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COMO O AUDIOVISUAL INCORPORA

A FICCIONALIDADE NA SUA RELAÇÃO


COM AS OUTRAS ARTES

NARRATIVAS
FICCIONAIS
CESAR ZAMBERLAN
EXERCÍCIO

A partir do poema pássaro azul de Charles


Bukowski,escreva um argumento
de filme de 10 a 15 linhas
ENTREVISTA NO BLOG:
O ROTEIRISTA INSONE
DISTINÇÃO ENTRE
NARRATIVA FICCIONAL,
EXPERIMENTAL
E DOCUMENTAL
(FACTUAL/NÃO FICÇÃO)

COMO O AUDIOVISUAL INCORPORA


A FICCIONALIDADE NA SUA
RELAÇÃO
COM AS OUTRAS ARTES
Cinema surge na modernidade,
QUAL A
ESSÊNCIA
DO CINEMA? O CINEMA É
e, antes de ser uma “arte” ou
UMA
INVENÇÃO
uma linguagem, era um invento
SEM FUTURO! a ser explorado
industrialmente.
Produto = locomotiva ou o
automóvel.
Sob condição moderna e
industrial,
para além do invento,
precisou construir uma
finalidade, um vir-a-ser

romanciza-se, torna-se
NARRATIVO
Base da narrativa audiovisual = fotografia + teatro + literatura
Mas, cinema, no início, não era narrativo; tornou-se depois.

Encontro cinema
com narração

Figuração / Narrativas tradicionais


representação do para se legitimar
mundo por meio de uma enquanto arte.
imagem deste mundo Transformação, devir
(imagem em movimento
ao contrário da imagem
estática que não se
altera), numa duração
(recorte temporal)
Do ponto de vista da
arquitetura de produção do filme,
Gaudreault (apud Costa, 2005, p. 118):

1 - maioria dos filmes era composto de apenas


um plano, havendo apenas a etapa da filmagem
- estágio que dura de 1903 até + ou - 1910;

2 - Fase seguinte, filmes começam a ter vários


planos, mas planos não contínuos. Iniciam-se,
então, as etapas da filmagem e da montagem,
mas sem a primeira etapa estar relacionada à
segunda.

3 - A partir de 1910, filmes passam a ter vários


planos contínuos e a filmagem idealizada em
função da montagem posterior.
Base da narrativa
da arquitetura cinematográfica =
conceitos aristotélicos
narrativa de MIMESIS (imitação de uma
ação) + DIEGESE (narração)

Diegese mimética, ou mostração (do relato cênico,


“personagens em ação” - DRAMA)
+
Diegese não mimética, ou diegese simples, que é a
característica do relato escritural, ou seja, a
NARRAÇÃO. (Bordwell, 1985, p. 3)
Ismail Xavier - (1908) ponto de inflexão para a realização
de produções em que o cinema narrativo-sério-dramático
ganha terreno no mercado cinematográfico.

O movimento do cinema em direção ao narrativo-


dramático, mais preocupado com mensagens, faz
parte da luta pela legitimação do espetáculo popular,
seu esforço de enobrecimento naquela conjuntura, o
que de fato se ligou à mudanças na formação de
público e à conquista de novas esferas da sociedade
para além dos trabalhadores iletrados. Ao mesmo
tempo, definiu uma inscrição mais decisiva do
cinema no conceito de representação da tradição
burguesa, de modo a instalar essa dimensão de
continuidade que ata o cinema ao teatro.
(Xavier, 2003 B, p.66/67).
Dois Processos na
construção da linguagem
Filmes começaram a se tornar mais longos e mais narrativos

1º PÚBLICO / NOVA ARTE

processo de familiarização e aprendizado da leitura das


imagens e decodificação da gramática cinematográfica

2º REALIZADORES

processo de desenvolvimento paulatino da linguagem, dadas as


possibilidades do invento
Foi para se legitimar
enquanto espetáculo popular que o cinema
se tornou mais narrativo
e, para tal,
não tinha como fugir às formas narrativas
que o precediam,
o teatro e a literatura
o argumento do filme mudo americano da primeira
década do século XX – de onde sairia o modelo mais
Aumont, 2006, p.43),

reproduzido do cinema mundial – baseia-se num


aristotelismo perfeito: não há ação sem causa, não há
causa sem consequência, substituição, sempre que
possível, da estrutura alternante por uma estrutura
linear e, finalmente, a perspectiva da eficiência, com
aquele sustained clímax, onde desponta a
preocupação quantitativa e comercial”.
da arquitetura narrativa
transição do mudo para o sonoro
(década de 30)
forma narrativa do cinema clássico
= estrutura do romance realista do XIX
nexos de causa e consequência
encadeamento lógico de ações,
motivos e situações.
Realidade dada por organização cinema clássico
de mundo fechada na noção de norte-americano
causalidade, década de 1940
encadeamento também
na produção do filme “perfil de
= linha de montagem taylorizada equilíbrio” (rio)
(Bazin, 2003, p.79
... PESAM SOBRE O CINEMA IMEMORIAS TRADICÕES LITERÁRIAS E TEATRAIS.
EUROPEUS DEVERIAM VOLTAR OS OLHOS PARA ESSE POVO JOVEM E ISENTO DE
TODO PASSADO LIVRESCO OU CÊNICO QUE OS EUA REPRESENTAM.

"ELES NÃO TIVERAM


NADA A ESQUECER...
ENQUANTO DEVEMOS
TUDO ESQUECER, TODA
RICCIOTO CANUDO
(1877 -1923) UMA TRADIÇÃO
ESPIRITUAL DE
MILÊNIOS... NÓS
DEVEMOS DESAPRENDER,
APÓS TER TUDO
DESCOBERTO".
Canudo acertou:
linguagem cinematográfica se desenvolveria, num primeiro
momento, não na Europa letrada, mas nos EUA de Griffith.

Canudo errou:
não ocorreu apenas porque os EUA estivessem “isentos do
passado livresco ou cênico”, mas porque, mais do que em
qualquer outro lugar, lá encontrou sua vocação industrial e
precisou ir ao encontro dela.

E não dando as costas ao teatro e a literatura, mas


buscando, na experiência narrativa acumulada, séculos e
séculos, um caminho outro a partir das especificidades
técnicas que o dispositivo cinematográfico implicava.
Griffith Planificação
Linearização da
história aos moldes do Montagem paralela,
texto verbal Eisenstein (2002, p. 176)
“linearização do signo vai dizer que Griffith a
icônico e a construção de descobriu lendo Charles
uma sequência diegética Dickens.
pelo desmembramento dos
elementos da ação em Continuidade
fragmentos simples e
unívocos, os planos” Rompimento com
(Machado,1997, p. 102).
Estrutura linear -
Filmava como teatro simultaneidade de ações
(tableaux teatrais e em uma mesma
técnicas) depois as fazia sequência dramática sem
virar filmes picotando-as perder a unidade das
na montagem ações.
Planificação sintagma (Machado, 1997, p. 104/105).

Cena não precisa ser filmada em uma


única tomada
Quadro primitivo (Tableaux)
triturado em unidades
diferenciadas planos, fragmento de
uma ação, um dado essencial de
cada vez, recompostos numa
sequência linearizada,
hierarquizadas graças a estratégias
de ordenamento capazes de guiar
os olhos do espectador, sentido
depende do inter-relacionamento
dos fragmentos, planos, ao longo da
série sintagmática.
DÚVIDAS

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cesar.zamberlan@saojudas.br

CEL

(11) 992709766

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