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ESCRAVIDÃO NO CONGO
APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
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BREVE HISTÓRICO
Para falar sobre o Congo é interessante falar um pouco sobre a sua caminhada
história para depois fazer uma discussão sobre a sua cristianização e desestruturação com o
contato com os portugueses.
O chamado Reino do Congo se localiza na Costa da África na África Central, entre
Luanda e o Rio Congo. A Capital deste reino se chamada Mbanzakongo que depois veio a
se chamar San Salvador. Este título de reinado propondo a existência de um rei é uma
extrapolação portuguesa de suas observações, sendo que, o título deste ‘‘rei’’ seria
Manikongo (ou Manicongo) que teria, como sua tradução, senhor do congo. Sendo o título
de rei aquilo conhecido pelos portugueses lá chegados, encontra-se esta atribuição e por
conseqüência o Congo como seu reinado.
O Reino do Congo foi fundado provavelmente entre os séculos XIII e XIV, por um
grupo conquistador do sudeste da África. O povo do congo é chamado de Bakongo e esse
povo fundador era dos ‘‘verdadeiros bakongos’’(em colocação de Roland Oliver e de J.D.
Fage em ‘‘A Breve História da África’’) e eram lembrados como grandes ferreiros. Eram
também bons caçadores e habilidosos guerreiros, porém, em sua organização social os
ferreiros, os de conhecimento metalúrgico eram os que mais eram agraciados por honrarias
e privilégios.
É estimada a população do Congo do século XVII em dois milhões e meio de
habitantes. Essa grande massa se distribuía pelo reino e em núcleos que tinham uma certa
autonomia em relação ao Manikongo. Pela distância da capital, estes núcleos ainda
recebiam as ordens do Senhor do Congo, porém não se encontravam na obrigação de
cumprir até por não existir um eficiente meio de coerção.
Nos séculos XV e XVI os portugueses centram sua atenção neste reino e enviam,
em 1490, missionários e artífices, que vêm após um relatório de Diogo Cão sobre a região e
sobre seu contato com os congoleses.
Os portugueses chegam na Costa da Mina para fazerem os mais diversos negócios e
nessas viagens encontram com o chamado Manisogno, senhor do Sogno, um ‘‘principado’’
do Congo. A este Manisogno foi explicado o cristianismo por um padre que acompanhava a
expedição no momento (a data varia entre 1490 e 1492). Este ficou maravilhado com o que
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conheceu e segundo Duarte Lopez ele teria se convertido e sido batizado logo que possível.
Após este acontecimento o seu interesse foi o de apresentar esta doutrina ao Manikongo,
seu senhor e seu sobrinho. Ao ser apresentado à nova religião é contado que o Manikongo
também se converte e demonstra o seu desejo de espalhar esta nova religião pelo seu
reinado. Pede a el-rey de Portugal que envie, ao Congo, padres que estejam aptos a espalhar
a palavra.
Algo que se deve ter cuidado é com o como essa conversão é contada, como se
fosse algo num relance de palavras. Apesar de nos relatos falarem das conversões como se
fossem algo rápido e espontâneo, pode-se perguntar se isto apenas não foi uma escolha
daqueles que escreviam, em contar a conversão em si, em noticiar a conversão do
Manikongo, de anunciar a chegada da ‘‘Santa Religião’’ ao Congo, e não em contar o como
foi essa conversão, quanto tempo durou. Por isso deve-se atentar, que toda vez que alguém
for dito convertido, assim, em uma passe de mágica, pode-se imaginar um processo talvez
mais dinâmico, aonde algum debate ocorreu ou por outro lado, podemos imaginar que não
passaram de conversões mecânicas. Esta segunda opção não me parece justificar a posterior
devoção do rei do Congo com a Igreja, então, coloco como uma suposição, um processo
que ocorreu muito mais dialogado, muito mais discutido do que um simples vir de padre.
Feita a ressalva acima temos agora o rei, uma pessoa de extrema influência neste
reino africano, cristão. E temos deste rei o desejo da religião se espalhar pelo seu reino. De
início vários padres vem de Portugal para auxiliar nesta conversão, batismo e
evangelização. De início, com as massas, as conversões foram algo mais alegórico, mais
ritualístico e mecânico, os bakongo apenas faziam aquilo que seu rei achava o melhor. Não
levavam muito a sério, porém, com o passar do tempo, com os padres a pregar e a
esclarecer ao povo o cristianismo, este começou a adquirir sérios fiéis, entre eles muitos dos
‘‘vassalos’’ do Manikongo. Obviamente muitos não aceitaram sua implantação, entre eles o
filho do rei, que se chamava Pango.
Quando o Manikongo (batizado como Álvares, chamado de D. Álvares) morre seu
filho Nzinga Mbemba, batizado no cristianismo como Afonso (ou Alfonso, como encontrei
em alguns lugares) assume o trono. Ele sendo cristão as boas relações com Portugal são
mantidas, porém, Pango sabendo da morte de seu pai, alia-se a nobres congoleses pagãos e
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a outros reinos vizinhos e decide tomar o trono a sai e expulsar a religião nova de seu
território.
É interessante reparar como esta luta entre Pango e seu irmão Afonso representa um
marco da luta do cristianismo contra os pagãos. Em um acontecimento contado em
conjunto com diversos milagres, Afonso ganha a batalha contra seu irmão com o auxílio
das aparições de espadas incandescentes, da Virgem Maria, cegando o inimigo e de São
Tiago (Santiago ou Saint James), lutando contra o mesmo e o fazendo fugir. Então, o
cristianismo vence, como em uma explicação mitológica, e Pango morre, em uma
armadilha com lanças envenenadas, que ele próprio armou. Com o fim desta batalha é
consolidado o cristianismo como a religião a ser seguida, apesar de que isto não quer dizer
que não existiam mais pagãos. Outros problemas aconteceram como, por exemplo, uma
caçada pelo rei aos ídolos existentes das religiões nativas. Com o final desta batalha muito
nobres que antes estavam contra D. Afonso se cristianizaram, sem discutir aqui, mais uma
vez, se se converteram por volição própria ou se ocorreu por imposição por parte do rei.
Com a morte de D. Afonso, assume o trono D. Pedro, seu filho. E foi em seu
reinado que foi enviado ao Congo e à Ilha de São Tomé, um bispo, pelo rei de Portugal para
que regrasse os cristãos que já abundavam no Congo. Esse bispo, em demonstração da
grande devoção do povo, foi recebido com grande cerimônia e diversas honrarias, com uma
multidão a esperar sua chegada, desde a sua chegada em São Tomé até a sua viagem até a
capital Mbanzakongo.
O sucessor desse bispo foi um descendente da casa real e é um bispo negro que
continuou o bom trabalho de seu antecessor e que foi respeitado em suas atribuições. Tinha
sido educado na Europa e em Roma, como era normal àqueles da casa real, que chegaram
uma vez a reclamar que o Manikongo (no caso D. Afonso) sempre os enviava à Europa,
porém, só os mandava lá para se educarem na fé.
D. Pedro morre e durante curto tempo seu irmão D.Francisco assume o poder, e,
logo após ele D. Diego, que era o mais próximo na linha de sucessão, afinal nem D. Pedro,
nem D. Francisco tinham filhos para herdar o trono.
D. Diego era um rei que esbanjava de grande luxo, maior que todos os seus
antecessores. As suas roupas eram as mais ornamentadas e admiradas, assim como suas
mobílias e tapeçarias. Ao mesmo tempo era um rei muito caridoso e tudo que usava uma,
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duas, ou três vezes, dava para outra pessoa, congolesa ou portuguesa, de presente. Estes
presentes que serviram para voltar os olhos dos portugueses, cada vez mais, a estes
produtos que tiveram o seu fluxo rumo a Portugal crescido devido à nova demanda.
Quando chegou a vez do terceiro sucessor ao cargo de bispo, os padres do Congo
não quiseram seguir suas ordens e foram insubordinados. O rei e obediência a Igreja
prendeu estes insubordinados e os enviou a Portugal. Porém, com esta ação não facilitou a
inserção da fé no seu Reino, mas sim, diminui, pois agora o Reino não tinha clero suficiente
para manter a evangelização do povo. Isto, mais o interesse cada vez maior de Portugal no
comércio de escravos e o interesse cada vez menor na implantação do cristianismo no
reino, a religião não conseguiu de sustentar e foi cedendo espaço às religiões africanas
tradicionais.
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ESCRAVIDÃO NO CONGO
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A QUEDA CRISTIANISMO NO CONGO E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA NO
PASSADO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Congo foi um país de incrível influência cristã. Esta religião que foi implantada lá
pelos portugueses em um misto de vontade de disseminar a fé cristã, o que era obrigação do
rei de Portugal segundo o acordo de Padroado dele com o Papa, e uma questão de controle
deste país, pois sendo ele cristão seria mais dócil no contato e mais fácil de negociar. Esta
característica da fraternidade entre reis demonstra como os reis de Portugal tentavam
manipular os Manikongos de forma que estes não contestassem certas ações lusitanas. Por
exemplo, quando D. Afonso pediu uma concessão de Portugal para ter um navio para levar
suas mercadorias o rei de Portugal dá a desculpa de que o Manikongo poderia usar os
navios lusitanos, pois estes eram do Manikongo também. Em uma clara forma de engana-
lo, obrigando-o a usar os navios de outros, que eram taxados, que extraviavam as
mercadorias e que insistiam em trapacear o Senhor do Congo. Os reis de Portugal, como
neste caso, sempre foram muito espertos usando a mesma amizade e a religião em comum
como uma aproximação que os permitia de forma diplomática, negar um pedido do
Manikongo. É óbvio que em outra situação, se o Manikongo não fosse cristão,
provavelmente não aceitaria não ter autorização de ter seu próprio barco. Mas, como se vê,
ele é cristão, assim como seu povo e isto em muito facilitou aos portugueses.
E isto se aplica na vida diária, no contato com o povo e com a aristocracia congolesa
que também deveria estar em contato com estes portugueses missionários, e, que deveriam
aceitar muita coisa pela religião em comum, pelos laços de amizade, que na verdade era
pura estratégia comercial.
Essa amizade com Portugal que levou à confiança de que este país iria guerrear
contra outros povos atrás de escravos. Porém, quando Portugal já estava ali, na África
Central, com Paulo Dias, com nativos armados e prontos para batalha, não viram obstáculo
em guerrear contra o Congo. A confiança em Portugal os tinha desprevenido contra esta
ameaça, e quando perceberam a gravidade dela, estavam despreparados e foram fadados a
perder a guerra, a perder a soberania e a perder a unidade.
E o cristianismo, o instrumento ideológico, após a guerra, se desfez, mostrando o
desinteresse da coroa portuguesa com a fé.
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BIBLIOGRAFIA
Oliver, Roland & Fage, J. D.; ‘‘A Short History of África’’, capítulo 11; Publicado pela
Penguin Books; 4a. Edição; 1972
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