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keywords

termos e conceitos de
linguagem e tecnologia
na linguística aplicada

organizador
Ronaldo Corrêa Gomes Junior
organizador
Ronaldo Co a Gome J nio

keywords:
termos e conceitos de linguagem e tecnologia
na lingu stica aplicada

FALE/UFMG
Belo Horizonte
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE LETRAS

Diretora
Sueli Maria Coelho

Vice-diretor
Georg Otte

C MARA DE PESQUISA DA FALE

Coordenadora
P ofa Ul ike Aga he Sch de

Secret ria
Kelle dos Santos Carvalho

Representantes docentes
P of Ma co An nio Ale and e
Prof. Eduardo Tadeu Roque Amaral
P ofa C lia Ma ia Magalh e
Profa. Valdeni da Silva Reis
P of Ma co Rog io Co dei o Fe nande
P of Pa lo Vin ci Bio Toledo
P of Thiago C a Viana Lo e Sal a elli

Representantes T cnicos Administrativos


Antonio Afonso Pereira Junior
Laura de Jesus Sous

Representantes discentes
Marina Viana Guerra
Giovana Beatriz Machado e Sousa

Colaboradores
Andressa Biancardi Puttin
A i dina Valen in Maia
Brenda Michelle Buhr Pedro
Carlos Henrique R. Valadares
Carolina Duarte Garcia
Elaine Teixeira da Silva
Fernanda Tavares Paiva
I a a Caldei a Viana
Janailton Mick Vitor da Silva
J ica Oli ei a de Ca alho
Leticia Gantzias Abreu
Lilian Aparecida Vimieiro Pascoal
L ia Eli a Lemo Mello
Mariana Musse Furtado
Rafael Luciano Pinto
Rafaela Carla Santos de Sousa
Ricardo Bibiano Dias Filho
R ben Rod ig e Viega J nio
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mantida a licença e citada a fonte.

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Keywords : termos e conceitos de linguagem e tecnologia na


K44 linguística aplicada / Organizador: Ronaldo Corrêa Gomes
Junior. – Belo Horizonte : Faculdade de Letras da UFMG, 2021.
34 p.: il., color.

ISBN: 978-65-87237-43-5 (Digital)

1. Ensino auxiliado por computador. 2. Linguística aplicada. 3.


Internet na educação. 4. Tecnologia educacional. I. Gomes Junior,
Ronaldo Corrêa. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade
de Letras. III. Título.

CDD : 410

Imagem da capa
Upklyak, Freepik.com

Editoraç o eletr nica


Ronaldo Co a Gomes Junior
S i

APRESENTAÇ O.................................................................................... 6
LETRAMENTO DIGITAL CR TICO ..................................................... 7

G NEROS DIGITAIS............................................................................ 11
REMEDIAÇ O ....................................................................................... 18

CONVERG NCIA E TRANSM DIA ................................................ 22

ALGORITMOS E DATIFICAÇ O ..................................................... 25

DESINFODEMIA................................................................................... 28

P S-HUMANISMO CR TICO ........................................................... 32


6

APRESENTAÇ O
Este e-book resultado de uma atividade da disciplina
Perspectivas Contempor neas em Linguagem e Tecnologia
ministrada no Programa de P s-graduaç o em Estudos
Lingu sticos Poslin da Faculdade de Letras da UFMG no
primeiro semestre de 2021. Nesta tarefa, os mestrandos e
doutorandos matriculados foram convidados a elaborar um
gloss rio colaborativo e multimodal de termos e conceitos
caros rea de linguagem e tecnologia na Lingu stica Aplicada
Essa atividade foi concebida como um fechamento da
disciplina, haja vista que ao longo do semestre todos os
conceitos em quest o foram debatidos e aprofundados pelo
grupo de participantes.

Minha proposta era a de produzir um gloss rio destinado a


professores e estudantes do campo dos Estudos da
Linguagem. O verbete multimodal deveria apresentar: o termo
ou express o selecionada em portugu s a explicitaç o de
poss veis diferenças em traduç es para outros idiomas
(quando necess rio sua definiç o uma breve
contextualizaç o ou problematizaç o quando pertinente
refer ncias ao seu hist rico de pesquisa e sua aplicaç o na
pr tica pedag gica Al m disso ilustraç es que cooperassem
para a sua compreens o Essas poderiam ser apresentadas
na forma de imagens udios v deos hiperlinks ou outro
recurso de natureza gr fica ou audiovisual. Por fim,
refer ncias bibliogr ficas e remiss es a outros verbetes
relacionados.

Os termos mais salientes nas discuss es ao longo do


semestre foram selecionados pelos estudantes, que
produziram seus textos com base nas orientaç es da
atividade Em seguida realizamos uma rodada de ediç o, em
que todos os grupos puderam ler, comentar e tecer
consideraç es sobre os textos dos colegas, que foram
revisados e aprimorados ap s essa etapa de ediç o
colaborativa.

Elaboramos esta publicaç o digital e gratuita para que nosso


exerc cio acad mico tenha sentido real e para que o
conhecimento produzido na universidade possa, de fato,
circular. Esperamos que os futuros leitores dessa obra
percorram os caminhos e hiperlinks dos verbetes de maneira
autoral; ativa, criativa e livremente.

Ronaldo Gomes Jr.


7

LETRAMENTO DIGITAL CR TICO

J ssica Oliveira de Carvalho


Lilian Aparecida Vimieiro Pascoal
Mariana Musse Furtado

As noç es de letramento se estabeleceram no Brasil em


1998, com a obra de Magda Soares e suas consideraç es
acerca da diferença entre alfabetizaç o e letramento. Essa
diferenciaç o se fez necess ria por n o haver, poca, uma
definiç o para a palavra letramento em dicion rios de l ngua
portuguesa, por exemplo. Ser letrado significa ser
alfabetizado e ir al m dessa alfabetiza o (SOARES, 1998),
pois o c digo em si n o basta, j que a linguagem se realiza
em contextos e pr ticas sociais que envolvem outras
habilidades.

A partir da podemos conceber conceitos como letramento


cr tico, letramento visual, multiletramentos, novos
letramentos, letramento digital e letramento digital cr tico.
Al m de ancorados na vis o de letramento como
consequ ncia de ter-se apropriado da escrita SOARES
1998, p 18), essas vertentes destacam aspectos que s o
percebidos ou compreendidos nas diversas pr ticas sociais da
linguagem. Este o caso do letramento cr tico e do letramento
digital.

Em 2006, o Minist rio da Educaç o brasileiro realiza a


publicaç o das Orientaç es Curriculares para o Ensino M dio
(OCEM) (BRASIL, 2006). Este documento orienta e sugere
novas pr ticas para o ensino nas redes privadas e,
principalmente, p blicas, e, nas OCEM de l nguas estrangeiras,
o documento fomenta a discuss o do letramento cr tico e da
formaç o de cidad os que sejam

[...] sujeitos ativos, situados s cio-historicamente e, ao


mesmo tempo, imersos em uma sociedade altamente
tecnologizada, capazes de tomar decis es e participar
ativamente nas mais diversas pr ticas sociais, contribuindo,
assim, para a transformaç o da sociedade em que vivem.
(MATTOS; JUC ; JORGE, 2019, p. 69, grifos nossos)
8

Figura 1. Press any key Homer Simpson GIF

Fonte: tenor.com

A figura 1 mostra o personagem Homer Simpson fazendo uso


do computador. Ao comando da m quina para que o usu rio
aperte qualquer tecla para iniciar, o personagem procura a
tecla qualquer Homer seria um exemplo de indiv duo
alfabetizado, mas n o letrado, principalmente n o letrado
digitalmente, pois n o sabe como participar do contexto e da
pr tica social tecnologizada.

A perspectiva do letramento cr tico abarca a compreens o de


cidadania em uma sociedade altamente tecnologizada, como
grifado na citaç o anterior, por m, o letramento digital faz
apontamentos importantes e espec ficos de tal contexto.
Ferreira e Takaki (2013) descrevem o letramento digital em
pesquisa sobre o ensino de Ingl s em escola ind gena de MS,
e indicam que o letramento digital diferencia o usu rio das
redes e o letrado digital. O primeiro compreende informaç es
em meios digitais como conhecimento; j o segundo preocupa-
se em ir al m avaliando criticamente as fontes de
informaç es, produzindo e disseminando suas autorias a
partir de suas habilidades t cnicas e epistemol gicas
(FERREIRA; TAKAKI, 2013, p.3). O letrado digital, ainda
segundo os autores seria capaz de lidar com formas de
conhecimentos emergentes, multimodais, cont nuos e n o
lineares como os da contemporaneidade ibid

O letramento digital cr tico, como aponta Darvin (2017), trata-


se de uma converg ncia das concepç es de letramento digital
e letramento cr tico.

[...] letramento digital cr tico examina como o poder opera em


contextos digitais moldando o conhecimento, identidades,
relaç es sociais, e formaç es de maneira a privilegiar alguns
e marginalizar outros. Ele prepara o aprendiz com
9

ferramentas para examinar caracter sticas lingu sticas e


n o-lingu sticas de m dias digitais, para identificar vi s e
suposiç es arraigados para acessar a verdade. (DARVIN,
2017, p. 2, traduç o nossa)

Letramento digital cr tico busca, ent o, n o s preparar o


aluno para digitar e abrir textos em dispositivos digitais.
Prepara-o para, al m disso, compreender textos multimodais
e seus diversos contextos, implicaç es e posiç es; entender-
se como capaz de criar e participar desses textos
multimodais; analisar sua participaç o nos diversos contextos
ligados ou n o aos dispositivos digitais e suas possibilidades;
reconhecer-se como poss vel aprendiz, criador e disseminador
de novas modalidades, criaç es, dispositivos, usos e
interaç es em distintos contextos.

Figura 2. O modelo dos cinco recursos do letramento digital cr tico

Fonte: PEREIRA, Bianca & PINHEIRO, Paulo. (2020)

Verbetes associados: letramento, cidadania e tecnologia.


10

Refer ncias

BRASIL. Orienta es curriculares para o ensino m dio:


linguagens, c digos e suas tecnologias conhecimentos de
l nguas estrangeiras. Bras lia: Minist rio da
Educaç o/Secretaria de Educaç o B sica, 2006. Dispon vel
em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_
01_internet.pdf Acesso em: 16 Ago. 2021.

DARVIN, Ron. Language, Ideology, and Critical Digital Literacy.


In: THORNE, Steven; MAY, Stephen (eds.), Language,
Education and Technology, Encyclopedia of Language and
Education. New York: Springer, 2017, pp.1-14. Dispon vel
em: http://gg.gg/uksn7

FERREIRA, Giovani; TAKAKI, Nara. H. Letramento digital


cr tico nas aulas de ingl s em escola ind gena de MS. Web-
Revista Discursividade: Estudos Lingu sticos, v. 2, p. 83-103,
2013.

MATTOS, Andrea. M. A.; JUC , Leina. C. V.; JORGE, M riam. L.


S. Formaç o cr tica de professores: por um ensino de
l nguas socialmente respons vel. Pensares em Revista, S o
Gonçalo, v. 15, p. 64-91, maio 2019. Dispon vel em:
https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/pensaresemrevista/article/vi
ew/38666. Acesso em: 03 jul. 2020.

PEREIRA, Bianca; PINHEIRO, Paulo. Desenvolvimento de


Pr tica Formativa para o Letramento Digital Cr tico e
Investigaç o de seus Efeitos em um Grupo de Licenciandos
em Qu mica. Ci ncia & Educa o (Bauru). 26.
10.1590/1516-731320200031. Dispon vel em:
https://www.scielo.br/j/ciedu/a/d8YttBdny4CdgcGHK8W
Z9tN/?lang=pt. Acesso em 17 de agosto de 2021.

SOARES, Magda. B. Letramento: um tema em tr s g neros.


Belo Horizonte: Aut ntica, 1998.

TENOR. Press any key Homer Simpson GIF. [S.I] [2019].


Dispon vel em: <https://tenor.com/view/press-any-key-any-
key-homer-simpson-the-simpsons-computer-gif-14827444>
Acesso em: 27 ago. 2021.
11

G NEROS DIGITAIS

Let cia Gantzias Abreu


Fernanda Tavares Paiva
Rafaela Carla Santos de Sousa

G neros digitais (e-g neros, ciberg neros, g neros virtuais ou


g neros da web) podem ser definidos como diversas
modalidades discursivas que nascem da operaç o de
softwares e de seus processos interativos. Assim, os g neros
digitais surgem, e por vezes se condicionam, nos ambientes
virtuais, ou seja, nos espaços de produç o e processamento
textual da internet (MARCUSCHI, 2010).

Shepherd e Watters (2004. p. 1) explicam que um


ciberg nero pode ser caracterizado pelo conte do, forma e
funcionalidade, sendo que a funcionalidade refere-se s
capacidades oferecidas pelo meio (a m dia utilizada). Al m
disso, os g neros digitais, como destaca Xia (2020), s o
pr ticas comunicativas socialmente motivadas e constru das,
pois evoluem continuamente e respondem eternamente
mudando a sociedade humana.

O ciberespaço conforme Neves 2 11 p 169 se constitui


como um espaço de construç o de autores an nimos, lugar
de onde emergem novas discursividades; constitui-se, ainda,
como um ambiente que se prop e a pensar os sentidos e os
sujeitos em sua relaç o com a l ngua, a cultura e a hist ria
Isso evidencia ainda mais a import ncia de trabalhar nas
escolas os g neros que circulam nesse universo.

Dentro do contexto educacional, Coscarelli e Ribeiro (2021, p.


82), ao analisarem quais s o os g neros citados na Base
Nacional Comum Curricular encontram menç es a g neros
t picos do universo digital ou a aç es que t m sido realizadas
nesse ambiente As autoras op cit p 82 classificam tais
g neros em duas categorias os textos que podem estar na
internet, existindo previamente a ela tamb m; e os que s o
genuinamente web

Para os g neros que s o genuinamente web as autoras


(2021, p. 82) listam que na BNCC s o mencionados: podcasts,
vlogs, petiç o online, fanfics, e-zines, fan-v deos, fan-clipes,
posts em fanpages e em redes sociais, gif, meme, vidding,
gameplay, walkthrough, detonado, machinima, trailer honesto,
playlists comentadas.

A seguir, est o alguns conceitos e exemplos (clique nos


termos destacados para mais detalhes):
12

Blog (sin nimos: di rio virtual, weblog): Esp cie de


di rio virtual em que o internauta relata suas hist rias,
seus projetos de vida, escreve coment rios sobre a
realidade, escreve artigos, poemas etc., deixando esse
material dispon vel na rede para que outros possam
interagir; di rio virtual, weblog. As postagens s o
normalmente exibidas em ordem cronol gica inversa,
de forma que a postagem mais recente apareça
primeiro, no topo da p gina da web. No link, h um blog
sobre estreias e cr tica de cinema.

Ciberpoema (sin nimo: ciberpoesia): uma


modalidade de escrita po tica compartilhada, em
especial, nas redes sociais. Para Rodrigues et al
(2010, p. 4), a ciberpoesia, uma inovadora
manifestaç o art stica [...], que n o se limita figura
f sica do poema, mas diz respeito tamb m s novas
formas de criaç o e recepç o dos elementos po ticos
surgidos no/com/a partir do ciberespaço Trata-se de
poemas curtos e ligados tem tica sentimental e
reflexiva, podendo vir ou n o seguidos de desenhos,
conforme exemplos a seguir:
13

Fonte: https://br.pinterest.com/fabbiobahiao/ciberpoema/

E-zine (sin nimo: webzine): do ingl s e(lectronic)


(maga)zine, uma revista eletr nica dispon vel na
internet, geralmente gratuita e sobre um tema
espec fico. utilizada como um meio de divulgaç o de
trabalhos art sticos, liter rios, musicais etc.

Fanfic (sin nimos: fanfiction, fic): s o ficç es criadas


por f s, que baseados em uma hist ria ou
personagens j existentes criam suas pr prias. No
link acima, h diversas fanfics derivadas da s rie
Harry Potter (J. K. Rowling).

Gameplay: v deo de um internauta jogando,


normalmente compartilhado em plataformas
populares como Youtube, Twitch ou Facebook Gaming .
As gameplays podem ser gravadas e editadas ou, at
mesmo, funcionar no formato de transmiss o ao vivo
(lives ou streams). No link, h um exemplo de gameplay
de Minecraft, jogo eletr nico de sobreviv ncia,
demonstrado/executado por um player brasileiro
bastante popular.
14

GIF (Graphics Interchange Format): o GIF uma


junç o de imagens que expressam a sensaç o de
movimento. Al m de n o ter udio, desde quando
criadas, as imagens com este formato podem ser
compartilhadas sem gastar muita banda de internet,
propiciando cada vez mais a sua popularizaç o. Podem
vir acompanhados por palavras ou frases, como nos
exemplos a seguir:

Fonte: https://tenor.com/

Peti o Online: tem como objetivo provocar a aç o do


Estado contra posturas em desacordo com o estado
democr tico e de direito atrav s de atos de reclamar,
reivindicar, denunciar, requerer etc. poss vel que haja
confus o entre os termos abaixo-assinado e petiç o
online, mas a petiç o online est mais relacionada ao
15

mbito jur dico, sendo direcionada a uma autoridade.


J o abaixo-assinado mais informal.

Podcast: a palavra podcast, de origem inglesa, junç o


de Pod Personal On Demand pessoal sob
demanda), retirada de iPod, com broadcast
(transmiss o). No link, h um exemplo de um podcast
liter rio com um epis dio voltado para a discuss o do
livro Admir vel mundo novo de Aldous Huxley

Videoconfer ncia: tecnologia que permite o contato


visual e sonoro entre pessoas que est o em lugares
diferentes, com o objetivo de uni-las em um ambiente
virtual s ncrono. Permite n o s a comunicaç o entre
um grupo, mas tamb m a comunicaç o pessoa-a-
pessoa. No link, h um exemplo de videoconfer ncia
sobre afetividade e acolhimento em tempos de
isolamento social.

Wiki: hipertexto executado no mbito de um website,


no qual utilizadores modificam colaborativamente
conte do e estrutura diretamente usando um web
browser. A origem do termo atribu da ao software
WikiWikiWeb wiki wiki r pido em havaiano criado
pelo programador americano Ward Cunningham,
atra do por sua aliteraç o e por sua abreviatura
correspondente (WWW).

Verbetes associados: letramento digital; multimodalidade;


ret rica digital.

Refe cia

BLOG Split Screen Dispon vel em https://splitscreen-


blog.blogspot.com/. Acesso em: 16 ago. 2021.

BRASIL Minist rio da Educaç o Secretaria de Educaç o


B sica Base Nacional Comum Curricular Educaç o a
base Bras lia MEC SEB 2 17 Dispon vel em
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_E
F_110518_versaofinal_site.pdf Acesso em: 19 ago. 2021.

CIBERPOEMA Figura Dispon vel em


https://br.pinterest.com/fabbiobahiao/ciberpoema/
Acesso em: 16 ago. 2021.
16

CIBERPOEMA Hiperlink para v deo O que s o


Ciberpoemas?. Publicado por: Khan Academy. (6 min 08seg).
7 mai. 2020 Dispon vel em
https://www.youtube.com/watch?v=P5kSfqmDUmU.
Acesso em: 20. ago. 2021.

COSCARELLI, C.V., RIBEIRO, A. E. BNCC: tecnologias digitais,


textos multimodais e o Ensino Fundamental. In: SILVA, K. A.
da, XAVIER, R.P (orgs.). M l i l lha e a a a Ba e
Nacional Comum Curricular. Campinas: Pontes Editores,
2021. p. 75-94.

E-ZINE. Plataforma Portuguesa para os direitos das


mulheres. Projeto Ponto de Contacto G nero nov
2006. Dispon vel em:
https://www.yumpu.com/pt/document/read/15287953
/e-zine-plataforma-portuguesa-para-os-direitos-das-mulheres.
Acesso em: 17 ago. 2021.

FANFIC. Site Fanctition. Fanfics sobre Harry Potter. Dispon vel


em: https://fanfiction.com.br/categoria/78/harry_potter
/. Acesso em: 16. ago.2021

GAMEPLAY. Minecraft - Em busca de um OCELOT com


Venom Extreme (Parte 1). Publicado por: BRKsEDU. (21 min
48 seg). 2012. Dispon vel em:
https://www.youtube.com/watch?v=xLUdyUoNhkE. Acesso
em: 25 ago. 2021.

GIF. Tenor: mecanismo de busca e banco de dados GIF online.


Dispon vel em https://tenor.com/. Acesso em: 16 ago.
2021.

MARCUSCHI L A G neros textuais emergentes no contexto


da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER A. C.
Hi e e eg e digi ai a f a de c
de sentido 3 ed S o Paulo Cortez 2 1

NEVES, A. J. A literatura marginal na Internet o fen meno


fanfiction como instrumento de disseminaç o e divulgaç o
das nas margens Revista do Programa de P s-Graduaç o
em Cr tica Cultural Bras lia v 1 n 1 jan jun 2 11

PETIÇ O ONLINE Voz pelo Planeta Dispon vel em


https://voicefortheplanet.org/iframe/?oid=134. Acesso
em: 18 ago. 2021.

PODCAST. Podcast Ch das Cinco com Literatura Epis dio n


56 Admir vel mundo novo de Aldous Huxley 29 jul 2 21
Dispon vel em
https://chadascincocomliteratura.com/2021/07/29/56-
17

admiravel-mundo-novo-de-aldous-huxley/. Acesso em: 18 ago.


2021.

RODRIGUES, C. O. et al. Ciberpoesia um h brido infinitamente


colaborativo. Intercom Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicaç o Rio Branco 2 1

SHEPHERD M.; WALTERS C. Identifying Web Genre: Hitting a


Moving Target. WWW2004 Conference. Workshop on
Measuring Web Search Effectiveness: The User Perspective,
New York, USA, 2004. Dispon vel em
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.
84.614&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 10 ago. 2021.

VIDEOCONFER NCIA Afetividade e acolhimento em tempos


de isolamento social Publicado por Conviva Educaç o 1h
7min jul 2 2 Dispon vel em
https://www.youtube.com/watch?v=hA7-epCyews. Acesso
em: 19. ago. 2021.

WIKI Wikcion rio Dispon vel em


https://pt.wiktionary.org/wiki/Wikcion%C3%A1rio:P%C3%
A1gina_principal. Acesso em: 18 ago. 2021.

XIA, S. A. Genre analysis in the digital era: developments and


challenges. ESP Today, v. 8, n. 1, 2000. p. 141-159.
18

REMEDIAÇ O

Brenda Michelle Buhr Pedro


Elaine Teixeira da Silva

O termo Remediaç o fora cunhado por Richard Grusin e Jay


David Bolter 1999 na obra Remediation: Understanding
New Media com a teoria das novas m dias Para os autores
essas new media est o baseadas em tr s pontos a
remediaç o a imediaç o e a hipermediaç o

Em ingl s remediation pode significar tanto


remodelagem quanto reforma. Em portugu s estes
dois significados possuem duas diferentes grafias e
duas diferentes palavras Assim o trocadilho do Ingl s
n o funciona em portugu s Talvez remediation deva
ser traduzido tanto com i ou com e GRUSIN 2 13
p. 164).

Portanto comum encontrarmos a traduç o como


remediaç o ou como remidiaç o

A remediaç o pode ser entendida como uma caracter stica


que define as novas m dias digitais uma vez que possibilita um
modo criativo de combinar o novo com o velho dando novas
formas remodelando remixando e transformando conte dos
entre as m ltiplas m dias poss veis a fim de atribuir um novo
prop sito s produç es Esse processo pode ser visto nos
exemplos a seguir com a cl ssica pintura Monalisa de
Leonardo Da Vinci.

Figura 1. Representaç o gr fica audiovisual

Fonte: HubVEVO, 2019.


19

Figura 2. Remix da pintura Monalisa

Fonte: LAGE, 2019.

Na figura 1 encontramos duas formas de remediaç o a


imagem digital convertida na letra da canç o e a convers o da
imagem aos olhos do DJ de forma que a imagem n o seja
mais est tica como a pintura pois agora ela expressiva tem
movimento e est representada na interface de uma v deo
chamada de um celular J na figura 2 observamos a
remediaç o presente na representaç o de uma Monalisa do
s culo XXI em circulaç o virtual com o tradicional biquinho
para tirar uma foto (selfie) e a maquiagem que lembra um
filtro, recurso muito usado nos stories das redes sociais.

A remediaç o utiliza-se dos conceitos de hipermediaç o e de


imediaç o em seus processos uma vez que esses possibilitam
o tratamento dos conte dos ao passo que eles se aproximam
ou se distanciam de uma realidade sem a mediaç o das
m dias Enquanto a imediaç o pretende diminuir a dist ncia
entre o leitor e os processos tecnol gicos envolvidos com a
20

utilizaç o de uma realidade aumentada ou 3D por exemplo a


remediaç o visa destacar que tais processos existem: a
produç o audiovisual da Figura 1 por exemplo aproxima-se do
processo de hipermediaç o pois aumenta as fronteiras entre
o espectador e a realidade representada, ou seja, o
espectador sabe que todo conhecimento que adquirir ser
mediado por algum meio colocando mostra os processos e
interfaces digitais a interface de uma v deo chamada em um
smartphone utilizados na remediaç o

A aplicaç o pedag gica do processo de remediaç o no ensino


de l nguas pode ser feita em atividades de leitura e produç o
de textos, considerando as especificidades e habilidades
envolvidas em tal processo de retextualizaç o mas
considerando as m dias envolvidas e os novos prop sitos
apresentados na remediaç o poss vel desenvolver jogos
baseados em obras liter rias de forma a criar maior
interaç o entre o leitor e o texto ou mesmo utilizar
personagens de obras para contar novas hist rias em novas
m dias

Como exemplo de aplicaç o temos um curta-metragem


produzido por alunos da 2 s rie do Ensino M dio de uma
escola p blica estadual Campos dos Goytacazes RJ A
produç o era um quesito para a disciplina de L ngua Espanhola
e um dos grupos produziu o curta com um personagem de
anime como o narrador da hist ria produzida por eles Tal
produç o Figura 3 pode ser vista na ntegra no reposit rio de
REA, REALPTL.

Figura 3. Curta-metragem produzido por estudantes

Fonte: REALPTL, 2018.


21

Verbetes associados: hibridizaç o multimodalidade g neros


digitais.

Refe cia

BOLTER, J. D.; GRUSIN, R. Remediation: Understanding New


Media. Cambridge:Massachusetts Institute of Technology,
2000.

GRUSIN, R. Da e edia e edia : ou de como a


sensaç o de imediatismo da sociedade digital dos anos
199 evoluiu para um clima de cont nua antecipaç o do
futuro no s culo XXI Entrevista concedida a Elizabeth Saad
Correa, E. MATRIZes, vol. 7, n.2, dezembro, 2013.
https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v7i2p163-
172.

LAGE, Eneo. e da M a Li a e Le a d da Vi ci
nunca imaginou 7 de novembro de 2 19 Dispon vel em
https://inspi.com.br/2019/11/15-versoes-da-mona-lisa-
que-leonardo-da-vinci-nunca-imaginou/.

HUBVEVO. di Oficial de Xa Monalisa (KVSH Remix),


31 de maio de 2 19 Dispon vel em
https://youtu.be/GQVywGOgnrM. Acesso em: 31 de ago.
2021.

REALPTL. Cortometraje 3 de janeiro de 2 18 Dispon vel


em: http://realptl.letras.ufmg.br/realptl/arquivos/1824.
Acesso em: 31 de ago. 2021.
22

CONVERG NCIA E TRANSM DIA

Ari dina Valentin Maia


Carlos Henrique R. Valadares
Carolina Duarte Garcia

Referenciado por Jenkins (2008), o termo C e g cia (ing:


Convergence Culture) alude ao fluxo de conte dos por meio de
m ltiplas plataformas de m dia cooperaç o entre m ltiplos
mercados midi ticos e ao comportamento migrat rio dos
p blicos dos meios de comunicaç o JENKINS 2 8 Ao
pensar em converg ncia o autor compreende que o termo
seja mais coerente com uma transformaç o cultural do que
apenas um processo tecnol gico uma vez que os
consumidores s o convidados a buscar e a fazer conex es
com conte dos dispon veis em diferentes suportes midi ticos
Como exemplo poss vel mencionar o YouTube e a Netflix
plataformas midi ticas que permitem ao usu rio acessar o
mesmo conte do em diferentes dispositivos, como
computador celular televis o e carro Paralelo ao conceito de
converg ncia faz-se pertinente apontar tamb m outro termo
recorrente nos estudos de Linguagem e Tecnologia na
Lingu stica Aplicada transm dia

Cunhado por Jenkins (2003), T a dia (ing: Transmedia)


constitui-se na expans o dos elementos pertencentes a uma
determinada m dia para outra Como explorado pelo autor,
uma Narrativa Transm dia extrapola a hist ria produzida para
um determinado ambiente midi tico como um filme em
outros meios de maneira independente sendo cada criaç o
uma nova porta de entrada para compreender o universo
constru do JENKINS 2 8 Pode-se citar quadrinhos que
viraram filmes, videogames e livros, por exemplo.

Esse termo tamb m foi explorado por Scolari 2 9 para


quem em uma narrativa transm dia as hist rias devem ser
complementares umas s outras fazendo sentido de forma
isolada e n o apenas repetidas ou adaptadas em diferentes
m dias Assim como argumenta Jenkins 2 8 cada novo
texto (nova entrada de uma obra) deve contribuir para o todo
de seu universo.

As imagens a seguir representam a presença da Transm dia


no universo de Harry Potter, que teve sua hist ria ampliada
para diferentes m dias tais como livros filmes e jogos al m de
tamb m aparecer no parque tem tico da Disney
23

Figura 1. Livro filme jogo e parque tem tico de Harry Potter na


Universal Studios.

Fonte Compilaç o dos Autores .


1

importante ressaltar que os termos Converg ncia e


Transm dia abordam aspectos diferentes sobre os fen menos
midi ticos Enquanto o primeiro d destaque a diferentes
suportes para consumir um mesmo produto o ltimo aborda
a expans o de maneira diversa de um produto midi tico

A presença da Converg ncia e Transm dia no ensino pode


acontecer por meio do trabalho com jogos filmes m sicas
livros e g neros textuais como HQs e fanfics, desde que
convirjam em torno de uma hist ria Como exemplo os jogos
de tabuleiro RPGs de mesa e videogames s o transmidi ticos
por natureza e podem se constituir como ponto de
aprendizagem aut noma n o necessitando partir de outro
conte do para serem usufru dos

1
Montagem a partir de imagens coletadas de:
Abe books Dispon vel em
<https://www.abebooks.com/images/books/harry-
potter/philosophers-stone.jpg>
Twitter Dispon vel em
<https://pbs.twimg.com/media/EDY6xFvXkAA8iIO.jpg>
MobyGames Dispon vel em
<https://www.mobygames.com/images/promo/original/153097075
8-3903072786.jpg>
Stackpath Dispon vel em: <https://c8y3s8d4.stackpathcdn.com/wp-
content/uploads/2015/06/diagon-alley-universal-studios-floridai-
e1505769083881.jpg>
Acesso: 20 de agosto de 2021
24

J as fanfics g neros textuais digitais expandem e modificam


algum aspecto do conte do original de uma obra liter ria
cinematogr fica entre outras uma ferramenta pedag gica
importante ao considerar que quest es de g nero raça corpo
e classe social podem ser discutidas quando fazem parte de
um conte do que foi ressignificado

Assim uma educaç o transm dia tem o potencial de abordar


conte dos intimamente relacionados a partir de diferentes
perspectivas m dias e tecnologias Ela possibilita que o
professor explore as particularidades de cada linguagem a fim
de potencializar a melhor forma de aprendizagem, viabilizando,
tamb m o engajamento e a participaç o estudantil durante
esse processo, em prol de uma aprendizagem compartilhada
e colaborativa.

Verbetes associados: g neros digitais multimodalidade


remediaç o

Refe cia

JENKINS, Henry. Transmedia storytelling. Moving characters


from books to films to videogames can make them stronger
and more compelling. Technology Review, 15 jan. 2003.

JENKINS, Henry. C l a da c e g cia Traduç o Susana


Alexandria. S o Paulo Aleph 2 8

SCOLARI, Carlos A. Transmedia Storytelling: Implicit


Consumers, Narrative Worlds, and Brandingin Contemporary
Media Production. International Journal of Communication 3,
2009.
25

ALGORITMOS E DATIFICAÇ O
Isa as Caldeira Viana
Rafael Luciano Pinto
Rubens Rodrigues Viegas J nior

D Andr a 2 2 p 3 -31 prop e que para muitos um


algoritmo pode ser definido como um conjunto de instruç es
program veis em forma escrita com o objetivo de
transformar dados em resultados. Ainda de acordo com o
autor, tal conjunto de dados, que s o guardados pelas
plataformas online pensado para proporcionar relaç es
entre si, por meio de rotinas computacionais. Sendo assim,
datificaç o e mediaç es algor tmicas s o fen menos
interdependentes D ANDR A 2 2 p 31

De acordo com Mayer-Schoenberger e Cukier (2013), citado


por Van Dijck 2 17 p 41 ao transformarmos uma aç o
social em dados on-line que podem ser quantificados e, como
consequ ncia permitir o monitoramento em tempo real e
an lise preditiva estamos lidando com datificaç o (ing.
datafication). Em outras palavras, a datificaç o pode ser
compreendida como o registro de uma aç o da vida social ou
fen meno natural artificial etc., na forma de um dado
estruturado e index vel

Figura 1. Interface do Spotify.

Fonte: Spotify2

2
spotify.com
26

Datificar algo significa represent -lo como um dado de forma


l gica estruturada possibilitando futuros cruzamentos e
combinaç es estat sticas SILVA 2 19 p 16 Para
D Andr a 2 2 uma das caracter sticas centrais da
datificaç o a possibilidade de transformar tudo o que se
encontra dispon vel online em dados armazen veis e a partir
deles, administrar diversos processos de monitoramento,
ranqueamento e prediç o.

As quest es abordando algoritmos e datificaç o podem


dialogar na educaç o com o desenvolvimento de formas de
letramento hacker SANTO 2 12 DARVIN 2 17 isto com
as diversas maneiras pelas quais podemos tentar
driblar contestar todo esse controle e vigil ncia exercidos por
meio do acesso j naturalizado aos metadados dos cidad os
pelas corporaç es e instituiç es p blicas Podemos citar
diversos como exemplos de atividades que podem envolveram
mobilizar esse letramento hacker como a utilizaç o e a
conscientizaç o sobre a liberdade oferecida pelos softwares
livres o uso de navegadores an nimos que buscam barrar tais
acessos a dados, ou mesmo atividades que envolvam a
reflex o e a discuss o sobre esse controle de nossos dados
buscando que os produsu rios passem a exercer maior
press o para minimizar tais controles de dados

Verbetes associados: data smo; metadados; plataforma


algor tmica.

Refe cia

D ANDR A Carlos. F. B. Pesquisando plataformas online:


conceitos e m todos Salvador: EDUFBA, 2020. Cap. 2:
Des(re)montando plataformas, p. 32-68.

DARVIN, Ron. Language, Ideology, and Critical Digital Literacy.


In: THORNE, Steven; MAY, Stephen (eds.), Language,
Education and Technology, Encyclopedia of Language and
Education. New York: Springer, 2017, pp.1-14. Dispon vel
em: http://gg.gg/uksn7

SANTO, Rafi. Hacker literacies: synthesizing critical and


participatory media literacy frameworks. International
Journal of learning and media, v. 3, n. 3, 2012. Dispon vel em
https://www.researchgate.net/publication/241890864_H
acker_Literacies_Synthesizing_Critical_and_Participatory_Me
dia_Literacy_Frameworks Acesso em 26 de agosto de 2021.

SILVA, Sivaldo P Comunicaç o digital economia de dados e a


racionalizaç o do tempo algoritmos mercado e controle na
27

era dos bits. Contracampo Niter i v 38 n 1 pp 157-169,


abr. 2019/ jul. 2019.

VAN DIJCK, Jos Confiamos nos dados As implicaç es da


datificaç o para o monitoramento social MATRIZes S o
Paulo, v. 11, n. 1, p. 39-59, 2017.
28

DESINFODEMIA

Andressa Biancardi Puttin


Janailton Mick Vitor da Silva
L via Elisa Lemos Melo
Infodemia pode ser entendida como

o comportamento viral da
disseminaç o de not cias falsas
imprecisas ou enganosas sobre [a
COVID-19 mas n o apenas com
preju zo para a informaç o de
qualidade a sa de e a democracia
[e] esse comportamento pode ser
associado a uma pandemia que se
espalha de modo acelerado nos meios
de comunicaç o ZAROCOSTAS 2 2
apud KOMESU; ALEXANDRE; SILVA,
2020, p. 186, grifos nossos).

No v deo infodemic 2 2 o termo definido como a


superabund ncia de informaç es que incluem tentativas
deliberadas de disseminar de i f a Posetti e
Bontcheva (2020a) adotam outro termo para caracterizar o
fen meno mais intenso da infodemia:

a nova de i f a sobre a COVID-


19 cria confus o referente ci ncia
m dica com impacto imediato em
todas as pessoas do planeta e em
sociedades inteiras Ela mais t xica e
mais letal que a de i f a sobre
outros assuntos por isso que este
resumo de pol ticas criou o termo
desinfodemia. (POSETTI; BONTCHEVA,
2020a, p. 2, grifos nossos).

Desse modo, entende-se que a desinfodemia o fen meno de


divulgaç o de informaç es falsas ex fake news), imprecisas
ou enganosas sobre a pandemia da Covid-19 e outras
doenças gerando de i f a para a sociedade. A Unesco
apresenta dois resumos sobre pol ticas p blicas feitas no
combate desinfodemia, como pode ser conferido em Posetti
e Bontcheva (2020a; 2020b).
29

Zattar (2020) discute os conceitos de infodemia,


de i f a e desinfodemia no contexto da pandemia do
COVID-19 a fim de pontuar que a educaç o informacional
pode ser o caminho para promover o pensamento cr tico e a
avaliaç o de fontes de informaç o em diferentes ambientes e
din micas informacionais Assim a autora entende que

A desinfodemia surge como uma


de i f a em meio pandemia ao expor
as pessoas aos riscos das informaç es falsas
a partir da deslegitimaç o da produç o do
conhecimento cient fico e exposiç o p blica
com (disinformation) ou sem intencionalidade
(misinformation), mas que o objetivo pode ser
desde uma brincadeira at as disputas
pol ticas ou as vantagens comerciais de um
determinado grupo farmac utico por exemplo
(ZATTAR, 2020, p. 6, grifos nossos).

Ademais, Wardle e Derakhshan (2017 apud KOMESU;


ALEXANDRE SILVA 2 2 p 195 no relat rio do Conselho
Europeu, propuseram que a desordem informacional fosse
discutida seguindo a tipologia abaixo:

dis-information: a not cia falsa deliberadamente


criada e espalhada para produzir preju zo para pessoa
grupo social organizaç o ou pa s

mis-information: a not cia falsa propriamente dita


compartilhada por pessoa desavisada que a princ pio
n o teria intenç o de prejudicar ningu m

mal-information: a not cia embora tenha base real


editada e disseminada com a finalidade de produzir
preju zo.

Reforçando as tipologias conceituadas acima dis-information,


mis-information e mal-information que se referem
disseminaç o de not cias falsas Zattar 2 2 apresenta a
seguinte ilustraç o que contribui para a compreens o dessas
tipologias, no sentido de visualizarmos como a disseminaç o
de not cias falsas partem de uma opini o pessoal em
detrimento da investigaç o dos fatos
30

Figura 1. Opini o fato e mentira

Fonte: Adaptado de Levitin (2019)

Alguns autores destacam as alternativas encontradas por


profissionais da informaç o como jornalistas para combater
a proliferaç o de not cias falsas que tem se tornado cada vez
mais necess rias dentro do contexto da -verdade. Embora
esse n o seja um termo novo tem se tornado cada vez mais
recorrente O dicion rio Oxford define p s-verdade (ing: post-
truth como relacionando ou denotando circunst ncias em
que fatos objetivos s o menos influentes na formaç o da
opini o p blica do que apelos emoç o e crença pessoal
traduzido por SILVA LUCE FILHO 2 17 Um v deo
interessante que discute a relaç o de fake news com p s-
verdade pode ser conferido aqui.

Verbetes associados p s-verdade; infodemia;


desinformaç o

Refe cia

KOMESU, F.; ALEXANDRE, G. G.; SILVA, L. S. A cura da


infodemia O tratamento da desinformaç o em pr ticas
sociais letradas de checagem de fatos em tempos de Covid-
19. In: RODRIGUES, Daniela L. D. I.; SILVA, Jane Q. G. (org.).
E d a licad ica da e c i a acad ica:
colocando a m o na massa Belo Horizonte Editora PUC
Minas, 2020. p.186-229 Dispon vel em
https://issuu.com/cespuc-centrodeestudosluso-afro-
bra/docs/praticas_discursivas-v3 Acesso em: 15 jun. 2021.

POLITIZE. O que FAKE NEWS e como reconhecer as


NOT CIAS FALSAS Politize S o Paulo 12 Nov 2 17
Dispon vel em
https://www.youtube.com/watch?v=OGGRCjHxq20&ab_cha
nnel=Politize%21 Acesso em: 01 Set. 2021.

POSETTI, J.; BONTCHEVA, K. Decif a a de i f a


sobre a COVID-19. Paris: UNESCO 2 2 a v 1 Dispon vel
31

em: https://pt.unesco.org/covid19/disinfodemic Acesso


em: 15 jun. 2021.

POSETTI, J.; BONTCHEVA, K. Di eca a e a


de i f a b e a COVID-19. Paris: UNESCO, 2020b. v.
2 Dispon vel em
https://pt.unesco.org/covid19/disinfodemic Acesso em: 15
jun. 2021.

SILVA, L. M.; LUCE, B.; FILHO, R. C. S Impacto da p s- verdade


em fontes de informaç o para sa de Revista Brasileira de
Bibli ec ia e D c e a S o Paulo v 13 p 271-
287, 2017 Dispon vel em:
https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/892. Acesso
em: 16 ago. 2021.

WARDLE, C.; DERAKHSHAN, H. Information Disorder:


toward an interdisciplinary framework for research and policy
making Strasbourg Council of Europe 2 17 Dispon vel em
https://rm.coe.int/information-disorder-toward-an-
interdisciplinary-framework-for-researc/168076277c.

ZAROCOSTAS, J. How to fight an infodemic. The Lancet,


Londres, v. 395, n. 10225, p. 676, 2020.

ZATTAR M Compet ncia em Informaç o e Desinfodemia no


contexto da pandemia de Covid-19. Liinc em Revista, Rio de
Janeiro, v. 16, n. 2, e5391, p. 1-13, 2020.
32

P S-HUMANISMO CR TICO

Ricardo Bibiano Dias Filho

P s-humanismo cr tico (ing: Critical Posthumanism3 uma


corrente de pensamento filos fica que apresenta uma leitura
do p s-humanismo (ing: posthumanism), orientando-se por
uma perspectiva da teoria cr tica critical studies). Nessa linha
de estudo, porfiam-se tanto as noç es de p s-humano (ing:
posthuman) referindo-se aos seus avatares, como
ciborgues, monstros, zumbis etc. quanto as do p s-
humanismo (ing: posthumanism) referindo-se ao discurso
social repensando a relaç o do humano em um mundo de
globalizaç o capitalismo tecnoci ncia e mudanças clim ticas
(HERBRECHTER, 2018).

Exemplo relevante est no c lebre filme Her (2013), de Spike


Jonze, no qual a personagem principal vem a se apaixonar por
um rob De acordo com Chen 2 18 Samantha a cyborgue
por quem a personagem principal se apaixona, pode ser
considerada humana, visto que dotada de livre arb trio
sentimentos e vontades, diferenciando-se somente pelo fato
de a sua mente n o estar presa dentro de uma casca
humana.

Figura 1. P ster do filme Her 2 13

Fonte: IMDB4

3 N o se confundir com post-humanism.


4 https://www.imdb.com/title/tt1798709/
33

Salienta-se que o p s-humanismo (ing: posthumanism) pode


ser estudado e desenvolvido a partir de diversas linhas
te ricas das quais se destaca o p s-humanismo cr tico
(critical posthumanism). Ademais, enfatiza-se que a traduç o
do termo pode apresentar ambiguidades, posto que se deriva
do ingl s critical posthumanism, comumente traduzido como
p s-humanismo cr tico No entanto deve-se atentar a que o
posthumanism (sem h fen) pode ser desenvolvido em
correntes filos ficas diferentes, dentro das quais est o post-
humanism (com h fen5). Cabe, dessa maneira, ressaltar que o
p s-humanismo cr tico a que nos referimos no presente
verbete se refere ao critical posthumanism (sem h fen).

marcado por seu estatuto de supradisciplinar, desvelando-


se muito mais como uma ferramenta te rica por meio da qual
se alcançam reflex es sobre as relaç es contempor neas
abrangendo homem, tecnologia, sociedade e meio ambiente.
Assim, pode ser estudado em interface com as mais diversas
reas do conhecimento incluindo mas n o se limitando
Teologia tica Hist ria Filosofia Sociologia Direito e
Lingu stica Aplicada Questionam-se assim quais s o as
caracter sticas que tornam o homem humano, a partir de
quando ele se tornou humano e sobretudo sua relaç o de
superioridade e de supremacia em relaç o natureza

Ainda para Braidotti 2 13 o p s-humanismo (ing:


posthumanism marca o fim da oposiç o entre o Humanismo
e o Anti-humanismo e traça um referencial te rico discursivo
diferente olhando mais afirmativamente em direç o a novas
alternativas Assim prop e-se a pensar as relaç es de
subjetividade do p s humano com as condiç es de exist ncia
contempor neas em uma nova tica

Em interface com a Lingu stica Aplicada LA a perspectiva


p s-humanista gera fricç o pois a LA sobretudo pensando a
quest o dos letramentos engaja-se em um ensino dentro de
uma perspectiva humanista (PENNYCOOK, 2018). Como
resultado h historicamente processos de letramentos que
entendem o homem como centro das pr ticas pedag gicas
n o procurando estabelecer e potencializar sua relaç o com
o que lhe extr nseco o que hoje retrabalhado na LA de vi s
p s-humanista cr tico De fato, aponta-se a necessidade de
revisitar as noç es humanistas que colocam o homem como
fonte de conhecimento e como em controle dos seus desejos
e intenç es assim como de discutir a desierarquizaç o dos

5Ver Ferrando, 2017, What does POST-HUMANISM mean? Dispon vel


em: https://www.youtube.com/watch?v=Nw1ZFGyQZ0U&t=9s.
34

sujeitos e o desenvolvimento do senso de responsabilidade


coletiva (PENNYCOOK, 2018).

Para entender o contexto em que se encontra o p s-humanismo


cr tico critical posthumanism) dentro das vertentes do p s-
humanismo, recomenda-se o seguinte v deo

Dispon vel em
https://www.youtube.com/watch?v=hm9zkvHVkL4&t=218s.

Para entender um exemplo pr tico do conceito de p s-humanismo


cr tico recomenda-se o seguinte v deo

Dispon vel em
https://www.youtube.com/watch?v=O8x1s8AwF_c

Verbetes associados: transhumanismo; p s-humanismo; p s-


humano.
35

Refe cia

BRAIDOTTI, Rosi. The posthuman. Cambridge: Polity Press,


2013.

CHEN, Mengqian. AI, cyborgs and post-humanism theory in


animation and films. In: MATEC WEB OF CONFERENCES,
2 18 Lisboa Portugal Dispon vel em: https://www.matec-
conferences.org/articles/matecconf/pdf/2018/87/mate
cconf_cas2018_05005.pdf. Acesso em: 27 ago. 2021.

FERRANDO, Francesca. 3. What is POSTHUMANISM? Dr.


Ferrando (NYU) - Course "The Posthuman" Lesson n. 3.
Youtube 7 dez 2 17 Dispon vel em:
https://www.youtube.com/watch?v=hm9zkvHVkL4&t=218
s. Acesso em: 18 ago. 2021.

FERRANDO, Francesca. 4. What does POST-HUMANISM


mean? Dr. Ferrando (NYU) - Course The Posthuman Lesson
n. 4. Youtube 7 dez 2 17 Dispon vel em
https://www.youtube.com/watch?v=Nw1ZFGyQZ0U&t=9s.
Acesso em: 26 ago. 2021.

HERBRECHTER, Stefan. Critical posthumanism. In:


BRAIDOTTI, Rosi; HLAVAJOVA, Maria (ed.). Posthuman
glossary London Bloomsbury 2 18 Dispon vel em
http://stefanherbrechter.com/wp-
content/uploads/2021/03/Critical-Posthumanism-A-
Definition-Herbrechter.pdf. Acesso em: 18 ago. 2021.

MIDSON, Scott. Dr. Scott Midson on ethics from a critical


posthumanist perspective. Youtube, 15 maio 2020.
Dispon vel em
https://www.youtube.com/watch?v=O8x1s8AwF_c. Acesso
em: 26 ago. 2021.

PENNYCOOK, Alastair. Posthumanist applied linguistics.


New York: Routledge, 2018.

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