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1
Naiara Laís Siqueira Monteverde. Bacharel em Nutrição pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <naiarasiqueira337@gmail.com>.
2
Fabíola Rainato Gabriel de Melo. Doutora e Mestre em Investigação Biomédica pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto (SP).
Bacharel em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Coordenadora e docente do curso de Nutrição no Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: <nutricao@claretiano.edu.br>.
3
Erika da Silva Bronzi. Doutora em Ciências Nutricionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara (SP).
Mestre em Saúde na Comunidade pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto (SP). Docente do curso de Nutrição do Claretiano – Centro
Universitário. E-mail: <esbronzi@yahoo.com.br>.
4
Cyntia Aparecida Montagneri Arevabini. Mestre em Biotecnologia e Especialista em Docência na Educação Superior pela Universidade de Ribeirão Preto
(UNAERP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Docente do curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: <cyntiaarevabini@claretiano.edu.br>.
5
Márcio Henrique Gomes de Méllo. Mestre em Biotecnologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Bacharel em Química Industrial pela mesma
instituição. Docente do curso de Nutrição do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <marciomello@claretiano.edu.br>.
1. INTRODUÇÃO
O sal é o aditivo alimentar mais antigo e conhecido. Nossos ancestrais nômades tinham uma dieta
pobre em sal, pois viviam da caça e coleta de alimentos. A adição de sal nos alimentos deu-se com a
introdução da agricultura. Após milhares de anos, os chineses descobriram que o sal podia ser utilizado
para a conservação dos alimentos, o que reduziu a necessidade dos povos de migrar para vários lugares,
desenvolvendo assim as comunidades. Em consequência disso, o consumo de sal aumentou 400% nesse
período, sendo diminuído mais tarde pelo método de refrigeração e novamente elevado, recentemente,
pelo alto consumo de alimentos processados com adição de sal (SARNO, 2010).
O sal de cozinha (cloreto de sódio), amplamente utilizado na cozinha doméstica, restaurantes e
indústrias, é composto por 40% de sódio e 60% de cloreto. Sendo assim, o cloreto de sódio é a principal
fonte de sódio consumida na alimentação. A necessidade nutricional diária de sódio pelo organismo
humano é de 500 mg (cerca de 1 g de cloreto de sódio), quantidade facilmente obtida por meio de uma
alimentação saudável, sem necessidade de se adicionar sal às preparações culinárias. Entretanto, sua
utilização facilita a aceitação de muitos alimentos ao conferir sabor salgado, além de controlar a ação
do fermento nas massas e proteger os alimentos, retardando o crescimento de micro-organismos pato-
gênicos. Alguns alimentos que contribuem para a ingestão de sal são carnes, aves e peixes processados,
embutidos, sopas e temperos prontos com sal, enlatados ou alimentos em salmoura, queijos com sal e
pão francês, sendo este último um dos alimentos que mais contribui para a ingestão de sódio na alimen-
tação do brasileiro (PINTO-E-SILVA; YONAMINE; ATZINGEN, 2015).
Segundo Taddei et al. (2011), a industrialização trouxe mudanças significativas na economia mun-
dial, no estilo de vida e nos hábitos alimentares da população. O novo padrão dietético compreende
alimentos com altos teores de sal, gorduras totais e carboidratos refinados. A mudança da rotina para
um trabalho mais sedentário e a falta de tempo para se exercitar e realizar as refeições levaram a um
aumento do consumo de produtos industrializados, resultando no aumento de peso e no desenvolvimen-
to de doenças crônicas não transmissíveis. As três principais fontes do consumo total de sódio são os
alimentos processados (75%), o sódio intrínseco aos alimentos (10%) e o sal adicionado às preparações
(15%) (CUPPARI, 2005).
O sódio é encontrado nos líquidos extracelulares e é o cátion mais importante, atuando em funções
fisiológicas do organismo, como manutenção da pressão arterial, contração muscular, equilíbrio de flui-
dos, equilíbrio acidobásico e transmissão nervosa (SARNO, 2010).
Contudo, o consumo excessivo de sódio pode acarretar diversas alterações metabólicas, como do-
enças renais, acidente vascular cerebral, obesidade, doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres,
como o de estômago (SARNO, 2010).
Ademais, o sódio, sendo um fator participante do metabolismo ósseo, está ligado à excreção de
cálcio urinário, cujo aumento induz a reabsorção óssea. Uma das consequências desse aumento pode ser
a osteoporose, um distúrbio sistêmico do esqueleto que compromete a qualidade mineral e a resistência
ósseas, tornando o indivíduo mais susceptível a fraturas (TADDEI et al., 2011).
Valendo-se de várias hipóteses, Cuppari (2005, p. 301) constata que:
O excesso de sódio de início eleva a pressão arterial por aumento da volemia e consequente aumento
do débito cardíaco. Posteriormente, por mecanismos de autorregulação, há aumento da resistência
vascular periférica, mantendo elevados níveis de pressão arterial. Além de seu efeito isolado, a alta
ingestão de sal ativa diversos mecanismos pressores, como aumento da vasoconstrição renal e da rea-
tividade vascular aos agentes vasoconstritores e elevação dos inibidores da NA/K ATPase.
Há uma estimativa de que 30% da hipertensão arterial provém do consumo excessivo de sal e pode
estar associada à Síndrome Metabólica, patogênese complexa relacionada à resistência à insulina, que,
por sua vez, tem efeito antinatriurético, ou seja, estimula a reabsorção renal de sódio, além de alterações
no metabolismo da glicose, aumento de triglicérides e da pressão arterial, diminuição do HDL e é fator
de risco para doenças cardiovasculares (SARNO, 2010).
A hipertensão arterial é basicamente uma doença assintomática; sua presença causa lesão dos
órgãos-alvo: coração, cérebro, vasos, rins e retina. A relação entre o aumento da prevalência de hiper-
tensão e a ingestão de sal é bastante encontrada na literatura. Pode ser de causa primária, que indica
níveis elevados de PA de causa desconhecida – 95% dos casos se enquadram nessa categoria –, ou causa
secundária, relacionando-se com causas específicas como gravidez, medicamentos e doenças renais
(CUPPARI, 2014).
Tendo em vista essas considerações iniciais, o objetivo geral deste trabalho é realizar uma revisão
sistêmica da literatura sobre o papel do sódio na alimentação humana e as estratégias para reduzir seu
consumo. Os objetivos específicos são: conceituar o sódio, abordar sua função fisiológica e as conse-
quências do consumo excessivo, apontar os alimentos que mais contribuem para o consumo elevado
de sódio, descrever estratégias adotadas pelo governo para diminuição desse nutriente em alimentos
industrializados, discutir sua eficácia e relacionar a educação nutricional e técnicas dietéticas à efetiva
diminuição do consumo pela população brasileira.
2. METODOLOGIA
A presente pesquisa se realizou por meio de levantamento bibliográfico, cujo tema é O excesso
de sódio presente na alimentação da população brasileira: desafios e estratégias para reduzir o seu
consumo.
Foi realizada uma seleção de obras, com livros publicados no período de 2005 a 2015, com em-
basamento científico e relacionadas ao assunto proposto na pesquisa. Também foram selecionados arti-
gos em português em sites científicos como o do BIREME, por meio do acesso às bases da Biblioteca
Virtual da Saúde, e nas bases de dados LILACS, SCIELO e Google Acadêmico, respeitando um perí-
odo retrospectivo de 10 anos. Juntamente, foram selecionadas publicações de cadernos do Ministério
da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (IDEC). As palavras-chave utilizadas para encontrar artigos relacionados à pesquisa foram:
sódio, consumo excessivo de sódio, hipertensão arterial e acordos para redução de sódio em alimentos
industrializados.
Toda a pesquisa foi realizada no período de setembro de 2015 a novembro de 2016. Foi realizada
uma pré-seleção de textos para auxiliar os processos de construção da pesquisa, análise do conteúdo,
leitura crítica e revisão bibliográfica, respeitando-se os conceitos e informações dos autores.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) de causa multifatorial é caracterizada por níveis elevados e
sustentados de pressão arterial, com PA > 140 x 90 mmHg. Ela é causa direta de cardiopatia hipertensiva
e relaciona-se com doenças como aterosclerose, trombose, doenças isquêmicas cardíacas, cerebrovas-
cular, vascular periférica e renal, além de ser fator etiológico de insuficiência cardíaca. Diante dessa
multiplicidade de consequências, a HAS está relacionada à origem de muitas doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), sendo caracterizada como uma das causas de maior redução da expectativa e
qualidade de vida dos indivíduos (BRASIL, 2013).
As doenças cardiovasculares no Brasil são responsáveis por aproximadamente 30% da mortali-
dade em geral, mais de 1 milhão de internações, somando um custo de 650 milhões de dólares ao ano,
sendo que 50% das mortes por DCV são causadas por hipertensão arterial sistêmica (CIPULLO et al.,
2010). Há uma estimativa de gastos de 906 bilhões de dólares no mundo com doenças cardiovasculares
em 2015 e previsão de 1 044 bilhões de dólares em 2030 (TEIXEIRA et al., 2016).
A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle e é considerada um grave problema de
saúde pública global. Sua prevalência no Brasil tem uma média de 32% em adultos, 50% em indivíduos
com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos. A prevalência média de HAS autorreferida
na população brasileira acima de 18 anos é de 22,7%; sendo 25,4% em mulheres e 19,5% em homens,
segundo a VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico). A frequência de HAS tornou-se maior com a idade, atingindo mais as mulheres, sendo 50%
na faixa etária de 55 anos ou mais de idade. Estudos estimam que a prevalência de HAS no mundo seja
de 1 bilhão de indivíduos, com consequência de aproximadamente 7,1 milhões de mortes ao ano (BRA-
SIL, 2013).
Já em crianças e adolescentes, a prevalência de hipertensão arterial tem variações de 2% a 13% ao
redor do mundo, e no Brasil alguns estudos epidemiológicos apontam taxas entre 6% e 8%, sendo mais
frequente em adolescentes fumantes, em obesos e/ou indivíduos com circunferência da cintura acima
dos valores recomendados para a idade (FONSECA; KIRSTEN, 2010).
Alguns estudos apontam que a hipertensão arterial autorreferida é maior em residentes da área
urbana. A região brasileira que apresentou maior prevalência foi a região Sudeste, o que pode estar rela-
cionado ao maior acesso da população dessa região aos serviços de saúde e, consequentemente, à maior
disponibilidade do diagnóstico médico (ANDRADE et. al., 2015).
Os fatores que mais contribuem para o aumento da prevalência de HAS são: crescimento e enve-
lhecimento da população e fatores comportamentais de risco, como tabagismo, ingestão de bebidas al-
coólicas, dieta inadequada, estresse, sedentarismo e consumo excessivo de sal (TEIXEIRA et al., 2016).
aumenta a renda. A contribuição do sal de mesa e condimentos à base de sal diminuíram de 76,2% para
74,4%, enquanto os alimentos processados com adição de sal e pratos prontos aumentou de 17,2% para
20,5% em relação à POF 2002–2003. Além disso, a POF 2008–2009 colaborou para definir as catego-
rias de alimentos que mais contribuem para a ingestão de sódio na população brasileira (SARNO et al.,
2013). Os alimentos estão representados na tabela a seguir:
O processo de definição dos critérios para as metas de redução de sódio em alimentos industria-
lizados
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem efetiva participação nos acordos vo-
luntários para a redução de sódio em alimentos industrializados, pois realiza a análise do teor de sódio
dos alimentos e monitoramento. O primeiro relatório da ANVISA foi o Informe Técnico 42/2010, basea-
do nas análises laboratoriais realizadas no ano de 2009. Esse documento foi fundamental para direcionar
as negociações dos acordos voluntários, uma vez que apresentou grande variedade nos teores máximo e
mínimo de sódio em produtos alimentícios da mesma categoria (IDEC, 2014). A título de exemplo, em
relação a hambúrgueres de carne bovina, de aves e misto, foram analisados 25 produtos diferentes, con-
siderando-se uma amostra de 80 g: a quantidade de sódio variou de 290 mg a 825 mg por porção, com
uma média de 567 mg sódio/porção; já em relação ao macarrão instantâneo (80 g) acrescido de tempero
(5 g), foram analisados 12 produtos diferentes, considerando-se uma porção de 85 g: o valor mínimo de
sódio por porção foi de 1 788 mg e o máximo foi de 4010 mg, uma média de 2 721 mg de sódio/porção,
sendo que o valor máximo (4 010 mg) representa 167% de sódio/dia em apenas uma porção do alimento
(ANVISA, 2010).
O primeiro acordo em 2007 não dispunha dessas análises, dificultando a definição de critérios de
negociação junto às empresas. Nesse momento, o critério estabelecido foi o de que as metas de valor
máximo de sódio em alimentos processados deveriam ter, sempre que possível, valores iguais aos das
referências internacionais de redução ou menores do que eles, porém a escassez dessas referências invia-
bilizou a tentativa. Mediante isso, a indústria brasileira se posicionou quanto a reduzir o teor de sódio do
macarrão instantâneo, estabelecendo uma alteração de 2 700 mg/100 g de porção para 1920, 70 mg/100
g até 2012, cerca de 30% de redução (IDEC, 2014).
O acordo realizado em 2011 trouxe critérios claros e refinados, baseados nos resultados das aná-
lises da ANVISA, enfocando a redução de sódio das médias ajustadas, isto é, nenhum produto poderia
ter dentro de quatro anos um teor de sódio superior à média de então. Exemplificando, os hambúrgueres
não poderiam apresentar média maior que 567 mg na porção. Outra parte do critério estabelecido diz que
pelo menos 50% dos produtos de uma mesma categoria devem sofrer alteração. A meta geral consiste
em uma redução pela população brasileira para menos de 5 g de sal/pessoa/dia até 2020 (IDEC, 2014).
O Informe 54/2013 da ANVISA não foi válido, visto que analisou os alimentos durante o ano de
2012, e o acordo foi de que as empresas tinham até o dia 31 de dezembro do mesmo ano para se adequar
às metas. Todavia observou-se que o pão de forma industrializada já havia se adequado à meta (o teor
máximo encontrado foi de 614 mg de sódio/100 g, sendo o máximo permitido 645 mg/100 g), enquanto
o macarrão instantâneo não atingiu a meta proposta (teor máximo encontrado de sódio 2 385 mg/100 g,
sendo o máximo permitido 1 920,70 mg/100 g sódio (IDEC, 2014).
Já o Informe Técnico 69/2015 da ANVISA revisou especificações de alimentos acordadas entre
o Ministério da Saúde e as associações. A título de exemplo, temos o pão francês, considerado um dos
alimentos que mais contribuem para a ingestão de sódio na população brasileira, que não atingiu a meta
estipulada até dezembro de 2012; ela definia uma média de 616 mg de sódio por 100 g de porção, porém
a média encontrada foi de 736 mg/100 g, sendo que, dos 39 produtos analisados, apenas 5 apresentaram
teores inferiores ao teor máximo. Já em relação ao macarrão instantâneo, observou-se que, dos 29 pro-
dutos analisados, a média encontrada foi de 1 804 mg /100 g, porém dez marcas não atingiram a meta,
apresentando média superior a 1920,70 mg/100 g (ANVISA, 2015).
A ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) possui um grande número de em-
presas associadas, o que favorece as negociações com o governo, pois ela se tornou a interlocutora
das empresas nos acordos. Outro papel importante da ABIA é a articulação com outras associações
industriais, como a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (ABIMA), a Associa-
ção Brasileira de Trigo (ABITRIGO) e a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeita-
ria (ABIP). É importante ressaltar que o tamanho das empresas influi diretamente nesse processo dos
acordos, uma vez que a falta de tecnologia e a falta de oportunidade de aprender novas técnicas com o
mercado exterior tornam as pequenas empresas temerosas quanto ao alcance das metas. Já as grandes
empresas demonstram resistência, por disporem de técnicos qualificados que defendem seus interesses.
O manejo para enfrentar essa situação é o diálogo entre as partes, com a argumentação de que é mais
fácil trabalhar com os acordos do que com a imposição de uma lei (IDEC, 2014).
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2010), o padrão dietético da Dieta DASH (Dietary
Approaches to Stop Hypertension) tem um impacto importante na redução da pressão arterial, pois é rica
em frutas, hortaliças, alimentos integrais (pão, cereais, massas integrais ou de trigo integral), oleaginosas
(castanhas, amêndoas, amendoim e nozes), sementes e grãos, laticínios desnatados ou semidesnatados,
além de preferir carnes magras e peixes, óleos ricos em gordura insaturada (azeite, soja, milho e canola)
e evitar adição de sal, molhos prontos, produtos industrializados, doces e bebidas açucaradas.
O controle do peso corporal também colabora para melhores níveis de pressão arterial. As metas
antropométricas a serem alcançadas são o Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 25 kg/m² em
adultos, circunferência abdominal < 102 cm para homens e < 88 cm para mulheres. Estudos populacio-
nais indicam que a obesidade é um fator de risco importante para a hipertensão, e a redução de peso é a
maneira não farmacológica mais efetiva para controlá-la; nota-se que pequenas reduções no peso pro-
movem diminuições significativas na pressão e no risco cardiovascular, por causa da melhora no perfil
lipídico, da tolerância à glicose e de uma melhor resposta à terapia medicamentosa anti-hipertensiva.
É fundamental que a redução de peso siga uma prescrição dietética individualizada, identificando-se e
respeitando-se hábitos alimentares, condições socioeconômicas e estilo de vida, e que traga benefícios
permanentes (CUPPARI, 2014).
O consumo de álcool excessivo eleva a pressão arterial e, para indivíduos hipertensos, deve ser
desencorajado. É aconselhável que o consumo de álcool não ultrapasse 30 mL/dia de etanol para ho-
mens, correspondentes a 100 mL de bebidas destiladas, 300 mL de vinho ou 700 mL de cerveja; para
as mulheres, é recomendado um limite máximo de 15 mL/dia de etanol. Além disso, o abandono do
tabagismo traz inúmeros benefícios além do controle da pressão arterial, como diminuição do risco
de câncer, de doenças pulmonares, doenças coronarianas, acidente vascular encefálico e morte súbita
(CUPPARI, 2014).
A atividade física regular auxilia na perda de peso corporal, no controle do estresse e no trata-
mento das dislipidemias, além de diminuir a resistência à insulina e reduzir os níveis de pressão arterial
(CUPPARI, 2014). Para a manutenção de uma boa saúde cardiovascular e qualidade de vida, é recomen-
dável realizar, pelo menos cinco vezes na semana, 30 minutos de atividade moderada de forma contínua.
4. RESULTADOS
REDUÇÃO
MODIFICAÇÃO RECOMENDAÇÃO
APROXIMADA NA PAS
Manter o peso na faixa
5 a 20 mmHg para cada
Controle de peso normal (IMC entre 18,5 e
10 kg reduzidos
24,9 kg/m²).
Limitar o consumo a 30 g/
Moderação no dia de etanol para homens
2 a 4 mmHg
consumo de álcool e 15 g/dia de etanol para
mulheres.
A partir do presente estudo, foi possível identificar que os acordos realizados entre o Ministério
da Saúde e a ABIA têm grande importância na diminuição do sódio em alimentos processados e ultra-
processados, porém a sua eficácia não seria possível sem as pesquisas que auxiliaram na divisão das ca-
tegorias de alimentos mais consumidos pela população brasileira e o monitoramento anual da ANVISA
que divulga os resultados das análises e avalia se as metas são cumpridas ou não.
Entretanto, para que haja efetiva prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis
relacionadas ao consumo excessivo de sódio, será necessário um trabalho de educação nutricional com a
população em geral, visando a estimular escolhas alimentares saudáveis e a capacitar os indivíduos para
realizarem leitura dos rótulos de alimentos e identificarem os que possuem menor teor de sódio/porção.
Vale ressaltar que a percepção do indivíduo quanto à adição de sal às preparações, bem como o
incentivo à prática de cozinhar e à preferência por ervas aromáticas no preparo das refeições, além de
efetivar mudanças no estilo de vida, como abandono do tabagismo, moderação no consumo de álcool e
prática regular de exercícios físicos, contribui positivamente para o estilo de vida saudável dos indiví-
duos.
Conclui-se que, para a redução do sódio em alimentos industrializados como uma medida marcan-
te e respeitável, faz-se necessária a união de esforços governamentais, dos consumidores e das indústrias
para a legalização no controle dos alimentos; porém, se houver um conjunto de mudanças associados a
hábitos de vida mais saudáveis da população, será possível obter-se resultados positivos na diminuição
da incidência de DCNT, tão alarmante no mundo de hoje.
REFERÊNCIAS
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