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Maria Fernanda Pereira da Silva – RM 22203683

A língua é um dos elementos cruciais para o estudo de costumes, crenças e


valores de um grupo. Sendo assim cultura e língua, são inseparáveis e estão
em constante mudança. São resultados de determinado tempo e espaço,
diferindo as interpretações de acordo com cada receptor.

Tal como os autores abaixo afirmam:


‘’A língua pode ser conceituada como um sistema linguístico empregado por
uma determinada comunidade para a efetiva comunicação entre seus
membros. Esses membros têm conhecimento das regras e dos elementos que
formam este sistema, podendo, ao fazer uso deste, criar incontáveis
mensagens. Desta maneira, língua é um fenômeno em constante evolução e
pode ser descrita a partir de vários pontos de vista.’’ (SOUTO e col., 2014)
Não há possibilidades de enquadrar como característica da língua a palavra
‘’imutável’’, pois pertence a seres humanos que estão em constante
descoberta e mudança, atingidos a todo instante por uma onda de influências
regionais, raciais, econômicas etc. Essa é uma discussão originada de um
estudo sobre raça e nacionalismo debatido há mais de cem anos.
Já é do nosso conhecimento a inexistência de uma raça pura, portanto não
teremos no mundo uma língua pura. Os registros históricos e culturais, podem
nos fornecer maiores explicações e significados para entendermos as
manifestações culturais particulares de grupos e de cada identidade nacional
pertencente a eles.
Gilberto Freyre (2000) destaca a miscigenação como uma parte importante da
formação de nossa cultura nacional brasileira, além de uma tolerância moral, o
cristianismo lírico e a hospitalidade para estrangeiros. Com a orientação de
Franz Boas, descobre a separação entre raça e cultura e os efeitos do
ambiente e experiência cultural sobre o comportamento. “Aprendi a discriminar
entre os efeitos de relações puramente genéticas e os de influências sociais,
de herança cultural e do meio.” (FREYRE, 2000, p. 45).
E ao falarmos de um país que atualmente coexistem mais de 100 línguas, é
esclarecedor como os povos nativos, portugueses e africanos contribuíram
para o nosso ‘’português brasileiro’’.
Durante o século XX, os brasileiros vivenciaram a formação de uma identidade
nacional, tendo por base, o comportamento psicológico detectável em
portugueses, índios, negros e brasileiros.
Diversos autores abordam essa questão antropológica, mas é através da obra
de Gilberto Freyre que podemos analisar em ordem cronológica a formação
dos brasileiros da seguinte forma: ‘’1. sadismo no grupo dominante’’ ; ‘’2.
Masoquismo nos grupos dominados’’ ‘’3. Animismo’’ ; ‘’4. Crença no
sobrenatural’’ ; ‘’5. gosto por piadas picantes’’ ; ‘’6. erotismo’’ ; ‘’7. gosto da
ostentação’’ ; ‘’8. personalismo’’ ; ‘’9. culto sentimental ou místico do pai’’ ; ‘’10.
materialismo’’ ; ‘’11. simpatia do mulato’’ ; ‘’12. individualismo e interesse
intelectual permitidos pela vida na ‘’plantação’’ ; ‘’13. complexo de refinamento’’.
Os itens acima descrevem o período de formação ou criação da identidade
nacional, de nações chamadas de modernas que o Brasil tenta se parecer.
E é nesse mesmo cenário que se expandem as ideias patrocinadas pelo
governo, algumas ‘’manias nacionais’’, como futebol e o Carnaval.
A ‘’Voz do Brasil’’ nasce em 1935, com o auxílio de artistas, arquitetos,
cientistas e outros. Foram patrimoniados, as artes visuais, o folclore, a música
e a língua compondo o nossa cultura nacional, além de preservados, usados
como divulgação de uma cultura nacional.
O símbolo Zé Carioca, fruto de uma parceria com Walt Disney, representa o
malandro exclusivamente brasileiro, trazendo a imagem do povo caloroso,
hospitaleiro e alegre. Já na arquitetura, é apresentada em Brasília, afim de
demonstrar os ideias nacionais, através de um modelo arquitetônico e urbano e
cívico.
Outro aspecto fundamental dos estudos sociológicos, psicológicos e
antropológicos, é o comportamento do brasileiro, especificamente em como
lidamos com diversas situações, por exemplo ao lidarmos com as leis,
resolvermos problemas do cotidiano, busca por atalhos na hierarquia social,
etc. Essas situações nos deram o apelido de malandros, certamente esses
acontecimentos estão ligados diretamente a algumas falas corriqueiras,
caracterizados pelo nosso famoso ‘’jeitinho brasileiro’’, como: ‘’ Eu só me atrasei
15 minutos para o exame!’’; ‘’Vou ver se consigo um atestado médico para não
ser descontado no trabalho.‘’, entre outras.

A dificuldade em diferenciar o que é jeitinho, cordialidade e favor, também são


traços do povo brasileiro, causando certa estranheza aos estrangeiros.
Referencial Bibliográfico:
SOUTO e col. Mauren. Conceitos de Língua Estrangeira, Língua Segunda,
Língua Adicional, Língua de Herança, Língua Franca e Língua
Transnacional. Revista Philogus, Rio de Janeiro, vol. 20, p. 890 – 900,
set/dez, 2014.
Disponível em: http://www.filologia.org.br/rph/ANO20/60SUP/070.pdf
EAD BELAS ARTES, Módulo 5: A formação cultural do Brasil. São Paulo, 2023.
Disponível em:
https://ead.belasartes.br/mod/scorm/player.php?a=7271&currentorg=curso&sco
id=55991 .

EAD BELAS ARTES, Módulo 6: América Latina: cultura, comportamento e a


identidade cultural. São Paulo, 2023. Disponível em:
https://ead.belasartes.br/mod/scorm/player.php?a=7271&currentorg=curso&sco
id=55991 .
Referencial Bibliográfico:

http://www.filologia.org.br/rph/ANO20/60SUP/070.pdf

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