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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM
EMPREENDIMENTO PARA
RECICLAGEM DE GARRAFAS PET NA
CIDADE DE UBERLÂNDIA/MG.

Deivid Marques Nunes (UNIMINAS)


deivid_ep@hotmail.com
Mara Rúbia da Silva (UNIMINAS)
mararubia@ep.uniminas.br
Idamar Sidnei Cobianchi Nigro (UNIMINAS)
idamar_nigro@uniminas.br

O presente trabalho buscou estudar a viabilidade econômica da


implantação de uma usina de reciclagem de garrafas PET na cidade de
Uberlândia/MG. A gestão ambiental tem sido foco de inúmeros estudos
que discutem o impacto produzido pelo conssumo de materiais
industrializados que têm provocado danos ao meio ambiente sob
aspectos como: consumo de recursos naturais não renováveis e a
poluição ambiental. Estudar alternativas para minimizar o impacto do
problema e identificar oportunidades de negócios que sejam
sustentáveis e responsáveis por gerar emprego e renda faz parte do
perfil de um engenheiro de produção. Avaliar o mercado no qual se
insere o futuro empreendimento minimiza a probabilidade de fracasso
e possibilita a definição dos objetivos de seu negócio, a avaliação de
seus competidores e dos clientes potenciais, além dos fornecedores que
irão compor a cadeia produtiva do negócio. A análise da viabilidade
econômica completa o estudo indicando se é possível sua realização.

Palavras-chaves: PET, viabilidade, reciclagem


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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007

1. Introdução
Analisando os diversos problemas ambientais mundiais, a questão da produção de resíduos
sólidos é das mais preocupantes e controversas. Abordar o problema da produção e destinação
dos resíduos é um desafio cuja solução passa pela compreensão das relações existentes no
interior da sociedade e, em uma sociedade capitalista, sob o aspecto de uma oportunidade
(sem esquecer das ameaças). A produção de resíduos sólidos é um problema para qualquer
cidade e o estudo de alternativas reduz o volume a ser destinado aos aterros sanitários
possibilitando uma melhoria sensível na qualidade de vida da população. Segundo Jesus &
Rodrigues (2003), em Uberlândia são recolhidas 300 toneladas/dia de materiais descartados e,
a estimativa é de que no mínimo 6% deste lixo (18 toneladas) sejam encaminhados para
reciclagem.
Apesar do significado abrangente do termo, a reciclagem vem sendo considerada sob vários
aspectos: uma maneira de preservar energia, reduzir o volume descartado e o volume de
matéria prima consumida (como pós-consumo), entre outras formas. Segundo Rolim (2000), a
reciclagem de plásticos permite a recuperação do seu valor econômico, através do seu
reaproveitamento como matéria-prima além da redução do volume de resíduos a serem
dispostos em aterros, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Uma característica
desta atividade é a tendência ao crescimento do setor uma vez que as necessidades de matérias
primas derivadas do plástico vêm aumentando no Brasil. A reciclagem de plástico pós-
consumo pode ser uma oportunidade de negócios e a utilização do material reciclado como
matéria-prima de outros processos permite a redução de custos nas empresas transformadoras.
Entre as barreiras enfrentadas por essas empresas estão: a qualidade do resíduo plástico pós-
consumo, a ausência de apoio governamental e uma tecnologia nacional para a reciclagem do
plástico. Recuperar significa “reaver, de modo econômico, embora parcialmente, o valor
intrínseco dos materiais plásticos descartados após sua fabricação e/ou consumo” (MANO e
BONELLI, 1995).
2. Conceitos fundamentais
Para aumentar a probabilidade de sucesso de um negócio, faz-se necessário elaborar um
trabalho de pesquisa que anteceda a decisão de realizar o investimento. Comumente
denominado de Plano de Negócios visa fundamentar todas as decisões do futuro
empreendimento. Alguns tópicos são necessários para tornar mais segura a decisão de
investimento e sucesso da atividade a ser desenvolvida:
a) Características de mercado: um estudo que considera fornecedores e clientes potenciais,
além de concorrentes e da tecnologia disponível para a reciclagem do plástico;
b) Aspectos financeiros: capital necessário, tempo de retornodo investimento e viabilidade
financeira;
c) Abordagem organizacional: estrutura funcional da futura organização, responsabilidades
de sócios e trabalhadores, além das relações desejadas entre os departamentos da empresa.

2.1 Mercado consumidor


O principal mercado consumidor de plástico reciclado na forma de grânulos são as indústrias
de artefatos plásticos, que utilizam o material na produção de baldes, cabides, garrafas de
água sanitária, conduítes e acessórios para automóveis, para citar alguns exemplos (CEMPRE,
2007). Segundo a ABIPET (2006), o volume de PET reciclado consumido no Brasil cresceu

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cerca de 5% em 2005, quando comparado com 2004, e a perspectiva para 2006 é a de manter
aproximadamente o mesmo ritmo.

170

demanda (x 1000) tons.


165
160
155
150
145
140
135
2004 2005 2006 (previsto)
ano

Figura 1 – Evolução da demanda de PET no Brasil


Fonte: ABIPET (2006)

Um mercado em crescimento sugere uma oportunidade de negócios. Isto se dá em função da


grande defasagem entre o preço da resina virgem e do PET reciclado (lavado e moído), os
quais giram em torno de R$4,50/kg e R$1,50/kg, respectivamente. Tal defasagem de preços é
responsável pelo alto índice de procura do material reciclado, moído e lavado.
Para Alves (2003), os clientes são compostos por empresas que produzem produtos derivados
da utilização do PET reciclado. A grande maioria destas organizações está localizada em São
Paulo (capital e interior) e no Rio de Janeiro.

Tipo de produto Participação


Embalagens 3%
Laminados 4%
Fitas de arquear 5%
Tubos 6%
Termoformados 11%
Exportação 12%
Resinas Químicas 16%
Têxteis 43%
total 100%
Fonte: ABIPET (2006)
Tabela 1 – Participação, por tipo de produto, dos clientes de PET reciclado.

Na tabela 1 percebe-se a grande variedade de produtos que podem utilizar o PET reciclado,
moído e lavado como fonte de matéria prima, principalmente no setor de têxteis. Neste setor,
cordas (7%), tecidos (34%) e monofilamentos (2%) são os principais clientes.

2.2 Concorrentes e fornecedores


Neste tipo particular de indústria é possível encontrar concorrentes nas entradas
(fornecedores) e saídas (empresas do mesmo setor de produção). Tratar da concorrência
demanda conhecer a constituição da cadeia produtiva de reciclagem de materiais que existe na
cidade de Uberlândia. Segundo Fehr et al. (2001), a partir de indagações diversas, estima-se
em 1000 o número de famílias que se dedicam à coleta informal na cidade. Algumas famílias

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entrevistadas alegam catar três toneladas por mês de material reciclável. Este grupo de
pessoas deve incorporar-se como fornecedor de garrafas PET para o empreendimento.
A figura 2 procura apresentar a possível configuração da cadeia produtiva na qual a empresa
de processamento de garrafas PET seria introduzida:

PRIMEIROS

SEGUNDOS

TERCEIROS EMPRESA INDÚSTRIA DE CLIENTE


EM TRANSFORMAÇÃO FINAL
FORNECEDORES ESTUDO
DE CIDADES
VIZINHAS

Figura 2 – Representação da cadeia produtiva de reciclagem de PET em Uberlândia


Fonte: Elaborado pelos autores
Na figura 2 ficam bem representados os possíveis fornecedores de uma unidade de
processamento de PET. A terminologia, “primeiros, segundos e terceiros”, foi tomada
emprestada do cotidiano dos “catadores de lixo” em Uberlândia. Os “terceiros” são aqueles
indivíduos ou famílias que vagam pelos bairros e ruas coletando materiais a serem vendidos,
os “segundos” são grupos familiares que possuem espaço em suas residências para armazenar
o material coletado por aqueles que pasam o dia nas ruas coletando e separando os materiais.
Os “segundos” têm alguma infra-estrutura para armazenar os itens adquiridos dos “terceiros”
e, inclusive, chegam a fornecer os “carrinhos” para a coleta do material em troca do
compromisso do “terceiro” em lhe vender o material coletado e separado. São considerados
“primeiros” as organizações com maior estrutura, em geral galpões para armazenar e
compactar o material coletado, que utilizam-se de caminhões para a coleta de materiais nos
“segundos”. Como o volume de material produzido equivaleria a uma ocupação de 54% da
capacidade de projeto da unidade (considerando-se a capacidade de projeto da ordem de 500
kg/h), se fará necessário adquirir material de organizações em cidades vizinhas (a cidade de
Araguari/MG, distante 30 km possui uma unidade de reciclagem de materiais descartados).
Os “primeiros” podem ser encarados como concorrentes na medida em que uma unidade de
processamento de PET passaria a canalizar o fluxo de material proveniente de “segundos” e
“terceiros” subtraindo receita desta organizações. A integração destes segmentos na cadeia
produtiva minimizaria a possibilidade de fracasso ou de ampliação do prazo de retorno do
investimento a ser realizado. É certo que todos os integrantes da atual cadeia produtiva de
reciclagem de material podem vir a integrar a cadeia produtiva de recicalgem de PET
imaginada.
A principal característica necessária ao sucesso do empreendimento é o do volume de
material, no caso de garrafas PET, que é produzido diariamente na cidade de Uberlândia. A
busca por informações junto aos supermercados da região mostraram-se infrutíferas pois
existe uma preocupação em relação à divulgação de dados que mostrem, de alguma maneira,
a participação de cada rede no mercado da cidade. Buscou-se junto aos engarrafadores e
distribuidores de refrigerantes PET e, a partir de estimativas que o volume de garrafas PET

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consumidas em Uberlândia é de: 1075 toneladas por ano (considerando garrafas com 52 e 48
gramas cada).
A associação das informações obtidas do trabalho de Fehr et al. (2001) aos dados do volume
de garrafas de PET consumidas levaria a um valor médio de 1075 kg por família ao longo do
ano. O volume de garrafas recolhidas em média por família indica a necessidade de se
estabelecer uma estratégia de fornecimento junto aos “primeiros” e “segundos”, pois o
volume negociado passa a ser o atrativo na participação do negócio (o valor do kg de PET
recolhido é baixo: R$ 0,50/kg).
Analisando a concorrência com outras organizações que produzem material similar, o 2°
Censo da reciclagem de PET no Brasil (2006) identificou um amadurecimento deste segmento
de mercado. Tal situação torna-se complicada para novos investimentos, pois identifica um
conjunto de concorrentes com grande conhecimento e experiência.

Caracterização 2004/2005 2005/2006


até 1 ano 13% 0%
de 1 a 2 anos 16% 9%
de 2 a 3 anos 9% 17
de 3 a 5 anos 30% 19%
de 5 a 10 anos 23% 30%
acima de dez anos 9% 25%
Fonte: ABIPET (2006)
Tabela 2 – Participação, por tipo de produto, dos clientes de PET reciclado.
Não apenas houve um aumento na maturidade do setor bem como, provavelmente, o
momento mais crítico do mercado se incumbiu de reduzir fortemente o número de empresas
mais jovens e menos consolidadas.
Outro identificador das dificuldades para os novos projetos é apresentado pelo tamanho das
empresas que atuam no setor de reciclagem de PET. A tabela 3 mostra a realidade a ser
enfrentada pelas novas organizações:

Caracterização 2004/2005 2005/2006


até 10 trabalhadores 11 12
entre 11 e 20 trabalhadores 30 31
entre 21 e 50 trabalhadores 41 33
entre 51 e 100 trabalhadores 10 12
acima de 100 trabalhadores 8 13
Fonte: ABIPET (2006)
Tabela 3 – Participação, por tipo de produto, dos clientes de PET reciclado.

Não houve alteração significativa no perfil da distribuição das empresas por número de
funcionários, embora o número de empresas médias tenha diminuído (um possível sinal de
redução de ritmo de operações), e tenha aumentado relativamente o número de empresas
maiores (uma possível conseqüência do período mais difícil).

2.3 Conceito de Viabilidade Econômica e Viabilidade de Mercado


Para Fernandez (1999), o estudo de viabilidade econômica deve comparar o retorno
econômico projetado, baseado em dados do estudo de viabilidade de mercado, com
alternativas de investimento ou com uma taxa mínima de atratividade esperada para o capital

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investido. Assim o autor ainda revela que o estudo de mercado é uma das ferramentas
componentes estruturais do estudo de viabilidade de uma empresa no mercado.
De acordo com Kotler (1980), enquanto as oportunidades ambientais são inúmeras, as
oportunidades empresariais restringem-se àquelas do âmbito operacional da empresa limitada
pela capacidade empresarial, tradição, estratégia ou know how da organização. Ou seja, as
hipóteses a serem testadas no estudo de viabilidade de mercado devem enfocar primariamente
as oportunidades empresariais.
Segundo a Cartilha de Limpeza Urbana (IBAM, 2007), os dados mais importantes a serem
analisados no estudo da viabilidade econômica são:
d) Produção estimada e preço dos materiais reciclados e do composto orgânico;
e) Custo total de salários (administrativa, operacional e da manutenção);
f) Custo total de energia e combustível;
g) Custo com transportes (se houver) e equipamentos auxiliares (pás mecânicas,
microtratores, etc.);
h) Despesas com manutenção;
i) Custo com depreciação de equipamentos.

2.4 A Reciclagem de Resíduos Plásticos


Dentre os materiais recicláveis, o plástico representa um resíduo de grande aceitação para ser
submetido ao processo de reciclagem (WIEBECK, 1997). Para Rolim (2000), é possível supor
que um aumento do consumo de produtos plásticos terá como conseqüência um aumento na
geração de resíduos deste material e, conseqüentemente, um agravo no problema da
destinação do lixo urbano. Estudos sobre o tema reciclagem passam a ser relevantes, na
medida em que podem contribuir para a solução deste problema e conseqüentemente, para a
minimização do impacto ambiental. Além disso, a reciclagem é uma atividade econômica, que
pode trazer benefícios às empresas através de ganhos econômicos e redução de custos para as
empresas do setor plástico de transformação. Já para o CEMPRE (1998), há uma demanda
crescente por estudos em reciclagem devido ao crescente interesse dos órgãos do governo e da
iniciativa privada em resolver o problema da geração de resíduos sólidos, especialmente os
urbanos. Em Calderoni (1997), percebe-se que a reciclagem do lixo domiciliar recebe pouca
atenção e os poucos estudos existentes a tratam de modo secundário e lacunoso. No Brasil,
pesquisas sobre o tema reciclagem de resíduos plásticos pós-consumo, mais especificamente
com empresas de reciclagem, foram encontradas em São Paulo (AGUIAR & PHILIPPI Jr.,
1998; GÜNTER, WIEBECK & PIVA, 1999; PLASTIVIDA, 1999; CALDERONI, 1997).
Para Rolim (2000), essas atividades de reciclagem de plásticos, entretanto, enfrentam vários
problemas. Os poucos estudos indicam que as empresas brasileiras utilizam equipamentos
rudimentares e há pouca informação disponível. Além disso, o resíduo pós-consumo dos
diversos tipos de plásticos normalmente estão misturados uns com os outros e com outros
contaminantes, devendo ser separados para a reciclagem, fazendo com que as empresas
prefiram os resíduos de origem industrial.
2.5 Processos de Reciclagem – PET e as necessidades para implantação da empresa
O grande problema da reciclagem do PET ainda reside na coleta incipiente do material,
segundo a ABIPET - Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagem de PET, que
congrega também os recicladores, a reciclagem tem alcançado índices muito satisfatórios
dada as dificuldades apresentadas.

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Em Costa apud Kipper (2005) a reciclagem é definida como o resultado de uma série de
atividades através das quais materiais que se tornariam lixo são desviados, sendo colocados,
separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de bens, feitos
anteriormente apenas com matéria-prima virgem. O processo de reciclagem da garrafa PET
(separado, moído e lavado) é uma realidade nas empresas de equipamentos. É possível
identificar uma gama elevada de fornecedores de equipamentos e unidades completas para
reciclagem de PET:
a) KROWN Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos Ltda. Rua:Tatuapé, 489 -
Barueri - São Paulo;
b) Moynofac Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos para Plástico Ltda - Vila
Maria - São Paulo / SP;
c) RONE Indústria e Comércio de Máquinas Ltda. Osasco - SP – Brasil;
d) KIE Máquinas e plásticos. Louveira - SP – Brasil
e) SEIBT. Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, Brasil.
f) PLASMAQ com. e rep. de Máquinas Ltda. Farroupilha, Rio Grande do Sul.
g) PLASTIMAX Máquinas para plástico. Londrina, Paraná.

Kipper (2005) afirma que uma reciclagem mecânica eficaz depende de duas etapas iniciais:
coleta seletiva do resíduo seco e sua separação. Em Uberlândia ainda não existe um programa
municipal de coleta seletiva em funcionamento, porém, existe uma complexa rede de coleta
de matérias baseada na ação de indivíduos que não possuem uma atividade formal de
remuneração. Tais pessoas fazem a coleta e a separação dos materiais, reduzindo os custos
industriais destes. Em síntese, as etapas prévias à reciclagem mecânica do plástico pós-
consumo são: a coleta, a separação por tipo de plástico e a retirada de rótulos, tampas e outras
impurezas, como grampos de metal e partes de componentes de outros materiais. Na figura 3
tem-se a representação esquemática do processo de reciclagem e tratamento da garrafa PET:

Matéria
prima

separação moagem lavagem secagem

Figura 3 – Representação do processo de reciclagem de PET


Fonte: Elaborado pelos autores

Ao material obtido após este processo denomina-se flake, são pequenos flocos de PET que
posteriormente serão reutilizados na cadeia de transformação.
Na peneira é feita a primeira etapa de lavagem das garrafas. São retirados os contaminantes
maiores (pedras, tampas soltas, etc.). As garrafas passam então para a esteira de seleção. Na
esteira de seleção é monitorada a presença de outros materiais (ex.: PVC, PP, PE ), inclusive
os metais que são acusados pelo detector de metais ferrosos. As garrafas têm por destino a
esteira de alimentação do primeiro moinho onde sofrem a primeira moagem, esta é feita a
úmido (adição de água). O material moído é retirado através de um rosca duplo envelope,
onde parte da água suja é separada do processo. Passa pelos tanques de descontaminação,
onde além de ser feita a separação dos rótulos e tampas, poderá adicionar produtos químicos

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para beneficiamento do processo. Após os tanques, o material é introduzido em outro moinho


até obter a granulometria adequada. Depois, o material é transportado pneumaticamente até o
lavador, onde é feito o enxágüe com água saindo diretamente para o secador. O material é
retirado do secador por um transporte pneumático indo para o silo, passando por um detector
de metais não ferrosos (ideal), de onde é retirado e colocado em big-bag's (sacolas de
aproximadamente 1m3) tornando-se pronto para ser enviado à industria de transformação
(RECICLÁVEIS, 2007).
2.6 Análise da viabilidade econômica do negócio
A viabilidade do negócio está calcada nos seguintes aspectos:
a) Viabilidade técnica: associada à disponibilidade de tecnologia;
b) Viabilidade comercial: clientes, fornecedores, concorrência e mercado alvo;
c) Viabilidade ambiental;
d) Viabilidade econômica.

Os aspectos de viabilidade técnica e comercial foram abordados em tópicos anteriores e, nesta


etapa, cabe ressaltar as características ligadas ao meio ambiente (a obtenção da licença
ambiental) e a análise de viabilidade econômica do projeto (taxa interna de retorno, custos e
despesas diretas e indiretas) que podem mostrar a possibilidade de sucesso do
empreendimento. Para o caso da obtenção da licença ambiental deve fazer parte do projeto
uma unidade de tratamento dos efluentes, fator que eleva seu custo.
A análise de viabilidade econômica considerou o investimento em uma unidade industrial
com capacidade para processar 500 kg/h (das propostas apresentadas por fornecedores de
equipamentos foi a que demandava menor volume de capital inicial para investimento - as
propostas recebidas tratavam de: R$ 150.000,00; 270.000,00 e 390.000,00). Os seguintes
fatores foram considerados no total investido: equipamentos, engenharia, terreno, galpão,
instalações civil, mecânica, elétrica e hidráulica e o um capital de giro da ordem de 3 meses
para operação da planta industrial). O montante de capital necessário para o projeto
representou: R$ 448.385,00. Assumiu-se a premissa de vender 50% da produção nos
primeiros seis meses de operação, 75% nos seis meses seguintes e a totalidade da produção
nos meses subsequentes.
As seguintes considerações foram feitas:
a) Volume de garrafas PET produzidas pela população de Uberlândia: 1075 toneladas/ano;;
b) Período de trabalho da unidade: 250 dias/ano e 8 horas/dia;
c) Número de trabalhadores na unidade: 12;
d) Retirada prolabore ao longo do período de recuperação do capital = não foram realizadas
retiradas;
e) A empresa foi enquadrada no SIMPLES e a alíquota de impostos considerada foi de 7,1%
sobre a lucratividade.

A análise de viabilidade do projeto indicou a possibilidade de recuperação do capital em 1,5


anos (16 meses), com uma taxa interna de retorno da ordem de 15,77% aa. A metodologia
adotada para a realização foi a da taxa interna de retorno, considerando-se a taxa SELIC (12%
aa) como sendo a taxa mínima de atratividade.

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3. Considerações finais
É fato que a questão do meio ambiente (locais de armazenagem) e a geração de materiais nas
grandes cidades demandam uma mudança na forma de consumir da sociedade. Enquanto tal
situação não se realiza existe a possibilidade de transformação desta ameaça em uma
oportunidade de negócio: um empreendimento de industrialização dos materiais descartados
pelos habitantes de uma cidade. Por um lado há a necessidade da reciclagem para minimizar o
impacto dos aterros sanitários e, por outro, uma necessidade de vários setores industriais de
matéria prima com custo mais baixo. Então, fica a questão: por qual razão não existe uma
indústria para reciclagem de PET na cidade de Uberlândia/MG?
O perfil de consumo dos habitantes de Uberlândia associado a uma rede de coleta e separação
de materiais poderiam ser motivadores para a realização do empreendimento estudado.
Porém, há diversos complicadores para tornar um projeto de investimento uma realidade, o
montante de capital e a concorrência são os dois principais fatores de incerteza. O censo
conduzido pela ABIPET mostra que as empresas do segmento estão se tornando maduras e
acabam criando barreiras à entrada de novos investimentos, mesmo que exista demanda pelos
materiais. Além disso, o baixo valor de venda do PET lavado e moído pressupõe a
necessidade de novos processos que agreguem maior valor ao produto final (a produção de
resina, é um exemplo) mas demanda maior investimento de capital. A diversificação dos
materiais (além do PET, PVC, PEAD e PEBD) pode ser uma saída para a viabilização do
negócio (não era foco do trabalho).
Assim, percebe-se que é viável a realização do investimento (TIR de 15,77% em 16 meses)
mesmo com algumas condições desfavoráveis de vendas (50% em volume nos primeiros 6
meses e 75% nos seis meses posteriores). Provavelmente, duas características podem ser
consideradas para a não realização do investimento: a elevada concorrência no setor e a falta
de linhas de crédito governamentais.
Referências
ABIPET. 2º Censo da reciclagem de PET no Brasil (2005/06) Disponível em
<http://www.abepet.com.br/reciclagem.php>. Acesso em: 23 abr. 2007.
AGUIAR, A. & PHILIPPI JR. Reciclagem de Plásticos de Resíduos Sólidos Domésticos: problemas e
soluções. São Paulo: FSP/ USP, 1998. 19p.
ALVES, R.O. Anàlise de viabilidade econômica da implantação de uma indústria de reciclagem de embalagens
de PET na região de Ouro Preto. Monografia de Graduação. Ouro Preto. UFOP, 2003.
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