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DESENVOLVER POR ESCRITO E INDIVIDUAL A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DE

ÁGUAS RESIDUÁRIAS EM UMA COMUNIDADE OU MUNICÍPIO, DE 02 A 03 PÁGINAS.

ALUNO: Jerfran Januário Oliveira

DISCIPLINA: Tratamento de águas residuárias

PROFESSOR: Wellington Cyro de Almeida Leite

Dentre os assuntos a serem explorados, podemos estabelecer alguns pontos relevantes para a
indispensabilidade no tratamento de águas residuárias, neste caso podemos destacar os efluentes
domésticos que contém elevada carga de matéria orgânica, que podem gerar doenças e infecções por
motivo de contaminação por contato (esquistossomose) ou consumo (enterobiose, ascaridíase, giardíase,
febre tifóide, hepatite A) de água contaminada por pessoas e animais, por meio do despejo de águas
residuárias no solo ou em cursos d’água, ou pela alimentação de vegetais com contato direto com o solo
contaminado, além da dessedentação de animais (porcos, galinhas, bovinos, caprinos e outros) com água
contaminada e a possível transmissão de doenças (toxoplasmose, brucelose, tuberculose, cisticercose)
por meio do consumo de carne e derivados.

Durante o trajeto de escoamento de efluentes domésticos, sem a devida coleta por rede
interceptadora, animais considerados vetores de doenças (transmissores de microrganismos
patogênicos), para seres humanos e animais domésticos, tais como mosquitos (transmissores de dengue,
febre amarela, arboviroses, malária e elefantíase), moscas (transmissoras de salmonelose, cólera,
amebíase, giardíase, disenteria), baratas (transmissoras de giardíase, cólera) e ratos (transmissores de
leptospirose, tifo murino, hantaviroses e peste bubônica), são atraídos pela disponibilidade de água e/ou
matéria orgânica neste efluente sanitário. Estes vetores de doenças podem causar ainda o aparecimento
de animais peçonhentos (aranhas, cobras e escorpiões), devido à presença dos vetores em sua cadeia
alimentar.

No decorrer da decomposição anaeróbia da matéria orgânica presente no efluente doméstico,


gases são produzidos tais como gás sulfídrico, amônia, aminas, entre outros. Os gases apresentam mau
odor que gera incômodos para residências e edificações públicas que se situam as margens de corpos
hídricos onde há o lançamento destes efluentes, e desconforto para pedestres e visitantes destas áreas, a
exemplo da Lagoa da Pampulha, na cidade de Belo Horizonte/MG, que possui um vasto conjunto
arquitetônico, ou do Rio Tietê em São Paulo/SP que cruza a metrópole de São Paulo, ou ainda da Lagoa
Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro/RJ, local muito solicitado para a prática de esportes naúticos.
Nestes locais as práticas recreativas, esportivas aquáticas e de pesca são dificultadas, evitadas ou ainda
não recomendadas em função de mau odor, pelo despejo irregular de esgoto sanitário, o que provoca
desvalorização de áreas de grande interesse público e particular, afetando atividades relacionadas ao
turismo e economia local.

O lançamento de efluentes domésticos em rios e córregos ainda pode provocar a redução de vida
aquática, pelo aparecimento e crescimento excessivo de cianobactérias (floração), processo chamado de
eutrofização, provocado pela abundância de nutrientes químicos como nitrogênio e fósforo provenientes
deste efluente. A morte de peixes é provocada pela redução de fotossíntese de algas, que por
consequência abala toda a cadeia alimentar até chegar aos peixes. Há ainda a produção cianotoxinas
pelas cianobactérias, que podem ser classificadas de acordo com sua ação em seres humanos,
como neurotoxinas (afetam o sistema nervoso e medula), hepatotoxinas (prejudicam o fígado) e
dermotoxinas (causam irritação de pele). O mais relevante caso de intoxicação relatado ocorreu no ano
de 1996, no Instituto de Doenças Renais de Caruaru, estado do Pernambuco, onde a água utilizada para
a hemodiálise, continha várias microcistinas (hepatotoxinas). Neste caso haviam filtros de carvão
ativado, que são capazes de reter a microcistinas, desde que a manutenção fosse regular e constante.

O lançamento de águas residuárias, sem o devido tratamento ou com tratamento insuficiente,


em cursos d’água prejudica a população que utiliza o recurso hídrico à jusante, ocasionando nos
problemas citados anteriormente. Os modelos de tratamento utilizados atualmente no Brasil, são
baseados, de forma geral, em tratamento preliminar para remoção de sólidos, tratamento primário com
bactérias anaeróbias e tratamento secundário com bactérias aeróbias, nestes dois últimos tratamentos
ocorre a degradação e decomposição da matéria orgânica, e tratamento de lodo para retirada de massa
desidratada. Porém, este modelo de tratamento de águas residuárias não é suficiente para a retirada de
produtos químicos provenientes de itens de higiene, cosméticos, medicamentos e limpeza (apenas para
se limitar ao efluente doméstico).

Assim o consumo destes componentes químicos pela população a jusante pode incorrer quando
a estação de tratamento de água é de modelo convencional, baseado em coagulação,
floculação/decantação, filtração e cloração. Quando há a possibilidade de implantação de tratamentos
mais avançados, tais como carvão ativado, membranas filtração, POA (processos oxidativos avançados)
que envolvem, principalmente, a aplicação de ozônio (O3), peróxido de hidrogênio (H2O2), irradiação
de raios ultravioleta (UV), os investimentos para implantação e custos de manutenção são relativamente
mais elevados em relação ao tratamento convencional, o que desqualifica estas técnicas como opção
para gestores públicos pouco comprometidos.

O resultado do inexistente ou frágil tratamento de águas residuárias no Brasil, pode se refletir


na quantidade de internações hospitalares por disfunções gastrointestinais, distúrbios em gestações (má
formação, abortos espontâneos, nascimento de prematuros), em óbitos na população carente mais
vulnerável (recém-nascidos, crianças e idosos) e na redução da expectativa de vida, ainda pode existir o
comprometimento da vida animal, que depende da água para sobrevivência e reprodução, e possibilita
florações de cianobactérias. Em lugares de escassez natural de água bruta, o tratamento de águas
residuárias pode proporcionar fonte de recurso hídrico para implantação e manutenção de atividades
agrícolas, ou ainda, para reaproveitamento em usos menos nobres.

O potencial turístico ambiental, também pode ser afetado quando há indícios de que os padrões
de qualidade da água evidenciam o lançamento indevido de água residuárias no corpo hídrico,
desvalorizando empreendimentos que têm suas economias baseadas em ecoturismo. Residências, ruas,
bairros e distritos inteiros têm maior probabilidade de segregação dos demais, acompanhada pela
desvalorização, pelo lançamento “in natura” dos efluentes sanitários em cursos d’água

Ante o exposto, é imprescindível o tratamento de águas residuárias, porquanto é altamente


benéfico para o desenvolvimento social, econômico e ambiental, da comunidade geradora de efluentes
sanitários e da população subsequente que depende da manutenção da qualidade do corpo hídrico, e
para a preservação da fauna e flora locais.

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