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Januário Kindowa1
Como este nos relatou, aos seus 14 anos de idade nas vésperas de
natal, ansiando por um presente como qualquer criança, dirigiu-se ao seu
pai e perguntou-lhe sobre o que receberia deste como presente, e
replicou ele: “já lhe dei protecção, educação e profissão, agora é hora
de buscares através do cultivo do trabalho, os frutos da tua própria
colheita. Abatido com o peso da lição, Etona passou a construir o seu
próprio futuro tendo como princípio fundamental, o trabalho.
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marcado pelos problemas do tribalismo, racismo e discriminação, fez
destes o foco da sua filosofia, ao qual dedicou obras diversas,
questionando e reivindicando novas formas de procedimento, apelando
assim pelo cultivo eficiente da razão, do diálogo e da tolerância.
1. O que é o etonismo?
Durante dois anos, isto é, de 1982 à 1984, Etona de forma livre, tendo
consciência da sua responsabilidade patriótica, alistou-se nas Forças
Armadas Populares de Libertação de Angola - FAPLA, como oficial de
operação na 16ª Brigada, onde cumpriu uma missão no Cuito Cuanaval.
Deste período de total nostalgia, Etona testemunhou a desgraça humana,
e quanto a realidade angolana, entendeu que o seu estado humano, foi
deformado pelas sequelas da guerra, o que determinou, como efeitos
nocivos, a tribalização dos angolanos fortemente enraizado pelo espírito
racista e discriminatório.
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O sentido nacionalista angolano foi superado pela força do
separatismo, no entanto, o angolano passou a prezar mais os valores
étnicos (dos quimbundo, umbundo, kikongo, etc.), em detrimento dos
gerais, daqueles princípios que seriam característicos à nação, tudo por
causa da influência da cultura de guerra. É assim que o etonismo para
Etona, é um caminho produtor e condutor da cultura de paz em Angola, e
não só.
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Na primeira visita feita a Associação Etonista de Filosofia, ouvi o
mestre Etona a ensinar sobre o valor do filósofo etonista, e de modo geral,
alegava que o verdadeiro filósofo não é pobre, mas um estimulador da
riqueza. O filósofo é um construtor de ideias, e estas são as directrizes de
orientação da actividade humana, seja qual for a sua natureza. No
entanto, o filósofo etonista é um jogador do mundo, um homem ou mulher
que conhecendo a essência das regras do jogo, concorre a favor da
justiça histórica.
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1.1.2. Caçador de heranças
Aos seus discípulos, Etona sempre repetia, “eu não devo parar
porque eu sou o tractor, minha missão é preparar o terreno para que os
meus discípulos continuem com a obra etonista, que não é minha, mas
dos angolanos”. Entretanto, o etonista não é um teórico falante, um sofista
que busca por mérito próprio ou que semeia intrigas no seio das massas,
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ele é um amante do trabalho, aquele que busca na razão, formas sábias
de dialogar e conviver com os outros na base da tolerância, dentro de um
ambiente de paz.
2. Estrutura do etonismo
E este exercício etonista foi entendido por Etona como uma prática
diária que deve gerar no homem novo a ser construído, um cidadão
produtor de riqueza. No entanto, esta dimensão pragmática do etonismo
circunscreve-se numa rede estrutural de três principais práticas, partes e
ramos, nomeadamente: o etonismo como arte, o etonismo como filosofia
e o etonismo como empreendedorismo.
Conclusão
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para entender que o meu interesse filosófico em volta da pesquisa e
sistematização da filosofia angolana estava finalmente a experimentar a
oportunidade sagrada a tanto tempo procurada, pois estava diante de
mim, a raiz legitimada da filosofia angolana.
Não eram nas teorias, mas nos factos que Etona se inspirava para
explicar as coisas a sua volta.
Referências Bibliográficas