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BRADING, D.A. A Espanha dos Bourbons e seu império americano. In: BETHEL, Leslie
(org.). História da América Latina: A América Latina Colonial. Vol.II. São Paulo: EDUSP,
2008.p. 391-445.

O ESTADO BOURBON

1. O reinado dos últimos Habsburgos foi marcado por diversos insucessos militares, falência da
coroa, crise econômica, declínio populacional vertiginoso, “retrocesso intelectual e fome
generalizada”, especialmente o de Carlos II (1664-1700). No ápice da crise, a década de 1680,
foram tomadas algumas medidas administrativas, mas poucas delas eficazes.
2. Com a ascensão de Carlos II, a aristocracia senhorial apossou-se dos conselhos da
administração central e dos governos distritais. O antigo sistema dos Tercios transformou-se
numa milícia local. Os letrados que antes garantiam a manutenção do império transmutaram-se
numa mera noblesse de robe. A arrecadação de tributos e o fornecimento de armas caiu em
mãos de particulares, inclusive estrangeiros. “Em suma, enquanto em quase toda a Europa
continental o absolutismo dinástico terminara por basear seu novo poder num exército
permanente e num comissariado fiscal, na Espanha a monarquia havia sofrido uma crescente
perda de autoridade”. (p.392).
3. [Às vésperas da morte de Carlos II, que morreria sem herdeiros, a corte espanhola dividiu-se
em dois partidos, cada um apoiando um pretenso sucessor ao trono: o partido “ francófilo”
apoiava o neto de Luís XIV, Filipe de Anjou; e o partido “austrófilo”, apoiava o arquiduque
Carlos da Áustria, sucessor Habsburgo.] Com a decisão d Carlos II de nomear Filipe de Anjou
seu sucessor, as potências européias dividiram-se em dois grupos, apoiando respectivamente o
sucessor eleito e o contestante, França e Espanha aliadas contra a Grã Bretanha, Áustria,
Holanda, Portugal (de tabela), Catalunha e Valência: essa foi a Guerra de Sucessão Espanhola
(1702-1713), no qual a Espanha foi basicamente o palco.
4. Os resultados do conflito traduziram-se numa partilha de partes do império espanhol entre as
monarquias européias para estabelecer a paz: eles perderam possessões na península itálica, os
Países-Baixos, Gibraltar e Minorca e a Colônia do Sacramento. Concederam à Grã Bretanha o
asiento do comércio de escravos e o direito de enviar 500 toneladas de mercadorias ao novo
mundo para comércio.
5. Filipe V ascendeu ao trono com um estado em frangalhos e seriamente ameaçado pela guerra
civil e por invasões estrangeiras, o que lhe deu oportunidade para fazer diversas reformas em
ritmo acelerado:
- As revoltas na Catalunha e em Valência, deram motivos à coroa para a revogação de seus
privilégios: “daí por diante, com exceção de Navarra e das províncias bascas, toda a Espanha
estava submetida mais ou menos à mesma escala de tributos e leis” (p.393).
- Os grandes de España foram excluídos da administração central, apesar de confirmados em
suas jurisdições senhoriais. Formaram-se Secretarias de Estado, que reduziram o poder dos
antigos Conselhos.
- Implementou-se uma reforma militar, abolindo o antigo sistema de Tercios e introduzindo
Regimentos, equipados com mosquetes e baionetas.
- Foram contratados especialistas fiscais que duplicaram a receita no ano de 1711, e encetaram
uma reforma: reduziu-se o número de cargos, rejeitaram-se as dívidas anteriores e se incorporou
Aragão ao sistema fiscal.
6. Apesar dessas reformas, a chegada da rainha, Isabel de Parma, fez com que a Espanha se
envolvesse em algumas guerras sem maior importância, quebrando alguns termos de Utrecht, e
enfrentando nova fase de crise econômica e militar. O reinado de Fernando VI (1746-1759), por
outro lado, foi marcado por políticas de paz no exterior.
7. “No entanto, foi somente com o advento de Carlos III (1759-1788) que a Espanha finalmente
conseguiu um monarca ativamente empenhado na execução de um programa interno de
reformas” (p. 394), mesmo que a ligação com a França tenha acarretado a participação
espanhola na Guerra dos Sete Anos.
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8. Os ministros que encetaram a “revolução administrativa” tiveram papel muito importante. Os


Bourbons “apoiaram-se numa nobreza de serviços, conferindo títulos a seus servidores de
confiança, tanto para recompensá-los quanto para fortalecer-lhes a autoridade”. (393).
9. “Despotismo Esclarecido Espanhol”, autores muito ligados à coroa, defendiam sua força em
relação aos interesses provincianos.
10. O clero que ainda fazia parte da administração foi banido e atacado. Os Jesuítas foram
expulsos de todos os domínios espanhóis, em 1767. “de modo geral, as ordens religiosas eram
consideradas mais um ônus para a sociedade do que uma fortaleza espiritual”.
11. A maior preocupação da elite administrativa foi como reativar o esplendor decaído da
Espanha e seu império. A resposta a essas preocupações foi:
-a promoção da ciência e do conhecimento
-o recenseamento da população e da vida econômica
- construção de estradas e canais e abertura de novas rotas para estimular o comércio
-adoção de medidas protecionistas para defender a navegação, o comércio e a indústria.

12. O mercantilismo espanhol setecentista: crítica às “taxas de importação absurdas e os


imposto excessivos” que havia “destruído a indústria doméstica e tornado a península
dependente da importação de manufaturas do exterior. Inspirados em Colbert, o autor de
“Theorica y pratica de comercio y de Marina”, defendia que o valor dos impostos cobrados nas
importações deveria ser superior ao cobrado nas exportações, e que “as taxas de importação
deviam distinguir sempre entre produtos primários e bens elaborados... e que sempre que
possível deveriam ser eliminados os tributos internos”.
13. Criar uma indústria bélica dentro da Espanha levaria à autonomia que o país tinha em
relação aos outros em uniformes, armas de fogo, munições e equipamentos. Pretendia-se
construir e fortalecer uma marinha às custas da Coroa, foram as maneiras encontradas de
fortalecer o absolutismo espanhol. “há motivos para crer que grande parte da renovação
econômica, pelo menos em seu primeiro estágio, tinha origem nas necessidades da corte das
forças armadas”.
14. Com relação às reformas administrativas, as mais elementares estão ligadas a uma reforma
nos padrões de concessão dos cargos. “Se a prática colonial pode servir de guia, a principal
inovação reside no recurso a funcionários de carreira, militares e civis, sujeitos a avaliações
regulares e a promoções, que viviam não mais de propinas ou dos benefícios do cargo mas de
salários fixos”.
15. Os Ministérios e os Secretariados de Estado, Tesouro, Justiça Guerra , Marinha e das Índia,
ficaram à frente do governo, substituindo os antigos Conselhos. Criação de intendências
provinciais “encarregados do recolhimento de taxas, do serviço de intendência do exército, da
execução de obras públicas e do incentivo geral à economia”.
16. As reformas foram tão benéficas ao tesouro que a receita subiu de 5 milhões em 1700, para
18 milhões em 1750 e 36 milhões entre 1785 e 1790. Dividida, principalmente, nos gastos com
a nova corte e com a manutenção do exército e da marinha.
17. Com a perda das possessões européias, a Espanha ficou ainda mais dependente da América.

A REVOLUÇÃO NO GOVERNO (p.399-412)

1. No final do século XVII, as atenções militares dos Conselhos espanhóis estavam tão voltadas
ao contexto europeu que o cenário americano ficou relegado a um segundo plano nas ações do
governo. Na década de 1680, principalmente, alguns eventos demonstraram a fraqueza do
poderio espanhol na América: a fundação da Colônia de Sacramento, o avanço francês em
direção ao sul da América do Norte e os ataques, cerco e tomada das cidades de Veracruz,
Panamá, Cartagena e Guayaquil por flibusteiros ingleses, e a rebelião dos índios pueblos no
Novo México.
2. A administração estava entregue aos poderes locais e a maior parte dos cargos era cedida pelo
sistema de venalidade. O Clero, regular e secular, “exercia verdadeira autoridade dentro da
sociedade, atuando como líderes intelectuais e espirituais da elite e como conselheiros e
guardiães das massas” (p.400).
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3. O ponto de partida (o catalisador, nas palavras do autor) para as reformas administrativas foi
a Guerra dos Sete Anos, quando a Espanha perdeu a Flórida e a Colônia do Sacramento. “Foi
nesse momento que os ministros de Carlos se voltaram para o programa de reformas elaborado
no Nuevo sistema de gobierno económico para la America de Campillo y Cossío”, que
circulava desde 1743 e que defendia uma série de medidas:
- a volta da “visita geral” criada pelos Habsburgo
-criação de intendências gerais permanentes
- cercear o poder da Igreja
- aplicar na América reformas administrativas aplicadas na Espanha, especialmente no campo
militar.
4. Quando do término da guerra, generais veteranos foram enviados às possessões da América
com ordens de formar regimentos e milícias locais. No final do século XVIII, “o recrutamento
local e as transferências significavam que a maioria esmagadora de homens que serviam no
exército eram americanos nativos e que uma boa parcela dos oficiais, de capitão para baixo,
era constituída de crioulos.”. E nos últimos trinta anos do século, essa reforma surtiu efeitos, já
que vários domínios foram reconquistados.
5. Com relação ao cerceamento do poder da Igreja, uma das principais medidas foi a expulsão
dos Jesuítas de todos os domínios americanos. A ordem adquirira poderes impressionantes nos
domínios hispânicos, especialmente no Paraguai, onde detinha um “estado dentro do estado”,
governando 96 mil índios. Além disso, eram negligentes com relação ao pagamento do dízimo,
e viviam em litígios com as autoridades da coroa.
Outra medida foi a convocação dos Conselhos da Igreja em Lima e no México, que reduziram
consideravelmente os poderes dos tribunais eclesiásticos e retiraram boa parte das imunidades
eclesiásticas. “no entanto, essas medidas certamente irritaram o clero, mas surpreendentemente
realizaram muito pouco no sentido de uma verdadeira mudança.
6. O maior impacto administrativo foi a formação de dois novos Vice-Reinos: um sediado em
Buenos Aires, a partir de 1776, abrangendo a Argentina, o Uruguai, Paraguai e Bolívia; e outro
sediado em Caracas, em 1717, abrangendo Quito e todo o norte da América Espanhola. A
criação de ambos reduziu em muito a riqueza e o antigo poder do vice-reino do Peru,
especialmente de Lima.
7. A retomada das visitas generais, como forma de fiscalizar o funcionamento do governo.
8. A Reforma nas audiências também teve grande impacto. Durante o reinado dos últimos
Habsburgo e no reinado de Filipe V, as audiências eram dominadas por elites criollas, em sua
maioria advogados ligados às principais famílias da América Hispânica, que haviam comprado
boa parte desses cargos da magistratura! Poucos foram os juízes nascidos na Espanha nesse
período. Visitador general, José de Galvez, foi um dos responsáveis por reverter esse quadro:
ele procurou ampliar o número de membros das audienciass e “por meio de uma política
resoluta de transferência, promoção e afastamento, quebrar o predomínio dos crioulos”, além
disso, tratou de reativar a exigência de que os juízes tivessem atuado como alcaldes del crimen
ou oidores, antes de passarem às audiências. Galvez também criou o cargo de regente, que
passou a substituir o Vice-Rei na presidência das audiências.
Em 1785 e 1786 foram criadas novas audiências, em Caracas, Buenos Aires e Cuzco. “Aqui
então, observamos a formação de uma verdadeira burocracia judicial, que baseava a sua
autonomia da sociedade colonial no recrutamento de membros da Espanha”. (p.408).
9. “A peça central da revolução no governo foi a introdução dos intendentes...” destinados a
executar as funções dos antigos alcaldes. Esses oficiais tiveram maior desempenho nas grandes
cidades e capitais onde “estavam em sua atividade máxima, pavimentando ruas, construindo
pontes e prisões, e reprimindo desordens populares. Auxiliados por um conselheiro legal e por
funcionários do tesouro o intendente era a prova viva do novo vigor executivo da monarquia”.
10. Em Lima, Buenos Aires e cidade do México, Galvez instituiu o cargo de superintendentes
subdelegados da real hacienda, “funcionários que liberavam os vice-reis de toda
responsabilidade em questões do tesouro”, além de uma comissão central de finanças para
inspecionar a atuação dos intendentes e inspecionar a cobrança de rendas. Contudo, os
superintendentes foram abolidos, por minarem o poder dos vice-reis.
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11. A eficiência dos intendentes foi limitadas, pois antes de sua chegada o sistema de receitas da
América Espanhola passou por amplas reformas. “as principais inovações foram a nomeação de
uma burocracia fiscal assalariada e o estabelecimento de novos monopólios da coroa”. A
cobrança das alcabalas, por exemplo, deixou de ser entregue à cobrança pelas mãos de
comerciantes particulares, passando a ser feita por funcionários assalariados a partir de 1776.
12. A combinação de uma reforma militar associada à uma burocracia assalariada viabilizou a
ampliação das rendas extraídas pela coroa na América. Na Nova Espanha, por exemplo, entre os
anos de 1765 e 1782, a receita chegava a render mais de 10 milhões de pesos à coroa espanhola.
13. “De fato, a revolução administrativa criou um novo estado absolutista, baseado como na
Europa, num exército permanente e numa burocracia profissional”. O preço dessas reformas foi
a exclusão da elite crioula dos mecanismos do poder e do acesso à riqueza, ainda que um ou
outro setor contasse com sua presença. O outro lado da moeda é que os principais benefícios
econômicos foram revertidos à Coroa, que teve cerca de 15% de sua renda provindo do lucro
fiscal do império americano e do monopólio comercial.

A EXPANSÃO DO COMÉRCIO COLONIAL (p.412-422)


1. A revitalização econômica da economia colonial aconteceu a partir da aplicação de políticas
mercantilistas, contidas no livro de Campillo: “Nuevo sistema de gobierno econômico para la
America”, profundamente inspirado em Colbert. Advogava o fim do monopólio de Cádiz e do
sistema de frotas, o estímulo à produção de prata e à agricultura, a incorporação dos indígenas
ao mercado de consumo espanhol (principal das medidas) especialmente a das manufaturas
espanholas, e a destruição da indústria colonial.
2. A aplicação dessas medidas exigia duas ações: acabar com o contrabando generalizado, que
se instalara nos períodos de crise, e com as concessões comerciais feitas a estrangeiros,
reconquistando o comércio colonial; e “afastar a confederação mercantil de sua posição de
comando dentro das colônias” (p. 413).
3. Para alcançar a primeira medida, reativaram o sistema de frotas, fazendo de Portobelo e
Veracruz os únicos pontos legais de entrada de mercadorias, ao mesmo tempo em que fechavam
a rota via Cabo Horn, e impunham severas restrições de desembarque em Buenos Aires. A
pressão diplomática conseguiu tirar os navios franceses do circuito, mas não conseguiu expulsar
os ingleses, que tinham o direito de enviar um navio por ano, concedido pelo tratado de Utrecht:
esse navio, por não pagar taxas alfandegárias em Cádiz, podia vender os produtos a um preço
irrisório, vendendo mais que as mercadorias espanholas.
4. A Guerra da Orelha de Jenkins (guerra do asiento) foi um ponto decisivo para o comércio
colonial, já que a partir dela, passou a haver uma fiscalização maior dos navios que saíam de
Cádiz. Além disso, foi reaberta a rota do Cabo Horn e o porto de Buenos Aires, colocando o
Chile, o Vice-Reino do Peru e a Argentina em comércio direto com a Espanha. Com o fim da
guerra, a Companhia dos Mares do Sul (inglesa) renunciou aos direitos do asiento, de enviar um
navio por ano à América.
5. Durante o período da guerra, o comércio espanhol se revitalizou, especialmente pela ação da
Companhia Real de Guipúzcoa, autorizada a comerciar e armar navios para combater os
ingleses. O sucesso da companhia levou á criação de outras, a de Habana e a de Barcelona,
destinadas a comerciar a exportação do fumo e do comércio com o mar das caraíbas,
respectivamente.
6. A Guerra dos Sete Anos tb serviu como catalisador da mudança nas relações comerciais. O
período da ocupação britânica de Havana e Manila levou a um crescimento e abertura comercial
considerável, fazendo com que as mercadorias cubanas entrassem no mercado europeu. Com a
retomada, os espanhóis foram forçados a encetar as reformas, abrindo o comércio das ilhas do
mar das caraíbas com os principais portos da península. Com o Decreto do comercio libre
(1778) o centro comercial de Cádiz foi abolido, junto ao sistema de frotas. Entre esse ano e
1796, o comércio colonial prosperou bastante, em favor da coroa e dos industriais espanhóis: o
volume de mercadorias européias nos mercados coloniais aumentou significativamente,
ocasionando uma crise comercial em todo o império e levando à falência de muitos
comerciantes radicados na América.
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7. Contudo, apesar dessas medidas serem alardeadas como o maior sucesso do governo de
Carlos III, os estudos recentes questionam seus resultados. Primeiro, a participação de
negociantes espanhóis era contrabalanceada pelo grande volume de “testas-de-ferro” dos
negociantes estrangeiros radicados em Cádiz. Além disso, a quantidade de manufaturas das
industrias espanholas representava apenas 45% do volume total enviado à América nesse
período. Mesmo assim, garantiu um espaço amplo a esses produtos.
8. Na América, as maiores consequências foram: uma maior abertura comercial, seguida da
expansão do comércio oceânico; revivescência da prosperidade das Minas de prata dos Andes; o
aumento na exportação de gêneros coloniais especialmente do fumo, cacau, açúcar, anil e
cochonilha.

AS ECONOMIAS DE EXPORTAÇÃO (p.423-431)


1. “O agente econômico que esteve por trás do crescimento econômico no período Bourbon foi
uma elite empresarial composta de comerciantes, grandes agricultores e exploradores de
minas” criolos ou emigrados que se aproveitaram dos incentivos fiscais e da abertura comercial
do período.
2. A indústria da mineração da prata mexicana foi uma das maiores realizações da Era
Bourbon: em finais do século XVIII, ela já superava a mineração da prata andina, respondendo
por 67% de toda a produção. A coroa incentivou diretamente esse processo pela redução no
preço do mercúrio e da pólvora, garantindo isenção ou redução de taxas para empreendimentos
de alto risco, e criou o “tribunal das minas”, destinado a resolver litígios dentro das minas, criou
um banco de financiamento associado a esse tribunal e um colégio de minas (em 1792), que
contava com mineralogistas de toda a Europa.
3. Apesar dos incentivos da coroa, as verdadeiras condições de florescimento dessa indústria
estão ligadas ao crescimento da população na colônia, que viabilizou a mão-de-obra necessária,
e à colaboração entre mineiros e investidores-negociantes.
4. A prova de que não bastava a ação do governo para o reflorescimento das minas está no
exemplo das minas do Vice-reino do Peru, onde ele foi lento e limitado, apesar das medidas
aplicadas serem quase as mesmas do México: é que a principal Mina de Mercúrio,
Huancavelica, não deu conta de fornecer o suficiente.
5. O soerguimento das lavouras voltadas à exportação sobreveio da cooperação entre grandes
negociantes, que forneciam linhas de crédito, e os produtores, grandes ou pequenos. Esse
crédito era destinado, na maioria das vezes, ao pagamento da mão-de-obra (fosse ela escrava ou
asslariada).
6. O cacau na Venezuela e o açúcar em Cuba representam duas trajetórias de soerguimento da
produção voltada à exportação.
7. A intensa transformação econômica, contudo, não foi acompanhada de um progresso
tecnológico significativo: boa parte da base tecnológica permaneceu tradicional, havendo
geralmente a ampliação das estruturas produtivas ou um aumento significativo na
produtividade, dado o crescimento do fornecimento de escravos, em Cuba por exemplo.

A ECONOMIA DOMÉSTICA (p. 432-439)


1. No mercado interno, as reformas afetaram, sobretudo, o setor têxtil: além dos tecidos
europeus invadirem o mercado e passarem a abastecer os grandes centros, novas obrajes foram
criadas em Cjamarca e Cuzco, arruinando Quito e a indústria de Puebla na Nova Espanha, que
passaram a buscar mercados alternativo.
2. As reformas alteraram o fluxo comercial do comércio interno de alimentos e gêneros
coloniais. Algumas regiões antes isoladas dos portos de contato com a Espanha e que forneciam
aos dois principais centros urbanos da América (Lima e Cid. Do México) passaram ter a
produção direcionada aos portos europeus. Contudo, o comércio interno continuou bastante
movimentado, pois novas zonas foram sendo criadas para dar conta deste abastecimento.
3. “A era Bourbon constituiu um período relativamente curto de equilíbrio entre o setor externo
e o interno da economia”.

OS ULTIMOS DIAS DO IMPÉRIO (p. 439-445)


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