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INSTALAÇÃO

Personagem cujo emploi* é o de uma moci- vras ou de músicas, podendo o ouvinte esco-
nha (ou, mais raramente, de um mocinho) cândi- lher livremente seu percurso.
da e inocente, devido a sua inexperiência de vida - Instalação musical: Éric Satie, em 1920, com
(ex.: Agnes em Escola de Mulheres ou o Cândi- Musique d'Ameublement, já propunha instalar
do de VOLTAIRE). um espaço sonoro em seus próprios móveis.
- Instalação fílmica: A. Warhol filma durante
horas e ininterruptamente o Empire State Build-
INSTALAÇÃO ing ( 1964) ou alguém que dorme (Sleep, 1963 ):
o menor movimento involuntário daquele que
"t), Fr.: installation; Ingl.: installation; AI.: /ns- dorme faz então o efeito de uma despudorada
talfation; Esp.: instalación. canastrice!

A instalação é contraditória, em seu princí2_io, 3. Razões do Fascínio da Instalação


em relaç!o ao fl uxo ininterrupto da representa- Sobre as Pessoas de Teatro
ção teatral viva, à constante renovação dos sig-
nos convocados em cena/M as é precisamente por Como e por quê o teatro, em marcha por natu-
causa deste aparente estatismo que ela fascina os reza, decide instalar-se?
en~nadores,
, pois eles procuram p~~ mo-
• O teatro sempre sonhou aliar-se às outras ar-
dificar o olhar do espectador: quando as coisas
tes, seduzindo-as para um projeto comum e, so-
estão instaladas, e os instaladores se- foram, che-
bretudo, pedindo-lhes para conservar sua manei-
gam~ ntão os visitantes que, com u~~
ra de ser. Certos encenadores gabam-se de não
~poderão tudo deslocar.
empregar um cenógrafo ou um músico de cena,
mas um artista plástico ou um compositor, cui-
1. Estratégia da Instalação dando para que eles não se submetam à concep-
ção de conjunto.
A instalação coloca no espaço elementos plás-
ticos, meios de comunicãção de massa, fontes de • Cansado de tomar decisões sobre a cronolo-
palavra ou de música, itinerários através de uma gia, o tempo, a história contada, ele prefere colo-
car o visitante no lugar dos atores, colocá-!o numa
cenografia, excluindo-se, todavia, atores ou perfor-
outra disposição de espírito: a de alguém qu~ ca-
mers vivos (seria então uma performance*). Os
minha a esmo, de um voyeur que passa à ação
meios de comunicação de massa - vídeo, cine-
apenas por seus deslocamentos.
ma, projeção de slides, telas de computador -
acham-se inseridos numa cenografia que facilita .. • Ele bem sabe, aliás, que as outras artes têm
o percurso*, o encaminhamento, a trajetória, a um olhar enviesado para com ele: fala-se em "ges-
visita livre ou guiada dos espectadores, que são to arquitetônico", em teatralidade da pintura; em
mais passantes que observadores. Prevendo para oralidade da poesia tradicional, em teatralidade
esses passantes um percurso tempo!al n~ espaço da música.
da instalação, leva-se melhor em conta a tempora- Ele é tentado pela chegada da arte conceituai a
lidade da experiência espectatorial: os passantes um campo teatral normalmente habitado pela pre-
podem deter-se num detalhe, abordar por diver- sença de atores bem concretos e impressiona-se
sas vias a instalação, e voltar atrás, influir sobre a com uma arte minimalista que vai ao encontro
natureza espaço-temporal da obra abordada. dos hábitos miméticos da representação.
• Na era das exposições e da museografia gene-
2. Tipos de Instalação ralizada da arte, os encenadores e cenógrafos che-
- f - •
gam mesmo a pensar que podem, por assim dizer,
- O f!!ic-à-brac da produção plástica e cênica é dispor das obras, "pendurá-las" e "despendurá-
convidado-a participar do encontro. las" a seu bel-prazer, fazer e desfazer o dispositi-
- Instalação sonora: diversos alto-falantes espa- vo da cena e da sala e, no entanto, continuarem a
lhados no espaço disseminam restos de pala- ser os donos do olhar fugidio do espectador.

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