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Iniciou tratando da necessidade de se atentar para as suas origens, para poder ter um
chão onde se apoiar.
Tratou sobre a questão pessoal de encontro com a filosofia, seu posterior
desencantamento com a filosofia ocidental e o encantamento com a filosofia africana,
especialmente a questão da oralidade, que possibilita uma maior penetração da
filosofia para o povo.
Apresentou diversos pensadores da filosofia africana:
Aline Matos, doutoranda que questiona o lugar da filosofia, quanto ao
questionamento curricular, o papel da mulher, o confronto conosco mesmo e com o
outro. Estuda Oyeronke Oyewumi.
Oyeronke Oyewumi. Vê a cultura euro-americana como uma forma de racionalizar o
conhecimento.
Grada Kilomba: afirma que o uso do masculino genérico reduz as mulheres a não
existência. As mulheres negras são duplamente negadas, a negação da negação.
O epistemicídio opera com a hegemonia branca masculina na filosofia e na
deslegitimarão das mulheres negras.
Hooks, 2017: A cultura da dominação necessariamente promove os vícios da mentira e
da negação. A cultura da dominação promove os vícios do imperialismo, sexismo,
racismo, supremacia branca.
Sueli Carneiro (2017) também trata destes assuntos
Wanderson Flor do Nascimento: Trata da ideia de que a superioridade intelectual
europeia enfraquece a criatividade vinda de nossa experiência e enfraquece a
produção do pensamento filosófico.
Renato Nogueira: trata da pluriversalidade do pluriverso.
Paulina Chiziane: Não haverá filosofia africana a partir de um livro da Europa. O
processo da descolonização é um processo as vezes doloroso. Traz a questão da
espiritualidade africana.
José Castiano: de Moçambique. Trabalha na reconstrução dos currículos. O
conhecimento não constrói o cógito individual.
Sobonfu Somé: trata da comunidade. Comunidade é espírito.
Vanda Machado: Corpo, mente, memória, tradição sentidos, imaginário, símbolos ...
fazem parte das nossas vivências cotidianas, ‘é a mulltimencionalidade de nossas vidas.
Só existo com a natureza e a comunidade. Você só existe em comunidade. Este outro
também faz parte de mim (Ombuto).
Makota Valdina: Somos resultado da natureza. Temos de buscar o tempo do
amadurecimento, e não somente este tempo ocidental, acadêmico. Temos de buscar a
ancestralidade. A ancestralidade é estar na natureza. O encantamento produz
sentidos, não é aleatório, prima pelo desejo do outro, é práxis. A compreensão leva ao
afeto.
Inicia com um contraponto com Toulmin, para quem a pauta oculta da modernidade
era “o rio humanístico correndo por trás da razão instrumental” enquanto para o autor
era a colonialidade
Colonialidade: Quijano deu um novo sentido para colonialismo que havia sido cunhado
junto cm descolonização. A colonialidade nomeia a lógica subjacente da fundação e do
desdobramento da civilização ocidental desde o Renascimento até hoje. O conceito
especifica um projeto particular: o da ideia da modernidade e do seu lado constitutivo
e mais escuro, a colonialidade. A modernidade é uma narrativa europeia que se
implanta para a validar suas conquistas enquanto oculta a colonialidade. “Não há
modernidade sem colonialidade.”
Até o XVI o mundo era poilicêntrico e não capitalista, com a modernidade ele se
tornou monocêntrica e capitalista. No XXI o mundo se tornou capitalista, com diversas
versões deste capitalismo, com globalização, neoliberalismo, nacionalismo,
A ideia de “modernidade”apareceu como uma dupla colonização:, do tempo, criada
pela invenção renascentista da Idade Média, e do espaço, criada pela colonização e
conquista do Novo Mundo. “A América não era uma entidade existente para ser
descoberta. Foi inventada, mapeada, apropriada e explorada sob a bandeira da missão
cristã.” Primeiro com os Ibéricos, depois com o chamado Coração Europeu e
finalmente com os EEUU, que criou um mundo policêntrico com um único modelo
econômico. Assim, exportou-se um modelo de “controle e administração de
autoridade, economia, subjetividade e normas e relações de gênero e sexo”
A conferência de Bandung, de 1956, deixou de lado as duas maiores potências e reuniu
os países não alinhados, tentando criar um eixo para desenvolver uma economia e
uma política própria. Eram os países que lutavam contra a colonização. O lado mais
obscuro é o que aconteceu com os líderes e países que estavam na conferência.
Buscavam: respeito a direitos fundamentais; respeito a soberania; reconhecimento de
igualdade, não ingerência nos diversos países, autodeterminação dos povos; abstenção
de todo ato de agressão; solução de conflitos por meios pacíficos com arbitragens de
tribunais internacionais; estímulo ao interesse mutuos de cooperação; e respeito pela
justiça e obrigações internacionais. Queriam um tribunal para julgar os atos dos
colonizadores por seus crimes. EEUU e URSS fizeram diversas retaliações contra os
participantes
Resumo 17/05/2021
Livro: Peles negras, máscaras bancas. Escrito por Fanon aos 25 anos. A sentença final
do livro, “Oh meu corpo, faça sempre de mim uma pessoa que questiona,” é como
uma prece final no final do livro.
O prof. apresentou uma música que eles fizeram sob esse tema. O corpo questiona: a
pobreza e o capital; lideranças arbitrárias; a alienação, e sobre as questões percebidas
nesta pandemia.
Em que medida o Fanon pode ser considerado uma inspiração antropológica para os
intelectuais colonizados?
Inspiração: as pessoas não conseguem respirar, ter vida nesta crise. Quem é inspirador
traz a energia mobilizadora para uma ação consistente neste mundo. Essa inspiração é
ofertada aos intelectuais colonizados. Intelectual, intelegere, saber captar o que é
próprio, quem no meio de ideias deste caldeirão é capaz de discernir o que é
apropriado para o sentido humano no mundo. Fanon é isso. Soube usar os seus
conhecimentos para atuar na questão do colonialismo na África.
Com Aimé Césaire aprendeu a gostar do corpo negro, e a partir dele iniciou-se a
denúncia do colonialismo a Martinica. O Fanon aprofundou essa discussão, levando a
Nigéria, Argélia, e outros países africanos.
Os condenados da terra: escrito no final da vida, ditando para que auxiliares
escrevessem. Fala sobre a possessão do outro não só na parte física, mas como uma
política de racismo, de gênero, trabalho forçado, ou seja, toda uma indústria de
matança que impõe seus deuses, um epistemicídio. O colonizador é um professor de
violência. O colono introjecta o eu modo de ser no colonizado (inclusive fisicamente
pelo estupro que cria pessoas não são nem colonos nem colonizados)., O intelectual
colonizado é um representante do colono. Ele deve viver com o povo para aprender
como é a vida do povo. O colonizado reproduz o discurso do colono. Nas universidades
isso é o padrão, os autores, os discursos, os temas são os do colonizado.
Isso interfere na política universitária, na alocação dos recursos, das bolsas.
A violência do colonizador está presente até na piada, que valoriza o penetrador, o
estuprador, o colonizador, em detrimento das mulheres, dos colonizados.
Quem é o ser humano na américa colonizada? Fanon nos lembra que é o proprietário
privado, os homens bons, e é assim desde o início da colonização.
Uma armadilha acadêmica: O lugar de fala. Isso serve como desculpa para postergar
toda a discussão que objetive mexer em currículos, condutas. O negro passa pela
faculdade sem saber seu espaço.
Fanon é tributário de Césaire, seu professor.
Fanon era médico. Percebeu que a medicina era uma forma de manter o padrão do
colonizador. Seu engajamento político foi um engajamento médico, o de curar a
população.
Hoje no Brasil estamos assistindo uma necropolítica, há uma guerra biológica, um
empenho em extinção do serviço ao público. Racismo, milicianismo, colonialismo.
Abriu-se para a discussão.
Livros de Fanon:
Em defesa da revolução africana – artigos discretos para revista.
Escritos políticos – está sendo lançado agora.
Os condenados da terra – base filosófica, mas mais didático.
Peles negras, máscaras negras – bastante teórico.
Alienação e liberdade: escritos psiquiátricos -- organizado por Safatle.
Questões:
1 Como tratar o racismo na cultura?
2 (Maria J Menezes Belli) De que forma o ambiente de ensino/aprendizagem pode
abordar estes tensionamentos buscando a decolonialidade nas formas de pensar?
3 (Tayná) O Sr. comentou a respeito da piada e, há alguns meses, eu escrevi um artigo
sobre o grotesco como uma categoria política que se inscreve na governamentalidade,
cuja lógica é matar e fazer rir (uma autoridade ridícula e infame, como na peça Ubu-Rei
do Alfred Jarry). Quando estava escrevendo sobre isso, encontrei um livro sobre as
piadas e o racismo no Brasil, que demonstra como o riso se articula, nesse contexto,
como um modo de marcar a violência, a dominação e a superioridade. Pensando nesse
contexto, como é possível opor resistência a uma lógica que não tem compromisso
com a reflexão, com o diálogo e que não está disposta a ouvir, já que opera pelo
grotesco, pelo matar e fazer rir?