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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM
EMPREENDIMENTO PARA
RECICLAGEM DE GARRAFAS PET NA
CIDADE DE UBERLÂNDIA/MG.
1. Introdução
Analisando os diversos problemas ambientais mundiais, a questão da produção de resíduos
sólidos é das mais preocupantes e controversas. Abordar o problema da produção e destinação
dos resíduos é um desafio cuja solução passa pela compreensão das relações existentes no
interior da sociedade e, em uma sociedade capitalista, sob o aspecto de uma oportunidade
(sem esquecer das ameaças). A produção de resíduos sólidos é um problema para qualquer
cidade e o estudo de alternativas reduz o volume a ser destinado aos aterros sanitários
possibilitando uma melhoria sensível na qualidade de vida da população. Segundo Jesus &
Rodrigues (2003), em Uberlândia são recolhidas 300 toneladas/dia de materiais descartados e,
a estimativa é de que no mínimo 6% deste lixo (18 toneladas) sejam encaminhados para
reciclagem.
Apesar do significado abrangente do termo, a reciclagem vem sendo considerada sob vários
aspectos: uma maneira de preservar energia, reduzir o volume descartado e o volume de
matéria prima consumida (como pós-consumo), entre outras formas. Segundo Rolim (2000), a
reciclagem de plásticos permite a recuperação do seu valor econômico, através do seu
reaproveitamento como matéria-prima além da redução do volume de resíduos a serem
dispostos em aterros, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Uma característica
desta atividade é a tendência ao crescimento do setor uma vez que as necessidades de matérias
primas derivadas do plástico vêm aumentando no Brasil. A reciclagem de plástico pós-
consumo pode ser uma oportunidade de negócios e a utilização do material reciclado como
matéria-prima de outros processos permite a redução de custos nas empresas transformadoras.
Entre as barreiras enfrentadas por essas empresas estão: a qualidade do resíduo plástico pós-
consumo, a ausência de apoio governamental e uma tecnologia nacional para a reciclagem do
plástico. Recuperar significa “reaver, de modo econômico, embora parcialmente, o valor
intrínseco dos materiais plásticos descartados após sua fabricação e/ou consumo” (MANO e
BONELLI, 1995).
2. Conceitos fundamentais
Para aumentar a probabilidade de sucesso de um negócio, faz-se necessário elaborar um
trabalho de pesquisa que anteceda a decisão de realizar o investimento. Comumente
denominado de Plano de Negócios visa fundamentar todas as decisões do futuro
empreendimento. Alguns tópicos são necessários para tornar mais segura a decisão de
investimento e sucesso da atividade a ser desenvolvida:
a) Características de mercado: um estudo que considera fornecedores e clientes potenciais,
além de concorrentes e da tecnologia disponível para a reciclagem do plástico;
b) Aspectos financeiros: capital necessário, tempo de retornodo investimento e viabilidade
financeira;
c) Abordagem organizacional: estrutura funcional da futura organização, responsabilidades
de sócios e trabalhadores, além das relações desejadas entre os departamentos da empresa.
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cerca de 5% em 2005, quando comparado com 2004, e a perspectiva para 2006 é a de manter
aproximadamente o mesmo ritmo.
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Na tabela 1 percebe-se a grande variedade de produtos que podem utilizar o PET reciclado,
moído e lavado como fonte de matéria prima, principalmente no setor de têxteis. Neste setor,
cordas (7%), tecidos (34%) e monofilamentos (2%) são os principais clientes.
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entrevistadas alegam catar três toneladas por mês de material reciclável. Este grupo de
pessoas deve incorporar-se como fornecedor de garrafas PET para o empreendimento.
A figura 2 procura apresentar a possível configuração da cadeia produtiva na qual a empresa
de processamento de garrafas PET seria introduzida:
PRIMEIROS
SEGUNDOS
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consumidas em Uberlândia é de: 1075 toneladas por ano (considerando garrafas com 52 e 48
gramas cada).
A associação das informações obtidas do trabalho de Fehr et al. (2001) aos dados do volume
de garrafas de PET consumidas levaria a um valor médio de 1075 kg por família ao longo do
ano. O volume de garrafas recolhidas em média por família indica a necessidade de se
estabelecer uma estratégia de fornecimento junto aos “primeiros” e “segundos”, pois o
volume negociado passa a ser o atrativo na participação do negócio (o valor do kg de PET
recolhido é baixo: R$ 0,50/kg).
Analisando a concorrência com outras organizações que produzem material similar, o 2°
Censo da reciclagem de PET no Brasil (2006) identificou um amadurecimento deste segmento
de mercado. Tal situação torna-se complicada para novos investimentos, pois identifica um
conjunto de concorrentes com grande conhecimento e experiência.
Não houve alteração significativa no perfil da distribuição das empresas por número de
funcionários, embora o número de empresas médias tenha diminuído (um possível sinal de
redução de ritmo de operações), e tenha aumentado relativamente o número de empresas
maiores (uma possível conseqüência do período mais difícil).
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investido. Assim o autor ainda revela que o estudo de mercado é uma das ferramentas
componentes estruturais do estudo de viabilidade de uma empresa no mercado.
De acordo com Kotler (1980), enquanto as oportunidades ambientais são inúmeras, as
oportunidades empresariais restringem-se àquelas do âmbito operacional da empresa limitada
pela capacidade empresarial, tradição, estratégia ou know how da organização. Ou seja, as
hipóteses a serem testadas no estudo de viabilidade de mercado devem enfocar primariamente
as oportunidades empresariais.
Segundo a Cartilha de Limpeza Urbana (IBAM, 2007), os dados mais importantes a serem
analisados no estudo da viabilidade econômica são:
d) Produção estimada e preço dos materiais reciclados e do composto orgânico;
e) Custo total de salários (administrativa, operacional e da manutenção);
f) Custo total de energia e combustível;
g) Custo com transportes (se houver) e equipamentos auxiliares (pás mecânicas,
microtratores, etc.);
h) Despesas com manutenção;
i) Custo com depreciação de equipamentos.
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Em Costa apud Kipper (2005) a reciclagem é definida como o resultado de uma série de
atividades através das quais materiais que se tornariam lixo são desviados, sendo colocados,
separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de bens, feitos
anteriormente apenas com matéria-prima virgem. O processo de reciclagem da garrafa PET
(separado, moído e lavado) é uma realidade nas empresas de equipamentos. É possível
identificar uma gama elevada de fornecedores de equipamentos e unidades completas para
reciclagem de PET:
a) KROWN Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos Ltda. Rua:Tatuapé, 489 -
Barueri - São Paulo;
b) Moynofac Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos para Plástico Ltda - Vila
Maria - São Paulo / SP;
c) RONE Indústria e Comércio de Máquinas Ltda. Osasco - SP – Brasil;
d) KIE Máquinas e plásticos. Louveira - SP – Brasil
e) SEIBT. Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, Brasil.
f) PLASMAQ com. e rep. de Máquinas Ltda. Farroupilha, Rio Grande do Sul.
g) PLASTIMAX Máquinas para plástico. Londrina, Paraná.
Kipper (2005) afirma que uma reciclagem mecânica eficaz depende de duas etapas iniciais:
coleta seletiva do resíduo seco e sua separação. Em Uberlândia ainda não existe um programa
municipal de coleta seletiva em funcionamento, porém, existe uma complexa rede de coleta
de matérias baseada na ação de indivíduos que não possuem uma atividade formal de
remuneração. Tais pessoas fazem a coleta e a separação dos materiais, reduzindo os custos
industriais destes. Em síntese, as etapas prévias à reciclagem mecânica do plástico pós-
consumo são: a coleta, a separação por tipo de plástico e a retirada de rótulos, tampas e outras
impurezas, como grampos de metal e partes de componentes de outros materiais. Na figura 3
tem-se a representação esquemática do processo de reciclagem e tratamento da garrafa PET:
Matéria
prima
Ao material obtido após este processo denomina-se flake, são pequenos flocos de PET que
posteriormente serão reutilizados na cadeia de transformação.
Na peneira é feita a primeira etapa de lavagem das garrafas. São retirados os contaminantes
maiores (pedras, tampas soltas, etc.). As garrafas passam então para a esteira de seleção. Na
esteira de seleção é monitorada a presença de outros materiais (ex.: PVC, PP, PE ), inclusive
os metais que são acusados pelo detector de metais ferrosos. As garrafas têm por destino a
esteira de alimentação do primeiro moinho onde sofrem a primeira moagem, esta é feita a
úmido (adição de água). O material moído é retirado através de um rosca duplo envelope,
onde parte da água suja é separada do processo. Passa pelos tanques de descontaminação,
onde além de ser feita a separação dos rótulos e tampas, poderá adicionar produtos químicos
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3. Considerações finais
É fato que a questão do meio ambiente (locais de armazenagem) e a geração de materiais nas
grandes cidades demandam uma mudança na forma de consumir da sociedade. Enquanto tal
situação não se realiza existe a possibilidade de transformação desta ameaça em uma
oportunidade de negócio: um empreendimento de industrialização dos materiais descartados
pelos habitantes de uma cidade. Por um lado há a necessidade da reciclagem para minimizar o
impacto dos aterros sanitários e, por outro, uma necessidade de vários setores industriais de
matéria prima com custo mais baixo. Então, fica a questão: por qual razão não existe uma
indústria para reciclagem de PET na cidade de Uberlândia/MG?
O perfil de consumo dos habitantes de Uberlândia associado a uma rede de coleta e separação
de materiais poderiam ser motivadores para a realização do empreendimento estudado.
Porém, há diversos complicadores para tornar um projeto de investimento uma realidade, o
montante de capital e a concorrência são os dois principais fatores de incerteza. O censo
conduzido pela ABIPET mostra que as empresas do segmento estão se tornando maduras e
acabam criando barreiras à entrada de novos investimentos, mesmo que exista demanda pelos
materiais. Além disso, o baixo valor de venda do PET lavado e moído pressupõe a
necessidade de novos processos que agreguem maior valor ao produto final (a produção de
resina, é um exemplo) mas demanda maior investimento de capital. A diversificação dos
materiais (além do PET, PVC, PEAD e PEBD) pode ser uma saída para a viabilização do
negócio (não era foco do trabalho).
Assim, percebe-se que é viável a realização do investimento (TIR de 15,77% em 16 meses)
mesmo com algumas condições desfavoráveis de vendas (50% em volume nos primeiros 6
meses e 75% nos seis meses posteriores). Provavelmente, duas características podem ser
consideradas para a não realização do investimento: a elevada concorrência no setor e a falta
de linhas de crédito governamentais.
Referências
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<http://www.abepet.com.br/reciclagem.php>. Acesso em: 23 abr. 2007.
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_________ CEMPRE Informa. CEMPRE, São Paulo, n. 42, nov./dez., 1998.
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