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CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS
GUIA DO TRABALHO
LABORATORIAL 4 (TL4)
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TL4. A diversidade microbiana no mundo que nos rodeia
Introdução
Os microrganismos formam um grupo diversificado de organismos microscópicos que
existem como células únicas ou em colónias, dispersos em grande número em toda a biosfera.
Representam, aproximadamente, 60% da biomassa global. Com o crescimento das
tecnologias genómicas tem sido possível compreender o papel essencial que os micróbios
desempenham no equilíbrio entre saúde e doença no Homem, sendo crescentes os reportes
que associam a disbiose (alterações à composição microbiana dita “normal”, ou seja, mais
frequente em indivíduos saudáveis) a doenças mais ou menos graves. De um ponto de vista
aplicado, muitos processos industriais são hoje conduzidos por microrganismos como seja a
produção de fármacos (por exemplo, muitos antibióticos ou a insulina sintetizada por
microrganismos genéticamente modificados, entre outros), a produção de produtos
fermentados (como o vinho, a cerveja, o pão ou os iogurtes, entre outros), a produção de
bioenergia (como por exemplo o bioetanol ou o biogás/biometano), a síntese de enzímas com
interesse comercial (por ex., exploradas nas indústrias alimentar, biofarmacêutica, têxtil ou
de materiais de limpeza), a síntese de poliésteres com características de bioplásticos
(polihidroxialcanoatos, PHAs), etc. Muitos microrganismos com interesse industrial e
comercial têm sido encontrados em ambientes naturais, como por exemplo solo, água, lamas,
árvores, materiais de origem vegetal, entre outros.
No TL4, iremos realizar procedimentos laboratoriais que têm como objectivo familiarizar
os alunos com aspectos introdutórios da metodologia experimental associada aos
laboratórios de Microbiologia, em particular focado na deteção e caracterização de
comunidades microbianas a partir de amostras fornecidas pelos alunos. Neste contexto, serão
realizados procedimentos básicos de preparação de meios de cultura sólidos e líquidos,
esterilização de materiais na autoclave, manipulação de micróbios em condições de assépsia,
e isolamento de colónias de bactérias e fungos em diferentes meios sólidos.
Assim, o TL4 envolverá as três partes principais indicadas na tabela seguinte
(procedimentos experimentais descritos nas páginas indicadas):
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b) Tape o balão com uma rolha construida com gaze e algodão cardado e folha de alumínio;
c) Esterilize na autoclave a 121°C (1 atm), durante 15 minutos;
d) Deixe arrefecer e guarde no frigorifico (4 ºC) até ser usado.
Nota: O meio líquido TSB a usar na parte 2.1. deste trabalho foi preparado deste modo.
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a) Pegue numa ansa de repicagem e coloque o filamento metálico na chama do bico de Bunsen
até ficar incandescente (Atenção: tenha cuidado para não se queimar nem queimar roupa
ou cabelo)
b) Deixe arrefecer o filamento da ansa ao ar, na região protetora por baixo da chama do bico
de Bunsen, e sem que o filamento toque em qualquer supefície. Para assegurar o
arrefecimento adequado do filamento metálico, enterre-o numa zona sem colónias do meio
de cultura sólido, antes de passar ao passo seguinte;
c) Com o filamento metálico esterilizado e arrefecido, transfira uma colónia da cultura
fornecida em placa de Petri para o meio líquido TSB preparado em 1.2 (inoculação do meio
de cultura).
Para tal, deve manter todo o material na zona protectora por baixo da chama e proceder do
seguinte modo: (i) abra a placa de Petri, (ii) retire uma colónia com o filamento metálico da
ansa, (iii) flameje o gargalo de vidro do balão Erlenmeyer na chama do bico de Bunsen, (iv)
introduza o filamento da ansa com a colónia no interior do meio líquido, e (v) agite o filamento
dentro do meio líquido, para libertar células do microrganismo que ficarão em suspensão no
meio;
d) No final, flameje novamente o gargalo do balão, tape o balão com a rolha, e esterilize o
filamento metálico da ansa na chama antes de a colocar no suporte.
e) Registe, através da escala qualitativa indicada na caixa abaixo, a turbidez da suspensão
celular inicial (correspondente ao tempo zero). Fotografe a cultura obtida, para servir de
termo de comparação na observação a fazer após a incubação da cultura;
g) Incube a cultura num incubador à temperatura de 30 ºC durante a noite (entre 15 e 24 h).
h) Após o período de incubação, observe a suspensão de células e registe, através de
fotografia e da escala qualitativa indicada, a turbidez indicadora da concentração de células
(densidade celular) na suspensão celular. Conclua quanto à ocorrência (ou não) de
crescimento da cultura microbiana (use como termo de comparação, a fotografia da cultura
correspondente ao tempo zero de incubação).
i) Registe e interprete os resultados na “Ficha de registo de resultados_relatório” fornecida
à parte.
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a) Esterilize o filamento metálico da ansa de repicagem e arrefeça-o, como indicado em 2.1;
b) Use a ansa esterilizada para transferir uma colónia da cultura fornecida em placa de Petri
para a superfície do meio de cultura sólido fresco, espalhando as células num dos lados do
meio sólido (como indicado no circulo do lado esquerdo na figura abaixo);
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Existem variadas abordagens que visam estudar a ecologia microbiana na natureza. O
método tradicional é o isolamento e posterior cultivo (crescimento) em meios de cultura
adequados, genéricamente designado por método dependente de cultivo (“culture-
dependent method”). Neste método, cada colónia formada sobre meios de cultura sólidos
resulta da proliferação celular (“cultivo”) de uma unidade formadora de colónia (UFC), que
pode ser uma célula viável ou um esporo (dependendo do microrganismo específico).
No entanto, a obtenção de resultados a partir desta abordagem requere uma janela
temporal que pode ser grande, dependendo da taxa de crescimento dos micróbios isolados.
Acresce que este método tem uma outra limitação importante, na medida em que somente
podem ser detectados e cultivados microrganismos chamados “cultiváveis”. De facto, os
microbiólogos estimam que cerca de 50 a 99% das unidades celulares (células ou esporos) dos
microrganismos presentes em amostras ambientais, clínicas ou no microbiota do nosso corpo
(% variável de amostra para amostra), podem existir num estado chamado “viável mas não-
cultivável”. Isto significa que essas unidades celulares podem estar funcionais nesses habitats
mas não ser capazes de se adaptar às condições artificiais (meios de cultura, temperatura,
etc.) usadas no laboratório, pelo que não serão detectáveis desta forma (i.e., podemos “não
dar por eles”). As razões subjacentes à sua existência não estão ainda completamente
esclarecidas, mas pensa-se que esses microrganismos tenham necessidades nutricionais e
ambientais que não sejam satisfeitas com os meios e condições de cultivo padrão no
laboratório, ou que dependam, na Natureza, de interações metabólicas com outros micro- ou
macro-organismos que não são possíveis ou fáceis de imitar num contexto de laboratório
Mais recentemente têm vindo a ser desenvolvidas abordagens menos morosas que
assentam na utilização de técnicas moleculares para a deteção/caracterização (mais ou menos
exaustiva) do DNA genómico contido na comunidade microbiana que compõe a amostra. São
exemplos destas abordagens a amplificação por PCR, a hibridação de fluorescência in situ (ou
FISH – fluorescent in situ hybridization) ou a metagenómica, que são colectivamente
designados por métodos independentes de cultivo (“culture-independent method”). Estes
métodos têm a vantagem importante (face ao método tradicional de cultivo) de permitirem
analisar a totalidade das comunidades microbianas nas amostras, incluindo tanto
microrganismos “cultiváveis” como “não-cultiváveis”. Embora mais específicas na
caracterização das comunidades microbianas, estas técnicas requerem o uso de equipamento
especializado (como por exemplo, microscópios de fluorescência, termocicladores,
espectrómetros ou até sequenciadores de DNA) e a existência de conhecimentos e
competências prévios em microbiologia por parte dos operadores.
Tendo em conta o carácter inicial desta UC utilizaremos o método de cultivo para
caracterizar do ponto de vista microbiológico, através do isolamento de colónias de bactérias
e fungos em diferentes meios de cultura sólidos, um conjunto de amostras que serão trazidas
pelos alunos.
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fazer um “swab” numa superfície sólida* à escolha e o outro estará vazio
e servirá para a recolha de uma amostra ambiental**;
2. Material necessário:
Kit de recolha de amostra (descrito em 1., acima);
Placas de Petri com meio TSA (“Tryptic soy broth” agarizado; ver composição e preparação
no guia do TL4-A).
O meio TSA é nutricionalmente rico e tem pH aproximadamente neutro, suportando o
crescimento preferencial e rápido (em 24-48 h) de uma vasta diversidade de unidades
celulares de bactérias heterotróficas. Este meio não é, contudo, muito selectivo visto que
também podem crescer outros tipos de microrganismos heterotróficos tais como alguns
fungos, embora com um crescimento mais lento do que o observado para as bactérias (i.e.
as suas colónias somente aparecerão após 5-7 dias de incubação, dependendo da
temperatura);
Placas de Petri com meio PDA + CT (“Potato Dextrose Agar” suplementado com 10 mg/L
de clortetraciclina) (ver composição e preparação no anexo A).
O meio base PDA (“Potato dextrose agar”) suporta preferencialmente o crescimento de
fungos por causa do pH moderadamente ácido (pH~5,5) e do conteúdo nutricional baixo
(maioritariamente amido de batata), o que contribui para reduzir a competição de
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bactérias. A adição do antibiótico clortetraciclina (antibiótico bacteriostático de largo
espectro que inibe a multiplicação celular de uma grande diversidade de bactérias Gram-
positivas e Gram-negativas) torna o meio selectivo para o isolamento de fungos (como
bolores e leveduras);
Discos de papel de filtro (diâmetro ~6 mm) esterilizados (na autoclave);
Soluções stock dos antibióticos ampicilina (2 mg/mL) e gentamicina (0,4 mg/mL) - A
ampicilina (A) é um antibiótico que actua sobre a síntese de peptidoglicano, um
componente essencial na parede celular da maioria das bactérias. A gentamicina (G) actua
sobre os ribossomas bacterianos, inibindo a síntese proteica;
Solução stock de fluconazole (3,2 mg/mL) - O fluconazole (F) é um agente antifúngico que
actua sobre a síntese de ergosterol, um dos componentes mais importantes na membrana
citoplasmática dos fungos;
Solução desinfectante de etanol 70% (v/v) – o etanol (E) é um agente antimicrobiano de
largo espectro que contribui para dissolver lípidos e desnaturar proteínas;
Lixívia (solução de hipoclorito de sódio a 13% (p/v)) – a lixívia (L) é um desinfectante de
largo espectro que causa a oxidação de macromoléculas celulares, tais como lípidos,
proteínas e ácidos nucleícos.
Solução salina [solução de NaCl a 0,9% (p/v)] esterilizada na autoclave;
Tubos Eppendorf autoclavados;
Esferas de vidro autoclavadas;
Pontas (para pipetas automáticas) esterilizadas na autoclave;
Contador de colónias
a) Assegure que a superfície da bancada é (ou foi) limpa com papel absorvente embebido
em solução de álcool etílico 70%(v/v) (deixar secar bem ao ar). Traga para junto da sua
estação de trabalho o seu kit de recolha com as amostras.
b) Marque uma das placas de TSA e de PDA+CT (que tem na sua estação de trabalho) com a
designação “Swab” e escreva de que tipo de superfície recolheu a amostra (veja o esquema
na Fig.1 - meio). Inclua o número do seu grupo e turno;
(Nota: estas marcações devem ser feitas no verso/parte de baixo da placa)
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FIGURA 1. Representação esquemática do protocolo experimental associado ao trabalho TL4-B,
incluindo explicação sobre o manuseamento correcto de pipetas automáticas (em cima),
procedimento para deteção (isolamento) de colónias de microrganismos (bactérias ou fungos) a
partir do “swab” recolhido na superfície sólida (ao meio) e procedimento para isolamento do mesmo
tipo de microrganismos a partir da amostra ambiental (por ex., solo) e observação do efeito de
agentes antimicrobianos no seu crescimento (em baixo).
c1) Em condições de assépsia, retire o cotonete do tubo Falcon e faça uma repicagem do
material que recolheu na “cabeça de algodão” sobre a superfície do meio sólido TSA. Para
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fazer a repicagem use o cotonete como se fosse uma ansa e faça riscados nas várias direcções
(em ziguezague), aproveitando a maior área de meio disponível possível.
(nota: Tenha sempre em atenção a zona do algodão que usou para fazer o swab sobre a
superfície onde recolheu a amostra)
d) Incube as duas placas de Petri a 30 ºC, até aparecerem colónias (pode demorar 2-3-dias)
Nota: Durante a incubação, as placas devem estar em posição invertida (ou seja, com a tampa
para virada para baixo) para evitar que a humidade se deposite sobre a superfície do meio de
cultura durante o crescimento das colónias.
e) Pese o tubo Falcon que contém a amostra ambiental (leve consigo um tubo vazio do mesmo
volume para tirar a tara do tubo). Registe o peso da amostra (em g);
g) Em condições de assépsia, coloque uma ponta azul numa pipeta automática P1000 e use-
a para colocar 900 L de solução salina estéril em 3 tubos Eppendorf de 1.5 mL vazios
previamente esterilizados (veja instruções no esquema da Fig.1 em cima). Numere os tubos
como B1, B2 e B3;
h) Agite no vórtex a “suspensão inicial B” contida no tubo Falcon e, usando uma pipeta
automática com a ponta de plástico adequada, transfira 100 L da suspensão para o tubo B1
(corresponde a uma diluição 1:10 do conteúdo inicial; veja o esquema na Fig.1). Agite no
vórtex (intensidade máxima);
k) Verifique que tem na sua estação de trabalho ainda sobrantes 8 placas de meio TSA (para
detectar/isolar as colónias de bactérias heterotróficas da amostra) e 6 placas de meio PDA+CT
(para detectar/isolar as colónias de fungos da amostra) (veja o esquema na Fig.1);
l) Marque duas placas do meio TSA com a designação “Suspensão inicial B” no verso/base da
placa de Petri. Marque, em seguida, duas placas de TSA com “diluição B1/1:10”, duas com
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“diluição B2/1:100” e outras duas com “diluição B3/1:1000”. Inclua o número do seu grupo
e turno, em cada placa de Petri;
m) Repita o procedimento para as 6 placas de PDA+CT (neste caso, para “suspensão inicial
B”, “diluição B1/1:10”, e “diluição B2/1:100”);
p) Repita o procedimento para a outra placa de meio TSA que está marcada com “Suspensão
inicial B”;
s) Agrupe (empilhando) as placas que preparou para cada suspensão celular (se tudo correu
bem deve ter 2 placas TSA e 2 PDA+CT para a suspensão inicial, diluição B1 e diluição B2, e 2
placas TSA para a diluição B3);
t) De cada pilha que fez, retire uma das placas, e coloque o conjunto sobre a bancada, perto
da janela, durante 2-3 dias. Pretende-se assim incubar os meios de cultura com a amostra
ambiental (suspensão inicial e diluições) a uma temperatura próxima da ambiente (~202 ºC)
e exposta ao ciclo natural dia/noite (presença/ausência de luz solar), até ao aparecimento de
colónias.
Não se esqueça de inverter estas placas (ou seja, colocá-la com a tampa virada para baixo)
para evitar que a humidade se deposite sobre as colónias em formação.
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sensíveis (isto é, impedindo que estes formem colónias). Abaixo encontra uma figura que
representa, de forma esquemática, o modo de funcionamento dos testes em disco para avaliar
a susceptibilidade de microrganismos a agentes antimicrobianos.
Para tal, em condições de assépsia, abra uma das placas TSA que lhe sobrou e disponha
gentilmente 5 discos de papel sobre a superfície do meio de cultura sólido oude espalhou as
suspensões com as amostras. Repita o processo para as outras placas de TSA e para as placas
de PDA+CT.
v) Com uma pipeta automática P10 equipada com ponta amarela esterilizada, coloque 10 L
de cada uma das soluções stock de agentes antimicrobianos fornecidas (ver “2. Material”
acima) sobre cada um dos discos. Na parte de trás das placas coloque as designações A, G, F,
E e L nas áreas correspondentes aos discos para facilitar a identificação de qual o agente
antimicrobiano testado. Coloque todas as placas, em posição invertida, a incubar à
temperatura ambiente, como indicado em t).
x) Após 48-72 h (a combinar com o(a) docente) faça o registo fotográfico das placas de Petri
onde testou o efeito dos agentes antimicrobianos (este registo deverá acompanhar o seu
relatório, na “Ficha de registo de resultados_relatório”);
- não abra as placas de Petri na ausência de cuidados de assépsia
w) Relativamente às placas de Petri onde não aplicou discos (passo t) do procedimento), após
48-72 h de incubação (a combinar com o(a) docente) selecione as placas de Petri de cada meio
de cultura e diluição que têm colónias isoladas e contáveis, i.e. em que o número de colónias
isoladas é superior a 10-15 e inferior a 300-350 (Atenção: estes limites não são muito rígidos,
e a seleção das placas a usar deve ser feita caso a caso).
Conte o número total de colónias nessas placas. Registe e analise os resultados tendo em
conta as orientações indicadas a seguir (em 4.), e complete a ficha “Registo de
resultados_relatório”.
- não abra as placas de Petri na ausência de cuidados de assépsia
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4. Orientação no registo, análise e discussão dos resultados do TL4-B
(Completar a “Ficha de registo de resultados_relatório” fornecida à parte)
a) Nas placas TSA e PDA+CT onde não aplicou discos com agentes antimicrobianos e que têm
colónias isoladas, observe as colónias (através da tampa da placa de Petri), tente distinguir
tipos morfológicos diferentes e descreva a sua morfologia. Para tal pode usar como guia as
designações que se encontram na Fig. 2, para além de outras características fenotípicas como
cor, brilho/mucosidade, etc.
b) Tente perceber se alguma(s) dessas colónias possuem características que possam indicar
interesse industrial/comercial do microrganismo, como por exemplo: i) um halo circular à
volta de uma colónia com ausência de crescimento de outras colónias, pode indicar produção
de antibiótico/metabolito antimicrobiano por esse microrganismo; ii) colónia mucosa
(brilhante e alta) pode indicar produção de exopolissacárido (aplicação potencial como
espessante, gel, etc.); iii) colónia colorida pode indicar a produção de pigmento (aplicação
potencial como antioxidante ou corante, para a indústria de materiais, alimentos, etc.).
c) Calcule o número total de Unidades Formadoras de Colónias (UFCs) por g de amostra, das
comunidades microbianas de bactérias heterotróficas (meio TSA) ou de fungos (meio PDA+CT)
presentes na amostra ambiental que analisou.
Para tal, deve calcular a concentração de UFC na “suspensão inicial” expressa em “número
de UFC/mL de suspensão inicial” a partir do número de colónias contadas em cada placa de
Petri de TSA ou de PDA+CT (ver explicação a seguir), e, em seguida, ter em conta os valores
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correspondentes ao volume de suspensão inicial (em mL) e à quantidade de amostra (em g)
presente na suspensão inicial (ver passos f) e e) do procedimento experimental).
Para calcular o “número de UFC de bactérias heterotróficas / mL de suspensão inicial”,
deve ter em conta o número total de colónias contadas sobre o meio TSA nas placas de Petri
“contáveis” (i.e. selecionadas como indicado no passo w) do procedimento experimental),
bem como o factor de diluição entre a “suspensão inicial” e a “suspensão diluída” que
espalhou sobre o meio sólido em cada uma das placas de Petri selecionadas e o facto de ter
espalhado em cada placa apenas 50 L de cada suspensão. Se tiver resultados de contagem
de colónias de duas ou três diluições distintas, deverá fazer uma média aritmética dos valores
de “número de UFC/mL de suspensão inicial” obtido com as várias diluições.
Para calcular o “número de UFC de fungos / mL de suspensão inicial”, deve proceder de
forma idêntica, mas com as colónias contadas nas placas PDA+CT selecionadas (passo w) do
procedimento experimental).
d) Compare os resultados que obteve nos meios PDA+CT com os obtidos no meio TSA em
termos da diversidade (tendo em conta diferenças fenotípicas na morfologia das colónias que
lhe pareçam mais relevantes) e quantidade (tendo em conta o número de UFC / g de amostra)
das diferentes comunidades microbianas presentes na amostra;
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adequados, alguns micróbios nocivos podem ser facilmente disseminados, contribuindo para
aumentar o risco de ocorrência de infeções.
1. Material necessário
- Placas de Petri com meio TSA (composição e função em TL4-A e -B)
- Solução de etanol 70% (v/v)
- Sabão azul e branco (ou equivalente)
2. Procedimento experimental
a) Marque o verso de uma placa de meio TSA com as letras “ALM” (“Antes de lavagem mãos)”.
Escreva também uma identificação do grupo/turno.
b) Por debaixo da zona protectora da chama do bico de Bunsen, abra a placa de Petri e
pressione levemente, durante 10 segundos, as extremidades de dois dedos (extensão ~2-2,5
cm) sobre a superfície do meio sólido de forma a fazer impressão digital (Nota: Cada elemento
do grupo repete este processo na mesma placa de Petri, usando um lado diferente da área
disponível de meio sólido. A posição onde cada aluno fez a sua impressão digital deve ser
marcada com uma caneta no verso da placa de Petri).
c) Para lavar as mãos, desinfecte primeiro o bocal da torneira com papel embebido em solução
de etanol a 70% (v/v) e deixe secar ao ar. Em seguida, cada elemento do grupo lava as mãos
com sabão azul e branco e água corrente* (Peça a um colega para fechar a torneira, de forma
a evitar contaminação das mãos lavadas com sujidade que esteja na superfície do manípulo
da torneira), e deve secar as mãos ao ar durante alguns minutos.
(*Nota: em alternativa, pode desinfectar as mãos com alcool-gel ou com solução alcoólica
70% (v/v), mas tenha cuidado em manter-se afastado do bico de Bunsen porque o alcool
etílico é muito inflamável)
d) Repita o passo b) com os mesmos dedos mas agora lavados ou desinfectados; não se
esqueça de escrever no verso da placa de Petri “DLM” (Depois de lavagem mãos) ou “DDM”
(Depois de desinfeção mãos) bem como a sua identificação na zona onde fez a sua impressão
digital.
e) Incube as placas de Petri a 30 ºC até aparecerem colónias (poderá demorar 2-3 dias).
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ANEXO A. Composição e preparação dos meios de cultura
MEIO TSA (“Tryptic Soy Broth” agarizado) – ver TL4-A
Meio PDA+CT (suplementado com clortetraciclina)
“Potato Dextrose Agar” (Difco) 39 g/L
Água destilada q.b. (para o volume pretendido)
(pH ~5,5)
Esterilizar na autoclave, a 121 °C (1 atm), durante 15 minutos. Deixar arrefecer o meio até
cerca de 45-50 °C, e adicionar o volume adequado de uma solução concentrada (500×) de
clortetraciclina (5 mg/mL, em etanol 70% v/v), de modo a que a concentração final no meio
de cultura seja igual a 10 mg/L. Guardar as placas de Petri no escuro e a 4 ºC, até à sua
utilização.
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