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CENÁRIO
Fr.: Décor; Ingl.: set; A1.: Buhnenbild; Esp.: decorado. O temo também utilizado
em fra ncês e em inglês, scenario, no s
sentido de cavernas. (N. de T.)
Aquilo que, no palco, figura o qua
dro ou moldura da ação através
de meios pictórios, plásticos e ar
quitetônicos etc.
1. Cenário ou Cenografia?
A própria origem do termo (em francês, décor: pintura, dispositivo cênico*, área de atuação * ou objeto*cênico etc.
ornamentação, embelezamento) indica, suficientemente, Coma efeito, “tudo se passa como se a arte do cenário não
concepção mimética e pictórica da infraestrutura decorativa.
tivesse evoluído desde o final do século XIX. Continua – se a
Na consciência ingênua, o cenário é um telão de fundo, aplicar
em – lhe o mesmo vocabulário descritivo, a julgá – lo em
geral em perspectiva e ilusionista, que insere o espaço cênico
relação a conceitos estéticos precisos não levam em conta nem
num determinado meio*. Ora, isto é apenas uma estética seu objetivo, nem sua função [...] O cenário, como o
particular – a do naturalismo* do século XIX – e uma opção concebemos hoje, deve ser útil, eficaz, funcional. É mais uma
artística muito estreita. Daí resultam as tentativas dos críticos
ferramenta do que uma imagem, um instrumento e não um
de superar este termo e substituí – lo por cenografia*, plástica,
ornamento” (BALET, 1960 : 123).
Desde o início do século – de forma consciente e maleável (importância da iluminação *), expansível e
sistemática nos últimos anos vinte ou trinta anos – faz co – extensivo à interpretação do ator e à recepção do
– se sentir uma sadia reação no campo da plástica público. Em contraponto, todas as técnicas de jogo
cênica. O cenário não apenas se liberta de sua função fragmentado, simultâneo, nada mais são do que a
mimética, como também assume o espetáculo inteiro, aplicação dos novos princípios cenográficos: escolha
tornando – se seu motor interno. Ele ocupa a de uma forma ou de um material básico, busca de um
totalidade do espaço, tanto por sua tom rítmico ou de um princípio estruturante,
tridimensionalidade quanto pelos vazios significantes interpretação visual dos materiais humanos e
que sabe criar no espaço cênico. O cenário se torna plásticos.
4. O Não – Cenário como Cenário.
A estética do teatro pobre (GROTOWSKI, BROOK) ou na gestualidade dos atores, na sua forma de mimar
e o desejo de abstração por vezes conduzem o ou de simplesmente indicar o elemento decorativo
encenador a eliminar totalmente o cenário, na medida invisível. Na atualidade, prefere – se falar em
em que isto for possível, visto que o palco, mesmo dispositivo cênico*, Máquina teatral* ou objeto*
vazio, parece estar sempre “ aprestado” e “ cênico, que tem a vantagem de não limitar o cenário
esteticamente desnudo”. Assim sendo, tudo significa por meio de uma camisa – de - força que aprisiona a
por ausência: ausência do trono para o rei, de representação, mas fazem da cena, em contrapartida,
figuração para o palácio, do lugar exato para o mito. o lugar de uma prática e de uma retórica, graças ao
O cenário é perceptível apenas no “cenário verbal*” trabalho do diretor.
5. Funções Dramatúrgicas do Cenário
6. Cenário Construído
Fr.: décor cosntruit; Ingl.: constructed set; A1.:
A1.: Buhnenaufbauten; Esp.: decorado construido. Cenários no qual os planos essências das arquite-
Turas são realizados no espaço considerando – se
Deformações exigidas sob ótica teatral (SONREL,
1943).
7. Cenário Sonoro
Fr.: décor sonore; Ingl. Sound effects; cenário sonoro recorre á técnica da peça
A1.: radiofô- Nica, substituindo com
frequência, na atualidade, o Cenário
Gerauschkulisse; Esp.: decorado sonoro. realista e figurativo.
Forma de sugerir, através
de sons, o âmbito da peça.
O
Cenário Verbal
Fr.: décor verbal; Ingl.: verbal scenery; A1.: cênico, a transformação imediata do lugar a partir
do momento em que ele é anunciado. Em
Cenário que, em vez de ser mostrado através de SHAKESPEARE, dete modo, passa – se sem
meios visuais, é demonstrado pelo comentário dificuldade de um local exterior para outro
de uma personagem interior, se sem que seja necessário oferecer
( cf. Rosalina em Como lhes Apraz, de alogo além de uma simples indicação espacial ou
Shakespeare: “ pois bem, eis a floresta de uma troca de palavras que evoque um lugar
Arden”, II, IV). A técnica do cenário verbal só é diferente (indicações espaço – temporais*).
possível em virtude de uma convenção* aceita Honzl, 1940, 1971; Styan, 1967; d’ Amico,
pelo espectador: este tem que imaginar o lugar 1974
Cenários Simultâneos
Fr.: décors simultanés; Ingl. Simultaneous
Setting; A1: Simultanbuhne; Esp.:
Decorados simultâneos. Cenários que premassem visíveis ao longo de toda a
represen Tação, sendo distribuídos no espaço em que os
atores representam simultânea ou alternadamente,
conduzindo ás vezes o público de um lugar para o outro. Na
Idade Média, cada cena recebe o nome de mansão, quadro
para uma ação destacada. Este tipo de cena está muito em
voga atualmente, pelo fato de responder á necessidade de
fragmentação do espaço* e de multiplicação de
temporalidades e perspectivas*(cf. os cenários dos
espetáculos 1789, de L` Age d’ Or, na Cartoucherie, fauto I
E II, encenados por C. PEYMANN em Stuttgart, em 1977).