melhorias técnicas. 
 
  1830  Abbe  lentes acromáticas (aberração de cromicidade)  
  1831  Robert Brown  descreve núcleo das células vegetais 
  1839  Schwann  Teoria Celular: todos os seres vivos são constituídos por células 
  1857  Kolliker  descreve mitocôndrias (?) 
1858  Wirchow  “Omne celulae ex celulae”: todas as células derivam de células pré‐existentes 
  1890  Altman  descreve mitocôndrias (bioblastos) 
  1893  Kohlen  iluminação microscópica semelhante à actual 
  1898    Camillo  Golgi    descreve  o  aparelho  reticular  interno  (mais  tarde  complexo  de  Golgi);  inicialmente,  quase 
ninguém aceita a sua descrição 
  1931  Kuska  primeiro microscópio electrónico (permite observar o relevo da célula) 
  1937  Claude, Porter, Pickles  primeira imagem de microscopia electrónica (macrófago de galinha) 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  DÉCADA DE 60 
  *  Autorradiografia    marcação  de  células  com  radioisótopos.  Obtém‐se  mais  informação  a  nível  de  conhecimentos 
celulares – ideia mais aproximada da célula 
  * Imunocitoquímica   Detecção de componentes que queremos identificar através de anticorpos ou 
  * Imunofluorescência  fluorescência. Diferença: tipo de marcações de anticorpo. 
 
  1987 
Microscópio  confocal:  microscópio  digital  baseado  na  microscopia  de  fluorescência  e  está  relacionado  com  a 
emissão/absorção  de  comprimentos  de  onda  (fotões). Ao  contrário  do  microscópio de  fluorescência,  no  microscópio  confocal 
não há emissão de fotões num campo inteiro, sendo utilizada a visão ponto a ponto (laser). Ligado a um computador permite 
fazer a reconstrução da imagem visualizada, incluindo imagens tridimensionais. 
 
Alguns  anticorpos  absorvem  determinados  comprimentos  de  onda,  emitindo  ondas  com  comprimentos  superiores  às 
absrovidas. 
 
Existem muitas formas de chegarmos à célula. No entanto, não existe nenhuma técnica que nos permita observar a célula 
como realmente é (nenhuma imagem da célula é real). O microscópio confocal pretende ultrapassar essa dificuldade. 
 
 
OBSERVAÇÃO DE CÉLULAS IN VIVO 
 Microscopia de fluorescência; 
 Microscopia confocal laser; 
  Microscopia  de  contraste‐fase*  e  de  interferência*:  permite  observar  células  sem  necessidade  de  estarem  coradas  e 
fixadas e permite a observação de algumas células vivas. Permite observar organelos transparentes, visto que as lentes detectam 
as variações de velocidade, mesmo que o comprimento de onda não se modifique. Obtêm‐se imagens em variação de cinzento 
(preto e branco). 
 
* Células sem corantes, fixação, etc.; observação mais rápida apesar de não tão pormenorizada. 
* Noção mais quantitativa por conformação em cor. 
 
 
Endoscopia de contacto: 
 Técnica que permite obter imagens muito semelhantes  ?. 
 Observação somente óptica; 
 Microlaringoscópio  fonte de luz fria; instrumento que permite observar a célula no seu habitat, sem interferir e sem a 
intervenção de artefactos; 
 É utilizado um corante que é posteriormente eliminado pela célula; 
 Só permite observar as mucosas/epitélios não queratinizados. 
 
 
ARTEFACTOS DA TÉCNICA 
 Fixação  redução de volume; precipitação de algumas proteínas. 
 Desidratação  redução de volume (perda de água). 
 Impregnação  redução de volume. 
 Hidratação  aumento de volume. 
 Coloração  artefactos de coloração das células. 
 
 
Problemas: 
‐ as células têm uma dimensão que não conseguimos observar. 
‐ visão. 
 
Conclusão:  
Há necessidade de conjugar todas as técnicas e de utilizar a mesma técnica repetidamente, para se ter uma noção mais 
exacta e mais correcta. 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Membranas biológicas 
 
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CÉLULAS E MEMBRANAS BIOLÓGICAS 
1. Membranas e evolução; 
2. Constituição da membrana; 
3. Modelos da membrana; 
4. Unidade de membrana – sistemas de transporte e renovação da membrana; 
5. Funções e diferenciação. 
 
 
  MEMBRANAS 
    As  membranas  celulares  são  essenciais  à  vida,  uma  vez  que  funcionam  ESTUDO DA MEMBRANA 
como barreiras ao mundo extracelular e compartimentam os diferentes organelos  Ao  observarmos  uma  célula  ao  microscópio,  é 
celulares, permitindo que cada um desempenhe as suas funções individuais;  necessário  utilizar  algum  elemento/constituinte 
    Nas  células  procarióticas,  as  membranas  participam  apenas  na  definição  da mesma como referência para comparação das 
dimensões,  como  se  fossem  uma  régua. 
de limite da célula;  Normalmente  utiliza‐se  o  glóbulo  vermelho  (7  a 
   Nas células eucarióticas, as membranas têm também o papel de invólucro  10 μm). 
do núcleo e de organelos intracelulares (retículos endoplasmáticos, mitocôndrias, 
complexo de Golgi, lisossomas, peroxissomas, vesículas e vacúolos variados). 
 
  * Funções: 
 Separação do conteúdo celular do espaço extracelular (exoplasmático), uma vez que a parte hidrofóbica do interior da 
membrana impede a passagem de água; 
 Função de invólucro, do núcleo e dos restantes organelos intracelulares – compartimentação de organelos e enzimas; 
 Organização da topografia do meio celular, dividindo‐o em dois compartimentos: nuclear e citoplasmático; 
 Subdivisão do citoplasma em dois espaços: 
‐  Espaço  contínuo:  corresponde  à  matriz  citoplasmática  (citosol).  Espaço  compreendido  entre  a  membrana 
plasmática e as membranas do núcleo e organelos; 
‐ Espaço descontínuo: constituído pelo somatório dos espaços contidos nos organelos ou vesículas limitadas por 
membrana; 
   Detecção e transmissão de sinais dentro e entre células; 
  Funções  relacionadas  com  as  proteínas  e  glicolípidos  de  membrana.  Por  exemplo,  regulação  do  transporte  e 
reconhecimento celular; 
 Locomoção da célula. 
 
 
  MEMBRANA E EVOLUÇÃO CELULAR 
* A evolução celular inicia‐se a partir do momento em que surge um “sistema” que permite separar o meio interno do 
meio externo – a membrana. O seu aparecimento permite o desenvolvimento do que é interno e do que é externo. 
  * A membrana permitiu a formação da primeira célula que surgiu no nosso planeta, há 3‐4 biliões de anos. 
  * Esta fina película permitiu a compartimentação de pequenas porções do caldo primitivo, adquirindo individualidade e 
capacidade de auto‐duplicação. 
 
  Microsferas de Fox: membranas que fazem a separação dos meios interior e exterior, que 
permitem a evolução.  
     
  Células procarióticas: pouco evoluídas em termos hierárquicos; início da diferenciação; o 
aparecimento da membrana permite a evolução, até se atingir uma estrutura muito organizada, 
em que cada constituinte (ou grupo de constituintes) desempenha uma função específica. 
     
  Células eucarióticas: as células mais evoluídas. 
 
  Em suma: 
  * A vida teve origem porque surgiram membranas, o que permitiu a evolução e a diferenciação celular;  
*  Ao  longo  dos  tempos  deu‐se  a  individualização  de  compartimentos  que  se  especializam  em  determinadas  funções 
(complexo de Golgi, RER, mitocôndrias, etc.). 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
CONSTITUIÇÃO DA MEMBRANA VS. FUNÇÃO 
Todas  as  membranas  contêm  lípidos  e  proteínas.  Contudo,  a  proporção  de  cada  um  destes  elementos  varia  de  acordo 
com as funções das membranas: 
 Neurónio: bainha de mielina (18% proteínas e 76% lípidos); 
 Membrana interna da mitocôndria (76% proteínas e 24% lípidos); 
 Membrana do eritrócito (44% proteínas e 42% lípidos). 
 
 
CARACTERÍSTICAS 
*  Fluidez:  traduz‐se  pelo  marcado  movimento  lateral  a  que  os 
fosfolípidos e proteínas estão sujeitos ao longo do plano de cada um dos 
folhetos da bicamada. A temperatura afecta a fluidez da membrana, e a 
temperatura  depende  da  sua  composição  em  ácidos  gordos.  Uma 
membrana rica em fosfolípidos com cadeias de ácidos gordos insaturadas 
mantém‐se  fluida  a  uma  temperatura  inferior.  A  maioria  dos  lípidos 
move‐se  ao  acaso  no  plano  da  membrana  com  uma  velocidade  de 
migração média de 22 μm/seg.  
*  Movimentos  de  flip‐flop: raros, são movimentos de fosfolípidos 
e  colesterol  entre  as  duas  camadas  da  membrana  (requer  consumo  de 
ATP e acção enzimática).  
* Assimetria: expressa‐se pela diferente composição molecular observada nos dois folhetos: 
‐  Fosfolípidos:  fosfatidilcolina  e  esfingomielina  no  folheto  externo;  fosfatidiletanolamina  e  fosfatidilserina  no  folheto 
interno; 
‐ Proteínas: distribuídas de forma desigual nos dois folhetos; 
‐ Glicolípidos: presentes apenas no folheto exoplásmico; 
‐ Carga eléctrica: folheto citoplasmático tem maior carga negativa. 
*  Plasticidade:  representada  pelo  seu  constante  movimento  bidimensional,  leva  a  que  a  bicamada  rapidamente  se 
organize sempre que o equilíbrio termodinâmico é alterado.1 
 
 
  CONSTITUIÇÃO DA MEMBRANA 
 
1. FOSFOLÍPIDOS 
   São os lípidos mais abundantes na membrana. 
  Têm  uma  estrutura  polar  anfipática:  possuem  uma  cabeça  hidrofílica  ou  polar  (que  se  liga  à  água)  e  uma  cauda 
hidrofóbica ou apolar (que não tem apetência pela água). A cauda é constituída por duas cadeias de ácidos gordos. 
 Em presença de água, os fosfolípidos orientam‐se de forma a evitarem o contacto das suas extremidades hidrofóbicas 
(as caudas) com as moléculas de água. Por esta razão, organizam‐se espontaneamente em pequenas formações esféricas – as 
micelas. Nas membranas, os fosfolípidos organizam‐se em bicamadas, com as suas extremidades hidrofóbicas voltadas para o 
interior da membrana, pelo mesmo motivo. 
 

                        
 
 
 
 
                                                            
1
  Exemplo  dos  mesossomas  bacterianos  –  meros  artefactos  criados  pelas  técnicas  necessárias  à  observação  das  membranas.  A  formação  dos  mesosomas 
corresponde  à  reorganização  dos  fosfolípidos  destabilizados  pelos  fixadores.  A  reorganização  estrutural  é,  pois,  um  fenómeno  a  considerar  sempre  que  este 
compartimento celular é sujeito a stress.  
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  Estes componentes da membrana modificam o seu comportamento em função da temperatura: 
    ‐ temperatura baixa: estrutura pouco vibrátil; 
    ‐ temperatura elevada/fisiológica: há movimentação; a estrutura da membrana não é estática. 
 
  Assim, os fosfolípidos condicionam um certo dinamismo à membrana. 
 

 
 
   
A  natureza  hidrofóbica  da  bicamada  lipídica  que  constitui  a  membrana  impede  a  passagem  de  água,  o  que  permite  a 
separação do conteúdo celular do espaço extracelular. 
 
  * Constituição bioquímica dos fosfolípidos: 
   Ácidos gordos; 
   Glicerol; 
   Grupo fosfato; 
   Colina ou serina. 
 
Temos quatro tipos de fosfolípidos mais relevantes em termos quantitativos: 
 Fosfatidilcolina 
 Fosfaditiletanolamina          neutros                                         a pH fisiológico
 Esfingomielina 
 Fosfatidilserina                        carregada negativamente 
 
Existem outros fosfolípidos que estão em baixas concentrações mas que têm um papel fulcral, como os de inositol, que 
participam em mecanismos de transmissão de sinal para o interior da célula.  
 
Podemos classificar os lípidos em duas categorias:  
  Saturados:  contêm  apenas  ligações  simples,  apresentam  difusão  lateral  mais  lenta,  atingindo  transição  de  fase 
(gelificação por diminuição da temperatura) a temperaturas menos baixas que os insaturados. 
 Insaturados: apresentam geometria menos linear na cauda e, por isso mesmo, têm menos interacções com as caudas 
dos fosfolípidos adjacentes, logo, atingem a transição de fase a temperaturas mais altas.  
 
Em  MET  observa‐se  um  perfil  trilaminar  constituído  por  duas  linhas  negras 
electrodensas paralelas, separadas por uma electrolucente, que corresponde à zona 
hidrofóbica. Têm um tamanho de 6 a 9 nm e formam a unidade de membrana.  
 
 
2. COLESTEROL 
   Localiza‐se mergulhado nas porções hidrofóbicas dos fosfolípidos. 
   É o segundo lípido mais abundante. 
   Tem maior facilidade em realizar movimentos de flip‐flop que os fosfolípidos. 
   Ausentes em procariotas. 
 
* Funções: 
  Unir  as  estruturas  fosfolipídicas  (dar  estabilidade)    impede  a  ocorrência  de 
rupturas na camada fosfolipídica; 
 Impermeabilidade; 
 Diminui a temperatura de transição de fase. 
 
 
 
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3. GLICOLÍPIDOS 
  Localizam‐se  no  folheto  exoplasmático  da  membrana  externa  das  células  eucarióticas,  uma  vez  que  os  resíduos 
sacarídeos  são  adicionados  às  moléculas  dos  lípidos  no  lúmen  do  complexo  de  Golgi  que,  topograficamente  é  um  espaço 
exoplasmático. 
 Não têm capacidade de fazer flip‐flop. 
  Nas  células  epiteliais,  os  glicolípidos  confinam‐se  à  membrana  apical,  o  que  indica  que  as  junções  intercelulares  de 
oclusão formam uma barreira à sua difusão lateral da membrana. 
 
* Funções: 
 Podem actuar como receptores específicos de moléculas presentes fora da célula; 
 Podem ligar‐se a componentes da matriz intercelular. 
 
 
4. PROTEÍNAS 
   A massa de uma proteína de membrana de tamanho médio é 40 a 60 vezes superior à massa de um fosfolípido. 
   Contribuem para cerca de metade da massa total na maioria das membranas. 
   Boa parte delas são glicoproteínas. 
   Estão sujeitas a movimentos laterais e de rotação, mas não a movimentos de flip‐flop. 
   
  * Funções: 
  Apresentam muitas funções ao nível da membrana: 
   Receptores  comunicação intercelular e reconhecimento celular (identificação das células relacionada com o sistema 
imunitário – reconhecimento do self e do non‐self); 
   Transportadores  facilitar o transporte/passagem através da membrana (para entrarem constituintes que existem no 
exterior e que são necessários no interior – exemplo: glicose); selecção dos componentes que passam; 
   Enzimas  auxiliam, por exemplo, na digestão; 
   Estruturais  estabilização da estrutura membranar. 
 
  Troca  metabólica  de  células  solúveis  em  água  entre  a  célula  e  o  espaço  extracelular,  através  da  formação  de  canais 
transmembranares resultantes da associação dinâmica de proteínas; 
 Receptores moleculares; 
 Formação de junções intercelulares; 
 Catalisadores de reacções químicas; 
 Ancoragem da membrana a elementos do citoesqueleto.  
 
 
  * Tipos de proteínas membranares: 
    Proteínas  integrais  (intrínsecas):  atravessam  o  plano  hidrofóbico  da  membrana  e  são  observadas  nas  faces  de 
criofractura, ou seja, contêm necessariamente segmentos hidrofóbicos. Quando atravessam toda a extensão da membrana são 
chamadas transmembranares. Para se isolar estas proteínas, é necessário tratar preparações de membrana com detergente – 
SDS. Têm segmentos hidrofóbicos na sua molécula (purificação difícil). 
 Proteínas periféricas (extrínsecas): não atravessam o plano hidrofóbico da membrana e são observadas nas superfícies 
das membranas, intactas. Para se isolar estas proteínas, basta tratar as preparações de membrana com soluções de salinidade 
elevada (facilmente isoladas). Ligam‐se através de ligações não covalentes com outros elementos da membrana. 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

 
Formas como as membranas se associam à bicamada lipídica 
 
 
A  membrana  celular  pode  apresentar  domínios  (áreas  restritas)  onde  se  concentram  proteínas  específicas,  não 
detectáveis  noutras  zonas  da  membrana.  Nestas  células,  a  membrana  é  constituída  por  uma  sucessão  contínua  de  mosaicos 
fluidos  diferentes,  cada  um  com  um  coeficiente  particular  de  difusão  lateral  das  suas  moléculas.  As  moléculas,  movendo‐se 
lateralmente nessa área, não podem, contudo, percorrer outras zonas da superfície celular. 
Ex.: espermatozóide, em que regiões da membrana celular e acrossomal acumulam proteínas em determinadas áreas da 
membrana.  
 Acrossoma; 
 Zonas de oclusão; 
 Zonas de ancoragem de proteínas. 
 
 
  MODELOS DE MEMBRANA 
  Todos  os  modelos  de  membrana  que  conhecemos  são  modelos  hipotéticos.  Não  há  possibilidade  de  visualizar  a 
verdadeira  constituição  da  membrana;  podemos  apenas  identificar  o  que  nela  existe,  mas  não  onde  se  encontra  cada 
constituinte. 
 
  1895  Overton  membrana de natureza lipídica. 
  1897  Langmuir  fosfolípidos com estrutura polar (estruturas anfipáticas). 
  1925  Gordon e Grendel  trabalhos sobre glóbulos vermelhos; modelo com lípidos dispostos em dupla camada. 
  1932  Cole  lípidos + proteínas. 
  1935    Danielli  e  Davson    proteínas  externa  e  internamente  com  a  bicamada  no  interior.  Para  haver  comunicação 
entre o interior e o exterior aparecem poros transmembranares, com as proteínas sempre a envolver. 
  1959  Robertson  estrutura trilaminar; Unidade de membrana. Este modelo é sobreponível ao anterior. 
  Ao microscópio, observou‐se a existência de: 
    ‐ zona negra (proteínas); 
    ‐ zona branca (lípidos);  Embora pudessem haver variações,  este modelo 
    ‐ zona negra (proteínas).  é  aplicado  a  todas  as  membranas  existentes  na 
  célula,  e  não  apenas  na  membrana 
  citoplasmática. 
 
 
 
  1972  Singer e Nicholson  modelo do mosaico fluido. 
  Bicamada lipídica com dois tipos de proteínas mergulhadas: 
    ‐ intrínsecas: atravessam toda a membrana; 
    ‐ extrínsecas: (ver funções descritas anteriormente). 
  Não é um modelo estático. 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  * Técnica Criofractura‐Réplica: 
   Criofractura: análise estrutural de moldes de membrana sujeitas a congelamento e secundariamente fracturadas; 
 Permite cortar a célula a meio; 
   Observar cada um dos lados da membrana; 
   Permitiu ver as diferentes proteínas (algumas atravessavam toda a membrana, e 
outras não); 
   Revelou que a membrana se encontra dissociada em duas metades: 
    ‐ Face protoplasmática – P (interior hidrofóbico da camada citoplasmática); 
  ‐  Face  exoplasmática  –  E  (corresponde  ao  interior  hidrofóbico  da  metade 
exterior da membrana); 
    As  faces  da  fractura  revelaram  que  apresentavam  pequenas  partículas  salientes 
que correspondem a pequenas proteínas transmembranares, ou seja, as membranas são compostas por uma camada contínua 
de fosfolípidos anfipáticos onde se intercalam proteínas transmembranares. 
 
 
  * Imunocitoquímica: 
  Observou‐se  que  os  receptores  presentes  na  membrana  ficam  dispersos  ou  podem  encontrar‐se  acumulados  numa 
determinada região (confirma o dinamismo da membrana). 
 
SISTEMAS MEMBRANARES INTRACELULARES 
  * Plasmalema; 
  * Retículo endoplasmático; 
  * Aparelho de Golgi; 
  * Lisossomas e vacúolos; 
  * Peroxissomas; 
  * Invólucro nuclear; 
  * Endossimbiontes. 
 
 
SISTEMAS DE TRANSPORTE E RENOVAÇÃO DA MEMBRANA 
  * Renovação: 
Existe  uma  unidade  de  renovação  da  membrana.  A  membrana  do  núcleo  (dupla  camada)  é  idêntica  à  que  existe  nos 
outros componentes da célula (RER, REL, Complexo de Golgi, vesículas/lisossomas) e à membrana citoplasmática. 
  Através dos lisossomas que aderem à membrana através de bordos, dá‐se a renovação da membrana. 
 
  * Sistemas de transporte: 
   Transporte passivo: quando não envolve o consumo de energia do sistema, sendo utilizada apenas a energia cinética das 
moléculas; a movimentação dá‐se a favor do gradiente de concentração. Pode ser facilitado ou não, conforme intervenham ou 
não enzimas transportadoras (proteínas transmembranares), as permeases (difusão simples ou facilitada, osmose). 
   Transporte activo: há gasto de energia; a movimentação dá‐se contra o gradiente de concentração. É primariamente 
realizado pelas enzimas ATPases. 
   Endocitose: processo pelo qual as células vivas activamente absorvem material (moléculas, pedaços de detritos, outras 
células) através da membrana celular. 
‐  Fagocitose:  ingestão  de  partículas  grandes  ou  células  através  de  expansões  citoplasmáticas  chamadas 
pseudópodes; 
    ‐ Pinocitose: processo contínuo de ingestão de fluidos e moléculas por meio de pequenas vesículas.  
 Exocitose: libertação do conteúdo de partículas através da aderência dos bordos de vesículas. 
 
 
     
 
   
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  Pinocitose – Clatrina 
  Clatrina  –  na  superfície  das  membranas  existem  zonas  revestidas  com  clatrina 
(receptores  que  são  direccionados  para  determinado  tipo  de  substâncias  e  que  estão 
relacionados com a formação de vesículas).  
 
  Clatrina e hipercolesterolémia: 
  Se  não  existirem  receptores  suficientes,  ou  se  estes  estiverem  modificados 
geneticamente, o colesterol não passa para o interior da célula, ficando no sangue, o que 
explica os níveis elevados de colesterol no sangue. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Especializações da Membrana Celular 
 
As células da maioria dos seres vivos pluricelulares associam‐se entre si formando os tecidos. Em muitos tecidos animais, 
a membrana citoplasmática apresenta zonas especializadas, com grande importância funcional. Algumas destas especializações 
não detectáveis morfologicamente resultam da existência de proteínas especiais integradas na membrana. 
 
 Existem em certos tipos de células, desempenhando funções específicas; 
 Têm composição química diferente do resto das porções membranares; 
 
 
FUNÇÕES 
 Adesão celular; 
 Aumentar a superfície celular; 
 Comunicação intercelular. 
 
 
As especializações da membrana são diferentes consoante o local da célula em que ocorrem: 
 Membrana apical; 
 Membrana lateral; 
 Membrana basal. 
A maior parte das especializações ocorrem em células localizadas em epitélios. 
 

 
 
 
 
Não  detectáveis  morfologicamente, 
  resultam  da  existência  de  proteínas 
  Especializações   
especiais integradas na membrana.
 
  Morfo‐funcionais  Bioquímicas/moleculares 
 
 
 
da membrana apical  da membrana lateral da membrana basal 
 
 Microvilosidades   Junções impermeáveis   Hemidesmossomas 
 
 Estereocílios    Junções comunicantes   Invaginações  
 Cílios     Desmossomas  
   Flagelos   Interdigitações  
   
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
1. BIOQUÍMICAS/MOLECULARES 
Exemplo: membrana celular do enterócito apical que reveste as microvilosidades e membrana da parte basolateral. 
‐ Apical: proteínas integrais de membrana transportadoras que permitem a passagem de glicose, ácidos aminados 
e outros compostos para o interior da célula; 
‐ Basolateral: proteínas transportadoras que permitem a passagem para o exterior da célula dos nutrientes antes 
absorvidos na parte apical da célula. 
 
 
2. MORFO‐FUNCIONAIS 
  1. Aumentam a superfície celular: 
    ‐ Microvilosidades; 
    ‐ Cílios e flagelos; 
    ‐ Estereocílios; 
    ‐ Invaginações e interdigitações. 
2.  Junções  intercelulares:  especializações  morfologicamente  bem  evidentes,  com  composição  química  e 
organização  molecular  conhecida.  Podem  ocorrer  em  células  vizinhas,  mantendo  a  coesão  entre  essas  células.  São 
classificadas de acordo com as funções que desempenham no tecido: 
  ‐ Junções impermeáveis (Zonula Ocludens): impedem a passagem de iões ou moléculas entre as células; 
  ‐ Junções aderentes (Zonula adherens): ligam fortemente as células entre si; 
  ‐ Junções comunicantes: permitem a comunicação entre as células. 
 
 
ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA APICAL 
  * Microvilosidades: 
   Extensões citoplasmáticas digitiformes; 
   Mais frequentes nas células epiteliais que necessitam de uma grande superfície de absorção (por exemplo, enterócitos e 
células do tubo contornado proximal do rim); 
   Medem cerca de 1 μm de comprimento e 0,08 μm de secção; 
   Aumentam a área de absorção da célula cerca de 20 vezes (aumentando a superfície da célula); 
   Quando aparecem em grande número, surgem como se fossem um “tapete” à superfície da célula. 
 
  Constituição: 
    Revestidas  pela  membrana  citoplasmática,  altamente  especializada,  que  contém, 
exteriormente, uma camada espessa de glúcidos e enzimas digestivas que formam uma rede 
fina,  intimamente  ligada  às  membranas  das  microvilosidades.  Esta  substância,  facilmente 
observada em ME, chama‐se glicocálice; 
    O  interior  das  microvilosidades  contém  um  feixe  de  20  a  30  microfilamentos  de 
actina, dispostos paralelamente (afastados cerca de 10 nm uns dos outros), encontrando‐se 
com a extremidade positiva dirigida para cima (lúmen). Servem para suportar a estrutura; 
   O feixe de microfilamentos é mantido por pontes mediadas pelas proteínas fimbrina, 
fascina e vilina; 
 Nas células intestinais, os feixes inserem‐se na extremidade da vilosidade e na parte 
apical do citoplasma. Esta porção do citoplasma é designada por teia/rede terminal; 
   A ligação dos microfilamentos aos lípidos da membrana é mediada pela miosina I, o 
que confere capacidade contráctil às microvilosidades; 
    Também  a  espectrina  pode  ser  responsável  pela  união  dos  filamentos  de  actina  à 
membrana celular. 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

              
Microvilosidades em MET 
 
 
Intestino: Prato estriado – representação óptica das microvilosidades do intestino;   Em MO
Rim: Bordadura em escova – representação óptica das microvilosidades dos tubos contornados renais.  
 

 
 
 
  Glicocálice: 
   Camada espessa de glúcidos e enzimas digestivas; 
   Rede fina intimamente ligada às membranas das microvilosidades – cell coat –, envolvendo completamente a célula; 
   Várias funções: 
    ‐ Protecção da superfície celular (exemplo: superfície intestinal);  As  proteínas  do  HLA  – Human 
Leukocyte  Antigen  –  localizam‐se  no 
    ‐ Reconhecimento celular (relacionado com o sistema imunitário); 
glicocálice    reconhecimento  do  self 
    ‐ Adesão celular;  e do non‐self.
 

    ‐ Determinação antigénica (exemplo: antigénios dos grupos sanguíneos ABO); 
    ‐ Propriedades enzimáticas (peptidase/glicosidases); 
    ‐ Receptor de macromoléculas (hormonas, neurotransmissores, toxinas, etc.); 
    ‐ Ligação de toxinas, vírus e bactérias (reconhecimento molecular). 
 

 
Glicocálice
 
Microvilosidade

 
Rede terminal

 
 
* Estereocílios: 
 Microvilosidades modificadas no tamanho e forma, mas estruturalmente iguais a estas, uma vez que têm citosqueleto 
constituído por um feixe de microfilamentos (no seu interior existem filamentos de actina); 
 O termo estereocílio deriva do facto de, histologicamente, estas expansões citoplasmáticas apresentarem uma grande 
dimensão (similar à dos cílios) e, por vezes, serem ramificadas e/ou anastomosadas (ligações entre estereocílios vizinhos). 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
Diferenças entre os estereocílios e as microvilosidades: 
 Maior dimensão; 
 Não têm funções de absorção; 
 Surgem à superfície da célula, mas não de forma contínua/uniforme; surgem como se fossem 
tufos. 
 
No homem conhecem‐se dois tipos de estereocílios: 
   Canais excretores genitais masculinos (epidídimo e canal deferente): mais longos (> 1 μm) e 
mais  largos  (>  1  μm)  que  as  microvilosidades,  apresentando‐se  ramificados  e  anastomosados.  No  seu 
interior existe um feixe de microfilamentos, maior que o existente nas microvilosidades. A proteína que 
interliga os microfilamentos para os manter num feixe paralelo e rígido, é a fimbrina, enquanto que a 
vinculina os fixa lateralmente à membrana celular.  
‐ Orientação de fluidos: durante a ejaculação, a rede dos estereocílios impede a oclusão 
do lúmen, contribuindo assim para que o sémen continue a progredir para o exterior; 
   ‐ Ajudar a remover os espermatozóides degenerados (por fagocitose), retendo‐os junto à superfície epitelial; 
   ‐ Aumento da superfície de absorção: reabsorção de água. 
    Ouvido  interno  (células  sensoriais  externas  e  internas do  órgão de  Corti):  são  denominadas  de células  com  pêlos  ou 
células cabeludas, por apresentarem tufos de estereocílios, os quais são muito mais compridos e mais largos que os dos canais 
excretores genitais masculinos. No entanto, estes estereocílios não são, nem ramificados nem anastomosados. Apresentam um 
estrangulamento no colo, e os seus microfilamentos terminam na porção basolateral da membrana celular da célula. 
 
* Cílios: 
 Projecções citoplasmáticas móveis, com cerca, com cerca de 0,25 μm de diâmetro e 
vários micra de comprimento (5‐10 μm em média); 
 Contêm no seu interior um citosqueleto embebido por uma matriz proteica e rodeado 
por uma diferenciação da membrana celular; 
 Funções:  
‐  Facilitar  a  locomoção  celular  (por  exemplo,  nos  espermatozóides,  nos 
protozoários ciliados, etc); 
‐  Deslocar  fluidos  ou  células  na  superfície  das  células  epiteliais  (exemplos: 
limpeza da árvore brônquica através do arrastamento (em direcção à faringe) do 
muco secretado, que fixa as impurezas inspiradas, e arrastamento do oócito para as trompas de Falópio e depois 
em direcção ao útero ao longo destas, devido à actividade ciliar das células da trompa). 
 Têm uma estrutura interior que permite o seu movimento, que faz lembrar um chicote. 
 
* Flagelos: 
   Estrutura semelhante à dos cílios; 
   Mais longos e, geralmente, em menor número; 
   Os seus movimentos são do tipo sinusoidal. 
 
Os cílios e os flagelos são constituídos por dois componentes principais:  
    Axonema:  designação  dada  ao  citoesqueleto.  Constituído  por  microtúbulos  e  proteínas  a  eles  associados.  Os 
microtúbulos  são  filamentos  proteicos  ocos  (diâmetro  de  ≈  25  nm),  que  se  dispõem  num  círculo  de  9  dupletos  a  rodear  2 
microtúbulos  centrais  –  padrão  9d+2s.  Os  microtúbulos  centrais  são  independentes  um  do  outro  mas,  nos  periféricos,  o 
microtúbulo mais externo (microtúbulo B) compartilha parte da parede do microtúbulo interno (microtúbulo A).  
  Existem vários tipos de proteínas associadas aos microtúbulos: 
‐ Braços de dineína: estruturas que se projectam do microtúbulo A em direcção aos microtúbulos do par seguinte. 
Têm acção importante na motilidade ciliar, pois provocam o deslizamento dos microtúbulos uns sobre os outros. Isto 
verifica‐se  pois  possuem  um  domínio  com  actividade  ATPásica.  Quando  o  ATP  se  liga  a  este  domínio,  o  braço  de 
dineína  separa‐se  do  microtúbulo  e,  após  hidrólise,  o  ATP  fixa‐se  ao  microtúbulo  seguinte  imprimindo‐lhe  um 
movimento descendente em direcção à extremidade.  
‐  Pontes  de  nexina:  ligam  o  microtúbulo  A  de  um  par  ao  microtúbulo  B  do  par  seguinte.  Mantêm  intacta  a 
circunferência dos dupletos.  
‐ Projecções radiais: projectam‐se do microtúbulo A em direcção ao par de microtúbulos centrais. 
‐ Bainha interna: rodeia os microtúbulos centrais. Juntamente com as projecções radiais, coordena o deslizamento 
dos microtúbulos.  
‐ Ponte central: interliga os microtúbulos centrais.  
‐ Filamentos radiais periféricos: unem os dupletos à membrana ciliar. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
O axonema tem várias outras proteínas cuja detecção escapa à observação no ME: 
‐ Tectinas: regulam a polimerização dos protofilamentos microtubulares. 
‐ Calmodulina: fixa o ião cálcio e, quando tal acontece, liga‐se às cabeças das projecções radiais e à bainha interna, 
regulando a motilidade ciliar. 
‐ Miosina: com actividade ATPásica, provocando contracção dos microtúbulos. 
‐ Espectrina: também interage com os microfilamentos, particularmente na sua junção com as membranas. 
‐ Tubulinas livres: função desconhecida, pensa‐se que conferem rigidez à membrana ciliar. 
‐ Actina G livre. 
 
   Corpo basal (ou cinetossoma): cilindro oco onde se inserem os microtúbulos do axonema ao nível citoplasmático. A sua 
parede é constituída por 9 tripletos de microtúbulos, sem o par central, associados a outras proteínas que constituem a matriz e 
que  asseguram  não  só  a  fixação  do  citoesqueleto  celular,  mas  também  a  motilidade.  O  corpo  basal  possui  várias  actividades 
enzimáticas que se encontram envolvidas na transducção de sinais que regulam a motilidade ciliar: 
‐ Fosforilase de nucleótidos purínicos; 
‐ ATPase Ca2+ Mg2+. 
 
Os microtúbulos do axonema são originados pelos microtúbulos do corpo basal, à excepção do par central que se origina 
da placa basal ou axossoma, que se encontra no eixo do cílio.  
O corpo basal fixa o axonema ao citoesqueleto e à membrana celular através de vários apêndices: 
‐ Fibras de ancoragem: unem o corpo basal à membrana plasmática. 
‐  Pé  basal:  estrutura  de  ligação  ao  citoesqueleto, 
encontrando‐se  do  lado  do  corpo  basal,  onde  se 
efectua  a  fase  activa  do  movimento.  Dela 
emergem  vários  microtúbulos,  em  direcção  ao 
núcleo  ou  em  feixe  paralelo  que  interliga  as 
junções intercelulares apicais.  
‐  Raiz  estriada:  estrutura  cónica,  alongada,  que 
emerge da base do corpo basal e que o ancora ao 
citoesqueleto  celular.  Contém  fósforo  com 
capacidade de fixar cálcio e enzimas ATPase, que a 
partir  de  determinadas  concentrações  de  Ca2+, 
provocam contracção da raiz estriada, mantendo o 
cílio ou flagelo estirado e fixo ao citoesqueleto.  
   
Nota: Para além do axonema e do corpo basal possuem ainda uma zona de transição. 
 
O citoesqueleto celular está, portanto, muito relacionado com os cílios e flagelos: 
‐ ajudando a determinar a posição dos cinetossomas; 
‐ ancoragem dos cílios; 
‐  aumenta  a  resistência  da  célula  ao  desgaste  constante  do  batimento  celular  e  coordena  esse  mesmo  batimento, 
regulando‐o face a estímulos. 
 
  Patologia ‐ Síndrome de Kartagener (SK) ou síndrome dos cílios imóveis: 
 Alteração ao nível dos cílios – não existem 9 dupletos, sendo alguns deles substituídos por microtúbulos isolados; 
 Doença autossómica recessiva; 
 Clínica: 
  ‐ Infecções crónicas do aparelho respiratório (como bronquite crónica); 
  ‐ Esterilidade masculina e por vezes feminina (atraso na chegada do óvulo ao útero); 
  ‐ 50% situs inversus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA LATERAL 
 
  Em MO observa‐se o quadro cimentar/complexo unitivo: 
   Zona de oclusão; 
   Zona de aderência; 
   Desmossoma. 
 
 

        
 
          
   JUNÇÕES INTERCELULARES: 
* Junções impermeáveis – junções apertadas, ocludentes, de oclusão, tight junctions ou zonulae occludens: 
  Encontram‐se  frequentemente  na  porção  apical  lateral  das  células 
epiteliais de revestimento (exemplos: enterócitos, células dos tubos renais e no 
epitélio dos canais genitais excretores); 
  Há  uma  fusão  completa  das  membranas  das  duas  células  vizinhas  (não 
existe espaço intercelular); 
  Situam‐se  na  porção  apical,  sendo  constituídas  por  bandas  finas  que 
rodeiam  completamente  as  células  e  contactam  com  estruturas  idênticas  de 
células adjacentes; 
  Serve  para  evitar  a  infiltração  de  moléculas  através  do  espaço 
intercelular (sem serem seleccionadas); 
 Ao ME aparecem como uma série de ligações entre os folhetos externos 
das  membranas  de  células  adjacentes,  tornando  o  espaço  intercelular 
impermeável a moléculas, sais, e mesmo iões;  
 São constituídas por uma rede de pregas, formadas de partículas intramembranares. Estas 
partículas  são  de  natureza  proteica  –  proteínas  integrais  –  e  estão  presentes  em  cada  uma  das 
membranas  das  células  adjacentes.  Destacam‐se  as  claudinas  e  as  ocludinas.  Existem  também 
outras proteínas: proteína intrínseca de 65 kDa, ZO‐1, ZO‐2, cingulina e antigénio TH6; 
 No ponto de contacto entre as proteínas integrais de cada membrana adjacente, o espaço 
intercelular  é  nulo  e  é  um  ponto  completamente  impermeável  à  passagem  de  substâncias  do 
lúmen para o espaço intercelular. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

          
 
 
* Junções de aderência – desmossomas circulares, junções intermediárias, zonas de adesão ou zonulae adherens: 
 Localizam‐se abaixo das junções de oclusão nos tecidos epiteliais; 
 Faixa de adesão que rodeia completamente a região apical de células epiteliais colunares, constituindo como que um 
cinto à volta destas; 
 Nesta zona o espaço intercelular é de 15 a 20 nm; 
 A membrana celular é um pouco mais espessa nesta zona do que nas restantes zonas da célula; 
 As glicoproteínas transmembranares que intervêm na adesão pertencem à família das caderinas – moléculas de adesão 
celular dependentes do Ca2+; 
 São formadas por feixes de microfilamentos de actina intracitoplasmáticos que se dispõem paralelamente à membrana 
celular e à qual se ligam por um conjunto de proteínas, entre as quais se destaca a vinculina; 
 Há adesão mas não fusão das membranas das células. 
 

 
 
   
Desmossomas pontuais: 
  Zonas  de  contacto  intercelular  que  ligam  as  células  dos  tecidos,  abundantes  sobretudo  nos  epitélios;  a  este  nível  o 
espaço intercelular é de 30 nm e preenchido, em parte, pelos domínios das caderinas desmossómicas; 
   Constituição: 
‐  duas  placas  densas,  situadas  na  porção  citoplasmática  adjacente  às  membranas  celulares  das  duas  células 
vizinhas. A placa densa é composta por várias proteínas intracelulares: 
      > Desmoplaquinas I, II e III; 
      > Placoglobina; 
      > Placofilina; 
    ‐ Filamentos intermediários (citoqueratina); 
    ‐ Glicoproteínas transmembranares (do grupo das caderinas): 
>  Desmogleínas  I,  II  e  III  ‐  interactuam  através  dos  seus  domínios  extracelulares  com  elementos 
semelhantes originários da placa do desmossoma da célula adjacente  interacção cálcio‐dependente, que 
permite a ligação de células adjacentes; 
      > Desmocolinas I, II e III ou α, β e γ. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
    Algumas  destas  proteínas,  sobretudo  as  da  família  das  desmoplaquinas,  associam‐se  a  uma  rede  de  filamentos 
intermediários intracitoplasmáticos de queratina. 
 
  Os  desmossomas  não  se  visualizam  em  microscopia  óptica,  apenas  em  microscopia  electrónica.  Em  MO,  após  a 
preparação da lâmina (fixação com formol), as células sofrem uma retracção/desidratação, ficando plasmolisadas, o que permite 
que o espaço entre elas aumente e que se visualizem as ligações existentes. Nestas zonas que se mantêm unidas localizam‐se os 
desmossomas (forte conexão entre as células) que, em MO, correspondem às pontes de Shultz – conjunto de desmossomas. 
 
 

                        
 
 
  Patolologia  ‐  Pênfigo  bolhoso:  doença  da  pele  e  das  mucosas,  resultante  da  disrupção  dos  desmossomas  das  células 
epiteliais, causada por anticorpos contra uma ou mais das glicoproteínas de ligação. A disrupção origina a formação de bolhas. 
 
 
Hemidesmossomas: descritos nas especializações da membrana basal.  
 
* Junções comunicantes – Junções de hiato, gap junctions ou Nexus: 
   Estruturas presentes em muitos tecidos e em quase todas as espécies animais; 
 Em ME observam‐se zonas onde as membranas de duas células estão separadas por um interstício de cerca de 3 nm;  
  Estas  junções  são  um  aglomerado  de  partículas  intramembranares,  associadas  com  a  face  citoplasmática  da  face 
protoplasmática (P) da membrana. O interstício intercelular à altura das junções de hiato permite a passagem de marcadores 
(como o lantânio), que em cortes tangenciais se distribuem à volta de hexágonos; 
  As  moléculas  transmembranares  formam  estruturas  designadas  por  conexões,  cada  um  formado  por  6  proteínas 
integrais  idênticas  (família  das  conexinas).  Os  conexões  de  duas  células  vizinhas,  formam  um  canal  contínuo  hidrofílico  que 
conecta as duas células. Assim, existe a possibilidade de passagem de pequenas moléculas e iões; 
  São  estruturas  dinâmicas  que  se  abrem  ou  fecham  sob  a  acção  de  modificações  celulares.  O  aumento  de  Ca2+  ou  a 
diminuição do pH diminuem a permeabilidade das junções; 
 As junções comunicantes permitem a comunicação directa entre células vizinhas que funcionam em simultâneo/sintonia 
(exemplos: células glandulares e do coração). Este tipo de junções tem, então, grande importância na contracção cardíaca, nos 
movimentos peristálticos do intestino e até na embriogénese.  
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
INTERDIGITAÇÕES: 
 Reentrâncias celulares de prolongamentos citoplasmáticos de células adjacentes; 
  Apresentam  mobilidade  em  função  da  plasticidade  das  células,  modificando  a  sua  forma  e  a  profundidade  de 
penetração; 
  O  plasmalema  das  células  vizinhas  não  apresenta  qualquer  outro  tipo  de  especialização  e  entre  elas  o  espaço 
intercelular  é  da  ordem  de  30‐40  nm,  isto  é,  idêntico  ao  espaço  intercelular  de  outras  células  que  não  apresentam 
interdigitações; 
  Aumentam  a  superfície  de  contacto  entre  as  células  e  servem  de  reserva  de  membrana  (pode  ser  esticada  quando 
ocorre ruptura ou quando há uma distensão ‐ como acontece, por exemplo, na bexiga); 
 Ocorrem geralmente nos epitélios de revestimento. 
 
PONTES INTERCELULARES: 
Na espermatogénese (e na ovogénese dos intervertebrados), existe uma expansão clonal, em que as células derivadas de 
uma espermatogónia se mantêm unidas por pontes intercelulares (PIC), com diâmetro de 1 a 1,6 m, até à fase de libertação dos 
espermatozóides. As PIC devem‐se à existência de uma citocinese incompleta. Frequentemente, a membrana das PIC, encontra‐
se reforçada por um anel de material denso e contráctil, rico em actomiosina (no sexo feminino). 
Durante as divisões celulares, as PIC são parcialmente fechadas por um conjunto de cisternas do retículo endoplasmático 
liso, denominado complexo de partição das pontes intercelulares (bridge partitioning complex) ou fusoma. O fusoma é rico em 
actina‐F, α‐espectrina e numa proteína similar à aducina, produto do gene hu‐li tai shao (hts). Para além de ocluir as PIC durante 
as divisões celulares, o fusoma também orienta o fuso mitótico. Após a divisão celular, o fusoma dispersa no caso das células do 
sexo feminino. 
Devido ao seu diâmetro, as PIC permitem, inclusive a passagem de organelos entre células vizinhas. Esta união por PIC é 
responsável pela sincronização do ciclo celular, de modo que todas as células derivadas de um mesmo clone se encontram na 
mesma  fase  de  diferenciação.  Para  além  desta  função,  as  PIC  também  permitem  a  partilha  de  produtos  dos  genes  dos 
cromossomas sexuais entre os espermatídeos, uma vez que, sendo haplóides, cada espermatídeo apenas possui o cromossoma 
X, ou o cromossoma Y. 
Na  composição  molecular  das  PIC,  descobriu‐se  a  δ‐tubulina,  actina‐F,  miosina  II,  as  proteínas  da  família  das  septinas, 
Pnut, Sep1 e Sep 2, e a proteína de ligação à actina anilina. Após a divisão celular, cada PIC é revestida por um anel de proteínas 
ricas em tirosinas fosforiladas. A anilina é, então, incorporada, a que se segue o produto do hts (no sexo feminino) e a anilina é 
removida do anel contráctil. No sexo masculino, o anel fica unicamente revestido por anilina e septinas, perdendo‐se a actina‐F e 
a miosina II. 
 
 
ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA BASAL 
 
* Hemidesmossomas: 
 Junções morfologicamente semelhantes aos desmossomas, mas química e funcionalmente diferentes (correspondem a 
metade dos desmossomas); 
 Ligam a superfície basal das células epiteliais à lâmina basal subjacente (tecido conjuntivo que se encontra por baixo); 
 Os filamentos intermédios de queratina terminam na placa densa do hemidesmossoma situada no citoplasma da célula; 
 Os hemidesmossomas contêm vários polipeptídicos principais: 
  ‐ plectina; 
  ‐ desmoplaquinas (do grupo das plaquinas); 
  ‐ integrinas. 
 As integrinas ligam‐se às plectinas e placa hemidesmossómica, atravessam a membrana celular e projectam‐se para a 
lâmina basal.
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

 
* Invaginações: 
 São semelhantes às interdigitações, mas ocorrem na base; 
   A sua função é aumentar as áreas de troca entre a célula e o tecido conjuntivo; 
    Perto  delas  existem  sempre  muitas  mitocôndrias,  pois  a  troca  de  substâncias  é  feita  por  transporte  activo,  sendo 
necessário o fornecimento de ATP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Núcleo 
 
  O núcleo, o centro organizador e funcional da célula, é delimitado do citoplasma por um sistema membranar denominado 
invólucro nuclear. No núcleo encontra‐se o património genético da célula, sob a forma de moléculas de DNA. É responsável pela 
localização, organização, manutenção e transmissão do material genético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
 
ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL 
  * Membrana nuclear; 
  * Cromatina; 
  * Nucléolo. 
 
* Membrana nuclear: 
Trata‐se  de  uma  dupla  membrana,  que  faz  a  separação  do  entre  o  núcleo  e  o  citoplasma.  Possui  uma  face  externa 
(relacionada com o RER) e uma face interna. Muitas vezes encontram‐se ribossomas relacionados com a membrana. Existe uma 
relação com o RER pois é a partir do DNA que se vai dar a síntese proteica. 
 
* Cromatina: 
Numa  célula  humana  existem  cerca  de  6  milhões  de  pares  de  bases  de  DNA,  medindo  aproximadamente  2  metros  de 
comprimento.  Como  o  núcleo  é,  grosseiramente,  uma  esfera  com  10  micrómetros  de  diâmetro,  o  DNA  só  poderia  lá  caber 
enrolado. De facto, o DNA é “empacotado” com a ajuda de um conjunto de proteínas denominadas histonas. A associação entre 
o material genético e as histonas forma a cromatina, que se espalha pelo interior do núcleo. Deste modo, o material genético 
encontra‐se devidamente organizado e compartimentado no núcleo, geralmente sob a forma de cromatina. 
 
* Nucléolo: 
Os  nucléolos,  cujo  número  é  muito  variável,  representam  o  local  de  Diferentes formas: 
biossíntese de ribossomas. Constituídos por:   compactos; 
   componente fibrilhar;   reticulares; 
   componente fibrilhar denso;   vacuolares; 
   porção granular.   anelares (grande vacúolo central). 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
O NÚCLEO E A ZONA ENVOLVENTE 
‐ Membrana nuclear;  Nota:
‐ Poro nuclear (complexo de poro);  Uma célula normal possui um núcleo regular; 
‐ Nucleóide;  Uma  célula  cancerígena  possui  um  núcleo 
‐ Nucleoplasma (matriz);  anormal,  nucléolos  diferentes  e  cromatina 
grosseira. 
‐ Heterocromatina; 
Cromatina – DNA associado a proteínas (histonas)
‐ Eucromatina; 
‐ Filamentos intermediários (estruturas constituintes do núcleo e zona envolvente. As lâminas nucleares (lamininas) são 
componentes destes filamentos); 
‐ Retículo endoplasmático (rugoso e liso); 
‐ Ribossomas; 
‐ Microtúbulos; 
Citoesqueleto – desempenha,  simultaneamente,  o 
‐ Microfilamentos de actina; 
‐ Filamentos intermediários/intermédios.  papel de “ossos” e “músculos” da célula.

 
COMPLEXO DE PORO 
* Os poros existentes na membrana nuclear permitem a troca de substâncias entre o meio interno e o meio externo, isto 
é, entre o núcleo e o citoplasma e vice‐versa; 
  * Para além de proteínas, é pelos poros nucleares que se dá a saída do RNA mensageiro (mRNA), após a transcrição e 
maturação  (splicing),  para  se  dar  a  biossíntese  proteica  nos  ribossomas.  Os  ribossomas  são  constituídos  por  RNA  ribossómico 
(rRNA) e proteínas e é neles que se dá a tradução da mensagem existente no 
mRNA (tradução dos codões), com o auxílio do RNA de transferência (tRNA), 
dando assim origem a proteínas; 
  *  Exportinas  e  importinas    proteínas  (receptores)  que  permitem  as 
trocas  através  dos  poros  nucleares.  Estas  associam‐se  ao  sinal  nuclear  da 
proteína, de modo a permitir a passagem. As exportinas estão associadas às 
trocas  do  núcleo  para  o  citoplasma  e  as  importinas  com  as  trocas  do 
citoplasma para o núcleo; 
  *  Existem  sinais  nas  proteínas  que  vão  passar  pelo  poro  que  são 
reconhecidos no receptor do complexo poro nuclear. Ao serem reconhecidos, 
a  passagem  é  permita.  Se,  pelo  contrário,  não  existirem  receptores,  a 
passagem é impedida. 
 
 

      
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 
  DNA  Transcrição
RNA Pré‐Mensageiro
 
Replicação Semi‐ Ácido Desoxirribonucleico  Com  o  auxílio  de  enzimas, 
  (núcleo) 
Conservativa  retiram‐se  os  intrões  (porções 
   
(núcleo)  de  material  genético  que  não 
 
codificam informação genética 
 
relevante  para  a  biossíntese 
  Passagem para o 
Tradução  proteica),  ficando  somente  os 
  (intervenção de mRNA, 
citoplasma, através 
exões. 
  dos poros nucleares 
Codificação de  
rRNA e tRNA) RNA Mensageiro
  Ribossomas (funcional) 
  Aminoácidos  (citoplasma)  (núcleo) 
 
 
 
 
  Proteínas 
  (biossíntese proteica)  

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
CROMATINA 
  O  materiall  genético,  ou
u  seja,  o  DNA,  associa‐se  às  histonas,  formando  os  o
Nucleosssoma:  duplo o  enrolamentto  do 
mentos  de  crromatina,  sendo  os  nucleossomas  a  unidade  fun
filam ndamental  da 
DNA  emm  torno  de  um 
u disco  protteico, 
crommatina.  Os  filaamentos  de  cromatina 
c en
ncontram‐se,  na  maior  parrte  do  tempo o, 
constitu
uído  por  quatro  paress  de 
dispeersos  no  núcleo  da  célula.  Quando  a  célula 
c está  em
m  divisão,  esttes  filamentoos 
histonass (H2A, H2B, H H3 e H4). 
sofreem  um  processo  de  con ndensação,  originado  filam mentos  curto os  e  espesso os 
desiggnados cromo ossomas.  
  Existem doois tipos de croomatina: 
 Heterocro omatina: regiiões mais den nsas (cromatin na desactiva). Ocupa, prefeerencialmentee, a periferia d do núcleo e, d
de um 
modo  geral,  é  coonstituída  por  sequências  de  DNA  quee  não  origem m  a  proteínas.  Por  sua  vezz,  a  heterocrromatina  pode  ser 
consstitutiva ou faccultativa (por exemplo, um m dos dois crom mossomas X d da mulher); 
  Eucromatina:  regiões  menos  densaas  e  mais  claaras  (cromatin na  activa).  Estta  localiza‐se  no  interior  do 
d núcleo  e  é, 
é em 
grande  parte,  con nstituída  por  genes  (que  podem 
p estar  activos  ou  in
nactivos,  dependendo  do  tipo  de  célula  e  dos  estím mulos 
recebidos do exterior). 
 
 
  * Histonas: 
 Cada umaa das pequenas proteínas b básicas que foormam associações 
complexas com o DNA para formar nucleossomas; 
 Componeentes básicos das fibras de cromatina; 
 Conferemm estabilidadee ao DNA e são o responsáveis pelo processso de 
cond densação; 
  Contribu uem,  de  fo orma  decisivaa,  para  a  forma  física  dos 
crommossomas; 
 Estrutura conservável aao longo do teempo; 
 Constituiçção semelhan nte de espéciee para espéciee. 
 
 

   
 
 
  A histona  H1  eencontra‐se  fora 
f do 
  nucleeossoma  (n não  se  encontra 
e
  siméttrica ao nível d
dos anéis do DDNA). 
  As  histonas  H3  ee  H4  são  alttamente 
  conseerváveis. 
 
 
 
 
  * Ácido desoxirribonucleico (DNA): 
 O DNA tem como unidades fundameentais os nuclleótidos, cuja constituição química é:  
    ‐ Grupo fosfato; 
    ‐ Deesoxirribose (p
pentose – açúcar em 5C);  pentosee + base  nuccleósido
    ‐ Base azotada (variável). 
   As bases aazotadas podem ser púricaas (adenina e gguanina) ou p
pirimídicas (cittosina e timin
na). 
 
 
  Compactaçção do DNA e cromatina: 
   DNA + hisstonas  fibraa nucleosónicca (DNA activo
o); 
   Agregação de nucleosssomas  solenóide (DNA n não activo). 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  * Cromossomas: 
 Os cromossomas resultam da condensação e espiralização da cromatina. Consoante as diferentes faces do ciclo celular 
podemos  observar  o  material  genético  condensado,  sob  a  forma  de  cromossomas,  ou  descondensado,  sob  a  forma  de 
cromatina, ou seja, o conteúdo do núcleo apresenta formas e dimensões diferentes consoante a fase do ciclo celular. 
    ‐ Interfase  cromatina; 
    ‐ Cariocinese – profase, metafase, anafase e telofase  cromossomas. 
 Os cromossomas são classificados, principalmente, em função do seu tamanho e posição do centrómero: 
    ‐ Metacêntricos: posição do centrómero mediana e os braços são iguais; 
‐ Submetacêntricos: centrómero deslocado do centro, dando origem a um braço curto e outro longo; 
‐  Acrocêntricos:  centrómero  muito  deslocado  do  centro,  dando  origem  a  um  braço  muito  curto  e  outro  muito 
longo (13,14,15,21,22 e Y). 
   Podem fazer‐se análises de cariótipo (número total cromossomas existentes numa célula somática). O cariótipo humano 
é  constituído  por  23  pares  de  cromossomas:  22  pares  de  autossomas  (cromossomas  não  sexuais  ou  somáticos)  e  1  par  de 
heterossomas (cromossomas sexuais); 
   Cromossomas nucleolares: estão na origem do nucléolo (é neles que se encontra o DNA nucleolar). O nucléolo é um 
corpúsculo produtor de rRNA, essencial aos ribossomas. 
  O  corpúsculo  de  Barr  é  encontrado  em  indivíduos  do  sexo  feminino  (XX)  e  é  visível  nas  células  somáticas  durante  a 
interfase. O corpúsculo de Barr corresponde a uma compensação natural para a dupla carga genética dos indivíduos femininos 
da  espécie  humana.  Um  dos  cromossomas  X  fica  espiralizado,  ou  seja,  inactivo,  fazendo  com  que  só  um  dos  alelos  X  se 
manifeste. Essa espirilização é aleatória nas células do organismo. Nos indivíduos masculinos da espécie humana (XY), não há 
corpúsculo  de  Barr,  pois  manifesta‐se  somente  um  cromossoma  X,  encontrando‐se  activo  e,  consequentemente,  não 
espiralizado.  A  importância  da  cromatina  sexual  está  no  facto  de,  através  dela,  diferenciarmos  as  células  masculinas  das 
femininas e também identificarmos a ocorrência de síndromes ou anomalias cromossómicas sexuais. 
 
 
  Como se pode fazer um cariótipo? 
   Colheita de sangue (células com núcleo); 
   Escolher células que entrem facilmente em divisão e que sejam de fácil acesso (glóbulos brancos, mais especificamente, 
linfócitos); 
   Centrifugação para separação dos diversos constituintes do sangue; 
   Escolha dos linfócitos; 
   Estimulação (através da fitohemaglutina) para que se dê a sua multiplicação; 
   Vigiar as diferentes fases da mitose para que sejam obtidos os cromossomas; 
    Paragem  da  divisão  no  momento  desejado  (através  da  colchicina,  que  impede  a  formação  dos  microtúbulos  que 
constituem o fuso mitótico  logo, este não se forma e a divisão pára). 
 
  Como obter o aspecto de cariótipo? 
   É necessário retirar os cromossomas do interior do núcleo, o que é feito através de uma solução hipotónica, o que leva à 
lise celular (turgescência); 
   Fotografam‐se os cromossomas; 
   Recorte; 
   Organização por pares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 
  Construção primária – centrómero; 
  Construção secundária – organizador nucléolar  dá origem a todos os RNAr menos RNAr 5S. 
 
 
 
  5,8S e 28S  DNA nucleolar 
  5S  DNA nuclear 
 
  Células cancerosas  nucleo anormal; nucléolos diferentes; cromatina grosseira. 
 
 
  Células de Hela 
 
   
  560 mil proteínas para o núcleo por minuto. 
 
  2 anéis: 
   Citoplasmático; 
   Nucleoplasmático. 
 
  Octogonais constituídos por 8 unidades proteicas 
 
  Fibrilhas citoplasmáticas e nucleares. 
 
   
 
  Receptor: 
  2 sub‐unidades: 
  Importinas α e β 
 
  Complexo em relação ao RNA – associação RNA e proteínas (ribonucleoproteínas). 
 
  GTP – importante no transporte 
 
  DNA – responsáveis pelo armazenamento da informação genética. 

  Cromatina: 
  ‐ DNA; 
  ‐ Histonas; 
  ‐ Proteínas não histónicas; 
  ‐ Proteínas ácidas. 
 

  O núcleo pode localizar‐se em diferentes pontos, de diferentes formas e em diferente número.  
  Estrutura – colar de pérolas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Replicação do DNA 
 
  Todas as células vivas provêm de outras preexistentes que, em cada divisão celular, transmitem o material genético às 
células filhas, assegurando que as funções que executam serão perpetuadas na sua descendência. Na base deste princípio está a 
capacidade do material genético se replicar no momento da divisão celular e assim poder ser transmitido à descendência. Todas 
as  células  de  um  organismo  necessitam  de  ter  a  mesma  informação  genética,  diferindo,  consoante  a  sua  função,  a  nível 
morfológico. 
 
  Para  que  esta  capacidade  do  DNA  seja  compreendida,  é  necessário  salientar  que  o  DNA  tem  uma  estrutura  de  hélice 
dupla  ‐  modelo  proposto  por  Watson  e  Crick.  Neste  modelo,  a  molécula  de  DNA  era  constituída  por  uma  dupla  hélice 
antiparalela formada por um esqueleto de grupos fosfato e açúcar (pentose) localizados na parte externa da molécula, estando 
as duas cadeias ligadas entre si por pontes de hidrogénio estabelecidas entre bases azotadas complementares. 
 
 
  HIPÓTESES DE REPLICAÇÃO DO DNA 
  Antes  da  experimentação  existiam  3  modelos  hipotéticos  para  a 
replicação do DNA: 
    hipótese  semiconservativa:  cada  uma  das  cadeias  parentais 
serviria de molde para uma nova cadeia (síntese da cadeia filha a partir da 
cadeia parental) e, consequentemente, cada uma das novas moléculas de 
DNA seria formada por uma cadeia antiga (cadeia parental) e uma cadeia 
nova. 
    hipótese  conservativa:  a  molécula  de  DNA  progenitora  manter‐
se‐ia  íntegra,  servindo  apenas  de  molde  para  a  formação  da  molécula‐
filha,  a  qual  seria  formada  por  duas  novas  cadeias  de  nucleótidos.  Esta 
hipótese seria benéfica devido ao facto de uma das cadeias permanecer 
sempre original, o que impedia a acumulação de mutações. 
    hipótese  dispersiva:  cada  molécula‐filha  seria  formada  por  porções  da  molécula  inicial  e  por  regiões  sintetizadas  de 
novo, a partir dos nucleótidos presentes na célula. 
 
 
 
 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  Meselson  e  Stahl  comprovaram  experimentalmente,  em  1958,  que  o  mecanismo  de  replicação  de  DNA  era 
semiconservativo. Assim, cada célula em divisão tem que copiar o seu DNA (o que ocorre na interfase do ciclo celular), através 
deste  processo,  recebendo  cada  célula  filha  uma  das  cadeias  parentais  originais  que  vai  servir  de  molde  para  a  formação  da 
cadeia complementar, por emparelhamento das bases azotadas complementares (polimerização ordenada de nucleótidos). 
 
  * Experiência: 
  Meselson e Stahl utilizaram um isótopo pesado, o azoto 15 (15N), para marcar a molécula de DNA parental em baterias. 
Estas era, inicialmente transferidas para um meio de cultura contendo unicamente este isótopo pesado como fonte de azoto, 
de tal modo que após alguns ciclos de divisão a maioria das bactérias continha no seu genoma unicamente DNA marcado com 
15
N  ‐  geração zero  (parental)  da  experiência.  Nesta  altura,  as  bactérias eram  transferidas  para  um meio de  cultura  contendo 
azoto leve (14N), aí permanecendo durante um ciclo de divisão – geração 1 – ou dois ciclos de divisão – geração 2.  
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  Bactérias pertencentes aos três tipos de gerações eram recolhidas, o seu DNA extraído, a densidade deste analisada após 
centrifugação em gradiente de cloreto de césio e os resultados obtidos para cada grupo comparados entre eles.  
  Verificou‐se  que  o  DNA  extraído  das  bactérias  provenientes  da  geração  1  tinha  uma  densidade  intermédia  entre  a  da 
geração 0 (só DNA pesado) e a banda mais leve da geração 2 (unicamente azoto leve), resultante do facto que as bactérias nesse 
grupo continham uma molécula de DNA híbrida, com uma cadeia leve e outra pesada. 
  Esta experiência veio fornecer a necessária evidência experimental para a existência in vivo de um processo de replicação 
semiconservativo e evidenciar a importância da dupla cadeia complementar no processo de replicação do DNA. 
 
  A  purificação  a  partir  de  E.  coli  de  uma  enzima,  denominada  DNA  polimerase,  capaz  de  catalisar  in  vitro  a  reacção  de 
incorporação de nucleótidos numa cadeia de DNA, utilizando a sua cadeia complementar como modelo, trouxe um suporte 
adicional à teoria da replicação semiconservativa do DNA e aos resultados de Meselson e Stahl. 
 

Cada  molécula  tem  uma  cadeia  leve  e  uma  pesada  (heavy‐light),  o 


que  descarta  a  hipótese  conservativa  (ficaria  uma  molécula  heavy‐
heavy e outra light‐light. No entanto, ainda existem duas hipóteses. 

As  moléculas  passam  a  ser  mais  leves.  Caso  o  DNA  se  replicasse 
pela hipótese dispersiva, ficariam no meio do tubo. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
MECANISMOS DE REPLICAÇÃO DO DNA 
Neste mecanismo de replicação intervém um conjunto de factores proteicos que constituem a maquinaria de replicação e 
que vão actuar ao longo das várias fases deste complexo processo. 
 A replicação tem origem numa zona denominada origem de replicação e cada região do DNA replicada a partir de uma 
mesma  origem  forma  um  replicão.  Na  maioria  dos  genomas  constituídos  por  uma  cadeia  de  DNA  circular,  a  replicação  do 
cromossoma inicia‐se numa única origem de replicação; em células eucariotas que possuem cromossomas lineares, a replicação 
inicia‐se  simultaneamente  em  várias  origens  de  replicação  –  o  DNA  replica‐se  em  vários  sítios,  originando  pedaços  mais 
pequenos e vários em simultâneo (replicação mais rápida). A replicação dá‐se nas duas direcções, ou seja, é bidireccional. 
Apesar da existência de origens de replicação ser um facto confirmado, ainda não está completamente elucidado o modo 
como  são  formadas  ou  reconhecidas  pela  maquinaria  de  replicação.  É  igualmente  pouco  conhecido  o  mecanismo  pelo  qual  a 
célula regula a sua replicação e, nomeadamente, de que maneira é assegurado que cada cromossoma seja replicado só uma vez 
durante a fase S de cada ciclo celular. 
 
* Velocidade de síntese: 
 Bactéria – 1000 pares de bases por segundo; 
 Humano – 100 pares de bases por segundo. 
 
* Problema: 
 Genoma da bactéria contém 4,4 milhões de pares de bases  42 minutos para copiar (considerando uma só origem); 
 Genoma humano contém 3 x 109 pares de bases  8 horas. 
 
 
  Pressupõe a existência de 1000 origens de replicação. No entanto, resultados experimentais apontam para a 
  existência de 10.000 a 100.000 replicões, o que implicaria que muitas origens de replicação só estariam activas 
  durante uma fracção desse tempo. 

 
 
 

  Origem  de  replicação:  zona  que  se  abre  permitindo  que  a 


replicação  se  inicie.  A  dupla  hélice  abre‐se  com  a  ajuda  de 
  proteínas iniciadoras. Esta região é rica em timina e guanina para 
permitir uma separação fácil. 

 
A replicação do DNA ocorre nas forquilhas de replicação através da 
DNA Polimerase. 
 

 
 
 
ENZIMAS ENVOLVIDAS NA REPLICAÇÃO 
  O processo de replicação é complexo e envolve a formação de estruturas multiproteicas que se associam e dissociam, de 
modo  sequencial,  à  molécula  do  DNA  no  decorrer  deste  processo.  A  enzima  chave  é  a  DNA  polimerase,  que  catalisa  a 
incorporação  de  desoxirribonucleósidos  5’‐trifosfato  (dNTP)  na  cadeia  nascente  de  DNA.  A  manutenção  da  hereditariedade 
implica igualmente que a passagem da informação genética à descendência se faça sem erros, o que exige uma capacidade de 
detecção  e  correcção  da  quase  totalidade  dos  erros  que  possam  ocorrer  durante  este  processo  por  parte  das  enzimas 
envolvidas.  Este  processo  é  complementado  por  mecanismos  complexos  de  reparação  que  ocorrem  após  a  replicação  e  ao 
longo  da  vida  da  célula.  A  capacidade  de  identificar  a  origem  de  replicação  e  de  replicar  as  extremidades  dos  cromossomas 
lineares requer ainda a existência de sequências de DNA específicas e de complexos enzimáticos capazes de as reconhecer. 
 
  * DNA polimerase: 
   Descoberta em 1956 por Kornberg; 
   Em procariotas, em particular na bactéria E. coli existem 3 tipos de DNA polimerases – I, II e III. As polimerases I e III são 
essenciais ao processo de replicação, e a polimerase II está relacionada com os processos de reparação; 
    Em  eucariotas  existem  5  tipos  de  DNA  polimerases  –  α,  β,  γ,  δ  e  ε.  Com  excepção  da  polimerase  γ,  localizada  na 
mitocôndria  e  responsável  pela  replicação  daquele  genoma,  todas  as  outras  polimerases  estão  localizadas  no  núcleo  e 
envolvidas  na  replicação  e/ou  reparação  do  genoma  nuclear.  Polimerases  α,  δ  e  ε  são  essencialmente  activas  em  células  em 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
divisão, o que sugere uma função directamente relacionada com a replicação. Pelo contrário, a polimerase β funciona quer as 
células estejam ou não em divisão, compatível com uma função mais relacionada com a reparação do DNA. 
   
Qualquer que seja a origem e tipo de polimerase, todas estas têm duas características fundamentais em comum: 
  1. Todas sintetizam DNA no sentido 5’ – 3’, só podendo adicionar um novo dNTP ao grupo 3’‐hidroxil (3’‐OH) localizado na 
extremidade da cadeia em crescimento, o que obriga à existência de dois tipos de replicação: 
‐  contínua:  ocorre  na  cadeia  avançada  (leading  strand),  na  qual  o  sentido  de  replicação  de  5’  para  3’  coincide  com  a 
direcção de crescimento da cadeia filha sintetizada de novo; 
‐  descontínua:  ocorre  na  cadeia  atrasada  (lagging  strand),  em  que  o  sentido  de  replicação  de  5’  para  3’  é  contrário  à 
direcção de crescimento da cadeia filha em formação. Assim, pode dizer‐se que a replicação é semicontínua. 
  2.  Nenhuma  é  capaz  de  iniciar  a  síntese  de  novo  de  uma  cadeia  de  DNA,  pois  só  podem  adicionar  um  novo  dNTP  à 
extremidade  3’  de  uma  sequência  de  nucleótidos  (DNA  ou  RNA)  em  que  estes  já  estão  ligados  por  intermédio  de  ligações 
hidrogénio  às bases  azotadas  dos nucleótidos  da  sequência  complementar (só  conseguem  sintetizar  novos  pedaços  de DNA  a 
partir  de  alguns  preexistentes  –  que  tenham  extremidade  5’).  Esta  característica  implica  a  necessidade  de  formação  de 
oligonucleótidos  de  RNA  (RNA  polimerase)  como  sequências  iniciadoras  da  cadeia  filha.  A  primase  é  responsável  pela 
implantação destes fragmentos de RNA iniciador (3 a 10 bases)  ‐ primers. 
 
 
MECANISMO GERAL DE REPLICAÇÃO 
  De um modo geral, o processo de replicação inicia‐se a partir 
de  uma  origem  de  replicação  reconhecida  por  um  complexo  de 
reconhecimento da origem (ORC, Origin Recognition Complex), que 
após  associação  com  outras  proteínas  vai  localizar  nesse  local  dois 
complexos  enzimáticos  hexaméricos  de  tipo  helicase  que  se  vão 
mover em direcções opostas na cadeia parental a partir da origem. 
Estas  enzimas  desenrolam  as  duas  cadeias  que  compõem  a  dupla 
hélice,  quebrando  as  ligações  hidrogénio  (pontes  de  hidrogénio) 
estabelecidas  entre  as  bases  azotadas  complementares  de  cada 
cadeia.  Às  duas  cadeias  simples  assim  obtidas,  associam‐se 
proteínas  multiméricas  específicas  que  as  vão  manter  numa 
estrutura  adequada  ao  seu  reconhecimento  pelo  complexo  DNA 
polimerase,  permitindo  que  possam  servir  de  modelo  à  síntese  das  duas  cadeias  filhas  que  lhes  serão  complementares.  Este 
conjunto de proteínas e DNA, localizado na zona da origem de replicação, vai originar a constituição de uma dupla forquilha de 
replicação (região do DNA onde ocorre a transição do DNA parental em cadeia dupla, para as novas cadeias duplas filhas), que se 
estende em direcções opostas para os dois lados da origem no caso mais comum da replicação bidireccional. 
  De modo a iniciar a síntese de cada cadeia filha, e devido à impossibilidade de esta ser efectuada pelas DNA polimerases, 
um  novo  complexo  enzimático,  denominado  primase,  irá  sintetizar  um  fragmento  de  RNA,  o  fragmento  iniciador  ou  RNA 
iniciador,  a  partir  da  extremidade  5’  de  cada  uma  das  novas  cadeias  a  sintetizar.  Este  fragmento  iniciador  tem  como  função 
permitir  a  ligação  à  cadeia  nascente  das  enzimas  que  constituem  o  complexo  da  DNA  polimerase,  para  que  este  continue  a 
síntese da cadeia filha na direcção 5’ para 3’. No entanto, devido ao antiparalelismo da cadeia de DNA parental, das duas cadeias 
filhas  a  sintetizar,  só  uma  poderá  ser  feita  de  modo  contínuo  na  direcção  5’  –  3’,  a  partir  da  região  da  cadeia  parental 
imediatamente  adjacente  à  origem  de  replicação  (cadeia  avançada).  A  outra  cadeia  filha  é  sintetizada  de  forma  descontínua 
(cadeia atrasada), pois estará condicionada pelo facto da DNA polimerase ter uma única direcção de síntese (5’ para 3’). Assim, 
esta cadeia atrasada irá ser sintetizada na direcção oposta ao avanço da forquilha de replicação, através da síntese e posterior 
ligação de múltiplos segmentos de DNA, todos iniciados por um pequeno fragmento de RNA iniciador colocado pela primase. 
Estes  fragmentos  de  DNA  contendo  de  forma  temporária  um  RNA  iniciador  são  denominados  fragmentos  de  Okazaki.  O 
processo de junção de dois fragmentos de Okasaki implica a remoção do RNA iniciador existente no fragmento de Okazaki a 
partir  da  sua  extremidade  5’,  por  uma  enzima  de  tipo  RNAse  com  actividade  exonucleásica  5’  –  3’.  Ao  mesmo  tempo,  para 
preencher esse espaço, são adicionados novos nucleótidos na extremidade 3’ do fragmento de DNA que lhe fica adjacente, 
com a ajuda de uma das DNA polimerases (delta) que constituem o complexo de replicação. Os dois fragmentos de DNA são 
finalmente  ligados  um  ao  outro  pela  DNA  ligase,  que  estabelece  a  ligação  fosfodiester  final  entre  o  grupo  3’‐OH  do  último 
nucleótido  do  primeiro  fragmento  de  Okasaki  e  o  alfa‐P  da  extremidade  5’  do  fragmento  adjacente  que  acabou  de  ser 
sintetizado. 
  De modo a aliviar a tensão de torsão das cadeias durante o seu desenrolar pela helicase, enzimas de tipo topoisomerase 
vão  igualmente  actuar  neste  processo.  Estas  enzimas  associam‐se  com  a  cadeia  dupla  parental  a  montante  de  cada  uma  das 
helicases  e  removem  a  tensão  provocada  pela  torção  da  cadeia  dupla  através  de  uma  série  de  cortes  pontuais  nas  ligações 
fosfodiester, reformadas de seguida pela mesma enzima, que vão ocorrer durante o desenrolamento efectuado pela helicase. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  * Algumass  proteínas que ajudam: 
   PCNA – P Proliferating CCell Nuclear An ntigen  argo ola posta à volta do DNA coom a 
ajudaa de RFC  a DNA polimeraase liga‐se à aargola, o que iimpede que e esta “caia”; 
   Helicase –– abre as cadeeias  requerr ATP; 
    RPA  –  Reeplication  Protein  A    ligaa‐se  ao  DNA  em 
e cadeia  sim
mples,  impediindo 
que sse ligue de no ovo; 
    Topoisom merases  –  impedem  a  acu umulação  de  torções  na  molécula 
m de  DNA; 
D
perm mite que esta rode sobre si própria. Existtem 2 tipos: I e II. A primeira parte e vollta a 
ligar uma cadeia aapenas; a segu unda parte a vvolta a ligar as duas cadeiaas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
ESQUEMAS 
 

A Helicase é a enzima responsável pela separação das cadeias 
Este mecanismo ocorre na estrutura de dupla hélice do DNA.
complementares do DNA. 

A Helicase desfaz a dupla hélice do DNA, quebrando as ligações de hidrogénio; 
por isso, as cadeias separam‐se.

A primase é responsável pela implantação de fragmentos de RNA iniciador, 
A enzima que se segue à helicase é a primase. Primers. 
 

A DNA polimerase é a enzima que se encarrega da síntese de novas cadeias de 
Numa das cadeias de DNA são sintetizados sucessivos primers; na cadeia 
DNA. Para actuar, necessita da presença de primers. 
complementar apenas é necessária a presença de um primer.

  A DNA polimerase apenas sintetiza DNA no sentido 5’ – 3’. Na cadeia com 
apenas um primer, a síntese é contínua. Na cadeia com sucessivos primers, a 
síntese é descontínua. 

As sequências de nucleótidos da cadeia que apresentam uma síntese 
descontínua chamam‐se fragmentos de Okasaki. A RNAse remove os primers e a DNA polimerase preenche os espaços vazios. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 

A DNA polimerase deixa lacunas entre os fragmentos de DNA que não é capaz  A ligase é a enzima que estabelece ligações entre nucleótidos adjacentes, 
de ligar.  eliminando as lacunas deixadas pela DNA polimerase. 

Esta replicação é semi‐conservativa, porque cada uma das novas moléculas de DNA conserva uma das cadeias nucleotídicas da molécula original. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Transcriçao e Regulação da Trancrição 
 
FASES DA EXPRESSÃO GENÉTICA 
Dogma central da biologia molecular: a informação genética é perpetuada através da replicação do DNA e é traduzida 
através de dois processos: a transcrição que converte a informação do DNA numa cadeia de RNA e a tradução que converte a 
informação contida no RNA em proteínas. 
 
Excepção: retrovírus 
 

 
 
TRANSCRIÇÃO E REGULAÇÃO DA TRANSCRIÇÃO 
* Síntese de RNA; 
* Transcrição e regulação em procariotas; 
* Transcrição e regulação em eucariotas; 
* Importância biológica da transcrição. 
 
   
SÍNTESE DE RNA 
  RNA  cadeia única produzida através de uma das cadeias de DNA, no sentido 5’ – 3’. A cadeia que 
lhe dá origem está no sentido contrário (3’ – 5’).  
 
   Constituído por: 
    ‐ Grupo fosfato; 
    ‐ Pentose  ribose; 
    ‐ Bases azotadas  adenina – uracilo; guanina – citosina. 
   
  Entre  cada  nucleótido  formam‐se  ligações  covalentes  (do  tipo  fosfodiéster),  que  se  estabelecem 
entre o grupo fosfato e os carbonos 3’ e 5’ das pentoses, mais especificamente, dá‐se a formação de ligações 
fosfodiéster  entre  o  resídio  3’OH  da  ribose  de  um  nucleótido  precursor  e  o  grupo  5’  P  α  do  nucleótido 
seguinte. 
 
 
 

  A desoxirribose possui um grupo H, enquanto que 
a  ribose  possui  um  grupo  OH,  o  que  torna  a 
  molécula de RNA mais instável, ou seja, ficam mais 
susceptíveis à acção das RNAses. 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 
5’ – AATTGGCCA – 3’  cadeia codificante
3’ – TTAACCGGT – 5’  cadeia molde 
 
5’ – AAUUGGCCA – 3’  mRNA 

RNA POLIMERASE 
A RNA polimerase é a enzima que catalisa a síntese de RNA, no sentido 5’ ‐ 3’. Ao contrário da DNA polimerase, a RNA 
polimerase  não  necessita  de  um  primer  para  iniciar  a  síntese  de  RNA.  Em  vez  disso,  a  transcrição  inicia‐se  de  novo  em  locais 
específicos,  no  início  dos  genes  –  os  promotores.  Os  promotores  correspondem  a  uma  sequência  de  DNA,  à  qual  a  RNA 
polimerase se liga para iniciar a transcrição de um gene. 
 
 
TRANSCRIÇÃO EM PROCARIOTAS 
* RNA polimerase bacteriana: 
Nas  células  procariotas,  a  transcrição  dos  RNA  celulares,  quer  sejam  ribossomais,  mensageiros,  de  transferência  ou 
outros,  processa‐se  sob  catálise  de  uma  única  RNA  polimerase.  A  RNA  polimerase  bacteriana  apresenta  uma  estrutura 
oligomérica,  em  que  cada  uma  das  subunidades  constituintes  confere  propriedades  bioquímicas  específicas,  inerentes  à 
complexidade da função desempenhada pela enzima. 
  A  RNA  polimerase  em  E.  coli  é  um  complexo  enzimático  formado  por  múltiplas  cadeias  polipeptídicas.  Existem  4  tipos 
diferentes  de  subunidades:  α  (reconhecimento  e  ligação  aos  promotores),  β  (fixação  dos  nucleósidos  trifosfato  da  ribose, 
precursores do RNA), β′ (determina a ligação do complexo enzimático ao DNA molde) e σ (reconhecimento da região promotora 
de  cada  gene).  Na  enzima  activa,  estas  subunidades  encontram‐se  organizadas  num  complexo  constituído  por  2  cadeias  α,  1 
cadeia  β,  1  cadeia  β′  e  1  cadeia  σ.  A  enzima  mínima  ou  core  enzyme,  de  estrutura  α2ββ’,  tem  a  propriedade  de  catalisar  a 
elongação  das  cadeias  de  RNA,  mas  depende  da  subunidade  σ  para  poder  iniciar  a  transcrição.  A  iniciação  da  transcrição  é 
condicionada pela ligação do complexo aos sítios específicos do DNA (promotores), que correspondem ao início de cada gene. A 
selecção destes locais é um elemento crucial da transcrição pois a síntese de RNA funcional precisa de ser iniciada no início do 
gene. A subunidade σ é relativamente fraca e pode ser separada das outras subunidades, após a ligação. Esta subunidade não é 
necessária para a actividade catalítica básica da enzima.  

                                          
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
* Sequência dos promotores de E. coli: 
   
 
 
 
A  região  anterior  (a  montante)  do  local  de  iniciação  da  transcrição  contém  2  grupos  de  sequências  que  são  similares 
numa grande variedade de genes. Estes elementos são constituídos por 6 pares de bases, com predomínio dos resíduos A e T, e 
por isso foram designados TATA box (estes elementos promotores são também conhecidos por sequência de Pribnow). Estão 
localizadas  aproximadamente  10  e  35  pares  de  bases  antes  do  local  de  início  da  transcrição.  São  chamados  de  ‐10  e  ‐35 
elementos, denotando a sua posição relativa a este local, que está definido na posição +1. As sequências nas posições ‐10 e ‐35 
em  diferentes  promotores  não  são  idênticas,  mas  são  todas  similares  o  suficiente  para  estabelecer  os  chamados  consensus, 
elementos canónicos ou elementos de consenso – as bases mais frequentemente encontradas em cada posição.  
 
Existem promotores fortes e promotores fracos: 
 fortes: são mais eficazes pois permitem uma frequência elevada da transcrição do gene adjacente, e são constituídos 
por sequências de estrutura muito próximas da dos elementos canónicos ou de consenso; 
  fracos:  determinam  a  iniciação  da  transcrição  de  um  gene  a  taxas  muito  inferiores,  e  apresentam  substituições  de 
nucleótidos a nível das sequências localizadas a ‐10 e a ‐35. 
 

 
 

 
 
* Elongação do RNA: 
Na ausência do factor σ, a RNA polimerase liga‐se não especificamente ao DNA com pouca afinidade. O papel do factor é 
conduzir a polimerase para os promotores. A ligação inicial entre a polimerase e o promotor é referida como closed‐promoter 
complex,  pois  a  dupla  hélice  encontra‐se  fechada;  depois  de  aberta,  é  denominada  de  open‐promoter  complex.  A  transcrição 
inicia‐se com a junção de dois nucleósidos trifosfato livres (NTPs). 
O  complexo  binário  constituído  pela  RNA  polimerase  ligada  ao  promotor  do  gene  converte‐se  rapidamente,  após  a 
formação da primeira ligação fosfodiéster, no complexo ternário DNA‐enzima‐cadeia nascente de RNA. Após a adição de cerca 
dos 10 primeiros nucleótidos, o factor σ solta‐se da polimerase. A libertação deste factor faz diminuir a estabilidade do complexo 
de  iniciação,  ao  mesmo  tempo  que  permite  o  deslizamento  da  enzima  mínima  sobre  a  cadeia  molde  do  DNA,  de  modo  a 
continuar  a  elongação  da  cadeia  crescente  de  RNA.  Conforme  se  desloca,  a  polimerase  desenrola  a  dupla  hélice  de  DNA 
(através de um mecanismo em que a região aberta da dupla hélice acompanha esta deslocação). 
Durante este processo, e enzima ocupa um segmento de cerca de 70 pares de bases de DNA, mas apenas numa extensão 
de  17  pares  de  bases  se  dá  a  desnaturação  pontual  da  hélice  (região  aberta).  Por  outro  lado,  o  híbrido  correspondente  ao 
segmento da cadeia molde de DNA e ao RNA transcrito tem apenas existência transitória, sendo limitado apenas a uma extensão 
de  cerca  de  12  pares  de  bases.  Após  a  passagem  da  enzima,  a  cadeia  de  RNA  nascente  é  destacada  da  sua  ligação  à  cadeia 
molde, dando lugar à imediata reconstituição da dupla hélice do DNA, na sua forma mais nativa. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
Factor  sigma  associa‐se  à  core  enzyme  para  formar  a 
holoenzima. 

Closed complex

Desnaturação pontual do DNA – open complex.

O factor sigma é libertado e a RNA polimerase liberta‐se 
do promotor. 

 
 
 
 

Transcription bubble: 
 RNA polimerase; 
  Segmento  do  DNA  que  contém  a  pequena 
região  em  que  a  dupla  hélice  se  encontra 
desnaturada; 
Cadeia crescente de RNA. 

 
 
 
* Terminação da transcrição: 
A síntese de RNA continua até a polimerase encontrar um sinal de terminação, 
no  qual  a  transcrição  pára,  a  cadeia  de  RNA  é  libertada  da  polimerase,  e  a  RNA 
polimerase se dissocia da cadeia de DNA. O tipo de sinal de terminação mais simples e 
mais comum em E. coli consiste numa sequência de nucleótidos que se encontra numa 
das  cadeias  do  DNA,  e  que  aparece  repetida  em  posição  invertida  na  região 
imediatamente adjacente da cadeia complementar. Estas regiões são ricas em G e C, e 
são seguidas por 4 ou mais resíduos de A e T. A transcrição desta zona dá origem a um 
segmento  de  RNA  que  forma  uma  estrutura  estável  em  forma  de  loop  (gancho), 
resultante  do  emparelhamento  das  bases  complementares.  Esta  estrutura  provoca  a   
libertação do RNA (e da RNA polimerase) da cadeia de DNA molde terminando assim a 
transcrição. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Regulação da transcrição: 
 
 
Z  β‐galactosidase  metaboliza a lactose; 
Y    permease    transporta  a  lactose  para  a 
célula; 
A    transacetilase    inactiva  tiogalactósidos 
tóxicos  que  são  transportados  para  a  célula 
juntamente com a lactose por acção da permease. 
 
 
A transcrição do operão é controlada pelo operador (o) ‐ sequência de DNA que controla o acesso da RNA polimerase ao 
promotor e que permite activar ou desactivar a transcrição de todos os genes estruturais ‐, que é adjacente ao local de iniciação 
da transcrição. O gene i codifica uma proteína que regula a transcrição ligando‐se ao operador – o repressor. Trata‐se de uma 
proteína alostérica com duas formas, uma activa e uma inactiva. É específico, reconhece e liga‐se apenas ao operador de um 
determinado operão, impedindo a transcrição (quando ligado). 
 
  Presença de lactose: 
  Quando  existe  lactose  no  meio,  esta  molécula  liga‐se  ao  repressor,  altera  a  sua  conformação  de  tal  forma  que  este  se 
torna inactivo, desligando‐se do operador. Assim, o operador fica livre, permitindo que os genes estruturais sejam transcritos e, 
posteriormente, traduzidos, formando‐se as enzimas necessárias ao metabolismo da lactose. 
 
 
 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  A lactose funciona como indutor, pois a sua presença permite activar o operão. Por este facto, o operão da lactose é, por 
vezes, designado operão indutível. 
 
  Ausência de lactose: 
  Quando  a  concentração  de  lactose  começa  a  baixar  drasticamente,  devido  à  acção  catalítica  das  enzimas,  a  lactose 
desliga‐se do repressor, que, ao voltar a ficar activo, liga‐se ao operador, bloqueando a transcrição do operão. Assim, garante‐se 
uma poupança de recursos devido aos fenómenos de autorregulação descritos. 
  Quando não há lactose, a RNA polimerase não consegue ligar‐se ao promotor (devido à presença da proteína repressora, 
que se liga ao operador), não há transcrição, não há mRNA, pelo que não há produção das enzimas envolvidas no metabolismo 
da lactose. 
 

 
   
  No entanto, existe um outro tipo de operões, chamados operões repressíveis, e que estão, normalmente, associados ao 
controlo de genes envolvidos no anabolismo de substâncias essenciais à célula, como, por exemplo, os aminoácidos. O operão 
do  triptofano  (ou  operão  trp)  constitui  um  exemplo  de  um  operão  repressível  (para  produzir  o  triptofano  são  necessárias 
enzimas). 
 
  O  operão  do  triptofano  é  formado  por  cinco  genes 
estruturais  que  codificam  as  enzimas  necessárias  à  síntese  do 
aminoácido  triptofano,  associados  a  um  promotor  e  a  um 
operador. À semelhança do operão da lactose, também existe um 
gene  mais  distante  que  codifica  um  repressor.  Contudo,  ao 
contrário  do  repressor  do  operão  lactose,  esta  proteína 
repressora quando é produzida apresenta‐se sob a forma inactiva, 
não  podendo,  assim,  ligar‐se  ao  operador  do  operão  do 
triptofano.  Esta  situação  verifica‐se  quando  os  níveis 
intracelulares  de  triptofano  são  baixos  e,  assim,  as  enzimas 
necessárias  à  síntese  deste  aminoácido  são  produzidas, 
conduzindo a um aumento da concentração de triptofano. 
  Quando a concentração deste aminoácido começa a atingir 
níveis  elevados,  algumas  moléculas  de  triptofano  ligam‐se  ao 
repressor,  modificando  a  sua  conformação  e  tornando‐o  activo 
(diz‐se,  por  isso,  que  o  triptofano  funciona  como  um  co‐
repressor).  Desta  forma,  o  repressor  liga‐se  ao  operador, 
bloqueando a transcrição dos genes estruturais do operão). 
 
  Nas situações anteriores, cada tipo de operão (lactose ou triptofano) é controlado por um regulador diferente. Contudo, 
existem situações em que um grupo de operões é controlado por um único tipo de regulador. Esse grupo de operões toma a 
designação de regulão. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
A existência deste regulão permite controlar, simultaneamente, um conjunto de operões envolvidos no catabolismo de 
glícidos. Ao activar estes operões com o mesmo regulador obtém‐se uma eficiente conversão de diferentes glícidos em glicose, 
permitindo satisfazer mais depressa as necessidades da célula deste nutriente. 
  Existem muitos outros conjuntos de genes bacterianos que constituem regulões e que cuja activação ou repressão resulta 
de  alterações  ambientais,  tais  como  variações  bruscas  de  temperatura,  alterações  da  quantidade  de  água,  de  oxigénio  ou  de 
outras  substâncias  presentes  no  meio.  Desta  forma,  é  possível  responder  de  forma  rápida  e  eficiente  às  modificações 
ambientais. 
 
 
Regulação em procariontes 
Regulação negativa:  Operão indutível:
O  operão  é  bloqueado  pela  forma  activa  O  repressor  é  sintetizado  na  forma  activa  e  liga‐se  ao  operador,  bloqueando  a  transcrição  dos 
do repressor.  genes estruturais. Um indutor inactiva o repressor e induz a transcrição dos genes. 
A ligação do repressor activo ao operador  Processo de regulação característico de vias catabólicas. Genes que codificam enzimas são apenas 
impede  a  ligação  da  RNA  polimerase  ao  transcritos se o substrato estiver presente. 
promotor e inibe a transcrição.  Ex.: Operão lac em E. coli. 
Um conjunto de operões relacionados funcionalmente constitui um regulão. 
Operão repressível:
O repressor é sintetizado na forma inactiva, com pouca afinidade para o operador, o que permite a 
transcrição dos genes estruturais. O produto final da via metabólica funciona como co‐repressor e, 
quando  a  sua  quantidade  aumenta,  liga‐se  ao  repressor  e  activa‐o.  O  repressor  activo  liga‐se  ao 
operador e bloqueia a transcrição. Quando a quantidade do produto final diminui, a trascrição é 
retomada. 
Processo de regulação característico de vias anabólicas que sintetizam produtos essenciais a partir 
de precursores. A suspensão da transcrição de genes que codificam um produto presente no meio 
em quantidade suficiente permite poupar recursos e energia. 
Ex.: Operção trp em E. coli. 
Regulação positiva:  O regulão  é activado pela ligação de uma  molécula específica. Na sua forma activa, liga‐se a um 
Uma  proteína  reguladora  estimula  local a montante do promotor, facilitando o acesso da RNA polimerase ao promotor e induzindo a 
directamente a expressão dos genes  transcrição. 
Uma mesma proteína reguladora actua em diferentes operões. 
 
 
TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTAS 
* RNA polimerase em eucariotas: 
  Ao  contrário  da  situação  verificada  nos  procariotas,  as  células  eucariotas  são  dotadas  de  várias  RNA  polimerases,  que 
apresentam características diferentes relativamente à localização intracelular, estrutura da enzima activa, e natureza dos genes, 
transcritos em cada tipo de RNA. 
  Nos núcleos das células eucariotas, encontram‐se 3 tipos de RNA polimerases DNA dependentes: 
  RNA  polimerase  I    responsável  pela  síntese  de  cerca  de  80%  da 
totalidade  do  RNA  celular,  localiza‐se  no  nucleólo,  transcrevendo  os  genes 
dos RNA ribossomais, que conduzem à produção dos rRNA 18S, 5,8S e 28S; 
  RNA  polimerase  II    responsável  pela  síntese  de  cerca  de  2%  do 
RNA  celular,  localiza‐se  no  nucleoplasma,  e  catalisa  a  síntese  dos  produtos 
primários  precursores  dos  RNA  mensageiros,  que  dão  origem  ao  hnRNA 
nuclear (heterogeneous nuclear RNA); 
 RNA polimerase III  responsável pela síntese de cerca de 20% dos 
RNA  celulares,  está  igualmente  localizada  no  nucleoplasma,  e  catalisa  a 
síntese  dos  RNA  de  transferência  e  outros  pequenos  RNA,  que  incluem  o 
rRNA 5S, o snRNA (small nuclear RNA) e o snoRNA (small nucleolar RNA). 
 
Todos os tipos de RNA polimerases são enzimas complexas, constituídas por 8 a 14 subunidades diferentes cada. Embora 
elas  reconheçam  diferentes  promotores  e  transcrevam  diferentes  classes  de  genes,  elas  partilham  muitas  características 
comuns. As duas subunidades maiores das 3 RNA polimerases eucariotas estão relacionadas com as subunidades β e β′ da RNA 
polimerase bacteriana. Para além disso, 5 subunidades são comuns às três RNA polimerases. Estas enzimas partilham também 
propriedades funcionais, incluindo a necessidade de interagir com outras proteínas para iniciar a transcrição. 
Qualquer  das  3  RNA  polimerases  eucariotas,  tal  como  a  core  enzyme  da  polimerase  bacteriana,  são  destituídas  da 
capacidade de, por si só, iniciarem a transcrição dos genes de forma específica. Para que actuem, é indispensável a participação 
de  factores  proteicos,  os  trans‐acting  factors,  que  interagem  através  da  ligação  a  elementos  estruturais  do  DNA  das  regiões 
promotoras de cada gene, designadas cis‐elements, ou elementos reguladores. Estes factores de transcrição ligam‐se ao DNA e 
associam‐se directa ou indirectamente às polimerases, condicionando assim a respectiva actividade. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
* Promotores eucariotas: 

 
 
Como  a  RNA  polimerase  II  é  responsável  pela  síntese  do  mRNA,  a  partir  dos 
genes  codificadores  de  proteínas,  é  a  enzima  mais  estudada  relativamente  à 
transcrição nos eucariotas. 
Existem proteínas específicas – factores de transcrição ou transcription factors 
(TF)  –  que  são  indispensáveis  para  que  a  RNA  polimerase  II  inicie  a  transcrição.  De 
entre os elementos promotores da transcrição pela RNA polimerase II, distinguem‐se, 
pela  elevada  frequência  com  que  se  encontra,  a  designada  TATA  box,  situada 
frequentemente na posição ‐25 dos genes, a CAAT box e a GC box. 
 

 
 
O  primeiro  passo  para  a  formação  do  complexo  de  transcrição  é  o 
reconhecimento  e  a  ligação de  um factor de  transcrição  geral  – TFIID –  à  TATA  box. 
Este factor é composto por múltiplas subunidades, incluindo a TATA‐binding protein 
(TBP), que se liga especificamente à sequência consensus TATAA, e por outros 10‐12 
polipéptidos, chamados TBP‐associated factors (TAFs). De seguida, a TBP liga‐se a um 
segundo  factor  de  transcrição  (TFIIB),  formando  um  o  complexo  TBP‐TFIIB  no 
promotor. TFIIB serve de ponte para a RNA polimerase, que se liga ao complexo TBP‐
TFIIB, em associação com um terceiro factor, TFIIF. 
Após a ligação da RNA polimerase II ao promotor, são ainda necessários mais 
dois factores adicionais – TFIIE e TFIIH – para que se inicie a transcrição. 
 
Existe um outro tipo de elementos cis, reguladores positivos da actividade dos 
genes,  os  enhancers,  que  se  localizam  muitas  vezes  a  milhares  de  pares  de  bases  a 
montante, a jusante, ou por vezes mesmo no interior do gene transcrito. 
Os elementos cis são, em todos os casos, reconhecidos por factores de transcrição (TF), constituídos por proteínas cuja 
ligação ao DNA condiciona a formação do complexo de iniciação da transcrição. Existem diferentes tipos de factores implicados 
na  regulação  da  transcrição  de  alguns  genes  cuja  expressão  pode  ser  mais  ou  menos  específica  do  tecido  ou  do  estado  de 
desenvolvimento ontológico. Outros participam de forma ubíqua (omnipresente), na transcrição dos genes em geral. 
 
 
 
  A RNA polimerase II tem a capacidade de se associar com 
alguns  TF  antes  de  se  ligar  ao  DNA.  Em  particular,  já 
  foram detectados experimentalmente complexos de RNA 
polimerase  II  com  TFIIB,  TFIIE,  TFIIF,  TFIIH,  e  outras 
proteínas  reguladoras  da  transcrição.  Estes  grandes 
  complexos, chamados holoenzimas polimerase II, podem 
ligar‐se a um promotor por directa interacção com TFIID 
  (TBP + TAFs). 
 
 
  A  RNA  pol.  II  possui  ainda  uma  cauda  CTD,  que  é 
fosforilada  durante  o  processo  de  transcrição  (pela 
  actividade  cinásica  do  TFIIH  promover  a  ligação  dos 
factores  de  elongação  e  processamento.  Este  processo 
parece ser necessário para libertar a RNA polimerase II e 
 
iniciar a transcrição. 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
Os factores basais são necessários ao início da transcrição em todos os promotores. 
Formam um complexo com a RNA polimerase em torno do início da transcrição. No 
entanto, sem a actuação de um enhancer, o nível de transcrição é baixo. 

A adição de um enhancer estimula a transcrição, esteja ele imediatamente antes do 
promotor (B), bastante antes do local de início da transcrição ou bastante depois (C e 
D), e mesmo em sentido contrário (E). 

* Regulação da transcrição: 
  A expressão dos genes eucarióticos é controlada, primeiramente, ao nível da iniciação da transcrição, embora, em alguns 
casos,  a  transcrição  possa  ser  atenuada  e  regulada  nos  passos  seguintes.  Como  nas  bactérias,  a  transcrição  nas  células 
eucarióticas é controlada por proteínas que se ligam a sequências reguladoras específicas e que modulam a actividade da RNA 
polimerase.  A  regulação  da  expressão  génica  em  muitos  tipos  de  células  diferenciadas  de  organismos  multicelulares  é  bem 
sucedida  pela  acção  combinada  de  múltiplas  e  diferentes  proteínas  reguladoras  da  transcrição.  Para  além  disso,  o 
empacotamento do DNA em cromatina e a sua modificação por metilação tornam maior o nível de complexidade do controlo da 
expressão génica em eucariótas. 
 
   Promotores e Enhancers: 
  Os  genes  transcritos  pela  RNA  pol.  II  têm  2  elementos  promotores 
principais: a TATA box e a Inr sequence. Outros elementos cis servem de binding 
sites  para  uma  grande  variedade  de  factores  reguladores  que  controlam  a 
expressão  de  genes  individuais.  Estão  frequentemente,  mas  não  sempre, 
localizados antes da TATA box: CAAT box e GC box (GGGCGG). 
  Muitas  células  são  controladas  por  sequências  reguladoras  que  estão 
localizadas  muito  longe  (às  vezes  mais  de  10  kilobases)  do  local  de  início  da 
transcrição.  Estas  sequências  são  denominadas  de  enhancers  e  funcionam  como 
os promotores: através da ligação de factores de transcrição que depois regulam a RNA polimerase. Isto é possível devido ao 
looping do  DNA,  que  permite  que  um  factor  de  transcrição  ligado  a  um  enhancer distante  interaja  com  a  RNA  polimerase  ou 
outros  factores  de  transcrição  no  promotor.  Estes  factores  de  transcrição  mais  distantes  podem  funcionar  pelos  mesmos 
mecanismos que os que se encontram junto dos promotores. 
 
  Um importante aspecto dos enhancers é que normalmente contêm múltiplos elementos de sequência funcional que se 
ligam a diferentes proteínas reguladoras da transcrição. Estas proteínas trabalham juntas de modo a regular a expressão génica. 
Por  exemplo, o  enhancer  da  cadeia pesada  da  imunoglobulina  abrange  aproximadamente  200 pares  de  bases  e  contém,  pelo 
menos,  9  elementos  sequenciais  que  servem  de  binding‐sites  para  as  proteínas.  Uma  mutação  de  alguma  destas  sequências 
reduz mas não extingue a actividade do enhancer, indicando que as funções das proteínas individuais que se ligam a ele são, 
pelo menos em parte, redundantes. 

 
   
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
   Proteínas reguladoras da transcrição: 
  O isolamento de uma grande variedade de proteínas reguladoras da transcrição baseou‐se na sua ligação específica ao 
promotor  ou  a  enhancers.  As  proteínas  ligadas  a  estas  sequências  de  DNA  são  comummente  analisadas  por  2  tipos  de 
experiências: footprinting e electrophoretic‐mobility shift assay. Nesta segunda técnica as proteínas são detectadas através de 
uma redução na mobilidade electroforética do fragmento de DNA, pois a sua migração no gel é atrasada pela proteína que se 
encontra ligada. A combinação das duas técnicas anteriormente mencionadas levou à correlação dos protein‐binding sites com 
os  elementos  reguladores  dos  enhancers  e  promotores,  indicando  que  estas  sequências  geralmente  constituem  locais  de 
reconhecimento de DNA‐binding proteins. 
 

     
 
  As  proteínas  mais  estudadas  são  os  activadores  (transcriptional  activators), 
que  se  ligam  a  sequências  de  DNA  reguladoras  e  estimulam  a  transcrição.  Uma 
região  da  proteína  liga‐se  especificamente ao  DNA  (DNA‐binding  domain);  a  outra 
activa  a  transcrição  interagindo  com  outros  componentes  da  maquinaria  de 
transcrição (activation domain). 
 
  DNA‐binding Domains (DBD) ou Domínios de ligação ao DNA: 
  Muitos  factores  de  transcrição  diferentes  foram  já  identificados  em  células  eucarióticas.  A  caracterização  molecular 
revelou que os DNA‐binding domains de muitas destas proteínas estão relacionadas uns com os outros. 
  ‐  Zinc  finger:  constituído  por  uma  cadeia  peptídica  de  12  a  14  aminoácidos  dobrada  sobre  si  mesma  (loop),  numa 
estrutura que é determinada pelas ligações coordenadas que se estabelecem entre um átomo de zinco e os pares cisteína ou 
histidina existentes a espaços regulares, na cadeia peptídica; 
  ‐ Helix‐turn‐helix (hélice‐dobra‐hélice): estas proteínas incluem as proteínas que desempenham um papel importante na 
regulação  da  expressão  génica  no  desenvolvimento  embrionário. 
Compõe‐se  de  uma  sequência  peptídica  de  estrutura  em  hélice  α, 
que encaixa no sulco maior do DNA, e por uma segunda hélice que 
se  posiciona  acima,  em  posição  transversal,  estabilizando  a 
interacção da proteína com o DNA; 
  ‐ Leucine zipper (zipper de leucina): este motivo é constituído 
por  um  segmento  rico  em  aminoácidos  básicos  dotados  de  carga 
positiva,  lisina  e  arginina,  seguido  de  uma  região  em  hélice  α,  que 
comporta 4 ou 5 resíduos de leucina, separados entre si por 6 outros 
aminoácidos.  Esta  periodicidade  da  presença  de  uma  leucina,  de  7 
em 7 aminoácidos, determina que as cadeias laterais hidrofóbicas de 
todos  os  resíduos  das  leucinas  apareçam  posicionadas  na  mesma 
face  da  hélice  α.  Desta  forma,  duas  moléculas  com  esta  mesma 
estrutura  podem  associar‐se  através  destas  hélices  por 
interdigitação das cadeias laterais portadoras das leucinas. A interacção estabelecida é estabilizada pelas ligações hidrofóbicas 
entre resíduos da leucina das duas cadeias. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
   Repressores: 
  Os  repressores  ligam‐se  a  sequências  de  DNA  específicas  e  desactivam  a 
transcrição.  Por  vezes,  os  repressores  eucarióticos  simplesmente  interferem  com  a 
ligação  de  outros  factores  de  transcrição.  Por  exemplo,  a  ligação  de  um  repressor 
perto do local de início da transcrição pode bloquear a interacção da RNA polimerase 
ou de outros factores de transcrição com o promotor. Outros repressores competem 
com  os  activadores  pela  ligação  a  uma  sequência  específica  de  DNA  (A).  Visto  o 
repressor  e  o  activador  terem  a  o  mesmo  DNA‐binding  domain,  se  o  repressor  se 
ligar antes do activador, a transcrição não se dá. 
  Em  contraste  com  os  repressores  que  apenas  interferem  com  o  local  de 
ligação  do  activador,  muitos  repressores  (chamados  repressores  activos)  contêm 
domínios  funcionais  específicos  que  inibem  a  transcrição  via  interacções  proteína‐
proteína (B). 
 
 
* Estado da cromatina: 
  A  compactação  do  DNA  condiciona  a  transcrição  (quanto  mais  compacta  a  cromatina,  mais  dificilmente  se  dá  a 
transcrição). O empacotamento do DNA em cromatina tem importantes consequências em termos da sua disponibilidade para a 
transcrição. Assim, a estrutura da cromatina é um aspecto fulcral da expressão génica em células eucarióticas. De facto, tanto os 
activadores como os repressores regulam a transcrição em eucariotas, não apenas interagindo com os factores de transcrição e 
outros componentes da maquinaria envolvida na transcrição, mas também induzindo modificações na estrutura da cromatina. 
 

 
 
  A relação entre a estrutura da cromatina e a transcrição é evidente em vários níveis. Primeiro, os genes transcritos mais 
activamente encontram‐se na cromatina descondensada. No entanto, a descondensação da cromatina por si só não é suficiente 
para  tornar  o  DNA  acessível  para  a  transcrição.  Mesmo  na  cromatina  descondensada,  os  genes  transcritos  mais  activamente 
permanecem ligados a histonas e empacotados em nucleossomas, e assim os factores de transcrição e a RNA polimerase ainda 
encaram  o  problema  de  interagir  com  a  cromatina  em  vez  de  DNA  “nu”.  O  apertado  enrolamento  do  DNA  em  torno  do 
nucleossoma é um obstáculo à transcrição, afectando tanto ligação dos factores de transcrição ao DNA e a capacidade de a RNA 
polimerase transcrever através da cromatina. Este efeito inibitório dos nucleossomas é aliviado pela acetilação das histonas e 
pela  ligação  de  2  proteínas  não  histónicas  (HMG‐14  e  17)  aos  nucleossomas  dos  genes  activamente  transcritos.  Proteínas 
adicionais chamadas  de  factores  de  remodelação do  nucleossoma  facilitam  a  ligação  dos  factores  de  transcrição  à  cromatina, 
alterando a estrutura nucleossómica. 
 

As  histonas  possuem  que  se  estendem  para 


fora  do  nucleossoma  e  que  são  ricas  em  lisina 
(positivas). Como o DNA é fortemente negativo 
(devido  ao  fosfato),  as  histonas  reagem  com 
ele,  formando  ligações  fortes.  A  acetilação 
(grupo  acetil  liga‐se  às  lisinas  por  acção  da 
transacetilise)  reduz  a  carga  positiva  das 
histonas,  e  enfraquecem  a  ligação  ao  DNA,  ao 
mesmo  tempo  que  alteram  a  sua  interacção 
com outras proteínas.  
A  desacetilase  é  responsável  pelo  processo 
contrário  (lisinas  novamente  carregadas  – 
ligação forte ao DNA – cromatina condensada). 

 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  Existem moléculas de RNA com função reguladora – não codificante ‐, podendo ligar‐se ao DNA e inactivar a transcrição 
dos genes. Num dos cromossomas X da mulher, existe uma molécula que se liga ao DNA, não permitindo a transcrição. Regiões 
dos  dois  cromossomas  encontram‐se  desactivas  e  activas,  de  modo  a  que  haja  no  indivíduo,  informação  genética 
correspondente a um só cromossoma.   
 
* Importância da regulação: 
   Desenvolvimento embrionário: a expressão anómala de um gene é capaz de originar fenótipos aberrantes; 
   Diferenciação celular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Processamento do RNA 
 
FASES DA TRADUÇÃO 
  * Transcrição (pela RNA polimerase); 
  * Processamento do mRNA (maturação): 
 5’ capping: 
   Após a sua síntese, a extremidade 5’ do mRNA é imediatamente bloqueada pela fixação ao nucleótido 5’ 
terminal  da  molécula,  de  um  resíduo  guanílico  em  posição  invertida.  O  capping  ocorre  ainda  durante  a  fase  de 
elongação  das  cadeias  de  RNA  nascente.  Esta  estrutura,  designada  cap,  é  formada  por  adição  do  resíduo  G 
proveniente  do  dador  GTP  (guanosina  trifosfato),  formando  uma  ligação  de  tipo  pouco  comum,  5’‐5’  trifosfato, 
com o nucleósido trifosfato púrico terminal da cadeia transcrita. Esta reacção é catalizada pela guaniltransferase, 
enzima nuclear, e resulta na formação de uma ligação 5’‐5’ trifosfato entre o primeiro nucleótido do RNA nascente 
e o resíduo guanílico que é adicionado. Este processo impede a degradação do mRNA e respectivos precursores 
intranucleares pelas fosfatases ou pelas exonucleases, dá estabilidade à molécula de DNA que está a ser transcrita 
e alinha o mRNA com o ribossoma de modo a permitir a tradução (estímulo da tradução) – intervém activamente 
na formação do complexo de iniciação da tradução.  
  A  extremidade  5’  cap  do  mRNA  é  por  vezes  ainda  sujeita  a  modificações  através  de  várias  reacções  de 
metilação catalisadas pela guanina‐7‐metiltransferase, enzima presente nas células eucarióticas, que transfere um 
grupo metil (fornecido pela S‐adenosil‐metionina), para a posição 7 do resíduo guanílico, previamente adicionado 
por capping. Seguidamente, excepto em alguns eucariotas unicelulares, a ribose de nucleótido +1 transcrito, que 
ocupava o primeiro lugar na cadeia de RNA nascente antes da adição da estrutura cap, sofre metilação na posição 
2’.  Alguns  mRNA  são  ainda  metilados  na  posição  6  do  resíduo  da  adenina,  e  a  nível  da  ribose  do  nucleótido 
seguinte. 
 Formação da cauda poli‐A: 
  A  extremidade  3’  da  maioria  dos  mRNA 
eucarióticos  é  definida  não  pela  terminação  da 
transcrição, mas pela clivagem da molécula precursora do 
mRNA  nesta  extremidade,  sob  a  acção  de  uma 
endonuclease  que  reconhece  o  sinal  a  montante  do 
ponto de clivagem, constituído pela sequência AAUAAA e 
adição  de  uma  cauda  poli‐A  na  extremidade  3’  da 
molécula – 200 a 300 resíduos adenílicos. 
 Splicing:  
  Remoção dos intrões. 
  * Exportação do mRNA para o citoplasma por proteínas que ajudam a passagem pelo poro nuclear (transporte activo); 
  * Tradução. 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  * Splicing: 
  Nos  eucariotas  superiores,  apenas  uma  muito  pequena  percentagem  do  DNA  genómico  tem  expressão  efectiva  no 
organismo. A maior parte do genoma é formado por sequências repetitivas de nucleótidos, que não são transcritas. Para além 
disso,  foi  possível  observar  que  não  existe  colinearidade  gene‐proteina  no  caso  da  expressão  genética  nos  eucariotas.  Com 
apenas  algumas  excepções,  a  maior  parte  dos  genes  que  codificam  para  as  proteínas  nos  eucariotas  superiores  contém 
sequências não codificantes, os intrões, intercalados nas sequências codificantes, os exões. 
 

 
 
  Existem na cadeia de pré‐mRNA: 
    sequências  nucleotídicas  de  consenso  que  controlam  o  processamento  nucleolítico  dos  produtos  primários  da 
transcrição, ou precursores dos mRNA eucariotas – GU no início do intrão (5’ SS) e AG no final do intrão (3’ SS). 
   motivo nucleotídico no interior do intrão, situado a uma distância de 20‐50 nucleótidos da extremidade 3’, designado 
sítio  de  ligação  (branch  point),  que  intervém  na  formação  de  uma  ansa  na  cadeia  do  RNA  transcrito,  durante  o  processo  de 
maturação do mRNA. 
 
  O  processo  de  eliminação  dos  intrões  durante  a  maturação  dos  mRNA  é  designado  splicing,  e  consiste  na  excisão‐
reparação das cadeias dos respectivos produtos primários da transcrição 
 
1. Clivagem  no  5’  SS  e  junção  da  extremidade  5’  com  o  resíduo  adenílico  existente  no  branch  point  (ligação  2’‐5’ 
fosfodiéster), formando‐se uma estrutura em forma de loop; 
2. A ligação 3’‐5’ fosfodiéster preexistente entre os resíduos dos nucleótidos que definem a junção exão‐intrão é assim 
cindida, ficando o exão com a extremidade 3’OH livre; 
3. Clivagem no 3’ SS, ficando a extremidade 3’ do intrão liberta, podendo dar lugar à ligação entre os dois exões. Dá‐se, 
assim, a excisão do intrão, que é depois degenerado. 
 
  A  precisão  e  eficiência  deste  mecanismo  de  excisão  reparação  dos  pré‐mensageiros  dependem  da  presença  das 
sequências de consenso que delimitam cada intrão, assim como os que constituem o sítio de ligação ou fecho da ansa, formada 
no interior do intrão. 
 
  O  splicing  ocorre  em  grandes  complexos  chamados  spliceosoma, 
compostos por proteínas e RNAs. Os componentes de RNA do spiceosoma são 5 
tipos  de  snRNAs  (small  nuclear  RNAs),  chamados  U1,  U2,  U4,  U5  e  U6.  Os 
snRNA  são  constituídos  por  menos  de  300  nucleótidos,  em  cuja  composição 
predominam  resíduos  uridílicos.  Encontram‐se  associados  a  proteínas, 
formando  partículas  chamadas  snRNP,  snurps  ou  small  nuclear 
ribonucleoprotein particles, às quais cabe um papel no processo de eliminação 
dos intrões da cadeia de RNA do produto primário da transcrição. As proteínas 
que participam no processo têm uma composição rica em serina e em arginina, 
e  são  designadas  por  proteínas  SR.  Ligam‐se  aos  snRNA,  e  desempenham  um 
papel importante nas primeiras fases do splicing. 
1. U1‐snRNP fixa‐se ao 5’SS do pré‐mRNA por complementaridade de 
pares  de  bases  entre  a  sequência  consensus  do  5’  splice  site  e  a 
extremidade 5’ do U1‐snRNA  ;

2. O complexo U2‐snRNP fixa‐se ao branch point, por complementaridade entre a sequência de nucleótidos deste local 
e o U2‐snRNA; 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
3. A ligação entre as proteínas U1 e U2 leva à aproximação das 
extremidades  5’  e  3’  do  intrão,  facilitando  a  reacção  que 
permite a ligação entre os dois exões; 
4. O complexo pré‐formado constituído por U4/U6 e U5 snRNPs 
é incorporado no spliceosoma, ligando‐se o U5 a sequências 
a  montante  do  5’SS.  A  reacção  de  splicing  é  acompanhada 
por uma reorganização dos snRNAs; 
5. U5 liga‐se ao 3’SS, dá‐se a excisão do intrão e a ligação dos 
exões; 
6. O intrão é degenerado. 
 
 
  Os snRNAs, para além de reconhecerem as sequências consensus 
nos branch points e nos splice sites dos pré‐mRNAs, também catalisam a 
reacção de splicing directamente. Alguns RNAs são capazes de fazer self‐
splicing, ou seja, eles conseguem catalisar a remoção dos seus próprios 
intrões, na ausência de outras proteínas ou RNA factors. 
  Existem 2 grupos de intrões self‐splicing, que diferem na reacção 
de remoção dos intrões: 
    grupo  I    o  primeiro  passo  no  splicing  é  a  clivagem  do  5’SS 
devido a uma reacção com um cofactor de guanosina. O resultado é um 
intermediário linear com uma G adicionado à extremidade 5’ do intrão; 
    grupo  II    o  primeiro  passo  é  a  clivagem  do  5’SS  com  uma  A 
dentro do intrão, formando um intermediário em forma de ansa. 
  Nos dois casos, o segundo passo é a clivagem do 3’SS e a ligação 
dos exões. 

 
   
 
 
 
 
 
 
 
  Selecção do splice site: 
  Experimentalmente, os splice sites foram identificados através da comparação das sequências de muitos genes; observou‐
se que existia sempre, no meio das sequências, o par de bases GU no início do intrão e o par AG no final do intrão. Analisaram‐se 
igualmente  as  bases  existentes  em  torno  dos  intrões  e  verificou‐se  que  existem  bases  mais  conservadas  que  outras.  Quanto 
maior a concentração de bases conservadas (bases de sinal mais forte), mais fortemente são reconhecidas pelas proteínas do 
spliceosoma. 
 
  Doenças provocadas por mutações que alteram sinais de splicing: 
  Mutações  nos  intrões,  mesmo  que  estes  não  façam  parte  da  informação  codificante  do  genoma,  podem  dar  origem  a 
doenças graves. 
  Exemplos de mutações: 
   Substituição de uma base azotada: por este processo podem originar‐se, por exemplo, sequências semelhantes às que 
codificam  o  final  do  splicing  (AG).  Quando  as  bases  existentes  nas  redondezas  são  também  semelhantes,  isto  pode  levar  à 
incorporação de intrões na molécula de mRNA. 
   Delecção de uma base azotada: as bases azotadas são lidas 3 a 3; se o número de bases não for múltiplo de 3, ocorrem 
erros no processamento do mRNA. 
   Introdução de base(s) azotada(s): pode dar origem à introdução de codões STOP prematuros. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  SPLICING ALTERNATIVO 
  A  função  central  do  splicing  no  processamento  do  pré‐mRNA  abre  a  possibilidade  de  regulação  da  expressão  génica 
através  do  controlo  da  actividade  da  maquinaria  de  splicing.  Para  além  disso,  visto  que  a  maioria  dos  pré‐mRNAs  contêm 
múltiplos intrões, podem ser produzidos diferentes mRNAs a partir do mesmo gene, através de diferentes combinações de 5’ e 
3’  splice  sites. A  possibilidade  de  juntar  exões  em  combinações  variadas  proporciona  um novo  meio  de controlar  a  expressão 
génica,  gerando  múltiplos  mRNAs  (e,  por  conseguinte,  múltiplas  proteínas)  a  partir  do  mesmo  pré‐mRNA.  Este  processo, 
designado  splicing  alternativo,  ocorre  frequentemente  em  genes  de  eucariotas  complexos  e  proporciona  um  importante 
mecanismo para a especificidade dos tecidos e desenvolvimento da regulação da expressão génica. 
 
  S. Cerevisiae 
   250 de 6000 genes possuem intrões; 
   3 codificam transcritos que sofrem splicing alternativo. 
 
  Homo sapiens 
   A maioria dos 25 000 genes possui intrões; 
   Mais de 70% dos genes sofrem splicing alternativo. 
 
  Um  exemplo  interessante  de  splicing  alternativo  é  o  caso  de  alguns 
genes que codificam proteínas reguladoras da transcrição. Em muitos casos, o 
splicing  alternativo  destes  pré‐mRNAs  dá  origem  a  produtos  com  funções 
bastante  diferentes  –  nomeadamente,  a  capacidade  de  actuar  como 
activadores ou repressores da transcrição. 
 
  Devido  ao  facto  de  os  padrões  de  splicing  alternativo  poderem  variar 
em  diferentes  tecidos,  a  regulação  do  splicing  proporciona  um  importante  meio  de  regulação  da  expressão  génica  da 
especificidade  dos  tecidos.  Apesar  de  o  mecanismo  pelo  qual  os  splice  sites  correctos  são  seleccionados  não  ser  conhecido, 
muitos factores proteicos que contribuem para a selecção do splice site foram identificados e podem afectar o uso de splice sites 
alternativos  numa  molécula  de  pré‐mRNA.  Variações  na  expressão  destes  factores  de  splicing  em  diferentes  tipos  de  células 
podem  resultar  em  diferentes  tipos  de  tecidos  de  splicing  alternativo,  com  isso  contribuindo  para  a  regulação  da  expressão 
génica durante o desenvolvimento e a diferenciação. 
 
REGULAÇÃO DO SPLICING 
Existem factores que não fazem parte do spliceosoma que contribuem para a regulação deste processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
* Distrofia miotónica (DM): 
 Sintomas: 
 Hiperexcitabilidade do músculo esquelético (miotonia); 
 Resistência à insulina; 
 Defeitos na condição cardíaca; 
 Cataratas; 
 Disfunção do músculo liso; 
 Atrofia testicular; 
 Alterações neuropsiquiátricas. 
 
 
  Gene DMPK 
(CTG)5‐35 
  5’  3’
mRNA com expansão de CUG 
     
         Expressão aumentada de CUG‐BP 
 
 Pré‐mRNAs cujo splicing é alterado na DM: 
   Tropomina cardíaca; 
   Receptor de insulina; 
   Canal de cloro tipo 1 (específico do músculo esquelético). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
EDIÇÃO DO RNA 
Este processo está relacionado com eventos que ocorrem no processamento do RNA (sem ser no splicing), que alteram as 
sequências codificadoras de proteínas de alguns mRNAs.  
Ocorre em: 
 mRNA mitocondrial de tripanossomas (1ª descoberta); 
 RNA mitocondrial e dos cloroplastos de plantas superiores; 
 mRNA nuclear de alguns genes de mamíferos. 
 
A edição no mRNA nuclear de mamíferos, tal como nos RNAs de plantas superiores, envolve alterações de uma única base 
como resultado de reacções de modificação de bases. Nas células de mamíferos, as reacções de edição incluem a desaminação 
da citosina para uridina e da adenosina to inosina (desaminases). 
 
Exemplo: 
Apolipoproteína B (Apo‐B): proteína importante para o transporte dos lípidos no sangue que é sintetizada no fígado e no 
intestino. A proteína que é sintetizada no intestino é mais pequena, resultado da substituição de uma citosina por um uracilo, o 
que  dá  origem,  neste  caso,  a  um  codão  de  finalização.  Isto  permite  concluir  que  a  desaminase  só  se  encontra  presenta  no 
intestino e não no fígado. 
 

 
 
Genoma do HIV: 
Possui 9 genes; um deles é o gene VIF (virian infectivity factor). 
As células, quando atacadas pelo vírus HIV, produzem uma proteína capaz de editar o RNA do DNA viral – APOBEC36. 
A proteína VIF detecta a APOBEC celular e conjuga‐a com ubiquitina, provocando a sua degradação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Tradução 
THE PLAYERS 
 mRNA resultante da transcrição; 
 tRNA;  Existem  reacções  que  requerem  energia,  que  é 
 Ribossomas (rRNA);  fornecida pela hidrólise de GTP ou ATP.
 Factores proteicos. 
 
Nos seres procariotas, o mRNA é procisterónico: uma só sequência de mRNA possui múltiplos start sites para a tradução 
(várias proteínas). 
Nos seres eucariotas, o mRNA possui apenas um start site para a tradução (uma só proteína). 
 

 
 

Esta diferença entre os ribossomas procarióticos e 
eucarióticos  é  importante:  é  possível  destruir  os 
ribossomas  menores,  sem  destruir  os  maiores 
(antibióticos). 

 
 
 A sequência de aminoácidos de uma proteína é determinada pela sequência de bases do DNA correspondente. 
 Cada aminoácido é codificado por um tripleto designado codão. 
  O  código  genético  é  redundante/degenerado:  existe  mais  do  que  um  codão  para  codificar  um  aminoácido 
(degenerescência do código genético) – à excepção da metionina e triptofano, todos os outros aminoácidos são codificados por 
vários tripletos sinónimos. 
   O tripleto AUG tem dupla função: 
     codifica o aminoácido metionina; 
     constitui o codão de iniciação para a síntese proteica. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 Os tripletos UAA, UGA e UAG são codões de finalização (marcam o final da síntese proteica) – não existem tRNAs com 
anticodões complementares destes codões. 
   O terceiro nucleótido de cada codão é menos específico que os dois primeiros (exemplo: a prolina pode ser codificada 
por qualquer um dos seguintes codões: CCU, CCC, CCA ou CCG) – uma mutação no terceiro nucleótido raramente leva a uma 
alteração na estrutura primária da proteína. 
   O código genético não é ambíguo: um determinado codão não codifica mais que um aminoácido diferente. 
    Regra  geral,  o  código  genético  é  universal:  um  determinado  codão  tem  o  mesmo  significado  para  a  maioria  dos 
organismos. Presentemente conhecem‐se limites à universalidade do código genético. Há preferências na utilização dos codões 
que variam consoante o tipo celular. 
  A  informação  contida  numa  sequência  nucleotídica  da  cadeia  de  DNA  correspondente  à  zona  codificante  para  a 
proteína é transmitida ao respectivo mRNA. 
 O mRNA não reconhece directamente nenhum aminoácido. A correspondência do codão do mRNA com o aminoácido 
é mediada pela interacção do mRNA com um tRNA específico transportador do aminoácido codificado. 
  Cada  tRNA  contém  uma  sequência  de  3  nucleótidos  complementares  ao  codão  do  mRNA  que  se  designa  por 
anticodão, e cada tRNA com anticodão diferente transporta um aminoácido específico. Deste modo, cada codão por intermédio 
do anticodão codifica para o aminoácido respectivo. 
 

 
 
ETAPAS DA SÍNTESE PROTEICA 
  * Activação do aminoácido; 
  * Iniciação; 
  * Elongação; 
  * Terminação e libertação; 
  * Enrolamento e processamento pós‐tradução. 
 
  A síntese de proteínas ocorre nos ribossomas. Estes organelos possuem 3 locais para a ligação do tRNA: P (peptidil), A 
(aminoacil) e E (exit). 
 
  * Síntese de tRNA‐aminoacil/activação do aminoácido: 
  As  moléculas  de  tRNA  podem  servir  de  transportadores  de  aminoácidos,  estabelecendo  uma 
ligação covalente entre o grupo OH da ribose ligada à adenina na extremidade 3’ e o grupo carboxilo do 
aminoácido  a  ser  transportado.  As  aminoacil‐tRNA  sintetases  são  responsáveis  pela  ligação  do 
aminoácido ao tRNA. 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
Na  biossíntese  de  proteínas,  a  selecção  do  aminoácido  depende  da 
interacção  entre  as  bases  do  codão  do  mRNA  e  o  anticodão  do  tRNA,  não 
havendo pois participação do grupo aminoacil. A interacção entre os tripletos 
do  mRNA  e  os  tripletos  complentares  do  tRNA  segue  na  generalidade  o 
emparelhamento de bases normalizado para o DNA. Porém, a terceira posição 
pode  ter  um  emparelhamento  diferente,  estabelecendo  uma 
complementaridade desviada do padrão habitual – G pode emparelhar com C 
ou U, U pode emparelhar com A ou G e I (inosina) pode emparelhar com U, C 
ou A. 

* Iniciação: 
  A  síntese  polipeptídica  ocorre  com  adição  sucessiva  de  aminoácidos 
formando‐se  a  proteína  no  sentido  do  N‐terminal  (terminal  amina)  para  o  C‐
terminal (terminal carboxilo). Esta ordem na formação da cadeia polipeptídica 
corresponde a uma leitura do mRNA na direcção 5’ para 3’, ou seja, o primeiro 
codão a ter correspondência ao aminoácido no N‐terminal situa‐se próximo da 
extremidade 5’ do respectivo mRNA. 
 

 
 
  Procariotas: 
  O  primeiro  aminoácido  a  ser  incorporado  é  a  forma  formilada  da 
metionina  (f‐metionina)  que  é  transportada  por  um  tRNA  diferente  do  tRNA  que  transporta,  posteriormente,  os  resíduos  de 
metionina.  A  selecção do  código  AUG que  inicia  a  tradução  é  feita  pela  presença  de  características  adicionais  na  região  5’ do 
mRNA. 
   Sequência de Shine‐Dangarno  região rica em bases púricas constituída por 3 a 10 nucleótidos com uma sequência 
complementar  a  uma  sequência  presente  no  rRNA  16S.  Esta  sequência  localiza‐se  a  montante  do  codão  de  inciação.  O 
emparelhamento  bases  entre  estas  sequências  do  mRNA  e  do  rRNA  16S  permite  ao  ribossoma  encontrar  o  codão  AUG 
responsável pelo início da tradução. 
 
  Eucariotas: 
  A tradução inicia‐se pela incorporação de metionina correspondente ao codão AUG, que participa na formação de um 
complexo. De facto, nas células existe sempre uma pequena quantidade de ribossomas dissociados, o que permite a ligação de 
factores  de  iniciação  envolvidos  na  manutenção  da  dissociação  das  subunidades  (designados  por  eIF3  e  eIF1A).  Uma  vez 
assegurada  a  dissociação  das  subunidades,  ocorre  a  ligação  do  complexo  ternário:  eIF‐2+GTP+MET+tRNA  à  subunidade  40S 
(este complexo forma‐se na ausência do mRNA). 
  A  iniciação  da  tradução  do  mRNA  requer  a  presença  de  um  codão  determinante  que  foi  identificado  como  AUG  e, 
eventualmente GUG nalguns procariotas, codão este que codifica para a metionina. Várias evidências experimentais sugerem 
que  a  selecção  do  primeiro  codão  AUG  é  mediada  pela  interacção  entre  a  subunidade  40S  e  o  factor  eIF‐4F  associado  à 
estrutura cap na extremidade 5’ do mRNA, de modo a que o primeiro AUG é posicionado no centro P para o início da s+síntese 
polipeptídica (é feito um scanning de modo a encontrar o codão de iniciação). No entanto, a ausência de estrutura secundária do 
mRNA pode influenciar a ligação dos factores eIF‐4A e eIF‐4B, assim como a presença de uma região não traduzida. 
  Uma  vez  correctamente  posicionado  o  MET‐tRNA,  a  subunidade  60S  associa‐se  para  formar  o  complexo  80S 
concomitante com a dissociação do factor eIF2‐GDP. 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
* Elongação: 
  A  elongação  corresponde  à  etapa  da  formação  da  cadeia  peptídica,  ou  seja,  a  síntese  da  ligação  peptídica  entre 
aminoácidos ordenados segundo a informação transmitida pelo mRNA. Este processo ocorre nos ribossomas em 3 fases de um 
ciclo que se repete continuamente. Este ciclo, que permite a ligação de cerca de 40 resíduos por segundo, envolve a participação 
de vários factores proteicos designados por factores de elongação EF. 
  Com  o  terminar  da  etapa  de  iniciação,  as  subunidades  ribossomais  voltam  a  estar  ligadas,  o  que  permite  ocorrer  o 
emparelhamento de outro tRNA transportando o aminoácido correspondente ao segundo codão de leitura. Subsequentemente, 
pode formar‐se a primeira ligação peptídica, ou seja, começa a elongação. 
1. Um aminoacil‐tRNA é endereçado para o centro A num complexo que 
envolve uma molécula de GTP associada ao factor de elongação (EF‐Tu 
em procariotas e eEF‐1α em eucariotas) e, subsequentemente, dá‐se o 
emparelhamento  entre  o  codão  do  tRNA  e  o  respectivo  codão  do 
mRNA no centro A. Este emparelhamento de bases está associado com 
a activação do domínio GTPase do factor de elongação e, com hidrólise 
do  GTP,  é  dissociado  o  aminoacil‐tRNA  do  complexo  que  ocupa  o 
centro  A.  O  GDP  dissociado  do  factor  eEF‐1α/EF‐Tu  é  substituído 
posteriormente por GTP; 
2. Assim que o factor de elongação deixa o ribossoma, a ligação peptídica 
pode ser formada entre o aminoacil‐tRNA do centro P (metionina) e o 
segundo  aminoacil‐tRNA  no  local  A.  Esta  fase  designada  por 
transpeptidação é catalisada pela enzima peptidil‐transferase que estabelece a ligação peptídica entre o grupo amina 
do aminoácido do centro A e o grupo carboxilo do outro aminoácido. 
3. Posteriormente ocorre a transferência do peptidil‐tRNA do centro A para o centro P 
e a saída do tRNA do centro P. Esta deslocação é concomitante com o posicionamento do tRNA 
que  “perde”  o  aminoácido  para  o  centro  E.  Esta  etapa  envolve  a  participação  do  factor  de 
elongação eEF‐2 (EF‐G nas bactérias) que se liga ao ribossoma juntamente com GTP, dissociando‐
se  do  ribossoma  com  hidrólise  de  TP,  permitindo,  deste  modo,  o  reinício  de  um  novo  ciclo  de 
elongação. 
 
* Terminação: 
  A elongação da cadeia polipeptídica continua até que um codão de terminação (UAA, UAG 
ou  UGA)  é  introduzido  no  local  A  do  ribossoma.  As  células  não  contêm  anticodões 
complementares para estes sinais de terminação; em vez disso, possuem factores de dissociação 
RF  (release  factors)  que  reconhecem  os  sinais  e  terminam  a  síntese  proteica.  As  células 
procariotas  possuem  2  RFs  que  reconhecem  o  codões  de  terminação:  RF‐1  reconhece  UAA  ou 
UAG e RF‐2 reconhece UAA ou UGA. Em células eucariotas, um único RF (eRF‐1) reconhece os 3 
codões  de  terminação.  Tanto  as  células  eucariotas  como  as  procariotas  contém  factores  de 
dissociação  (RF‐3  e  eRF‐3,  respectivamente)  que  não  reconhecem  codões  de  terminação 
específicos, mas actuam conjuntamente com o factor RF‐1 (ou eRF‐1) e RF‐2 (RF‐3 liga‐se ao GTP 
e estimula a ligação do RF‐1 e RF‐2 ao ribossoma). Os RF ligam‐se a um codão de terminação no 
local A do ribossoma, e estimulam a hidrólise da ligação entre o tRNA e a cadeia polipeptídica no 
local  P,  resultando  na  libertação  do  polipéptido  completo  do  ribossoma.  O  tRNA  é  depois 
libertado, e as subunidades dos ribossomas e a cadeia de mRNA dissociam‐se. 
 
       
ALTERAÇÕES PÓS‐TRADUCIONAIS 
  Depois  de  sintetizadas,  nem  todas  as  proteínas  apresentam  actividade  biológica,  tendo, 
ainda que sofrer algumas alterações designadas alterações pós‐traducionais (por ocorrerem após 
a tradução), que normalmente ocorrem no retículo endoplasmático rugoso (RER) e no complexo 
de  Golgi.  Após  estes  processos  a  proteína  é  transformada  numa  proteína  funcional  capaz  de 
desempenhar as suas funções, conferindo à célula que a produziu uma dada característica. 
  Exemplos: glicoproteínas e lipoproteínas. 
   
 
  Algumas proteínas são utilizadas na célula, enquanto que outras são exportadas para fora 
do citoplasma. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  Iniciação: 
 Ligação da extremidade 5’ do mRNA à subunidade menor do ribossoma 
 Deslizamento da subunidade menor do ribossoma ao longo da molécula 
de mRNA até encontrar o codão de iniciação 
 Reconhecimento  do  codão  AUG  (codão  de  iniciação)  do  mRNA    pelo 
anticodão UAC do tRNA iniciador que transporta o aminoácido metionina 
 Ligação  do  tRNA  que  transporta  o  aminoácido  metionina  ao  codão  de 
iniciação do mRNA, por complementaridade 
 Ligação  da  subunidade  maior  do  ribossoma  à  subunidade  menor  – 
ribossoma fica funcional 
 O  tRNA  iniciador  ocupa  o  local  P  (local  peptidil)  do  ribossoma,  ficando 
vago o local A (aminoacil) 
 
 
 AAlongamento: 
 Fixação de um novo tRNA (aminoacil tRNA) ao local A do ribossoma, por 
emparelhamento do anticodão do tRNA com o codão do mRNA 
 Estabelece‐se uma ligação peptídica entre o aminoácido recém‐chegado 
e a metionina 
 O dipéptido formado fica ligado ao tRNA que ocupa o local A 
 O  tRNA  iniciador,  ao  ficar  livre  do  aminoácido  que  transportava,  é 
libertado para o citoplasma 
 Deslocamento  do  ribossoma  ao  longo  de  três  bases  (nucleótidos)  do 
mRNA no sentido 5’ – 3’, fazendo com que o tRNA a que se encontra ligado o 
dipéptido passe do local A para o local P 
 O  processo  repete‐se  ao  longo  do  mRNA  por  ligação  de  um  novo 
aminoacil tRNA ao local A do ribossoma até este organito encontrar um dos 
codões de terminação (UAA, UAG ou UGA) 
 
 
 
  F
Finalização: 
 O ribossoma encontra um codão de finalização (UAA, UAG ou UGA), a que 
não corresponde nenhum tRNA, pois não possui anticodão complementar 
 O último tRNA abandona o ribossoma 
 Termina o processo da tradução e consequentemente a síntese da cadeia 
polipeptídica 
 Separação das subunidades do ribossoma, que ficam livres para se ligarem 
a  uma  nova  molécula  de  mRNA  e  iniciarem  todo  o  processo  da  tradução  e 
síntese de uma nova proteína 
 Libertação do péptido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Tipos de Transporte Intracelular 
 
TIPOS DE TRANSPORTE INTRACELULAR 
* Gated transport (Ex.: transporte de proteínas e RNA através do complexo de poro associado ao núcleo celular); 
*  Transporte  transmembranar  (Ex.:  importação  de  proteínas  acabadas  de  sintetizar  pelo  retículo  endoplasmático, 
atravessando a respectiva membrana); 
*  Transporte  vesicular    transporte  inter‐organelar  (Ex.:  forma  principal  de  transporte  entre  os  diferentes  organelos, 
através de vesículas ou vacúolos). 
 
 
COMPLEXIDADE DO TRANSPORTE VESICULAR 
Os organelos comunicam entre si, mas nem todos comunicam com todos. 
 
Existem 2 grandes vias de comunicação inter‐organelar: 
   Via secretória: RE  complexo de Golgi  membrana plasmática; 
    Via  endocítica:  processo  de  entrada  de  substâncias  nas  células,  através  de  vesículas  que  se  formam  por  invaginação, 
estrangulamento e fusão da membrana celular (membrana plasmática  endossomas  lisossomas). 
 

 
O lúmen de cada compartimento é topologicamente equivalente ao exterior da célula e esses compartimentos estão todos em 
constante comunicação. 
 
 

A  maturação  de  endossomas  precoces  a 


endossomas tardios ocorre através da formação 
de  corpos  multivesiculares,  os  quais  contêm 
grandes  quantidades  de  membrana  invaginada 
e vesículas internas. Estes corpos movem‐se no 
interior  ao  longo  dos  microtúbulos,  e  a 
reciclagem  de  componentes  para  a  membrana 
plasmática  continua  ao  mesmo  tempo  que  os 
corpos  se  movem.  Os  corpos  multivesiculares 
gradualmente  tornam‐se  em  endossomas 
tardios,  quer  pela  fusão  de  vários  corpos 
multivesiculares,  quer  pela  fusão  com 
endossomas  tardios  pré‐existentes.  Os 
endossomas  tardios  não  enviam  vesículas  para 
a membrana plasmática, mas comunicam com o 
trans Golgi network via vesículas de transporte, 
que libertam as proteínas que iram converter o 
endossoma tardio num lisossoma. 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

 
 
 
  SÍNTESE PROTEICA NO RE – TRANSLOCAÇÃO ATRAVÉS DA MEMBRANA DO RE 
  Aproximadamente  1/3  das  proteínas  sintetizadas  numa  célula  são  translocadas  através  da  membrana  do  RE.  Estas 
proteínas  contêm  um  sinal  de  endereçamento  no  terminal  amino  constituído  por  uma  sequência  de  aproximadamente  20 
aminoácidos – 6 a 12 resíduos hidrofóbicos ladeados por sequências polares. 
  A síntese da maioria destas proteínas começa em ribossomas livres no citosol. Estas proteínas possuem a chamada signal 
sequence, onde se liga a SRP – partícula reconhecedora do sinal (associação RNA + proteínas). 
1. A SRP liga‐se ao sinal e à subunidade maior do ribossoma, o que leva à paragem da síntese proteica; 
2. Subsequentemente, todo o complexo é direccionado para a membrana do RE; 
3. A SRP liga‐se à proteína receptora do SRP (SR); 
4. Dissociação do complexo SRP‐sequência sinal; 
5. O signal sequence é inserido num canal membranar; 
6. A síntese proteica recomeça concomitantemente com a translocação através da membrana, processo este mediado 
por  um  complexo  multiproteico  denominado  translocon  do  RE  (poro  da  membrana)  –  o  complexo  sec61  é 
responsável pelo estabelecimento do poro hidrofílico da membrana; 
7. A cadeia polipeptídica atravessa o poro da membrana numa forma desenrolada, e à medida que emerge no lúmen da 
membrana do RE, a sequência sinal é clivada pela peptidase do sinal e o enrolamento (folding) começa assistido por 
chaperones. 
 

 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 

 
 
 

 
 
 
  MODIFICAÇÕES PÓS‐TRANSLACIONAIS E CONTROLO DE QUALIDADE 
  As proteínas recém sintetizadas e translocadas podem ser submetidas a várias modificações: 
   proteólise; 
   enrolamento (folding)  aquisição de estrutura proteica terciária e quaternária; 
    glicosilação    as  proteínas  tornam‐se  mais  resistentes,  uma  vez  que  o  meio  extracelular  é  mais  agressivo  que  o 
intracelular – adquirem uma camada de glícidos que as tornam mais consistentes; 
   formação de pontes de dissulfureto; 
   oligomerização. 
  Embora exista no RE uma complexa maquinaria que eleva a eficiência de maturação das proteínas, nem todas acabam 
por atingir a forma funcional. Proteínas mal enroladas (ou com outro tipo de malformação) são muitas vezes degradadas algum 
tempo depois da sua síntese. Por um processo conhecido por “degradação de proteínas associada ao RE” (ERAD) – mecanismo 
de controlo de qualidade ‐, as proteínas não activas são retranslocadas do RE de novo para o citosol, onde são degradadas pelo 
proteossoma. 
 
 
  RECUPERAÇÃO DAS PROTEÍNAS RESIDENTES NO RE 
  Para  manter  compartimentos  intactos,  tem  que  haver  um  mecanismo  de  formação  e  outro  de  retorno:  proteínas 
residentes  no  RE  têm  que  voltar.  Isto  acontece  porque estão  marcadas  por  uma  sequência  de  aminoácidos  chamada  KDEL  (4 
aminoácidos  –  Lis‐Asp‐Glu‐Leu),  no  seu  terminal  carboxilo.  Estas  proteínas  são  exportadas  do  RE  para  o  Golgi,  através  da  via 
secretória, mas são reconhecidas por um receptor no compartimento intermediário RE‐Golgi (ERGIC) ou no aparelho de Golgi, e 
retornam selectivamente para o RE. 
  O tráfego de retorno tem duas funções principais: manter quantidades estáveis de membranas em cada compartimento e 
recuperar proteínas do compartimento dador, que são necessárias para o seu normal funcionamento. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 

 
 

 
   
 
MODELO DO COMPLEXO DE GOLGI 
 É muito compacto; 
   Tem uma estrutura muito própria e característica; 
   2 faces: 
    ‐ uma que recebe proteínas do RE (cis); 
    ‐ outra que exporta proteínas (trans); 
  Estas  duas  faces  estão  ligadas  a  compartimentos  especiais  –  cis 
Golgi network e trans Golgi network – que são compostos por uma rede de 
estruturas tubulares em forma de cisternas. 
   À sua volta existem muitas estruturas; 
 
    Sobreposições  de  membrana  –  Golgi  stacks  –  abundância  de 
membranas de vários tipos. 
   Cis Golgi  Cisternas – membranas achatadas 
   TGN  contendo enzimas (em direcção à 
   Vesícula de transporte  membrana plasmática) 
 
    Trans  Golgi  network  –  selecção  de  membranas  para:  lisossomas, 
membrana plasmática, vesículas de secreção (exocitose). 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
1. Porção cis Golgi network  voltada para o RER  recebe vesículas; 
2. Porção média  entre cis e trans  só processamento; 
3. Porção trans Golgi network  voltada para a membrana plasmática  envia vesículas; 
 
A comunicação entre compartimentos é feita por meio de vesículas de transferência. 

     
 

 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  SELECÇÃO NO TGN 
  * Enzimas lisossomais: 
Manose‐6‐fosfato (fosforilação pela fosfotransferase)  resíduo de manose fosforilado na posição 6.  
Faz  como  que  uma  assinatura  nas  proteínas  –  ligação  ao  receptor  M6P.  O  transporte  está  dependente  do  receptor 
(vesículas  de  transporte  –  lisossomas).  A  M6P  retira  as  proteínas  lisossomais  do  fluxo  de  proteínas  em  direcção  à  membrana 
plasmática, conduzindo‐as aos lisossomas (pH mais baixo do que no complexo de Golgi)  receptor M6P. 
 
Lysosomal Storage Diseases 
Disfunção  lisossómica  (atraso  mental,  ...)    mutações  em  enzimas  que  sintetizam  a  Manose‐6‐Fosfato   
Fosfotransferase  incapacidade de realização de digestão intracelular, pois as proteínas seguem para a membrana plasmática 
 quantidades enormes de enzimas no sangue. 
 
 
  * Exocitose: 
Saída de materiais contidos em vesículas ou vacúolos, através da fusão 
das suas membranas com a membrana celular. 
 
1.  Secreção  constitutiva    secreção  de  vesículas  que  transportam 
macromoléculas para o exterior da célula à medida que vão sendo fabricadas, 
sem  que  sejam  submetidas  a  um  processo  de  concentração  e 
armazenamento no interior das células, e sem que a sua extrusão dependa de 
um  estímulo  específico  (dependente  da  síntese  de  proteínas  ‐  quanto  mais 
intensa for a síntese, maior o fluxo de exportação); 
  2. Secreção regulada ou controlada  os produtos que irão constituir 
a  secreção  são,  primeiro,  concentrados  em  grãos  envolvidos  por  uma 
membrana  que  os  separa  do  citosol,  constituindo,  assim,  os  chamados 
vacúolos de secreção. Este processo permite às células secretoras armazenar 
grandes quantidades de secreção que será, oportunamente, expelida para o 
exterior,  por  acção  de  um  estímulo  adequado,  ou  seja,  neste  tipo  de 
exocitose,  as  proteínas  são  armazenadas  em  vesículas  e  posteriormente 
secretadas quando existe um estímulo (Ex.: insulina). 
 
 
  ETAPAS DO TRANSPORTE VESICULAR 
1. Cargo sorting e formação de vesículas (escolha do conteúdo a transportar e formação da vesícula de transporte); 
 
 
Deformação  da  membrana  para 
 
Tudo  o  que  existe 
formar uma vesícula autónoma. 
  dentro das vesículas. 

2. Movimento  da  vesícula  (através  do  citosqueleto  –  utilização  de  microtúbulos  e  actina  RAB GTPases – etapas 2 e 3
para trazer as vesículas para junto de determinados organelos);  Regulam  o  transporte 
3. Vesicle tethering/docking (reconhecimento/ligação à membrana aceptora);  específico entre dois organelos 
e  têm  um  papel  fundamental 
4. Fusão  da  vesícula  (libertação  do  conteúdo  da  vesícula,  processo  este  que  pode  ser  na  fusão  das  membranas  – 
controlado ou não).  proteínas SNARE (reconhecimento)  vesícula  +  membrana 
  citoplasmática 
Proteínas SNARE: 
 v‐snare  vesículas; 
 t‐snare  target (organelo com que se fundem). 
 
Emparelham‐se  3  proteínas    formação  de  1  complexo  muito  estável,  que  permite  a  fusão  membranar  (liga  as  duas 
membranas). Posteriormente é necessário um complexo para desenrolar a estrutura. 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Endocitose 
   
ENDOCITOSE 
Processo p pelo qual as céélulas conseguem alimentaar‐se de mate erial exterior àà célula, ou seeja, é o proce esso de entrad da de 
substâncias  nas  células,  atravéés  de  vesículaas  que  se  form
mam  por  invaaginação,  estrrangulamento o  e  fusão  da  membrana 
m ceelular. 
Trataa‐se de um mo odo de comun nicação com o o exterior. 
A  entrada  de  substânciias  através  de  vesículas  é  um  processo o  comum  à  generalidade 
g das  células  eucarióticas 
e e que 

permmite, não só a entrada de líq quidos, mas taambém a de p partículas sólidas de dimennsões muito peequenas. 
 
* Tipos de endocitose: 
Em todos o os tipos de endocitose se veerifica a entraada, nas célulaas, de substân ncias, sólidas ou líquidas, através de vesíículas 
de taamanho variad do, que se forrmam por invaaginação, estrrangulamento o e fusão da m
membrana celu ular. 
 
‐ Tipo de mmaterial interioorizado; 
‐ Mecanism mo de interiorrização; 
‐ Ultraestruutura. 
 
 Fagocitosse  partículaas sólidas de m maiores dimen nsões; 
 Pinocitosee  partículas, fluidos, moléculas; endocitose de pequenas dimenssões 
  ‐ meediada pela clatrina (≈ 120 nm); 
  ‐ meediada pela claveolina (≈ 60 0 nm); 
  ‐ ind
dependente d da clatrina ou claveolina (≈ 9 90 nm); 
  ‐  micropinocitos
m se  (endocitosse  selectiva)    líquido;  dá  origem  a  a vesículas  m menores,  visííveis  somentte  ao 
microscópiio electrónico; 
  ‐ maacropinocitosee  ingestão de partículas de maiores d dimensões, po odendo ter tamanho semellhante à célula que 
fagocita. 
 
  Na  endocittose  de  fluidoos,  as  substânncias  entram  nas  células  incluídas 
i na  solução 
s que  ppreenche  o  espaço 
e interno o  das 
vesícculas endocíticas. A ligação das substânccias endocitad das à membraana pode ser d de tipo electroostático – adssorção inespe ecífica 
–  ouu  pode  resultar  de  um  processo 
p de  reconhecimeento  específicco,  envolvend do  ligações  ccovalentes  en ntre  as  molééculas 
endoocitadas e pro oteínas da mem mbrana celulaar – adsorção específica (exx.: endocitosee mediada porr receptores). 
 

 
 
 
  ENDOCITOSE ‐ DESTINO DO MATERIAL ENDOCITADO 
Após  a  en
ndocitose,  os   componentees  das  vesícu ulas  endocíticcas  fundem‐sse  no 
endossomaa.  
 
1. Reciclaagem; 
2. Degrad dação: 
3. Transccitose  ou  diaccitose  –  vesícculas  contenddo  marcador fundem‐se  com  c a 
memb brana  celularr  na  zona  latero‐basal  possibilitando,  assim,  a  a sua 
transfeerência  para  os  espaços  inntercelulares  e  para  a  regiião  sub‐epitelial  (o 
materiial interiorizaddo por um lad do da célula aatravessam o  citoplasma e  saem 
por exocitose do lad do oposto)  só em célulass epiteliais. 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
ENDOCITOSE MEDIADA PELA CLATRINA 
1. Receptor membranar reconhece o seu ligando; 
2. Agregação  de  receptores  permite  a  invaginação  da  membrana;  dá‐se  uma  acumulação  de  proteínas  que  forma  o 
chamado coated‐pit (camada espessa em torno da vesícula endocítica); 
3. Formação de uma vesícula que se cinde da membrana, tornando‐se numa vesícula autónoma; 
4. Perca do invólucro, formando uma non‐coated vesicle; 
5. A vesícula funde‐se com o endossoma, onde o pH do lúmen é superior ao da superfície, o que causa a dissociação de 
alguns complexos receptor‐ligando; 
6. Dissociação da partícula; 
7. Transporte do ligando para o lisossoma onde é degradado; 
8. Receptor retorna à membrana. 
 

 
 
 

 
 
 
  ENDOCITOSE MEDIADA PELA CAVEOLINA 
As  cavéolas  são  pequenas  invaginações  em  forma  de  frasco,  com  um  diâmetro  de  50‐100  nm,  cuja  membrana  não 
apresenta qualquer revestimento citoplásmico visível em microscopia electrónica convencional. A caveolina é uma proteína que, 
em conjunto com o colesterol, desempenha um papel importante na constituição das cavéolas.   
As  cavéolas  observam‐se,  geralmente,  associadas  à  membrana  celular,  isoladas  ou  em  grupo,  e,  embora  sejam  mais 
frequentes nos fibroblastos e nas células endoteliais, existem também noutro tipo de células. A função das cavéolas ainda não se 
encontra totalmente esclarecida. 
 
Serve várias funções: 
   Transcitose epitelial; 
   Sinalização  
‐ Ras, EGF, trimeric G proteins, PDGF, NOS, PLD, Raf, 
Mek, insulin; 
‐ Supressão de tumors; 
‐ Regulação/transporte de cálcio; 
   Regulação de lípidos (regulação/transporte de colesterol). 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  FAGOCITOSE 
  Processo parecido com a endocitose. Quando a partícula se encontra dentro da célula passa a chamar‐se de endossoma, 
sendo depois lançada no lisossoma. 
 

 
   
CLATHRIN‐COATED VESICLES 
  Estrutura molecular dos coats: 
   Clatrina  formada por 2 cadeias: uma leve e outra pesada, adquirindo uma estrutura de 
um triskelion. 
   COP I; 
   COP II. 
 

 
 
MECANISMOS DE VESICLE BUDDING 
1. Coat assembly e cargo selection – receptor liga‐se ao seu ligando  ligação das primeiras estruturas (as adaptinas são 
responsáveis pelo transporte das clatrinas); 
2. Deformação da membrana (bud formation); 
3. Formação da vesícula; 
4. Perca do invólucro (uncoating). 
 

 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  A cisão da membrana é responsável pela dinamina (e proteínas associadas). Conforme a vesícula se forma, a dinamina 
forma uma espiral em torno do “pescoço” da vesícula. Uma vez estando a espiral no seu local, estende‐se longitudinalmente e 
forma uma constrição através da hidrólise do GTP. Este prolongamento e aperto da espiral em torno do pescoço coloca as duas 
camadas lipídicas em contacto, fazendo com que a vesícula se solte da membrana (individualização da vesícula endocítica). 
 

 
 
 
  HIPERCOLESTEROLÉMIA FAMILIAR 
  Doença genética monogénica. Mutações no receptor de LDL, o que impede a sua ligação aos receptores. Deste modo, as 
células são incapacitadas de retirar o colesterol do sangue, o que leva a uma grande concentração de colesterol. 
 
  As  mutações 
podem afectar: 
   Síntese; 
   Transporte; 
   Binding; 
   Clustering; 
   Reciclagem. 
 
 
       
 
 
 
 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Sinalização Celular 
 
Um organismo  100 triliões de células 
  Só é possível funcionar com coordenação; coordenação necessita de comunicação. 
 
  Conjunto de células ≠ tecido 
  Conjunto de células com um objectivo único  tecido  órgão  organismo 
 
 
  COMUNICAÇÃO CELULAR 
  O ligante liga‐se ao receptor da célula‐alvo 
                                                                        
    leva a informação                       efectua a informação 
 
A troca de informações entre células ocorre por meio de sinais químicos que percorrem distâncias diversas entre a célula 
emissora e a célula receptora do sinal. 
 
Sinais químicos para? 
 Organização das células em tecidos e constituição de órgãos; 
 Multiplicação celular; 
 Controlo do metabolismo celular; 
 Coordenação da secreção das glândulas endócrinas e exócrinas; 
 Influenciar os mecanismos de defesa como a fagocitose, o processamento de antigénios e a síntese de anticorpos; 
 Influenciar a contracção do coração, do músculo‐esquelético e do músculo liso localizado na parede de órgãos. 
 
Ligante    molécula  que  constitui  o  sinal  químico.  Pode  também  ser  chamada  de  molécula  do  sinal  ou  molécula 
sinalizadora. 
Receptor  molécula celular que se liga ao ligante e desencadeia uma resposta celular. 
O receptor e o ligante apresentam especificidade de ligação. 
 
 
TIPOS DE COMUNICAÇÃO 
Distância e trajecto percorrido pelo sinalizante ou ligante. 
 
* Endócrina; 
* Parácrina; 
* Sináptica. 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
1. ENDÓCRINA/HORMONAL: 
Comunicaçção  feita  porr  meio  de  hormonas 
h (liggantes).  Estaas  são 
secreetadas para o o sangue, send do transportadas na corrennte sanguíneaa, indo 
actuaar sobre as céélulas que posssuem os receeptores respecctivos (célulass‐alvo) 
e  qu
ue  se  enconttram  a  uma  distância  co onsiderável.  As 
A células‐alvvo  ou 
receptores são mu uito específicaas. 
 Processo lento; 
 As célulass produtoras dde hormonas são as glându ulas endócrinaas; 
 O tipo de resposta dep pende da célulla‐alvo. 
 

 
 
  * Tipos de ligandos/hormonas: 
1. Hidrofílicos: 
 Não atravvessam a memmbrana; 
 São os maais frequentess (cerca de 80
0%); 
  Após  a  estimulação  do  receptor  podem  ocorrer 
uma enorme varieedade de resp postas depend dendo da célu
ula‐
alvo.. 
 
Forma de aactuar: formaação de cinasees proteicas qque 
fosfo
orilam aminoáácidos, activnaado ou inibind do. 
 
 

 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
2. Lipossolúveis: 
 Transporttados no plasmma por proteíínas anfipáticaas; 
 Ultrapasssam a membraana ligando‐see a receptoress citoplasmátiicos ou nucleaares; 
 Activam oou inibem a trranscrição do DNA; 
 Exemploss de hormonaas lipossolúveis: hormonas  esteróides (testosterona,  progesteronaa e estrogéneo
os) e hormonas da 
tiróid
de (tiroxina e triiodotironin
na). 
 
 

 
 
* Tipos de receptores: 
 Receptores de membrrana: onde se ligam as horm monas hidrosssolúveis; 
 Receptores citoplasmááticos: onde sse ligam as hormonas liposssolúveis. 
 

 
 
 
1. Receptores de membrana: 
A comunicaação celular eenvolve 3 estáágios: 
  Recepçãão:  o  receeptor  (proteíína  da  membrana) 
reconhece o ligando; 
ução:  ocorre  alteração  na 
  Transdu n conformaação  do 
receptor; 
  Resposta:  normalm mente  na  catálise  enzzimática, 
modificação  das  fibras  do  cittosqueleto  (m movimento)  ou  uma 
activvidade genica específica. 
 
 
A  maioria  dos  sinalizadores  age  sob bre  receptores,  os  quais  actuam  por  in ntermédio  de  uma  cadeia  de  moléculass  que 
osfato  de  inossitol  (IP3)  ou  Ca2+  (mensaggeiros 
modifica  os  níveiss  intracelularees  de  AMP  cííclico  (cAMP),,  cGMP,  diacilglicerol,  trifo
secundários). 
O  cAMP  e  o  Ca2+  actuam m  pela  adiçãoo  de  grupos  fosfato 
f de  ATTP  a  certas  cin
nases  proteicaas,  modificando  a  conform mação 
espacial dessas ennzimas e, assim m, alteram a ssua actividadee. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 

 
 
  Receptores de membrana associia
1.1  R ados à proteína G: 
Os receptoores celulares (glicoproteicoos) mais frequuentes para a percepção dee sinais hidroffílicos na supe erfície celular estão 
dos a uma pro
ligad oteína de mem mbrana – a pro oteína G. Estaa proteína é um interruptorr que é ligado o por GTP (ene ergia para activar o 
segundo mensageeiro) e desligado quando o nucleótido é d desfosforilado
o e se transforrma em GDP. 
  A  captação
o  de  um  sinaal  químico  pelo  segmento  extracelular  do  receptor  activa 
a a  proteína  G.  Apóss  a  estimulaçãão  do 
receptor podem o ocorrer uma variedade de respostas, dep pendendo da ccélula‐alvo. 
   

 
 

 
   
  As proteínaas G triméricaas são formad das pelas subunidades α, β β e γ. A subunidade α liga‐se ao GDP (‐‐) ou ao GTP ((+). O 
objectivo  final  daas  proteínas  G  é  activar  proteínas  ciinases  que  vão  v fosforilar  aminoácidoss,  determinan ndo  várias  acções 
intraacelulares. 
 
  Quando um m sinal estimu ula o receptor, o receptor  modificado p provoca uma aalteração na p proteína G: dá‐se a substittuição 
de GDP por GTP. TTal origina a d dissociação daa subunidade α (estado actiivo). Quando não existe ligante, o GTP d degrada‐se em m GDP 
e a subunidade α volta a ligar‐se às outras du uas subunidad des. 
 
  A  subunidaade  α  associaada  ao  GTP  constitui 
c a  prroteína  G  acttivada  e  disso
ocia‐se  das  o outras  subunid dades.  A  cadeia  α 
difunnde‐se no plan no da membrana e vai activvar uma das sseguintes enzimas: 
   Adenilcicllase  respon nsável pela sín ntese de cAMP a partir de A ATP;  Estas enzimas são importantees porque amplifiicam 
   Guianilcicclase  sintettiza cGMP a paartir de GTP; sinais  fraccos  produzindo o,  cataliticameente, 
mensageiros  secundários (com mo o cAMP, o cG GMP, 
    Fosfolipaase  C    cattalisa  a  sínteese  de  trifosffato  de  inositol  (IP3)  e  o  trifosfato  de  inositol  (IP3
3)  e  o  diacilgliccerol 
diaciilglicerol (DAGG), os quais afeectam o nível de cálcio cito osólico.  (DAG).
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
O cAMP e o o Ca2+ são am
mbos mensage eiros secundárrios que vão aactivar cinasess proteicas. As cinases adicionam gruposs 
fosfaato à serina ou
u à treonina d
de certas proteeínas que são
o os alvos do sinal. 
 
 

 
 
 
 

 
A subunid ergia) faz com que o GTP vo
dade α depoiss de actuar (deescarrega ene olte a GDP,  
v
voltando a subbunidade α paara o complexxo 
 
  Vias de acçção: 
1. cAMP  activa cinaases; 
2. Fosfoliipase  actua  nos  ositol  (InsP3)    abre  os  caanais  de  cálcio  do 
n fosfolípidos  da  membrana,  produz  fosfatidil‐ino
retículo. 
 
 
  Sistemas  em  que  a  proteína  G  actua  sobre  o  nível  de  AMP 
cíclico (cAMP) intracelular – 2º mensageiro: 
A  forma  activa 
a da  prooteína  G  actuua  sobra  a  enzima 
e da 
mem mbrana  plasm mática  adenilcciclase,  activaando‐a.  A  adeenilciclase 
utilizza  o  ATP  como  substrato o  para  produ uzir  cAMP  (aadenosina 
monofosfatocíclica).  O  cAMP  activa  cinasses  de  prote eínas  (Ex.: 
cinasse A, PKA) que fosforilam aaminoácidos ((serina ou treeonina) de 
proteeínas alvo – activação de u uma cadeia de e fosforilação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
         
 
 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
  Cascata de reacções associada à cadeia de fosforilações 
  e desfosforilações, o que permite amplificar o sinal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
2+
Sistemas em que a proteína G actua sobre o nível de Ca  intracelular – 2º mensageiro: 
A forma activa da proteína G pode agir sobre uma fosfolipase C da membrana plasmática. Esta enzima utiliza o fosfolípido 
difosfato de fosfatidil‐inositol (PIP2) para gerar trifosfato de inositol (IP3) e 1,2‐diacilglicerol (DAG). 
O trifosfato de inositol difunde‐se no meio intracelular (liberta‐se da membrana) e estimula translocadores da membrana 
do REL, os quais transportam Ca2+ do interior do REL para o citosol – abertura dos canais de cálcio do REL. 
O  ião  Ca2+  difunde‐se  no  hialoplasma  e  liga‐se  à  enzima  calmodulina  alterando  a  sua  conformação.  A  calmodulina 
alterada activa enzimas do tipo cinases e fosfatases que desencadeiam uma resposta celular. 
O  ião  Ca2+  também  pode  agir,  juntamente  com  o  diacilglicerol,  sobre  uma  Cinase  C  (PKC),  a  qual  tem  capacidade  para 
fosforilar  enzimas  e  outras  proteínas,  que 
desencadeiam  uma  resposta  celular,  como 
por exemplo: 
‐ Aumento dos processos secretórios 
nos  mastócitos  (células  do  tecido 
conjuntivo),  células  endócrinas,  exócrinas  e 
nos neurónios; 
‐  Fosforilação  de  proteínas  que 
activam factores de transcrição relacionados 
com a proliferação celular; 
‐  Fosforilação  de  canais  iónicos  com 
regulação da excitabilidade das membranas 
dos neurónios. 
 
(a) Exemplo: secreção e divisão mitótica. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
 

 
 

 
 
 
1.2 Receptores de membrana do tipo catalítico:
Quando acctivados funcio onam como eenzimas, geralmente cinase es proteicas. OOs próprios reeceptores catalíticos transfferem 
o fóssforo para os aaminoácidos. 
 Os recepttores catalítico
os são glicoprroteínas transmembranaress; 
 Dispensamm a actividadee de um segundo mensageeiro; 
 Processo mais difícil dee regular e maais rápido 
Exemplos: receptor paraa a insulina, reeceptores para factores de crescimento  factores insstantâneos. 
 
As cinases  fosforilam o ggrupo hidroxilo da tirosina de proteínas citoplasmáticcas, originanddo um efeito ccascata em teermos 
de reesposta químiica. 
 
Alguns receeptores catalííticos actuam sobre uma prroteína ligada à superfície ccitosólica da m
membrana plaasmática desiggnada 
proteeína Ras (rat sarcoma). 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
A proteína Ras é uma proteína do tipo G, mas monomérica. A proteína Ras é activada por uma cinase de tirosina (receptor 
do tipo catalítico).   
A  proteína Ras  leva  a  informação através  de  vários  estágios  até  ao  interior  do  núcleo,  estimulando a  diferenciação  e  a 
multiplicação celular. 
 
A quantidade activa e inactiva da proteína Ras é controlada por:  
 GAPs – proteínas activadoras das GTPases. Aceleram a hidrólise do GTP ligado à Ras e inactivam a proteína Ras. As GAPs 
são reguladores negativos; 
 GNRPs – promovem a substituição de GDP por GTP o que activa as proteínas Ras. 
 

 
Em  cerca  de  30%  dos  cancros  existe  uma  proteína  Ras  anormal  que  se  mantém  sempre  activa  e  induz  a  multiplicação 
celular desordenada.  
 
 

 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
2. Receptores citoplasmáticos: 
Muitos  asp
pectos  do  deesenvolvimentto  intra‐uterino  e  pós‐nattal,  e  das  fun
nções  de  muitos  órgãos,  são 
s regulados  por 
diverrsas hormonaas esteróides ((estrogénios, ttestosterona……) – ligantes lipossolúveis.
As hormon nas esteróidess entram na ccélula por difu
usão simples,  ligam‐se a um m receptor esspecífico e cau
usam modificaações 
na su
ua conformação estrutural.. 
A activação
o do receptor aumenta a su ua afinidade ppara o DNA. OO receptor, activado por ho ormonas esterróides, prendee‐se a 
sequ
uências especííficas do DNA e influencia aa transcrição ggénica (geralm
mente por actiivação, algum mas vezes por iinactivação).
 
 
 
2. PARÁCRINA: 
A  célula  prroduz  substân
ncias  que  se  difundem 
d (exxocitose)  alguns 
milím
metros ou cen ntímetros no  meio extracelular e actuam m sobre células 
próxximas/vizinhas. 
 Comunicaação loco‐regiional; 
 Mediadorres químicos d de acção local. 
 
 
 
 

 
 
Exemplos: 
‐  Os  mastóócitos,  célulass  do  tecido  conjuntivo,  prroduzem  histaamina  e  hepaarina,  que  são
o  libertadas  mediante 
m estíímulo 
imun nitário; 
‐  Prostaglaandinas  produ uzidas  por  váários  tipos  dee  células  do  corpo 
c humano,  formadas  a  partir  do  ácido 
á araquidónico 
(fosffolípidos da m membrana) por fosfolipases. Entre outrass funções, reggulam a flexibilidade dos erritrócitos que se deformam m para 
atravvessar capilarees sanguíneoss.  
Algumas prostaglandinaas diminuem aa secreção dee ácido clorídrico pelas glâândulas da mu ucosa do estô ômago, e inibbem a 
formmação  de  úlceeras  peptídicaas  (úlceras  do  estômago).  Outras  partticipam  na  reegulação  do  aparelho  rep produtor  femiinino, 
influindo no ciclo mentrual. 
‐  Gás  óxidoo  nítrico  (NO).  Os  macrófaagos  e  neutró ófilos 
segreegam  NO  para  livrar  locais  de  inflamação  de 
microrganismos  invasores.  É  É um  ligantee  ou  sinalizzador 
parácrino  sem  qualquer  receptor  r de  membrana  ou 
intraacelular que teem como segu undo mensaggeiro o Gmp cííclico 
que  induz  o  relaxxamento  do  músculo  liso  e  a  dilatação  do 
vaso. 
 
Nota:  os  ligantes 
l gasosos  difundem m‐se  rapidam mente 
por  difusão,  penetrando  nas  células  vizin nhas.  Activam m  um 
segundo mensageeiro – GMP cícclico 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
3. SINÁPTICA: 
Moléculas  que  ocorrem  nas  sinapses,  locais  especializados  que  conectam  funcionalmente  células  nervosas  entre  si,  ou 
células nervosas com células efectoras ou sensitivas. 
Os ligantes libertados no axónio percorrem uma pequena distância. 
 
* Constituição do neurónio: 
  corpo  celular  ou  pericário  (onde  se  encontra  o 
núcleo); 
 axónios; 
 dendrites. 
 
* Sinapse: 
 Fenda sináptica: ≈ 20 nm; 
 Membrana pré‐sináptica; 
 Membrana pós‐sináptica. 
 
* Fases da transmissão sináptica: 
  Síntese  do  neurotransmissor  na  terminação  nervosa  pré‐
sináptica; 
  Armazenamento  dos  neurotransmissores  em  vesículas 
secretoras (grãos de secreção) que percorrem todo o axónio; 
  Libertação  regulada  do  neurotransmissor  (exocitose)  na  fenda 
sináptica; 
  Receptores  específicos  para  os  neurotransmissores  estão 
presentes na membrana pós‐sináptica; 
  Meios  que  controlam  a  duração  da  acção  do  neurotransmissor 
estão presentes no receptor pós‐sináptico. 
 
Existem  diferentes  tipos  de  substâncias  que  actuam  como 
neurotransmissores  e  o  processo  de  neurotransmissão  envolve  vários 
passos que são altamente regulados. 
 
 
É um processo rápido: 
 Grande afinidade ligante/receptor; 
 Pouca distância ligante/receptor; 
 Grande riqueza de receptores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
4. AUTÓCRINA: 
A célula segrega moléculas sinal que se ligam a um receptor da própria célula. 
Efeito comunidade.  
 

                
 
 
5. SINALIZAÇÃO CONTACTO‐DEPENDENTE 
 Contacto directo célula‐a‐célula; 
 É necessário que haja que haja grande proximidade física entre as células; 
 Especialmente importante durante o desenvolvimento e resposta imune. 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

Importação de proteínas para o núcleo, peroxissomas e 
mitocôndria 
 

 
Principais caminhos de selecção de proteínas em eucariotas 
 
 
 
 

                                
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
COMUNICAÇÃO CITOSOL – NÚCLEO  TRANSPORTE NUCLEOCITOPLASMÁTICO 
 
INVÓLUCRO NUCLEAR 
O  invólucro  nuclear  é  a  estrutura  que  separa  os  componentes  nucleares  dos 
citoplasmáticos,  conferindo  individualidade  ao  núcleo  como  organelo  celular.  Deste  modo,  os 
fenómenos da expressão genética, para além de separação temporal, passam a estar segregados 
espacialmente. 
Do  ponto  de  vista  funcional,  o  invólucro  nuclear  está,  inequivocamente,  envolvido  no 
transporte nucleocitoplasmático. 
Compreende 3 elementos estruturais distintos: 
* Duas membranas nucleares; 
* Poros nucleares; 
* Lâmina.  
 

 
 
* Membranas nucleares: 
Formado por duas membranas concêntricas: uma interna e uma externa, com um espaço de 20 a 100 nm de espessura. A 
membrana  externa  está  em  continuidade  com  o  retículo  endoplasmático  rugoso,  estando  assim  o  espaço  entre  a  membrana 
interna  e  a  externa  directamente  ligados  com  o  lúmen  do  retículo  endoplasmatico.  Para  além  disso,  a  membrana  externa  é 
funcionalmente similar às membranas do retículo endoplasmático e tem ribossomas ligados à sua superfície citoplasmática. Pelo 
contrário, a membrana nuclear interna possui proteínas únicas que são específicas do núcleo. 
A  principal  função  das  membranas  nucleares  é  actuar  como  uma  barreira  que  separa  o  conteúdo  do  núcleo  do 
citoplasma.  São  constituídas  por  uma  dupla  camada  de  fosfolípidos,  que  são  permeáveis  apenas  para  pequenas  moléculas 
apolares. Outras moléculas são incapazes de atravessar a membrana. 
 
* Poro nuclear: 
As duas membranas nucleares ligam‐se nos poros nucleares. Tratam‐se de aberturas existentes no invólucro nuclear que 
permitem a passagem de material exterior e interior ao núcleo – pequenas moléculas polares, iões e macromoléculas (proteínas 
e RNAs) são capazes de atravessar a membrana, através do poro nuclear. 
 
 Diâmetro de cerca de 120 nm e uma massa molecular de aproximadamente 125 milhões de daltons (MDa); 
 Compostos por 50 a 100 proteínas diferentes (nucleoporinas); 
 Estrutura simétrica octogonal tridimensional; 
 Uma célula típica contém 3000‐4000 poros nucleares. 
 
Constituição: 
O poro nuclear é constituído por 2 anéis co‐axiais com 120 nm de diâmetro, um voltado para a superfície citoplasmática e 
outro para a superfície nucleoplasmática do invólucro nuclear. Os anéis estão ligados um ao outro e à membrana do poro por 
subestruturas  que  conferem  ao  conjunto  uma  simetria  octogonal.  Na  porção  central  do  poro  nuclear  encontra‐se  uma 
subestrutura  granular,  densa  aos  electrões,  o  grânulo  central.  Filamentos  projectam‐se  a  partir  do  anel  citoplasmático  em 
direcção  ao  citoplasma.  Filamentos  de  outro  tipo  conectam  o  anel  nucleoplasmático  com  um  anel  intranuclear  de  menor 
diâmetro formando, no seu conjunto, uma estrutura em cesto. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

 
 
O  tamanho  do  poro  permite  estimar  que  proteínas  têm  a  capacidade  de  o  atravessar. 
Dependendo  do  seu  tamanho,  as  moléculas  podem  atravessar  o  poro  nuclear  por  um  de  dois 
mecanismos. 
  Moléculas  pequenas:  pequenas  moléculas  e  algumas  proteínas  com  uma  massa 
molecular inferior a aproximadamente 50 kd movem‐se livremente através do invólucro nuclear 
em  qualquer  direcção:  do  citoplasma  para  o  núcleo  ou  do  núcleo  para  o  citoplasma.  Estas 
moléculas difundem‐se passivamente através de canais aquosos, com um diâmetro estimado de 
cerca de 9 nm, no poro nuclear. 
 Moléculas grandes: as macromoléculas atravessam o poro nuclear por transporte activo 
no qual proteínas apropriadas e RNAs são reconhecidos e transportados selectivamente apenas 
numa  direcção  (núcleo  para  citoplasma  ou  citoplasma  para  núcleo).  O  transporte  destas 
moléculas  ocorre  através  de  canais  especiais  existentes  no  poro  nuclear.  Quando  recebem  um 
sinal  apropriado  têm  a  capacidade  de  alargar  o  diâmetro  para  mais  de  25  nm  –  tamanho  suficiente  para  acomodar  grandes 
complexos,  tais  como  subunidades  ribossomais.  É  através  destes  canais  especiais  que  proteínas  nucleares  são  selectivamente 
importadas do citoplasma para o núcleo, enquanto que os RNAs são exportados do núcleo para o citoplasma. 
Contudo, mesmo proteínas nucleares muito pequenas, como as histonas, são transportadas activamente para o interior 
do núcleo. 

* Lâmina: 
  Subjacente  à  membrana  interna  encontra‐se  a  lâmina  nuclear,  uma  rede/malha  fibrosa  bidimensional,  formada  por 
proteínas  filamentosas  (laminas  nucleares).  A  maioria  dos  mamíferos,  por  exemplo,  tem  quatro  diferentes  tipos  de  laminas, 
designadas  A,  B1,  B2  e  C.  Todas  elas  são  proteínas  fibrosas  que  estão  relacionadas  com  os  filamentos  intermediários  do 
citoesqueleto. 
 
Funções: 
   Estrutural (forma, suporte)  reforçam a estrutura lipídica da membrana plasmática; 
   Parece promover, conjuntamente com a membrana do poro, a ancoragem do poro nuclear ao invólucro; 
   Associação da cromatina ao invólucro (conjuntamente com a membrana nuclear interna – as suas proteínas integrais ‐, e 
eventualmente, o poro nuclear) 
   Orientação da condensação do DNA. 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
IMPORTAÇÃO NUCLEAR 
  Como se processa? 
   Transporte activo; 
    Sinais  de  localização  nuclear  (NLS),  presentes  apenas  em  proteínas  nucleares,  dirigem‐nas  para  o  núcleo   
selectividade do processo de importação nuclear. 
 
1. Reconhecimento do NLS do cargo por receptores de importação nuclear (nuclear import receptors) – importinas – e 
posterior ligação – associação ao poro nuclear; 
2. As  nucleoporinas  (receptores)  possuem  repetições  curtas  de  aminoácidos  que  contêm  fenilanina  e  glicina  –  FG 
repeats – que servem de binding sites para as importinas; 
Estes primeiros passos não requerem energia. 
3. Estes complexos são transportados para dentro do núcleo – translocação através do poro (ligação, dissociação e nova 
ligação a sequências repetitivas adjacentes); 
4. Uma vez no núcleo, as importinas dissociam‐se do seu cargo e retornam ao citosol. 
O transporte através do poro requer energia – hidrólise do GTP. 
 
 Muitas importinas ligam‐se às nucleoporinas e ao NLS existente nas proteínas que transportam (servem de ponte); 
 As nucleoporinas são proteínas estruturais do poro; 
  Algumas  proteínas  requerem  adaptadores  proteicos  que  se  ligam  à  sua  importina.  Estes  adaptadores  estão 
estruturalmente relacionados com as importinas e reconhecem os NLS nas proteínas a transportar. Também contêm um NLS que 
se liga a uma importina. 
 

 
As proteínas 1, 2 e 3 contêm diferentes NLSs, o que faz com que se liguem a diferentes importinas. 
 
 
EXPORTAÇÃO NUCLEAR 
  A  exportação  nuclear  de  grandes  moléculas,  tais  como  subunidades  dos  ribossomas  e  moléculas  de  RNA,  também 
ocorrem através dos poros nucleares e dependem de um sistema de transporte selectivo. Este sistema assenta na existência de 
sinais  de  importação  nuclear  (nuclear  export  signals)  nas  macromoléculas  a  serem  exportadas,  assim  como  na  existência  de 
receptores  de  exportação  nucleares  complementares.  Estes  receptores  ligam‐se  ao  sinal  de  exportação  e  às  nucleoporinas, 
permitindo a translocação através do poro, para o citosol. 
  Na verdade, a exportação nuclear funciona como a importação, mas no sentido contrário. 
 
   
  * Ran GTPase: 
  A  importação  de  proteínas  nucleares  através  do  poro  nuclear  concentra  proteínas  específicas  no  núcleo,  com  isso 
aumentando a ordenação na célula, o que necessita de consumo de energia. Pensa‐se que a energia seja fornecida pela hidrólise 
de  GTP  pela  Ran  GTPase.  A  Ran  está  presente  no  citosol  e  no  núcleo,  e  é  necessária  tanto  para  a  importação  como  para  a 
exportação nuclear. 
 
  Como  outras  GTPases,  a  Ran  é  uma  molécula  que  funciona  como  um 
interruptor,  podendo  existir  em  2  estados,  dependendo  do  facto  de  ter  ligada  a  si 
GTP  ou  GTP.  A  conversão  entre  os  dois  estados  é  provocada  por  2  proteínas 
reguladoras  específicas  da  Ran:  GTPase‐activating  protein  (GAP)  –  citosólica  ‐  que 
provoca  a  hidrólise  do  GTP,  convertendo  Ran‐GTP  em  Ran‐GDP;  guanine  exchange 
factor  (GEF)  –  nuclear  –  que  promove  a  substituição  do  GDP  por  GTP,  convertendo 
Ran‐GDP em Ran‐GTP. Como a Ran‐GAP está localizada no citosol e a Ran‐GEF está 
localizada  no  núcleo,  o  citosol  contém  principalmente  Ran‐GDP,  enquanto  que  no 
núcleo existe principalmente Ran‐GTP. 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
  O gradiente entre os dois estados conformacionais da Ran conduz o transporte nuclear na direcção apropriada. A ligação 
das importinas às FG‐repeats no lado citosólico do poro nuclear, por exemplo, ocorre só quando estes receptores estão ligados a 
um cargo apropriado. As importinas ligadas ao seu cargo movem‐se ao longo de trajectórias estabelecidas pelas sequências de 
FG‐repeats, até atingirem o lado nuclear do poro, onde o Ran‐GTP se liga à importina, que liberta o cargo. 
  Tendo libertado o seu cargo no núcleo, a importina com o Ran‐GTP ligado a si, é transportada para o citosol, através do 
complexo de poro. De seguida, duas proteínas citosólicas, Ran Binding Protein e Ran‐GAP colaboram para converter Ran‐GTP em 
Ran‐GDP. A Ran Binding Protein retira a Ran‐GTP da importina, o que 
permite que a Ran‐GAP  promova a hidrólise do GTP ligado à Ran. A 
Ran‐GDP dissocia‐se da Ran Binding Protein e é reimportada para o 
núcleo, completando o ciclo. 
 
  A exportação nuclear ocorre por um mecanismo semelhante, 
excepto  que  a  Ran‐GTP  no  núcleo  promove  a  ligação  do  cargo  ao 
receptor de exportação e a ligação deste receptor ao lado nuclear do 
poro. Uma vez no citosol, a Ran encontra a Ran‐GAP e a Ran Binding  
Protein e hidrolisa o GTP a ela ligado. O receptor liberta o cargo e a 
Ran‐GDP no citosol e dissocia‐se do poro nuclear, e os receptores de 
exportação retornam ao núcleo, completando o ciclo. 
 
 
 

 
 
 
COMUNICAÇÃO CITOSOL – MITOCÔNDRIAS 
  Mitocôndria    2  subcompartimentos:  a  matriz  (interna)  e  o  espaço  intermembranar.  Estes 
compartimentos são formados por duas membranas mitocondriais concêntricas: a membrana interna, 
que forma extensivas invaginações, as cristas mitocondriais, rodeando a matriz; a membrana externa, 
em contacto com o citosol. 
  As mitocôndrias têm DNA próprio, podendo sintetizar algumas proteínas. No entanto, também 
necessitam de ter mecanismos de importação de proteínas. 
 
   
 Sequência sinalizadora; 
   Proteínas à superfície da mitocôndria: 
    ‐ à superfície da membrana externa; 
    ‐ à superfície da membrana interna; 
    ‐ TOM complex  membrana externa; 
    ‐ TIM complexes: TIM23 e TIM22  membrana interna. 
  Estas  proteínas  catalisam  o  transporte  de  proteínas  através  das 
membranas mitocondriais. 
 
 
 
 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 
   A proteína precursora possui uma sequência específica que é reconhecida pelos receptores do complexo TOM; 
   Complexo TOM alinha com TIM, formando‐se uma ponte entre as duas membranas; 
    Translocação  da  membrana  para  dentro  da  mitocôndria  –  chaperones  encontram‐se  no  interior  da  mitocôndria  e 
“puxam” a proteína; 
   Enrolamento e clivagem (por uma peptidase na matriz, formando uma proteína madura). 
 
 
 
  As  proteínas  precursoras  são  importadas 
  desenroladas  (cadeias  polipeptídicas)  para  a 
  matriz em pontos de contacto que juntam as 
duas membranas.

   
 
Ciclos repetidos de hidrólise de ATP pelo hsp70 completa o processo de importação  Gradiente electroquímico 
  Existem vários modelos de como a hsp70 pode conduzir a importação de proteínas. 
 
 

COMUNICAÇÃO CITOSOL – PEROXISSOMAS 
  Organelos citoplasmáticos rodeados por uma membrana simples.  
Utilizam oxigénio e peróxido de hidrogénio para realizar reacções oxidativas. 
 
Os mecanismos de importação de proteínas não são muito claros. As proteínas parecem ser transportadas já enroladas 
para os peroxissomas. Uma pequena sequência direcciona a importação da proteína para o peroxissoma. 
 

 
Modelo de como os peroxissomas são produzidos 
 

 
APONTAMENTOS    BIOLOGIA CELULAR 
 

  

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