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Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP


Escola de Educação e Humanidades
Curso: Licenciatura em História
Disciplina: História da África
Docente: Zuleica Dantas Pereira Campos
Discentes: Daniel dos Santos Gomes
Diogo Oliveira de Moura
João Victor Filgueira
Maria Lúcia G. Machado

1 - Por quais razões até o fim do século XVIII o comércio na costa africana era
realizado de forma rápida e sem muito contato com as populações locais?

Após diversas expedições ao longo dos séculos XV, XVI e XVII, Portugal foi a
principal nação a estreitar tensas relações comerciais na costa africana através de
suas expedições marítimas. No entanto, no decorrer de diversas empreitadas
militares, que oscilavam entre constantes vitórias e derrotas, os acordos de feitorias
tornou-se a politica comercial de maior eficácia na costa da África em detrimento à
expansão e controle territorial, pois, assim, os portugueses puderam construir uma
relação de escambo tendo como foco obter vasta mão-de-obra escrava para a
produção do açúcar.

Com o advento da Revolução Industrial, a Inglaterra tornou-se uma das


principais potências do mundo ocidental, dado que passou a ser a principal
produtora e exportadora em larga escala dos mais diversos produtos
manufaturados. Desta forma, apesar de Portugal manter soberania por sobre alguns
pontos da costa africana, como Angola e Moçambique, seu poderio estava em
extrema queda na política das grandes nações ocidentais: o modelo econômico de
monocultura escravocrata, teoricamente, não se mostrava mais compatível com a
dinâmica de livre mercado do capitalismo moderno. Desta forma, apesar do
interesse e necessidade da manutenção da mão-de-obra escrava em colônias e
ex-colônias no continente Americano, as grandes nações européias, neste período,
passam a, gradativamente, substituir o interesse pelo comércio escravocrata pelo de
comércio por matérias primas na costa africana.
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Adentrar o continente africano passou a ser incumbência autônoma de


cientistas e escritores curiosos e de missões religiosas de cunho “humanitário”.
Entretanto, tais expedições revelaram grande potencial de especulação industrial
por entre as veias do continente africano.

2 - Quais as principais condições de mudanças no continente africano e fora


dele foram reunidas para realização da partilha africana?

O descobrimento do diamante no Transvaal em 1867, o do ouro no Rand em


1881 e do cobre na Rodésia, trouxeram vários aventureiros que buscavam fazer
uma grande fortuna com a exploração mineral da África. Esta busca incessante por
riquezas culminou com a inauguração do canal de Suez que facilitou a exploração
do continente pelos aventureiros de países europeus.

Inspirados pela ferrovia transcontinental americana vários inventores


europeus projetaram imensos projetos de ferrovia que iriam cobrir toda a África e
aumentar a exploração mineradora assim como a imigração para o continente. Os
países europeus porém tinham receio de financiar e investir nestes enormes e
custosos projetos e inspirados por pensadores franceses que propunham uma
colonização privada, através de companhias, onde o estado não teria que custear
expedições militares e diplomáticas e todo o processo colonizador. Além dessa
vantagem monetária, outra vantagem era que essa colonização seria mais pacífica
e "civilizatória" aos nativos, e os colonos não imaginavam que eles teriam motivo ou
intelecto para resistir às inovações do progresso industrial e tecnológico, isso
formou a base da colonização moderna.

3 - Resuma de forma sintética o que aconteceu na conferência de Berlim.

A priori, não estava na pauta do chanceler alemão, Otto Von Bismarck,


praticar política colonialista, pois a encarava como uma política econômica que
sobrecarrega as despesas públicas. No entanto, visto que, de 1881 a 1884, os
liberais ganhavam mais espaço no Reichstag (parlamento alemão), Bismarck
buscou apoio político ao centro e à direita numa maioria que pudesse frear as
iniciativas dos liberais, das quais se destacava a implantação de um regime
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parlamentar do tipo britânico. Para tanto, o chanceler buscou firmar a paixão


nacionalista - logo, antiinglesa - instigando a aquisição de colonias na África através
de cartas concedidas à companhias privadas por tempo definido e com metas de
empreendimentos a serem alcançados, juntamento à realização de obras de
infra-estrutura. Desta forma, sem mexer diretamente no orçamento do estado, a
Alemanha entra no hall das nações que estariam incumbidas da missão
“civilizacional” via expansão comercial. Ideologia a qual a Inglaterra se
autoproclamava a grande guardiã.

Com a Conferência de Berlim, quatorze potências europeias entraram na


disputa pela partilha da África, destas, vale destacar, obviamente, a Alemanha,
pelos motivos já supracitados; Inglaterra, devido a sua já bem sucedida empreitada
de extração de matérias primas; França e Portugal, dado a sua reivindicação de
soberania histórica por sobre à costa da África, fruto dum regime secular de feitorias
já implementadas por ambas; e a Bélgica, a qual saiu vitoriosa ao obter a imensa
região do Congo como propriedade privada do imperador belga Leopoldo II. Apesar
do cenário de hostilidade existente entre as nações européias, como, por exemplo,
a anglo-russa e a franco-inglesa, o principal objetivo pró Europa foi, neste momento,
atingido, ou seja, o livre câmbio através de especulações industriais e extração de
riquezas do continente africano. Desta forma, estabeleceu-se que, em caso de
guerra entre as nações coloniais, a dinâmica comercial no continente africano não
deveria ser afetada, sendo obrigatório permitir - portanto que não transportassem
munições e/ou armamento - a circulação de comerciantes em “território inimigo”.
Pontualmente as rivalidades iam se acirrando - influenciando diretamente na
cartografia da partilha - atingindo seu ápice com a Primeira Guerra Mundial.

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