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a u l a
Profissionalização e
mercado de trabalho

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


OBJETIVO
• Refletir sobre a política nacional de profissionalização e
inclusão da pessoa portadora de deficiência no mercado
de trabalho.

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Educação Especial | Profissionalização e mercado de trabalho

INTRODUÇÃO Este assunto tem sido uma constante preocupação de todos que estão
envolvidos com a Educação Especial e principalmente daqueles que sentem na
pele os efeitos da discriminação e do preconceito e lutam por uma sociedade
mais justa e humana.
Quando se trata de profissionalização e inserção no mercado de trabalho a
pessoa com algum tipo de limitação mais evidente, “mais visível”, torna-se
vítima de constante preconceito e discriminação.

A década de 1980 foi marcada por acontecimentos muito


importantes que acarretaram mudanças decisivas no que diz respeito à
Sistema Firjan – inclusão de modo geral. A Constituição Federal de 1988 permitiu que
Senai-RJ
Av. Graça Aranha, nº o Brasil, finalmente, apresentasse uma abertura e avançasse rumo à
1/8º andar – Centro conquista de ideais democráticos a exemplo da ONU, ao proibir toda
– RJ
e qualquer discriminação às pessoas portadoras de deficiências.
Central de
Atendimento Os brasileiros têm convivido com decretos, regulamentos e leis
0800 231 231
visando assegurar os direitos desses cidadãos e cidadãs ao exercício
pleno de sua cidadania como por exemplo o Decreto Nº 3.298 em 20/
12/1999 < http://www.mj.gov.br/sndh/corde_legis_fed/decretao.html>,
que regulamenta a Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989 e dispõe
sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência na sociedade em geral e no mercado de trabalho com ênfase na
obrigatoriedade de contratação pela empresas de pessoas com deficiências
e assim, criando uma reserva no mercado.
As empresas, mediante às exigências da lei, são obrigadas a
oferecer oportunidades também para as pessoas portadoras de deficiência.
No entanto, não basta impor medidas com base nas leis, é necessário que
estas se disponham a estudar e viabilizar a implementação de ações que
permitam a contratação de portadores de deficiência. Muitas empresas,
atendendo aos princípios da Responsabilidade Social, estão tendo que
adotar um comportamento compatível com as novas exigências do
mercado e dos consumidores, cada vez mais conscientes de seus direitos
como cidadãos.

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De acordo com matéria publicada no jornal O Globo em 6/1/2002
o sistema Firjan – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, <http:

AULA
//www.firjan.org.br >, em recentes pesquisas realizadas em quinhentas
empresas, revelou que estas sentem necessidade de orientação e
informação para cumprir os aspectos legais relativos ao processo
de inclusão de portadores de deficiência e apontam como maiores
dificuldades para cumprirem as leis os seguintes aspectos:

• a ausência de mecanismos de ajustamento em relação a


contratação;

• a inexistência de parâmetros quanto às funções que poderão


ser exercidas de forma adequada pelos deficientes;

• a necessidade de adequações dos ambientes na empresa


para movimentação dos deficientes;

• a ausência de conceitos mais flexíveis para o cumprimento


e a contratação.

• verificou-se também alguns aspectos restritivos que


se somam às dificuldades das empresas e são pontos
críticos no recrutamento e na seleção dos portadores de
deficiência como:

• a baixa escolaridade;

• a pouca qualificação e inexperiência.

Diante de tudo isso fica muito claro que é necessário a atuação da


sociedade organizada junto às empresas para vencerem:

• o preconceito;

• a falta de informação;

• as dificuldades mais rotineiras que impossibilitam


o envolvimento com as pessoas com necessidades
educacionais especiais, e as impedem de se integrar ao
mercado produtivo.
O sistema Firjan, diz a diretora de educação do sistema, uma vez

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Educação Especial | Profissionalização e mercado de trabalho

conhecendo as necessidade das empresas, se propõe a apoiar as iniciativas


das mesmas através do Projeto de Inclusão de Portadores de Deficiência
cujo objetivo é orientar e auxiliar o empresariado na implementação de
medidas que viabilizem o cumprimento da lei.
Além disso, assinaram com a Delegacia Regional do Trabalho
um termo de cooperação técnica visando a implementação e execução
SUGESTÃO DE
de um conjunto de ações de informação, de pesquisa, oferta de serviços
LEITURA:
por meio de um cadastro de portadores de deficiência já preparados para
A questão do trabalho
e emprego das o trabalho, qualificação profissional e o aumento de escolaridade.
pessoas portadoras de
deficiência. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e para atendê-
lo o trabalhador, além de apresentar habilidades específicas, deve ser
Apostila elaborada
por: Ana Rita de Paula especializado e demonstrar aprofundamento em determinadas áreas de
Carmem Leite Ribeiro
Bueno. trabalho. Precisa ter formação básica sólida, ser criativo, saber trabalhar
em equipe, ter capacidade de liderança e ser um “camaleão”, ou seja,
Maria Salete Fábio
Aranha. deve ser versátil, ser capaz de exercer funções diferentes e ocupar postos

SORRI- BRASIL 2000 diferenciados sem perda de qualidade e produtividade.


Na prática o que vemos é o trabalhador sendo solicitado a atender
um mercado cada vez mais exigente. Para isso deve ser capaz de identificar
e assumir tarefas diversificadas e de modo muito rápido e independente,
sem depender de ordens e comandos e para manter um bom nível de
empregabilidade necessita de aprimoramento e capacitação contínuos.
Os trabalhadores brasileiros não correspondem a esse perfil
devido a falta de investimentos, principalmente na educação. E se as
pessoas ditas normais estão longe de atender às exigências do mercado,
imaginem as pessoas portadoras de deficiência que, são submetidas as
mesmas exigências e que somadas às suas dificuldades comuns a todos,
estão as dificuldades e restrições impostas pela deficiência.
A escola tem um papel fundamental na educação e formação desse
trabalhador portador de deficiência e precisa optar por currículos que
realmente atendam as suas necessidades. Um conteúdo descontextulizado
leva à repetição sem expectativa nenhuma de aproveitamento no mercado de
trabalho de pessoas que independente de suas limitações físicas e/ou mentais
precisam sobreviver sendo inclusive, muitas vezes, arrimo de família.

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Atualmente, os Balcões de Emprego para portadores de deficiência
têm sido uma importante iniciativa e podemos citar como exemplo o

AULA
programa desenvolvido na Secretaria do Estado do Trabalho do Estado
do Rio de Janeiro- SeTrab:
O Balcão de Emprego dos Deficientes – BED é um programa BED – Balcão
de Emprego dos
desenvolvido pelo Sistema Nacional de Emprego do Estado do Rio de Deficientes.
Janeiro, diretamente ligado a Secretaria de Estado de Trabalho e Ação
SeTrab – Secretaria do
Social. Estado do Trabalho
– RJ
O BED, diz a coordenadora Júlia Nóbia Silva, tem como principal
objetivo desenvolver no Estado a Política para a integração das pessoas Av. General Justo, nº
275, sl. 810 –
Portadoras de deficiência visando a minimizar os problemas vivenciados Centro – RJ
CEP.: 20.021-180
por esta imensa parcela de trabalhadores, para o resgate da cidadania Fone.: 2299 1056
através da (re)integração no mercado de trabalho.
Outras iniciativas, no intuito de estimular e garantir ações voltadas
para a inserção dos portadores de deficiência no mercado de trabalho,
têm acontecido no Estado, como é o caso das prefeituras que criaram
incentivos ao setor impresarial com a Lei nº 950/86 regulamentada em
1994 que dá direito ao desconto no ISS, como dispõe o seu artigo 4º
citado a seguir:
Artigo 4º - As empresas que aderirem ao Programa estabelecido
nesta lei, poderão deduzir do total dos salários pagos, mensalmente,
aos deficientes físicos, que empreguem diretamente, do montante do ISS
devido no mês seguinte.

RESUMO

Os portadores de deficiência sempre foram muito discriminados no mercado de


trabalho. Atualmente existem leis que os apoiam nesse sentido e é com base nessas
leis que muitos estão conseguindo um emprego. Infelizmente um número muito
significativo de deficientes não têm escolaridade compatível com os cargos que
as empresas oferecem. As empresas são obrigadas a oferecer vagas e o fazem, mas
não têm nenhum interesse em incluir deficientes no seu quadro de empregados,
apenas abrem as vagas, pois basta isso para que sejam consideradas cumpridoras
das leis.

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Educação Especial | Profissionalização e mercado de trabalho

AUTO-AVALIAÇÃO

1. Você conhece alguma pessoa com deficiência que não consegue

trabalhar?

2. Na sua cidade tem algum programa visando a inclusão de deficientes

no mercado de trabalho?

3. Entrevistar um deficiente de sua comunidade.

4. Elaborar um projeto com o objetivo de promover a inclusão de

deficientes no mercado de trabalho na sua cidade.

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