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Artes de Rua
Equipe de elaboração
Ana Lídia Paixão e Silva
Fábio Cunha de Sousa
Janine Furtunato Queiroga Maciel
Virgínia Cleide Nunes Marques
Equipe de coordenação
Alison Fagner de Souza e Silva
Chefe da Unidade do Ensino Médio (GEPEM/SEDE)
Revisão
Ana Karine Pereira de Holanda Bastos
Márcia V. Cavalcante
Rosimere Pereira de Albuquerque
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Sumário
1. Apresentação 5
2. Práticas corporais e artísticas de rua 9
Orientações para realização de atividades 10
Orientações para a avaliação 11
4. O grafite no Brasil 23
Orientações para realização de atividades 30
Orientações para a avaliação 30
5. Artes circenses 31
Orientações para realização de atividades 35
Orientações para a avaliação 35
6. Intervenções urbanas 36
Orientações para realização de atividades 43
Orientações para a avaliação 43
7. Referências bibliográficas 49
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1. Apresentação
Prezado/a professor/a.
Aqui, situamos a Rua enquanto espaço público, de livre acesso, e que não serve só
para as idas e vindas de pessoas, mas também para livre manifestação do brincar, do
produzir e consumir arte e cultura, assim como para promover encontros e relações de
convivência social sem distinção de credo, de classe social, de raça, de gênero ou de
sexualidade, sempre de maneira respeitosa.
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Na Escola, ao trazer para a sala de aula a temática Artes de Rua, estamos propondo
o desenvolvimento de duas habilidades, relacionadas a dois eixos estruturantes diferentes,
referenciados na Portaria MEC nº. 1.342/2018:
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Dentre tantos caminhos possíveis para serem trilhados e que podem provocar a
interdisciplinaridade, a interculturalidade e a transdisciplinaridade, o convite é para que
esta Unidade Curricular seja conduzida de modo que o professor possa ser mediador no
processo de ensino e de aprendizagem. O desenvolvimento desta Unidade deve ser
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realizado com um olhar atento para os múltiplos territórios pedagógicos que vão além
dos muros da escola, afinal, essas Práticas Corporais e Artísticas acontecem na Rua.
É importante destacar que este material de apoio à ação docente não tem a
pretensão de esgotar as possibilidades de abordagem da temática Artes de Rua, nem
tampouco de ser a única referência para o professor que conduzirá esta Unidade
Curricular na Escola. Aqui estão reunidas referências de autores de campos diversos que
constituem este “início de conversa”; no entanto, ressalta-se que a importância da
autonomia didático-pedagógica na condução desta Unidade Curricular deve ser
preservada.
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Educação Física, Arte, Língua Inglesa e Língua Portuguesa, a área de Linguagens e suas
Tecnologias “tem a responsabilidade de proporcionar oportunidades para a consolidação
e a ampliação das habilidades de uso e reflexão sobre as linguagens – artísticas, corporais
e verbais (oral, ou visual-motora, como libras e escrita)”. Neste sentido, as práticas
socioculturais expressas por várias linguagens, elaboradas em espaços de interação juvenil,
constituem um acervo de experiências que serão acionadas diante de situações-problema
que, combinadas, podem produzir diferentes respostas (PERNAMBUCO, 2021, p. 96).
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e artísticas de rua, pertinentes ao contexto da comunidade escolar, além das que são
apresentadas neste material de apoio.
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Hip Hop, cultura ou movimento? Eis aqui uma questão interessante e presente nas
discussões em torno do tema Artes de Rua. Em sua pesquisa de doutorado, que trata do
Hip Hop paulistano e a dicotomia entre política e cultura, Félix (2005) afirma que, para
alguns integrantes do Hip Hop, cultura é a dimensão de um processo social que abrange
toda a sociedade – povos, costumes, culinária, localização geográfica – esta visão
enquadrada da cultura, negaria a ruptura e crítica social ao capitalismo vigente e à elite
dominante, protagonizado por suas falas. Mediados por essa compreensão, os integrantes
do Hip Hop defendem que a expressão se trata de um movimento. A seguir, serão
apresentados recortes dessa pesquisa para que alguns conceitos sejam melhor elucidados:
Nós os negros da diáspora, surgimos de diversas regiões e povos. o que nos unifica é a
referência cultural africana que tem expressão nos EUA, no Caribe e diversas regiões do
Brasil(sic). Na diáspora temos cultura negra, este é o ponto de referência. O Hip Hop é
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uma forma de cultura negra, ele não é uma cultura melada, para manter o status quo, mas
sim para mostrar a real condição da vida da periferia. Nesse sentido, cada posse faz uma
intervenção social em sua comunidade
Foto de divulgação da Mostra de Hip Hop Ginga B. Boys e B Girls em Recife Fonte:
https://www.napontadope.com/mostra-de-hip-hop-ginga-b-boys-e-b-girls-realiza-sua-11a-edicao/.
Acesso em 05 de agosto de 2022.
Para além dessa discussão, como tópico importante desta Unidade Temática, e que
também é tema central da pesquisa realizada por Felix (2005), e que serão mencionados a
seguir, são aspectos que caracterizam esse movimento cultural, a escolha de um nome ao
ingressar no Hip Hop, os participantes escolhem um novo nome para, a partir de então,
serem conhecidos, como marca de um novo começo. A origem desses nomes, em sua
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Ainda de acordo com Félix (2005) , o HIP HOP é conhecido por 4 elementos
que estão interligados e dois deles atuam quase simultaneamente, que é o DJ e o MC.
Eles desenvolvem a arte do RAP uma fusão de ritmo e poesia. O MC é a pessoa que diz
a poesia ritmada e o DJ é o que produz os efeitos sonoros como scratch, back to back, quick,
cutting e técnicas de mixagem. O terceiro elemento é o BREAK. Conta-se que seus
movimentos quebrados de braços e pernas fazem referência à Guerra do Vietnã,
mensurando as mutilações sofridas com os ataques americanos, assim como os rodopios
de ponta-cabeça seriam uma menção aos helicópteros usados na ofensiva da guerra. De
qualquer forma, evidencia-se uma crítica às atrocidades sofridas pelos afro-americanos
que foram compulsoriamente para a frente de batalha nesta época.
Sobre o cenário do surgimento do Hip Hop, Felix (2005), relata que foi no bairro
do Bronx, na cidade de New York, Estados Unidos, na metade da década de 1970 que tudo
começou. O presidente Richard Nixon havia renunciado devido ao escândalo Watergate e
os EUA perderam a guerra do Vietnã (1975). Com a chegada de um novo presidente, é
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estabelecida uma política mais conservadora em que se presenciava ataques aos direitos
civis conquistados na década de 1960, quando o desemprego atingiu em cheio a
população afro-americana e latina. Paralelo a isso, na mesma década, o Japão lança a
robótica e o mundo paulatinamente muda do sistema analógico para o sistema digital.
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https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/37403/hoje-na-historia-1973-hip-hop-surge-durante-fes
ta-no-bronx-em-nova-york
Uma nova sonoridade e função é dada aos objetos descartados, uma nova arte é
gerada, a música RAP, improvisada, uma poesia cantada, um protesto político. O autor
relaciona o profissional do RAP a um bricoleur contemporâneo, usando evidentemente
outros materiais, diferentes dos definidos na origem do termo.
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dos padrões tradicionais fazendo uso de materiais considerados pouco nobres, nada
convencionais, e cujos autores são geralmente pessoas sem conhecimento formal, que
realizam suas criações guiadas por desejos e fantasias”
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Félix J. (2005) comenta que o espaço físico exigido pela dança, não atendia aos
interesses dos empresários, isso diminuiu a ocupação de mais pessoas no lugar e, com
isso, o ganho econômico. Esse fato levou os Breakers a ocupar as ruas e não foi tão
tranquilo por ser um espaço público, ao contrário, depois de três meses os grupos
precisaram dialogar com o Gerente comercial do lugar, trocando o uso do espaço em
frente ao estabelecimento, por propaganda da loja na hora da apresentação, sem
remuneração. Estamos falando especificamente da Rua 24 de Maio em frente ao
“Shopping Grandes Galerias” em São Paulo, da loja Mesbla. Ressaltamos que os
deslocamentos geográficos e ocupações dos dançarinos de break foram acontecendo no
decorrer do tempo e uma das características dessas apresentações que prevalece até os
dias atuais, são as batalhas entre grupos de Breakers, de Rap, de Hoppers - Hip Hop.
(...) “Não havia inscrição prévia para as exibições, o espaço ficava aberto para quem
entendesse que tinha algo interessante para dizer ou cantar. As letras das músicas eram
sempre românticas ou satíricas e a parte lúdica dominava enormemente as inspirações
daqueles primeiros compositores de rap. Boa parte das músicas vinha acompanhada por
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batucadas, feitas nas cestas de lixo do Metrô, o que levou o público a denominá-la de
música ‘bate-lata’. Aos poucos foi sendo incorporado o MC na execução dos rap.
https://www.napontadope.com/12a-mostra-pernambucana-de-dancas-urbanas-ginga-b-boys-e-b-girls-pas
sa-pelo-recife-e-interior-do-estado (Foto de divulgação)
A popularização do rap, por ter suas músicas gravadas, tornou dentre as quatro
linguagens do Hip Hop, a que mais se destacou, afirma Félix J., o grupo Racionais MC’s
(1988), fizeram história na discografia nacional lançando a música “Pânico na Zona Sul”,
uma música que denunciava a ação dos “justiceiros conhecidos como “Pés-de-Pato” que
atuavam matando pessoas suspeitas de cometerem crimes no local, pagos pelos
comerciantes dos bairros da Zona Sul de São Paulo. O Hip Hop surgiu no Brasil aos
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beat, back to back, scratch e pesquisar e experimentar a bricolagem nas linguagens artísticas e
corporais.
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4. O grafite no Brasil
O autor nos chama atenção para as duas formas de manifestações juvenis como a
pixação e o grafite, consideradas criminosas em quase todos os países, para que sejam
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lançadas um olhar mais amplo e contextualizado sob diferentes óticas. Essa atenção que o
estudante deve ter, ao se deparar com as formas de manifestações juvenis, pretende
revelar o imbricamento de questões sociais, psicológicas, culturais, movimentos sociais do
século XX, fenômeno da globalização, entre outros aspectos, para que as fruições e
produções dos jovens reflitam nos muros e parede de nossa cidade, como presença
“social” principalmente, daqueles que estão destituídos de cidadania.
Pesquisar a arte rupestre, os petróglifos, a história dos sistemas dos sinais gráficos, a
história do desenvolvimento da escrita e da caligrafia, são caminhos que nos aproximam
da prática da pixação, e pretende ofertar um contexto histórico do uso desses sinais
gráficos, geométricos, reproduzidos até hoje na pixação contemporânea. Tema pertinente
de estudo em diversos componentes curriculares, das artes às ciências do
comportamento, da arqueologia às ciências do direito, de acordo com Sandro Cajé.
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https://www.google.com/search?q=pixa%C3%7A%C3%A3o+com+x+ou+ch
Os Graffiti atuais são como tótens liberados de qualquer função mística ou mítica; o tipo
de emoção que propõem é de outra natureza. Sua proposta pode ser política, social,
cultural, arquitetônica, urbana, filosófica, poética, visual, intelectual, lúdica e tudo isso ao
mesmo tempo.
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Outro nome importante da época é Hudinilson Júnior, que fazia parte do grupo
3Nós3, com Mário Ramiro e Rafael França, grupo que se notabilizou por suas
Intervenções Urbanas. Hudnilson conheceu Vallauri em 1979 quando ambos colocavam
seus trabalhos em um mesmo muro, um pixador e um interventor, e desse encontro surge
uma forte amizade e trocas de conhecimentos sobre possibilidades gráficas. Hudinilson
produzia xilogravura e despontou como principal artista da Arte Xerox. Carlos Matuck e
Waldemar Zaidler também farão uso das máscaras atuando com Vallauri e formando o
primeiro grupo de atuação sistemática na paisagem com formas figurativas, tornando-se
referência para futuras gerações de artistas, como nos esclarece Sandro Cajé em sua tese.
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A Brigada mais atuante naquele momento foi a Brigada Portinari, que atuou em
favor de candidaturas progressistas que se opunham aos representantes do regime de
ditadura civil-militar iniciado em 1964. Além desta, o autor cita a Brigada Vanguarda
Cardoso Aires, Amar Olinda, Gregório Bezerra, Os Trombadinhas de Cristina, Miguel
Arraes, Brigada Cor de Rosa, Egídio Ferreira Lima, Silvia Pontual e Cristina Tavares.
Havia a preocupação do exercício da liberdade de criação a cada artista, mesmo dentro
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5. Artes circenses
Mas, segundo Berthold (2006) esse não é um cenário exclusivo dos tempos atuais.
Vasos áticos produzidos na Grécia Antiga (aproximadamente séc.VIII a. C.) trazem em
suas pinturas uma grande variedade de acrobatas, equilibristas, malabaristas, flautistas e
contadores de histórias, garotas fazendo malabarismos com pratos e taças, dançarinas
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Considerando a atividade circense, em si, é válido destacar que a sua matriz é o corpo – o
corpo como um organismo vivo que vive, experimenta e desafia seus limites. O circo traz
às artes o corpo como fator espetacular: e, assim, o/a artista não apenas representa um
papel através do seu físico, mas depara-se constantemente com práticas que visam a
fortalecer suas habilidades – e dificuldades – em seu ritmo e pulsação próprios, para
então no espetáculo vivenciá-las e exibi-las para o público (TONINI; BAIRRÃO, 2020
apud BOLOGNESI, p. 2, 2001).
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Fonte: Disponível em
https://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2015/03/artistas-transformam-ruas-do-recife-em-picadeiro-
para-democratizar-circo.html
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Pensando uma abordagem das artes circenses de forma lúdica, que tem como
requisito primordial a “vivência”, devemos observar a infraestrutura, a condição prévia
dos alunos, a formação “especializada” do professor e a segurança da atividade para
diminuir os fatores de risco e outros aspectos que poderão prejudicar a atuação docente
(BORTOLETO; MACHADO, 2003). Todos esses aspectos irão compor nossa
abordagem das atividades circenses. Em resposta a essas necessidades, os autores citados,
elaboraram uma outra taxonomia (organização) das modalidades circenses, que tem como
critério o tamanho dos materiais utilizados, e que objetiva a “adequação” de cada
modalidade nas aulas de arte e de educação física.
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Se conectar a grupos, artistas de rua ou pesquisadores das artes circenses, bem como
experimentar algumas de suas modalidades, também se configuram oportunidade de
conhecer mais a fundo o funcionamento dessa prática corporal e artística.
https://www.escolapecirco.org.br/website/quem-e-a-trupe-circus/
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6. Intervenções urbanas
O lugar pensado como suporte e o interator da ação artística pressupõe o pensar a cidade
em toda sua complexidade, sua história, sua lógica socioespacial e sua geografia física e
humana, postas em consonância com os elementos e fundamentos conceituais para a
elaboração de um projeto artístico de intervenção urbana. Pode-se, de certa forma,
também considerar esse suporte/cidade, ou um determinado lugar, como um receptor
não-fixo e não passivo, mas variável e de caráter transitório, um multiplicador capaz de
trazer ao projeto de intervenção um alto grau de visibilidade e interatividade com seus
componentes espaciais e humanos, tendo-se em conta elementos primordiais como: os
indivíduos, o fluxo urbano coletivo, o trânsito, a arquitetura, a paisagem, o clima, a cultura
e os demais fenômenos ocorrentes nesse espaço público onde tal intervenção se inscreve
(BARJA, p. 213, 2008).
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para receber manifestações artísticas públicas e ampliadas, fora do espaço museal. Barja
(2008) explica que um dos precursores desta linguagem é o alemão Joseph Beuys que
idealizava uma arte mais acessível e menos museal, coexistente e imbricada nas questões
diversas da cidadania e em consonância com esse lugar social idealizado.. A seguir,
abordaremos a chegada da arte contemporânea no Brasil e seu entrelaçamento com as
intervenções artísticas.
retrospectivo, esta influência dos artistas foi legitimada, nos diz Fernando Cocchiarale em
seu artigo:
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Essas atitudes colidem com a noção de autoria Individual, que supunha estilo e
identidades reconhecíveis, singulares, permanentes, e a substituem pela dispersão de
conexões feitas, desfeitas e refeitas, análoga à rede eletrônica por meio da qual se
comunicam. Por consequência, configuram um fenômeno cuja estratégia consiste,
parcialmente, em resistir à categorização e à classificação pelo discurso teórico-crítico e
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São exemplos pioneiros dessa antecedência no Brasil as Inserções em Circuitos Ideológicos, nas quais se
incluem o Projeto Coca-Cola (1970) e o Projeto Cédula (1975),9 de Cildo Meireles, cujo método de
circulação é comparável àquele usado pela geração ativista atual. A trama tecida por essas ações e
intervenções, a memória e as referências que seus feitos geram possuem dinâmica e transitividade
articuladas de um ponto de vista análogo ao das redes (COCCHIARALE, p. 70, 2004).
Eduardo Srur
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Fonte: https://www.guiadasartes.com.br/eduardo-srur/principais-obras
Mediar encontros com a comunidade escolar que suscite diálogos sobre a Arte
Contemporânea Brasileira e que possibilite a realização de ações para uma mostra de
videoarte, registrando o efêmero e a transitoriedade, seria uma outra possibilidade
interessante.
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Nos tópicos anteriores, é possível perceber que no cenário das Artes de Rua, os
artistas atuam em coletivos ou individualmente, tendo nesse espaço público que é a rua,
seu palco, seu mural, sua pista de dança. É nesse espaço que as identidades, bandeiras,
posicionamentos, contestações e resistências mantém essa cultura viva.
Tudo que é ordinário e familiar no espaço público acaba deixando de ser visto, vira
rotina, banalidade; assim, se a repetição pode participar na transformação do espaço
público em algo habitual, pode também torná-lo invisível. A arte de rua e seus
espetáculos podem justamente exacerbar esses comportamentos que poderiam passar
despercebidos. Por serem experiências desestabilizadoras, os espetáculos de rua trazem à
tona as competências ordinárias dominadas pelos cidadãos para confrontá-los com novas
situações com/no espaço público (AVENTIN, p. 5-6, 2006).
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Neste trecho, Reia (2014) observa se o espaço público é objeto de disputa, e a sua
ocupação é determinante na retomada da sua função social, tendo as artes de rua um
papel fundamental nisso. É importante considerar os artistas desse fazer (por vezes
marginalizados por estarem fora dos circuitos artísticos, dos espaços institucionalizados
como o lugar da arte, museus, galerias, ateliês, entre outros) e atentar para o fenômeno o
qual se insere as expressividades simbólicas do humano e aos seus contextos de criação.
Este espaço simbólico é um espaço que está além das paredes físicas, é um espaço
presente em todos nós, quer sejam as expressões surgidas consideradas esteticamente
“feias ou bonitas” julgadas por um padrão estabelecido.
A arte de rua traz narrativas de artistas que integram a rua na obra, propositalmente ou
pela ausência de outros espaços para suas manifestações. Um primeiro aspecto é apontar
um possível significado para o termo marginal. Podemos dizer que ser marginal é, antes
de tudo, colocar-se ou ser colocado em oposição, que enquanto um exercício territorial
opera com a definição de fronteiras, sejam elas materiais ou imateriais, físicas ou
simbólicas. Na qualidade de ser antagônico revela-se a formação de um jogo de
oposições, vetores de intensidades, nos quais o marginal surge enquanto direção contrária
ao centro (MORAES; PARAGUAI, p. 63, 2019).
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Arte-Urbana-3 Arte-Urbana-5
https://www.turistaimperfeito.com/arte-urbana-em-recife/
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Olhar para os artistas de rua pode ser um passo em direção à uma cidade mais
democrática, construída a partir da ideia de pertencimento coletivo, integrada de forma
mais orgânica ao contexto global. É preciso ir muito além da preparação de terreno para
megaeventos e suas duradouras consequências, indo além, inclusive, da supervalorização
da esfera privada em detrimento da sociabilidade pública e das manifestações artísticas na
cidade (REIA, p. 46, 2014).
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7. Referências bibliográficas
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REIA, Jhessica. A cidade como palco: Artistas de rua e a retomada do espaço público nas
cidades midiáticas. Revista Continente, Recife, v. 12, n. 2, p. 33-48, 2014. Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/contemporanea/article/view/12813/1126
4 . Acesso em 03 ago 2022.
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