Os Maias

Capítulo XII

Jantar dos Gouvarinho

Contextualização do episódio na obra

• O Jantar dos Gouvarinho insere-se no capítulo XII da obra Os Maias. Pertence à ação
secundária, episódios de uma vida romântica.

• Neste jantar, o ambiente é marcado pela futilidade da alta burguesia e da nobreza

lisboeta; e permite, através das conversas, observar a ignorância e superficialidade de
algumas figuras da elite social lisboeta.

Personagen senvolvidas

As personagens envolvidas são: João da Ega, Conde e Condessa de Gouvarinho, Sousa Neto
Carlos da Maia, D. Maria da Cunha e Baronesa de Alvim. Destas, Joãp da Ega, Conde de
Gouvarinho, Condessa de Gouvarinho e Sousa Neto são personagens-tipo, uma vez que
representam as qualidades e defeitos de uma classe social e profissional.

• João da Ega: personagem contra a história, por um lado, mostra-se romântico e

sentimental, por outro lado, crítico e sarcástico. Era o companheiro, confidente e fiel
de Carlos da Maias e autêntico retrato de Eça.

• Conde de Gouvarinho: era ministro revelando ter falhas de memória e enorme falta de
cultura. Para além disso representa a incompetência do poder político, não
compreende a ironia sarcástica de Ega e fala de um modo depreciativo das mulheres.

• Condessa de Gouvarinho: despreza o marido pelo seu fraco poder económico e

desenvolve uma paixão por Carlos. É imoral, provocadora, sensual e simboliza as
mulheres adúlteras.

• Sousa Neto: representante da instrução pública. É um homem ignorante, incapaz de

dialogar e aceita facilmente opiniões alheias

• Carlos da Maia;

• D. Maria da Cunha;

• Baronesa de Alvim;

Intencionalidade crítica

Durante o diálogo, o caracter crítico, a ignorância e a superficialidade foram aspetos

que se fizeram notar. Houve momentos onde se discutiu diversos assuntos como a escravatura
(exemplo: “Ega declarou muito decididamente ao Sr. Sousa Neto que era pela escravatura.”).
Como machismo “A mulher só devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem.”- Ega;
“Decerto o lugar das mulheres era junto ao berço, não na biblioteca”- Conde. Ao longo da
discussão de vários temas, o carácter impiedoso e crítico, a ignorância e a superficialidade nas
opiniões foram aspetos que se fizeram nota.

Análise de excertos ilustrativos da intenção crítica

“Isto é um país desgraçado”/ “ creio que não há nada de novo em Lisboa”,

Temcomointençãocriticar o atrasso do país

“Uma senhora, sobretudo quando ainda é nova, deve ter algumas prendas”-sousa neto,
Critica a mediocridade de algumas personangens

Ega declarou muito decididamente ao sr. Sousa Neto que era pela escravatura” – pág. 398

Critica a ignorância de algumas personagens.

Análise de alguns recursos expressivos e seus valores

 Adjetivação expressiva

“(…)cavalheiro alto, escaveirado, grave(…)”

“(…)andava ali de difame e torpe, tagarelice de Dâmaso.

 Enumeração

“na Casa Havanesa, no restaurante Silva talvez nos lupanares”, pag 387

 Hipérbole

“fastidioso peso de bronze”, pag 386

ANALOGIA

. A sociedade descrita e retratada por Eça está, ainda hoje “à solta”.

A crítica que Eça faz à sociedade do século XIX, o qual a caracteriza como corrupta,
fútil, superficial e ignorante, constitui uma verdadeira caricatura da antiga sociedade
portuguesa da épocaque, apesar de os contextos serem diferentes, está ainda conservada até a
atualidade.