A língua é um dos elementos cruciais para o estudo de costumes, crenças e
valores de um grupo. Sendo assim cultura e língua, são inseparáveis e estão em constante mudança. São resultados de determinado tempo e espaço, diferindo as interpretações de acordo com cada receptor.
Tal como os autores abaixo afirmam:
‘’A língua pode ser conceituada como um sistema linguístico empregado por uma determinada comunidade para a efetiva comunicação entre seus membros. Esses membros têm conhecimento das regras e dos elementos que formam este sistema, podendo, ao fazer uso deste, criar incontáveis mensagens. Desta maneira, língua é um fenômeno em constante evolução e pode ser descrita a partir de vários pontos de vista.’’ (SOUTO e col., 2014) Não há possibilidades de enquadrar como característica da língua a palavra ‘’imutável’’, pois pertence a seres humanos que estão em constante descoberta e mudança, atingidos a todo instante por uma onda de influências regionais, raciais, econômicas etc. Essa é uma discussão originada de um estudo sobre raça e nacionalismo debatido há mais de cem anos. Já é do nosso conhecimento a inexistência de uma raça pura, portanto não teremos no mundo uma língua pura. Os registros históricos e culturais, podem nos fornecer maiores explicações e significados para entendermos as manifestações culturais particulares de grupos e de cada identidade nacional pertencente a eles. Gilberto Freyre (2000) destaca a miscigenação como uma parte importante da formação de nossa cultura nacional brasileira, além de uma tolerância moral, o cristianismo lírico e a hospitalidade para estrangeiros. Com a orientação de Franz Boas, descobre a separação entre raça e cultura e os efeitos do ambiente e experiência cultural sobre o comportamento. “Aprendi a discriminar entre os efeitos de relações puramente genéticas e os de influências sociais, de herança cultural e do meio.” (FREYRE, 2000, p. 45). E ao falarmos de um país que atualmente coexistem mais de 100 línguas, é esclarecedor como os povos nativos, portugueses e africanos contribuíram para o nosso ‘’português brasileiro’’. Durante o século XX, os brasileiros vivenciaram a formação de uma identidade nacional, tendo por base, o comportamento psicológico detectável em portugueses, índios, negros e brasileiros. Diversos autores abordam essa questão antropológica, mas é através da obra de Gilberto Freyre que podemos analisar em ordem cronológica a formação dos brasileiros da seguinte forma: ‘’1. sadismo no grupo dominante’’ ; ‘’2. Masoquismo nos grupos dominados’’ ‘’3. Animismo’’ ; ‘’4. Crença no sobrenatural’’ ; ‘’5. gosto por piadas picantes’’ ; ‘’6. erotismo’’ ; ‘’7. gosto da ostentação’’ ; ‘’8. personalismo’’ ; ‘’9. culto sentimental ou místico do pai’’ ; ‘’10. materialismo’’ ; ‘’11. simpatia do mulato’’ ; ‘’12. individualismo e interesse intelectual permitidos pela vida na ‘’plantação’’ ; ‘’13. complexo de refinamento’’. Os itens acima descrevem o período de formação ou criação da identidade nacional, de nações chamadas de modernas que o Brasil tenta se parecer. E é nesse mesmo cenário que se expandem as ideias patrocinadas pelo governo, algumas ‘’manias nacionais’’, como futebol e o Carnaval. A ‘’Voz do Brasil’’ nasce em 1935, com o auxílio de artistas, arquitetos, cientistas e outros. Foram patrimoniados, as artes visuais, o folclore, a música e a língua compondo o nossa cultura nacional, além de preservados, usados como divulgação de uma cultura nacional. O símbolo Zé Carioca, fruto de uma parceria com Walt Disney, representa o malandro exclusivamente brasileiro, trazendo a imagem do povo caloroso, hospitaleiro e alegre. Já na arquitetura, é apresentada em Brasília, afim de demonstrar os ideias nacionais, através de um modelo arquitetônico e urbano e cívico. Outro aspecto fundamental dos estudos sociológicos, psicológicos e antropológicos, é o comportamento do brasileiro, especificamente em como lidamos com diversas situações, por exemplo ao lidarmos com as leis, resolvermos problemas do cotidiano, busca por atalhos na hierarquia social, etc. Essas situações nos deram o apelido de malandros, certamente esses acontecimentos estão ligados diretamente a algumas falas corriqueiras, caracterizados pelo nosso famoso ‘’jeitinho brasileiro’’, como: ‘’ Eu só me atrasei 15 minutos para o exame!’’; ‘’Vou ver se consigo um atestado médico para não ser descontado no trabalho.‘’, entre outras.
A dificuldade em diferenciar o que é jeitinho, cordialidade e favor, também são
traços do povo brasileiro, causando certa estranheza aos estrangeiros. Referencial Bibliográfico: SOUTO e col. Mauren. Conceitos de Língua Estrangeira, Língua Segunda, Língua Adicional, Língua de Herança, Língua Franca e Língua Transnacional. Revista Philogus, Rio de Janeiro, vol. 20, p. 890 – 900, set/dez, 2014. Disponível em: http://www.filologia.org.br/rph/ANO20/60SUP/070.pdf EAD BELAS ARTES, Módulo 5: A formação cultural do Brasil. São Paulo, 2023. Disponível em: https://ead.belasartes.br/mod/scorm/player.php?a=7271¤torg=curso&sco id=55991 .
EAD BELAS ARTES, Módulo 6: América Latina: cultura, comportamento e a
identidade cultural. São Paulo, 2023. Disponível em: https://ead.belasartes.br/mod/scorm/player.php?a=7271¤torg=curso&sco id=55991 . Referencial Bibliográfico: