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Cultura Inglesa

História / Identidade Nacional (Construção do Reino Unido)

Nome completo do R.U.: O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

As ilhas britânicas são compostas por:

• Reino Unido: Inglaterra; Escócia; País de Gales e Irlanda do Norte;


• República da Irlanda

▪ A Monarquia
O RU é uma monarquia constitucional e de caracter hereditário.
A Rainha Isabel II esteve 70 anos no poder até ao seu falecimento no final do ano 2022, neste
momento, o seu filho Carlos III é o rei do RU e também chefe da Commonwealth (composta
por 54 países). Os monarcas têm afazeres importantes, mas é o parlamento (eleito) que discute
e decide a legislação.

▪ O Parlamento
1. Monarca
2. The House of Lords – Membros não eleitos; número não fixo (772 em fevereiro de
2022)
3. The House of Commons – 338 membros eleitos, 1 por distrito.

▪ Governo Atual

Prime Minister/primeiro-ministro – Rishi Sunak (Partido Conservador – com maioria absoluta)

|O governa gere o país, já o Parlamento assegura-se de verificar se tudo está a ser bem
governado|

▪ Partidos Políticos

Conservative Party/Tory Party – Rishi Sunak

Labour Party – Sir Keir Starmer

▪ O RU faz parte:
• Do G8;
• Da ONU;
• Da OMC;
• Da OTAN;
• E tem presença no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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Thoughts on the Disunited Kingdom and an English Parliamentary Republic

A 1ª parte trata as personagens bíblicas Adão e Eva, esta parte, então, procura saber como é que
os homens começaram a estratificar-se em classes superiores e, por sua vez, inferiores. Sendo
que, no século XIV, os gentlemen consideravam-se superiores, não por mérito, mas sim através
de casamento ou heranças, ao contrário do que aconteci na época de Adão e Eva, que não existia
ninguém superior, logo, não havia ninguém inferior. Portanto, a igualdade social foi sendo
transformada ao longo do tempo, onde o rico tem o poder e o pobre é obrigado a submeter-se
às forças superiores. Considero que o autor iniciou o seu texto desta forma para dar a entender
ao leitor que a união do Reino Unido teve com base este princípio de superioridade por parte
das classes nobres e também do reino inglês em querer dominar os territórios das ilhas britânicas.

O Reino Unido antes de ser o que conhecemos hoje, cada país constituinte era independente
com os seus próprios órgãos políticos e sociais.

Inglaterra: O termo parlamento surgiu no reinado de Henrique III e ficou, desde aí,
implementado na monarquia inglesa. Algo anterior à união dos países é, em 1275, no
parlamento de Eduardo I, os governadores da Escócia e do País de Gales sentaram se nos lados
do rei inglês que já era considerado Senhor desses territórios, porém estes monarcas mantinham
os seus títulos reais.

Escócia: Em 1603, James VI da Escócia torna-se James I de Inglaterra e uniu os 2 país ainda que
apenas coma sua pessoa e não com a lei. James causou controvérsia quando ascendeu ao trono
inglês por afirmar que reinava por um direito divino, ele manipulou o Parlamento escocês, porém
o Parlamento inglês não se mostrou recetivo e afirmou que o monarca só poderia reinar com o
seu consentimento. James, portanto, não teve sucesso em unir os dois países mesmo sendo o
rei de ambos. Em 1707, deu-se o Act of Union of Scotland pois um grupo de escoses percebeu
que precisava de poder fazer trocas comerciais livres com Inglaterra com o objetivo de prosperar.
Com o processo de unificação, o Parlamento escocês obteve as trocas livres com Inglaterra,
dinheiro para dívidas coloniais e, simultaneamente, manteve os tribunais legislativos, o sistema
legal, educacional e também o Presbyterian Kirk (igreja escocesa). A longo prazo, a Escócia
beneficiou economicamente com a União. O resultado desta união foi a Grã-Bretanha (Great
Britain). O parlamento escocês foi reestabelecido em 1999 seguido do referendo na Escócia
sobre a devolução de poderes.

Irlanda do Norte: A Inglaterra e a Irlanda começaram a ter envolvimento no reinado de Henrique


II, antes o território irlandês era governado por vários chefes/reis com um Rei Maior (High King).
No século XV, Henrique VII enviou Edward Poynings para a Irlanda como vice-rei. Lá, Poynings
convocou o Parlamento irlandês que aprovou a Lei de Poynings, lei esta que proclamava que não
se poderia convocar o Parlamento irlandês sem o rei de Inglaterra aprovar e também que todas
as leis da Inglaterra teriam de ser aplicadas na Irlanda. Em 1541, o Parlamento irlandês em Dublin,
conferiu o título de rei da Irlanda a Henrique VIII. Contra a vontade do Parlamento irlandês, em
1801, foi formado o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. A oferta de vários benefícios fez com
que os membros do Parlamento irlandês votassem a favor da união. Com a criação do Irish Free
State, em 1922, foi devolvida alguma independência à parte sul da Irlanda. E assim, a ilha
irlandesa foi dividida em norte e sul. A parte do Norte permaneceu no Reino Unido. Em 1949, a
Irlanda proclamou-se República Independente da Irlanda ou Eire. A Assembleia da Irlanda do
Norte foi estabelecida em 1998 com alguma devolução de poder a nível local pela parte de
Westminster.

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País de Gales: Antes de 1536, Gales era dirigido por chefes locais. Henrique VIII, com
descendência galesa, decidiu unir Gales à Inglaterra, dando-lhe o direito de representação em
Westminster em 1543. Ao longo da unificação, foram impostas no território galês as leis e a
língua inglesas. Em 1974, houve uma reorganização do território galês a mando de Westminster.
Em 1998, foi criada a Assembleia Galesa e em 2006, a Inglaterra aumentou os poderes
legislativos a essa Assembleia, ainda que o Parlamento britânico continue com o poder de veto.
Nos dias de hoje, a Assembleia passou a ser Parlamento (2020).

Devolução

Devolution in Wales: What Does the public think?

Em setembro de 1997, a devolução recebeu um maior apoio de público galês e escocês. A


implementação da Assembleia Nacional de Gales (NAW) foi aprovada por um referendo com a
maioria de apenas 6721 votos.

Key points:

• O apoio público da devolução tem aumentado no país desde 1997, ainda que haja uma
forte sensação de que Westminster tem demasiada influência em Gales.
• A Assembleia Nacional não é sentida com um órgão que tenha muita diferença em
termos políticos.
• Tem existido uma mudança moderada nas identidades nacionais, com mais galeses
reclamando um forte sentimento da identidade galesa – e um fraco sentimento de
identidade britânica – desde a devolução. As gerações mais jovens têm, muito
provavelmente, uma mais forte identidade galesa.
• A maioria das pessoas votam de forma diferente em Westminster comparativamente
com as eleições da NAW, sistematicamente, favorecendo o Labour em Westminster e o
Plaid Cymru em Gales.
• Há pouca evidência de radicalismo público difuso sustentanto uma agenda política feita
pela ‘Clear Red Water’ entre Gales e Inglaterra.

A History of Devolution of Wales

• Em 1964, foi criado o Secretary of State for Wales (responsável por controlar (tendo em
conta o demandado por Westminster): habitação; governo local e estradas, mais tarde:
educação e formação; saúde; comércio; indústria; ambiente e agricultura).
• Em 1979, houve um referendo para a devolução, mas foi rejeitado.
• Nas décadas de 80 e 90, o apoio à devolução aumentou e em setembro de 1997 houve
outro referendo o qual mostrou 50% dos votos a favor da devolução.
• Em 1998, foi concedido à Assembleia Nacional de Gales o poder de legislar nas áreas da
agricultura, pesca, educação, habitação e autoestradas – poderes estes equivalentes aos
antes assegurados pelo Secretary of State for Wales.
• 26 de maio de 1999, a Rainha Isabela II abriu oficialmente a Assembleia Nacional de
Gales.
• Em 2011, houve um referendo onde a NAW passou a ter poder para legislar.
• Em 2014, Gales passou a controlar os seus poderes financeiros.

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• Em 2017, obteve poder sobre o seu sistema de sufrágio.
• Em 2020, a NAW passou a ser o Parlamento galês ou Senedd = tendência de alargamento
de poderes.

Scottish Devolution: A Historical and Political Analysis

O movimento The Home Rule começou a ressurgir em 1934, após a depressão económica dos
anos anteriores, com a criação do Scottish National Party (SNP). A ameaça do forte movimento
nacionalista escocês levou ao Parlamento britânico a aceitar o Home Rule como uma solução
viável para o problema. Em 1970, o apoio à devolução aumentou drasticamente na Escócia como
resultado da descoberta de petróleo no Mar do Norte. Logo, no dia 1 de março de 1979 foi feito
um referendo onde apenas 32,9% votaram ‘Yes’ dos 40% necessários. Em 1997, Tony Balir a
liderar o partido trabalhista passou a liderar o Governo e tinham como objetivo a devolução de
alguns poderes para a Escócia e para o País de Gales. Este governo publicou o ‘White Paper
Scotland’s Parliament que propunha que o Parlamento escocês detivesse o poder legislativo
doméstico e o poder sobre os impostos. Por isso, a 11 de setembro desse ano, o governo
convocou um referendo sobre a devolução, com o resultado de 60,4%. Em novembro de 1998,
ambos o Parlamento de Westminster como a Rainha aprovaram a lei para a devolução de
poderes para a Escócia e também para o País de Gales. As primeiras eleições do Parlamento
escocês aconteceram a 6 de maio de 1999, onde se iriam constituir 129 membros parlamentares.
O Parlamento escocês iria ter poder sobre determinadas áreas, porém muitos outros poderes
continuavam na regência de Westminster. O Scottish Secretary of State manteve para garantir
que os interesses escoceses estavam representados no governo do RU.

Falhanço do Referendo de 1979:

Este referendo falhou não devido a ser uma má proposta, mas sim devido ao clima político do
momento e à devolução não serem favoráveis em consequência dos 5 anos de depressão
económica que se havia sofrido e por isso, os escoceses estavam preocupados com a estabilidade
económica do país. Outra razão para este falhanço foram as eleições gerais na House of
Commons, onde Margaret Thatcher (Partido Conservador) venceu. Ela sendo apoiante da união,
lutou contra a devolução escocesa durante o seu mandato. Já o clima económico e político em
1997 era diferente e, portanto, o SNP retornou à sua campanha da devolução escocesa. Com
Tony Blair no poder, o processo de devolução começou a andar sendo esta apresentada como
um pacote benéfico para o país – o que potenciou os resultados positivos no referendo de 1997.
Em junho de 1999 foi aberto o Scottish Parliament, em Edimburgo. Podemos, portanto, perceber
que fica em aberto se a decisão de Westminster favoreceu o nacionalismo escocês ou não, o que
não deixa de see curioso é a data do referendo de 1997 (11 de setembro) coincidir com o 700º
aniversário da batalha de Stirling Bridge onde os escoceses venceram os ingleses.

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Escócia (1998) -
> Parlamento

Westminster

País de Gales
Irlanda do
(1998) ->
Norte (1998) ->
Parlamento
Assembleia*
desde 2020

*devido à separação das Irlandas nos anos 20, Westminster precisava de ter mais controlo sobre
o território da Irlanda do Norte. Tem poder sobre a educação, saúde e comércio.

Sistema Político Britânico

CONSTITUIÇÃO

O Reino Unido tem uma Constituição não escrita ou não codificada, isto é, não há uma reunião
física de artigos/preceitos constitucionais. Há, então, um conjunto orgânico de normas que, num
sentido mais amplo, delimitam e organizam a vida do reino e, regem a sua estrutura política. A
base deste tipo de Constituição é o bom senso. Ou seja, na medida em que a Constituição é a Lei
Magna, a lei maior que estabelece os parâmetros da vida da nação, as grandes linhas da sua
organização política, a sabedoria prática e o bom senso mostram que a regulamentação do
detalhe, do quotidiano não é matéria constitucional. Não há questão sobre a larga legitimidade
desta Constituição. Os ingleses acreditam na adequação e precisão da Constituição e nas
instituições e procedimentos previstos pela Lei Maior. As leis que compõem esta Constituição
não escrita estão apresentadas como as outras leis e por isso podem ser alteradas a qualquer
momento.

MONARQUIA

Considera-se, vulgarmente, que o titular da Coroa tem, atualmente, apenas uma função
decorativa. Trata-se de uma visão superficial, pois o Chefe de Estado exerce uma importante
função na legitimação do sistema política e também na representação simbólica da própria
nacionalidade. É importante realçar também que a realeza tem perdido os seus poderes (mais a
nível legislativo e executivo) ao longo do tempo.

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PARLAMENTO

No sistema inglês há uma inquestionável supremacia do Parlamento, este que assume os


maiores poderes na política quotidiana. Existe, curiosamente, uma simbiose entre o Monarca e
o Parlamento – formalmente, existem os Ministros da Coroa, os juízes de Sua Majestade e o
Governo de Sua Majestade. Não há separação de poderes, pois o Parlamento engloba o poder
executivo, legislativo (Cabinet) e judicial (Law Lords, que controlam, fiscalizam pela oposição). O
Parlamento é bicamaral:

Câmara dos Comuns = House of Commons: os deputados são eleitos pelo povo num sistema
distrital (o que revela um contacto permanente entre o parlamento e o eleitor, este que
acompanha de perto a atuação do seu Member of Parliament, o MP muitas vezes recebe os seus
eleitores numa estrutura denominada de surgery). Esta Câmara tem o máximo de 5 anos de
mandato. Funções principais: aprovar leis, debate de assuntos políticos, controlo da política
governamental e administração.

Câmara dos Lordes = House of Lords é composta por: Lordes hereditários (títulos herdados e por
vezes seculares); Lordes vitalícios (life peers, título não hereditário) e Lordes espirituais (Lord
Spiritual, arcebispos da igreja Anglicana). Todos estes lordes não são eleitos, logo são nomeados.
Esta câmara funciona como revisora das propostas de lei e como centro de debates. Os seus
poderes têm sido reduzidos ao longo do tempo, podendo, agora, apenas rejeitar as propostas
até 3 vezes (o que pode ser feito para atrasar o processo). Embora a House of Lords não seja uma
instituição democrática, esta é vista como um serviço prestado à comunidade e também como
uma representação simbólica da nação britânica como um todos. Os Lordes não recebem
remuneração, somente um apoio de deslocação.

SISTEMA PARTIDÁRIO

Bipartidarismo (Partido Conservador e Partido Trabalhista) que se caracteriza por partidos


programáticos com doutrinas claras e bem definidas e por uma fidelidade absoluta a esses
partidos. A estrutura partidária é muito forte, geral e localmente. Algo paradigmático deste
sistema é o método “pairing” para que haja equilíbrio parlamentar quando um deputado não
pode estar presente numa votação, pede ao seu “pair” de outro partido para não comparecer
também.

CABINET (O Gabinete)

O primeiro-ministro depois de nomeado pelo Monarca, forma o Cabinet. Este descreve-se como
um núcleo de ministros que dirige a administração pública e o PM é apenas o seu coordenador.
Discute-se e estabelece-se políticas, o que nos leva a tratá-lo como um núcleo decisório que se
reúne semanalmente. O caráter prático assente no bom senso do sistema político leva à oposição
da liderança a formar o ‘shadow cabinet’ – grupo de deputados encarregues de acompanhar,
fiscalizar e questionar os ministros oficiais (a cada ministro corresponde um opositor).

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