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Dentre os assuntos a serem explorados, podemos estabelecer alguns pontos relevantes para a
indispensabilidade no tratamento de águas residuárias, neste caso podemos destacar os efluentes
domésticos que contém elevada carga de matéria orgânica, que podem gerar doenças e infecções por
motivo de contaminação por contato (esquistossomose) ou consumo (enterobiose, ascaridíase, giardíase,
febre tifóide, hepatite A) de água contaminada por pessoas e animais, por meio do despejo de águas
residuárias no solo ou em cursos d’água, ou pela alimentação de vegetais com contato direto com o solo
contaminado, além da dessedentação de animais (porcos, galinhas, bovinos, caprinos e outros) com água
contaminada e a possível transmissão de doenças (toxoplasmose, brucelose, tuberculose, cisticercose)
por meio do consumo de carne e derivados.
Durante o trajeto de escoamento de efluentes domésticos, sem a devida coleta por rede
interceptadora, animais considerados vetores de doenças (transmissores de microrganismos
patogênicos), para seres humanos e animais domésticos, tais como mosquitos (transmissores de dengue,
febre amarela, arboviroses, malária e elefantíase), moscas (transmissoras de salmonelose, cólera,
amebíase, giardíase, disenteria), baratas (transmissoras de giardíase, cólera) e ratos (transmissores de
leptospirose, tifo murino, hantaviroses e peste bubônica), são atraídos pela disponibilidade de água e/ou
matéria orgânica neste efluente sanitário. Estes vetores de doenças podem causar ainda o aparecimento
de animais peçonhentos (aranhas, cobras e escorpiões), devido à presença dos vetores em sua cadeia
alimentar.
O lançamento de efluentes domésticos em rios e córregos ainda pode provocar a redução de vida
aquática, pelo aparecimento e crescimento excessivo de cianobactérias (floração), processo chamado de
eutrofização, provocado pela abundância de nutrientes químicos como nitrogênio e fósforo provenientes
deste efluente. A morte de peixes é provocada pela redução de fotossíntese de algas, que por
consequência abala toda a cadeia alimentar até chegar aos peixes. Há ainda a produção cianotoxinas
pelas cianobactérias, que podem ser classificadas de acordo com sua ação em seres humanos,
como neurotoxinas (afetam o sistema nervoso e medula), hepatotoxinas (prejudicam o fígado) e
dermotoxinas (causam irritação de pele). O mais relevante caso de intoxicação relatado ocorreu no ano
de 1996, no Instituto de Doenças Renais de Caruaru, estado do Pernambuco, onde a água utilizada para
a hemodiálise, continha várias microcistinas (hepatotoxinas). Neste caso haviam filtros de carvão
ativado, que são capazes de reter a microcistinas, desde que a manutenção fosse regular e constante.
Assim o consumo destes componentes químicos pela população a jusante pode incorrer quando
a estação de tratamento de água é de modelo convencional, baseado em coagulação,
floculação/decantação, filtração e cloração. Quando há a possibilidade de implantação de tratamentos
mais avançados, tais como carvão ativado, membranas filtração, POA (processos oxidativos avançados)
que envolvem, principalmente, a aplicação de ozônio (O3), peróxido de hidrogênio (H2O2), irradiação
de raios ultravioleta (UV), os investimentos para implantação e custos de manutenção são relativamente
mais elevados em relação ao tratamento convencional, o que desqualifica estas técnicas como opção
para gestores públicos pouco comprometidos.
O potencial turístico ambiental, também pode ser afetado quando há indícios de que os padrões
de qualidade da água evidenciam o lançamento indevido de água residuárias no corpo hídrico,
desvalorizando empreendimentos que têm suas economias baseadas em ecoturismo. Residências, ruas,
bairros e distritos inteiros têm maior probabilidade de segregação dos demais, acompanhada pela
desvalorização, pelo lançamento “in natura” dos efluentes sanitários em cursos d’água