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1
Eliane de Souza e Silva. Pós-graduanda em Nutrição Estética e Esportiva pelo Claretiano – Centro Universitário e Bacharel em Nutrição pela mesma
instituição. E-mail: <elianessilvanutri@gmail.com>.
2
Fabíola Rainato Gabriel de Melo. Doutora e Mestre em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP).
Bacharel em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Coordenadora e docente do curso de Nutrição no Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: <nutricao@claretiano.edu.br>.
3
Erika da Silva Bronzi. Doutora em Ciências Nutricionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara (SP).
Mestre em Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto (SP). Licenciada em Biologia pelo Claretiano – Centro
Universitário. Docente do curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <esbronzi@yahoo.com.br>.
4
Cyntia Aparecida Montagneri Arevabini. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Especialista em Docência na Educação Superior pela Universidade de Ribeirão Preto. Bacharel em Nutrição pela
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: <cyntiaarevabini@claretiano.edu.br>.
5
Márcio Henrique Gomes de Méllo. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Química Industrial pela mesma
instituição. Docente do curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <marciomello@claretiano.edu.br>.
1. INTRODUÇÃO
(COTTA et al., 2009). Estudos comprovam que o tratamento do diabetes inclui planejamento alimentar,
terapia medicamentosa e exercício físico. O exercício físico praticado regularmente reduz a taxa de gli-
cose no sangue, favorecendo o controle da doença (SBD, 2016), entretanto, para evitar possíveis com-
plicações, quaisquer indivíduos devem obter orientação profissional antes de iniciar a atividade física,
principalmente no caso de pacientes diabéticos (SANTANA; SILVA, 2009).
Para praticar uma atividade física, pessoas saudáveis necessitam de uma reserva energética para
sua realização, o que não é diferente em portadores de diabetes, porém, neste caso, exige-se um cuidado
maior, pois o diabético pode não utilizar essa reserva ou usá-la e esgotá-la rapidamente, requerendo-se
mais atenção, tornando o controle da glicemia mais difícil (VIEGAS, 2014). Um dos maiores obstáculos
que impedem as pessoas que possuem a doença de praticar a atividade física é a ocorrência frequente de
hipoglicemias, durante ou até mesmo horas após a atividade física. Por esse motivo, são importantes um
plano alimentar específico, que englobe a terapia nutricional da doença, e a escolha de tipos de exercí-
cios físicos que permitam a realização da atividade física, contribuindo para o tratamento e o controle da
patologia (MICULIS et al., 2010).
Dessa forma, os objetivos deste trabalho foram: descrever, por meio de revisão da literatura, as
orientações alimentares aos portadores de diabetes praticantes de atividade física, bem como as reco-
mendações nutricionais; identificar os sinais e sintomas da hipoglicemia durante a realização do exer-
cício e as condutas a serem tomadas; identificar os benefícios da atividade física para o tratamento da
doença e os cuidados especiais que o portador de diabetes deve ter ao realizar a atividade física.
2. METODOLOGIA
3. DESENVOLVIMENTO
Para que o indivíduo seja classificado portador da doença, é necessário avaliar três critérios para
o diagnóstico da patologia: poliúria, polidipsia e perda ponderal acompanhada de glicemia casual ≥ 200
mg/dL, cuja medição pode ser feita a qualquer hora do dia (SBD, 2016).
Quadro 1. Critérios para o diagnóstico de Diabetes mellitus.
2h após ingestão de 75g de
Categoria Jejum*
glicose
Glicemia normal < 100 < 140
Tolerância à glicose
≥ 100 a < 126 ≥ 140 a < 200
diminuída
Diabetes mellitus ≥ 126 ≥ 200
* Jejum é considerado a falta de ingestão de alimentos por no mínimo 8 horas.
A recomendação da composição alimentar para os portadores de diabetes tipo I, tipo II, pessoas
pré-diabéticas e gestantes que desenvolveram diabetes gestacional é baseada em uma alimentação ba-
lanceada e saudável, permitindo níveis de glicemia o mais possível próximos do normal em qualquer
período, níveis de lipídios normais e pressão arterial adequada (SBD, 2016).
Recomenda-se que o plano alimentar seja fracionado em cinco ou seis refeições diárias, de 3 em 3
horas, dando-se preferência ao preparo de alimentos grelhados, assados e cozidos no vapor, podendo ser
utilizados alimentos diet, light ou zero, respeitando-se as preferências individuais do paciente e evitando
o uso de açúcar (SBD, 2016).
As recomendações nutricionais do plano alimentar para as pessoas com diabetes mellitus são: 45%
a 60% de carboidratos totais, sendo que a sacarose pode ser até 10%; em relação à fibra alimentar, reco-
mendam-se 14 g para cada 1 000 kcal ingeridas, sendo, para o portador de diabetes, entre 30 g e 50 g ao
dia; a gordura total deve compreender de 25% a 35% do valor calórico total, sendo os ácidos graxos sa-
turados < 7% do valor calórico total, os ácidos graxos poli-insaturados, até 10% do valor calórico total,
os monoinsaturados, de 5% a 15% do valor calórico total; o colesterol deve ser < 300 mg/dia; a proteína
deve compreender 15 a 20 % do valor calórico total; o sódio deve ser até 2 000 mg/dia; e as vitaminas e
demais minerais seguem as mesmas recomendações para a população saudável (SBD, 2016).
A atividade física deve ser prescrita de maneira individual por um profissional habilitado, o que
contribui para a melhora do tratamento e evita que o praticante prejudique sua saúde (MERCURI; AR-
RECHEA, 2001). O plano alimentar adequado para o tratamento da patologia, levando em consideração
também a prática de atividade física, é considerado o tratamento de primeira escolha para o controle
da doença (GOMES-VILLAS BOAS et al., 2011). Devido à falta de estudos científicos em relação ao
planejamento da dieta do atleta ou do praticante de atividade física portador de diabetes, a alimentação
do diabético não difere de uma pessoa saudável, entretanto alguns cuidados devem ser tomados com
relação a hipoglicemias e às doses de utilização da insulina (SBD, 2016).
Antes de iniciar a prática de atividade física, recomenda-se que o indivíduo faça a aferição da gli-
cemia: pessoas portadoras de diabetes que apresentarem hiperglicemia > 300 mg/dL sem a presença de
cetonúria, corpos cetônicos produzidos pelo metabolismo de ácidos graxos e carboidratos pelo fígado,
podem realizar a atividade física; já em situações na qual a glicemia apresenta-se > 250 mg/dL, com a
presença de cetose, deve-se evitar a prática (SBD, 2016). Indivíduos que apresentem glicemia < 100 mg/
dL devem fazer a correção ingerindo de 15 a 30 g de carboidratos (ANGELIS et al., 2006).
Fatores externos que apresentam como função reduzir a glicemia, como insulina exógena e/ou
hipoglicemiantes orais, têm sua ação elevada devido ao aumento do metabolismo provocado pelo exer-
cício físico; orienta-se, somente nessas condições, que se diminua a medicação no dia em que a pessoa
portadora de diabetes for realizar a atividade física (KATZER, 2007). Se o paciente fizer uso de insulina
Ling. Acadêmica, Batatais, v. 7, n. 5, p. 117-124, jul./dez. 2017
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regular ou de rápida absorção, deve-se realizar a aplicação de 1 a 3 horas antes da atividade física, di-
minuir a dose, de 30% a 50%, que produz o pico no momento da realização do exercício e não aplicar
a insulina nos músculos que irão se exercitar durante a atividade física (SBD, 2016; MERCURI; AR-
RECHEA, 2001). As orientações em relação à diminuição da dose do medicamento hipoglicemiante e
à aplicação de insulina antes de iniciar a prática regular de atividade física devem ser sempre avaliadas
pelo médico (SBD, 2016).
Algumas situações provocam a hipoglicemia durante a prática de atividade física; entre as prin-
cipais, incluem-se falta de planejamento alimentar adequado, horários inadequados das refeições e au-
mento inesperado da duração ou intensidade do exercício (SBD, 2016). Os sintomas da hipoglicemia
são: palidez, sudorese, apreensão, taquicardia, tremores, fome, tonteira, confusão mental, convulsões e
coma (SANTANA; SILVA, 2009).
Quando ocorre a hipoglicemia devida à realização do exercício físico, deve-se parar a atividade, medir
a glicemia e ingerir carboidrato de rápida absorção, seguindo a recomendação da Sociedade Brasileira
de Diabetes:
• se a glicemia apresentar entre 50 e 70 mg/dL, deve-se ingerir 15 g de carboidrato e repetir a
medição após 15 minutos (SBD, 2016);
• se a glicemia apresentar < 50 mg/dL, ingerir 20 g a 30 g de carboidrato e repetir a medição após
15 minutos. Para alívio dos sintomas, a glicemia deve-se apresentar > 70 mg/dL (SBD, 2016).
Para que a atividade física provoque benefícios às pessoas diabéticas, deve ser realizada regular-
mente, no mínimo 3 vezes na semana, e contendo 30 minutos ou mais de atividade aeróbica (GALVIN;
NAVARRO; GREATTI, 2014). O exercício aeróbico proporciona condições de reverter parcial ou total-
mente algumas disfunções provocadas pela hiperglicemia crônica (SBD, 2016).
A sensibilidade à insulina aumenta com o exercício físico, beneficiando a entrada de glicose na
célula e o aumento da captação da glicose pelo músculo, que pode ocorrer de três maneiras distintas: au-
mento da ação da insulina, aceleração do metabolismo e atuação específica do exercício nos glicotrans-
portadores GLUT4 (GALVIN; NAVARRO; GREATTI, 2014; KATZER, 2007). Outros benefícios que a
pessoa recebe são: diminuição da taxa de glicose, que é um dos principais efeitos positivos ao diabético;
melhora das funções cardiorrespiratórias; diminuição da gordura corporal; redução dos fatores de risco
para as doenças coronarianas; redução da ansiedade e depressão devido à realização do exercício aeróbi-
co, que permite o lançamento, na corrente sanguínea, de substâncias que são responsáveis por esse efei-
to, como as endorfinas (KATZER, 2007); e melhora dos níveis pressóricos em diabéticos hipertensos
(SBD, 2016). A prática de exercício físico proporciona também melhor controle do colesterol, fortalece
músculos e ossos, melhora a resistência e, consequentemente, melhora a qualidade de vida e o bem-estar
do portador da doença (KATZER, 2007).
Cuidados especiais que o portador de diabetes deve ter para a realização do exercício físico
Ao iniciar a prática de atividade física, deve-se evitar estabelecer metas inatingíveis: deve-se ini-
ciar aos poucos a atividade, aumentando gradativamente a duração e a intensidade do exercício (MER-
CURI; ARRECHEA, 2001).
Parar imediatamente o exercício se apresentar sinais de hipoglicemia, dor no peito ou respiração
sibilante (MERCURI; ARRECHEA, 2001).
Utilizar um sapato próprio e adequado para a realização da atividade física e ter cuidado com os
pés, para não machucá-los, examinando-os diariamente (MERCURI; ARRECHEA, 2001).
Ingerir água constantemente, beber líquidos frios (200 mL a cada 30 minutos de exercício) (SBD,
2016).
Levar consigo documentos de identificação pessoal, informar os profissionais que acompanham
o praticante de atividade física sobre sua condição clínica e manter sempre consigo os medicamentos
que utiliza (SBD, 2016). Os praticantes devem sempre possuir um carboidrato de rápida absorção para
utilizá-lo em casos de hipoglicemia, e fazer a reposição de carboidratos em exercícios de longa duração
(SBD, 2016).
Monitorar sempre a glicemia capilar antes e após os exercícios (SBD, 2016).
Com base nas revisões realizadas, pode-se concluir que, devido à falta de estudos científicos em
relação à alimentação do portador de diabetes atleta ou praticante de atividade física, as recomendações
alimentares não se distanciam muito das de um paciente portador da doença não praticante de esportes.
É importante o indivíduo ter um planejamento alimentar adequado e de acordo com suas necessida-
des fisiológicas, considerando sua atividade física, idade, sexo e características, contando sempre com
orientações profissionais para poder se beneficiar da prática de atividade física sem que ela comprometa
sua saúde.
A realização de qualquer atividade física, bem como todas as atividades do dia a dia, requer ener-
gia, que se obtém por meio da alimentação, sendo o carboidrato o principal macronutriente que nos
fornece energia. Nos indivíduos diabéticos, em que é comum a presença de hiperglicemia, a atividade fí-
sica auxilia no tratamento da doença justamente por ocorrer maior utilização de energia pelos músculos
devido à atividade exercida, contribuindo, consequentemente, para a diminuição dos níveis de glicose
sanguínea; porém, se o planejamento alimentar não estiver adequado, pode ocorrer hipoglicemia, preju-
dicando o portador com sintomas leves, que pode evoluir para um quadro mais grave, havendo risco de
morte, por exemplo. Por isso, reforça-se a importância da alimentação adequada para evitar situações
que possam prejudicar o indivíduo, impedindo a realização do exercício ou levando à sua interrupção.
REFERÊNCIAS
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