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DILSON CARIMA
LUANDA/NOVEMBRO DE 2022
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO.........................................................................3
2- OBJECTIVOS.............................................................................4
3- JUSTIFICATIVA.......................................................................5
4- REVISÃO TEÓRICA................................................................6
5- METODOLOGIA.......................................................................7
6- CRONOGRAMA.......................................................................8
7- BIBLIOGRAFIA.........................................................................9
8- ANEXOS..................................................................................10
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1. INTRODUÇÃO
Neste tema particularmente pretendo explicar que a inteligência na actualidade tem
demonstrado ser o pilar dos Órgãos de Defesa e Segurança em todos os países do mundo a
quando da tomada de decisões. O crescimento exponencial e desorientado das cidades tem
ajudado e de que maneira o aumento do índice da violência e da criminalidade, que só poderão
ser contidos ou minimizados no campo preventivo ou repressivo através de um trabalho bem
elaborado, desde o planeamento até a execução dos Serviços de Inteligência das organizações
castrense. A produção de conhecimentos e a sua respectiva salvaguarda compreendem a
actividade de Inteligência que o Estado tem interesse em preservar, utilizando métodos e técnicas
que permitam afastar ou repelir tais práticas e a adoptar procedimentos sem uma orientação
racional.
A actividade de Inteligência, outrora denominada “Informações”, que sempre representou
um certo tabu, ficando restrita aos seus especialistas, na actualidade do Estado Democrático de
Direito abre as suas portas para que outros possam se deliciar dos seus conhecimentos e aplicá-
los com equidade em prol de uma sociedade mais fraterna e coesa. Esta senda nos levará a
preservação e manutenção da ordem pública, à segurança pública, à salubridade ou sanidade
pública e, por derradeiro, à tão almejada tranquilidade pública, a paz social. Conhecer os
meandros da Inteligência é tarefa vital para o operador da área de preservação da ordem pública,
com o intento de que seja o melhor no seu ofício.
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2. OBJECTIVOS
Pretendo pois com esse tema buscar e mostrar as razões concretas que estão na base da
aplicabilidade da Inteligência, usando todos os métodos e técnicas para afastar, repelir e ou fazer
cessar possíveis actos danosos ou de instabilidade contra um detrminado Estado, e que
naturalmente será exercido pelos seus Especialistas afectos aos orgãos de defesa e segurança e
que virão aqui legitimar e fazer fé de que a Inteligência na verdade é mesmo um factor
determinante na tomada de qualquer decisão a quando de situações que venham beliscar aquilo
que é o fim único de um Estado, que é mais do que se não a salvaguarda da integridade territorial,
bem como a manutenção da paz e da estabilidade social por intermédio da combinação de eforços
jizados dos seus Órgaos de defesa e Segurança e afins.
Objectivo geral
Contribuir trazendo a baila novos métodos contextuais usados nesta areá de inteligencia no
sentido de dotar os nossos orgão de defeesa e segurança face a nova relaidade e dos ultimos
acontecimentos.
Objectivos específicos
Exploratórios (conhecer, identificar, levantar, descobrir) os percusores tanto da antiga como
da nova geração, assim com estudar os novos acontecimentos e procurando descobrir as
possiveis falhas ou erros e dests feita aprender com erros de outras realidades.
Descritivos (caracterizar, descrever, traçar, determinar) todos os apectos inerenteretes a
inteligencia como tal e traze-las no seio dos Orgaos castrense.
Explicativos (analisar, avaliar, verificar, explicar) como a descoberta de novos metodos serão
uma mais valia para poder fazer mais em prol do tema em questão.
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3. JUSTIFICATIVA
Trago nesta abordagem este tema para que analisemos e concluamos que todo e qualquer
estado Democrático de direito, tem por obrigação estar em alerta máxima usando os seus orgão
de inteligência no sentido de buscar informações para posteriormente tomar decisões passando
naturalmente pelos orgãos de defesa e segurança, através do Conselho de Segurança Nacional ou
organismo semelhantes, no sentido de prevenir e ou amenizar eventuais situações de ingerência
externa e a violação da própria dignidade e integridade de um Estado.
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4. REVISÃO TEÓRICA
Com base nos conhecimentos já existentes acerca dos métodos e aplicação nos serviços de
Inteligência, pretendo com este trabalho de pesquisa, trazer a terreiro novas técnicas e métodos,
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5. METODOLOGIA
Para Gil (1999), citado por Maxwell Ferreira de Oliveira (2011, p.8) o método científico é
Neste trabalho irei usar todo tipo de pesquisa, desde documental, bibliografia, de investigação, de
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6. CRONOGRAMA
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7. BIBLIOGRAFIA
Livros:
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. SP: Atlas, 1991.
BUZAN, Barry, Waever, O. 1998. Security: a new framework for analysis. London: Lynne
Rienner Publishers.
BRANCO, André Haydt Castello, SCHAUFFERT, Fred Harry, LENTO, Luiz Otávio Botelho.
Inteligência e Segurança Pública, 1. ed. Palhoça: UninsulVirtual, 2014.
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Serviço de Inteligência e Segurança de Estado
Serviço de Inteligência e Segurança de Estado
SINSE
Organização
Ministério do Interior
Localização
Sede Luanda
Histórico
Sítio na internet
www.sinseangola.com
Chefes
Eduardo Filomeno Barber Leiro Octávio (2013-2018)[3]
Fernando Garcia Miala (2018-)
Referências
1. ↑ D'Angola, Nelson Sul (1 de outubro de 2014). «SINSE sob suspeita de desvio de verba
presidencial em Angola». Deutsche Welle
2. ↑ «Angola: Órgãos de inteligência e segurança garantem exercício dos direitos dos
cidadãos». ANGOP. 29 de novembro de 2013
3. ↑ «Angola: Empossado novo Chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança do
Estado». ANGOP. 29 de novembro de 2013
Ligações externas
Sítio oficial (em português) [ligação inativa]
Serviços de Inteligência de
Angola sem inteligência
A cada dia que passa, os Angolanos vão vivendo um verdadeiro caos
social, na medida em que, hoje já não se fala mais dos planos de luta
para se realizar o sonho da casa própria ou de ter o primeiro carro.
As atenções estão viradas na aquisição de produtos alimentares que, todos os dias têm
um novo preço. Fruto disso, regista-se muitas reclamações contra as Políticas públicas
que muitas delas não se reflectem na vida do cidadão, sobretudo no tocante à
Corrupção, um dos males que, inclusive, os países tidos como potências mundiais
levam a questão da corrupção com muita seriedade, ao contrário de Angola em que o
combate à corrupção ainda não deixou de ser uma falácia.
Face a precariedade em que se encontra o País, os Serviços de Inteligência e
Segurança de Estado (SINSE) deviam, já que, de Inteligência e Segurança de Estado
não passa de uma mera nomenclatura. Está mais para um instrumento de intimidação,
perseguição e assassinato dos que se opõem ao regime ditatorial dirigido por um
Presidente revanchista, cheio de rancor, incompetente e curioso.
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O SINSE, na sua falta de trabalho em prol do povo sofredor, devia traçar programas
muito bem estruturados com objectivos claros para lavar a imagem do Partido
Governante, já que eles (SINSE) só servem mesmo para isso.
O SINSE nunca prestou um papel digno de elogio por parte do povo, o que mais sabe
fazer além de esbanjar a sua falta de importância para o Estado, é criar calúnias contra
os Líderes dos Partidos da oposição, corromper e envenenar os manifestantes.
A “operação Caranguejo” foi mais uma prova da falta de Inteligência do SINSE. Se o
objectivo desta operação que tem como exímio actor e testa-de-ferro o Major Pedro
Lussati, esta operação me parece ser mais uma peça teatral semelhante àquelas
manobras de diversão que estamos acostumados a verificar nos Órgãos de
Comunicação Público capturados pelo MPLA.
É incrível como a PGR não mede esforços em querer convencer a opinião pública e
não só, de que um ”Majorzinho “ era detentor daqueles todos milhões em Dólar, Euro e
Kwanza em malas. O mais absurdo nesta novela é: Como é que um Major conseguiu
levantar um montante daquele sem que o sistema de vigilância do BNA desse conta?
Como conseguiu aquele todo dinheiro num País que se diz estar em crise financeira?
Está claro (como a água) de que se trata de uma rede de mafiosos que introduziram na
Caixa de Segurança Social indivíduos que começaram a combater antes de serem
nascidos ou ainda Cidadãos que esperam por uma inserção na mesma caixa mas no
fundo já foram inseridos e o salário quem recebe são outras pessoas.
Outra mentira nisso tudo, foi a rapidez do Presidente da República em exonerar
aqueles oficiais da sua Casa de Segurança do dia pra noite. E se não bastasse a
Televisão do regime (TPA) produziu uma peça teatral denominada “Banquete” para
desviar a atenção do povo face aos Problemas que o mesmo (Povo) enfrenta.
Aos olhos da Nação chego à conclusão que, trata-se de uma lavagem da imagem do
Governo e do Partido que o suporta tendo em conta que as eleições gerais que se
aproximam. Mas tudo isto teve um efeito oposto, pois, até os menos atentos chegaram
a perceber que o País está sendo dirigido por pessoas de má-fé, sem qualquer
sensibilidade humana e que não hesita em sugar o sangue das pessoas.
Nos Países sérios, todo serviço de Inteligência serve de auxílio no combate a todos os
males que prejudicam o desenvolvimento do País, porque são eles (Serviços de
Inteligência) detentor de toda informação interna e externa.
Paradoxalmente, o SINSE está a contribuir na degradação do País, porque muitos
agentes desses serviços foram alvos de investigação e detenção. Logo, está patente
que a roubalheira em Angola é Multissetorial.
Em qualquer instituição pública tem sempre um ou mais dirigentes com olhos no
dinheiro público. Não é normal num País que se diz sério, com Serviços de Inteligência,
uma rede de falsificadores de documentos denominada “Pau Preto” terem mais de 100
carimbos de instituições públicas e privadas há mais de 10 anos. Então para que serve
o SINSE?
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Desta forma vamos continuar a regredir em termos de desenvolvimento, pois, não se
pode falar de desenvolvimento onde as pessoas morrem diariamente nos hospitais por
falta de funcionários qualificados e medicamentos. Não existe desenvolvimento com
fome e pobreza.
O desenvolvimento de um País verifica-se num verdadeiro sistema de saúde em que
qualquer “um” que fosse a um hospital encontraria o seu histórico médico desde a
infância até à idade em que se encontra para se prevenir das futuras doenças. E que
em cada casa tivesse um médico de família. Não é isso que nós vemos.
Você vai a um hospital público hoje, quem te atende é um. Semanas depois regressas
e quem te atende é outra pessoa que não sabe de nada dos problemas que você sofre
desde criança e nem te pede as receitas antigas para ver os fármacos que já haviam
sido administrados.
Qualquer País sério e infelizmente não é o caso de Angola, só desenvolve com uma
verdadeira administração da justiça, com tribunais sérios e com juízes competentes. A
aplicabilidade das leis deve ser para todos e não essa “Mbuandja” que se nota em
Angola, onde os corruptos são condenados e ficam em casa. Ao passo que os gatunos
de bolinho e sambapito são presos na hora e muitas vezes mesmo sem provas.
Com Juristas dos CAPs que nós temos, não me surpreendem quando aparecem para
inocentar criminosos do erário público nas TVs. Apenas o político e generais do MPLA
gozam do princípio da presunção de inocência, ou seja, a Lei só se aplica para uns e
para outros não.
Os Serviços de Inteligência enquanto continuarem nas axilas do MPLA nunca vão
corresponder com as suas exigências. Nós não podemos continuar com Instituições
que gastam dinheiro do OGE apenas para corromper manifestantes e Militantes da
UNITA, precisamos de um verdadeiro Serviços de Inteligência e não de maquiavélicos.
O Povo continua excitado diante de um governo que se masturba à luz do dia com
fundos públicos ao lado de um povo precisando de preservativos para satisfação de um
coito.
A fome aperta ao passo que quem fez promessas na Campanha eleitoral para
aplicação das políticas públicas, fica aí frente às câmaras das TVs fazendo “minete e
broxe” a um povo que clama apenas por um round ainda que seja sem beijo. Os
programas não funcionam, salvo para serem instrumentalizados como uma justificativa
para que sejam extraídos mais verbas nos Cofres de Estado.
Não há dinheiro para aplicabilidade dos planos no sul de Angola “um” povo que elegeu
o MPLA em 2017 morre de fome por culpa de um punhado de governantes composto
(maioritariamente) por ladrões da pior espécie. Mas têm dinheiro para cobrir a boca e
silenciar aqueles que no exercício do seu direito plasmado na Constituição da
República de Angola, exigem transparência e humanismo na gestão da coisa pública.
Ao mesmo tempo tem “um” SINSE que diz assegurar o Estado mas o (próprio) Chefe
de Estado está inseguro, pois a sua Casa de Segurança está cheio de Lussatismo onde
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os Majores e outros oficiais das F.A.A (Forças Armadas Angolanas) formaram um Clube
de Caranguejos onde rastejam com os fundos públicos manchando a imagem de quem
os nomeou sob olhar sereno e impávido do SISM (Serviços de Inteligência e Segurança
Militar), o mesmo SISM que faz de tudo até o impossível para adulterar a história do
País.
O Ministério das Finanças afirma “de viva voz” que nos últimos 2 anos pagou salário da
função pública com dinheiro vindo das receitas não petrolíferas. Então aonde estão
aplicar o dinheiro do Petróleo?
Numa altura em que existe uma grande margem entre o preço do barril previsto no
OGE que é de 39 dólares e o dos principais mercados internacionais que está a custar
acima dos 70 dólares.
Por outra, o Presidente da República neste momento corre risco de vida, visto que é
exactamente a sua Casa de Segurança que se transformou num Centro de Corrupção
onde oficiais das F.A.A esbanjam muito dinheiro sem qualquer receio. É desta forma
que noutros países está acontecer o Golpe Militar porque cria-se muita libertinagem,
arrogância e poderes aos Militares.
A UGP já não presta o seu verdadeiro papel de guardar o Presidente da República, já
que muitos deles estão envolvidos em esquemas de corrupção e associação criminosa.
Portanto, é uma ficção falar em combate à corrupção quando a PGR recebe ordens do
Presidente da República. Desta forma a justiça não move nenhum dedo ao
EDELTRUDES COSTA, Director de Gabinete do Presidente da República, envolvido
em vários esquemas de crimes.
O Povo deve fazer alguma coisa apoiando os Partidos na oposição, porque sozinhos
(sem a força do povo) será impossível derrubar a Ditadura de João Lourenço e seu
enxame de incompetentes e ladrões.
Sebem Freitas
Analista sem subvenção no OGE
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Hoje vim mais uma vez para vos falar deste aqui na foto na altura operativo da DISA
polícia secreta de Agostinho Neto que nos acontecimentos do dia 27 de maio de 1977.
Também aprontou das suas prendendo malta do bairro Sambizanga grande parte seus
conhecidos alguns até mesmo amigos de infância.
Mas como o facto de ter sido também uma vítima daquele acontecimento com
passagem pela cadeia de S. Paulo e campo de concentração do Tari na Kibala. Num
total de dois anos e poucos desde 1977 até finais de 1979 ainda assim, não me dá o
direito de falsear a verdade histórica daquele acontecimento.
Não vou poupar ninguém, chama-se ele como se chama e sobre este tipo aqui na foto
que até já o conhecia muito antes e com quem tinha privado um pouco nos idos tempo
colonial.
Quando ele morava no bairro Santo Rosa / Sambizanga onde era conhecido por
Nandocas. Também com a alcunha (Bukavu) dono de uma fama terrível naquele tempo
no meio feminino como engatatão e extremamente bangão.
Só vou dizer o que vi com os meus próprios olhos fora da cadeia no dia 27 de Maio e
depois já dentro como detido. Quanto sei ele esteve envolvido na detenção de muita
malta do bairro Sambizanga e de quando em vez aparecia na cadeia de S. Paulo e
casa da reclusão. Na espreita e controlo para saber se os seus detidos ainda estavam
vivos ou já tinham sido eliminados.
Infelizmente grande parte da malta do Sambizanga, meus e alguns amigos dele, foram
executados, em especial os que eram na altura da contra inteligência militar e seus
colegas da DISA.
Recordo-me de grande deles ainda tão bem como se fosse hoje, muitos ainda os
encontrei vivos e partilhei com eles os primeiros dias na tenebrosa cela (G). Que era a
cela que tinha mais sangue fresco humano salpicado pelas paredes e no chão.
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foi detido estava de baixa médica, tinha os pés rebentados com o que parecia sarna
mesmo assim não foi poupado.
O Juka Gorila que morava mesmo ali perto nas Bs, este tinha o rosto completamente
desfigurado com coronhadas, Júlio um mulato que era da rua C11, Juka Ngando entre
outros tantos.
Continuarei
Por Fernando Vumby
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capacidade do nosso Exército como também elevaria o nível de prontidão e de
execução dos trabalhos dos nossos órgãos de Segurança.
Angola é uma referência em África em termos de mediação de conflitos, o
Executivo angolano tem sabido posicionar-se como um líder na área da diplomacia
militar (gestão de crises) colocando às partes à mesa das negociações com o intuito de
trazer estabilidade na Região, Presidente João Lourenço deve sim continuar com esta
dinâmica de pacificação no continente africano, contudo, como político-militar
continuarei sugerindo que tenhamos mais ambições bélicas, isso é, de um lado
devemos aumentar os investimentos no sector da Defesa, por outra, devemos criar
novas dinâmicas operacionais estratégico-militares, isso será possível se fizermos
algumas reformas no nosso Modelo de Segurança Doméstica, como angolano que sou,
sendo que a Pátria aos seus filhos não implora mas sim ordena, estaria sim disposto a
dar o meu contributo nisso tudo, seja no âmbito Projectual Estratégico-Militar Nacional,
seja no âmbito Político-diplomático internacional, dentro daquilo que são os programas
do governo em prol do enaltecimento do País no estrangeiro e dos interesses
nacionais.
As Forças Armadas Angolanas são sinônimo não apenas de estabilidade
Nacional mas sim de estabilidade regional e continental, o Exército angolano directa e
indirectamente têm participado em muitas missões de paz em África, mesmo certos
governos africanos só continuam seguros e estáveis por causa do contributo de Angola
nas questões da defesa e político-militares, portanto, Angola é uma potência em África.
O recrutamento ou admissão de cidadãos nacionais para o Exército deve ser
permanente, neste sector deve haver maior abertura, por exemplo se houver cidadãos
que por livre vontade queiram viver a vida militar, o Ministério da Defesa tal igual o
Ministério do Interior, devem dar oportunidades à esses cidadãos voluntários,
precisamos ter um Exército com mais de um milhão de efectivos num espaço de 5 a 7
anos, devemos fazer o mesmo com as forças policiais, forças navais, forças áreas,
forças cibernéticas, etc, mas para tal é necessário “ordem, disciplina e cadeia de
comando”.
Tudo isso faz-me recordar certos colegas meus militares no curso do Mestrado em
Relações Internacionais (Diplomacia, Mediação e Gestão de Crises), na época eles
eram coronéis e brigadeiros, estiveram em missões da NATO no Iraque, no Afganistão
e na Síria, na sala de aulas eles tratavam os colegas como se fossem soldados, era
difícil entendê-los inicialmente, mas aquilo era fruto das suas experiências enquanto
militares, hoje eles são bons diplomatas, de qualquer maneira a vida militar é mesmo
assim, os oficiais superiores têm um jeito próprio de interagir com os soldados e com os
demais dos seus subordinados e auxiliares, por isso é normal e natural quando um
militar age as vezes de um jeito que a maioria não entende, é fruto de um percurso de
vida militar.
A diplomacia é a parte mais equilibrada e moderada da política, tive a chance de
estudar com três embaixadores, eram muito jovens, na época um deles tinha 32 anos,
era amigo pesssoal do nosso ex Reitor que hoje é Juiz no Tribunal Eclesiástico
(Tribunal do Vaticano), outros tinham 36 anos e 40 anos, eram da Europa do Leste,
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Europa Central e Europa do Norte, eram inteligentes e reservados, eu chamo tudo isso
de «prudência diplomática», mesmo a questão da segurança territorial exige um certo
nível de técnicas diplomáticas e coordenação entre os órgãos de segurança do Estado
com o Ministério das Relações exteriores porque a segurança Nacional na sua mais
profunda complexidade faz-se tendo em conta as questões internas e externas.
As Forças Armadas Angolanas têm feito o seu trabalho da melhor forma possível, as
FAA são um orgulho Nacional pelo seu empenho constante na manutenção da paz,
uma paz que não é apenas angolana mas sim paz regional, portanto, para se manter
isso é mesmo necessário que se façam mais investimentos no sector da defesa.
Em Angola no fim de cada formação militar os formandos prestam o seguinte
juramento “prometo ser militar honesto, valente e vigilante, respeitar o povo e todos os
seus patrimónios, guardar e fazer guardar nos mais rigorosos sigilos os segredos
militares e do Estado”. É exactamente isso que um militar deve fazer, colocar a
segurança do Estado em primeiro lugar acima de tudo e de todos, proteger a Pátria de
todos os seus inimigos internos e externos, não importa quais sejam tais inimigos,
devem ser neutralizados em prol do bem maior que é a estabilidade territorial.
A nível militar o País continua crescendo muito, a nível diplomático também temos
vindo a dar passos importantes, motivo pelo qual, de modo que possamos reforçar
ainda mais a nossa dinâmica diplomática em todos os âmbitos, penso ser algo pontual
que criemos novas estratégias no melhoramento da formação diplomática em termos
de cooperação académico-científica diplomática, fazendo convénios com centros e
academias internacionais na área da diplomacia, direito internacional, economia
internacional, comunincação, psicologia das organizações, etc, digo isso porque além
de conhecer muitas destas academais aqui no Ocidente, pessoalmente tenho sido um
dos grandes projectistas das formações diplomáticas que muitos deles organizam,
ainda o mês passado elaborei um programa completo de um Curso de Alta Formação
intitulado “Geopolítica de África: Democracia, Diplomacia e Segurança”.
Angola está num outro patamar político-militar em África, a nível internacional temos
tido ultimamente muita visibilidade por causa das mediações de Paz que o nosso
governo tem feito para a estabilidade das regiões africanas, isso é algo relevante,
estamos caminhando bem, como diz o ditado “é caminhando que se faz caminho”,
sendo assim, precisamos continuar a caminhar e nunca mais parar, pra trás jamais,
temos mesmo que avançar, avançar e avançar em todos os aspectos: econômicos,
sociais, políticos, diplomáticos, militares, tecnológicos (temos o satélite) e noutros
fóruns mais, portanto, os investimentos nesses sectores devem continuar, tendo uma
atenção especial nas Forças Armadas: Defesa e Segurança.
Diplomacia e Administração do Estado
Diplomacia e Políticas de Estado
Diplomacia e Políticas de Segurança
Diplomacia e Economia de Estado
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Diplomacia e Cooperação Internacional
Diplomacia e Cooperação Civil e Militar
Diplomacia Militar
No mundo estratégico-militar
Segurança Nacional
Competências internacionais
Por: Leonardo Quarenta
Ph.D em Direito Constitucional e Internacional
Mestrado em Relações Internacionais: Diplomacia, Mediação e Gestão de Crises
Formação em Conselheiro Civil e Militar
Formação em Geopolítica de África: O Papel da CPLP na Segurança Regional
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A queda e ascensão do General Miala - 3:35
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Depois de ter sido até colocado na cadeia, Miala pode lançar uma ampla reforma dos
serviços de inteligência.
General Miala, como é conhecido, é filho de pai electricista e mãe doméstica e nasceu em
Luanda a 30 de Julho de 1959.
Mais tarde foi chamado para fazer parte das estruturas que funcionavam na órbita da
Presidência da República, na então Secretaria de Defesa e Segurança, e depois na
Comissão de Segurança Estratégica (COSSE).
Rui Kandove cientista político que acompanha o percurso de Fernando Garcia Miala diz
ser um dos primeiros a se opor ao sistema corrupto que o país vive.
“General Miala é seguramente uma figura extraordinária, basta lembrar que foi ele o
primeiro angolano que se colocou contra os desvios do dinheiro que vieram da China”,
lembra aquele analista, para quem “seria colocar a pessoa certa no lugar certo”.
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“A segunda fase é quando começa a se firmar como perito de segurança, tem a sua
autonomia profissional e é transferido para o Governo como vice-ministro do Interior
para o sector da segurança, mas logo a seguir deixa o Governo central para ser nomeado
director-geral do então criado SIE, órgão dependente do PR”, lembra Gama.
Aquele analista lembra que, depois, “ele foi emboscado por uma outra corrente que o
afasta, o prende e sequestra o poder do então PR, é este mesmo grupo que o afasta e
ganha espaço para realizar o saque ao empréstimo bilionário da China, dando lugar à
corrupção em Angola, no período em que José Eduardo dos Santos é remetido à
vulnerabilidade”.
Com a ascensão à Presidência de João Lourenço, Miala foi chamado para dirigir o
Serviço de Inteligência e Segurança do Estado
André da Costa © Fotografia por: Conselho Consultivo Alargado da Polícia Nacional analisa estado da criminalidade no país
O comissário-geral Ambrósio de Lemos fez estas considerações durante a abertura do
Conselho Consultivo Alargado do Comando Geral da Polícia Nacional, que hoje
encerra. Lembrou que o Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças
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Armadas Angolanas, no seu discurso sobre o estado da Nação, proferido no dia 16 de
Outubro, manifestou a preocupação do Executivo sobre a criminalidade violenta, em
especial nas províncias de Luanda, Benguela e Huíla, tendo alertado os órgãos de
Defesa e Segurança para a tomada de medidas que visam prevenir e combater tais
práticas.
Ambrósio de Lemos alertou, por isso, os efectivos da Polícia Nacional para continuarem
a empreender esforços de modo a prevenir e combater a criminalidade e devolver o
sentimento de segurança à população. Durante a reunião, os comandantes provinciais
e directores nacionais do Ministério do Interior estão a abordar questões estruturantes
da vida da Polícia Nacional e balancear as actividades desenvolvidas durante os nove
meses do ano em curso, bem como a traçar estratégias para a prevenção da
criminalidade, sinistralidade rodoviária, imigração ilegal e o terrorismo.
No conselho consultivo alargado estão, igualmente, a ser definidas as principais linhas
de orientação para o enfrentamento da criminalidade em toda a sua dimensão,
particularmente em períodos susceptíveis de alteração da ordem, como na quadra
festiva.
Os participantes estão a discutir, entre os vários temas propostos, a adopção de uma
política de quadros mais racional e que corresponda à lógica de uma regular
progressão na carreira e no crescimento da Polícia Nacional, munida da necessária
segurança jurídica.
Outro tema em análise está relacionado com a busca de mecanismos mais viáveis para
uma compartimentação de competências dos efectivos que regulam o trânsito dentro e
fora das localidades, bem como a uniformização do sistema táctico-operacional e a
persistência na atitude comportamental de boas práticas por parte de todo o efectivo da
Polícia Nacional.
Está, igualmente, a ser analisada a informação relacionada com a estratégia de
asseguramento dos grandes eventos previstos para os últimos meses do ano, com
realce para os Jogos Desportivos da Região 5 da União Africana, a quadra festiva, o
41º aniversário da Independência Nacional e a continuidade do asseguramento do
processo eleitoral.
Durante os trabalhos, os membros do Conselho Consultivo Alargado do Comando
Geral da Polícia Nacional participam também de uma palestra subordinada ao tema “A
importância do uso das novas tecnologias de informação na gestão da actividade
policial”.
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A garantia da ordem, a defesa da segurança e tranquilidade públicas, o asseguramento e protecção das
instituições, dos cidadãos e os respectivos bens, contra criminalidade violenta ou organizada e outros
tipos de ameaças e riscos, são fundamentos de valor sobre a existência da Polícia Nacional de Angola.
Enquanto Órgão de Estado, a Constituição da República estatui no Artigo 210.º a Polícia Nacional de
Angola como uma instituição nacional, permanente, regular e apartidária, organizada na base da
hierarquia e da disciplina, incumbida da protecção e asseguramento policial do País, no estrito respeito
pela Constituição e pelas leis, bem como pelas convenções internacionais de que Angola seja parte. A
Polícia Nacional é composta exclusivamente por cidadãos angolanos, sendo a sua organização única para
todo o território nacional. Lei própria regula a organização e o funcionamento da Polícia Nacional.
Definição e Natureza
A Polícia Nacional de Angola nos termos do Artigo 2.º do Decreto Presidencial nº 152/19, de 15 Maio, que
aprova o seu Estatuto Orgânico, abreviadamente designada por «PNA» é uma força militarizada,
uniformizada e armada, com natureza de força de segurança pública, dotada de autonomia operacional,
administrativa, financeira e patrimonial, e tem por missão fundamental: a) Assegurar e defender a
legalidade democrática; b) Garantir a segurança pública e o exercício dos direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos; c) Manter a ordem e tranquilidade públicas; d) Colaborar na execução da
política de defesa nacional, nos termos da Constituição e da lei. A PNA é constituída por pessoal
militarizado e por pessoal civil.
Dependência
A PNA, enquanto força de segurança, é dirigida pelo Presidente da República na qualidade de
Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, e compete ao Departamento Ministerial
responsável pela ordem interna e segurança pública (Ministério do Interior) auxiliar o Presidente da
República na condução e direcção da PNA. A PNA, enquanto órgão de segurança e ordem interna, está
sujeita à fiscalização política, administrativa e judicial, nos termos da Constituição e da Lei.
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Atribuições Essenciais
Em situações de normalidade constitucional, as atribuições da PNA são as constantes no seu Estatuto
Orgânico (Decreto Presidencial nº 152/19, de 15 de Maio) e demais legislação aplicável, e em situações de
excepção, resultantes da legislação sobre a Defesa Nacional e sobre os estados de guerra, de sítio e de
emergências.
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O Comandante-Geral da Polícia Nacional de Angola (PNA), Comissário-Geral, Arnaldo Manuel Carlos e o
Director-Geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC) Comissário-Chefe, António Paulo Bendje,
encabeçam uma delegação angolana que está desde 19 de Abril, na vizinha República da Namíbia, para
tratar da segurança na fronteira comum.
Imigração ilegal, tráfico de seres humanos, tráfico de armas de fogo, contrabando na importação e
exportação, tráfico de combustível, roubos de viaturas e assessórios, de roupas usadas, de telemóveis e
assessórios, são algumas das preocupações comuns das partes.
Hoje, dia 20 de Abril, decorreu a reunião técnica que prepara a documentação e afina os pormenores
técnicos que antecedem a reunião entre os Comandantes-Gerais dos dois países vizinhos.
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A reunião técnica foi encabeçada pelos dois responsáveis nacionais de Investigação Criminal,
nomeadamente: o Director Geral do SIC de Angola e o Director-Geral da Polícia de Investigação Criminal
da República da Namíbia, Comissário - Morita Norres Naruseb.
Da parte namibiana, Comissários - Peter Amadhila, Director de Inteligência Policial, Nicolas Endjala, Adido
de Polícia República da Namíbia em Angola, Elias Mutota, Comandante das forças especiais, Elisabth
Sibolile, Comandante da Região de Hhangwena, Rauna Amwele, Comandante da Região de Oshana, Titus
Shikongo, Comandante da Região de Omusati, Subcomissários - Lisias Shimutwikeni, chefe do grupo de
investidores da Namíbia, Josia Shikongo, chefe da Divisão de Controlo de Armas de fogo e Martin
Shipanga, chefe do gabinete Nacional da Interpol.
O Ministério do Interior, abreviadamente designado por "MININT" é o órgão do Estado angolano que
tem por missão propor, formular, coordenar, executar e avaliar a política do Executivo angolano em
matéria de ordem interna e segurança pública.
27
Análise Criminal de Informações e a
Tomada de Decisão
No documento Informações policiais: importância na tomada de decisão na polícia nacional
de Angola (páginas 33-38)
Anexo XXII Plano de Modernização e Desenvolvimento da
Polícia Nacional Angolana
2.4. Análise Criminal de Informações e a Tomada de Decisão
A informação é uma ferramenta essencial para o funcionamento dos sistemas que trabalham com
processos passíveis de análise62, encaminhamento e decisão. Na verdade a informação é
primordial em todos os campos de exercício do conhecimento académico, das organizações
burocráticas, do mundo dos negócios e da actividade política. A informação é a base para o
julgamento e o exercício do poder, para a formulação de novas práticas que conduzem à eficácia,
à racionalização e à agilidade na movimentação dos processos nas diferentes estâncias e
hierarquias burocráticas63.
É importante observar uma estratégia inteligente nas fases iniciais de implantação de um sistema
de análise64 da informação. O trabalho de inteligência é muitas vezes caracterizado
principalmente como uma função de análise, uma actividade secreta, ou sobre o trabalho do
conhecimento.
61 A primeira característica prende-se com o horizonte temporal, em que as “decisões operacionais têm um
impacto imediato; as decisões tácticas têm um impacto a curto - médio prazo e as estratégicas
possuem um impacto a médio - longo prazo”. A segunda característica é a frequência de
repetição da mesma decisão, em que as “decisões operacionais são tomadas frequentemente (dia-
a-dia); as tácticas são tomadas com menos frequência e as estratégicas são tomadas com pouca
frequência. A terceira característica das decisões é o grau de estrutura da informação, no processo
da tomada de decisão, em que as decisões operacionais, as tácticas e as estratégicas são tomadas
consoante uma informação estruturada, semi-estruturada e não estruturada, respectivamente
(Rasgão, 2004:320-322).
62
28
básicas de uma informação, in pt.wiktionary.org/wiki/an%C3%A1lise, consultado em
25.02.2010.
63 http://www.i3g.org.br/experienciadocente/presencial/impactosocialdati/biblioteca/artigoeleonora.pdf,
consultado em 05.02.2010.
64 É indispensável para tácticas e estratégias de planeamento de sistemas de gestão de registos, produzindo
65 É parte da cultura organizacional, liderada pelo executivo - chefe, supervisores e gerentes de incentivar os
23
características universais sejam reconhecidas para toda a espécie humana, geralmente pensa- se
que as formas de conhecer, de pensar, de sentir são geralmente condicionadas pela época, cultura
e circunstâncias” (Lévy, 1999:14).
Na análise da informação, devemos ter em consideração que nem toda a informação é tem a
fiabilidade desejada, devendo-se neste caso avaliar a qualidade da informação. Deste modo,
devemos ter em atenção a pertinência66, a oportunidade67, a exactidão68, a redução da
incerteza69, o elemento de surpresa70 e a acessibilidade71 da informação (Rasgão, 2004:36). A
informação ajuda a reduzir a incerteza acerca do resultado da decisão, sendo que a informação
para a tomada de decisão é diferente para cada nível72.
Na Análise Criminal Táctica (ACT), devemos ter em atenção as variáveis como a localização, a
hora, o alvo e ou modus operandi, importantes para identificar um padrão criminal.
66
29
A informação deve ser pertinente, isto é, deve relacionar-se com os factos, estar disponível e ser
importante para a pessoa que a requer. A informação ajudará as pessoas a tomarem decisões
(Rasgão, 2004:36).
67 A informação deve ser “oportuna, ou seja, deve estar disponível à pessoa certa no momento certo”
(Rasgão, 2004:36).
68
A informação deve ser exacta, pelo que, se não for, perde o interesse (Rasgão, 2004:36).
69 A decisão deve ser tomada com informação precisa e eficaz, para que se possa reduzir a incerteza. Uma
70
O primeiro a ter a informação pode surpreender o adversário, obtendo deste modo vantagens
competitivas (Rasgão, 2004:36).
71 A informação só é útil se as “pessoas têm acesso a ela; a acessibilidade está ao alcance daqueles que
podem obter a informação a tempo de ser usada com eficiência e no formato que a torna útil”. O
formato electrónico é mais facilmente acessível do que a tecnologia do lápis e do papel (Rasgão,
2004:36).
73 É usado para armazenar, organizar, analisar e visualizar qualquer tipo de dados não apenas incidentes ou
crimes.
74
24
Este tipo de análise refere-sesegundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:10), à análise de
dados e informações relativas ao “onde”, “quando” e “como” o crime aconteceu e foi praticado,
objectivando assistir aos investigadores na identificação e compreensão dos problemas
específicos e imediatos do crime. A procura de padrões para avaliações futuras é um dos aspectos
fundamentais deste tipo de análise. O objectivo principal é accionar à rápida resposta em relação
a uma série de crimes que estão ocorrendo.
30
A Análise Criminal Estratégica (ACE)75 “é o estudo de informações sobre o crime e a actividade
policial, integradas a factores sócio demográficos e espaciais, com a finalidade de determinação
de padrões das actividades criminais ao longo de um dado tempo como também avaliar as
respostas policiais e os procedimentos das instituições de segurança pública”, segundo Dantas &
Ferro (cit. in Filipe, 2006:11).
Por outro lado, a Análise Criminal Investigativa (ACI)77 focaliza a sua atenção segundo Osborne
& Wernicke (cit. in Filipe, 2006:14) nos perfis das vítimas e dos suspeitos, com apoio de dados e
informações disponíveis, de cunho sócio-demográfico e antropológico, levantando hipóteses
gerais sobre o tipo de pessoa ou grupo que possa estar a cometer determinada sequência de
crimes.
75 O seu interesse concentra-se em problemas delituosos a longo prazo e suas causas, as tendências ou
variações da criminalidade e os factores que estão por trás dessas mudanças. O resultado é
comunicado em relatórios estatísticos, gráficos e mapas. A sua resposta está associada à
elaboração de políticas e estratégias para resolver problemas da criminalidade, a médio e/ou a
longo prazo (Osborne & Wernicke, 2003:11).
76 Neste tipo de análise, o objectivo principal é preparar apresentações para discussões com a comunidade,
77 O analista cinge-se com análise de crimes de homicídio, estupro e sequestros. É criado o perfil psicológico
e de comportamento dos suspeitos e das vítimas e possível relação entre vítimas. Com isto,
podemos identificar o autor ou quem será a próxima vítima (Osborne & Wernick, 2003:11).
25
A Análise de Inteligência78 está assente no estudo da criminalidade organizada, tenha ela sido
relatada ou não à polícia, para apoiar o esforço da investigação policial na identificação de
vínculos entre pessoas, eventos e património, segundo Dantas & Ferro (cit. in Filipe, 2006:13).
Por último, temos a Análise Operacional (AO)79 que visa essencialmente segundo Osborne &
Wernicke (cit. in Filipe, 2006:15) demonstrar como a Polícia emprega os seus recursos no
31
cumprimento das missões que lhe são atribuídas por lei, centrando-se nos gastos,
desenvolvimento das acções, orçamento e redistribuição de actividades e tarefas. Geralmente,
este tipo de análise faz-se quando são assumidas novas responsabilidades territoriais de actuação,
em momentos de contingência ou de reestruturação política.
Neste sentido, uma inteligência de policiamento será, no nosso ponto de vista, a mais adequada,
visto ser um modelo contemporâneo para situar a função de inteligência dentro da missão global
da organização policial (Carter, 2005), bem como tem um papel duplo de antecipação de riscos e
influencia a acção de análise e tomada de decisão.
78
O seu objecto de estudo é a relação entre as pessoas, grupos e organizações. Os delitos que aqui
se analisam são o narcotráfico, lavagem de dinheiro, terrorismo, roubo de viaturas. As
informações são obtidas através de vigilâncias especiais, escutas telefónicas, dados de
informadores, movimentos bancários, gravações, rastreamento de e-mails e infiltração (Osborne
&Wernick, 2003:11).
79 Esta análise é um produto interno dos serviços policiais e está relacionada com a gestão policial. Assim
sendo, o analista deve saber quantos efectivos se necessita para cada serviço e como distribuí-los
em tempo e espaço (divisão de território e turnos), quantificar a demanda e oferta dos serviços
policiais para poder justificar a pretensão de aumento de pessoal, veículos ou outros recursos
(Osborne & Wernicke, 2003:11).
80 A inteligência de policiamento exige uma maior integração de informações secretas, informações criminais
e análise da criminalidade.
81 Isto é, encontrar padrões em casos relatados nos crimes, características semelhantes e que são recorrentes.
26
32
passando-se a fazer um comentário sobre o futuro82. Para além deste temos igualmente o
desenvolvimento e manutenção de uma base de dados83, a produção de relatórios estatísticos84,
a análise de chamadas para serviços policiais, pesquisa e análise de suspeitos85 (Osborne &
Wernicke, 2003:6).
A análise do crime pode ajudar um decisor a perceber o que está a acontecer, permitindo-lhe uma
maior compreensão de padrões da criminalidade e de tendências criminais. Sem esta
compreensão, as pessoas que têm de tomar decisões que afectam a segurança e a integridade das
comunidades não terão acesso à informação vital e essencial para um bom planeamento e
estratégia. Neste sentido, os resultados da análise devem ser fornecidos atempadamente ao
decisor antes que este tome a decisão.
82
Porque há uma sugestão implícita de que os eventos passados são indicativos da criminalidade
futura (Ratcliffe, in press).
83 Em que devem estar especificados dados importantes recolhidos pela Polícia, bem como dados de
relatórios.
84
Para muitos esta é a primeira imagem que têm de um analista. É uma tarefa importante quando
queremos analisar as tendências ou mudanças positivas ou neutras dos dados recolhidos. É feito
diariamente, pode ser mensal, semestral ou anual.
85 É primordial a pesquisa na base de dados devido a existência de características em comum. O objecto de
27
33
aspectos relacionados com a estrutura organizacional do Gabinete de Estudos e Informação e
Análise, bem como dos sistemas e níveis de informação na Polícia angolana.
Anexo XX - Análise Criminal da Informação - Fins e Métodos de Análise. Anexo XXI - Estatuto
Orgânico da Polícia Nacional de Angola.
67
68
34
Entrevistador: Bartolomeu Miguel Neto, Aspirante a Oficial de Polícia do ISCPSI da
PSP. Entrevistado: Senhor Intendente Alfredo Nhime, Director do Gabinete de
Estudos, Informação e Análise do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia Nacional de
Angola.
Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Director, o que é o GEIA e como está estruturado?
Resposta (R) AN: O GEIA é um Gabinete de Estudos, Informação e Análise, ele está estruturado
em áreas operativas e administrativas, também temos uma área de organização, responsável pela
planificação operativa. Está concebido para recepcionar, tratar e enviar aos órgãos de direito dos
demais níveis de informação do Comando Geral, todo o trabalho de informação quer operativa,
quer administrativa do Comando Provincial.
R AN: Bem, o funcionamento não só dos órgãos de informação, mas da própria sociedade rege-se
por lei. Na corporação o nosso lema é manter a ordem e a tranquilidade públicas e tem sempre
como suporte as leis vigentes na República de Angola entre as quais a Constituição da República
de Angola.
69
P 5 BMN: Como Director do GEIA, qual é a informação necessária para que os Órgãos
Operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.
R AN: Primeiro é que os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho Operativo Secreto
(TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que lhe rodeia, numa interacção constante entre
Cidadão - Polícia e vice-versa, neste caso estaremos a falar do trabalho de proximidade, porque o
35
polícia independentemente de pertencer a sociedade, também deve viver os problemas da própria
sociedade, e só assim é que poderá actuar. Tenho dito, nas aulas que lecciono (em matéria de
informação) que se o Polícia não estiver informado dos problemas que vive a sociedade, não
cumprirá com o seu verdadeiro papel, ele vai na rua apenas como um elemento fardado a polícia
e não como um polícia na rua, porque ele não sabe dos problemas que vive a sociedade na qual
está inserido.
P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?
R AN: Primeiro é que a segurança do cidadão começa por ele próprio, isto porque, imaginemos
que o cidadão, e como se diz que a ocasião faz o ladrão, o cidadão vai para a cama e deixa as
portas abertas, ou que não repara se as janelas ou portas estão fechadas, neste
70
caso quando o ladrão chegar só será entrar sem esforço nenhum, e neste caso a ocasião faz o
ladrão. Então a própria segurança começa mesmo pelo próprio cidadão, o Polícia é e será apenas
complementar.
R AN: A principal tarefa da PN continua a ser a prevenção. Bem ai está a própria essência da
Polícia, a prevenção do crime e não combater. A Polícia como instituição foi concebida para a
prevenção, mas quando acontecem delitos já há a necessidade de combater o crime. Então em
primeiro plano está a prevenção e em segundo plano a reacção (combate). As causas que estão na
base da criminalidade, aponto em primeiro lugar o desemprego, o que não quer dizer que as
pessoas empregadas não cometem crimes, mas uma maior percentagem é mais com pessoas
desempregadas. Assim sendo, os crimes contra as propriedades ocupam o primeiro lugar como
furtos, roubos. Por outro lado, também encontramos como causa no cometimento de crimes a
ingestão de bebidas alcoólicas, em que as ofensas corporais (graves ou simples) ocupam o
primeiro lugar, porque a pessoa com excesso de álcool no sangue é mais vulnerável no
cometimento de ofensas corporais e que, geralmente podem também surgir questões passionais,
problemas de ciúmes, desentendimento entre amigos/amigas, isto porque depois de uma festa ou
convívio, já ninguém consegue entender o outro, desentendendo-se surgindo a força dos
músculos dando origem a ofensas corporais.
71
único período laboral já se torna complicado. Mesmo para os comandos municipais que possuem
comunicações, têm deparado com inúmeras dificuldades desde equipamento obsoleto, em mau
estado, não suportando problemas atmosféricos, etc, o que tem condicionado em grande parte na
tramitação das informações a tempo oportuno.
P 9 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o Comando
Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado (SISE)?
R AN: A cooperação tem sido a dois níveis (Interno e Externo). A nível interno são feitos entre
os diversos órgãos que constituem esta corporação (Investigação Criminal, Ordem Pública e
Posto de Comando principalmente), e a nível externo são feitos com órgãos como as Forças
Armadas Angolanas (FAA), os Serviços de Inteligência do Estado e outros órgãos até mesmo do
Ministério do Interior (MININT) e que tem sido bastante benéfico. A nível interno tratamos como
se fosse um só homem. Tratando da Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), como
se sabe, é o Órgão operativo da PN, e na qual tem como suporte principal a informação para o
desempenho normal das suas atribuições. A Direcção Provincial de Ordem Pública (DPOP)
geralmente é o tal sistema de todo um agente de autoridade, independentemente da especialidade
de cada um todos somos agentes da ordem pública e incorpora os Oficiais Operativos (O/O), as
Pessoas de Confiança (P/C), e ainda os Colaboradores Secretos (C/S) e a sua actividade prende-se
com a recolha de informação. P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com
a inexistência de uma base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal e não só é
inserida para futuras consultas) a nível da Polícia Nacional de Angola. O que tem a dizer sobre
isso?
R AN: A princípio diríamos que, a criação de uma base de dados será muito benéfico para a
nossa corporação. É de salientar que este estudo já está em curso e avançado a nível do Comando
Geral. Em todos os encontros operativos, reuniões já está a ser debatido esta questão, e penso que
o problema, deve ser por questão de tempo para se materializar. Esta ideia partiu dos órgãos
centrais do Comando Geral e a sua criação e materialização depende apenas do Comando Geral e
penso que a breve trecho poderemos ter este sistema implementado na Polícia Nacional de
Angola.
72
P 11 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser responsável por
esta?
37
R AN: Geralmente a tomada de decisão depende sempre das probabilidades estatísticas, isto é,
com base no fluxo de informação, quando variadíssimas informações o GEIA recepcionar,
teremos que ter uma decisão a tomar e não deve ser antes da comprovação de dados ou
informação, a não ser um caso urgente mas que vai merecer uma análise profunda. Por exemplo,
podemos ter a informação que no sitio X aconteceu um crime, devemos em primeiro lugar ter em
atenção os modus operandis que os marginais utilizaram, porque eles (marginais) poderão alterar
os seus modus operandis, porque também são astutos e que, neste caso só a repetição de um
crime numa determinada localidade é que geralmente já exige a tomada de decisão por parte de
quem de direito.
P 12 BMN: Acha que em muitos casos de investigação a demora de resultados está implicada
com pouca informação disponibilizada pelos órgãos responsáveis ou pela falta de cooperação
entre estes?
73
casos dos idosos, das crianças, bem como também nas escolas, e outras áreas afins. Diria que a
polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto permanente com as
pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da situação operativa da sua área
de jurisdição, estamos a falar concretamente dos O/O, dos Chefes dos Serviços de Sectores,
porque eles têm a missão de fazerem o acompanhamento dinâmico do próprio sector, o
movimento demográfico e geralmente essa situação só é possível com o contacto permanente
com as pessoas que ali residem, como as Autoridades tradicionais, idosos, visto que eles têm a
informação, sabem quem é, e qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao crime,
os sítios geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de malfeitores, onde
traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher informações benéficas para a
actividade policial. O Policiamento de Proximidade tem neste sentido um papel fundamental e
38
crucial em que as forças no terreno vão descobrir os infractores para que depois possamos tomar
a decisão, direccionando as forças para a actuação.
P 14 BMN: A recolha de informação por parte do GEIA não conduz à duplicação de recursos
com outras entidades como a Direcção Provincial de Investigação Criminal, Direcção Provincial
de Ordem Pública e a Direcção Provincial de Investigação e Inspecção de Actividade
Económicas em determinados crimes? Se sim, como evitar?
R AN: Não tem acontecido, o GEIA é o órgão que como já frisamos atrás, de recepção,
tratamento, estudo e divulgação da própria informação. Quer dizer que, todos os outros órgãos
como a DPIC, DPOP, DPIIAE, cada um a seu nível, quando recebem uma informação, tratam
desta e canalizam ao GEIA para o tratamento final da informação para dar conhecimento a
direcção do Comando para a tomada de decisão.
R AN: Geralmente toda a informação que é pública é geralmente com as forças da Ordem
Pública. Na recolha de informação os Oficiais Operativos dos SISE têm um carácter secreto para
o descobrimento do delito, isto é, descobrem mas não actuam, porque têm as forças da ordem,
dando apenas a conhecer para que estas (Forças de segurança) possam dar o tratamento final.
74
R AN: Existe, tudo é a base de regulamentos, metodologias e também com base em Normas de
Execução Permanente (NEP).
R AN: Bem a informação não é só a polícia, a informação cabe a todos nós (Angola), só que o
tratamento é que depende de um Órgão especializado, senão a informação é de toda a sociedade.
Imaginemos que um acidente é presenciado por pessoas especializadas e a sociedade (pessoas),
mas cada um irá informar a sua maneira. Neste caso os órgãos especializados são chamados para
o tratamento final e dar a sequencia devida.
P 18 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva da
polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão tomar para a
solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?
R AN: A segurança não depende só dos órgãos especializados, mas sim de todos os elementos de
uma determinada sociedade. Os elementos ligados a segurança pública ou segurança privada
39
também fazem parte do subsistema do sistema de segurança pública. São elementos do
subsistema e no entanto fazem parte da segurança, só que o problema é que ele pode actuar mas
não dá o tratamento. Tem que fazer o encaminhamento aos órgãos de direito que é o caso da
Polícia, que está especializado em matéria de segurança e reposição da ordem e tranquilidade
públicas.
P 19 BMN: Senhor Director, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra questão que
eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.
R AN: Diríamos que tudo foi dito, só para dizer que tratando da segurança pública é um assunto
sério, porque toda a sociedade quando é insegura, toda a gente reclama problema do Estado.
Então neste sentido, todos os elementos são chamados a responsabilidade, cada um a seu nível a
tratar de segurança. A segurança começa dentro de mim e depois dos outros. Isso quer dizer que,
no caso do cidadão, não quer dizer que como a polícia já esta a realizar
75
policiamento nas ruas pode dormir com as portas abertas, mas sim, deve criar condições para a
sua própria segurança para que depois os outros organismos o venham complementar.
76
77
Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Chefe-Adjunto do Posto de Comando, o que é o Posto de Comando
e como está estruturado?
40
Resposta (R) APB: O Posto de Comando é um Órgão de asseguramento do Comando Provincial
do Kuanza-Norte da Polícia Nacional, nele portam várias actividades e tem como actividades
principais numa primeira fase o informe do relatório constante e diário ao Comando Geral da
Polícia Nacional de Angola, bem como o controle das forças, da situação operativa a nível da
Província, assim como em todas as formaturas organizar e comandar todas as forças do Comando
Provincial.
P 2 BMN: Como Chefe-Adjunto do Posto de Comando, qual é a informação necessária para que
os órgãos operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.
R APB: O Posto de Comando depende das orientações de Sua Excia Senhor Comandante
Provincial e de Sua Excia Senhor 2º Comandante Provincial. O Posto de Comando recebe
diariamente as informações provenientes de todos os comandos municipais e canaliza para o
GEIA para que essa (informação) possa ser estudada e analisada para que por sua vez o GEIA
78
canaliza para Sua Excia Sr. Comandante Provincial. Assim sendo, a informação deve ser precisa,
imediata e oportuna e que cumpra com todos os requisitos necessários.
R APB: Posso atribuir o aumento da criminalidade a falta de nível cultural por parte da
juventude, visto que os jovens são os que mais cometem delitos. A ingestão excessiva de bebidas
alcoólicas apresentam-se como principal causa para o cometimento de crimes, bem como a falta
de emprego, associada a um baixo nível académico (muitos ainda são analfabetos), que não
corresponde com as actuais exigências do mercado de emprego, enveredando desta feita para o
caminho da criminalidade (em que os furtos, roubos e violações, são as mais frequentes) como
forma de suprir as suas dificuldades financeiras. O vandalismo nas ruas em tempos de festa como
é o caso desta quadra festiva (2009), verificando-se brigas nas ruas entre jovens na faixa etária
dos 18 aos 35 anos. Tudo isto devido a falta cultural, a falta de educação familiar, que tem
originado numa deficiente educação escolar.
P 4 BMN: Quanto a formação que tem sido ministrada ao efectivo da Polícia Nacional, tem sido
benéfica para o exercício das suas funções?
R APB: Eu penso que tem havido vantagens e posso afirmar com segurança, porque o Ministério
do Interior e o Comando Geral, estão preocupados com a formação dos seus efectivos. No
passado por exemplo, posso dizer que a guerra foi uma das causas para a não formação de
maioria do pessoal afecto ao MININT e ao CG. Actualmente há desenvolvimento a nível do nível
académico do efectivo, bem como um aumento da própria cultura do sistema policial. O
Comando Geral, através de orientações e o próprio Comando Provincial tem cumprido estas
orientações, formando pessoal em termos de Ordem Pública, Ética Policial, Técnica Policial e
outras matérias através do Programa de Modernização e Desenvolvimento em curso em todo o
País, estando-se a notar evolução. Neste momento (01 de Janeiro de 2009) está a decorrer um
41
curso de superação policial (técnico policial e profissional), e que tem mostrado êxitos na forma
de actuação de muitos efectivos.
Texto
(1)
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS POLICIAIS E SEGURANÇA INTERNA
Informações Policiais
Orientador:
Segurança Interna
Aos meus pais Miguel e Isabel, pela confiança e pelo apoio que sempre me deram, bem
como pelo orgulho que sentem por mim e pela minha profissão (Polícia). À minha
amada esposa Domingas que esteve durante estes longos cinco anos distante de mim.
Aos meus filhos Miguel, Marinela, Lídia, Edna e Ivanildo, pelo amor, carinho e sorriso que
sempre demonstraram. Por último, mas não menos importante, aos meus irmãos, tios e
amigos em geral.
(4)
II
A execução deste trabalho não teria sido possível sem o contributo de várias pessoas.
Não podia, pois, deixar de lhes prestar um justo e sincero tributo.
Agradeço igualmente ao Senhor Intendente Luís Fiães Fernandes pela ajuda dada,
quanto a bibliografia consultada, para a realização do presente trabalho.
Agradeço igualmente aos meus irmãos e tios, pela coragem, camaradagem e força que
sempre me deram, para que pudesse culminar com êxito o curso.
43
Aos meus amigos em geral, pelo apoio e amizade que sempre me proporcionaram.
Agradeço também aos meus colegas do XXII CFOP, pela amizade e ajuda, dando provas
que poderei contar sempre com eles, em especial ao Carlos Martins, José Catanho e
João Cunha.
Ao ISCPSI e ao seu corpo docente, pela formação que me concederam durante estes
longos cinco anos.
CMDO - Comando
EOPN - Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola EPP - Escola Prática de Polícia
FNLA- Frente Nacional de Libertação de Angola FNUAP - Fundo das Nações Unidas para
a População FSS - Forças e Serviços de Segurança
GF - Guarda Fronteira
44
INTERPOL - Polícia Internacional
45
TDH - Taxa de Desenvolvimento Humano TOS - Trabalho Operativo Secreto
UNDAF - Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola UNITA- União Nacional
para a Independência Total de Angola UPIP - Unidade de Protecção de Individualidades
Protocolares
(7)
V
Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola ... 100
Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão ...
119
46
Anexo XV - Estrutura da Informação no Processo de Decisão ... 123
47
Figura. 11- Desagregação das Informações Policiais. ... 113
Índice de Quadros
Quadro. 1 - Principais Defeitos da Tomada de Decisão ... 127
Quadro. 2 - Processo de Produção de Informação ... 131
(9)
VII Dedicatória ... I Agradecimentos ... II Lista de Siglas ... III Índice de Anexos ... V Índice
de Figuras ... VI Índice de Quadros ... VI Índice Geral ... VII Resumo ... IX
INTRODUÇÃO ... 1
48
Cap. 2 - Enquadramento temático. Introdução às informações policiais e à Tomada de
Decisão. .. 12
49
4.5. O Policiamento de proximidade e a recolha de informação ... 47
4.7. Plataforma digital para a troca de informação entre os diversos órgãos da Polícia
Nacional de Angola. ... 51
CONCLUSÃO ... 57
BIBLIOGRAFIA ... 60
(11)
IX
A Polícia Nacional de Angola (PN) tem a missão de cumprir e fazer cumprir a lei, garantir
o normal funcionamento das instituições democráticas e o livre exercício dos direitos,
liberdades e garantias dos cidadãos. Para o seu normal funcionamento e cumprimento
das missões legalmente cometidas, a polícia necessita das informações policiais. Apesar
de já desempenharem um papel importantíssimo, ainda se afigura necessária a criação
de uma base de dados de informações policiais digitalizada, a nível nacional, para haver
uma troca de informações em tempo real e oportuno, levando assim a uma actuação
policial mais eficaz e eficiente.
50
1
INTRODUÇÃO
A) Temática e Objectivos
1) A criação de uma base de dados para a troca de informação entre os vários órgãos de
informação e investigação criminal ao nível da Polícia Nacional de Angola;
51
3) Reflectir sobre a carência de meios materiais e humanos para o normal
funcionamento e produtividade dos órgãos ligados às informações policiais em Angola.
(13)
2
2) Uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas estejam
dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste modo a sua
preparação e formação profissional nesta área.
C) Estrutura do Trabalho
D) Contexto de Investigação
E) Metodologia Adoptada
Iremos repartir o nosso trabalho em duas partes: Uma teórica e outra prática.
1.1. Contextualização
54
de organização política e a democracia representativa e participativa. Deste modo,
promove e defende os direitos e liberdades fundamentais do Homem, quer como
indivíduo quer como membro de grupos sociais organizados, e assegura o respeito e a
garantia da sua efectivação pelos poderes
(16)
5
legislativo, executivo e judicial, seus órgãos e instituições, bem como por todas as
pessoas singulares e colectivas2.
A República de Angola é um país situado no centro - sul de África, que faz fronteira com
a Namíbia a sul, a República Democrática do Congo a norte, a Zâmbia a este e com a
costa ocidental ao longo do Oceano Atlântico. O último recenseamento populacional e
habitacional data de 1970. Contudo, as estimativas apontam para uma população actual
na ordem dos 16 a 18 milhões de pessoas, dispersos por uma área total de 1.246.700 de
km². Do total da sua população, 50,7% são mulheres, 53,3% reside em áreas urbanas e
50% tem entre 5 e 25 anos3. Angola é o segundo maior produtor de petróleo e de
diamantes na África Subsaariana e ocupa a 59ª posição entre as economias mundiais em
termos de produto interno bruto4.
Ao fim de oito anos de paz, o Governo de Angola começa a levar a cabo enormes
investimentos na reconstrução e renovação de infra-estruturas nacionais básicas, o que
se espera que tenha um impacto positivo significativo nas condições de vida da
população.
55
com a Declaração do Milénio e nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs),
com o programa Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD) e com a
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), almejando uma diminuição
de 50% na
Cfr. artigos 1.º e 2.º da Lei Constitucional da República de Angola, vista e aprovada pela
Assembleia Constituinte, aos 21 de Janeiro de 2010.
3 Fonte: Ministério do Planeamento e Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP9. 4 Fonte: Banco Mundial 2007.
5
(17)
6
proporção de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia, até 2015, e uma
subida do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 75% até 2025, colocando
Angola entre os Países de Desenvolvimento Médio6.
Apesar dos esforços para melhorar o desempenho no sector da saúde, este sistema e os
respectivos serviços são ainda precários na medida em que carecem de infra-estruturas,
equipamento, pessoal formado e sistemas de acompanhamento adequados. Em 2005
havia 1.659 médicos em Angola, o equivalente a apenas um médico por 10.000
habitantes, tendo o Governo prometido aumentar esse rácio para 13 médicos por 10.000
habitantes, até 2015. Muitas províncias têm poucas infra-estruturas de saúde funcionais.
A esperança média de vida é de 42,4 anos para os homens e de 44,5 para as mulheres, o
acesso aos cuidados básicos de saúde ronda os 30% e o acesso a água e saneamento
básico (respectivamente, 62% e 69%) são baixos. A mortalidade materna é muito
elevada, na ordem das 1.850 mortes por cada 100.000 mulheres e as taxas de
mortalidade dos bebés e crianças com menos de cinco anos são de 150 e 250 por 1.000
nados-vivos, respectivamente. A gravidez entre as adolescentes é um dos motivos de
preocupação: 51,5% das raparigas entre os 15-19 anos têm, pelo menos, um filho. O uso
de preservativos é baixo (0,3%). A taxa de infecção por HIV entre os adultos em Angola é
de 5.0%7.
56
justa distribuição do rendimento nacional; 3.º desenvolvimento sustentável a longo
prazo, desenvolvimento humano, bem-estar para todos os angolanos e
desenvolvimento harmonioso do território; 4.º boa governação e transparência; 5.º
Angola, um país com futuro, respeitado pelos seus vizinhos, pelos parceiros e por toda a
comunidade internacional e cada vez mais integrado na economia mundial.
Angola esteve durante cerca de cinco séculos subjugada pelo sistema colonial
português. Durante esse período, o colonialismo português utilizou vários instrumentos
para
6 Cfr. o esclarecido no Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola para o quinquénio 2009-2013. 7
8 Cfr. o Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola (UNDAF). O actual UNDAF para o
garantir a segurança pública, que passou pelos célebres e temidos Chefes de Posto,
Regedores9 e Cipaios10.
Em 1935, pressionado pelo desenvolvimento social então vigente, foi fundada a Polícia
de Segurança Pública de Angola (PSPA) com dependência directa do Governador-Geral
de Angola, entidade máxima que superintendia o então chamado “Estado de Angola”.
Em 1963, por Decreto do Governador-Geral, foi autorizado que o angolano “negro”, até
então utilizado apenas como força auxiliar, pudesse ascender a categoria de guarda de
2.ª ou 1.ª Classe, o equivalente hoje à categoria de Agente de Polícia.
Em 1975, o Governo português passou por várias transformações provocadas pelas lutas
armadas que ocorreram no chamado ultramar português de então. Como resultado o
Governo colonial tomou várias decisões entre as quais a formação de um “Governo de
transição”11, empossado no dia 31 de Janeiro de 1975 até à proclamação da
Independência em 11 de Novembro de 1975, integrado por três movimentos políticos,
57
sob a coordenação do Alto-comissário de Portugal. Nesta altura, o país conheceu a
extinção da Polícia de Segurança Pública (PSP) colonial, que deu lugar ao Corpo de
Polícia de Angola (CPA)12. Chefiavam este Corpo ainda embrionário, os Comandantes
Santana André Pitra “Petroff”, representado inicialmente por Armindo do Espírito Santo
Vieira pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Isaías Celestino
Chinguvo Chianeke pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)
e David Mekondo pela Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), oriundos dos
três movimentos de libertação nacional (Chiyaneke, 2002:20).
Fruto das decisões políticas, no dia 28 de Fevereiro de 1976 criou-se o Corpo de Polícia
Popular de Angola (CPPA). Esta data institucionalizou-se e passou a ser comemorada
como sendo o dia da fundação da PN, em homenagem ao juramento de bandeira dos
novos agentes formados na Escola de Polícia Mártires de Kapolo. Foi neste dia que o
Comandante Geral13 propôs ao Ministro da Defesa, General Iko Carreira, que a polícia
mudasse de denominação,
9 Eram os Administradores com amplos poderes, até mesmo de julgar pessoas, visto que eram os
10
12 Instituído pelo Decreto-Lei n.º 24/75, de 01 de Abril, aquando da vigência do Governo de Transição, nas
13
(19)
8
58
de CPA para Corpo de Polícia Popular de Angola (CPPA). Neste mesmo dia, pela primeira
vez, foram enquadradas nas forças policiais cento e dois (102) efectivos do sexo
feminino, num total de trezentos e oitenta e três (383) polícias. Este acto demonstrou a
contribuição da Polícia na grandiosa luta que a mulher vem fazendo para a conquista
dos seus inalienáveis direitos.
Finalmente, com o advento da paz em Angola (2002), outros passos têm sido dados
rumo à consolidação de uma organização policial renovada e modernizada,
comportando no seu seio forças especializadas na prevenção da criminalidade e no
combate ao crime organizado, ao terrorismo e aos distúrbios graves, tendo como
principal missão a “manutenção da ordem e tranquilidade públicas”16
14 Designadamente Polícia de Investigação Criminal, Polícia Económica, Polícia de Trânsito, Polícia Fiscal,
59
15 Através do Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho, que publica o seu Estatuto Orgânico. 16
Com o fim da guerra, a PN assumiu na plenitude a sua função tradicional, o que implica
a melhoria do seu desempenho em todos os serviços, a fim de assegurar a ordem, a
segurança e a tranquilidade públicas, proteger as pessoas e bens, prevenir a
criminalidade e contribuir para o normal funcionamento das instituições democráticas, o
regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, primando sempre
pelo respeito da legalidade. Assim sendo, a necessidade de modernização face aos
novos desafios relaciona-se com a modernização das infra-estruturas logísticas e
tecnológicas, a modernização das mentalidades e a modernização dos métodos de
actuação e de intervenção policial17.
60
expressam-se pela afluência das populações às esquadras policiais para a denúncia dos
crimes e dos criminosos. Os esforços da protecção das fronteiras permitiram a cobertura
de toda a fronteira terrestre, o que constitui um passo importante no combate à
imigração ilegal.
17 Cfr. o ponto 3 das Linhas Programáticas do Programa de Modernização e Desenvolvimento (Vide anexo
(21)
10
curso desde 2009), para possibilitar o registo e controlo administrativo dos elementos
policiais. O efectivo da PN, em 2009, era de aproximadamente 90.000 homens18.
O Estatuto Orgânico da Polícia Nacional (EOPN)20 alude no seu artigo 1.º que “a Polícia
Nacional de Angola é uma força militarizada competindo-lhe fundamentalmente: a
defesa da legalidade democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, o
respeito pelo regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, a
defesa e protecção da propriedade estatal colectiva, privada e pessoal, a prevenção à
delinquência e o combate à criminalidade e a colaboração na execução da Política de
Defesa Nacional nos termos que forem estabelecidos por lei”21
.
61
A PN é uma instituição independente com um orçamento próprio, a partir de dotações
financeiras globais inscritas no Orçamento Geral do Estado e aprovado por despacho
conjunto dos Ministros das Finanças e do Interior22. Segundo o disposto no artigo 6.º
do EOPN, a PN é integral e compreende três níveis de comando: O Comando Geral, o
Comando Provincial e o Comando Municipal.
18 Segundo declarações proferidas pelo Excelentíssimo Sr. Subcomissário Luís Cadete, Director Nacional de
19
21 Cfr. o artigo 1.º do Estatuto Orgânico da Polícia Nacional, publicado pelo Decreto n.º 20/93, de 11 de
22
(22)
11
23
62
Quanto à constituição do CGPN. Vide anexo V.
28 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(23)
12
63
Ao referirmo-nos à actividade policial verificamos que informação e as informações
dizem respeito a finalidades diferentes. O conceito de informação refere-se a um
conjunto de dados ou notícias29 “colocados num contexto, relacionados com o espaço,
o tempo, o cenário da acção” (Bispo, 2004:78), mas que nada nos diz sobre a intenção
do emprego dos meios, dispositivo, superioridade ou deficiência do lado opositor. É,
portanto, a “matéria-prima necessária à produção, compilação de informações
necessárias e úteis” (Andrade, 2007:33).
29 Notícia é qualquer facto, documento ou material, cujo conhecimento se revele susceptível de ter interesse
30 Os ingleses e norte-americanos fazem o uso da expressão “intelligence”, ao passo que os franceses
(24)
13
Segundo Alter (cit. in Rasgão, 2004:22), dados são “factos e ou eventos, imagens ou sons
que podem ser pertinentes ou úteis para o desempenho de uma tarefa, mas que por si
só não conduzem a compreensão desse facto ou situação”.
64
partilhado, embora a técnica e os componentes da informação possam ser partilhados”.
Concordamos com esta definição visto que o conhecimento se situa na esfera cognitiva
individual, mas que as técnicas e os componentes da informação, por serem exteriores
ao ser humano, já podem ser partilhados.
Por sua vez, Bispo refere que a informação em si é “o conjunto de dados colocados num
contexto relacionados com o espaço, o tempo, o cenário de acção” (Bispo, 2004:78).
31 Constituem pilares das polícias modernas a prevenção, a reacção, a investigação criminal e as informações,
Lockhart refere que existem cinco áreas atinentes às informações32 que contêm os
elementos necessários para a definição do conceito de informações. Desta forma, o
autor identifica, em primeiro lugar, a definição das necessidades e prioridades de
informações por parte dos governos. De seguida, identifica a fusão das informações
conforme orientação do governo, através de processos de pesquisa secretas ou abertas.
Surge depois a contra - informação ou segurança das informações, as acções
encobertas, finalizando com a análise e avaliação de toda a informação recolhida
(Lockhart, 1987:37-52).
65
Segundo Medeiros, as informações são o resultado da pesquisa e processamento de
notícias relativas a situações actuais ou potenciais e a condições relacionadas com
actividades internas ou externas, bem como a áreas adversárias (Medeiros, 2001:8),
assumindo deste modo o conceito de informações enquanto produto.
Assim sendo, o conceito apresentado por Shulsky é, no nosso entender, o mais acertado,
porquanto engloba na sua dimensão de defesa nacional, direccionada essencialmente
para o exterior, bem como das organizações responsáveis pela componente da
segurança interna. Deste modo, este conceito abarca informações enquanto produto -
que resulta do processamento de notícias de países estrangeiros, de elementos ou
forças hostis; informações enquanto conjunto de actividades, que visam obter o
conhecimento, focalizadas em organizações, grupos ou indivíduos perniciosos que
praticam actos ilícitos; e informações
32
É de frisar que uma parte fundamental dos estudos relacionados com matéria ligada as
informações, encontramos no contexto anglo-saxónico.
33 Godson elege quatro elementos constitutivos da inteligência, como sendo: pesquisa, análise,
66
baseadas em organizações responsáveis pelas acções de obter e negar o conhecimento
(Medeiros, 2001:14-15).
Neste sentido Torres, afirma que as informações policiais “são todas aquelas destinadas
à prossecução directa das missões legalmente atribuídas a serviços de natureza policial,
sejam elas de nível estratégico ou operativo” (Torres, 2005:593), com o propósito de
alimentar os seus órgãos operacionais.
34 Vide anexo X.
35 Estão mais envolvidas em inquéritos e outras áreas operacionais, tendo como meta alcançar os objectivos
67
(27)
16
De referir que, “no domínio da ordem pública, por exemplo, um conhecimento preciso
sobre o momento, o local onde se vai realizar uma manifestação, a natureza das
reivindicações, o número e o comportamento previsível de manifestantes, são
informações importantes” (Roumangne, 1997:32), para que os decisores possam estar
advertidos acerca de ocorrências susceptíveis de surgirem, a fim de prepararem as
respectivas reacções.
37 Estamos a falar da actividade desenvolvida pelas forças policiais, no âmbito da prossecução dos fins
(28)
17
69
38 Nos meios humanos, a segurança distingue-se entre segurança do pessoal, das matérias classificadas e
39 Nas medidas activas (contra-espionagem), Medeiros (2001: 32) define como um “conjunto de técnicas
40 A decepção pode ser definida como “a visão errónea que um serviço de inteligência pretende que o seu
relatórios públicos, a internet, e todas aquelas que estão disponíveis, sem restrições
(Bispo, 2004: 90). As fontes abertas podem ser definidas como a informação
publicamente disponível, na sua forma escrita, electrónica ou oral, destinada a um
público vasto ou restrito conforme divulgação, nomeadamente revistas, livros,
entrevistas, emissões de rádio e televisão ou a internet.
43
(29)
18
Para tal, devemos definir áreas de acesso para levar a cabo este exercício, que são as
fontes de informações abertas ou encobertas e os contactos com serviços congéneres48.
Quem vai às áreas de acesso verificar a veracidade ou não dos indícios técnicos são os
órgãos de pesquisa49.
44
45
46
47 Os indícios técnicos “podem revelar determinadas vulnerabilidades do adversário; indicar a adopção ou
49 Devemos ter em atenção que, depois de determinar os indícios técnicos, as áreas de acesso e os órgãos de
(30)
19
72
51 Devemos identificar e recrutar possíveis informadores que estejam dispostos a fornecer informações aos
53 As fontes abertas primárias “consistem no contacto directo com indivíduos: podem ser utilizadas como
54 As fontes abertas secundárias são “ o conjunto de publicações cujo grau de profundidade/extensão pode
55 Por sua vez, as fontes técnicas são aquelas que “assentam no pressuposto elementar de que todas as
O Feedback e Revisão é uma etapa que não está incluída no ciclo tradicional
de produção de informações mas que Ratcliffe e Pedro Franco incluem nas suas
concepções, uma vez que após de “entregue o produto informacional ao seu
destinatário, este vai verificar se a informação corresponde à sua necessidade inicial, ou
73
se a necessidade inicial foi alterada. Se o justificar, o decisor solicita ao analista uma
nova necessidade e o ciclo volta ao início” (Pestana, 2008:16-17).
A decisão pode igualmente ser definida como a “selecção de uma alternativa, de entre
várias”. Como é sabido, “as pessoas tomam decisões a todo o momento”, sendo
algumas
56 Em relação à difusão temos de salientar um dos princípios basilares das informações - o princípio da
pessoais e outras sobre a organização. Muitas vezes quando se toma a decisão, “há
incertezas acerca do que irá acontecer com cada alternativa”. Neste sentido, uma boa
informação ajuda a reduzir as incertezas, sendo que o resultado da decisão tomada
venha a ser satisfatório (Rasgão, 2004:319).
74
e oportuno da sua implementação, tendo em consideração a realidade da situação em
concreto.
As decisões são tomadas a vários níveis pelas organizações, havendo para isso uma
hierarquia das decisões. Assim sendo, as decisões têm uma hierarquia crescente, isto é,
de baixo para cima.
57 O Processo de Tomada de Decisão é constituído por quatro fases (vide anexo XI). 58 Vide anexo XI.
75
normal funcionamento da organização”. As decisões operacionais envolvem a
“implementação de políticas na organização”. Por seu turno, as decisões estratégicas são
tomadas pelo topo da hierarquia e que envolvem toda a organização a médio e longo
prazo, e referem-se a estratégia da organização bem como a evolução e
desenvolvimento da organização, nos próximos anos (Rasgão, 2004:320). Para tal, as
decisões de gestão possuem características diferentes61.
61 A primeira característica prende-se com o horizonte temporal, em que as “decisões operacionais têm um
62
76
A análise é o processo lógico que consiste na investigação (Processo de recolher
evidencias, informações ou pistas com o intuito de resolver algum problema, dúvida ou
caso) das estruturas básicas de uma informação, in pt.wiktionary.org/wiki/an
%C3%A1lise, consultado em 25.02.2010.
63 http://www.i3g.org.br/experienciadocente/presencial/impactosocialdati/biblioteca/artigoeleonora.pdf,
consultado em 05.02.2010.
64 É indispensável para tácticas e estratégias de planeamento de sistemas de gestão de registos, produzindo
65 É parte da cultura organizacional, liderada pelo executivo - chefe, supervisores e gerentes de incentivar os
(34)
23
66
A informação deve ser pertinente, isto é, deve relacionar-se com os factos, estar
disponível e ser importante para a pessoa que a requer. A informação ajudará as pessoas
a tomarem decisões (Rasgão, 2004:36).
67 A informação deve ser “oportuna, ou seja, deve estar disponível à pessoa certa no momento certo”
(Rasgão, 2004:36).
68
A informação deve ser exacta, pelo que, se não for, perde o interesse (Rasgão, 2004:36).
69 A decisão deve ser tomada com informação precisa e eficaz, para que se possa reduzir a incerteza. Uma
70
71 A informação só é útil se as “pessoas têm acesso a ela; a acessibilidade está ao alcance daqueles que
podem obter a informação a tempo de ser usada com eficiência e no formato que a
torna útil”. O formato electrónico é mais facilmente acessível do que a tecnologia do
lápis e do papel (Rasgão, 2004:36).
73 É usado para armazenar, organizar, analisar e visualizar qualquer tipo de dados não apenas incidentes ou
crimes.
78
74
(35)
24
Este tipo de análise refere-sesegundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:10),
à análise de dados e informações relativas ao “onde”, “quando” e “como” o crime
aconteceu e foi praticado, objectivando assistir aos investigadores na identificação e
compreensão dos problemas específicos e imediatos do crime. A procura de padrões
para avaliações futuras é um dos aspectos fundamentais deste tipo de análise. O
objectivo principal é accionar à rápida resposta em relação a uma série de crimes que
estão ocorrendo.
Por outro lado, a Análise Criminal Investigativa (ACI)77 focaliza a sua atenção
segundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:14) nos perfis das vítimas e dos
suspeitos, com apoio de dados e informações disponíveis, de cunho sócio-demográfico e
antropológico, levantando hipóteses gerais sobre o tipo de pessoa ou grupo que possa
estar a cometer determinada sequência de crimes.
75 O seu interesse concentra-se em problemas delituosos a longo prazo e suas causas, as tendências ou
79
76 Neste tipo de análise, o objectivo principal é preparar apresentações para discussões com a comunidade,
77 O analista cinge-se com análise de crimes de homicídio, estupro e sequestros. É criado o perfil psicológico
e de comportamento dos suspeitos e das vítimas e possível relação entre vítimas. Com
isto, podemos identificar o autor ou quem será a próxima vítima (Osborne & Wernick,
2003:11).
(36)
25
Neste sentido, uma inteligência de policiamento será, no nosso ponto de vista, a mais
adequada, visto ser um modelo contemporâneo para situar a função de inteligência
dentro da missão global da organização policial (Carter, 2005), bem como tem um papel
duplo de antecipação de riscos e influencia a acção de análise e tomada de decisão.
80
A identificação de padrões81 é essencial para a orientação do trabalho policial na
prevenção da criminalidade, através da análise descritiva de padrões de criminalidade,
78
79 Esta análise é um produto interno dos serviços policiais e está relacionada com a gestão policial. Assim
sendo, o analista deve saber quantos efectivos se necessita para cada serviço e como
distribuí-los em tempo e espaço (divisão de território e turnos), quantificar a demanda e
oferta dos serviços policiais para poder justificar a pretensão de aumento de pessoal,
veículos ou outros recursos (Osborne & Wernicke, 2003:11).
80 A inteligência de policiamento exige uma maior integração de informações secretas, informações criminais
e análise da criminalidade.
81 Isto é, encontrar padrões em casos relatados nos crimes, características semelhantes e que são recorrentes.
(37)
26
passando-se a fazer um comentário sobre o futuro82. Para além deste temos igualmente
o desenvolvimento e manutenção de uma base de dados83, a produção de relatórios
estatísticos84, a análise de chamadas para serviços policiais, pesquisa e análise de
suspeitos85 (Osborne & Wernicke, 2003:6).
82
81
Porque há uma sugestão implícita de que os eventos passados são indicativos da
criminalidade futura (Ratcliffe, in press).
83 Em que devem estar especificados dados importantes recolhidos pela Polícia, bem como dados de
relatórios.
84
Para muitos esta é a primeira imagem que têm de um analista. É uma tarefa importante
quando queremos analisar as tendências ou mudanças positivas ou neutras dos dados
recolhidos. É feito diariamente, pode ser mensal, semestral ou anual.
85 É primordial a pesquisa na base de dados devido a existência de características em comum. O objecto de
(38)
27
Contudo, o Major Pedro Cardoso não chegou a assumir tal função por ter sido nomeado
para organizar e dirigir o Centro de Informação e Turismo de Angola (CITA) criado na
mesma altura e cujas atribuições eram de maior importância. Foi então nomeado
primeiro Director do SCCIA, o Major Eduardo Alberto Silva e Sousa. O sistema de
informações em Angola tinha o SCCIA como cúpula do sistema de informações, na
dependência do
86 Estamos a referir-nos concretamente a partir do ano de 1961, momento em que se tem conhecimento de
83
e no interior de Angola, permitindo que os comandantes das unidades militares
tivessem o conhecimento da situação, estivessem onde estivessem (Monteiro, 2004:480).
88 Actualmente (2009) em Angola, os Distritos são designados por Províncias, os Concelhos por Municípios
89 Que estava mais virada para as acções de espionagem e contra espionagem, em acções que perigavam o
(40)
29
Com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto (Lei de Segurança Nacional),
o MINSE foi substituído pelos Serviços de Inteligência de Angola, que passaram a
integrar o Serviço de Inteligência Externa (SIE), que, ao lado do Serviço de Informações
do Estado (SINFO) e do Serviço de Inteligência Militar (SIM), formam os três pilares da
Comunidade de Inteligência de Angola.
84
Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, como serviços de apoio da Presidência da
República.
90 A sua estrutura orgânica, segundo o artigo 16 do seu Estatuto Orgânico, compreende os órgãos de
direcção, órgãos de apoio consultivo, órgãos de apoio técnico e órgãos executivos locais
das quais fazem parte as delegações províncias e os seus respectivos serviços operativos
municipais ou comunais.
(41)
30
85
prevenção policial rigorosa e prestando sempre o seu auxílio. Afinal, o SISE também é
um organismo que concorre para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, tal
como as forças de segurança.
Segundo António Bispo, “os serviços de informações desenvolvem toda a sua actividade
em função dos objectivos estabelecidos para a entidade que apoiam. Este parece-nos
ser um princípio básico, que muitas vezes se esquece” (Bispo, 2004:79).
92 Cfr. o artigo 164.º, alínea j) da CRA. E, de acordo com o artigo 166.º, n.º 2, alínea c) da CRA, reveste a
86
forma de lei de base.
93
(42)
31
Deste modo, “com a Revolução Francesa, a segurança passa a ser entendida como uma
condição do Estado, como um bem principalmente colectivo”. A segurança é um
objectivo dos Estados e que pode ser alcançado através de meios militares ou
diplomáticos. Segundo Brandão, “a segurança dos indivíduos fica, assim, subordinada à
segurança do Estado” (Brandão, 2004:39).
A segurança pode ser definida como a noção de se estar protegido de riscos, perigos ou
perdas. A segurança, como bem comum, é assegurada através de um conjunto de
convenções sociais, denominadas medidas de segurança95. Ela consiste na “grande
antítese dos receios e dos medos justificados e injustificados” (Patrão, 2000:9).
87
O direito à segurança96 consiste um direito natural e irrevogável do ser humano e vem
expresso no artigo 36.º da CRA, em que todo o cidadão tem direito à liberdade física e à
segurança individual. Neste âmbito, a segurança contém implícito o princípio da culpa
ao
96 Deste modo, “o direito a segurança comporta duas dimensões: (a) dimensão negativa que se traduz num
direito subjectivo à segurança, ou seja, num direito de defesa perante agressões por
parte dos poderes públicos ou dos particulares; (b) dimensão positiva que se traduz num
direito à protecção através dos poderes públicos contra as agressões ou ameaças de
outrem” (Silva, 2001:48-49). Vem expresso no artigo 3.º da Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948; artigo 5.º, nº 1, da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem, de 14 de Novembro de 1950; artigo 27.º, n.º 1, da CRP; artigo 36º da CRA.
(43)
32
88
a fidelidade das Forças Armadas Angolanas, da Polícia Nacional e dos órgãos de
inteligência e de segurança de Estado à Constituição e às instituições democráticas”99
O Estado fortifica-se num projecto de uma sociedade justa, livre, democrática, solidária,
de paz, igualdade e progresso social100, tendo como objectivo a prossecução do
interesse público101, no qual se inserem a defesa dos direitos fundamentais, a melhoria
da qualidade de vida, a igualdade material e a justiça social, tal como todas as outras
necessidades colectiva, consagradas na Constituição (Andrade, 2006:11).
97 Este princípio da culpa implica que não haja pena sem culpa e que a pena não pode exceder a medida da
culpa.
98
Tradução livre: “the field where states threaten each other, challenge each other's
sovereignty, try to impose their will on each other, defend their independence, and so
on” (Waever, 1995:50).
101
(44)
33
A par destas Leis fazem igualmente parte do enquadramento jurídico das informações e
segurança em Angola a Lei n.º4/1.977, de 25 de Fevereiro, que estabelece o regime
jurídico aplicável ao combate ao Mercenarismo103, a Lei n.º7/1978, de 26 de Maio, que
89
estabelece o regime dos Crimes contra a Segurança do Estado104, e a Lei n.º3/99, de 6
de Agosto, aplicável ao Combate do Tráfico e Consumo de Estupefacientes105,
substâncias psicotrópicas e precursores, bem como o Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho,
do EOPN106.
O actual GEIA108, denominação que ostenta depois da fusão com o órgão congénere
do extinto Ministério da Segurança do Estado, emergiu a nível do MININT, no dia 23 de
Março de 1990, com a denominação de Gabinete de Organização, Informação e Análise
(GOIA).
Neste sentido, como afirma o Sr. Intendente Alfredo Nhime109, o GEIA está estruturado
em áreas operativas e administrativas e possui igualmente uma área de organização,
responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar, tratar e enviar
aos órgãos de direito dos demais níveis de informação a nível do Comando Geral, todo
o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa.
No Código Penal Angolano, na sua Parte II, vem expressa a Lei sobre a Prevenção e
Repressão do crime de Mercenarismo e, diz no seu artigo 5.º, n.º 1, que a instrução dos
processos pelos crimes previstos na presente lei compete à DISA. É de salientar que a
DISA foi extinta com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, dando
origem ao SINFO e que posteriormente passou a designar-se de SISE.
104
A Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, no seu artigo 8.º, diz que, a actividade de segurança é
exercida através dos órgãos e serviços públicos de informação e os órgãos e serviços de
ordem interna previstos na presente lei.
105
Nesta mesma lei, no seu artigo 39.º, diz que deve ser prestada informação, bem como
apresentação de documentos as autoridades policiais de indivíduos que dedicam-se a
esta prática ilícita.
90
106 Cfr. o artigo 5.º, al. o) do mesmo Estatuto.
107 É designado por Gabinete de Estudos, Informação e Análise, mas tem um estatuto de Direcção, visto que é
dirigido por um Director Nacional (Órgão Central) e por directores provinciais (órgãos
provinciais).
108 Este Gabinete funciona actualmente com base no regulamento orgânico que foi aprovado pelo Decreto
109 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(45)
34
O GEIA é o órgão de apoio ao Comandante Geral, que tem como atribuições o estudo,
planificação e organização das principais actividades e tarefas da PN, o controlo da sua
execução ao nível dos órgãos centrais e provinciais, a gestão dos sistemas e níveis112da
PN, assim como o relacionamento das actividades de informação e contra-informação e
a sua análise, a orientação e coordenação da actividade de estatística, a divulgação dos
mais variados acontecimentos de índole policial e pública e a execução de outras tarefas
que lhe forem superiormente determinadas.
2- Serviços de apoio - que são constituídos pelo Conselho Consultivo, presidido pelo
Director do Gabinete, com competências para apreciar e discutir questões fundamentais
de âmbito organizativo e funcional, do qual fazem parte os chefes dos departamentos,
chefes dos órgãos executivos centrais e provinciais. Também integra o Conselho
91
Técnico114, com competências na análise das situações concretas e da gestão
administrativa em geral;
112 Na Polícia Nacional de Angola existem três níveis de informação: Nível Superior de Informação; Nível
113
114 O Conselho Técnico é constituído pelos chefes de Departamento do GEIA, chefes dos órgãos centrais e
92
O Departamento de Informação e Estatística assegura a recolha, estudo e a difusão de
elementos estatísticos da situação criminal e de indicadores de apoio à gestão,
organizando o arquivo de dados estatísticos sobre a vida operativa e administrativa da
instituição, elabora a estatística inerente a actividade específica dos diversos órgãos da
PN e prepara as informações estatísticas que o Comando Geral determinar, destinadas
ao Ministério do Interior e a outros órgãos de soberania do Estado;
118 Apenas deve elaborar pareceres em matéria de actividades administrativas, superiormente solicitados. 119 Este Departamento é dirigido por
um Chefe de Departamento e integra Especialistas de Pesquisas e
120 É dirigido por um Chefe de Repartição e integra especialistas de Recursos Humanos e Relações Pública e
121
94
Para além destes órgãos, fazem parte do SIPNA entidades como: Pessoas de confiança,
empresas privadas de segurança, informadores ocasionais, rede de colaboradores,
oficiais de ligação130, adidos de segurança131, oficial de segurança da Presidência da
República e oficiais para a cooperação policial internacional132.
124
125
126 Cfr. o ponto II, n.º 3, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.
127 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., anexo I, pergunta 9. Podemos incluir o
128 Idem. Mais concretamente com outras Forças e Serviços de Segurança Nacional, como por exemplo as
129 É de frisar que a PN possui 18 comandos provinciais, distribuídos nas 18 províncias do país. 130
131 São representantes do País (Angola) em países estrangeiros e que estabelecem ligação em matéria de
95
O subsistema formal134 é constituído pelas informações sistematizadas prestadas
através de relatórios, abrangendo os diferentes períodos de informação e correspondem
àquelas informações regulamentadas por metodologias, com prazos, fontes e
destinatários previamente determinados. Este subsistema produz relatórios diários de
informação, relatórios semanais e relatórios de balanço periódico (trimestral e anual).
Para as informações produzidas por este subsistema contribuem os departamentos de
operações, Posto de Comando e salas operativas dos órgãos centrais, comandos
provinciais, divisões, esquadras, postos policiais e redes de colaboradores secretos, que
elaboram e remetem, de acordo com os prazos estabelecidos, informações
operativas135, administrativas136 e as informações públicas, que são prestadas logo
que ocorrem.
133 Cfr. o ponto III, n.º 1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional. 134
Cfr. o ponto III, n.º 1.1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia
Nacional.
135
136 Como é o caso das informações especiais, trimestrais (relatórios), semestrais (relatórios), anuais (relatório)
96
e as mensagens.
137 Cfr. o ponto III, n.º 1.2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.
138 Fazem parte dos órgãos operativos centrais a Direcção Nacional de Investigação Criminal, a Direcção
As informações são obtidas das fontes pelos serviços de sector142, para os órgãos das
esquadras, terminando no Comandante de Esquadra. As informações recebidas de
carácter relevante são remetidas para a área de informação e análise, para a elaboração
da informação diária ao Comandante de Esquadra e deste para os órgãos centrais de
especialidade, para os comandos de divisões e para o Comando Provincial da PN. Por
último, as informações urgentes relevantes neste nível143 devem ser imediatamente
remetidas ao Comandante de Esquadra que difundirá para o de Divisão, e este para o
Provincial, com conhecimento aos órgãos de especialidade.
97
Nível Intermédio - a este nível são tratadas as informações recebidas dos órgãos
municipais, dando a estas o carácter de informação de resultado final, com vista a serem
canalizadas ao nível superior de informação. Fazem parte deste nível os órgãos como o
139 Cfr. o ponto III, n.º 2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.
Destacamento policial.
143 Circulam neste nível informação urgente relevante, informação diária (Pública) e informações relativas ao
(50)
39
Comando Provincial (através do seu chefe144), as divisões, assim como todos os órgãos
que fazem parte do Comando Provincial e da Divisão. As instituições estatais ou
privadas, pessoas de confiança ou o cidadão em geral constituem fontes de informação
para este nível.
Nível Superior – É formado pela Direcção do Comando Geral e nele deverão concentrar-
se as informações estratégicas, as operativas e as tácticas, principalmente as informações
de resultado final, que deverão servir para a tomada de decisões de maior alcance.
98
Cabe igualmente a este nível de informação recepcionar todas as informações das
estruturas superiores do Estado e do Governo e, de igual modo, prestar a estas
instâncias informações sobre as actividades levadas a cabo pelo Comando Geral.
145 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; sequência informativa; informação diária, semanal,
146 São os Exmos. Srs. 2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e 2.º Comandante de Protecção e
Intervenção.
147
Neste âmbito, fazem parte todos os órgãos que dependem directamente dos Exmos. Srs.
2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e do 2.º Comandante Geral de Protecção e
Intervenção.
148 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; informação diária, semanal, analítica delituosa
A tramitação da informação inicia-se nas fontes de informação e o seu fluxo passa pelos
órgãos centrais do CGPN e termina no Comandante Geral. As informações relevantes
devem ser remetidas aos órgãos de estudos, informação e análise do Comando Geral
que, por sua vez, as remetem ao Gabinete do Comandante Geral, após o devido
tratamento. As informações urgentes relevantes devem ser imediatamente remetidas ao
Comandante Geral, com conhecimento aos órgãos de EIA.
99
(52)
41
“Os sistemas de controlo externo da acção policial devem actuar com objectividade,
rigor e isenção (…), mas só são sustentáveis se tiverem credibilidade junto da
população”. (Inspecção-Geral da Administração Interna, Controlo Externo da
O Kuanza-Norte é uma Província de Angola com uma área de 24.110 km². Situa-se a
norte do país e sua população é de aproximadamente 654.000 habitantes149. A sua
capital é N'dalatando. É constituída pelos municípios150 de Ambaca, Banga,
Bolongongo, Cambambe, Cazengo, Golungo Alto, Ngonguembo, Lucala, Quiculungo e
Samba-Cajú e trinta e uma (31) comunas151.
A Província152 faz fronteira ao Norte com as províncias do Bengo e Uíge, a Leste com
Malange, a Sul limita-se com a Província do Kuanza-Sul e a Oeste novamente com a
Província do Bengo. O solo é rico em ferro e manganês ainda não prospectado, o que
100
150 Os Municípios são designados por Concelhos em Portugal. Entre os Municípios temos o Município do
Cazengo (Sede) com 103.102 habitantes, Kambambe-Dondo com 70.000, Lucala com
13.383, Samba-Cajú com 30.833, Quiculungo com 12.42.423, Golungo Alto com 34.154,
Ngonguembo com 7.904, Bolongongo com 28.013, Ambaca com 48.777 e Banga com
7.541 habitantes, respectivamente. Fonte: Projecto de
101
O Comando Provincial do Kuanza-Norte designado abreviadamente pela sigla (CPKN) é
um órgão do Comando Geral da PN, competindo-lhe a defesa da legalidade
democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, a investigação dos
crimes e a determinação dos seus autores e a instrução preparatória dos processos, bem
como a colaboração na execução da política de Defesa Nacional, nos termos da Lei.
Exerce a sua acção em toda a extensão da província, tendo um orçamento
descentralizado a partir da Direcção Nacional de Planeamento e Finanças do CGPN,
conforme o artigo 1.º e 2.º do seu regulamento orgânico.
Para o cabal cumprimento das suas missões fundamentais, o CPKN tem as seguintes
competências e atribuições: garantir o normal funcionamento das instituições
democráticas e o regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos,
prevenir e combater a criminalidade procedendo a investigação dos crimes e à instrução
preparatória dos respectivos processos e cumprir as demais atribuições constantes do
EOPN (conforme artigo 4º do seu regulamento orgânico).
(54)
43
Possui três “níveis de comando”153 e como órgãos executivos possui nove “direcções
provinciais”154
153 Comandos municipais e de Divisão; esquadras e postos policiais (vide artigo 5º do Regulamento Orgânico
102
do Comando Provincial do Kuanza-Norte).
154
155 Departamento Provincial de Transportes; de Saúde; de Educação Moral e Cívica; dos Serviços Sociais; de
156 O Comandante Provincial tem o grau de Subcomissário, cabendo-lhe comandar, dirigir, coordenar e
157 O 2.º Comandante tem o grau de Superintendente-Chefe e assegura a realização de inspecções, visitas de
controlo e ajuda aos diversos órgãos e presta contas da sua actividade ao Comandante
Provincial (vide artigo 9º do Regulamento Orgânico).
158 Quanto ao número do efectivo do Comando Provincial, não se sabe ao certo o número real do efectivo,
visto que foi feito recentemente um levantamento de todo o efectivo a nível da Província
(vide anexo I, II e III, pergunta 4, 5 e 4 respectivamente). A Direcção Provincial de
Recursos Humanos tem sob seu controlo um total de 4.148 efectivos entre pessoal do
quadro I e II (com 161 elementos).
159
103
161
162 Nesta Classe de Subchefes temos o 1.º Subchefe, 2.º Subchefe e 3.º Subchefe, conforme a Lei n.º 9/08, de
2 de Setembro.
163 Na Classe de Agentes, fazem parte o Agente de 1.ª Classe, de 2.ª Classe e Agente, conforme a Lei n.º
9/08, de 2 de Setembro.
164 Estamo-nos a referir ao pessoal que faz parte do quadro II (efectivo civil), que não faz parte do quadro I
165 O TOS é o trabalho operativo secreto realizado por oficiais operativos que dirigem a rede de
O CPKN trata as informações recebidas dos órgãos operativos provinciais, dando a estas
o carácter de informação final, a este nível, com vista a serem canalizadas ao nível
superior de informação. O GEIA/Comando Provincial analisa e processa toda a
informação recepcionada dos diversos órgãos operativos e administrativos, tendo em
vista a sua remessa ao Comandante Provincial para a tomada de decisão.
104
Os sistemas de informação contêm modelos166 mentais e matemáticos facilitando
assim a filtragem e a manipulação dos dados, de forma a produzir a informação
necessária à tomada de decisão (Rasgão, 2004:38).
166 O modelo mental identifica os factores ou ideias importantes e o modelo matemático explica esses
(56)
45
Dentre os vários encontros semanais, despachos e visitas que têm como objectivo
analisar a situação delituosa da província e o estado funcional dos órgãos que
constituem este Comando Provincial, foram tomadas um total de 266 decisões167.
Destas foram cumpridas na íntegra 194, enquanto 55 estão em execução, face o carácter
permanente a que obedecem, e 17 decisões não foram cumpridas, o que permitiu o
alcance de 73 % de cumprimento, 21% em execução e 6% são decisões não cumpridas.
105
É de referir que estas decisões só são tomadas depois de uma análise da informação
criminal feita pelos órgãos operativos como um “instrumento objectivo e fundamental
para facilitar a redução do crime e para preveni-lo através de técnicas policiais efectivas
e de projectos de parceria externas, criadas a partir de uma plataforma comum”
(Ratcliffe, 2003:2), em que o POI apresenta-se como a técnica conceptual mais eficaz.
Óscar Soares171 defende que toda a informação, desde que reúna características
verídicas e oportunas, e seja originária de fontes fidedignas, é necessária para a tomada
de
167 Cfr. o Relatório Anual (2009) das Actividades Desenvolvidas pelo Comando provincial do Kuanza-Norte
168
169 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
170 Por exemplo, podemos ter a informação que no sítio X ou Y aconteceu um crime, devemos, em primeiro
106
lugar, ter em atenção ao modus operandis que os marginais utilizaram, porque eles
(marginais) poderão alterar os seus modus operandis, visto que também são astutos, e
que, neste caso, só a repetição numa determinada localidade é que geralmente exige a
tomada de decisão por parte de quem de direito (vide anexo I, pergunta 11).
decisão. Porque, segundo Óscar Soares, podemos trabalhar com a informação de âmbito
diferente, isto é, podemos utilizar determinada informação para executar actividades de
índole operativa para concebermos planos estratégicos que visem solucionar um
problema a curto, médio e a longo prazo. Há ainda informações que permitem também
a elaboração ou a planificação de actividades de índole táctica. Afirma ainda que toda a
informação é necessária desde que cumpra com os verdadeiros requisitos de uma
informação.
Deste modo, aponta Óscar Soares que as decisões não são tomadas de forma arbitrária,
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Estes órgãos estão a disposição do Comandante Provincial para o tratamento
dos mais diversos assuntos que podem chegar à sua mesa de trabalho, para a tomada
de decisão. Outras decisões pontuais são tomadas pelo Comandante Provincial por
despacho ou por comissão ad hoc172.
Os órgãos concorrentes intervêm com base nos objectivos preconizados pelo Comando
Provincial, tendo em atenção a intenção do mesmo, partindo da recepção e
tratamento173 da informação que imediatamente obedecerá à devida tramitação e
remessa aos níveis estabelecidos174.
107
A tomada de decisão deve basear-se nas situações operativas concretas sobre as quais
incide o trabalho policial. Neste sentido, pensamos que devemos valorizar o TOS, com a
distribuição de uma base de colaboradores seguros bem distribuídos e atendidos por
Oficiais Operativos (O/O), com eficiente poder de análise e direccionamento, garantindo
para tal a sua segurança.
173 Toda a informação obtida pelos órgãos operativos obedece a duas vertentes simultâneas de tratamento
oportuno que são: a) Tratamento operativo que tem duas fases de tratamento da
informação operativa para enfrentamento imediato com forças de reacção ou não
(decorrentes de factos ou facto consumado) e para a verificação ou comprovação
imediata (notícia ou informação com falta de elementos); b) Tratamento administrativo
(Informação e Análise), que está relacionado com fases de tratamento da informação,
como a remessa imediata dos factos ocorridos (oportunidade) e a remessa dos dados
complementares (sequência informativa).
174 Para tal, a Polícia intervém com mecanismos próprios no âmbito dos vários ramos e especialidades que
compõe a Polícia Nacional, isto é, o trabalho que os órgãos operativos devem realizar
em relação à informação obtida.
(58)
47
A Polícia em Angola actualmente apresenta-se de uma forma híbrida, à luz dos modelos
clássicos, considerando que o sistema policial angolano perfilha simultaneamente as
doutrinas portuguesa e espanhola quanto ao modo como se efectua o patrulhamento.
108
Existe uma tendência maioritária para considerar a PN como uma Polícia de reacção e
não de aproximação. Todavia, em nosso entender (e como já foi referido), a PN
apresenta-se como uma Polícia híbrida, em que se combinam a actividade de
investigação criminal e um patrulhamento ostensivo dirigido.
175
(59)
48
verdadeiro papel, pois não conseguirá adequar as suas acções às diversas ocorrências
que tem que resolver.
109
Alfredo Nhime177 diz que o policiamento de proximidade tem um papel fundamental e
crucial na recolha de informação e no estabelecimento de relações de comunicação com
a comunidade, para que seja possível descobrir os infractores e criminosos e o
direccionamento das forças policiais para a actuação directa sobre os mesmos.
Por outro lado, Óscar Soares179 defende que o policiamento de proximidade não é
integralmente aplicado, visto que falta limar alguns aspectos no que diz respeito aos
próprios métodos de actuação, assim como no referente à formação adequada dos
Agentes, Subchefes, e Oficiais. Igualmente no que concerne aos métodos e técnicas de
execução no terreno, nota-se a falta de conhecimentos em matéria de relações públicas
para uma boa e exemplar relação para com o público em geral. O agente da autoridade
deve dominar a expressão oral e escrita, devendo demonstrar civilidade exemplar no
contacto com o cidadão. Apenas assim será
176 Principalmente com as Autoridades tradicionais (designados por Soba) e idosos, visto que eles têm a
178 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 12. 179
(60)
49
110
932 frequentam os diversos níveis182 de ensino, com apenas 2 licenciados e 9 técnicos
superiores não licenciados, o que tem dificultado muito na recolha de informação por
parte dos agentes de autoridade. Igualmente preocupantes, são as deficiências ao nível
dos meios de comunicação183 e de transportes ao dispor dos elementos policiais.
Ao nível de cobertura rádio tem-se dado primazia dos meios de comunicação atribuídos
ao pessoal dos grupos de patrulha (apeado e motorizado) que estão no terreno sob o
controlo do Posto de Comando Provincial184 e ao Comando Municipal do Cazengo185.
Por outro lado, nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio de
comunicação. Podemos afirmar que, em termos de comunicações, o Comando Provincial
do Kuanza-Norte da Polícia Nacional encontra-se abaixo da média, o que nos é afirmado
em entrevista a Soares186.
Segundo Alfredo Nhime187, dos dez (10) comandos e esquadras municipais que o
Comando Provincial controla, apenas os comandos municipais188 possuem meios de
telecomunicações, porquanto as esquadras municipais189 não os possuem,
dependendo para
180 Ainda existem Agentes, Subchefes e até mesmo Oficiais que não sabem ler nem escrever, o que tem
181 Segundo o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da
182 Sendo 2 Efectivos Licenciados, 9 Técnicos Superiores não licenciados, 2 Frequentam o 4.º ano de
183 O Comando Provincial do Kuanza-Norte possui apenas 30 (trinta) telefones da rede fixa, 21 (vinte e um)
111
Nacional, que tem o controlo das forças, da situação operativa a nível da Província.
Segundo entrevista ao Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-adjunto do Posto de
Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 01 de Janeiro de 2010, ao
autor do presente. Vide anexo II, pergunta 1.
186 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 7. 187
Golungo Alto, que são Municípios com 103.102, 70.000, 48.777 e 34.154 habitantes,
respectivamente (dados referentes ao ano de 2005). Mesmo para os Comandos
Municipais que possuem comunicações, estes têm-se deparado com inúmeras
dificuldades, desde equipamento obsoleto, em mau estado, problemas atmosféricos, etc,
o que tem condicionado na tramitação das comunicações a tempo oportuno.
189 Estamos a citar as Esquadras dos Municípios do Bolongongo (28.013 habitantes), Kiculungo (12.423
112
.
190
As Administrações municipais são as Sedes do Governo nos municípios e que aos fins-
de-semana encontram-se encerradas, dificultando deste modo as operações e
actividades da polícia nestes municípios.
192
193 Ao SISE também importa determinar se os crimes praticados são susceptíveis de perigar a segurança
Para bem da eficácia do combate ao crime e da defesa do Estado impõe-se uma efectiva
cooperação entre o SISE e a investigação criminal, que, no nosso ponto de vista, se
movem em sentidos não totalmente convergentes, não existindo, portanto, conflito ou
concorrência, para que desta feita cada uma das áreas (informações e investigação
criminal) possa tirar o máximo de rendimento das áreas de actuação específica
(Morgado, 1998:89).
Pensamos que a articulação de dados seria muito benéfica para a coordenação e eficácia
do combate ao crime, que apenas terá sucesso se a informação obtida for partilhada
entre os diversos actores do sistema de segurança interna e defesa do Estado.
114
196 Neste sentido, podemos afirmar que a falta de uma plataforma digital de dados dificulta a investigação de
Uma das vantagens do SEI é a libertação, para o serviço operacional, de efectivos antes
afectos a funções administrativas, agilizando igualmente a operacionalidade da PSP, a
todos os níveis, desde o patrulhamento ao policiamento de proximidade, manutenção
da ordem pública e investigação. Evita ainda os casos de sobreposição de trabalho.
115
Dotar o dispositivo de um sistema de informação de suporte aos seus processos
operacionais;
197
(64)
53
Segundo Alfredo Nhime200, a criação de uma base de dados será muito benéfica para a
PN. Refere ainda que está em curso o estudo para a implementação de uma base de
116
dados informatizada a nível do Comando Geral. Esta ideia partiu dos órgãos centrais e a
sua criação e materialização depende apenas da direcção do Comando Geral e que a
breve trecho teremos este sistema implementado na PN.
198 In Apresentação de José Leonardo, Sistema Estratégico de Informação e Gestão Operacional, na DNPSP,
em 2005.
199 Uma vez que o SEI efectua as trocas de informação por meios informáticos, estas são efectuadas com
200
(65)
54
Por seu lado Óscar Manuel Soáres201 diz que este sistema tornaria mais célere
o processo de antecedentes criminais, tanto de indivíduos prófugos como do seu
modus operandi, bem como a descoberta da existência de novos grupos de marginais ou a
sua desintegração. Refere ainda que, actualmente, continuamos a trabalhar com fontes
documentais (papel) que obviamente têm limitações quando se trata de aceder ao
histórico completo de um determinado suspeito.
Soares acresce que o Comando Geral também não está alheio a esta situação, e até
porque a polícia angolana faz parte da INTERPOL e o intercâmbio de
matéria/informação é necessário para o desempenho cabal dos seus compromissos
policiais internacionais. Refere ainda que é uma questão de investimento, mas que por
enquanto não existe uma base de dados digital, facto que tem dificultado bastante a
busca de antecedentes de elementos relativos a suspeitos da prática de crimes, em
tempo real e oportuno.
Já Assunção Bengui202 diz que existe muita dificuldade na criação de uma base de
dados, existindo um imenso esforço por parte do Comando Geral e por parte do
MININT para a implementação de uma base de dados a nível nacional. Refere ainda que
no PC do Comando Provincial do Kuanza-Norte verifica-se uma carência generalizada de
meios, começando pela falta de computadores, inexistência do sinal da internet, bem
como a falta de uma base de dados. Os documentos muitas vezes são redigidos numa
máquina dactilógrafa e que o suporte de papel é o principal meio utilizado, tendo nesse
117
momento um arquivo excessivo que não tem permitido a consulta de documentos de
vária índole.
Pensamos que uma base de dados semelhante ao SEI em vigor na PSP será uma grande
valia para que os diversos órgãos da PN possam trocar informações em tempo
oportuno, dando maior operacionalidade e produtividade dos órgãos operativos,
principalmente o de investigação criminal como principal órgão operativo da PN.
201
Por sua vez, Soares205 referencia que as deficiências nas comunicações afectam
negativamente e de forma acentuada a eficácia da Polícia, visto não permitirem a troca
oportuna, precisa e actual da informação, nomeadamente, a relacionada com
ocorrências policiais urgentes. Por outro lado, segundo ainda o autor, os meios de
comunicações estão obsoletos e fora do contexto actual.
A nível de cobertura, Soares refere que os meios de comunicação são insuficientes “visto
que mesmo na sede nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio
emissor/receptor, dando-se prioridade aos grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em
204 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
205
(67)
56
Por seu turno Bengui afirma que as comunicações no Comando Provincial do Kuanza-
Norte são muito deficientes. Acrescenta que os equipamentos que o Comando possui
“são de uma geração já ultrapassada e que são necessários meios de comunicação que
correspondem com à realidade do País, sendo que, em algumas circunstâncias, a
119
comunicação entre alguns comandos municipais é impossível, e até mesmo com o
Comando Sede (Provincial), devido à debilidade que se regista em alguns meios de
comunicação, o que tem dificultado a troca de informação entre os diversos órgãos”207
Para os cerca de 4.200 efectivos que compõem este Comando, apenas existem 251
equipamentos de comunicações208, sendo que 162 meios são meios informáticos (41
monitores operacionais, 41 Computadores, 33 impressoras, 34 Unidades de
Processamento do Sistema, 10 Scanner, 2 computadores portáteis e 1 servidor).
Podemos afirmar que a débil condição com que se debate o Comando Provincial do
Kuanza-Norte da PN, em termos de meios de comunicações, é o factor que mais
contribui para que a informação não chegue a tempo oportuno210, para que se possa
tomar decisões adequadas. Como afirma Cardoso as informações para serem úteis
devem ser adequadas, oportunas e bastante precisas (Cardoso, 1993:137).
206 Idem.
208 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da
209 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da
CONCLUSÃO
121
Para terminar, debruçamo-nos sobre com a problemática das informações na PN,
reflectindo sobre o caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte, em especial, a falta
de uma base de dados para a troca de informação entre os diversos órgãos responsáveis
pelas informações na Polícia angolana. A investigação criminal como principal Órgão
Operativo,
(69)
58
É de realçar que uma das principais causas da demora da acção policial, em termos
operacionais, prende-se com a carência de meios de comunicação e motorizados, visto
que a informação chega demasiada tarde.
122
Assim sendo, tivemos como primeiro objectivo a criação de uma base de dados para a
troca de informações entre os vários órgãos de informação e investigação criminal a
nível da PN, matéria que foi abordada no quarto capítulo, onde realçamos a importância
que o SEI, em funcionamento na PSP, teria para a Polícia angolana. Como esta ainda não
possui uma base de dados a nível nacional, tal ferramenta será uma mais-valia para o
normal funcionamento dos órgãos da PN e consequente produção de informações.
211 As reuniões do Conselho Consultivo Normal são efectuadas todas as semanas para se debater aspectos
(70)
59
Por último, definimos como terceiro objectivo a reflexão sobre a carência de meios
materiais e humanos para o normal funcionamento e produtividade dos órgãos ligados
às informações policiais em Angola, que esboçamos igualmente no quarto capítulo, e
que representa uma das maiores dificuldades da não aplicação das técnicas e métodos
do Policiamento de Proximidade com eficácia e rigor.
Quanto às hipóteses inicialmente levantadas, verificámos que o actual quadro com que
se apresenta a República de Angola, tendo em conta o seu acelerado nível de
desenvolvimento, faz com que as informações policiais sejam cada vez mais eficazes e
eficientes. Para tal, a PN necessita de uma base de dados a nível nacional. Verificamos
igualmente que uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas
estejam dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste
modo a sua preparação/formação profissional nesta área. Estas hipóteses foram
igualmente confirmadas pelos autores que nos concederam as respectivas entrevistas.
Recomendamos que seja criada no mais breve espaço de tempo possível uma base de
dados digital que servirá para uma recolha e produção de informações a nível de todas
as forças policiais, proporcionando deste modo uma maior circulação da informação
entre todos os órgãos da PN em tempo oportuno. Sugerimos igualmente que os
especialistas de informação e análise estejam capacitados para poderem recolher e
123
analisar informações, as quais devem conter todos os elementos essências e necessários
para que os responsáveis para a tomada de decisão possam tomar essas decisões de
forma precisa e eficaz.
O Autor
BIBLIOGRAFIA
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Criminal Justice Practice. Binghamton, NY: The Haworth Press, Inc. in
Manuais:
Legislação consultada:
129
Documentos
Apresentações:
LISTA DE ANEXOS
Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui. Anexo III - Entrevista ao
Sr. Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres. Anexo IV - Lei de Segurança Nacional.
Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Director, o que é o GEIA e como está estruturado?
132
Resposta (R) AN: O GEIA é um Gabinete de Estudos, Informação e Análise, ele está
estruturado em áreas operativas e administrativas, também temos uma área de
organização, responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar,
tratar e enviar aos órgãos de direito dos demais níveis de informação do Comando
Geral, todo o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa do Comando
Provincial.
P 5 BMN: Como Director do GEIA, qual é a informação necessária para que os Órgãos
Operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.
133
R AN: Primeiro é que os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho Operativo
Secreto (TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que lhe rodeia, numa interacção
constante entre Cidadão - Polícia e vice-versa, neste caso estaremos a falar do trabalho
de proximidade, porque o polícia independentemente de pertencer a sociedade,
também deve viver os problemas da própria sociedade, e só assim é que poderá actuar.
Tenho dito, nas aulas que lecciono (em matéria de informação) que se o Polícia não
estiver informado dos problemas que vive a sociedade, não cumprirá com o seu
verdadeiro papel, ele vai na rua apenas como um elemento fardado a polícia e não
como um polícia na rua, porque ele não sabe dos problemas que vive a sociedade na
qual está inserido.
P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?
R AN: Primeiro é que a segurança do cidadão começa por ele próprio, isto porque,
imaginemos que o cidadão, e como se diz que a ocasião faz o ladrão, o cidadão vai para
a cama e deixa as portas abertas, ou que não repara se as janelas ou portas estão
fechadas, neste
(81)
70
caso quando o ladrão chegar só será entrar sem esforço nenhum, e neste caso a ocasião
faz o ladrão. Então a própria segurança começa mesmo pelo próprio cidadão, o Polícia é
e será apenas complementar.
R AN: A principal tarefa da PN continua a ser a prevenção. Bem ai está a própria essência
da Polícia, a prevenção do crime e não combater. A Polícia como instituição foi
concebida para a prevenção, mas quando acontecem delitos já há a necessidade de
combater o crime. Então em primeiro plano está a prevenção e em segundo plano a
reacção (combate). As causas que estão na base da criminalidade, aponto em primeiro
lugar o desemprego, o que não quer dizer que as pessoas empregadas não cometem
crimes, mas uma maior percentagem é mais com pessoas desempregadas. Assim sendo,
os crimes contra as propriedades ocupam o primeiro lugar como furtos, roubos. Por
outro lado, também encontramos como causa no cometimento de crimes a ingestão de
bebidas alcoólicas, em que as ofensas corporais (graves ou simples) ocupam o primeiro
lugar, porque a pessoa com excesso de álcool no sangue é mais vulnerável no
cometimento de ofensas corporais e que, geralmente podem também surgir questões
134
passionais, problemas de ciúmes, desentendimento entre amigos/amigas, isto porque
depois de uma festa ou convívio, já ninguém consegue entender o outro,
desentendendo-se surgindo a força dos músculos dando origem a ofensas corporais.
único período laboral já se torna complicado. Mesmo para os comandos municipais que
possuem comunicações, têm deparado com inúmeras dificuldades desde equipamento
obsoleto, em mau estado, não suportando problemas atmosféricos, etc, o que tem
condicionado em grande parte na tramitação das informações a tempo oportuno.
P 9 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?
R AN: A cooperação tem sido a dois níveis (Interno e Externo). A nível interno são feitos
entre os diversos órgãos que constituem esta corporação (Investigação Criminal, Ordem
Pública e Posto de Comando principalmente), e a nível externo são feitos com órgãos
como as Forças Armadas Angolanas (FAA), os Serviços de Inteligência do Estado e
outros órgãos até mesmo do Ministério do Interior (MININT) e que tem sido bastante
benéfico. A nível interno tratamos como se fosse um só homem. Tratando da Direcção
Provincial de Investigação Criminal (DPIC), como se sabe, é o Órgão operativo da PN, e
na qual tem como suporte principal a informação para o desempenho normal das suas
135
atribuições. A Direcção Provincial de Ordem Pública (DPOP) geralmente é o tal sistema
de todo um agente de autoridade, independentemente da especialidade de cada um
todos somos agentes da ordem pública e incorpora os Oficiais Operativos (O/O), as
Pessoas de Confiança (P/C), e ainda os Colaboradores Secretos (C/S) e a sua actividade
prende-se com a recolha de informação. P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta
entrevista baseia-se com a inexistência de uma base de dados (onde toda a informação
de âmbito criminal e não só é inserida para futuras consultas) a nível da Polícia Nacional
de Angola. O que tem a dizer sobre isso?
R AN: A princípio diríamos que, a criação de uma base de dados será muito benéfico
para a nossa corporação. É de salientar que este estudo já está em curso e avançado a
nível do Comando Geral. Em todos os encontros operativos, reuniões já está a ser
debatido esta questão, e penso que o problema, deve ser por questão de tempo para se
materializar. Esta ideia partiu dos órgãos centrais do Comando Geral e a sua criação e
materialização depende apenas do Comando Geral e penso que a breve trecho
poderemos ter este sistema implementado na Polícia Nacional de Angola.
(83)
72
P 11 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?
136
investigação e que exige um trabalho operativo secreto e muitas vezes não temos os
meios, nem a técnica disponível e que se exige para o esclarecimento oportuno desses
casos. Penso que no fundo há muitos elementos que intervêm para que os processos
não sejam apresentados a tempo devido a quem de direito, isto é, ao Ministério Público.
Quando também não há a colaboração principalmente das vitimas, deixando deste
modo que a Polícia descubra tudo é complicado e atrasa a celeridade do processo.
Repito que a falta de meios e técnica necessária para o descobrimento de crimes é um
dos factores da morosidade de muitos casos aqui no Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Policia Nacional de Angola.
casos dos idosos, das crianças, bem como também nas escolas, e outras áreas afins. Diria
que a polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto
permanente com as pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da
situação operativa da sua área de jurisdição, estamos a falar concretamente dos O/O,
dos Chefes dos Serviços de Sectores, porque eles têm a missão de fazerem o
acompanhamento dinâmico do próprio sector, o movimento demográfico e geralmente
essa situação só é possível com o contacto permanente com as pessoas que ali residem,
como as Autoridades tradicionais, idosos, visto que eles têm a informação, sabem quem
é, e qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao crime, os sítios
geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de malfeitores, onde
traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher informações
benéficas para a actividade policial. O Policiamento de Proximidade tem neste sentido
um papel fundamental e crucial em que as forças no terreno vão descobrir os infractores
para que depois possamos tomar a decisão, direccionando as forças para a actuação.
137
R AN: Não tem acontecido, o GEIA é o órgão que como já frisamos atrás, de recepção,
tratamento, estudo e divulgação da própria informação. Quer dizer que, todos os outros
órgãos como a DPIC, DPOP, DPIIAE, cada um a seu nível, quando recebem uma
informação, tratam desta e canalizam ao GEIA para o tratamento final da informação
para dar conhecimento a direcção do Comando para a tomada de decisão.
R AN: Bem a informação não é só a polícia, a informação cabe a todos nós (Angola), só
que o tratamento é que depende de um Órgão especializado, senão a informação é de
toda a sociedade. Imaginemos que um acidente é presenciado por pessoas
especializadas e a sociedade (pessoas), mas cada um irá informar a sua maneira. Neste
caso os órgãos especializados são chamados para o tratamento final e dar a sequencia
devida.
P 18 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?
R AN: A segurança não depende só dos órgãos especializados, mas sim de todos os
elementos de uma determinada sociedade. Os elementos ligados a segurança pública
138
ou segurança privada também fazem parte do subsistema do sistema de segurança
pública. São elementos do subsistema e no entanto fazem parte da segurança, só que o
problema é que ele pode actuar mas não dá o tratamento. Tem que fazer o
encaminhamento aos órgãos de direito que é o caso da Polícia, que está especializado
em matéria de segurança e reposição da ordem e tranquilidade públicas.
P 19 BMN: Senhor Director, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.
R AN: Diríamos que tudo foi dito, só para dizer que tratando da segurança pública é um
assunto sério, porque toda a sociedade quando é insegura, toda a gente reclama
problema do Estado. Então neste sentido, todos os elementos são chamados a
responsabilidade, cada um a seu nível a tratar de segurança. A segurança começa dentro
de mim e depois dos outros. Isso quer dizer que, no caso do cidadão, não quer dizer que
como a polícia já esta a realizar
(86)
75
policiamento nas ruas pode dormir com as portas abertas, mas sim, deve criar condições
para a sua própria segurança para que depois os outros organismos o venham
complementar.
(87)
76
(88)
77
139
Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte de Angola, Gabinete do Senhor Chefe-
Adjunto do Posto de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia
Nacional.
R APB: O Posto de Comando depende das orientações de Sua Excia Senhor Comandante
Provincial e de Sua Excia Senhor 2º Comandante Provincial. O Posto de Comando recebe
diariamente as informações provenientes de todos os comandos municipais e canaliza
para o GEIA para que essa (informação) possa ser estudada e analisada para que por sua
vez o GEIA
(89)
78
canaliza para Sua Excia Sr. Comandante Provincial. Assim sendo, a informação deve ser
precisa, imediata e oportuna e que cumpra com todos os requisitos necessários.
R APB: Posso atribuir o aumento da criminalidade a falta de nível cultural por parte da
juventude, visto que os jovens são os que mais cometem delitos. A ingestão excessiva de
bebidas alcoólicas apresentam-se como principal causa para o cometimento de crimes,
bem como a falta de emprego, associada a um baixo nível académico (muitos ainda são
140
analfabetos), que não corresponde com as actuais exigências do mercado de emprego,
enveredando desta feita para o caminho da criminalidade (em que os furtos, roubos e
violações, são as mais frequentes) como forma de suprir as suas dificuldades financeiras.
O vandalismo nas ruas em tempos de festa como é o caso desta quadra festiva (2009),
verificando-se brigas nas ruas entre jovens na faixa etária dos 18 aos 35 anos. Tudo isto
devido a falta cultural, a falta de educação familiar, que tem originado numa deficiente
educação escolar.
P 4 BMN: Quanto a formação que tem sido ministrada ao efectivo da Polícia Nacional,
tem sido benéfica para o exercício das suas funções?
R APB: Eu penso que tem havido vantagens e posso afirmar com segurança, porque o
Ministério do Interior e o Comando Geral, estão preocupados com a formação dos seus
efectivos. No passado por exemplo, posso dizer que a guerra foi uma das causas para a
não formação de maioria do pessoal afecto ao MININT e ao CG. Actualmente há
desenvolvimento a nível do nível académico do efectivo, bem como um aumento da
própria cultura do sistema policial. O Comando Geral, através de orientações e o próprio
Comando Provincial tem cumprido estas orientações, formando pessoal em termos de
Ordem Pública, Ética Policial, Técnica Policial e outras matérias através do Programa de
Modernização e Desenvolvimento em curso em todo o País, estando-se a notar
evolução. Neste momento (01 de Janeiro de 2009) está a decorrer um curso de
superação policial (técnico policial e profissional), e que tem mostrado êxitos na forma
de actuação de muitos efectivos.
141
reduzido o que tem nos obrigado a solicitar o reforço/aumento do número de efectivos
do PC, devido a rotatividade do efectivo, visto ser um processo dinâmico.
P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos Órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?
R APB: Tem sido salutar a cooperação existente entre os diversos órgãos de informação
que o Comando Provincial possui, visto que o Posto de Comando é o motor do
Comando Provincial, representando o controlo das forças, da situação operativa. O
Posto de Comando tem que trabalhar em coordenação e cooperação com todos os
órgãos. O balanço das operações que são realizadas o Posto de Comando é fulcral e
central e necessário na base das informações recolhidas pelos oficiais operativos,
estando em contacto permanente com todos os órgãos.
142
P 9 BMN: A cooperação entre os diversos comandos municipais e o SISE têm sido boas?
R APB: O SISE pertenceu ao MININT e eu conheço muito bem os serviços de informação
do estado, visto que fui colaborador e até efectivo e tive muitas amizades e nunca
encontrei dificuldades. O serviço que o SISE faz na minha maneira de ver é geral,
independentemente de um trabalho secreto que faz para recolher informação, coopera
com as forças de segurança para a tomada de medidas eficazes. O SISE é um Órgão
Operativo e que em muito contribuiu para o fim do conflito armado no País e tendo
evoluído bastante.
P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal e não só é inserida para
futuras consultas) a nível da Polícia Nacional de Angola. O que tem a dizer sobre isso?
R APB: Ainda existe muita dificuldade na criação de uma base de dados, existindo nesse
momento um imenso esforço por parte do MININT e do Comando Geral para a
implementação de uma base de dados a nível do País. Aqui no PC, temos muitas
dificuldades, começando pela falta de computadores, bem como a falta do sinal da
internet, nem qualquer base de dados e até porque, nem um computador possuímos. Os
documentos muitas vezes são redigidos numa máquina dactilógrafa e que o suporte de
papel é o principal meio utilizado, tendo nesse momento um arquivo excessivo, o que
não tem permitido a consulta de documentos de vária índole.
(92)
81
R APB: Não é nada disso e como eu já frisei atrás e volto a dizer que os meios de
comunicação estão em primeiro lugar e com meios de comunicação débeis e deficientes
não podemos ter uma informação precisa, exacta e oportuna o que vem dificultar ainda
mais os processos de investigação em muitos casos
R APB: Há avanços nesta matéria, sendo que o Policiamento de Proximidade ser aquele
em que a Polícia deve estar sempre ao lado da comunidade, acompanhando de perto a
143
evolução da própria sociedade e das dificuldades que a mesma esta a enfrentar. Neste
sentido, o Polícia não deve apenas ficar nas artérias das cidades mas sim ir ao encontro
das populações em áreas confins e rurais, procurando desta forma recolher o máximo de
informação que ajuda na própria actividade policial e para o bem da própria sociedade.
R APB: Não, é só para agradecer a oportunidade que me deram para esta entrevista e
que tenha sucessos na carreira profissional e porque o País está a contar com os vossos
préstimos. Obrigado
(93)
82
(94)
83
144
Resposta (R) OMS: O DIA é o Departamento de Informação e Análise, pertencente ao
Gabinete de Estudos, Informação e Análise, a qual compete elaborar e preparar
situações de carácter operativo, bem como elaborar também os planos operativos e o
Departamento está estruturado em uma (1) Secção de Informação e Análise, uma (1)
Secção de Estatística e uma (1) Secção de Análise.
R OMS: Todos não porque só de um tempo a essa parte, é que, o Ministério do Interior e
o Comando Geral, intentaram contactos com o Ministério do Interior da República de
Cuba no sentido de se formar, os primeiros especialistas em informação e análise
formado por forças cooperantes (Cubanos). Nessa altura (29.12.2009) foram já realizados
(5) cinco cursos de informação e análise e, a nível do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN foram formados (5) indivíduos. Os demais colegas que não tiveram a
oportunidade referente a esses cursos, possuem formação/cursos ministrados em
reciclagem pelo próprio Comando Provincial e alguns desses cursos promovidos pelo
GEIA do Comando Geral da Polícia Nacional de Angola.
R OMS: Eu acho que, falando em informação necessária para a tomada de decisão, julgo
que toda a informação, desde que reúne características verídicas, oportunas, e providas
de fontes fidedignas, são todas elas necessárias. Necessárias porque podemos trabalhar
com elas também de âmbitos diferentes, não é, podemos utilizar por exemplo
determinada informação para executar actividades de índole operativa, podemos utilizar
ainda outras para concebermos planos, esses planos podem ser por exemplo planos
estratégicos que visem solucionar um problema a curto, médio e longo prazo. Há ainda
informações que permitem também a elaboração ou a planificação de actividades de
índole táctico e que sejam pontuais. Neste sentido, julgo que, toda a informação é
necessária desde que cumpram com os verdadeiros requisitos de uma informação.
(96)
85
P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?
146
postos de emprego (desemprego) e isso faz com que os jovens depois de atingirem uma
certa idade (16, 17, 18) anseiam adquirir certos bens e porque agora estamos em
sociedades de consumo e sem emprego por vezes também pelo baixo nível de
escolaridade, enveredam pelo caminho da criminalidade/marginalidade como forma de
resolver a falta de dinheiro.
frisei atrás uma das características que a informação deve reunir é ser oportuna, por
exemplo: vamos supor que um caso relevante aconteça no Município de Ambaca que
situa-se aproximadamente a 150 km da Sede Provincial e se não tivermos meios de
comunicações e cuja tecnologia permita que não haja adversidades, tendo em
consideração situações climatéricas e não só, mas também em alguns municípios
encontramos meios de comunicações obsoleto e fora do contexto actual e que não
estão providos de capacidade tecnológica, o que faz com que, nos dias em que há chuva
(alterações climáticas) existe a incapacidade de comunicar com outros órgãos
(comandos municipais e destes com o Comando Provincial da Polícia Nacional). Aqui
internamente (na Sede do Comando Provincial) também, temos problemas
principalmente com os sistemas de comunicação nos rádios com modo walkie - talkie
(emissor - receptor), igualmente a nível de cobertura nós não temos meios suficientes,
visto que mesmo na sede nem todos os comandantes de esquadras possui um rádio de
comunicação, periorizando-se neste caso os grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em suma, em termos de comunicações o Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN encontra-se abaixo da média.
P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?
147
R OMS: A troca de informação entre a DPOP, DPIC, DPIIAE e o SISE tem sido salutar,
visto que, independentemente de cada área ter uma área específica para o tratamento
da informação, toda a informação recolhida por esses órgãos (excepto em alguns casos
o SISE), a sua actividade desemboca aqui no DIA que é o Departamento de Informação e
Análise a nível do Comando Provincial para dar o tratamento, processamento e até
mesmo possíveis comparações de dados para evitar a duplicação de informação ou que
a mesma informação seja transmitida em períodos diferentes e também há um outro
exemplo, que se relaciona com a cooperação no âmbito do trabalho policial nas
actividades de buscas dirigidas que as forças da Direcção de Investigação Criminal
realizam e que a informação em muitos casos são obtidas pelo pessoal dos serviços de
sectores pertencentes a Direcção de Ordem Pública. Também temos actuações, mesmo
em termos de enfrentamento feitas pela Polícia Económica e que a informação e obtida
pelos agentes da Ordem Pública, que fazem o serviço de giro, patrulhamento apeado ou
auto. Em relação ao SISE também as relações são boas, visto que
(98)
87
P 9 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal é inserida para futuras
consultas) a nível da PN. O que tem a dizer sobre isso?
R OMS: Bem este processo tornaria mais célere o processo de antecedentes criminais,
tanto de indivíduos prófugos, bem como dos seus modus operandis, a descoberta da
existência de novos grupos de marginais ou a sua desintegração. Bem actualmente
continuamos a trabalhar com fontes documentais (papel) e se de facto nessa altura
precisamos de saber o comportamento de um indivíduo de há 10 dez anos atrás, repare
no que seria preciso fazer para um arquivo tão extenso como este. Seria um trabalho
não só impossível mas também como dispendioso. Eu penso que o Comando Geral
também não está alheio a esta situação e até porque a Polícia angolana faz parte da
INTERPOL e o intercâmbio de matéria/informação é necessária para o desempenho
cabal das suas actividades. Os nossos comandantes e chefes sabem dessa realidade com
148
as quais, as outras polícias funcionam e eu penso talvez que seja uma questão de
investimento e que oportunamente poderão ser feitas, mas por enquanto dizer que não
existe uma base de dados e que tem dificultado bastante, isto no que concerne a busca
de antecedentes de elementos em tempo real ou em tempo oportuno.
P 10 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?
R OMS: Quanto as decisões, é de dizer que elas não são tomadas de forma arbitrária, até
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Esses são os órgãos que assessoram sua Excia. Senhor Comandante Provincial
nos mais diversos assuntos e que podem chegar a sua mesa de trabalho para a tomada
de decisão. Tem utilizado esses órgãos e que estão a sua disposição. Outras decisões
pontuais são
(99)
88
tomadas por sua Excia. Senhor Comandante Provincial por despacho, ou por comissão
ad hoc. Penso que o processo de tomada de decisão aqui no Comando Provincial não
é centralizada, mas é feita nos moldes que eu já frisei anteriormente.
R OMS: Eu não diria que é o atraso na recepção da informação que causa uma ligeira
demora no processo de investigação. A própria DPIC está desprovida de muitos meios
como por exemplo não possui laboratório de criminalística (serviços de lofoscopia,
dactiloscopia e a tanatologia forense), nem temos veículos apropriados para a execução
da própria técnica operativa, logo, isso faz com que alguns casos sejam investigados
com alguma morosidade. No que concerne a informação, eu penso que não há muita
burocracia na tramitação da informação entre o GEIA e a DPIC, e porque também não
possuímos meios de comunicação adequados para o bom desempenho da actividade
policial, o que tem nos obrigado a fazer um esforço extra usando os nossos próprios
telemóveis (em algumas áreas também não há rede de cobertura do sinal) ou os
telefones fixos para nos comunicarmos em situações de emergência e/ou pontuais.
149
P 12 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a
desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informações?
Mas a criminalidade já não respeita esta estratificação social, o que quer dizer que, em
todos os estratos sociais existem delinquentes e que, possuem diferentes formas de
actuação. O agente da autoridade deve dominar a expressão oral e escrita, devendo ter
um a vontade no contacto com o cidadão para falar e conversar, para que ele possa
receber/recolher a informação que precisa, o que não acontece em muitos casos na
nossa polícia (ainda existem agentes que não sabem ler nem escrever) o que é e será
difícil na sua abordagem ao cidadão. Em suma o Policiamento de Proximidade tem sido
feito, realizado, é um facto, só que e desprovido de algumas técnicas e métodos que o
tornariam ainda mais eficaz e eficiente. P 13 BMN: A recolha de informação por parte do
GEIA não conduz à duplicação de recursos com outras entidades como a Direcção
Provincial de Investigação Criminal, Direcção Provincial de Ordem Pública e a Direcção
Provincial de Inspecção e Investigação de Actividade Económicas em determinados
crimes? Se sim, como evitar?
R OMS: Bem, não diria que não tem havido, mas também acontece com pouca
frequência, e as vezes em que isso sucedeu, mereceu a atenção devida, oportuna e
atempada. Usamos nesses casos os nossos telemóveis (eu como chefe do DIA e com
toda a vantagem de que toda a informação proveniente dos órgãos operativos serem
canalizadas para o Departamento) para comunicarmo-nos e chegarmos a um consenso
sobre a duplicação da informação e ser processado de forma correcta e precisa.
150
P 14 BMN: As informações policiais recolhidas pela PN e as do SISE são de âmbitos
diferentes? Não existirá uma duplicação de competências?
R OMS: É de dizer que o SISE trabalha com uma informação específica porque ela visa
essencialmente a protecção do Estado. Neste caso estão mais ligadas para aquelas
informações que representam uma ameaça a integridade do próprio Estado, mas não
quer dizer que no âmbito do rastreamento dessas informações, sempre que no SISE tem
informação de âmbito criminal há uma colaboração com a Polícia e vice-versa, porque
senão vejamos, nessa altura que estamos de prevenção de natal e passagem de ano, há
um Posto Comando, que reúne diariamente e que nele está incluído um Oficial do SISE.
Logo isto demonstra que todas as questões de âmbito operativo são tratados por todos
os órgãos que concorrem para a defesa e segurança. Assim sendo, se o SISE possui uma
informação que não seja do cunho criminal também pode ser brindada nessa reunião
operativa (que tem se realizado as terças-feiras). Em outras ocasiões em que não é
realizada a reunião operativa a
(101)
90
informação chega a Sua Excia Senhor Comandante Provincial por meio de mensagens
ou ofícios. Em suma existe uma colaboração estreita no que diz respeito a troca de
informação entre o SISE e a Polícia.
R OMS: Quanto a recolha de informação existem próprios regulamentos que gere toda a
actividade a nível de informação e análise desde a recolha até a difusão da informação.
Os especialistas a todos os níveis têm em sua posse toda a documentação que lhes
orienta, mas digamos que tanto nesta questão como na questão que me perguntou
atrás de uma duplicação de dados, o que eu tenho notado é que existe uma lacuna quer
nos piquetes de polícia, quer nas equipas que vão muitas vezes no terreno efectivar o
enfrentamento. Essa lacuna prende-se com a não inserção de um especialista de
informação e análise. Porque se os piquetes e equipas funcionassem com especialistas
de informação, toda a informação recolhida chegaria já com todos os seus elementos
requeridos (o que, como, quando, onde, porque) e isso nem sempre acontece porque
como disse nunca são acompanhados por especialistas de informação e análise, o que
origina muitas vezes informação incompleta.
151
P 16 BMN: Havendo a possibilidade de as forças de segurança poderem recolher
informações para além das informações criminais, que âmbitos de intervenção deviam
ser abrangidos por essas informações?
R OMS: Bom para além da informação de índole criminal a Polícia também deve ter
informações demográficas para poder ir actualizando o rácio polícia-população, é
necessário igualmente que a Polícia tenha informação dos esforços que o Governo
esteja a implementar para o bem-estar das populações, no que se refere a saúde
pública, devendo nesse caso e tendo em conta o Policiamento de Proximidade
aconselhar as populações dos cuidados de higiene a ter para que não seja contaminado
ou para que não venha a contaminar os outros, o saneamento básico nas comunidades.
A Polícia deve igualmente estar informada dos casos de feitiçaria o que tem originado
em muitos casos em homicídios (porque a família vai logo pensar que o feiticeiro é o
avó ou a avó) tornando-se já em caso de Polícia. Em resumo, a Polícia deve interessar-se
por todo o tipo de informação que possam concorrer para uma boa harmonia e
organização da colectividade e da sociedade.
(102)
91
P 17 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da Polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?
R OMS: Eu penso que todos os órgãos e, porque a segurança é um bem comum, deve
ser uma responsabilidade de todos os cidadãos e de todas as instituições, quer sejam
estatais, quer sejam privadas, porquê, porque vejamos que quando não há segurança
todos os órgãos, todos os indivíduos são afectados. Então logo, deve ser uma
preocupação de todos os cidadãos e de todas as instituições. Eu iria mais além, não diria
apenas aqui na Província do Kuanza-Norte, mas a nível nacional precisa-se muito de
uma educação patriótica, porque na minha opinião, desde 1992 até agora (2009) em que
se registou a transição do sistema de monopartidarismo para o pluripartidarismo, a
questão do patriotismo ficou muito aquém das expectativas, diminuiu-se o respeito pelo
meio público, diminuiu-se o respeito pelas instituições do Estado, diminuiu-se o respeito
pelo próximo. Isso tudo, no meu ponto de vista concorrem para a segurança, então
temos que cultivar na mente das pessoas que pertencem a um País que se chama
Angola, tem os seus símbolos, tem os seus representantes e que os interesses da
colectividade estão acima dos interesses individuais. Devemos igualmente ensinar as
crianças que devem respeitar os mais velhos, devem ser honestos, devem prestar ajuda
sempre que lhes seja solicitado, devem amar o próximo, deve respeitar a propriedade
152
privada ou colectiva, e que se ser acatada pode concorrer para a segurança. As seitas
religiosas também constituem actualmente em Angola um problema de segurança,
aparecendo esporadicamente muitas igrejas ilegais, incutindo nas pessoas, doutrinas
contrárias as estabelecidas por lei. Em suma a questão da segurança deve envolver
todos os órgãos, principalmente nas escolas e na família para formarmos homens novos
com espírito criador e não voltado a violência.
P 18 BMN: Senhor Chefe do DIA, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.
quando não é corrigido torna-se uma cultura o que se vai tornar difícil de corrigir,
podendo mesmo aparecer alguém que vai dizer que fazemos isso ou aquilo desde 1975
e nunca ninguém disse que está errado. Então desejo de vossa parte muita coragem,
muita dedicação sobre tudo e que tenham êxitos na vossa carreira profissional, já agora
boas saídas de 2009 e que em 2010 sejam cumpridas todas as expectativas que foram
planificadas, e muito obrigado.
(104)
93
(105)
94
153
CAPÍTULO I
Princípios Gerais
Artigo 1.º
CAPÍTULO II
Artigo 8.º
CAPÍTULO III
Artigo 12.º
Para a prossecução das finalidades e objectivos previstos na presente lei, são criados: a)
b) c)
(106)
95
154
(107)
96
COMANDANTE PROVINCIAL 2º
COMANDANTE PROVINCIAL ÓRGÃOS CONSULTIVOS D. R. P.
PROTOCOLO GABINETE DE INSPECÇÃO GABINETE JURÍDICO G. E. I.
A DPIC E DPAE DEPT.º DE INFORMÁTICA POSTO DE COMANDO
UPIP UPPF CUPOE SECRETARIA
POSTOS POLICIAIS
DPT
DPIIAE DPVT DPOP DPRH DPL DPPF DPC DPRI DPSE DPEMC DPSS
(110)
155
99
(111)
100
Legenda
Orientações (Decisões)
156
Dept.º Operações (Salas Op.) Comandos Provinciais (Área/Inf. Análise) Sala Op./Esquadra
ou Comando Municipal (Área/Inf. Análise) Sala Op./Posto Policial (Área/Inf. Análise)
Serviços/Sector P/Confiança C/Secreto O/O Repart. Operativa /Comando Divisão
(Área/Inf. Análise)
(112)
101
(113)
102
PROVÍNCIA CENTRAL
T.O.S (b) S. Sector (c) T.M.P (d) E.P.S (e) P.Conf. (f) R.C (g) Inf. O (h) E.P.S (i) R.O 2 CMD O
® R. O 3 CMDO 6 R.INF 5 MEMO ® DI A P. CMDO 4 R.O 7 MEMO DIN. 6 P.CMD O 8 6
R.INF 9 MEMO EST. 6 CG 10 ® E.D . 11 GEI A
(114)
103
11-Execução de Decisões;
R. C. - Rede de Colaboradores;
G.A e Mot. - Giro Apeado e Motorizado; T.M.P. - Todos os Membros da Polícia; MEMO -
Memória;
158
Nível Superior Parecer Nível Intermédio Parecer Nível Básico Parecer
Obs: Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as informações
aos 2ºs Comandantes Gerais, através do Gabinete de Apoio Técnico, que remeterá com
respectivo parecer ao Comandante Geral através do GEIA.
LEGENDA:
CG
2ºCMDTE
CP
OCE
GEIA
2º CMDTE
OPE
DPIA
2ºCMTDE
CM
159
OME
PIQUETE
PC/AI
O rie ntaç ão O rie ntaç ã o P are ce r P are ce r Orien taçã o
(116)
105
Obs:
1- Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as suas informações
ao Comandante Geral através dos 2ºs Comandantes Gerais.
LEGENDA:
2ºCMDTE
160
CP
OCE
GEIA
2º CMDTE
OPE
DPIA
2ºCMTDE
CM
OME
PIQUETE
PC/AI
CG
OCN
OMN
OPN
PC
PC
(117)
106
(f) Parecer.
OCN: Órgão Central do mesmo Nível OPN: Órgão Provincial do mesmo Nível: OMN:
Órgão Municipal do mesmo Nível;
(118)
107
(119)
108
OPERATIVOS CENTRAIS DEPT.º DE
ORGANIZAÇÃO E CONTROLO
CONSELHO TÉCNICO
(120)
109
162
Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento
Orgânico do
INFORMAÇÃO E ANÁLISE
DEPARTAMENTOS PROVINCIAIS DE
ÁREAS DOS ÓRGÃOS OPERATIVOS PROVINCIAIS
(122)
111
163
Gabinete de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 10. ÁREAS DE
ORGANIZAÇÃO E
CONTROLO
CONTROLO ORGANIZAÇÃO
(123)
112
(124)
113
165
Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional
167
(142)
131
SEGURANÇA
OBJECTO PLANO ESTRATÉGICO
PLANO OPERACIONAL
Casos
168
Autor Análise do Perfil Geral
Anexo XXI
(146)
135
Anexo XXII
(147)
136
Anexo XXIII
(148)
169
O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO:
REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Introdução
“Nada é mais difícil e, portanto, mais precioso do que a habilidade de decidir”, disse
Napoleão Bonaparte. Com essas palavras fazia referência à habilidade de um
comandante tomar iniciativas no campo de batalha e durante um tiroteio, mas elas
também refletem os riscos a que se expõe um administrador que nunca lidou com uma
crise que requer ação imediata (CLARK; HARMAN, 2004).
Todas as pessoas devem tomar decisões, tanto indivíduos como administradores, e isso
tem estreita relação com o aproveitamento de oportunidades e também com a
competência para resolver problemas. A maioria das decisões pode ser classificada na
categoria de
É essencial caracterizar, logo de partida, que a tomada de decisão não é um evento, mas,
sim, um processo e, nessa condição, pode levar semanas, meses ou mesmo anos; com
jogos de poder e políticos cheio de nuanças pessoais e histórias institucionais; também
com freqüentes debates e discussões; e às vezes com a necessidade de auxilio em todos
os níveis organizacionais para a sua execução (GRAVIN; ROBERTO, 2001).
"Herbert Simon propõe o modelo de decisão do administrador que admite a existência de uma racionalidade
limitada, e trabalha com um modelo simplificado da realidade, considerando que muitos aspectos da realidade
são substancialmente irrelevantes em dado instante. Ele efetua sua escolha de alternativa baseado no padrão
satisfatório da situação real considerando apenas alguns dos fatores mais relevantes e cruciais."
"Mesmo adotando a simplicidade imposta pela racionalidade limitada, os modelos e métodos de decisão devem
ser classificados e analisados com bastante detalhe. Sob o ponto de vista de tomada de decisão, os problemas
podem ser classificados em três categorias: problemas estruturados, semi-estruturados e não estruturados (Turban
e Aronson, 1998). Além disso, a decisão sobre qualquer um dos três tipos de problemas (estruturados, semi-
estruturados ou não estruturados) pode ser diferenciada por níveis de decisão: estratégico (decisão para dois a
cinco anos);
tático (decisão para alguns meses até dois anos); e operacional (alguns dias a alguns meses)." (...)
(3)
"O sucesso no processo de tomada de decisão depende de inúmeros fatores, tais como: (a) Responsabilidade
perante leis e penalidades; (b) Especialização – baseada em conhecimentos teóricos e práticos e especialistas; (c)
Coordenação – para transmitir as ordens que devem ser cumpridas e coordenar o processo de decisão; (d) Cacife –
para cobrir eventuais fracassos em algumas frentes; e (e) Tempo – pois o tempo curto pode minimizar a incerteza,
mas pode aumentar o risco de uma decisão apressada, enquanto o tempo longo pode trazer novas perspectivas de
decisão, mas aumenta o nível de incerteza. "
(SHIMIZU, 2001, p.16) Hemsley-Brown (2005)
observou que há muito interesse em se instruir sobre a tomada de decisão na educação,
identificando caminhos básicos para auxiliar o processo de tomada de decisão do
administrador, tanto no setor privado quanto no público. Entretanto, na educação há
muita especulação e discussão, e uma escassez de pesquisas experimentais que
forneçam critérios e as características da parte prática e dos mecanismos que tiveram
sucesso na utilização de suas estratégias. O autor analisou, de forma qualitativa e
exploratória, projetos conduzidos por autoridades locais (Inglaterra e País de Gales).
Concluiu que, para o desenvolvimento de uma cultura que apóie e valorize a
contribuição que a pesquisa pode oferecer ao processo de decisão do administrador na
171
área da educação, estratégias devem ser usadas para facilitar a rede de comunicação,
formando parcerias e elos entre pesquisadores e usuários.
(4)
2.2 Modelos do processo decisório
O modelo militar, também conhecido como análise da situação, foi largamente usado
pelas forças armadas de várias nações. Sua divulgação maciça foi feita durante a
segunda guerra mundial, devido ao trabalho de sistematização do treinamento feito
pela Marinha dos Estados Unidos.
- determinação da missão;
- decisão.
Segundo Bethlem (1987) esse método, apesar das deficiências, representou a ferramenta
de decisão mais usada na época, talvez por atender às necessidades básicas de gerência
média e baixa e por ser um razoável esquema para ensino da lógica.
- separar;
- estabelecer prioridade;
1 STONER, James A. F.; FREEMAN, R. Edward. Administração, Capitulo 9, apud Herbet A. Simon. The Shape of
Automation. New York, Harper and Row, 1965, p. 58-67.
173
(6)
- definir a seqüência de ações.
2) Análise de Problemas
- “especificar”;
- buscar as “Diferenças”;
- buscar as “Mudanças”;
- determinar os objetivos;
- classificar os objetivos;
- desenvolver alternativas;
- escolha final.
174
- identificar as áreas críticas do plano proposto;
- ação preventiva;
(7)
- ação contingente;
- estabelecer sistema de aviso para falha na ação preventiva e aplicar daí a ação
contingente.
- formulação do problema;
O modelo Creative Problem Solving Institute (CPSI) usa etapas que se interpenetram em
um roteiro de solução de problema 3 que se configura de acordo com a seguinte
sequência de operações:
175
- achar idéias (ideas finding);
2 Hiller, F. S.; Lieberman, G. J. Introductions to operations research. San Fransisco, Holden Day, 1968,
apud Bethlem, Agrícola de Souza, Modelos do processo decisório. Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p.
27- 39.
3 Parnes, S. J. Creative behavior guide book. New York, C. Scribner’s, 1967, apud Bethlem, Agrícola de Souza,
Modelos do processo decisório Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p. 27-39.
(8)
O modelo Guilford4 é uma descrição, pelo psicólogo, do processo interno de
tratamento da informação, do que ocorre em cada participante do processo decisório.
O processo se inicia com inputs, que são estímulos e informações que penetram na
O processo pode ter tantos ciclos quanto se queira e pode ser interrompido em
qualquer fase. Paralelamente ao processo de geração de alternativas, que é um processo
criativo, ocorre um processo julgamento e de avaliação.
Fases Centrais
176
1) Identificação
- rotina de diagnose.
2) Desenvolvimento
4 Guilford, J. P. The nature of human intelligence. New York, McGraw-Hill, 1967, 538p, (McGraw-Hill Series in
Psychology), apud Bethlem, Agrícola de Souza, Modelos do processo decisório. Revista de Administração, v.
5 Mintzberg, H. The nature of managerial work. New York, Haper & Row, 1973 apud Bethlem, Agrícola
de Souza, Modelos do processo decisório Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p. 27-39.
(9)
- rotina de busca;
- rotina de projeto.
3) Seleção
- rotina de separação;
- rotina de avaliação/escolha.
Conjunto de rotinas
7) Interrupções
177
Combinando estes elementos, chegou-se a um conjunto de decisões estratégicas, que
são:
Soluções
3) “Sob medida”
4) Modificadas (2 + 3)
Na obra How to think, de 1910, Jonh Dewey apresentou um modelo genérico de solução
de problemas que consta das seguintes etapas:
- sugestão;
178
- desenvolvimento de hipóteses;
- teste de hipóteses.
Vários autores de livros sobre o Processo Decisório citam o roteiro de Dewey, adaptado
na forma de três perguntas (BETHLEM, 1987), a saber:
- qual o problema?
- decisão de decidir;
- formulação de alternativas;
6 Cornell, Alexander. The decision maker’s handbook. New York, Englewoods Cliffs, Phentice Hall, 1980, 262p.,
apud Bethlem, Agrícola de Souza, Modelos do processo decisório. Revista de Administração, v. 22, n. 3, 1987. p.
27-39.
7 Simon H. Comportamento administrativo. Rio de Janeiro: FGV, 1971, apud Teodósio, A. S. S.; Silva, E. E.;
(12)
2.3 Tomada de decisão na Administração
180
5) avaliar os resultados da decisão e recomeçar o processo, se a decisão não foi a
melhor.
8 Simon, H. A. The shape of automation: for men and management. New York: Harper & Row 1965
apud Gontijo, A. C.; Maia, C. S. C. Tomada de decisão, do modelo racional ao comportamental: uma
síntese teórica Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 11, n. 4, 2004. p. 13-30.
(13)
2.4 Envolvimento de pessoas
181
As duas linhas incluem um grupo de pessoas imersas em um debate ou discussão,
tentando selecionar um curso de ações que eles acreditam ser a melhor evidência
presente. Apesar das
(14)
similaridades entre pesquisa e advocacia, os resultados produzidos são completamente
diferentes.
A técnica Delphi consiste em enviar vários questionários para serem respondidos por um
grupo de voluntários, que não devem se encontrar uns com os outros e nem saber
quem são. As respostas são tabuladas e devolvidas aos participantes, e estes devem
responder novamente até chegar a um consenso. Essa técnica reduz a influência de
personalidades na decisão.
182
Outro método é o consenso, que consiste em um acordo entre todos os indivíduos. É
comumente atingido depois de uma prolongada discussão, e da deliberação entre os
membros do grupo, que podem ser só administradores do mesmo nível ou uma mistura
de chefes e subordinados 9.
9 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Holder J R, Jack J. Decision making by consensus.
Business Horizons. April 1972. p. 47-54.
10 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Chanin, Michael N. and Shapiro, Harris J.
Dialectical Inquiry in Strategic Planning: Extending the Boundaries. Academy of Management Review, v.
10, October 1985. p. 663-675.
11 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Schwenk, Charles R. Effects of Planning Aids and
Presentation Media on Performance and Affective Responses in Strategic Decision-Making.
12 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Vroom, Victor H. and Jago, Arthur H. The New
Leadership: Managing Participation in Organizations. Englewood Cliffs, NJ: Pertice-Hall, 1988.
(16)
alcançada em função da qualidade da informação disponível, da importância da
aceitação dos subordinados e do tempo que leve para ser tomada 13.
183
2.4.2 Estilo do administrador
O seu estilo pode influir no grau de envolvimento dos outros participantes. Dois
métodos mais formais são o Indicador Myers-Briggs 14 (Myers-Briggs Type Indicator –
MBTI) e o Modelo Adaptativo de Miles e Snow 15 (Miles and Snow Adaptive Model).
De acordo com Myers-Briggs (i) as pessoas que confiam nos sentidos, ou só vêem as
coisas através dos cinco sentidos, tendem a ser pacientes, práticas e realistas; (ii) as que
confiam na intuição, ou na capacidade de conhecer algo sem usar processos racionais
de pensamento, tendem a ser impacientes, criativas e orientadas para idéias e teorias;
(iii) as pessoas que confiam e preferem o pensamento, ou usam um processo lógico e
racional para chegar a conclusões impessoais, são habilidosas em assuntos que exigem
lógica, objetividade e exame cuidadoso de fatos; (iv) por outro lado, as que confiam e
preferem os sentimentos, ou usam processos inatos que levam em conta os valores e
crenças próprias ou dos outros,
13 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Pate, Larry E. and Heiman, Donald C. A Test of the
Vroom -Yetton Decision Model in Seven Field Settings. Personnel Review, 16, Spring 1987. p. 22.
14 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Myer-Briggs, Isabel. Gifts Differing. Palo Alto, CA:
Consulting Psychologists Press, 1980.
15 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Miles, Raymond E. and Snow, Charles C.
Designing Strategic Human Resources Systems. Organizational Dynamic, 13, Summer 1984. p. 36-52; e
Fit, Failure, and the Hall of Fame. California Management Review, 26, Spring 1984. p. 10-28.
(17)
tendem a ser aptas a trabalhar com outras pessoas e têm sucesso em aplicar suas
habilidades em relações humanas interpessoais.
184
capacidade nas quatro dimensões. Isso é bastante importante no processo decisório,
pois as quatro dimensões são valiosas nos métodos de tomada de decisão.
As estratégias usadas nesse modelo, e que serão vistas a seguir, refletem os exemplos de
organizações que as aplicaram com sucesso.
16 MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JR., P. H., apud Miles, R. and Snow, C. C. Designing Strategic Human
Resources Systems. Organizational Dynamics, 13, Summer 1984. p. 36-52; e Fit, Failure, and the Hall of Fame.
California Management Review, 26, Spring 1984. p. 10-28.
(18)
ao usar a nova tecnologia para criar novos produtos. Os concorrentes, então, devem
responder a esse desafio.
Os pesquisadores tendem a esperar para ver o que os líderes da indústria farão e como
sua estratégia funciona, antes de modificar suas próprias operações.
Essas diferentes abordagens para enfrentar desafios e oportunidades irão afetar o estilo
de decidir de uma organização, da mesma forma que os administradores de nível mais
baixo são afetados pela filosofia dos que estão no alto. Porém, mesmo a estratégia mais
prudente e um método de tomada de decisões aparentemente eficaz ainda não são a
resposta toda.
Como, então, o executivo pode analisar mais em menos tempo? A tecnologia está a
favor do executivo com poderosas ferramentas de apoio ao processo de decisão,
capazes de ajudar a vasculhar rapidamente um vasto número de alternativas e selecionar
as melhores.
Um sistema concebido para tomar decisões a partir de uma série quase infinita de
alternativas é a evolução. O processo básico da evolução – pegar as melhores opções
disponíveis, combiná-las e alterá-las para criar opções ainda melhores – está
incorporado a
(21)
um gênero de software analítico conhecido como evolução artificial, ou computação
evolucionária. Essa tecnologia usa a grande capacidade de processamento do
computador para vasculhar um vasto número de soluções e, depois, avaliá-las.
Quando as decisões são mais estratégicas, os critérios de sucesso ficam mais complexos
e subjetivos. Não se pode confiar apenas nos números; é preciso contar com o know-
how, o discernimento e, sem dúvida, a intuição de profissionais experientes. É
preciso incorporar o ser humano ao estágio de avaliação do processo de decisão. Isso
pode ser feito por meio da evolução interativa, uma variação da evolução artificial. A
diferença básica é que quem julga cada geração de alternativas é um indivíduo ou um
grupo de pessoas, e não o computador.
187
A evolução artificial e a evolução interativa são processos de otimização. Neles, geram-
se conceitos alternativos com a variação de um pequeno grupo de parâmetros e, então,
avalia-se o resultado à luz de determinados critérios – objetivos, subjetivos ou ambos. Às
vezes, porém, não se sabe que parâmetros adotar para se gerarem alternativas, ou o
número de parâmetros é tão alto, que é impossível efetuar uma amostragem confiável
de todas as soluções possíveis.
Antes, aproveitam seu poder, ao mesmo tempo em que corrigem suas falhas mais
críticas. O instinto de executivos e de outros profissionais é incorporado ao processo,
seja para gerar opções iniciais ou auxiliar na avaliação das opções geradas por
computador. O instinto fica,
(22)
assim, sujeito aos rigores de análise e livre das amarras da razão para imaginar soluções
possíveis. O computador submete a disciplina do hemisfério esquerdo do cérebro aos
palpites do hemisfério direito, de um jeito que supera muito a capacidade
computacional da mente humana. Permite, assim, que a intuição participe do processo
de decisão sem, no entanto, provocar nele um curto-circuito ou limitá-lo.
188
processo de decisão e suporte de decisão requer um alto grau de sofisticação cognitiva,
isto leva a pesquisa a integrar resultados de Decision Support Systems (DSS) sobre
modelos orientados nos campos estatístico, da teoria de decisão, de pesquisas
operacionais e aplicações práticas.
Este tipo de suporte requer capacidade interativa muito grande, acionado por resultados
computacionais que exploram problemas com modelos parciais, informações
incompletas e métodos de solução robustos. Este sistema todo interdependente requer
um sofisticado modelo de administração, possivelmente com uma ferramenta dinâmica
supervisionada pelo usuário. Para estabelecer esta sofisticação, o uso da Inteligência
Artificial (IA) se faz necessário.
(23)
Gottinger e Weimann (1992) utilizam-se das ferramentas DSS e IA para construir um
suporte efetivo. Este consiste em desenvolver representações e técnicas que traçam,
para cada usuário, modelos probabilísticos ou de decisões teóricas, perguntas e estados
da informação.
Chamado de Intelligent Decision Support System (IDSS), ele suporta a exploração pelas
diversas alternativas de representação e dos modelos de diversos fenômenos, pelo
usuário.
Até hoje, já foram desenvolvidos muitos softwares para construir Modelos de Apoio às
Decisões (EHRLICH, 1996a). Alguns softwares mantiveram a simplicidade e tornaram-se
macro-suplementares (add-in) de planilhas. Outros (como DPL ou o Supertree)
tornaram-se ferramentas extremamente poderosas, que operam em ambiente Windows
(há poucos para Macintosh; existe o Demos, da Lumina). Graças aos softwares, o aspecto
de risco, que tradicionalmente era tratado pela teoria da utilidade, passou a ser avaliado
pelos resultados das análises de sensibilidade.
O software Hiview pode ser utilizado para problemas com multicritérios em geral, para
decisões em grupo. O comportamento de um grupo apresenta particularidades que
exigem:
189
- facilidade de comunicação;
- redução das ambições do analista, ao produzir um modelo que poderá ter distintos
usos nas mãos dos membros do grupo.
(24)
O Hiview permite elaborar diversos tipos de análise de sensibilidade. A agregação das
medidas relativas, com a determinação dos pesos para esta agregação, é
particularmente simples. A finalidade é garantir a compreensão do processo pelos
atores, assim como a comunicação entre eles. O processo de decisão que utiliza Hiview
como apoio passa por três etapas importantes:
Existem algumas metodologias que seguem formalismos mais elaborados: MAUT (Multi-
Attribute Utility Theory), da escola de Harvard-Califórnia; AHP (Analytic-
Hierarchy Process), da escola Wharton-Washington; e MCDA (Multi-Criteria Decision Aid),
da escola européia (principalmente francófona), com seu processo de desclassificação
(outranking).
A exposição a seguir tem como essência a estrutura global que permite contemplar
diversos objetivos (EHRLICH, 1996b) que podem interagir num mesmo sentido de
satisfação ou em sentidos opostos, assim como “compromissos” (tradeoffs) de
compatibilização entre eles.
190
Em um problema de decisão, os vários critérios correspondem aos aspectos que se
identificam como importantes para atingir o objetivo de classificação das alternativas
segundo desejos (ou valores) daquele que decide. Normalmente, começa-se um
problema de decisão pela especificação dos objetivos, ou seja, dos critérios. Estabelece-
se uma métrica para estes
(25)
critérios, de modo a poder ordená-los segundo o grau de “desejabilidade”, e a seguir
saem listadas as alternativas de ação. O processo costuma ser de “idas e vindas” entre os
critérios e alternativas. Novos critérios passam a ser contemplados e novas alternativas
criadas. Ao final, obtêm-se duas tabelas: uma de critérios e outra, de alternativas. As
alternativas são avaliadas, para cada critério, pelas medidas ou ordenações quanto aos
seus atributos.
Como a maioria dos problemas de decisão não tem somente um objetivo, a comparação
e as trocas entre os múltiplos objetivos de natureza e de mensuração muito diferentes
constituem uma tarefa difícil. O processo de seleção da melhor alternativa origina
diversas escolas, dentre as quais se destacam três grandes linhas de atuação (EHRLICH,
1996b).
191
importâncias relativas. Para cada alternativa, resulta uma soma ponderada dos pesos de
preferência de cada critério, multiplicados pelo respectivo peso de importância deste
mesmo critério.
192
sistemas de design (projeto) na engenharia requerem o auxilio de sistemas de suporte de
decisão. Xu et al.
Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). Apesar de seus grandes
usos, eles apresentam algumas limitações. Por satisfazer às limitações existentes nos
193
métodos, a Teoria das Opções Reais (TOR) tem recebido a atenção de usuários e
administradores. Os resultados mostraram que os métodos tradicionais sub avaliaram
alguns investimentos e que o TOR, eficientemente, obteve valores da flexibilidade
administrativa, mostrando-se, assim, uma boa opção para avaliar projetos de
investimentos.
194
10) Dias Junior (2001) apresenta em seu trabalho um software chamado OMNI que tem
o propósito de resolver os problemas de ordenação e seleção de alternativas sob
múltiplos critérios. Ele aborda o problema da tomada de decisão em ambientes onde as
informações estão disponíveis apenas numa forma qualitativa ou imprecisa. O software
desenvolvido é para servir de ferramenta de apoio à decisão, para a aplicação em
contextos nos quais, muitas vezes, as informações que o administrador possui se
encontram imprecisas ou são subjetivas.
(30)
2.6 Sistema de produção e a estrutura de decisão
Uma vez que toda a atividade de produção consome recursos, torna-se essencial ao
planejamento considerar aspectos relacionados às decisões que possibilitem a alocação
de recursos para a produção, considerando limitações de capacidade. Essas decisões
devem ser sincronizadas com as atividades do nível hierárquico inferior. As decisões
tomadas em
(31)
determinado nível são restritas para aquelas tomadas em níveis mais baixos, e assim,
torna-se fundamental a integração entre os diferentes níveis de decisão. Cada nível
195
hierárquico de planejamento, em virtude de suas decisões, fornece recursos, como
capital, equipamentos, mão-de-obra e matéria-prima, para níveis inferiores, os quais a
seu turno tomam decisões quanto à alocação desses recursos.
196
utilização compartilhada de recursos por diversas atividades produtivas. O modelo
esboçado é passível de grande número de aplicações potenciais, todas relacionadas, em
maior ou menor grau, à ênfase dada ou ao papel dos recursos nas decisões. Existe a
possibilidade de aplicar o modelo para apoio à tomada de decisão segundo um enfoque
distribuído. A forma modular das descrições, aliada ao seu alto nível de abstração, faz
com que se tornem um suporte atraente para a concepção de sistemas de apoio a
decisão em ambiente de manufatura, com base em conceitos de Inteligência Artificial
Distribuída (IAD).
*17 Usa-se a expressão “comportamento computacional inteligente” para evitar a discussão – por vezes tediosa
– em torno do que seja comportamento inteligente em geral. Muitas tarefas – por exemplo, coordenação
motora – são consideradas extremamente inteligentes para um computador.
18 Oliveira, F.M. Inteligência artificial distribuída. Escola Regional de Informática, 4. Canoas, RS, Itajaí,
SC, Londrina, PR. Anais. Canoas, SBC, 1996, apud Bastos, R.; Oliveira, F. M.; Oliveira, J. P. M. Modelagem
do processo de tomada de decisão para alocação de recursos.Revista de Administração, v. 33, n. 3, 1998.
p.73- 82.
(33)
2.7 Teoria e prática
Córner, Buchanan e Henig (2001) consideram que existe um “vazio” (gap) entre as
perspectivas prescrita e descrita num processo de decisão. Isso, possivelmente, é um dos
motivos que acarretam falhas em 50% das decisões estratégicas (na implementação de
processo de decisão de multicritérios a porcentagem é ainda mais alta).
197
estratégia inicial (se necessário) para o processo de aquisição. O sistema utiliza dois
métodos:
Jeusfeld e Bui (1997) acreditam que a dificuldade na distribuição ou uso de DSS está
relacionada a:
- aplicações muito específicas dos DSS, nem sempre num formato totalmente explícito.
Para isto foi sugerido que DSS estivessem acessíveis na internet, com vantagens de
redução de custos e de evitar a “reinvenção” de sistemas e de versões.
Texto
(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UNIVERSIDADE ABERTA DO
BRASIL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU
- GESTÃO EM ARQUIVOS. INFORMAÇÕES ARQUIVÍSTICAS E O PROCESSO DE
TOMADA DE DECISÃO. Monografia de Especialização. Samantha Signor. São João do
Polêsine, RS, Brasil, 2009..
(3)2. Universidade Federal de Santa Maria Universidade Aberta do Brasil Curso de Pós-
Graduação a Distância Especialização Lato Sensu Gestão em Arquivos. A Comissão
Examinadora, abaixo-assinada, aprova a Monografia de Especialização. INFORMAÇÕES
ARQUIVÍSTICAS E O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO. elaborada por Samantha
Signor. como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão em Arquivos.
COMISSÃO EXAMINADORA:. _________________________________ Rosani Beatriz
Pivetta da Silva, Ms. (Orientadora) _________________________________ Andre Cordenonsi,
198
Dr. (UFSM) _____________________________ Denise Molon Castanho, Ms. (UFSM). São
João do Polêsine, agosto de 2009..
(6)5. SUMÁRIO. 1
199
INTRODUÇÃO....................................................................................................................06 1.1
Objetivos.........................................................................................................................07 1.1.1
Geral..............................................................................................................................07 1.1.2
Específicos....................................................................................................................07 1.2
Justificativa.....................................................................................................................08 2
REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................................09 2.1
A informação e a informação arquivística...................................................................09 2.2 As
funções arquivísticas...............................................................................................13 2.3 O
processo de tomada de decisão...............................................................................16 2.4 A
relevância das informações como auxílio no processo de tomada de
decisão..................................................................................................................................19 3
METODOLOGIA..................................................................................................................26 4
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................28 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................31
REFERÊNCIAS......................................................................................................................33.
(8)7. como também atrapalhar o desenvolvimento das ações das instituições. Isso vai depender de
como são tratadas e disponibilizadas as informações que subsidiam a tomada de decisão. Diante
desse contexto, as instituições vêm percebendo a necessidade de um gerenciamento dessas
informações. A organização, o controle e a disponibilização das mesmas são eficientemente
alcançadas através do estudo, da aplicação e do desenvolvimento e acompanhamento de métodos,
técnicas e teorias científicas aplicadas por profissionais arquivistas, formados em Arquivologia.
Nota-se assim, cada vez mais, a necessidade de possuir, no quadro de pessoal das instituições,
esse profissional e percebe-se que a ciência Arquivística, com seus princípios, métodos e
técnicas, também vêm sendo reconhecida por proporcionar às instituições o acesso aos
documentos e consequentemente às informações, já que este é o principal objetivo da
Arquivística. Assim, é apresentado o tema deste trabalho concentrando-se na informação e na
tomada de decisão das instituições, o qual tem como problema de pesquisa o seguinte
questionamento: As informações organizadas e acessíveis influenciam o processo de tomada de
decisão nas instituições? Com a pesquisa pretende-se analisar a literatura da área sobre em que
aspectos a informação arquivística pode contribuir no processo de tomada de decisão e refletir
sobre como essas informações estando organizadas e acessíveis podem ser relevantes para que as
decisões das instituições sejam eficientes e eficazes. No trabalho é feita uma breve introdução do
tema, na qual se apresentam os objetivos e é justificada a relevância do mesmo. Num segundo
momento apresenta-se a revisão teórica na qual são abordados os conceitos de informação e a
informação arquivística, revisam-se as funções arquivísticas, apresenta-se conceitualmente o
processo de tomada de decisão e aborda-se a relevância das informações como auxílio no
processo de tomada de decisão. O trabalho apresenta ainda a metodologia através da qual foi
desenvolvida a pesquisa, a apresentação e a discussão dos resultados e as considerações finais..
1.1 Objetivos 1.1.1 Geral Analisar. o. papel. que. informações. arquivísticas. organizadas.
desempenham no processo de tomada de decisão das instituições.. 1.1.2 Específicos diferenciar
informação de informação arquivística;. e. acessíveis.
(11)10. Assim, o termo informação vêm associado à vários outros conceitos como: dados,
comunicação, conhecimento. Mas, o que importa é que a informação possa ser transmitida para
que cumpra com sua função, que resumidamente, é informar. A informação tem finalidade de
mudar o modo como o destinatário vê algo, o faz dar significado aos dados recebidos
202
(DAVENPORT e PRUSAK, apud MÁRIO, 2005). Por isso, é que em muitos casos, informação é
confundida com dados e também com conhecimento. Dados representam um conjunto de fatos
não associados e como tal, não têm utilidade até que tenham sido apropriadamente avaliados.
Pela avaliação, uma vez que haja alguma relação significativa entre os dados e estes possam
mostrar alguma relevância, são então convertidos em informação. Para eles, dado, informação e
conhecimento são conceitos que estão interligados, ou seja, um deriva do outro. Os dados são
elementos brutos, sem significado, desvinculados da realidade (ANGELONI, 2003). Assim, um
dado (um número, por exemplo) se transforma em informação quando inserido num contexto,
quando adquire um significado (esse número associado a outro número, a soma desses números,
etc.) e, informação se torna conhecimento quando nos permite interpretar e incorporar novas
experiências. “Assim sendo, adquirimos conhecimento por meio do uso da informação nas nossas
ações. O conceito de conhecimento possui um sentido mais complexo que o de informação”
(ANGELONI, 2003). Concorda-se com a autora quando diz que os dados, por não possuírem
significado, não são úteis a tomada de decisão. Para ela, “o grande desafio dos tomadores de
decisão é o de transformar dados em informação e informação em conhecimento, minimizando as
interferências individuais nesse processo de transformação”. As organizações, além de
produzirem e utilizarem os dados, as informações e conhecimento produzidos por elas mesmas
utilizam também, dados, informações e conhecimento produzidos externamente, os quais
possibilitam um melhor desempenho no mercado em que atuam por possibilitarem comparações
com seus concorrentes. Valentim (2002) nos diz que esses elementos podem ser classificados em:
estratégicos: aqueles que subsidiam a tomada de decisão e possibilitam definir as diretrizes, as
políticas, os programas, as linhas de atuação, as prioridades, os indicadores de desempenho, os
planos e planejamentos, ou seja, os cenários futuros, a missão e as metas, a atuação na sociedade
e a imagem institucional; mercado: possibilitam perceber as oportunidades de negócios;
financeiros: viabilizam o desenvolvimento de estudos de custos, lucros, riscos e controles;.
(14)13. 2.2 As funções arquivísticas. As instituições, nos seus diferentes setores, ao desenvolver
suas atividades geram documentos, que acumulam informações relevantes à preservação de sua
204
memória e suas ações cotidianas (informações arquivísticas). Sendo assim, as informações
arquivísticas merecem um tratamento adequado, pois são elas que formam os arquivos das
instituições. Os arquivos são definidos como “conjunto de documentos produzidos e acumulados
por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desempenho de suas
atividades, independentemente da natureza do suporte” (DBTA, 2005, p.27). Mário (2005)
refere-se ao arquivo como um centro de informações orgânicas, ou seja, informações que
possuem relação uma com a outra e são resultantes da mesma função ou atividade, que busca
atender à administração, assessorar nas tomadas de decisão e possibilitar a continuidade dos
trabalhos da instituição. Portanto, uma das funções do arquivo é facilitar o acesso às informações
contidas nos documentos, além de comprovar ações da empresa por meio dos mesmos. Para que
o arquivo cumpra com sua função é necessário o auxílio de profissionais que estudam sobre eles.
Assim, ressalta-se o papel da Arquivística, a qual é uma disciplina ou uma ciência que estuda a
gestão da informação orgânica (arquivos) e que forma esses profissionais chamados de
arquivistas. O arquivo pode ser considerado como um sistema de informação bidimensional, pois
engloba a estrutura orgânica e a função uso ou serviço e, semi-fechado, onde se projeta a entidade
produtora/receptora de informação e se condensa, obviamente, o tratamento eficaz da mesma
informação (MÁRIO, 2005). Esse tratamento dado às informações é baseado nos princípios,
técnicas e métodos da Arquivística, a qual é vista sob três enfoques diferentes ou correntes de
pensamento. Fonseca (2005) apresenta da seguinte maneira: a record management, corrente
exclusivamente administrativa (principal preocupação é o valor primário dos documentos); a
tradicional (ressalta unicamente o valor secundário dos documentos); e a integrada e englobante
(se preocupa simultaneamente com o valor primário e o valor secundário dos documentos). A
Arquivística Integrada é a corrente mais aceita nos dias atuais. Ela baseia-se na cientificidade e
na pesquisa, propõe o tratamento dos arquivos desde sua criação até sua destinação final e têm
nos princípios arquivísticos e na teoria das três idades o seu embasamento. O Princípio de
Respeito aos Fundos ou então chamado de Princípio da Proveniência traz que toda documentação
resultante das atividades de alguma pessoa ou instituição não deve ser misturada com a de outra
pessoa ou instituição e se constituirá num fundo. Fundo é “conjunto de documentos,
independentemente da espécie, suporte, criados e recebidos e.
(15)14. utilizados por uma pessoa física ou jurídica no exercício de suas atividades” (LOPES,
1996). Segundo Lopes (apud GARCIA, CASTANHO e SILVA, 2006) a noção de fundo está
relacionada ao conjunto de informações e, não de arquivos, os subfundos referem-se às
informações. geradas por. partes. de uma macroorganização,. com. características. semelhantes a
do fundo; as séries e subséries refletem o conhecimento da organização nas diferentes atividades,
funções e estruturas. O outro princípio que norteia a Arquivística Integrada é o Princípio de
Respeito à Ordem Original que diz que o arranjo dado pela entidade de origem deve ser mantido
(DBTA, 2005). Esses dois princípios apresentados são a base teórica que norteia o
desenvolvimento de uma política arquivística eficiente e científica. A teoria das três idades divide
os arquivos em três fases (ciclo vital dos documentos) de acordo com seu valor (primário ou
secundário) e sua freqüência de uso: arquivo corrente, intermediário e permanente. No arquivo
corrente estão os documentos de valor administrativo, jurídico e fiscal (valor primário) cujo uso é
freqüente. No arquivo intermediário encontram-se os documentos ainda de valor primário, mas
não mais de uso freqüente da administração. O arquivo permanente abriga a documentação de
valor secundário, ou seja, aquela de valor histórico e preservação de memória, servindo para
pesquisa (LOPES, 1996). De acordo com os princípios e a teoria apresentada a Arquivística
205
Integrada ainda propõe que se desenvolva uma gestão de arquivos (gestão de documentos) que
contemple todas as funções arquivísticas em torno do ciclo vital dos documentos. A gestão de
arquivos é definida, portanto, como “conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à
produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente, e
intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” (DBTA, 2005,
p. 100). A gestão de documentos envolve desde a criação até a destinação final dos documentos
contemplando a criação, a aquisição, a classificação, a avaliação, a descrição, a conservação e a
comunicação (ROUSSEAU e COUTURE, 1998). Rousseau e Couture (1998) defendem a
arquivística integrada, como sendo a única a assegurar uma política integrada de organização de
arquivos, permitindo um rápido acesso às informações, indispensáveis ao funcionamento
administrativo das organizações. Tratase, portanto, de considerar as informações arquivísticas de
forma global, através da integração dos procedimentos de classificação, avaliação e descrição,
onde a classificação é vista como base para os demais procedimentos. A classificação,
“ordenação intelectual e física de acervos baseados numa proposta de hierarquização das
informações referentes aos mesmos” (LOPES, 1996, p.89), é a base para a realização das demais
funções, devendo, portanto, ter início nos arquivos correntes. A classificação se torna possível
após o estudo da instituição, suas funções e atividades e a.
(16)15. partir do levantamento dos tipos documentais que resultaram dessas funções. O plano de
classificação, instrumento resultante desse processo, auxilia na gestão dos documentos e propicia
o acesso e o conhecimento dos documentos que a instituição produz. (LOPES, 1996). Outra
função arquivística relevante é a avaliação, que permite estabelecer os prazos de guarda dos
documentos em cada idade de acordo com os valores (primário e secundário) e usos que eles
possuem. Lopes (1996), de acordo com a Arquivística Integrada, diz que a avaliação pode ser
realizada junto com a classificação, pois a partir dos dados coletados na classificação já se está
atribuindo valor aos documentos. Na avaliação são produzidos instrumentos que também
auxiliam na gestão dos documentos. Entre eles, a tabela de temporalidade é essencial, pois
contém os tipos documentais, o prazo de guarda em cada fase do ciclo de vida e o destino dos
documentos após o cumprimento de sua função nas duas primeiras fases (corrente e
intermediário). Assim, a tabela de temporalidade, ligada aos valores dos documentos, torna-se um
instrumento classificatório, avaliativo e descritivo (LOPES, 2000). Com a avaliação é possível
reduzir as massas documentais, liberar espaço físico nos arquivos e principalmente recuperar as
informações com mais agilidade. A descrição, que já inicia na classificação com a produção do
plano de classificação, é o detalhamento dos documentos através de instrumentos de pesquisa que
permitirão o fácil e rápido acesso às informações contidas nos documentos. Continua na
avaliação com a elaboração da tabela de temporalidade, e se aprofunda com a elaboração de
instrumentos de pesquisa como o guia, inventário, catálogo, etc. (LOPES, 1996). Assim,
concorda-se com o autor quando diz que a classificação, a avaliação e a descrição são funções
complementares e inseparáveis. A descrição permite a contextualização e compreensão do
conteúdo de um arquivo possibilitando também a localização das informações e documentos
(LOPEZ, 2002). Essa localização é permitida através dos instrumentos de descrição, ao quais são
instrumentos auxiliares na identificação, localização e consulta de documentos e suas
informações. (DBTA, 2005). A partir desses instrumentos pode-se também realizar a difusão de
um arquivo, isto é, “a divulgação do ato de tornar público, de dar a conhecer o acervo duma
instituição assim como os serviços que esta coloca a disposição dos seus usuários” (PEREZ,
2004). Assim, os instrumentos produzidos na descrição possibilitarão ao público o conhecimento
206
do arquivo. A função conservação é necessária para que a documentação não se desgaste com o
tempo, permitindo seu acesso e uso por um longo período. Esta função é realizada a partir de
medidas que detenham o desgaste ou mantenham a estabilidade do documento. Através.
(17)16. de uma boa conservação os documentos podem ser preservados para memória da
instituição e acessíveis à pesquisa. O arquivo situa-se num contexto administrativo e
organizacional em que a informação deve ser considerada, organizada e tratada igualmente dos
demais recursos da instituição, pois ela é um dos elementos essenciais para que a instituição
possa atingir seus objetivos (CORNELSEN e NELLI, 2006). A gestão documental permite o
controle dos documentos e informações, garantindo eficácia e eficiência, economia e
racionalização dos processos da organização. É por meio da gestão de documentos que os
procedimentos arquivísticos de classificar, avaliar, descrever e conservar são aplicados. Além
disso, é por meio da gestão de documentos que as organizações podem definir seus propósitos,
metas e estratégias, possibilitando a tomada de decisões e permitindo ainda, a avaliação dos
resultados dos processos realizados (BORKOVSKI, 2005). A agilidade e o auxílio no processo
decisório, tão importante para as instituições nos dias atuais, tornam-se possíveis através de um
sistema de informações, que tem como objetivo a coleta, a análise, a guarda e a recuperação das
informações e só será implantado com sucesso se todos da empresa participarem na geração das
informações e na elaboração dos documentos (OLIVEIRA, 1994). Os arquivos servem de base
para as decisões gerenciais, enquanto informação e instrumento decisivo no desenvolvimento
social, econômico, científico e tecnológico (GARCIA, 2000). Sendo assim, é indispensável uma
eficiente gestão de documentos, a qual possibilite que as informações circulem constante e
eficientemente por todos os setores da empresa, para que o arquivo cumpra o papel de assessorar
a tomada de decisão nas instituições.. Kurtz (1997) ressalta que os arquivos além de constituírem-
se órgãos de. assessoramento e de pronta informação sobre os documentos produzidos são gestão
antes que cultura e história, e se constituem, desta forma, a estrutura essencial ao processo de
tomada de decisão. 2.3 O processo de tomada de decisão. Tomar decisões é o processo pelo qual
são escolhidas algumas ou apenas uma entre muitas alternativas para as ações a serem realizadas
em razão de um problema. As decisões são escolhas tomadas com base em propósitos, são ações
orientadas para determinado objetivo e, o alcance deste objetivo determina a eficiência do
processo de tomada de decisão..
(18)17. Chiavenato (1994) afirma que a tomada de decisão é uma atividade complexa que
envolve escolha entre alternativas, levando-se em consideração uma série de critérios que
auxiliam no processo decisório, com a finalidade atingir metas. A decisão compreende três fases
principais: descobrir em que momento deve ser tomada; identificar os possíveis cursos de ação; e
poder decidir entre uma delas. Nesse processo, é preciso, no primeiro momento, analisar o
ambiente a procura de situações que exigem uma decisão, na qual a coleta de dados é
extremamente importante. Na seqüência, é realizada a estruturação, ou seja, buscar, criar,
desenvolver e analisar alternativas possíveis. A terceira e última fase se caracteriza pela escolha
da melhor decisão (SIMON apud LOUSADA e VALENTIM, 2008). O processo de tomada de
decisão também pode ter três outras características: envolvimento, reversibilidade, realimentação.
A decisão por envolvimento é classificada em baixo, médio e alto. A decisão de baixo
envolvimento ocorre quando uma única pessoa decide sozinho sobre o fato, sem consultar nada
nem ninguém. A de médio envolvimento é tomada pelo profissional levando em conta as
opiniões, restrições e questões levantadas durante a discussão com os demais envolvidos. E a
207
decisão de alto envolvimento ocorre quando todos os envolvidos participam de forma ativa e
democrática. O ideal é quando a decisão é tomada por consenso. A reversibilidade é quando o
processo de decisão pode ou não ser revertido. E a realimentação é quando o processo de decisão
pode ser subdividido em etapas, ou seja, as decisões podem ir sendo tomadas etapa por etapa,
sendo os resultados reavaliados e incorporados ao próprio processo de tomada decisão atual e
futura (GOLDIM, 2007). As decisões também são tomadas nos três níveis organizacionais:
estratégico, tático, operacional. No nível estratégico, quem tem o poder de tomar as decisões é o
alto escalão da instituição e se referem aos objetivos e às políticas de uma maneira geral da
instituição. No nível tático, o qual é composto por gerências, divisões e departamentos, as
decisões são, normalmente, para cumprir as determinações definidas pelo nível estratégico. E as
decisões tomadas por setores e seções relacionadas às atividades rotineiras da instituição são de
nível operacional. O processo decisório pode ser caracterizado como um processo dinâmico, por
meio do qual o gerente determina atividades ou a transformação das mesmas dentro de uma
organização (BORGES, 1995). Esse processo se torna necessário a partir de alguma necessidade
que a instituição esteja enfrentando e que precisa resolver para atingir seus objetivos. A partir da
escolha da melhor alternativa é necessário que se acompanhe o processo implantado, avaliando
os resultados e comparando com os planejados. Essa metodologia adotada para a tomada de
decisão é reforçada por Guimarães e Évora (2004) que dizem que a decisão deve ser fruto de um
processo sistematizado, que.
(21)20. Porém, as informações precisam ser gerenciadas adequadamente, de acordo com técnicas
e métodos capazes de tratar, preservar e de torná-las acessíveis. Como existem muitas
informações circulando é necessário pensar como Rousseau e Couture (1998, p. 62) quando nos
dizem que “a informação deve ser cada vez mais considerada como um todo gerido
sistematicamente, coordenado, harmonizado, objeto de uma política clara tal como de um
programa alargado de organização e de tratamento”. A massa documental quando é gerenciada,
tratada, armazenada e acessível de forma eficiente, torna-se um instrumento de melhoria de
desempenho, de aumento de competitividade, bem como de maior eficácia obtida através dos
resultados das tomadas de decisão (TORRIZELLA, 2008). Alguns autores trabalham com a
questão do uso da informação e sua relação com a tomada de decisão. Guimarães e Évora (apud
209
PERES, 2005) são uns dos autores que fundamentam os seus trabalhos em torno do uso da
informação pela gerência para a tomada de decisão. De acordo com os mesmos, a forma como a
informação é obtida, organizada, gravada, recuperada e posteriormente utilizada permite aos
usuários mais segurança no momento da tomada de decisão. Dizem ainda que o processo de
tomada de decisão “exige informações objetivas e quantificáveis, requerendo a utilização de
recursos informacionais que possam organizar, recuperar e disponibilizar as informações
coletadas durante o processo de trabalho” (GUIMARÃES e ÉVORA apud PERES, 2005, p.46).
O estudo da estrutura da organização permite conhecer o processo de comunicação formal e
informal, reconhecendo-o como meio pelo qual os indivíduos se relacionam dentro da
organização e como é empregado para apoiar as decisões, visando ao alcance dos objetivos
institucionais. Nestes ambientes, valores são agregados à informação, transformando-a em
matéria-prima para o desenvolvimento do produto da instituição. Seu objetivo principal é a busca
da tomada de decisão certa, no momento oportuno, com as pessoas apropriadas, a partir da
informação adequada, com o menor custo possível (GUIMARÃES e ÉVORA, 2004).. Assim, as
informações são produzidas e circulam pelas instituições tanto de maneira formal, onde é fácil
identificá-las e estão evidentes, como também de modo informal, ou seja, espontaneamente, não é
registrada em nenhum suporte, mas existe e faz parte dos processos da instituição. Para o
gerenciamento do comportamento informacional nos ambientes empresariais é preciso definir
alguns aspectos como: tornar claros os objetivos e estratégias da organização; identificar
competências informacionais; concentrar-se na administração de tipos. específicos. de.
conteúdos. da. informação;. atribuir. responsabilidades. pelo. comportamento informacional; criar
uma rede de trabalho responsável pelo comportamento informacional e apresentar a todos os
problemas do gerenciamento da informação (DAVENPORT, apud GUIMARÃES e ÉVORA,
2004)..
(23)22. de resposta, quer seja na tomada de decisões, dissoluções de dúvidas internas, prestação
de contas, na comprovação de direitos bem como, na garantia e preservação da memória. Assim,
destaca-se o arquivista, que deve ser capaz de gerenciar as informações de modo a atender as
necessidades que esses administradores e os usuários possuem (MÁRIO, 2005). A importância da
informação estratégica, visto que subsidia a tomada de decisão da alta administração e possibilita
aos analistas estratégicos definirem para a organização, as diretrizes, as prioridades, os
indicadores de desempenho, os planos e planejamentos, ou seja, os cenários futuros, a missão e as
metas, a atuação na sociedade e a imagem institucional (VALENTIM, 2002). Com efeito, a
tomada de decisões estratégicas é produto de avaliações, embasadas em processos estruturados de
coleta, organização e difusão de informações, possibilitando, desta forma, apoio na tomada de
decisão (DEBERTOLI et al., apud MORENO, 2007). A informação, além de ser correta, deve ser
comunicada à pessoa certa, no momento certo, a fim de garantir um alto nível de eficácia no
processo decisório. Os documentos/ informações arquivísticas dão suporte às atividades
administrativas, legais, fiscais, contábeis, científicas, culturais, etc. de qualquer organização. A
informação para o administrador não é um fim em si mesma, mas sim a entrada para o processo
de tomada de decisão (MINTZBERG apud MORENO, 2007). As informações registradas,
arquivísticas ou não, quando organizadas, facilitam a recuperação e disseminação, produzindo
conhecimento, adicionadas as não registradas, vão desencadear em ações efetivas ou escolhas de
alternativas para o processo decisório que vai determinar o desempenho da organização
(MORENO, 2007). Para as instituições, a informação é a base para a tomada de decisão, e, para
que a solução sugerida aos problemas seja efetiva e acertada, as informações devem ser precisas,
relevantes, oportunas, permitindo uma abordagem completa da situação (GUIMARÃES E
ÉVORA, 2004). Autores afirmam ainda que quase todos os setores de uma instituição precisam e
são responsáveis pela circulação de informações relevantes para o processo decisório. No âmbito
empresarial é extremamente importante o registro de informações geradas internamente, uma vez
que auxilia no processo de tomada de decisões, bem como externamente na medida em que essas
informações serão coletadas, analisadas e tratadas a fim de propiciar a empresa obter vantagem
competitiva no mercado em que atua, ou seja, as informações arquivísticas são importantes
quando organizadas, tratadas e gerenciadas, pois facilitam a disseminação e a recuperação da
informação organizacional. Por isso que as informações, sejam arquivísticas ou não, são
fundamentais e muito utilizadas pelas instituições. As informações classificadas como não
arquivísticas são de uso momentâneo e possivelmente não servirão por muito tempo, tendo o
objetivo principal.
211
(24)23. somente informar. Já a informação arquivística é utilizada com o objetivo de decidir, de
agir e de controlar as decisões e as ações empreendidas e, ainda, a fim de efetuar pesquisas
retrospectivas que ponham em evidência decisões ou ações passadas. Reduzindo, assim, a
incerteza e tornando a tomada de decisões mais segura, a partir do aprofundamento do
conhecimento da cultura institucional e do processo decisório. (SOUZA, 2002) A informação
arquivística é indispensável, sendo utilizada e necessária como aporte ao processo de tomada de
decisão (MORENO, 2007). Sendo assim, é necessário que essas informações estejam inseridas
numa gestão, denominada por Raposo (2006), de Gestão da Informação, a qual pode ser: aplicada
à prática gerencial (individual). O gerente, assim, deveria estar consciente de que a informação é
uma fonte para desenvolver e utilizar como parte integral do seu trabalho, ou seja, seria uma
competência pessoal – mas desejável para qualquer gestor; aplicada em nível organizacional.
Nesse caso, as organizações devem ter estruturas para a Gestão da Informação. Hoje se fala muito
em “Arquitetura da Informação”, e é nesse contexto que a gestão da informação em nível
organizacional pode ser melhor compreendida. aplicada a ferramentas e habilidades utilizadas
para ajudar na própria gestão da informação (uma retroalimentação), podendo ser tanto analíticas
quanto práticas (ou ambas). (RAPOSO, 2006, p.09).. Como se pode ver na citação acima, a
informação está em todo lugar e pode ser aplicada de várias maneiras pela instituição. Sendo
assim, a informação que é fundamental para as instituições, deve ser de responsabilidade de todos
os gerentes da organização, devendo perpassar toda a organização. Desse modo, a gestão da
informação nas instituições deve fazer parte do planejamento e gestão estratégicos, caso
contrário, esse planejamento e gestão não terão sentido (RAPOSO, 2006). Sendo assim,
concorda-se com Torrizella (2008) quando diz que a gestão da informação e, mais
especificamente, a gestão documental é um instrumento estratégico para o processo de tomada de
decisão. Por isso, a gestão da informação deve ser planejada e implantada juntamente com as
demais gestões existentes nas instituições, pois assim, além de identificar os problemas e
necessidades desde o momento em que eles “nascem”, é possível que as gestões se desenvolvam
de maneira integrada e eficiente. A forma como a informação se encontra, também, faz muita
diferença, porquanto ela tem que ser selecionada, coletada, tratada, processada, armazenada e
gerenciada de forma eficiente, visando dar acessibilidade e usabilidade aos usuários da
organização, pois quanto mais fácil e rápida a recuperação da informação, mais ágil será a
tomada de decisão ou usá-la para a resolução de problemas organizacionais (TORIZELLA,
2007). Flippo (apud BORGES,1995) afirma que o primeiro e mais crucial passo inclui não
somente definir a informação necessária, mas também especificar quando e em que formato a
informação deverá ser disponibilizada. Os tomadores de decisão devem.
(26)25. O profissional capacitado para aplicar as políticas arquivísticas, o arquivista, tem como
uma de suas funções, atuar junto à informação de forma a disponibilizá-la com rapidez,
segurança e eficiência. Os fazeres arquivísticos envolvem desde ações diretamente vinculadas a
manter uma cultura organizacional voltada à gestão documental, bem como pode contribuir de
forma positiva, auxiliando no desenvolvimento de atividades e tarefas organizacionais, propicia
uma condição mais favorável à obtenção de vantagem competitiva sobre a empresa concorrente e
na construção de conhecimento organizacional para a tomada de decisão (TORRIZELLA, 2007).
Cada vez mais a gestão da informação, desde a sua seleção, estruturação e recuperação, tornou-se
um instrumento estratégico para assistir as organizações, quer sejam públicas ou privadas, no
processo de tomada de decisão e na obtenção dos objetivos propostos (FACCHINI e VARGAS,
1992). A instituição que melhor compreender que a informação, uma vez gerenciada, organizada,
tratada e disseminada, deve ser considerada um recurso tão importante quanto os recursos
humanos, materiais ou financeiros melhorará sua produtividade, competitividade e desempenho
organizacional (CARVALHO apud LOUSADA e VALENTIM, 2008). Para Borges (1995) “a
competitividade de uma empresa é diretamente proporcional à sua capacidade de obter
informação, processá-la e disponibilizá-la de forma rápida e segura”. Nisso, resume-se o papel de
informações organizadas e acessíveis no auxílio para a tomada de decisão das instituições e
assim, consequentemente, possibilitem o sucesso dos negócios..
(28)27. Após essa etapa, utilizou-se a ficha resumo para selecionar, rever os materiais e
aprofundar os estudos numa análise mais rigorosa sobre o tema da pesquisa. A análise resultante
dos dados obtidos pela leitura de cada texto está descrita no capítulo 4, no qual também é
realizada a discussão dos resultados. A partir dos mesmos foi possível traçar as considerações a
que se chegou após a análise, cumprindo com os objetivos determinados pela pesquisa..
(31)30. como uma vantagem competitiva, agregando algo a mais para as instituições (BUTTI
apud MÁRIO, 2005). Torrizella (2007) é mais específico e aponta também algumas
consequências que a má gestão documental pode trazer: atrasa seu desenvolvimento e acarreta
prejuízos em todas as áreas, principalmente, nas áreas administrativa, financeira e da qualidade e,
ela complementa dizendo que a não gestão documental e informacional trazem problemas
prejudiciais e irreversíveis à empresa, como a degradação do desempenho da mesma. Nota-se,
assim, que são apresentados elementos importantes que surgem da questão de não existirem
políticas arquivísticas nas instituições. A falta que essas políticas fazem nas instituições é
visualizada diretamente no desenvolvimento das atividades e nos resultados. Provavelmente
muitas instituições sofrem com o atraso, a falta, ou até mesmo as informações incorretas ou
insuficientes por não existirem as políticas arquivísticas instituídas, acarretando, assim, o mau
desempenho das mesmas..
(35)34. LOUSADA, Mariana. VALENTIM, Marta Lígia Pomim. Informação orgânica como
insumo do processo de tomada de decisão empresarial. Disponível em
<http://www.enearq2008.ufba.br/?page_id=4>. Acesso em 18 de novembro de 2008. MÁRIO,
Leandra B. Qualidade e Informação: uma relação de dependência. In:___Caderno de
Arquivologia 2. Santa Maria , 2005. MORENO, Nádina Aparecida. A Informação Arquivística e
o Processo de Tomada de Decisão. Inf.& Soc.: Est., João Pessoa, v. 17, n.1, p. 13-21,
jan./abr.2007 OLIVEIRA, Marcos A L. de. Documentação para a ISO 9000. São Paulo:
Qualitymark, 1994. PERES, Rosanara Urbanetto. A informação como elemento de
transformação. In:___Caderno de Arquivologia 2. Santa Maria, 2005. PEREZ, Carlos Blaya.
Difusão dos Arquivos Fotográficos. In:__Caderno de Arquivologia 2. Santa Maria: UFSM, 2005.
Pesquisa e Tratamento dos Arquivos In:___UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA.
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Gestão da Informação – Reflexões a partir da Câmara dos Deputados. Palestra apresentada no I
Encontro de Arquivos do Legislativo. II Congresso Nacional de Arquivologia. Porto Alegre,
2006 ROUSSEAU, Jean-yves; COUTURE, Carol. Tradução de Magda B. de Figueredo. Os
fundamentos da disciplina arquivística. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1998. SIGNOR,
Samantha. A Relação do Arquivo com a implementação da Gestão da Qualidade: um estudo de
caso na Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo – RS. (Trabalho de Conclusão de Curso): Curso de
Arquivologia, UFSM, 2007. SILVA, Antônio Fonseca da. O Administrador e o Desafio da
Tomada de Decisão. Disponível em
<http://www.informal.com.br/pls/portal/docs/PAGE/GESTAODOCONHECIMENTOINFORM
A
LINFORMATICA/ARTIGOSGESTAODOCONHECIMENTO/ARTIGOSGC/ARTIGO_030204
. PDF>. Acesso em 06 de novembro de 2008. SOUZA, Renato Tarciso Barbosa de. A Informação
Orgânica Arquivística. Disponível em
<http://www.caarq.com.br/textos/InformacaoOrganicaArquivistica.doc> Acesso em 20 de
novembro de 2008. SOUZA, Renato Tarciso Barbosa de. As bases do processo classificatório em
Arquivística. São Paulo: Associação de Arquivistas de São Paulo, 2002. TORRIZELLA, Ana
Paula Ferreira. Gestão Documental e o Fazer Arquivístico em Ambientes Empresariais.
218
Disponível em <http://www.enearq2008.ufba.br/wpcontent/uploads/2008/09/01-
ana_paula_ferreira_torrizella.pdf>. Acesso em 15 de dezembro de 2008. VALENTIM, Marta
Lígia Pomim. Inteligência Competitiva em Organizações: dado, informação e conhecimento.
DataGramaZero-Revista de Ciência da Informação - v.3 n.4.
219
Texto
(1)
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS POLICIAIS E SEGURANÇA INTERNA
Informações Policiais
Orientador:
Segurança Interna
220
I
Aos meus pais Miguel e Isabel, pela confiança e pelo apoio que sempre me deram, bem
como pelo orgulho que sentem por mim e pela minha profissão (Polícia). À minha
amada esposa Domingas que esteve durante estes longos cinco anos distante de mim.
Aos meus filhos Miguel, Marinela, Lídia, Edna e Ivanildo, pelo amor, carinho e sorriso que
sempre demonstraram. Por último, mas não menos importante, aos meus irmãos, tios e
amigos em geral.
(4)
II
A execução deste trabalho não teria sido possível sem o contributo de várias pessoas.
Não podia, pois, deixar de lhes prestar um justo e sincero tributo.
Agradeço igualmente ao Senhor Intendente Luís Fiães Fernandes pela ajuda dada,
quanto a bibliografia consultada, para a realização do presente trabalho.
Agradeço igualmente aos meus irmãos e tios, pela coragem, camaradagem e força que
sempre me deram, para que pudesse culminar com êxito o curso.
Aos meus amigos em geral, pelo apoio e amizade que sempre me proporcionaram.
Agradeço também aos meus colegas do XXII CFOP, pela amizade e ajuda, dando provas
que poderei contar sempre com eles, em especial ao Carlos Martins, José Catanho e
João Cunha.
221
Ao ISCPSI e ao seu corpo docente, pela formação que me concederam durante estes
longos cinco anos.
CMDO - Comando
EOPN - Estatuto Orgânico da Polícia Nacional de Angola EPP - Escola Prática de Polícia
FNLA- Frente Nacional de Libertação de Angola FNUAP - Fundo das Nações Unidas para
a População FSS - Forças e Serviços de Segurança
GF - Guarda Fronteira
222
MINSE - Ministério da Segurança de Estado
UNDAF - Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola UNITA- União Nacional
para a Independência Total de Angola UPIP - Unidade de Protecção de Individualidades
Protocolares
223
(7)
V
Anexo VII - Fluxograma da Informação Operativa na Polícia Nacional de Angola ... 100
Anexo XIII - Características das Decisão na Gestão - Horizonte Temporal da Decisão ...
119
224
Anexo XVIII - Ciclo de Produção de Informações ... 129
Índice de Quadros
Quadro. 1 - Principais Defeitos da Tomada de Decisão ... 127
Quadro. 2 - Processo de Produção de Informação ... 131
(9)
VII Dedicatória ... I Agradecimentos ... II Lista de Siglas ... III Índice de Anexos ... V Índice
de Figuras ... VI Índice de Quadros ... VI Índice Geral ... VII Resumo ... IX
INTRODUÇÃO ... 1
226
2.1.2. Tipos de Informações Policiais ... 15
4.7. Plataforma digital para a troca de informação entre os diversos órgãos da Polícia
Nacional de Angola. ... 51
227
4.8. Modernização das infra-estruturas e apetrechamento técnico material de meios de
informação ... 54
CONCLUSÃO ... 57
BIBLIOGRAFIA ... 60
(11)
IX
A Polícia Nacional de Angola (PN) tem a missão de cumprir e fazer cumprir a lei, garantir
o normal funcionamento das instituições democráticas e o livre exercício dos direitos,
liberdades e garantias dos cidadãos. Para o seu normal funcionamento e cumprimento
das missões legalmente cometidas, a polícia necessita das informações policiais. Apesar
de já desempenharem um papel importantíssimo, ainda se afigura necessária a criação
de uma base de dados de informações policiais digitalizada, a nível nacional, para haver
uma troca de informações em tempo real e oportuno, levando assim a uma actuação
policial mais eficaz e eficiente.
INTRODUÇÃO
A) Temática e Objectivos
228
No presente trabalho procuraremos frisar aspectos pertinentes ligados às informações
policiais e o seu papel na tomada de decisão por parte dos órgãos policiais incumbidos
dessa tarefa.
1) A criação de uma base de dados para a troca de informação entre os vários órgãos de
informação e investigação criminal ao nível da Polícia Nacional de Angola;
2) Uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas estejam
dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste modo a sua
preparação e formação profissional nesta área.
C) Estrutura do Trabalho
D) Contexto de Investigação
E) Metodologia Adoptada
Iremos repartir o nosso trabalho em duas partes: Uma teórica e outra prática.
1
(15)
4
231
Cap. 1 - Situação actual da República de Angola e da Polícia
Nacional de
Angola.
1.1. Contextualização
232
5
legislativo, executivo e judicial, seus órgãos e instituições, bem como por todas as
pessoas singulares e colectivas2.
A República de Angola é um país situado no centro - sul de África, que faz fronteira com
a Namíbia a sul, a República Democrática do Congo a norte, a Zâmbia a este e com a
costa ocidental ao longo do Oceano Atlântico. O último recenseamento populacional e
habitacional data de 1970. Contudo, as estimativas apontam para uma população actual
na ordem dos 16 a 18 milhões de pessoas, dispersos por uma área total de 1.246.700 de
km². Do total da sua população, 50,7% são mulheres, 53,3% reside em áreas urbanas e
50% tem entre 5 e 25 anos3. Angola é o segundo maior produtor de petróleo e de
diamantes na África Subsaariana e ocupa a 59ª posição entre as economias mundiais em
termos de produto interno bruto4.
Ao fim de oito anos de paz, o Governo de Angola começa a levar a cabo enormes
investimentos na reconstrução e renovação de infra-estruturas nacionais básicas, o que
se espera que tenha um impacto positivo significativo nas condições de vida da
população.
233
Cfr. artigos 1.º e 2.º da Lei Constitucional da República de Angola, vista e aprovada pela
Assembleia Constituinte, aos 21 de Janeiro de 2010.
3 Fonte: Ministério do Planeamento e Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP9. 4 Fonte: Banco Mundial 2007.
5
(17)
6
proporção de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia, até 2015, e uma
subida do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 75% até 2025, colocando
Angola entre os Países de Desenvolvimento Médio6.
Apesar dos esforços para melhorar o desempenho no sector da saúde, este sistema e os
respectivos serviços são ainda precários na medida em que carecem de infra-estruturas,
equipamento, pessoal formado e sistemas de acompanhamento adequados. Em 2005
havia 1.659 médicos em Angola, o equivalente a apenas um médico por 10.000
habitantes, tendo o Governo prometido aumentar esse rácio para 13 médicos por 10.000
habitantes, até 2015. Muitas províncias têm poucas infra-estruturas de saúde funcionais.
A esperança média de vida é de 42,4 anos para os homens e de 44,5 para as mulheres, o
acesso aos cuidados básicos de saúde ronda os 30% e o acesso a água e saneamento
básico (respectivamente, 62% e 69%) são baixos. A mortalidade materna é muito
elevada, na ordem das 1.850 mortes por cada 100.000 mulheres e as taxas de
mortalidade dos bebés e crianças com menos de cinco anos são de 150 e 250 por 1.000
nados-vivos, respectivamente. A gravidez entre as adolescentes é um dos motivos de
preocupação: 51,5% das raparigas entre os 15-19 anos têm, pelo menos, um filho. O uso
de preservativos é baixo (0,3%). A taxa de infecção por HIV entre os adultos em Angola é
de 5.0%7.
234
Angola esteve durante cerca de cinco séculos subjugada pelo sistema colonial
português. Durante esse período, o colonialismo português utilizou vários instrumentos
para
6 Cfr. o esclarecido no Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola para o quinquénio 2009-2013. 7
8 Cfr. o Quadro de Assistência das Nações Unidas em Angola (UNDAF). O actual UNDAF para o
garantir a segurança pública, que passou pelos célebres e temidos Chefes de Posto,
Regedores9 e Cipaios10.
Em 1935, pressionado pelo desenvolvimento social então vigente, foi fundada a Polícia
de Segurança Pública de Angola (PSPA) com dependência directa do Governador-Geral
de Angola, entidade máxima que superintendia o então chamado “Estado de Angola”.
Em 1963, por Decreto do Governador-Geral, foi autorizado que o angolano “negro”, até
então utilizado apenas como força auxiliar, pudesse ascender a categoria de guarda de
2.ª ou 1.ª Classe, o equivalente hoje à categoria de Agente de Polícia.
Em 1975, o Governo português passou por várias transformações provocadas pelas lutas
armadas que ocorreram no chamado ultramar português de então. Como resultado o
Governo colonial tomou várias decisões entre as quais a formação de um “Governo de
transição”11, empossado no dia 31 de Janeiro de 1975 até à proclamação da
Independência em 11 de Novembro de 1975, integrado por três movimentos políticos,
sob a coordenação do Alto-comissário de Portugal. Nesta altura, o país conheceu a
extinção da Polícia de Segurança Pública (PSP) colonial, que deu lugar ao Corpo de
Polícia de Angola (CPA)12. Chefiavam este Corpo ainda embrionário, os Comandantes
Santana André Pitra “Petroff”, representado inicialmente por Armindo do Espírito Santo
Vieira pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Isaías Celestino
Chinguvo Chianeke pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)
235
e David Mekondo pela Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), oriundos dos
três movimentos de libertação nacional (Chiyaneke, 2002:20).
Fruto das decisões políticas, no dia 28 de Fevereiro de 1976 criou-se o Corpo de Polícia
Popular de Angola (CPPA). Esta data institucionalizou-se e passou a ser comemorada
como sendo o dia da fundação da PN, em homenagem ao juramento de bandeira dos
novos agentes formados na Escola de Polícia Mártires de Kapolo. Foi neste dia que o
Comandante Geral13 propôs ao Ministro da Defesa, General Iko Carreira, que a polícia
mudasse de denominação,
9 Eram os Administradores com amplos poderes, até mesmo de julgar pessoas, visto que eram os
10
12 Instituído pelo Decreto-Lei n.º 24/75, de 01 de Abril, aquando da vigência do Governo de Transição, nas
13
(19)
8
de CPA para Corpo de Polícia Popular de Angola (CPPA). Neste mesmo dia, pela primeira
vez, foram enquadradas nas forças policiais cento e dois (102) efectivos do sexo
feminino, num total de trezentos e oitenta e três (383) polícias. Este acto demonstrou a
contribuição da Polícia na grandiosa luta que a mulher vem fazendo para a conquista
dos seus inalienáveis direitos.
236
Em 28 de Maio de 1978, a Polícia foi transferida do Ministério da Defesa para a
Secretaria de Estado da Ordem Interna (criada na mesma data) e integrada pela Polícia
Judiciária, a Inspecção dos Serviços Prisionais (retiradas da tutela do Ministério da
Justiça), bem como pela Direcção dos Serviços de Viação e Trânsito (saída do Ministério
dos Transportes).
Finalmente, com o advento da paz em Angola (2002), outros passos têm sido dados
rumo à consolidação de uma organização policial renovada e modernizada,
comportando no seu seio forças especializadas na prevenção da criminalidade e no
combate ao crime organizado, ao terrorismo e aos distúrbios graves, tendo como
principal missão a “manutenção da ordem e tranquilidade públicas”16
14 Designadamente Polícia de Investigação Criminal, Polícia Económica, Polícia de Trânsito, Polícia Fiscal,
15 Através do Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho, que publica o seu Estatuto Orgânico. 16
Com o fim da guerra, a PN assumiu na plenitude a sua função tradicional, o que implica
a melhoria do seu desempenho em todos os serviços, a fim de assegurar a ordem, a
segurança e a tranquilidade públicas, proteger as pessoas e bens, prevenir a
criminalidade e contribuir para o normal funcionamento das instituições democráticas, o
regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, primando sempre
pelo respeito da legalidade. Assim sendo, a necessidade de modernização face aos
novos desafios relaciona-se com a modernização das infra-estruturas logísticas e
tecnológicas, a modernização das mentalidades e a modernização dos métodos de
actuação e de intervenção policial17.
238
Melhorou a imagem externa e interna da PN, com a implementação do novo modelo de
fardamento, com a melhoria das condições de atendimento nos piquetes e melhor
resposta às chamadas dos cidadãos. Iniciou-se também o processo de substituição das
espingardas de assalto AKM por pistolas, bem como o processo de recenseamento de
todo o efectivo (em
17 Cfr. o ponto 3 das Linhas Programáticas do Programa de Modernização e Desenvolvimento (Vide anexo
(21)
10
curso desde 2009), para possibilitar o registo e controlo administrativo dos elementos
policiais. O efectivo da PN, em 2009, era de aproximadamente 90.000 homens18.
O Estatuto Orgânico da Polícia Nacional (EOPN)20 alude no seu artigo 1.º que “a Polícia
Nacional de Angola é uma força militarizada competindo-lhe fundamentalmente: a
defesa da legalidade democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, o
respeito pelo regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, a
defesa e protecção da propriedade estatal colectiva, privada e pessoal, a prevenção à
delinquência e o combate à criminalidade e a colaboração na execução da Política de
Defesa Nacional nos termos que forem estabelecidos por lei”21
239
do EOPN, a PN é integral e compreende três níveis de comando: O Comando Geral, o
Comando Provincial e o Comando Municipal.
18 Segundo declarações proferidas pelo Excelentíssimo Sr. Subcomissário Luís Cadete, Director Nacional de
19
21 Cfr. o artigo 1.º do Estatuto Orgânico da Polícia Nacional, publicado pelo Decreto n.º 20/93, de 11 de
22
(22)
11
23
28 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(23)
12
29 Notícia é qualquer facto, documento ou material, cujo conhecimento se revele susceptível de ter interesse
30 Os ingleses e norte-americanos fazem o uso da expressão “intelligence”, ao passo que os franceses
(24)
13
Segundo Alter (cit. in Rasgão, 2004:22), dados são “factos e ou eventos, imagens ou sons
que podem ser pertinentes ou úteis para o desempenho de uma tarefa, mas que por si
só não conduzem a compreensão desse facto ou situação”.
242
Segundo Rasgão, a informação é “um modelo de representação do real, conjugando
registos em código convencionado de acontecimentos, objectos ou fluxos que
constituem esse real perceptível, segundo um determinado padrão de associação e
selecção” (Rasgão, 2004:21).
Por sua vez, Bispo refere que a informação em si é “o conjunto de dados colocados num
contexto relacionados com o espaço, o tempo, o cenário de acção” (Bispo, 2004:78).
31 Constituem pilares das polícias modernas a prevenção, a reacção, a investigação criminal e as informações,
Lockhart refere que existem cinco áreas atinentes às informações32 que contêm os
elementos necessários para a definição do conceito de informações. Desta forma, o
autor identifica, em primeiro lugar, a definição das necessidades e prioridades de
informações por parte dos governos. De seguida, identifica a fusão das informações
conforme orientação do governo, através de processos de pesquisa secretas ou abertas.
Surge depois a contra - informação ou segurança das informações, as acções
encobertas, finalizando com a análise e avaliação de toda a informação recolhida
(Lockhart, 1987:37-52).
243
O conceito de inteligência ou informações “pode ser encarado como informação ou
conhecimento; como actividade operacional concebida para adquirir, explorar ou
proteger esse conhecimento; e como organização desenvolvida com o intuito de
prosseguir esses objectivos” (Medeiros, 2001:9).
Assim sendo, o conceito apresentado por Shulsky é, no nosso entender, o mais acertado,
porquanto engloba na sua dimensão de defesa nacional, direccionada essencialmente
para o exterior, bem como das organizações responsáveis pela componente da
segurança interna. Deste modo, este conceito abarca informações enquanto produto -
que resulta do processamento de notícias de países estrangeiros, de elementos ou
forças hostis; informações enquanto conjunto de actividades, que visam obter o
conhecimento, focalizadas em organizações, grupos ou indivíduos perniciosos que
praticam actos ilícitos; e informações
32
É de frisar que uma parte fundamental dos estudos relacionados com matéria ligada as
informações, encontramos no contexto anglo-saxónico.
33 Godson elege quatro elementos constitutivos da inteligência, como sendo: pesquisa, análise,
Neste sentido Torres, afirma que as informações policiais “são todas aquelas destinadas
à prossecução directa das missões legalmente atribuídas a serviços de natureza policial,
244
sejam elas de nível estratégico ou operativo” (Torres, 2005:593), com o propósito de
alimentar os seus órgãos operacionais.
34 Vide anexo X.
35 Estão mais envolvidas em inquéritos e outras áreas operacionais, tendo como meta alcançar os objectivos
(27)
16
245
As informações operacionais dizem respeito ao conhecimento imediato de uma situação
actual como um instrumento de investigação, destinada a ser utilizada num prazo de
tempo relativamente curto, devido a sua validação, como é o caso da realização de uma
detenção. Também servem para apoiar os comandantes e chefes das áreas operacionais
no planeamento das actividades de redução da criminalidade e da implantação de
recursos para atingir os objectivos operacionais (Ratcliffe, 2008:16).
De referir que, “no domínio da ordem pública, por exemplo, um conhecimento preciso
sobre o momento, o local onde se vai realizar uma manifestação, a natureza das
reivindicações, o número e o comportamento previsível de manifestantes, são
informações importantes” (Roumangne, 1997:32), para que os decisores possam estar
advertidos acerca de ocorrências susceptíveis de surgirem, a fim de prepararem as
respectivas reacções.
246
da unicidade para todo o território nacional de cada força e serviço de segurança; o
princípio geral da colaboração dos cidadãos na prossecução dos fins da segurança
interna; o princípio da cooperação recíproca e coordenação das forças de segurança; e
por fim, o princípio do apartidarismo das forças ou serviços de segurança.
37 Estamos a falar da actividade desenvolvida pelas forças policiais, no âmbito da prossecução dos fins
(28)
17
38 Nos meios humanos, a segurança distingue-se entre segurança do pessoal, das matérias classificadas e
247
segurança física. A segurança das matérias classificadas consiste na sua protecção,
através da produção de quadros normativas, onde se realça o seu armazenamento e
acesso. As informações são classificadas de acordo com o seu grau de sensibilidade, ou
seja, tendo por base o comprometimento produzido pela sua divulgação e, por
conseguinte, a importância que emerge da sua protecção.
39 Nas medidas activas (contra-espionagem), Medeiros (2001: 32) define como um “conjunto de técnicas
40 A decepção pode ser definida como “a visão errónea que um serviço de inteligência pretende que o seu
relatórios públicos, a internet, e todas aquelas que estão disponíveis, sem restrições
(Bispo, 2004: 90). As fontes abertas podem ser definidas como a informação
publicamente disponível, na sua forma escrita, electrónica ou oral, destinada a um
público vasto ou restrito conforme divulgação, nomeadamente revistas, livros,
entrevistas, emissões de rádio e televisão ou a internet.
43
(29)
18
Para tal, devemos definir áreas de acesso para levar a cabo este exercício, que são as
fontes de informações abertas ou encobertas e os contactos com serviços congéneres48.
Quem vai às áreas de acesso verificar a veracidade ou não dos indícios técnicos são os
órgãos de pesquisa49.
44
45
46
47 Os indícios técnicos “podem revelar determinadas vulnerabilidades do adversário; indicar a adopção ou
48 Dividem-se em amigos e hostis. A cooperação regular entre serviços, que se efectua através de reuniões
249
dos analistas (também chamados de peritos) e na troca de relatórios e pedidos de
informações.
49 Devemos ter em atenção que, depois de determinar os indícios técnicos, as áreas de acesso e os órgãos de
(30)
19
51 Devemos identificar e recrutar possíveis informadores que estejam dispostos a fornecer informações aos
250
agentes ligados a recolha de informação, bem como aqueles que voluntariamente
estejam dispostos a fornecerem informações, tornando-se em fontes de informação.
53 As fontes abertas primárias “consistem no contacto directo com indivíduos: podem ser utilizadas como
54 As fontes abertas secundárias são “ o conjunto de publicações cujo grau de profundidade/extensão pode
55 Por sua vez, as fontes técnicas são aquelas que “assentam no pressuposto elementar de que todas as
O Feedback e Revisão é uma etapa que não está incluída no ciclo tradicional
de produção de informações mas que Ratcliffe e Pedro Franco incluem nas suas
concepções, uma vez que após de “entregue o produto informacional ao seu
destinatário, este vai verificar se a informação corresponde à sua necessidade inicial, ou
251
se a necessidade inicial foi alterada. Se o justificar, o decisor solicita ao analista uma
nova necessidade e o ciclo volta ao início” (Pestana, 2008:16-17).
A decisão pode igualmente ser definida como a “selecção de uma alternativa, de entre
várias”. Como é sabido, “as pessoas tomam decisões a todo o momento”, sendo
algumas
56 Em relação à difusão temos de salientar um dos princípios basilares das informações - o princípio da
pessoais e outras sobre a organização. Muitas vezes quando se toma a decisão, “há
incertezas acerca do que irá acontecer com cada alternativa”. Neste sentido, uma boa
informação ajuda a reduzir as incertezas, sendo que o resultado da decisão tomada
venha a ser satisfatório (Rasgão, 2004:319).
252
e oportuno da sua implementação, tendo em consideração a realidade da situação em
concreto.
As decisões são tomadas a vários níveis pelas organizações, havendo para isso uma
hierarquia das decisões. Assim sendo, as decisões têm uma hierarquia crescente, isto é,
de baixo para cima.
57 O Processo de Tomada de Decisão é constituído por quatro fases (vide anexo XI). 58 Vide anexo XI.
253
normal funcionamento da organização”. As decisões operacionais envolvem a
“implementação de políticas na organização”. Por seu turno, as decisões estratégicas são
tomadas pelo topo da hierarquia e que envolvem toda a organização a médio e longo
prazo, e referem-se a estratégia da organização bem como a evolução e
desenvolvimento da organização, nos próximos anos (Rasgão, 2004:320). Para tal, as
decisões de gestão possuem características diferentes61.
61 A primeira característica prende-se com o horizonte temporal, em que as “decisões operacionais têm um
62
254
A análise é o processo lógico que consiste na investigação (Processo de recolher
evidencias, informações ou pistas com o intuito de resolver algum problema, dúvida ou
caso) das estruturas básicas de uma informação, in pt.wiktionary.org/wiki/an
%C3%A1lise, consultado em 25.02.2010.
63 http://www.i3g.org.br/experienciadocente/presencial/impactosocialdati/biblioteca/artigoeleonora.pdf,
consultado em 05.02.2010.
64 É indispensável para tácticas e estratégias de planeamento de sistemas de gestão de registos, produzindo
65 É parte da cultura organizacional, liderada pelo executivo - chefe, supervisores e gerentes de incentivar os
(34)
23
66
A informação deve ser pertinente, isto é, deve relacionar-se com os factos, estar
disponível e ser importante para a pessoa que a requer. A informação ajudará as pessoas
a tomarem decisões (Rasgão, 2004:36).
67 A informação deve ser “oportuna, ou seja, deve estar disponível à pessoa certa no momento certo”
(Rasgão, 2004:36).
68
A informação deve ser exacta, pelo que, se não for, perde o interesse (Rasgão, 2004:36).
69 A decisão deve ser tomada com informação precisa e eficaz, para que se possa reduzir a incerteza. Uma
70
71 A informação só é útil se as “pessoas têm acesso a ela; a acessibilidade está ao alcance daqueles que
podem obter a informação a tempo de ser usada com eficiência e no formato que a
torna útil”. O formato electrónico é mais facilmente acessível do que a tecnologia do
lápis e do papel (Rasgão, 2004:36).
73 É usado para armazenar, organizar, analisar e visualizar qualquer tipo de dados não apenas incidentes ou
crimes.
256
74
(35)
24
Este tipo de análise refere-sesegundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:10),
à análise de dados e informações relativas ao “onde”, “quando” e “como” o crime
aconteceu e foi praticado, objectivando assistir aos investigadores na identificação e
compreensão dos problemas específicos e imediatos do crime. A procura de padrões
para avaliações futuras é um dos aspectos fundamentais deste tipo de análise. O
objectivo principal é accionar à rápida resposta em relação a uma série de crimes que
estão ocorrendo.
Por outro lado, a Análise Criminal Investigativa (ACI)77 focaliza a sua atenção
segundo Osborne & Wernicke (cit. in Filipe, 2006:14) nos perfis das vítimas e dos
suspeitos, com apoio de dados e informações disponíveis, de cunho sócio-demográfico e
antropológico, levantando hipóteses gerais sobre o tipo de pessoa ou grupo que possa
estar a cometer determinada sequência de crimes.
75 O seu interesse concentra-se em problemas delituosos a longo prazo e suas causas, as tendências ou
257
76 Neste tipo de análise, o objectivo principal é preparar apresentações para discussões com a comunidade,
77 O analista cinge-se com análise de crimes de homicídio, estupro e sequestros. É criado o perfil psicológico
e de comportamento dos suspeitos e das vítimas e possível relação entre vítimas. Com
isto, podemos identificar o autor ou quem será a próxima vítima (Osborne & Wernick,
2003:11).
(36)
25
Neste sentido, uma inteligência de policiamento será, no nosso ponto de vista, a mais
adequada, visto ser um modelo contemporâneo para situar a função de inteligência
dentro da missão global da organização policial (Carter, 2005), bem como tem um papel
duplo de antecipação de riscos e influencia a acção de análise e tomada de decisão.
258
A identificação de padrões81 é essencial para a orientação do trabalho policial na
prevenção da criminalidade, através da análise descritiva de padrões de criminalidade,
78
79 Esta análise é um produto interno dos serviços policiais e está relacionada com a gestão policial. Assim
sendo, o analista deve saber quantos efectivos se necessita para cada serviço e como
distribuí-los em tempo e espaço (divisão de território e turnos), quantificar a demanda e
oferta dos serviços policiais para poder justificar a pretensão de aumento de pessoal,
veículos ou outros recursos (Osborne & Wernicke, 2003:11).
80 A inteligência de policiamento exige uma maior integração de informações secretas, informações criminais
e análise da criminalidade.
81 Isto é, encontrar padrões em casos relatados nos crimes, características semelhantes e que são recorrentes.
(37)
26
passando-se a fazer um comentário sobre o futuro82. Para além deste temos igualmente
o desenvolvimento e manutenção de uma base de dados83, a produção de relatórios
estatísticos84, a análise de chamadas para serviços policiais, pesquisa e análise de
suspeitos85 (Osborne & Wernicke, 2003:6).
82
259
Porque há uma sugestão implícita de que os eventos passados são indicativos da
criminalidade futura (Ratcliffe, in press).
83 Em que devem estar especificados dados importantes recolhidos pela Polícia, bem como dados de
relatórios.
84
Para muitos esta é a primeira imagem que têm de um analista. É uma tarefa importante
quando queremos analisar as tendências ou mudanças positivas ou neutras dos dados
recolhidos. É feito diariamente, pode ser mensal, semestral ou anual.
85 É primordial a pesquisa na base de dados devido a existência de características em comum. O objecto de
(38)
27
Contudo, o Major Pedro Cardoso não chegou a assumir tal função por ter sido nomeado
para organizar e dirigir o Centro de Informação e Turismo de Angola (CITA) criado na
mesma altura e cujas atribuições eram de maior importância. Foi então nomeado
primeiro Director do SCCIA, o Major Eduardo Alberto Silva e Sousa. O sistema de
informações em Angola tinha o SCCIA como cúpula do sistema de informações, na
dependência do
86 Estamos a referir-nos concretamente a partir do ano de 1961, momento em que se tem conhecimento de
261
e no interior de Angola, permitindo que os comandantes das unidades militares
tivessem o conhecimento da situação, estivessem onde estivessem (Monteiro, 2004:480).
88 Actualmente (2009) em Angola, os Distritos são designados por Províncias, os Concelhos por Municípios
89 Que estava mais virada para as acções de espionagem e contra espionagem, em acções que perigavam o
(40)
29
Com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto (Lei de Segurança Nacional),
o MINSE foi substituído pelos Serviços de Inteligência de Angola, que passaram a
integrar o Serviço de Inteligência Externa (SIE), que, ao lado do Serviço de Informações
do Estado (SINFO) e do Serviço de Inteligência Militar (SIM), formam os três pilares da
Comunidade de Inteligência de Angola.
262
Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, como serviços de apoio da Presidência da
República.
90 A sua estrutura orgânica, segundo o artigo 16 do seu Estatuto Orgânico, compreende os órgãos de
direcção, órgãos de apoio consultivo, órgãos de apoio técnico e órgãos executivos locais
das quais fazem parte as delegações províncias e os seus respectivos serviços operativos
municipais ou comunais.
(41)
30
263
prevenção policial rigorosa e prestando sempre o seu auxílio. Afinal, o SISE também é
um organismo que concorre para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, tal
como as forças de segurança.
Segundo António Bispo, “os serviços de informações desenvolvem toda a sua actividade
em função dos objectivos estabelecidos para a entidade que apoiam. Este parece-nos
ser um princípio básico, que muitas vezes se esquece” (Bispo, 2004:79).
92 Cfr. o artigo 164.º, alínea j) da CRA. E, de acordo com o artigo 166.º, n.º 2, alínea c) da CRA, reveste a
264
forma de lei de base.
93
(42)
31
Deste modo, “com a Revolução Francesa, a segurança passa a ser entendida como uma
condição do Estado, como um bem principalmente colectivo”. A segurança é um
objectivo dos Estados e que pode ser alcançado através de meios militares ou
diplomáticos. Segundo Brandão, “a segurança dos indivíduos fica, assim, subordinada à
segurança do Estado” (Brandão, 2004:39).
A segurança pode ser definida como a noção de se estar protegido de riscos, perigos ou
perdas. A segurança, como bem comum, é assegurada através de um conjunto de
convenções sociais, denominadas medidas de segurança95. Ela consiste na “grande
antítese dos receios e dos medos justificados e injustificados” (Patrão, 2000:9).
265
O direito à segurança96 consiste um direito natural e irrevogável do ser humano e vem
expresso no artigo 36.º da CRA, em que todo o cidadão tem direito à liberdade física e à
segurança individual. Neste âmbito, a segurança contém implícito o princípio da culpa
ao
96 Deste modo, “o direito a segurança comporta duas dimensões: (a) dimensão negativa que se traduz num
direito subjectivo à segurança, ou seja, num direito de defesa perante agressões por
parte dos poderes públicos ou dos particulares; (b) dimensão positiva que se traduz num
direito à protecção através dos poderes públicos contra as agressões ou ameaças de
outrem” (Silva, 2001:48-49). Vem expresso no artigo 3.º da Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948; artigo 5.º, nº 1, da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem, de 14 de Novembro de 1950; artigo 27.º, n.º 1, da CRP; artigo 36º da CRA.
(43)
32
266
a fidelidade das Forças Armadas Angolanas, da Polícia Nacional e dos órgãos de
inteligência e de segurança de Estado à Constituição e às instituições democráticas”99
O Estado fortifica-se num projecto de uma sociedade justa, livre, democrática, solidária,
de paz, igualdade e progresso social100, tendo como objectivo a prossecução do
interesse público101, no qual se inserem a defesa dos direitos fundamentais, a melhoria
da qualidade de vida, a igualdade material e a justiça social, tal como todas as outras
necessidades colectiva, consagradas na Constituição (Andrade, 2006:11).
97 Este princípio da culpa implica que não haja pena sem culpa e que a pena não pode exceder a medida da
culpa.
98
Tradução livre: “the field where states threaten each other, challenge each other's
sovereignty, try to impose their will on each other, defend their independence, and so
on” (Waever, 1995:50).
101
(44)
33
A par destas Leis fazem igualmente parte do enquadramento jurídico das informações e
segurança em Angola a Lei n.º4/1.977, de 25 de Fevereiro, que estabelece o regime
jurídico aplicável ao combate ao Mercenarismo103, a Lei n.º7/1978, de 26 de Maio, que
267
estabelece o regime dos Crimes contra a Segurança do Estado104, e a Lei n.º3/99, de 6
de Agosto, aplicável ao Combate do Tráfico e Consumo de Estupefacientes105,
substâncias psicotrópicas e precursores, bem como o Decreto n.º 20/93, de 11 de Junho,
do EOPN106.
O actual GEIA108, denominação que ostenta depois da fusão com o órgão congénere
do extinto Ministério da Segurança do Estado, emergiu a nível do MININT, no dia 23 de
Março de 1990, com a denominação de Gabinete de Organização, Informação e Análise
(GOIA).
Neste sentido, como afirma o Sr. Intendente Alfredo Nhime109, o GEIA está estruturado
em áreas operativas e administrativas e possui igualmente uma área de organização,
responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar, tratar e enviar
aos órgãos de direito dos demais níveis de informação a nível do Comando Geral, todo
o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa.
No Código Penal Angolano, na sua Parte II, vem expressa a Lei sobre a Prevenção e
Repressão do crime de Mercenarismo e, diz no seu artigo 5.º, n.º 1, que a instrução dos
processos pelos crimes previstos na presente lei compete à DISA. É de salientar que a
DISA foi extinta com a entrada em vigor da Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, dando
origem ao SINFO e que posteriormente passou a designar-se de SISE.
104
A Lei n.º 12/02, de 16 de Agosto, no seu artigo 8.º, diz que, a actividade de segurança é
exercida através dos órgãos e serviços públicos de informação e os órgãos e serviços de
ordem interna previstos na presente lei.
105
Nesta mesma lei, no seu artigo 39.º, diz que deve ser prestada informação, bem como
apresentação de documentos as autoridades policiais de indivíduos que dedicam-se a
esta prática ilícita.
268
106 Cfr. o artigo 5.º, al. o) do mesmo Estatuto.
107 É designado por Gabinete de Estudos, Informação e Análise, mas tem um estatuto de Direcção, visto que é
dirigido por um Director Nacional (Órgão Central) e por directores provinciais (órgãos
provinciais).
108 Este Gabinete funciona actualmente com base no regulamento orgânico que foi aprovado pelo Decreto
109 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
(45)
34
O GEIA é o órgão de apoio ao Comandante Geral, que tem como atribuições o estudo,
planificação e organização das principais actividades e tarefas da PN, o controlo da sua
execução ao nível dos órgãos centrais e provinciais, a gestão dos sistemas e níveis112da
PN, assim como o relacionamento das actividades de informação e contra-informação e
a sua análise, a orientação e coordenação da actividade de estatística, a divulgação dos
mais variados acontecimentos de índole policial e pública e a execução de outras tarefas
que lhe forem superiormente determinadas.
2- Serviços de apoio - que são constituídos pelo Conselho Consultivo, presidido pelo
Director do Gabinete, com competências para apreciar e discutir questões fundamentais
de âmbito organizativo e funcional, do qual fazem parte os chefes dos departamentos,
chefes dos órgãos executivos centrais e provinciais. Também integra o Conselho
269
Técnico114, com competências na análise das situações concretas e da gestão
administrativa em geral;
112 Na Polícia Nacional de Angola existem três níveis de informação: Nível Superior de Informação; Nível
113
114 O Conselho Técnico é constituído pelos chefes de Departamento do GEIA, chefes dos órgãos centrais e
270
O Departamento de Informação e Estatística assegura a recolha, estudo e a difusão de
elementos estatísticos da situação criminal e de indicadores de apoio à gestão,
organizando o arquivo de dados estatísticos sobre a vida operativa e administrativa da
instituição, elabora a estatística inerente a actividade específica dos diversos órgãos da
PN e prepara as informações estatísticas que o Comando Geral determinar, destinadas
ao Ministério do Interior e a outros órgãos de soberania do Estado;
118 Apenas deve elaborar pareceres em matéria de actividades administrativas, superiormente solicitados. 119 Este Departamento é dirigido por
um Chefe de Departamento e integra Especialistas de Pesquisas e
120 É dirigido por um Chefe de Repartição e integra especialistas de Recursos Humanos e Relações Pública e
121
272
Para além destes órgãos, fazem parte do SIPNA entidades como: Pessoas de confiança,
empresas privadas de segurança, informadores ocasionais, rede de colaboradores,
oficiais de ligação130, adidos de segurança131, oficial de segurança da Presidência da
República e oficiais para a cooperação policial internacional132.
124
125
126 Cfr. o ponto II, n.º 3, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.
127 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, entrevista cit., anexo I, pergunta 9. Podemos incluir o
128 Idem. Mais concretamente com outras Forças e Serviços de Segurança Nacional, como por exemplo as
129 É de frisar que a PN possui 18 comandos provinciais, distribuídos nas 18 províncias do país. 130
131 São representantes do País (Angola) em países estrangeiros e que estabelecem ligação em matéria de
273
O subsistema formal134 é constituído pelas informações sistematizadas prestadas
através de relatórios, abrangendo os diferentes períodos de informação e correspondem
àquelas informações regulamentadas por metodologias, com prazos, fontes e
destinatários previamente determinados. Este subsistema produz relatórios diários de
informação, relatórios semanais e relatórios de balanço periódico (trimestral e anual).
Para as informações produzidas por este subsistema contribuem os departamentos de
operações, Posto de Comando e salas operativas dos órgãos centrais, comandos
provinciais, divisões, esquadras, postos policiais e redes de colaboradores secretos, que
elaboram e remetem, de acordo com os prazos estabelecidos, informações
operativas135, administrativas136 e as informações públicas, que são prestadas logo
que ocorrem.
133 Cfr. o ponto III, n.º 1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional. 134
Cfr. o ponto III, n.º 1.1, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia
Nacional.
135
136 Como é o caso das informações especiais, trimestrais (relatórios), semestrais (relatórios), anuais (relatório)
274
e as mensagens.
137 Cfr. o ponto III, n.º 1.2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.
138 Fazem parte dos órgãos operativos centrais a Direcção Nacional de Investigação Criminal, a Direcção
As informações são obtidas das fontes pelos serviços de sector142, para os órgãos das
esquadras, terminando no Comandante de Esquadra. As informações recebidas de
carácter relevante são remetidas para a área de informação e análise, para a elaboração
da informação diária ao Comandante de Esquadra e deste para os órgãos centrais de
especialidade, para os comandos de divisões e para o Comando Provincial da PN. Por
último, as informações urgentes relevantes neste nível143 devem ser imediatamente
remetidas ao Comandante de Esquadra que difundirá para o de Divisão, e este para o
Provincial, com conhecimento aos órgãos de especialidade.
275
Nível Intermédio - a este nível são tratadas as informações recebidas dos órgãos
municipais, dando a estas o carácter de informação de resultado final, com vista a serem
canalizadas ao nível superior de informação. Fazem parte deste nível os órgãos como o
139 Cfr. o ponto III, n.º 2, da Organização do Sistema e Níveis de Informação da Polícia Nacional.
Destacamento policial.
143 Circulam neste nível informação urgente relevante, informação diária (Pública) e informações relativas ao
(50)
39
Comando Provincial (através do seu chefe144), as divisões, assim como todos os órgãos
que fazem parte do Comando Provincial e da Divisão. As instituições estatais ou
privadas, pessoas de confiança ou o cidadão em geral constituem fontes de informação
para este nível.
Nível Superior – É formado pela Direcção do Comando Geral e nele deverão concentrar-
se as informações estratégicas, as operativas e as tácticas, principalmente as informações
de resultado final, que deverão servir para a tomada de decisões de maior alcance.
276
Cabe igualmente a este nível de informação recepcionar todas as informações das
estruturas superiores do Estado e do Governo e, de igual modo, prestar a estas
instâncias informações sobre as actividades levadas a cabo pelo Comando Geral.
145 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; sequência informativa; informação diária, semanal,
146 São os Exmos. Srs. 2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e 2.º Comandante de Protecção e
Intervenção.
147
Neste âmbito, fazem parte todos os órgãos que dependem directamente dos Exmos. Srs.
2.º Comandante Geral para a Ordem Pública e do 2.º Comandante Geral de Protecção e
Intervenção.
148 Este nível canaliza informações urgentes relevantes; informação diária, semanal, analítica delituosa
A tramitação da informação inicia-se nas fontes de informação e o seu fluxo passa pelos
órgãos centrais do CGPN e termina no Comandante Geral. As informações relevantes
devem ser remetidas aos órgãos de estudos, informação e análise do Comando Geral
que, por sua vez, as remetem ao Gabinete do Comandante Geral, após o devido
tratamento. As informações urgentes relevantes devem ser imediatamente remetidas ao
Comandante Geral, com conhecimento aos órgãos de EIA.
277
(52)
41
“Os sistemas de controlo externo da acção policial devem actuar com objectividade,
rigor e isenção (…), mas só são sustentáveis se tiverem credibilidade junto da
população”. (Inspecção-Geral da Administração Interna, Controlo Externo da
O Kuanza-Norte é uma Província de Angola com uma área de 24.110 km². Situa-se a
norte do país e sua população é de aproximadamente 654.000 habitantes149. A sua
capital é N'dalatando. É constituída pelos municípios150 de Ambaca, Banga,
Bolongongo, Cambambe, Cazengo, Golungo Alto, Ngonguembo, Lucala, Quiculungo e
Samba-Cajú e trinta e uma (31) comunas151.
A Província152 faz fronteira ao Norte com as províncias do Bengo e Uíge, a Leste com
Malange, a Sul limita-se com a Província do Kuanza-Sul e a Oeste novamente com a
Província do Bengo. O solo é rico em ferro e manganês ainda não prospectado, o que
278
150 Os Municípios são designados por Concelhos em Portugal. Entre os Municípios temos o Município do
Cazengo (Sede) com 103.102 habitantes, Kambambe-Dondo com 70.000, Lucala com
13.383, Samba-Cajú com 30.833, Quiculungo com 12.42.423, Golungo Alto com 34.154,
Ngonguembo com 7.904, Bolongongo com 28.013, Ambaca com 48.777 e Banga com
7.541 habitantes, respectivamente. Fonte: Projecto de
279
O Comando Provincial do Kuanza-Norte designado abreviadamente pela sigla (CPKN) é
um órgão do Comando Geral da PN, competindo-lhe a defesa da legalidade
democrática, a manutenção da ordem e tranquilidade públicas, a investigação dos
crimes e a determinação dos seus autores e a instrução preparatória dos processos, bem
como a colaboração na execução da política de Defesa Nacional, nos termos da Lei.
Exerce a sua acção em toda a extensão da província, tendo um orçamento
descentralizado a partir da Direcção Nacional de Planeamento e Finanças do CGPN,
conforme o artigo 1.º e 2.º do seu regulamento orgânico.
Para o cabal cumprimento das suas missões fundamentais, o CPKN tem as seguintes
competências e atribuições: garantir o normal funcionamento das instituições
democráticas e o regular exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos,
prevenir e combater a criminalidade procedendo a investigação dos crimes e à instrução
preparatória dos respectivos processos e cumprir as demais atribuições constantes do
EOPN (conforme artigo 4º do seu regulamento orgânico).
(54)
43
Possui três “níveis de comando”153 e como órgãos executivos possui nove “direcções
provinciais”154
153 Comandos municipais e de Divisão; esquadras e postos policiais (vide artigo 5º do Regulamento Orgânico
280
do Comando Provincial do Kuanza-Norte).
154
155 Departamento Provincial de Transportes; de Saúde; de Educação Moral e Cívica; dos Serviços Sociais; de
156 O Comandante Provincial tem o grau de Subcomissário, cabendo-lhe comandar, dirigir, coordenar e
157 O 2.º Comandante tem o grau de Superintendente-Chefe e assegura a realização de inspecções, visitas de
controlo e ajuda aos diversos órgãos e presta contas da sua actividade ao Comandante
Provincial (vide artigo 9º do Regulamento Orgânico).
158 Quanto ao número do efectivo do Comando Provincial, não se sabe ao certo o número real do efectivo,
visto que foi feito recentemente um levantamento de todo o efectivo a nível da Província
(vide anexo I, II e III, pergunta 4, 5 e 4 respectivamente). A Direcção Provincial de
Recursos Humanos tem sob seu controlo um total de 4.148 efectivos entre pessoal do
quadro I e II (com 161 elementos).
159
281
161
162 Nesta Classe de Subchefes temos o 1.º Subchefe, 2.º Subchefe e 3.º Subchefe, conforme a Lei n.º 9/08, de
2 de Setembro.
163 Na Classe de Agentes, fazem parte o Agente de 1.ª Classe, de 2.ª Classe e Agente, conforme a Lei n.º
9/08, de 2 de Setembro.
164 Estamo-nos a referir ao pessoal que faz parte do quadro II (efectivo civil), que não faz parte do quadro I
165 O TOS é o trabalho operativo secreto realizado por oficiais operativos que dirigem a rede de
O CPKN trata as informações recebidas dos órgãos operativos provinciais, dando a estas
o carácter de informação final, a este nível, com vista a serem canalizadas ao nível
superior de informação. O GEIA/Comando Provincial analisa e processa toda a
informação recepcionada dos diversos órgãos operativos e administrativos, tendo em
vista a sua remessa ao Comandante Provincial para a tomada de decisão.
282
Os sistemas de informação contêm modelos166 mentais e matemáticos facilitando
assim a filtragem e a manipulação dos dados, de forma a produzir a informação
necessária à tomada de decisão (Rasgão, 2004:38).
166 O modelo mental identifica os factores ou ideias importantes e o modelo matemático explica esses
(56)
45
Dentre os vários encontros semanais, despachos e visitas que têm como objectivo
analisar a situação delituosa da província e o estado funcional dos órgãos que
constituem este Comando Provincial, foram tomadas um total de 266 decisões167.
Destas foram cumpridas na íntegra 194, enquanto 55 estão em execução, face o carácter
permanente a que obedecem, e 17 decisões não foram cumpridas, o que permitiu o
alcance de 73 % de cumprimento, 21% em execução e 6% são decisões não cumpridas.
283
É de referir que estas decisões só são tomadas depois de uma análise da informação
criminal feita pelos órgãos operativos como um “instrumento objectivo e fundamental
para facilitar a redução do crime e para preveni-lo através de técnicas policiais efectivas
e de projectos de parceria externas, criadas a partir de uma plataforma comum”
(Ratcliffe, 2003:2), em que o POI apresenta-se como a técnica conceptual mais eficaz.
Óscar Soares171 defende que toda a informação, desde que reúna características
verídicas e oportunas, e seja originária de fontes fidedignas, é necessária para a tomada
de
167 Cfr. o Relatório Anual (2009) das Actividades Desenvolvidas pelo Comando provincial do Kuanza-Norte
168
169 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
170 Por exemplo, podemos ter a informação que no sítio X ou Y aconteceu um crime, devemos, em primeiro
284
lugar, ter em atenção ao modus operandis que os marginais utilizaram, porque eles
(marginais) poderão alterar os seus modus operandis, visto que também são astutos, e
que, neste caso, só a repetição numa determinada localidade é que geralmente exige a
tomada de decisão por parte de quem de direito (vide anexo I, pergunta 11).
decisão. Porque, segundo Óscar Soares, podemos trabalhar com a informação de âmbito
diferente, isto é, podemos utilizar determinada informação para executar actividades de
índole operativa para concebermos planos estratégicos que visem solucionar um
problema a curto, médio e a longo prazo. Há ainda informações que permitem também
a elaboração ou a planificação de actividades de índole táctica. Afirma ainda que toda a
informação é necessária desde que cumpra com os verdadeiros requisitos de uma
informação.
Deste modo, aponta Óscar Soares que as decisões não são tomadas de forma arbitrária,
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Estes órgãos estão a disposição do Comandante Provincial para o tratamento
dos mais diversos assuntos que podem chegar à sua mesa de trabalho, para a tomada
de decisão. Outras decisões pontuais são tomadas pelo Comandante Provincial por
despacho ou por comissão ad hoc172.
Os órgãos concorrentes intervêm com base nos objectivos preconizados pelo Comando
Provincial, tendo em atenção a intenção do mesmo, partindo da recepção e
tratamento173 da informação que imediatamente obedecerá à devida tramitação e
remessa aos níveis estabelecidos174.
285
A tomada de decisão deve basear-se nas situações operativas concretas sobre as quais
incide o trabalho policial. Neste sentido, pensamos que devemos valorizar o TOS, com a
distribuição de uma base de colaboradores seguros bem distribuídos e atendidos por
Oficiais Operativos (O/O), com eficiente poder de análise e direccionamento, garantindo
para tal a sua segurança.
173 Toda a informação obtida pelos órgãos operativos obedece a duas vertentes simultâneas de tratamento
oportuno que são: a) Tratamento operativo que tem duas fases de tratamento da
informação operativa para enfrentamento imediato com forças de reacção ou não
(decorrentes de factos ou facto consumado) e para a verificação ou comprovação
imediata (notícia ou informação com falta de elementos); b) Tratamento administrativo
(Informação e Análise), que está relacionado com fases de tratamento da informação,
como a remessa imediata dos factos ocorridos (oportunidade) e a remessa dos dados
complementares (sequência informativa).
174 Para tal, a Polícia intervém com mecanismos próprios no âmbito dos vários ramos e especialidades que
compõe a Polícia Nacional, isto é, o trabalho que os órgãos operativos devem realizar
em relação à informação obtida.
(58)
47
A Polícia em Angola actualmente apresenta-se de uma forma híbrida, à luz dos modelos
clássicos, considerando que o sistema policial angolano perfilha simultaneamente as
doutrinas portuguesa e espanhola quanto ao modo como se efectua o patrulhamento.
286
Existe uma tendência maioritária para considerar a PN como uma Polícia de reacção e
não de aproximação. Todavia, em nosso entender (e como já foi referido), a PN
apresenta-se como uma Polícia híbrida, em que se combinam a actividade de
investigação criminal e um patrulhamento ostensivo dirigido.
175
(59)
48
verdadeiro papel, pois não conseguirá adequar as suas acções às diversas ocorrências
que tem que resolver.
287
Alfredo Nhime177 diz que o policiamento de proximidade tem um papel fundamental e
crucial na recolha de informação e no estabelecimento de relações de comunicação com
a comunidade, para que seja possível descobrir os infractores e criminosos e o
direccionamento das forças policiais para a actuação directa sobre os mesmos.
Por outro lado, Óscar Soares179 defende que o policiamento de proximidade não é
integralmente aplicado, visto que falta limar alguns aspectos no que diz respeito aos
próprios métodos de actuação, assim como no referente à formação adequada dos
Agentes, Subchefes, e Oficiais. Igualmente no que concerne aos métodos e técnicas de
execução no terreno, nota-se a falta de conhecimentos em matéria de relações públicas
para uma boa e exemplar relação para com o público em geral. O agente da autoridade
deve dominar a expressão oral e escrita, devendo demonstrar civilidade exemplar no
contacto com o cidadão. Apenas assim será
176 Principalmente com as Autoridades tradicionais (designados por Soba) e idosos, visto que eles têm a
178 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 12. 179
(60)
49
288
932 frequentam os diversos níveis182 de ensino, com apenas 2 licenciados e 9 técnicos
superiores não licenciados, o que tem dificultado muito na recolha de informação por
parte dos agentes de autoridade. Igualmente preocupantes, são as deficiências ao nível
dos meios de comunicação183 e de transportes ao dispor dos elementos policiais.
Ao nível de cobertura rádio tem-se dado primazia dos meios de comunicação atribuídos
ao pessoal dos grupos de patrulha (apeado e motorizado) que estão no terreno sob o
controlo do Posto de Comando Provincial184 e ao Comando Municipal do Cazengo185.
Por outro lado, nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio de
comunicação. Podemos afirmar que, em termos de comunicações, o Comando Provincial
do Kuanza-Norte da Polícia Nacional encontra-se abaixo da média, o que nos é afirmado
em entrevista a Soares186.
Segundo Alfredo Nhime187, dos dez (10) comandos e esquadras municipais que o
Comando Provincial controla, apenas os comandos municipais188 possuem meios de
telecomunicações, porquanto as esquadras municipais189 não os possuem,
dependendo para
180 Ainda existem Agentes, Subchefes e até mesmo Oficiais que não sabem ler nem escrever, o que tem
181 Segundo o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da
182 Sendo 2 Efectivos Licenciados, 9 Técnicos Superiores não licenciados, 2 Frequentam o 4.º ano de
183 O Comando Provincial do Kuanza-Norte possui apenas 30 (trinta) telefones da rede fixa, 21 (vinte e um)
289
Nacional, que tem o controlo das forças, da situação operativa a nível da Província.
Segundo entrevista ao Intendente Assunção Pedro Bengui, Chefe-adjunto do Posto de
Comando Provincial do Kuanza-Norte da PN, dada no dia 01 de Janeiro de 2010, ao
autor do presente. Vide anexo II, pergunta 1.
186 Segundo entrevista ao Inspector-Chefe Óscar Manuel Soares, entrevista cit., pergunta 7. 187
Golungo Alto, que são Municípios com 103.102, 70.000, 48.777 e 34.154 habitantes,
respectivamente (dados referentes ao ano de 2005). Mesmo para os Comandos
Municipais que possuem comunicações, estes têm-se deparado com inúmeras
dificuldades, desde equipamento obsoleto, em mau estado, problemas atmosféricos, etc,
o que tem condicionado na tramitação das comunicações a tempo oportuno.
189 Estamos a citar as Esquadras dos Municípios do Bolongongo (28.013 habitantes), Kiculungo (12.423
290
.
190
As Administrações municipais são as Sedes do Governo nos municípios e que aos fins-
de-semana encontram-se encerradas, dificultando deste modo as operações e
actividades da polícia nestes municípios.
192
193 Ao SISE também importa determinar se os crimes praticados são susceptíveis de perigar a segurança
Para bem da eficácia do combate ao crime e da defesa do Estado impõe-se uma efectiva
cooperação entre o SISE e a investigação criminal, que, no nosso ponto de vista, se
movem em sentidos não totalmente convergentes, não existindo, portanto, conflito ou
concorrência, para que desta feita cada uma das áreas (informações e investigação
criminal) possa tirar o máximo de rendimento das áreas de actuação específica
(Morgado, 1998:89).
Pensamos que a articulação de dados seria muito benéfica para a coordenação e eficácia
do combate ao crime, que apenas terá sucesso se a informação obtida for partilhada
entre os diversos actores do sistema de segurança interna e defesa do Estado.
292
196 Neste sentido, podemos afirmar que a falta de uma plataforma digital de dados dificulta a investigação de
Uma das vantagens do SEI é a libertação, para o serviço operacional, de efectivos antes
afectos a funções administrativas, agilizando igualmente a operacionalidade da PSP, a
todos os níveis, desde o patrulhamento ao policiamento de proximidade, manutenção
da ordem pública e investigação. Evita ainda os casos de sobreposição de trabalho.
293
Dotar o dispositivo de um sistema de informação de suporte aos seus processos
operacionais;
197
(64)
53
Segundo Alfredo Nhime200, a criação de uma base de dados será muito benéfica para a
PN. Refere ainda que está em curso o estudo para a implementação de uma base de
294
dados informatizada a nível do Comando Geral. Esta ideia partiu dos órgãos centrais e a
sua criação e materialização depende apenas da direcção do Comando Geral e que a
breve trecho teremos este sistema implementado na PN.
198 In Apresentação de José Leonardo, Sistema Estratégico de Informação e Gestão Operacional, na DNPSP,
em 2005.
199 Uma vez que o SEI efectua as trocas de informação por meios informáticos, estas são efectuadas com
200
(65)
54
Por seu lado Óscar Manuel Soáres201 diz que este sistema tornaria mais célere
o processo de antecedentes criminais, tanto de indivíduos prófugos como do seu
modus operandi, bem como a descoberta da existência de novos grupos de marginais ou a
sua desintegração. Refere ainda que, actualmente, continuamos a trabalhar com fontes
documentais (papel) que obviamente têm limitações quando se trata de aceder ao
histórico completo de um determinado suspeito.
Soares acresce que o Comando Geral também não está alheio a esta situação, e até
porque a polícia angolana faz parte da INTERPOL e o intercâmbio de
matéria/informação é necessário para o desempenho cabal dos seus compromissos
policiais internacionais. Refere ainda que é uma questão de investimento, mas que por
enquanto não existe uma base de dados digital, facto que tem dificultado bastante a
busca de antecedentes de elementos relativos a suspeitos da prática de crimes, em
tempo real e oportuno.
Já Assunção Bengui202 diz que existe muita dificuldade na criação de uma base de
dados, existindo um imenso esforço por parte do Comando Geral e por parte do
MININT para a implementação de uma base de dados a nível nacional. Refere ainda que
no PC do Comando Provincial do Kuanza-Norte verifica-se uma carência generalizada de
meios, começando pela falta de computadores, inexistência do sinal da internet, bem
como a falta de uma base de dados. Os documentos muitas vezes são redigidos numa
máquina dactilógrafa e que o suporte de papel é o principal meio utilizado, tendo nesse
295
momento um arquivo excessivo que não tem permitido a consulta de documentos de
vária índole.
Pensamos que uma base de dados semelhante ao SEI em vigor na PSP será uma grande
valia para que os diversos órgãos da PN possam trocar informações em tempo
oportuno, dando maior operacionalidade e produtividade dos órgãos operativos,
principalmente o de investigação criminal como principal órgão operativo da PN.
201
Por sua vez, Soares205 referencia que as deficiências nas comunicações afectam
negativamente e de forma acentuada a eficácia da Polícia, visto não permitirem a troca
oportuna, precisa e actual da informação, nomeadamente, a relacionada com
ocorrências policiais urgentes. Por outro lado, segundo ainda o autor, os meios de
comunicações estão obsoletos e fora do contexto actual.
A nível de cobertura, Soares refere que os meios de comunicação são insuficientes “visto
que mesmo na sede nem todos os comandantes de Esquadra possuem um rádio
emissor/receptor, dando-se prioridade aos grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em
204 Segundo entrevista ao Intendente Alfredo Nhime, Director Provincial do GEIA do Kuanza-Norte da PN,
205
(67)
56
Por seu turno Bengui afirma que as comunicações no Comando Provincial do Kuanza-
Norte são muito deficientes. Acrescenta que os equipamentos que o Comando possui
“são de uma geração já ultrapassada e que são necessários meios de comunicação que
correspondem com à realidade do País, sendo que, em algumas circunstâncias, a
297
comunicação entre alguns comandos municipais é impossível, e até mesmo com o
Comando Sede (Provincial), devido à debilidade que se regista em alguns meios de
comunicação, o que tem dificultado a troca de informação entre os diversos órgãos”207
Para os cerca de 4.200 efectivos que compõem este Comando, apenas existem 251
equipamentos de comunicações208, sendo que 162 meios são meios informáticos (41
monitores operacionais, 41 Computadores, 33 impressoras, 34 Unidades de
Processamento do Sistema, 10 Scanner, 2 computadores portáteis e 1 servidor).
Podemos afirmar que a débil condição com que se debate o Comando Provincial do
Kuanza-Norte da PN, em termos de meios de comunicações, é o factor que mais
contribui para que a informação não chegue a tempo oportuno210, para que se possa
tomar decisões adequadas. Como afirma Cardoso as informações para serem úteis
devem ser adequadas, oportunas e bastante precisas (Cardoso, 1993:137).
206 Idem.
208 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da
209 Cfr. o Relatório Anual das Actividades Desenvolvidas pelo Comando Provincial do Kuanza-Norte da
CONCLUSÃO
299
Para terminar, debruçamo-nos sobre com a problemática das informações na PN,
reflectindo sobre o caso do Comando Provincial do Kuanza-Norte, em especial, a falta
de uma base de dados para a troca de informação entre os diversos órgãos responsáveis
pelas informações na Polícia angolana. A investigação criminal como principal Órgão
Operativo,
(69)
58
É de realçar que uma das principais causas da demora da acção policial, em termos
operacionais, prende-se com a carência de meios de comunicação e motorizados, visto
que a informação chega demasiada tarde.
300
Assim sendo, tivemos como primeiro objectivo a criação de uma base de dados para a
troca de informações entre os vários órgãos de informação e investigação criminal a
nível da PN, matéria que foi abordada no quarto capítulo, onde realçamos a importância
que o SEI, em funcionamento na PSP, teria para a Polícia angolana. Como esta ainda não
possui uma base de dados a nível nacional, tal ferramenta será uma mais-valia para o
normal funcionamento dos órgãos da PN e consequente produção de informações.
211 As reuniões do Conselho Consultivo Normal são efectuadas todas as semanas para se debater aspectos
(70)
59
Por último, definimos como terceiro objectivo a reflexão sobre a carência de meios
materiais e humanos para o normal funcionamento e produtividade dos órgãos ligados
às informações policiais em Angola, que esboçamos igualmente no quarto capítulo, e
que representa uma das maiores dificuldades da não aplicação das técnicas e métodos
do Policiamento de Proximidade com eficácia e rigor.
Quanto às hipóteses inicialmente levantadas, verificámos que o actual quadro com que
se apresenta a República de Angola, tendo em conta o seu acelerado nível de
desenvolvimento, faz com que as informações policiais sejam cada vez mais eficazes e
eficientes. Para tal, a PN necessita de uma base de dados a nível nacional. Verificamos
igualmente que uma boa e eficaz informação policial requer que os seus especialistas
estejam dotados de meios capazes para a sua concretização, não descurando deste
modo a sua preparação/formação profissional nesta área. Estas hipóteses foram
igualmente confirmadas pelos autores que nos concederam as respectivas entrevistas.
Recomendamos que seja criada no mais breve espaço de tempo possível uma base de
dados digital que servirá para uma recolha e produção de informações a nível de todas
as forças policiais, proporcionando deste modo uma maior circulação da informação
entre todos os órgãos da PN em tempo oportuno. Sugerimos igualmente que os
especialistas de informação e análise estejam capacitados para poderem recolher e
301
analisar informações, as quais devem conter todos os elementos essências e necessários
para que os responsáveis para a tomada de decisão possam tomar essas decisões de
forma precisa e eficaz.
O Autor
BIBLIOGRAFIA
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305
Criminal Justice Practice. Binghamton, NY: The Haworth Press, Inc. in
Manuais:
Legislação consultada:
307
Documentos
Apresentações:
LISTA DE ANEXOS
Anexo II - Entrevista ao Sr. Intendente Assunção Pedro Bengui. Anexo III - Entrevista ao
Sr. Inspector-Chefe Óscar Manuel Soáres. Anexo IV - Lei de Segurança Nacional.
Pergunta 1 (P) BMN: Senhor Director, o que é o GEIA e como está estruturado?
310
Resposta (R) AN: O GEIA é um Gabinete de Estudos, Informação e Análise, ele está
estruturado em áreas operativas e administrativas, também temos uma área de
organização, responsável pela planificação operativa. Está concebido para recepcionar,
tratar e enviar aos órgãos de direito dos demais níveis de informação do Comando
Geral, todo o trabalho de informação quer operativa, quer administrativa do Comando
Provincial.
P 5 BMN: Como Director do GEIA, qual é a informação necessária para que os Órgãos
Operativos e não só, possam tomar decisões precisas e adequadas.
311
R AN: Primeiro é que os órgãos operativos devem cingir-se no Trabalho Operativo
Secreto (TOS), conhecer o máximo possível a sociedade que lhe rodeia, numa interacção
constante entre Cidadão - Polícia e vice-versa, neste caso estaremos a falar do trabalho
de proximidade, porque o polícia independentemente de pertencer a sociedade,
também deve viver os problemas da própria sociedade, e só assim é que poderá actuar.
Tenho dito, nas aulas que lecciono (em matéria de informação) que se o Polícia não
estiver informado dos problemas que vive a sociedade, não cumprirá com o seu
verdadeiro papel, ele vai na rua apenas como um elemento fardado a polícia e não
como um polícia na rua, porque ele não sabe dos problemas que vive a sociedade na
qual está inserido.
P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?
R AN: Primeiro é que a segurança do cidadão começa por ele próprio, isto porque,
imaginemos que o cidadão, e como se diz que a ocasião faz o ladrão, o cidadão vai para
a cama e deixa as portas abertas, ou que não repara se as janelas ou portas estão
fechadas, neste
(81)
70
caso quando o ladrão chegar só será entrar sem esforço nenhum, e neste caso a ocasião
faz o ladrão. Então a própria segurança começa mesmo pelo próprio cidadão, o Polícia é
e será apenas complementar.
R AN: A principal tarefa da PN continua a ser a prevenção. Bem ai está a própria essência
da Polícia, a prevenção do crime e não combater. A Polícia como instituição foi
concebida para a prevenção, mas quando acontecem delitos já há a necessidade de
combater o crime. Então em primeiro plano está a prevenção e em segundo plano a
reacção (combate). As causas que estão na base da criminalidade, aponto em primeiro
lugar o desemprego, o que não quer dizer que as pessoas empregadas não cometem
crimes, mas uma maior percentagem é mais com pessoas desempregadas. Assim sendo,
os crimes contra as propriedades ocupam o primeiro lugar como furtos, roubos. Por
outro lado, também encontramos como causa no cometimento de crimes a ingestão de
bebidas alcoólicas, em que as ofensas corporais (graves ou simples) ocupam o primeiro
lugar, porque a pessoa com excesso de álcool no sangue é mais vulnerável no
cometimento de ofensas corporais e que, geralmente podem também surgir questões
312
passionais, problemas de ciúmes, desentendimento entre amigos/amigas, isto porque
depois de uma festa ou convívio, já ninguém consegue entender o outro,
desentendendo-se surgindo a força dos músculos dando origem a ofensas corporais.
único período laboral já se torna complicado. Mesmo para os comandos municipais que
possuem comunicações, têm deparado com inúmeras dificuldades desde equipamento
obsoleto, em mau estado, não suportando problemas atmosféricos, etc, o que tem
condicionado em grande parte na tramitação das informações a tempo oportuno.
P 9 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?
R AN: A cooperação tem sido a dois níveis (Interno e Externo). A nível interno são feitos
entre os diversos órgãos que constituem esta corporação (Investigação Criminal, Ordem
Pública e Posto de Comando principalmente), e a nível externo são feitos com órgãos
como as Forças Armadas Angolanas (FAA), os Serviços de Inteligência do Estado e
outros órgãos até mesmo do Ministério do Interior (MININT) e que tem sido bastante
benéfico. A nível interno tratamos como se fosse um só homem. Tratando da Direcção
Provincial de Investigação Criminal (DPIC), como se sabe, é o Órgão operativo da PN, e
na qual tem como suporte principal a informação para o desempenho normal das suas
313
atribuições. A Direcção Provincial de Ordem Pública (DPOP) geralmente é o tal sistema
de todo um agente de autoridade, independentemente da especialidade de cada um
todos somos agentes da ordem pública e incorpora os Oficiais Operativos (O/O), as
Pessoas de Confiança (P/C), e ainda os Colaboradores Secretos (C/S) e a sua actividade
prende-se com a recolha de informação. P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta
entrevista baseia-se com a inexistência de uma base de dados (onde toda a informação
de âmbito criminal e não só é inserida para futuras consultas) a nível da Polícia Nacional
de Angola. O que tem a dizer sobre isso?
R AN: A princípio diríamos que, a criação de uma base de dados será muito benéfico
para a nossa corporação. É de salientar que este estudo já está em curso e avançado a
nível do Comando Geral. Em todos os encontros operativos, reuniões já está a ser
debatido esta questão, e penso que o problema, deve ser por questão de tempo para se
materializar. Esta ideia partiu dos órgãos centrais do Comando Geral e a sua criação e
materialização depende apenas do Comando Geral e penso que a breve trecho
poderemos ter este sistema implementado na Polícia Nacional de Angola.
(83)
72
P 11 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?
314
investigação e que exige um trabalho operativo secreto e muitas vezes não temos os
meios, nem a técnica disponível e que se exige para o esclarecimento oportuno desses
casos. Penso que no fundo há muitos elementos que intervêm para que os processos
não sejam apresentados a tempo devido a quem de direito, isto é, ao Ministério Público.
Quando também não há a colaboração principalmente das vitimas, deixando deste
modo que a Polícia descubra tudo é complicado e atrasa a celeridade do processo.
Repito que a falta de meios e técnica necessária para o descobrimento de crimes é um
dos factores da morosidade de muitos casos aqui no Comando Provincial do Kuanza-
Norte da Policia Nacional de Angola.
casos dos idosos, das crianças, bem como também nas escolas, e outras áreas afins. Diria
que a polícia tem que viver a realidade da sociedade, tem que estar em contacto
permanente com as pessoas que protege, porque só assim é que pode ter o domínio da
situação operativa da sua área de jurisdição, estamos a falar concretamente dos O/O,
dos Chefes dos Serviços de Sectores, porque eles têm a missão de fazerem o
acompanhamento dinâmico do próprio sector, o movimento demográfico e geralmente
essa situação só é possível com o contacto permanente com as pessoas que ali residem,
como as Autoridades tradicionais, idosos, visto que eles têm a informação, sabem quem
é, e qual é a pessoa estranha do bairro, as pessoas propensas ao crime, os sítios
geralmente de organização dos jovens (a chamada associação de malfeitores, onde
traçam todos os seus planos) e só assim é que poderemos recolher informações
benéficas para a actividade policial. O Policiamento de Proximidade tem neste sentido
um papel fundamental e crucial em que as forças no terreno vão descobrir os infractores
para que depois possamos tomar a decisão, direccionando as forças para a actuação.
315
R AN: Não tem acontecido, o GEIA é o órgão que como já frisamos atrás, de recepção,
tratamento, estudo e divulgação da própria informação. Quer dizer que, todos os outros
órgãos como a DPIC, DPOP, DPIIAE, cada um a seu nível, quando recebem uma
informação, tratam desta e canalizam ao GEIA para o tratamento final da informação
para dar conhecimento a direcção do Comando para a tomada de decisão.
R AN: Bem a informação não é só a polícia, a informação cabe a todos nós (Angola), só
que o tratamento é que depende de um Órgão especializado, senão a informação é de
toda a sociedade. Imaginemos que um acidente é presenciado por pessoas
especializadas e a sociedade (pessoas), mas cada um irá informar a sua maneira. Neste
caso os órgãos especializados são chamados para o tratamento final e dar a sequencia
devida.
P 18 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?
R AN: A segurança não depende só dos órgãos especializados, mas sim de todos os
elementos de uma determinada sociedade. Os elementos ligados a segurança pública
316
ou segurança privada também fazem parte do subsistema do sistema de segurança
pública. São elementos do subsistema e no entanto fazem parte da segurança, só que o
problema é que ele pode actuar mas não dá o tratamento. Tem que fazer o
encaminhamento aos órgãos de direito que é o caso da Polícia, que está especializado
em matéria de segurança e reposição da ordem e tranquilidade públicas.
P 19 BMN: Senhor Director, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.
R AN: Diríamos que tudo foi dito, só para dizer que tratando da segurança pública é um
assunto sério, porque toda a sociedade quando é insegura, toda a gente reclama
problema do Estado. Então neste sentido, todos os elementos são chamados a
responsabilidade, cada um a seu nível a tratar de segurança. A segurança começa dentro
de mim e depois dos outros. Isso quer dizer que, no caso do cidadão, não quer dizer que
como a polícia já esta a realizar
(86)
75
policiamento nas ruas pode dormir com as portas abertas, mas sim, deve criar condições
para a sua própria segurança para que depois os outros organismos o venham
complementar.
(87)
76
(88)
77
317
Local: Comando Provincial do Kuanza-Norte de Angola, Gabinete do Senhor Chefe-
Adjunto do Posto de Comando do Comando Provincial do Kuanza-Norte da Polícia
Nacional.
R APB: O Posto de Comando depende das orientações de Sua Excia Senhor Comandante
Provincial e de Sua Excia Senhor 2º Comandante Provincial. O Posto de Comando recebe
diariamente as informações provenientes de todos os comandos municipais e canaliza
para o GEIA para que essa (informação) possa ser estudada e analisada para que por sua
vez o GEIA
(89)
78
canaliza para Sua Excia Sr. Comandante Provincial. Assim sendo, a informação deve ser
precisa, imediata e oportuna e que cumpra com todos os requisitos necessários.
R APB: Posso atribuir o aumento da criminalidade a falta de nível cultural por parte da
juventude, visto que os jovens são os que mais cometem delitos. A ingestão excessiva de
bebidas alcoólicas apresentam-se como principal causa para o cometimento de crimes,
bem como a falta de emprego, associada a um baixo nível académico (muitos ainda são
318
analfabetos), que não corresponde com as actuais exigências do mercado de emprego,
enveredando desta feita para o caminho da criminalidade (em que os furtos, roubos e
violações, são as mais frequentes) como forma de suprir as suas dificuldades financeiras.
O vandalismo nas ruas em tempos de festa como é o caso desta quadra festiva (2009),
verificando-se brigas nas ruas entre jovens na faixa etária dos 18 aos 35 anos. Tudo isto
devido a falta cultural, a falta de educação familiar, que tem originado numa deficiente
educação escolar.
P 4 BMN: Quanto a formação que tem sido ministrada ao efectivo da Polícia Nacional,
tem sido benéfica para o exercício das suas funções?
R APB: Eu penso que tem havido vantagens e posso afirmar com segurança, porque o
Ministério do Interior e o Comando Geral, estão preocupados com a formação dos seus
efectivos. No passado por exemplo, posso dizer que a guerra foi uma das causas para a
não formação de maioria do pessoal afecto ao MININT e ao CG. Actualmente há
desenvolvimento a nível do nível académico do efectivo, bem como um aumento da
própria cultura do sistema policial. O Comando Geral, através de orientações e o próprio
Comando Provincial tem cumprido estas orientações, formando pessoal em termos de
Ordem Pública, Ética Policial, Técnica Policial e outras matérias através do Programa de
Modernização e Desenvolvimento em curso em todo o País, estando-se a notar
evolução. Neste momento (01 de Janeiro de 2009) está a decorrer um curso de
superação policial (técnico policial e profissional), e que tem mostrado êxitos na forma
de actuação de muitos efectivos.
319
reduzido o que tem nos obrigado a solicitar o reforço/aumento do número de efectivos
do PC, devido a rotatividade do efectivo, visto ser um processo dinâmico.
P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos Órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?
R APB: Tem sido salutar a cooperação existente entre os diversos órgãos de informação
que o Comando Provincial possui, visto que o Posto de Comando é o motor do
Comando Provincial, representando o controlo das forças, da situação operativa. O
Posto de Comando tem que trabalhar em coordenação e cooperação com todos os
órgãos. O balanço das operações que são realizadas o Posto de Comando é fulcral e
central e necessário na base das informações recolhidas pelos oficiais operativos,
estando em contacto permanente com todos os órgãos.
320
P 9 BMN: A cooperação entre os diversos comandos municipais e o SISE têm sido boas?
R APB: O SISE pertenceu ao MININT e eu conheço muito bem os serviços de informação
do estado, visto que fui colaborador e até efectivo e tive muitas amizades e nunca
encontrei dificuldades. O serviço que o SISE faz na minha maneira de ver é geral,
independentemente de um trabalho secreto que faz para recolher informação, coopera
com as forças de segurança para a tomada de medidas eficazes. O SISE é um Órgão
Operativo e que em muito contribuiu para o fim do conflito armado no País e tendo
evoluído bastante.
P 10 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal e não só é inserida para
futuras consultas) a nível da Polícia Nacional de Angola. O que tem a dizer sobre isso?
R APB: Ainda existe muita dificuldade na criação de uma base de dados, existindo nesse
momento um imenso esforço por parte do MININT e do Comando Geral para a
implementação de uma base de dados a nível do País. Aqui no PC, temos muitas
dificuldades, começando pela falta de computadores, bem como a falta do sinal da
internet, nem qualquer base de dados e até porque, nem um computador possuímos. Os
documentos muitas vezes são redigidos numa máquina dactilógrafa e que o suporte de
papel é o principal meio utilizado, tendo nesse momento um arquivo excessivo, o que
não tem permitido a consulta de documentos de vária índole.
(92)
81
R APB: Não é nada disso e como eu já frisei atrás e volto a dizer que os meios de
comunicação estão em primeiro lugar e com meios de comunicação débeis e deficientes
não podemos ter uma informação precisa, exacta e oportuna o que vem dificultar ainda
mais os processos de investigação em muitos casos
R APB: Há avanços nesta matéria, sendo que o Policiamento de Proximidade ser aquele
em que a Polícia deve estar sempre ao lado da comunidade, acompanhando de perto a
321
evolução da própria sociedade e das dificuldades que a mesma esta a enfrentar. Neste
sentido, o Polícia não deve apenas ficar nas artérias das cidades mas sim ir ao encontro
das populações em áreas confins e rurais, procurando desta forma recolher o máximo de
informação que ajuda na própria actividade policial e para o bem da própria sociedade.
R APB: Não, é só para agradecer a oportunidade que me deram para esta entrevista e
que tenha sucessos na carreira profissional e porque o País está a contar com os vossos
préstimos. Obrigado
(93)
82
(94)
83
322
Resposta (R) OMS: O DIA é o Departamento de Informação e Análise, pertencente ao
Gabinete de Estudos, Informação e Análise, a qual compete elaborar e preparar
situações de carácter operativo, bem como elaborar também os planos operativos e o
Departamento está estruturado em uma (1) Secção de Informação e Análise, uma (1)
Secção de Estatística e uma (1) Secção de Análise.
R OMS: Todos não porque só de um tempo a essa parte, é que, o Ministério do Interior e
o Comando Geral, intentaram contactos com o Ministério do Interior da República de
Cuba no sentido de se formar, os primeiros especialistas em informação e análise
formado por forças cooperantes (Cubanos). Nessa altura (29.12.2009) foram já realizados
(5) cinco cursos de informação e análise e, a nível do Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN foram formados (5) indivíduos. Os demais colegas que não tiveram a
oportunidade referente a esses cursos, possuem formação/cursos ministrados em
reciclagem pelo próprio Comando Provincial e alguns desses cursos promovidos pelo
GEIA do Comando Geral da Polícia Nacional de Angola.
R OMS: Eu acho que, falando em informação necessária para a tomada de decisão, julgo
que toda a informação, desde que reúne características verídicas, oportunas, e providas
de fontes fidedignas, são todas elas necessárias. Necessárias porque podemos trabalhar
com elas também de âmbitos diferentes, não é, podemos utilizar por exemplo
determinada informação para executar actividades de índole operativa, podemos utilizar
ainda outras para concebermos planos, esses planos podem ser por exemplo planos
estratégicos que visem solucionar um problema a curto, médio e longo prazo. Há ainda
informações que permitem também a elaboração ou a planificação de actividades de
índole táctico e que sejam pontuais. Neste sentido, julgo que, toda a informação é
necessária desde que cumpram com os verdadeiros requisitos de uma informação.
(96)
85
P 6 BMN: No seu ponto de vista, quais os factores que contribuem para o aumento da
criminalidade?
324
postos de emprego (desemprego) e isso faz com que os jovens depois de atingirem uma
certa idade (16, 17, 18) anseiam adquirir certos bens e porque agora estamos em
sociedades de consumo e sem emprego por vezes também pelo baixo nível de
escolaridade, enveredam pelo caminho da criminalidade/marginalidade como forma de
resolver a falta de dinheiro.
frisei atrás uma das características que a informação deve reunir é ser oportuna, por
exemplo: vamos supor que um caso relevante aconteça no Município de Ambaca que
situa-se aproximadamente a 150 km da Sede Provincial e se não tivermos meios de
comunicações e cuja tecnologia permita que não haja adversidades, tendo em
consideração situações climatéricas e não só, mas também em alguns municípios
encontramos meios de comunicações obsoleto e fora do contexto actual e que não
estão providos de capacidade tecnológica, o que faz com que, nos dias em que há chuva
(alterações climáticas) existe a incapacidade de comunicar com outros órgãos
(comandos municipais e destes com o Comando Provincial da Polícia Nacional). Aqui
internamente (na Sede do Comando Provincial) também, temos problemas
principalmente com os sistemas de comunicação nos rádios com modo walkie - talkie
(emissor - receptor), igualmente a nível de cobertura nós não temos meios suficientes,
visto que mesmo na sede nem todos os comandantes de esquadras possui um rádio de
comunicação, periorizando-se neste caso os grupos de patrulha que estão no terreno e
que são controlados pelo Posto de Comando Provincial e o Comando Municipal do
Cazengo. Em suma, em termos de comunicações o Comando Provincial do Kuanza-
Norte da PN encontra-se abaixo da média.
P 8 BMN: Qual tem sido a cooperação entre os diversos órgãos de informação que o
Comando Provincial possui? E com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado
(SISE)?
325
R OMS: A troca de informação entre a DPOP, DPIC, DPIIAE e o SISE tem sido salutar,
visto que, independentemente de cada área ter uma área específica para o tratamento
da informação, toda a informação recolhida por esses órgãos (excepto em alguns casos
o SISE), a sua actividade desemboca aqui no DIA que é o Departamento de Informação e
Análise a nível do Comando Provincial para dar o tratamento, processamento e até
mesmo possíveis comparações de dados para evitar a duplicação de informação ou que
a mesma informação seja transmitida em períodos diferentes e também há um outro
exemplo, que se relaciona com a cooperação no âmbito do trabalho policial nas
actividades de buscas dirigidas que as forças da Direcção de Investigação Criminal
realizam e que a informação em muitos casos são obtidas pelo pessoal dos serviços de
sectores pertencentes a Direcção de Ordem Pública. Também temos actuações, mesmo
em termos de enfrentamento feitas pela Polícia Económica e que a informação e obtida
pelos agentes da Ordem Pública, que fazem o serviço de giro, patrulhamento apeado ou
auto. Em relação ao SISE também as relações são boas, visto que
(98)
87
P 9 BMN: Um dos pontos fulcrais desta entrevista baseia-se com a inexistência de uma
base de dados (onde toda a informação de âmbito criminal é inserida para futuras
consultas) a nível da PN. O que tem a dizer sobre isso?
R OMS: Bem este processo tornaria mais célere o processo de antecedentes criminais,
tanto de indivíduos prófugos, bem como dos seus modus operandis, a descoberta da
existência de novos grupos de marginais ou a sua desintegração. Bem actualmente
continuamos a trabalhar com fontes documentais (papel) e se de facto nessa altura
precisamos de saber o comportamento de um indivíduo de há 10 dez anos atrás, repare
no que seria preciso fazer para um arquivo tão extenso como este. Seria um trabalho
não só impossível mas também como dispendioso. Eu penso que o Comando Geral
também não está alheio a esta situação e até porque a Polícia angolana faz parte da
INTERPOL e o intercâmbio de matéria/informação é necessária para o desempenho
cabal das suas actividades. Os nossos comandantes e chefes sabem dessa realidade com
326
as quais, as outras polícias funcionam e eu penso talvez que seja uma questão de
investimento e que oportunamente poderão ser feitas, mas por enquanto dizer que não
existe uma base de dados e que tem dificultado bastante, isto no que concerne a busca
de antecedentes de elementos em tempo real ou em tempo oportuno.
P 10 BMN: Qual o modelo de tomada de decisão usado na PN, e quem deve ser
responsável por esta?
R OMS: Quanto as decisões, é de dizer que elas não são tomadas de forma arbitrária, até
porque a estrutura do Comando Geral comporta um Conselho Consultivo, um Conselho
Normal, um Conselho Consultivo Alargado, um Conselho Operativo e um Conselho
Executivo. Esses são os órgãos que assessoram sua Excia. Senhor Comandante Provincial
nos mais diversos assuntos e que podem chegar a sua mesa de trabalho para a tomada
de decisão. Tem utilizado esses órgãos e que estão a sua disposição. Outras decisões
pontuais são
(99)
88
tomadas por sua Excia. Senhor Comandante Provincial por despacho, ou por comissão
ad hoc. Penso que o processo de tomada de decisão aqui no Comando Provincial não
é centralizada, mas é feita nos moldes que eu já frisei anteriormente.
R OMS: Eu não diria que é o atraso na recepção da informação que causa uma ligeira
demora no processo de investigação. A própria DPIC está desprovida de muitos meios
como por exemplo não possui laboratório de criminalística (serviços de lofoscopia,
dactiloscopia e a tanatologia forense), nem temos veículos apropriados para a execução
da própria técnica operativa, logo, isso faz com que alguns casos sejam investigados
com alguma morosidade. No que concerne a informação, eu penso que não há muita
burocracia na tramitação da informação entre o GEIA e a DPIC, e porque também não
possuímos meios de comunicação adequados para o bom desempenho da actividade
policial, o que tem nos obrigado a fazer um esforço extra usando os nossos próprios
telemóveis (em algumas áreas também não há rede de cobertura do sinal) ou os
telefones fixos para nos comunicarmos em situações de emergência e/ou pontuais.
327
P 12 BMN: O Policiamento de Proximidade implementado na PN tem vindo a
desenvolver-se de forma bastante positiva junto das comunidades. Será este um meio
privilegiado na recolha de informações?
Mas a criminalidade já não respeita esta estratificação social, o que quer dizer que, em
todos os estratos sociais existem delinquentes e que, possuem diferentes formas de
actuação. O agente da autoridade deve dominar a expressão oral e escrita, devendo ter
um a vontade no contacto com o cidadão para falar e conversar, para que ele possa
receber/recolher a informação que precisa, o que não acontece em muitos casos na
nossa polícia (ainda existem agentes que não sabem ler nem escrever) o que é e será
difícil na sua abordagem ao cidadão. Em suma o Policiamento de Proximidade tem sido
feito, realizado, é um facto, só que e desprovido de algumas técnicas e métodos que o
tornariam ainda mais eficaz e eficiente. P 13 BMN: A recolha de informação por parte do
GEIA não conduz à duplicação de recursos com outras entidades como a Direcção
Provincial de Investigação Criminal, Direcção Provincial de Ordem Pública e a Direcção
Provincial de Inspecção e Investigação de Actividade Económicas em determinados
crimes? Se sim, como evitar?
R OMS: Bem, não diria que não tem havido, mas também acontece com pouca
frequência, e as vezes em que isso sucedeu, mereceu a atenção devida, oportuna e
atempada. Usamos nesses casos os nossos telemóveis (eu como chefe do DIA e com
toda a vantagem de que toda a informação proveniente dos órgãos operativos serem
canalizadas para o Departamento) para comunicarmo-nos e chegarmos a um consenso
sobre a duplicação da informação e ser processado de forma correcta e precisa.
328
P 14 BMN: As informações policiais recolhidas pela PN e as do SISE são de âmbitos
diferentes? Não existirá uma duplicação de competências?
R OMS: É de dizer que o SISE trabalha com uma informação específica porque ela visa
essencialmente a protecção do Estado. Neste caso estão mais ligadas para aquelas
informações que representam uma ameaça a integridade do próprio Estado, mas não
quer dizer que no âmbito do rastreamento dessas informações, sempre que no SISE tem
informação de âmbito criminal há uma colaboração com a Polícia e vice-versa, porque
senão vejamos, nessa altura que estamos de prevenção de natal e passagem de ano, há
um Posto Comando, que reúne diariamente e que nele está incluído um Oficial do SISE.
Logo isto demonstra que todas as questões de âmbito operativo são tratados por todos
os órgãos que concorrem para a defesa e segurança. Assim sendo, se o SISE possui uma
informação que não seja do cunho criminal também pode ser brindada nessa reunião
operativa (que tem se realizado as terças-feiras). Em outras ocasiões em que não é
realizada a reunião operativa a
(101)
90
informação chega a Sua Excia Senhor Comandante Provincial por meio de mensagens
ou ofícios. Em suma existe uma colaboração estreita no que diz respeito a troca de
informação entre o SISE e a Polícia.
R OMS: Quanto a recolha de informação existem próprios regulamentos que gere toda a
actividade a nível de informação e análise desde a recolha até a difusão da informação.
Os especialistas a todos os níveis têm em sua posse toda a documentação que lhes
orienta, mas digamos que tanto nesta questão como na questão que me perguntou
atrás de uma duplicação de dados, o que eu tenho notado é que existe uma lacuna quer
nos piquetes de polícia, quer nas equipas que vão muitas vezes no terreno efectivar o
enfrentamento. Essa lacuna prende-se com a não inserção de um especialista de
informação e análise. Porque se os piquetes e equipas funcionassem com especialistas
de informação, toda a informação recolhida chegaria já com todos os seus elementos
requeridos (o que, como, quando, onde, porque) e isso nem sempre acontece porque
como disse nunca são acompanhados por especialistas de informação e análise, o que
origina muitas vezes informação incompleta.
329
P 16 BMN: Havendo a possibilidade de as forças de segurança poderem recolher
informações para além das informações criminais, que âmbitos de intervenção deviam
ser abrangidos por essas informações?
R OMS: Bom para além da informação de índole criminal a Polícia também deve ter
informações demográficas para poder ir actualizando o rácio polícia-população, é
necessário igualmente que a Polícia tenha informação dos esforços que o Governo
esteja a implementar para o bem-estar das populações, no que se refere a saúde
pública, devendo nesse caso e tendo em conta o Policiamento de Proximidade
aconselhar as populações dos cuidados de higiene a ter para que não seja contaminado
ou para que não venha a contaminar os outros, o saneamento básico nas comunidades.
A Polícia deve igualmente estar informada dos casos de feitiçaria o que tem originado
em muitos casos em homicídios (porque a família vai logo pensar que o feiticeiro é o
avó ou a avó) tornando-se já em caso de Polícia. Em resumo, a Polícia deve interessar-se
por todo o tipo de informação que possam concorrer para uma boa harmonia e
organização da colectividade e da sociedade.
(102)
91
P 17 BMN: É consensual que a questão da segurança deixou de ser uma tarefa exclusiva
da Polícia. Que organismos sociais e que medidas acha que estes organismos poderão
tomar para a solução dos problemas criminais e de segurança dos cidadãos?
R OMS: Eu penso que todos os órgãos e, porque a segurança é um bem comum, deve
ser uma responsabilidade de todos os cidadãos e de todas as instituições, quer sejam
estatais, quer sejam privadas, porquê, porque vejamos que quando não há segurança
todos os órgãos, todos os indivíduos são afectados. Então logo, deve ser uma
preocupação de todos os cidadãos e de todas as instituições. Eu iria mais além, não diria
apenas aqui na Província do Kuanza-Norte, mas a nível nacional precisa-se muito de
uma educação patriótica, porque na minha opinião, desde 1992 até agora (2009) em que
se registou a transição do sistema de monopartidarismo para o pluripartidarismo, a
questão do patriotismo ficou muito aquém das expectativas, diminuiu-se o respeito pelo
meio público, diminuiu-se o respeito pelas instituições do Estado, diminuiu-se o respeito
pelo próximo. Isso tudo, no meu ponto de vista concorrem para a segurança, então
temos que cultivar na mente das pessoas que pertencem a um País que se chama
Angola, tem os seus símbolos, tem os seus representantes e que os interesses da
colectividade estão acima dos interesses individuais. Devemos igualmente ensinar as
crianças que devem respeitar os mais velhos, devem ser honestos, devem prestar ajuda
sempre que lhes seja solicitado, devem amar o próximo, deve respeitar a propriedade
330
privada ou colectiva, e que se ser acatada pode concorrer para a segurança. As seitas
religiosas também constituem actualmente em Angola um problema de segurança,
aparecendo esporadicamente muitas igrejas ilegais, incutindo nas pessoas, doutrinas
contrárias as estabelecidas por lei. Em suma a questão da segurança deve envolver
todos os órgãos, principalmente nas escolas e na família para formarmos homens novos
com espírito criador e não voltado a violência.
P 18 BMN: Senhor Chefe do DIA, não sei se quer acrescentar alguma coisa, falar noutra
questão que eu não tenha colocado? Ficamos à sua disposição.
quando não é corrigido torna-se uma cultura o que se vai tornar difícil de corrigir,
podendo mesmo aparecer alguém que vai dizer que fazemos isso ou aquilo desde 1975
e nunca ninguém disse que está errado. Então desejo de vossa parte muita coragem,
muita dedicação sobre tudo e que tenham êxitos na vossa carreira profissional, já agora
boas saídas de 2009 e que em 2010 sejam cumpridas todas as expectativas que foram
planificadas, e muito obrigado.
(104)
93
(105)
94
331
CAPÍTULO I
Princípios Gerais
Artigo 1.º
CAPÍTULO II
Artigo 8.º
CAPÍTULO III
Artigo 12.º
Para a prossecução das finalidades e objectivos previstos na presente lei, são criados: a)
b) c)
(106)
95
332
(107)
96
COMANDANTE PROVINCIAL 2º
COMANDANTE PROVINCIAL ÓRGÃOS CONSULTIVOS D. R. P.
PROTOCOLO GABINETE DE INSPECÇÃO GABINETE JURÍDICO G. E. I.
A DPIC E DPAE DEPT.º DE INFORMÁTICA POSTO DE COMANDO
UPIP UPPF CUPOE SECRETARIA
POSTOS POLICIAIS
DPT
DPIIAE DPVT DPOP DPRH DPL DPPF DPC DPRI DPSE DPEMC DPSS
(110)
333
99
(111)
100
Legenda
Orientações (Decisões)
334
Dept.º Operações (Salas Op.) Comandos Provinciais (Área/Inf. Análise) Sala Op./Esquadra
ou Comando Municipal (Área/Inf. Análise) Sala Op./Posto Policial (Área/Inf. Análise)
Serviços/Sector P/Confiança C/Secreto O/O Repart. Operativa /Comando Divisão
(Área/Inf. Análise)
(112)
101
(113)
102
PROVÍNCIA CENTRAL
T.O.S (b) S. Sector (c) T.M.P (d) E.P.S (e) P.Conf. (f) R.C (g) Inf. O (h) E.P.S (i) R.O 2 CMD O
® R. O 3 CMDO 6 R.INF 5 MEMO ® DI A P. CMDO 4 R.O 7 MEMO DIN. 6 P.CMD O 8 6
R.INF 9 MEMO EST. 6 CG 10 ® E.D . 11 GEI A
(114)
103
11-Execução de Decisões;
R. C. - Rede de Colaboradores;
G.A e Mot. - Giro Apeado e Motorizado; T.M.P. - Todos os Membros da Polícia; MEMO -
Memória;
336
Nível Superior Parecer Nível Intermédio Parecer Nível Básico Parecer
Obs: Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as informações
aos 2ºs Comandantes Gerais, através do Gabinete de Apoio Técnico, que remeterá com
respectivo parecer ao Comandante Geral através do GEIA.
LEGENDA:
CG
2ºCMDTE
CP
OCE
GEIA
2º CMDTE
OPE
DPIA
2ºCMTDE
CM
337
OME
PIQUETE
PC/AI
O rie ntaç ão O rie ntaç ã o P are ce r P are ce r Orien taçã o
(116)
105
Obs:
1- Os órgãos que dependem dos 2ºs Comandantes Gerais, remetem as suas informações
ao Comandante Geral através dos 2ºs Comandantes Gerais.
LEGENDA:
2ºCMDTE
338
CP
OCE
GEIA
2º CMDTE
OPE
DPIA
2ºCMTDE
CM
OME
PIQUETE
PC/AI
CG
OCN
OMN
OPN
PC
PC
(117)
106
(f) Parecer.
OCN: Órgão Central do mesmo Nível OPN: Órgão Provincial do mesmo Nível: OMN:
Órgão Municipal do mesmo Nível;
(118)
107
(119)
108
OPERATIVOS CENTRAIS DEPT.º DE
ORGANIZAÇÃO E CONTROLO
CONSELHO TÉCNICO
(120)
109
340
Fonte: Adaptado de Comando Geral da Polícia Nacional de Angola, Regulamento
Orgânico do
INFORMAÇÃO E ANÁLISE
DEPARTAMENTOS PROVINCIAIS DE
ÁREAS DOS ÓRGÃOS OPERATIVOS PROVINCIAIS
(122)
111
341
Gabinete de Estudos Informação e Análise, Luanda, 2006, p. 10. ÁREAS DE
ORGANIZAÇÃO E
CONTROLO
CONTROLO ORGANIZAÇÃO
(123)
112
(124)
113
343
Decisão estratégica Decisão táctica Decisão operacional
345
(142)
131
SEGURANÇA
OBJECTO PLANO ESTRATÉGICO
PLANO OPERACIONAL
Casos
346
Autor Análise do Perfil Geral
Anexo XXI
(146)
135
Anexo XXII
(147)
136
Anexo XXIII
(148)
347