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ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLOGIAS – ACITE

Instituição Pública Criada pelo Decreto Presidencial n.º 57/21, de 03 de Março

MESTRADO EM DIREITO, SEGURANÇA E INTELIGÊNCIA


MÓDULO DE SEGURANÇA NACIONAL, INTELIGÊNCIA E DIPLOMACIA

A INTELIGÊNCIA COMO FACTOR DETERMINANTE NA TOMADA DE


DECISÕES DOS ÓRGÃO DE DEFESA E SEGURANÇA

DILSON CARIMA

LUANDA/NOVEMBRO DE 2022
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO.........................................................................3

2- OBJECTIVOS.............................................................................4

3- JUSTIFICATIVA.......................................................................5

4- REVISÃO TEÓRICA................................................................6

5- METODOLOGIA.......................................................................7

6- CRONOGRAMA.......................................................................8

7- BIBLIOGRAFIA.........................................................................9

8- ANEXOS..................................................................................10

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1. INTRODUÇÃO
Neste tema particularmente pretendo explicar que a inteligência na actualidade tem
demonstrado ser o pilar dos Órgãos de Defesa e Segurança em todos os países do mundo a
quando da tomada de decisões. O crescimento exponencial e desorientado das cidades tem
ajudado e de que maneira o aumento do índice da violência e da criminalidade, que só poderão
ser contidos ou minimizados no campo preventivo ou repressivo através de um trabalho bem
elaborado, desde o planeamento até a execução dos Serviços de Inteligência das organizações
castrense. A produção de conhecimentos e a sua respectiva salvaguarda compreendem a
actividade de Inteligência que o Estado tem interesse em preservar, utilizando métodos e técnicas
que permitam afastar ou repelir tais práticas e a adoptar procedimentos sem uma orientação
racional.
A actividade de Inteligência, outrora denominada “Informações”, que sempre representou
um certo tabu, ficando restrita aos seus especialistas, na actualidade do Estado Democrático de
Direito abre as suas portas para que outros possam se deliciar dos seus conhecimentos e aplicá-
los com equidade em prol de uma sociedade mais fraterna e coesa. Esta senda nos levará a
preservação e manutenção da ordem pública, à segurança pública, à salubridade ou sanidade
pública e, por derradeiro, à tão almejada tranquilidade pública, a paz social. Conhecer os
meandros da Inteligência é tarefa vital para o operador da área de preservação da ordem pública,
com o intento de que seja o melhor no seu ofício.

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2. OBJECTIVOS
Pretendo pois com esse tema buscar e mostrar as razões concretas que estão na base da
aplicabilidade da Inteligência, usando todos os métodos e técnicas para afastar, repelir e ou fazer
cessar possíveis actos danosos ou de instabilidade contra um detrminado Estado, e que
naturalmente será exercido pelos seus Especialistas afectos aos orgãos de defesa e segurança e
que virão aqui legitimar e fazer fé de que a Inteligência na verdade é mesmo um factor
determinante na tomada de qualquer decisão a quando de situações que venham beliscar aquilo
que é o fim único de um Estado, que é mais do que se não a salvaguarda da integridade territorial,
bem como a manutenção da paz e da estabilidade social por intermédio da combinação de eforços
jizados dos seus Órgaos de defesa e Segurança e afins.

Objectivo geral
Contribuir trazendo a baila novos métodos contextuais usados nesta areá de inteligencia no
sentido de dotar os nossos orgão de defeesa e segurança face a nova relaidade e dos ultimos
acontecimentos.

Objectivos específicos
 Exploratórios (conhecer, identificar, levantar, descobrir) os percusores tanto da antiga como
da nova geração, assim com estudar os novos acontecimentos e procurando descobrir as
possiveis falhas ou erros e dests feita aprender com erros de outras realidades.
 Descritivos (caracterizar, descrever, traçar, determinar) todos os apectos inerenteretes a
inteligencia como tal e traze-las no seio dos Orgaos castrense.
 Explicativos (analisar, avaliar, verificar, explicar) como a descoberta de novos metodos serão
uma mais valia para poder fazer mais em prol do tema em questão.

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3. JUSTIFICATIVA

Trago nesta abordagem este tema para que analisemos e concluamos que todo e qualquer
estado Democrático de direito, tem por obrigação estar em alerta máxima usando os seus orgão
de inteligência no sentido de buscar informações para posteriormente tomar decisões passando
naturalmente pelos orgãos de defesa e segurança, através do Conselho de Segurança Nacional ou
organismo semelhantes, no sentido de prevenir e ou amenizar eventuais situações de ingerência
externa e a violação da própria dignidade e integridade de um Estado.

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4. REVISÃO TEÓRICA

Com base nos conhecimentos já existentes acerca dos métodos e aplicação nos serviços de

Inteligência, pretendo com este trabalho de pesquisa, trazer a terreiro novas técnicas e métodos,

face a evolução dos fenómenos e a explosão da globalização.

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5. METODOLOGIA

Para Gil (1999), citado por Maxwell Ferreira de Oliveira (2011, p.8) o método científico é

um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos utilizados para atingir o conhecimento.

Neste trabalho irei usar todo tipo de pesquisa, desde documental, bibliografia, de investigação, de

campo e outros que forem possíveis e necessários.

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6. CRONOGRAMA

MES/ETAPAS NOVEMBRO/2022 DEZEMBRO JANEIRO/2023


Escolha do tema X
Levantamento X
bibliográfico
Elaboração do X
anteprojeto
Apresentação do X
projeto
Coleta de dados X
Análise dos X
dados
Organização do X
roteiro/partes
Redação do X
trabalho
Revisão e X
redação final
Entrega da X
monografia
Defesa da X
monografia

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7. BIBLIOGRAFIA

Livros:
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. SP: Atlas, 1991.

Maxwell Ferreira de Oliveira (2011). METODOLOGIA CIENTÍFICA: um manual para a


realização de pesquisas em administração. Catalão-Go

LAKATOS, Eva e Marconi, Marina. Metodologia do Trabalho Científico. SP : Atlas, 1992.

KEEGAN, John. Espionagem na Guerra: conhecer o inimigo de Napoleão á Al-Qaeda. 1. ed.


Lisboa: tinta-da-china, 2006.

BUZAN, Barry, Waever, O. 1998. Security: a new framework for analysis. London: Lynne
Rienner Publishers.

CEPIK, Marcos. 2002. Inteligência e Políticas Públicas: dinâmicas operacionais e condições de


legitimação. Security and Defense Studies Review, 2 (2).

FILHO, Fabio Nogueira Miranda. Interações entre Defesa e Inteligência: a Contribuição


desses Sectores para a Realização de Interesses Nacionais: Rev. Bra. Est. Def. v. 3, no 1,
jan./jun. 2016, p. 115-138.

SILVEIRA, Jorge António Alegria. Sistema de Inteligência de Defesa: A Importância da


Inteligência Estratégica no Âmbito do Ministério da Defesa: Revista da Escola Superior de
Guerra, v.24, n.49, p. 80-104, jan/jun. 2008.

BRANCO, André Haydt Castello, SCHAUFFERT, Fred Harry, LENTO, Luiz Otávio Botelho.
Inteligência e Segurança Pública, 1. ed. Palhoça: UninsulVirtual, 2014.

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Serviço de Inteligência e Segurança de Estado
Serviço de Inteligência e Segurança de Estado

SINSE

Organização

Natureza jurídica Serviço de inteligência

Missão Segurança Nacional

Dependência Governo da República de Angola

Ministério do Interior

Chefia Fernando Garcia Miala

Localização

Jurisdição territorial  Angola

Sede Luanda

Histórico

Criação 29 de Novembro de 1975

Sítio na internet

www.sinseangola.com

O Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) é o serviço de


inteligência de Angola, criada à 29 de Novembro de 1975, sob orientação do primeiro
Presidente de Angola António Agostinho Neto. [1]

Entretanto, Serviço de Inteligência e Segurança de Estado faz parte da Polícia


Nacional e está subordinada ao Ministério do Interior.

O SINSE, do ponto de vista específico as competências destes Serviços podem


estruturar-se em dois grandes pólos:

No pólo da informação a sua actividade, consistiu na busca e processamento de


informações, estratégicas, a produção de inteligência e a disseminação da mesma;
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No pólo da acção a sua actividade, consistiu na realização de operações de segurança
e de inteligência. [2]

Chefes

Eduardo Filomeno Barber Leiro Octávio (2013-2018)[3]

Fernando Garcia Miala (2018-)

Referências
1. ↑ D'Angola, Nelson Sul (1 de outubro de 2014). «SINSE sob suspeita de desvio de verba
presidencial em Angola». Deutsche Welle
2. ↑ «Angola: Órgãos de inteligência e segurança garantem exercício dos direitos dos
cidadãos». ANGOP. 29 de novembro de 2013
3. ↑ «Angola: Empossado novo Chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança do
Estado». ANGOP. 29 de novembro de 2013

Ligações externas

Sítio oficial (em português) [ligação inativa]

Serviços de Inteligência de
Angola sem inteligência
A cada dia que passa, os Angolanos vão vivendo um verdadeiro caos
social, na medida em que, hoje já não se fala mais dos planos de luta
para se realizar o sonho da casa própria ou de ter o primeiro carro.
As atenções estão viradas na aquisição de produtos alimentares que, todos os dias têm
um novo preço. Fruto disso, regista-se muitas reclamações contra as Políticas públicas
que muitas delas não se reflectem na vida do cidadão, sobretudo no tocante à
Corrupção, um dos males que, inclusive, os países tidos como potências mundiais
levam a questão da corrupção com muita seriedade, ao contrário de Angola em que o
combate à corrupção ainda não deixou de ser uma falácia.
Face a precariedade em que se encontra o País, os Serviços de Inteligência e
Segurança de Estado (SINSE) deviam, já que, de Inteligência e Segurança de Estado
não passa de uma mera nomenclatura. Está mais para um instrumento de intimidação,
perseguição e assassinato dos que se opõem ao regime ditatorial dirigido por um
Presidente revanchista, cheio de rancor, incompetente e curioso.
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O SINSE, na sua falta de trabalho em prol do povo sofredor, devia traçar programas
muito bem estruturados com objectivos claros para lavar a imagem do Partido
Governante, já que eles (SINSE) só servem mesmo para isso.
O SINSE nunca prestou um papel digno de elogio por parte do povo, o que mais sabe
fazer além de esbanjar a sua falta de importância para o Estado, é criar calúnias contra
os Líderes dos Partidos da oposição, corromper e envenenar os manifestantes.
A “operação Caranguejo” foi mais uma prova da falta de Inteligência do SINSE. Se o
objectivo desta operação que tem como exímio actor e testa-de-ferro o Major Pedro
Lussati, esta operação me parece ser mais uma peça teatral semelhante àquelas
manobras de diversão que estamos acostumados a verificar nos Órgãos de
Comunicação Público capturados pelo MPLA.
É incrível como a PGR não mede esforços em querer convencer a opinião pública e
não só, de que um ”Majorzinho “ era detentor daqueles todos milhões em Dólar, Euro e
Kwanza em malas. O mais absurdo nesta novela é: Como é que um Major conseguiu
levantar um montante daquele sem que o sistema de vigilância do BNA desse conta?
Como conseguiu aquele todo dinheiro num País que se diz estar em crise financeira?
Está claro (como a água) de que se trata de uma rede de mafiosos que introduziram na
Caixa de Segurança Social indivíduos que começaram a combater antes de serem
nascidos ou ainda Cidadãos que esperam por uma inserção na mesma caixa mas no
fundo já foram inseridos e o salário quem recebe são outras pessoas.
Outra mentira nisso tudo, foi a rapidez do Presidente da República em exonerar
aqueles oficiais da sua Casa de Segurança do dia pra noite. E se não bastasse a
Televisão do regime (TPA) produziu uma peça teatral denominada “Banquete” para
desviar a atenção do povo face aos Problemas que o mesmo (Povo) enfrenta.
Aos olhos da Nação chego à conclusão que, trata-se de uma lavagem da imagem do
Governo e do Partido que o suporta tendo em conta que as eleições gerais que se
aproximam. Mas tudo isto teve um efeito oposto, pois, até os menos atentos chegaram
a perceber que o País está sendo dirigido por pessoas de má-fé, sem qualquer
sensibilidade humana e que não hesita em sugar o sangue das pessoas.
Nos Países sérios, todo serviço de Inteligência serve de auxílio no combate a todos os
males que prejudicam o desenvolvimento do País, porque são eles (Serviços de
Inteligência) detentor de toda informação interna e externa.
Paradoxalmente, o SINSE está a contribuir na degradação do País, porque muitos
agentes desses serviços foram alvos de investigação e detenção. Logo, está patente
que a roubalheira em Angola é Multissetorial.
Em qualquer instituição pública tem sempre um ou mais dirigentes com olhos no
dinheiro público. Não é normal num País que se diz sério, com Serviços de Inteligência,
uma rede de falsificadores de documentos denominada “Pau Preto” terem mais de 100
carimbos de instituições públicas e privadas há mais de 10 anos. Então para que serve
o SINSE?
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Desta forma vamos continuar a regredir em termos de desenvolvimento, pois, não se
pode falar de desenvolvimento onde as pessoas morrem diariamente nos hospitais por
falta de funcionários qualificados e medicamentos. Não existe desenvolvimento com
fome e pobreza.
O desenvolvimento de um País verifica-se num verdadeiro sistema de saúde em que
qualquer “um” que fosse a um hospital encontraria o seu histórico médico desde a
infância até à idade em que se encontra para se prevenir das futuras doenças. E que
em cada casa tivesse um médico de família. Não é isso que nós vemos.
Você vai a um hospital público hoje, quem te atende é um. Semanas depois regressas
e quem te atende é outra pessoa que não sabe de nada dos problemas que você sofre
desde criança e nem te pede as receitas antigas para ver os fármacos que já haviam
sido administrados.
Qualquer País sério e infelizmente não é o caso de Angola, só desenvolve com uma
verdadeira administração da justiça, com tribunais sérios e com juízes competentes. A
aplicabilidade das leis deve ser para todos e não essa “Mbuandja” que se nota em
Angola, onde os corruptos são condenados e ficam em casa. Ao passo que os gatunos
de bolinho e sambapito são presos na hora e muitas vezes mesmo sem provas.
Com Juristas dos CAPs que nós temos, não me surpreendem quando aparecem para
inocentar criminosos do erário público nas TVs. Apenas o político e generais do MPLA
gozam do princípio da presunção de inocência, ou seja, a Lei só se aplica para uns e
para outros não.
Os Serviços de Inteligência enquanto continuarem nas axilas do MPLA nunca vão
corresponder com as suas exigências. Nós não podemos continuar com Instituições
que gastam dinheiro do OGE apenas para corromper manifestantes e Militantes da
UNITA, precisamos de um verdadeiro Serviços de Inteligência e não de maquiavélicos.
O Povo continua excitado diante de um governo que se masturba à luz do dia com
fundos públicos ao lado de um povo precisando de preservativos para satisfação de um
coito.
A fome aperta ao passo que quem fez promessas na Campanha eleitoral para
aplicação das políticas públicas, fica aí frente às câmaras das TVs fazendo “minete e
broxe” a um povo que clama apenas por um round ainda que seja sem beijo. Os
programas não funcionam, salvo para serem instrumentalizados como uma justificativa
para que sejam extraídos mais verbas nos Cofres de Estado.
Não há dinheiro para aplicabilidade dos planos no sul de Angola “um” povo que elegeu
o MPLA em 2017 morre de fome por culpa de um punhado de governantes composto
(maioritariamente) por ladrões da pior espécie. Mas têm dinheiro para cobrir a boca e
silenciar aqueles que no exercício do seu direito plasmado na Constituição da
República de Angola, exigem transparência e humanismo na gestão da coisa pública.
Ao mesmo tempo tem “um” SINSE que diz assegurar o Estado mas o (próprio) Chefe
de Estado está inseguro, pois a sua Casa de Segurança está cheio de Lussatismo onde
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os Majores e outros oficiais das F.A.A (Forças Armadas Angolanas) formaram um Clube
de Caranguejos onde rastejam com os fundos públicos manchando a imagem de quem
os nomeou sob olhar sereno e impávido do SISM (Serviços de Inteligência e Segurança
Militar), o mesmo SISM que faz de tudo até o impossível para adulterar a história do
País.
O Ministério das Finanças afirma “de viva voz” que nos últimos 2 anos pagou salário da
função pública com dinheiro vindo das receitas não petrolíferas. Então aonde estão
aplicar o dinheiro do Petróleo?
Numa altura em que existe uma grande margem entre o preço do barril previsto no
OGE que é de 39 dólares e o dos principais mercados internacionais que está a custar
acima dos 70 dólares.
Por outra, o Presidente da República neste momento corre risco de vida, visto que é
exactamente a sua Casa de Segurança que se transformou num Centro de Corrupção
onde oficiais das F.A.A esbanjam muito dinheiro sem qualquer receio. É desta forma
que noutros países está acontecer o Golpe Militar porque cria-se muita libertinagem,
arrogância e poderes aos Militares.
A UGP já não presta o seu verdadeiro papel de guardar o Presidente da República, já
que muitos deles estão envolvidos em esquemas de corrupção e associação criminosa.
Portanto, é uma ficção falar em combate à corrupção quando a PGR recebe ordens do
Presidente da República. Desta forma a justiça não move nenhum dedo ao
EDELTRUDES COSTA, Director de Gabinete do Presidente da República, envolvido
em vários esquemas de crimes.
O Povo deve fazer alguma coisa apoiando os Partidos na oposição, porque sozinhos
(sem a força do povo) será impossível derrubar a Ditadura de João Lourenço e seu
enxame de incompetentes e ladrões.
Sebem Freitas
Analista sem subvenção no OGE

Dossier 27 de Maio 1977: Um


carrasco dos fraccionistas
embarrado nos confins do Zango?
Como a história sobre o tenebroso acontecimento do dia 27 de Maio de
1977. É daquelas para se ir contando na medida em que vamos nos
recordando e a imagem de alguns assassinos e momentos vivenciados
nas cadeias vão se desfilando na minha memória.

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Hoje vim mais uma vez para vos falar deste aqui na foto na altura operativo da DISA
polícia secreta de Agostinho Neto que nos acontecimentos do dia 27 de maio de 1977.
Também aprontou das suas prendendo malta do bairro Sambizanga grande parte seus
conhecidos alguns até mesmo amigos de infância.
Mas como o facto de ter sido também uma vítima daquele acontecimento com
passagem pela cadeia de S. Paulo e campo de concentração do Tari na Kibala. Num
total de dois anos e poucos desde 1977 até finais de 1979 ainda assim, não me dá o
direito de falsear a verdade histórica daquele acontecimento.
Não vou poupar ninguém, chama-se ele como se chama e sobre este tipo aqui na foto
que até já o conhecia muito antes e com quem tinha privado um pouco nos idos tempo
colonial.
Quando ele morava no bairro Santo Rosa / Sambizanga onde era conhecido por
Nandocas. Também com a alcunha (Bukavu) dono de uma fama terrível naquele tempo
no meio feminino como engatatão e extremamente bangão.
Só vou dizer o que vi com os meus próprios olhos fora da cadeia no dia 27 de Maio e
depois já dentro como detido. Quanto sei ele esteve envolvido na detenção de muita
malta do bairro Sambizanga e de quando em vez aparecia na cadeia de S. Paulo e
casa da reclusão. Na espreita e controlo para saber se os seus detidos ainda estavam
vivos ou já tinham sido eliminados.
Infelizmente grande parte da malta do Sambizanga, meus e alguns amigos dele, foram
executados, em especial os que eram na altura da contra inteligência militar e seus
colegas da DISA.
Recordo-me de grande deles ainda tão bem como se fosse hoje, muitos ainda os
encontrei vivos e partilhei com eles os primeiros dias na tenebrosa cela (G). Que era a
cela que tinha mais sangue fresco humano salpicado pelas paredes e no chão.

Sangue dos detidos que regressavam dos interrogatórios completamente rebentados


alguns irreconhecíveis dado as fraturas e hematomas por todo o corpo. A cela estava
repleta de presos. 98% dos quais foram executados poucos dias depois de eu ter sido
transferido para a cela (F). Onde já tinha encontrado Reginaldo Silva, Rasgado, Abegão
Campos, o Aragão, Ex PGR, Dr. Areias, Vidigal, Ambrósio Lemos e tantos outros eles
sabem quem são.
Entre os executados da cela (G) importa deixar aqui uma lista e na medida em que foi
me recordando de outros nomes volto a publicar já que as minhas crónicas têm sempre
continuação. Entre outros que esatavão lá e foram executados menciono o Palhaço
(Man Palhas) da família Dias Dos Santos.
Este ainda vivo já tinha uma das vistas queimada por beatas de cigarros durante o
interrogatório, os manos Isaías e Simião com seu primo o Kipuku, o Meno que tinha
sido detido pelo seu próprio irmão o Pai dos Picas. Importa dizer, que o Meno quando

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foi detido estava de baixa médica, tinha os pés rebentados com o que parecia sarna
mesmo assim não foi poupado.
O Juka Gorila que morava mesmo ali perto nas Bs, este tinha o rosto completamente
desfigurado com coronhadas, Júlio um mulato que era da rua C11, Juka Ngando entre
outros tantos.
Continuarei
Por Fernando Vumby

As Forças Armadas Angolanas:


estabilidade, paz, diplomacia e
protecção do território
Dentro do aparelho do Estado o Exército e os membros dos órgãos de
defesa e segurança merecem uma atenção especial pelo seu patriotismo
e bravura na sua prontidão de protegerem dia e noite o País de todas as
complexidades e de todos os inimigos internos e externos da Nação,
nisso as FAA representam para o Estado angolano a base fundamental
para o equilíbrio e integridade público-Nacional.
Todo e qualquer militar sabe que deve seguir o seguinte princípio: “ordem, disciplina e
cadeia de comando”, assim funciona o mundo militar. A ordem é sinônimo de regras,
conduta, normas, a discplina, neste caso, tem haver com a deontologia profissional
militar e o comando significa hierarquia, de modo que cada um saiba qual  é seu lugar e
posição, o que deve fazer e o que não deve fazer.
As Forças Armadas Angolanas completaram 31 anos de existência, a estabilidade de
Angola deve muito ao nosso Exército, é um Exército valente, os nossos generais são
comprometidos com a paz e segurança do País, o nosso Estado Maior General tudo
tem feito para elevar cada vez mais a prontidão dos nossos bravos guerreiros, que
corajosamente e patrioticamente têm estado vigilantes o tempo todo para garantir a
harmonia social e a tranquiçidade do Estado, portanto, é inegável o grande trabalho das
FAA na defesa do País e na manutenção da integridade territorial.
A segurança do Estado é uma preocupação constante na agenda de qualquer governo,
sendo assim, o Executivo podia estabelecer um montante regular para o orçamento da
defesa (7 a 10 bilhões de dólares), nesse processo, sugiro que revejamos também a
nossa «Doutrina de Defesa Nacional e o nosso Modelo Estratégico de Planejamento
Operacional Militar» (minha área de actuação), tudo isso facilitaria três vezes mais a

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capacidade do nosso Exército como também elevaria o nível de prontidão e de
execução dos trabalhos dos nossos órgãos de Segurança. 
                Angola é uma referência em África em termos de mediação de conflitos, o
Executivo angolano tem sabido posicionar-se como um líder na área da diplomacia
militar (gestão de crises) colocando às partes à mesa das negociações com o intuito de
trazer estabilidade na Região, Presidente João Lourenço deve sim continuar com esta
dinâmica de pacificação no continente africano, contudo, como político-militar
continuarei sugerindo que tenhamos mais ambições bélicas, isso é, de um lado
devemos aumentar os investimentos no sector da Defesa, por outra, devemos criar
novas dinâmicas operacionais estratégico-militares, isso será possível se fizermos
algumas reformas no nosso Modelo de Segurança Doméstica, como angolano que sou,
sendo que a Pátria aos seus filhos não implora mas sim ordena, estaria sim disposto a
dar o meu contributo nisso tudo, seja no âmbito Projectual Estratégico-Militar Nacional,
seja no âmbito Político-diplomático internacional, dentro daquilo que são os programas
do governo em prol do enaltecimento do País no estrangeiro e dos interesses
nacionais.
                As Forças Armadas Angolanas são sinônimo não apenas de estabilidade
Nacional mas sim de estabilidade regional e continental, o Exército angolano directa e
indirectamente têm participado em muitas missões de paz em África, mesmo certos
governos africanos só continuam seguros e estáveis por causa do contributo de Angola
nas questões da defesa e político-militares, portanto, Angola é uma potência em África.
                O recrutamento ou admissão de cidadãos nacionais para o Exército deve ser
permanente, neste sector deve haver maior abertura, por exemplo se houver cidadãos
que por livre vontade queiram viver a vida militar, o Ministério da Defesa tal igual o
Ministério do Interior, devem dar oportunidades à esses cidadãos voluntários,
precisamos ter um Exército com mais de um milhão de efectivos num espaço de 5 a 7
anos, devemos fazer o mesmo com as forças policiais, forças navais, forças áreas,
forças cibernéticas, etc, mas para tal é necessário “ordem, disciplina e cadeia de
comando”.
Tudo isso faz-me recordar certos colegas meus militares no curso do Mestrado em
Relações Internacionais (Diplomacia, Mediação e Gestão de Crises), na época eles
eram coronéis e brigadeiros, estiveram em missões da NATO no Iraque, no Afganistão
e na Síria, na sala de aulas eles tratavam os colegas como se fossem soldados, era
difícil entendê-los inicialmente, mas aquilo era fruto das suas experiências enquanto
militares, hoje eles são bons diplomatas, de qualquer maneira a vida militar é mesmo
assim, os oficiais superiores têm um jeito próprio de interagir com os soldados e com os
demais dos seus subordinados e auxiliares, por isso é normal e natural quando um
militar age as vezes de um jeito que a maioria não entende, é fruto de um percurso de
vida militar.
 A diplomacia é a parte mais equilibrada e moderada da política, tive a chance de
estudar com três embaixadores, eram muito jovens, na época um deles tinha 32 anos,
era amigo pesssoal do nosso ex Reitor que hoje é Juiz no Tribunal Eclesiástico
(Tribunal do Vaticano), outros tinham 36 anos e 40 anos, eram da Europa do Leste,
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Europa Central e Europa do Norte, eram inteligentes e reservados, eu chamo tudo isso
de «prudência diplomática», mesmo a questão da segurança territorial exige um certo
nível de técnicas diplomáticas e coordenação entre os órgãos de segurança do Estado
com o Ministério das Relações exteriores porque a segurança Nacional na sua mais
profunda complexidade faz-se tendo em conta as questões internas e externas.
As Forças Armadas Angolanas têm feito o seu trabalho da melhor forma possível, as
FAA são um orgulho Nacional pelo seu empenho constante na manutenção da paz,
uma paz que não é apenas angolana mas sim paz regional, portanto, para se manter
isso é mesmo necessário que se façam mais investimentos no sector da defesa.
 Em Angola no fim de cada formação militar os formandos prestam o seguinte
juramento “prometo ser militar honesto, valente e vigilante, respeitar o povo e todos os
seus patrimónios, guardar e fazer guardar nos mais rigorosos sigilos os segredos
militares e do Estado”. É exactamente isso que um militar deve fazer, colocar a
segurança do Estado em primeiro lugar acima de tudo e de todos, proteger a Pátria de
todos os seus inimigos internos e externos, não importa quais sejam tais inimigos,
devem ser neutralizados em prol do bem maior que é a estabilidade territorial.
A nível militar o País continua crescendo muito, a nível diplomático também temos
vindo a dar passos importantes, motivo pelo qual, de modo que possamos reforçar
ainda mais a nossa dinâmica diplomática em todos os âmbitos, penso ser algo pontual
que criemos novas estratégias no melhoramento da formação diplomática em termos
de cooperação académico-científica diplomática, fazendo convénios com centros e
academias internacionais na área da diplomacia, direito internacional, economia
internacional, comunincação, psicologia das organizações, etc, digo isso porque além
de conhecer muitas destas academais aqui no Ocidente, pessoalmente tenho sido um
dos grandes projectistas das formações diplomáticas que muitos deles organizam,
ainda o mês passado elaborei um programa completo de um Curso de Alta Formação
intitulado “Geopolítica de África: Democracia, Diplomacia e Segurança”.
 Angola está num outro patamar político-militar em África, a nível internacional temos
tido ultimamente muita visibilidade por causa das mediações de Paz que o nosso
governo tem feito para a estabilidade das regiões africanas, isso é algo relevante,
estamos caminhando bem, como diz o ditado “é caminhando que se faz caminho”,
sendo assim, precisamos continuar a caminhar e nunca mais parar, pra trás jamais,
temos mesmo que avançar, avançar e avançar em todos os aspectos: econômicos,
sociais, políticos, diplomáticos, militares, tecnológicos (temos o satélite) e noutros
fóruns mais, portanto, os investimentos nesses sectores devem continuar, tendo uma
atenção especial nas Forças Armadas: Defesa e Segurança.
Diplomacia e Administração do Estado
Diplomacia e Políticas de Estado
Diplomacia e Políticas de Segurança
Diplomacia e Economia de Estado

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Diplomacia e Cooperação Internacional
Diplomacia e Cooperação Civil e Militar
Diplomacia Militar
No mundo estratégico-militar
Segurança Nacional
Competências internacionais
Por: Leonardo Quarenta
Ph.D em Direito Constitucional e Internacional
Mestrado em Relações Internacionais: Diplomacia, Mediação e Gestão de Crises
Formação em Conselheiro Civil e Militar
Formação em Geopolítica de África: O Papel da CPLP na Segurança Regional

General Miala pode vir a


supervisionar todos os
serviços de inteligência de
Angola
O general Fernando Garcia Miala pode vir a ser nomeado pelo Presidente da República
de Angola, João Lourenço, ao cargo máximo de supervisor de todos os serviços de
inteligência.

19
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A queda e ascensão do General Miala - 3:35
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Depois de ter sido até colocado na cadeia, Miala pode lançar uma ampla reforma dos
serviços de inteligência.

General Miala, como é conhecido, é filho de pai electricista e mãe doméstica e nasceu em
Luanda a 30 de Julho de 1959.

Licenciado em psicologia, passou por centros de instrução na Rússia, Cuba, Israel e


Brasil, e cumpriu missões militares em São Tomé e Príncipe e Saurimo.

Mais tarde foi chamado para fazer parte das estruturas que funcionavam na órbita da
Presidência da República, na então Secretaria de Defesa e Segurança, e depois na
Comissão de Segurança Estratégica (COSSE).

Rui Kandove cientista político que acompanha o percurso de Fernando Garcia Miala diz
ser um dos primeiros a se opor ao sistema corrupto que o país vive.

“General Miala é seguramente uma figura extraordinária, basta lembrar que foi ele o
primeiro angolano que se colocou contra os desvios do dinheiro que vieram da China”,
lembra aquele analista, para quem “seria colocar a pessoa certa no lugar certo”.

Kandove acrescenta, no entanto que “infelizmente a sua trajectória foi interrompida em


2006, quando ele denunciou os desvios do dinheiro da China, mas agora Miala terá de se
actualizar porque os métodos mudaram”.

José Gama, especialista em relações internacionais e diplomacia, caracteriza Fernando


Garcia Miala como responsável pelo trabalho de inteligência que levou o Governo a
desactivar as redes externas da UNITA, que culminou com o enfraquecimento da
guerrilha e o fim do conflito armado.

20
“A segunda fase é quando começa a se firmar como perito de segurança, tem a sua
autonomia profissional e é transferido para o Governo como vice-ministro do Interior
para o sector da segurança, mas logo a seguir deixa o Governo central para ser nomeado
director-geral do então criado SIE, órgão dependente do PR”, lembra Gama.

Aquele analista lembra que, depois, “ele foi emboscado por uma outra corrente que o
afasta, o prende e sequestra o poder do então PR, é este mesmo grupo que o afasta e
ganha espaço para realizar o saque ao empréstimo bilionário da China, dando lugar à
corrupção em Angola, no período em que José Eduardo dos Santos é remetido à
vulnerabilidade”.

Com a ascensão à Presidência de João Lourenço, Miala foi chamado para dirigir o
Serviço de Inteligência e Segurança do Estado

O general fala fluentemente inglês, russo, espanhol, francês e lingala.

Acções de inteligência contra o crime


violento
O comandante-geral da Polícia Nacional defendeu ontem, em Luanda, que se
desencadeiem acções acrescidas de inteligência policial, para a obtenção de resultados
mais eficazes e com repercussões positivas no sentimento de segurança e no aumento
da confiança transmitida a todos os cidadãos nacionais e estrangeiros.
01/11/2016  ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 06H36
 
 

André da Costa © Fotografia por: Conselho Consultivo Alargado da Polícia Nacional analisa estado da criminalidade no país
O comissário-geral Ambrósio de Lemos fez estas considerações durante a abertura do
Conselho Consultivo Alargado do Comando Geral da Polícia Nacional, que hoje
encerra. Lembrou que o Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças

21
Armadas Angolanas, no seu discurso sobre o estado da Nação, proferido no dia 16 de
Outubro, manifestou a preocupação do Executivo sobre a criminalidade violenta, em
especial nas províncias de Luanda, Benguela e Huíla, tendo alertado os órgãos de
Defesa e Segurança para a tomada de medidas que visam prevenir e combater tais
práticas.
Ambrósio de Lemos alertou, por isso, os efectivos da Polícia Nacional para continuarem
a empreender esforços de modo a prevenir e combater a criminalidade e devolver o
sentimento de segurança à população.  Durante a reunião, os comandantes provinciais
e directores nacionais do Ministério do Interior estão a abordar questões estruturantes
da vida da Polícia Nacional e balancear as actividades desenvolvidas durante os nove
meses do ano em curso, bem como a traçar estratégias para a prevenção da
criminalidade, sinistralidade rodoviária, imigração ilegal e o terrorismo.
No conselho consultivo alargado estão, igualmente, a ser definidas as principais linhas
de orientação para o enfrentamento da criminalidade em toda a sua dimensão,
particularmente em períodos susceptíveis de alteração da ordem, como na quadra
festiva.
Os participantes estão a discutir, entre os vários temas propostos, a adopção de uma
política de quadros mais racional e que corresponda à lógica de uma regular
progressão na carreira e no crescimento da Polícia Nacional, munida da necessária
segurança jurídica.
Outro tema em análise está relacionado com a busca de mecanismos mais viáveis para
uma compartimentação de competências dos efectivos que regulam o trânsito dentro e
fora das localidades, bem como a uniformização do sistema táctico-operacional e a
persistência na atitude comportamental de boas práticas por parte de todo o efectivo da
Polícia Nacional.
Está, igualmente, a ser analisada a informação relacionada com a estratégia de
asseguramento dos grandes eventos previstos para os últimos meses do ano, com
realce para os Jogos Desportivos da Região 5 da União Africana, a quadra festiva, o
41º aniversário da Independência Nacional e a continuidade do asseguramento do
processo eleitoral.
Durante os trabalhos, os membros do Conselho Consultivo Alargado do Comando
Geral da Polícia Nacional participam também de uma palestra subordinada ao tema “A
importância do uso das novas tecnologias de informação na gestão da actividade
policial”.

O que é a inteligência policial?

A inteligência policial é, em suma, voltada para a produção de conhecimentos a


serem utilizados em ações e estratégias de polícia judiciária, com o escopo de
identificar a estrutura e áreas de interesse da criminalidade organizada, por exemplo.

POLÍCIA NACIONAL DE ANGOLA

22
A garantia da ordem, a defesa da segurança e tranquilidade públicas, o asseguramento e protecção das
instituições, dos cidadãos e os respectivos bens, contra criminalidade violenta ou organizada e outros
tipos de ameaças e riscos, são fundamentos de valor sobre a existência da Polícia Nacional de Angola.   
Enquanto Órgão de Estado, a Constituição da República estatui no Artigo 210.º a Polícia Nacional de
Angola como uma instituição nacional, permanente, regular e apartidária, organizada na base da
hierarquia e da disciplina, incumbida da protecção e asseguramento policial do País, no estrito respeito
pela Constituição e pelas leis, bem como pelas convenções internacionais de que Angola seja parte. A
Polícia Nacional é composta exclusivamente por cidadãos angolanos, sendo a sua organização única para
todo o território nacional.   Lei própria regula a organização e o funcionamento da Polícia Nacional.

Definição e Natureza
A Polícia Nacional de Angola nos termos do Artigo 2.º do Decreto Presidencial nº 152/19, de 15 Maio, que
aprova o seu Estatuto Orgânico, abreviadamente designada por «PNA» é uma força militarizada,
uniformizada e armada, com natureza de força de segurança pública, dotada de autonomia operacional,
administrativa, financeira e patrimonial, e tem por missão fundamental: a) Assegurar e defender a
legalidade democrática; b) Garantir a segurança pública e o exercício dos direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos; c) Manter a ordem e tranquilidade públicas; d) Colaborar na execução da
política de defesa nacional, nos termos da Constituição e da lei. A PNA é constituída por pessoal
militarizado e por pessoal civil.

Dependência
A PNA, enquanto força de segurança, é dirigida pelo Presidente da República na qualidade de 
Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, e compete ao Departamento Ministerial
responsável pela ordem interna e segurança pública (Ministério do Interior) auxiliar o Presidente da
República na condução e direcção da PNA.   A PNA, enquanto órgão de segurança e ordem interna, está
sujeita à fiscalização política, administrativa e judicial, nos termos da Constituição e da Lei.

Princípios e Valores da Actividade da PNA


A PNA, no exercício das suas funções, observa especialmente os seguintes princípios: Princípio da
Legalidade; Princípio do Apartidarismo; Princípio da Proporcionalidade, da Necessidade e da Proibição de
Excesso; Princípio da Imparcialidade e da Neutralidade; Princípio da Probidade Pública; Princípio da
Colaboração com os Particulares; Princípio da Aproximação dos Serviços aos Cidadãos; Princípio da
Prossecução do Interesse Público; Princípio da Integridade e da  Responsabilidade Solidária; Princípio da
Cortesia e da Urbanidade; Princípio da Reserva e da Descrição; Princípio da Lealdade às Instituições e
Entidades Públicas e aos Superiores Interesses do Estado.

Posicionamento Estratégico da PNA


A PNA, enquanto Órgão da Administração Pública, assume tarefas de índole administrativa, no âmbito da
manutenção da ordem interna e da tranquilidade públicas, no asseguramento policial nacional fronteiriço
e marítimo, bem como no respeito pelo regular exercício dos direitos fundamentais dos cidadãos. No
contexto das suas missões gerais de prevenção e combate à criminalidade, a PNA integra ao sistema de
segurança nacional, a par das Forças Armadas Angolanas e demais Órgãos e Serviços de segurança e
Inteligência de Estado, ao qual permite-lhe colaborar nas políticas de Defesa Nacional, nos termos da
Constituição e da Lei.

23
Atribuições Essenciais
Em situações de normalidade constitucional, as atribuições da PNA são as constantes no seu Estatuto
Orgânico (Decreto Presidencial nº 152/19, de 15 de Maio) e demais legislação aplicável, e em situações de
excepção, resultantes da legislação sobre a Defesa Nacional e sobre os estados de guerra, de sítio e de
emergências.   

SEGURANÇA NA FRONTEIRA COMUM ABORDADA EM


REUNIÃO BI-PARTIDA ANGOLA-NAMÍBIA
20/04/2022 || 06:18:00

24
O Comandante-Geral da Polícia Nacional de Angola (PNA), Comissário-Geral, Arnaldo Manuel Carlos e o
Director-Geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC) Comissário-Chefe, António Paulo Bendje,
encabeçam uma delegação angolana que está desde 19 de Abril, na vizinha República da Namíbia, para
tratar da segurança na fronteira comum.

Imigração ilegal, tráfico de seres humanos, tráfico de armas de fogo, contrabando na importação e
exportação, tráfico de combustível, roubos de viaturas e assessórios, de roupas usadas, de telemóveis e
assessórios, são algumas das preocupações comuns das partes. 

Hoje, dia 20 de Abril, decorreu a reunião técnica que prepara a documentação e afina os pormenores
técnicos que antecedem a reunião entre os Comandantes-Gerais dos dois países vizinhos.

25
A reunião técnica foi encabeçada pelos dois responsáveis nacionais de Investigação Criminal,
nomeadamente: o Director Geral do SIC de Angola e o Director-Geral da Polícia de Investigação Criminal
da República da Namíbia,  Comissário - Morita Norres Naruseb.

Da reunião participam os principais responsáveis envolvidos nas questões de segurança da fronteira


comum, sendo, da parte angolana, o comandante provincial da Polícia Nacional no Cunene, Comissário -
António Simão Leitão Ribeiro; Comissários - Manuel "Chima", Comandante Nacional da Polícia Fiscal
Aduaneira; Augusto Vasco Sandundu, Director de Estudos e Planeamento da PNA; Gomes Bonda, Director
de Finanças da PNA, Carlos da Cunha Piedade, Director Nacional de Investigação de Ilícitos Penais da PNA,
os Subcomissários - Destino Pedro, Director do Gabinete da Interpol-Angola, Anisabel Santana, Directora
Nacional Adjunta de Intercâmbio e Cooperação da PNA; Cardoso Francisco Director Nacional Adjunto de
Operações e Segurança Pública, Mateus de Lemos Rodrigues, Director Nacional Adjunto de Comunicação
Institucional e Imprensa da PNA; Caca Uamatende, Director Provincial do SIC-Cunene e técnicos do
secretariado.

Da parte namibiana, Comissários - Peter Amadhila, Director de Inteligência Policial, Nicolas Endjala, Adido
de Polícia República da Namíbia em Angola, Elias Mutota, Comandante das forças especiais, Elisabth
Sibolile, Comandante da Região de Hhangwena, Rauna Amwele, Comandante da Região de Oshana, Titus
Shikongo, Comandante da Região de Omusati, Subcomissários - Lisias Shimutwikeni, chefe do grupo de
investidores da Namíbia,  Josia Shikongo, chefe da Divisão de Controlo de Armas de fogo e Martin
Shipanga, chefe do gabinete Nacional da Interpol.

Os trabalhos prosseguem amanhã, quinta-feira dia 21 de Abril.

Policia angolana cria órgãos de


inteligência para combater crime
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A Polícia Nacional (PN) prevê criar órgãos de investigação e inteligência,


para reforçar o combate ao crime e conformar a sua actuação, no quadro
do novo Estatuto Orgânico da corporação, anunciou hoje (quarta-feira) o
comandante-geral, Paulo de Almeida.
O novo Estatuto Orgânico da Polícia Nacional, aprovado, recentemente, em Decreto
Presidencial, institui dois órgãos que vão garantir a investigação de actos criminosos,
nomeadamente, a Direcção de Informações Policiais e a Direcção de Investigação de
Ilícitos Penais.
O estatuto prevê que ao primeiro, planificar, pesquisar, recolher, centralizar, analisar e
classificar as informações de interesse policial, visando auxiliar na actividade das forças
e no processo de tomada de decisões do mando superior.
26
Entretanto, competirá à Direcção de Investigação de Ilícitos Penais, definir
procedimentos, controlar e coordenar a actividade de investigação criminal e instruir
processos-crimes da competência da PN.
Ao discursar durante uma formatura operativa, Paulo de Almeida destacou a
importância do diploma que assegura juridicamente a actividade policial, pondo fim à
actuação “às cegas como polícia de quata-quata”.

Criação de “nossa esquadra”


A PN pretende acabar com o actual modelo das esquadras, passando para o modelo
intitulado “nossa esquadra”, que visa dar mais satisfação das preocupações e respostas
céleres aos cidadãos.
“Temos que acabar com as esquadras e postos policiais que rejeitam reclamações e
queixa das pessoas”, disse, para quem as esquadras são organismos mais importantes
na cadeia de comando.
Para tal, segundo Paulo de Almeida, a partir de 2020 vão priorizar a formação e
preparação de gestores especializados para as esquadras, começando com a
transformação da actual Escola Nacional de Ordem Pública para Escolas Práticas.
No quadro do combate à criminalidade no país, Paulo de Almeida reconheceu haver um
défice para pôr cobro à situação, uma vez que o país possui apenas um polícia para
dois mil habitantes.
Em função disso, reafirmou a intenção da criação de comunidade de vigilância nos
bairros para ajudar a combater o crime, contando com os órgãos de comunicação social
que devem, como disse, não só criticar, mas ajudar a divulgar as boas acções.

O Ministério do Interior, abreviadamente designado por "MININT" é o órgão do Estado angolano que
tem por missão propor, formular, coordenar, executar e avaliar a política do Executivo angolano em
matéria de ordem interna e segurança pública.

Cabe a este Departamento ministerial assegurar a inspecção e a fiscalização da actuação e


desenvolvimento da administração da Polícia Nacional, do Serviço de Investigação Criminal, Serviço
de Migração e Estrangeiros, Serviço Penitenciário e Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, com
vista a garantir a ordem, segurança e tranquilidade públicas.

27
Análise Criminal de Informações e a
Tomada de Decisão
No documento Informações policiais: importância na tomada de decisão na polícia nacional
de Angola (páginas 33-38)
Anexo XXII Plano de Modernização e Desenvolvimento da
Polícia Nacional Angolana
2.4. Análise Criminal de Informações e a Tomada de Decisão
A informação é uma ferramenta essencial para o funcionamento dos sistemas que trabalham com
processos passíveis de análise62, encaminhamento e decisão. Na verdade a informação é
primordial em todos os campos de exercício do conhecimento académico, das organizações
burocráticas, do mundo dos negócios e da actividade política. A informação é a base para o
julgamento e o exercício do poder, para a formulação de novas práticas que conduzem à eficácia,
à racionalização e à agilidade na movimentação dos processos nas diferentes estâncias e
hierarquias burocráticas63.

É importante observar uma estratégia inteligente nas fases iniciais de implantação de um sistema
de análise64 da informação. O trabalho de inteligência é muitas vezes caracterizado
principalmente como uma função de análise, uma actividade secreta, ou sobre o trabalho do
conhecimento.

A análise da informação envolve fases distintas: a colecta de informações65, identificando a


natureza e a credibilidade das fontes; a filtragem, incluindo o vocabulário controlado; e a
tradução, com linguagem controlada. Lévy afirma que “hoje, ainda que

61 A primeira característica prende-se com o horizonte temporal, em que as “decisões operacionais têm um

impacto imediato; as decisões tácticas têm um impacto a curto - médio prazo e as estratégicas
possuem um impacto a médio - longo prazo”. A segunda característica é a frequência de
repetição da mesma decisão, em que as “decisões operacionais são tomadas frequentemente (dia-
a-dia); as tácticas são tomadas com menos frequência e as estratégicas são tomadas com pouca
frequência. A terceira característica das decisões é o grau de estrutura da informação, no processo
da tomada de decisão, em que as decisões operacionais, as tácticas e as estratégicas são tomadas
consoante uma informação estruturada, semi-estruturada e não estruturada, respectivamente
(Rasgão, 2004:320-322).

62

A análise é o processo lógico que consiste na investigação (Processo de recolher evidencias,


informações ou pistas com o intuito de resolver algum problema, dúvida ou caso) das estruturas

28
básicas de uma informação, in pt.wiktionary.org/wiki/an%C3%A1lise, consultado em
25.02.2010.

63 http://www.i3g.org.br/experienciadocente/presencial/impactosocialdati/biblioteca/artigoeleonora.pdf,

consultado em 05.02.2010.

64 É indispensável para tácticas e estratégias de planeamento de sistemas de gestão de registos, produzindo

regularmente informações para informar decisores tácticos e estratégicos.

65 É parte da cultura organizacional, liderada pelo executivo - chefe, supervisores e gerentes de incentivar os

23

características universais sejam reconhecidas para toda a espécie humana, geralmente pensa- se
que as formas de conhecer, de pensar, de sentir são geralmente condicionadas pela época, cultura
e circunstâncias” (Lévy, 1999:14).

Na gestão das organizações, os dirigentes encontram diversos problemas e dificuldades,


necessitando deste modo do apoio incontestável de numerosos dados e informações, permitindo-
lhes analisar com precisão os pontos fracos e fortes, as ameaças e oportunidades, podendo assim
definir estratégias, estabelecer prioridades quanto aos objectivos a atingir e controlar
eficientemente a execução da estratégia (Rasgão, 2004:315).

Na análise da informação, devemos ter em consideração que nem toda a informação é tem a
fiabilidade desejada, devendo-se neste caso avaliar a qualidade da informação. Deste modo,
devemos ter em atenção a pertinência66, a oportunidade67, a exactidão68, a redução da
incerteza69, o elemento de surpresa70 e a acessibilidade71 da informação (Rasgão, 2004:36). A
informação ajuda a reduzir a incerteza acerca do resultado da decisão, sendo que a informação
para a tomada de decisão é diferente para cada nível72.

A um analista são exigidas habilidades e conhecimentos em aplicações variadas como: utilização


de diversos programas informáticos, estatística, o conhecimento de sistemas de informação
geográfica (SIG)73, as técnicas de análise espacial, saber argumentar, soluções criativas para
problemas, lógica, história, criminologia, sociologia, psicologia e direito, entre outros. Existem
vários tipos de análise criminal74: a táctica, a estratégica, a administrativa, a investigativa, a de
inteligência e, por último, a operacional.

Na Análise Criminal Táctica (ACT), devemos ter em atenção as variáveis como a localização, a
hora, o alvo e ou modus operandi, importantes para identificar um padrão criminal.

66

29
A informação deve ser pertinente, isto é, deve relacionar-se com os factos, estar disponível e ser
importante para a pessoa que a requer. A informação ajudará as pessoas a tomarem decisões
(Rasgão, 2004:36).

67 A informação deve ser “oportuna, ou seja, deve estar disponível à pessoa certa no momento certo”

(Rasgão, 2004:36).

68

A informação deve ser exacta, pelo que, se não for, perde o interesse (Rasgão, 2004:36).

69 A decisão deve ser tomada com informação precisa e eficaz, para que se possa reduzir a incerteza. Uma

boa informação envolve diferenças que faz a diferença (Rasgão, 2004:36).

70

O primeiro a ter a informação pode surpreender o adversário, obtendo deste modo vantagens
competitivas (Rasgão, 2004:36).

71 A informação só é útil se as “pessoas têm acesso a ela; a acessibilidade está ao alcance daqueles que

podem obter a informação a tempo de ser usada com eficiência e no formato que a torna útil”. O
formato electrónico é mais facilmente acessível do que a tecnologia do lápis e do papel (Rasgão,
2004:36).

72 Vide anexo XII, figura 13.

73 É usado para armazenar, organizar, analisar e visualizar qualquer tipo de dados não apenas incidentes ou

crimes.

74

24

Este tipo de análise refere-sesegundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:10), à análise de
dados e informações relativas ao “onde”, “quando” e “como” o crime aconteceu e foi praticado,
objectivando assistir aos investigadores na identificação e compreensão dos problemas
específicos e imediatos do crime. A procura de padrões para avaliações futuras é um dos aspectos
fundamentais deste tipo de análise. O objectivo principal é accionar à rápida resposta em relação
a uma série de crimes que estão ocorrendo.

30
A Análise Criminal Estratégica (ACE)75 “é o estudo de informações sobre o crime e a actividade
policial, integradas a factores sócio demográficos e espaciais, com a finalidade de determinação
de padrões das actividades criminais ao longo de um dado tempo como também avaliar as
respostas policiais e os procedimentos das instituições de segurança pública”, segundo Dantas &
Ferro (cit. in Filipe, 2006:11).

A Análise Criminal Administrativa (ACA)76, é a actividade de análise criminal que, segundo


Dantas & Ferro (cit. in Filipe, 2006:12) “consiste basicamente na apresentação dos resultados
de pesquisas e análises sobre o fenómeno do crime e questões conexas, tendo por base
necessidades políticas, legais e práticas que motivem a necessidade de informações da parte do
público interno e/ou externo”. Segundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:12), esta
análise centra-se no “fornecimento de informações sumarizadas, estatísticas e informações gerais
sobre tendências criminais para os gestores das instituições de segurança pública”.

Por outro lado, a Análise Criminal Investigativa (ACI)77 focaliza a sua atenção segundo Osborne
& Wernicke (cit. in Filipe, 2006:14) nos perfis das vítimas e dos suspeitos, com apoio de dados e
informações disponíveis, de cunho sócio-demográfico e antropológico, levantando hipóteses
gerais sobre o tipo de pessoa ou grupo que possa estar a cometer determinada sequência de
crimes.

75 O seu interesse concentra-se em problemas delituosos a longo prazo e suas causas, as tendências ou

variações da criminalidade e os factores que estão por trás dessas mudanças. O resultado é
comunicado em relatórios estatísticos, gráficos e mapas. A sua resposta está associada à
elaboração de políticas e estratégias para resolver problemas da criminalidade, a médio e/ou a
longo prazo (Osborne & Wernicke, 2003:11).

76 Neste tipo de análise, o objectivo principal é preparar apresentações para discussões com a comunidade,

bem como a elaboração de relatórios, propostas de recursos e a avaliação de viabilidade de


projectos futuros (Osborne & Wernicke, 2003:11).

77 O analista cinge-se com análise de crimes de homicídio, estupro e sequestros. É criado o perfil psicológico

e de comportamento dos suspeitos e das vítimas e possível relação entre vítimas. Com isto,
podemos identificar o autor ou quem será a próxima vítima (Osborne & Wernick, 2003:11).

25

A Análise de Inteligência78 está assente no estudo da criminalidade organizada, tenha ela sido
relatada ou não à polícia, para apoiar o esforço da investigação policial na identificação de
vínculos entre pessoas, eventos e património, segundo Dantas & Ferro (cit. in Filipe, 2006:13).

Por último, temos a Análise Operacional (AO)79 que visa essencialmente segundo Osborne &
Wernicke (cit. in Filipe, 2006:15) demonstrar como a Polícia emprega os seus recursos no
31
cumprimento das missões que lhe são atribuídas por lei, centrando-se nos gastos,
desenvolvimento das acções, orçamento e redistribuição de actividades e tarefas. Geralmente,
este tipo de análise faz-se quando são assumidas novas responsabilidades territoriais de actuação,
em momentos de contingência ou de reestruturação política.

Neste sentido, uma inteligência de policiamento será, no nosso ponto de vista, a mais adequada,
visto ser um modelo contemporâneo para situar a função de inteligência dentro da missão global
da organização policial (Carter, 2005), bem como tem um papel duplo de antecipação de riscos e
influencia a acção de análise e tomada de decisão.

A inteligência de policiamento80 é um modelo de negócio e uma filosofia de gestão, quando a


análise de dados e informações criminais são fundamentais para um objectivo, bem como a
tomada de decisão que tende a redução da criminalidade e dos problemas, a interrupção e
prevenção tanto através de gestão estratégica e eficazes estratégias de controlo que visam
potentes infractores (Ratcliffe, 2008a:89). Neste caso, Ratcliffe refere-se a técnica do
Policiamento Orientado para as Informações (POI), em que a principal prioridade do
policiamento deverá ser a identificação das causas, relações e consequências, isto é, de todo o
fenómeno e não apenas do crime concreto.

A identificação de padrões81 é essencial para a orientação do trabalho policial na prevenção da


criminalidade, através da análise descritiva de padrões de criminalidade,

78

O seu objecto de estudo é a relação entre as pessoas, grupos e organizações. Os delitos que aqui
se analisam são o narcotráfico, lavagem de dinheiro, terrorismo, roubo de viaturas. As
informações são obtidas através de vigilâncias especiais, escutas telefónicas, dados de
informadores, movimentos bancários, gravações, rastreamento de e-mails e infiltração (Osborne
&Wernick, 2003:11).

79 Esta análise é um produto interno dos serviços policiais e está relacionada com a gestão policial. Assim

sendo, o analista deve saber quantos efectivos se necessita para cada serviço e como distribuí-los
em tempo e espaço (divisão de território e turnos), quantificar a demanda e oferta dos serviços
policiais para poder justificar a pretensão de aumento de pessoal, veículos ou outros recursos
(Osborne & Wernicke, 2003:11).

80 A inteligência de policiamento exige uma maior integração de informações secretas, informações criminais

e análise da criminalidade.

81 Isto é, encontrar padrões em casos relatados nos crimes, características semelhantes e que são recorrentes.

26

32
passando-se a fazer um comentário sobre o futuro82. Para além deste temos igualmente o
desenvolvimento e manutenção de uma base de dados83, a produção de relatórios estatísticos84,
a análise de chamadas para serviços policiais, pesquisa e análise de suspeitos85 (Osborne &
Wernicke, 2003:6).

A análise do crime pode ajudar um decisor a perceber o que está a acontecer, permitindo-lhe uma
maior compreensão de padrões da criminalidade e de tendências criminais. Sem esta
compreensão, as pessoas que têm de tomar decisões que afectam a segurança e a integridade das
comunidades não terão acesso à informação vital e essencial para um bom planeamento e
estratégia. Neste sentido, os resultados da análise devem ser fornecidos atempadamente ao
decisor antes que este tome a decisão.

82

Porque há uma sugestão implícita de que os eventos passados são indicativos da criminalidade
futura (Ratcliffe, in press).

83 Em que devem estar especificados dados importantes recolhidos pela Polícia, bem como dados de

relatórios.

84

Para muitos esta é a primeira imagem que têm de um analista. É uma tarefa importante quando
queremos analisar as tendências ou mudanças positivas ou neutras dos dados recolhidos. É feito
diariamente, pode ser mensal, semestral ou anual.

85 É primordial a pesquisa na base de dados devido a existência de características em comum. O objecto de

27

Cap. 3 - As informações na Polícia Nacional de Angola


“Os serviços de informações constituem, actualmente, a primeira linha da defesa e segurança,
sendo que essa realidade é bastante mais evidente para os pequenos países”. (Professor Doutor
Adriano Moreira – Conferência subordinada ao tema a

“Função do Estado”, proferida no dia 12 de Outubro de 2002, em Coimbra, aquando da Sessão


Inicial do Curso de Defesa Nacional 2003, in Estudos de Direito e Segurança, Coordenação de
Jorge Bacelar Gouveia e Rui Pereira, Coimbra, Almedina, 2007, p. 228).

No presente capítulo trataremos de aspectos ligados com as informações na Polícia Nacional de


Angola. Aprofundaremos, mais concretamente, aspectos ligados com a história das informações
em Angola e o enquadramento legal das informações e segurança. Abordaremos igualmente

33
aspectos relacionados com a estrutura organizacional do Gabinete de Estudos e Informação e
Análise, bem como dos sistemas e níveis de informação na Polícia angolana.

Estrutura da Informação no Processo de


Decisão
No documento Informações policiais: importância na tomada de decisão na polícia nacional
de Angola (páginas 77-135)
Anexo XVII - Principais Defeitos da Tomada de Decisão. Anexo XVIII - Ciclo de Produção de
Informações.

Anexo XIX - Processo de Produção de Informação.

Anexo XX - Análise Criminal da Informação - Fins e Métodos de Análise. Anexo XXI - Estatuto
Orgânico da Polícia Nacional de Angola.

Anexo XXII - Plano de Modernização e Desenvolvimento da Polícia Nacional Angolana. Anexo


XXIII - Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola.

Anexo XXIV - Estatuto Orgânico do Comando provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional.

67

68

Anexo I - Entrevista ao Sr. Intendente Alfredo Nhime

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de curso


de Mestrado Integrado em Ciências Policias, sobre o tema principal INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL


DE ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data/Hora: 30 de Dezembro de 2009, pelas 09H30'.

Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de Angola, Gabinete do Senhor


Director do GEIA.

34
Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da
PSP. Entrevistado: Senhor Intendente Alfredo Nhime, Director do Gabinete de
Estudos, Informação e Análise do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de
Angola.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Director, o que é o GEIA e como está estruturado?

Resposta (R) AN: O GEIA é um Gabinete de Estudos, Informação e Análise, ele está estruturado
em áreas operativas e administrativas, também temos uma área de organização, responsável pela
planificação operativa. Está concebido para recepcionar, tratar e enviar aos órgãos de direito dos
demais níveis de informação do Comando Geral, todo o trabalho de informação quer operativa,
quer administrativa do Comando Provincial.

P 2 BMN: A Lei de Segurança Nacional é um instrumento essencial para a PN. Os especialistas


de informação e análise têm conhecimento desta lei? E a Constituição da República de Angola?

R AN: Bem, o funcionamento não só dos órgãos de informação, mas da própria sociedade rege-se
por lei. Na corporação o nosso lema é manter a ordem e a tranquilidade públicas e tem sempre
como suporte as leis vigentes na República de Angola entre as quais a Constituição da República
de Angola.

69

P 3 BMN: A formação que é ministrada aos especialistas de informação e análise é suficiente


para que estes desempenhem as suas funções com clareza e precisão? Actualmente todos os
elementos afectos a área de informação do GEIA/CPKNPN têm formação especializada? R AN:
O suficiente não, porque o homem tem que estar em constante formação, e até, é um programa
consentido pelo CG e está em cumprimento em todos os órgãos da Polícia Nacional (PN) em
todo o País, que é a formação contínua. Neste aspecto, nós aqui no GEIA constantemente temos
envidado esforços em reciclagens, no que concerne a reactualização dos níveis de informação ou
das Normas de Execução Permanente (NEP) e de especialidade. Mas também a nível central,
temos enviado especialistas para cursos de especialidade em que os instrutores/formadores são
internacionalistas cubanos.

P 4 BMN: Qual é aproximadamente o número de efectivos afectos ao Comando Provincial do


Kuanza-Norte da PN.

R AN: Aproximadamente o número de efectivos no Comando Provincial do Kuanza-Norte da


Policia Nacional de Angola é de 4.200 efectivos, estando próximo dos 5.000 efectivos.

P 5 BMN: Como Director do GEIA, qual é a informação necessária para que os Órgãos
Operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

R AN: Primeiro é que os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho Operativo Secreto
(TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que lhe rodeia, numa interacção constante entre
Cidadão - Polícia e vice-versa, neste caso estaremos a falar do trabalho de proximidade, porque o
35
polícia independentemente de pertencer a sociedade, também deve viver os problemas da própria
sociedade, e só assim é que poderá actuar. Tenho dito, nas aulas que lecciono (em matéria de
informação) que se o Polícia não estiver informado dos problemas que vive a sociedade, não
cumprirá com o seu verdadeiro papel, ele vai na rua apenas como um elemento fardado a polícia
e não como um polícia na rua, porque ele não sabe dos problemas que vive a sociedade na qual
está inserido.

P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?

R AN: Primeiro é que a segurança do cidadão começa por ele próprio, isto porque, imaginemos
que o cidadão, e como se diz que a ocasião faz o ladrão, o cidadão vai para a cama e deixa as
portas abertas, ou que não repara se as janelas ou portas estão fechadas, neste

70

caso quando o ladrão chegar só será entrar sem esforço nenhum, e neste caso a ocasião faz o
ladrão. Então a própria segurança começa mesmo pelo próprio cidadão, o Polícia é e será apenas
complementar.

P 7 BMN: Qual tem sido a principal tarefa da Policia Nacional de Angola.

R AN: A principal tarefa da PN continua a ser a prevenção. Bem ai está a própria essência da
Polícia, a prevenção do crime e não combater. A Polícia como instituição foi concebida para a
prevenção, mas quando acontecem delitos já há a necessidade de combater o crime. Então em
primeiro plano está a prevenção e em segundo plano a reacção (combate). As causas que estão na
base da criminalidade, aponto em primeiro lugar o desemprego, o que não quer dizer que as
pessoas empregadas não cometem crimes, mas uma maior percentagem é mais com pessoas
desempregadas. Assim sendo, os crimes contra as propriedades ocupam o primeiro lugar como
furtos, roubos. Por outro lado, também encontramos como causa no cometimento de crimes a
ingestão de bebidas alcoólicas, em que as ofensas corporais (graves ou simples) ocupam o
primeiro lugar, porque a pessoa com excesso de álcool no sangue é mais vulnerável no
cometimento de ofensas corporais e que, geralmente podem também surgir questões passionais,
problemas de ciúmes, desentendimento entre amigos/amigas, isto porque depois de uma festa ou
convívio, já ninguém consegue entender o outro, desentendendo-se surgindo a força dos
músculos dando origem a ofensas corporais.

P 8 BMN: As comunicações constituem uma ferramenta indispensável para o normal


funcionamento de qualquer organização/Instituição. No seu ponto de vista, como está a situação
das novas tecnologias a disposição do Comando Provincial do Kuanza-Norte, tendo em
consideração o nível de desenvolvimento que o País está a registar.

R AN: Bem na nossa Polícia em termos de comandos municipais, concretamente o nosso


Comando Provincial em termos de comunicações estamos mal/péssimos, é só para ver, que dos
dez (10) municípios que a Província e consequentemente o nosso Comando possui, apenas
podemos contar os comandos municipais com comunicações, porquanto as esquadras não
36
possuem, dependendo em termos de comunicações das administrações municipais e, geralmente
uma área operativa depender de uma área administrativa é um pouco complicado, porque
geralmente a Polícia não tem fronteiras, quer aos fins-de-semana, como em período nocturnos,
trabalhando desta feita a qualquer dia, hora ou local. Então se dependermos de uma área
administrativa e que pertence a um outro organismo (Governo Provincial) e com um

71

único período laboral já se torna complicado. Mesmo para os comandos municipais que possuem
comunicações, têm deparado com inúmeras dificuldades desde equipamento obsoleto, em mau
estado, não suportando problemas atmosféricos, etc, o que tem condicionado em grande parte na
tramitação das informações a tempo oportuno.

P 9 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o Comando
Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado (SISE)?

R AN: A cooperação tem sido a dois níveis (Interno e Externo). A nível interno são feitos entre
os diversos órgãos que constituem esta corporação (Investigação Criminal, Ordem Pública e
Posto de Comando principalmente), e a nível externo são feitos com órgãos como as Forças
Armadas Angolanas (FAA), os Serviços de Inteligência do Estado e outros órgãos até mesmo do
Ministério do Interior (MININT) e que tem sido bastante benéfico. A nível interno tratamos como
se fosse um só homem. Tratando da Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), como
se sabe, é o Órgão operativo da PN, e na qual tem como suporte principal a informação para o
desempenho normal das suas atribuições. A Direcção Provincial de Ordem Pública (DPOP)
geralmente é o tal sistema de todo um agente de autoridade, independentemente da especialidade
de cada um todos somos agentes da ordem pública e incorpora os Oficiais Operativos (O/O), as
Pessoas de Confiança (P/C), e ainda os Colaboradores Secretos (C/S) e a sua actividade prende-se
com a recolha de informação. P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com
a inexistência de uma base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal e não só é
inserida para futuras consultas) a nível da Polícia Nacional de Angola. O que tem a dizer sobre
isso?

R AN: A princípio diríamos que, a criação de uma base de dados será muito benéfico para a
nossa corporação. É de salientar que este estudo já está em curso e avançado a nível do Comando
Geral. Em todos os encontros operativos, reuniões já está a ser debatido esta questão, e penso que
o problema, deve ser por questão de tempo para se materializar. Esta ideia partiu dos órgãos
centrais do Comando Geral e a sua criação e materialização depende apenas do Comando Geral e
penso que a breve trecho poderemos ter este sistema implementado na Polícia Nacional de
Angola.

72

P 11 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser responsável por
esta?

37
R AN: Geralmente a tomada de decisão depende sempre das probabilidades estatísticas, isto é,
com base no fluxo de informação, quando variadíssimas informações o GEIA recepcionar,
teremos que ter uma decisão a tomar e não deve ser antes da comprovação de dados ou
informação, a não ser um caso urgente mas que vai merecer uma análise profunda. Por exemplo,
podemos ter a informação que no sitio X aconteceu um crime, devemos em primeiro lugar ter em
atenção os modus operandis que os marginais utilizaram, porque eles (marginais) poderão alterar
os seus modus operandis, porque também são astutos e que, neste caso só a repetição de um
crime numa determinada localidade é que geralmente já exige a tomada de decisão por parte de
quem de direito.

P 12 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está implicada
com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta de cooperação
entre estes?

R AN: Muitas vezes o problema não é da demora, a própria técnica em si de investigação


principalmente nos locais de sucesso, muitas vezes também implica para que o processo não seja
tratado em tempo oportuno. Principalmente quando se trata de casos de investigação e que exige
um trabalho operativo secreto e muitas vezes não temos os meios, nem a técnica disponível e que
se exige para o esclarecimento oportuno desses casos. Penso que no fundo há muitos elementos
que intervêm para que os processos não sejam apresentados a tempo devido a quem de direito,
isto é, ao Ministério Público. Quando também não há a colaboração principalmente das vitimas,
deixando deste modo que a Polícia descubra tudo é complicado e atrasa a celeridade do processo.
Repito que a falta de meios e técnica necessária para o descobrimento de crimes é um dos
factores da morosidade de muitos casos aqui no Comando Provincial do Kuanza-Norte da Policia
Nacional de Angola.

P 13 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a desenvolver-se de


forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio privilegiado na recolha de
informações?

R AN: Bem o Policiamento de Proximidade é um modelo que geralmente satisfaz as exigências


actuais da sociedade, principalmente das pessoas mais vulneráveis, falamos nos

73

casos dos idosos, das crianças, bem como também nas escolas, e outras áreas afins. Diria que a
polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto permanente com as
pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da situação operativa da sua área
de jurisdição, estamos a falar concretamente dos O/O, dos Chefes dos Serviços de Sectores,
porque eles têm a missão de fazerem o acompanhamento dinâmico do próprio sector, o
movimento demográfico e geralmente essa situação só é possível com o contacto permanente
com as pessoas que ali residem, como as Autoridades tradicionais, idosos, visto que eles têm a
informação, sabem quem é, e qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao crime,
os sítios geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de malfeitores, onde
traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher informações benéficas para a
actividade policial. O Policiamento de Proximidade tem neste sentido um papel fundamental e
38
crucial em que as forças no terreno vão descobrir os infractores para que depois possamos tomar
a decisão, direccionando as forças para a actuação.

P 14 BMN: A recolha de informação por parte do GEIA não conduz à duplicação de recursos
com outras entidades como a Direcção Provincial de Investigação Criminal, Direcção Provincial
de Ordem Pública e a Direcção Provincial de Investigação e Inspecção de Actividade
Económicas em determinados crimes? Se sim, como evitar?

R AN: Não tem acontecido, o GEIA é o órgão que como já frisamos atrás, de recepção,
tratamento, estudo e divulgação da própria informação. Quer dizer que, todos os outros órgãos
como a DPIC, DPOP, DPIIAE, cada um a seu nível, quando recebem uma informação, tratam
desta e canalizam ao GEIA para o tratamento final da informação para dar conhecimento a
direcção do Comando para a tomada de decisão.

P 15 BMN: As informações policiais recolhidas pela PN e as do SISE são de âmbitos diferentes?


Não existirá uma duplicação de competências?

R AN: Geralmente toda a informação que é pública é geralmente com as forças da Ordem
Pública. Na recolha de informação os Oficiais Operativos dos SISE têm um carácter secreto para
o descobrimento do delito, isto é, descobrem mas não actuam, porque têm as forças da ordem,
dando apenas a conhecer para que estas (Forças de segurança) possam dar o tratamento final.

74

P 16 BMN: A regulamentação existente para a prática de recolha, tratamento e produção de


informações na PNA é, então, suficiente ou deficiente?

R AN: Existe, tudo é a base de regulamentos, metodologias e também com base em Normas de
Execução Permanente (NEP).

P 17 BMN: Havendo a possibilidade de as Forças de segurança poderem recolher informações


para além das informações criminais, que âmbitos de intervenção deviam ser abrangidos por
essas informações?

R AN: Bem a informação não é só a polícia, a informação cabe a todos nós (Angola), só que o
tratamento é que depende de um Órgão especializado, senão a informação é de toda a sociedade.
Imaginemos que um acidente é presenciado por pessoas especializadas e a sociedade (pessoas),
mas cada um irá informar a sua maneira. Neste caso os órgãos especializados são chamados para
o tratamento final e dar a sequencia devida.

P 18 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva da
polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão tomar para a
solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?

R AN: A segurança não depende só dos órgãos especializados, mas sim de todos os elementos de
uma determinada sociedade. Os elementos ligados a segurança pública ou segurança privada
39
também fazem parte do subsistema do sistema de segurança pública. São elementos do
subsistema e no entanto fazem parte da segurança, só que o problema é que ele pode actuar mas
não dá o tratamento. Tem que fazer o encaminhamento aos órgãos de direito que é o caso da
Polícia, que está especializado em matéria de segurança e reposição da ordem e tranquilidade
públicas.

P 19 BMN: Senhor Director, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra questão que
eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.

R AN: Diríamos que tudo foi dito, só para dizer que tratando da segurança pública é um assunto
sério, porque toda a sociedade quando é insegura, toda a gente reclama problema do Estado.
Então neste sentido, todos os elementos são chamados a responsabilidade, cada um a seu nível a
tratar de segurança. A segurança começa dentro de mim e depois dos outros. Isso quer dizer que,
no caso do cidadão, não quer dizer que como a polícia já esta a realizar

75

policiamento nas ruas pode dormir com as portas abertas, mas sim, deve criar condições para a
sua própria segurança para que depois os outros organismos o venham complementar.

76

77

Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de curso


de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, sobre o tema principal INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL


DE ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data: 01 de Janeiro de 2010,

Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte de Angola, Gabinete do Senhor Chefe-Adjunto do


Posto de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional.

Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da


PSP. Entrevistado: Senhor Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-Adjunto do Posto
de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de Angola. Tendo
como grau académicos o 2º ano do Ensino Superior.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Chefe-Adjunto do Posto de Comando, o que é o Posto de Comando
e como está estruturado?

40
Resposta (R) APB: O Posto de Comando é um Órgão de asseguramento do Comando Provincial
do Kuanza-Norte da Polícia Nacional, nele portam várias actividades e tem como actividades
principais numa primeira fase o informe do relatório constante e diário ao Comando Geral da
Polícia Nacional de Angola, bem como o controle das forças, da situação operativa a nível da
Província, assim como em todas as formaturas organizar e comandar todas as forças do Comando
Provincial.

P 2 BMN: Como Chefe-Adjunto do Posto de Comando, qual é a informação necessária para que
os órgãos operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

R APB: O Posto de Comando depende das orientações de Sua Excia Senhor Comandante
Provincial e de Sua Excia Senhor 2º Comandante Provincial. O Posto de Comando recebe
diariamente as informações provenientes de todos os comandos municipais e canaliza para o
GEIA para que essa (informação) possa ser estudada e analisada para que por sua vez o GEIA

78

canaliza para Sua Excia Sr. Comandante Provincial. Assim sendo, a informação deve ser precisa,
imediata e oportuna e que cumpra com todos os requisitos necessários.

P 3 BMN: No se ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da


criminalidade?

R APB: Posso atribuir o aumento da criminalidade a falta de nível cultural por parte da
juventude, visto que os jovens são os que mais cometem delitos. A ingestão excessiva de bebidas
alcoólicas apresentam-se como principal causa para o cometimento de crimes, bem como a falta
de emprego, associada a um baixo nível académico (muitos ainda são analfabetos), que não
corresponde com as actuais exigências do mercado de emprego, enveredando desta feita para o
caminho da criminalidade (em que os furtos, roubos e violações, são as mais frequentes) como
forma de suprir as suas dificuldades financeiras. O vandalismo nas ruas em tempos de festa como
é o caso desta quadra festiva (2009), verificando-se brigas nas ruas entre jovens na faixa etária
dos 18 aos 35 anos. Tudo isto devido a falta cultural, a falta de educação familiar, que tem
originado numa deficiente educação escolar.

P 4 BMN: Quanto a formação que tem sido ministrada ao efectivo da Polícia Nacional, tem sido
benéfica para o exercício das suas funções?

R APB: Eu penso que tem havido vantagens e posso afirmar com segurança, porque o Ministério
do Interior e o Comando Geral, estão preocupados com a formação dos seus efectivos. No
passado por exemplo, posso dizer que a guerra foi uma das causas para a não formação de
maioria do pessoal afecto ao MININT e ao CG. Actualmente há desenvolvimento a nível do nível
académico do efectivo, bem como um aumento da própria cultura do sistema policial. O
Comando Geral, através de orientações e o próprio Comando Provincial tem cumprido estas
orientações, formando pessoal em termos de Ordem Pública, Ética Policial, Técnica Policial e
outras matérias através do Programa de Modernização e Desenvolvimento em curso em todo o
País, estando-se a notar evolução. Neste momento (01 de Janeiro de 2009) está a decorrer um
41
curso de superação policial (técnico policial e profissional), e que tem mostrado êxitos na forma
de actuação de muitos efectivos.

Texto
(1)
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS POLICIAIS E SEGURANÇA INTERNA

Bartolomeu Miguel Neto

Aspirante a Oficial de Polícia

Dissertação de Mestrado em Ciências Policiais XXII Curso de Formação de Oficiais de


Polícia

Informações Policiais

Importância na Tomada de Decisão na Polícia Nacional de Angola (O Caso do Comando


Provincial do Kuanza-Norte)

Orientador:

Intendente Manuel Augusto Magina da Silva


(2)
Estabelecimento de Ensino Instituto Superior de Ciências Policiais e

Segurança Interna

Autor Bartolomeu Miguel Neto Título da Obra Informações Policiais

-Importância na Tomada de Decisão na Polícia

Nacional de Angola (O Caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte)


42
Orientador Manuel Augusto Magina da Silva

Curso Mestrado em Ciências Policiais Local de Edição Lisboa


(3)
I

Aos meus pais Miguel e Isabel, pela confiança e pelo apoio que sempre me deram, bem
como pelo orgulho que sentem por mim e pela minha profissão (Polícia). À minha
amada esposa Domingas que esteve durante estes longos cinco anos distante de mim.
Aos meus filhos Miguel, Marinela, Lídia, Edna e Ivanildo, pelo amor, carinho e sorriso que
sempre demonstraram. Por último, mas não menos importante, aos meus irmãos, tios e
amigos em geral.
(4)
II

A execução deste trabalho não teria sido possível sem o contributo de várias pessoas.
Não podia, pois, deixar de lhes prestar um justo e sincero tributo.

Em primeiro lugar, um agradecimento especial ao Orientador deste Trabalho de Projecto


de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, Senhor Intendente Magina da Silva, não só
pela constante disponibilidade e sábias palavras que me guiaram ao longo de todo o
caminho, mas, sobretudo, pela amizade e camaradagem que sempre demonstrou.

Agradeço igualmente ao Senhor Intendente Luís Fiães Fernandes pela ajuda dada,
quanto a bibliografia consultada, para a realização do presente trabalho.

À Doutora Paula do Espírito Santo, pela paciência, disponibilidade e sensibilidade


mostrada nas correcções deste trabalho.

Agradeço igualmente aos meus irmãos e tios, pela coragem, camaradagem e força que
sempre me deram, para que pudesse culminar com êxito o curso.

Aos Senhores Intendentes Alfredo Nhime e Assunção Pedro Bengui e ao Inspector-Chefe


Óscar Manuel Soáres, pela disponibilidade demonstrada nas entrevistas realizadas em
Angola, no âmbito do presente trabalho.

Quero também agradecer ao Subcomissário David Pereira pela disponibilidade


demonstrada em me ajudar.

43
Aos meus amigos em geral, pelo apoio e amizade que sempre me proporcionaram.
Agradeço também aos meus colegas do XXII CFOP, pela amizade e ajuda, dando provas
que poderei contar sempre com eles, em especial ao Carlos Martins, José Catanho e
João Cunha.

Ao ISCPSI e ao seu corpo docente, pela formação que me concederam durante estes
longos cinco anos.

A Deus, por tudo.


(5)
III

CFOP - Curso de Formação de Oficiais de Polícia CGPN - Comando Geral da Polícia


Nacional de Angola CPA - Corpo de Polícia de Angola

CPI - Ciclo de Produção de Informação

CPKN - Comando Provincial do Kuanza-Norte CITA - Centro de Informação e Turismo de


Angola CMDTE - Comandante

CMDO - Comando

CRA - Constituição da República de Angola C/S - Colaborador Secreto

DISA - Direcção de Informações e Segurança de Angola EEI - Elementos Essenciais de


Informação

EIA - Estudo, Informação e Análise

EOPN - Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola EPP - Escola Prática de Polícia

FAA - Forças Armadas Angolanas

FNLA- Frente Nacional de Libertação de Angola FNUAP - Fundo das Nações Unidas para
a População FSS - Forças e Serviços de Segurança

GF - Guarda Fronteira

GOIA - Gabinete de Organização, Informação e Análise IDH - Índice de Desenvolvimento


Humano

44
INTERPOL - Polícia Internacional

ISCPSI - Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna MININT - Ministério


do Interior

MINSE - Ministério da Segurança de Estado

MPLA- Movimento Popular de Libertação de Angola NEP - Normas de Execução


Permanente

NEPAD - Nova Parceria para o Desenvolvimento de África

ODMs - Declaração do Milénio e nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio OEI -


Outros Elementos de Informação
(6)
IV

O/O - Oficiais Operativos

OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo P/C - Posto Comando

PIDE - Polícia Internacional e de Defesa do Estado PMD - Programa de Modernização e


Desenvolvimento PN - Polícia Nacional de Angola

POI - Policiamento Orientado pelas Informações PPI - Processo de Produção de


Informação PSP - Polícia de Segurança Pública

PSPA - Polícia de Segurança Pública de Angola

SADC - Comunidade de Desenvolvimento da África Austral

SCCIA - Serviço de Centralização e Coordenação de Informações de Angola SEI - Sistema


Estratégico de Informações

SIE - Serviço de Inteligência Externa SINFO - Serviço de Informações do Estado SIM -


Serviço de Inteligência Militar

SIPNA - Sistema de Informação da Polícia Nacional de Angola SISE - Serviço de


Inteligência e Segurança do Estado

45
TDH - Taxa de Desenvolvimento Humano TOS - Trabalho Operativo Secreto

UNDAF - Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola UNITA- União Nacional
para a Independência Total de Angola UPIP - Unidade de Protecção de Individualidades
Protocolares
(7)
V

Anexo I - Entrevista ao Sr. Intendente Alfredo Nhime ... 68

Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui ... 77

Anexo III - Entrevista ao Sr. Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres ... 83

Anexo IV - Lei de Segurança Nacional ... 94

Anexo V - Organograma da Polícia Nacional de Angola ... 96

Anexo VI - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia


Nacional. ... 98

Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola ... 100

Anexo VIII - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade ... 102

Anexo IX - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise ... 108

Anexo X - Desagregação das Informações Policiais. ... 113

Anexo XI - Fases da Tomada de Decisão ... 115

Anexo XII - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


Informação ... 117

Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão ...
119

Anexo XIV - Frequência da Repetição da Decisão ... 121

46
Anexo XV - Estrutura da Informação no Processo de Decisão ... 123

Anexo XVI - Hierarquia das Decisões na Gestão ... 125

Anexo XVII - Principais Defeitos da Tomada de Decisão ... 127

Anexo XVIII - Ciclo de Produção de Informações ... 129

Anexo XIX - Processo de Produção de Informação ... 131

Anexo XX - Análise Criminal da Informação, Fins e Métodos de Análise ... 133

Anexo XXI - Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola. ... 134

Anexo XXII - Plano de Modernização e Desenvolvimento da Polícia Nacional Angolana. ...


135
(8)
VI

Figura. 1 - Organograma da Polícia Nacional de Angola ... 96

Figura. 2 - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional. ...


98

Figura. 3 - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola ... 100

Figura. 4 - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade ... 102

Figura. 5 - Subsistema Formal ... 104

Figura. 6 - Subsistema Informal ... 105

Figura. 7 - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise ... 108

Figura. 8 - Organograma para Órgãos Operativos ... 109

Figura. 9 - Organograma para Comandos Provinciais ... 110

Figura. 10 - Organograma para Órgãos de Asseguramento ... 111

47
Figura. 11- Desagregação das Informações Policiais. ... 113

Figura. 12 - Fases da Tomada de Decisão ... 115

Figura. 13 - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


informação ... 117

Figura. 14 - Características das Decisões na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão ...


119

Figura. 15 - Frequência da Repetição da Decisão ... 121

Figura. 16 - Estrutura da Informação no Processo de Decisão... 123

Figura. 17 - Hierarquia das Decisões na Gestão ... 125

Figura. 18 - Ciclo de Produção de Informações ... 129

Índice de Quadros
Quadro. 1 - Principais Defeitos da Tomada de Decisão ... 127
Quadro. 2 - Processo de Produção de Informação ... 131
(9)
VII Dedicatória ... I Agradecimentos ... II Lista de Siglas ... III Índice de Anexos ... V Índice
de Figuras ... VI Índice de Quadros ... VI Índice Geral ... VII Resumo ... IX

INTRODUÇÃO ... 1

Cap. 1 - Situação actual da República de Angola e da Polícia Nacional de Angola. ... 4

1.1. Contextualização ... 4

1.1.1. Actual caracterização da República de Angola ... 4

1.1.2. Síntese da Origem Histórica da Polícia Nacional de Angola. ... 6

1.1.3. Estado actual da Polícia Nacional de Angola ... 8

1.1.4. Natureza e Atribuições da Polícia Nacional de Angola ... 10

48
Cap. 2 - Enquadramento temático. Introdução às informações policiais e à Tomada de
Decisão. .. 12

2.1. Conceito Genérico e Tipos de Informações Policiais... 12

2.1.1. Conceito Genérico de Informações Policiais ... 13

2.1.2. Tipos de Informações Policiais ... 15

2.2. O Processo de Produção de Informações. ... 17

2.3. A Tomada de Decisão. ... 20

2.4. Análise Criminal de Informações e a Tomada de Decisão... 22

Cap. 3 - As informações na Polícia Nacional de Angola ... 27

3.1. Breve Historial das Informações em Angola ... 27

3.2. Informações e segurança e seu enquadramento legal ... 30

3.3. Gabinete de estudos informação e análise ... 33


(10)
VIII

3.4.1. Subsistemas de informação ... 37

3.4.2. Níveis de informação ... 38

Cap. 4 - A problemática das informações na Polícia Nacional de Angola – O caso do


Comando Provincial do Kuanza-Norte. ... 41

4.1. Caracterização geral da Província do Kuanza-Norte... 41

4.2. O Comando Provincial do Kuanza-Norte ... 42

4.3. Modelo de tomada de decisão ... 44

4.4. Importância da informação na tomada de decisão no Comando Provincial do


Kuanza-Norte… ... 45

49
4.5. O Policiamento de proximidade e a recolha de informação ... 47

4.6. Articulação de dados entre os serviços de inteligência e a investigação criminal. ... 50

4.7. Plataforma digital para a troca de informação entre os diversos órgãos da Polícia
Nacional de Angola. ... 51

4.8. Modernização das infra-estruturas e apetrechamento técnico material de meios de


informação ... 54

CONCLUSÃO ... 57

BIBLIOGRAFIA ... 60
(11)
IX

As informações policiais são definidas como um conjunto de dados adquiridos pelos


serviços e forças policiais, dentro de um contexto organizacional bem definido, com o
objectivo de obter conhecimentos de índole policial, tendo sempre em conta os
princípios estabelecidos por lei. Da informação depende a tomada de decisão, que
consiste na resolução de um determinado problema depois de estar devidamente
identificado. Para que a decisão seja tomada é necessária uma análise exaustiva da
informação, ou seja, a adopção de um processo lógico de investigação das estruturas
básicas de uma informação.

A Polícia Nacional de Angola (PN) tem a missão de cumprir e fazer cumprir a lei, garantir
o normal funcionamento das instituições democráticas e o livre exercício dos direitos,
liberdades e garantias dos cidadãos. Para o seu normal funcionamento e cumprimento
das missões legalmente cometidas, a polícia necessita das informações policiais. Apesar
de já desempenharem um papel importantíssimo, ainda se afigura necessária a criação
de uma base de dados de informações policiais digitalizada, a nível nacional, para haver
uma troca de informações em tempo real e oportuno, levando assim a uma actuação
policial mais eficaz e eficiente.

No Comando Provincial de Polícia do Kuanza-Norte (CPKN), verifica-se que o designado


Policiamento de Proximidade não é implementado devido à falta de meios materiais e a
não haver formação dos agentes nesse âmbito, resultando, assim, numa ineficácia e
ineficiência das informações policiais.
(12)

50
1

INTRODUÇÃO

A) Temática e Objectivos

No presente trabalho procuraremos frisar aspectos pertinentes ligados às informações


policiais e o seu papel na tomada de decisão por parte dos órgãos policiais incumbidos
dessa tarefa.

Nas polícias modernas, a informação desempenha um papel importantíssimo, pelo que


os meios para a sua obtenção devem ser, e são, cada vez mais sofisticados. No entanto,
estes, sejam quais forem, devem respeitar sempre os direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos.

Actualmente, as organizações policiais têm excesso de informação. O imenso repositório


de informações, resultante de conteúdos arquivados, relatórios de investigações,
depoimentos, ocorrências e inquéritos, obriga os analistas a realizarem uma tarefa de
selecção intensa. Os sistemas de informações policiais dispõem de sistemas
informatizados que permitem aceder a uma ampla variedade de base de dados que, por
sua vez, nos dão acesso a um imensurável volume de informações de âmbito policial.

Pretendemos com este trabalho dar a conhecer aspectos relacionados com as


informações policiais e sua importância na tomada de decisão na PN, bem como analisar
a problemática das informações no Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN.
Debruçaremo-nos sobre os aspectos relacionados com o actual quadro da República de
Angola e da Polícia Nacional, assim como sobre conceitos de informações e de tomada
de decisão. Abordaremos igualmente os tipos de informações policiais, a recolha, o
tratamento, a análise e a produção de informações, que servem para a tomada de
decisão nos órgãos da PN.

Com o presente trabalho, procuraremos analisar o sistema de produção de informação


policial na Polícia Nacional de Angola. Pelo que propomos como objectivos principais e
específicos os seguintes:

1) A criação de uma base de dados para a troca de informação entre os vários órgãos de
informação e investigação criminal ao nível da Polícia Nacional de Angola;

2) Compreender o actual quadro das informações policiais em Angola e

51
3) Reflectir sobre a carência de meios materiais e humanos para o normal
funcionamento e produtividade dos órgãos ligados às informações policiais em Angola.
(13)
2

B) Problemática de Investigação – Hipóteses

Tendo em conta o que referimos anteriormente, propomo-nos a confirmar ou infirmar


as seguintes hipóteses:

1) O actual estádio da República de Angola, tendo em conta o seu acelerado nível de


desenvolvimento, obriga a que a produção e utilização das informações policiais sejam
cada vez mais eficazes e eficientes e que, para tal, a PN necessita de uma base de dados
a nível nacional.

2) Uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas estejam
dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste modo a sua
preparação e formação profissional nesta área.

C) Estrutura do Trabalho

O nosso trabalho está organizado da seguinte forma:

1) O primeiro e segundo capítulos enquadram a realidade da Polícia Nacional de Angola


e a realidade da República de Angola, bem como as informações policiais e a tomada de
decisão, com base na análise da literatura e documentação existentes;

2) No terceiro capítulo, explicaremos aspectos relacionados com as informações na PN,


bem como se processa a tomada de decisão por parte dos órgãos da Polícia,
considerando a informação que é por eles recolhida, analisada e interpretada; 3) No
quarto capítulo, demonstraremos a necessidade da PN dispor de uma base de

dados como existe na Polícia de Segurança Pública (o SEI).

D) Contexto de Investigação

No âmbito do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, pretendemos realizar


este Trabalho de Projecto que versa sobre Ciências Policiais, e cujo título é “Informações
Policiais - Importância na Tomada de Decisão na Polícia Nacional de Angola (O Caso do
Comando Provincial do Kuanza-Norte) ”, por diversos motivos. O primeiro tem a ver com
52
a própria essência das informações no âmbito da actividade policial, e o segundo com a
importância das informações na PN. Cremos que o tema escolhido é um assunto actual
em qualquer organização, relacionado com as novas tecnologias, sendo de relevante
interesse para a polícia em geral e para a PN em particular. Assim, iremos aplicar todos
os nossos
(14)
3

esforços não só para cumprir os objectivos pré-estabelecidos, mas também para


contribuir, de uma forma humilde, para uma evolução que se adivinha próxima no
contexto policial angolano.

Tentaremos igualmente certificar as nossas afirmações em diplomas legais e nos


resultados obtidos nas entrevistas e outros dados bibliográficos consultados.

E) Metodologia Adoptada

Iremos repartir o nosso trabalho em duas partes: Uma teórica e outra prática.

Na parte teórica, realizaremos consultas da legislação existente e sua regulamentação,


bem como fontes bibliográficas e documentos oficiais subordinados à temática das
informações. A análise documental basear-se-á em fontes privadas ou oficiais.

Já na parte prática efectuaremos entrevistas a pessoas que estão, de forma directa ou


indirecta, ligadas às informações policiais e com os processos de tomada de decisão na
actividade policial (método qualitativo). Neste sentido, a recolha de dados será feita
através da realização de entrevistas centradas no tema específico das informações.

Assim sendo, no primeiro capítulo faremos um enquadramento teórico em que


focaremos aspectos ligados à actual situação da República de Angola e da PN, bem
como uma apresentação do conceito de informações e da tomada de decisão. No
segundo capítulo trataremos das informações na PN e sua regulamentação. No último
capítulo (terceiro), daremos a conhecer da problemática das informações policiais na
Polícia Nacional de Angola, com realce para “O Caso do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Polícia Nacional”.

À PN cabe a missão de cumprir e fazer cumprir a lei, garantir o normal funcionamento


das instituições democráticas e o livre exercício dos direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos1. Por isso, deve pautar a sua actuação pelo profissionalismo exigível às polícias
das sociedades democráticas e modernas.
53
1
(15)
4

Cap. 1 - Situação actual da República de Angola e da Polícia


Nacional de
Angola.

“A vantagem é sempre de quem tem a ofensiva se quem defende não conhece e se


quem ataca é móvel flexível e o defensor pesado e lento. As informações constituem a
única forma de defesa avançada”. (Jorge Silva Carvalho, “Modelos de Sistemas de
Informações: Cooperação entre Sistemas de Informações”, in Estudos de Direito e
Segurança, Coordenação de

Jorge Bacelar Gouveia e Rui Pereira, Coimbra, Almedina, 2007, p. 230).

Como já referimos, o presente trabalho divide-se em três capítulos. Neste primeiro


capítulo, faremos uma contextualização da actual situação da República de Angola, bem
como da Polícia Nacional de Angola. De igual forma, apresentaremos possíveis
definições de informações e tomada de decisão, e frisaremos aspectos relacionados com
a análise criminal, como ferramenta indispensável para a tomada de decisão por parte
dos gestores da actividade policial. Assim, propomos nesta primeira parte do trabalho
estabelecer uma clara definição dos conceitos que formam o panorama das informações
policiais, bem como com a tomada de decisão policial. O analista criminal deve actuar
com base na informação, inteligência, baseando a sua estratégia no conhecimento,
permitindo tomar decisões racionais, em oposição às puramente emocionais.

1.1. Contextualização

1.1.1. Actual caracterização da República de Angola

Angola é uma República soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa


humana e na vontade do povo angolano, tendo como objectivo fundamental a
construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e
progresso social, constituindo um Estado Democrático de Direito que tem como
fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, a separação de
poderes e interdependência de funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e

54
de organização política e a democracia representativa e participativa. Deste modo,
promove e defende os direitos e liberdades fundamentais do Homem, quer como
indivíduo quer como membro de grupos sociais organizados, e assegura o respeito e a
garantia da sua efectivação pelos poderes
(16)
5

legislativo, executivo e judicial, seus órgãos e instituições, bem como por todas as
pessoas singulares e colectivas2.

A República de Angola é um país situado no centro - sul de África, que faz fronteira com
a Namíbia a sul, a República Democrática do Congo a norte, a Zâmbia a este e com a
costa ocidental ao longo do Oceano Atlântico. O último recenseamento populacional e
habitacional data de 1970. Contudo, as estimativas apontam para uma população actual
na ordem dos 16 a 18 milhões de pessoas, dispersos por uma área total de 1.246.700 de
km². Do total da sua população, 50,7% são mulheres, 53,3% reside em áreas urbanas e
50% tem entre 5 e 25 anos3. Angola é o segundo maior produtor de petróleo e de
diamantes na África Subsaariana e ocupa a 59ª posição entre as economias mundiais em
termos de produto interno bruto4.

Ao fim de oito anos de paz, o Governo de Angola começa a levar a cabo enormes
investimentos na reconstrução e renovação de infra-estruturas nacionais básicas, o que
se espera que tenha um impacto positivo significativo nas condições de vida da
população.

Angola tem vindo a evidenciar um desempenho sem precedentes, com a taxa de


crescimento da economia a atingir 23,3% em 2007, enquanto a inflação caiu de 105,6%,
em 2002, para 11,9%, em 20075. Tudo isto reflecte a estabilidade macroeconómica
alcançada, o bom desempenho nos sectores petrolífero e dos diamantes e a
recuperação nos sectores não minerais, nomeadamente os transportes e a agricultura.
As acções do Governo, no sentido de inverter os anos de instabilidade, são indicativas da
sua vontade de dar uma nova imagem de Angola à comunidade internacional, de ser um
interveniente activo nas redes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(OPEP) e de tirar o maior partido do seu potencial de exploração mineira e recursos
naturais. O capital humano de Angola é o recurso mais importante para assegurar um
futuro próspero para o país.

Um dos objectivos do Governo de Angola é reduzir substancialmente, ao longo da


próxima década, a taxa de incidência de pobreza, estabelecendo objectivos de acordo

55
com a Declaração do Milénio e nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs),
com o programa Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD) e com a
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), almejando uma diminuição
de 50% na

Cfr. artigos 1.º e 2.º da Lei Constitucional da República de Angola, vista e aprovada pela
Assembleia Constituinte, aos 21 de Janeiro de 2010.

3 Fonte: Ministério do Planeamento e Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP9. 4 Fonte: Banco Mundial 2007.

5
(17)
6

proporção de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia, até 2015, e uma
subida do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 75% até 2025, colocando
Angola entre os Países de Desenvolvimento Médio6.

Apesar dos esforços para melhorar o desempenho no sector da saúde, este sistema e os
respectivos serviços são ainda precários na medida em que carecem de infra-estruturas,
equipamento, pessoal formado e sistemas de acompanhamento adequados. Em 2005
havia 1.659 médicos em Angola, o equivalente a apenas um médico por 10.000
habitantes, tendo o Governo prometido aumentar esse rácio para 13 médicos por 10.000
habitantes, até 2015. Muitas províncias têm poucas infra-estruturas de saúde funcionais.
A esperança média de vida é de 42,4 anos para os homens e de 44,5 para as mulheres, o
acesso aos cuidados básicos de saúde ronda os 30% e o acesso a água e saneamento
básico (respectivamente, 62% e 69%) são baixos. A mortalidade materna é muito
elevada, na ordem das 1.850 mortes por cada 100.000 mulheres e as taxas de
mortalidade dos bebés e crianças com menos de cinco anos são de 150 e 250 por 1.000
nados-vivos, respectivamente. A gravidez entre as adolescentes é um dos motivos de
preocupação: 51,5% das raparigas entre os 15-19 anos têm, pelo menos, um filho. O uso
de preservativos é baixo (0,3%). A taxa de infecção por HIV entre os adultos em Angola é
de 5.0%7.

Os desafios identificados pelo Governo de Angola incluem os que se relacionam com8:


1.º paz, justiça, democracia, estabilidade social, unidade e coesão nacional e Segurança
Interna; 2.º redução da fome e da pobreza extrema, emprego, crescimento económico e

56
justa distribuição do rendimento nacional; 3.º desenvolvimento sustentável a longo
prazo, desenvolvimento humano, bem-estar para todos os angolanos e
desenvolvimento harmonioso do território; 4.º boa governação e transparência; 5.º
Angola, um país com futuro, respeitado pelos seus vizinhos, pelos parceiros e por toda a
comunidade internacional e cada vez mais integrado na economia mundial.

1.1.2. Síntese da Origem Histórica da Polícia Nacional de Angola.

Angola esteve durante cerca de cinco séculos subjugada pelo sistema colonial
português. Durante esse período, o colonialismo português utilizou vários instrumentos
para

6 Cfr. o esclarecido no Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola para o quinquénio 2009-2013. 7

Fonte: Ministério do Planeamento.

8 Cfr. o Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola (UNDAF). O actual UNDAF para o

quinquénio 2009-2013, constitui o quadro de planeamento das NU em Angola, no seu


apoio as prioridades nacionais do Governo. O UNDAF encontra-se substancialmente
harmonizado, nomeadamente em termos de ciclo programático com o Plano Nacional de
Desenvolvimento a Médio Prazo [2009-2013].
(18)
7

garantir a segurança pública, que passou pelos célebres e temidos Chefes de Posto,
Regedores9 e Cipaios10.

Em 1935, pressionado pelo desenvolvimento social então vigente, foi fundada a Polícia
de Segurança Pública de Angola (PSPA) com dependência directa do Governador-Geral
de Angola, entidade máxima que superintendia o então chamado “Estado de Angola”.
Em 1963, por Decreto do Governador-Geral, foi autorizado que o angolano “negro”, até
então utilizado apenas como força auxiliar, pudesse ascender a categoria de guarda de
2.ª ou 1.ª Classe, o equivalente hoje à categoria de Agente de Polícia.

Em 1975, o Governo português passou por várias transformações provocadas pelas lutas
armadas que ocorreram no chamado ultramar português de então. Como resultado o
Governo colonial tomou várias decisões entre as quais a formação de um “Governo de
transição”11, empossado no dia 31 de Janeiro de 1975 até à proclamação da
Independência em 11 de Novembro de 1975, integrado por três movimentos políticos,
57
sob a coordenação do Alto-comissário de Portugal. Nesta altura, o país conheceu a
extinção da Polícia de Segurança Pública (PSP) colonial, que deu lugar ao Corpo de
Polícia de Angola (CPA)12. Chefiavam este Corpo ainda embrionário, os Comandantes
Santana André Pitra “Petroff”, representado inicialmente por Armindo do Espírito Santo
Vieira pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Isaías Celestino
Chinguvo Chianeke pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)
e David Mekondo pela Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), oriundos dos
três movimentos de libertação nacional (Chiyaneke, 2002:20).

Fruto das decisões políticas, no dia 28 de Fevereiro de 1976 criou-se o Corpo de Polícia
Popular de Angola (CPPA). Esta data institucionalizou-se e passou a ser comemorada
como sendo o dia da fundação da PN, em homenagem ao juramento de bandeira dos
novos agentes formados na Escola de Polícia Mártires de Kapolo. Foi neste dia que o
Comandante Geral13 propôs ao Ministro da Defesa, General Iko Carreira, que a polícia
mudasse de denominação,

9 Eram os Administradores com amplos poderes, até mesmo de julgar pessoas, visto que eram os

responsáveis máximos do Governo.

10

Após a formação da East India Company (Compagnie des Indes), em 1719, as


companhias de cipaios indianos (Cipayes) foram criadas para aumentar as tropas
francesas e suíças mercenárias disponíveis. Por outro lado, os Cipaios também serviram
Portugal na Índia, que mais tarde, foram enviados para outros territórios do Império
Português, especialmente em África. Mais tarde, o termo "sipaio" (sipai) também foi
aplicado pelo português para os soldados e polícias africanos que patrulhavam as zonas
rurais.

11 Lei nº 1/75, Iª Série do Boletim Oficial, n.º 38, de 14 de Janeiro de 1975.

12 Instituído pelo Decreto-Lei n.º 24/75, de 01 de Abril, aquando da vigência do Governo de Transição, nas

vésperas da Independência Nacional.

13
(19)
8

58
de CPA para Corpo de Polícia Popular de Angola (CPPA). Neste mesmo dia, pela primeira
vez, foram enquadradas nas forças policiais cento e dois (102) efectivos do sexo
feminino, num total de trezentos e oitenta e três (383) polícias. Este acto demonstrou a
contribuição da Polícia na grandiosa luta que a mulher vem fazendo para a conquista
dos seus inalienáveis direitos.

Em 28 de Maio de 1978, a Polícia foi transferida do Ministério da Defesa para a


Secretaria de Estado da Ordem Interna (criada na mesma data) e integrada pela Polícia
Judiciária, a Inspecção dos Serviços Prisionais (retiradas da tutela do Ministério da
Justiça), bem como pela Direcção dos Serviços de Viação e Trânsito (saída do Ministério
dos Transportes).

Em 1979, o CPPA extinguiu-se dando lugar a Direcção Nacional da Polícia Popular. A


partir de 1985 novas reformas organizativas foram introduzidas no sistema policial que
resultaram na aplicação de um modelo de polícia integral, consubstanciado na
integração de todos órgãos policiais14 num único organismo dirigido por um
Comandante Geral, sob tutela do Ministério do Interior.

Entretanto, por força da evolução da situação político-militar do País, o Corpo de Polícia


sofreu várias mudanças relativamente à sua dependência hierárquica, organização e
funcionamento, até se transformar na Polícia Nacional de Angola (PN)15.

Finalmente, com o advento da paz em Angola (2002), outros passos têm sido dados
rumo à consolidação de uma organização policial renovada e modernizada,
comportando no seu seio forças especializadas na prevenção da criminalidade e no
combate ao crime organizado, ao terrorismo e aos distúrbios graves, tendo como
principal missão a “manutenção da ordem e tranquilidade públicas”16

1.1.3. Estado actual da Polícia Nacional de Angola

O estado actual da PN revê-se na execução do Plano de Modernização e


Desenvolvimento (PMD), em curso desde o ano de 2003, que define os principais rumos
que a PN se propõe seguir nos próximos dez anos, num processo permanente de
crescimento e

14 Designadamente Polícia de Investigação Criminal, Polícia Económica, Polícia de Trânsito, Polícia Fiscal,

Polícia de Fronteiras, Polícia de Ordem Pública e Polícia de Intervenção Rápida.

59
15 Através do Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho, que publica o seu Estatuto Orgânico. 16

Sendo este um conceito que não se encontra juridicamente definido, seguimos a


posição de Jorge Miranda (1994:83), para quem o conceito significa “o conjunto das
condições externas necessárias ao regular funcionamento das instituições e ao pleno
exercício dos direitos individuais, referindo-se aquelas condições externas não tanto por
se tratar da ordem nas ruas, mas antes porque estão em causa factores exteriores aos
direitos e circunstâncias envolventes no seu exercício”.
(20)
9

aperfeiçoamento dos meios e métodos técnicos de gestão da actividade policial, com


base em conhecimentos científicos e práticos, para que a Corporação se adeqúe às
exigências de um Estado de Direito e à democracia, no combate à criminalidade e à
sinistralidade rodoviária.

Com o fim da guerra, a PN assumiu na plenitude a sua função tradicional, o que implica
a melhoria do seu desempenho em todos os serviços, a fim de assegurar a ordem, a
segurança e a tranquilidade públicas, proteger as pessoas e bens, prevenir a
criminalidade e contribuir para o normal funcionamento das instituições democráticas, o
regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, primando sempre
pelo respeito da legalidade. Assim sendo, a necessidade de modernização face aos
novos desafios relaciona-se com a modernização das infra-estruturas logísticas e
tecnológicas, a modernização das mentalidades e a modernização dos métodos de
actuação e de intervenção policial17.

Alcançaram-se resultados significativos no respeitante à optimização do funcionamento


interno da PN, no domínio da elevação do nível de formação técnico-profissional e
cultural dos seus efectivos, no domínio da modernização técnico-logística e infra-
estrutural, no domínio do melhoramento das condições sociais dos efectivos e no
domínio da contenção das taxas de criminalidade e sinistralidade rodoviária.

As medidas de reestruturação orgânica em curso, com particular destaque para a criação


de Divisões de Polícia e de Unidades Especializadas, bem como o reequipamento
realizado, contribuíram para a melhoria substancial do aprumo e reacção das forças
policiais.

Melhorou igualmente o sentimento de segurança das populações, com a elevação da


confiança de que a Polícia está efectivamente a reorganizar-se. A confiança e expectativa

60
expressam-se pela afluência das populações às esquadras policiais para a denúncia dos
crimes e dos criminosos. Os esforços da protecção das fronteiras permitiram a cobertura
de toda a fronteira terrestre, o que constitui um passo importante no combate à
imigração ilegal.

Melhorou a imagem externa e interna da PN, com a implementação do novo modelo de


fardamento, com a melhoria das condições de atendimento nos piquetes e melhor
resposta às chamadas dos cidadãos. Iniciou-se também o processo de substituição das
espingardas de assalto AKM por pistolas, bem como o processo de recenseamento de
todo o efectivo (em

17 Cfr. o ponto 3 das Linhas Programáticas do Programa de Modernização e Desenvolvimento (Vide anexo
(21)
10

curso desde 2009), para possibilitar o registo e controlo administrativo dos elementos
policiais. O efectivo da PN, em 2009, era de aproximadamente 90.000 homens18.

1.1.4. Natureza e Atribuições da Polícia Nacional de Angola

O Ministério do Interior (MININT) “é o órgão do Governo Central ao qual compete


conceber, propor, coordenar e fiscalizar a execução das políticas públicas nos domínios
da segurança pública individual, protecção dos cidadãos, da propriedade e das
instituições, prevenção, investigação e repressão de actos que indiciam crimes e
transgressões de qualquer natureza, medidas de privação da liberdade, bem como a
entrada, permanência e saída de cidadãos estrangeiros execução das medidas privativas
da liberdade e garantia do exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos
cidadãos”19

O Estatuto Orgânico da Polícia Nacional (EOPN)20 alude no seu artigo 1.º que “a Polícia
Nacional de Angola é uma força militarizada competindo-lhe fundamentalmente: a
defesa da legalidade democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, o
respeito pelo regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, a
defesa e protecção da propriedade estatal colectiva, privada e pessoal, a prevenção à
delinquência e o combate à criminalidade e a colaboração na execução da Política de
Defesa Nacional nos termos que forem estabelecidos por lei”21

.
61
A PN é uma instituição independente com um orçamento próprio, a partir de dotações
financeiras globais inscritas no Orçamento Geral do Estado e aprovado por despacho
conjunto dos Ministros das Finanças e do Interior22. Segundo o disposto no artigo 6.º
do EOPN, a PN é integral e compreende três níveis de comando: O Comando Geral, o
Comando Provincial e o Comando Municipal.

A PN depende organicamente do MININT, conforme o previsto no artigo 2.º do mesmo


diploma, sendo a sua organização única e as suas missões exercidas em todo o território
nacional, obedecendo à hierarquia de comando a todos os níveis da sua estrutura,
segundo o disposto no artigo 3.º do EOPN.

18 Segundo declarações proferidas pelo Excelentíssimo Sr. Subcomissário Luís Cadete, Director Nacional de

Recursos Humanos da PN, na reunião realizada no dia 13 de Novembro de 2009, no


Auditório do ISCPSI, com os Aspirantes a Oficial de Polícia e Cadetes-Alunos deste
Instituto afectos a Comunidade angolana.

19

Cfr. o artigo 1.º Estatuto Orgânico do Ministério do Interior.

20 Vide anexo XXI.

21 Cfr. o artigo 1.º do Estatuto Orgânico da Polícia Nacional, publicado pelo Decreto n.º 20/93, de 11 de

Junho. Vide anexo XXI

22
(22)
11

O Comando Geral da Polícia Nacional (CGPN)23 superintende na administração,


preparação, manutenção e emprego das forças da PN24. É comandado por um
Comandante Geral25 coadjuvado por um 2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e
um 2.º Comandante Geral para a Protecção e Intervenção26, que deste modo asseguram
a realização das inspecções e visitas de ajuda e controlo aos diversos órgãos da Polícia
Nacional27. A PN tem como principal tarefa a prevenção28 da criminalidade.

23

62
Quanto à constituição do CGPN. Vide anexo V.

24 Cfr. o artigo 7.º do EOPN.

25 Cfr. o artigo 9.º do EOPN, o Comandante Geral da PN é equiparado a Vice-Ministro e compete-lhe

comandar, dirigir, coordenar e fiscalizar todos os serviços da Polícia Nacional,


submetendo a despacho do Ministro do Interior os assuntos que careçam de resolução
superior.

26 Cfr. o artigo 8.º do EOPN. 27 Idem artigo 11.º.

28 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(23)
12

Cap. 2 - Enquadramento temático. Introdução às informações


policiais e à
Tomada de Decisão.

“O papel fundamental das Informações é o de reduzir as incertezas e clarificar o que está


em jogo. A descoberta dos segredos é a essência da actividade de «Intelligence». É esse
jogo do “cobre e descobre” que justifica a existência dos serviços”. (António de Jesus
Bispo, “A Função de Informar”, in Informações e Segurança -

Estudos em Honra do General Pedro Cardoso, Coordenação de Adriano Moreira,

Lisboa, Prefácio, p. 84-85).

2.1. Conceito Genérico e Tipos de Informações Policiais.

Segundo Medeiros, “o recurso a um conhecimento antecipado ou a posteriori dos


factores que concorrem para um determinado acontecimento configura como um dos
instrumentos disponíveis no domínio da segurança interna”, que, de algum modo,
contribuirá para a “actuação policial a montante dos eventos prejudiciais, cujos graus de
ameaça e risco são de concretização potencial para a vida em sociedade” (Medeiros,
2001:1).

63
Ao referirmo-nos à actividade policial verificamos que informação e as informações
dizem respeito a finalidades diferentes. O conceito de informação refere-se a um
conjunto de dados ou notícias29 “colocados num contexto, relacionados com o espaço,
o tempo, o cenário da acção” (Bispo, 2004:78), mas que nada nos diz sobre a intenção
do emprego dos meios, dispositivo, superioridade ou deficiência do lado opositor. É,
portanto, a “matéria-prima necessária à produção, compilação de informações
necessárias e úteis” (Andrade, 2007:33).

Nos países anglo-saxónicos as informações têm a designação de inteligência30,


enquanto nos países lusófonos assumem a denominação de informações. No âmbito
concreto da actividade policial recebem o nome de informações policiais. Como afirma
Cardoso, “os ingleses, americanos, alemães e franceses dispõem de uma vasta
bibliografia sobre informações que muito tem contribuído para a preparação dos
políticos e do cidadão comum para aceitar as actividades de informação e dos serviços
que as accionam” (Cardoso, 1993:134).

29 Notícia é qualquer facto, documento ou material, cujo conhecimento se revele susceptível de ter interesse

para as finalidades de actuação de um serviço de informações (EPP, 2003:7).

30 Os ingleses e norte-americanos fazem o uso da expressão “intelligence”, ao passo que os franceses
(24)
13

2.1.1. Conceito Genérico de Informações Policiais

As informações policiais constituem um dos quatro pilares das polícias modernas31.


Assim sendo, ao falar de informações não devemos por de parte os conceitos
relacionados com dados, informação e conhecimento. Propomos esclarecer as distinções
entre estes conceitos, o que, cremos, contribuirá para uma maior percepção não só
deste capítulo como também do resto da dissertação.

Segundo Alter (cit. in Rasgão, 2004:22), dados são “factos e ou eventos, imagens ou sons
que podem ser pertinentes ou úteis para o desempenho de uma tarefa, mas que por si
só não conduzem a compreensão desse facto ou situação”.

Grenier e Metes (cit. in Rasgão, 2004:22) definem conhecimento “como a capacidade de


uma pessoa relacionar estruturas complexas de informação para um novo contexto.
Novos contextos implicam mudança, acção e dinamismo. O conhecimento não pode ser

64
partilhado, embora a técnica e os componentes da informação possam ser partilhados”.
Concordamos com esta definição visto que o conhecimento se situa na esfera cognitiva
individual, mas que as técnicas e os componentes da informação, por serem exteriores
ao ser humano, já podem ser partilhados.

Segundo Rasgão, a informação é “um modelo de representação do real, conjugando


registos em código convencionado de acontecimentos, objectos ou fluxos que
constituem esse real perceptível, segundo um determinado padrão de associação e
selecção” (Rasgão, 2004:21).

Por sua vez, Bispo refere que a informação em si é “o conjunto de dados colocados num
contexto relacionados com o espaço, o tempo, o cenário de acção” (Bispo, 2004:78).

Os diferentes autores referem-se ao conceito de informações de formas distintas


(embora apontando um caminho com algumas semelhanças), o que nos leva desde já a
afirmar que este conceito não é universal.

Em Espanha, a Direcção Geral de Polícia define o conceito de informações como “notícia,


que será o conhecimento de qualquer elemento ou efeito; e conhecimento de coisas
necessárias, sem tomar qualquer acção” (Medeiros, 2001:7). No nosso ponto de vista
este conceito é muito vago, apontado apenas para o mero conhecimento, desligado da
acção.

31 Constituem pilares das polícias modernas a prevenção, a reacção, a investigação criminal e as informações,

segundo matéria ministrada ao longo do 4º ano (XXII-CFOP) na disciplina de Modelos


de Policiamento, leccionada pelo Sr. Comissário Hugo Guinote.
(25)
14

Lockhart refere que existem cinco áreas atinentes às informações32 que contêm os
elementos necessários para a definição do conceito de informações. Desta forma, o
autor identifica, em primeiro lugar, a definição das necessidades e prioridades de
informações por parte dos governos. De seguida, identifica a fusão das informações
conforme orientação do governo, através de processos de pesquisa secretas ou abertas.
Surge depois a contra - informação ou segurança das informações, as acções
encobertas, finalizando com a análise e avaliação de toda a informação recolhida
(Lockhart, 1987:37-52).

65
Segundo Medeiros, as informações são o resultado da pesquisa e processamento de
notícias relativas a situações actuais ou potenciais e a condições relacionadas com
actividades internas ou externas, bem como a áreas adversárias (Medeiros, 2001:8),
assumindo deste modo o conceito de informações enquanto produto.

O conceito de inteligência ou informações “pode ser encarado como informação ou


conhecimento; como actividade operacional concebida para adquirir, explorar ou
proteger esse conhecimento; e como organização desenvolvida com o intuito de
prosseguir esses objectivos” (Medeiros, 2001:9).

Shulsky atribui à inteligência um triplo horizonte: na qualidade do produto, conforme


actividade e enquanto organização, estando ligada com informações de carácter de
segurança nacional. À semelhança de Roy Godson33, também Shulsky reconhece quatro
elementos essenciais, precisando que “independentemente do âmbito que se considere,
a inteligência pode ser dividida em quatro partes, geralmente referidas como os
elementos da inteligência: pesquisa, análise, acção encoberta e contra-informação”
(Shulsky, 1993:8).

Assim sendo, o conceito apresentado por Shulsky é, no nosso entender, o mais acertado,
porquanto engloba na sua dimensão de defesa nacional, direccionada essencialmente
para o exterior, bem como das organizações responsáveis pela componente da
segurança interna. Deste modo, este conceito abarca informações enquanto produto -
que resulta do processamento de notícias de países estrangeiros, de elementos ou
forças hostis; informações enquanto conjunto de actividades, que visam obter o
conhecimento, focalizadas em organizações, grupos ou indivíduos perniciosos que
praticam actos ilícitos; e informações

32

É de frisar que uma parte fundamental dos estudos relacionados com matéria ligada as
informações, encontramos no contexto anglo-saxónico.

33 Godson elege quatro elementos constitutivos da inteligência, como sendo: pesquisa, análise,

contra-informação e acções encobertas. Adianta igualmente que o seu produto


(conhecimento) é o processo pelo qual é obtido ou explorado (actividade) e a burocracia
(organização), perfazendo a essência da inteligência.
(26)
15

66
baseadas em organizações responsáveis pelas acções de obter e negar o conhecimento
(Medeiros, 2001:14-15).

Neste sentido Torres, afirma que as informações policiais “são todas aquelas destinadas
à prossecução directa das missões legalmente atribuídas a serviços de natureza policial,
sejam elas de nível estratégico ou operativo” (Torres, 2005:593), com o propósito de
alimentar os seus órgãos operacionais.

No nosso entender, as informações policiais poderão ser definidas como um conjunto


de dados adquiridos pelos serviços e forças policiais, com fins específicos, dentro de um
contexto organizacional bem definido, com o objectivo de obter conhecimentos de
índole policial, sempre tendo em conta os princípios estabelecidos por lei.

2.1.2. Tipos de Informações Policiais

Segundo Clemente, as informações policiais dividem-se34 em informações de segurança


pública, informações criminais e contra-informações.

Neste sentido, as informações de segurança pública visam acautelar incidentes de


ordem pública bem como precaver a eventualidade de incivilidades, especialmente no
que se refere a produção de delitos criminais, integrando para o efeito o conhecimento
resultante da actividade pré-processual criminal (Clemente, 2007:399).

As informações criminais assentam no âmbito da actividade reportada à investigação


criminal (Clemente, 2007:399).

No que se refere a contra-informações, é de frisar que estas visam impedir a realização


de acções de recolha indevida de informação sigilosa, incluindo o conhecimento do
perfil criminal indutivo de alguns criminosos habituais, bem como sobre o planeamento
operacional, visando interromper ilicitudes identificadas, através, nomeadamente, da
aplicação de medidas de segurança passiva aos documentos e do controlo de acesso
aos mesmos, por pessoal credenciado (Clemente, 2007:399).

Na vertente das informações criminais importa realçar as informações tácticas35, as


operacionais e as estratégicas, cuja sua aplicação é directa para a actividade policial,
especialmente para a vertente criminal, visando a compreensão de um caso, tendo como
base dados concretos e precisos (Ratcliffe, 2008:16-17).

34 Vide anexo X.

35 Estão mais envolvidas em inquéritos e outras áreas operacionais, tendo como meta alcançar os objectivos
67
(27)
16

As informações operacionais dizem respeito ao conhecimento imediato de uma situação


actual como um instrumento de investigação, destinada a ser utilizada num prazo de
tempo relativamente curto, devido a sua validação, como é o caso da realização de uma
detenção. Também servem para apoiar os comandantes e chefes das áreas operacionais
no planeamento das actividades de redução da criminalidade e da implantação de
recursos para atingir os objectivos operacionais (Ratcliffe, 2008:16).

Como instrumento de gestão aparecem as informações estratégicas, dando uma visão


global da ameaça e da extensão das acções criminosas, permitindo desta maneira a
adopção de medidas estratégicas a longo prazo, com o intuito de fazer face aos custos e
efeitos globais do comportamento criminoso da sociedade. Deste modo, “estas
informações permitem orientar políticas criminais e, assim, a actividade policial, bem
como através da análise estatística da criminalidade estabelecer informações
prospectivas” (Medeiros, 2001:21).

De referir que, “no domínio da ordem pública, por exemplo, um conhecimento preciso
sobre o momento, o local onde se vai realizar uma manifestação, a natureza das
reivindicações, o número e o comportamento previsível de manifestantes, são
informações importantes” (Roumangne, 1997:32), para que os decisores possam estar
advertidos acerca de ocorrências susceptíveis de surgirem, a fim de prepararem as
respectivas reacções.

A pesquisa de dados/notícias no domínio da ordem pública faz-se exclusivamente


através do recurso a fontes abertas, tendo em consideração outros dados/notícias ou
informações já disponíveis, mas sempre com objectivos estritamente policiais, isto é,
tudo o que possa ser relevante para a prossecução da sua missão, não esquecendo os
princípios enformadores36 das forças de segurança. Em sentido lato, a produção,
conservação e divulgação de informações tem implícito o factor segurança. A
inviolabilidade das informações, tanto a nível externo como a nível interno, assegura-se
como o mais importante das medidas de segurança nesta área.

A inteligência, enquanto actividade37, compreende igualmente “as próprias actividades


desenvolvidas com o intuito de oferecer oposição aos serviços de informações
adversários, através de medidas de contra-informação ou de decepção”. Na oposição de
acesso de

36 Dentro destes princípios informadores temos: o princípio da legalidade consubstanciado na subordinação


68
da actuação das forças e serviços de segurança aos princípios do Estado de Direito
democrático e no respeito pelos direitos liberdades e garantia dos cidadãos; o princípio
da unicidade para todo o território nacional de cada força e serviço de segurança; o
princípio geral da colaboração dos cidadãos na prossecução dos fins da segurança
interna; o princípio da cooperação recíproca e coordenação das forças de segurança; e
por fim, o princípio do apartidarismo das forças ou serviços de segurança.

37 Estamos a falar da actividade desenvolvida pelas forças policiais, no âmbito da prossecução dos fins
(28)
17

conhecimento ao adversário, “são empregues medidas como, por exemplo, a


investigação de agentes suspeitos de outros serviços de inteligência, a par do recurso à
codificação de mensagens em ordem a proteger as comunicações”. Também, “na
decepção faz-se uso dos designados agentes duplos” e “a contra-informação
materializa-se segundo uma vertente bipartida”: de um lado as medidas de segurança38,
lato sensu, activas39 e passivas, e, do outro, a decepção40 e contra-decepção (Medeiros,
2001: 11 e 31).

2.2. O Processo de Produção de Informações.

O Processo de Produção de Informações (PPI)41 é tradicionalmente designado também


por Ciclo de Produção de Informações (CPI). Na nossa opinião, a produção de
informações é feita através de vários ciclos e não de um só, pelo que entendemos que
este ciclo deve ser contínuo e dinâmico, pelo que parece ser correcto designar-se por
PPI.

Este processo é definido como “o conjunto de actividades que integram um


processo especial, que se inicia com a necessidade de informação (intelligence) passando
pela obtenção de notícias, factos e dados e sua transformação até suprimir essa
necessidade e culminando na sua divulgação a quem tem necessidade de a conhecer”
(EPP, 2008:3).

Neste amplo processo, desempenham importante papel, as fontes de notícias, que


podem ser classificadas em abertas42, encobertas43, oficiais, privadas, voluntárias,
pagas, internas e externas.

Parece-nos acertada a opção de Ratcliffe em acrescentar, para além das quatro


fases supracitadas, uma quinta que é o do feedback e revisão44.

69
38 Nos meios humanos, a segurança distingue-se entre segurança do pessoal, das matérias classificadas e

segurança física. A segurança das matérias classificadas consiste na sua protecção,


através da produção de quadros normativas, onde se realça o seu armazenamento e
acesso. As informações são classificadas de acordo com o seu grau de sensibilidade, ou
seja, tendo por base o comprometimento produzido pela sua divulgação e, por
conseguinte, a importância que emerge da sua protecção.

39 Nas medidas activas (contra-espionagem), Medeiros (2001: 32) define como um “conjunto de técnicas

destinadas ao estudo do funcionamento do serviço de informações hostil de forma a


frustrar ou eliminar as suas actividades e, em última instância, tirar vantagem dessas
mesmas actividades. Empregam técnicas como operações de vigilância, pela pesquisa de
inteligência, pelos contactos com desertores/arrependidos e recurso a agentes duplos”.

40 A decepção pode ser definida como “a visão errónea que um serviço de inteligência pretende que o seu

adversário adopte, em relação a determinado assunto ou acontecimento, em ordem a


actuar segundo os seus interesses” (Medeiros, 2001:32).

41 Quanto a este assunto vide anexo XIX.

42 Compreendem normalmente os meios de comunicação social, as bibliotecas e arquivos públicos, os

relatórios públicos, a internet, e todas aquelas que estão disponíveis, sem restrições
(Bispo, 2004: 90). As fontes abertas podem ser definidas como a informação
publicamente disponível, na sua forma escrita, electrónica ou oral, destinada a um
público vasto ou restrito conforme divulgação, nomeadamente revistas, livros,
entrevistas, emissões de rádio e televisão ou a internet.

43
(29)
18

A Direcção e Planeamento têm início devido a uma necessidade informacional.


Essa necessidade de informação estabelece-se nesta primeira fase e tem origem num
determinado problema que as forças policiais querem ver resolvido. Assim sendo, “a
necessidade de informações varia com o tipo de operações e com o volume e precisão
das notícias e informações já existentes. Embora estas, muitas vezes permitam ao
comandante tomar decisão nunca são tão completas que excluem a necessidade de
70
informações adicionais” (EPP, 2003:14), tendo em atenção o grau de prioridade, as
informações são constituídas por Elementos Essenciais de Informação (EEI)45 e Outros
Elementos de Informação (OEI)46. Os EEI e os OEI assumem a forma de perguntas em
que devem ser de uso frequente, expressões como Onde? Quando? Com que meios?
Torna-se então necessário estabelecer os indícios técnicos47, que são manifestações
teóricas, positivas ou negativas, da acção adversária que uma vez averiguadas
confirmam ou não a hipótese anteriormente levantada.

Para tal, devemos definir áreas de acesso para levar a cabo este exercício, que são as
fontes de informações abertas ou encobertas e os contactos com serviços congéneres48.
Quem vai às áreas de acesso verificar a veracidade ou não dos indícios técnicos são os
órgãos de pesquisa49.

A Pesquisa é a exploração sistemática das origens de notícias pelos órgãos de


pesquisa e o envio dos elementos obtidos aos órgãos interessados pelas informações.
“Os órgãos de pesquisa não devem, de forma alguma, limitar a sua actividade a pesquisa
das notícias referidas nas ordens e pedidos que recebem” (EPP, 2003:11). É um processo
dinâmico e contínuo que passa pela pesquisa e recolha de dados através da utilização
de meios humanos, com recurso a meios técnicos e mediante a exploração e/ou acesso
a fontes de informação disponíveis (Medeiros, 2001:23).

44

Vide anexo XVIII.

45

Os “EEI compreendem as informações sobre o adversário e características da área de


responsabilidade de que o comandante tem necessidade para poder tomar uma decisão
que lhe permita o cumprimento da missão” (EPP, 2003:14).

46

Os “OEI são as possibilidades do adversário ou características da área de


responsabilidades que possam afectar, mas não comprometer, o cumprimento da
missão”, (EPP, 2003:15).

47 Os indícios técnicos “podem revelar determinadas vulnerabilidades do adversário; indicar a adopção ou

rejeitar, por parte do adversário, de determinadas acções; e influenciar a escolha da


nossa própria modalidade” (EPP, 2003:17).
71
48 Dividem-se em amigos e hostis. A cooperação regular entre serviços, que se efectua através de reuniões

dos analistas (também chamados de peritos) e na troca de relatórios e pedidos de


informações.

49 Devemos ter em atenção que, depois de determinar os indícios técnicos, as áreas de acesso e os órgãos de
(30)
19

A pesquisa de dados/notícias mediante a utilização de órgãos de pesquisa humanos50


consiste na afectação de recursos humanos em acções de pesquisa, em que destacamos
as vigilâncias51. Nesta fase, o principal problema prende-se com informações falsas que
poderão ser dadas pelo adversário ou agentes duplos (Medeiros, 2001:24). A pesquisa
técnica de informações52 é considerada como um grupo de técnicas de tecnologia
avançada, em detrimento dos elementos humanos, na recolha de informação, e que
genericamente envolvem a fotografia de longo alcance, o vídeo e a interpretação de
ondas electromagnéticas (Medeiros, 2001:24).

A exploração de fontes abertas incrementa a sua pesquisa junto da informação que, em


regra, se encontra acessível para o universo potencial de interessados, sem qualquer tipo
de restrição, como é o caso dos livros, relatórios, jornais, publicações, emissões de rádio
e televisão, entre outros (Medeiros, 2001:24). As fontes abertas podem ser subdivididas
em primárias53, secundárias54 e técnicas55. Segundo Clemente, “para evitar
contaminações, especialmente no raciocínio interpretativo dos dados obtidos e da
respectiva contextualização, o sector da pesquisa deve estar separado da área de
processamento” (Clemente, 2007:395).

O Processamento, depois de agrupar as várias notícias, dados e factos, é


necessário proceder ao seu processamento. Este consiste num conjunto de operações
pelas quais as notícias são transformadas em informações. Nesta fase produzem-se
efectivamente as informações válidas e com valor acrescentado para a actividade da
Polícia. Este processo divide-se em três fases: “no registo; no estudo ou avaliação da
notícia; e na interpretação ou análise” (EPP, 2008:11). A análise das informações é um
“elemento decisivo no processo de produção de informações, a qual se sujeita a um
conjunto de parâmetros metodológicos, com vista a conhecer o evento em curso ou
acontecimento e, idealmente, a prospectar as tendências de evolução da situação” (EPP,
2008:11).

50 Do inglês Human Inteligence - Humint.

72
51 Devemos identificar e recrutar possíveis informadores que estejam dispostos a fornecer informações aos

agentes ligados a recolha de informação, bem como aqueles que voluntariamente


estejam dispostos a fornecerem informações, tornando-se em fontes de informação.

52 Do ingles Technical Intelligence Collection - Techint.

53 As fontes abertas primárias “consistem no contacto directo com indivíduos: podem ser utilizadas como

fontes abertas na indisponibilidade das secundárias; como ajuda nas avaliações de


exactidão das fontes secundárias; encerram a potencialidade de possuírem o
conhecimento sobre/e o know how destinado a adquirir grey literature relevante na
vigilância de ameaças específicas” (Medeiros, 2001:26).

54 As fontes abertas secundárias são “ o conjunto de publicações cujo grau de profundidade/extensão pode

conferir-lhes um certo grau de fidedignidade e exactidão e que, por conseguinte,


contribuem para a vigilância e “mensurabilidade” das ameaças” (Medeiros, 2001:26).

55 Por sua vez, as fontes técnicas são aquelas que “assentam no pressuposto elementar de que todas as

estruturas naturais e feitas pelo homem causam um efeito no ambiente circundante


susceptível de ser detectado e medido. Temos como exemplo as imagens de satélite ou
fotografias” (Medeiros, 2001:26).
(31)
20

A Exploração das Informações é a última fase do ciclo tradicional de produção


da informação e “na qual se procura tirar ao máximo rendimento das noticiais
pesquisadas e processadas nas fases anteriores”. O seu objectivo é apresentar o produto
final a quem tem a necessidade de o conhecer, entidades internas ou externas. Estas
informações têm como objectivo fundamental auxiliar o comandante na tomada de
decisão apropriada e oportuna, bem como “contribuir para que as forças e os elementos
do comando possam cumprir as suas missões, face às responsabilidades da sua função”
(EPP, 2003:28). Ainda dentro da exploração das informações encontra-se a difusão56.

O Feedback e Revisão é uma etapa que não está incluída no ciclo tradicional
de produção de informações mas que Ratcliffe e Pedro Franco incluem nas suas
concepções, uma vez que após de “entregue o produto informacional ao seu
destinatário, este vai verificar se a informação corresponde à sua necessidade inicial, ou
73
se a necessidade inicial foi alterada. Se o justificar, o decisor solicita ao analista uma
nova necessidade e o ciclo volta ao início” (Pestana, 2008:16-17).

2.3. A Tomada de Decisão.

A tomada de decisão é de extrema importância em qualquer organização. Todos temos


que tomar decisões que necessariamente afectam outras pessoas e processos e têm
consequências diversas. Deter um cidadão, passar um auto de contra-ordenação, decidir
disparar uma arma ou dispersar pela força uma manifestação ilegal são apenas alguns
exemplos dos inúmeros casos em que temos e devemos tomar uma decisão.

A noção de tomada de decisão “é normalmente definida como o processo


de identificação e resolução de problemas”, de acordo com Daft (2001, cit. in Cunha,
2007:579). Segundo Cunha, a tomada de decisão engloba fundamentalmente duas fases:
“a da identificação de problemas e a da resolução”. A primeira compreende “a recolha e
análise de informação com objectivo de aferir a adequabilidade da situação actual
(eficácia, qualidade de serviço) ” e a segunda “consiste na busca de possíveis alternativas
à situação actual, e tende a culminar na selecção e aplicação de uma delas” (Cunha,
2007:579).

A decisão pode igualmente ser definida como a “selecção de uma alternativa, de entre
várias”. Como é sabido, “as pessoas tomam decisões a todo o momento”, sendo
algumas

56 Em relação à difusão temos de salientar um dos princípios basilares das informações - o princípio da

necessidade de conhecer. Esta traduz-se na forma como a informação é transmitida e o


modo como chega aos destinatários.
(32)
21

pessoais e outras sobre a organização. Muitas vezes quando se toma a decisão, “há
incertezas acerca do que irá acontecer com cada alternativa”. Neste sentido, uma boa
informação ajuda a reduzir as incertezas, sendo que o resultado da decisão tomada
venha a ser satisfatório (Rasgão, 2004:319).

A decisão é a tarefa principal que em cada instante os comandantes têm de executar


com correcção e oportunidade. É dever essencial e fundamental de um oficial de polícia
saber a decisão que deve tomar de forma rápida e eficaz, bem como o momento exacto

74
e oportuno da sua implementação, tendo em consideração a realidade da situação em
concreto.

Na tomada de decisão é primordial analisar todos os factores e subfactores internos e


externos com a consequente identificação das oportunidades e ameaças para a
organização, tendo em consideração os objectivos, a estratégia e as políticas da
organização. Assim sendo, numa primeira fase o processo de tomada de decisão57 deve
cingir-se à recolha de dados/informação, à identificação do problema e à definição da
premência em o resolver.

Numa segunda fase, sistematiza-se a formulação do problema e faz-se o estudo das


soluções alternativas. Na terceira fase selecciona-se a opção preferencial tendo em
atenção os valores pessoais do decisor e as responsabilidades sociais da organização. Na
última fase (quarta) faz-se a implementação da decisão58.

Na tomada de decisão encontramos defeitos comuns como o deficiente enquadramento


do problema no contexto em que ele se apresenta. Geralmente, este erro consubstancia-
se numa subavaliação do problema, tendendo para considerar como pouco provável
determinada ocorrência, especialmente quando é desfavorável ou incómoda para o
decisor. Outra deficiência comum é a tendência para sobrevalorizar demasiado as
experiências pessoais, em detrimento da análise aliviada e objectiva das informações
disponíveis. Finalmente, a associação de preconceitos, levando exclusivamente em
consideração estratégias tradicionais de sucesso usadas no passado, sem ter em atenção
o contexto actual59.

As decisões são tomadas a vários níveis pelas organizações, havendo para isso uma
hierarquia das decisões. Assim sendo, as decisões têm uma hierarquia crescente, isto é,
de baixo para cima.

Existem três tipos de decisão: as operacionais, as tácticas e as estratégicas60 (Rasgão,


2001:320). As decisões tomadas a nível operacional “reportam-se ao dia-a-dia, ou seja,
no

57 O Processo de Tomada de Decisão é constituído por quatro fases (vide anexo XI).  58 Vide anexo XI.

59 Vide anexo XVII. 60


(33)
22

75
normal funcionamento da organização”. As decisões operacionais envolvem a
“implementação de políticas na organização”. Por seu turno, as decisões estratégicas são
tomadas pelo topo da hierarquia e que envolvem toda a organização a médio e longo
prazo, e referem-se a estratégia da organização bem como a evolução e
desenvolvimento da organização, nos próximos anos (Rasgão, 2004:320). Para tal, as
decisões de gestão possuem características diferentes61.

2.4. Análise Criminal de Informações e a Tomada de Decisão

A informação é uma ferramenta essencial para o funcionamento dos sistemas que


trabalham com processos passíveis de análise62, encaminhamento e decisão. Na
verdade a informação é primordial em todos os campos de exercício do conhecimento
académico, das organizações burocráticas, do mundo dos negócios e da actividade
política. A informação é a base para o julgamento e o exercício do poder, para a
formulação de novas práticas que conduzem à eficácia, à racionalização e à agilidade na
movimentação dos processos nas diferentes estâncias e hierarquias burocráticas63.

É importante observar uma estratégia inteligente nas fases iniciais de implantação de um


sistema de análise64 da informação. O trabalho de inteligência é muitas vezes
caracterizado principalmente como uma função de análise, uma actividade secreta, ou
sobre o trabalho do conhecimento.

A análise da informação envolve fases distintas: a colecta de informações65,


identificando a natureza e a credibilidade das fontes; a filtragem, incluindo o vocabulário
controlado; e a tradução, com linguagem controlada. Lévy afirma que “hoje, ainda que

61 A primeira característica prende-se com o horizonte temporal, em que as “decisões operacionais têm um

impacto imediato; as decisões tácticas têm um impacto a curto - médio prazo e as


estratégicas possuem um impacto a médio - longo prazo”. A segunda característica é a
frequência de repetição da mesma decisão, em que as “decisões operacionais são
tomadas frequentemente (dia-a-dia); as tácticas são tomadas com menos frequência e
as estratégicas são tomadas com pouca frequência. A terceira característica das decisões
é o grau de estrutura da informação, no processo da tomada de decisão, em que as
decisões operacionais, as tácticas e as estratégicas são tomadas consoante uma
informação estruturada, semi-estruturada e não estruturada, respectivamente (Rasgão,
2004:320-322).

62

76
A análise é o processo lógico que consiste na investigação (Processo de recolher
evidencias, informações ou pistas com o intuito de resolver algum problema, dúvida ou
caso) das estruturas básicas de uma informação, in pt.wiktionary.org/wiki/an
%C3%A1lise, consultado em 25.02.2010.

63 http://www.i3g.org.br/experienciadocente/presencial/impactosocialdati/biblioteca/artigoeleonora.pdf,

consultado em 05.02.2010.

64 É indispensável para tácticas e estratégias de planeamento de sistemas de gestão de registos, produzindo

regularmente informações para informar decisores tácticos e estratégicos.

65 É parte da cultura organizacional, liderada pelo executivo - chefe, supervisores e gerentes de incentivar os
(34)
23

características universais sejam reconhecidas para toda a espécie humana, geralmente


pensa-se que as formas de conhecer, de pensar, de pensa-sentir são geralmente
condicionadas pela época, cultura e circunstâncias” (Lévy, 1999:14).

Na gestão das organizações, os dirigentes encontram diversos problemas e dificuldades,


necessitando deste modo do apoio incontestável de numerosos dados e informações,
permitindo-lhes analisar com precisão os pontos fracos e fortes, as ameaças e
oportunidades, podendo assim definir estratégias, estabelecer prioridades quanto aos
objectivos a atingir e controlar eficientemente a execução da estratégia (Rasgão,
2004:315).

Na análise da informação, devemos ter em consideração que nem toda a informação é


tem a fiabilidade desejada, devendo-se neste caso avaliar a qualidade da informação.
Deste modo, devemos ter em atenção a pertinência66, a oportunidade67, a exactidão68,
a redução da incerteza69, o elemento de surpresa70 e a acessibilidade71 da informação
(Rasgão, 2004:36). A informação ajuda a reduzir a incerteza acerca do resultado da
decisão, sendo que a informação para a tomada de decisão é diferente para cada
nível72.

A um analista são exigidas habilidades e conhecimentos em aplicações variadas como:


utilização de diversos programas informáticos, estatística, o conhecimento de sistemas
de informação geográfica (SIG)73, as técnicas de análise espacial, saber argumentar,
soluções criativas para problemas, lógica, história, criminologia, sociologia, psicologia e
77
direito, entre outros. Existem vários tipos de análise criminal74: a táctica, a estratégica, a
administrativa, a investigativa, a de inteligência e, por último, a operacional.

Na Análise Criminal Táctica (ACT), devemos ter em atenção as variáveis como


a localização, a hora, o alvo e ou modus operandi, importantes para identificar um
padrão criminal.

66

A informação deve ser pertinente, isto é, deve relacionar-se com os factos, estar
disponível e ser importante para a pessoa que a requer. A informação ajudará as pessoas
a tomarem decisões (Rasgão, 2004:36).

67 A informação deve ser “oportuna, ou seja, deve estar disponível à pessoa certa no momento certo”

(Rasgão, 2004:36).

68

A informação deve ser exacta, pelo que, se não for, perde o interesse (Rasgão, 2004:36).

69 A decisão deve ser tomada com informação precisa e eficaz, para que se possa reduzir a incerteza. Uma

boa informação envolve diferenças que faz a diferença (Rasgão, 2004:36).

70

O primeiro a ter a informação pode surpreender o adversário, obtendo deste modo


vantagens competitivas (Rasgão, 2004:36).

71 A informação só é útil se as “pessoas têm acesso a ela; a acessibilidade está ao alcance daqueles que

podem obter a informação a tempo de ser usada com eficiência e no formato que a
torna útil”. O formato electrónico é mais facilmente acessível do que a tecnologia do
lápis e do papel (Rasgão, 2004:36).

72 Vide anexo XII, figura 13.

73 É usado para armazenar, organizar, analisar e visualizar qualquer tipo de dados não apenas incidentes ou

crimes.

78
74
(35)
24

Este tipo de análise refere-sesegundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:10),
à análise de dados e informações relativas ao “onde”, “quando” e “como” o crime
aconteceu e foi praticado, objectivando assistir aos investigadores na identificação e
compreensão dos problemas específicos e imediatos do crime. A procura de padrões
para avaliações futuras é um dos aspectos fundamentais deste tipo de análise. O
objectivo principal é accionar à rápida resposta em relação a uma série de crimes que
estão ocorrendo.

A Análise Criminal Estratégica (ACE)75 “é o estudo de informações sobre o crime e a


actividade policial, integradas a factores sócio demográficos e espaciais, com a
finalidade de determinação de padrões das actividades criminais ao longo de um dado
tempo como também avaliar as respostas policiais e os procedimentos das instituições
de segurança pública”, segundo Dantas & Ferro (cit. in Filipe, 2006:11).

A Análise Criminal Administrativa (ACA)76, é a actividade de análise criminal


que, segundo Dantas & Ferro (cit. in Filipe, 2006:12) “consiste basicamente na
apresentação dos resultados de pesquisas e análises sobre o fenómeno do crime e
questões conexas, tendo por base necessidades políticas, legais e práticas que motivem
a necessidade de informações da parte do público interno e/ou externo”. Segundo
Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:12), esta análise centra-se no “fornecimento de
informações sumarizadas, estatísticas e informações gerais sobre tendências criminais
para os gestores das instituições de segurança pública”.

Por outro lado, a Análise Criminal Investigativa (ACI)77 focaliza a sua atenção
segundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:14) nos perfis das vítimas e dos
suspeitos, com apoio de dados e informações disponíveis, de cunho sócio-demográfico e
antropológico, levantando hipóteses gerais sobre o tipo de pessoa ou grupo que possa
estar a cometer determinada sequência de crimes.

75 O seu interesse concentra-se em problemas delituosos a longo prazo e suas causas, as tendências ou

variações da criminalidade e os factores que estão por trás dessas mudanças. O


resultado é comunicado em relatórios estatísticos, gráficos e mapas. A sua resposta está
associada à elaboração de políticas e estratégias para resolver problemas da
criminalidade, a médio e/ou a longo prazo (Osborne & Wernicke, 2003:11).

79
76 Neste tipo de análise, o objectivo principal é preparar apresentações para discussões com a comunidade,

bem como a elaboração de relatórios, propostas de recursos e a avaliação de viabilidade


de projectos futuros (Osborne & Wernicke, 2003:11).

77 O analista cinge-se com análise de crimes de homicídio, estupro e sequestros. É criado o perfil psicológico

e de comportamento dos suspeitos e das vítimas e possível relação entre vítimas. Com
isto, podemos identificar o autor ou quem será a próxima vítima (Osborne & Wernick,
2003:11).
(36)
25

A Análise de Inteligência78 está assente no estudo da criminalidade organizada, tenha


ela sido relatada ou não à polícia, para apoiar o esforço da investigação policial
na identificação de vínculos entre pessoas, eventos e património, segundo Dantas & Ferro
(cit. in Filipe, 2006:13).

Por último, temos a Análise Operacional (AO)79 que visa essencialmente


segundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:15) demonstrar como a Polícia emprega
os seus recursos no cumprimento das missões que lhe são atribuídas por lei, centrando-
se nos gastos, desenvolvimento das acções, orçamento e redistribuição de actividades e
tarefas. Geralmente, este tipo de análise faz-se quando são assumidas novas
responsabilidades territoriais de actuação, em momentos de contingência ou de
reestruturação política.

Neste sentido, uma inteligência de policiamento será, no nosso ponto de vista, a mais
adequada, visto ser um modelo contemporâneo para situar a função de inteligência
dentro da missão global da organização policial (Carter, 2005), bem como tem um papel
duplo de antecipação de riscos e influencia a acção de análise e tomada de decisão.

A inteligência de policiamento80 é um modelo de negócio e uma filosofia de gestão,


quando a análise de dados e informações criminais são fundamentais para um objectivo,
bem como a tomada de decisão que tende a redução da criminalidade e dos problemas,
a interrupção e prevenção tanto através de gestão estratégica e eficazes estratégias de
controlo que visam potentes infractores (Ratcliffe, 2008a:89). Neste caso, Ratcliffe refere-
se a técnica do Policiamento Orientado para as Informações (POI), em que a principal
prioridade do policiamento deverá ser a identificação das causas, relações e
consequências, isto é, de todo o fenómeno e não apenas do crime concreto.

80
A identificação de padrões81 é essencial para a orientação do trabalho policial na
prevenção da criminalidade, através da análise descritiva de padrões de criminalidade,

78

O seu objecto de estudo é a relação entre as pessoas, grupos e organizações. Os delitos


que aqui se analisam são o narcotráfico, lavagem de dinheiro, terrorismo, roubo de
viaturas. As informações são obtidas através de vigilâncias especiais, escutas telefónicas,
dados de informadores, movimentos bancários, gravações, rastreamento de e-mails e
infiltração (Osborne &Wernick, 2003:11).

79 Esta análise é um produto interno dos serviços policiais e está relacionada com a gestão policial. Assim

sendo, o analista deve saber quantos efectivos se necessita para cada serviço e como
distribuí-los em tempo e espaço (divisão de território e turnos), quantificar a demanda e
oferta dos serviços policiais para poder justificar a pretensão de aumento de pessoal,
veículos ou outros recursos (Osborne & Wernicke, 2003:11).

80 A inteligência de policiamento exige uma maior integração de informações secretas, informações criminais

e análise da criminalidade.

81 Isto é, encontrar padrões em casos relatados nos crimes, características semelhantes e que são recorrentes.
(37)
26

passando-se a fazer um comentário sobre o futuro82. Para além deste temos igualmente
o desenvolvimento e manutenção de uma base de dados83, a produção de relatórios
estatísticos84, a análise de chamadas para serviços policiais, pesquisa e análise de
suspeitos85 (Osborne & Wernicke, 2003:6).

A análise do crime pode ajudar um decisor a perceber o que está a acontecer,


permitindo-lhe uma maior compreensão de padrões da criminalidade e de tendências
criminais. Sem esta compreensão, as pessoas que têm de tomar decisões que afectam a
segurança e a integridade das comunidades não terão acesso à informação vital e
essencial para um bom planeamento e estratégia. Neste sentido, os resultados da
análise devem ser fornecidos atempadamente ao decisor antes que este tome a decisão.

82

81
Porque há uma sugestão implícita de que os eventos passados são indicativos da
criminalidade futura (Ratcliffe, in press).

83 Em que devem estar especificados dados importantes recolhidos pela Polícia, bem como dados de

relatórios.

84

Para muitos esta é a primeira imagem que têm de um analista. É uma tarefa importante
quando queremos analisar as tendências ou mudanças positivas ou neutras dos dados
recolhidos. É feito diariamente, pode ser mensal, semestral ou anual.

85 É primordial a pesquisa na base de dados devido a existência de características em comum. O objecto de
(38)
27

Cap. 3 - As informações na Polícia Nacional de Angola

“Os serviços de informações constituem, actualmente, a primeira linha da defesa e


segurança, sendo que essa realidade é bastante mais evidente para os pequenos países”.
(Professor Doutor Adriano Moreira – Conferência subordinada ao tema a

“Função do Estado”, proferida no dia 12 de Outubro de 2002, em Coimbra, aquando da


Sessão Inicial do Curso de Defesa Nacional 2003, in Estudos de Direito e Segurança,
Coordenação de Jorge Bacelar Gouveia e Rui Pereira, Coimbra, Almedina, 2007, p. 228).

No presente capítulo trataremos de aspectos ligados com as informações na Polícia


Nacional de Angola. Aprofundaremos, mais concretamente, aspectos ligados com a
história das informações em Angola e o enquadramento legal das informações e
segurança. Abordaremos igualmente aspectos relacionados com a estrutura
organizacional do Gabinete de Estudos e Informação e Análise, bem como dos sistemas
e níveis de informação na Polícia angolana.

3.1. Breve Historial das Informações em Angola

As informações em Angola tiveram o seu início no antigo sistema colonial português


que na altura86 governava o país. Foi em Junho de 1961 que o então Ministro do
Ultramar, Adriano Moreira, criou em Angola, Moçambique e Guiné os serviços de
82
centralização e coordenação, que tinham por missão reunir, analisar e difundir as
notícias e informações87 que interessassem à política, à administração e à defesa dos
respectivos governos ultramarinos, por si tutelados. Para a elaboração deste diploma
legislativo colaborou o então Major Pedro Alexandre Gomes Cardoso, que viria a ser
proposto para organizar o Serviço de Centralização e Coordenação de Informações de
Angola (SCCIA), precisamente aquele que viria a ter maior projecção (Monteiro,
2004:459).

Contudo, o Major Pedro Cardoso não chegou a assumir tal função por ter sido nomeado
para organizar e dirigir o Centro de Informação e Turismo de Angola (CITA) criado na
mesma altura e cujas atribuições eram de maior importância. Foi então nomeado
primeiro Director do SCCIA, o Major Eduardo Alberto Silva e Sousa. O sistema de
informações em Angola tinha o SCCIA como cúpula do sistema de informações, na
dependência do

86 Estamos a referir-nos concretamente a partir do ano de 1961, momento em que se tem conhecimento de

processos de produção de informações na antiga colónia portuguesa.

87 Sem actividade operacional de pesquisa, as fontes eram quase exclusivamente as autoridades


(39)
28

Governador-Geral e do Comandante-Chefe, com a missão de “reunir estudos e difundir


as informações com interesse para a política, a administração e a defesa”. Fazia pesquisa
interna no sector da administração (para corrigir erros ou abusos) através das Secções
Distritais88 e recebia notícias das forças policiais (PIDE, PSPA e GF), das autoridades
administrativas, dos comandantes militares e do Ministro do Ultramar (Monteiro,
2004:459-480).

Através das análises efectuadas produziam-se relatórios periódicos (semanais, mensais e


anuais), relatórios imediatos e estudos sobre aspectos éticos e demográficos. Esses
relatórios eram distribuídos a entidades do Governo-Geral, a algumas Direcções de
serviços e aos Governadores de Distrito. Produziam-se igualmente informações sobre os
países limítrofes e sobre as actividades dos movimentos inimigos, com interesse
estratégico, operacional e táctico. Em relatórios especiais de informação eram difundidos
aspectos relacionados com o material apreendido, actividades adversas e aspectos
étnicos. Os PERINTREP (relatórios periódicos de informação) eram difundidos duas vezes
por semana e versavam sobre as actividades adversas desenvolvidas nos países vizinhos

83
e no interior de Angola, permitindo que os comandantes das unidades militares
tivessem o conhecimento da situação, estivessem onde estivessem (Monteiro, 2004:480).

É de destacar igualmente o Decreto-Lei n.º 46.048, de 27 de Novembro de 1964, do


Ministério do Ultramar, que definiu o estatuto da PSP de Angola, adoptando uma
estrutura semelhante à da força de segurança da metrópole (Portugal), com a
especificidade de nos comandos distritais em que tal se justificasse poderem ser criadas
secções de informações. No período compreendido entre 1964 a 1974 poucas
transformações foram registadas.

No entanto, após as transformações políticas registadas no ano de 1974, com a


revolução de 25 de Abril de 1974 e a consequente independência das províncias
ultramarinas, das quais Angola fazia parte, as informações passaram a ser controladas
pelo Ministério de Segurança do Estado (MINSE), tendo sido criado a Direcção de
Informações e Segurança de Angola (DISA) em 29 de Novembro de 1976, que, entre
outras tarefas, estava encarregue de pesquisar, recolher, processar e distribuir as
informações aos órgãos do Estado que delas careciam. É de frisar que as fontes eram na
sua maioria encobertas devido à sua missão específica89. As informações estavam
relacionadas mais com questões externas, desenvolvidas com recurso à espionagem e
aos agentes duplos.

88 Actualmente (2009) em Angola, os Distritos são designados por Províncias, os Concelhos por Municípios

e as Freguesias por Comunas.

89 Que estava mais virada para as acções de espionagem e contra espionagem, em acções que perigavam o
(40)
29

Com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto (Lei de Segurança Nacional),
o MINSE foi substituído pelos Serviços de Inteligência de Angola, que passaram a
integrar o Serviço de Inteligência Externa (SIE), que, ao lado do Serviço de Informações
do Estado (SINFO) e do Serviço de Inteligência Militar (SIM), formam os três pilares da
Comunidade de Inteligência de Angola.

Em Março de 2010, com a entrada em vigor da nova constituição, o SINFO90 passou a


ter a designação de Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SISE). É chefiado por
um director geral que reporta directamente ao Chefe do Governo, conforme o artigo
17.º do Estatuto Orgânico desta instituição. É de salientar que o SISE depende do

84
Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, como serviços de apoio da Presidência da
República.

A Casa Militar do Presidente da República é um órgão de consulta, análise, informação e


apoio técnico, a quem compete apoiar o Presidente da República no exercício das suas
funções referentes aos assuntos de Defesa e Segurança Nacional. É dirigida por um
Oficial General das Forças Armadas Angolanas (FAA), com categoria de Ministro junto da
Presidência.

O SISE é o órgão responsável por todas as informações internas susceptíveis de fazerem


perigar a integridade das instituições do Estado e o seu normal funcionamento,
operando em estreita coordenação com as forças e serviços de segurança. O SISE
desenvolve, entre outras actividades, acções preventivas de combate à sabotagem e
dificulta a prática de actos de terrorismo, espionagem e outras acções lesivas para o
Estado.

Ao SISE cabe exclusivamente produzir informações destinadas a garantir a segurança


interna e necessárias a prevenir a sabotagem, o terrorismo, a espionagem e a prática de
actos que, pela sua natureza, possam alterar ou destruir o Estado de Direito
constitucionalmente estabelecido. Encontra-se na dependência directa do Presidente da
República e, de acordo com o seu estatuto, esta estrutura de informação é “o organismo
do Estado que integra o sistema de segurança nacional criado ao abrigo da Lei n.º 12, de
16 de Agosto de 2002, sobre a segurança nacional, incumbido da pesquisa, produção e
processamento de informações destinadas a garantir a segurança interna e necessária
para prevenir, impedir e combater actos que pela sua natureza possam perigar o Estado
de direito constitucionalmente estabelecido.”

90 A sua estrutura orgânica, segundo o artigo 16 do seu Estatuto Orgânico, compreende os órgãos de

direcção, órgãos de apoio consultivo, órgãos de apoio técnico e órgãos executivos locais
das quais fazem parte as delegações províncias e os seus respectivos serviços operativos
municipais ou comunais.
(41)
30

Segundo o Inspector-Chefe Óscar Soares91, as relações de cooperação entre o SISE e a


PN são boas, visto que em relação a eventos de grande vulto, o Serviço de Inteligência e
Segurança do Estado é o primeiro a promover a recolha de informação pertinente e
importante para o normal desenrolar da actividade policial, antecedendo sempre uma

85
prevenção policial rigorosa e prestando sempre o seu auxílio. Afinal, o SISE também é
um organismo que concorre para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, tal
como as forças de segurança.

Segundo António Bispo, “os serviços de informações desenvolvem toda a sua actividade
em função dos objectivos estabelecidos para a entidade que apoiam. Este parece-nos
ser um princípio básico, que muitas vezes se esquece” (Bispo, 2004:79).

Por conseguinte, aos serviços de informações está inerente a produção de informações


sobre factos que pela sua natureza colidam com a segurança interna e externa da
Nação.

É de competência da Assembleia Nacional legislar com reserva absoluta sobre matéria


das “bases gerais da organização, do funcionamento e da disciplina das forças de
segurança pública e dos serviços de informações”92

3.2. Informações e segurança e seu enquadramento legal

A globalização implica um esforço imenso por parte de quem necessita de informações,


para que possa exercer com eficácia as suas missões. A realidade internacional, bem
como a angolana, salientam cada vez mais a importância vital das informações e da
segurança.

As organizações policiais actuais têm um mandato vasto e assumem uma grande


amplitude de funções e papéis. A forma de os encarar varia situacionalmente e
socialmente, de acordo com os momentos políticos e históricos e é determinada por
alguns factores internos (Leitão, 2004:495). A PN sendo “um serviço da ordem
interna”93, à semelhança das Polícias das sociedades democráticas, tem um mandato
que, grosso modo, se traduz nas suas competências genéricas, exclusivas e especiais que
se resumem, ao fim e ao cabo, na garantia da segurança nacional. A segurança nacional
é a “actividade do Estado para garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas
e contribuir, assegurar o normal funcionamento das

91 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, Chefe de Departamento de Informação e

Análise do GEIA do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 29 de Dezembro de 2009, ao autor


do presente trabalho. Vide anexo III, pergunta 8).

92 Cfr. o artigo 164.º, alínea j) da CRA. E, de acordo com o artigo 166.º, n.º 2, alínea c) da CRA, reveste a
86
forma de lei de base.

93
(42)
31

instituições democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias dos


cidadãos e o respeito pela legalidade democrática”94

O Direito à informação vem expresso no artigo 40º da Constituição da República de


Angola (liberdade de expressão e informação), em que a “liberdade de expressão e de
informação tem como limites os direitos de todos ao bom nome, à honra e à reputação,
à imagem (…), o segredo de Estado, o segredo de justiça, o segredo profissional e
demais garantias daqueles direitos, nos termos regulados pela lei, tendo como
consequência das infracções cometidas no exercício da liberdade de expressão e de
informação fazem incorrer o seu autor em responsabilidade disciplinar, civil e criminal,
nos termos da lei”.

O acesso à informação crítica, cuja divulgação generalizada pode pôr em causa os


objectivos essenciais para a vida das sociedades ou os da segurança de pessoas e
instituições, cria uma responsabilidade específica, um encargo de a proteger, que não
pode ser atribuído à generalidade dos cidadãos.

Deste modo, “com a Revolução Francesa, a segurança passa a ser entendida como uma
condição do Estado, como um bem principalmente colectivo”. A segurança é um
objectivo dos Estados e que pode ser alcançado através de meios militares ou
diplomáticos. Segundo Brandão, “a segurança dos indivíduos fica, assim, subordinada à
segurança do Estado” (Brandão, 2004:39).

A segurança pode ser definida como a noção de se estar protegido de riscos, perigos ou
perdas. A segurança, como bem comum, é assegurada através de um conjunto de
convenções sociais, denominadas medidas de segurança95. Ela consiste na “grande
antítese dos receios e dos medos justificados e injustificados” (Patrão, 2000:9).

Em termos gerais a segurança “é a busca da liberdade relativamente à ameaça, e resulta


da interacção entre as vulnerabilidades de uma unidade e as ameaças que a mesma
enfrenta” (Brandão, 2004:46).

87
O direito à segurança96 consiste um direito natural e irrevogável do ser humano e vem
expresso no artigo 36.º da CRA, em que todo o cidadão tem direito à liberdade física e à
segurança individual. Neste âmbito, a segurança contém implícito o princípio da culpa
ao

94 Idem, artigo 1.º.

95 Cfr. citado no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Segurança, consultado em 18.02.2010.

96 Deste modo, “o direito a segurança comporta duas dimensões: (a) dimensão negativa que se traduz num

direito subjectivo à segurança, ou seja, num direito de defesa perante agressões por
parte dos poderes públicos ou dos particulares; (b) dimensão positiva que se traduz num
direito à protecção através dos poderes públicos contra as agressões ou ameaças de
outrem” (Silva, 2001:48-49). Vem expresso no artigo 3.º da Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948; artigo 5.º, nº 1, da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem, de 14 de Novembro de 1950; artigo 27.º, n.º 1, da CRP; artigo 36º da CRA.
(43)
32

consagrar o direito à liberdade. O princípio da culpa97 está conjugadamente


consagrado nos artigos 1.º e 31.º, n.º 1, da CRA e deriva da essencial dignidade da
pessoa humana e articula-se com o direito à integridade moral e física.

Na perspectiva tradicional, a segurança tem tido como referência o Estado, em que a


“segurança” adquire uma dimensão nacional. Enquanto campo de acção, a segurança é
o campo “onde os estados se ameaçam mutuamente, desafiam a soberania uns dos
outros, procuram impor a sua vontade sobre os outros”98

, surgindo como tal problemas de segurança, quando estão em jogo a ameaça à


soberania e independência do Estado e o priva de alto governo (Brandão, 2004:48).

A CRA é bem clara ao definir que “compete ao Presidente da República, em matéria de


segurança nacional: Definir a política de segurança nacional e dirigir a sua execução;
Determinar, orientar e decidir sobre a estratégia de actuação da segurança nacional;
Aprovar o planeamento operacional do sistema de segurança nacional e decidir sobre a
estratégia de emprego e de utilização das Forças Armadas Angolanas, da Polícia
Nacional e demais organismos de protecção interior e dos órgãos de inteligência e de
segurança de Estado; Convocar e presidir ao Conselho do Segurança Nacional; Promover

88
a fidelidade das Forças Armadas Angolanas, da Polícia Nacional e dos órgãos de
inteligência e de segurança de Estado à Constituição e às instituições democráticas”99

O Estado fortifica-se num projecto de uma sociedade justa, livre, democrática, solidária,
de paz, igualdade e progresso social100, tendo como objectivo a prossecução do
interesse público101, no qual se inserem a defesa dos direitos fundamentais, a melhoria
da qualidade de vida, a igualdade material e a justiça social, tal como todas as outras
necessidades colectiva, consagradas na Constituição (Andrade, 2006:11).

Também a actividade da polícia se deverá basear em três vectores: o da defesa da


legalidade democrática; o da garantia da segurança interna, através da manutenção da
ordem, segurança e tranquilidade públicas; e o da defesa e garantia dos direitos dos
cidadãos, o qual vincula a Polícia à obrigação de protecção pública (Clemente, 2007:369),
que se deverá

97 Este princípio da culpa implica que não haja pena sem culpa e que a pena não pode exceder a medida da

culpa.

98

Tradução livre: “the field where states threaten each other, challenge each other's
sovereignty, try to impose their will on each other, defend their independence, and so
on” (Waever, 1995:50).

99 Cfr. o artigo 123.º da CRA de 2010. 100 Idem, artigo 1.º.

101
(44)
33

realizar na total observância dos princípios de liberdade e segurança102. Os próprios


Códigos de Processo Penal e de Processo Civil são pilares de sustentação legal da
actividade de informação e segurança.

A par destas Leis fazem igualmente parte do enquadramento jurídico das informações e
segurança em Angola a Lei n.º4/1.977, de 25 de Fevereiro, que estabelece o regime
jurídico aplicável ao combate ao Mercenarismo103, a Lei n.º7/1978, de 26 de Maio, que
89
estabelece o regime dos Crimes contra a Segurança do Estado104, e a Lei n.º3/99, de 6
de Agosto, aplicável ao Combate do Tráfico e Consumo de Estupefacientes105,
substâncias psicotrópicas e precursores, bem como o Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho,
do EOPN106.

3.3. Gabinete de estudos informação e análise

Como em qualquer organização, a PN possui o GEIA como órgão107 responsável e


encarregue pelas informações de âmbito policial (e não só), em todos os seus domínios.

O actual GEIA108, denominação que ostenta depois da fusão com o órgão congénere
do extinto Ministério da Segurança do Estado, emergiu a nível do MININT, no dia 23 de
Março de 1990, com a denominação de Gabinete de Organização, Informação e Análise
(GOIA).

Neste sentido, como afirma o Sr. Intendente Alfredo Nhime109, o GEIA está estruturado
em áreas operativas e administrativas e possui igualmente uma área de organização,
responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar, tratar e enviar
aos órgãos de direito dos demais níveis de informação a nível do Comando Geral, todo
o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa.

102 Idem artigo 36.º. 103

No Código Penal Angolano, na sua Parte II, vem expressa a Lei sobre a Prevenção e
Repressão do crime de Mercenarismo e, diz no seu artigo 5.º, n.º 1, que a instrução dos
processos pelos crimes previstos na presente lei compete à DISA. É de salientar que a
DISA foi extinta com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, dando
origem ao SINFO e que posteriormente passou a designar-se de SISE.

104

A Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, no seu artigo 8.º, diz que, a actividade de segurança é
exercida através dos órgãos e serviços públicos de informação e os órgãos e serviços de
ordem interna previstos na presente lei.

105

Nesta mesma lei, no seu artigo 39.º, diz que deve ser prestada informação, bem como
apresentação de documentos as autoridades policiais de indivíduos que dedicam-se a
esta prática ilícita.

90
106 Cfr. o artigo 5.º, al. o) do mesmo Estatuto.

107 É designado por Gabinete de Estudos, Informação e Análise, mas tem um estatuto de Direcção, visto que é

dirigido por um Director Nacional (Órgão Central) e por directores provinciais (órgãos
provinciais).

108 Este Gabinete funciona actualmente com base no regulamento orgânico que foi aprovado pelo Decreto

Executivo n.º06/2000, de 24 de Março.

109 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(45)
34

Possui uma estrutura organizacional110 composta por um director111 e um adjunto, um


conselho consultivo, um conselho técnico, uma repartição administrativa, um
departamento de estudos e documentação, um departamento de organização e
controlo, um departamento de informação e estatística, direcções e departamentos nos
comandos provinciais e órgãos operativos centrais.

3.3.1. Estrutura organizacional, funcional e atribuições.

O GEIA é o órgão de apoio ao Comandante Geral, que tem como atribuições o estudo,
planificação e organização das principais actividades e tarefas da PN, o controlo da sua
execução ao nível dos órgãos centrais e provinciais, a gestão dos sistemas e níveis112da
PN, assim como o relacionamento das actividades de informação e contra-informação e
a sua análise, a orientação e coordenação da actividade de estatística, a divulgação dos
mais variados acontecimentos de índole policial e pública e a execução de outras tarefas
que lhe forem superiormente determinadas.

Está estruturado em113:

1- Direcção - que é composto pelo Director do Gabinete e pelo Adjunto;

2- Serviços de apoio - que são constituídos pelo Conselho Consultivo, presidido pelo
Director do Gabinete, com competências para apreciar e discutir questões fundamentais
de âmbito organizativo e funcional, do qual fazem parte os chefes dos departamentos,
chefes dos órgãos executivos centrais e provinciais. Também integra o Conselho

91
Técnico114, com competências na análise das situações concretas e da gestão
administrativa em geral;

3- Serviços Executivos Centrais115 que integram os seguintes departamentos:

 O Departamento de Organização e Controlo, que é o órgão116 com competência para


estabelecer normas, métodos e indicadores das actividades de gestão a todos os níveis,

110 Vide anexo IX. 111

Tem a categoria de Director Nacional, conforme expresso no artigo 23.º do EOPN, e o


Adjunto tem a categoria de Director Nacional Adjunto, conforme ainda o mesmo artigo.

112 Na Polícia Nacional de Angola existem três níveis de informação: Nível Superior de Informação; Nível

Intermédio de Informação e o Nível Básico de Informação e que nos debruçaremos mais


adiante.

113

Cfr. o capítulo II, artigo 3º do Regulamento Orgânico do GEIA.

114 O Conselho Técnico é constituído pelos chefes de Departamento do GEIA, chefes dos órgãos centrais e

outros técnicos que forem indicados pela Direcção.

115 Vide anexo IX, figura 7. 116


(46)
35

elaborar os documentos reitores das actividades policiais117, elaborar o relatório anual


em articulação com os demais órgãos da PN, bem como elaborar pareceres118;

 O Departamento de Estudos e Documentação 119, que prossegue atribuições como o


estudo das causas da evolução da criminalidade, propõe a adopção de medidas de
organização e gestão que visam o aumento da eficácia e eficiência dos serviços, elabora
estudos sobre a evolução de tecnologias necessárias as actividades policiais (e utilizadas
por outros países), bem como procede ao estudo e análise de matérias de interesse para
a PN;

92
 O Departamento de Informação e Estatística assegura a recolha, estudo e a difusão de
elementos estatísticos da situação criminal e de indicadores de apoio à gestão,
organizando o arquivo de dados estatísticos sobre a vida operativa e administrativa da
instituição, elabora a estatística inerente a actividade específica dos diversos órgãos da
PN e prepara as informações estatísticas que o Comando Geral determinar, destinadas
ao Ministério do Interior e a outros órgãos de soberania do Estado;

 A Repartição Administrativa120 é responsável por assegurar o funcionamento


administrativo do GEIA, através da recepção, classificação121, expedição de documentos
e organização de arquivos, assim como realizar tarefas de relações públicas e promover
a publicação das ordens de serviço do órgão.

3.4. Sistema e níveis de informação na Polícia Nacional de Angola

O Sistema de Informação da Polícia Nacional de Angola (SIPNA) define-se122 como uma


estrutura com um conjunto de princípios123, normas e meios que determinam os

117 Designadamente as directivas e os planos do Comandante Geral.

118 Apenas deve elaborar pareceres em matéria de actividades administrativas, superiormente solicitados.  119 Este Departamento é dirigido por
um Chefe de Departamento e integra Especialistas de Pesquisas e

Documentação e Especialistas de Estudos e Pareceres.

120 É dirigido por um Chefe de Repartição e integra especialistas de Recursos Humanos e Relações Pública e

especialistas de expediente e arquivo.

121

Quanto a necessidade de conhecer as informações classificam-se em informação pública


e informação classificada (muito secreta, secreta, confidencial e reservada); quanto a
relevância ou repercussão, podem ser informação relevante e informação não relevante;
quanto ao formalismo, podem ser informações formais ou sistemáticas, informações
periódicas (diárias e semanais) e informações de balanço periódicos (trimestrais e
anuais); quanto ao grau de segurança, as informações classificam-se em Segredo de
Estado, Secreto, Confidencial e Reservado (Lei n.º 1/83, de 23 de Fevereiro - Do Segredo
Estatal), previsto no Regulamento

de Gestão de Informação Operativa do CGPN, 2001 e nas Noções de Informação, Análise e


seus Requisitos, 2002).
93
122

Cfr. o ponto II, n.º 1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia


Nacional.

123 Todos os elementos e estruturas do sistema observam os seguintes princípios: 1 – Comando único; 2 –

Relacionamento vertical dos órgãos inferiores aos superiores; 3 – Relacionamento entre


órgãos centrais e comandos provinciais; 4 – Relacionamento entre órgãos do mesmo
nível (coordenação entre os órgãos); 5 – Retroactividade; 6 – Necessidade de conhecer; 7
– Vinculação informativa.
(47)
36

procedimentos de obtenção, tratamento e difusão das informações a nível interno e


externo, de uma forma oportuna, a fim de facilitar a tomada de decisões e assegurar a
prossecução das competências e atribuições da PN.

O SIPNA tem por objectivo124 a recolha de informações em que se aplica um fluxo125


de informações que inclui o registo, análise, consultas e recomendações que possam
fornecer, rápida e eficientemente, correntes informativas necessárias a prevenção da
criminalidade, bem como a implementação de um procedimento uniformizado para que
a cada nível de informação cheguem dados necessários com a qualidade e oportunidade
requeridas.

Neste sentido, todos os elementos e estruturas do sistema observam princípios126 de


funcionamento como: a) Comando único; b) Relacionamento vertical dos órgãos
inferiores com os superiores; c) Relacionamento entre órgãos centrais e comandos
provinciais; d) Relacionamento entre órgãos do mesmo nível (coordenação entre os
órgãos); e) Retroactividade; f) Necessidade de conhecimento; g) Vinculação informativa.

A ligação e o regular fluxo de informações com outras entidades internas127 e


externas128 revela-se como outro dos principais objectivos do SIPNA. Para poder
cumprir com os seus propósitos o sistema abrange todo o dispositivo da PN e estrutura-
se da seguinte forma: GEIA e Posto Comando do Comando Geral; Departamentos de
informação e análise dos órgãos centrais de especialidade; GEIA e P/C dos comandos
provinciais129; Secções de informação e análise dos comandos municipais; Áreas de
informações e análise das esquadras e postos policiais.

94
Para além destes órgãos, fazem parte do SIPNA entidades como: Pessoas de confiança,
empresas privadas de segurança, informadores ocasionais, rede de colaboradores,
oficiais de ligação130, adidos de segurança131, oficial de segurança da Presidência da
República e oficiais para a cooperação policial internacional132.

124

Cfr. o ponto II, n.º 2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia


Nacional.

125

Quanto a este assunto, vide anexo VII.

126 Cfr. o ponto II, n.º 3, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.

127 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., anexo I, pergunta 9. Podemos incluir o

Gabinete Nacional da Interpol (artigo 41.º do EOPN).

128 Idem. Mais concretamente com outras Forças e Serviços de Segurança Nacional, como por exemplo as

Forças Armadas Angolanas, o Serviço de Inteligência e Segurança do Estado.

129 É de frisar que a PN possui 18 comandos provinciais, distribuídos nas 18 províncias do país.  130

Representam a PN em países estrangeiros ou com entidades externas.

131 São representantes do País (Angola) em países estrangeiros e que estabelecem ligação em matéria de

segurança, como é o caso dos adidos militares.

132 Dentro do MININT, temos o Gabinete de Intercâmbio e Cooperação, que promove e acompanha o


(48)
37

3.4.1. Subsistemas de informação

O SIPNA é constituído por dois subsistemas133: um subsistema de informação


sistematizada ou formal e um subsistema de informação não sistematizada ou informal.

95
O subsistema formal134 é constituído pelas informações sistematizadas prestadas
através de relatórios, abrangendo os diferentes períodos de informação e correspondem
àquelas informações regulamentadas por metodologias, com prazos, fontes e
destinatários previamente determinados. Este subsistema produz relatórios diários de
informação, relatórios semanais e relatórios de balanço periódico (trimestral e anual).
Para as informações produzidas por este subsistema contribuem os departamentos de
operações, Posto de Comando e salas operativas dos órgãos centrais, comandos
provinciais, divisões, esquadras, postos policiais e redes de colaboradores secretos, que
elaboram e remetem, de acordo com os prazos estabelecidos, informações
operativas135, administrativas136 e as informações públicas, que são prestadas logo
que ocorrem.

O subsistema informal137 é constituído por informações prestadas ocasionalmente e


podem ser prestadas verbalmente ou por escrito, de acordo com as necessidades do
momento, com vista a garantir o funcionamento contínuo dos órgãos que compõem o
sistema e a tomada de decisão rápida e oportuna. Estas informações são compostas por
informações urgentes relevantes, sequências informativas, informações especiais,
informações relativas ao desenvolvimento das investigações de crimes relevantes ou à
instrução dos respectivos processos, estudos, análises e pareceres sobre aspectos
relativos à situação operativa e administrativa, bem como quaisquer outras informações
solicitadas pela chefia ou Comando. Integram este subsistema todos os órgãos
operativos centrais138 e os comandos provinciais.

Através do SIPNA são satisfeitas as necessidades de informações no âmbito da


segurança, ordem pública e investigação criminal. Para tal, deverá ser garantido um fluxo
permanente de informação entre o dispositivo da PN, em todos os níveis hierárquicos,
através da difusão oportuna, segura e em formato adequado, das notícias e informações
relevantes.

133 Cfr. o ponto III, n.º 1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional. 134

Cfr. o ponto III, n.º 1.1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia
Nacional.

135

Neste tipo de informações são elaboradas as informações diárias, semanais, analítica


trimestral, semestral e anual.

136 Como é o caso das informações especiais, trimestrais (relatórios), semestrais (relatórios), anuais (relatório)

96
e as mensagens.

137 Cfr. o ponto III, n.º 1.2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.

138 Fazem parte dos órgãos operativos centrais a Direcção Nacional de Investigação Criminal, a Direcção

Nacional de Ordem Pública, de Viação e Trânsito, a Direcção Nacional de Inspecção e


Investigação das Actividades Económicas, Direcção Nacional de Registos e Informações.
(49)
38

3.4.2. Níveis de informação

O sistema de informação está estreitamente vinculado aos níveis de informação, pois o


primeiro só tem razão de ser caso estes estejam devidamente definidos.

A organização da informação deve garantir que a cada nível de direcção chegue a


informação necessária a seu devido tempo e com a qualidade requerida, com a
finalidade de facilitar a elaboração e tomada de decisões e poder alcançar os objectivos
traçados em cada subsistema. A PN possui três níveis139 de informação, para que o
Sistema de Informação cumpra integralmente com a sua missão: a) Nível básico de
informação; b) Nível intermédio de informação e; c) Nível superior de informação.

Nível Básico - este nível corresponde à obtenção e tratamento primário da informação


que deve ser enviada ao nível intermédio de informação. Integra o Comando Municipal,
a Esquadra, o Posto e o Destacamento Policial, através do seu chefe140, bem como
todos os seus órgãos. Para este nível constituem fontes de informação os giros apeados
e motorizados, os agentes das áreas operativas, os agentes de trabalho operativo
secreto, os agentes do serviço de sectores, as pessoas de confiança, o cidadão em geral
(fonte voluntária) e as instituições estatais ou privadas141.

As informações são obtidas das fontes pelos serviços de sector142, para os órgãos das
esquadras, terminando no Comandante de Esquadra. As informações recebidas de
carácter relevante são remetidas para a área de informação e análise, para a elaboração
da informação diária ao Comandante de Esquadra e deste para os órgãos centrais de
especialidade, para os comandos de divisões e para o Comando Provincial da PN. Por
último, as informações urgentes relevantes neste nível143 devem ser imediatamente
remetidas ao Comandante de Esquadra que difundirá para o de Divisão, e este para o
Provincial, com conhecimento aos órgãos de especialidade.

97
Nível Intermédio - a este nível são tratadas as informações recebidas dos órgãos
municipais, dando a estas o carácter de informação de resultado final, com vista a serem
canalizadas ao nível superior de informação. Fazem parte deste nível os órgãos como o

139 Cfr. o ponto III, n.º 2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.

140 Que, neste caso, é o Comandante Municipal, Comandante de Esquadra, Chefe de Posto ou de

Destacamento policial.

141 Vide anexo VIII.

142 Através do Trabalho Operativo Secreto (TOS) e dos Piquetes.

143 Circulam neste nível informação urgente relevante, informação diária (Pública) e informações relativas ao
(50)
39

Comando Provincial (através do seu chefe144), as divisões, assim como todos os órgãos
que fazem parte do Comando Provincial e da Divisão. As instituições estatais ou
privadas, pessoas de confiança ou o cidadão em geral constituem fontes de informação
para este nível.

A tramitação da informação é feita a partir das fontes e dos comandos municipais,


passando o seu fluxo pelos órgãos provinciais até ao CGPN. As informações não
relevantes devem ser remetidas aos órgãos centrais de especialidade que dela
necessitam e aos órgãos de informação e análise para a elaboração do relatório diário
para consideração do Comandante Provincial que, por sua vez, remete-a ao Gabinete do
Comandante Geral através da Direcção de Operações/CGPN.

As informações urgentes relevantes devem ser imediatamente remetidas ao


Comandante Provincial que as levará ao conhecimento do Comandante Geral através da
Direcção de Operações, com conhecimento dos órgãos centrais de especialidade. A este
nível145 as informações relativas a investigação de crimes ou instrução processual
devem ser remetidas directamente ao Chefe do Órgão Central de Especialidade. O
Comandante Provincial deverá tomar conhecimento desta informação.

Nível Superior – É formado pela Direcção do Comando Geral e nele deverão concentrar-
se as informações estratégicas, as operativas e as tácticas, principalmente as informações
de resultado final, que deverão servir para a tomada de decisões de maior alcance.
98
Cabe igualmente a este nível de informação recepcionar todas as informações das
estruturas superiores do Estado e do Governo e, de igual modo, prestar a estas
instâncias informações sobre as actividades levadas a cabo pelo Comando Geral.

Integram este nível a Área de Ordem Pública e a Área de Protecção e Intervenção,


através dos respectivos Comandantes146, bem como todos os órgãos centrais de
especialidade147, constituindo fontes de informação deste nível148 as instituições
estatais ou privadas, as pessoas de confiança e os cidadãos em geral.

144 Que neste caso é o Comandante Provincial.

145 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; sequência informativa; informação diária, semanal,

analítica delituosa mensal, relativa a instrução de processos, sobre estudos, análise e


pareceres bem como informações solicitadas.

146 São os Exmos. Srs. 2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e 2.º Comandante de Protecção e

Intervenção.

147

Neste âmbito, fazem parte todos os órgãos que dependem directamente dos Exmos. Srs.
2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e do 2.º Comandante Geral de Protecção e
Intervenção.

148 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; informação diária, semanal, analítica delituosa

mensal, relativa a instrução de processos, sobre estudos, análise e pareceres; sequência


informativa; relatórios trimestrais e anuais de actividades, bem como informações
solicitadas.
(51)
40

A tramitação da informação inicia-se nas fontes de informação e o seu fluxo passa pelos
órgãos centrais do CGPN e termina no Comandante Geral. As informações relevantes
devem ser remetidas aos órgãos de estudos, informação e análise do Comando Geral
que, por sua vez, as remetem ao Gabinete do Comandante Geral, após o devido
tratamento. As informações urgentes relevantes devem ser imediatamente remetidas ao
Comandante Geral, com conhecimento aos órgãos de EIA.
99
(52)
41

Cap. 4 - A problemática das informações na Polícia Nacional de


Angola – O caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte.

“Os sistemas de controlo externo da acção policial devem actuar com objectividade,
rigor e isenção (…), mas só são sustentáveis se tiverem credibilidade junto da
população”. (Inspecção-Geral da Administração Interna, Controlo Externo da

Actividade Policial, Volume II, 1998-2002, (Volume I, 1998), p. 66).

Pretendemos com o presente capítulo mostrar a magnitude da problemática das


informações na PN, concretamente no Comando Provincial do Kuanza-Norte, referindo
aspectos da própria província, do Comando Provincial e da importância das informações
na tomada de decisão. Pretendemos abordar aspectos referentes ao policiamento de
proximidade, a articulação de dados entre informações e à investigação criminal.

Abordaremos igualmente a necessidade de articulação de dados entre os serviços de


inteligência e a investigação criminal, bem como da urgência da necessidade de uma
plataforma digital para a troca de informações entre os diferentes órgãos da PN, que
obrigará a uma modernização das infra-estruturas, bem como de meios técnicos e
informáticos.

4.1. Caracterização geral da Província do Kuanza-Norte

O Kuanza-Norte é uma Província de Angola com uma área de 24.110 km². Situa-se a
norte do país e sua população é de aproximadamente 654.000 habitantes149. A sua
capital é N'dalatando. É constituída pelos municípios150 de Ambaca, Banga,
Bolongongo, Cambambe, Cazengo, Golungo Alto, Ngonguembo, Lucala, Quiculungo e
Samba-Cajú e trinta e uma (31) comunas151.

A Província152 faz fronteira ao Norte com as províncias do Bengo e Uíge, a Leste com
Malange, a Sul limita-se com a Província do Kuanza-Sul e a Oeste novamente com a
Província do Bengo. O solo é rico em ferro e manganês ainda não prospectado, o que

149 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kwanza-Norte, consultado no dia 06.03.2010.

100
150 Os Municípios são designados por Concelhos em Portugal. Entre os Municípios temos o Município do

Cazengo (Sede) com 103.102 habitantes, Kambambe-Dondo com 70.000, Lucala com
13.383, Samba-Cajú com 30.833, Quiculungo com 12.42.423, Golungo Alto com 34.154,
Ngonguembo com 7.904, Bolongongo com 28.013, Ambaca com 48.777 e Banga com
7.541 habitantes, respectivamente. Fonte: Projecto de

Criação de Divisão de Polícia no Comando Provincial do Kuanza-Norte, Setembro, 2005.

151 As comunas são designadas em Portugal por freguesias. 152


(53)
42

impossibilita a sua exploração. A população dedica-se à agricultura de subsistência, à


pesca e à criação de gado.

Essencialmente agrícola, a Província, como o resto do País, sofreu os efeitos da guerra


prolongada, o que a tornou deficitária no plano alimentar e não só. Actualmente estão a
ser reabilitados os imensos campos agrícolas. Produtos como o suculento ananás, a
mandioca, as hortícolas, etc., são produzidos já com alguma abundância, o que vai
permitir, a curto prazo, minorar as carências alimentares das populações. O café foi um
dos grandes baluartes da produção agrícola do Kuanza-Norte. Este sector também já
regista alguma recuperação.

No plano agro-pecuário, a Província também se dedica à criação de gado. Há registo de


um forte incremento deste sector, com vista a devolver os níveis de produção
alcançados anteriormente.

Pensamos que a péssima condição em que se encontram muitas das vias de


comunicação tem dificultado cada vez mais a chegada de bens de primeira necessidade
às zonas rurais, bem como o escoamento dos produtos nelas produzidos, e que com a
paz já se tem notado melhorias significativas.

O deficiente parque industrial, a não prática de agricultura mecanizada, o elevado índice


de analfabetismo e o deficiente saneamento básico continuam a ser as maiores causas
de subdesenvolvimento da Província.

4.2. O Comando Provincial do Kuanza-Norte

101
O Comando Provincial do Kuanza-Norte designado abreviadamente pela sigla (CPKN) é
um órgão do Comando Geral da PN, competindo-lhe a defesa da legalidade
democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, a investigação dos
crimes e a determinação dos seus autores e a instrução preparatória dos processos, bem
como a colaboração na execução da política de Defesa Nacional, nos termos da Lei.
Exerce a sua acção em toda a extensão da província, tendo um orçamento
descentralizado a partir da Direcção Nacional de Planeamento e Finanças do CGPN,
conforme o artigo 1.º e 2.º do seu regulamento orgânico.

Para o cabal cumprimento das suas missões fundamentais, o CPKN tem as seguintes
competências e atribuições: garantir o normal funcionamento das instituições
democráticas e o regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos,
prevenir e combater a criminalidade procedendo a investigação dos crimes e à instrução
preparatória dos respectivos processos e cumprir as demais atribuições constantes do
EOPN (conforme artigo 4º do seu regulamento orgânico).
(54)
43

Possui três “níveis de comando”153 e como órgãos executivos possui nove “direcções
provinciais”154

, seis “departamentos provinciais”155, um Posto de Comando, a Unidade de Protecção


de Individualidades Protocolares (UPIP), a Unidade Provincial de Protecção de Objectivos
Estratégicos (UPPOE) e a Secretaria Provincial.

É comandado por um comandante156 provincial e coadjuvado por um 2.º


comandante157 provincial. Possui um efectivo estimado em cerca de 4.200158
elementos, de entre as categorias hierárquicas de Subcomissário159 (1), Oficiais
Superiores160 (64), Oficiais Subalternos161 (339), Subchefes162 (496), Agentes163
(3.087) e 161 efectivos do quadro II164.

Tem como principais órgãos operativos a Direcção Provincial de Investigação Criminal


(DPIC) e a Direcção Provincial da Ordem Pública (DPOP), que são responsáveis pela
recolha de informação de índole policial, para o cabal desempenho das actividades
policiais, através das Equipas de Trabalho Operativo Secreto (TOS)165 e dos Serviços de
Sectores, que fazem fluir a informação para as áreas de especialidade (Áreas de
Informação e Análise).

153 Comandos municipais e de Divisão; esquadras e postos policiais (vide artigo 5º do Regulamento Orgânico

102
do Comando Provincial do Kuanza-Norte).

154

Direcção de Investigação Criminal; de Inspecção e Investigação das Actividades


Económicas; de Viação e Transito; da Ordem Pública; de Recursos Humanos; de
Logística; de Planeamento e Finanças; de Comunicações; e de Registos e Informação (vide
artigo 6.º, do seu Regulamento Orgânico).

155 Departamento Provincial de Transportes; de Saúde; de Educação Moral e Cívica; dos Serviços Sociais; de

Armas e Explosivos; e de Informática (vide artigo 6.º do Regulamento Orgânico).

156 O Comandante Provincial tem o grau de Subcomissário, cabendo-lhe comandar, dirigir, coordenar e

fiscalizar todos os serviços dos órgãos do respectivo Comando, submetendo a despacho


do CG os assuntos que careçam de resolução superior, assim como propor a criação ou
extinção de esquadras, postos policiais ou outras unidades dependentes do Comando
Provincial (vide artigo 8º do Regulamento Orgânico).

157 O 2.º Comandante tem o grau de Superintendente-Chefe e assegura a realização de inspecções, visitas de

controlo e ajuda aos diversos órgãos e presta contas da sua actividade ao Comandante
Provincial (vide artigo 9º do Regulamento Orgânico).

158 Quanto ao número do efectivo do Comando Provincial, não se sabe ao certo o número real do efectivo,

visto que foi feito recentemente um levantamento de todo o efectivo a nível da Província
(vide anexo I, II e III, pergunta 4, 5 e 4 respectivamente). A Direcção Provincial de
Recursos Humanos tem sob seu controlo um total de 4.148 efectivos entre pessoal do
quadro I e II (com 161 elementos).

159

Classe de Oficiais Comissários, de que fazem parte o Comissário Geral, o Comissário -


Chefe, Comissário e Subcomissário, conforme a Lei n.º 9/08, de 2 de Setembro.

160 Na Classe de Oficiais Superiores temos o Superintendente-Chefe, Superintendente e Intendente, conforme

a Lei nº 9/08, de 2 de Setembro.

103
161

Na Classe de Oficiais Subalternos incluem o Inspector-Chefe, Inspector e Sub-inspector,


conforme a Lei n.º 9/08, de 2 de Setembro.

162 Nesta Classe de Subchefes temos o 1.º Subchefe, 2.º Subchefe e 3.º Subchefe, conforme a Lei n.º 9/08, de

2 de Setembro.

163 Na Classe de Agentes, fazem parte o Agente de 1.ª Classe, de 2.ª Classe e Agente, conforme a Lei n.º

9/08, de 2 de Setembro.

164 Estamo-nos a referir ao pessoal que faz parte do quadro II (efectivo civil), que não faz parte do quadro I

(efectivo militarizado com funções policiais).

165 O TOS é o trabalho operativo secreto realizado por oficiais operativos que dirigem a rede de

colaboradores secretos e pessoas de confiança, partindo da situação operativa concreta


e bem direccionados com o objectivo de situarem-se em locais vulneráveis, ou seja,
pontos negros em que existam probabilidades de realização de delitos e outros factores
tendentes a afectar a ordem e tranquilidade públicas, bem como
(55)
44

4.3. Modelo de tomada de decisão

O Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN é o órgão do Comando Geral


responsável pelo tratamento da informação que é filtrada pelos comandos municipais
através da recolha que é efectuada pelas equipas de Trabalho Operativo Secreto, pelas
equipas dos Serviços de Sectores, pelas pessoas de confiança, pelos informadores
ocasionais, pelas empresas privadas de segurança, pelos agentes policiais e pela
população em geral.

O CPKN trata as informações recebidas dos órgãos operativos provinciais, dando a estas
o carácter de informação final, a este nível, com vista a serem canalizadas ao nível
superior de informação. O GEIA/Comando Provincial analisa e processa toda a
informação recepcionada dos diversos órgãos operativos e administrativos, tendo em
vista a sua remessa ao Comandante Provincial para a tomada de decisão.
104
Os sistemas de informação contêm modelos166 mentais e matemáticos facilitando
assim a filtragem e a manipulação dos dados, de forma a produzir a informação
necessária à tomada de decisão (Rasgão, 2004:38).

A tomada de decisão ao nível do Comando Provincial obedece a um modelo que se


baseia na recolha, análise e tratamento da informação, sendo a decisão tomada após a
ocorrência de reuniões do Conselho Consultivo Normal ou Alargado.

A reunião do Conselho Consultivo Normal é realizada semanalmente, é presidida pelo


Comandante Provincial e nela participam o 2.º Comandante Provincial, todos os
membros dos órgãos provinciais e o Comandante Municipal do Cazengo. São debatidas
questões que se prendem com a situação operativa e administrativa da Província, bem
como aspectos que se prendem com o normal funcionamento da instituição. Nas
reuniões do Conselho Consultivo Alargado participam todos os membros supracitados
bem como todos os comandantes municipais e nelas são discutidas questões
relacionadas com o ano em curso e questões pendentes.

crimes contra a segurança do Estado. Tem como vantagem o conhecimento oportuno e


obtenção de informação operativa por parte de P/C em tempo capaz de possibilitar a
adopção de medidas de descobrimento, prevenção e corte de actividades delituosas ou
ilicitudes criminais e protecção de pessoas e bens e a sua prevenção. Por outro lado, tem
como desvantagem o não conhecimento concreto da situação operativa, a má
distribuição de P/C e C/S, afectando a obtenção oportuna da informação delituosa e de
possíveis elementos infractores e responsáveis pelo cometimento de delitos e outros,
afectando o conhecimento real da situação bem como do comportamento delituoso
para os órgãos na prevenção e repressão da criminalidade.

166 O modelo mental identifica os factores ou ideias importantes e o modelo matemático explica esses
(56)
45

Dentre os vários encontros semanais, despachos e visitas que têm como objectivo
analisar a situação delituosa da província e o estado funcional dos órgãos que
constituem este Comando Provincial, foram tomadas um total de 266 decisões167.
Destas foram cumpridas na íntegra 194, enquanto 55 estão em execução, face o carácter
permanente a que obedecem, e 17 decisões não foram cumpridas, o que permitiu o
alcance de 73 % de cumprimento, 21% em execução e 6% são decisões não cumpridas.

105
É de referir que estas decisões só são tomadas depois de uma análise da informação
criminal feita pelos órgãos operativos como um “instrumento objectivo e fundamental
para facilitar a redução do crime e para preveni-lo através de técnicas policiais efectivas
e de projectos de parceria externas, criadas a partir de uma plataforma comum”
(Ratcliffe, 2003:2), em que o POI apresenta-se como a técnica conceptual mais eficaz.

Assim sendo, as informações recolhidas servirão para interpretar o ambiente criminal168


através de análise das mesmas, encaminhando de seguida ao decisor, influenciando-o
no processo de decisão que terá um impacto/influência no ambiente criminal (Ratcliffe,
2003:3).

4.4. Importância da informação na tomada de decisão no Comando Provincial


do Kuanza-Norte.

Segundo Alfredo Nhime169, geralmente a tomada de decisão depende sempre das


probabilidades estatísticas, isto é, com base no fluxo de informação recepcionada pelo
GEIA e remetida para apreciação do Comandante Provincial para a tomada de decisão. É
tida em consideração a comprovação dos dados/informação, a não ser em caso de
extrema urgência, que oportunamente merece uma análise profunda170.

Óscar Soares171 defende que toda a informação, desde que reúna características
verídicas e oportunas, e seja originária de fontes fidedignas, é necessária para a tomada
de

167 Cfr. o Relatório Anual (2009) das Actividades Desenvolvidas pelo Comando provincial do Kuanza-Norte

da Polícia Nacional de Angola.

168

Adoptamos a interpretação de Rodrigues (2006:58), para o qual o ambiente criminal


relativo ao esquema de Ratcliffe representa o ambiente característico da intervenção
policial.

169 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,

dada no dia 30 de Dezembro de 2009, ao autor do presente trabalho (Vide anexo I,


pergunta 11).

170 Por exemplo, podemos ter a informação que no sítio X ou Y aconteceu um crime, devemos, em primeiro

106
lugar, ter em atenção ao modus operandis que os marginais utilizaram, porque eles
(marginais) poderão alterar os seus modus operandis, visto que também são astutos, e
que, neste caso, só a repetição numa determinada localidade é que geralmente exige a
tomada de decisão por parte de quem de direito (vide anexo I, pergunta 11).

171 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, Chefe de Departamento de Informação e

Análise do GEIA do Kuanza-Norte da PNA, dada no dia 29 de Dezembro de 2009, ao


autor do presente trabalho. Vide anexo III, pergunta 5).
(57)
46

decisão. Porque, segundo Óscar Soares, podemos trabalhar com a informação de âmbito
diferente, isto é, podemos utilizar determinada informação para executar actividades de
índole operativa para concebermos planos estratégicos que visem solucionar um
problema a curto, médio e a longo prazo. Há ainda informações que permitem também
a elaboração ou a planificação de actividades de índole táctica. Afirma ainda que toda a
informação é necessária desde que cumpra com os verdadeiros requisitos de uma
informação.

Deste modo, aponta Óscar Soares que as decisões não são tomadas de forma arbitrária,
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Estes órgãos estão a disposição do Comandante Provincial para o tratamento
dos mais diversos assuntos que podem chegar à sua mesa de trabalho, para a tomada
de decisão. Outras decisões pontuais são tomadas pelo Comandante Provincial por
despacho ou por comissão ad hoc172.

Os órgãos concorrentes intervêm com base nos objectivos preconizados pelo Comando
Provincial, tendo em atenção a intenção do mesmo, partindo da recepção e
tratamento173 da informação que imediatamente obedecerá à devida tramitação e
remessa aos níveis estabelecidos174.

A informação pública de carácter não urgente/relevante que será remetida ao órgão


central de cada nível deverá ser comprovada a partir da Esquadra. A verificação ou
pesquisa da informação pode determinar a sua autenticidade, aplicando os pressupostos
e requisitos da informação como o quê, onde, quando, como, quem, porquê e para quê.

107
A tomada de decisão deve basear-se nas situações operativas concretas sobre as quais
incide o trabalho policial. Neste sentido, pensamos que devemos valorizar o TOS, com a
distribuição de uma base de colaboradores seguros bem distribuídos e atendidos por
Oficiais Operativos (O/O), com eficiente poder de análise e direccionamento, garantindo
para tal a sua segurança.

172 Idem, pergunta 10.

173 Toda a informação obtida pelos órgãos operativos obedece a duas vertentes simultâneas de tratamento

oportuno que são: a) Tratamento operativo que tem duas fases de tratamento da
informação operativa para enfrentamento imediato com forças de reacção ou não
(decorrentes de factos ou facto consumado) e para a verificação ou comprovação
imediata (notícia ou informação com falta de elementos); b) Tratamento administrativo
(Informação e Análise), que está relacionado com fases de tratamento da informação,
como a remessa imediata dos factos ocorridos (oportunidade) e a remessa dos dados
complementares (sequência informativa).

174 Para tal, a Polícia intervém com mecanismos próprios no âmbito dos vários ramos e especialidades que

compõe a Polícia Nacional, isto é, o trabalho que os órgãos operativos devem realizar
em relação à informação obtida.
(58)
47

Com o cumprimento efectivo do exposto, obteremos as informações com maior


oportunidade, em tempo capaz de possibilitar a adopção de medidas que permitirão
contrariar os factos criminais antes que estes se produzam. Igualmente importantes são
as informações oportunas sobre factos criminais já ocorridos, para que os órgãos
policiais encarregues de intervir tenham maiores possibilidades de conhecer e procurar
os indícios que faltam sobre os seus autores, no mais curto espaço de tempo decorrido
entre a ocorrência do facto e o início da sua investigação. Como afirma Clemente, “sem
informações, a Polícia é cega, logo inoperante” (Clemente, 2007:394).

4.5. O Policiamento de proximidade e a recolha de informação

A Polícia em Angola actualmente apresenta-se de uma forma híbrida, à luz dos modelos
clássicos, considerando que o sistema policial angolano perfilha simultaneamente as
doutrinas portuguesa e espanhola quanto ao modo como se efectua o patrulhamento.

108
Existe uma tendência maioritária para considerar a PN como uma Polícia de reacção e
não de aproximação. Todavia, em nosso entender (e como já foi referido), a PN
apresenta-se como uma Polícia híbrida, em que se combinam a actividade de
investigação criminal e um patrulhamento ostensivo dirigido.

Em nosso entender, a PN deveria investir mais no policiamento de proximidade. Os


comandos provinciais, os comandos municipais e as esquadras deveriam adoptar mais
uma vertente preventiva de proximidade no policiamento e aproximarem-se mais do
cidadão.

Tendo em consideração que a principal tarefa da Polícia Nacional é a prevenção e o


combate à criminalidade, pensamos que as informações policiais têm como finalidade a
prevenção de ocorrência de delitos de qualquer índole, preparar a resposta à ocorrência
de catástrofes naturais, reprimir os actos de vandalismo e desordem, bem como
descobrir os autores dos delitos ocorridos.

Segundo Alfredo Nhime175, os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho


Operativo Secreto (TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que os rodeia, numa
interacção constante entre cidadão - polícia e vice-versa, visto que o polícia para além
de pertencer à sociedade também deve viver os problemas da própria sociedade, sendo
esta condição básica para uma actuação de sucesso. Se o polícia não estiver informado
dos problemas que afectam a sociedade onde está inserido não cumprirá integralmente
o seu

175
(59)
48

verdadeiro papel, pois não conseguirá adequar as suas acções às diversas ocorrências
que tem que resolver.

O policiamento de proximidade é um modelo que geralmente satisfaz as exigências


actuais da sociedade, principalmente as das pessoas mais vulneráveis, como os idosos e
crianças. A Polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto
permanente com as pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da
situação operativa da sua área de jurisdição. Estamos a falar concretamente dos O/O e
dos Chefes dos Serviços de Sectores porque estes têm a missão de fazerem o
acompanhamento dinâmico do próprio sector e o movimento demográfico, sendo
fundamental manter o contacto permanente com as pessoas que ali residem176.

109
Alfredo Nhime177 diz que o policiamento de proximidade tem um papel fundamental e
crucial na recolha de informação e no estabelecimento de relações de comunicação com
a comunidade, para que seja possível descobrir os infractores e criminosos e o
direccionamento das forças policiais para a actuação directa sobre os mesmos.

Na opinião de Óscar Soares178, o policiamento de proximidade na prática tem resultado


muito bem porque os polícias estão junto das comunidades, mesmo nos aglomerados
populacionais que se encontram situados a grandes distâncias da sede provincial
(N'dalatando) e que não têm uma grande moldura em termos demográficos como o
Zanga, Canhoca e Carianga.

Por outro lado, Óscar Soares179 defende que o policiamento de proximidade não é
integralmente aplicado, visto que falta limar alguns aspectos no que diz respeito aos
próprios métodos de actuação, assim como no referente à formação adequada dos
Agentes, Subchefes, e Oficiais. Igualmente no que concerne aos métodos e técnicas de
execução no terreno, nota-se a falta de conhecimentos em matéria de relações públicas
para uma boa e exemplar relação para com o público em geral. O agente da autoridade
deve dominar a expressão oral e escrita, devendo demonstrar civilidade exemplar no
contacto com o cidadão. Apenas assim será

176 Principalmente com as Autoridades tradicionais (designados por Soba) e idosos, visto que eles têm a

informação, sabem quem é, qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao


crime, os sítios geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de
malfeitores, onde traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher
informações benéficas para a actividade policial. Vide entrevista ao Intendente Alfredo
Nhime, entrevista cit., pergunta 13.

177 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., pergunta 13.

178 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 12.  179
(60)
49

possível receber/recolher a informação necessária, o que não acontece em muitos casos


na Polícia180.

Estamos em condições de afirmar181 que o policiamento de proximidade é uma


realidade, mas com sérios problemas de implementação efectiva. Dos 4.148 Efectivos,

110
932 frequentam os diversos níveis182 de ensino, com apenas 2 licenciados e 9 técnicos
superiores não licenciados, o que tem dificultado muito na recolha de informação por
parte dos agentes de autoridade. Igualmente preocupantes, são as deficiências ao nível
dos meios de comunicação183 e de transportes ao dispor dos elementos policiais.

Ao nível de cobertura rádio tem-se dado primazia dos meios de comunicação atribuídos
ao pessoal dos grupos de patrulha (apeado e motorizado) que estão no terreno sob o
controlo do Posto de Comando Provincial184 e ao Comando Municipal do Cazengo185.
Por outro lado, nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio de
comunicação. Podemos afirmar que, em termos de comunicações, o Comando Provincial
do Kuanza-Norte da Polícia Nacional encontra-se abaixo da média, o que nos é afirmado
em entrevista a Soares186.

Segundo Alfredo Nhime187, dos dez (10) comandos e esquadras municipais que o
Comando Provincial controla, apenas os comandos municipais188 possuem meios de
telecomunicações, porquanto as esquadras municipais189 não os possuem,
dependendo para

180 Ainda existem Agentes, Subchefes e até mesmo Oficiais que não sabem ler nem escrever, o que tem

representado sérios problemas na abordagem que estes fazem ao cidadão comum.

181 Segundo o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da

Polícia Nacional de Angola 2009.

182 Sendo 2 Efectivos Licenciados, 9 Técnicos Superiores não licenciados, 2 Frequentam o 4.º ano de

faculdade, 37 Bacharéis, 65 Frequentam o 1.º e 2.º ano da faculdade, 57 Técnicos


Médios, 327 no 2.º Ciclo do Ensino Secundário, 323 no primeiro Ciclo do Ensino Primário
e 121 no Ensino Primário. Segundo o

Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte


da Polícia Nacional2009.

183 O Comando Provincial do Kuanza-Norte possui apenas 30 (trinta) telefones da rede fixa, 21 (vinte e um)

rádios Motorola VHF, bem como 8 (oito) Estações de Rádio HF.

184 O Posto de Comando é um Órgão de asseguramento do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia

111
Nacional, que tem o controlo das forças, da situação operativa a nível da Província.
Segundo entrevista ao Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-adjunto do Posto de
Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 01 de Janeiro de 2010, ao
autor do presente. Vide anexo II, pergunta 1.

185 Que é o Comando Sede da Cidade Capital (N'dalatando).

186 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 7.  187

Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., pergunta 8.

188 Nesta conformidade, estamos a citar os Comandos Municipais do Cazengo, do Dondo, do Ambaca e do

Golungo Alto, que são Municípios com 103.102, 70.000, 48.777 e 34.154 habitantes,
respectivamente (dados referentes ao ano de 2005). Mesmo para os Comandos
Municipais que possuem comunicações, estes têm-se deparado com inúmeras
dificuldades, desde equipamento obsoleto, em mau estado, problemas atmosféricos, etc,
o que tem condicionado na tramitação das comunicações a tempo oportuno.

189 Estamos a citar as Esquadras dos Municípios do Bolongongo (28.013 habitantes), Kiculungo (12.423

habitantes), Lucala (13.383 habitantes), Samba-Cajú (30.833 habitantes), Ngonguembo


(7.904) e Banga (7.541 habitantes), respectivamente.
(61)
50

esse efeito das administrações municipais190, o que tem provocado transtornos na


tramitação das informações em tempo oportuno.

4.6. Articulação de dados entre os serviços de inteligência e a investigação


criminal.

Na Polícia angolana existem vários órgãos191 responsáveis pela recolha de informação,


mas o GEIA é o único responsável pelo estudo, análise e produção de informações de
âmbito policial.

A Direcção de Investigação Criminal é o órgão da PN encarregue “genericamente de


investigar crimes ou delitos e a descoberta dos seus autores, (…) e a instrução
preparatória dos respectivos processos crimes”192

112
.

Ao SISE193 cabe exclusivamente a produção de informações destinadas a garantir a


segurança interna e necessárias a prevenir a sabotagem, o terrorismo, a espionagem e a
prática de actos que, pela sua natureza, possam alterar ou destruir o normal
funcionamento das instituições democráticas do Estado de Direito constitucionalmente
estabelecido em Angola.

Segundo Morgado, à investigação criminal o que importa é a determinação real da


conduta e a sua imputação ao agente, ao passo que às informações o que interessa é o
estudo dos factos, dos fenómenos e das actividades, e não tanto as condutas concretas
dos agentes concretos e que, a estes, aliás, apenas interessarão para a compreensão do
fenómeno mais amplo (Morgado, 1998:88).

Neste contexto, a investigação criminal e o SISE movem-se em planos diferentes, pese


embora concorrerem ambas para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas.

Para a investigação criminal é de extrema utilidade e até necessidade194 o


conhecimento do fenómeno na sua globalidade e o modus operandis genericamente
utilizado (Morgado, 1998:88). Por outro lado, o Serviço de Inteligência tem uma missão
específica, pese embora a determinação da conduta do agente feita pela Polícia195
poder ajudar à compreensão e à previsão do facto por parte dos serviços de inteligência.

190

As Administrações municipais são as Sedes do Governo nos municípios e que aos fins-
de-semana encontram-se encerradas, dificultando deste modo as operações e
actividades da polícia nestes municípios.

191 Estamo-nos a referir à Direcção de Investigação Criminal, à Direcção de Ordem Pública, à Direcção de

Inspecção e Fiscalização de Actividades Económicas, à Direcção de Viação e Trânsito e


ao GEIA.

192

Vide artigo 32.º, n.º1 do EOPN.

193 Ao SISE também importa determinar se os crimes praticados são susceptíveis de perigar a segurança

interna, bem como conhecer os seus modus operandis.


113
194 Essa necessidade é sentida na sua generalidade quanto mais complexa se mostrar a criminalidade.  195
(62)
51

Para bem da eficácia do combate ao crime e da defesa do Estado impõe-se uma efectiva
cooperação entre o SISE e a investigação criminal, que, no nosso ponto de vista, se
movem em sentidos não totalmente convergentes, não existindo, portanto, conflito ou
concorrência, para que desta feita cada uma das áreas (informações e investigação
criminal) possa tirar o máximo de rendimento das áreas de actuação específica
(Morgado, 1998:89).

O serviço de inteligência assenta na utilização de informações para a produção de


informação consolidada. Por outro lado, a Polícia de Investigação Criminal abrange o
tratamento, registo e difusão, à escala nacional, das informações relativas a prevenção e
à consequente investigação de crimes. Neste sentido, somos da opinião de Rodrigues
quando afirma que os serviços de informações deverão terminar a sua missão no preciso
limite em que começa a missão de investigação criminal (Rodrigues, 2002:229). Não nos
devemos esquecer que “o papel fundamental das informações é o de reduzir as
incertezas” (Bispo, 2004:84).

No Comando Provincial do Kuanza-Norte a articulação de dados entre estes dois órgãos


não é muito frequente, visto que apenas ocorre em casos excepcionais e em matéria de
relevante interesse para o Estado.

Pensamos que a articulação de dados seria muito benéfica para a coordenação e eficácia
do combate ao crime, que apenas terá sucesso se a informação obtida for partilhada
entre os diversos actores do sistema de segurança interna e defesa do Estado.

4.7. Plataforma digital para a troca de informação entre os diversos órgãos


da Polícia Nacional de Angola.

A Polícia Nacional de Angola precisa quanto antes de uma plataforma digital de


informação ao nível dos órgãos responsáveis pela recolha, tratamento, processamento e
produção de informação, tendo em conta o acentuado índice de desenvolvimento que o
país registou nos últimos anos. Exige-o igualmente o aumento da criminalidade, cujo
combate apenas pode ser feito através da cooperação e coordenação em matéria de
informações policiais, em tempo oportuno e alimentando a PN de informações196,
permitindo deste modo associações entre pessoas, objectos, locais, etc.

114
196 Neste sentido, podemos afirmar que a falta de uma plataforma digital de dados dificulta a investigação de

crimes a nível nacional e local (a nível da Direcção Provincial de Investigação Criminal, da


Direcção Provincial de Investigação e Inspecção de Actividades Económicas, bem como a
nível das Esquadras e Postos policiais).
(63)
52

O Sistema Estratégico de Informação, Gestão e Controlo Operacional (SEI), em


funcionamento na Polícia de Segurança Pública (PSP), parece-nos ser uma ferramenta
operacional imprescindível e interessante para a PN. O SEI visa dotar a Polícia, em tempo
útil, da informação necessária para o cumprimento da sua missão, com rapidez e
economia de meios. Tem como objectivo permitir o controlo e gestão de toda a
actividade operacional diária da força policial, incluindo registos de ocorrências (como
furtos, roubos de viaturas e denúncias) em que a PSP é chamada a intervir.

Deste modo, através de um repositório único de informações, qualquer elemento


policial passa a aceder à totalidade dos dados relativos a ocorrências policiais ou
características de criminosos, independentemente da sua localização geográfica. Tem
por objectivo assegurar a criação, manutenção e disponibilização dos dados necessários
e relevantes à actividade operacional e de gestão da PSP, garantindo a sua actualização,
coerência, integração e acessibilidade em tempo útil e de forma segura pelos agentes.

Uma das vantagens do SEI é a libertação, para o serviço operacional, de efectivos antes
afectos a funções administrativas, agilizando igualmente a operacionalidade da PSP, a
todos os níveis, desde o patrulhamento ao policiamento de proximidade, manutenção
da ordem pública e investigação. Evita ainda os casos de sobreposição de trabalho.

O moderno sistema de gestão é a alternativa ao tradicional modelo demasiado


dependente de procedimentos rígidos e burocráticos, para que a Polícia não perca o
comboio da "sociedade de informação". Com o sistema centralizado de informações em
operação nessa altura, é possível, por exemplo, fazer circular, em tempo real e em todo
o país, dados sobre problemas com claques organizadas ou actos de vandalismo.

Neste sistema é tratada tanto a informação operacional como a informação de gestão.


Estamos assim na presença de um serviço de qualidade, com vista a racionalizar os
processos de trabalho no seio da PSP. Como aponta José Leonardo197 (2005), os
principais objectivos do SEI são:

115
 Dotar o dispositivo de um sistema de informação de suporte aos seus processos
operacionais;

 Promover a uniformização e optimização de procedimentos;  Potenciar uma nova


forma de actuação, mais eficaz e eficiente;  Promover e viabilizar a efectiva integração
e partilha de informação.

197
(64)
53

Logo, garantir a criação, manutenção e disponibilidade da informação necessária ao


apoio à actividade operacional da Polícia e às tarefas de suporte às mesmas, garantindo
a sua qualidade e um acesso seguro e imediato, que podem ser delineadas como os
grandes objectivos que estiveram na raiz da adopção do SEI pela PSP198.

O SEI é uma infra-estrutura informática desenvolvida na PSP desde 2004, integrando


informação operacional e de gestão. Esta ferramenta oferece inúmeras vantagens no
âmbito das informações pois permite criar, manter e disponibilizar em tempo real,
informação a qualquer elemento com acesso ao mesmo, independentemente da sua
localização, mediante adequado processo de credenciação, bem como permite um
aumento da velocidade na troca de informações internas199.

No domínio do processo de produção de informações, apuramos que o SEI, na pesquisa


e recolha de notícias, tem um potencial extraordinário, com milhares de polícias a
inserirem dados diariamente. A sua disseminação na malha urbana possibilita à PSP uma
privilegiada aquisição de um factor crítico nesta matéria – a informação de rua. Tem-se
demonstrado que, com a implementação do SEI na PSP, o serviço de atendimento ao
público tem sido um êxito com um número elevado de queixas feitas pelos cidadãos e
consequentemente a resolução dos vários problemas.

Pensamos que o Comandante de Esquadra poderá e deverá ter um papel crucial na


resolução dos problemas criados pela falta de qualidade dos dados inseridos, uma vez
que, diariamente, ao fazer o despacho do expediente, pode verificar se o mesmo foi
elaborado convenientemente, se os EEI foram mencionados, bem como se a notação da
ocorrência foi a correcta, visto em muitos casos surgirem dúvidas por parte dos agentes
sobre o enquadramento criminal de determinadas ocorrências.

Segundo Alfredo Nhime200, a criação de uma base de dados será muito benéfica para a
PN. Refere ainda que está em curso o estudo para a implementação de uma base de
116
dados informatizada a nível do Comando Geral. Esta ideia partiu dos órgãos centrais e a
sua criação e materialização depende apenas da direcção do Comando Geral e que a
breve trecho teremos este sistema implementado na PN.

198 In Apresentação de José Leonardo, Sistema Estratégico de Informação e Gestão Operacional, na DNPSP,

em 2005.

199 Uma vez que o SEI efectua as trocas de informação por meios informáticos, estas são efectuadas com

muito maior rapidez comparativamente às trocas de informações feitas por suporte


papel, como por exemplo, através de fax.

200
(65)
54

Por seu lado Óscar Manuel Soáres201 diz que este sistema tornaria mais célere
o processo de antecedentes criminais, tanto de indivíduos prófugos como do seu
modus operandi, bem como a descoberta da existência de novos grupos de marginais ou a
sua desintegração. Refere ainda que, actualmente, continuamos a trabalhar com fontes
documentais (papel) que obviamente têm limitações quando se trata de aceder ao
histórico completo de um determinado suspeito.

Soares acresce que o Comando Geral também não está alheio a esta situação, e até
porque a polícia angolana faz parte da INTERPOL e o intercâmbio de
matéria/informação é necessário para o desempenho cabal dos seus compromissos
policiais internacionais. Refere ainda que é uma questão de investimento, mas que por
enquanto não existe uma base de dados digital, facto que tem dificultado bastante a
busca de antecedentes de elementos relativos a suspeitos da prática de crimes, em
tempo real e oportuno.

Já Assunção Bengui202 diz que existe muita dificuldade na criação de uma base de
dados, existindo um imenso esforço por parte do Comando Geral e por parte do
MININT para a implementação de uma base de dados a nível nacional. Refere ainda que
no PC do Comando Provincial do Kuanza-Norte verifica-se uma carência generalizada de
meios, começando pela falta de computadores, inexistência do sinal da internet, bem
como a falta de uma base de dados. Os documentos muitas vezes são redigidos numa
máquina dactilógrafa e que o suporte de papel é o principal meio utilizado, tendo nesse

117
momento um arquivo excessivo que não tem permitido a consulta de documentos de
vária índole.

Pensamos que uma base de dados semelhante ao SEI em vigor na PSP será uma grande
valia para que os diversos órgãos da PN possam trocar informações em tempo
oportuno, dando maior operacionalidade e produtividade dos órgãos operativos,
principalmente o de investigação criminal como principal órgão operativo da PN.

4.8. Modernização das infra-estruturas e apetrechamento técnico material de


meios de informação

Ao longo das entrevistas efectuadas, os autores queixaram-se imenso das dificuldades


com que o Comando se tem debatido, essencialmente da falta de meios materiais

201

Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 9.

202 Segundo entrevista ao Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-Adjunto do Posto de Comando

Provincial do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 01 de Janeiro de 2010, ao autor do


presente trabalho (ver anexo II, pergunta 10).
(66)
55

(comunicações), que não podíamos deixar de referenciar. É de referir que a atribuição de


meios materiais é da competência do Comando Geral, através dos recursos financeiros
do Orçamento Geral de Estado que são atribuídos à PN.

A escassez de meios de comunicações tem sido um dos factores cruciais da demora da


chegada da informação certa, no momento certo, aos órgãos competentes, gerando
impasse na tomada de decisão.

No ponto 3.1 do Programa de Modernização e Desenvolvimento está expressa a


necessidade de se desenvolverem programas de apetrechamento em meios de
comunicação que permitam: a interligação entre as diversas esquadras, postos policiais,
postos fronteiriços e patrulhas apeadas e motorizadas; a extensão do sistema de
comunicação truncking aos comandos provinciais, assim como a informatização dos
órgãos da PN, com prioridade para os órgãos operativos; a comunicação por VSAT203; e
o controlo electrónico do tráfico rodoviário (radares e alcoómetros).
118
Alfredo Nhime204 refere que o Comando Provincial, em termos de meios de
comunicação, vive uma realidade péssima, o que tem dificultado o Policiamento de
Proximidade. Adianta ainda que, em alguns comandos municipais e esquadras, têm-se
utilizado os meios de comunicação pertencentes às administrações municipais. Por
outro lado, as acções policiais não ocorrem apenas em horário diurno, ao contrário dos
serviços municipais, o que inviabiliza a disponibilização dos meios de comunicação
daqueles serviços durante a noite.

Por sua vez, Soares205 referencia que as deficiências nas comunicações afectam
negativamente e de forma acentuada a eficácia da Polícia, visto não permitirem a troca
oportuna, precisa e actual da informação, nomeadamente, a relacionada com
ocorrências policiais urgentes. Por outro lado, segundo ainda o autor, os meios de
comunicações estão obsoletos e fora do contexto actual.

A nível de cobertura, Soares refere que os meios de comunicação são insuficientes “visto
que mesmo na sede nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio
emissor/receptor, dando-se prioridade aos grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em

203 Comunicação efectuada via satélite.

204 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,

dada no dia 30 de Dezembro de 2009, ao autor do presente trabalho. Vide anexo I,


pergunta 7.

205
(67)
56

suma, em termos de comunicações, o Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN


encontra-se abaixo da média”206

Por seu turno Bengui afirma que as comunicações no Comando Provincial do Kuanza-
Norte são muito deficientes. Acrescenta que os equipamentos que o Comando possui
“são de uma geração já ultrapassada e que são necessários meios de comunicação que
correspondem com à realidade do País, sendo que, em algumas circunstâncias, a
119
comunicação entre alguns comandos municipais é impossível, e até mesmo com o
Comando Sede (Provincial), devido à debilidade que se regista em alguns meios de
comunicação, o que tem dificultado a troca de informação entre os diversos órgãos”207

Como afirma António Bispo, “a maior abertura existente na divulgação da informação,


proporcionada pelas comunicações globais, poderá facilitar, em certa medida, os
serviços de informações” (Bispo, 2004:78).

Para os cerca de 4.200 efectivos que compõem este Comando, apenas existem 251
equipamentos de comunicações208, sendo que 162 meios são meios informáticos (41
monitores operacionais, 41 Computadores, 33 impressoras, 34 Unidades de
Processamento do Sistema, 10 Scanner, 2 computadores portáteis e 1 servidor).

Por sua vez209 os meios de telecomunicação cifram-se em 89, figurando nestes 30


telefones, 21 rádios de comunicação de marca Motorola de alta frequência (VHF), 08
rádios de comunicação de marca Motorola Emissor/Receptor de curta frequência (HF), 1
repetidor, 28 micros e 1 amplificador.

Podemos afirmar que a débil condição com que se debate o Comando Provincial do
Kuanza-Norte da PN, em termos de meios de comunicações, é o factor que mais
contribui para que a informação não chegue a tempo oportuno210, para que se possa
tomar decisões adequadas. Como afirma Cardoso as informações para serem úteis
devem ser adequadas, oportunas e bastante precisas (Cardoso, 1993:137).

206 Idem.

207 Segundo entrevista ao Intendente André Pedro Bengui, entrevista ct., pergunta 7.

208 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da

Polícia Nacional de Angola 2009. Como virmos a situação em meios materiais do


Comando Provincial,

principalmente de comunicações é péssima, agravada ainda mais com os meios


obsoletos que possui.

209 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da

Polícia Nacional de Angola 2009.


120
210
(68)
57

CONCLUSÃO

Concluída a Problemática das Informações na Polícia Nacional de Angola - O Caso do


Comando Provincial do Kuanza-Norte, e depois de esboçada toda a base conceptual nos
dois primeiros capítulos do nosso trabalho, chegamos à conclusão. Impõe-se que agora
se reflicta sobre os vários assuntos abordados, bem como se verifique se foram
cumpridos os objectivos traçados no começo do estudo e se confirme ou contrarie as
hipóteses levantadas.

A realidade da república de Angola mostra-se risonho a contar com os altos índices de


desenvolvimento que o País vem apresentando, o que foi tratado no primeiro capítulo.

Relativamente ao segundo capítulo, lançaram-se as bases conceptuais sobre a


informação, as informações policiais e tomada de decisão. Este início assumiu uma
especial importância pelo facto de não haver consenso, em termos doutrinais, quanto à
definição de alguns conceitos que abordamos. Demos igualmente a conhecer aspectos
relacionados com a actual situação da República de Angola e da Polícia Nacional, que se
mostraram cada vez mais desenvolvidas, tendo em consideração que a paz foi alcançada
em 2002. Uma questão primordial referida foi a análise do crime, que pode ajudar um
decisor sobre o que está a acontecer e o porquê, dando uma maior compreensão de
padrões da criminalidade e as tendências. Sem esta análise criminal, as pessoas que têm
de tomar decisões que afectam a segurança e a integridade das comunidades não terão
acesso à informação vital e essencial para um bom planeamento e estratégia. Por último,
tratamos da análise criminal como factor decisivo na tomada de decisão.

No terceiro capítulo tratamos das informações na Polícia Nacional de Angola, em que


fazemos referência ao historial das informações em Angola, ao enquadramento legal das
informações e segurança, sendo que esta última configura-se como um dos principais
objectos da actividade policial. Referimo-nos igualmente ao GEIA como principal Órgão
responsável pelas informações na polícia. Por último, tratamos dos sistemas e níveis de
informação que se apresentam como um instrumento no desenrolar da actuação policial
e da produção de informações.

121
Para terminar, debruçamo-nos sobre com a problemática das informações na PN,
reflectindo sobre o caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte, em especial, a falta
de uma base de dados para a troca de informação entre os diversos órgãos responsáveis
pelas informações na Polícia angolana. A investigação criminal como principal Órgão
Operativo,
(69)
58

carece de uma base e consequente articulação de dados com os diversos órgãos e


serviços de informações, que até agora tem-se mostrado infrutífera.

É de realçar que uma das principais causas da demora da acção policial, em termos
operacionais, prende-se com a carência de meios de comunicação e motorizados, visto
que a informação chega demasiada tarde.

Por outro lado, o Policiamento de Proximidade, que está a ser implementado na PN


desde 2003, com o Programa de Modernização e Desenvolvimento, regista ainda
algumas insuficiências relacionadas com a própria formação dos agentes, visto que o
policiamento preventivo deve substituir o reactivo (modelo tradicional). Assim sendo,
somos de opinião que as escolas, os comandos provinciais, comandos municipais e
esquadras, comecem a empreender o patrulhamento de proximidade que basear-se-á
no ostensivo secreto e preventivo, bem como da vertente preventiva de proximidade,
tendo em atenção o Estado de Direito Democrático e não Democrático de Direito.

O desenvolvimento acentuado na área das infra-estruturas, o aumento das vias de


comunicação, bem como o próprio desenvolvimento humano em Angola, implicam que
a PN se procure munir de melhores meios materiais, essencialmente de comunicação,
melhorando assim a sua eficácia e eficiência e, como consequência, a informação ser
atempada e oportuna. Para isso, os comandantes municipais e das esquadras devem ter
o conhecimento dos factos para que possam tomar decisões racionais. Segundo
Chiavenato, as pessoas tomam decisões racionais quando os meios e os fins são
adequados, mas apenas em relação aos aspectos da situação que conseguem perceber e
interpretar (Chiavenato, 1993:562).

O modelo de tomada de decisão é baseado em reuniões do Conselho Consultivo


Normal211 e Alagardo, que são feitas diária, semanal, trimestral e semestral entre todos
os membros desse Conselho.

122
Assim sendo, tivemos como primeiro objectivo a criação de uma base de dados para a
troca de informações entre os vários órgãos de informação e investigação criminal a
nível da PN, matéria que foi abordada no quarto capítulo, onde realçamos a importância
que o SEI, em funcionamento na PSP, teria para a Polícia angolana. Como esta ainda não
possui uma base de dados a nível nacional, tal ferramenta será uma mais-valia para o
normal funcionamento dos órgãos da PN e consequente produção de informações.

211 As reuniões do Conselho Consultivo Normal são efectuadas todas as semanas para se debater aspectos
(70)
59

O segundo objectivo prende-se com a demonstração do actual quadro das informações


policiais em Angola, o que foi confirmado no terceiro capítulo. Aí, debruçamo-nos sobre
os Sistemas e níveis de informação na PN, como principal instrumento na recolha e
produção de informação. O GEIA como responsável pela análise e processamento final
das informações, assim como dos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado, é um
Órgão ligado à produção de informações essencialmente afectas a própria segurança do
Estado.

Por último, definimos como terceiro objectivo a reflexão sobre a carência de meios
materiais e humanos para o normal funcionamento e produtividade dos órgãos ligados
às informações policiais em Angola, que esboçamos igualmente no quarto capítulo, e
que representa uma das maiores dificuldades da não aplicação das técnicas e métodos
do Policiamento de Proximidade com eficácia e rigor.

Quanto às hipóteses inicialmente levantadas, verificámos que o actual quadro com que
se apresenta a República de Angola, tendo em conta o seu acelerado nível de
desenvolvimento, faz com que as informações policiais sejam cada vez mais eficazes e
eficientes. Para tal, a PN necessita de uma base de dados a nível nacional. Verificamos
igualmente que uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas
estejam dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste
modo a sua preparação/formação profissional nesta área. Estas hipóteses foram
igualmente confirmadas pelos autores que nos concederam as respectivas entrevistas.

Recomendamos que seja criada no mais breve espaço de tempo possível uma base de
dados digital que servirá para uma recolha e produção de informações a nível de todas
as forças policiais, proporcionando deste modo uma maior circulação da informação
entre todos os órgãos da PN em tempo oportuno. Sugerimos igualmente que os
especialistas de informação e análise estejam capacitados para poderem recolher e

123
analisar informações, as quais devem conter todos os elementos essências e necessários
para que os responsáveis para a tomada de decisão possam tomar essas decisões de
forma precisa e eficaz.

O Autor

Bartolomeu Miguel Neto


(71)
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130
Artigos de Jornal
(76)
65
(77)
66

LISTA DE ANEXOS

Anexo I - Entrevista ao Sr. Intendente Alfredo Nhime.

Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui. Anexo III - Entrevista ao
Sr. Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres. Anexo IV - Lei de Segurança Nacional.

Anexo V - Organograma da Polícia Nacional de Angola.

Anexo VI - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional.


Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola.

Anexo VIII - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade.

- Subsistema Formal. - Subsistema Informal.

Anexo IX - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise. - Organograma


para Órgãos Operativos.

- Organograma para Comandos Provinciais. - Organograma para Órgãos de


Asseguramento. Anexo X - Desagregação das Informações Policiais. Anexo XI - Fases da
Tomada de Decisão.

Anexo XII - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


Informação. Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da
Decisão.

Anexo XIV - Frequência da Repetição da Decisão.

Anexo XV - Estrutura da Informação, no Processo de Decisão. Anexo XVI - Hierarquia das


Decisões na Gestão.
131
Anexo XVII - Principais Defeitos da Tomada de Decisão. Anexo XVIII - Ciclo de Produção
de Informações.

Anexo XIX - Processo de Produção de Informação.

Anexo XX - Análise Criminal da Informação - Fins e Métodos de Análise. Anexo XXI -


Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola.

Anexo XXII - Plano de Modernização e Desenvolvimento da Polícia Nacional Angolana.


Anexo XXIII - Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola.

Anexo XXIV - Estatuto Orgânico do Comando provincial do Kuanza-Norte da Polícia


Nacional.
(78)
67
(79)
68

Anexo I - Entrevista ao Sr. Intendente Alfredo Nhime

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de


curso de Mestrado Integrado em Ciências Policias, sobre o tema principal
INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL DE


ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data/Hora: 30 de Dezembro de 2009, pelas 09H30'.

Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de Angola, Gabinete do


Senhor Director do GEIA.

Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da


PSP. Entrevistado: Senhor Intendente Alfredo Nhime, Director do Gabinete de
Estudos, Informação e Análise do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia
Nacional de Angola.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Director, o que é o GEIA e como está estruturado?

132
Resposta (R) AN: O GEIA é um Gabinete de Estudos, Informação e Análise, ele está
estruturado em áreas operativas e administrativas, também temos uma área de
organização, responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar,
tratar e enviar aos órgãos de direito dos demais níveis de informação do Comando
Geral, todo o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa do Comando
Provincial.

P 2 BMN: A Lei de Segurança Nacional é um instrumento essencial para a PN. Os


especialistas de informação e análise têm conhecimento desta lei? E a Constituição da
República de Angola?

R AN: Bem, o funcionamento não só dos órgãos de informação, mas da própria


sociedade rege-se por lei. Na corporação o nosso lema é manter a ordem e a
tranquilidade públicas e tem sempre como suporte as leis vigentes na República de
Angola entre as quais a Constituição da República de Angola.
(80)
69

P 3 BMN: A formação que é ministrada aos especialistas de informação e análise é


suficiente para que estes desempenhem as suas funções com clareza e precisão?
Actualmente todos os elementos afectos a área de informação do GEIA/CPKNPN têm
formação especializada? R AN: O suficiente não, porque o homem tem que estar em
constante formação, e até, é um programa consentido pelo CG e está em cumprimento
em todos os órgãos da Polícia Nacional (PN) em todo o País, que é a formação contínua.
Neste aspecto, nós aqui no GEIA constantemente temos envidado esforços em
reciclagens, no que concerne a reactualização dos níveis de informação ou das Normas
de Execução Permanente (NEP) e de especialidade. Mas também a nível central, temos
enviado especialistas para cursos de especialidade em que os instrutores/formadores
são internacionalistas cubanos.

P 4 BMN: Qual é aproximadamente o número de efectivos afectos ao Comando


Provincial do Kuanza-Norte da PN.

R AN: Aproximadamente o número de efectivos no Comando Provincial do Kuanza-


Norte da Policia Nacional de Angola é de 4.200 efectivos, estando próximo dos 5.000
efectivos.

P 5 BMN: Como Director do GEIA, qual é a informação necessária para que os Órgãos
Operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

133
R AN: Primeiro é que os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho Operativo
Secreto (TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que lhe rodeia, numa interacção
constante entre Cidadão - Polícia e vice-versa, neste caso estaremos a falar do trabalho
de proximidade, porque o polícia independentemente de pertencer a sociedade,
também deve viver os problemas da própria sociedade, e só assim é que poderá actuar.
Tenho dito, nas aulas que lecciono (em matéria de informação) que se o Polícia não
estiver informado dos problemas que vive a sociedade, não cumprirá com o seu
verdadeiro papel, ele vai na rua apenas como um elemento fardado a polícia e não
como um polícia na rua, porque ele não sabe dos problemas que vive a sociedade na
qual está inserido.

P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?

R AN: Primeiro é que a segurança do cidadão começa por ele próprio, isto porque,
imaginemos que o cidadão, e como se diz que a ocasião faz o ladrão, o cidadão vai para
a cama e deixa as portas abertas, ou que não repara se as janelas ou portas estão
fechadas, neste
(81)
70

caso quando o ladrão chegar só será entrar sem esforço nenhum, e neste caso a ocasião
faz o ladrão. Então a própria segurança começa mesmo pelo próprio cidadão, o Polícia é
e será apenas complementar.

P 7 BMN: Qual tem sido a principal tarefa da Policia Nacional de Angola.

R AN: A principal tarefa da PN continua a ser a prevenção. Bem ai está a própria essência
da Polícia, a prevenção do crime e não combater. A Polícia como instituição foi
concebida para a prevenção, mas quando acontecem delitos já há a necessidade de
combater o crime. Então em primeiro plano está a prevenção e em segundo plano a
reacção (combate). As causas que estão na base da criminalidade, aponto em primeiro
lugar o desemprego, o que não quer dizer que as pessoas empregadas não cometem
crimes, mas uma maior percentagem é mais com pessoas desempregadas. Assim sendo,
os crimes contra as propriedades ocupam o primeiro lugar como furtos, roubos. Por
outro lado, também encontramos como causa no cometimento de crimes a ingestão de
bebidas alcoólicas, em que as ofensas corporais (graves ou simples) ocupam o primeiro
lugar, porque a pessoa com excesso de álcool no sangue é mais vulnerável no
cometimento de ofensas corporais e que, geralmente podem também surgir questões

134
passionais, problemas de ciúmes, desentendimento entre amigos/amigas, isto porque
depois de uma festa ou convívio, já ninguém consegue entender o outro,
desentendendo-se surgindo a força dos músculos dando origem a ofensas corporais.

P 8 BMN: As comunicações constituem uma ferramenta indispensável para o normal


funcionamento de qualquer organização/Instituição. No seu ponto de vista, como está a
situação das novas tecnologias a disposição do Comando Provincial do Kuanza-Norte,
tendo em consideração o nível de desenvolvimento que o País está a registar.

R AN: Bem na nossa Polícia em termos de comandos municipais, concretamente o nosso


Comando Provincial em termos de comunicações estamos mal/péssimos, é só para ver,
que dos dez (10) municípios que a Província e consequentemente o nosso Comando
possui, apenas podemos contar os comandos municipais com comunicações, porquanto
as esquadras não possuem, dependendo em termos de comunicações das
administrações municipais e, geralmente uma área operativa depender de uma área
administrativa é um pouco complicado, porque geralmente a Polícia não tem fronteiras,
quer aos fins-de-semana, como em período nocturnos, trabalhando desta feita a
qualquer dia, hora ou local. Então se dependermos de uma área administrativa e que
pertence a um outro organismo (Governo Provincial) e com um
(82)
71

único período laboral já se torna complicado. Mesmo para os comandos municipais que
possuem comunicações, têm deparado com inúmeras dificuldades desde equipamento
obsoleto, em mau estado, não suportando problemas atmosféricos, etc, o que tem
condicionado em grande parte na tramitação das informações a tempo oportuno.

P 9 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?

R AN: A cooperação tem sido a dois níveis (Interno e Externo). A nível interno são feitos
entre os diversos órgãos que constituem esta corporação (Investigação Criminal, Ordem
Pública e Posto de Comando principalmente), e a nível externo são feitos com órgãos
como as Forças Armadas Angolanas (FAA), os Serviços de Inteligência do Estado e
outros órgãos até mesmo do Ministério do Interior (MININT) e que tem sido bastante
benéfico. A nível interno tratamos como se fosse um só homem. Tratando da Direcção
Provincial de Investigação Criminal (DPIC), como se sabe, é o Órgão operativo da PN, e
na qual tem como suporte principal a informação para o desempenho normal das suas

135
atribuições. A Direcção Provincial de Ordem Pública (DPOP) geralmente é o tal sistema
de todo um agente de autoridade, independentemente da especialidade de cada um
todos somos agentes da ordem pública e incorpora os Oficiais Operativos (O/O), as
Pessoas de Confiança (P/C), e ainda os Colaboradores Secretos (C/S) e a sua actividade
prende-se com a recolha de informação. P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta
entrevista baseia-se com a inexistência de uma base de dados (onde toda a informação
de âmbito criminal e não só é inserida para futuras consultas) a nível da Polícia Nacional
de Angola. O que tem a dizer sobre isso?

R AN: A princípio diríamos que, a criação de uma base de dados será muito benéfico
para a nossa corporação. É de salientar que este estudo já está em curso e avançado a
nível do Comando Geral. Em todos os encontros operativos, reuniões já está a ser
debatido esta questão, e penso que o problema, deve ser por questão de tempo para se
materializar. Esta ideia partiu dos órgãos centrais do Comando Geral e a sua criação e
materialização depende apenas do Comando Geral e penso que a breve trecho
poderemos ter este sistema implementado na Polícia Nacional de Angola.
(83)
72

P 11 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?

R AN: Geralmente a tomada de decisão depende sempre das probabilidades estatísticas,


isto é, com base no fluxo de informação, quando variadíssimas informações o GEIA
recepcionar, teremos que ter uma decisão a tomar e não deve ser antes da comprovação
de dados ou informação, a não ser um caso urgente mas que vai merecer uma análise
profunda. Por exemplo, podemos ter a informação que no sitio X aconteceu um crime,
devemos em primeiro lugar ter em atenção os modus operandis que os marginais
utilizaram, porque eles (marginais) poderão alterar os seus modus operandis, porque
também são astutos e que, neste caso só a repetição de um crime numa determinada
localidade é que geralmente já exige a tomada de decisão por parte de quem de direito.

P 12 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está


implicada com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta
de cooperação entre estes?

R AN: Muitas vezes o problema não é da demora, a própria técnica em si de investigação


principalmente nos locais de sucesso, muitas vezes também implica para que o processo
não seja tratado em tempo oportuno. Principalmente quando se trata de casos de

136
investigação e que exige um trabalho operativo secreto e muitas vezes não temos os
meios, nem a técnica disponível e que se exige para o esclarecimento oportuno desses
casos. Penso que no fundo há muitos elementos que intervêm para que os processos
não sejam apresentados a tempo devido a quem de direito, isto é, ao Ministério Público.
Quando também não há a colaboração principalmente das vitimas, deixando deste
modo que a Polícia descubra tudo é complicado e atrasa a celeridade do processo.
Repito que a falta de meios e técnica necessária para o descobrimento de crimes é um
dos factores da morosidade de muitos casos aqui no Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Policia Nacional de Angola.

P 13 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a


desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informações?

R AN: Bem o Policiamento de Proximidade é um modelo que geralmente satisfaz as


exigências actuais da sociedade, principalmente das pessoas mais vulneráveis, falamos
nos
(84)
73

casos dos idosos, das crianças, bem como também nas escolas, e outras áreas afins. Diria
que a polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto
permanente com as pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da
situação operativa da sua área de jurisdição, estamos a falar concretamente dos O/O,
dos Chefes dos Serviços de Sectores, porque eles têm a missão de fazerem o
acompanhamento dinâmico do próprio sector, o movimento demográfico e geralmente
essa situação só é possível com o contacto permanente com as pessoas que ali residem,
como as Autoridades tradicionais, idosos, visto que eles têm a informação, sabem quem
é, e qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao crime, os sítios
geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de malfeitores, onde
traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher informações
benéficas para a actividade policial. O Policiamento de Proximidade tem neste sentido
um papel fundamental e crucial em que as forças no terreno vão descobrir os infractores
para que depois possamos tomar a decisão, direccionando as forças para a actuação.

P 14 BMN: A recolha de informação por parte do GEIA não conduz à duplicação de


recursos com outras entidades como a Direcção Provincial de Investigação Criminal,
Direcção Provincial de Ordem Pública e a Direcção Provincial de Investigação e
Inspecção de Actividade Económicas em determinados crimes? Se sim, como evitar?

137
R AN: Não tem acontecido, o GEIA é o órgão que como já frisamos atrás, de recepção,
tratamento, estudo e divulgação da própria informação. Quer dizer que, todos os outros
órgãos como a DPIC, DPOP, DPIIAE, cada um a seu nível, quando recebem uma
informação, tratam desta e canalizam ao GEIA para o tratamento final da informação
para dar conhecimento a direcção do Comando para a tomada de decisão.

P 15 BMN: As informações policiais recolhidas pela PN e as do SISE são de âmbitos


diferentes? Não existirá uma duplicação de competências?

R AN: Geralmente toda a informação que é pública é geralmente com as forças da


Ordem Pública. Na recolha de informação os Oficiais Operativos dos SISE têm um
carácter secreto para o descobrimento do delito, isto é, descobrem mas não actuam,
porque têm as forças da ordem, dando apenas a conhecer para que estas (Forças de
segurança) possam dar o tratamento final.
(85)
74

P 16 BMN: A regulamentação existente para a prática de recolha, tratamento e produção


de informações na PNA é, então, suficiente ou deficiente?

R AN: Existe, tudo é a base de regulamentos, metodologias e também com base em


Normas de Execução Permanente (NEP).

P 17 BMN: Havendo a possibilidade de as Forças de segurança poderem recolher


informações para além das informações criminais, que âmbitos de intervenção deviam
ser abrangidos por essas informações?

R AN: Bem a informação não é só a polícia, a informação cabe a todos nós (Angola), só
que o tratamento é que depende de um Órgão especializado, senão a informação é de
toda a sociedade. Imaginemos que um acidente é presenciado por pessoas
especializadas e a sociedade (pessoas), mas cada um irá informar a sua maneira. Neste
caso os órgãos especializados são chamados para o tratamento final e dar a sequencia
devida.

P 18 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?

R AN: A segurança não depende só dos órgãos especializados, mas sim de todos os
elementos de uma determinada sociedade. Os elementos ligados a segurança pública
138
ou segurança privada também fazem parte do subsistema do sistema de segurança
pública. São elementos do subsistema e no entanto fazem parte da segurança, só que o
problema é que ele pode actuar mas não dá o tratamento. Tem que fazer o
encaminhamento aos órgãos de direito que é o caso da Polícia, que está especializado
em matéria de segurança e reposição da ordem e tranquilidade públicas.

P 19 BMN: Senhor Director, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.

R AN: Diríamos que tudo foi dito, só para dizer que tratando da segurança pública é um
assunto sério, porque toda a sociedade quando é insegura, toda a gente reclama
problema do Estado. Então neste sentido, todos os elementos são chamados a
responsabilidade, cada um a seu nível a tratar de segurança. A segurança começa dentro
de mim e depois dos outros. Isso quer dizer que, no caso do cidadão, não quer dizer que
como a polícia já esta a realizar
(86)
75

policiamento nas ruas pode dormir com as portas abertas, mas sim, deve criar condições
para a sua própria segurança para que depois os outros organismos o venham
complementar.
(87)
76
(88)
77

Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de


curso de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, sobre o tema principal
INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL DE


ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data: 01 de Janeiro de 2010,

139
Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte de Angola, Gabinete do Senhor Chefe-
Adjunto do Posto de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia
Nacional.

Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da


PSP. Entrevistado: Senhor Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-Adjunto do
Posto de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de
Angola. Tendo como grau académicos o 2º ano do Ensino Superior.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Chefe-Adjunto do Posto de Comando, o que é o Posto de


Comando e como está estruturado?

Resposta (R) APB: O Posto de Comando é um Órgão de asseguramento do Comando


Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional, nele portam várias actividades e tem
como actividades principais numa primeira fase o informe do relatório constante e diário
ao Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, bem como o controle das forças, da
situação operativa a nível da Província, assim como em todas as formaturas organizar e
comandar todas as forças do Comando Provincial.

P 2 BMN: Como Chefe-Adjunto do Posto de Comando, qual é a informação necessária


para que os órgãos operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

R APB: O Posto de Comando depende das orientações de Sua Excia Senhor Comandante
Provincial e de Sua Excia Senhor 2º Comandante Provincial. O Posto de Comando recebe
diariamente as informações provenientes de todos os comandos municipais e canaliza
para o GEIA para que essa (informação) possa ser estudada e analisada para que por sua
vez o GEIA
(89)
78

canaliza para Sua Excia Sr. Comandante Provincial. Assim sendo, a informação deve ser
precisa, imediata e oportuna e que cumpra com todos os requisitos necessários.

P 3 BMN: No se ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da


criminalidade?

R APB: Posso atribuir o aumento da criminalidade a falta de nível cultural por parte da
juventude, visto que os jovens são os que mais cometem delitos. A ingestão excessiva de
bebidas alcoólicas apresentam-se como principal causa para o cometimento de crimes,
bem como a falta de emprego, associada a um baixo nível académico (muitos ainda são
140
analfabetos), que não corresponde com as actuais exigências do mercado de emprego,
enveredando desta feita para o caminho da criminalidade (em que os furtos, roubos e
violações, são as mais frequentes) como forma de suprir as suas dificuldades financeiras.
O vandalismo nas ruas em tempos de festa como é o caso desta quadra festiva (2009),
verificando-se brigas nas ruas entre jovens na faixa etária dos 18 aos 35 anos. Tudo isto
devido a falta cultural, a falta de educação familiar, que tem originado numa deficiente
educação escolar.

P 4 BMN: Quanto a formação que tem sido ministrada ao efectivo da Polícia Nacional,
tem sido benéfica para o exercício das suas funções?

R APB: Eu penso que tem havido vantagens e posso afirmar com segurança, porque o
Ministério do Interior e o Comando Geral, estão preocupados com a formação dos seus
efectivos. No passado por exemplo, posso dizer que a guerra foi uma das causas para a
não formação de maioria do pessoal afecto ao MININT e ao CG. Actualmente há
desenvolvimento a nível do nível académico do efectivo, bem como um aumento da
própria cultura do sistema policial. O Comando Geral, através de orientações e o próprio
Comando Provincial tem cumprido estas orientações, formando pessoal em termos de
Ordem Pública, Ética Policial, Técnica Policial e outras matérias através do Programa de
Modernização e Desenvolvimento em curso em todo o País, estando-se a notar
evolução. Neste momento (01 de Janeiro de 2009) está a decorrer um curso de
superação policial (técnico policial e profissional), e que tem mostrado êxitos na forma
de actuação de muitos efectivos.

P 5 BMN: Qual é aproximadamente o número de efectivos afectos ao Comando


Provincial do Kuanza-Norte da PN.
(90)
79

R APB: O número aproximado do efectivo do Comando Provincial do Kuanza-Norte é de


cerca de 4.500 homens e que tem suportado a onda de criminalidade, repondo e
mantendo a ordem e tranquilidade públicas.

P 6 BMN: Qual é o número de efectivos do Posto de Comando e se tem sido suficiente


para o normal funcionamento do PC.

R: O pessoal afecto ao PC é de aproximadamente 170 a 180 efectivos (entre


administrativos e operativos), e que tem correspondido com as exigências do Comando
Provincial, pese embora ainda em alguns postos policiais o número de efectivo ser

141
reduzido o que tem nos obrigado a solicitar o reforço/aumento do número de efectivos
do PC, devido a rotatividade do efectivo, visto ser um processo dinâmico.

P 7 BMN: As comunicações constituem uma ferramenta indispensável para o normal


funcionamento de qualquer organização/instituição. No seu ponto de vista, como está a
situação das novas tecnologias a disposição do Comando Provincial do Kuanza-Norte,
tendo em consideração o nível de desenvolvimento que o País está a registar.

R APB: Devemos ser democratas e falar a verdade. Assim sendo, quanto as


comunicações ainda é muito deficiente. Os aparelhos que possuímos são de uma
geração já ultrapassada e precisamos de meios de comunicação que corresponde com a
realidade do País, sendo que, em algumas circunstâncias a comunicação entre alguns
comandos municipais ser impossível e até mesmo com o Comando Sede (Provincial),
devido a debilidade que se regista em alguns meios de comunicação o que tem
dificultado a troca de informação entre os diversos órgãos destes comandos municipais.
Temos ainda um posto fixo no Posto de Comando com um telefone fixo que está a
ordem do Oficial Superior de Assistência (OSA) e que tem estado a facilitar a
correspondência com os diversos comandos municipais, o que não deixa de ser uma
preocupação da direcção do Comando Provincial no sentido de se adquirir meios de
comunicação que facilitem a troca de informação rápida e eficaz com os diversos
comandos municipais e não só com os diversos comandos provinciais, tendo em vista o
CAN (Campeonato Africano das Nações) com início em 10 de Janeiro de 2010 e o
mundial de futebol que se realizará na vizinha República da África do Sul. Em conclusão
os meios de comunicação que possuímos são deficientes, débeis e ultrapassados pelas
novas tecnologias.
(91)
80

P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos Órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?

R APB: Tem sido salutar a cooperação existente entre os diversos órgãos de informação
que o Comando Provincial possui, visto que o Posto de Comando é o motor do
Comando Provincial, representando o controlo das forças, da situação operativa. O
Posto de Comando tem que trabalhar em coordenação e cooperação com todos os
órgãos. O balanço das operações que são realizadas o Posto de Comando é fulcral e
central e necessário na base das informações recolhidas pelos oficiais operativos,
estando em contacto permanente com todos os órgãos.

142
P 9 BMN: A cooperação entre os diversos comandos municipais e o SISE têm sido boas?
R APB: O SISE pertenceu ao MININT e eu conheço muito bem os serviços de informação
do estado, visto que fui colaborador e até efectivo e tive muitas amizades e nunca
encontrei dificuldades. O serviço que o SISE faz na minha maneira de ver é geral,
independentemente de um trabalho secreto que faz para recolher informação, coopera
com as forças de segurança para a tomada de medidas eficazes. O SISE é um Órgão
Operativo e que em muito contribuiu para o fim do conflito armado no País e tendo
evoluído bastante.

P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal e não só é inserida para
futuras consultas) a nível da Polícia Nacional de Angola. O que tem a dizer sobre isso?

R APB: Ainda existe muita dificuldade na criação de uma base de dados, existindo nesse
momento um imenso esforço por parte do MININT e do Comando Geral para a
implementação de uma base de dados a nível do País. Aqui no PC, temos muitas
dificuldades, começando pela falta de computadores, bem como a falta do sinal da
internet, nem qualquer base de dados e até porque, nem um computador possuímos. Os
documentos muitas vezes são redigidos numa máquina dactilógrafa e que o suporte de
papel é o principal meio utilizado, tendo nesse momento um arquivo excessivo, o que
não tem permitido a consulta de documentos de vária índole.
(92)
81

P 11 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está


implicada com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta
de cooperação entre estes?

R APB: Não é nada disso e como eu já frisei atrás e volto a dizer que os meios de
comunicação estão em primeiro lugar e com meios de comunicação débeis e deficientes
não podemos ter uma informação precisa, exacta e oportuna o que vem dificultar ainda
mais os processos de investigação em muitos casos

P 12 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a


desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informação?

R APB: Há avanços nesta matéria, sendo que o Policiamento de Proximidade ser aquele
em que a Polícia deve estar sempre ao lado da comunidade, acompanhando de perto a

143
evolução da própria sociedade e das dificuldades que a mesma esta a enfrentar. Neste
sentido, o Polícia não deve apenas ficar nas artérias das cidades mas sim ir ao encontro
das populações em áreas confins e rurais, procurando desta forma recolher o máximo de
informação que ajuda na própria actividade policial e para o bem da própria sociedade.

P 13 BMN: Senhor Chefe-Adjunto do Posto de Comando Provincial, não sei se quer


acrescentar alguma coisa, falar noutra questão que eu não tenha colocado? Ficamos à
sua disposição.

R APB: Não, é só para agradecer a oportunidade que me deram para esta entrevista e
que tenha sucessos na carreira profissional e porque o País está a contar com os vossos
préstimos. Obrigado
(93)
82
(94)
83

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de


curso de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, sobre o tema principal
INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL DE


ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data/Hora: 29 de Dezembro de 2009, pelas 13H30'.

Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte – Angola, Gabinete do Exmo. Senhor Chefe


de Departamento de Informação e Análise.

Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da


PSP. Entrevistado: Senhor Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres, Chefe de
Departamento de Informação e Análise do GEIA do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Polícia Nacional de Angola. Tendo como grau académicos o 4º ano de
Economia e Gestão, na especialidade de Organização e Gestão de Empresas.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Chefe de Departamento de Informação e Análise, o que é o


DIA e como está estruturado?

144
Resposta (R) OMS: O DIA é o Departamento de Informação e Análise, pertencente ao
Gabinete de Estudos, Informação e Análise, a qual compete elaborar e preparar
situações de carácter operativo, bem como elaborar também os planos operativos e o
Departamento está estruturado em uma (1) Secção de Informação e Análise, uma (1)
Secção de Estatística e uma (1) Secção de Análise.

P 2 BMN: A Lei de Segurança Nacional é um instrumento essencial para a PNA. Os


especialistas de informação e análise têm conhecimento desta lei? E a Constituição da
República de Angola?

R OMS: Há mais conhecimento da Lei Constitucional da República de Angola, agora


quanto a Lei de Segurança Nacional é uma lei pouco divulgada, por isso todos os
especialistas de Informação não dominam e nem sequer tiveram acesso a leitura dessa
lei. No que concerne a
(95)
84

Lei Constitucional, essa sim, já é mais divulgada e inclusive há material reproduzido


dessa lei (lei mãe da República de Angola) para a sua distribuição nos diversos Órgãos.

P 3 BMN: A formação que é ministrada aos especialistas de informação e análise é


suficiente para que estes desempenhem as suas funções com clareza e precisão?
Actualmente todos os elementos afectos a área de informação do GEIA/KN têm
formação especializada?

R OMS: Todos não porque só de um tempo a essa parte, é que, o Ministério do Interior e
o Comando Geral, intentaram contactos com o Ministério do Interior da República de
Cuba no sentido de se formar, os primeiros especialistas em informação e análise
formado por forças cooperantes (Cubanos). Nessa altura (29.12.2009) foram já realizados
(5) cinco cursos de informação e análise e, a nível do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN foram formados (5) indivíduos. Os demais colegas que não tiveram a
oportunidade referente a esses cursos, possuem formação/cursos ministrados em
reciclagem pelo próprio Comando Provincial e alguns desses cursos promovidos pelo
GEIA do Comando Geral da Polícia Nacional de Angola.

P 4 BMN: Qual é aproximadamente o número de efectivos afectos ao Comando


Provincial do Kuanza-Norte da PN.

R OMS: É de aproximadamente 4.108 ou 4.110 efectivos se a memória não me falha e


penso que estes são dados muito próximos da realidade.
145
P 5 BMN: Como Chefe do DIA, qual é a informação necessária para que os órgãos
operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

R OMS: Eu acho que, falando em informação necessária para a tomada de decisão, julgo
que toda a informação, desde que reúne características verídicas, oportunas, e providas
de fontes fidedignas, são todas elas necessárias. Necessárias porque podemos trabalhar
com elas também de âmbitos diferentes, não é, podemos utilizar por exemplo
determinada informação para executar actividades de índole operativa, podemos utilizar
ainda outras para concebermos planos, esses planos podem ser por exemplo planos
estratégicos que visem solucionar um problema a curto, médio e longo prazo. Há ainda
informações que permitem também a elaboração ou a planificação de actividades de
índole táctico e que sejam pontuais. Neste sentido, julgo que, toda a informação é
necessária desde que cumpram com os verdadeiros requisitos de uma informação.
(96)
85

P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?

R OMS: Em primeiro lugar é de frisar que a criminalidade na Província do Kuanza-Norte


não é violenta e que raras vezes são cometidos crimes relevantes ou arrepiantes, mas
isso não que dizer que a situação seja calma e portanto o gráfico criminal normalmente
é mais preenchido com ofensas corporais simples, alguns casos de furtos, ameaças sem
recurso a arma de fogo ou branca. As causas que podem motivar para o aumento da
criminalidade aqui na Província do Kuanza-Norte é que, agora assiste-se há ingestão
excessiva de bebidas alcoólicas por parte de jovens e adolescentes, resultando
normalmente em rixas ou desentendimento, desembocando-se depois em acções
criminais/delituosas e que temos estado a registar. Outra causa também penso que há
um défice no que tange ao acompanhamento dos jovens e adolescentes por parte das
próprias famílias por várias razões, entre as quais famílias desestruturadas por causa do
conflito recém terminado, e na qual os jovens vivem com tios, primos ou outros parentes
próximos e que não têm tido um acompanhamento digamos normal. Uma outra causa
prende-se com a falta de centros de lazer e entretenimento dos jovens, agravado ainda
com a falta de campos de futebol, basquetebol, andebol, bem como a falta de centros
de pesquisa on-line (internet) e que hoje em dia já não é uma novidade. Seriam no meu
pensar, sítios onde os jovens nos seus momentos livres pudessem adoptar novas formas
de vivencia e de comportamento, levando-os desta forma a enveredarem pelo caminho
do consumo de estupefaciente, ingestão de bebidas alcoólicas ou associando-se com
indivíduos ou grupos de malfeitores. Por outro lado, a falta ou insipiência na oferta de

146
postos de emprego (desemprego) e isso faz com que os jovens depois de atingirem uma
certa idade (16, 17, 18) anseiam adquirir certos bens e porque agora estamos em
sociedades de consumo e sem emprego por vezes também pelo baixo nível de
escolaridade, enveredam pelo caminho da criminalidade/marginalidade como forma de
resolver a falta de dinheiro.

P 7 BMN: As comunicações constituem uma ferramenta indispensável para o normal


funcionamento de qualquer organização/Instituição. No seu ponto de vista, como está a
situação das novas tecnologias a disposição do Comando Provincial do Kuanza-Norte,
tendo em consideração o nível de desenvolvimento que o País está a registar.

R OMS: Bem as comunicações reflectem e de que maneira como um instrumento


importantíssimo para o normal funcionamento da nossa corporação, visto que, como eu

(97)
86

frisei atrás uma das características que a informação deve reunir é ser oportuna, por
exemplo: vamos supor que um caso relevante aconteça no Município de Ambaca que
situa-se aproximadamente a 150 km da Sede Provincial e se não tivermos meios de
comunicações e cuja tecnologia permita que não haja adversidades, tendo em
consideração situações climatéricas e não só, mas também em alguns municípios
encontramos meios de comunicações obsoleto e fora do contexto actual e que não
estão providos de capacidade tecnológica, o que faz com que, nos dias em que há chuva
(alterações climáticas) existe a incapacidade de comunicar com outros órgãos
(comandos municipais e destes com o Comando Provincial da Polícia Nacional). Aqui
internamente (na Sede do Comando Provincial) também, temos problemas
principalmente com os sistemas de comunicação nos rádios com modo walkie - talkie
(emissor - receptor), igualmente a nível de cobertura nós não temos meios suficientes,
visto que mesmo na sede nem todos os comandantes de esquadras possui um rádio de
comunicação, periorizando-se neste caso os grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em suma, em termos de comunicações o Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN encontra-se abaixo da média.

P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?

147
R OMS: A troca de informação entre a DPOP, DPIC, DPIIAE e o SISE tem sido salutar,
visto que, independentemente de cada área ter uma área específica para o tratamento
da informação, toda a informação recolhida por esses órgãos (excepto em alguns casos
o SISE), a sua actividade desemboca aqui no DIA que é o Departamento de Informação e
Análise a nível do Comando Provincial para dar o tratamento, processamento e até
mesmo possíveis comparações de dados para evitar a duplicação de informação ou que
a mesma informação seja transmitida em períodos diferentes e também há um outro
exemplo, que se relaciona com a cooperação no âmbito do trabalho policial nas
actividades de buscas dirigidas que as forças da Direcção de Investigação Criminal
realizam e que a informação em muitos casos são obtidas pelo pessoal dos serviços de
sectores pertencentes a Direcção de Ordem Pública. Também temos actuações, mesmo
em termos de enfrentamento feitas pela Polícia Económica e que a informação e obtida
pelos agentes da Ordem Pública, que fazem o serviço de giro, patrulhamento apeado ou
auto. Em relação ao SISE também as relações são boas, visto que
(98)
87

em relação a eventos de grande vulto, os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado


são sempre os primeiros na recolha de informação pertinente importantes para o normal
desenrolar da actividade policial e não só, antecedendo sempre uma prevenção policial
rigorosa prestando sempre o seu auxilio e porque afinal, o SISE também é um
organismo que concorre para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas tal como
as forças e serviços de segurança que, não é mais se não a segurança e a tranquilidade
do cidadão e do próprio Estado em geral.

P 9 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal é inserida para futuras
consultas) a nível da PN. O que tem a dizer sobre isso?

R OMS: Bem este processo tornaria mais célere o processo de antecedentes criminais,
tanto de indivíduos prófugos, bem como dos seus modus operandis, a descoberta da
existência de novos grupos de marginais ou a sua desintegração. Bem actualmente
continuamos a trabalhar com fontes documentais (papel) e se de facto nessa altura
precisamos de saber o comportamento de um indivíduo de há 10 dez anos atrás, repare
no que seria preciso fazer para um arquivo tão extenso como este. Seria um trabalho
não só impossível mas também como dispendioso. Eu penso que o Comando Geral
também não está alheio a esta situação e até porque a Polícia angolana faz parte da
INTERPOL e o intercâmbio de matéria/informação é necessária para o desempenho
cabal das suas actividades. Os nossos comandantes e chefes sabem dessa realidade com

148
as quais, as outras polícias funcionam e eu penso talvez que seja uma questão de
investimento e que oportunamente poderão ser feitas, mas por enquanto dizer que não
existe uma base de dados e que tem dificultado bastante, isto no que concerne a busca
de antecedentes de elementos em tempo real ou em tempo oportuno.

P 10 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?

R OMS: Quanto as decisões, é de dizer que elas não são tomadas de forma arbitrária, até
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Esses são os órgãos que assessoram sua Excia. Senhor Comandante Provincial
nos mais diversos assuntos e que podem chegar a sua mesa de trabalho para a tomada
de decisão. Tem utilizado esses órgãos e que estão a sua disposição. Outras decisões
pontuais são
(99)
88

tomadas por sua Excia. Senhor Comandante Provincial por despacho, ou por comissão
ad hoc. Penso que o processo de tomada de decisão aqui no Comando Provincial não
é centralizada, mas é feita nos moldes que eu já frisei anteriormente.

P 11 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está


implicada com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta
de cooperação entre estes?

R OMS: Eu não diria que é o atraso na recepção da informação que causa uma ligeira
demora no processo de investigação. A própria DPIC está desprovida de muitos meios
como por exemplo não possui laboratório de criminalística (serviços de lofoscopia,
dactiloscopia e a tanatologia forense), nem temos veículos apropriados para a execução
da própria técnica operativa, logo, isso faz com que alguns casos sejam investigados
com alguma morosidade. No que concerne a informação, eu penso que não há muita
burocracia na tramitação da informação entre o GEIA e a DPIC, e porque também não
possuímos meios de comunicação adequados para o bom desempenho da actividade
policial, o que tem nos obrigado a fazer um esforço extra usando os nossos próprios
telemóveis (em algumas áreas também não há rede de cobertura do sinal) ou os
telefones fixos para nos comunicarmos em situações de emergência e/ou pontuais.

149
P 12 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a
desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informações?

R OMS: Bem o Policiamento de Proximidade na pratica tem resultado muito bem,


porque temos policias junto das comunidades, mesmo nos aglomerados populacionais
que se encontram situados a kms da Sede Provincial (N'dalatando) e que não têm uma
grande moldura em termos demográficos como o Zanga, Canhoca, Carianga, em que, os
postos policiais existentes estão cada vez mais próximos das populações, mas penso que
falta limar algumas arestas no que diz respeito aos próprios métodos de actuação do
Policiamento de Proximidade, porque senão vejamos, há métodos e técnicas próprias
que esta forma de policiamento tem que obedecer e que em primeiro lugar uma
formação adequada das suas formas de actuação no que concerne aos métodos e
técnicas de execução no terreno e que os conhecimentos de relações públicas não
devem ser postos de parte, para uma boa e exemplar relação para com o publico em
geral, porque os cidadãos representam vários estratos sociais.
(100)
89

Mas a criminalidade já não respeita esta estratificação social, o que quer dizer que, em
todos os estratos sociais existem delinquentes e que, possuem diferentes formas de
actuação. O agente da autoridade deve dominar a expressão oral e escrita, devendo ter
um a vontade no contacto com o cidadão para falar e conversar, para que ele possa
receber/recolher a informação que precisa, o que não acontece em muitos casos na
nossa polícia (ainda existem agentes que não sabem ler nem escrever) o que é e será
difícil na sua abordagem ao cidadão. Em suma o Policiamento de Proximidade tem sido
feito, realizado, é um facto, só que e desprovido de algumas técnicas e métodos que o
tornariam ainda mais eficaz e eficiente. P 13 BMN: A recolha de informação por parte do
GEIA não conduz à duplicação de recursos com outras entidades como a Direcção
Provincial de Investigação Criminal, Direcção Provincial de Ordem Pública e a Direcção
Provincial de Inspecção e Investigação de Actividade Económicas em determinados
crimes? Se sim, como evitar?

R OMS: Bem, não diria que não tem havido, mas também acontece com pouca
frequência, e as vezes em que isso sucedeu, mereceu a atenção devida, oportuna e
atempada. Usamos nesses casos os nossos telemóveis (eu como chefe do DIA e com
toda a vantagem de que toda a informação proveniente dos órgãos operativos serem
canalizadas para o Departamento) para comunicarmo-nos e chegarmos a um consenso
sobre a duplicação da informação e ser processado de forma correcta e precisa.

150
P 14 BMN: As informações policiais recolhidas pela PN e as do SISE são de âmbitos
diferentes? Não existirá uma duplicação de competências?

R OMS: É de dizer que o SISE trabalha com uma informação específica porque ela visa
essencialmente a protecção do Estado. Neste caso estão mais ligadas para aquelas
informações que representam uma ameaça a integridade do próprio Estado, mas não
quer dizer que no âmbito do rastreamento dessas informações, sempre que no SISE tem
informação de âmbito criminal há uma colaboração com a Polícia e vice-versa, porque
senão vejamos, nessa altura que estamos de prevenção de natal e passagem de ano, há
um Posto Comando, que reúne diariamente e que nele está incluído um Oficial do SISE.
Logo isto demonstra que todas as questões de âmbito operativo são tratados por todos
os órgãos que concorrem para a defesa e segurança. Assim sendo, se o SISE possui uma
informação que não seja do cunho criminal também pode ser brindada nessa reunião
operativa (que tem se realizado as terças-feiras). Em outras ocasiões em que não é
realizada a reunião operativa a
(101)
90

informação chega a Sua Excia Senhor Comandante Provincial por meio de mensagens
ou ofícios. Em suma existe uma colaboração estreita no que diz respeito a troca de
informação entre o SISE e a Polícia.

P 15 BMN: A regulamentação existente para a prática de produção de informações na


PN é, então, suficiente ou deficiente?

R OMS: Quanto a recolha de informação existem próprios regulamentos que gere toda a
actividade a nível de informação e análise desde a recolha até a difusão da informação.
Os especialistas a todos os níveis têm em sua posse toda a documentação que lhes
orienta, mas digamos que tanto nesta questão como na questão que me perguntou
atrás de uma duplicação de dados, o que eu tenho notado é que existe uma lacuna quer
nos piquetes de polícia, quer nas equipas que vão muitas vezes no terreno efectivar o
enfrentamento. Essa lacuna prende-se com a não inserção de um especialista de
informação e análise. Porque se os piquetes e equipas funcionassem com especialistas
de informação, toda a informação recolhida chegaria já com todos os seus elementos
requeridos (o que, como, quando, onde, porque) e isso nem sempre acontece porque
como disse nunca são acompanhados por especialistas de informação e análise, o que
origina muitas vezes informação incompleta.

151
P 16 BMN: Havendo a possibilidade de as forças de segurança poderem recolher
informações para além das informações criminais, que âmbitos de intervenção deviam
ser abrangidos por essas informações?

R OMS: Bom para além da informação de índole criminal a Polícia também deve ter
informações demográficas para poder ir actualizando o rácio polícia-população, é
necessário igualmente que a Polícia tenha informação dos esforços que o Governo
esteja a implementar para o bem-estar das populações, no que se refere a saúde
pública, devendo nesse caso e tendo em conta o Policiamento de Proximidade
aconselhar as populações dos cuidados de higiene a ter para que não seja contaminado
ou para que não venha a contaminar os outros, o saneamento básico nas comunidades.
A Polícia deve igualmente estar informada dos casos de feitiçaria o que tem originado
em muitos casos em homicídios (porque a família vai logo pensar que o feiticeiro é o
avó ou a avó) tornando-se já em caso de Polícia. Em resumo, a Polícia deve interessar-se
por todo o tipo de informação que possam concorrer para uma boa harmonia e
organização da colectividade e da sociedade.
(102)
91

P 17 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da Polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?

R OMS: Eu penso que todos os órgãos e, porque a segurança é um bem comum, deve
ser uma responsabilidade de todos os cidadãos e de todas as instituições, quer sejam
estatais, quer sejam privadas, porquê, porque vejamos que quando não há segurança
todos os órgãos, todos os indivíduos são afectados. Então logo, deve ser uma
preocupação de todos os cidadãos e de todas as instituições. Eu iria mais além, não diria
apenas aqui na Província do Kuanza-Norte, mas a nível nacional precisa-se muito de
uma educação patriótica, porque na minha opinião, desde 1992 até agora (2009) em que
se registou a transição do sistema de monopartidarismo para o pluripartidarismo, a
questão do patriotismo ficou muito aquém das expectativas, diminuiu-se o respeito pelo
meio público, diminuiu-se o respeito pelas instituições do Estado, diminuiu-se o respeito
pelo próximo. Isso tudo, no meu ponto de vista concorrem para a segurança, então
temos que cultivar na mente das pessoas que pertencem a um País que se chama
Angola, tem os seus símbolos, tem os seus representantes e que os interesses da
colectividade estão acima dos interesses individuais. Devemos igualmente ensinar as
crianças que devem respeitar os mais velhos, devem ser honestos, devem prestar ajuda
sempre que lhes seja solicitado, devem amar o próximo, deve respeitar a propriedade

152
privada ou colectiva, e que se ser acatada pode concorrer para a segurança. As seitas
religiosas também constituem actualmente em Angola um problema de segurança,
aparecendo esporadicamente muitas igrejas ilegais, incutindo nas pessoas, doutrinas
contrárias as estabelecidas por lei. Em suma a questão da segurança deve envolver
todos os órgãos, principalmente nas escolas e na família para formarmos homens novos
com espírito criador e não voltado a violência.

P 18 BMN: Senhor Chefe do DIA, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.

R OMS: Não, só desejar para o entrevistador sucessos na carreira e na defesa do


trabalho de final de curso de Mestrado Integrado e bom regresso ao País e que saibam
defender os interesses do Estado. Pesa sobre vós uma grande responsabilidade, são os
primeiros passos que o Comando Geral está a dar para moldar os seus agentes policiais
nas líderes das polícias modernas e terão muitas responsabilidades em transmitir o que
vocês estão a aprender, corrigirem aquilo que está errado, que a princípio não será fácil,
porque mesmo o mal habito
(103)
92

quando não é corrigido torna-se uma cultura o que se vai tornar difícil de corrigir,
podendo mesmo aparecer alguém que vai dizer que fazemos isso ou aquilo desde 1975
e nunca ninguém disse que está errado. Então desejo de vossa parte muita coragem,
muita dedicação sobre tudo e que tenham êxitos na vossa carreira profissional, já agora
boas saídas de 2009 e que em 2010 sejam cumpridas todas as expectativas que foram
planificadas, e muito obrigado.
(104)
93
(105)
94

Anexo IV - Lei de Segurança Nacional

Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto

LEI DE SEGURANÇA NACIONAL

153
CAPÍTULO I

Princípios Gerais

Artigo 1.º

(Definição e fins da segurança nacional)

1. A segurança nacional é a actividade do Estado para garantir a ordem, a segurança e a


tranquilidade públicas e contribuir, assegurar o normal funcionamento das instituições
democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos
cidadãos e o respeito pela legalidade democrática.

CAPÍTULO II

Sistema de Segurança Nacional

Artigo 8.º

(Órgãos incumbidos da actividade de segurança nacional)

1. A actividade de segurança nacional é exercida através dos órgãos e serviços públicos


de informações e os órgãos e serviços da ordem interna previstos na presente lei.

CAPÍTULO III

Orgânica do Sistema de Segurança Nacional

Artigo 12.º

(Órgãos e serviços públicos integrados no sistema de segurança)

Para a prossecução das finalidades e objectivos previstos na presente lei, são criados: a)

b) c)
(106)
95

154
(107)
96

Anexo V - Organograma da Polícia Nacional de Angola

Figura. 1 - Organograma da Polícia Nacional de Angola

Fonte: Adaptado de Gabinete de Estudos Informação e Análise do Ministério do Interior, 30


anos do Ministério
(108)
97
(109)
98

Anexo VI - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia


Nacional.

Figura. 2 - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional.

Fonte: Adaptado do Comando Provincial do Kuanza-Norte, Projecto de Regulamento


Orgânico do Comando Provincial da PN, 2005.

COMANDANTE PROVINCIAL 2º
COMANDANTE PROVINCIAL ÓRGÃOS CONSULTIVOS D. R. P.
PROTOCOLO GABINETE DE INSPECÇÃO GABINETE JURÍDICO G. E. I.
A DPIC E DPAE DEPT.º DE INFORMÁTICA POSTO DE COMANDO

UPIP UPPF CUPOE SECRETARIA

COMANDOS E DIVISÕES ESQUADRAS POLICIAIS

POSTOS POLICIAIS

DPT

DPIIAE DPVT DPOP DPRH DPL DPPF DPC DPRI DPSE DPEMC DPSS
(110)

155
99
(111)
100

Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola

Figura. 3 - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola

C C C B C B A A A Fonte: Adaptado de Posto de Comando Central, Da Informação


Policial, Luanda, 2005, anexo n.º 01.

Legenda

Informação Formal (Informação Sistematizada) - Diária, Semanal, analítica-


delituosa mensal, Relatório Trimestral e Anual.

Informação Informal (Não Sistematizada) - Informação Urgente relevante, sequência


informativa, Informação relativa à instrução de Processos, Estudos, Análises e Pareceres;
Informações solicitadas.

Orientações (Decisões)

Coordenação entre Órgãos/mesmo nível.

Todas ocorrências/Interesse Policial, informação urgente, sequências informativas,


informações solicitadas.

A= Nível Básico; B= Nível Intermédio; C= Nível Superior.

Gabinete do Comandante Geral

Gabinete de Estudos Informação e Análise/CGPN

Órgãos Op. Centrais/CGPN Dept.º/Operações

Salas Operativas (Área/Inf. Análise)

Salas Operativas Posto Comando Central/CGPN

156
Dept.º Operações (Salas Op.) Comandos Provinciais (Área/Inf. Análise) Sala Op./Esquadra
ou Comando Municipal (Área/Inf. Análise) Sala Op./Posto Policial (Área/Inf. Análise)
Serviços/Sector P/Confiança C/Secreto O/O Repart. Operativa /Comando Divisão
(Área/Inf. Análise)
(112)
101
(113)
102

PROVÍNCIA CENTRAL

Figura. 4 - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade CAMPO
INTRA - POLICIAL RETROACÇÃO DIRECTA MUNICÍPIO OUTPUT INPUTS INPUTS
FILTRAGEM TRATAMENTO TRANSFORMAÇÃO

EXTRA-POLICIAL RETROACÇÃO INDIRECTA(FEEDBACK)

Fonte: Adaptado de GEIA/CGPNA, Nota Explicativa sobre a Actualização do Sistema e


Níveis de Informação da PN, Luanda, Março, 2001, anexo n.º 01. G.A e Mot. (a)

T.O.S (b) S. Sector (c) T.M.P (d) E.P.S (e) P.Conf. (f) R.C (g) Inf. O (h) E.P.S (i) R.O 2 CMD O
® R. O 3 CMDO 6 R.INF 5 MEMO ® DI A P. CMDO 4 R.O 7 MEMO DIN. 6 P.CMD O 8 6
R.INF 9 MEMO EST. 6 CG 10 ® E.D . 11 GEI A
(114)
103

É INFORMAL ESCLARECE A QUESTÃO CONTROLA A EXECUÇÃO

É CONSULTADO TOMA A DECISÃO EXECUTA A DECISÃO.

PARA DAR PARECER LEGENDA

a, b, c, d, f, g e h, são elementos no nível básico (giros apeados e auto, equipas de


trabalho Operativo Secreto), equipas de Serviços de Sectores, todos Membros da Polícia
Nacional - Individualmente, pessoas de confiança e informadores ocasionais, por último
temos as Empresas Privadas de Segurança. 2-Registo Operativo dos Órgãos de
Investigação e Ordem Pública (Nível Municipal);
157
3-Registo Operativo dos Órgãos de Investigação (Nível Provincial); 4- Registos
Informativos (Nível Provincial);

5-Departamento de Informação e Análise; 6-Tomada de Decisão;

7-Registos Operativos de Órgãos de Investigação e Ordem Pública (Nível Central); 8-


Registos e Informação (Nível Central);

9-Gabinete de Estudos, Informação e Análise; 10-Tomada de Decisão;

11-Execução de Decisões;

-INPUT - todos os elementos que entram no sistema para alimentar o seu


funcionamento; -OUTPUT - são respostas dos Inputs;

Informação Informal; Informação Formal; Interacção;

T.O.S. - Trabalho Operativo Secreto; R. O. - Registo Operativo;

P. C. - Pessoa de Confiança; S. S. - Serviço de Sector; E. D. - Execução de Decisões;

G.E.I.A. - Gabinete de Estudos, Informação e Análise; D.I.A - Departamento de


Informação e Análise; MEMO DIN. - Memória Dinâmica;

MEMO EST. Memória Estática;

C.G. - Comando Geral;

R. C. - Rede de Colaboradores;

G.A e Mot. - Giro Apeado e Motorizado; T.M.P. - Todos os Membros da Polícia; MEMO -
Memória;

R.Inf. -Registo e Informações; O. P. - Ordem Pública; P. CMDO - Posto Comando.


(115)
104

Figura. 5 - Subsistema Formal

158
Nível Superior Parecer Nível Intermédio Parecer Nível Básico Parecer

Fonte: Adaptado de GEIA/CGPNA, Nota Explicativa sobre a Actualização do Sistema e


Níveis de Informação

da PN, Luanda, Março, 2001, anexo n.º 02.

Obs: Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as informações
aos 2ºs Comandantes Gerais, através do Gabinete de Apoio Técnico, que remeterá com
respectivo parecer ao Comandante Geral através do GEIA.

LEGENDA:

OCE: Órgãos Centrais de Especialidade; OPE: Órgãos Provinciais de Especialidade; OME:


Órgãos Municipais de Especialidade; PC: Posto Comando;

AI: Área de Informação; CP: Comando Provincial; CM: Comando Municipal;

DPIA: Departamento Provincial de Informação e Análise; GEIA: Gabinete de Estudos,


Informação e Análise; CG: Comando Geral.

CG
2ºCMDTE

CP
OCE
GEIA
2º CMDTE

OPE
DPIA
2ºCMTDE

CM

159
OME
PIQUETE
PC/AI
O rie ntaç ão O rie ntaç ã o P are ce r P are ce r Orien taçã o
(116)
105

Figura. 6 - Subsistema Informal

Nível Superior f a a e e e c c a c f a Nível c d a Intermédio a a a b e c c c e e a e c e c a c f


Nível a a Básico c e a b e c e e a c c f a c

Fonte: Adaptado de GEIA/CGPNA, Nota Explicativa sobre a Actualização do Sistema e


Níveis de Informação

da PN, Luanda, Março, 2001, anexo n.º 03.

Obs:

1- Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as suas informações
ao Comandante Geral através dos 2ºs Comandantes Gerais.

2- Os órgãos do mesmo nível incluindo os comandos provinciais, devem providenciar


para que toda informação que chegue ao seu conhecimento e que esteja ou não ligada
a sua especialidade, seja remetida, no prazo máximo de 24horas após o seu
conhecimento e imediatamente aos órgãos que dela necessitam para o
desenvolvimento das suas atribuições.

LEGENDA:

(a) Informações urgentes relevantes

(b) Informação relativa a Investigação de crimes e Instrução de processos;

(c) Informação sobre resultados de Investigação e Instrução de Processos e outros


resultados;

2ºCMDTE

160
CP
OCE
GEIA
2º CMDTE

OPE
DPIA
2ºCMTDE

CM
OME
PIQUETE
PC/AI
CG
OCN
OMN
OPN
PC
PC
(117)
106

(d) Ocorrências conhecidas pelos Órgãos de Especialidade Centrais; (e)


Orientação/Comentário;

(f) Parecer.

OCE: Órgãos Centrais de Especialidade; OPE: Órgãos Provinciais de Especialidade; OME:


Órgãos Municipais de Especialidade; PC: Posto Comando;
161
AI: Área de Informação; CP: Comando Provincial;

OCN: Órgão Central do mesmo Nível OPN: Órgão Provincial do mesmo Nível: OMN:
Órgão Municipal do mesmo Nível;
(118)
107
(119)
108

Anexo IX - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise

Figura. 7 - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise

Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento


Orgânico do Gabinete

de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 11.

DIRECTOR DO GABINETE DEPT.º DE INFORMAÇÃO E ESTATÍSTICA DEPT.º


DE ESTUDOS E DOCUMENTAÇÃO

DIRECÇÕES e DEPARTAMENTOS nos COMANDOS PROVINCIAIS e ÓRGÃOS

OPERATIVOS CENTRAIS DEPT.º DE

ORGANIZAÇÃO E CONTROLO

DIRECTOR ADJUNTO CONSELHO CONSULTIVO

CONSELHO TÉCNICO
(120)
109

Figura. 8 - Organograma para Órgãos Operativos

ORGANOGRAMA PARA ÓRGÃOS OPERATIVOS CENTRAIS

162
Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento
Orgânico do

Gabinete de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 8. DEPARTAMENTOS DE


ESTUDOS,

INFORMAÇÃO E ANÁLISE

ESTUDOS E ANÁLISE ORGANIZAÇÃO E CONTROLO


(121)
110

Figura. 9 - Organograma para Comandos Provinciais

ORGANOGRAMA PARA COMANDOS PROVINCIAIS

Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento


Orgânico do Gabinete

de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 9.

DEPARTAMENTOS PROVINCIAIS DE

ESTUDOS, INFORMAÇÃO E ANÁLISE

ESTUDOS E ANÁLISE ORGANIZAÇÃO E CONTROLO

ÁREAS DOS ÓRGÃOS OPERATIVOS PROVINCIAIS
(122)
111

Figura. 10 - Organograma para Órgãos de Asseguramento

ORGANOGRAMA PARA ÓRGÃOS OPERATIVOS DE ASSEGURAMENTO

Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento


Orgânico do

163
Gabinete de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 10. ÁREAS DE
ORGANIZAÇÃO E

CONTROLO

CONTROLO ORGANIZAÇÃO
(123)
112
(124)
113

Anexo X - Desagregação das Informações Policiais.

Figura. 11- Desagregação das Informações Policiais.

Fonte: Adaptado de Mário Fernando e Pedro Clemente, “Polícia - O Caminho…” in.,


Estudos

Comemorativos dos 25 anos do ISCPSI em Homenagem ao Superintendente-Chefe Afonso


de Almeida,

Almedina, Lisboa, 2009, p.99. Informações de Ordem Pública Informações Criminais


Informações Policiais Contra - - Informações
(125)
114
(126)
115

Anexo XI - Fases da Tomada de Decisão

Figura. 12 - Fases da Tomada de Decisão

Fonte: Adaptado de Alter, Steven, Information System - A Management Perspective, cit.


in., Rasgão, 2004, p. 37. Dados Valores Pessoais Responsabilidades sociais Resultados
(127)
116
164
(128)
117

Anexo XII - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


Informação

Figura. 13 - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


informação Decisão Estratégica Decisão Táctica Decisão Operacional

Informação Informação Informação Interna interna e externa externa e interna

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(129)
118
(130)
119

Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão

Figura. 14 - Características das Decisões na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão

Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional

Curto prazo Curto-médio Médio-longo prazo prazo

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(131)
120
(132)
121

Anexo XIV - Frequência da Repetição da Decisão

Figura. 15 - Frequência da Repetição da Decisão

165
Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional

Frequente Semi-frequente Pouco frequente

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(133)
122
(134)
123

Anexo XV - Estrutura da Informação no Processo de Decisão

Figura. 16 - Estrutura da Informação no Processo de Decisão

Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional

Informação Informação Informação Estruturada semi-estruturada não estruturada

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(135)
124
(136)
125

Anexo XVI - Hierarquia das Decisões na Gestão

Figura. 17 - Hierarquia das Decisões na Gestão

Decisões Estratégicas Decisões Tácticas Decisões Operacionais

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as organizações - A Informação


Chave para a
(137)
126
166
(138)
127

Anexo XVII - Principais Defeitos da Tomada de Decisão

Quadro. 1 - Principais Defeitos da Tomada de Decisão

DEFEITOS MAIS COMUNS TOMADA DE DECISÃO

Mau enquadramento do problema Por feeling ou no contexto em que o problema foi


apresentado

Efeitos recentes Em função dos últimos acontecimentos

Sub-avaliação do problema Tendo em consideração a pouca probabilidade de


ocorrência do evento

Mau escalonamento do problema Acreditar demasiado nos ganhos de experiencia,


informações e conhecimento do problema

Associação de preconceitos Tendo em consideração estratégias de sucesso do passado


sem ter em consideração o contexto actual.

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as organizações - A Informação


Chave para a
(139)
128
(140)
129

Anexo XVIII - Ciclo de Produção de Informações

Figura. 18 - Ciclo de Produção de Informações

Fonte: (Ratcliffe, 2008, p. 105)


(141)
130

167
(142)
131

Anexo XIX - Processo de Produção de Informação

Quadro. 2 - Processo de Produção de Informação

SEGURANÇA

Fontes: Escola Superior de Polícia, Informações e Segurança, Lisboa, s.d.e. Escola Prática de


Polícia, Informações, Torres Novas, Setembro de 1999.

Dirección General de la Policía, III Curso de Análisis Operativo de la Criminalidade,


División de Formación y Perfeccionamiento - Centro de Actualizacion y Especializacion,
Madrid, 1997, 1-19.

Necessidades de Informações Planos de Pesquisa Ordens e Pedidos HUMINT TECHINT


Registo Estudo Interpretação Apresentaçã o Difusão CONSUMIDOR
FINAL PESQUISA PROCESSAMENTO DIRECÇÃO E PLANEAMENTO EXPLORAÇÃO DAS
INFORMAÇÕES Análise Integração Conclusão
(143)
132
(144)
133

Anexo XX - Análise Criminal da Informação, Fins e Métodos de Análise

Quadro. 3 - Análise Criminal da Informação, Fins e Métodos de Análise

OBJECTO PLANO ESTRATÉGICO

PLANO OPERACIONAL

Facto Análise de Fenómenos da Criminalidade

Análise de um Caso Análise Comparativa de

Casos

168
Autor Análise do Perfil Geral

Análise de Grupos Organizados Análise de um Perfil Específico Método de Controlo


da Criminalidade

Análise de Métodos Gerais Análise de Investigação

Fontes: Adaptado de Dirección General de la Policía, III Curso de Análisis Operativo de la


Criminalidade, División de Formación y Perfeccionamiento - Centro de Actualizacion y
Especializacion, Madrid, 1997, 1-19.
(145)
134

Anexo XXI
(146)
135

Anexo XXII
(147)
136

Anexo XXIII
(148)

169
O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO:

REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Introdução

“Nada é mais difícil e, portanto, mais precioso do que a habilidade de decidir”, disse
Napoleão Bonaparte. Com essas palavras fazia referência à habilidade de um
comandante tomar iniciativas no campo de batalha e durante um tiroteio, mas elas
também refletem os riscos a que se expõe um administrador que nunca lidou com uma
crise que requer ação imediata (CLARK; HARMAN, 2004).

Todas as pessoas devem tomar decisões, tanto indivíduos como administradores, e isso
tem estreita relação com o aproveitamento de oportunidades e também com a
competência para resolver problemas. A maioria das decisões pode ser classificada na
categoria de

“rotineiras” e não exige muito esforço analítico.

Na área dos negócios, considerada a globalização e o acelerado desenvolvimento


tecnológico que experimenta o mundo atual, a sobrevivência das empresas tem forte
relação com a sua capacidade de competir com base na promoção de vantagens e na
melhoria da qualidade. Neste ambiente, a disseminação da informação, ao lado da
valorização dos recursos humanos, assume importância estratégica, pois são
mecanismos capazes de garantir a eficácia da gestão.

A tomada de decisão na administração pode ser definida como a escolha consciente de


um rumo de ação entre várias alternativas possíveis para chegar a um resultado
desejado. É importante atentar para os vários aspectos dessa definição.
(2)
1º - a tomada de decisão envolve uma escolha consciente, não uma reação involuntária
ou inconsciente;

2º - a tomada de decisão implica a necessidade de decidir, ou seja, deve haver duas ou


mais alternativas disponíveis;

3º - o rumo escolhido da ação leva a um resultado desejado.


170
Hodiernamente, tem-se valido muito da análise econômica aplicada às empresas para
responder questões sobre as conseqüências das possíveis ações para as organizações.
Busca-se por meio dela "encontrar um critério de escolha adequado na seleção da
melhor alternativa de ação para a empresa. Neste sentido, a análise econômica
desenvolve também meios para a avaliação de programas econômicos e subsidia a
tomada de decisões em nível tático e estratégico." (BRUNSTEIN, 2005, p.1)

É essencial caracterizar, logo de partida, que a tomada de decisão não é um evento, mas,
sim, um processo e, nessa condição, pode levar semanas, meses ou mesmo anos; com
jogos de poder e políticos cheio de nuanças pessoais e histórias institucionais; também
com freqüentes debates e discussões; e às vezes com a necessidade de auxilio em todos
os níveis organizacionais para a sua execução (GRAVIN; ROBERTO, 2001).

"Herbert Simon propõe o modelo de decisão do administrador que admite a existência de uma racionalidade
limitada, e trabalha com um modelo simplificado da realidade, considerando que muitos aspectos da realidade
são substancialmente irrelevantes em dado instante. Ele efetua sua escolha de alternativa baseado no padrão
satisfatório da situação real considerando apenas alguns dos fatores mais relevantes e cruciais."

"Mesmo adotando a simplicidade imposta pela racionalidade limitada, os modelos e métodos de decisão devem
ser classificados e analisados com bastante detalhe. Sob o ponto de vista de tomada de decisão, os problemas
podem ser classificados em três categorias: problemas estruturados, semi-estruturados e não estruturados (Turban
e Aronson, 1998). Além disso, a decisão sobre qualquer um dos três tipos de problemas (estruturados, semi-
estruturados ou não estruturados) pode ser diferenciada por níveis de decisão: estratégico (decisão para dois a
cinco anos);

tático (decisão para alguns meses até dois anos); e operacional (alguns dias a alguns meses)." (...)

(3)
"O sucesso no processo de tomada de decisão depende de inúmeros fatores, tais como: (a) Responsabilidade
perante leis e penalidades; (b) Especialização – baseada em conhecimentos teóricos e práticos e especialistas; (c)
Coordenação – para transmitir as ordens que devem ser cumpridas e coordenar o processo de decisão; (d) Cacife –
para cobrir eventuais fracassos em algumas frentes; e (e) Tempo – pois o tempo curto pode minimizar a incerteza,
mas pode aumentar o risco de uma decisão apressada, enquanto o tempo longo pode trazer novas perspectivas de
decisão, mas aumenta o nível de incerteza. "
(SHIMIZU, 2001, p.16) Hemsley-Brown (2005)
observou que há muito interesse em se instruir sobre a tomada de decisão na educação,
identificando caminhos básicos para auxiliar o processo de tomada de decisão do
administrador, tanto no setor privado quanto no público. Entretanto, na educação há
muita especulação e discussão, e uma escassez de pesquisas experimentais que
forneçam critérios e as características da parte prática e dos mecanismos que tiveram
sucesso na utilização de suas estratégias. O autor analisou, de forma qualitativa e
exploratória, projetos conduzidos por autoridades locais (Inglaterra e País de Gales).
Concluiu que, para o desenvolvimento de uma cultura que apóie e valorize a
contribuição que a pesquisa pode oferecer ao processo de decisão do administrador na
171
área da educação, estratégias devem ser usadas para facilitar a rede de comunicação,
formando parcerias e elos entre pesquisadores e usuários.
(4)
2.2 Modelos do processo decisório

Em nossos dias, o domínio da teoria e do processo de tomada de decisão é crucial para


as organizações e para os seus gestores, pois a complexidade dos negócios é crescente
e exige respostas mais rápidas e eficientes. As organizações, além de adotarem técnicas
que auxiliem as tomadas de decisão, devem considerar que tais técnicas se mostram
insuficientes para a obtenção de resultados satisfatórios na tomada de decisão
(GONTIJO; MAIA, 2004).

Bethlem (1987) fez uma comparação entre modelos do processo decisório.

Os modelos discutidos por esse autor são:

- o modelo de Simon;

- o modelo Militar;

- o modelo Kepner e Tregoe;

- o modelo de Pesquisa Operacional;

- o modelo CPSI;

- o modelo de Guilford;

- o modelo de Mintzberg.

No modelo de Simon, a fase da tomada de decisão está dividida em quatro


etapas principais:

- escolher as ocasiões para tomar uma decisão;

- avaliar linhas de ação possíveis;

- escolher entre as linhas de ação;

- avaliar escolhas passadas.


172
(5)
As decisões se dividem em programadas e não-programadas 1. As primeiras são as
rotineiras e repetitivas; as segundas são aquelas que não ocorrem com freqüência e que,
por causa de variáveis diversas, exigem uma resposta separada a cada vez que ocorrem.

O modelo militar, também conhecido como análise da situação, foi largamente usado
pelas forças armadas de várias nações. Sua divulgação maciça foi feita durante a
segunda guerra mundial, devido ao trabalho de sistematização do treinamento feito
pela Marinha dos Estados Unidos.

Segue o seguinte roteiro da análise da situação:

- determinação da missão;

- descrição da situação e das linhas de ação;

- análise das diferentes linhas de ação;

- comparação das diferentes linhas de ação;

- decisão.

O modelo de Kepner & Tregoe (K & T) trata do enfoque exclusivamente racional do


modelo de decisão com a ausência total de utilização de ferramentas matemáticas e
estatísticas e a ausência total de ferramenta de computação.

Segundo Bethlem (1987) esse método, apesar das deficiências, representou a ferramenta
de decisão mais usada na época, talvez por atender às necessidades básicas de gerência
média e baixa e por ser um razoável esquema para ensino da lógica.

Consiste em quatro fases:

1) Análise da Situação - listar preocupações;

- separar;

- estabelecer prioridade;

1 STONER, James A. F.; FREEMAN, R. Edward. Administração, Capitulo 9, apud Herbet A. Simon. The Shape of
Automation. New York, Harper and Row, 1965, p. 58-67.

173
(6)
- definir a seqüência de ações.

2) Análise de Problemas

- “definição” do problema, desvio ou defeito;

- “especificar”;

- buscar as “Diferenças”;

- buscar as “Mudanças”;

- pesquisar possíveis causas;

- “testar” as possíveis causas;

- verificar a real causa.

3) Análise de Decisões - definir a decisão;

- determinar os objetivos;

- classificar os objetivos;

- desenvolver alternativas;

- avaliar as alternativas em função dos objetivos;

- escolher a melhor alternativa;

- avaliar as conseqüências adversas da tentativa de decisão;

- escolha final.

4) Análise de Problema Potencial

- definir a decisão a ser implementada;

- propor um plano de ação;

174
- identificar as áreas críticas do plano proposto;

- apresentar os problemas potenciais para a área crítica prioritária;

- gerar causas prováveis para o problema potencial;

- ação preventiva;
(7)
- ação contingente;

- estabelecer sistema de aviso para falha na ação preventiva e aplicar daí a ação
contingente.

Várias técnicas matemáticas foram desenvolvidas durante a segunda guerra mundial


para auxiliar as decisões. Este conjunto de técnicas recebeu o nome de Operation
Research (OR), ou seja, Pesquisa Operacional (PO).

Embora as técnicas sejam diferentes, os principais autores 2 reconhecem que o processo


de solução de problemas por pesquisa operacional pode ser reduzido a um roteiro:

- formulação do problema;

- construção de um modelo matemático que apresente o sistema em questão;

- aplicação do modelo para buscar de uma solução;

- testar o modelo e a solução encontrada;

- estabelecer controles sobre a solução;

- colocar a solução em uso – implementação.

O modelo Creative Problem Solving Institute (CPSI) usa etapas que se interpenetram em
um roteiro de solução de problema 3 que se configura de acordo com a seguinte
sequência de operações:

- achar fatos (facts finding);

- achar o problema (problem finding);

175
- achar idéias (ideas finding);

- achar soluções (solutions finding);

- obter aceitação (acceptance obtaining).

2 Hiller, F. S.; Lieberman, G. J. Introductions to operations research. San Fransisco, Holden Day, 1968,
apud Bethlem, Agrícola de Souza, Modelos do processo decisório. Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p.
27-   39.

3 Parnes, S. J. Creative behavior guide book. New York, C. Scribner’s, 1967, apud Bethlem, Agrícola de Souza,
Modelos do processo decisório Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p. 27-39.

(8)
O modelo Guilford4 é uma descrição, pelo psicólogo, do processo interno de
tratamento da informação, do que ocorre em cada participante do processo decisório.

O processo se inicia com inputs, que são estímulos e informações que penetram na

“inteligência” do indivíduo. Estes inputs podem ser exteriores ou interiores. O modelo é


refeito cada vez, entrando no processo de nossa cognição por meio do desenvolvimento
de conhecimento sobre o problema e pela produção de respostas ou soluções ao
problema.

O processo pode ter tantos ciclos quanto se queira e pode ser interrompido em
qualquer fase. Paralelamente ao processo de geração de alternativas, que é um processo
criativo, ocorre um processo julgamento e de avaliação.

A separação dos dois, criativo e avaliativo, é extremamente importante para a utilização


de técnicas criativas. A supressão de avaliação acelera o processo de produção, podendo
sempre o processo de avaliação ser reiniciado.

O modelo Mintzberg é decorrência de um estudo sobre 25 processos de


decisão estratégica feito junto a empresas 5. O estudo levou a conclusão de que existe
uma estrutura subjacente a estes processos considerados pelos autores como “não
estruturados”. Essa estrutura foi descrita em termos de 12 elementos, sendo 3 fases
centrais, 3 conjuntos de rotinas de apoio e 6 conjuntos de fatores dinâmicos.

Os elementos e os tipos de roteiros são:

Fases Centrais

176
1) Identificação

- rotina de reconhecimento de decisão;

- rotina de diagnose.

2) Desenvolvimento

4 Guilford, J. P. The nature of human intelligence. New York, McGraw-Hill, 1967, 538p, (McGraw-Hill Series in
Psychology), apud Bethlem, Agrícola de Souza, Modelos do processo decisório. Revista de Administração, v.

22, n. 3, 1987. p. 27-39.

5 Mintzberg, H. The nature of managerial work. New York, Haper & Row, 1973 apud Bethlem, Agrícola
de Souza, Modelos do processo decisório Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p. 27-39.

(9)
- rotina de busca;

- rotina de projeto.

3) Seleção

- rotina de separação;

- rotina de avaliação/escolha.

Conjunto de rotinas

4) Rotinas de controle de decisão 5) Rotinas de comunicação 6) Rotinas políticas

Conjunto de fatores dinâmicos

7) Interrupções

8) Atraso de programação 9) Atraso de feedback

10) Atrasos e acelerações de momentos de decisão 11) Ciclos de compreensão

12) Reciclagens por fracassos

177
Combinando estes elementos, chegou-se a um conjunto de decisões estratégicas, que
são:

- processo decisório de impasse simples;

- processo decisório de projeto político;

- processo decisório de procura básica (escolha de decisões prontas);

- processo decisório de procura modificada (equipamento);

- processo decisório de projeto básico (marketing);

- processo decisório de projeto bloqueado (obras públicas);

- processo decisório de projeto dinâmico (instalações), o mais complexo.


(10)
O modelo Mintzberg tem duas virtudes. Primeiro, mostra uma tentativa de estruturar
decisões “não estruturadas”. A segunda virtude é a apresentação que faz dos “estímulos
à decisão”.

Os estímulos são três – oportunidade, problema e crise – que se transformam, às vezes,


uns nos outros, em função da ação acertada, ou não, sobre eles.

Foram também estabelecidos quatro tipos de decisão em função da solução.

Soluções

1) Dada (já pronta ao iniciar o processo) 2) Pronta durante o processo

3) “Sob medida”

4) Modificadas (2 + 3)

Na obra How to think, de 1910, Jonh Dewey apresentou um modelo genérico de solução
de problemas que consta das seguintes etapas:

- sugestão;

- expressão de uma dificuldade em um problema ou pergunta;

178
- desenvolvimento de hipóteses;

- raciocínio ou desenvolvimento de hipóteses;

- teste de hipóteses.

Vários autores de livros sobre o Processo Decisório citam o roteiro de Dewey, adaptado
na forma de três perguntas (BETHLEM, 1987), a saber:

- qual o problema?

- quais são as alternativas?

- qual alternativa é a melhor?


(11)
Baseado em outros autores foi elaborado o seguinte roteiro para a tomada de
decisão 6: - reconhecer a necessidade de tomar uma decisão;

- considerar e analisar alternativas para atingir o objetivo;

- comunicar e implementar a decisão;

- avaliar e reexaminar as ações desenvolvidas.

As duas últimas formulações e modelos apresentados permitem sugerir que um modelo


genérico de tomada de decisão pode consistir das seguintes etapas:

- decisão de decidir;

- definição do que se vai decidir, estabelecimento dos objetivos;

- formulação de alternativas;

- escolha de alternativas, caracterizando a etapa da tomada de decisão.

As tomadas de decisão, e os processos de tomada de decisão, têm sido historicamente


alvo de diversos estudos, tanto no contexto da administração quanto fora deste. Autores
de diversas tendências contribuíram de maneira significativa para enriquecer as análises
sobre esta temática. Isto acontece, marcadamente, a partir dos estudos de Herbet
Simon7, publicados em seu Administrative Behavior, onde o autor tratou de desfazer
179
uma série de equívocos dos clássicos sobre a racionalidade no processo decisório
(TEODÓSIO; SILVA; RODRIGUES, 1999). Outros enfoques, além do racional, que se
destacam são: o comportamental, que se contrapõe à razão; o incremental, que
pretende ser mais plural e de mais fácil operacionalização; e o da decisão política, que
considera as perspectivas de poder e de influência e a contraposição com a decisão
meramente técnica.

6 Cornell, Alexander. The decision maker’s handbook. New York, Englewoods Cliffs, Phentice Hall, 1980, 262p.,
apud Bethlem, Agrícola de Souza, Modelos do processo decisório. Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p.
27-39.

7 Simon H. Comportamento administrativo. Rio de Janeiro: FGV, 1971, apud Teodósio, A. S. S.; Silva, E. E.;

Rodrigues, J. R. G. Anais do IV Congresso de Ciências, Letras e Artes/ IV Amostra de Ciências Humanas, Letras e


Artes das Universidades Federais de Minas Gerais, Viçosa de 02 a 06 de agosto de 1999.

(12)
2.3 Tomada de decisão na Administração

Pode-se definir, segundo Simon 8, Administração como a arte de conseguir realizar as


coisas. Por essa razão, dá-se ênfase especial aos métodos e processos que visam a
assegurar uma ação positiva, ao mesmo tempo em que se formulam princípios com o
objetivo de promover a ação concatenada por parte de um grupo de indivíduos
(GONTIJO; MAIA, 2004).

A atividade administrativa é atividade conjunta, de grupo. Essa tarefa se expande até o


ponto em que se faz necessário o esforço de numerosas pessoas para levá-la a cabo; a
simplicidade desaparece, tornando-se necessário desenvolver processos especiais para a
aplicação do esforço organizado em proveito da tarefa do grupo.

As etapas mais comuns de modelo de tomada de decisão na Administração consistem


em (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI JR, 1998):

1) reconhecer que há um problema a solucionar ou uma oportunidade a ser aproveitada;

2) elaborar alternativas de ação;

3) avaliar as vantagens e desvantagens de cada alternativa;

4) escolher e implementar a alternativa preferida;

180
5) avaliar os resultados da decisão e recomeçar o processo, se a decisão não foi a
melhor.

O feedback sob a forma de avaliação de resultados permite modificar a decisão ou tomar


outra, se a original estiver errada.

8 Simon, H. A. The shape of automation: for men and management. New York: Harper & Row 1965
apud Gontijo, A. C.; Maia, C. S. C. Tomada de decisão, do modelo racional ao comportamental: uma
síntese teórica Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 11, n. 4, 2004. p. 13-30.

(13)
2.4 Envolvimento de pessoas

Raramente os administradores tomam decisões sem envolver outras pessoas, de uma


forma ou de outra. Esse envolvimento pode ser formal, como na decisão em grupo, ou
informal, pedindo sugestões. Essa postura apresenta algumas vantagens:

1) possibilita maior quantidade de conhecimento e um ponto de vista mais amplo;

2) os grupos provavelmente aceitarão maiores riscos do que os indivíduos;

3) pode haver maior criatividade pela interação de pontos de vista diferentes; e 4) os


membros do grupo provavelmente apoiarão as decisões que ajudarem a tomar.

E, também, algumas desvantagens:

1) os grupos não são responsáveis, portanto os indivíduos devem implementar decisões;

2) as decisões grupais são mais caras em relação a tempo e esforço; e 3) as decisões


grupais podem ser acomodatícias e, por isso, indesejáveis.

Nem todos os processos de tomada de decisão são igualmente efetivos, particularmente


quando um grupo de pessoas identifica e considera um grande número de idéias.
Segundo Gravin e Roberto (2001) existem duas linhas. Da consulta/pesquisa (inquiry),
que eles preferem, que consiste de um processo aberto que gera múltiplas alternativas,
favorece a troca de idéias e produz uma solução bem testada. Infelizmente, este
caminho não aparece de forma natural ou fácil para a maioria das pessoas. Na segunda
linha, grupos com a responsabilidade de tomar decisões tendem a utilizar o outro modo,
chamado de advocacia.

181
As duas linhas incluem um grupo de pessoas imersas em um debate ou discussão,
tentando selecionar um curso de ações que eles acreditam ser a melhor evidência
presente. Apesar das
(14)
similaridades entre pesquisa e advocacia, os resultados produzidos são completamente
diferentes.

Quando um grupo de pessoas adota a perspectiva de advocacia, os participantes


encaram o processo de tomada de decisão como uma disputa, ainda que não a façam
aberta ou mesmo conscientemente.

Por outro lado, um grupo focado na pesquisa considera cuidadosamente as várias


opções existentes e trabalha junto para descobrir a melhor solução.

Um processo caracterizado pela pesquisa tende a produzir decisões de qualidade


superior – decisões que avançam os objetivos da empresa, tornam a sua consecução
mais oportuna e garantem efetivamente a sua implantação (GRAVIN; ROBERTO, 2001).

2.4.1 Técnicas de decisão em grupo

A técnica Delphi consiste em enviar vários questionários para serem respondidos por um
grupo de voluntários, que não devem se encontrar uns com os outros e nem saber
quem são. As respostas são tabuladas e devolvidas aos participantes, e estes devem
responder novamente até chegar a um consenso. Essa técnica reduz a influência de
personalidades na decisão.

A Técnica Nominal de Grupo (TNG) é um processo estruturado no qual


pequenos grupos (de cinco a nove membros) fazem sugestões, que, depois, são
colocadas em um quadro, uma de cada vez, sendo, então, discutidas e votadas, em
votação secreta, até chegar a um consenso.

Brain storming envolve um pequeno grupo de empregados criativos em uma


reunião para gerar idéias, sob condições rigidamente controladas. Todos são
encorajados a apresentar
(15)
idéias e devem abster-se de criticar as idéias dos outros. As idéias são registradas e
discutidas em reuniões posteriores até chegar-se à decisão.

182
Outro método é o consenso, que consiste em um acordo entre todos os indivíduos. É
comumente atingido depois de uma prolongada discussão, e da deliberação entre os
membros do grupo, que podem ser só administradores do mesmo nível ou uma mistura
de chefes e subordinados 9.

No método de indagação dialética os grupos são designados para desafiar os valores e


suposições subjacentes, associadas com a definição da situação 10. A indagação dialética
começa tipicamente pela identificação da visão predominante da situação, da forma pela
qual o grupo a vê. Então, pede-se a um grupo diferente para desafiar essas suposições,
definindo outra situação que é também importante e deveria receber a atenção do
grupo. Isso força o administrador e os outros envolvidos a reconsiderar suas suposições
sobre a importância da situação.

No método advogado do diabo, alguém assume o papel de desafiar as suposições e


declarações feitas pelo grupo. Esse interlocutor força o grupo a repensar sua abordagem
da situação e evita um consenso prematuro ou suposições irreais, antes de se encontrar
a solução do problema11.

O modelo Vroom-Yetton de decisão é mais elaborado do que as técnicas descritas até


agora. Ele tenta identificar quando os subordinados devem ser envolvidos na decisão ou
resolução do problema, e até que ponto devem participar 12. Supõe que uma decisão
eficaz é

9 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Holder J R, Jack J. Decision making by consensus.
Business Horizons. April 1972. p. 47-54.

10 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Chanin, Michael N. and Shapiro, Harris J.

Dialectical Inquiry in Strategic Planning: Extending the Boundaries. Academy of Management Review, v.
10, October 1985. p. 663-675.

11 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Schwenk, Charles R. Effects of Planning Aids and
Presentation Media on Performance and Affective Responses in Strategic Decision-Making.

Management Science, v. 30, 1984. p. 263-272.

12 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Vroom, Victor H. and Jago, Arthur H. The New
Leadership: Managing Participation in Organizations. Englewood Cliffs, NJ: Pertice-Hall, 1988.

(16)
alcançada em função da qualidade da informação disponível, da importância da
aceitação dos subordinados e do tempo que leve para ser tomada 13.

183
2.4.2 Estilo do administrador

A figura do administrador é central e o seu comportamento acaba por definir variações


no processo de decisão. Essas variações se apresentam relacionadas tanto a limitações
cognitivas quanto a condicionantes de natureza ideológica e de valores próprios ou de
outros grupos/indivíduos envolvidos.

O estilo do administrador é outro fator importante a considerar na tomada de decisão.

O seu estilo pode influir no grau de envolvimento dos outros participantes. Dois
métodos mais formais são o Indicador Myers-Briggs 14 (Myers-Briggs Type Indicator –
MBTI) e o Modelo Adaptativo de Miles e Snow 15 (Miles and Snow Adaptive Model).

De acordo com Myers-Briggs (i) as pessoas que confiam nos sentidos, ou só vêem as
coisas através dos cinco sentidos, tendem a ser pacientes, práticas e realistas; (ii) as que
confiam na intuição, ou na capacidade de conhecer algo sem usar processos racionais
de pensamento, tendem a ser impacientes, criativas e orientadas para idéias e teorias;
(iii) as pessoas que confiam e preferem o pensamento, ou usam um processo lógico e
racional para chegar a conclusões impessoais, são habilidosas em assuntos que exigem
lógica, objetividade e exame cuidadoso de fatos; (iv) por outro lado, as que confiam e
preferem os sentimentos, ou usam processos inatos que levam em conta os valores e
crenças próprias ou dos outros,

13 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Pate, Larry E. and Heiman, Donald C. A Test of the
Vroom -Yetton Decision Model in Seven Field Settings. Personnel Review, 16, Spring 1987. p. 22.

14 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Myer-Briggs, Isabel. Gifts Differing. Palo Alto, CA:
Consulting Psychologists Press, 1980.

15 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Miles, Raymond E. and Snow, Charles C.

Designing Strategic Human Resources Systems. Organizational Dynamic, 13, Summer 1984. p. 36-52; e
Fit, Failure, and the Hall of Fame. California Management Review, 26, Spring 1984. p. 10-28.

(17)
tendem a ser aptas a trabalhar com outras pessoas e têm sucesso em aplicar suas
habilidades em relações humanas interpessoais.

Embora experiência e oportunidades de crescimento possam ajudar a desenvolver as


dimensões mais fracas, a maioria das pessoas desenvolve duas dessas dimensões em
maior grau do que as outras. O ideal seria manter um equilíbrio, desenvolvendo sua

184
capacidade nas quatro dimensões. Isso é bastante importante no processo decisório,
pois as quatro dimensões são valiosas nos métodos de tomada de decisão.

O modelo adaptativo, desenvolvido por Raymond E. Miles e Charles C. Snow,


dá atenção especial a fatores ambientais no processo de planejamento estratégico 16. Sua
premissa principal é a de que as organizações procuram estratégias de marketing e de
produtos que sejam compatíveis com a natureza de seus ambientes externos. Essas
estratégias permitem a organizações adaptarem-se aos desafios ambientais.

As estratégias usadas nesse modelo, e que serão vistas a seguir, refletem os exemplos de
organizações que as aplicaram com sucesso.

O defensor é o que dá ênfase aos produtos existentes e à porção do mercado


atual, sem procurar crescer ou expandir. Adapta-se melhor a ambientes estáveis e talvez
a empresas em declínio. Os defensores, como pequenos varejistas locais e empresas de
serviço, tentam manter seus domínios de operação quase sem modificações durante um
certo tempo. Portanto, muitos podem declinar em longo prazo, em face da concorrência
de cadeias nacionais e franquias.

O explorador é o que procura novas oportunidades com riscos, mas


também expectativas de crescimento. Essa estratégia se adapta melhor a ambientes
dinâmicos e de crescimento rápido. Um explorador está quase sempre na liderança
desafiando sua indústria

16 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Miles, R. and Snow, C. C. Designing Strategic Human
Resources Systems. Organizational Dynamics, 13, Summer 1984. p. 36-52; e Fit, Failure, and the Hall of Fame.
California Management Review, 26, Spring 1984. p. 10-28.

(18)
ao usar a nova tecnologia para criar novos produtos. Os concorrentes, então, devem
responder a esse desafio.

Usando a estratégia do reator, uma organização deve responder às pressões da


concorrência se quiser sobreviver. É o oposto da estratégia do explorador e poderia ser
denominada a “abordagem de seguir como o último recurso”. Os reatores não têm uma
estratégia real, no sentido de plano coerente de longo prazo. As organizações, como as
de utilidade pública, operando em ambientes restritos sob regulamentação
governamental, costumam usar essa estratégia.

A estratégia do pesquisador mantém estabilidade ao mesmo tempo em que responde


seletivamente a desafios, ameaças e oportunidades de inovação e de mudança. Essa
185
estratégia está entre o reator e o explorador, e comumente procura a segurança de uma
empresa estável.

Os pesquisadores tendem a esperar para ver o que os líderes da indústria farão e como
sua estratégia funciona, antes de modificar suas próprias operações.

Essas diferentes abordagens para enfrentar desafios e oportunidades irão afetar o estilo
de decidir de uma organização, da mesma forma que os administradores de nível mais
baixo são afetados pela filosofia dos que estão no alto. Porém, mesmo a estratégia mais
prudente e um método de tomada de decisões aparentemente eficaz ainda não são a
resposta toda.

Tomar decisões empresariais quando há muito em jogo sempre é difícil. Os executivos


se vêem diante de uma variedade de opções e de dados que exigem análise, enquanto o
tempo para a análise vem encolhendo. A intuição humana – vista como uma ferramenta
para a tomada de decisões – parece ser uma alternativa confiável ao elaborado processo
de coleta e análise de fatos (BONABEAU, 2003). A intuição tem lugar na tomada de
decisões, uma vez que ninguém deve ignorar o próprio instinto, e por isso não deve
ignorar a própria consciência. Mas é ilusório pensar que a intuição substitui a razão e
aquele que assim procede pode ser vítima dessa falsa convicção. Desvinculada de
rigorosa análise, a intuição é um guia
(19)
volúvel no qual é arriscado depositar confiança, pois pode levar tanto ao desastre
quanto ao sucesso. Embora alguns digam que a intuição vale mais em ambientes
altamente complexos e mutáveis, a verdade é justamente o oposto: quanto mais opções
houver para avaliar, quanto mais dados houver para ponderar e quanto mais inusitado o
desafio a enfrentar, menos se deve confiar no instinto e mais se deve levar em conta a
razão e a análise.

Como, então, o executivo pode analisar mais em menos tempo? A tecnologia está a
favor do executivo com poderosas ferramentas de apoio ao processo de decisão,
capazes de ajudar a vasculhar rapidamente um vasto número de alternativas e selecionar
as melhores.

Combinadas à experiência, ao insight e à habilidade analítica de uma boa equipe


gestora, tais ferramentas oferecem à empresa uma saída para fazer escolhas sensatas e
racionais, ainda que diante de problemas de complexidade surpreendente. É uma
capacidade que a intuição jamais conseguiria igualar.
(20)
186
2.5 Informática

Há muitos anos, o homem tenta abordar processos complexos de tomada de decisão


utilizando abstrações, heurísticas e raciocínios dedutivos, por vezes calcando-se no
estado-da- arte do conhecimento científico disponível (GOMES; MOREIRA, 1998). Até a
primeira metade do século XX, por exemplo, utilizava-se basicamente a esperança
matemática para a tomada de decisão em condições consideradas aleatórias. Em certas
condições, as limitações, e o conseqüente risco associado a tal tratamento, eram
inaceitáveis. Na década de 50, em função da experiência ganha pelas Forças Aliadas na
abordagem dos problemas logístico- militares surgidos durante a segunda guerra
mundial, deu-se ênfase à solução dos problemas usando, a então nascente, Pesquisa
Operacional originada daquela experiência. A partir desse ponto, surge a necessidade
imediata de otimizar custos, despesas e lucros. Foram desenvolvidos métodos
estritamente matemáticos para se encontrar a solução ótima de um problema.

Na década de 60, surgiram métodos probabilísticos voltados para a tomada de decisão,


desenvolvidos até a década de 80, mas que estão sendo suplantados por métodos cuja
matemática é menos complexa, com maior transparência e fundamentados em axiomas
rigorosos. Começa a aparecer um crescente número de organizações voltadas para o
estudo e análise de decisões. As instituições de várias áreas criam grupos para “Apoio à
Tomada de Decisão”, os quais reúnem matemáticos, estatísticos, cientistas da
computação, economistas e especialistas em Pesquisa Operacional.

Um sistema concebido para tomar decisões a partir de uma série quase infinita de
alternativas é a evolução. O processo básico da evolução – pegar as melhores opções
disponíveis, combiná-las e alterá-las para criar opções ainda melhores – está
incorporado a
(21)
um gênero de software analítico conhecido como evolução artificial, ou computação
evolucionária. Essa tecnologia usa a grande capacidade de processamento do
computador para vasculhar um vasto número de soluções e, depois, avaliá-las.

Quando as decisões são mais estratégicas, os critérios de sucesso ficam mais complexos
e subjetivos. Não se pode confiar apenas nos números; é preciso contar com o know-
how, o discernimento e, sem dúvida, a intuição de profissionais experientes. É
preciso incorporar o ser humano ao estágio de avaliação do processo de decisão. Isso
pode ser feito por meio da evolução interativa, uma variação da evolução artificial. A
diferença básica é que quem julga cada geração de alternativas é um indivíduo ou um
grupo de pessoas, e não o computador.

187
A evolução artificial e a evolução interativa são processos de otimização. Neles, geram-
se conceitos alternativos com a variação de um pequeno grupo de parâmetros e, então,
avalia-se o resultado à luz de determinados critérios – objetivos, subjetivos ou ambos. Às
vezes, porém, não se sabe que parâmetros adotar para se gerarem alternativas, ou o
número de parâmetros é tão alto, que é impossível efetuar uma amostragem confiável
de todas as soluções possíveis.

Em tais casos, outra técnica computacional – a pesquisa aberta ou design evolutivo –


pode ser aplicada para classificar e gerar opções. Como sugere o termo, a pesquisa
aberta foca a busca inicial de opções e não a avaliação posterior delas. Tem enorme
potencial para ajudar o executivo a tomar decisões em situações altamente complexas,
pois gera opções que seriam invisíveis até mesmo para a mais privilegiada das mentes.

As ferramentas de apoio ao processo de decisão não eliminam a intuição humana.

Antes, aproveitam seu poder, ao mesmo tempo em que corrigem suas falhas mais
críticas. O instinto de executivos e de outros profissionais é incorporado ao processo,
seja para gerar opções iniciais ou auxiliar na avaliação das opções geradas por
computador. O instinto fica,
(22)
assim, sujeito aos rigores de análise e livre das amarras da razão para imaginar soluções
possíveis. O computador submete a disciplina do hemisfério esquerdo do cérebro aos
palpites do hemisfério direito, de um jeito que supera muito a capacidade
computacional da mente humana. Permite, assim, que a intuição participe do processo
de decisão sem, no entanto, provocar nele um curto-circuito ou limitá-lo.

A contribuição da informática para o processo de tomada de decisão inclui o domínio e


o acesso às informações, os bancos de dados corporativos, a pesquisa e filtragem de
dados, a incorporação de ferramentas de qualidade, as atividades criativas e as
estratégicas, o gerenciamento, planejamento e previsão de ocorrências, a redução de
custos, o aumento da flexibilidade e produtividade e a incorporação de exigências e
especificações de clientes e normas. A tecnologia oferecida pela informática é útil para a
tomada de decisões em função da capacidade de trabalhar grandes volumes de dados,
da precisão envolvida na natureza do processo e da possibilidade de armazenagem e
repetição dos processamentos.

Para melhor adequar os programas computacionais, na época, Jarke e Radermacher


(1988) argumentaram que esses programas deveriam lidar com um número significativo
de modelos, de domínios específicos, associados às ferramentas algorítmicas. Como o

188
processo de decisão e suporte de decisão requer um alto grau de sofisticação cognitiva,
isto leva a pesquisa a integrar resultados de Decision Support Systems (DSS) sobre
modelos orientados nos campos estatístico, da teoria de decisão, de pesquisas
operacionais e aplicações práticas.

Este tipo de suporte requer capacidade interativa muito grande, acionado por resultados
computacionais que exploram problemas com modelos parciais, informações
incompletas e métodos de solução robustos. Este sistema todo interdependente requer
um sofisticado modelo de administração, possivelmente com uma ferramenta dinâmica
supervisionada pelo usuário. Para estabelecer esta sofisticação, o uso da Inteligência
Artificial (IA) se faz necessário.
(23)
Gottinger e Weimann (1992) utilizam-se das ferramentas DSS e IA para construir um
suporte efetivo. Este consiste em desenvolver representações e técnicas que traçam,
para cada usuário, modelos probabilísticos ou de decisões teóricas, perguntas e estados
da informação.

Chamado de Intelligent Decision Support System (IDSS), ele suporta a exploração pelas
diversas alternativas de representação e dos modelos de diversos fenômenos, pelo
usuário.

Sycara (1993) apresenta um sistema de suporte à decisão que inclui resoluções de


conflito e negociação, que são, em geral, tarefas desestruturadas e necessitam de
suporte a decisões. O modelo inclui métodos de AI e técnicas de decisão teórica.

Até hoje, já foram desenvolvidos muitos softwares para construir Modelos de Apoio às
Decisões (EHRLICH, 1996a). Alguns softwares mantiveram a simplicidade e tornaram-se
macro-suplementares (add-in) de planilhas. Outros (como DPL ou o Supertree)
tornaram-se ferramentas extremamente poderosas, que operam em ambiente Windows
(há poucos para Macintosh; existe o Demos, da Lumina). Graças aos softwares, o aspecto
de risco, que tradicionalmente era tratado pela teoria da utilidade, passou a ser avaliado
pelos resultados das análises de sensibilidade.

O software Hiview pode ser utilizado para problemas com multicritérios em geral, para
decisões em grupo. O comportamento de um grupo apresenta particularidades que
exigem:

- eventuais sacrifícios teóricos para garantir a facilidade de compreensão do processo


por todos os membros do grupo;

189
- facilidade de comunicação;

- clara explicitação das metas;

- clara explicitação da importância das submetas;

- clara explicitação das preferências ao longo de cada critério;

- redução das ambições do analista, ao produzir um modelo que poderá ter distintos
usos nas mãos dos membros do grupo.
(24)
O Hiview permite elaborar diversos tipos de análise de sensibilidade. A agregação das
medidas relativas, com a determinação dos pesos para esta agregação, é
particularmente simples. A finalidade é garantir a compreensão do processo pelos
atores, assim como a comunicação entre eles. O processo de decisão que utiliza Hiview
como apoio passa por três etapas importantes:

- decomposição hierárquica do objetivo em critérios (e sub-critérios);

- estabelecimento de uma preferência para cada critério (ou sub-critério) (geralmente, a


preferência é definida por dados mensuráveis);

- comparações entre critérios de modo a estabelecer níveis de importância


(freqüentemente, importâncias são valores subjetivos).

Existem algumas metodologias que seguem formalismos mais elaborados: MAUT (Multi-
Attribute Utility Theory), da escola de Harvard-Califórnia; AHP (Analytic-
Hierarchy Process), da escola Wharton-Washington; e MCDA (Multi-Criteria Decision Aid),
da escola européia (principalmente francófona), com seu processo de desclassificação
(outranking).

A exposição a seguir tem como essência a estrutura global que permite contemplar
diversos objetivos (EHRLICH, 1996b) que podem interagir num mesmo sentido de
satisfação ou em sentidos opostos, assim como “compromissos” (tradeoffs) de
compatibilização entre eles.

Para a maioria dos problemas de interesse prático é necessário analisar,


simultaneamente, vários atributos de cada alternativa. Ou seja, os problemas de decisão
requerem uma visão global que compreenda vários critérios.

190
Em um problema de decisão, os vários critérios correspondem aos aspectos que se
identificam como importantes para atingir o objetivo de classificação das alternativas
segundo desejos (ou valores) daquele que decide. Normalmente, começa-se um
problema de decisão pela especificação dos objetivos, ou seja, dos critérios. Estabelece-
se uma métrica para estes
(25)
critérios, de modo a poder ordená-los segundo o grau de “desejabilidade”, e a seguir
saem listadas as alternativas de ação. O processo costuma ser de “idas e vindas” entre os
critérios e alternativas. Novos critérios passam a ser contemplados e novas alternativas
criadas. Ao final, obtêm-se duas tabelas: uma de critérios e outra, de alternativas. As
alternativas são avaliadas, para cada critério, pelas medidas ou ordenações quanto aos
seus atributos.

Como a maioria dos problemas de decisão não tem somente um objetivo, a comparação
e as trocas entre os múltiplos objetivos de natureza e de mensuração muito diferentes
constituem uma tarefa difícil. O processo de seleção da melhor alternativa origina
diversas escolas, dentre as quais se destacam três grandes linhas de atuação (EHRLICH,
1996b).

A primeira, chamada MUAT (Multi-Attribute Utility Theory), caracteriza-se pela


construção de utilidades individuais para cada critério, para, dentro deste, quantificar e
ordenar as preferências, e pela agregação das diversas utilidades em uma única função
de utilidade (MAUF), que comporta a importância de cada critério, além das
substituições (tradeoffs) e dos seus relacionamentos. As alternativas somente são
ordenadas de acordo com os valores obtidos na MAUF.

A segunda, chamada AHP (Analytic-Hierarchy Process), inicia o processo pela


decomposição hierárquica do objetivo global em critérios, sendo estes, por sua vez,
decompostos de forma a se obter uma cascata em vários níveis, até que se atinja o
patamar mais elementar de cada ramo. As alternativas são, então, comparadas ao nível
mais elementar dos critérios. Para cada critério, a intensidade de preferência é
estabelecida entre cada par de alternativas, numa escala subjetiva (1,2, ..., 9, e valores
intermediários, onde 1 = indiferença e 9 = preferência extrema). Após o cálculo (de
auto-vetor) resultam pesos relativos de preferência para cada seqüência de
comparações. Por sua vez, em cada nível os critérios também são comparados aos pares,
num processo idêntico ao anterior, para especificar suas
(26)

191
importâncias relativas. Para cada alternativa, resulta uma soma ponderada dos pesos de
preferência de cada critério, multiplicados pelo respectivo peso de importância deste
mesmo critério.

A terceira é chamada MCDA (Multi-Criteria Decision Aid), ou escola européia. O


processo de decomposição do objetivo é semelhante ao da AHP, e as comparações
entre as alternativas também são feitas no último nível de decomposição e aos pares,
mas, em vez de uma medida de intensidade de preferência, o resultado é binário (ou
quase) em cada critério.

A análise sobre o conjunto dos critérios conduz à desclassificação (outranking) da


alternativa perdedora ou à promoção de classe (surclassement) da ganhadora.
Constroem-se classes (como de jogadores de tênis) e, em cada uma delas, ocorre a
ordenação das alternativas.

Na prática, estes procedimentos acabam sendo utilizados como de apoio às decisões.

A numerosa produção de ferramentas de apoio á tomada de decisão, baseadas em


tecnologia da informação e desenvolvimento de software, tem sido aplicada a diferentes
setores da economia. A literatura especializada registra alguns trabalhos.

1) Bernroider e Stix (2005) descrevem um método de multi-critério (multi-


criteria approach), mais precisamente “multiple attribute decision making” (MADM), que
foi testado numa empresa atacadista de venda de gases combustíveis. O MADM pode
ajudar em decisões sob um número finito de alternativas, o que o caracteriza como
múltiplo. O modelo dá recurso ao tomador de decisão para identificar e estimar um
amplo conjunto de atributos avaliáveis pelo sistema de informação; portanto, auxilia
basicamente na geração de importantes atributos. O método utiliza um importante
conceito de organização adaptável, isto é, explorando a distância para obter o perfil
desejado. Melhora a classificação e identifica critérios de seleção decisivos que podem
não ter sido avaliados de forma apropriada pela companhia. Adicionalmente, o método
oferece informações estruturais com uma representação gráfica. Essas ilustrações podem
ajudar o tomador de decisão a entender melhor
(27)
a força e a fraqueza de sistemas específicos ou podem levá-lo a reconsiderar o perfil
desejado da empresa.

2) Muitas decisões complexas devem ser feitas simultaneamente num processo de


desenvolvimento de produto (XU et al., 2004). Por isso, problemas complexos em

192
sistemas de design (projeto) na engenharia requerem o auxilio de sistemas de suporte de
decisão. Xu et al.

(2004) utilizaram sistemas fuzzy para avaliar alternativas de projetos e facilitar o


processo de decisão. Com um modelo abrangente de avaliação baseado na teoria fuzzy
e programa dinâmico, um sistema de suporte à decisão foi desenvolvido, obtendo-se
um sistema de suporte para “multi-stage decision making” aplicável a um conjunto de
engenharia de design e que permite selecionar o melhor entre eles. O objetivo foi
desenvolver um sistema de suporte à decisão para ajudar os projetistas, dentro do
ambiente de concorrência. O sistema é capaz de avaliar alternativas considerando
funcionalidade, confiabilidade e manufaturabilidade.

3) Vetschera (1994) apresenta em seu trabalho um DSS para problemas de decisão de


multi-atributos chamado MCView. O sistema combina o processo de decisão de multi-
atributos com uma interface gráfica compreensível. O processo permite ao usuário
introduzir, de forma interativa, alternativas de informações holísticas e, também,
mudanças de parâmetros de um método de avaliação cardinal.

4) Um confronto entre um método com característica de decisão não estruturada e uma


técnica tradicional de decisão de multicritério (MDCA – multi-criteria decision analysis)
foi feita para comparar alternativas de investimento entre administradores
(COMPONATION;

SADOWSKI; YOUNGBLOOD, 2006). O resultado foi bastante divergente, mesmo


utilizando uma mesma técnica de decisão. Os administradores reconheceram que a
técnica de MDCA pode ajudar a dar mais consistência às decisões. Observaram que a
maioria das decisões é baseada em informações erradas ou incompletas levando-os a
empregar mal o investimento.
(28)
5) Como a variedade dos métodos de investimento e a complexidade de decisões de
investimento têm aumentado, há uma crescente necessidade de se criar um DSS
personalizável e compreensivo. Para isso, Palma-dos-Reis e Zahedi (1999) basearam-se
no gênero de investidores e em suas atitudes frente a riscos, relacionando suas escolhas
perante a modelos de investimento, para criar um DSS personalizável.

Santos e Pamplona (2004) analisaram dois métodos de investimento tradicionais:

Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). Apesar de seus grandes
usos, eles apresentam algumas limitações. Por satisfazer às limitações existentes nos

193
métodos, a Teoria das Opções Reais (TOR) tem recebido a atenção de usuários e
administradores. Os resultados mostraram que os métodos tradicionais sub avaliaram
alguns investimentos e que o TOR, eficientemente, obteve valores da flexibilidade
administrativa, mostrando-se, assim, uma boa opção para avaliar projetos de
investimentos.

6) Num sistema agropecuário, o meio-ambiente, o solo, os animais e as plantas fazem


parte do sistema de produção, e o tempo de produção é relativamente longo. Estas
características do sistema agropecuário aumentam o risco e as incertezas associadas às
alternativas de tomada de decisão. Medeiros (2003) analisou e ajustou um modelo
matemático (Stockpol ®) para estimar a resposta da produção agropecuária de
ruminantes no Brasil, incluindo nesse estudo o acúmulo de forragem em função de
variáveis climáticas e de consumo de forragem.

7) Oliveira e Freitas (2001) selecionaram indicadores para a tomada de decisão na etapa


do processo construtivo, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento do projeto de
edificações habitacionais multifamiliares, em empresas da construção civil. Conhecer os
tópicos relevantes de cada categoria (como custos, tempo, satisfação do usuário,
funcionalidade e conformidade) permite a todos trabalharem, considerando suas
prioridades e, também, as dos demais intervenientes, facilitando com isto a integração.
(29)
8) Produzir um alimento seguro é pré-requisito importante em empresas do setor
alimentício. Devido à complexidade inerente aos processos produtivos das indústrias
alimentícias, a interação entre as metodologias de análise de risco e os sistemas de
apoio a decisão se faz importante e permite aliar os conhecimentos técnicos e científicos
às tomadas de decisões, de modo a garantir um alimento seguro, de qualidade e
competitivo. Roque e Castro (1999) fundamentaram-se na utilização da avaliação de
risco como uma ferramenta para auxiliar os sistemas de apoio a decisão em indústrias
de alimentos.

9) Form-based Decision Support Systems (FBDSS) são sistemas de informação especiais


que utilizam formulários para apresentar informações para o processo de tomada de
decisão. Wu et al. (2004) produziram um FBDSS que utiliza as informações presentes nos
formulários de disseminação e coleta de dados em escritórios. O sistema produzido
permite criação e modificação flexíveis dos formulários do processo de decisão gerados
pelo computador. Isto é, o usuário final pode manejar alguma de suas informações
próprias sem a intervenção de um profissional da área da computação.

194
10) Dias Junior (2001) apresenta em seu trabalho um software chamado OMNI que tem
o propósito de resolver os problemas de ordenação e seleção de alternativas sob
múltiplos critérios. Ele aborda o problema da tomada de decisão em ambientes onde as
informações estão disponíveis apenas numa forma qualitativa ou imprecisa. O software
desenvolvido é para servir de ferramenta de apoio à decisão, para a aplicação em
contextos nos quais, muitas vezes, as informações que o administrador possui se
encontram imprecisas ou são subjetivas.
(30)
2.6 Sistema de produção e a estrutura de decisão

Diversos modelos e métodos para formatação de sistemas de manufatura têm sido


propostos (BASTOS; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 1998). Destacam-se: Graphs with Results
and Activities Interrelated (GRAI), Computer Integrated Manufacturing – Open
System Architecture (CIMOSA), Factory of the Future (FOF) e Integrated Manufacturing
Panning And Control System (IMPACS). Cada um desses métodos possui abordagens
distintas, contribuindo para a modelagem em diferentes aspectos. Nenhum deles,
porém, apresenta como preocupação essencial os aspectos temporais e o sincronismo,
exigidos no processo de tomada de decisão para alocação de recursos, tendo em vista a
utilização compartilhada de tais recursos por diversos processos produtivos.

Um sistema de produção pode ser caracterizado por seus produtos, materiais


consumidos, componentes utilizados nos produtos, operações de produção e recursos
de produção alocados a essas operações. Durante o processo produtivo ocorre o
consumo de materiais e a utilização de recursos de produção. Tais recursos são
empregados segundo um roteiro de fabricação particular para cada produto, composto
por diferentes operações de produção, tendo em vista a composição do item final. Cada
componente de um produto também pode utilizar recursos durante uma operação de
produção. Os recursos de produção são essencialmente máquinas, equipamentos e
mão-de-obra disponíveis no sistema produtivo, limitados em quantidade.

Uma vez que toda a atividade de produção consome recursos, torna-se essencial ao
planejamento considerar aspectos relacionados às decisões que possibilitem a alocação
de recursos para a produção, considerando limitações de capacidade. Essas decisões
devem ser sincronizadas com as atividades do nível hierárquico inferior. As decisões
tomadas em
(31)
determinado nível são restritas para aquelas tomadas em níveis mais baixos, e assim,
torna-se fundamental a integração entre os diferentes níveis de decisão. Cada nível
195
hierárquico de planejamento, em virtude de suas decisões, fornece recursos, como
capital, equipamentos, mão-de-obra e matéria-prima, para níveis inferiores, os quais a
seu turno tomam decisões quanto à alocação desses recursos.

Tradicionalmente, a estrutura de decisão tem sido dividida em três níveis hierárquicos:

estratégico, tático e operacional (BASTOS; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 1998). Cada nível


hierárquico é caracterizado por tipos específicos de tomadores de decisão, os quais têm
diferentes funções e responsabilidades. Planejamento estratégico é realizado para longo
prazo, o tático para médio e o operacional para curto prazo. Em conseqüência dessa
hierarquia, os níveis de planejamento inferiores devem colaborar para que sejam
atingidos os objetivos dos níveis superiores.

Quanto mais elevada for a hierarquia de decisão, maior será o horizonte de


planejamento, ou seja, a decisão tomada deverá ter validade durante maior intervalo de
tempo, se comparada com aquelas tomadas por níveis inferiores. Quanto menos elevada
a hierarquia de decisão, mais detalhado deverá ser o planejamento e, por conseqüência,
os efeitos da decisão terão validade por menor tempo.

Para o planejamento das atividades de produção, é necessário que os administradores


tomem as decisões inerentes a cada nível hierárquico, observando os efeitos dessas
decisões sobre os demais níveis.

Idealmente, o planejamento de produção e o planejamento de recursos devem ser


realizados como um processo unificado, ou seja, não devem ser efetivados em etapas
distintas. O processo requer unificação, de modo que, ao seu final, já sejam
apresentados os recursos necessários alocados a cada atividade, com o seu respectivo
cronograma de utilização, propiciando o atendimento do objetivo de sincronização.
Naturalmente, a saída
(32)
produzida pelo processo pode identificar incapacidade de atender aos objetivos do
planejamento. Dessa forma, o tomador de decisão poderá agir antecipadamente ao
verificar qual será a melhor solução para a organização, ou seja, tornar disponíveis novos
recursos para a produção, adotar prazos de entrega dos produtos superiores aos
previstos ou reduzir a quantidade de produtos a serem fabricados.

Bastos, Oliveira e Oliveira (1998) desenvolveram um modelo conceitual relativo ao


processo de tomada de decisão para alocação de recursos, considerando os aspectos
temporais envolvidos e o sincronismo exigido no processo em conseqüência da

196
utilização compartilhada de recursos por diversas atividades produtivas. O modelo
esboçado é passível de grande número de aplicações potenciais, todas relacionadas, em
maior ou menor grau, à ênfase dada ou ao papel dos recursos nas decisões. Existe a
possibilidade de aplicar o modelo para apoio à tomada de decisão segundo um enfoque
distribuído. A forma modular das descrições, aliada ao seu alto nível de abstração, faz
com que se tornem um suporte atraente para a concepção de sistemas de apoio a
decisão em ambiente de manufatura, com base em conceitos de Inteligência Artificial
Distribuída (IAD).

Pode-se conceituar IAD como o estudo do comportamento computacionalmente


inteligente * 17 resultante da interação de múltiplas entidades dotadas de certo grau
(possivelmente variável) de autonomia 18.

*17 Usa-se a expressão “comportamento computacional inteligente” para evitar a discussão – por vezes tediosa
– em torno do que seja comportamento inteligente em geral. Muitas tarefas – por exemplo, coordenação
motora – são consideradas extremamente inteligentes para um computador.

18 Oliveira, F.M. Inteligência artificial distribuída. Escola Regional de Informática, 4. Canoas, RS, Itajaí,
SC, Londrina, PR. Anais. Canoas, SBC, 1996, apud Bastos, R.; Oliveira, F. M.; Oliveira, J. P. M. Modelagem
do processo de tomada de decisão para alocação de recursos.Revista de Administração, v. 33, n. 3, 1998.
p.73-  82.

(33)
2.7 Teoria e prática

Córner, Buchanan e Henig (2001) consideram que existe um “vazio” (gap) entre as
perspectivas prescrita e descrita num processo de decisão. Isso, possivelmente, é um dos
motivos que acarretam falhas em 50% das decisões estratégicas (na implementação de
processo de decisão de multicritérios a porcentagem é ainda mais alta).

Na perspectiva prescrita, falta validade empírica e se requer, em geral, um padrão de


racionalização que é teoricamente satisfeito, mas na prática não obtenível. Na descrita, a
perspectiva é rica no comportamento real e dependente de contexto (tanto no contexto
de processo de decisão quanto na cognição do tomador de decisão) e, por isso, sua
aplicabilidade é limitada para prescrição neste contexto. Num mundo onde o meio
ambiente é caótico, desejos e vontades mudam constantemente. Por isso, metodologias
de estruturação de problemas devem ser mais dinâmicas.

Pal e Palmer (2000) desenvolveram um Decision-support System for Business Acquisition


Process (DSBAP) híbrido. Essa aplicação usa um sistema baseado em conhecimento
híbrido para organizar uma companhia, formulando estratégias e modificando a

197
estratégia inicial (se necessário) para o processo de aquisição. O sistema utiliza dois
métodos:

o rule-based reasoning (RBR) e o case-based reasoning (CBR), para auxiliar o processo


de tomada de decisão para o administrador. Há necessidade de aproximar o método
baseado em regras com a presente situação baseada em experiências anteriores e esse
trabalho tenta obter isso como DSBAP.

Jeusfeld e Bui (1997) acreditam que a dificuldade na distribuição ou uso de DSS está
relacionada a:

- dificuldade de encontrar DSS adequados para o problema de decisão;


(34)
- up-to-date para o DSS de difícil acesso ou difíceis de serem introduzidos;

- aplicações muito específicas dos DSS, nem sempre num formato totalmente explícito.

Para isto foi sugerido que DSS estivessem acessíveis na internet, com vantagens de
redução de custos e de evitar a “reinvenção” de sistemas e de versões.

Texto
(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UNIVERSIDADE ABERTA DO
BRASIL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU
- GESTÃO EM ARQUIVOS. INFORMAÇÕES ARQUIVÍSTICAS E O PROCESSO DE
TOMADA DE DECISÃO. Monografia de Especialização. Samantha Signor. São João do
Polêsine, RS, Brasil, 2009..

(2)1. INFORMAÇÕES ARQUIVÍSTICAS E O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO. por.


Samantha Signor. Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação a Distância
Especialização Lato Sensu - Gestão em Arquivos como requisito parcial para obtenção do grau
de Especialista em Gestão em Arquivos.. Orientador: Profª. Rosani Beatriz Pivetta da Silva. São
João do Polêsine, RS, Brasil, 2009.

(3)2. Universidade Federal de Santa Maria Universidade Aberta do Brasil Curso de Pós-
Graduação a Distância Especialização Lato Sensu Gestão em Arquivos. A Comissão
Examinadora, abaixo-assinada, aprova a Monografia de Especialização. INFORMAÇÕES
ARQUIVÍSTICAS E O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO. elaborada por Samantha
Signor. como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão em Arquivos.
COMISSÃO EXAMINADORA:. _________________________________ Rosani Beatriz
Pivetta da Silva, Ms. (Orientadora) _________________________________ Andre Cordenonsi,
198
Dr. (UFSM) _____________________________ Denise Molon Castanho, Ms. (UFSM). São
João do Polêsine, agosto de 2009..

(4)3. RESUMO Monografia de Especialização Curso de Pós-Graduação a Distância Latu Sensu


Especialização em Gestão em Arquivos Universidade Federal de Santa Maria Universidade
Aberta do Brasil INFORMAÇÕES ARQUIVÍSTICAS E O PROCESSO DE TOMADA DE
DECISÃO Autora: Samantha Signor Orientadora: Rosani Beatriz Pivetta da Silva Local e data da
defesa: São João do Polêsine, 08 agosto de 2009. A informação é utilizada de diversas maneiras e
por pessoas com os mais diferentes fins. São consideradas elemento essencial para as instituições,
e por isso, precisam ser acessadas de maneira rápida e que sejam seguras para que as atividades
das mesmas possam dar o resultado planejado. Hoje, existem muitas informações circulando e
influenciando nas atitudes e atividades das pessoas e instituições, fazendo com que o processo de
tomar decisões se torne um processo delicado. O desenvolvimento desse processo vai depender
de como são tratadas e disponibilizadas as informações. Assim, é apresentado o tema deste
trabalho concentrando-se na informação e na tomada de decisão das instituições. Analisou-se a
literatura da área sobre em que aspectos a informação arquivística pode contribuir no processo de
tomada de decisão e refletiu-se sobre como essas informações, estando organizadas e acessíveis,
podem ser relevantes para que as decisões das instituições sejam eficientes e eficazes. Com base
no que foi pesquisado, nos autores e na análise de todos os dados é possível afirmar que se as
informações forem tratadas e organizadas e devidamente preservadas, elas serão de extrema
relevância em todo o processo de tomada de decisão, ou seja, se não houver uma gestão das
informações, as instituições dificilmente terão meios de desenvolver uma administração eficiente
que possa atingir os objetivos planejados por elas. Palavras-chave: Informação; informação
arquivística; processo; decisões..

(5)4. ABSTRACT Monografia de Especialização Curso de Pós-Graduação a Distância Latu


Sensu Especialização em Gestão em Arquivos Universidade Federal de Santa Maria
Universidade Aberta do Brasil ARCHIVIST INFORMATION AND THE PROCESS OF
DECISION-MAKING Author: Samantha Signor Orientation: Rosani Beatriz Pivetta da Silva
Place and date of the defence: São João do Polêsine, 08TH august, 2009. The information is used
in several ways and by people with the most different purposes. Are considered essential element
for the institutions, and therefore need to be accessed quickly and that are safe for the activities
they can give the result intended. Today, there are much information circulating and influencing
attitudes and activities of individuals and institutions, causing the process of taking decisions
become a delicate. The development of this process will depend on how they are treated and
released the information. Thus, the theme of this works focusing on information and decision-
making institutions. With the search is to examine the literature on where the archivist
information can contribute in the process of decision-making and reflect on how that information
is organized and accessible may be relevant to decisions of the institutions are efficient and
effective. Based on what was searched, in the authors and the analysis of all data is possible to
say that if information is treated and organized and duly preserved, they are extremely important
in the whole process of decision-making, i.e. If there is no management of information, the
institutions hardly have means to develop efficient administration which can achieve the goals
planned for them. Keywords: Information; information archivist; process; decisions.

(6)5. SUMÁRIO. 1
199
INTRODUÇÃO....................................................................................................................06 1.1
Objetivos.........................................................................................................................07 1.1.1
Geral..............................................................................................................................07 1.1.2
Específicos....................................................................................................................07 1.2
Justificativa.....................................................................................................................08 2
REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................................09 2.1
A informação e a informação arquivística...................................................................09 2.2 As
funções arquivísticas...............................................................................................13 2.3 O
processo de tomada de decisão...............................................................................16 2.4 A
relevância das informações como auxílio no processo de tomada de
decisão..................................................................................................................................19 3
METODOLOGIA..................................................................................................................26 4
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................28 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................31
REFERÊNCIAS......................................................................................................................33.

(7)6. 1 INTRODUÇÃO O mundo vive em constantes mudanças, evoluindo em todos os sentidos


e em todas as áreas, seja religiosa, cultural, social, política, enfim, tudo muda com o passar dos
anos. Um dos fatores que influencia nesse processo de evolução e que existe em quantidade cada
mais numerosa são as informações. Tudo o que gira no mundo hoje é sinônimo de informação.
Na televisão, no rádio, na internet, no diálogo das pessoas, enfim, a informação circula e está em
tudo o que existe ao nosso redor. As informações, além de possuírem diferentes conceitos,
possuem usos e importância variados conforme o contexto em que se encontram. Muitas vezes
ela é meramente informativa, sua função é somente dar a conhecer sobre o assunto. Em outros
casos, ela é fundamental para que aconteça determinado fato ou, ainda, passa a ser consequência
deste acontecimento. A informação é utilizada de diversas maneiras e por pessoas com os mais
diferentes fins. Hoje, a maioria dos profissionais trabalham com informação ou têm nela seu
objeto de trabalho, alguns com contato maior, outros menor, mas todos precisam de informações.
Arquivologia, Sistemas de Informação, Biblioteconomia, entre outros cursos, tem na informação
seu objeto de estudo e trabalho. Já Direito, História, Administração, por exemplo, precisam delas
como subsídio para auxiliar no desenvolvimento de suas atividades. Portanto, de uma maneira ou
de outra, todos precisam da informação para algum fim. A relevância que as informações
possuem ou passam a ter no desempenho de cada uma dessas profissões depende da finalidade
que cada uma atribui à informação e de como faz uso dela. A Arquivística tem nas informações
seu objeto de estudo e trabalho e tem por objetivo dar acesso a elas. Para a Administração, as
informações são tidas como fator fundamental para o processo de tomada de decisão, sendo este
o foco deste trabalho. Por serem consideradas elemento essencial para as instituições, as
informações precisam ser acessadas de maneira rápida e que sejam seguras para que as atividades
das mesmas possam dar o resultado planejado. Nos dias atuais, com a acirrada competitividade,
cada vez mais é exigido informações que comprovem as atividades realizadas e subsidiem a
tomada de decisão de seus negócios, além de ter a necessidade de informações seguras, autênticas
e acessíveis a qualquer momento, pois quem tiver mais e melhores informações estará a frente
das outras e atingirá seus objetivos. Como nos dias atuais existem muitas informações circulando
e influenciando nas atitudes e atividades das pessoas e instituições, tomar decisões sobre os
negócios de uma instituição torna-se um processo delicado, pois é preciso que tudo seja bem
avaliado para que a decisão seja a mais adequada. Porém, por ter um número cada vez maior e
200
sem controle e organização, as informações, necessárias para os processos, podem tanto ajudar.

(8)7. como também atrapalhar o desenvolvimento das ações das instituições. Isso vai depender de
como são tratadas e disponibilizadas as informações que subsidiam a tomada de decisão. Diante
desse contexto, as instituições vêm percebendo a necessidade de um gerenciamento dessas
informações. A organização, o controle e a disponibilização das mesmas são eficientemente
alcançadas através do estudo, da aplicação e do desenvolvimento e acompanhamento de métodos,
técnicas e teorias científicas aplicadas por profissionais arquivistas, formados em Arquivologia.
Nota-se assim, cada vez mais, a necessidade de possuir, no quadro de pessoal das instituições,
esse profissional e percebe-se que a ciência Arquivística, com seus princípios, métodos e
técnicas, também vêm sendo reconhecida por proporcionar às instituições o acesso aos
documentos e consequentemente às informações, já que este é o principal objetivo da
Arquivística. Assim, é apresentado o tema deste trabalho concentrando-se na informação e na
tomada de decisão das instituições, o qual tem como problema de pesquisa o seguinte
questionamento: As informações organizadas e acessíveis influenciam o processo de tomada de
decisão nas instituições? Com a pesquisa pretende-se analisar a literatura da área sobre em que
aspectos a informação arquivística pode contribuir no processo de tomada de decisão e refletir
sobre como essas informações estando organizadas e acessíveis podem ser relevantes para que as
decisões das instituições sejam eficientes e eficazes. No trabalho é feita uma breve introdução do
tema, na qual se apresentam os objetivos e é justificada a relevância do mesmo. Num segundo
momento apresenta-se a revisão teórica na qual são abordados os conceitos de informação e a
informação arquivística, revisam-se as funções arquivísticas, apresenta-se conceitualmente o
processo de tomada de decisão e aborda-se a relevância das informações como auxílio no
processo de tomada de decisão. O trabalho apresenta ainda a metodologia através da qual foi
desenvolvida a pesquisa, a apresentação e a discussão dos resultados e as considerações finais..
1.1 Objetivos 1.1.1 Geral Analisar. o. papel. que. informações. arquivísticas. organizadas.
desempenham no processo de tomada de decisão das instituições.. 1.1.2 Específicos diferenciar
informação de informação arquivística;. e. acessíveis.

(9)8. relacionar a informação arquivística com o processo de tomada de decisão; identificar o


papel de informações organizadas e acessíveis no processo de tomada de decisão.. 1.2
Justificativa Constantemente ouvimos falar no termo informação. O mundo hoje está cercado por
informações dos mais diversos tipos, características e fins e em quantidades espantosas. A
internet é um exemplo de universo onde existem e circulam milhares de informações, das quais
necessitamos realizar um filtro para encontrarmos o que realmente interessa. Além da internet, as
instituições, talvez sejam umas das maiores produtoras, disseminadoras e as que mais necessitam
de informações. Porém, nem todas as informações que circulam são necessárias para elas. O
mundo dos negócios também precisa filtrar o que realmente é necessário para o desenvolvimento
de suas atividades. Para isso, é necessário diferenciar informações arquivísticas, fundamentais
para as instituições, de simples informações. Ainda, não basta que essas informações apenas
existam. É necessário que elas estejam organizadas e prontamente acessíveis, pois são subsídios
para a tomada de decisão dos negócios, além de constituírem os arquivos das instituições. Para
que essas informações possam auxiliar no processo de tomada de decisão, comprovar as
atividades e possam também preservar a memória das instituições é necessário que exista uma
gestão das informações e documentos. Logo, tendo informações organizadas e acessíveis as
instituições terão todos os subsídios necessários para que suas decisões sejam eficazes e
201
possibilitem à elas atingirem seus objetivos. Nisso, se destaca as funções arquivísticas, as quais
são fundamentais para atender esses requisitos necessários para o auxílio nos processos das
instituições. E é na perspectiva de entender e analisar essa relação entre a necessidade de
informações arquivísticas organizadas e acessíveis e a realização por parte das instituições do
difícil processo de tomar decisões sobre o futuro dos negócios que se justifica a escolha do tema
da pesquisa. O trabalho é relevante porque se trata de uma investigação que demonstrará que as
informações precisam de tratamento e isso só pode ser desenvolvido eficientemente com o
auxílio de políticas arquivísticas desenvolvidas pelo arquivista e se estas informações estiverem
sendo tratadas arquivísticamente muito auxiliará as instituições. Além disso, possibilitará a
inclusão de novos conhecimentos para a ciência e despertará novas indagações e possivelmente o
desenvolvimento de novos trabalhos sobre o assunto, do qual é um tema amplo e interessante..

(10)9. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A informação e a informação arquivística A


informação é vista sob diferentes aspectos e conceitos dependendo do contexto em que é
utilizada. Seu conceito original vem da antiguidade, deriva do latim informare, que quer dizer pôr
ao corrente, dar forma a, ou seja, fazer circular, disseminar. “Informação é uma reunião de dados
registrados de forma compreensível em papel ou qualquer outro meio e capaz de comunicar”
(HARROD’S LIBRARIAN’S GLOSSARY, apud PERES, 2005, p.46). Manuel Vazquez (1991,
p. 09) cita três definições para informação: “...en sentido lato o general es un conjunto de datos o
noticias referidas a um assunto o tema. Los datos aislados o inorgánicamente amontoados no son
información.” “...en sentido más estricto es un conjunto de datos o noticias referidas a un assunto,
para el receptor que no los conoce. Se si recibe un mensaje que ya era conocida, no se da
información.” “…en informática es el conjunto de datos que guarda la computadora a través de
su memoria.”. As pessoas usam o termo informação de diversas maneiras dependendo do
contexto em que se encontram. Às vezes quer expor um fato, um acontecimento ou qualquer dado
do conhecimento. O termo está associado também ao conceito de troca; algo que deve acrescentar
alguma coisa ao receptor; é utilizada em momentos de tomada de decisões como um importante
recurso e é registrada em diferentes suportes das mais variadas formas (PERES, 2005). Dessa
forma, a informação é produzida, transformada e transmitida a todo momento e de diferentes
formas. Ela nem sempre pode significar somente a verdade sobre os fatos. Além disso, pode ser
expressa através da escrita, dos gestos e atitudes, do som, enfim, a informação se manifesta de
diferentes maneiras e encontra-se em diferentes suportes. Ainda, a informação pode ser anterior
ou posterior ao fato, podendo ser subsídio ou resultado. Por exemplo, podemos precisar de
informações que nos auxiliem na realização de alguma atividade antes mesmo de realizá-la,
sendo subsídio para isso. Mas também pode ser resultado, quando a utilizamos para informar o
que aconteceu depois de realizar a atividade. A informação precisa ser compreendida como uma
seqüência de sinais que correspondem a regras de combinações precisas. Estes sinais são
transmitidos por um canal entre emissores e receptores. Portanto, para que haja informação é
necessário que exista um emissor e um receptor e um canal que faça a ligação entre os dois. Nem
sempre emissor e receptor são necessariamente pessoas, às vezes a relação pode ser de uma
pessoa com uma máquina (LOPES, 1996)..

(11)10. Assim, o termo informação vêm associado à vários outros conceitos como: dados,
comunicação, conhecimento. Mas, o que importa é que a informação possa ser transmitida para
que cumpra com sua função, que resumidamente, é informar. A informação tem finalidade de
mudar o modo como o destinatário vê algo, o faz dar significado aos dados recebidos
202
(DAVENPORT e PRUSAK, apud MÁRIO, 2005). Por isso, é que em muitos casos, informação é
confundida com dados e também com conhecimento. Dados representam um conjunto de fatos
não associados e como tal, não têm utilidade até que tenham sido apropriadamente avaliados.
Pela avaliação, uma vez que haja alguma relação significativa entre os dados e estes possam
mostrar alguma relevância, são então convertidos em informação. Para eles, dado, informação e
conhecimento são conceitos que estão interligados, ou seja, um deriva do outro. Os dados são
elementos brutos, sem significado, desvinculados da realidade (ANGELONI, 2003). Assim, um
dado (um número, por exemplo) se transforma em informação quando inserido num contexto,
quando adquire um significado (esse número associado a outro número, a soma desses números,
etc.) e, informação se torna conhecimento quando nos permite interpretar e incorporar novas
experiências. “Assim sendo, adquirimos conhecimento por meio do uso da informação nas nossas
ações. O conceito de conhecimento possui um sentido mais complexo que o de informação”
(ANGELONI, 2003). Concorda-se com a autora quando diz que os dados, por não possuírem
significado, não são úteis a tomada de decisão. Para ela, “o grande desafio dos tomadores de
decisão é o de transformar dados em informação e informação em conhecimento, minimizando as
interferências individuais nesse processo de transformação”. As organizações, além de
produzirem e utilizarem os dados, as informações e conhecimento produzidos por elas mesmas
utilizam também, dados, informações e conhecimento produzidos externamente, os quais
possibilitam um melhor desempenho no mercado em que atuam por possibilitarem comparações
com seus concorrentes. Valentim (2002) nos diz que esses elementos podem ser classificados em:
estratégicos: aqueles que subsidiam a tomada de decisão e possibilitam definir as diretrizes, as
políticas, os programas, as linhas de atuação, as prioridades, os indicadores de desempenho, os
planos e planejamentos, ou seja, os cenários futuros, a missão e as metas, a atuação na sociedade
e a imagem institucional; mercado: possibilitam perceber as oportunidades de negócios;
financeiros: viabilizam o desenvolvimento de estudos de custos, lucros, riscos e controles;.

(12)11. comerciais: subsidiam na exportação e/ou importação de materiais, produtos e serviços,


bem como na área jurídica em relação à legislação do país no qual se estabelece a transação
comercial; estatísticos: subsidiam diversas áreas, identificando em percentuais e/ou números
questões ligadas ao negócio da organização; de gestão: atendem as necessidades dos gerentes e
executivos da organização no planejamento e gerenciamento de projetos, no gerenciamento de
pessoas e situações diversas; tecnológicos: subsidiam no desenvolvimento de produtos, materiais
e processos tecnológicos, bem como monitoram a concorrência quanto as inovações de produtos,
materiais e processos; gerais: disseminados a todas as áreas da organização, possibilitando aos
profissionais. uma. atualização. constante,. como. por. exemplo:. notícias,. fatos. e.
acontecimentos etc.; cinzentas: de qualquer natureza, para qualquer área e com qualquer
finalidade de uso, que não são detectados em buscas formais de informação, como por exemplo:
colégio invisível, memória de pessoas, documentos confidenciais de difícil acesso, Internet, etc.
Nota-se assim, que em vários aspectos é perceptível a utilização de dados, informações e
conhecimentos pelas instituições, que podem estar em diferentes suportes e sob diferentes
denominações. Informação (humana e social) é o conjunto estruturado de representações
codificadas, socialmente contextualizadas e passíveis de serem registradas em qualquer suporte
material (papel, filme, disco magnético, óptico, etc.) e/ou comunicadas em tempos e espaços
diferentes (MALHEIRO apud BRITO, 2005). Hoje, a informação assume uma importância
fundamental no contexto das práticas sociais, pois, é pela troca de informações que os sujeitos
sociais se comunicam e tomam conhecimento de seus direitos e deveres e, a partir deste
203
momento, tomam decisões sobre suas vidas, seja de forma individual, seja de forma coletiva
(PERES, 2005). Além disso, as informações sempre foram e serão evidenciadas através dos
registros, que são resultado de atividades realizadas materializados em algum suporte e que
servem para algum fim. Estes, por sua vez, possuem relação com as informações arquivísticas.
Por isso, convém lembrar que há uma distinção entre meras informações e informações
arquivísticas, sendo as últimas, objeto de estudo da Arquivística. As informações por si só são
apenas dados com significados que podem ou não vir a tornaremse conhecimento, enquanto
informações arquivísticas são informações que possuem relações orgânicas e que permitem o
conhecimento do contexto em que elas se encontram. A principal característica da informação
arquivística refere-se ao fato de que deve ser registrada em algum tipo de suporte, e ser resultado
do cumprimento da missão da.

(13)12. organização. Esse tipo de informação denominada de informação orgânica, é que se


diferencia dos outros tipos de informação existentes nas organizações. “As informações
arquivísticas são [...] extensões do pensamento e da ação humana e social, contendo, além disso,
uma margem variável de imprecisão e de representação subjetiva” (SOUZA, 2002, p.12). A
informação arquivística é um artefato humano com pressupostos e características específicas,
criadas e acumuladas por um sujeito, seja pessoa física ou jurídica. Assim, de acordo com o
conceito apresentado por Souza, fica evidente que a característica principal das informações
arquivísticas é a organicidade, ou seja, que as informações são produzidas e acumuladas e que
possuem relações umas com as outras. Com base nisso, Lopes (1996, p. 35) apresenta as
propriedades da informação arquivística, sendo que “a primeira propriedade da informação
arquivística é a sua organicidade [...], a segunda, é a sua originalidade; a terceira, é que podem ser
avaliadas de acordo com as suas idades e usos”. O mesmo ainda diz que “...a primeira
peculiaridade da informação arquivística é a natureza limitada de seus suportes; a segunda,
refere-se à noção de acumulação de informações (produzidas ou recebidas) por um sujeito
(pessoa ou organização) com atividades e características cognoscíveis; a terceira, refere-se às
atividades geradoras que podem ser administrativas, técnicas ou científicas” (LOPES, 1996, p.
35). Informações arquivísticas como o conjunto de documentos presentes nos arquivos, que
concede ao pesquisador elementos que possibilitem a execução das tarefas rotineiras (VEIGA,
2006). Neste sentido, a informação arquivística é um elemento que potencializa as atividades da
instituição, auxiliando na produção intelectual da administração. A informação orgânica, mais
conhecida como informação arquivística, é utilizada pelas organizações, tanto pelo seu valor
primário, que auxilia nas decisões, nas ações e no controle das decisões e as ações empreendidas,
quanto pelo seu valor secundário, a fim de efetuar pesquisas retrospectivas que põem em
evidência decisões e ações passadas (ROUSSEAU e COUTURE, 1998). Nota-se assim, que as
informações arquivísticas são complexas e exigem um tratamento adequado, diferentemente das
milhares de informações que encontramos a todo momento e que, muitas delas, nem são
consideradas úteis para o que precisamos. Nesse contexto, convém lembrar das funções
arquivísticas que se norteiam nos princípios, métodos e técnicas da ciência Arquivística, a qual
tem nos documentos e informações seu objeto de estudo e trabalho. Dessa maneira, são
reforçados os princípios e teorias arquivísticas, os quais são evidenciados nas características das
informações arquivísticas apresentadas por Lopes..

(14)13. 2.2 As funções arquivísticas. As instituições, nos seus diferentes setores, ao desenvolver
suas atividades geram documentos, que acumulam informações relevantes à preservação de sua
204
memória e suas ações cotidianas (informações arquivísticas). Sendo assim, as informações
arquivísticas merecem um tratamento adequado, pois são elas que formam os arquivos das
instituições. Os arquivos são definidos como “conjunto de documentos produzidos e acumulados
por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desempenho de suas
atividades, independentemente da natureza do suporte” (DBTA, 2005, p.27). Mário (2005)
refere-se ao arquivo como um centro de informações orgânicas, ou seja, informações que
possuem relação uma com a outra e são resultantes da mesma função ou atividade, que busca
atender à administração, assessorar nas tomadas de decisão e possibilitar a continuidade dos
trabalhos da instituição. Portanto, uma das funções do arquivo é facilitar o acesso às informações
contidas nos documentos, além de comprovar ações da empresa por meio dos mesmos. Para que
o arquivo cumpra com sua função é necessário o auxílio de profissionais que estudam sobre eles.
Assim, ressalta-se o papel da Arquivística, a qual é uma disciplina ou uma ciência que estuda a
gestão da informação orgânica (arquivos) e que forma esses profissionais chamados de
arquivistas. O arquivo pode ser considerado como um sistema de informação bidimensional, pois
engloba a estrutura orgânica e a função uso ou serviço e, semi-fechado, onde se projeta a entidade
produtora/receptora de informação e se condensa, obviamente, o tratamento eficaz da mesma
informação (MÁRIO, 2005). Esse tratamento dado às informações é baseado nos princípios,
técnicas e métodos da Arquivística, a qual é vista sob três enfoques diferentes ou correntes de
pensamento. Fonseca (2005) apresenta da seguinte maneira: a record management, corrente
exclusivamente administrativa (principal preocupação é o valor primário dos documentos); a
tradicional (ressalta unicamente o valor secundário dos documentos); e a integrada e englobante
(se preocupa simultaneamente com o valor primário e o valor secundário dos documentos). A
Arquivística Integrada é a corrente mais aceita nos dias atuais. Ela baseia-se na cientificidade e
na pesquisa, propõe o tratamento dos arquivos desde sua criação até sua destinação final e têm
nos princípios arquivísticos e na teoria das três idades o seu embasamento. O Princípio de
Respeito aos Fundos ou então chamado de Princípio da Proveniência traz que toda documentação
resultante das atividades de alguma pessoa ou instituição não deve ser misturada com a de outra
pessoa ou instituição e se constituirá num fundo. Fundo é “conjunto de documentos,
independentemente da espécie, suporte, criados e recebidos e.

(15)14. utilizados por uma pessoa física ou jurídica no exercício de suas atividades” (LOPES,
1996). Segundo Lopes (apud GARCIA, CASTANHO e SILVA, 2006) a noção de fundo está
relacionada ao conjunto de informações e, não de arquivos, os subfundos referem-se às
informações. geradas por. partes. de uma macroorganização,. com. características. semelhantes a
do fundo; as séries e subséries refletem o conhecimento da organização nas diferentes atividades,
funções e estruturas. O outro princípio que norteia a Arquivística Integrada é o Princípio de
Respeito à Ordem Original que diz que o arranjo dado pela entidade de origem deve ser mantido
(DBTA, 2005). Esses dois princípios apresentados são a base teórica que norteia o
desenvolvimento de uma política arquivística eficiente e científica. A teoria das três idades divide
os arquivos em três fases (ciclo vital dos documentos) de acordo com seu valor (primário ou
secundário) e sua freqüência de uso: arquivo corrente, intermediário e permanente. No arquivo
corrente estão os documentos de valor administrativo, jurídico e fiscal (valor primário) cujo uso é
freqüente. No arquivo intermediário encontram-se os documentos ainda de valor primário, mas
não mais de uso freqüente da administração. O arquivo permanente abriga a documentação de
valor secundário, ou seja, aquela de valor histórico e preservação de memória, servindo para
pesquisa (LOPES, 1996). De acordo com os princípios e a teoria apresentada a Arquivística
205
Integrada ainda propõe que se desenvolva uma gestão de arquivos (gestão de documentos) que
contemple todas as funções arquivísticas em torno do ciclo vital dos documentos. A gestão de
arquivos é definida, portanto, como “conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à
produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente, e
intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” (DBTA, 2005,
p. 100). A gestão de documentos envolve desde a criação até a destinação final dos documentos
contemplando a criação, a aquisição, a classificação, a avaliação, a descrição, a conservação e a
comunicação (ROUSSEAU e COUTURE, 1998). Rousseau e Couture (1998) defendem a
arquivística integrada, como sendo a única a assegurar uma política integrada de organização de
arquivos, permitindo um rápido acesso às informações, indispensáveis ao funcionamento
administrativo das organizações. Tratase, portanto, de considerar as informações arquivísticas de
forma global, através da integração dos procedimentos de classificação, avaliação e descrição,
onde a classificação é vista como base para os demais procedimentos. A classificação,
“ordenação intelectual e física de acervos baseados numa proposta de hierarquização das
informações referentes aos mesmos” (LOPES, 1996, p.89), é a base para a realização das demais
funções, devendo, portanto, ter início nos arquivos correntes. A classificação se torna possível
após o estudo da instituição, suas funções e atividades e a.

(16)15. partir do levantamento dos tipos documentais que resultaram dessas funções. O plano de
classificação, instrumento resultante desse processo, auxilia na gestão dos documentos e propicia
o acesso e o conhecimento dos documentos que a instituição produz. (LOPES, 1996). Outra
função arquivística relevante é a avaliação, que permite estabelecer os prazos de guarda dos
documentos em cada idade de acordo com os valores (primário e secundário) e usos que eles
possuem. Lopes (1996), de acordo com a Arquivística Integrada, diz que a avaliação pode ser
realizada junto com a classificação, pois a partir dos dados coletados na classificação já se está
atribuindo valor aos documentos. Na avaliação são produzidos instrumentos que também
auxiliam na gestão dos documentos. Entre eles, a tabela de temporalidade é essencial, pois
contém os tipos documentais, o prazo de guarda em cada fase do ciclo de vida e o destino dos
documentos após o cumprimento de sua função nas duas primeiras fases (corrente e
intermediário). Assim, a tabela de temporalidade, ligada aos valores dos documentos, torna-se um
instrumento classificatório, avaliativo e descritivo (LOPES, 2000). Com a avaliação é possível
reduzir as massas documentais, liberar espaço físico nos arquivos e principalmente recuperar as
informações com mais agilidade. A descrição, que já inicia na classificação com a produção do
plano de classificação, é o detalhamento dos documentos através de instrumentos de pesquisa que
permitirão o fácil e rápido acesso às informações contidas nos documentos. Continua na
avaliação com a elaboração da tabela de temporalidade, e se aprofunda com a elaboração de
instrumentos de pesquisa como o guia, inventário, catálogo, etc. (LOPES, 1996). Assim,
concorda-se com o autor quando diz que a classificação, a avaliação e a descrição são funções
complementares e inseparáveis. A descrição permite a contextualização e compreensão do
conteúdo de um arquivo possibilitando também a localização das informações e documentos
(LOPEZ, 2002). Essa localização é permitida através dos instrumentos de descrição, ao quais são
instrumentos auxiliares na identificação, localização e consulta de documentos e suas
informações. (DBTA, 2005). A partir desses instrumentos pode-se também realizar a difusão de
um arquivo, isto é, “a divulgação do ato de tornar público, de dar a conhecer o acervo duma
instituição assim como os serviços que esta coloca a disposição dos seus usuários” (PEREZ,
2004). Assim, os instrumentos produzidos na descrição possibilitarão ao público o conhecimento
206
do arquivo. A função conservação é necessária para que a documentação não se desgaste com o
tempo, permitindo seu acesso e uso por um longo período. Esta função é realizada a partir de
medidas que detenham o desgaste ou mantenham a estabilidade do documento. Através.

(17)16. de uma boa conservação os documentos podem ser preservados para memória da
instituição e acessíveis à pesquisa. O arquivo situa-se num contexto administrativo e
organizacional em que a informação deve ser considerada, organizada e tratada igualmente dos
demais recursos da instituição, pois ela é um dos elementos essenciais para que a instituição
possa atingir seus objetivos (CORNELSEN e NELLI, 2006). A gestão documental permite o
controle dos documentos e informações, garantindo eficácia e eficiência, economia e
racionalização dos processos da organização. É por meio da gestão de documentos que os
procedimentos arquivísticos de classificar, avaliar, descrever e conservar são aplicados. Além
disso, é por meio da gestão de documentos que as organizações podem definir seus propósitos,
metas e estratégias, possibilitando a tomada de decisões e permitindo ainda, a avaliação dos
resultados dos processos realizados (BORKOVSKI, 2005). A agilidade e o auxílio no processo
decisório, tão importante para as instituições nos dias atuais, tornam-se possíveis através de um
sistema de informações, que tem como objetivo a coleta, a análise, a guarda e a recuperação das
informações e só será implantado com sucesso se todos da empresa participarem na geração das
informações e na elaboração dos documentos (OLIVEIRA, 1994). Os arquivos servem de base
para as decisões gerenciais, enquanto informação e instrumento decisivo no desenvolvimento
social, econômico, científico e tecnológico (GARCIA, 2000). Sendo assim, é indispensável uma
eficiente gestão de documentos, a qual possibilite que as informações circulem constante e
eficientemente por todos os setores da empresa, para que o arquivo cumpra o papel de assessorar
a tomada de decisão nas instituições.. Kurtz (1997) ressalta que os arquivos além de constituírem-
se órgãos de. assessoramento e de pronta informação sobre os documentos produzidos são gestão
antes que cultura e história, e se constituem, desta forma, a estrutura essencial ao processo de
tomada de decisão. 2.3 O processo de tomada de decisão. Tomar decisões é o processo pelo qual
são escolhidas algumas ou apenas uma entre muitas alternativas para as ações a serem realizadas
em razão de um problema. As decisões são escolhas tomadas com base em propósitos, são ações
orientadas para determinado objetivo e, o alcance deste objetivo determina a eficiência do
processo de tomada de decisão..

(18)17. Chiavenato (1994) afirma que a tomada de decisão é uma atividade complexa que
envolve escolha entre alternativas, levando-se em consideração uma série de critérios que
auxiliam no processo decisório, com a finalidade atingir metas. A decisão compreende três fases
principais: descobrir em que momento deve ser tomada; identificar os possíveis cursos de ação; e
poder decidir entre uma delas. Nesse processo, é preciso, no primeiro momento, analisar o
ambiente a procura de situações que exigem uma decisão, na qual a coleta de dados é
extremamente importante. Na seqüência, é realizada a estruturação, ou seja, buscar, criar,
desenvolver e analisar alternativas possíveis. A terceira e última fase se caracteriza pela escolha
da melhor decisão (SIMON apud LOUSADA e VALENTIM, 2008). O processo de tomada de
decisão também pode ter três outras características: envolvimento, reversibilidade, realimentação.
A decisão por envolvimento é classificada em baixo, médio e alto. A decisão de baixo
envolvimento ocorre quando uma única pessoa decide sozinho sobre o fato, sem consultar nada
nem ninguém. A de médio envolvimento é tomada pelo profissional levando em conta as
opiniões, restrições e questões levantadas durante a discussão com os demais envolvidos. E a
207
decisão de alto envolvimento ocorre quando todos os envolvidos participam de forma ativa e
democrática. O ideal é quando a decisão é tomada por consenso. A reversibilidade é quando o
processo de decisão pode ou não ser revertido. E a realimentação é quando o processo de decisão
pode ser subdividido em etapas, ou seja, as decisões podem ir sendo tomadas etapa por etapa,
sendo os resultados reavaliados e incorporados ao próprio processo de tomada decisão atual e
futura (GOLDIM, 2007). As decisões também são tomadas nos três níveis organizacionais:
estratégico, tático, operacional. No nível estratégico, quem tem o poder de tomar as decisões é o
alto escalão da instituição e se referem aos objetivos e às políticas de uma maneira geral da
instituição. No nível tático, o qual é composto por gerências, divisões e departamentos, as
decisões são, normalmente, para cumprir as determinações definidas pelo nível estratégico. E as
decisões tomadas por setores e seções relacionadas às atividades rotineiras da instituição são de
nível operacional. O processo decisório pode ser caracterizado como um processo dinâmico, por
meio do qual o gerente determina atividades ou a transformação das mesmas dentro de uma
organização (BORGES, 1995). Esse processo se torna necessário a partir de alguma necessidade
que a instituição esteja enfrentando e que precisa resolver para atingir seus objetivos. A partir da
escolha da melhor alternativa é necessário que se acompanhe o processo implantado, avaliando
os resultados e comparando com os planejados. Essa metodologia adotada para a tomada de
decisão é reforçada por Guimarães e Évora (2004) que dizem que a decisão deve ser fruto de um
processo sistematizado, que.

(19)18. começa no estudo do problema a partir de um levantamento de dados, produção de


informação, elaboração de propostas de soluções, escolha da decisão, viabilização e
implementação da decisão e análise dos resultados obtidos. Alguns estudos sobre processo de
decisão das instituições dizem que os principais elementos que auxiliam nesse processo são as
condições de incerteza, risco ou certeza que se encontram no ambiente (SILVA, 2004). E isso
deve ser bem avaliado pelo responsável pela tomada de decisão. Existem variáveis que interferem
no processo de tomada de decisão e que devem ser devidamente analisadas, entre elas: os
objetivos da organização, os critérios de racionalidade e de eficacidade, as informações (a falta
ou excesso, situação de incerteza, complexidade e conteúdo), raciocínio, valores, crenças,
recursos (SILVA, 2004). Todas essas variáveis são subsídios para que o responsável pelo
processo possa tomar decisões acertadas. Por isso também que é importante que tudo seja bem
elaborado e seguro. Mas, nem sempre o processo de tomada de decisão é desenvolvido de
maneira estruturada e sistemática como os autores nos colocam. Na maioria das vezes as decisões
são tomadas de acordo com a intuição e experiência do responsável pelo processo, o que acaba
resultando, muitas vezes, em prejuízo para a instituição. Uma maneira de obter um resultado mais
favorável é estruturar a decisão de maneira clara, facilitando o reconhecimento do real problema
que se está enfrentando (FERREIRA apud LOUSADA e VALENTIM, 2008). Para isso, o autor
afirma que é necessário seguir quatro passos: estruturá-la; buscar informações não só
superficialmente, mas também exaustivas, bem como decisões que já foram tomadas e que
apresentam similaridades, e que possam colaborar de alguma forma; identificar as informações
que contrariam a provável decisão, pois será possível analisar os riscos que a provável decisão
trará para a organização; criar regras para racionalizar o processo, de maneira a torná-lo mais
organizado; e, sempre utilizar o feedback. O sucesso do tomador de decisão vai depender, muitas
vezes, da eficiência quanto ao uso de informação e da aplicação da informação apreendida, pois a
informação é, cada vez mais, dinâmica e complexa. Por isso é essencial que se realize uma
filtragem das informações que são relevantes para o processo decisório, a qual envolve múltiplas
208
questões de ordem política, econômica, tecnológica e, muitas vezes, pode confrontar interesses
pessoais com interesses da própria instituição. Nesse caso, e de acordo com vários autores, a
informação é um recurso primordial para a tomada de decisão e que, se estas informações
estiverem organizadas e acessíveis permitirá que o responsável pela tomada de decisão a faça de
maneira segura e correta. Para que a tomada de decisões seja eficaz é preciso cuidado com a
integridade, a precisão,.

(20)19. a fidedignidade, a confiabilidade, a qualidade e o valor geral da informação, entre outros


requisitos (MORENO, 2007). Hoje, informação é poder, devendo, cada vez mais, aparecer como
suporte desde o planejamento, a execução, o controle, que se consubstancia no processo de gestão
(MÁRIO, 2005). Essa visão de informação possibilita que as atividades sejam desenvolvidas de
maneira segura, facilitando sua projeção financeira e o alcance de seus objetivos. E é por isso
também, que as informações precisam estar inseridas num processo de gestão para que venha a
colaborar com os demais processos, seja no complexo processo de tomada de decisão, seja no
desenvolvimento de atividades rotineiras. 2.4 A relevância das informações como auxílio no
processo de tomada de decisão. As instituições se apóiam nas informações para desenvolver suas
atividades, sendo estas, consideradas um dos insumos básicos das instituições. As informações
estão presentes desde o conhecimento do mercado e definição dos produtos e serviços até a
produção dos mesmos. Elas são criadas em função de seu valor primário e algumas serão
mantidas em razão de seu valor secundário. O valor primário das informações é evidenciado
através do uso e valor para as decisões e ações da instituição. Logo, “no atual contexto, torna-se
evidente que a organização que dispõe mais rapidamente das melhores informações, pouco
importando a sua proveniência, o seu suporte ou tipo é a que alcança maior performance e maior
competitividade” (COUTURE E ROUSSEAU, 1998, p. 62). Hoje, com o avanço das tecnologias
houve uma explosão de informações, o que tem sido identificado como uma dificuldade em
momentos de decisão. A internet é um exemplo prático desse amontoado de informações que
circulam pela rede. Raposo (2006, p. 06) diz que “vivemos “plugados”, conectados, on-line,
“recebendo” informações full-time, buscando informações o tempo todo, mas quase sempre e em
primeiro lugar nesse mundo mágico chamado internet”. Para ele, a informação vai além de sua
importância na tomada de decisão, torna-se uma mercadoria, um bem. A informação, o
conhecimento e o planejamento são elementos que subsidiam a tomada de decisão, uma vez que,
quanto mais incertezas surgem no ambiente organizacional, maior será a dificuldade encontrada
pelos dirigentes, para programar e normatizar suas atividades, necessitando assim que um maior
número de informações sejam processadas, dando apoio as tarefas desempenhadas (CARVALHO
apud LOUSADA e VALENTIM, 2008)..

(21)20. Porém, as informações precisam ser gerenciadas adequadamente, de acordo com técnicas
e métodos capazes de tratar, preservar e de torná-las acessíveis. Como existem muitas
informações circulando é necessário pensar como Rousseau e Couture (1998, p. 62) quando nos
dizem que “a informação deve ser cada vez mais considerada como um todo gerido
sistematicamente, coordenado, harmonizado, objeto de uma política clara tal como de um
programa alargado de organização e de tratamento”. A massa documental quando é gerenciada,
tratada, armazenada e acessível de forma eficiente, torna-se um instrumento de melhoria de
desempenho, de aumento de competitividade, bem como de maior eficácia obtida através dos
resultados das tomadas de decisão (TORRIZELLA, 2008). Alguns autores trabalham com a
questão do uso da informação e sua relação com a tomada de decisão. Guimarães e Évora (apud
209
PERES, 2005) são uns dos autores que fundamentam os seus trabalhos em torno do uso da
informação pela gerência para a tomada de decisão. De acordo com os mesmos, a forma como a
informação é obtida, organizada, gravada, recuperada e posteriormente utilizada permite aos
usuários mais segurança no momento da tomada de decisão. Dizem ainda que o processo de
tomada de decisão “exige informações objetivas e quantificáveis, requerendo a utilização de
recursos informacionais que possam organizar, recuperar e disponibilizar as informações
coletadas durante o processo de trabalho” (GUIMARÃES e ÉVORA apud PERES, 2005, p.46).
O estudo da estrutura da organização permite conhecer o processo de comunicação formal e
informal, reconhecendo-o como meio pelo qual os indivíduos se relacionam dentro da
organização e como é empregado para apoiar as decisões, visando ao alcance dos objetivos
institucionais. Nestes ambientes, valores são agregados à informação, transformando-a em
matéria-prima para o desenvolvimento do produto da instituição. Seu objetivo principal é a busca
da tomada de decisão certa, no momento oportuno, com as pessoas apropriadas, a partir da
informação adequada, com o menor custo possível (GUIMARÃES e ÉVORA, 2004).. Assim, as
informações são produzidas e circulam pelas instituições tanto de maneira formal, onde é fácil
identificá-las e estão evidentes, como também de modo informal, ou seja, espontaneamente, não é
registrada em nenhum suporte, mas existe e faz parte dos processos da instituição. Para o
gerenciamento do comportamento informacional nos ambientes empresariais é preciso definir
alguns aspectos como: tornar claros os objetivos e estratégias da organização; identificar
competências informacionais; concentrar-se na administração de tipos. específicos. de.
conteúdos. da. informação;. atribuir. responsabilidades. pelo. comportamento informacional; criar
uma rede de trabalho responsável pelo comportamento informacional e apresentar a todos os
problemas do gerenciamento da informação (DAVENPORT, apud GUIMARÃES e ÉVORA,
2004)..

(22)21. Portanto, o processo decisório envolve muitas e diversificadas informações. A partir do


problema detectado já se pode identificar as oportunidades de solucionar o mesmo, através das
condições tanto internas quanto externas, envolvendo relatos, comunicações, notícias, as quais se
constituem em informações. Butti (apud MÁRIO, 2005, p.111) nos diz que “um dos maiores
problemas de gestão empresarial da atualidade consiste, paradoxalmente, na informação. Seu
excesso, escassez ou a imperícia em sua manipulação subtraem seu poder de agregar qualidade e
produtividade à organização”. Porém, se essa informação passar por um controle, manipulação e
preservação será considerada como uma vantagem competitiva, pois agregará algo a mais para as
instituições. A informação é uma grande arma para prevenir ameaças e detectar oportunidades. O
uso da informação é evidenciado também quando a instituição ou a pessoa tem algo a cumprir, a
provar, a determinar, etc., e irá recorrer às informações registradas em diferentes suportes para
isso. (PERES, 2005). A informação envolve decisões sobre recursos humanos, modelos
gerenciais, gestão do relacionamento entre as diversas áreas da organização, gestão dos
processos, arquitetura da informação, competência técnica para avaliação tecnológica, infra-
estrutura, o que implica previsão orçamentária, políticas de acesso, entre outros (RAPOSO,
2006). Borges (1995) salienta que se torna cada vez mais necessário um número maior de
informações, existentes em ambientes econômico, técnico, político e social. Para ela, as
informações relativas aos resultados possibilitarão a avaliação do processo, permitindo mudanças
e melhoria das ações ou alteração da própria decisão. Uma mesma informação pode vir a ser
utilizada em diferentes momentos para diferentes fins e por pessoas diversas no mesmo processo
decisório. Sinal de que as informações circulam constantemente pela instituição e que precisam
210
estar prontamente acessíveis. A organização necessita comprovar as suas atividades, ações,
tomadas de decisão etc., por isso a gestão documental é tão importante, visto que as informações
orgânicas têm papel fundamental e, nesse sentido, a prática arquivística se faz necessária em
ambientes organizacionais. No Brasil, o direito à informação é constitucional, mas alguns
administradores desconhecem a importância das informações, principalmente, os que atuam em
organizações públicas, contudo, a informação está se tornando, cada vez mais, imprescindível
(MORENO, 2007). A agilidade e confiabilidade das informações são fundamentais para o
sucesso do processo de tomada de decisão. Portanto, a informação deve estar disponível quando
necessária, deve ser confiável, apresentada de modo seguro e de forma que o decisor consiga
interpretá-la facilmente. Assim, muitos administradores começam a perceber a relevância da
organização das informações (e consequentemente dos arquivos) como principal responsável pela
agilidade.

(23)22. de resposta, quer seja na tomada de decisões, dissoluções de dúvidas internas, prestação
de contas, na comprovação de direitos bem como, na garantia e preservação da memória. Assim,
destaca-se o arquivista, que deve ser capaz de gerenciar as informações de modo a atender as
necessidades que esses administradores e os usuários possuem (MÁRIO, 2005). A importância da
informação estratégica, visto que subsidia a tomada de decisão da alta administração e possibilita
aos analistas estratégicos definirem para a organização, as diretrizes, as prioridades, os
indicadores de desempenho, os planos e planejamentos, ou seja, os cenários futuros, a missão e as
metas, a atuação na sociedade e a imagem institucional (VALENTIM, 2002). Com efeito, a
tomada de decisões estratégicas é produto de avaliações, embasadas em processos estruturados de
coleta, organização e difusão de informações, possibilitando, desta forma, apoio na tomada de
decisão (DEBERTOLI et al., apud MORENO, 2007). A informação, além de ser correta, deve ser
comunicada à pessoa certa, no momento certo, a fim de garantir um alto nível de eficácia no
processo decisório. Os documentos/ informações arquivísticas dão suporte às atividades
administrativas, legais, fiscais, contábeis, científicas, culturais, etc. de qualquer organização. A
informação para o administrador não é um fim em si mesma, mas sim a entrada para o processo
de tomada de decisão (MINTZBERG apud MORENO, 2007). As informações registradas,
arquivísticas ou não, quando organizadas, facilitam a recuperação e disseminação, produzindo
conhecimento, adicionadas as não registradas, vão desencadear em ações efetivas ou escolhas de
alternativas para o processo decisório que vai determinar o desempenho da organização
(MORENO, 2007). Para as instituições, a informação é a base para a tomada de decisão, e, para
que a solução sugerida aos problemas seja efetiva e acertada, as informações devem ser precisas,
relevantes, oportunas, permitindo uma abordagem completa da situação (GUIMARÃES E
ÉVORA, 2004). Autores afirmam ainda que quase todos os setores de uma instituição precisam e
são responsáveis pela circulação de informações relevantes para o processo decisório. No âmbito
empresarial é extremamente importante o registro de informações geradas internamente, uma vez
que auxilia no processo de tomada de decisões, bem como externamente na medida em que essas
informações serão coletadas, analisadas e tratadas a fim de propiciar a empresa obter vantagem
competitiva no mercado em que atua, ou seja, as informações arquivísticas são importantes
quando organizadas, tratadas e gerenciadas, pois facilitam a disseminação e a recuperação da
informação organizacional. Por isso que as informações, sejam arquivísticas ou não, são
fundamentais e muito utilizadas pelas instituições. As informações classificadas como não
arquivísticas são de uso momentâneo e possivelmente não servirão por muito tempo, tendo o
objetivo principal.
211
(24)23. somente informar. Já a informação arquivística é utilizada com o objetivo de decidir, de
agir e de controlar as decisões e as ações empreendidas e, ainda, a fim de efetuar pesquisas
retrospectivas que ponham em evidência decisões ou ações passadas. Reduzindo, assim, a
incerteza e tornando a tomada de decisões mais segura, a partir do aprofundamento do
conhecimento da cultura institucional e do processo decisório. (SOUZA, 2002) A informação
arquivística é indispensável, sendo utilizada e necessária como aporte ao processo de tomada de
decisão (MORENO, 2007). Sendo assim, é necessário que essas informações estejam inseridas
numa gestão, denominada por Raposo (2006), de Gestão da Informação, a qual pode ser: aplicada
à prática gerencial (individual). O gerente, assim, deveria estar consciente de que a informação é
uma fonte para desenvolver e utilizar como parte integral do seu trabalho, ou seja, seria uma
competência pessoal – mas desejável para qualquer gestor; aplicada em nível organizacional.
Nesse caso, as organizações devem ter estruturas para a Gestão da Informação. Hoje se fala muito
em “Arquitetura da Informação”, e é nesse contexto que a gestão da informação em nível
organizacional pode ser melhor compreendida. aplicada a ferramentas e habilidades utilizadas
para ajudar na própria gestão da informação (uma retroalimentação), podendo ser tanto analíticas
quanto práticas (ou ambas). (RAPOSO, 2006, p.09).. Como se pode ver na citação acima, a
informação está em todo lugar e pode ser aplicada de várias maneiras pela instituição. Sendo
assim, a informação que é fundamental para as instituições, deve ser de responsabilidade de todos
os gerentes da organização, devendo perpassar toda a organização. Desse modo, a gestão da
informação nas instituições deve fazer parte do planejamento e gestão estratégicos, caso
contrário, esse planejamento e gestão não terão sentido (RAPOSO, 2006). Sendo assim,
concorda-se com Torrizella (2008) quando diz que a gestão da informação e, mais
especificamente, a gestão documental é um instrumento estratégico para o processo de tomada de
decisão. Por isso, a gestão da informação deve ser planejada e implantada juntamente com as
demais gestões existentes nas instituições, pois assim, além de identificar os problemas e
necessidades desde o momento em que eles “nascem”, é possível que as gestões se desenvolvam
de maneira integrada e eficiente. A forma como a informação se encontra, também, faz muita
diferença, porquanto ela tem que ser selecionada, coletada, tratada, processada, armazenada e
gerenciada de forma eficiente, visando dar acessibilidade e usabilidade aos usuários da
organização, pois quanto mais fácil e rápida a recuperação da informação, mais ágil será a
tomada de decisão ou usá-la para a resolução de problemas organizacionais (TORIZELLA,
2007). Flippo (apud BORGES,1995) afirma que o primeiro e mais crucial passo inclui não
somente definir a informação necessária, mas também especificar quando e em que formato a
informação deverá ser disponibilizada. Os tomadores de decisão devem.

(25)24. participar do processo de definição de necessidades e avaliar o valor que a informação


terá como ferramenta para a tomada de decisão.. A falta de uma estrutura informacional
organizada impede, principalmente, que haja uma boa comunicação entre os diferentes setores,
dificultando o desenvolvimento de atividades e tarefas, bem como a tomada de decisão. Para
haver maior competitividade é necessária criatividade, reagir rapidamente às mudanças, bem
como saber utilizar a melhor maneira possível a informação e o conhecimento organizacional. As
organizações devem gerenciar a informação de forma integrada, a fim de usá-la no momento da
tomada de decisão e compartilhar a informação gerada internamente. Um tomador de decisão
pode buscar informações também de situações já ocorridas, a fim de analisar e tomar a melhor
decisão, a partir do que foi realizado antes. E, para isso, é necessário que as informações de fatos
212
passados estejam preservadas e acessíveis, tornando-se outro aspecto que evidencia a relevância
de ter uma gestão arquivística implementada. Alguns meios constituem-se em locais de
circulação de informação, que são: os arquivos que contém informações dos concorrentes,
estudos realizados sobre o mercado, artigos de jornais e revistas e internet com informações sobre
economia, política, atualidades, enfim, são utilizadas não só informações arquivísticas, mas toda
e qualquer informação que possa ser subsídio para que a instituição possa atingir seus objetivos.
O papel de sistemas de informação, os serviços, produtos e fontes informacionais são
considerados muito importantes, já que as informações são cada vez mais necessárias para o
processo de tomada de decisões nas instituições. Assim, os responsáveis pelas decisões devem ser
hábeis e inteligentes o suficiente para administrar a diversidade e volume de informações, sendo
imprescindível o rápido e fácil acesso e a capacidade de análise. “O sucesso de um gerente pode
ser medido pela qualidade e quantidade de suas decisões, que vão depender de sua eficiência na
utilização de informações. A chave para o sucesso é obter informações úteis e exatas disponíveis
no momento certo” (BORGES, 1995). A informação é um recurso indispensável para as
atividades empresariais, os tomadores de decisões trabalham, na maioria das vezes, sobre
pressão, necessitando agir com estratégias rápidas e confiáveis (TORRIZELLA, 2008). Para isso,
é necessário que essas informações estejam inseridas num sistema, seja de gestão de documentos,
seja num sistema de informações, como abordado anteriormente. Sistemas de informação “todo
conjunto de dados e informações que são organizados de forma integrada, com o objetivo de
atender à demanda e antecipar as necessidades dos usuários” (GUIMARÃES e ÉVORA, 2004).
Portanto, segundo elas, sistemas de informação, para apoio à decisão, são sistemas que coletam,
organizam, distribuem e disponibilizam a informação utilizada nesse processo..

(26)25. O profissional capacitado para aplicar as políticas arquivísticas, o arquivista, tem como
uma de suas funções, atuar junto à informação de forma a disponibilizá-la com rapidez,
segurança e eficiência. Os fazeres arquivísticos envolvem desde ações diretamente vinculadas a
manter uma cultura organizacional voltada à gestão documental, bem como pode contribuir de
forma positiva, auxiliando no desenvolvimento de atividades e tarefas organizacionais, propicia
uma condição mais favorável à obtenção de vantagem competitiva sobre a empresa concorrente e
na construção de conhecimento organizacional para a tomada de decisão (TORRIZELLA, 2007).
Cada vez mais a gestão da informação, desde a sua seleção, estruturação e recuperação, tornou-se
um instrumento estratégico para assistir as organizações, quer sejam públicas ou privadas, no
processo de tomada de decisão e na obtenção dos objetivos propostos (FACCHINI e VARGAS,
1992). A instituição que melhor compreender que a informação, uma vez gerenciada, organizada,
tratada e disseminada, deve ser considerada um recurso tão importante quanto os recursos
humanos, materiais ou financeiros melhorará sua produtividade, competitividade e desempenho
organizacional (CARVALHO apud LOUSADA e VALENTIM, 2008). Para Borges (1995) “a
competitividade de uma empresa é diretamente proporcional à sua capacidade de obter
informação, processá-la e disponibilizá-la de forma rápida e segura”. Nisso, resume-se o papel de
informações organizadas e acessíveis no auxílio para a tomada de decisão das instituições e
assim, consequentemente, possibilitem o sucesso dos negócios..

(27)26. 3 METODOLOGIA A pesquisa é “questionamento sistemático crítico e criativo, mais a


intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido
teórico e prático” (Demo, 1996, p.34). O desenvolvimento de um trabalho de pesquisa envolve
muitos métodos e diferentes abordagens. O que vai determinar as características da pesquisa são
213
os meios utilizados e os objetivos que norteiam o trabalho. O presente trabalho. é. caracterizado.
por. ter. uma. abordagem. qualitativa,. por. apresentar. dissertativamente o tema de pesquisa e
suas conclusões. Do ponto de vista de procedimentos técnicos é uma pesquisa bibliográfica, a
qual foi desenvolvida com base em livros, artigos, teses, dissertações disponíveis em sites da
internet e material impresso. A pesquisa bibliográfica é caracterizada por ser desenvolvida com
base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL,
2002). Com a pesquisa analisou-se o que vem sendo abordado por autores e pesquisadores sobre
o papel da informação na tomada de decisões das instituições. Portanto, para o desenvolvimento
do trabalho foi necessária muita leitura e análise dos textos. Fundamentase somente na busca por
material que possibilite a análise e construção da pesquisa. Assim, para dar início à pesquisa foi
necessário pesquisar sobre o assunto em vários materiais bibliográficos como artigos, teses,
monografias, livros, revistas e sites na internet. Foi realizada uma triagem dos materiais, a qual
teve enfoque em textos que tinham como tema as informações de maneira geral e as informações
arquivísticas e em materiais que abordavam assuntos ligados à Administração, detendo-se mais
no processo de tomada de decisão. A maioria dos materiais foi pesquisada na internet, em sites
confiáveis, isto é, em bases de dados como artigos, teses, dissertações, etc. Para que a pesquisa
fosse refinada e trouxesse somente os textos de interesse foram inseridos nessa ferramenta os
assuntos (tema) anteriormente citados. A pesquisa com base nos materiais impressos foi realizada
em livros e artigos de posse da própria pesquisadora. Na fase da triagem foram realizadas leituras
breves e superficiais dos materiais, os quais possibilitaram encontrar diversos textos que abordam
sobre o tema de pesquisa escolhido. A partir disso, foram selecionados os materiais que iam ao
encontro dos objetivos do trabalho para a realização de uma leitura mais detalhada. As
informações obtidas através da leitura e interpretação dos textos foram analisadas e estruturadas
em uma ficha resumo contendo o tipo de material pesquisado, o título, o (s) autor (es), e o que ele
(s) aborda (m) sobre o tema. Esse tipo de instrumento possibilitou o controle e conhecimento do
que foi pesquisado e quais materiais seriam analisados e utilizados para construção da pesquisa..

(28)27. Após essa etapa, utilizou-se a ficha resumo para selecionar, rever os materiais e
aprofundar os estudos numa análise mais rigorosa sobre o tema da pesquisa. A análise resultante
dos dados obtidos pela leitura de cada texto está descrita no capítulo 4, no qual também é
realizada a discussão dos resultados. A partir dos mesmos foi possível traçar as considerações a
que se chegou após a análise, cumprindo com os objetivos determinados pela pesquisa..

(29)28. 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As informações


desempenham importante papel no desempenho dos negócios das instituições. Elas são fator
chave para o desenvolvimento das metas e planos, comprovação das atividades, tomada de
decisões sobre o rumo das ações e preservação de sua memória. A partir dos estudos realizados
com os autores pode-se fazer a distinção entre informações meramente informativas e as que se
constituem em informações arquivísticas, as quais são imprescindíveis para as instituições e que
se tornarão o arquivo destas. As informações arquivísticas são “um artefato humano com
pressupostos e características específicas, criadas e acumuladas por um sujeito, seja pessoa física
ou jurídica” (SOUZA, 2002, p.12). Acrescenta-se à definição de Souza que essas informações são
resultado das atividades desenvolvidas por esse sujeito. Assim, a quantidade de informações que
são produzidas, tramitam e são armazenadas é cada vez maior, devido à complexidade das
funções das instituições. Ao considerar que existem e circulam constantemente inúmeras e
diferentes informações pelo mundo, torna-se emergente que essas informações sejam geridas
214
segundo princípios, métodos e técnicas adequados. Até porque, no mundo em que vivemos, onde
a concorrência é cada vez mais acirrada, as instituições que tiverem as informações mais precisas
e prontamente acessíveis quando precisarem é que serão destacadas das demais. Para que a
instituição possa atingir seus objetivos e se sobressair no mundo de negócios são necessárias
diversas ações, entre elas, a tomada de decisão. Esse processo é de extrema relevância, pois é a
partir dele que são vistos os resultados. O responsável pela tomada de decisão precisa de muitos
subsídios para que possa tomar a decisão mais adequada e da qual dependerá o desenvolvimento
de outras funções e o sucesso de sua instituição. Um dos subsídios para que o processo de tomada
de decisão seja mais eficaz e adequado é uma gestão eficiente dos documentos/informações de
sua instituição. Essa gestão só é possível com o auxílio de um arquivista, o qual implantará,
coordenará e acompanhará todas as políticas de gestão arquivística que possibilitará o acesso e
disponibilização das informações às instituições. “Nos modelos de decisão em que a situação é
resultado de um processo mais qualitativo, percebemos que as transformações apontam para um
redirecionamento dos objetivos da organização, antes voltados para o controle da produção de
bens e serviços, hoje baseados na informação, onde sistemas de informação contribuem com
dados processados que serão utilizados na tomada de decisão” (PERES, 2005, p. 47)..

(30)29. Enquanto elementos fundamentais de apoio às decisões gerenciais, as informações


precisam ser acessadas para que possam constituir fonte de conhecimento, porém isto só é
possível se fizerem parte de um conjunto sistemático, estruturado e organizado. Os profissionais
devem procurar iniciativas que visem atender às tendências atuais, buscando gerir as informações
organizacionais de forma integrada, viabilizando o acesso e a utilização dos arquivos (GARCIA,
2000). As informações precisam estar organizadas, acessíveis e prontamente disponíveis quando
solicitadas para que o objetivo pelo qual foi elas foram criadas possa ser atingido. Quando são
gerenciadas, tratadas, armazenadas e acessíveis de forma eficiente, as informações tornam-se um
instrumento de melhoria de desempenho, de aumento de competitividade, bem como de maior
eficácia obtida através dos resultados das tomadas de decisão (TORRIZELLA, 2008). Rousseau e
Couture (1998) alertam que as organizações nem sempre percebem de que a informação constitui
um recurso fundamental, estando no mesmo nível que os recursos humanos, materiais e
financeiros, devendo, portanto, ser tratada e devidamente valorizada. O processo de tomada de
decisão requer informações completas, claras, quantificáveis, dependendo, para isso, de um
sistema que possa organizar, acessar e disponibilizar essas informações (GUIMARÃES e
ÉVORA apud PERES, 2005). A tomada de decisões estratégicas depende também de avaliações
precisas, embasadas em processos estruturados de coleta, organização e difusão de informações,
possibilitando, desta forma, apoio na tomada de decisão (DEBERTOLI apud MORENO, 2007).
Ao compartilhar das afirmações dos autores, é possível verificar que a organização, o controle e o
fácil e rápido acesso às informações são relevantes para a eficiência do processo de tomada de
decisões e, que para que estas informações possam auxiliar, cada vez mais e melhor, no
desempenho das atividades e processos como um todo da instituição elas precisam de uma gestão
arquivística, coordenada por um profissional competente e habilitado para tal. Uma gestão
adequada das informações pode contribuir para o sucesso das instituições. Torrizella (2007)
afirma que se as informações forem devidamente tratadas de acordo com os métodos, princípios e
técnicas adequados, os problemas de ordem administrativa, financeira e qualidade que aparecem
numa má gestão tendem a ser menores ou amenizados e possibilitará a evolução e o crescimento
organizacional. No entanto, devido hoje existir muita informação circulando e influenciando as
atividades das pessoas, isso acaba sendo um problema para as instituições, pois a falta, excesso
215
ou desorganização com relação a elas pode prejudicar toda a instituição. Porém, se essa
informação passar por um controle, manipulação e preservação será considerada.

(31)30. como uma vantagem competitiva, agregando algo a mais para as instituições (BUTTI
apud MÁRIO, 2005). Torrizella (2007) é mais específico e aponta também algumas
consequências que a má gestão documental pode trazer: atrasa seu desenvolvimento e acarreta
prejuízos em todas as áreas, principalmente, nas áreas administrativa, financeira e da qualidade e,
ela complementa dizendo que a não gestão documental e informacional trazem problemas
prejudiciais e irreversíveis à empresa, como a degradação do desempenho da mesma. Nota-se,
assim, que são apresentados elementos importantes que surgem da questão de não existirem
políticas arquivísticas nas instituições. A falta que essas políticas fazem nas instituições é
visualizada diretamente no desenvolvimento das atividades e nos resultados. Provavelmente
muitas instituições sofrem com o atraso, a falta, ou até mesmo as informações incorretas ou
insuficientes por não existirem as políticas arquivísticas instituídas, acarretando, assim, o mau
desempenho das mesmas..

(32)31. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o objetivo da pesquisa que é, analisar o


papel que informações arquivísticas organizadas e acessíveis desempenham no processo de
tomada de decisão das instituições e com a análise e a discussão dos resultados é possível
apresentar algumas considerações a respeito do tema desenvolvido nessa pesquisa. Pode-se dizer
que existem diferentes tipos de informações e que estas podem ser classificadas em informações
arquivísticas e meramente informações. As últimas são identificadas como qualquer informação
não estruturada que cumpre o objetivo somente de informar e na maioria das vezes tem um ciclo
muito curto de utilidade. Exemplos desse tipo de informação são as que se referem aos
concorrentes da instituição, dados sobre economia, política, enfim, dados atuais do momento que
depois de algum tempo já não serão mais úteis. Já informações arquivísticas são aquelas em que
são criadas e acumuladas por algum sujeito, seja físico ou jurídico, para cumprir o objetivo de
auxiliar no desenvolvimento das atividades e preservar a história do mesmo. Trata-se de
informações estruturadas e orgânicas que são de relevância para qualquer organização. As demais
informações (não arquivísticas) também auxiliam as instituições, porém como já foi dito, sua
utilidade tem um prazo curto e dificilmente essas informações serão preservadas, tendo
cumprindo o objetivo de somente informar. Por isso, é que nessa pesquisa salientou-se a
relevância somente das informações arquivísticas, pois são essas que são geradas e preservadas
pelas instituições, tanto com seu valor primário, no cumprimento de fins administrativos, fiscais e
judiciais, como no seu valor secundário, preservando a memória da mesma e servindo de
pesquisa das ações passadas. O processo de tomada de decisão é um dos processos que tem
impacto direto no desempenho e sucesso ou não de uma instituição. Para que esse processo seja
eficaz e eficiente são necessários vários elementos que irão subsidiá-lo na definição da melhor
solução. Um desses elementos é a informação. A tomada de decisão precisa de muitas
informações e exige que estas sejam corretas e úteis para que o futuro dos negócios esteja seguro
e atinja os objetivos estabelecidos pela instituição. Assim, torna-se clara a relação entre esse
processo e as informações arquivísticas, as quais dão subsídios para que a tomada de decisão seja
realizada da melhor maneira e que encontre soluções adequadas, possibilitando o sucesso das
instituições. A gestão arquivística irá auxiliar no processo de tomada de decisão desde a
comprovação do desenvolvimento de suas atividades, no levantamento, análise e controle do que
está sendo produzido e até mesmo na busca por informações já preservadas que.
216
(33)32. servirão de parâmetro para o que está acontecendo e precisa ser resolvido no momento
atual. Como a competitividade e a pressão para ser sempre a melhor são cada vez maiores e as
inovações são constantes, as instituições precisam ser rápidas nas ações e ter o maior número e
qualidade de suas informações.. Nesse contexto, o processo de tomada de. decisão, que é uma das
funções que a instituição deve desempenhar com cuidado para que possa ter certeza da decisão
mais acertada a ser tomada, é um dos que exige informações cada vez mais precisas, completas e
de rápido e fácil acesso. Nesse contexto, destacam-se os valores e usos da informação
arquivística, as três fases do ciclo vital dos documentos e evidenciam-se, também, as funções
arquivísticas, inseridas numa gestão arquivística de informações, como funções relevantes na
melhoria do desenvolvimento e desempenho das atividades. Portanto, com base no que foi
pesquisado, nas colocações dos autores e na análise de todos os dados, é possível afirmar que se
as informações forem tratadas, organizadas e devidamente preservadas, elas serão de extrema
relevância em todo o processo de tomada de decisão. Isso é confirmado através das afirmações
dos autores quando dizem que se não houver uma gestão das informações, as instituições
dificilmente terão meios de desenvolver uma administração eficiente que possa atingir os
objetivos planejados por elas. As informações não só auxiliam o processo de tomada de decisão,
mas são utilizadas também para os vários processos e gestões existentes numa instituição. Assim,
nota-se a relevância das informações para toda a instituição e da necessidade de serem
organizadas, para que se saiba onde e como é possível sua localização, e ainda de estarem
acessíveis para que possa recuperá-las sempre que necessário e rapidamente. A pesquisa
possibilitou que se destacasse também o papel relevante do Arquivista na implantação e
gerenciamento da Gestão Arquivística das informações. Tendo uma gestão de informações sob o
controle de um profissional habilitado e sendo desenvolvida com a colaboração de todos da
instituição, as informações não só servirão ao processo de tomada de decisão, mas em todos os
processos e gestões da instituição. Conclui-se a pesquisa afirmando que o campo para aplicação
de mais pesquisas sobre o tema é amplo e merece ser melhor e mais discutido, tanto por
profissionais arquivistas como por todos os demais que tem na informação seu objeto de estudo
e/ou trabalho e complementa-se afirmando que o tema proporcionou ampliar o conhecimento em
temas que são relevantes e que possuem uma estreita ligação de interdisciplinaridade..

(34)33. REFERÊNCIAS. ANGELONI, Maria Terezinha. Elementos intervenientes na tomada de


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Samantha. A Relação do Arquivo com a implementação da Gestão da Qualidade: um estudo de
caso na Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo – RS. (Trabalho de Conclusão de Curso): Curso de
Arquivologia, UFSM, 2007. SILVA, Antônio Fonseca da. O Administrador e o Desafio da
Tomada de Decisão. Disponível em
<http://www.informal.com.br/pls/portal/docs/PAGE/GESTAODOCONHECIMENTOINFORM
A
LINFORMATICA/ARTIGOSGESTAODOCONHECIMENTO/ARTIGOSGC/ARTIGO_030204
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Orgânica Arquivística. Disponível em
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Arquivística. São Paulo: Associação de Arquivistas de São Paulo, 2002. TORRIZELLA, Ana
Paula Ferreira. Gestão Documental e o Fazer Arquivístico em Ambientes Empresariais.
218
Disponível em <http://www.enearq2008.ufba.br/wpcontent/uploads/2008/09/01-
ana_paula_ferreira_torrizella.pdf>. Acesso em 15 de dezembro de 2008. VALENTIM, Marta
Lígia Pomim. Inteligência Competitiva em Organizações: dado, informação e conhecimento.
DataGramaZero-Revista de Ciência da Informação - v.3 n.4.

(36)35. ago/02 Disponível em http://www.dgz.org.br/ago02/art_02htm#Autor. Acesso em 22 de


novembro de 2008. VAZQUEZ, Manuel. Nociones básicas de administración de documentos,
información y archivos. Córdoba, [s.n.], 1991. VEIGA, Alexandre, OLIVEIRA, Lizete Dias de.
Os Arquivos como esfera pública informacional na construção da cidadania. Trabalho
apresentado no II Congresso Nacional de Arquivologia. Porto Alegre, 2006..

219
Texto
(1)
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS POLICIAIS E SEGURANÇA INTERNA

Bartolomeu Miguel Neto

Aspirante a Oficial de Polícia

Dissertação de Mestrado em Ciências Policiais XXII Curso de Formação de Oficiais de


Polícia

Informações Policiais

Importância na Tomada de Decisão na Polícia Nacional de Angola (O Caso do Comando


Provincial do Kuanza-Norte)

Orientador:

Intendente Manuel Augusto Magina da Silva


(2)
Estabelecimento de Ensino Instituto Superior de Ciências Policiais e

Segurança Interna

Autor Bartolomeu Miguel Neto Título da Obra Informações Policiais

-Importância na Tomada de Decisão na Polícia

Nacional de Angola (O Caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte)

Orientador Manuel Augusto Magina da Silva

Curso Mestrado em Ciências Policiais Local de Edição Lisboa


(3)

220
I

Aos meus pais Miguel e Isabel, pela confiança e pelo apoio que sempre me deram, bem
como pelo orgulho que sentem por mim e pela minha profissão (Polícia). À minha
amada esposa Domingas que esteve durante estes longos cinco anos distante de mim.
Aos meus filhos Miguel, Marinela, Lídia, Edna e Ivanildo, pelo amor, carinho e sorriso que
sempre demonstraram. Por último, mas não menos importante, aos meus irmãos, tios e
amigos em geral.
(4)
II

A execução deste trabalho não teria sido possível sem o contributo de várias pessoas.
Não podia, pois, deixar de lhes prestar um justo e sincero tributo.

Em primeiro lugar, um agradecimento especial ao Orientador deste Trabalho de Projecto


de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, Senhor Intendente Magina da Silva, não só
pela constante disponibilidade e sábias palavras que me guiaram ao longo de todo o
caminho, mas, sobretudo, pela amizade e camaradagem que sempre demonstrou.

Agradeço igualmente ao Senhor Intendente Luís Fiães Fernandes pela ajuda dada,
quanto a bibliografia consultada, para a realização do presente trabalho.

À Doutora Paula do Espírito Santo, pela paciência, disponibilidade e sensibilidade


mostrada nas correcções deste trabalho.

Agradeço igualmente aos meus irmãos e tios, pela coragem, camaradagem e força que
sempre me deram, para que pudesse culminar com êxito o curso.

Aos Senhores Intendentes Alfredo Nhime e Assunção Pedro Bengui e ao Inspector-Chefe


Óscar Manuel Soáres, pela disponibilidade demonstrada nas entrevistas realizadas em
Angola, no âmbito do presente trabalho.

Quero também agradecer ao Subcomissário David Pereira pela disponibilidade


demonstrada em me ajudar.

Aos meus amigos em geral, pelo apoio e amizade que sempre me proporcionaram.
Agradeço também aos meus colegas do XXII CFOP, pela amizade e ajuda, dando provas
que poderei contar sempre com eles, em especial ao Carlos Martins, José Catanho e
João Cunha.

221
Ao ISCPSI e ao seu corpo docente, pela formação que me concederam durante estes
longos cinco anos.

A Deus, por tudo.


(5)
III

CFOP - Curso de Formação de Oficiais de Polícia CGPN - Comando Geral da Polícia


Nacional de Angola CPA - Corpo de Polícia de Angola

CPI - Ciclo de Produção de Informação

CPKN - Comando Provincial do Kuanza-Norte CITA - Centro de Informação e Turismo de


Angola CMDTE - Comandante

CMDO - Comando

CRA - Constituição da República de Angola C/S - Colaborador Secreto

DISA - Direcção de Informações e Segurança de Angola EEI - Elementos Essenciais de


Informação

EIA - Estudo, Informação e Análise

EOPN - Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola EPP - Escola Prática de Polícia

FAA - Forças Armadas Angolanas

FNLA- Frente Nacional de Libertação de Angola FNUAP - Fundo das Nações Unidas para
a População FSS - Forças e Serviços de Segurança

GF - Guarda Fronteira

GOIA - Gabinete de Organização, Informação e Análise IDH - Índice de Desenvolvimento


Humano

INTERPOL - Polícia Internacional

ISCPSI - Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna MININT - Ministério


do Interior

222
MINSE - Ministério da Segurança de Estado

MPLA- Movimento Popular de Libertação de Angola NEP - Normas de Execução


Permanente

NEPAD - Nova Parceria para o Desenvolvimento de África

ODMs - Declaração do Milénio e nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio OEI -


Outros Elementos de Informação
(6)
IV

O/O - Oficiais Operativos

OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo P/C - Posto Comando

PIDE - Polícia Internacional e de Defesa do Estado PMD - Programa de Modernização e


Desenvolvimento PN - Polícia Nacional de Angola

POI - Policiamento Orientado pelas Informações PPI - Processo de Produção de


Informação PSP - Polícia de Segurança Pública

PSPA - Polícia de Segurança Pública de Angola

SADC - Comunidade de Desenvolvimento da África Austral

SCCIA - Serviço de Centralização e Coordenação de Informações de Angola SEI - Sistema


Estratégico de Informações

SIE - Serviço de Inteligência Externa SINFO - Serviço de Informações do Estado SIM -


Serviço de Inteligência Militar

SIPNA - Sistema de Informação da Polícia Nacional de Angola SISE - Serviço de


Inteligência e Segurança do Estado

TDH - Taxa de Desenvolvimento Humano TOS - Trabalho Operativo Secreto

UNDAF - Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola UNITA- União Nacional
para a Independência Total de Angola UPIP - Unidade de Protecção de Individualidades
Protocolares

223
(7)
V

Anexo I - Entrevista ao Sr. Intendente Alfredo Nhime ... 68

Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui ... 77

Anexo III - Entrevista ao Sr. Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres ... 83

Anexo IV - Lei de Segurança Nacional ... 94

Anexo V - Organograma da Polícia Nacional de Angola ... 96

Anexo VI - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia


Nacional. ... 98

Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola ... 100

Anexo VIII - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade ... 102

Anexo IX - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise ... 108

Anexo X - Desagregação das Informações Policiais. ... 113

Anexo XI - Fases da Tomada de Decisão ... 115

Anexo XII - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


Informação ... 117

Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão ...
119

Anexo XIV - Frequência da Repetição da Decisão ... 121

Anexo XV - Estrutura da Informação no Processo de Decisão ... 123

Anexo XVI - Hierarquia das Decisões na Gestão ... 125

Anexo XVII - Principais Defeitos da Tomada de Decisão ... 127

224
Anexo XVIII - Ciclo de Produção de Informações ... 129

Anexo XIX - Processo de Produção de Informação ... 131

Anexo XX - Análise Criminal da Informação, Fins e Métodos de Análise ... 133

Anexo XXI - Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola. ... 134

Anexo XXII - Plano de Modernização e Desenvolvimento da Polícia Nacional Angolana. ...


135
(8)
VI

Figura. 1 - Organograma da Polícia Nacional de Angola ... 96

Figura. 2 - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional. ...


98

Figura. 3 - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola ... 100

Figura. 4 - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade ... 102

Figura. 5 - Subsistema Formal ... 104

Figura. 6 - Subsistema Informal ... 105

Figura. 7 - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise ... 108

Figura. 8 - Organograma para Órgãos Operativos ... 109

Figura. 9 - Organograma para Comandos Provinciais ... 110

Figura. 10 - Organograma para Órgãos de Asseguramento ... 111

Figura. 11- Desagregação das Informações Policiais. ... 113

Figura. 12 - Fases da Tomada de Decisão ... 115

Figura. 13 - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


informação ... 117
225
Figura. 14 - Características das Decisões na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão ...
119

Figura. 15 - Frequência da Repetição da Decisão ... 121

Figura. 16 - Estrutura da Informação no Processo de Decisão... 123

Figura. 17 - Hierarquia das Decisões na Gestão ... 125

Figura. 18 - Ciclo de Produção de Informações ... 129

Índice de Quadros
Quadro. 1 - Principais Defeitos da Tomada de Decisão ... 127
Quadro. 2 - Processo de Produção de Informação ... 131
(9)
VII Dedicatória ... I Agradecimentos ... II Lista de Siglas ... III Índice de Anexos ... V Índice
de Figuras ... VI Índice de Quadros ... VI Índice Geral ... VII Resumo ... IX

INTRODUÇÃO ... 1

Cap. 1 - Situação actual da República de Angola e da Polícia Nacional de Angola. ... 4

1.1. Contextualização ... 4

1.1.1. Actual caracterização da República de Angola ... 4

1.1.2. Síntese da Origem Histórica da Polícia Nacional de Angola. ... 6

1.1.3. Estado actual da Polícia Nacional de Angola ... 8

1.1.4. Natureza e Atribuições da Polícia Nacional de Angola ... 10

Cap. 2 - Enquadramento temático. Introdução às informações policiais e à Tomada de


Decisão. .. 12

2.1. Conceito Genérico e Tipos de Informações Policiais... 12

2.1.1. Conceito Genérico de Informações Policiais ... 13

226
2.1.2. Tipos de Informações Policiais ... 15

2.2. O Processo de Produção de Informações. ... 17

2.3. A Tomada de Decisão. ... 20

2.4. Análise Criminal de Informações e a Tomada de Decisão... 22

Cap. 3 - As informações na Polícia Nacional de Angola ... 27

3.1. Breve Historial das Informações em Angola ... 27

3.2. Informações e segurança e seu enquadramento legal ... 30

3.3. Gabinete de estudos informação e análise ... 33


(10)
VIII

3.4.1. Subsistemas de informação ... 37

3.4.2. Níveis de informação ... 38

Cap. 4 - A problemática das informações na Polícia Nacional de Angola – O caso do


Comando Provincial do Kuanza-Norte. ... 41

4.1. Caracterização geral da Província do Kuanza-Norte... 41

4.2. O Comando Provincial do Kuanza-Norte ... 42

4.3. Modelo de tomada de decisão ... 44

4.4. Importância da informação na tomada de decisão no Comando Provincial do


Kuanza-Norte… ... 45

4.5. O Policiamento de proximidade e a recolha de informação ... 47

4.6. Articulação de dados entre os serviços de inteligência e a investigação criminal. ... 50

4.7. Plataforma digital para a troca de informação entre os diversos órgãos da Polícia
Nacional de Angola. ... 51

227
4.8. Modernização das infra-estruturas e apetrechamento técnico material de meios de
informação ... 54

CONCLUSÃO ... 57

BIBLIOGRAFIA ... 60
(11)
IX

As informações policiais são definidas como um conjunto de dados adquiridos pelos


serviços e forças policiais, dentro de um contexto organizacional bem definido, com o
objectivo de obter conhecimentos de índole policial, tendo sempre em conta os
princípios estabelecidos por lei. Da informação depende a tomada de decisão, que
consiste na resolução de um determinado problema depois de estar devidamente
identificado. Para que a decisão seja tomada é necessária uma análise exaustiva da
informação, ou seja, a adopção de um processo lógico de investigação das estruturas
básicas de uma informação.

A Polícia Nacional de Angola (PN) tem a missão de cumprir e fazer cumprir a lei, garantir
o normal funcionamento das instituições democráticas e o livre exercício dos direitos,
liberdades e garantias dos cidadãos. Para o seu normal funcionamento e cumprimento
das missões legalmente cometidas, a polícia necessita das informações policiais. Apesar
de já desempenharem um papel importantíssimo, ainda se afigura necessária a criação
de uma base de dados de informações policiais digitalizada, a nível nacional, para haver
uma troca de informações em tempo real e oportuno, levando assim a uma actuação
policial mais eficaz e eficiente.

No Comando Provincial de Polícia do Kuanza-Norte (CPKN), verifica-se que o designado


Policiamento de Proximidade não é implementado devido à falta de meios materiais e a
não haver formação dos agentes nesse âmbito, resultando, assim, numa ineficácia e
ineficiência das informações policiais.
(12)
1

INTRODUÇÃO

A) Temática e Objectivos

228
No presente trabalho procuraremos frisar aspectos pertinentes ligados às informações
policiais e o seu papel na tomada de decisão por parte dos órgãos policiais incumbidos
dessa tarefa.

Nas polícias modernas, a informação desempenha um papel importantíssimo, pelo que


os meios para a sua obtenção devem ser, e são, cada vez mais sofisticados. No entanto,
estes, sejam quais forem, devem respeitar sempre os direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos.

Actualmente, as organizações policiais têm excesso de informação. O imenso repositório


de informações, resultante de conteúdos arquivados, relatórios de investigações,
depoimentos, ocorrências e inquéritos, obriga os analistas a realizarem uma tarefa de
selecção intensa. Os sistemas de informações policiais dispõem de sistemas
informatizados que permitem aceder a uma ampla variedade de base de dados que, por
sua vez, nos dão acesso a um imensurável volume de informações de âmbito policial.

Pretendemos com este trabalho dar a conhecer aspectos relacionados com as


informações policiais e sua importância na tomada de decisão na PN, bem como analisar
a problemática das informações no Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN.
Debruçaremo-nos sobre os aspectos relacionados com o actual quadro da República de
Angola e da Polícia Nacional, assim como sobre conceitos de informações e de tomada
de decisão. Abordaremos igualmente os tipos de informações policiais, a recolha, o
tratamento, a análise e a produção de informações, que servem para a tomada de
decisão nos órgãos da PN.

Com o presente trabalho, procuraremos analisar o sistema de produção de informação


policial na Polícia Nacional de Angola. Pelo que propomos como objectivos principais e
específicos os seguintes:

1) A criação de uma base de dados para a troca de informação entre os vários órgãos de
informação e investigação criminal ao nível da Polícia Nacional de Angola;

2) Compreender o actual quadro das informações policiais em Angola e

3) Reflectir sobre a carência de meios materiais e humanos para o normal


funcionamento e produtividade dos órgãos ligados às informações policiais em Angola.
(13)
2

B) Problemática de Investigação – Hipóteses


229
Tendo em conta o que referimos anteriormente, propomo-nos a confirmar ou infirmar
as seguintes hipóteses:

1) O actual estádio da República de Angola, tendo em conta o seu acelerado nível de


desenvolvimento, obriga a que a produção e utilização das informações policiais sejam
cada vez mais eficazes e eficientes e que, para tal, a PN necessita de uma base de dados
a nível nacional.

2) Uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas estejam
dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste modo a sua
preparação e formação profissional nesta área.

C) Estrutura do Trabalho

O nosso trabalho está organizado da seguinte forma:

1) O primeiro e segundo capítulos enquadram a realidade da Polícia Nacional de Angola


e a realidade da República de Angola, bem como as informações policiais e a tomada de
decisão, com base na análise da literatura e documentação existentes;

2) No terceiro capítulo, explicaremos aspectos relacionados com as informações na PN,


bem como se processa a tomada de decisão por parte dos órgãos da Polícia,
considerando a informação que é por eles recolhida, analisada e interpretada; 3) No
quarto capítulo, demonstraremos a necessidade da PN dispor de uma base de

dados como existe na Polícia de Segurança Pública (o SEI).

D) Contexto de Investigação

No âmbito do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, pretendemos realizar


este Trabalho de Projecto que versa sobre Ciências Policiais, e cujo título é “Informações
Policiais - Importância na Tomada de Decisão na Polícia Nacional de Angola (O Caso do
Comando Provincial do Kuanza-Norte) ”, por diversos motivos. O primeiro tem a ver com
a própria essência das informações no âmbito da actividade policial, e o segundo com a
importância das informações na PN. Cremos que o tema escolhido é um assunto actual
em qualquer organização, relacionado com as novas tecnologias, sendo de relevante
interesse para a polícia em geral e para a PN em particular. Assim, iremos aplicar todos
os nossos
(14)
3
230
esforços não só para cumprir os objectivos pré-estabelecidos, mas também para
contribuir, de uma forma humilde, para uma evolução que se adivinha próxima no
contexto policial angolano.

Tentaremos igualmente certificar as nossas afirmações em diplomas legais e nos


resultados obtidos nas entrevistas e outros dados bibliográficos consultados.

E) Metodologia Adoptada

Iremos repartir o nosso trabalho em duas partes: Uma teórica e outra prática.

Na parte teórica, realizaremos consultas da legislação existente e sua regulamentação,


bem como fontes bibliográficas e documentos oficiais subordinados à temática das
informações. A análise documental basear-se-á em fontes privadas ou oficiais.

Já na parte prática efectuaremos entrevistas a pessoas que estão, de forma directa ou


indirecta, ligadas às informações policiais e com os processos de tomada de decisão na
actividade policial (método qualitativo). Neste sentido, a recolha de dados será feita
através da realização de entrevistas centradas no tema específico das informações.

Assim sendo, no primeiro capítulo faremos um enquadramento teórico em que


focaremos aspectos ligados à actual situação da República de Angola e da PN, bem
como uma apresentação do conceito de informações e da tomada de decisão. No
segundo capítulo trataremos das informações na PN e sua regulamentação. No último
capítulo (terceiro), daremos a conhecer da problemática das informações policiais na
Polícia Nacional de Angola, com realce para “O Caso do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Polícia Nacional”.

À PN cabe a missão de cumprir e fazer cumprir a lei, garantir o normal funcionamento


das instituições democráticas e o livre exercício dos direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos1. Por isso, deve pautar a sua actuação pelo profissionalismo exigível às polícias
das sociedades democráticas e modernas.

1
(15)
4

231
Cap. 1 - Situação actual da República de Angola e da Polícia
Nacional de
Angola.

“A vantagem é sempre de quem tem a ofensiva se quem defende não conhece e se


quem ataca é móvel flexível e o defensor pesado e lento. As informações constituem a
única forma de defesa avançada”. (Jorge Silva Carvalho, “Modelos de Sistemas de
Informações: Cooperação entre Sistemas de Informações”, in Estudos de Direito e
Segurança, Coordenação de

Jorge Bacelar Gouveia e Rui Pereira, Coimbra, Almedina, 2007, p. 230).

Como já referimos, o presente trabalho divide-se em três capítulos. Neste primeiro


capítulo, faremos uma contextualização da actual situação da República de Angola, bem
como da Polícia Nacional de Angola. De igual forma, apresentaremos possíveis
definições de informações e tomada de decisão, e frisaremos aspectos relacionados com
a análise criminal, como ferramenta indispensável para a tomada de decisão por parte
dos gestores da actividade policial. Assim, propomos nesta primeira parte do trabalho
estabelecer uma clara definição dos conceitos que formam o panorama das informações
policiais, bem como com a tomada de decisão policial. O analista criminal deve actuar
com base na informação, inteligência, baseando a sua estratégia no conhecimento,
permitindo tomar decisões racionais, em oposição às puramente emocionais.

1.1. Contextualização

1.1.1. Actual caracterização da República de Angola

Angola é uma República soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa


humana e na vontade do povo angolano, tendo como objectivo fundamental a
construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e
progresso social, constituindo um Estado Democrático de Direito que tem como
fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, a separação de
poderes e interdependência de funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e
de organização política e a democracia representativa e participativa. Deste modo,
promove e defende os direitos e liberdades fundamentais do Homem, quer como
indivíduo quer como membro de grupos sociais organizados, e assegura o respeito e a
garantia da sua efectivação pelos poderes
(16)

232
5

legislativo, executivo e judicial, seus órgãos e instituições, bem como por todas as
pessoas singulares e colectivas2.

A República de Angola é um país situado no centro - sul de África, que faz fronteira com
a Namíbia a sul, a República Democrática do Congo a norte, a Zâmbia a este e com a
costa ocidental ao longo do Oceano Atlântico. O último recenseamento populacional e
habitacional data de 1970. Contudo, as estimativas apontam para uma população actual
na ordem dos 16 a 18 milhões de pessoas, dispersos por uma área total de 1.246.700 de
km². Do total da sua população, 50,7% são mulheres, 53,3% reside em áreas urbanas e
50% tem entre 5 e 25 anos3. Angola é o segundo maior produtor de petróleo e de
diamantes na África Subsaariana e ocupa a 59ª posição entre as economias mundiais em
termos de produto interno bruto4.

Ao fim de oito anos de paz, o Governo de Angola começa a levar a cabo enormes
investimentos na reconstrução e renovação de infra-estruturas nacionais básicas, o que
se espera que tenha um impacto positivo significativo nas condições de vida da
população.

Angola tem vindo a evidenciar um desempenho sem precedentes, com a taxa de


crescimento da economia a atingir 23,3% em 2007, enquanto a inflação caiu de 105,6%,
em 2002, para 11,9%, em 20075. Tudo isto reflecte a estabilidade macroeconómica
alcançada, o bom desempenho nos sectores petrolífero e dos diamantes e a
recuperação nos sectores não minerais, nomeadamente os transportes e a agricultura.
As acções do Governo, no sentido de inverter os anos de instabilidade, são indicativas da
sua vontade de dar uma nova imagem de Angola à comunidade internacional, de ser um
interveniente activo nas redes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(OPEP) e de tirar o maior partido do seu potencial de exploração mineira e recursos
naturais. O capital humano de Angola é o recurso mais importante para assegurar um
futuro próspero para o país.

Um dos objectivos do Governo de Angola é reduzir substancialmente, ao longo da


próxima década, a taxa de incidência de pobreza, estabelecendo objectivos de acordo
com a Declaração do Milénio e nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs),
com o programa Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD) e com a
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), almejando uma diminuição
de 50% na

233
Cfr. artigos 1.º e 2.º da Lei Constitucional da República de Angola, vista e aprovada pela
Assembleia Constituinte, aos 21 de Janeiro de 2010.

3 Fonte: Ministério do Planeamento e Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP9. 4 Fonte: Banco Mundial 2007.

5
(17)
6

proporção de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia, até 2015, e uma
subida do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 75% até 2025, colocando
Angola entre os Países de Desenvolvimento Médio6.

Apesar dos esforços para melhorar o desempenho no sector da saúde, este sistema e os
respectivos serviços são ainda precários na medida em que carecem de infra-estruturas,
equipamento, pessoal formado e sistemas de acompanhamento adequados. Em 2005
havia 1.659 médicos em Angola, o equivalente a apenas um médico por 10.000
habitantes, tendo o Governo prometido aumentar esse rácio para 13 médicos por 10.000
habitantes, até 2015. Muitas províncias têm poucas infra-estruturas de saúde funcionais.
A esperança média de vida é de 42,4 anos para os homens e de 44,5 para as mulheres, o
acesso aos cuidados básicos de saúde ronda os 30% e o acesso a água e saneamento
básico (respectivamente, 62% e 69%) são baixos. A mortalidade materna é muito
elevada, na ordem das 1.850 mortes por cada 100.000 mulheres e as taxas de
mortalidade dos bebés e crianças com menos de cinco anos são de 150 e 250 por 1.000
nados-vivos, respectivamente. A gravidez entre as adolescentes é um dos motivos de
preocupação: 51,5% das raparigas entre os 15-19 anos têm, pelo menos, um filho. O uso
de preservativos é baixo (0,3%). A taxa de infecção por HIV entre os adultos em Angola é
de 5.0%7.

Os desafios identificados pelo Governo de Angola incluem os que se relacionam com8:


1.º paz, justiça, democracia, estabilidade social, unidade e coesão nacional e Segurança
Interna; 2.º redução da fome e da pobreza extrema, emprego, crescimento económico e
justa distribuição do rendimento nacional; 3.º desenvolvimento sustentável a longo
prazo, desenvolvimento humano, bem-estar para todos os angolanos e
desenvolvimento harmonioso do território; 4.º boa governação e transparência; 5.º
Angola, um país com futuro, respeitado pelos seus vizinhos, pelos parceiros e por toda a
comunidade internacional e cada vez mais integrado na economia mundial.

1.1.2. Síntese da Origem Histórica da Polícia Nacional de Angola.

234
Angola esteve durante cerca de cinco séculos subjugada pelo sistema colonial
português. Durante esse período, o colonialismo português utilizou vários instrumentos
para

6 Cfr. o esclarecido no Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola para o quinquénio 2009-2013. 7

Fonte: Ministério do Planeamento.

8 Cfr. o Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola (UNDAF). O actual UNDAF para o

quinquénio 2009-2013, constitui o quadro de planeamento das NU em Angola, no seu


apoio as prioridades nacionais do Governo. O UNDAF encontra-se substancialmente
harmonizado, nomeadamente em termos de ciclo programático com o Plano Nacional de
Desenvolvimento a Médio Prazo [2009-2013].
(18)
7

garantir a segurança pública, que passou pelos célebres e temidos Chefes de Posto,
Regedores9 e Cipaios10.

Em 1935, pressionado pelo desenvolvimento social então vigente, foi fundada a Polícia
de Segurança Pública de Angola (PSPA) com dependência directa do Governador-Geral
de Angola, entidade máxima que superintendia o então chamado “Estado de Angola”.
Em 1963, por Decreto do Governador-Geral, foi autorizado que o angolano “negro”, até
então utilizado apenas como força auxiliar, pudesse ascender a categoria de guarda de
2.ª ou 1.ª Classe, o equivalente hoje à categoria de Agente de Polícia.

Em 1975, o Governo português passou por várias transformações provocadas pelas lutas
armadas que ocorreram no chamado ultramar português de então. Como resultado o
Governo colonial tomou várias decisões entre as quais a formação de um “Governo de
transição”11, empossado no dia 31 de Janeiro de 1975 até à proclamação da
Independência em 11 de Novembro de 1975, integrado por três movimentos políticos,
sob a coordenação do Alto-comissário de Portugal. Nesta altura, o país conheceu a
extinção da Polícia de Segurança Pública (PSP) colonial, que deu lugar ao Corpo de
Polícia de Angola (CPA)12. Chefiavam este Corpo ainda embrionário, os Comandantes
Santana André Pitra “Petroff”, representado inicialmente por Armindo do Espírito Santo
Vieira pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Isaías Celestino
Chinguvo Chianeke pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)

235
e David Mekondo pela Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), oriundos dos
três movimentos de libertação nacional (Chiyaneke, 2002:20).

Fruto das decisões políticas, no dia 28 de Fevereiro de 1976 criou-se o Corpo de Polícia
Popular de Angola (CPPA). Esta data institucionalizou-se e passou a ser comemorada
como sendo o dia da fundação da PN, em homenagem ao juramento de bandeira dos
novos agentes formados na Escola de Polícia Mártires de Kapolo. Foi neste dia que o
Comandante Geral13 propôs ao Ministro da Defesa, General Iko Carreira, que a polícia
mudasse de denominação,

9 Eram os Administradores com amplos poderes, até mesmo de julgar pessoas, visto que eram os

responsáveis máximos do Governo.

10

Após a formação da East India Company (Compagnie des Indes), em 1719, as


companhias de cipaios indianos (Cipayes) foram criadas para aumentar as tropas
francesas e suíças mercenárias disponíveis. Por outro lado, os Cipaios também serviram
Portugal na Índia, que mais tarde, foram enviados para outros territórios do Império
Português, especialmente em África. Mais tarde, o termo "sipaio" (sipai) também foi
aplicado pelo português para os soldados e polícias africanos que patrulhavam as zonas
rurais.

11 Lei nº 1/75, Iª Série do Boletim Oficial, n.º 38, de 14 de Janeiro de 1975.

12 Instituído pelo Decreto-Lei n.º 24/75, de 01 de Abril, aquando da vigência do Governo de Transição, nas

vésperas da Independência Nacional.

13
(19)
8

de CPA para Corpo de Polícia Popular de Angola (CPPA). Neste mesmo dia, pela primeira
vez, foram enquadradas nas forças policiais cento e dois (102) efectivos do sexo
feminino, num total de trezentos e oitenta e três (383) polícias. Este acto demonstrou a
contribuição da Polícia na grandiosa luta que a mulher vem fazendo para a conquista
dos seus inalienáveis direitos.

236
Em 28 de Maio de 1978, a Polícia foi transferida do Ministério da Defesa para a
Secretaria de Estado da Ordem Interna (criada na mesma data) e integrada pela Polícia
Judiciária, a Inspecção dos Serviços Prisionais (retiradas da tutela do Ministério da
Justiça), bem como pela Direcção dos Serviços de Viação e Trânsito (saída do Ministério
dos Transportes).

Em 1979, o CPPA extinguiu-se dando lugar a Direcção Nacional da Polícia Popular. A


partir de 1985 novas reformas organizativas foram introduzidas no sistema policial que
resultaram na aplicação de um modelo de polícia integral, consubstanciado na
integração de todos órgãos policiais14 num único organismo dirigido por um
Comandante Geral, sob tutela do Ministério do Interior.

Entretanto, por força da evolução da situação político-militar do País, o Corpo de Polícia


sofreu várias mudanças relativamente à sua dependência hierárquica, organização e
funcionamento, até se transformar na Polícia Nacional de Angola (PN)15.

Finalmente, com o advento da paz em Angola (2002), outros passos têm sido dados
rumo à consolidação de uma organização policial renovada e modernizada,
comportando no seu seio forças especializadas na prevenção da criminalidade e no
combate ao crime organizado, ao terrorismo e aos distúrbios graves, tendo como
principal missão a “manutenção da ordem e tranquilidade públicas”16

1.1.3. Estado actual da Polícia Nacional de Angola

O estado actual da PN revê-se na execução do Plano de Modernização e


Desenvolvimento (PMD), em curso desde o ano de 2003, que define os principais rumos
que a PN se propõe seguir nos próximos dez anos, num processo permanente de
crescimento e

14 Designadamente Polícia de Investigação Criminal, Polícia Económica, Polícia de Trânsito, Polícia Fiscal,

Polícia de Fronteiras, Polícia de Ordem Pública e Polícia de Intervenção Rápida.

15 Através do Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho, que publica o seu Estatuto Orgânico. 16

Sendo este um conceito que não se encontra juridicamente definido, seguimos a


posição de Jorge Miranda (1994:83), para quem o conceito significa “o conjunto das
condições externas necessárias ao regular funcionamento das instituições e ao pleno
exercício dos direitos individuais, referindo-se aquelas condições externas não tanto por
237
se tratar da ordem nas ruas, mas antes porque estão em causa factores exteriores aos
direitos e circunstâncias envolventes no seu exercício”.
(20)
9

aperfeiçoamento dos meios e métodos técnicos de gestão da actividade policial, com


base em conhecimentos científicos e práticos, para que a Corporação se adeqúe às
exigências de um Estado de Direito e à democracia, no combate à criminalidade e à
sinistralidade rodoviária.

Com o fim da guerra, a PN assumiu na plenitude a sua função tradicional, o que implica
a melhoria do seu desempenho em todos os serviços, a fim de assegurar a ordem, a
segurança e a tranquilidade públicas, proteger as pessoas e bens, prevenir a
criminalidade e contribuir para o normal funcionamento das instituições democráticas, o
regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, primando sempre
pelo respeito da legalidade. Assim sendo, a necessidade de modernização face aos
novos desafios relaciona-se com a modernização das infra-estruturas logísticas e
tecnológicas, a modernização das mentalidades e a modernização dos métodos de
actuação e de intervenção policial17.

Alcançaram-se resultados significativos no respeitante à optimização do funcionamento


interno da PN, no domínio da elevação do nível de formação técnico-profissional e
cultural dos seus efectivos, no domínio da modernização técnico-logística e infra-
estrutural, no domínio do melhoramento das condições sociais dos efectivos e no
domínio da contenção das taxas de criminalidade e sinistralidade rodoviária.

As medidas de reestruturação orgânica em curso, com particular destaque para a criação


de Divisões de Polícia e de Unidades Especializadas, bem como o reequipamento
realizado, contribuíram para a melhoria substancial do aprumo e reacção das forças
policiais.

Melhorou igualmente o sentimento de segurança das populações, com a elevação da


confiança de que a Polícia está efectivamente a reorganizar-se. A confiança e expectativa
expressam-se pela afluência das populações às esquadras policiais para a denúncia dos
crimes e dos criminosos. Os esforços da protecção das fronteiras permitiram a cobertura
de toda a fronteira terrestre, o que constitui um passo importante no combate à
imigração ilegal.

238
Melhorou a imagem externa e interna da PN, com a implementação do novo modelo de
fardamento, com a melhoria das condições de atendimento nos piquetes e melhor
resposta às chamadas dos cidadãos. Iniciou-se também o processo de substituição das
espingardas de assalto AKM por pistolas, bem como o processo de recenseamento de
todo o efectivo (em

17 Cfr. o ponto 3 das Linhas Programáticas do Programa de Modernização e Desenvolvimento (Vide anexo
(21)
10

curso desde 2009), para possibilitar o registo e controlo administrativo dos elementos
policiais. O efectivo da PN, em 2009, era de aproximadamente 90.000 homens18.

1.1.4. Natureza e Atribuições da Polícia Nacional de Angola

O Ministério do Interior (MININT) “é o órgão do Governo Central ao qual compete


conceber, propor, coordenar e fiscalizar a execução das políticas públicas nos domínios
da segurança pública individual, protecção dos cidadãos, da propriedade e das
instituições, prevenção, investigação e repressão de actos que indiciam crimes e
transgressões de qualquer natureza, medidas de privação da liberdade, bem como a
entrada, permanência e saída de cidadãos estrangeiros execução das medidas privativas
da liberdade e garantia do exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos
cidadãos”19

O Estatuto Orgânico da Polícia Nacional (EOPN)20 alude no seu artigo 1.º que “a Polícia
Nacional de Angola é uma força militarizada competindo-lhe fundamentalmente: a
defesa da legalidade democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, o
respeito pelo regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, a
defesa e protecção da propriedade estatal colectiva, privada e pessoal, a prevenção à
delinquência e o combate à criminalidade e a colaboração na execução da Política de
Defesa Nacional nos termos que forem estabelecidos por lei”21

A PN é uma instituição independente com um orçamento próprio, a partir de dotações


financeiras globais inscritas no Orçamento Geral do Estado e aprovado por despacho
conjunto dos Ministros das Finanças e do Interior22. Segundo o disposto no artigo 6.º

239
do EOPN, a PN é integral e compreende três níveis de comando: O Comando Geral, o
Comando Provincial e o Comando Municipal.

A PN depende organicamente do MININT, conforme o previsto no artigo 2.º do mesmo


diploma, sendo a sua organização única e as suas missões exercidas em todo o território
nacional, obedecendo à hierarquia de comando a todos os níveis da sua estrutura,
segundo o disposto no artigo 3.º do EOPN.

18 Segundo declarações proferidas pelo Excelentíssimo Sr. Subcomissário Luís Cadete, Director Nacional de

Recursos Humanos da PN, na reunião realizada no dia 13 de Novembro de 2009, no


Auditório do ISCPSI, com os Aspirantes a Oficial de Polícia e Cadetes-Alunos deste
Instituto afectos a Comunidade angolana.

19

Cfr. o artigo 1.º Estatuto Orgânico do Ministério do Interior.

20 Vide anexo XXI.

21 Cfr. o artigo 1.º do Estatuto Orgânico da Polícia Nacional, publicado pelo Decreto n.º 20/93, de 11 de

Junho. Vide anexo XXI

22
(22)
11

O Comando Geral da Polícia Nacional (CGPN)23 superintende na administração,


preparação, manutenção e emprego das forças da PN24. É comandado por um
Comandante Geral25 coadjuvado por um 2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e
um 2.º Comandante Geral para a Protecção e Intervenção26, que deste modo asseguram
a realização das inspecções e visitas de ajuda e controlo aos diversos órgãos da Polícia
Nacional27. A PN tem como principal tarefa a prevenção28 da criminalidade.

23

Quanto à constituição do CGPN. Vide anexo V.

24 Cfr. o artigo 7.º do EOPN.


240
25 Cfr. o artigo 9.º do EOPN, o Comandante Geral da PN é equiparado a Vice-Ministro e compete-lhe

comandar, dirigir, coordenar e fiscalizar todos os serviços da Polícia Nacional,


submetendo a despacho do Ministro do Interior os assuntos que careçam de resolução
superior.

26 Cfr. o artigo 8.º do EOPN. 27 Idem artigo 11.º.

28 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(23)
12

Cap. 2 - Enquadramento temático. Introdução às informações


policiais e à
Tomada de Decisão.

“O papel fundamental das Informações é o de reduzir as incertezas e clarificar o que está


em jogo. A descoberta dos segredos é a essência da actividade de «Intelligence». É esse
jogo do “cobre e descobre” que justifica a existência dos serviços”. (António de Jesus
Bispo, “A Função de Informar”, in Informações e Segurança -

Estudos em Honra do General Pedro Cardoso, Coordenação de Adriano Moreira,

Lisboa, Prefácio, p. 84-85).

2.1. Conceito Genérico e Tipos de Informações Policiais.

Segundo Medeiros, “o recurso a um conhecimento antecipado ou a posteriori dos


factores que concorrem para um determinado acontecimento configura como um dos
instrumentos disponíveis no domínio da segurança interna”, que, de algum modo,
contribuirá para a “actuação policial a montante dos eventos prejudiciais, cujos graus de
ameaça e risco são de concretização potencial para a vida em sociedade” (Medeiros,
2001:1).

Ao referirmo-nos à actividade policial verificamos que informação e as informações


dizem respeito a finalidades diferentes. O conceito de informação refere-se a um
conjunto de dados ou notícias29 “colocados num contexto, relacionados com o espaço,
o tempo, o cenário da acção” (Bispo, 2004:78), mas que nada nos diz sobre a intenção
241
do emprego dos meios, dispositivo, superioridade ou deficiência do lado opositor. É,
portanto, a “matéria-prima necessária à produção, compilação de informações
necessárias e úteis” (Andrade, 2007:33).

Nos países anglo-saxónicos as informações têm a designação de inteligência30,


enquanto nos países lusófonos assumem a denominação de informações. No âmbito
concreto da actividade policial recebem o nome de informações policiais. Como afirma
Cardoso, “os ingleses, americanos, alemães e franceses dispõem de uma vasta
bibliografia sobre informações que muito tem contribuído para a preparação dos
políticos e do cidadão comum para aceitar as actividades de informação e dos serviços
que as accionam” (Cardoso, 1993:134).

29 Notícia é qualquer facto, documento ou material, cujo conhecimento se revele susceptível de ter interesse

para as finalidades de actuação de um serviço de informações (EPP, 2003:7).

30 Os ingleses e norte-americanos fazem o uso da expressão “intelligence”, ao passo que os franceses
(24)
13

2.1.1. Conceito Genérico de Informações Policiais

As informações policiais constituem um dos quatro pilares das polícias modernas31.


Assim sendo, ao falar de informações não devemos por de parte os conceitos
relacionados com dados, informação e conhecimento. Propomos esclarecer as distinções
entre estes conceitos, o que, cremos, contribuirá para uma maior percepção não só
deste capítulo como também do resto da dissertação.

Segundo Alter (cit. in Rasgão, 2004:22), dados são “factos e ou eventos, imagens ou sons
que podem ser pertinentes ou úteis para o desempenho de uma tarefa, mas que por si
só não conduzem a compreensão desse facto ou situação”.

Grenier e Metes (cit. in Rasgão, 2004:22) definem conhecimento “como a capacidade de


uma pessoa relacionar estruturas complexas de informação para um novo contexto.
Novos contextos implicam mudança, acção e dinamismo. O conhecimento não pode ser
partilhado, embora a técnica e os componentes da informação possam ser partilhados”.
Concordamos com esta definição visto que o conhecimento se situa na esfera cognitiva
individual, mas que as técnicas e os componentes da informação, por serem exteriores
ao ser humano, já podem ser partilhados.

242
Segundo Rasgão, a informação é “um modelo de representação do real, conjugando
registos em código convencionado de acontecimentos, objectos ou fluxos que
constituem esse real perceptível, segundo um determinado padrão de associação e
selecção” (Rasgão, 2004:21).

Por sua vez, Bispo refere que a informação em si é “o conjunto de dados colocados num
contexto relacionados com o espaço, o tempo, o cenário de acção” (Bispo, 2004:78).

Os diferentes autores referem-se ao conceito de informações de formas distintas


(embora apontando um caminho com algumas semelhanças), o que nos leva desde já a
afirmar que este conceito não é universal.

Em Espanha, a Direcção Geral de Polícia define o conceito de informações como “notícia,


que será o conhecimento de qualquer elemento ou efeito; e conhecimento de coisas
necessárias, sem tomar qualquer acção” (Medeiros, 2001:7). No nosso ponto de vista
este conceito é muito vago, apontado apenas para o mero conhecimento, desligado da
acção.

31 Constituem pilares das polícias modernas a prevenção, a reacção, a investigação criminal e as informações,

segundo matéria ministrada ao longo do 4º ano (XXII-CFOP) na disciplina de Modelos


de Policiamento, leccionada pelo Sr. Comissário Hugo Guinote.
(25)
14

Lockhart refere que existem cinco áreas atinentes às informações32 que contêm os
elementos necessários para a definição do conceito de informações. Desta forma, o
autor identifica, em primeiro lugar, a definição das necessidades e prioridades de
informações por parte dos governos. De seguida, identifica a fusão das informações
conforme orientação do governo, através de processos de pesquisa secretas ou abertas.
Surge depois a contra - informação ou segurança das informações, as acções
encobertas, finalizando com a análise e avaliação de toda a informação recolhida
(Lockhart, 1987:37-52).

Segundo Medeiros, as informações são o resultado da pesquisa e processamento de


notícias relativas a situações actuais ou potenciais e a condições relacionadas com
actividades internas ou externas, bem como a áreas adversárias (Medeiros, 2001:8),
assumindo deste modo o conceito de informações enquanto produto.

243
O conceito de inteligência ou informações “pode ser encarado como informação ou
conhecimento; como actividade operacional concebida para adquirir, explorar ou
proteger esse conhecimento; e como organização desenvolvida com o intuito de
prosseguir esses objectivos” (Medeiros, 2001:9).

Shulsky atribui à inteligência um triplo horizonte: na qualidade do produto, conforme


actividade e enquanto organização, estando ligada com informações de carácter de
segurança nacional. À semelhança de Roy Godson33, também Shulsky reconhece quatro
elementos essenciais, precisando que “independentemente do âmbito que se considere,
a inteligência pode ser dividida em quatro partes, geralmente referidas como os
elementos da inteligência: pesquisa, análise, acção encoberta e contra-informação”
(Shulsky, 1993:8).

Assim sendo, o conceito apresentado por Shulsky é, no nosso entender, o mais acertado,
porquanto engloba na sua dimensão de defesa nacional, direccionada essencialmente
para o exterior, bem como das organizações responsáveis pela componente da
segurança interna. Deste modo, este conceito abarca informações enquanto produto -
que resulta do processamento de notícias de países estrangeiros, de elementos ou
forças hostis; informações enquanto conjunto de actividades, que visam obter o
conhecimento, focalizadas em organizações, grupos ou indivíduos perniciosos que
praticam actos ilícitos; e informações

32

É de frisar que uma parte fundamental dos estudos relacionados com matéria ligada as
informações, encontramos no contexto anglo-saxónico.

33 Godson elege quatro elementos constitutivos da inteligência, como sendo: pesquisa, análise,

contra-informação e acções encobertas. Adianta igualmente que o seu produto


(conhecimento) é o processo pelo qual é obtido ou explorado (actividade) e a burocracia
(organização), perfazendo a essência da inteligência.
(26)
15

baseadas em organizações responsáveis pelas acções de obter e negar o conhecimento


(Medeiros, 2001:14-15).

Neste sentido Torres, afirma que as informações policiais “são todas aquelas destinadas
à prossecução directa das missões legalmente atribuídas a serviços de natureza policial,
244
sejam elas de nível estratégico ou operativo” (Torres, 2005:593), com o propósito de
alimentar os seus órgãos operacionais.

No nosso entender, as informações policiais poderão ser definidas como um conjunto


de dados adquiridos pelos serviços e forças policiais, com fins específicos, dentro de um
contexto organizacional bem definido, com o objectivo de obter conhecimentos de
índole policial, sempre tendo em conta os princípios estabelecidos por lei.

2.1.2. Tipos de Informações Policiais

Segundo Clemente, as informações policiais dividem-se34 em informações de segurança


pública, informações criminais e contra-informações.

Neste sentido, as informações de segurança pública visam acautelar incidentes de


ordem pública bem como precaver a eventualidade de incivilidades, especialmente no
que se refere a produção de delitos criminais, integrando para o efeito o conhecimento
resultante da actividade pré-processual criminal (Clemente, 2007:399).

As informações criminais assentam no âmbito da actividade reportada à investigação


criminal (Clemente, 2007:399).

No que se refere a contra-informações, é de frisar que estas visam impedir a realização


de acções de recolha indevida de informação sigilosa, incluindo o conhecimento do
perfil criminal indutivo de alguns criminosos habituais, bem como sobre o planeamento
operacional, visando interromper ilicitudes identificadas, através, nomeadamente, da
aplicação de medidas de segurança passiva aos documentos e do controlo de acesso
aos mesmos, por pessoal credenciado (Clemente, 2007:399).

Na vertente das informações criminais importa realçar as informações tácticas35, as


operacionais e as estratégicas, cuja sua aplicação é directa para a actividade policial,
especialmente para a vertente criminal, visando a compreensão de um caso, tendo como
base dados concretos e precisos (Ratcliffe, 2008:16-17).

34 Vide anexo X.

35 Estão mais envolvidas em inquéritos e outras áreas operacionais, tendo como meta alcançar os objectivos
(27)
16

245
As informações operacionais dizem respeito ao conhecimento imediato de uma situação
actual como um instrumento de investigação, destinada a ser utilizada num prazo de
tempo relativamente curto, devido a sua validação, como é o caso da realização de uma
detenção. Também servem para apoiar os comandantes e chefes das áreas operacionais
no planeamento das actividades de redução da criminalidade e da implantação de
recursos para atingir os objectivos operacionais (Ratcliffe, 2008:16).

Como instrumento de gestão aparecem as informações estratégicas, dando uma visão


global da ameaça e da extensão das acções criminosas, permitindo desta maneira a
adopção de medidas estratégicas a longo prazo, com o intuito de fazer face aos custos e
efeitos globais do comportamento criminoso da sociedade. Deste modo, “estas
informações permitem orientar políticas criminais e, assim, a actividade policial, bem
como através da análise estatística da criminalidade estabelecer informações
prospectivas” (Medeiros, 2001:21).

De referir que, “no domínio da ordem pública, por exemplo, um conhecimento preciso
sobre o momento, o local onde se vai realizar uma manifestação, a natureza das
reivindicações, o número e o comportamento previsível de manifestantes, são
informações importantes” (Roumangne, 1997:32), para que os decisores possam estar
advertidos acerca de ocorrências susceptíveis de surgirem, a fim de prepararem as
respectivas reacções.

A pesquisa de dados/notícias no domínio da ordem pública faz-se exclusivamente


através do recurso a fontes abertas, tendo em consideração outros dados/notícias ou
informações já disponíveis, mas sempre com objectivos estritamente policiais, isto é,
tudo o que possa ser relevante para a prossecução da sua missão, não esquecendo os
princípios enformadores36 das forças de segurança. Em sentido lato, a produção,
conservação e divulgação de informações tem implícito o factor segurança. A
inviolabilidade das informações, tanto a nível externo como a nível interno, assegura-se
como o mais importante das medidas de segurança nesta área.

A inteligência, enquanto actividade37, compreende igualmente “as próprias actividades


desenvolvidas com o intuito de oferecer oposição aos serviços de informações
adversários, através de medidas de contra-informação ou de decepção”. Na oposição de
acesso de

36 Dentro destes princípios informadores temos: o princípio da legalidade consubstanciado na subordinação

da actuação das forças e serviços de segurança aos princípios do Estado de Direito


democrático e no respeito pelos direitos liberdades e garantia dos cidadãos; o princípio

246
da unicidade para todo o território nacional de cada força e serviço de segurança; o
princípio geral da colaboração dos cidadãos na prossecução dos fins da segurança
interna; o princípio da cooperação recíproca e coordenação das forças de segurança; e
por fim, o princípio do apartidarismo das forças ou serviços de segurança.

37 Estamos a falar da actividade desenvolvida pelas forças policiais, no âmbito da prossecução dos fins
(28)
17

conhecimento ao adversário, “são empregues medidas como, por exemplo, a


investigação de agentes suspeitos de outros serviços de inteligência, a par do recurso à
codificação de mensagens em ordem a proteger as comunicações”. Também, “na
decepção faz-se uso dos designados agentes duplos” e “a contra-informação
materializa-se segundo uma vertente bipartida”: de um lado as medidas de segurança38,
lato sensu, activas39 e passivas, e, do outro, a decepção40 e contra-decepção (Medeiros,
2001: 11 e 31).

2.2. O Processo de Produção de Informações.

O Processo de Produção de Informações (PPI)41 é tradicionalmente designado também


por Ciclo de Produção de Informações (CPI). Na nossa opinião, a produção de
informações é feita através de vários ciclos e não de um só, pelo que entendemos que
este ciclo deve ser contínuo e dinâmico, pelo que parece ser correcto designar-se por
PPI.

Este processo é definido como “o conjunto de actividades que integram um


processo especial, que se inicia com a necessidade de informação (intelligence) passando
pela obtenção de notícias, factos e dados e sua transformação até suprimir essa
necessidade e culminando na sua divulgação a quem tem necessidade de a conhecer”
(EPP, 2008:3).

Neste amplo processo, desempenham importante papel, as fontes de notícias, que


podem ser classificadas em abertas42, encobertas43, oficiais, privadas, voluntárias,
pagas, internas e externas.

Parece-nos acertada a opção de Ratcliffe em acrescentar, para além das quatro


fases supracitadas, uma quinta que é o do feedback e revisão44.

38 Nos meios humanos, a segurança distingue-se entre segurança do pessoal, das matérias classificadas e

247
segurança física. A segurança das matérias classificadas consiste na sua protecção,
através da produção de quadros normativas, onde se realça o seu armazenamento e
acesso. As informações são classificadas de acordo com o seu grau de sensibilidade, ou
seja, tendo por base o comprometimento produzido pela sua divulgação e, por
conseguinte, a importância que emerge da sua protecção.

39 Nas medidas activas (contra-espionagem), Medeiros (2001: 32) define como um “conjunto de técnicas

destinadas ao estudo do funcionamento do serviço de informações hostil de forma a


frustrar ou eliminar as suas actividades e, em última instância, tirar vantagem dessas
mesmas actividades. Empregam técnicas como operações de vigilância, pela pesquisa de
inteligência, pelos contactos com desertores/arrependidos e recurso a agentes duplos”.

40 A decepção pode ser definida como “a visão errónea que um serviço de inteligência pretende que o seu

adversário adopte, em relação a determinado assunto ou acontecimento, em ordem a


actuar segundo os seus interesses” (Medeiros, 2001:32).

41 Quanto a este assunto vide anexo XIX.

42 Compreendem normalmente os meios de comunicação social, as bibliotecas e arquivos públicos, os

relatórios públicos, a internet, e todas aquelas que estão disponíveis, sem restrições
(Bispo, 2004: 90). As fontes abertas podem ser definidas como a informação
publicamente disponível, na sua forma escrita, electrónica ou oral, destinada a um
público vasto ou restrito conforme divulgação, nomeadamente revistas, livros,
entrevistas, emissões de rádio e televisão ou a internet.

43
(29)
18

A Direcção e Planeamento têm início devido a uma necessidade informacional.


Essa necessidade de informação estabelece-se nesta primeira fase e tem origem num
determinado problema que as forças policiais querem ver resolvido. Assim sendo, “a
necessidade de informações varia com o tipo de operações e com o volume e precisão
das notícias e informações já existentes. Embora estas, muitas vezes permitam ao
comandante tomar decisão nunca são tão completas que excluem a necessidade de
informações adicionais” (EPP, 2003:14), tendo em atenção o grau de prioridade, as
informações são constituídas por Elementos Essenciais de Informação (EEI)45 e Outros
248
Elementos de Informação (OEI)46. Os EEI e os OEI assumem a forma de perguntas em
que devem ser de uso frequente, expressões como Onde? Quando? Com que meios?
Torna-se então necessário estabelecer os indícios técnicos47, que são manifestações
teóricas, positivas ou negativas, da acção adversária que uma vez averiguadas
confirmam ou não a hipótese anteriormente levantada.

Para tal, devemos definir áreas de acesso para levar a cabo este exercício, que são as
fontes de informações abertas ou encobertas e os contactos com serviços congéneres48.
Quem vai às áreas de acesso verificar a veracidade ou não dos indícios técnicos são os
órgãos de pesquisa49.

A Pesquisa é a exploração sistemática das origens de notícias pelos órgãos de


pesquisa e o envio dos elementos obtidos aos órgãos interessados pelas informações.
“Os órgãos de pesquisa não devem, de forma alguma, limitar a sua actividade a pesquisa
das notícias referidas nas ordens e pedidos que recebem” (EPP, 2003:11). É um processo
dinâmico e contínuo que passa pela pesquisa e recolha de dados através da utilização
de meios humanos, com recurso a meios técnicos e mediante a exploração e/ou acesso
a fontes de informação disponíveis (Medeiros, 2001:23).

44

Vide anexo XVIII.

45

Os “EEI compreendem as informações sobre o adversário e características da área de


responsabilidade de que o comandante tem necessidade para poder tomar uma decisão
que lhe permita o cumprimento da missão” (EPP, 2003:14).

46

Os “OEI são as possibilidades do adversário ou características da área de


responsabilidades que possam afectar, mas não comprometer, o cumprimento da
missão”, (EPP, 2003:15).

47 Os indícios técnicos “podem revelar determinadas vulnerabilidades do adversário; indicar a adopção ou

rejeitar, por parte do adversário, de determinadas acções; e influenciar a escolha da


nossa própria modalidade” (EPP, 2003:17).

48 Dividem-se em amigos e hostis. A cooperação regular entre serviços, que se efectua através de reuniões
249
dos analistas (também chamados de peritos) e na troca de relatórios e pedidos de
informações.

49 Devemos ter em atenção que, depois de determinar os indícios técnicos, as áreas de acesso e os órgãos de
(30)
19

A pesquisa de dados/notícias mediante a utilização de órgãos de pesquisa humanos50


consiste na afectação de recursos humanos em acções de pesquisa, em que destacamos
as vigilâncias51. Nesta fase, o principal problema prende-se com informações falsas que
poderão ser dadas pelo adversário ou agentes duplos (Medeiros, 2001:24). A pesquisa
técnica de informações52 é considerada como um grupo de técnicas de tecnologia
avançada, em detrimento dos elementos humanos, na recolha de informação, e que
genericamente envolvem a fotografia de longo alcance, o vídeo e a interpretação de
ondas electromagnéticas (Medeiros, 2001:24).

A exploração de fontes abertas incrementa a sua pesquisa junto da informação que, em


regra, se encontra acessível para o universo potencial de interessados, sem qualquer tipo
de restrição, como é o caso dos livros, relatórios, jornais, publicações, emissões de rádio
e televisão, entre outros (Medeiros, 2001:24). As fontes abertas podem ser subdivididas
em primárias53, secundárias54 e técnicas55. Segundo Clemente, “para evitar
contaminações, especialmente no raciocínio interpretativo dos dados obtidos e da
respectiva contextualização, o sector da pesquisa deve estar separado da área de
processamento” (Clemente, 2007:395).

O Processamento, depois de agrupar as várias notícias, dados e factos, é


necessário proceder ao seu processamento. Este consiste num conjunto de operações
pelas quais as notícias são transformadas em informações. Nesta fase produzem-se
efectivamente as informações válidas e com valor acrescentado para a actividade da
Polícia. Este processo divide-se em três fases: “no registo; no estudo ou avaliação da
notícia; e na interpretação ou análise” (EPP, 2008:11). A análise das informações é um
“elemento decisivo no processo de produção de informações, a qual se sujeita a um
conjunto de parâmetros metodológicos, com vista a conhecer o evento em curso ou
acontecimento e, idealmente, a prospectar as tendências de evolução da situação” (EPP,
2008:11).

50 Do inglês Human Inteligence - Humint.

51 Devemos identificar e recrutar possíveis informadores que estejam dispostos a fornecer informações aos

250
agentes ligados a recolha de informação, bem como aqueles que voluntariamente
estejam dispostos a fornecerem informações, tornando-se em fontes de informação.

52 Do ingles Technical Intelligence Collection - Techint.

53 As fontes abertas primárias “consistem no contacto directo com indivíduos: podem ser utilizadas como

fontes abertas na indisponibilidade das secundárias; como ajuda nas avaliações de


exactidão das fontes secundárias; encerram a potencialidade de possuírem o
conhecimento sobre/e o know how destinado a adquirir grey literature relevante na
vigilância de ameaças específicas” (Medeiros, 2001:26).

54 As fontes abertas secundárias são “ o conjunto de publicações cujo grau de profundidade/extensão pode

conferir-lhes um certo grau de fidedignidade e exactidão e que, por conseguinte,


contribuem para a vigilância e “mensurabilidade” das ameaças” (Medeiros, 2001:26).

55 Por sua vez, as fontes técnicas são aquelas que “assentam no pressuposto elementar de que todas as

estruturas naturais e feitas pelo homem causam um efeito no ambiente circundante


susceptível de ser detectado e medido. Temos como exemplo as imagens de satélite ou
fotografias” (Medeiros, 2001:26).
(31)
20

A Exploração das Informações é a última fase do ciclo tradicional de produção


da informação e “na qual se procura tirar ao máximo rendimento das noticiais
pesquisadas e processadas nas fases anteriores”. O seu objectivo é apresentar o produto
final a quem tem a necessidade de o conhecer, entidades internas ou externas. Estas
informações têm como objectivo fundamental auxiliar o comandante na tomada de
decisão apropriada e oportuna, bem como “contribuir para que as forças e os elementos
do comando possam cumprir as suas missões, face às responsabilidades da sua função”
(EPP, 2003:28). Ainda dentro da exploração das informações encontra-se a difusão56.

O Feedback e Revisão é uma etapa que não está incluída no ciclo tradicional
de produção de informações mas que Ratcliffe e Pedro Franco incluem nas suas
concepções, uma vez que após de “entregue o produto informacional ao seu
destinatário, este vai verificar se a informação corresponde à sua necessidade inicial, ou

251
se a necessidade inicial foi alterada. Se o justificar, o decisor solicita ao analista uma
nova necessidade e o ciclo volta ao início” (Pestana, 2008:16-17).

2.3. A Tomada de Decisão.

A tomada de decisão é de extrema importância em qualquer organização. Todos temos


que tomar decisões que necessariamente afectam outras pessoas e processos e têm
consequências diversas. Deter um cidadão, passar um auto de contra-ordenação, decidir
disparar uma arma ou dispersar pela força uma manifestação ilegal são apenas alguns
exemplos dos inúmeros casos em que temos e devemos tomar uma decisão.

A noção de tomada de decisão “é normalmente definida como o processo


de identificação e resolução de problemas”, de acordo com Daft (2001, cit. in Cunha,
2007:579). Segundo Cunha, a tomada de decisão engloba fundamentalmente duas fases:
“a da identificação de problemas e a da resolução”. A primeira compreende “a recolha e
análise de informação com objectivo de aferir a adequabilidade da situação actual
(eficácia, qualidade de serviço) ” e a segunda “consiste na busca de possíveis alternativas
à situação actual, e tende a culminar na selecção e aplicação de uma delas” (Cunha,
2007:579).

A decisão pode igualmente ser definida como a “selecção de uma alternativa, de entre
várias”. Como é sabido, “as pessoas tomam decisões a todo o momento”, sendo
algumas

56 Em relação à difusão temos de salientar um dos princípios basilares das informações - o princípio da

necessidade de conhecer. Esta traduz-se na forma como a informação é transmitida e o


modo como chega aos destinatários.
(32)
21

pessoais e outras sobre a organização. Muitas vezes quando se toma a decisão, “há
incertezas acerca do que irá acontecer com cada alternativa”. Neste sentido, uma boa
informação ajuda a reduzir as incertezas, sendo que o resultado da decisão tomada
venha a ser satisfatório (Rasgão, 2004:319).

A decisão é a tarefa principal que em cada instante os comandantes têm de executar


com correcção e oportunidade. É dever essencial e fundamental de um oficial de polícia
saber a decisão que deve tomar de forma rápida e eficaz, bem como o momento exacto

252
e oportuno da sua implementação, tendo em consideração a realidade da situação em
concreto.

Na tomada de decisão é primordial analisar todos os factores e subfactores internos e


externos com a consequente identificação das oportunidades e ameaças para a
organização, tendo em consideração os objectivos, a estratégia e as políticas da
organização. Assim sendo, numa primeira fase o processo de tomada de decisão57 deve
cingir-se à recolha de dados/informação, à identificação do problema e à definição da
premência em o resolver.

Numa segunda fase, sistematiza-se a formulação do problema e faz-se o estudo das


soluções alternativas. Na terceira fase selecciona-se a opção preferencial tendo em
atenção os valores pessoais do decisor e as responsabilidades sociais da organização. Na
última fase (quarta) faz-se a implementação da decisão58.

Na tomada de decisão encontramos defeitos comuns como o deficiente enquadramento


do problema no contexto em que ele se apresenta. Geralmente, este erro consubstancia-
se numa subavaliação do problema, tendendo para considerar como pouco provável
determinada ocorrência, especialmente quando é desfavorável ou incómoda para o
decisor. Outra deficiência comum é a tendência para sobrevalorizar demasiado as
experiências pessoais, em detrimento da análise aliviada e objectiva das informações
disponíveis. Finalmente, a associação de preconceitos, levando exclusivamente em
consideração estratégias tradicionais de sucesso usadas no passado, sem ter em atenção
o contexto actual59.

As decisões são tomadas a vários níveis pelas organizações, havendo para isso uma
hierarquia das decisões. Assim sendo, as decisões têm uma hierarquia crescente, isto é,
de baixo para cima.

Existem três tipos de decisão: as operacionais, as tácticas e as estratégicas60 (Rasgão,


2001:320). As decisões tomadas a nível operacional “reportam-se ao dia-a-dia, ou seja,
no

57 O Processo de Tomada de Decisão é constituído por quatro fases (vide anexo XI).  58 Vide anexo XI.

59 Vide anexo XVII. 60


(33)
22

253
normal funcionamento da organização”. As decisões operacionais envolvem a
“implementação de políticas na organização”. Por seu turno, as decisões estratégicas são
tomadas pelo topo da hierarquia e que envolvem toda a organização a médio e longo
prazo, e referem-se a estratégia da organização bem como a evolução e
desenvolvimento da organização, nos próximos anos (Rasgão, 2004:320). Para tal, as
decisões de gestão possuem características diferentes61.

2.4. Análise Criminal de Informações e a Tomada de Decisão

A informação é uma ferramenta essencial para o funcionamento dos sistemas que


trabalham com processos passíveis de análise62, encaminhamento e decisão. Na
verdade a informação é primordial em todos os campos de exercício do conhecimento
académico, das organizações burocráticas, do mundo dos negócios e da actividade
política. A informação é a base para o julgamento e o exercício do poder, para a
formulação de novas práticas que conduzem à eficácia, à racionalização e à agilidade na
movimentação dos processos nas diferentes estâncias e hierarquias burocráticas63.

É importante observar uma estratégia inteligente nas fases iniciais de implantação de um


sistema de análise64 da informação. O trabalho de inteligência é muitas vezes
caracterizado principalmente como uma função de análise, uma actividade secreta, ou
sobre o trabalho do conhecimento.

A análise da informação envolve fases distintas: a colecta de informações65,


identificando a natureza e a credibilidade das fontes; a filtragem, incluindo o vocabulário
controlado; e a tradução, com linguagem controlada. Lévy afirma que “hoje, ainda que

61 A primeira característica prende-se com o horizonte temporal, em que as “decisões operacionais têm um

impacto imediato; as decisões tácticas têm um impacto a curto - médio prazo e as


estratégicas possuem um impacto a médio - longo prazo”. A segunda característica é a
frequência de repetição da mesma decisão, em que as “decisões operacionais são
tomadas frequentemente (dia-a-dia); as tácticas são tomadas com menos frequência e
as estratégicas são tomadas com pouca frequência. A terceira característica das decisões
é o grau de estrutura da informação, no processo da tomada de decisão, em que as
decisões operacionais, as tácticas e as estratégicas são tomadas consoante uma
informação estruturada, semi-estruturada e não estruturada, respectivamente (Rasgão,
2004:320-322).

62

254
A análise é o processo lógico que consiste na investigação (Processo de recolher
evidencias, informações ou pistas com o intuito de resolver algum problema, dúvida ou
caso) das estruturas básicas de uma informação, in pt.wiktionary.org/wiki/an
%C3%A1lise, consultado em 25.02.2010.

63 http://www.i3g.org.br/experienciadocente/presencial/impactosocialdati/biblioteca/artigoeleonora.pdf,

consultado em 05.02.2010.

64 É indispensável para tácticas e estratégias de planeamento de sistemas de gestão de registos, produzindo

regularmente informações para informar decisores tácticos e estratégicos.

65 É parte da cultura organizacional, liderada pelo executivo - chefe, supervisores e gerentes de incentivar os
(34)
23

características universais sejam reconhecidas para toda a espécie humana, geralmente


pensa-se que as formas de conhecer, de pensar, de pensa-sentir são geralmente
condicionadas pela época, cultura e circunstâncias” (Lévy, 1999:14).

Na gestão das organizações, os dirigentes encontram diversos problemas e dificuldades,


necessitando deste modo do apoio incontestável de numerosos dados e informações,
permitindo-lhes analisar com precisão os pontos fracos e fortes, as ameaças e
oportunidades, podendo assim definir estratégias, estabelecer prioridades quanto aos
objectivos a atingir e controlar eficientemente a execução da estratégia (Rasgão,
2004:315).

Na análise da informação, devemos ter em consideração que nem toda a informação é


tem a fiabilidade desejada, devendo-se neste caso avaliar a qualidade da informação.
Deste modo, devemos ter em atenção a pertinência66, a oportunidade67, a exactidão68,
a redução da incerteza69, o elemento de surpresa70 e a acessibilidade71 da informação
(Rasgão, 2004:36). A informação ajuda a reduzir a incerteza acerca do resultado da
decisão, sendo que a informação para a tomada de decisão é diferente para cada
nível72.

A um analista são exigidas habilidades e conhecimentos em aplicações variadas como:


utilização de diversos programas informáticos, estatística, o conhecimento de sistemas
de informação geográfica (SIG)73, as técnicas de análise espacial, saber argumentar,
soluções criativas para problemas, lógica, história, criminologia, sociologia, psicologia e
255
direito, entre outros. Existem vários tipos de análise criminal74: a táctica, a estratégica, a
administrativa, a investigativa, a de inteligência e, por último, a operacional.

Na Análise Criminal Táctica (ACT), devemos ter em atenção as variáveis como


a localização, a hora, o alvo e ou modus operandi, importantes para identificar um
padrão criminal.

66

A informação deve ser pertinente, isto é, deve relacionar-se com os factos, estar
disponível e ser importante para a pessoa que a requer. A informação ajudará as pessoas
a tomarem decisões (Rasgão, 2004:36).

67 A informação deve ser “oportuna, ou seja, deve estar disponível à pessoa certa no momento certo”

(Rasgão, 2004:36).

68

A informação deve ser exacta, pelo que, se não for, perde o interesse (Rasgão, 2004:36).

69 A decisão deve ser tomada com informação precisa e eficaz, para que se possa reduzir a incerteza. Uma

boa informação envolve diferenças que faz a diferença (Rasgão, 2004:36).

70

O primeiro a ter a informação pode surpreender o adversário, obtendo deste modo


vantagens competitivas (Rasgão, 2004:36).

71 A informação só é útil se as “pessoas têm acesso a ela; a acessibilidade está ao alcance daqueles que

podem obter a informação a tempo de ser usada com eficiência e no formato que a
torna útil”. O formato electrónico é mais facilmente acessível do que a tecnologia do
lápis e do papel (Rasgão, 2004:36).

72 Vide anexo XII, figura 13.

73 É usado para armazenar, organizar, analisar e visualizar qualquer tipo de dados não apenas incidentes ou

crimes.

256
74
(35)
24

Este tipo de análise refere-sesegundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:10),
à análise de dados e informações relativas ao “onde”, “quando” e “como” o crime
aconteceu e foi praticado, objectivando assistir aos investigadores na identificação e
compreensão dos problemas específicos e imediatos do crime. A procura de padrões
para avaliações futuras é um dos aspectos fundamentais deste tipo de análise. O
objectivo principal é accionar à rápida resposta em relação a uma série de crimes que
estão ocorrendo.

A Análise Criminal Estratégica (ACE)75 “é o estudo de informações sobre o crime e a


actividade policial, integradas a factores sócio demográficos e espaciais, com a
finalidade de determinação de padrões das actividades criminais ao longo de um dado
tempo como também avaliar as respostas policiais e os procedimentos das instituições
de segurança pública”, segundo Dantas & Ferro (cit. in Filipe, 2006:11).

A Análise Criminal Administrativa (ACA)76, é a actividade de análise criminal


que, segundo Dantas & Ferro (cit. in Filipe, 2006:12) “consiste basicamente na
apresentação dos resultados de pesquisas e análises sobre o fenómeno do crime e
questões conexas, tendo por base necessidades políticas, legais e práticas que motivem
a necessidade de informações da parte do público interno e/ou externo”. Segundo
Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:12), esta análise centra-se no “fornecimento de
informações sumarizadas, estatísticas e informações gerais sobre tendências criminais
para os gestores das instituições de segurança pública”.

Por outro lado, a Análise Criminal Investigativa (ACI)77 focaliza a sua atenção
segundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:14) nos perfis das vítimas e dos
suspeitos, com apoio de dados e informações disponíveis, de cunho sócio-demográfico e
antropológico, levantando hipóteses gerais sobre o tipo de pessoa ou grupo que possa
estar a cometer determinada sequência de crimes.

75 O seu interesse concentra-se em problemas delituosos a longo prazo e suas causas, as tendências ou

variações da criminalidade e os factores que estão por trás dessas mudanças. O


resultado é comunicado em relatórios estatísticos, gráficos e mapas. A sua resposta está
associada à elaboração de políticas e estratégias para resolver problemas da
criminalidade, a médio e/ou a longo prazo (Osborne & Wernicke, 2003:11).

257
76 Neste tipo de análise, o objectivo principal é preparar apresentações para discussões com a comunidade,

bem como a elaboração de relatórios, propostas de recursos e a avaliação de viabilidade


de projectos futuros (Osborne & Wernicke, 2003:11).

77 O analista cinge-se com análise de crimes de homicídio, estupro e sequestros. É criado o perfil psicológico

e de comportamento dos suspeitos e das vítimas e possível relação entre vítimas. Com
isto, podemos identificar o autor ou quem será a próxima vítima (Osborne & Wernick,
2003:11).
(36)
25

A Análise de Inteligência78 está assente no estudo da criminalidade organizada, tenha


ela sido relatada ou não à polícia, para apoiar o esforço da investigação policial
na identificação de vínculos entre pessoas, eventos e património, segundo Dantas & Ferro
(cit. in Filipe, 2006:13).

Por último, temos a Análise Operacional (AO)79 que visa essencialmente


segundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:15) demonstrar como a Polícia emprega
os seus recursos no cumprimento das missões que lhe são atribuídas por lei, centrando-
se nos gastos, desenvolvimento das acções, orçamento e redistribuição de actividades e
tarefas. Geralmente, este tipo de análise faz-se quando são assumidas novas
responsabilidades territoriais de actuação, em momentos de contingência ou de
reestruturação política.

Neste sentido, uma inteligência de policiamento será, no nosso ponto de vista, a mais
adequada, visto ser um modelo contemporâneo para situar a função de inteligência
dentro da missão global da organização policial (Carter, 2005), bem como tem um papel
duplo de antecipação de riscos e influencia a acção de análise e tomada de decisão.

A inteligência de policiamento80 é um modelo de negócio e uma filosofia de gestão,


quando a análise de dados e informações criminais são fundamentais para um objectivo,
bem como a tomada de decisão que tende a redução da criminalidade e dos problemas,
a interrupção e prevenção tanto através de gestão estratégica e eficazes estratégias de
controlo que visam potentes infractores (Ratcliffe, 2008a:89). Neste caso, Ratcliffe refere-
se a técnica do Policiamento Orientado para as Informações (POI), em que a principal
prioridade do policiamento deverá ser a identificação das causas, relações e
consequências, isto é, de todo o fenómeno e não apenas do crime concreto.

258
A identificação de padrões81 é essencial para a orientação do trabalho policial na
prevenção da criminalidade, através da análise descritiva de padrões de criminalidade,

78

O seu objecto de estudo é a relação entre as pessoas, grupos e organizações. Os delitos


que aqui se analisam são o narcotráfico, lavagem de dinheiro, terrorismo, roubo de
viaturas. As informações são obtidas através de vigilâncias especiais, escutas telefónicas,
dados de informadores, movimentos bancários, gravações, rastreamento de e-mails e
infiltração (Osborne &Wernick, 2003:11).

79 Esta análise é um produto interno dos serviços policiais e está relacionada com a gestão policial. Assim

sendo, o analista deve saber quantos efectivos se necessita para cada serviço e como
distribuí-los em tempo e espaço (divisão de território e turnos), quantificar a demanda e
oferta dos serviços policiais para poder justificar a pretensão de aumento de pessoal,
veículos ou outros recursos (Osborne & Wernicke, 2003:11).

80 A inteligência de policiamento exige uma maior integração de informações secretas, informações criminais

e análise da criminalidade.

81 Isto é, encontrar padrões em casos relatados nos crimes, características semelhantes e que são recorrentes.
(37)
26

passando-se a fazer um comentário sobre o futuro82. Para além deste temos igualmente
o desenvolvimento e manutenção de uma base de dados83, a produção de relatórios
estatísticos84, a análise de chamadas para serviços policiais, pesquisa e análise de
suspeitos85 (Osborne & Wernicke, 2003:6).

A análise do crime pode ajudar um decisor a perceber o que está a acontecer,


permitindo-lhe uma maior compreensão de padrões da criminalidade e de tendências
criminais. Sem esta compreensão, as pessoas que têm de tomar decisões que afectam a
segurança e a integridade das comunidades não terão acesso à informação vital e
essencial para um bom planeamento e estratégia. Neste sentido, os resultados da
análise devem ser fornecidos atempadamente ao decisor antes que este tome a decisão.

82

259
Porque há uma sugestão implícita de que os eventos passados são indicativos da
criminalidade futura (Ratcliffe, in press).

83 Em que devem estar especificados dados importantes recolhidos pela Polícia, bem como dados de

relatórios.

84

Para muitos esta é a primeira imagem que têm de um analista. É uma tarefa importante
quando queremos analisar as tendências ou mudanças positivas ou neutras dos dados
recolhidos. É feito diariamente, pode ser mensal, semestral ou anual.

85 É primordial a pesquisa na base de dados devido a existência de características em comum. O objecto de
(38)
27

Cap. 3 - As informações na Polícia Nacional de Angola

“Os serviços de informações constituem, actualmente, a primeira linha da defesa e


segurança, sendo que essa realidade é bastante mais evidente para os pequenos países”.
(Professor Doutor Adriano Moreira – Conferência subordinada ao tema a

“Função do Estado”, proferida no dia 12 de Outubro de 2002, em Coimbra, aquando da


Sessão Inicial do Curso de Defesa Nacional 2003, in Estudos de Direito e Segurança,
Coordenação de Jorge Bacelar Gouveia e Rui Pereira, Coimbra, Almedina, 2007, p. 228).

No presente capítulo trataremos de aspectos ligados com as informações na Polícia


Nacional de Angola. Aprofundaremos, mais concretamente, aspectos ligados com a
história das informações em Angola e o enquadramento legal das informações e
segurança. Abordaremos igualmente aspectos relacionados com a estrutura
organizacional do Gabinete de Estudos e Informação e Análise, bem como dos sistemas
e níveis de informação na Polícia angolana.

3.1. Breve Historial das Informações em Angola

As informações em Angola tiveram o seu início no antigo sistema colonial português


que na altura86 governava o país. Foi em Junho de 1961 que o então Ministro do
Ultramar, Adriano Moreira, criou em Angola, Moçambique e Guiné os serviços de
260
centralização e coordenação, que tinham por missão reunir, analisar e difundir as
notícias e informações87 que interessassem à política, à administração e à defesa dos
respectivos governos ultramarinos, por si tutelados. Para a elaboração deste diploma
legislativo colaborou o então Major Pedro Alexandre Gomes Cardoso, que viria a ser
proposto para organizar o Serviço de Centralização e Coordenação de Informações de
Angola (SCCIA), precisamente aquele que viria a ter maior projecção (Monteiro,
2004:459).

Contudo, o Major Pedro Cardoso não chegou a assumir tal função por ter sido nomeado
para organizar e dirigir o Centro de Informação e Turismo de Angola (CITA) criado na
mesma altura e cujas atribuições eram de maior importância. Foi então nomeado
primeiro Director do SCCIA, o Major Eduardo Alberto Silva e Sousa. O sistema de
informações em Angola tinha o SCCIA como cúpula do sistema de informações, na
dependência do

86 Estamos a referir-nos concretamente a partir do ano de 1961, momento em que se tem conhecimento de

processos de produção de informações na antiga colónia portuguesa.

87 Sem actividade operacional de pesquisa, as fontes eram quase exclusivamente as autoridades


(39)
28

Governador-Geral e do Comandante-Chefe, com a missão de “reunir estudos e difundir


as informações com interesse para a política, a administração e a defesa”. Fazia pesquisa
interna no sector da administração (para corrigir erros ou abusos) através das Secções
Distritais88 e recebia notícias das forças policiais (PIDE, PSPA e GF), das autoridades
administrativas, dos comandantes militares e do Ministro do Ultramar (Monteiro,
2004:459-480).

Através das análises efectuadas produziam-se relatórios periódicos (semanais, mensais e


anuais), relatórios imediatos e estudos sobre aspectos éticos e demográficos. Esses
relatórios eram distribuídos a entidades do Governo-Geral, a algumas Direcções de
serviços e aos Governadores de Distrito. Produziam-se igualmente informações sobre os
países limítrofes e sobre as actividades dos movimentos inimigos, com interesse
estratégico, operacional e táctico. Em relatórios especiais de informação eram difundidos
aspectos relacionados com o material apreendido, actividades adversas e aspectos
étnicos. Os PERINTREP (relatórios periódicos de informação) eram difundidos duas vezes
por semana e versavam sobre as actividades adversas desenvolvidas nos países vizinhos

261
e no interior de Angola, permitindo que os comandantes das unidades militares
tivessem o conhecimento da situação, estivessem onde estivessem (Monteiro, 2004:480).

É de destacar igualmente o Decreto-Lei n.º 46.048, de 27 de Novembro de 1964, do


Ministério do Ultramar, que definiu o estatuto da PSP de Angola, adoptando uma
estrutura semelhante à da força de segurança da metrópole (Portugal), com a
especificidade de nos comandos distritais em que tal se justificasse poderem ser criadas
secções de informações. No período compreendido entre 1964 a 1974 poucas
transformações foram registadas.

No entanto, após as transformações políticas registadas no ano de 1974, com a


revolução de 25 de Abril de 1974 e a consequente independência das províncias
ultramarinas, das quais Angola fazia parte, as informações passaram a ser controladas
pelo Ministério de Segurança do Estado (MINSE), tendo sido criado a Direcção de
Informações e Segurança de Angola (DISA) em 29 de Novembro de 1976, que, entre
outras tarefas, estava encarregue de pesquisar, recolher, processar e distribuir as
informações aos órgãos do Estado que delas careciam. É de frisar que as fontes eram na
sua maioria encobertas devido à sua missão específica89. As informações estavam
relacionadas mais com questões externas, desenvolvidas com recurso à espionagem e
aos agentes duplos.

88 Actualmente (2009) em Angola, os Distritos são designados por Províncias, os Concelhos por Municípios

e as Freguesias por Comunas.

89 Que estava mais virada para as acções de espionagem e contra espionagem, em acções que perigavam o
(40)
29

Com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto (Lei de Segurança Nacional),
o MINSE foi substituído pelos Serviços de Inteligência de Angola, que passaram a
integrar o Serviço de Inteligência Externa (SIE), que, ao lado do Serviço de Informações
do Estado (SINFO) e do Serviço de Inteligência Militar (SIM), formam os três pilares da
Comunidade de Inteligência de Angola.

Em Março de 2010, com a entrada em vigor da nova constituição, o SINFO90 passou a


ter a designação de Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SISE). É chefiado por
um director geral que reporta directamente ao Chefe do Governo, conforme o artigo
17.º do Estatuto Orgânico desta instituição. É de salientar que o SISE depende do

262
Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, como serviços de apoio da Presidência da
República.

A Casa Militar do Presidente da República é um órgão de consulta, análise, informação e


apoio técnico, a quem compete apoiar o Presidente da República no exercício das suas
funções referentes aos assuntos de Defesa e Segurança Nacional. É dirigida por um
Oficial General das Forças Armadas Angolanas (FAA), com categoria de Ministro junto da
Presidência.

O SISE é o órgão responsável por todas as informações internas susceptíveis de fazerem


perigar a integridade das instituições do Estado e o seu normal funcionamento,
operando em estreita coordenação com as forças e serviços de segurança. O SISE
desenvolve, entre outras actividades, acções preventivas de combate à sabotagem e
dificulta a prática de actos de terrorismo, espionagem e outras acções lesivas para o
Estado.

Ao SISE cabe exclusivamente produzir informações destinadas a garantir a segurança


interna e necessárias a prevenir a sabotagem, o terrorismo, a espionagem e a prática de
actos que, pela sua natureza, possam alterar ou destruir o Estado de Direito
constitucionalmente estabelecido. Encontra-se na dependência directa do Presidente da
República e, de acordo com o seu estatuto, esta estrutura de informação é “o organismo
do Estado que integra o sistema de segurança nacional criado ao abrigo da Lei n.º 12, de
16 de Agosto de 2002, sobre a segurança nacional, incumbido da pesquisa, produção e
processamento de informações destinadas a garantir a segurança interna e necessária
para prevenir, impedir e combater actos que pela sua natureza possam perigar o Estado
de direito constitucionalmente estabelecido.”

90 A sua estrutura orgânica, segundo o artigo 16 do seu Estatuto Orgânico, compreende os órgãos de

direcção, órgãos de apoio consultivo, órgãos de apoio técnico e órgãos executivos locais
das quais fazem parte as delegações províncias e os seus respectivos serviços operativos
municipais ou comunais.
(41)
30

Segundo o Inspector-Chefe Óscar Soares91, as relações de cooperação entre o SISE e a


PN são boas, visto que em relação a eventos de grande vulto, o Serviço de Inteligência e
Segurança do Estado é o primeiro a promover a recolha de informação pertinente e
importante para o normal desenrolar da actividade policial, antecedendo sempre uma

263
prevenção policial rigorosa e prestando sempre o seu auxílio. Afinal, o SISE também é
um organismo que concorre para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, tal
como as forças de segurança.

Segundo António Bispo, “os serviços de informações desenvolvem toda a sua actividade
em função dos objectivos estabelecidos para a entidade que apoiam. Este parece-nos
ser um princípio básico, que muitas vezes se esquece” (Bispo, 2004:79).

Por conseguinte, aos serviços de informações está inerente a produção de informações


sobre factos que pela sua natureza colidam com a segurança interna e externa da
Nação.

É de competência da Assembleia Nacional legislar com reserva absoluta sobre matéria


das “bases gerais da organização, do funcionamento e da disciplina das forças de
segurança pública e dos serviços de informações”92

3.2. Informações e segurança e seu enquadramento legal

A globalização implica um esforço imenso por parte de quem necessita de informações,


para que possa exercer com eficácia as suas missões. A realidade internacional, bem
como a angolana, salientam cada vez mais a importância vital das informações e da
segurança.

As organizações policiais actuais têm um mandato vasto e assumem uma grande


amplitude de funções e papéis. A forma de os encarar varia situacionalmente e
socialmente, de acordo com os momentos políticos e históricos e é determinada por
alguns factores internos (Leitão, 2004:495). A PN sendo “um serviço da ordem
interna”93, à semelhança das Polícias das sociedades democráticas, tem um mandato
que, grosso modo, se traduz nas suas competências genéricas, exclusivas e especiais que
se resumem, ao fim e ao cabo, na garantia da segurança nacional. A segurança nacional
é a “actividade do Estado para garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas
e contribuir, assegurar o normal funcionamento das

91 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, Chefe de Departamento de Informação e

Análise do GEIA do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 29 de Dezembro de 2009, ao autor


do presente trabalho. Vide anexo III, pergunta 8).

92 Cfr. o artigo 164.º, alínea j) da CRA. E, de acordo com o artigo 166.º, n.º 2, alínea c) da CRA, reveste a
264
forma de lei de base.

93
(42)
31

instituições democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias dos


cidadãos e o respeito pela legalidade democrática”94

O Direito à informação vem expresso no artigo 40º da Constituição da República de


Angola (liberdade de expressão e informação), em que a “liberdade de expressão e de
informação tem como limites os direitos de todos ao bom nome, à honra e à reputação,
à imagem (…), o segredo de Estado, o segredo de justiça, o segredo profissional e
demais garantias daqueles direitos, nos termos regulados pela lei, tendo como
consequência das infracções cometidas no exercício da liberdade de expressão e de
informação fazem incorrer o seu autor em responsabilidade disciplinar, civil e criminal,
nos termos da lei”.

O acesso à informação crítica, cuja divulgação generalizada pode pôr em causa os


objectivos essenciais para a vida das sociedades ou os da segurança de pessoas e
instituições, cria uma responsabilidade específica, um encargo de a proteger, que não
pode ser atribuído à generalidade dos cidadãos.

Deste modo, “com a Revolução Francesa, a segurança passa a ser entendida como uma
condição do Estado, como um bem principalmente colectivo”. A segurança é um
objectivo dos Estados e que pode ser alcançado através de meios militares ou
diplomáticos. Segundo Brandão, “a segurança dos indivíduos fica, assim, subordinada à
segurança do Estado” (Brandão, 2004:39).

A segurança pode ser definida como a noção de se estar protegido de riscos, perigos ou
perdas. A segurança, como bem comum, é assegurada através de um conjunto de
convenções sociais, denominadas medidas de segurança95. Ela consiste na “grande
antítese dos receios e dos medos justificados e injustificados” (Patrão, 2000:9).

Em termos gerais a segurança “é a busca da liberdade relativamente à ameaça, e resulta


da interacção entre as vulnerabilidades de uma unidade e as ameaças que a mesma
enfrenta” (Brandão, 2004:46).

265
O direito à segurança96 consiste um direito natural e irrevogável do ser humano e vem
expresso no artigo 36.º da CRA, em que todo o cidadão tem direito à liberdade física e à
segurança individual. Neste âmbito, a segurança contém implícito o princípio da culpa
ao

94 Idem, artigo 1.º.

95 Cfr. citado no site http://pt.wikipedia.org/wiki/Segurança, consultado em 18.02.2010.

96 Deste modo, “o direito a segurança comporta duas dimensões: (a) dimensão negativa que se traduz num

direito subjectivo à segurança, ou seja, num direito de defesa perante agressões por
parte dos poderes públicos ou dos particulares; (b) dimensão positiva que se traduz num
direito à protecção através dos poderes públicos contra as agressões ou ameaças de
outrem” (Silva, 2001:48-49). Vem expresso no artigo 3.º da Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948; artigo 5.º, nº 1, da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem, de 14 de Novembro de 1950; artigo 27.º, n.º 1, da CRP; artigo 36º da CRA.
(43)
32

consagrar o direito à liberdade. O princípio da culpa97 está conjugadamente


consagrado nos artigos 1.º e 31.º, n.º 1, da CRA e deriva da essencial dignidade da
pessoa humana e articula-se com o direito à integridade moral e física.

Na perspectiva tradicional, a segurança tem tido como referência o Estado, em que a


“segurança” adquire uma dimensão nacional. Enquanto campo de acção, a segurança é
o campo “onde os estados se ameaçam mutuamente, desafiam a soberania uns dos
outros, procuram impor a sua vontade sobre os outros”98

, surgindo como tal problemas de segurança, quando estão em jogo a ameaça à


soberania e independência do Estado e o priva de alto governo (Brandão, 2004:48).

A CRA é bem clara ao definir que “compete ao Presidente da República, em matéria de


segurança nacional: Definir a política de segurança nacional e dirigir a sua execução;
Determinar, orientar e decidir sobre a estratégia de actuação da segurança nacional;
Aprovar o planeamento operacional do sistema de segurança nacional e decidir sobre a
estratégia de emprego e de utilização das Forças Armadas Angolanas, da Polícia
Nacional e demais organismos de protecção interior e dos órgãos de inteligência e de
segurança de Estado; Convocar e presidir ao Conselho do Segurança Nacional; Promover

266
a fidelidade das Forças Armadas Angolanas, da Polícia Nacional e dos órgãos de
inteligência e de segurança de Estado à Constituição e às instituições democráticas”99

O Estado fortifica-se num projecto de uma sociedade justa, livre, democrática, solidária,
de paz, igualdade e progresso social100, tendo como objectivo a prossecução do
interesse público101, no qual se inserem a defesa dos direitos fundamentais, a melhoria
da qualidade de vida, a igualdade material e a justiça social, tal como todas as outras
necessidades colectiva, consagradas na Constituição (Andrade, 2006:11).

Também a actividade da polícia se deverá basear em três vectores: o da defesa da


legalidade democrática; o da garantia da segurança interna, através da manutenção da
ordem, segurança e tranquilidade públicas; e o da defesa e garantia dos direitos dos
cidadãos, o qual vincula a Polícia à obrigação de protecção pública (Clemente, 2007:369),
que se deverá

97 Este princípio da culpa implica que não haja pena sem culpa e que a pena não pode exceder a medida da

culpa.

98

Tradução livre: “the field where states threaten each other, challenge each other's
sovereignty, try to impose their will on each other, defend their independence, and so
on” (Waever, 1995:50).

99 Cfr. o artigo 123.º da CRA de 2010. 100 Idem, artigo 1.º.

101
(44)
33

realizar na total observância dos princípios de liberdade e segurança102. Os próprios


Códigos de Processo Penal e de Processo Civil são pilares de sustentação legal da
actividade de informação e segurança.

A par destas Leis fazem igualmente parte do enquadramento jurídico das informações e
segurança em Angola a Lei n.º4/1.977, de 25 de Fevereiro, que estabelece o regime
jurídico aplicável ao combate ao Mercenarismo103, a Lei n.º7/1978, de 26 de Maio, que
267
estabelece o regime dos Crimes contra a Segurança do Estado104, e a Lei n.º3/99, de 6
de Agosto, aplicável ao Combate do Tráfico e Consumo de Estupefacientes105,
substâncias psicotrópicas e precursores, bem como o Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho,
do EOPN106.

3.3. Gabinete de estudos informação e análise

Como em qualquer organização, a PN possui o GEIA como órgão107 responsável e


encarregue pelas informações de âmbito policial (e não só), em todos os seus domínios.

O actual GEIA108, denominação que ostenta depois da fusão com o órgão congénere
do extinto Ministério da Segurança do Estado, emergiu a nível do MININT, no dia 23 de
Março de 1990, com a denominação de Gabinete de Organização, Informação e Análise
(GOIA).

Neste sentido, como afirma o Sr. Intendente Alfredo Nhime109, o GEIA está estruturado
em áreas operativas e administrativas e possui igualmente uma área de organização,
responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar, tratar e enviar
aos órgãos de direito dos demais níveis de informação a nível do Comando Geral, todo
o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa.

102 Idem artigo 36.º. 103

No Código Penal Angolano, na sua Parte II, vem expressa a Lei sobre a Prevenção e
Repressão do crime de Mercenarismo e, diz no seu artigo 5.º, n.º 1, que a instrução dos
processos pelos crimes previstos na presente lei compete à DISA. É de salientar que a
DISA foi extinta com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, dando
origem ao SINFO e que posteriormente passou a designar-se de SISE.

104

A Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, no seu artigo 8.º, diz que, a actividade de segurança é
exercida através dos órgãos e serviços públicos de informação e os órgãos e serviços de
ordem interna previstos na presente lei.

105

Nesta mesma lei, no seu artigo 39.º, diz que deve ser prestada informação, bem como
apresentação de documentos as autoridades policiais de indivíduos que dedicam-se a
esta prática ilícita.

268
106 Cfr. o artigo 5.º, al. o) do mesmo Estatuto.

107 É designado por Gabinete de Estudos, Informação e Análise, mas tem um estatuto de Direcção, visto que é

dirigido por um Director Nacional (Órgão Central) e por directores provinciais (órgãos
provinciais).

108 Este Gabinete funciona actualmente com base no regulamento orgânico que foi aprovado pelo Decreto

Executivo n.º06/2000, de 24 de Março.

109 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(45)
34

Possui uma estrutura organizacional110 composta por um director111 e um adjunto, um


conselho consultivo, um conselho técnico, uma repartição administrativa, um
departamento de estudos e documentação, um departamento de organização e
controlo, um departamento de informação e estatística, direcções e departamentos nos
comandos provinciais e órgãos operativos centrais.

3.3.1. Estrutura organizacional, funcional e atribuições.

O GEIA é o órgão de apoio ao Comandante Geral, que tem como atribuições o estudo,
planificação e organização das principais actividades e tarefas da PN, o controlo da sua
execução ao nível dos órgãos centrais e provinciais, a gestão dos sistemas e níveis112da
PN, assim como o relacionamento das actividades de informação e contra-informação e
a sua análise, a orientação e coordenação da actividade de estatística, a divulgação dos
mais variados acontecimentos de índole policial e pública e a execução de outras tarefas
que lhe forem superiormente determinadas.

Está estruturado em113:

1- Direcção - que é composto pelo Director do Gabinete e pelo Adjunto;

2- Serviços de apoio - que são constituídos pelo Conselho Consultivo, presidido pelo
Director do Gabinete, com competências para apreciar e discutir questões fundamentais
de âmbito organizativo e funcional, do qual fazem parte os chefes dos departamentos,
chefes dos órgãos executivos centrais e provinciais. Também integra o Conselho

269
Técnico114, com competências na análise das situações concretas e da gestão
administrativa em geral;

3- Serviços Executivos Centrais115 que integram os seguintes departamentos:

 O Departamento de Organização e Controlo, que é o órgão116 com competência para


estabelecer normas, métodos e indicadores das actividades de gestão a todos os níveis,

110 Vide anexo IX. 111

Tem a categoria de Director Nacional, conforme expresso no artigo 23.º do EOPN, e o


Adjunto tem a categoria de Director Nacional Adjunto, conforme ainda o mesmo artigo.

112 Na Polícia Nacional de Angola existem três níveis de informação: Nível Superior de Informação; Nível

Intermédio de Informação e o Nível Básico de Informação e que nos debruçaremos mais


adiante.

113

Cfr. o capítulo II, artigo 3º do Regulamento Orgânico do GEIA.

114 O Conselho Técnico é constituído pelos chefes de Departamento do GEIA, chefes dos órgãos centrais e

outros técnicos que forem indicados pela Direcção.

115 Vide anexo IX, figura 7. 116


(46)
35

elaborar os documentos reitores das actividades policiais117, elaborar o relatório anual


em articulação com os demais órgãos da PN, bem como elaborar pareceres118;

 O Departamento de Estudos e Documentação 119, que prossegue atribuições como o


estudo das causas da evolução da criminalidade, propõe a adopção de medidas de
organização e gestão que visam o aumento da eficácia e eficiência dos serviços, elabora
estudos sobre a evolução de tecnologias necessárias as actividades policiais (e utilizadas
por outros países), bem como procede ao estudo e análise de matérias de interesse para
a PN;

270
 O Departamento de Informação e Estatística assegura a recolha, estudo e a difusão de
elementos estatísticos da situação criminal e de indicadores de apoio à gestão,
organizando o arquivo de dados estatísticos sobre a vida operativa e administrativa da
instituição, elabora a estatística inerente a actividade específica dos diversos órgãos da
PN e prepara as informações estatísticas que o Comando Geral determinar, destinadas
ao Ministério do Interior e a outros órgãos de soberania do Estado;

 A Repartição Administrativa120 é responsável por assegurar o funcionamento


administrativo do GEIA, através da recepção, classificação121, expedição de documentos
e organização de arquivos, assim como realizar tarefas de relações públicas e promover
a publicação das ordens de serviço do órgão.

3.4. Sistema e níveis de informação na Polícia Nacional de Angola

O Sistema de Informação da Polícia Nacional de Angola (SIPNA) define-se122 como uma


estrutura com um conjunto de princípios123, normas e meios que determinam os

117 Designadamente as directivas e os planos do Comandante Geral.

118 Apenas deve elaborar pareceres em matéria de actividades administrativas, superiormente solicitados.  119 Este Departamento é dirigido por
um Chefe de Departamento e integra Especialistas de Pesquisas e

Documentação e Especialistas de Estudos e Pareceres.

120 É dirigido por um Chefe de Repartição e integra especialistas de Recursos Humanos e Relações Pública e

especialistas de expediente e arquivo.

121

Quanto a necessidade de conhecer as informações classificam-se em informação pública


e informação classificada (muito secreta, secreta, confidencial e reservada); quanto a
relevância ou repercussão, podem ser informação relevante e informação não relevante;
quanto ao formalismo, podem ser informações formais ou sistemáticas, informações
periódicas (diárias e semanais) e informações de balanço periódicos (trimestrais e
anuais); quanto ao grau de segurança, as informações classificam-se em Segredo de
Estado, Secreto, Confidencial e Reservado (Lei n.º 1/83, de 23 de Fevereiro - Do Segredo
Estatal), previsto no Regulamento

de Gestão de Informação Operativa do CGPN, 2001 e nas Noções de Informação, Análise e


seus Requisitos, 2002).
271
122

Cfr. o ponto II, n.º 1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia


Nacional.

123 Todos os elementos e estruturas do sistema observam os seguintes princípios: 1 – Comando único; 2 –

Relacionamento vertical dos órgãos inferiores aos superiores; 3 – Relacionamento entre


órgãos centrais e comandos provinciais; 4 – Relacionamento entre órgãos do mesmo
nível (coordenação entre os órgãos); 5 – Retroactividade; 6 – Necessidade de conhecer; 7
– Vinculação informativa.
(47)
36

procedimentos de obtenção, tratamento e difusão das informações a nível interno e


externo, de uma forma oportuna, a fim de facilitar a tomada de decisões e assegurar a
prossecução das competências e atribuições da PN.

O SIPNA tem por objectivo124 a recolha de informações em que se aplica um fluxo125


de informações que inclui o registo, análise, consultas e recomendações que possam
fornecer, rápida e eficientemente, correntes informativas necessárias a prevenção da
criminalidade, bem como a implementação de um procedimento uniformizado para que
a cada nível de informação cheguem dados necessários com a qualidade e oportunidade
requeridas.

Neste sentido, todos os elementos e estruturas do sistema observam princípios126 de


funcionamento como: a) Comando único; b) Relacionamento vertical dos órgãos
inferiores com os superiores; c) Relacionamento entre órgãos centrais e comandos
provinciais; d) Relacionamento entre órgãos do mesmo nível (coordenação entre os
órgãos); e) Retroactividade; f) Necessidade de conhecimento; g) Vinculação informativa.

A ligação e o regular fluxo de informações com outras entidades internas127 e


externas128 revela-se como outro dos principais objectivos do SIPNA. Para poder
cumprir com os seus propósitos o sistema abrange todo o dispositivo da PN e estrutura-
se da seguinte forma: GEIA e Posto Comando do Comando Geral; Departamentos de
informação e análise dos órgãos centrais de especialidade; GEIA e P/C dos comandos
provinciais129; Secções de informação e análise dos comandos municipais; Áreas de
informações e análise das esquadras e postos policiais.

272
Para além destes órgãos, fazem parte do SIPNA entidades como: Pessoas de confiança,
empresas privadas de segurança, informadores ocasionais, rede de colaboradores,
oficiais de ligação130, adidos de segurança131, oficial de segurança da Presidência da
República e oficiais para a cooperação policial internacional132.

124

Cfr. o ponto II, n.º 2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia


Nacional.

125

Quanto a este assunto, vide anexo VII.

126 Cfr. o ponto II, n.º 3, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.

127 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., anexo I, pergunta 9. Podemos incluir o

Gabinete Nacional da Interpol (artigo 41.º do EOPN).

128 Idem. Mais concretamente com outras Forças e Serviços de Segurança Nacional, como por exemplo as

Forças Armadas Angolanas, o Serviço de Inteligência e Segurança do Estado.

129 É de frisar que a PN possui 18 comandos provinciais, distribuídos nas 18 províncias do país.  130

Representam a PN em países estrangeiros ou com entidades externas.

131 São representantes do País (Angola) em países estrangeiros e que estabelecem ligação em matéria de

segurança, como é o caso dos adidos militares.

132 Dentro do MININT, temos o Gabinete de Intercâmbio e Cooperação, que promove e acompanha o


(48)
37

3.4.1. Subsistemas de informação

O SIPNA é constituído por dois subsistemas133: um subsistema de informação


sistematizada ou formal e um subsistema de informação não sistematizada ou informal.

273
O subsistema formal134 é constituído pelas informações sistematizadas prestadas
através de relatórios, abrangendo os diferentes períodos de informação e correspondem
àquelas informações regulamentadas por metodologias, com prazos, fontes e
destinatários previamente determinados. Este subsistema produz relatórios diários de
informação, relatórios semanais e relatórios de balanço periódico (trimestral e anual).
Para as informações produzidas por este subsistema contribuem os departamentos de
operações, Posto de Comando e salas operativas dos órgãos centrais, comandos
provinciais, divisões, esquadras, postos policiais e redes de colaboradores secretos, que
elaboram e remetem, de acordo com os prazos estabelecidos, informações
operativas135, administrativas136 e as informações públicas, que são prestadas logo
que ocorrem.

O subsistema informal137 é constituído por informações prestadas ocasionalmente e


podem ser prestadas verbalmente ou por escrito, de acordo com as necessidades do
momento, com vista a garantir o funcionamento contínuo dos órgãos que compõem o
sistema e a tomada de decisão rápida e oportuna. Estas informações são compostas por
informações urgentes relevantes, sequências informativas, informações especiais,
informações relativas ao desenvolvimento das investigações de crimes relevantes ou à
instrução dos respectivos processos, estudos, análises e pareceres sobre aspectos
relativos à situação operativa e administrativa, bem como quaisquer outras informações
solicitadas pela chefia ou Comando. Integram este subsistema todos os órgãos
operativos centrais138 e os comandos provinciais.

Através do SIPNA são satisfeitas as necessidades de informações no âmbito da


segurança, ordem pública e investigação criminal. Para tal, deverá ser garantido um fluxo
permanente de informação entre o dispositivo da PN, em todos os níveis hierárquicos,
através da difusão oportuna, segura e em formato adequado, das notícias e informações
relevantes.

133 Cfr. o ponto III, n.º 1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional. 134

Cfr. o ponto III, n.º 1.1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia
Nacional.

135

Neste tipo de informações são elaboradas as informações diárias, semanais, analítica


trimestral, semestral e anual.

136 Como é o caso das informações especiais, trimestrais (relatórios), semestrais (relatórios), anuais (relatório)

274
e as mensagens.

137 Cfr. o ponto III, n.º 1.2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.

138 Fazem parte dos órgãos operativos centrais a Direcção Nacional de Investigação Criminal, a Direcção

Nacional de Ordem Pública, de Viação e Trânsito, a Direcção Nacional de Inspecção e


Investigação das Actividades Económicas, Direcção Nacional de Registos e Informações.
(49)
38

3.4.2. Níveis de informação

O sistema de informação está estreitamente vinculado aos níveis de informação, pois o


primeiro só tem razão de ser caso estes estejam devidamente definidos.

A organização da informação deve garantir que a cada nível de direcção chegue a


informação necessária a seu devido tempo e com a qualidade requerida, com a
finalidade de facilitar a elaboração e tomada de decisões e poder alcançar os objectivos
traçados em cada subsistema. A PN possui três níveis139 de informação, para que o
Sistema de Informação cumpra integralmente com a sua missão: a) Nível básico de
informação; b) Nível intermédio de informação e; c) Nível superior de informação.

Nível Básico - este nível corresponde à obtenção e tratamento primário da informação


que deve ser enviada ao nível intermédio de informação. Integra o Comando Municipal,
a Esquadra, o Posto e o Destacamento Policial, através do seu chefe140, bem como
todos os seus órgãos. Para este nível constituem fontes de informação os giros apeados
e motorizados, os agentes das áreas operativas, os agentes de trabalho operativo
secreto, os agentes do serviço de sectores, as pessoas de confiança, o cidadão em geral
(fonte voluntária) e as instituições estatais ou privadas141.

As informações são obtidas das fontes pelos serviços de sector142, para os órgãos das
esquadras, terminando no Comandante de Esquadra. As informações recebidas de
carácter relevante são remetidas para a área de informação e análise, para a elaboração
da informação diária ao Comandante de Esquadra e deste para os órgãos centrais de
especialidade, para os comandos de divisões e para o Comando Provincial da PN. Por
último, as informações urgentes relevantes neste nível143 devem ser imediatamente
remetidas ao Comandante de Esquadra que difundirá para o de Divisão, e este para o
Provincial, com conhecimento aos órgãos de especialidade.

275
Nível Intermédio - a este nível são tratadas as informações recebidas dos órgãos
municipais, dando a estas o carácter de informação de resultado final, com vista a serem
canalizadas ao nível superior de informação. Fazem parte deste nível os órgãos como o

139 Cfr. o ponto III, n.º 2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.

140 Que, neste caso, é o Comandante Municipal, Comandante de Esquadra, Chefe de Posto ou de

Destacamento policial.

141 Vide anexo VIII.

142 Através do Trabalho Operativo Secreto (TOS) e dos Piquetes.

143 Circulam neste nível informação urgente relevante, informação diária (Pública) e informações relativas ao
(50)
39

Comando Provincial (através do seu chefe144), as divisões, assim como todos os órgãos
que fazem parte do Comando Provincial e da Divisão. As instituições estatais ou
privadas, pessoas de confiança ou o cidadão em geral constituem fontes de informação
para este nível.

A tramitação da informação é feita a partir das fontes e dos comandos municipais,


passando o seu fluxo pelos órgãos provinciais até ao CGPN. As informações não
relevantes devem ser remetidas aos órgãos centrais de especialidade que dela
necessitam e aos órgãos de informação e análise para a elaboração do relatório diário
para consideração do Comandante Provincial que, por sua vez, remete-a ao Gabinete do
Comandante Geral através da Direcção de Operações/CGPN.

As informações urgentes relevantes devem ser imediatamente remetidas ao


Comandante Provincial que as levará ao conhecimento do Comandante Geral através da
Direcção de Operações, com conhecimento dos órgãos centrais de especialidade. A este
nível145 as informações relativas a investigação de crimes ou instrução processual
devem ser remetidas directamente ao Chefe do Órgão Central de Especialidade. O
Comandante Provincial deverá tomar conhecimento desta informação.

Nível Superior – É formado pela Direcção do Comando Geral e nele deverão concentrar-
se as informações estratégicas, as operativas e as tácticas, principalmente as informações
de resultado final, que deverão servir para a tomada de decisões de maior alcance.
276
Cabe igualmente a este nível de informação recepcionar todas as informações das
estruturas superiores do Estado e do Governo e, de igual modo, prestar a estas
instâncias informações sobre as actividades levadas a cabo pelo Comando Geral.

Integram este nível a Área de Ordem Pública e a Área de Protecção e Intervenção,


através dos respectivos Comandantes146, bem como todos os órgãos centrais de
especialidade147, constituindo fontes de informação deste nível148 as instituições
estatais ou privadas, as pessoas de confiança e os cidadãos em geral.

144 Que neste caso é o Comandante Provincial.

145 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; sequência informativa; informação diária, semanal,

analítica delituosa mensal, relativa a instrução de processos, sobre estudos, análise e


pareceres bem como informações solicitadas.

146 São os Exmos. Srs. 2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e 2.º Comandante de Protecção e

Intervenção.

147

Neste âmbito, fazem parte todos os órgãos que dependem directamente dos Exmos. Srs.
2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e do 2.º Comandante Geral de Protecção e
Intervenção.

148 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; informação diária, semanal, analítica delituosa

mensal, relativa a instrução de processos, sobre estudos, análise e pareceres; sequência


informativa; relatórios trimestrais e anuais de actividades, bem como informações
solicitadas.
(51)
40

A tramitação da informação inicia-se nas fontes de informação e o seu fluxo passa pelos
órgãos centrais do CGPN e termina no Comandante Geral. As informações relevantes
devem ser remetidas aos órgãos de estudos, informação e análise do Comando Geral
que, por sua vez, as remetem ao Gabinete do Comandante Geral, após o devido
tratamento. As informações urgentes relevantes devem ser imediatamente remetidas ao
Comandante Geral, com conhecimento aos órgãos de EIA.
277
(52)
41

Cap. 4 - A problemática das informações na Polícia Nacional de


Angola – O caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte.

“Os sistemas de controlo externo da acção policial devem actuar com objectividade,
rigor e isenção (…), mas só são sustentáveis se tiverem credibilidade junto da
população”. (Inspecção-Geral da Administração Interna, Controlo Externo da

Actividade Policial, Volume II, 1998-2002, (Volume I, 1998), p. 66).

Pretendemos com o presente capítulo mostrar a magnitude da problemática das


informações na PN, concretamente no Comando Provincial do Kuanza-Norte, referindo
aspectos da própria província, do Comando Provincial e da importância das informações
na tomada de decisão. Pretendemos abordar aspectos referentes ao policiamento de
proximidade, a articulação de dados entre informações e à investigação criminal.

Abordaremos igualmente a necessidade de articulação de dados entre os serviços de


inteligência e a investigação criminal, bem como da urgência da necessidade de uma
plataforma digital para a troca de informações entre os diferentes órgãos da PN, que
obrigará a uma modernização das infra-estruturas, bem como de meios técnicos e
informáticos.

4.1. Caracterização geral da Província do Kuanza-Norte

O Kuanza-Norte é uma Província de Angola com uma área de 24.110 km². Situa-se a
norte do país e sua população é de aproximadamente 654.000 habitantes149. A sua
capital é N'dalatando. É constituída pelos municípios150 de Ambaca, Banga,
Bolongongo, Cambambe, Cazengo, Golungo Alto, Ngonguembo, Lucala, Quiculungo e
Samba-Cajú e trinta e uma (31) comunas151.

A Província152 faz fronteira ao Norte com as províncias do Bengo e Uíge, a Leste com
Malange, a Sul limita-se com a Província do Kuanza-Sul e a Oeste novamente com a
Província do Bengo. O solo é rico em ferro e manganês ainda não prospectado, o que

149 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kwanza-Norte, consultado no dia 06.03.2010.

278
150 Os Municípios são designados por Concelhos em Portugal. Entre os Municípios temos o Município do

Cazengo (Sede) com 103.102 habitantes, Kambambe-Dondo com 70.000, Lucala com
13.383, Samba-Cajú com 30.833, Quiculungo com 12.42.423, Golungo Alto com 34.154,
Ngonguembo com 7.904, Bolongongo com 28.013, Ambaca com 48.777 e Banga com
7.541 habitantes, respectivamente. Fonte: Projecto de

Criação de Divisão de Polícia no Comando Provincial do Kuanza-Norte, Setembro, 2005.

151 As comunas são designadas em Portugal por freguesias. 152


(53)
42

impossibilita a sua exploração. A população dedica-se à agricultura de subsistência, à


pesca e à criação de gado.

Essencialmente agrícola, a Província, como o resto do País, sofreu os efeitos da guerra


prolongada, o que a tornou deficitária no plano alimentar e não só. Actualmente estão a
ser reabilitados os imensos campos agrícolas. Produtos como o suculento ananás, a
mandioca, as hortícolas, etc., são produzidos já com alguma abundância, o que vai
permitir, a curto prazo, minorar as carências alimentares das populações. O café foi um
dos grandes baluartes da produção agrícola do Kuanza-Norte. Este sector também já
regista alguma recuperação.

No plano agro-pecuário, a Província também se dedica à criação de gado. Há registo de


um forte incremento deste sector, com vista a devolver os níveis de produção
alcançados anteriormente.

Pensamos que a péssima condição em que se encontram muitas das vias de


comunicação tem dificultado cada vez mais a chegada de bens de primeira necessidade
às zonas rurais, bem como o escoamento dos produtos nelas produzidos, e que com a
paz já se tem notado melhorias significativas.

O deficiente parque industrial, a não prática de agricultura mecanizada, o elevado índice


de analfabetismo e o deficiente saneamento básico continuam a ser as maiores causas
de subdesenvolvimento da Província.

4.2. O Comando Provincial do Kuanza-Norte

279
O Comando Provincial do Kuanza-Norte designado abreviadamente pela sigla (CPKN) é
um órgão do Comando Geral da PN, competindo-lhe a defesa da legalidade
democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, a investigação dos
crimes e a determinação dos seus autores e a instrução preparatória dos processos, bem
como a colaboração na execução da política de Defesa Nacional, nos termos da Lei.
Exerce a sua acção em toda a extensão da província, tendo um orçamento
descentralizado a partir da Direcção Nacional de Planeamento e Finanças do CGPN,
conforme o artigo 1.º e 2.º do seu regulamento orgânico.

Para o cabal cumprimento das suas missões fundamentais, o CPKN tem as seguintes
competências e atribuições: garantir o normal funcionamento das instituições
democráticas e o regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos,
prevenir e combater a criminalidade procedendo a investigação dos crimes e à instrução
preparatória dos respectivos processos e cumprir as demais atribuições constantes do
EOPN (conforme artigo 4º do seu regulamento orgânico).
(54)
43

Possui três “níveis de comando”153 e como órgãos executivos possui nove “direcções
provinciais”154

, seis “departamentos provinciais”155, um Posto de Comando, a Unidade de Protecção


de Individualidades Protocolares (UPIP), a Unidade Provincial de Protecção de Objectivos
Estratégicos (UPPOE) e a Secretaria Provincial.

É comandado por um comandante156 provincial e coadjuvado por um 2.º


comandante157 provincial. Possui um efectivo estimado em cerca de 4.200158
elementos, de entre as categorias hierárquicas de Subcomissário159 (1), Oficiais
Superiores160 (64), Oficiais Subalternos161 (339), Subchefes162 (496), Agentes163
(3.087) e 161 efectivos do quadro II164.

Tem como principais órgãos operativos a Direcção Provincial de Investigação Criminal


(DPIC) e a Direcção Provincial da Ordem Pública (DPOP), que são responsáveis pela
recolha de informação de índole policial, para o cabal desempenho das actividades
policiais, através das Equipas de Trabalho Operativo Secreto (TOS)165 e dos Serviços de
Sectores, que fazem fluir a informação para as áreas de especialidade (Áreas de
Informação e Análise).

153 Comandos municipais e de Divisão; esquadras e postos policiais (vide artigo 5º do Regulamento Orgânico

280
do Comando Provincial do Kuanza-Norte).

154

Direcção de Investigação Criminal; de Inspecção e Investigação das Actividades


Económicas; de Viação e Transito; da Ordem Pública; de Recursos Humanos; de
Logística; de Planeamento e Finanças; de Comunicações; e de Registos e Informação (vide
artigo 6.º, do seu Regulamento Orgânico).

155 Departamento Provincial de Transportes; de Saúde; de Educação Moral e Cívica; dos Serviços Sociais; de

Armas e Explosivos; e de Informática (vide artigo 6.º do Regulamento Orgânico).

156 O Comandante Provincial tem o grau de Subcomissário, cabendo-lhe comandar, dirigir, coordenar e

fiscalizar todos os serviços dos órgãos do respectivo Comando, submetendo a despacho


do CG os assuntos que careçam de resolução superior, assim como propor a criação ou
extinção de esquadras, postos policiais ou outras unidades dependentes do Comando
Provincial (vide artigo 8º do Regulamento Orgânico).

157 O 2.º Comandante tem o grau de Superintendente-Chefe e assegura a realização de inspecções, visitas de

controlo e ajuda aos diversos órgãos e presta contas da sua actividade ao Comandante
Provincial (vide artigo 9º do Regulamento Orgânico).

158 Quanto ao número do efectivo do Comando Provincial, não se sabe ao certo o número real do efectivo,

visto que foi feito recentemente um levantamento de todo o efectivo a nível da Província
(vide anexo I, II e III, pergunta 4, 5 e 4 respectivamente). A Direcção Provincial de
Recursos Humanos tem sob seu controlo um total de 4.148 efectivos entre pessoal do
quadro I e II (com 161 elementos).

159

Classe de Oficiais Comissários, de que fazem parte o Comissário Geral, o Comissário -


Chefe, Comissário e Subcomissário, conforme a Lei n.º 9/08, de 2 de Setembro.

160 Na Classe de Oficiais Superiores temos o Superintendente-Chefe, Superintendente e Intendente, conforme

a Lei nº 9/08, de 2 de Setembro.

281
161

Na Classe de Oficiais Subalternos incluem o Inspector-Chefe, Inspector e Sub-inspector,


conforme a Lei n.º 9/08, de 2 de Setembro.

162 Nesta Classe de Subchefes temos o 1.º Subchefe, 2.º Subchefe e 3.º Subchefe, conforme a Lei n.º 9/08, de

2 de Setembro.

163 Na Classe de Agentes, fazem parte o Agente de 1.ª Classe, de 2.ª Classe e Agente, conforme a Lei n.º

9/08, de 2 de Setembro.

164 Estamo-nos a referir ao pessoal que faz parte do quadro II (efectivo civil), que não faz parte do quadro I

(efectivo militarizado com funções policiais).

165 O TOS é o trabalho operativo secreto realizado por oficiais operativos que dirigem a rede de

colaboradores secretos e pessoas de confiança, partindo da situação operativa concreta


e bem direccionados com o objectivo de situarem-se em locais vulneráveis, ou seja,
pontos negros em que existam probabilidades de realização de delitos e outros factores
tendentes a afectar a ordem e tranquilidade públicas, bem como
(55)
44

4.3. Modelo de tomada de decisão

O Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN é o órgão do Comando Geral


responsável pelo tratamento da informação que é filtrada pelos comandos municipais
através da recolha que é efectuada pelas equipas de Trabalho Operativo Secreto, pelas
equipas dos Serviços de Sectores, pelas pessoas de confiança, pelos informadores
ocasionais, pelas empresas privadas de segurança, pelos agentes policiais e pela
população em geral.

O CPKN trata as informações recebidas dos órgãos operativos provinciais, dando a estas
o carácter de informação final, a este nível, com vista a serem canalizadas ao nível
superior de informação. O GEIA/Comando Provincial analisa e processa toda a
informação recepcionada dos diversos órgãos operativos e administrativos, tendo em
vista a sua remessa ao Comandante Provincial para a tomada de decisão.
282
Os sistemas de informação contêm modelos166 mentais e matemáticos facilitando
assim a filtragem e a manipulação dos dados, de forma a produzir a informação
necessária à tomada de decisão (Rasgão, 2004:38).

A tomada de decisão ao nível do Comando Provincial obedece a um modelo que se


baseia na recolha, análise e tratamento da informação, sendo a decisão tomada após a
ocorrência de reuniões do Conselho Consultivo Normal ou Alargado.

A reunião do Conselho Consultivo Normal é realizada semanalmente, é presidida pelo


Comandante Provincial e nela participam o 2.º Comandante Provincial, todos os
membros dos órgãos provinciais e o Comandante Municipal do Cazengo. São debatidas
questões que se prendem com a situação operativa e administrativa da Província, bem
como aspectos que se prendem com o normal funcionamento da instituição. Nas
reuniões do Conselho Consultivo Alargado participam todos os membros supracitados
bem como todos os comandantes municipais e nelas são discutidas questões
relacionadas com o ano em curso e questões pendentes.

crimes contra a segurança do Estado. Tem como vantagem o conhecimento oportuno e


obtenção de informação operativa por parte de P/C em tempo capaz de possibilitar a
adopção de medidas de descobrimento, prevenção e corte de actividades delituosas ou
ilicitudes criminais e protecção de pessoas e bens e a sua prevenção. Por outro lado, tem
como desvantagem o não conhecimento concreto da situação operativa, a má
distribuição de P/C e C/S, afectando a obtenção oportuna da informação delituosa e de
possíveis elementos infractores e responsáveis pelo cometimento de delitos e outros,
afectando o conhecimento real da situação bem como do comportamento delituoso
para os órgãos na prevenção e repressão da criminalidade.

166 O modelo mental identifica os factores ou ideias importantes e o modelo matemático explica esses
(56)
45

Dentre os vários encontros semanais, despachos e visitas que têm como objectivo
analisar a situação delituosa da província e o estado funcional dos órgãos que
constituem este Comando Provincial, foram tomadas um total de 266 decisões167.
Destas foram cumpridas na íntegra 194, enquanto 55 estão em execução, face o carácter
permanente a que obedecem, e 17 decisões não foram cumpridas, o que permitiu o
alcance de 73 % de cumprimento, 21% em execução e 6% são decisões não cumpridas.

283
É de referir que estas decisões só são tomadas depois de uma análise da informação
criminal feita pelos órgãos operativos como um “instrumento objectivo e fundamental
para facilitar a redução do crime e para preveni-lo através de técnicas policiais efectivas
e de projectos de parceria externas, criadas a partir de uma plataforma comum”
(Ratcliffe, 2003:2), em que o POI apresenta-se como a técnica conceptual mais eficaz.

Assim sendo, as informações recolhidas servirão para interpretar o ambiente criminal168


através de análise das mesmas, encaminhando de seguida ao decisor, influenciando-o
no processo de decisão que terá um impacto/influência no ambiente criminal (Ratcliffe,
2003:3).

4.4. Importância da informação na tomada de decisão no Comando Provincial


do Kuanza-Norte.

Segundo Alfredo Nhime169, geralmente a tomada de decisão depende sempre das


probabilidades estatísticas, isto é, com base no fluxo de informação recepcionada pelo
GEIA e remetida para apreciação do Comandante Provincial para a tomada de decisão. É
tida em consideração a comprovação dos dados/informação, a não ser em caso de
extrema urgência, que oportunamente merece uma análise profunda170.

Óscar Soares171 defende que toda a informação, desde que reúna características
verídicas e oportunas, e seja originária de fontes fidedignas, é necessária para a tomada
de

167 Cfr. o Relatório Anual (2009) das Actividades Desenvolvidas pelo Comando provincial do Kuanza-Norte

da Polícia Nacional de Angola.

168

Adoptamos a interpretação de Rodrigues (2006:58), para o qual o ambiente criminal


relativo ao esquema de Ratcliffe representa o ambiente característico da intervenção
policial.

169 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,

dada no dia 30 de Dezembro de 2009, ao autor do presente trabalho (Vide anexo I,


pergunta 11).

170 Por exemplo, podemos ter a informação que no sítio X ou Y aconteceu um crime, devemos, em primeiro

284
lugar, ter em atenção ao modus operandis que os marginais utilizaram, porque eles
(marginais) poderão alterar os seus modus operandis, visto que também são astutos, e
que, neste caso, só a repetição numa determinada localidade é que geralmente exige a
tomada de decisão por parte de quem de direito (vide anexo I, pergunta 11).

171 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, Chefe de Departamento de Informação e

Análise do GEIA do Kuanza-Norte da PNA, dada no dia 29 de Dezembro de 2009, ao


autor do presente trabalho. Vide anexo III, pergunta 5).
(57)
46

decisão. Porque, segundo Óscar Soares, podemos trabalhar com a informação de âmbito
diferente, isto é, podemos utilizar determinada informação para executar actividades de
índole operativa para concebermos planos estratégicos que visem solucionar um
problema a curto, médio e a longo prazo. Há ainda informações que permitem também
a elaboração ou a planificação de actividades de índole táctica. Afirma ainda que toda a
informação é necessária desde que cumpra com os verdadeiros requisitos de uma
informação.

Deste modo, aponta Óscar Soares que as decisões não são tomadas de forma arbitrária,
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Estes órgãos estão a disposição do Comandante Provincial para o tratamento
dos mais diversos assuntos que podem chegar à sua mesa de trabalho, para a tomada
de decisão. Outras decisões pontuais são tomadas pelo Comandante Provincial por
despacho ou por comissão ad hoc172.

Os órgãos concorrentes intervêm com base nos objectivos preconizados pelo Comando
Provincial, tendo em atenção a intenção do mesmo, partindo da recepção e
tratamento173 da informação que imediatamente obedecerá à devida tramitação e
remessa aos níveis estabelecidos174.

A informação pública de carácter não urgente/relevante que será remetida ao órgão


central de cada nível deverá ser comprovada a partir da Esquadra. A verificação ou
pesquisa da informação pode determinar a sua autenticidade, aplicando os pressupostos
e requisitos da informação como o quê, onde, quando, como, quem, porquê e para quê.

285
A tomada de decisão deve basear-se nas situações operativas concretas sobre as quais
incide o trabalho policial. Neste sentido, pensamos que devemos valorizar o TOS, com a
distribuição de uma base de colaboradores seguros bem distribuídos e atendidos por
Oficiais Operativos (O/O), com eficiente poder de análise e direccionamento, garantindo
para tal a sua segurança.

172 Idem, pergunta 10.

173 Toda a informação obtida pelos órgãos operativos obedece a duas vertentes simultâneas de tratamento

oportuno que são: a) Tratamento operativo que tem duas fases de tratamento da
informação operativa para enfrentamento imediato com forças de reacção ou não
(decorrentes de factos ou facto consumado) e para a verificação ou comprovação
imediata (notícia ou informação com falta de elementos); b) Tratamento administrativo
(Informação e Análise), que está relacionado com fases de tratamento da informação,
como a remessa imediata dos factos ocorridos (oportunidade) e a remessa dos dados
complementares (sequência informativa).

174 Para tal, a Polícia intervém com mecanismos próprios no âmbito dos vários ramos e especialidades que

compõe a Polícia Nacional, isto é, o trabalho que os órgãos operativos devem realizar
em relação à informação obtida.
(58)
47

Com o cumprimento efectivo do exposto, obteremos as informações com maior


oportunidade, em tempo capaz de possibilitar a adopção de medidas que permitirão
contrariar os factos criminais antes que estes se produzam. Igualmente importantes são
as informações oportunas sobre factos criminais já ocorridos, para que os órgãos
policiais encarregues de intervir tenham maiores possibilidades de conhecer e procurar
os indícios que faltam sobre os seus autores, no mais curto espaço de tempo decorrido
entre a ocorrência do facto e o início da sua investigação. Como afirma Clemente, “sem
informações, a Polícia é cega, logo inoperante” (Clemente, 2007:394).

4.5. O Policiamento de proximidade e a recolha de informação

A Polícia em Angola actualmente apresenta-se de uma forma híbrida, à luz dos modelos
clássicos, considerando que o sistema policial angolano perfilha simultaneamente as
doutrinas portuguesa e espanhola quanto ao modo como se efectua o patrulhamento.

286
Existe uma tendência maioritária para considerar a PN como uma Polícia de reacção e
não de aproximação. Todavia, em nosso entender (e como já foi referido), a PN
apresenta-se como uma Polícia híbrida, em que se combinam a actividade de
investigação criminal e um patrulhamento ostensivo dirigido.

Em nosso entender, a PN deveria investir mais no policiamento de proximidade. Os


comandos provinciais, os comandos municipais e as esquadras deveriam adoptar mais
uma vertente preventiva de proximidade no policiamento e aproximarem-se mais do
cidadão.

Tendo em consideração que a principal tarefa da Polícia Nacional é a prevenção e o


combate à criminalidade, pensamos que as informações policiais têm como finalidade a
prevenção de ocorrência de delitos de qualquer índole, preparar a resposta à ocorrência
de catástrofes naturais, reprimir os actos de vandalismo e desordem, bem como
descobrir os autores dos delitos ocorridos.

Segundo Alfredo Nhime175, os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho


Operativo Secreto (TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que os rodeia, numa
interacção constante entre cidadão - polícia e vice-versa, visto que o polícia para além
de pertencer à sociedade também deve viver os problemas da própria sociedade, sendo
esta condição básica para uma actuação de sucesso. Se o polícia não estiver informado
dos problemas que afectam a sociedade onde está inserido não cumprirá integralmente
o seu

175
(59)
48

verdadeiro papel, pois não conseguirá adequar as suas acções às diversas ocorrências
que tem que resolver.

O policiamento de proximidade é um modelo que geralmente satisfaz as exigências


actuais da sociedade, principalmente as das pessoas mais vulneráveis, como os idosos e
crianças. A Polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto
permanente com as pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da
situação operativa da sua área de jurisdição. Estamos a falar concretamente dos O/O e
dos Chefes dos Serviços de Sectores porque estes têm a missão de fazerem o
acompanhamento dinâmico do próprio sector e o movimento demográfico, sendo
fundamental manter o contacto permanente com as pessoas que ali residem176.

287
Alfredo Nhime177 diz que o policiamento de proximidade tem um papel fundamental e
crucial na recolha de informação e no estabelecimento de relações de comunicação com
a comunidade, para que seja possível descobrir os infractores e criminosos e o
direccionamento das forças policiais para a actuação directa sobre os mesmos.

Na opinião de Óscar Soares178, o policiamento de proximidade na prática tem resultado


muito bem porque os polícias estão junto das comunidades, mesmo nos aglomerados
populacionais que se encontram situados a grandes distâncias da sede provincial
(N'dalatando) e que não têm uma grande moldura em termos demográficos como o
Zanga, Canhoca e Carianga.

Por outro lado, Óscar Soares179 defende que o policiamento de proximidade não é
integralmente aplicado, visto que falta limar alguns aspectos no que diz respeito aos
próprios métodos de actuação, assim como no referente à formação adequada dos
Agentes, Subchefes, e Oficiais. Igualmente no que concerne aos métodos e técnicas de
execução no terreno, nota-se a falta de conhecimentos em matéria de relações públicas
para uma boa e exemplar relação para com o público em geral. O agente da autoridade
deve dominar a expressão oral e escrita, devendo demonstrar civilidade exemplar no
contacto com o cidadão. Apenas assim será

176 Principalmente com as Autoridades tradicionais (designados por Soba) e idosos, visto que eles têm a

informação, sabem quem é, qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao


crime, os sítios geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de
malfeitores, onde traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher
informações benéficas para a actividade policial. Vide entrevista ao Intendente Alfredo
Nhime, entrevista cit., pergunta 13.

177 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., pergunta 13.

178 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 12.  179
(60)
49

possível receber/recolher a informação necessária, o que não acontece em muitos casos


na Polícia180.

Estamos em condições de afirmar181 que o policiamento de proximidade é uma


realidade, mas com sérios problemas de implementação efectiva. Dos 4.148 Efectivos,

288
932 frequentam os diversos níveis182 de ensino, com apenas 2 licenciados e 9 técnicos
superiores não licenciados, o que tem dificultado muito na recolha de informação por
parte dos agentes de autoridade. Igualmente preocupantes, são as deficiências ao nível
dos meios de comunicação183 e de transportes ao dispor dos elementos policiais.

Ao nível de cobertura rádio tem-se dado primazia dos meios de comunicação atribuídos
ao pessoal dos grupos de patrulha (apeado e motorizado) que estão no terreno sob o
controlo do Posto de Comando Provincial184 e ao Comando Municipal do Cazengo185.
Por outro lado, nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio de
comunicação. Podemos afirmar que, em termos de comunicações, o Comando Provincial
do Kuanza-Norte da Polícia Nacional encontra-se abaixo da média, o que nos é afirmado
em entrevista a Soares186.

Segundo Alfredo Nhime187, dos dez (10) comandos e esquadras municipais que o
Comando Provincial controla, apenas os comandos municipais188 possuem meios de
telecomunicações, porquanto as esquadras municipais189 não os possuem,
dependendo para

180 Ainda existem Agentes, Subchefes e até mesmo Oficiais que não sabem ler nem escrever, o que tem

representado sérios problemas na abordagem que estes fazem ao cidadão comum.

181 Segundo o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da

Polícia Nacional de Angola 2009.

182 Sendo 2 Efectivos Licenciados, 9 Técnicos Superiores não licenciados, 2 Frequentam o 4.º ano de

faculdade, 37 Bacharéis, 65 Frequentam o 1.º e 2.º ano da faculdade, 57 Técnicos


Médios, 327 no 2.º Ciclo do Ensino Secundário, 323 no primeiro Ciclo do Ensino Primário
e 121 no Ensino Primário. Segundo o

Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte


da Polícia Nacional2009.

183 O Comando Provincial do Kuanza-Norte possui apenas 30 (trinta) telefones da rede fixa, 21 (vinte e um)

rádios Motorola VHF, bem como 8 (oito) Estações de Rádio HF.

184 O Posto de Comando é um Órgão de asseguramento do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia

289
Nacional, que tem o controlo das forças, da situação operativa a nível da Província.
Segundo entrevista ao Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-adjunto do Posto de
Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 01 de Janeiro de 2010, ao
autor do presente. Vide anexo II, pergunta 1.

185 Que é o Comando Sede da Cidade Capital (N'dalatando).

186 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 7.  187

Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., pergunta 8.

188 Nesta conformidade, estamos a citar os Comandos Municipais do Cazengo, do Dondo, do Ambaca e do

Golungo Alto, que são Municípios com 103.102, 70.000, 48.777 e 34.154 habitantes,
respectivamente (dados referentes ao ano de 2005). Mesmo para os Comandos
Municipais que possuem comunicações, estes têm-se deparado com inúmeras
dificuldades, desde equipamento obsoleto, em mau estado, problemas atmosféricos, etc,
o que tem condicionado na tramitação das comunicações a tempo oportuno.

189 Estamos a citar as Esquadras dos Municípios do Bolongongo (28.013 habitantes), Kiculungo (12.423

habitantes), Lucala (13.383 habitantes), Samba-Cajú (30.833 habitantes), Ngonguembo


(7.904) e Banga (7.541 habitantes), respectivamente.
(61)
50

esse efeito das administrações municipais190, o que tem provocado transtornos na


tramitação das informações em tempo oportuno.

4.6. Articulação de dados entre os serviços de inteligência e a investigação


criminal.

Na Polícia angolana existem vários órgãos191 responsáveis pela recolha de informação,


mas o GEIA é o único responsável pelo estudo, análise e produção de informações de
âmbito policial.

A Direcção de Investigação Criminal é o órgão da PN encarregue “genericamente de


investigar crimes ou delitos e a descoberta dos seus autores, (…) e a instrução
preparatória dos respectivos processos crimes”192

290
.

Ao SISE193 cabe exclusivamente a produção de informações destinadas a garantir a


segurança interna e necessárias a prevenir a sabotagem, o terrorismo, a espionagem e a
prática de actos que, pela sua natureza, possam alterar ou destruir o normal
funcionamento das instituições democráticas do Estado de Direito constitucionalmente
estabelecido em Angola.

Segundo Morgado, à investigação criminal o que importa é a determinação real da


conduta e a sua imputação ao agente, ao passo que às informações o que interessa é o
estudo dos factos, dos fenómenos e das actividades, e não tanto as condutas concretas
dos agentes concretos e que, a estes, aliás, apenas interessarão para a compreensão do
fenómeno mais amplo (Morgado, 1998:88).

Neste contexto, a investigação criminal e o SISE movem-se em planos diferentes, pese


embora concorrerem ambas para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas.

Para a investigação criminal é de extrema utilidade e até necessidade194 o


conhecimento do fenómeno na sua globalidade e o modus operandis genericamente
utilizado (Morgado, 1998:88). Por outro lado, o Serviço de Inteligência tem uma missão
específica, pese embora a determinação da conduta do agente feita pela Polícia195
poder ajudar à compreensão e à previsão do facto por parte dos serviços de inteligência.

190

As Administrações municipais são as Sedes do Governo nos municípios e que aos fins-
de-semana encontram-se encerradas, dificultando deste modo as operações e
actividades da polícia nestes municípios.

191 Estamo-nos a referir à Direcção de Investigação Criminal, à Direcção de Ordem Pública, à Direcção de

Inspecção e Fiscalização de Actividades Económicas, à Direcção de Viação e Trânsito e


ao GEIA.

192

Vide artigo 32.º, n.º1 do EOPN.

193 Ao SISE também importa determinar se os crimes praticados são susceptíveis de perigar a segurança

interna, bem como conhecer os seus modus operandis.


291
194 Essa necessidade é sentida na sua generalidade quanto mais complexa se mostrar a criminalidade.  195
(62)
51

Para bem da eficácia do combate ao crime e da defesa do Estado impõe-se uma efectiva
cooperação entre o SISE e a investigação criminal, que, no nosso ponto de vista, se
movem em sentidos não totalmente convergentes, não existindo, portanto, conflito ou
concorrência, para que desta feita cada uma das áreas (informações e investigação
criminal) possa tirar o máximo de rendimento das áreas de actuação específica
(Morgado, 1998:89).

O serviço de inteligência assenta na utilização de informações para a produção de


informação consolidada. Por outro lado, a Polícia de Investigação Criminal abrange o
tratamento, registo e difusão, à escala nacional, das informações relativas a prevenção e
à consequente investigação de crimes. Neste sentido, somos da opinião de Rodrigues
quando afirma que os serviços de informações deverão terminar a sua missão no preciso
limite em que começa a missão de investigação criminal (Rodrigues, 2002:229). Não nos
devemos esquecer que “o papel fundamental das informações é o de reduzir as
incertezas” (Bispo, 2004:84).

No Comando Provincial do Kuanza-Norte a articulação de dados entre estes dois órgãos


não é muito frequente, visto que apenas ocorre em casos excepcionais e em matéria de
relevante interesse para o Estado.

Pensamos que a articulação de dados seria muito benéfica para a coordenação e eficácia
do combate ao crime, que apenas terá sucesso se a informação obtida for partilhada
entre os diversos actores do sistema de segurança interna e defesa do Estado.

4.7. Plataforma digital para a troca de informação entre os diversos órgãos


da Polícia Nacional de Angola.

A Polícia Nacional de Angola precisa quanto antes de uma plataforma digital de


informação ao nível dos órgãos responsáveis pela recolha, tratamento, processamento e
produção de informação, tendo em conta o acentuado índice de desenvolvimento que o
país registou nos últimos anos. Exige-o igualmente o aumento da criminalidade, cujo
combate apenas pode ser feito através da cooperação e coordenação em matéria de
informações policiais, em tempo oportuno e alimentando a PN de informações196,
permitindo deste modo associações entre pessoas, objectos, locais, etc.

292
196 Neste sentido, podemos afirmar que a falta de uma plataforma digital de dados dificulta a investigação de

crimes a nível nacional e local (a nível da Direcção Provincial de Investigação Criminal, da


Direcção Provincial de Investigação e Inspecção de Actividades Económicas, bem como a
nível das Esquadras e Postos policiais).
(63)
52

O Sistema Estratégico de Informação, Gestão e Controlo Operacional (SEI), em


funcionamento na Polícia de Segurança Pública (PSP), parece-nos ser uma ferramenta
operacional imprescindível e interessante para a PN. O SEI visa dotar a Polícia, em tempo
útil, da informação necessária para o cumprimento da sua missão, com rapidez e
economia de meios. Tem como objectivo permitir o controlo e gestão de toda a
actividade operacional diária da força policial, incluindo registos de ocorrências (como
furtos, roubos de viaturas e denúncias) em que a PSP é chamada a intervir.

Deste modo, através de um repositório único de informações, qualquer elemento


policial passa a aceder à totalidade dos dados relativos a ocorrências policiais ou
características de criminosos, independentemente da sua localização geográfica. Tem
por objectivo assegurar a criação, manutenção e disponibilização dos dados necessários
e relevantes à actividade operacional e de gestão da PSP, garantindo a sua actualização,
coerência, integração e acessibilidade em tempo útil e de forma segura pelos agentes.

Uma das vantagens do SEI é a libertação, para o serviço operacional, de efectivos antes
afectos a funções administrativas, agilizando igualmente a operacionalidade da PSP, a
todos os níveis, desde o patrulhamento ao policiamento de proximidade, manutenção
da ordem pública e investigação. Evita ainda os casos de sobreposição de trabalho.

O moderno sistema de gestão é a alternativa ao tradicional modelo demasiado


dependente de procedimentos rígidos e burocráticos, para que a Polícia não perca o
comboio da "sociedade de informação". Com o sistema centralizado de informações em
operação nessa altura, é possível, por exemplo, fazer circular, em tempo real e em todo
o país, dados sobre problemas com claques organizadas ou actos de vandalismo.

Neste sistema é tratada tanto a informação operacional como a informação de gestão.


Estamos assim na presença de um serviço de qualidade, com vista a racionalizar os
processos de trabalho no seio da PSP. Como aponta José Leonardo197 (2005), os
principais objectivos do SEI são:

293
 Dotar o dispositivo de um sistema de informação de suporte aos seus processos
operacionais;

 Promover a uniformização e optimização de procedimentos;  Potenciar uma nova


forma de actuação, mais eficaz e eficiente;  Promover e viabilizar a efectiva integração
e partilha de informação.

197
(64)
53

Logo, garantir a criação, manutenção e disponibilidade da informação necessária ao


apoio à actividade operacional da Polícia e às tarefas de suporte às mesmas, garantindo
a sua qualidade e um acesso seguro e imediato, que podem ser delineadas como os
grandes objectivos que estiveram na raiz da adopção do SEI pela PSP198.

O SEI é uma infra-estrutura informática desenvolvida na PSP desde 2004, integrando


informação operacional e de gestão. Esta ferramenta oferece inúmeras vantagens no
âmbito das informações pois permite criar, manter e disponibilizar em tempo real,
informação a qualquer elemento com acesso ao mesmo, independentemente da sua
localização, mediante adequado processo de credenciação, bem como permite um
aumento da velocidade na troca de informações internas199.

No domínio do processo de produção de informações, apuramos que o SEI, na pesquisa


e recolha de notícias, tem um potencial extraordinário, com milhares de polícias a
inserirem dados diariamente. A sua disseminação na malha urbana possibilita à PSP uma
privilegiada aquisição de um factor crítico nesta matéria – a informação de rua. Tem-se
demonstrado que, com a implementação do SEI na PSP, o serviço de atendimento ao
público tem sido um êxito com um número elevado de queixas feitas pelos cidadãos e
consequentemente a resolução dos vários problemas.

Pensamos que o Comandante de Esquadra poderá e deverá ter um papel crucial na


resolução dos problemas criados pela falta de qualidade dos dados inseridos, uma vez
que, diariamente, ao fazer o despacho do expediente, pode verificar se o mesmo foi
elaborado convenientemente, se os EEI foram mencionados, bem como se a notação da
ocorrência foi a correcta, visto em muitos casos surgirem dúvidas por parte dos agentes
sobre o enquadramento criminal de determinadas ocorrências.

Segundo Alfredo Nhime200, a criação de uma base de dados será muito benéfica para a
PN. Refere ainda que está em curso o estudo para a implementação de uma base de
294
dados informatizada a nível do Comando Geral. Esta ideia partiu dos órgãos centrais e a
sua criação e materialização depende apenas da direcção do Comando Geral e que a
breve trecho teremos este sistema implementado na PN.

198 In Apresentação de José Leonardo, Sistema Estratégico de Informação e Gestão Operacional, na DNPSP,

em 2005.

199 Uma vez que o SEI efectua as trocas de informação por meios informáticos, estas são efectuadas com

muito maior rapidez comparativamente às trocas de informações feitas por suporte


papel, como por exemplo, através de fax.

200
(65)
54

Por seu lado Óscar Manuel Soáres201 diz que este sistema tornaria mais célere
o processo de antecedentes criminais, tanto de indivíduos prófugos como do seu
modus operandi, bem como a descoberta da existência de novos grupos de marginais ou a
sua desintegração. Refere ainda que, actualmente, continuamos a trabalhar com fontes
documentais (papel) que obviamente têm limitações quando se trata de aceder ao
histórico completo de um determinado suspeito.

Soares acresce que o Comando Geral também não está alheio a esta situação, e até
porque a polícia angolana faz parte da INTERPOL e o intercâmbio de
matéria/informação é necessário para o desempenho cabal dos seus compromissos
policiais internacionais. Refere ainda que é uma questão de investimento, mas que por
enquanto não existe uma base de dados digital, facto que tem dificultado bastante a
busca de antecedentes de elementos relativos a suspeitos da prática de crimes, em
tempo real e oportuno.

Já Assunção Bengui202 diz que existe muita dificuldade na criação de uma base de
dados, existindo um imenso esforço por parte do Comando Geral e por parte do
MININT para a implementação de uma base de dados a nível nacional. Refere ainda que
no PC do Comando Provincial do Kuanza-Norte verifica-se uma carência generalizada de
meios, começando pela falta de computadores, inexistência do sinal da internet, bem
como a falta de uma base de dados. Os documentos muitas vezes são redigidos numa
máquina dactilógrafa e que o suporte de papel é o principal meio utilizado, tendo nesse

295
momento um arquivo excessivo que não tem permitido a consulta de documentos de
vária índole.

Pensamos que uma base de dados semelhante ao SEI em vigor na PSP será uma grande
valia para que os diversos órgãos da PN possam trocar informações em tempo
oportuno, dando maior operacionalidade e produtividade dos órgãos operativos,
principalmente o de investigação criminal como principal órgão operativo da PN.

4.8. Modernização das infra-estruturas e apetrechamento técnico material de


meios de informação

Ao longo das entrevistas efectuadas, os autores queixaram-se imenso das dificuldades


com que o Comando se tem debatido, essencialmente da falta de meios materiais

201

Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 9.

202 Segundo entrevista ao Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-Adjunto do Posto de Comando

Provincial do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 01 de Janeiro de 2010, ao autor do


presente trabalho (ver anexo II, pergunta 10).
(66)
55

(comunicações), que não podíamos deixar de referenciar. É de referir que a atribuição de


meios materiais é da competência do Comando Geral, através dos recursos financeiros
do Orçamento Geral de Estado que são atribuídos à PN.

A escassez de meios de comunicações tem sido um dos factores cruciais da demora da


chegada da informação certa, no momento certo, aos órgãos competentes, gerando
impasse na tomada de decisão.

No ponto 3.1 do Programa de Modernização e Desenvolvimento está expressa a


necessidade de se desenvolverem programas de apetrechamento em meios de
comunicação que permitam: a interligação entre as diversas esquadras, postos policiais,
postos fronteiriços e patrulhas apeadas e motorizadas; a extensão do sistema de
comunicação truncking aos comandos provinciais, assim como a informatização dos
órgãos da PN, com prioridade para os órgãos operativos; a comunicação por VSAT203; e
o controlo electrónico do tráfico rodoviário (radares e alcoómetros).
296
Alfredo Nhime204 refere que o Comando Provincial, em termos de meios de
comunicação, vive uma realidade péssima, o que tem dificultado o Policiamento de
Proximidade. Adianta ainda que, em alguns comandos municipais e esquadras, têm-se
utilizado os meios de comunicação pertencentes às administrações municipais. Por
outro lado, as acções policiais não ocorrem apenas em horário diurno, ao contrário dos
serviços municipais, o que inviabiliza a disponibilização dos meios de comunicação
daqueles serviços durante a noite.

Por sua vez, Soares205 referencia que as deficiências nas comunicações afectam
negativamente e de forma acentuada a eficácia da Polícia, visto não permitirem a troca
oportuna, precisa e actual da informação, nomeadamente, a relacionada com
ocorrências policiais urgentes. Por outro lado, segundo ainda o autor, os meios de
comunicações estão obsoletos e fora do contexto actual.

A nível de cobertura, Soares refere que os meios de comunicação são insuficientes “visto
que mesmo na sede nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio
emissor/receptor, dando-se prioridade aos grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em

203 Comunicação efectuada via satélite.

204 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,

dada no dia 30 de Dezembro de 2009, ao autor do presente trabalho. Vide anexo I,


pergunta 7.

205
(67)
56

suma, em termos de comunicações, o Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN


encontra-se abaixo da média”206

Por seu turno Bengui afirma que as comunicações no Comando Provincial do Kuanza-
Norte são muito deficientes. Acrescenta que os equipamentos que o Comando possui
“são de uma geração já ultrapassada e que são necessários meios de comunicação que
correspondem com à realidade do País, sendo que, em algumas circunstâncias, a
297
comunicação entre alguns comandos municipais é impossível, e até mesmo com o
Comando Sede (Provincial), devido à debilidade que se regista em alguns meios de
comunicação, o que tem dificultado a troca de informação entre os diversos órgãos”207

Como afirma António Bispo, “a maior abertura existente na divulgação da informação,


proporcionada pelas comunicações globais, poderá facilitar, em certa medida, os
serviços de informações” (Bispo, 2004:78).

Para os cerca de 4.200 efectivos que compõem este Comando, apenas existem 251
equipamentos de comunicações208, sendo que 162 meios são meios informáticos (41
monitores operacionais, 41 Computadores, 33 impressoras, 34 Unidades de
Processamento do Sistema, 10 Scanner, 2 computadores portáteis e 1 servidor).

Por sua vez209 os meios de telecomunicação cifram-se em 89, figurando nestes 30


telefones, 21 rádios de comunicação de marca Motorola de alta frequência (VHF), 08
rádios de comunicação de marca Motorola Emissor/Receptor de curta frequência (HF), 1
repetidor, 28 micros e 1 amplificador.

Podemos afirmar que a débil condição com que se debate o Comando Provincial do
Kuanza-Norte da PN, em termos de meios de comunicações, é o factor que mais
contribui para que a informação não chegue a tempo oportuno210, para que se possa
tomar decisões adequadas. Como afirma Cardoso as informações para serem úteis
devem ser adequadas, oportunas e bastante precisas (Cardoso, 1993:137).

206 Idem.

207 Segundo entrevista ao Intendente André Pedro Bengui, entrevista ct., pergunta 7.

208 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da

Polícia Nacional de Angola 2009. Como virmos a situação em meios materiais do


Comando Provincial,

principalmente de comunicações é péssima, agravada ainda mais com os meios


obsoletos que possui.

209 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da

Polícia Nacional de Angola 2009.


298
210
(68)
57

CONCLUSÃO

Concluída a Problemática das Informações na Polícia Nacional de Angola - O Caso do


Comando Provincial do Kuanza-Norte, e depois de esboçada toda a base conceptual nos
dois primeiros capítulos do nosso trabalho, chegamos à conclusão. Impõe-se que agora
se reflicta sobre os vários assuntos abordados, bem como se verifique se foram
cumpridos os objectivos traçados no começo do estudo e se confirme ou contrarie as
hipóteses levantadas.

A realidade da república de Angola mostra-se risonho a contar com os altos índices de


desenvolvimento que o País vem apresentando, o que foi tratado no primeiro capítulo.

Relativamente ao segundo capítulo, lançaram-se as bases conceptuais sobre a


informação, as informações policiais e tomada de decisão. Este início assumiu uma
especial importância pelo facto de não haver consenso, em termos doutrinais, quanto à
definição de alguns conceitos que abordamos. Demos igualmente a conhecer aspectos
relacionados com a actual situação da República de Angola e da Polícia Nacional, que se
mostraram cada vez mais desenvolvidas, tendo em consideração que a paz foi alcançada
em 2002. Uma questão primordial referida foi a análise do crime, que pode ajudar um
decisor sobre o que está a acontecer e o porquê, dando uma maior compreensão de
padrões da criminalidade e as tendências. Sem esta análise criminal, as pessoas que têm
de tomar decisões que afectam a segurança e a integridade das comunidades não terão
acesso à informação vital e essencial para um bom planeamento e estratégia. Por último,
tratamos da análise criminal como factor decisivo na tomada de decisão.

No terceiro capítulo tratamos das informações na Polícia Nacional de Angola, em que


fazemos referência ao historial das informações em Angola, ao enquadramento legal das
informações e segurança, sendo que esta última configura-se como um dos principais
objectos da actividade policial. Referimo-nos igualmente ao GEIA como principal Órgão
responsável pelas informações na polícia. Por último, tratamos dos sistemas e níveis de
informação que se apresentam como um instrumento no desenrolar da actuação policial
e da produção de informações.

299
Para terminar, debruçamo-nos sobre com a problemática das informações na PN,
reflectindo sobre o caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte, em especial, a falta
de uma base de dados para a troca de informação entre os diversos órgãos responsáveis
pelas informações na Polícia angolana. A investigação criminal como principal Órgão
Operativo,
(69)
58

carece de uma base e consequente articulação de dados com os diversos órgãos e


serviços de informações, que até agora tem-se mostrado infrutífera.

É de realçar que uma das principais causas da demora da acção policial, em termos
operacionais, prende-se com a carência de meios de comunicação e motorizados, visto
que a informação chega demasiada tarde.

Por outro lado, o Policiamento de Proximidade, que está a ser implementado na PN


desde 2003, com o Programa de Modernização e Desenvolvimento, regista ainda
algumas insuficiências relacionadas com a própria formação dos agentes, visto que o
policiamento preventivo deve substituir o reactivo (modelo tradicional). Assim sendo,
somos de opinião que as escolas, os comandos provinciais, comandos municipais e
esquadras, comecem a empreender o patrulhamento de proximidade que basear-se-á
no ostensivo secreto e preventivo, bem como da vertente preventiva de proximidade,
tendo em atenção o Estado de Direito Democrático e não Democrático de Direito.

O desenvolvimento acentuado na área das infra-estruturas, o aumento das vias de


comunicação, bem como o próprio desenvolvimento humano em Angola, implicam que
a PN se procure munir de melhores meios materiais, essencialmente de comunicação,
melhorando assim a sua eficácia e eficiência e, como consequência, a informação ser
atempada e oportuna. Para isso, os comandantes municipais e das esquadras devem ter
o conhecimento dos factos para que possam tomar decisões racionais. Segundo
Chiavenato, as pessoas tomam decisões racionais quando os meios e os fins são
adequados, mas apenas em relação aos aspectos da situação que conseguem perceber e
interpretar (Chiavenato, 1993:562).

O modelo de tomada de decisão é baseado em reuniões do Conselho Consultivo


Normal211 e Alagardo, que são feitas diária, semanal, trimestral e semestral entre todos
os membros desse Conselho.

300
Assim sendo, tivemos como primeiro objectivo a criação de uma base de dados para a
troca de informações entre os vários órgãos de informação e investigação criminal a
nível da PN, matéria que foi abordada no quarto capítulo, onde realçamos a importância
que o SEI, em funcionamento na PSP, teria para a Polícia angolana. Como esta ainda não
possui uma base de dados a nível nacional, tal ferramenta será uma mais-valia para o
normal funcionamento dos órgãos da PN e consequente produção de informações.

211 As reuniões do Conselho Consultivo Normal são efectuadas todas as semanas para se debater aspectos
(70)
59

O segundo objectivo prende-se com a demonstração do actual quadro das informações


policiais em Angola, o que foi confirmado no terceiro capítulo. Aí, debruçamo-nos sobre
os Sistemas e níveis de informação na PN, como principal instrumento na recolha e
produção de informação. O GEIA como responsável pela análise e processamento final
das informações, assim como dos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado, é um
Órgão ligado à produção de informações essencialmente afectas a própria segurança do
Estado.

Por último, definimos como terceiro objectivo a reflexão sobre a carência de meios
materiais e humanos para o normal funcionamento e produtividade dos órgãos ligados
às informações policiais em Angola, que esboçamos igualmente no quarto capítulo, e
que representa uma das maiores dificuldades da não aplicação das técnicas e métodos
do Policiamento de Proximidade com eficácia e rigor.

Quanto às hipóteses inicialmente levantadas, verificámos que o actual quadro com que
se apresenta a República de Angola, tendo em conta o seu acelerado nível de
desenvolvimento, faz com que as informações policiais sejam cada vez mais eficazes e
eficientes. Para tal, a PN necessita de uma base de dados a nível nacional. Verificamos
igualmente que uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas
estejam dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste
modo a sua preparação/formação profissional nesta área. Estas hipóteses foram
igualmente confirmadas pelos autores que nos concederam as respectivas entrevistas.

Recomendamos que seja criada no mais breve espaço de tempo possível uma base de
dados digital que servirá para uma recolha e produção de informações a nível de todas
as forças policiais, proporcionando deste modo uma maior circulação da informação
entre todos os órgãos da PN em tempo oportuno. Sugerimos igualmente que os
especialistas de informação e análise estejam capacitados para poderem recolher e

301
analisar informações, as quais devem conter todos os elementos essências e necessários
para que os responsáveis para a tomada de decisão possam tomar essas decisões de
forma precisa e eficaz.

O Autor

Bartolomeu Miguel Neto


(71)
60

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308
Artigos de Jornal
(76)
65
(77)
66

LISTA DE ANEXOS

Anexo I - Entrevista ao Sr. Intendente Alfredo Nhime.

Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui. Anexo III - Entrevista ao
Sr. Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres. Anexo IV - Lei de Segurança Nacional.

Anexo V - Organograma da Polícia Nacional de Angola.

Anexo VI - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional.


Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola.

Anexo VIII - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade.

- Subsistema Formal. - Subsistema Informal.

Anexo IX - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise. - Organograma


para Órgãos Operativos.

- Organograma para Comandos Provinciais. - Organograma para Órgãos de


Asseguramento. Anexo X - Desagregação das Informações Policiais. Anexo XI - Fases da
Tomada de Decisão.

Anexo XII - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


Informação. Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da
Decisão.

Anexo XIV - Frequência da Repetição da Decisão.

Anexo XV - Estrutura da Informação, no Processo de Decisão. Anexo XVI - Hierarquia das


Decisões na Gestão.
309
Anexo XVII - Principais Defeitos da Tomada de Decisão. Anexo XVIII - Ciclo de Produção
de Informações.

Anexo XIX - Processo de Produção de Informação.

Anexo XX - Análise Criminal da Informação - Fins e Métodos de Análise. Anexo XXI -


Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola.

Anexo XXII - Plano de Modernização e Desenvolvimento da Polícia Nacional Angolana.


Anexo XXIII - Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola.

Anexo XXIV - Estatuto Orgânico do Comando provincial do Kuanza-Norte da Polícia


Nacional.
(78)
67
(79)
68

Anexo I - Entrevista ao Sr. Intendente Alfredo Nhime

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de


curso de Mestrado Integrado em Ciências Policias, sobre o tema principal
INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL DE


ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data/Hora: 30 de Dezembro de 2009, pelas 09H30'.

Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de Angola, Gabinete do


Senhor Director do GEIA.

Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da


PSP. Entrevistado: Senhor Intendente Alfredo Nhime, Director do Gabinete de
Estudos, Informação e Análise do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia
Nacional de Angola.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Director, o que é o GEIA e como está estruturado?

310
Resposta (R) AN: O GEIA é um Gabinete de Estudos, Informação e Análise, ele está
estruturado em áreas operativas e administrativas, também temos uma área de
organização, responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar,
tratar e enviar aos órgãos de direito dos demais níveis de informação do Comando
Geral, todo o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa do Comando
Provincial.

P 2 BMN: A Lei de Segurança Nacional é um instrumento essencial para a PN. Os


especialistas de informação e análise têm conhecimento desta lei? E a Constituição da
República de Angola?

R AN: Bem, o funcionamento não só dos órgãos de informação, mas da própria


sociedade rege-se por lei. Na corporação o nosso lema é manter a ordem e a
tranquilidade públicas e tem sempre como suporte as leis vigentes na República de
Angola entre as quais a Constituição da República de Angola.
(80)
69

P 3 BMN: A formação que é ministrada aos especialistas de informação e análise é


suficiente para que estes desempenhem as suas funções com clareza e precisão?
Actualmente todos os elementos afectos a área de informação do GEIA/CPKNPN têm
formação especializada? R AN: O suficiente não, porque o homem tem que estar em
constante formação, e até, é um programa consentido pelo CG e está em cumprimento
em todos os órgãos da Polícia Nacional (PN) em todo o País, que é a formação contínua.
Neste aspecto, nós aqui no GEIA constantemente temos envidado esforços em
reciclagens, no que concerne a reactualização dos níveis de informação ou das Normas
de Execução Permanente (NEP) e de especialidade. Mas também a nível central, temos
enviado especialistas para cursos de especialidade em que os instrutores/formadores
são internacionalistas cubanos.

P 4 BMN: Qual é aproximadamente o número de efectivos afectos ao Comando


Provincial do Kuanza-Norte da PN.

R AN: Aproximadamente o número de efectivos no Comando Provincial do Kuanza-


Norte da Policia Nacional de Angola é de 4.200 efectivos, estando próximo dos 5.000
efectivos.

P 5 BMN: Como Director do GEIA, qual é a informação necessária para que os Órgãos
Operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

311
R AN: Primeiro é que os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho Operativo
Secreto (TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que lhe rodeia, numa interacção
constante entre Cidadão - Polícia e vice-versa, neste caso estaremos a falar do trabalho
de proximidade, porque o polícia independentemente de pertencer a sociedade,
também deve viver os problemas da própria sociedade, e só assim é que poderá actuar.
Tenho dito, nas aulas que lecciono (em matéria de informação) que se o Polícia não
estiver informado dos problemas que vive a sociedade, não cumprirá com o seu
verdadeiro papel, ele vai na rua apenas como um elemento fardado a polícia e não
como um polícia na rua, porque ele não sabe dos problemas que vive a sociedade na
qual está inserido.

P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?

R AN: Primeiro é que a segurança do cidadão começa por ele próprio, isto porque,
imaginemos que o cidadão, e como se diz que a ocasião faz o ladrão, o cidadão vai para
a cama e deixa as portas abertas, ou que não repara se as janelas ou portas estão
fechadas, neste
(81)
70

caso quando o ladrão chegar só será entrar sem esforço nenhum, e neste caso a ocasião
faz o ladrão. Então a própria segurança começa mesmo pelo próprio cidadão, o Polícia é
e será apenas complementar.

P 7 BMN: Qual tem sido a principal tarefa da Policia Nacional de Angola.

R AN: A principal tarefa da PN continua a ser a prevenção. Bem ai está a própria essência
da Polícia, a prevenção do crime e não combater. A Polícia como instituição foi
concebida para a prevenção, mas quando acontecem delitos já há a necessidade de
combater o crime. Então em primeiro plano está a prevenção e em segundo plano a
reacção (combate). As causas que estão na base da criminalidade, aponto em primeiro
lugar o desemprego, o que não quer dizer que as pessoas empregadas não cometem
crimes, mas uma maior percentagem é mais com pessoas desempregadas. Assim sendo,
os crimes contra as propriedades ocupam o primeiro lugar como furtos, roubos. Por
outro lado, também encontramos como causa no cometimento de crimes a ingestão de
bebidas alcoólicas, em que as ofensas corporais (graves ou simples) ocupam o primeiro
lugar, porque a pessoa com excesso de álcool no sangue é mais vulnerável no
cometimento de ofensas corporais e que, geralmente podem também surgir questões

312
passionais, problemas de ciúmes, desentendimento entre amigos/amigas, isto porque
depois de uma festa ou convívio, já ninguém consegue entender o outro,
desentendendo-se surgindo a força dos músculos dando origem a ofensas corporais.

P 8 BMN: As comunicações constituem uma ferramenta indispensável para o normal


funcionamento de qualquer organização/Instituição. No seu ponto de vista, como está a
situação das novas tecnologias a disposição do Comando Provincial do Kuanza-Norte,
tendo em consideração o nível de desenvolvimento que o País está a registar.

R AN: Bem na nossa Polícia em termos de comandos municipais, concretamente o nosso


Comando Provincial em termos de comunicações estamos mal/péssimos, é só para ver,
que dos dez (10) municípios que a Província e consequentemente o nosso Comando
possui, apenas podemos contar os comandos municipais com comunicações, porquanto
as esquadras não possuem, dependendo em termos de comunicações das
administrações municipais e, geralmente uma área operativa depender de uma área
administrativa é um pouco complicado, porque geralmente a Polícia não tem fronteiras,
quer aos fins-de-semana, como em período nocturnos, trabalhando desta feita a
qualquer dia, hora ou local. Então se dependermos de uma área administrativa e que
pertence a um outro organismo (Governo Provincial) e com um
(82)
71

único período laboral já se torna complicado. Mesmo para os comandos municipais que
possuem comunicações, têm deparado com inúmeras dificuldades desde equipamento
obsoleto, em mau estado, não suportando problemas atmosféricos, etc, o que tem
condicionado em grande parte na tramitação das informações a tempo oportuno.

P 9 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?

R AN: A cooperação tem sido a dois níveis (Interno e Externo). A nível interno são feitos
entre os diversos órgãos que constituem esta corporação (Investigação Criminal, Ordem
Pública e Posto de Comando principalmente), e a nível externo são feitos com órgãos
como as Forças Armadas Angolanas (FAA), os Serviços de Inteligência do Estado e
outros órgãos até mesmo do Ministério do Interior (MININT) e que tem sido bastante
benéfico. A nível interno tratamos como se fosse um só homem. Tratando da Direcção
Provincial de Investigação Criminal (DPIC), como se sabe, é o Órgão operativo da PN, e
na qual tem como suporte principal a informação para o desempenho normal das suas

313
atribuições. A Direcção Provincial de Ordem Pública (DPOP) geralmente é o tal sistema
de todo um agente de autoridade, independentemente da especialidade de cada um
todos somos agentes da ordem pública e incorpora os Oficiais Operativos (O/O), as
Pessoas de Confiança (P/C), e ainda os Colaboradores Secretos (C/S) e a sua actividade
prende-se com a recolha de informação. P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta
entrevista baseia-se com a inexistência de uma base de dados (onde toda a informação
de âmbito criminal e não só é inserida para futuras consultas) a nível da Polícia Nacional
de Angola. O que tem a dizer sobre isso?

R AN: A princípio diríamos que, a criação de uma base de dados será muito benéfico
para a nossa corporação. É de salientar que este estudo já está em curso e avançado a
nível do Comando Geral. Em todos os encontros operativos, reuniões já está a ser
debatido esta questão, e penso que o problema, deve ser por questão de tempo para se
materializar. Esta ideia partiu dos órgãos centrais do Comando Geral e a sua criação e
materialização depende apenas do Comando Geral e penso que a breve trecho
poderemos ter este sistema implementado na Polícia Nacional de Angola.
(83)
72

P 11 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?

R AN: Geralmente a tomada de decisão depende sempre das probabilidades estatísticas,


isto é, com base no fluxo de informação, quando variadíssimas informações o GEIA
recepcionar, teremos que ter uma decisão a tomar e não deve ser antes da comprovação
de dados ou informação, a não ser um caso urgente mas que vai merecer uma análise
profunda. Por exemplo, podemos ter a informação que no sitio X aconteceu um crime,
devemos em primeiro lugar ter em atenção os modus operandis que os marginais
utilizaram, porque eles (marginais) poderão alterar os seus modus operandis, porque
também são astutos e que, neste caso só a repetição de um crime numa determinada
localidade é que geralmente já exige a tomada de decisão por parte de quem de direito.

P 12 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está


implicada com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta
de cooperação entre estes?

R AN: Muitas vezes o problema não é da demora, a própria técnica em si de investigação


principalmente nos locais de sucesso, muitas vezes também implica para que o processo
não seja tratado em tempo oportuno. Principalmente quando se trata de casos de

314
investigação e que exige um trabalho operativo secreto e muitas vezes não temos os
meios, nem a técnica disponível e que se exige para o esclarecimento oportuno desses
casos. Penso que no fundo há muitos elementos que intervêm para que os processos
não sejam apresentados a tempo devido a quem de direito, isto é, ao Ministério Público.
Quando também não há a colaboração principalmente das vitimas, deixando deste
modo que a Polícia descubra tudo é complicado e atrasa a celeridade do processo.
Repito que a falta de meios e técnica necessária para o descobrimento de crimes é um
dos factores da morosidade de muitos casos aqui no Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Policia Nacional de Angola.

P 13 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a


desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informações?

R AN: Bem o Policiamento de Proximidade é um modelo que geralmente satisfaz as


exigências actuais da sociedade, principalmente das pessoas mais vulneráveis, falamos
nos
(84)
73

casos dos idosos, das crianças, bem como também nas escolas, e outras áreas afins. Diria
que a polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto
permanente com as pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da
situação operativa da sua área de jurisdição, estamos a falar concretamente dos O/O,
dos Chefes dos Serviços de Sectores, porque eles têm a missão de fazerem o
acompanhamento dinâmico do próprio sector, o movimento demográfico e geralmente
essa situação só é possível com o contacto permanente com as pessoas que ali residem,
como as Autoridades tradicionais, idosos, visto que eles têm a informação, sabem quem
é, e qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao crime, os sítios
geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de malfeitores, onde
traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher informações
benéficas para a actividade policial. O Policiamento de Proximidade tem neste sentido
um papel fundamental e crucial em que as forças no terreno vão descobrir os infractores
para que depois possamos tomar a decisão, direccionando as forças para a actuação.

P 14 BMN: A recolha de informação por parte do GEIA não conduz à duplicação de


recursos com outras entidades como a Direcção Provincial de Investigação Criminal,
Direcção Provincial de Ordem Pública e a Direcção Provincial de Investigação e
Inspecção de Actividade Económicas em determinados crimes? Se sim, como evitar?

315
R AN: Não tem acontecido, o GEIA é o órgão que como já frisamos atrás, de recepção,
tratamento, estudo e divulgação da própria informação. Quer dizer que, todos os outros
órgãos como a DPIC, DPOP, DPIIAE, cada um a seu nível, quando recebem uma
informação, tratam desta e canalizam ao GEIA para o tratamento final da informação
para dar conhecimento a direcção do Comando para a tomada de decisão.

P 15 BMN: As informações policiais recolhidas pela PN e as do SISE são de âmbitos


diferentes? Não existirá uma duplicação de competências?

R AN: Geralmente toda a informação que é pública é geralmente com as forças da


Ordem Pública. Na recolha de informação os Oficiais Operativos dos SISE têm um
carácter secreto para o descobrimento do delito, isto é, descobrem mas não actuam,
porque têm as forças da ordem, dando apenas a conhecer para que estas (Forças de
segurança) possam dar o tratamento final.
(85)
74

P 16 BMN: A regulamentação existente para a prática de recolha, tratamento e produção


de informações na PNA é, então, suficiente ou deficiente?

R AN: Existe, tudo é a base de regulamentos, metodologias e também com base em


Normas de Execução Permanente (NEP).

P 17 BMN: Havendo a possibilidade de as Forças de segurança poderem recolher


informações para além das informações criminais, que âmbitos de intervenção deviam
ser abrangidos por essas informações?

R AN: Bem a informação não é só a polícia, a informação cabe a todos nós (Angola), só
que o tratamento é que depende de um Órgão especializado, senão a informação é de
toda a sociedade. Imaginemos que um acidente é presenciado por pessoas
especializadas e a sociedade (pessoas), mas cada um irá informar a sua maneira. Neste
caso os órgãos especializados são chamados para o tratamento final e dar a sequencia
devida.

P 18 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?

R AN: A segurança não depende só dos órgãos especializados, mas sim de todos os
elementos de uma determinada sociedade. Os elementos ligados a segurança pública
316
ou segurança privada também fazem parte do subsistema do sistema de segurança
pública. São elementos do subsistema e no entanto fazem parte da segurança, só que o
problema é que ele pode actuar mas não dá o tratamento. Tem que fazer o
encaminhamento aos órgãos de direito que é o caso da Polícia, que está especializado
em matéria de segurança e reposição da ordem e tranquilidade públicas.

P 19 BMN: Senhor Director, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.

R AN: Diríamos que tudo foi dito, só para dizer que tratando da segurança pública é um
assunto sério, porque toda a sociedade quando é insegura, toda a gente reclama
problema do Estado. Então neste sentido, todos os elementos são chamados a
responsabilidade, cada um a seu nível a tratar de segurança. A segurança começa dentro
de mim e depois dos outros. Isso quer dizer que, no caso do cidadão, não quer dizer que
como a polícia já esta a realizar
(86)
75

policiamento nas ruas pode dormir com as portas abertas, mas sim, deve criar condições
para a sua própria segurança para que depois os outros organismos o venham
complementar.
(87)
76
(88)
77

Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de


curso de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, sobre o tema principal
INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL DE


ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data: 01 de Janeiro de 2010,

317
Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte de Angola, Gabinete do Senhor Chefe-
Adjunto do Posto de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia
Nacional.

Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da


PSP. Entrevistado: Senhor Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-Adjunto do
Posto de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de
Angola. Tendo como grau académicos o 2º ano do Ensino Superior.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Chefe-Adjunto do Posto de Comando, o que é o Posto de


Comando e como está estruturado?

Resposta (R) APB: O Posto de Comando é um Órgão de asseguramento do Comando


Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional, nele portam várias actividades e tem
como actividades principais numa primeira fase o informe do relatório constante e diário
ao Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, bem como o controle das forças, da
situação operativa a nível da Província, assim como em todas as formaturas organizar e
comandar todas as forças do Comando Provincial.

P 2 BMN: Como Chefe-Adjunto do Posto de Comando, qual é a informação necessária


para que os órgãos operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

R APB: O Posto de Comando depende das orientações de Sua Excia Senhor Comandante
Provincial e de Sua Excia Senhor 2º Comandante Provincial. O Posto de Comando recebe
diariamente as informações provenientes de todos os comandos municipais e canaliza
para o GEIA para que essa (informação) possa ser estudada e analisada para que por sua
vez o GEIA
(89)
78

canaliza para Sua Excia Sr. Comandante Provincial. Assim sendo, a informação deve ser
precisa, imediata e oportuna e que cumpra com todos os requisitos necessários.

P 3 BMN: No se ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da


criminalidade?

R APB: Posso atribuir o aumento da criminalidade a falta de nível cultural por parte da
juventude, visto que os jovens são os que mais cometem delitos. A ingestão excessiva de
bebidas alcoólicas apresentam-se como principal causa para o cometimento de crimes,
bem como a falta de emprego, associada a um baixo nível académico (muitos ainda são
318
analfabetos), que não corresponde com as actuais exigências do mercado de emprego,
enveredando desta feita para o caminho da criminalidade (em que os furtos, roubos e
violações, são as mais frequentes) como forma de suprir as suas dificuldades financeiras.
O vandalismo nas ruas em tempos de festa como é o caso desta quadra festiva (2009),
verificando-se brigas nas ruas entre jovens na faixa etária dos 18 aos 35 anos. Tudo isto
devido a falta cultural, a falta de educação familiar, que tem originado numa deficiente
educação escolar.

P 4 BMN: Quanto a formação que tem sido ministrada ao efectivo da Polícia Nacional,
tem sido benéfica para o exercício das suas funções?

R APB: Eu penso que tem havido vantagens e posso afirmar com segurança, porque o
Ministério do Interior e o Comando Geral, estão preocupados com a formação dos seus
efectivos. No passado por exemplo, posso dizer que a guerra foi uma das causas para a
não formação de maioria do pessoal afecto ao MININT e ao CG. Actualmente há
desenvolvimento a nível do nível académico do efectivo, bem como um aumento da
própria cultura do sistema policial. O Comando Geral, através de orientações e o próprio
Comando Provincial tem cumprido estas orientações, formando pessoal em termos de
Ordem Pública, Ética Policial, Técnica Policial e outras matérias através do Programa de
Modernização e Desenvolvimento em curso em todo o País, estando-se a notar
evolução. Neste momento (01 de Janeiro de 2009) está a decorrer um curso de
superação policial (técnico policial e profissional), e que tem mostrado êxitos na forma
de actuação de muitos efectivos.

P 5 BMN: Qual é aproximadamente o número de efectivos afectos ao Comando


Provincial do Kuanza-Norte da PN.
(90)
79

R APB: O número aproximado do efectivo do Comando Provincial do Kuanza-Norte é de


cerca de 4.500 homens e que tem suportado a onda de criminalidade, repondo e
mantendo a ordem e tranquilidade públicas.

P 6 BMN: Qual é o número de efectivos do Posto de Comando e se tem sido suficiente


para o normal funcionamento do PC.

R: O pessoal afecto ao PC é de aproximadamente 170 a 180 efectivos (entre


administrativos e operativos), e que tem correspondido com as exigências do Comando
Provincial, pese embora ainda em alguns postos policiais o número de efectivo ser

319
reduzido o que tem nos obrigado a solicitar o reforço/aumento do número de efectivos
do PC, devido a rotatividade do efectivo, visto ser um processo dinâmico.

P 7 BMN: As comunicações constituem uma ferramenta indispensável para o normal


funcionamento de qualquer organização/instituição. No seu ponto de vista, como está a
situação das novas tecnologias a disposição do Comando Provincial do Kuanza-Norte,
tendo em consideração o nível de desenvolvimento que o País está a registar.

R APB: Devemos ser democratas e falar a verdade. Assim sendo, quanto as


comunicações ainda é muito deficiente. Os aparelhos que possuímos são de uma
geração já ultrapassada e precisamos de meios de comunicação que corresponde com a
realidade do País, sendo que, em algumas circunstâncias a comunicação entre alguns
comandos municipais ser impossível e até mesmo com o Comando Sede (Provincial),
devido a debilidade que se regista em alguns meios de comunicação o que tem
dificultado a troca de informação entre os diversos órgãos destes comandos municipais.
Temos ainda um posto fixo no Posto de Comando com um telefone fixo que está a
ordem do Oficial Superior de Assistência (OSA) e que tem estado a facilitar a
correspondência com os diversos comandos municipais, o que não deixa de ser uma
preocupação da direcção do Comando Provincial no sentido de se adquirir meios de
comunicação que facilitem a troca de informação rápida e eficaz com os diversos
comandos municipais e não só com os diversos comandos provinciais, tendo em vista o
CAN (Campeonato Africano das Nações) com início em 10 de Janeiro de 2010 e o
mundial de futebol que se realizará na vizinha República da África do Sul. Em conclusão
os meios de comunicação que possuímos são deficientes, débeis e ultrapassados pelas
novas tecnologias.
(91)
80

P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos Órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?

R APB: Tem sido salutar a cooperação existente entre os diversos órgãos de informação
que o Comando Provincial possui, visto que o Posto de Comando é o motor do
Comando Provincial, representando o controlo das forças, da situação operativa. O
Posto de Comando tem que trabalhar em coordenação e cooperação com todos os
órgãos. O balanço das operações que são realizadas o Posto de Comando é fulcral e
central e necessário na base das informações recolhidas pelos oficiais operativos,
estando em contacto permanente com todos os órgãos.

320
P 9 BMN: A cooperação entre os diversos comandos municipais e o SISE têm sido boas?
R APB: O SISE pertenceu ao MININT e eu conheço muito bem os serviços de informação
do estado, visto que fui colaborador e até efectivo e tive muitas amizades e nunca
encontrei dificuldades. O serviço que o SISE faz na minha maneira de ver é geral,
independentemente de um trabalho secreto que faz para recolher informação, coopera
com as forças de segurança para a tomada de medidas eficazes. O SISE é um Órgão
Operativo e que em muito contribuiu para o fim do conflito armado no País e tendo
evoluído bastante.

P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal e não só é inserida para
futuras consultas) a nível da Polícia Nacional de Angola. O que tem a dizer sobre isso?

R APB: Ainda existe muita dificuldade na criação de uma base de dados, existindo nesse
momento um imenso esforço por parte do MININT e do Comando Geral para a
implementação de uma base de dados a nível do País. Aqui no PC, temos muitas
dificuldades, começando pela falta de computadores, bem como a falta do sinal da
internet, nem qualquer base de dados e até porque, nem um computador possuímos. Os
documentos muitas vezes são redigidos numa máquina dactilógrafa e que o suporte de
papel é o principal meio utilizado, tendo nesse momento um arquivo excessivo, o que
não tem permitido a consulta de documentos de vária índole.
(92)
81

P 11 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está


implicada com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta
de cooperação entre estes?

R APB: Não é nada disso e como eu já frisei atrás e volto a dizer que os meios de
comunicação estão em primeiro lugar e com meios de comunicação débeis e deficientes
não podemos ter uma informação precisa, exacta e oportuna o que vem dificultar ainda
mais os processos de investigação em muitos casos

P 12 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a


desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informação?

R APB: Há avanços nesta matéria, sendo que o Policiamento de Proximidade ser aquele
em que a Polícia deve estar sempre ao lado da comunidade, acompanhando de perto a

321
evolução da própria sociedade e das dificuldades que a mesma esta a enfrentar. Neste
sentido, o Polícia não deve apenas ficar nas artérias das cidades mas sim ir ao encontro
das populações em áreas confins e rurais, procurando desta forma recolher o máximo de
informação que ajuda na própria actividade policial e para o bem da própria sociedade.

P 13 BMN: Senhor Chefe-Adjunto do Posto de Comando Provincial, não sei se quer


acrescentar alguma coisa, falar noutra questão que eu não tenha colocado? Ficamos à
sua disposição.

R APB: Não, é só para agradecer a oportunidade que me deram para esta entrevista e
que tenha sucessos na carreira profissional e porque o País está a contar com os vossos
préstimos. Obrigado
(93)
82
(94)
83

Objectivo: Esta entrevista é efectuada no âmbito do trabalho de dissertação final de


curso de Mestrado Integrado em Ciências Policiais, sobre o tema principal
INFORMAÇÕES

POLICIAIS - IMPORTÂNCIA NA TOMADA DE DECISÃO NA POLÍCIA NACIONAL DE


ANGOLA (O CASO DO COMANDO PROVINCIAL DO KUANZA/NORTE).

Data/Hora: 29 de Dezembro de 2009, pelas 13H30'.

Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte – Angola, Gabinete do Exmo. Senhor Chefe


de Departamento de Informação e Análise.

Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da


PSP. Entrevistado: Senhor Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres, Chefe de
Departamento de Informação e Análise do GEIA do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Polícia Nacional de Angola. Tendo como grau académicos o 4º ano de
Economia e Gestão, na especialidade de Organização e Gestão de Empresas.

Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Chefe de Departamento de Informação e Análise, o que é o


DIA e como está estruturado?

322
Resposta (R) OMS: O DIA é o Departamento de Informação e Análise, pertencente ao
Gabinete de Estudos, Informação e Análise, a qual compete elaborar e preparar
situações de carácter operativo, bem como elaborar também os planos operativos e o
Departamento está estruturado em uma (1) Secção de Informação e Análise, uma (1)
Secção de Estatística e uma (1) Secção de Análise.

P 2 BMN: A Lei de Segurança Nacional é um instrumento essencial para a PNA. Os


especialistas de informação e análise têm conhecimento desta lei? E a Constituição da
República de Angola?

R OMS: Há mais conhecimento da Lei Constitucional da República de Angola, agora


quanto a Lei de Segurança Nacional é uma lei pouco divulgada, por isso todos os
especialistas de Informação não dominam e nem sequer tiveram acesso a leitura dessa
lei. No que concerne a
(95)
84

Lei Constitucional, essa sim, já é mais divulgada e inclusive há material reproduzido


dessa lei (lei mãe da República de Angola) para a sua distribuição nos diversos Órgãos.

P 3 BMN: A formação que é ministrada aos especialistas de informação e análise é


suficiente para que estes desempenhem as suas funções com clareza e precisão?
Actualmente todos os elementos afectos a área de informação do GEIA/KN têm
formação especializada?

R OMS: Todos não porque só de um tempo a essa parte, é que, o Ministério do Interior e
o Comando Geral, intentaram contactos com o Ministério do Interior da República de
Cuba no sentido de se formar, os primeiros especialistas em informação e análise
formado por forças cooperantes (Cubanos). Nessa altura (29.12.2009) foram já realizados
(5) cinco cursos de informação e análise e, a nível do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN foram formados (5) indivíduos. Os demais colegas que não tiveram a
oportunidade referente a esses cursos, possuem formação/cursos ministrados em
reciclagem pelo próprio Comando Provincial e alguns desses cursos promovidos pelo
GEIA do Comando Geral da Polícia Nacional de Angola.

P 4 BMN: Qual é aproximadamente o número de efectivos afectos ao Comando


Provincial do Kuanza-Norte da PN.

R OMS: É de aproximadamente 4.108 ou 4.110 efectivos se a memória não me falha e


penso que estes são dados muito próximos da realidade.
323
P 5 BMN: Como Chefe do DIA, qual é a informação necessária para que os órgãos
operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.

R OMS: Eu acho que, falando em informação necessária para a tomada de decisão, julgo
que toda a informação, desde que reúne características verídicas, oportunas, e providas
de fontes fidedignas, são todas elas necessárias. Necessárias porque podemos trabalhar
com elas também de âmbitos diferentes, não é, podemos utilizar por exemplo
determinada informação para executar actividades de índole operativa, podemos utilizar
ainda outras para concebermos planos, esses planos podem ser por exemplo planos
estratégicos que visem solucionar um problema a curto, médio e longo prazo. Há ainda
informações que permitem também a elaboração ou a planificação de actividades de
índole táctico e que sejam pontuais. Neste sentido, julgo que, toda a informação é
necessária desde que cumpram com os verdadeiros requisitos de uma informação.
(96)
85

P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?

R OMS: Em primeiro lugar é de frisar que a criminalidade na Província do Kuanza-Norte


não é violenta e que raras vezes são cometidos crimes relevantes ou arrepiantes, mas
isso não que dizer que a situação seja calma e portanto o gráfico criminal normalmente
é mais preenchido com ofensas corporais simples, alguns casos de furtos, ameaças sem
recurso a arma de fogo ou branca. As causas que podem motivar para o aumento da
criminalidade aqui na Província do Kuanza-Norte é que, agora assiste-se há ingestão
excessiva de bebidas alcoólicas por parte de jovens e adolescentes, resultando
normalmente em rixas ou desentendimento, desembocando-se depois em acções
criminais/delituosas e que temos estado a registar. Outra causa também penso que há
um défice no que tange ao acompanhamento dos jovens e adolescentes por parte das
próprias famílias por várias razões, entre as quais famílias desestruturadas por causa do
conflito recém terminado, e na qual os jovens vivem com tios, primos ou outros parentes
próximos e que não têm tido um acompanhamento digamos normal. Uma outra causa
prende-se com a falta de centros de lazer e entretenimento dos jovens, agravado ainda
com a falta de campos de futebol, basquetebol, andebol, bem como a falta de centros
de pesquisa on-line (internet) e que hoje em dia já não é uma novidade. Seriam no meu
pensar, sítios onde os jovens nos seus momentos livres pudessem adoptar novas formas
de vivencia e de comportamento, levando-os desta forma a enveredarem pelo caminho
do consumo de estupefaciente, ingestão de bebidas alcoólicas ou associando-se com
indivíduos ou grupos de malfeitores. Por outro lado, a falta ou insipiência na oferta de

324
postos de emprego (desemprego) e isso faz com que os jovens depois de atingirem uma
certa idade (16, 17, 18) anseiam adquirir certos bens e porque agora estamos em
sociedades de consumo e sem emprego por vezes também pelo baixo nível de
escolaridade, enveredam pelo caminho da criminalidade/marginalidade como forma de
resolver a falta de dinheiro.

P 7 BMN: As comunicações constituem uma ferramenta indispensável para o normal


funcionamento de qualquer organização/Instituição. No seu ponto de vista, como está a
situação das novas tecnologias a disposição do Comando Provincial do Kuanza-Norte,
tendo em consideração o nível de desenvolvimento que o País está a registar.

R OMS: Bem as comunicações reflectem e de que maneira como um instrumento


importantíssimo para o normal funcionamento da nossa corporação, visto que, como eu

(97)
86

frisei atrás uma das características que a informação deve reunir é ser oportuna, por
exemplo: vamos supor que um caso relevante aconteça no Município de Ambaca que
situa-se aproximadamente a 150 km da Sede Provincial e se não tivermos meios de
comunicações e cuja tecnologia permita que não haja adversidades, tendo em
consideração situações climatéricas e não só, mas também em alguns municípios
encontramos meios de comunicações obsoleto e fora do contexto actual e que não
estão providos de capacidade tecnológica, o que faz com que, nos dias em que há chuva
(alterações climáticas) existe a incapacidade de comunicar com outros órgãos
(comandos municipais e destes com o Comando Provincial da Polícia Nacional). Aqui
internamente (na Sede do Comando Provincial) também, temos problemas
principalmente com os sistemas de comunicação nos rádios com modo walkie - talkie
(emissor - receptor), igualmente a nível de cobertura nós não temos meios suficientes,
visto que mesmo na sede nem todos os comandantes de esquadras possui um rádio de
comunicação, periorizando-se neste caso os grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em suma, em termos de comunicações o Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN encontra-se abaixo da média.

P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?

325
R OMS: A troca de informação entre a DPOP, DPIC, DPIIAE e o SISE tem sido salutar,
visto que, independentemente de cada área ter uma área específica para o tratamento
da informação, toda a informação recolhida por esses órgãos (excepto em alguns casos
o SISE), a sua actividade desemboca aqui no DIA que é o Departamento de Informação e
Análise a nível do Comando Provincial para dar o tratamento, processamento e até
mesmo possíveis comparações de dados para evitar a duplicação de informação ou que
a mesma informação seja transmitida em períodos diferentes e também há um outro
exemplo, que se relaciona com a cooperação no âmbito do trabalho policial nas
actividades de buscas dirigidas que as forças da Direcção de Investigação Criminal
realizam e que a informação em muitos casos são obtidas pelo pessoal dos serviços de
sectores pertencentes a Direcção de Ordem Pública. Também temos actuações, mesmo
em termos de enfrentamento feitas pela Polícia Económica e que a informação e obtida
pelos agentes da Ordem Pública, que fazem o serviço de giro, patrulhamento apeado ou
auto. Em relação ao SISE também as relações são boas, visto que
(98)
87

em relação a eventos de grande vulto, os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado


são sempre os primeiros na recolha de informação pertinente importantes para o normal
desenrolar da actividade policial e não só, antecedendo sempre uma prevenção policial
rigorosa prestando sempre o seu auxilio e porque afinal, o SISE também é um
organismo que concorre para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas tal como
as forças e serviços de segurança que, não é mais se não a segurança e a tranquilidade
do cidadão e do próprio Estado em geral.

P 9 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal é inserida para futuras
consultas) a nível da PN. O que tem a dizer sobre isso?

R OMS: Bem este processo tornaria mais célere o processo de antecedentes criminais,
tanto de indivíduos prófugos, bem como dos seus modus operandis, a descoberta da
existência de novos grupos de marginais ou a sua desintegração. Bem actualmente
continuamos a trabalhar com fontes documentais (papel) e se de facto nessa altura
precisamos de saber o comportamento de um indivíduo de há 10 dez anos atrás, repare
no que seria preciso fazer para um arquivo tão extenso como este. Seria um trabalho
não só impossível mas também como dispendioso. Eu penso que o Comando Geral
também não está alheio a esta situação e até porque a Polícia angolana faz parte da
INTERPOL e o intercâmbio de matéria/informação é necessária para o desempenho
cabal das suas actividades. Os nossos comandantes e chefes sabem dessa realidade com

326
as quais, as outras polícias funcionam e eu penso talvez que seja uma questão de
investimento e que oportunamente poderão ser feitas, mas por enquanto dizer que não
existe uma base de dados e que tem dificultado bastante, isto no que concerne a busca
de antecedentes de elementos em tempo real ou em tempo oportuno.

P 10 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?

R OMS: Quanto as decisões, é de dizer que elas não são tomadas de forma arbitrária, até
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Esses são os órgãos que assessoram sua Excia. Senhor Comandante Provincial
nos mais diversos assuntos e que podem chegar a sua mesa de trabalho para a tomada
de decisão. Tem utilizado esses órgãos e que estão a sua disposição. Outras decisões
pontuais são
(99)
88

tomadas por sua Excia. Senhor Comandante Provincial por despacho, ou por comissão
ad hoc. Penso que o processo de tomada de decisão aqui no Comando Provincial não
é centralizada, mas é feita nos moldes que eu já frisei anteriormente.

P 11 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está


implicada com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta
de cooperação entre estes?

R OMS: Eu não diria que é o atraso na recepção da informação que causa uma ligeira
demora no processo de investigação. A própria DPIC está desprovida de muitos meios
como por exemplo não possui laboratório de criminalística (serviços de lofoscopia,
dactiloscopia e a tanatologia forense), nem temos veículos apropriados para a execução
da própria técnica operativa, logo, isso faz com que alguns casos sejam investigados
com alguma morosidade. No que concerne a informação, eu penso que não há muita
burocracia na tramitação da informação entre o GEIA e a DPIC, e porque também não
possuímos meios de comunicação adequados para o bom desempenho da actividade
policial, o que tem nos obrigado a fazer um esforço extra usando os nossos próprios
telemóveis (em algumas áreas também não há rede de cobertura do sinal) ou os
telefones fixos para nos comunicarmos em situações de emergência e/ou pontuais.

327
P 12 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a
desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informações?

R OMS: Bem o Policiamento de Proximidade na pratica tem resultado muito bem,


porque temos policias junto das comunidades, mesmo nos aglomerados populacionais
que se encontram situados a kms da Sede Provincial (N'dalatando) e que não têm uma
grande moldura em termos demográficos como o Zanga, Canhoca, Carianga, em que, os
postos policiais existentes estão cada vez mais próximos das populações, mas penso que
falta limar algumas arestas no que diz respeito aos próprios métodos de actuação do
Policiamento de Proximidade, porque senão vejamos, há métodos e técnicas próprias
que esta forma de policiamento tem que obedecer e que em primeiro lugar uma
formação adequada das suas formas de actuação no que concerne aos métodos e
técnicas de execução no terreno e que os conhecimentos de relações públicas não
devem ser postos de parte, para uma boa e exemplar relação para com o publico em
geral, porque os cidadãos representam vários estratos sociais.
(100)
89

Mas a criminalidade já não respeita esta estratificação social, o que quer dizer que, em
todos os estratos sociais existem delinquentes e que, possuem diferentes formas de
actuação. O agente da autoridade deve dominar a expressão oral e escrita, devendo ter
um a vontade no contacto com o cidadão para falar e conversar, para que ele possa
receber/recolher a informação que precisa, o que não acontece em muitos casos na
nossa polícia (ainda existem agentes que não sabem ler nem escrever) o que é e será
difícil na sua abordagem ao cidadão. Em suma o Policiamento de Proximidade tem sido
feito, realizado, é um facto, só que e desprovido de algumas técnicas e métodos que o
tornariam ainda mais eficaz e eficiente. P 13 BMN: A recolha de informação por parte do
GEIA não conduz à duplicação de recursos com outras entidades como a Direcção
Provincial de Investigação Criminal, Direcção Provincial de Ordem Pública e a Direcção
Provincial de Inspecção e Investigação de Actividade Económicas em determinados
crimes? Se sim, como evitar?

R OMS: Bem, não diria que não tem havido, mas também acontece com pouca
frequência, e as vezes em que isso sucedeu, mereceu a atenção devida, oportuna e
atempada. Usamos nesses casos os nossos telemóveis (eu como chefe do DIA e com
toda a vantagem de que toda a informação proveniente dos órgãos operativos serem
canalizadas para o Departamento) para comunicarmo-nos e chegarmos a um consenso
sobre a duplicação da informação e ser processado de forma correcta e precisa.

328
P 14 BMN: As informações policiais recolhidas pela PN e as do SISE são de âmbitos
diferentes? Não existirá uma duplicação de competências?

R OMS: É de dizer que o SISE trabalha com uma informação específica porque ela visa
essencialmente a protecção do Estado. Neste caso estão mais ligadas para aquelas
informações que representam uma ameaça a integridade do próprio Estado, mas não
quer dizer que no âmbito do rastreamento dessas informações, sempre que no SISE tem
informação de âmbito criminal há uma colaboração com a Polícia e vice-versa, porque
senão vejamos, nessa altura que estamos de prevenção de natal e passagem de ano, há
um Posto Comando, que reúne diariamente e que nele está incluído um Oficial do SISE.
Logo isto demonstra que todas as questões de âmbito operativo são tratados por todos
os órgãos que concorrem para a defesa e segurança. Assim sendo, se o SISE possui uma
informação que não seja do cunho criminal também pode ser brindada nessa reunião
operativa (que tem se realizado as terças-feiras). Em outras ocasiões em que não é
realizada a reunião operativa a
(101)
90

informação chega a Sua Excia Senhor Comandante Provincial por meio de mensagens
ou ofícios. Em suma existe uma colaboração estreita no que diz respeito a troca de
informação entre o SISE e a Polícia.

P 15 BMN: A regulamentação existente para a prática de produção de informações na


PN é, então, suficiente ou deficiente?

R OMS: Quanto a recolha de informação existem próprios regulamentos que gere toda a
actividade a nível de informação e análise desde a recolha até a difusão da informação.
Os especialistas a todos os níveis têm em sua posse toda a documentação que lhes
orienta, mas digamos que tanto nesta questão como na questão que me perguntou
atrás de uma duplicação de dados, o que eu tenho notado é que existe uma lacuna quer
nos piquetes de polícia, quer nas equipas que vão muitas vezes no terreno efectivar o
enfrentamento. Essa lacuna prende-se com a não inserção de um especialista de
informação e análise. Porque se os piquetes e equipas funcionassem com especialistas
de informação, toda a informação recolhida chegaria já com todos os seus elementos
requeridos (o que, como, quando, onde, porque) e isso nem sempre acontece porque
como disse nunca são acompanhados por especialistas de informação e análise, o que
origina muitas vezes informação incompleta.

329
P 16 BMN: Havendo a possibilidade de as forças de segurança poderem recolher
informações para além das informações criminais, que âmbitos de intervenção deviam
ser abrangidos por essas informações?

R OMS: Bom para além da informação de índole criminal a Polícia também deve ter
informações demográficas para poder ir actualizando o rácio polícia-população, é
necessário igualmente que a Polícia tenha informação dos esforços que o Governo
esteja a implementar para o bem-estar das populações, no que se refere a saúde
pública, devendo nesse caso e tendo em conta o Policiamento de Proximidade
aconselhar as populações dos cuidados de higiene a ter para que não seja contaminado
ou para que não venha a contaminar os outros, o saneamento básico nas comunidades.
A Polícia deve igualmente estar informada dos casos de feitiçaria o que tem originado
em muitos casos em homicídios (porque a família vai logo pensar que o feiticeiro é o
avó ou a avó) tornando-se já em caso de Polícia. Em resumo, a Polícia deve interessar-se
por todo o tipo de informação que possam concorrer para uma boa harmonia e
organização da colectividade e da sociedade.
(102)
91

P 17 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da Polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?

R OMS: Eu penso que todos os órgãos e, porque a segurança é um bem comum, deve
ser uma responsabilidade de todos os cidadãos e de todas as instituições, quer sejam
estatais, quer sejam privadas, porquê, porque vejamos que quando não há segurança
todos os órgãos, todos os indivíduos são afectados. Então logo, deve ser uma
preocupação de todos os cidadãos e de todas as instituições. Eu iria mais além, não diria
apenas aqui na Província do Kuanza-Norte, mas a nível nacional precisa-se muito de
uma educação patriótica, porque na minha opinião, desde 1992 até agora (2009) em que
se registou a transição do sistema de monopartidarismo para o pluripartidarismo, a
questão do patriotismo ficou muito aquém das expectativas, diminuiu-se o respeito pelo
meio público, diminuiu-se o respeito pelas instituições do Estado, diminuiu-se o respeito
pelo próximo. Isso tudo, no meu ponto de vista concorrem para a segurança, então
temos que cultivar na mente das pessoas que pertencem a um País que se chama
Angola, tem os seus símbolos, tem os seus representantes e que os interesses da
colectividade estão acima dos interesses individuais. Devemos igualmente ensinar as
crianças que devem respeitar os mais velhos, devem ser honestos, devem prestar ajuda
sempre que lhes seja solicitado, devem amar o próximo, deve respeitar a propriedade

330
privada ou colectiva, e que se ser acatada pode concorrer para a segurança. As seitas
religiosas também constituem actualmente em Angola um problema de segurança,
aparecendo esporadicamente muitas igrejas ilegais, incutindo nas pessoas, doutrinas
contrárias as estabelecidas por lei. Em suma a questão da segurança deve envolver
todos os órgãos, principalmente nas escolas e na família para formarmos homens novos
com espírito criador e não voltado a violência.

P 18 BMN: Senhor Chefe do DIA, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.

R OMS: Não, só desejar para o entrevistador sucessos na carreira e na defesa do


trabalho de final de curso de Mestrado Integrado e bom regresso ao País e que saibam
defender os interesses do Estado. Pesa sobre vós uma grande responsabilidade, são os
primeiros passos que o Comando Geral está a dar para moldar os seus agentes policiais
nas líderes das polícias modernas e terão muitas responsabilidades em transmitir o que
vocês estão a aprender, corrigirem aquilo que está errado, que a princípio não será fácil,
porque mesmo o mal habito
(103)
92

quando não é corrigido torna-se uma cultura o que se vai tornar difícil de corrigir,
podendo mesmo aparecer alguém que vai dizer que fazemos isso ou aquilo desde 1975
e nunca ninguém disse que está errado. Então desejo de vossa parte muita coragem,
muita dedicação sobre tudo e que tenham êxitos na vossa carreira profissional, já agora
boas saídas de 2009 e que em 2010 sejam cumpridas todas as expectativas que foram
planificadas, e muito obrigado.
(104)
93
(105)
94

Anexo IV - Lei de Segurança Nacional

Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto

LEI DE SEGURANÇA NACIONAL

331
CAPÍTULO I

Princípios Gerais

Artigo 1.º

(Definição e fins da segurança nacional)

1. A segurança nacional é a actividade do Estado para garantir a ordem, a segurança e a


tranquilidade públicas e contribuir, assegurar o normal funcionamento das instituições
democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos
cidadãos e o respeito pela legalidade democrática.

CAPÍTULO II

Sistema de Segurança Nacional

Artigo 8.º

(Órgãos incumbidos da actividade de segurança nacional)

1. A actividade de segurança nacional é exercida através dos órgãos e serviços públicos


de informações e os órgãos e serviços da ordem interna previstos na presente lei.

CAPÍTULO III

Orgânica do Sistema de Segurança Nacional

Artigo 12.º

(Órgãos e serviços públicos integrados no sistema de segurança)

Para a prossecução das finalidades e objectivos previstos na presente lei, são criados: a)

b) c)
(106)
95

332
(107)
96

Anexo V - Organograma da Polícia Nacional de Angola

Figura. 1 - Organograma da Polícia Nacional de Angola

Fonte: Adaptado de Gabinete de Estudos Informação e Análise do Ministério do Interior, 30


anos do Ministério
(108)
97
(109)
98

Anexo VI - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia


Nacional.

Figura. 2 - Organograma do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional.

Fonte: Adaptado do Comando Provincial do Kuanza-Norte, Projecto de Regulamento


Orgânico do Comando Provincial da PN, 2005.

COMANDANTE PROVINCIAL 2º
COMANDANTE PROVINCIAL ÓRGÃOS CONSULTIVOS D. R. P.
PROTOCOLO GABINETE DE INSPECÇÃO GABINETE JURÍDICO G. E. I.
A DPIC E DPAE DEPT.º DE INFORMÁTICA POSTO DE COMANDO

UPIP UPPF CUPOE SECRETARIA

COMANDOS E DIVISÕES ESQUADRAS POLICIAIS

POSTOS POLICIAIS

DPT

DPIIAE DPVT DPOP DPRH DPL DPPF DPC DPRI DPSE DPEMC DPSS
(110)

333
99
(111)
100

Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola

Figura. 3 - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola

C C C B C B A A A Fonte: Adaptado de Posto de Comando Central, Da Informação


Policial, Luanda, 2005, anexo n.º 01.

Legenda

Informação Formal (Informação Sistematizada) - Diária, Semanal, analítica-


delituosa mensal, Relatório Trimestral e Anual.

Informação Informal (Não Sistematizada) - Informação Urgente relevante, sequência


informativa, Informação relativa à instrução de Processos, Estudos, Análises e Pareceres;
Informações solicitadas.

Orientações (Decisões)

Coordenação entre Órgãos/mesmo nível.

Todas ocorrências/Interesse Policial, informação urgente, sequências informativas,


informações solicitadas.

A= Nível Básico; B= Nível Intermédio; C= Nível Superior.

Gabinete do Comandante Geral

Gabinete de Estudos Informação e Análise/CGPN

Órgãos Op. Centrais/CGPN Dept.º/Operações

Salas Operativas (Área/Inf. Análise)

Salas Operativas Posto Comando Central/CGPN

334
Dept.º Operações (Salas Op.) Comandos Provinciais (Área/Inf. Análise) Sala Op./Esquadra
ou Comando Municipal (Área/Inf. Análise) Sala Op./Posto Policial (Área/Inf. Análise)
Serviços/Sector P/Confiança C/Secreto O/O Repart. Operativa /Comando Divisão
(Área/Inf. Análise)
(112)
101
(113)
102

PROVÍNCIA CENTRAL

Figura. 4 - Organização dos Sistemas e Níveis de Informação e Análise Operativa da


Polícia Nacional Angolana - Informação Retroactiva sobre a Criminalidade CAMPO
INTRA - POLICIAL RETROACÇÃO DIRECTA MUNICÍPIO OUTPUT INPUTS INPUTS
FILTRAGEM TRATAMENTO TRANSFORMAÇÃO

EXTRA-POLICIAL RETROACÇÃO INDIRECTA(FEEDBACK)

Fonte: Adaptado de GEIA/CGPNA, Nota Explicativa sobre a Actualização do Sistema e


Níveis de Informação da PN, Luanda, Março, 2001, anexo n.º 01. G.A e Mot. (a)

T.O.S (b) S. Sector (c) T.M.P (d) E.P.S (e) P.Conf. (f) R.C (g) Inf. O (h) E.P.S (i) R.O 2 CMD O
® R. O 3 CMDO 6 R.INF 5 MEMO ® DI A P. CMDO 4 R.O 7 MEMO DIN. 6 P.CMD O 8 6
R.INF 9 MEMO EST. 6 CG 10 ® E.D . 11 GEI A
(114)
103

É INFORMAL ESCLARECE A QUESTÃO CONTROLA A EXECUÇÃO

É CONSULTADO TOMA A DECISÃO EXECUTA A DECISÃO.

PARA DAR PARECER LEGENDA

a, b, c, d, f, g e h, são elementos no nível básico (giros apeados e auto, equipas de


trabalho Operativo Secreto), equipas de Serviços de Sectores, todos Membros da Polícia
Nacional - Individualmente, pessoas de confiança e informadores ocasionais, por último
temos as Empresas Privadas de Segurança. 2-Registo Operativo dos Órgãos de
Investigação e Ordem Pública (Nível Municipal);
335
3-Registo Operativo dos Órgãos de Investigação (Nível Provincial); 4- Registos
Informativos (Nível Provincial);

5-Departamento de Informação e Análise; 6-Tomada de Decisão;

7-Registos Operativos de Órgãos de Investigação e Ordem Pública (Nível Central); 8-


Registos e Informação (Nível Central);

9-Gabinete de Estudos, Informação e Análise; 10-Tomada de Decisão;

11-Execução de Decisões;

-INPUT - todos os elementos que entram no sistema para alimentar o seu


funcionamento; -OUTPUT - são respostas dos Inputs;

Informação Informal; Informação Formal; Interacção;

T.O.S. - Trabalho Operativo Secreto; R. O. - Registo Operativo;

P. C. - Pessoa de Confiança; S. S. - Serviço de Sector; E. D. - Execução de Decisões;

G.E.I.A. - Gabinete de Estudos, Informação e Análise; D.I.A - Departamento de


Informação e Análise; MEMO DIN. - Memória Dinâmica;

MEMO EST. Memória Estática;

C.G. - Comando Geral;

R. C. - Rede de Colaboradores;

G.A e Mot. - Giro Apeado e Motorizado; T.M.P. - Todos os Membros da Polícia; MEMO -
Memória;

R.Inf. -Registo e Informações; O. P. - Ordem Pública; P. CMDO - Posto Comando.


(115)
104

Figura. 5 - Subsistema Formal

336
Nível Superior Parecer Nível Intermédio Parecer Nível Básico Parecer

Fonte: Adaptado de GEIA/CGPNA, Nota Explicativa sobre a Actualização do Sistema e


Níveis de Informação

da PN, Luanda, Março, 2001, anexo n.º 02.

Obs: Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as informações
aos 2ºs Comandantes Gerais, através do Gabinete de Apoio Técnico, que remeterá com
respectivo parecer ao Comandante Geral através do GEIA.

LEGENDA:

OCE: Órgãos Centrais de Especialidade; OPE: Órgãos Provinciais de Especialidade; OME:


Órgãos Municipais de Especialidade; PC: Posto Comando;

AI: Área de Informação; CP: Comando Provincial; CM: Comando Municipal;

DPIA: Departamento Provincial de Informação e Análise; GEIA: Gabinete de Estudos,


Informação e Análise; CG: Comando Geral.

CG
2ºCMDTE

CP
OCE
GEIA
2º CMDTE

OPE
DPIA
2ºCMTDE

CM

337
OME
PIQUETE
PC/AI
O rie ntaç ão O rie ntaç ã o P are ce r P are ce r Orien taçã o
(116)
105

Figura. 6 - Subsistema Informal

Nível Superior f a a e e e c c a c f a Nível c d a Intermédio a a a b e c c c e e a e c e c a c f


Nível a a Básico c e a b e c e e a c c f a c

Fonte: Adaptado de GEIA/CGPNA, Nota Explicativa sobre a Actualização do Sistema e


Níveis de Informação

da PN, Luanda, Março, 2001, anexo n.º 03.

Obs:

1- Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as suas informações
ao Comandante Geral através dos 2ºs Comandantes Gerais.

2- Os órgãos do mesmo nível incluindo os comandos provinciais, devem providenciar


para que toda informação que chegue ao seu conhecimento e que esteja ou não ligada
a sua especialidade, seja remetida, no prazo máximo de 24horas após o seu
conhecimento e imediatamente aos órgãos que dela necessitam para o
desenvolvimento das suas atribuições.

LEGENDA:

(a) Informações urgentes relevantes

(b) Informação relativa a Investigação de crimes e Instrução de processos;

(c) Informação sobre resultados de Investigação e Instrução de Processos e outros


resultados;

2ºCMDTE

338
CP
OCE
GEIA
2º CMDTE

OPE
DPIA
2ºCMTDE

CM
OME
PIQUETE
PC/AI
CG
OCN
OMN
OPN
PC
PC
(117)
106

(d) Ocorrências conhecidas pelos Órgãos de Especialidade Centrais; (e)


Orientação/Comentário;

(f) Parecer.

OCE: Órgãos Centrais de Especialidade; OPE: Órgãos Provinciais de Especialidade; OME:


Órgãos Municipais de Especialidade; PC: Posto Comando;
339
AI: Área de Informação; CP: Comando Provincial;

OCN: Órgão Central do mesmo Nível OPN: Órgão Provincial do mesmo Nível: OMN:
Órgão Municipal do mesmo Nível;
(118)
107
(119)
108

Anexo IX - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise

Figura. 7 - Organograma do Gabinete de Estudos, Informação e Análise

Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento


Orgânico do Gabinete

de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 11.

DIRECTOR DO GABINETE DEPT.º DE INFORMAÇÃO E ESTATÍSTICA DEPT.º


DE ESTUDOS E DOCUMENTAÇÃO

DIRECÇÕES e DEPARTAMENTOS nos COMANDOS PROVINCIAIS e ÓRGÃOS

OPERATIVOS CENTRAIS DEPT.º DE

ORGANIZAÇÃO E CONTROLO

DIRECTOR ADJUNTO CONSELHO CONSULTIVO

CONSELHO TÉCNICO
(120)
109

Figura. 8 - Organograma para Órgãos Operativos

ORGANOGRAMA PARA ÓRGÃOS OPERATIVOS CENTRAIS

340
Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento
Orgânico do

Gabinete de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 8. DEPARTAMENTOS DE


ESTUDOS,

INFORMAÇÃO E ANÁLISE

ESTUDOS E ANÁLISE ORGANIZAÇÃO E CONTROLO


(121)
110

Figura. 9 - Organograma para Comandos Provinciais

ORGANOGRAMA PARA COMANDOS PROVINCIAIS

Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento


Orgânico do Gabinete

de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 9.

DEPARTAMENTOS PROVINCIAIS DE

ESTUDOS, INFORMAÇÃO E ANÁLISE

ESTUDOS E ANÁLISE ORGANIZAÇÃO E CONTROLO

ÁREAS DOS ÓRGÃOS OPERATIVOS PROVINCIAIS
(122)
111

Figura. 10 - Organograma para Órgãos de Asseguramento

ORGANOGRAMA PARA ÓRGÃOS OPERATIVOS DE ASSEGURAMENTO

Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento


Orgânico do

341
Gabinete de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 10. ÁREAS DE
ORGANIZAÇÃO E

CONTROLO

CONTROLO ORGANIZAÇÃO
(123)
112
(124)
113

Anexo X - Desagregação das Informações Policiais.

Figura. 11- Desagregação das Informações Policiais.

Fonte: Adaptado de Mário Fernando e Pedro Clemente, “Polícia - O Caminho…” in.,


Estudos

Comemorativos dos 25 anos do ISCPSI em Homenagem ao Superintendente-Chefe Afonso


de Almeida,

Almedina, Lisboa, 2009, p.99. Informações de Ordem Pública Informações Criminais


Informações Policiais Contra - - Informações
(125)
114
(126)
115

Anexo XI - Fases da Tomada de Decisão

Figura. 12 - Fases da Tomada de Decisão

Fonte: Adaptado de Alter, Steven, Information System - A Management Perspective, cit.


in., Rasgão, 2004, p. 37. Dados Valores Pessoais Responsabilidades sociais Resultados
(127)
116
342
(128)
117

Anexo XII - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


Informação

Figura. 13 - Características da Informação para a Tomada de Decisão - Fonte da


informação Decisão Estratégica Decisão Táctica Decisão Operacional

Informação Informação Informação Interna interna e externa externa e interna

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(129)
118
(130)
119

Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão

Figura. 14 - Características das Decisões na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão

Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional

Curto prazo Curto-médio Médio-longo prazo prazo

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(131)
120
(132)
121

Anexo XIV - Frequência da Repetição da Decisão

Figura. 15 - Frequência da Repetição da Decisão

343
Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional

Frequente Semi-frequente Pouco frequente

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(133)
122
(134)
123

Anexo XV - Estrutura da Informação no Processo de Decisão

Figura. 16 - Estrutura da Informação no Processo de Decisão

Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional

Informação Informação Informação Estruturada semi-estruturada não estruturada

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as Organizações - A Informação


Chave para a
(135)
124
(136)
125

Anexo XVI - Hierarquia das Decisões na Gestão

Figura. 17 - Hierarquia das Decisões na Gestão

Decisões Estratégicas Decisões Tácticas Decisões Operacionais

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as organizações - A Informação


Chave para a
(137)
126
344
(138)
127

Anexo XVII - Principais Defeitos da Tomada de Decisão

Quadro. 1 - Principais Defeitos da Tomada de Decisão

DEFEITOS MAIS COMUNS TOMADA DE DECISÃO

Mau enquadramento do problema Por feeling ou no contexto em que o problema foi


apresentado

Efeitos recentes Em função dos últimos acontecimentos

Sub-avaliação do problema Tendo em consideração a pouca probabilidade de


ocorrência do evento

Mau escalonamento do problema Acreditar demasiado nos ganhos de experiencia,


informações e conhecimento do problema

Associação de preconceitos Tendo em consideração estratégias de sucesso do passado


sem ter em consideração o contexto actual.

Fonte: Adaptado de Rasgão, Sistema de Informação para as organizações - A Informação


Chave para a
(139)
128
(140)
129

Anexo XVIII - Ciclo de Produção de Informações

Figura. 18 - Ciclo de Produção de Informações

Fonte: (Ratcliffe, 2008, p. 105)


(141)
130

345
(142)
131

Anexo XIX - Processo de Produção de Informação

Quadro. 2 - Processo de Produção de Informação

SEGURANÇA

Fontes: Escola Superior de Polícia, Informações e Segurança, Lisboa, s.d.e. Escola Prática de


Polícia, Informações, Torres Novas, Setembro de 1999.

Dirección General de la Policía, III Curso de Análisis Operativo de la Criminalidade,


División de Formación y Perfeccionamiento - Centro de Actualizacion y Especializacion,
Madrid, 1997, 1-19.

Necessidades de Informações Planos de Pesquisa Ordens e Pedidos HUMINT TECHINT


Registo Estudo Interpretação Apresentaçã o Difusão CONSUMIDOR
FINAL PESQUISA PROCESSAMENTO DIRECÇÃO E PLANEAMENTO EXPLORAÇÃO DAS
INFORMAÇÕES Análise Integração Conclusão
(143)
132
(144)
133

Anexo XX - Análise Criminal da Informação, Fins e Métodos de Análise

Quadro. 3 - Análise Criminal da Informação, Fins e Métodos de Análise

OBJECTO PLANO ESTRATÉGICO

PLANO OPERACIONAL

Facto Análise de Fenómenos da Criminalidade

Análise de um Caso Análise Comparativa de

Casos

346
Autor Análise do Perfil Geral

Análise de Grupos Organizados Análise de um Perfil Específico Método de Controlo


da Criminalidade

Análise de Métodos Gerais Análise de Investigação

Fontes: Adaptado de Dirección General de la Policía, III Curso de Análisis Operativo de la


Criminalidade, División de Formación y Perfeccionamiento - Centro de Actualizacion y
Especializacion, Madrid, 1997, 1-19.
(145)
134

Anexo XXI
(146)
135

Anexo XXII
(147)
136

Anexo XXIII
(148)

347

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