Você está na página 1de 61

INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS

DA VIDA E DA NATUREZA (ILACVN)

MEDICINA

INTERNATO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE I


Integração Ensino-Serviço-Comunidade

RELATÓRIO
DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EQUIPE 73

MAIELI VIEIRA

Foz do Iguaçu-PR
2023
INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS
DA VIDA E DA NATUREZA (ILACVN)

MEDICINA

NBR 10719: apresentação de relatórios técnico-científicos (2011)

Relatório técnico apresentado como requisito


parcial para avaliação do Internato em Atenção
Primária à Saúde I, no Curso de Medicina, na
Universidade Federal da Integração Latino-
Americana-UNILA.

Professora Dra. Regina Maria Gonçalves Dias

Foz do Iguaçu-PR
2023
RESUMO

As Unidades Básicas de Saúde constituem a principal porta de entrada as Redes de


Atenção à Saúde e, para atingirem esse objetivo, são organizadas de forma a
favorecer o acesso e atender as demandas particulares de cada localidade.
Respeitando os princípios da Atenção Primária a Saúde, que são o primeiro contato,
a longitudinalidade, a integralidade, a coordenação do cuidado e sendo derivados a
focalização familiar, a orientação comunitária e a competência cultural, e estando
norteando através deles. Considerando isso, o presente trabalho expõe o
diagnóstico situacional da equipe 73, da Unidade Básica de Saúde São João. Sendo
realizado com base nas informações coletadas no relatório consolidado de cadastro
no e-SUS e demais fontes que contribuem com dados relevantes para a definição de
um diagnóstico local, com perfil territorial e ambiental, perfil demográfico,
socioeconômico e epidemiológico da área. Além de apresentar os indicadores de
financiamento da Atenção Primária em Saúde, na área de abrangência. Sendo
possível identificar com a análise desses dados tanto os pontos positivos, para que
sejam reforçados, quanto as dificuldades da equipe, para que sejam elaboradas
estratégias de intervenção de forma efetiva e adequadas a condição.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................5
2 PERFIL INSTITUCIONAL...............................................................................................................6
2.1 História da UBS.........................................................................................................................6
2.2 Localização e estruturação da UBS.......................................................................................7
2.3 Aspectos da Equipe de Saúde da Família 73.....................................................................17
3 PERFIL DEMOGRÁFICO.............................................................................................................26
3.1 Perfil demográfico geral.........................................................................................................26
3.2 Perfil demográfico por grupos...............................................................................................29
4 PERFIL SOCIOECONÔMICO......................................................................................................34
4.1 Ocupação e renda...................................................................................................................34
4.2 Educação.................................................................................................................................35
4.3 Grupos especiais....................................................................................................................37
5 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO........................................................................................................38
5.1 Crianças menores de 5 anos.................................................................................................38
5.2 Gestantes.................................................................................................................................40
5.3 Adolescentes...........................................................................................................................42
5.4 População adulta e idosa.......................................................................................................42
5.5 População com outras condições de saúde........................................................................46
6 INDICADORES DE FINANCIAMENTO......................................................................................49
6.1 Indicadores da atenção básica..............................................................................................49
6.2 Validação dos atendimentos.................................................................................................53
6.2.1 Pré-natal............................................................................................................................53
6.2.2 Saúde da Mulher..............................................................................................................54
6.2.3 Saúde da Criança............................................................................................................55
6.2.4 Doenças Crônicas............................................................................................................55
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................58
1 INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), foi aprovada através da


portaria número 2436, de 21 de setembro de 2017. Definindo princípios e diretrizes
que dizem respeito a Atenção Primária à Saúde (APS), uma vez que essa é a
principal porta de entrada das Redes de Atenção à Saúde. Para garantir a oferta dos
serviços de forma integral, gratuita e particularizada as necessidades territoriais de
cada local, está estabelecido neste documento as especificidades e atribuições de
cada uma das partes (BRASIL, 2017).

Dentro das atribuições do profissional médico, definido no mesmo


documento, a realização de consultas e procedimentos próprios da área de atuação
está somada com o planejamento, gerenciamento e avaliação conjunta das ações
desenvolvidas no contexto da equipe de saúde. Sendo assim, a ferramenta do
diagnóstico situacional estabelece para o profissional um panorama da realidade no
local, sendo possível estabelecer estratégias para superação das dificuldades
identificadas em relatório (BRASIL, 2017).

Destarte, a pesquisa dos dados que constam no relatório consolidado de


cadastro no e-SUS, foi analisada com a luz das portarias e documentos
regulamentadores da APS, sendo organizado em perfis. O perfil territorial e
ambiental apresenta características histórias e geográficas da área de abrangência
da Unidade Básica de Saúde São João. O perfil demográfico revela as
características dos usuários e identificação das vulnerabilidades. No perfil
socioeconômico são estabelecidas as análises referentes a educação, renda,
ocupação dentre outras características das famílias. O perfil epidemiológico,
analisando os dados dos relatórios em comparação com as taxas consideradas
adequadas para as situações. Finalizando com o financiamento da APS,
considerando indicadores importantes estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Assim, a compreensão desses processos será útil na formulação de


estratégias e ações para promoção de saúde. Além de servir como material para
comparação com futuros diagnósticos situacionais, sendo possível visualizar os
resultados das atividades implementadas.
2 PERFIL INSTITUCIONAL
O perfil institucional permite conhecer as particularidades de determinado
estabelecimento. Tratando-se da UBS São João, seus aspectos históricos e
geográficos serão destacados a seguir.

2.1 História da UBS


O Sistema Único de Saúde (SUS) teve sua certidão de nascimento
firmada na lei número 8080 de setembro de 1990. Como consequência desse, a
Política Nacional de Atenção Básica foi consolidada na portaria número 2436, de
2017. A UBS São João, como é chamada atualmente, tem seus objetivos
estabelecidos nessas e em outras leis fundamentais para garantirem o bom
funcionamento da unidade. Contudo, para conhecer sua origem, foi necessário
consultar fontes que vão além do material jurídico e que são os usuários do sistema
de saúde (BRASIL, 1990; BRASIL 2017).

Através da colaboração e sugestão da agente comunitária de saúde,


senhora Adriana, foi possível visitar moradores pioneiros da região que visualizaram
as transformações do espaço até sua conformação atual, ou que receberam essas
histórias de seus antecessores. Essa história faz parte da tradição oral da região e
remete ao ano de 1964, quando o senhor Bonifácio Morales comprou um terreno
que abrangia o bairro vila São João, Jardim Madre Teresa e Jardim Imperial, onde a
maior parte das terras era destinada a agricultura.

Em poucos anos a região foi sendo urbanizada e o crescimento


populacional demandou um local para atendimento de saúde. Então no ano de 1971,
parte desse terreno foi cedido a prefeitura para a construção da unidade de saúde, e
o próprio senhor Bonifácio, que era construtor idealizou essa obra. Foi somente no
ano de 1998, na gestão do prefeito Harry Daijó, que teve início a construção da
UBS, com duração de 1 ano.

Sua estrutura foi reformada e ampliada no ano de 2012 na gestão do


prefeito Paulo Mac Donald Ghisi, sendo durante essa reforma os atendimentos
foram realizados nas dependências da casa pastoral da Igreja Luterana São João,
localizada Madre Teresa. O nome da unidade deriva do nome do bairro, sendo
cadastrada no CNES no ano de 2003.
2.2 Localização e estruturação da UBS
A UBS São João está localizada na Rua Mirim, sem número, no bairro
São João, pertencendo ao distrito de saúde nordeste. Tem em sua área de
abrangência um componente urbano (99% dos domicílios) e rural (1% dos
domicílios), estando a uma distância de 10 Km do centro da cidade de Foz do
Iguaçu-PR. Possui um estacionamento para ambulância e para pacientes, que fica
em frente a unidade, estando em uma via asfaltada, como é observado na imagem a
baixo (E-SUS, 2023).

Imagem 1- Fachada da UBS São João

Fonte: autora.

Está inscrita no cadastro nacional dos estabelecimentos de saúde sob o


número 2673169. Podendo ser contatada pelo e-mail us.saojoao@pmfi.pr.gov.br e
pelo telefone/whatsapp número 45 2105-9753, no horário de funcionamento das 7
horas às 19 horas de segunda-feira a sexta-feira. A gerente da unidade é a senhora
Cristina Alves Peroni Ottomar. Sendo que a unidade é composta por 2 equipes de
saúde da família, 1 equipe de atenção primária, 2 equipes de saúde bucal e uma
equipe de atenção primária prisional. Atuam também na unidade nutricionista,
assistente social, fonoaudiólogo, farmacêutico, psicólogo, médico ginecologista e
pediatra. Os serviços de recepcionistas e de limpeza são terceirizados.

Sua área de abrangência é composta por diversos bairros, como o


Parque Lagoa parcialmente incluído, o Jardim Dourado II, Vila Tibagi, Jardim Vasco
da Gama, Jardim Santa Rita, Novo Mundo e Jardim Três Fronteiras parcialmente
incluído (figura 1). Possuindo o córrego Vitória, com leito parcialmente canalizado,
que possui grande acúmulo de lixo nas margens (imagem 17). Uma parte do
território da UBS fica localizado ao sul da BR-277, sendo esta a principal barreira
geográfica do território, uma vez que conta com apenas uma passarela para
pedestres e ciclistas. O trafego é intenso durante o dia todo, sendo que os dois
retornos que dão acesso ao bairro ficam engarrafados na maior parte do dia. Além
de serem cenário de trágicos acidentes de trânsito. Dessa forma o acesso dos
moradores da região sul é prejudicado, devendo-se considerar também as
condições socioeconômicas da região que são piores em comparação com a região
norte.

Figura 1 – Mapa da área de abrangência da UBS São João

Fonte: FOZ DO IGUAÇU, 2023.

Como está recomendado na PNAB, 2017, a UBS conta com uma


estrutura composta por: 4 consultórios médicos, 2 deles equipados com sanitários, 2
consultórios de enfermagem equipados com sanitários, 1 sala de acolhimento, 1 sala
de procedimentos/curativos, 1 sala de vacinas equipada com refrigerador específico,
1 farmácia, 1 sala para coleta de exames, 1 sala de expurgo, 1 consultório
odontológico com equipo odontológico completo, 1 sala de medicação. 1 sala para
gerencia, banheiros públicos e banheiros para funcionários, sala de recepção e
almoxarifado. Sendo exemplificados nas imagens que seguem (BRASIL, 2017).

Imagem 2- Consultório médico

Fonte: autora.

Imagem 3- Consultório enfermagem

Fonte: autora.
Imagem 4- Sala de acolhimento

Fonte: autora.

Imagem 5- Sala de procedimentos e curativos

Fonte: autora.
Imagem 6- Sala de vacinação

Fonte: autora.

Imagem 7- Farmácia

Fonte: autora.
Imagem 8- Sala para coleta de exames

Fonte: autora.

Imagem 9- Expurgo

Fonte: autora.
Imagem 10- Consultório odontológico

Fonte: autora.

Imagem 11- Sala de medicação

Fonte: autora.
Imagem 12- Sala de recepção

Fonte: autora.

Imagem 13- Almoxarifado

Fonte: autora.

Consta na PNAB, 2017, alguns itens que não estão presentes na UBS,
como a sala de esterilização, uma vez que os materiais são enviados para serem
esterilizados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A sala de medicação é
utilizada também como sala de observação. Outrossim, os consultórios são
utilizados no contraturno por outros profissionais como assistente social, psicóloga,
fonoaudióloga, nutricionista, ginecologista e pediatra em dias alternados (BRASIL,
2017).

Além disso, conta com um espaço de arquivo que fica em anexo a sala
dos Agentes Comunitários de Saúde (imagem 15) e uma copa para os funcionários.
A unidade conta com diversos pontos de impressoras, ar-condicionado em todas as
salas, incluindo a recepção. Algo que falta a UBS seria um espaço específico para
sala de atividades coletivas, pois uma das dificuldades é a implementação de grupos
educativos dado essa falta na infraestrutura local. Uma das alternativas levantadas
entre os profissionais da Estratégia de Saúde da Família seria a utilização do
estacionamento para funcionários ser utilizado como espaço para realização dos
grupos educativos/roda de conversa, pois o espaço é amplo e conta com sombra
como mostra a imagem 14.

Imagem 14- Estacionamento para funcionários.

Fonte: autora.
Imagem 15- Sala dos Agentes Comunitários de Saúde.

Fonte: Autora.

Na área de abrangência da UBS, encontra-se alguns pontos de referência


que tem importância socioambiental local, como a cadeia pública de Foz do Iguaçu,
distribuidora da cervejaria Ambev, multinacional de transporte e armazenagem,
indústria de alimentos, dois pesque-pague e centros de lazer. Além de diversas
mercearias, panificadoras, comercio em geral, academia e postos de combustível.
Sendo pontos importantes na organização da dinâmica comunitária, servindo como
fonte de trabalho e renda.

Conforme dados do relatório consolidado do cadastro no e-SUS, a


população com cadastros ativos é de 8174 pessoas, porém a população total
estimada da área é cerca de 13 mil pessoas. Assim sendo, existe um déficit de pelo
menos 30% entre esses dados. Isso pode significar que nem todas as pessoas
foram cadastradas e encontram-se em uma condição de desconhecimento.
Portanto, sem saber o perfil dessa população não é possível fomentar estratégias de
ações em saúde, sendo necessário primeiramente favorecer esse cadastramento
(IBGE, 2010).
2.3 Aspectos da Equipe de Saúde da Família 73
Através dos eixos estruturantes da APS, que são chamados de atributos,
é possível traçar um objetivo de trabalho para as equipes de saúde. Através da ESF
a estruturação dos serviços é voltada as necessidades da população, onde os
profissionais de saúde formam e mantém um vínculo com os usuários. Um dos
pontos importantes desse estudo é a organização territorial da equipe 73, e suas
relações com a população e seu processo de saúde-doença (OLIVEIRA, 2013).

A composição da equipe 73, de saúde da família, atende a orientação da


PNAB, 2017, sendo composta pelos profissionais nominados no quadro 1.

Quadro 1 – ESF 73
Ocupação CBO Total
Médico ESF 225142 Emir José Migoya Medina
Enfermeiro ESF 223565 Mirian Simionato Kirienco
Auxiliar de enfermagem ESF 322250 Simone Aparecida da Rosa
Agente comunitário de saúde 515105 João Pedro Schimitz da Silva
Agente comunitário de saúde 515105 João Aparecido de Melo
Agente comunitário de saúde 515105 Maria de Fatima Kelba
Agente comunitário de saúde 515105 Marlene Rodrigues de Oliveira
Agente comunitário de saúde 515105 Solange Bispo Jorge
Fonte: CNES, adaptado.

A área de abrangência da equipe possui 6 microáreas, onde a descoberta


é atendida por meio de busca ativa com revezamento entre os ACSs. A população
total de cidadãos ativos é de 4428, sendo 51% mulheres e 49% homens, dados mais
aprofundados sobre a população serão discutidos no perfil demográfico. Sobre as
condições de moradia 97,2% são domicílios urbanos, 1,4% são domicílios rurais e
1,4% não foram informados. Esses dados seguem a tendência da UBS como um
todo, onde o componente urbano maior. Dentre as vias e tipo de acesso ao
domicílio, temos 91% das residências são em vias pavimentados, sendo que 82% da
construção das moradias são de alvenaria com revestimento. Contudo, temos uma
inconsistência nesses dados pois foram informados 23 domicílios como feito de
taipa, mas sabidamente esse tipo de construção não é identificado na região (E-
SUS, 2023).

A figura abaixo mostra a área de abrangência da equipe 73, sendo


possível observar nela o componente urbano e rural, como foi referido no
cadastramento individual. A área de plantação conta com culturas rotativas entre
milho, soja, feijão e trigo.

Figura 2- Área equipe 73

Fonte: FOZ DO IGUAÇU, 2023.

A distância entre o ponto mais afastado e a UBS é de 1,4Km, sendo


possível percorrer esse percurso de carro, motocicleta, bicicleta ou a pé (figura 3).
Porém, para pedestres, as condições das vias não são as ideais, contando com
irregularidades na pavimentação, o que dificulta e torna inviável a locomoção de
cadeirantes e demais usuários com dificuldades de locomoção. Tornando-se
inclusive arriscado o percurso podendo ocasionar em acidentes e quedas, como
mostra as imagens 16.
Figura 3 – Distância da UBS

Fonte: GOOGLE MAPS, 2023.


Imagem 16 – Calçada irregular

Fonte- autora.

Imagem 17- Leito do córrego Vitória

Fonte- autora.
Sobre os tipos de imóveis registrados temos um total de 1686, sendo que
desses, um total de 1663 são cadastrados como domicílios. Foram cadastrados 9
pontos de comércio e 7 terrenos baldios, um deles está registrado na imagem 18,
sendo um ponto onde frequentemente serve como depósito a céu aberto de lixo, que
ali fica acumulado, significando um risco maior para proliferação de mosquitos,
roedores e escorpiões. A área ainda possui 1 escola municipal, sendo um ponto
estratégico para ações de promoção em saúde, além de 2 estabelecimentos
religiosos, que funcionam como espaços de convivência (E-SUS, 2023).

Imagem 18- Terreno baldio

Fonte- autora.

Sobre as condições de moradia, temos uma inconsistência nos dados


sendo que 98,2% dos registros foram marcados como não informados. Quanto ao
tipo de imóveis, temos majoritariamente casas, sendo 91% dos registros, e sobre as
condições de moradia temos novamente um grande déficit nos registros, sendo
informados 0,7% como proprietários, 0,1% como arrendatário e os demais como não
informado (E-SUS, 2023).

Quanto a disponibilidade de energia elétrica temos registrados que


possuem acesso 91% das moradias, sendo 3% informadas como não possuindo
acesso. No escoamento do esgoto 90% são coletados pela rede de tratamento,
sendo 1,8% registrados como uso de fossa séptica e 0,2% uso de fossa rudimentar.
Sendo assim, ainda faltam 10% dos domicílios contarem com acesso a rede de
tratamento do esgoto, pois o risco da proliferação de doenças e contaminação
ambiental existentes em outros meios que não o esgoto encanado e tratado são
maiores (E-SUS, 2023).

Outro ponto de atenção quando ao descarte de materiais são as


condições de destino dado ao lixo. Dos registros nos relatórios consolidados temos
que 87% foram informados como coleta de lixo, não possuindo registros quanto ao
lixo que é queimado/enterrado, ou descartado a céu aberto. Porém, 215 domicílios,
ou seja 13% não foram informados. Isso significa que não temos certeza do destino
do lixo nesses locais, podendo estar em risco dado a proliferação de vetores que é
conhecida quando o descarte não é feito da maneira correta (E-SUS, 2023).

Quanto ao abastecimento e o uso de água nos domicílios, estão


especificados nos gráficos 1 e 2. O ideal é que a água seja de fonte conhecida, de
preferência a água encanada que passa por um tratamento complexo pela Sanepar
que garante qualidade na água ofertada como demonstra o quadro 2. Sendo assim,
a água que é encanada deve ser filtrada ou fervida em domicílio, já a água de poço
deve ser clorada para prevenir e combater a proliferação de agentes infeciosos (E-
SUS, 2023).

Quadro 2 – Qualidade de água em Foz do Iguaçu-Sanepar


Característica Média dos últimos Mínimo/máximo permitido pela
analisada 30 resultados legislação
Cor 2,5 uH-Um.cor 15 uH-Um.cor
Fluoretos 0,8 mg/L 0,6 a 1,1 mg/L
Turbidez 0,43 NTU 5 NTU
pH 6,84 6 a 9,5
Cloro residual 1,1 mg/L 0,2 a 5 mg/L
Coliformes Totais 0 0 (ausente)
Escherichia coli 0 0 (ausente)
Fonte: SANEPAR, 2023. Adaptado.

Segundo os registros do cadastro, encontramos uma grande porcentagem


de famílias que não realizam tratamento de água no domicílio, sendo que
apresentam 139 registros de consumo de água clorada e somente 3 como
poço/nascente. Isso pode significar que a informação está sendo registrada de forma
inadequada ou que está sendo adicionado cloro na água de fonte não informada ou
na água encanada. Como visto no quadro 2 a água que é encanada já possui cloro
nos níveis adequados, sendo clorado em domicílio perde-se esse controle e pode
ocorrer um consumo excessivo dessa substância. Sendo indicado a adição de cloro
somente em água de poço, já a água encanada deve ser fervida ou filtrada em
domicílio, como já foi dito (E-SUS, 2023).

Gráfico 1- Abastecimento de água

Abastecimento de água
0% 7%
0%

93%

Rede encanada até o domicílio Poço/ Nascente no domicílio


Cisterna Carro pipa
Outro Não informado
Fonte: E-SUS, 2023 adaptado.
Gráfico 2 – Tratamento da água em domicílio

Água para consumo em domicílio


7% 3% 8%
1%

81%

Filtrada Fervida Clorada


Mineral Sem tratamento Não informado
Fonte: E-SUS, 2023, adaptado.

Quanto aos aspectos de renda familiar, temos que o Decreto número 11016,
2022, que estabelece a necessidade das famílias com renda familiar per capita de
até meio salário mínimo devem ser cadastradas no CadÚnico. Para que tenham
acesso aos benefícios previstos na lei. Contudo, no relatório de cadastro domiciliar e
territorial da equipe 73, extraído em fevereiro de 2022, os dados são apresentados
por família, e não como renda per capita. Porém, como mostra o gráfico 4, temos
uma grande falha no registro da renda familiar, onde 91% não foi informado
(BRASIL, 2022; E-SUS, 2023).
Gráfico 4- Renda familiar
0% 0% 4%
4%
0%0%
0%

91%

1/4 de salário mínimo Meio salário mínimo Um salário mínimo


Dois salários mínimos Três salários mínimos Quatro salários mínimos
Acima de quatro salários mínimos Não informado
Fonte: E-SUS, 2023, adaptado.

O problema da falta desses dados está na impossibilidade de reconhecer as


vulnerabilidades da população, para que ações mais efetivas de saúde sejam
realizadas. A presença de animais domésticos aumenta os riscos de conhecidas
doenças que podem acometer esses animais, especialmente cães e gatos, sendo
transmitidas para humanos. Esse problema se magnifica se os animais domésticos
tiverem contato com animais que vivem nas ruas. Dentre os registros, 162 domicílios
possuem animais domésticos, ou seja, 9,6% do total. Contudo, estão registrados
370 animais, isso dá uma média de cerca de 2,2 animais por domicílio, desses a
maioria são cães (E-SUS, 2023).
3 PERFIL DEMOGRÁFICO
O perfil demográfico permite conhecer as características da população
adscrita. Tratando-se da população da equipe 73, será apresentada uma análise dos
dados obtidos através do relatório consolidado de cadastro individual, comparando
com as situações ideais que constam nos protocolos oficiais.

3.1 Perfil demográfico geral


Segundo a PNAB, 2017, a população para cada equipe deve
corresponder até 3500 pessoas. Conforme registrado no relatório consolidado, a
equipe 73 atende a uma população de 5274, sendo 4428 cidadãos ativos. Isso
corresponde a um excedente de 27% da capacidade máxima ideal para população
abrangente da equipe. Dentro da população com cadastros ativos temos 47%
homens e 53% mulheres. Como mostra a pirâmide etária do gráfico 5 temos uma
semelhança com a pirâmide etária do município (figura 4). A tendencia com o passar
do tempo é que a pirâmide fique com a base (crianças e adolescentes) menor, ou
seja, nascimento de menos crianças, e aumente o ápice da pirâmide, que
corresponde ao número de adultos e idosos (BRASIL, 2017; E-SUS, 2023).

Contudo, nos números atuais da equipe 73 temos uma equivalência entre


a população de até 40 anos e a população acima de 40 anos. Sendo assim, as
ações devem ser voltadas para condições de saúde de diferentes faixas etárias,
especialmente entre os 5 e 29 anos, que é a faixa com maior número de pessoas.
Isso se repete na pirâmide do município sendo que a tendencia é aumentar com o
passar dos anos as ações para adultos e idosos e reduzir as voltadas ao cuidado
infantil pois essa faixa populacional será menor. De forma prática poderemos
observar uma redução da demanda dos cuidados infantis com o tratamento e
prevenção de infecções e um aumento das doenças crônicas não transmissíveis que
são relacionadas ao envelhecimento populacional (BORGES, 2017; E-SUS, 2023).
Gráfico 5- Pirâmide etária população equipe 73

Faixas etárias
80 anos ou mais 62
75 a 79 anos 30
70 a 74 anos 67
65 a 69 anos 97
60 a 64 anos 118
55 a 59 anos 144
50 a 54 anos 162
45 a 49 anos 143
40 a 44 anos 172
35 a 39 anos 177
30 a 34 anos 158
25 a 29 anos 201
20 a 24 anos 191
15 a 19 anos 191
10 a 14 anos 166
5 a 9 anos 164
0 a 4 anos 86
FEMININO MASCULINO

Fonte: E-SUS, 2023 adaptado.

Figura 4 – Pirâmide etária Foz do Iguaçu, 2010

Fonte: IBGE, 2010.

Dentro da identificação do usuário, a maioria se identifica como a cor


branca sendo 49% da população, como está explicito no gráfico 3. Comparado com
a cidade de Foz do Iguaçu-PR, onde a maioria (63,9%) se identificam como brancos.
O segundo maior grupo em ambas as populações são os pardos, 36% na população
da equipe e 30,5% na cidade de Foz. A população preta corresponde a 3,8% da
população da cidade e 2% da população da equipe. Algo interessante de se
observar nesse gráfico é que mesmo sendo uma informação obrigatória no relatório,
12% da população não informou. Isso se dá pela falta de conhecimento sobre o
assunto ou dificuldade do ACSs em abordar essa pergunta de forma a se obter um
registro adequado (IBGE, 2010; E-SUS, 2023).

Gráfico 3- Identificação do usuário / cidadão raça / cor

Raça/cor
12%

49%

36%

1% 2%

Branca Preta Amarela Parda Indígena Não informado


Fonte: E-SUS, 2023 adaptado.

Considerando a nacionalidade temos um total de 4417 brasileiros, 99,7%.


Duas pessoas são naturalizadas, 0,04%. Nove estrangeiros (2,26%), não havendo
registros sobre pessoas que não informaram sua na 2 nacionalidade. As pessoas
que possuem plano de saúde privado, apenas 34 pessoas, ou seja, 0,7% da
população. Sabendo disso, temos que 99,3% da população da área da equipe 73
depende do atendimento de saúde oferecido pelo SUS (E-SUS, 2023).
3.2 Perfil demográfico por grupos
Segundo a Linha de Cuidado Materno Infantil do Paraná, 2022, as
competências da atenção primária à saúde englobam conhecer as microáreas de
risco, estabelecer uma programação de atividades de promoção e prevenção por
meio das ações educativas e estratificar o risco de crianças menores de dois anos e
encaminhar para os serviços de referência de risco intermediário e alto risco, dentre
outros. Potencializando a ação do ACS no cuidado, favorecendo as visitas
domiciliares e a busca ativa desses pacientes (PARANÁ, 2022).

Como mostra o gráfico 4, temos que o total de crianças menores de 2


anos é de 37, sendo que 27 crianças da equipe 73 tem entre 1 e 2 anos. A
estratificação de risco deve ser definida, dentre outros, durante a visita domiciliar
pela busca ativa do recém-nascido. As tabelas de risco habitual (figura 5), risco
intermediário (figura 6) e alto risco (figura 7), estão adicionados a seguir (PARANÁ,
2022; E-SUS, 2023).

Gráfico 4- Crianças menores de 2 anos

Crianças menores de 2 anos

1 ano 12 15

Menos de 1 ano 2 8

0 5 10 15 20 25 30

Masculino Feminino
Fonte: E-SUS, 2023, adaptado
Figura 5 – Estratificação da criança risco habitual

Fonte: PARANÁ, 2022.

Figura 6 - Estratificação da criança risco intermediário

Fonte: PARANÁ, 2022.

Figura 6 - Estratificação da criança alto risco

Fonte: PARANÁ, 2022.


Como é possível observar nas figuras, todos os níveis de estratificação de
risco da criança têm em comum a atenção primária como local de atendimento. Isso
atende ao princípio da integralidade, que articula as ações de promoção, prevenção
e recuperação. Abordando o indivíduo e suas famílias de forma integral, levando em
consideração suas singularidades no processo de cuidado (OLIVEIRA, 2013).

Considerando os dados dos relatórios operacionais, temos um total de 33


crianças menores de dois anos, isso diverge dos dados do cadastro individual, que
conta com 37 crianças no total. Desses dados, temos registros de visitas dos ACSs
em 25, ou seja, 67% foram visitadas. Outro déficit está nos registros de puericultura,
onde somente 15 crianças tem registro de consulta de puericultura. Essa falha pode
estar acontecendo por registro inadequado no sistema, sendo assim, os dados não
são exportados para o E-SUS de forma adequada. Pois, quanto a consulta na
primeira semana de vida, algo que é preconizado como essencial na linha de
cuidado Mãe Paranaense, foi apenas 1 consulta das 37 crianças que constam no
relatório operacional (PARANÁ, 2022; E-SUS, 2023).

No caderno de Atenção Primária número 29, constam no rastreamento de


crianças a importância do teste do pezinho, orelhinha e olhinho nos primeiros dias
de vida. Contudo, muitos desses são realizados diretamente na maternidade, sendo
registrados na carteirinha da criança, porém esses dados não constam em nenhum
dos registros das crianças no relatório operacional do E-SUS. Isso dificulta a
identificação das crianças com necessidade de acompanhamento mais próximo pela
equipe de saúde, dificultando inclusive encontrar os casos de maior vulnerabilidade
dado a falta de registros (BRASIL, 2010; E-SUS, 2023).

Já entre a população menor de 5 anos, temos um total de 177 crianças,


sendo que dessas 36% são maiores de 4 anos. Isso significa que 64% das crianças
estão na faixa etária elegível para as consultas mais frequentes de puericultura.
Esse calendário estabelece 7 consultas no primeiro ano de vida, sendo idealmente 1
consulta na primeira semana, no primeiro mês, segundo mês, quarto mês, sexto
mês, nono mês e 1 ano. Consultas semestrais entre 1 e 2 anos, e consultas anuais
até os 5 anos (BRASIL, 2012; E-SUS, 2023).
Gráfico 5- Crianças menores de 5 anos

Crianças de 0 a 5 anos
70

60

50
33
40

30 13 17

20 15
31
10 23 23
8 12
0 2
Menos de 1 ano 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos

Masculino Feminino
Fonte: E-SUS, 2023

As doenças infecciosas são as principais fontes de morbimortalidade dos


pacientes das faixas etárias demonstrados no gráfico 5. Portanto, deve-se favorecer
a adesão dessa população aos cuidados de puericultura e imunização, pois o
calendário vacinal e de consultas devem idealmente ser concomitante, aproveitando
a presença do paciente na UBS. Sendo assim, as ausências nas consultas de
puericultura devem ser buscadas de forma ativa pelos ACSs, mitigando prejuízos da
baixa adesão dos serviços ofertados (BRASIL, 2012).

Na população feminina entre 25 e 64 anos, temos 1275 usuárias,


representando cerca de 29% da população total. As recomendações de
rastreamento para o câncer de colo uterino são a realização de Papaniculau a cada
três anos, após 2 resultados normais consecutivos com intervalo de 1 ano entre
eles. Conforme dados do E-Gestor, temos 738 pacientes vinculadas a UBS, sendo
que dessas 206 apresentam exame nos últimos 3 anos. Essa divergência de
informações dificulta a busca ativa das usuárias elegíveis, devendo ser avaliado em
caso a caso (SISAB, 2023; BRASIL, 2010).

O rastreio do câncer de mama serve para a detecção da neoplasia em


estágios iniciais da doença, onde a aplicação do tratamento está relacionada a
melhores prognósticos. Para tanto, as 521 mulheres com faixa etária entre 50 e 69
anos devem realizar mamografia bianual. Esse grupo representa 22% da população
feminina, devendo ser abordada sobre esse rastreio através do fortalecimento de
campanhas e durante os atendimentos na UBS ou nas visitas de ACS (BRASIL,
2010; E-SUS, 2023).

Nos programas de rastreamento, o grupo dos idosos está em ascensão. A


população maior de 60 anos da equipe 73, é composta por 675 usuários, ou seja,
15% do total. Nesse grupo, estão sobrepostos outros programas de rastreamento, e
deve-se pensar nas suas particularidades e riscos específicos. Um problema grande
é o rastreio oportunístico que ocorre uma vez que esses usuários procuram mais a
unidade básica de saúde. Porém, por ser menos efetivo e mais oneroso, deve-se
investir em programas estruturados de rastreio, incluindo essa população em ações
de saúde (BRASIL, 2013; E-SUS, 2023).

Já o rastreio de hipertensão arterial deve ser feito entre todos os maiores


de 18 anos, sempre que oportuno. Não estão estabelecidos um tempo para novas
medições, porém entre os pacientes que possuem pressão sistólica entre 120 e 139
mmHg e/ou diastólica entre 80 e 90 mmHg, seriam adequadas medições anuais.
Entre os pacientes com pressão menor que esses valores, podem ser realizadas
medições bianuais. Contudo, as medidas de pressão arterial são tomadas quando o
usuário procura a UBS por outros motivos, sendo aproveitado o momento de
acolhimento para registrar esse sinal vital e orientar quanto ao seguimento. Na
população da equipe 73 temos 3181 cadastrados, isso representa 71% do total
(BRASIL, 2013; E-SUS, 2023).

A população de adolescentes entre 10 e 19 anos na área da equipe 73 é


de 728 usuários. Essa população deve ser abordada em todas as oportunidades
sobre promoção de saúde, sendo importante identificar adolescentes sujeitos a
comportamento de risco, com promoção da imunização de forma adequada,
desenvolvimento de vínculos e favorecimento do diálogo aberto sobre questões de
saúde. Além de abordar a corresponsabilização pela saúde sexual e reprodutiva,
sendo respeitada sua autonomia prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente
(BRASIL, 2018; E-SUS, 2023).
4 PERFIL SOCIOECONÔMICO
Através do perfil socioeconômico é possível conhecer as características
da população, quanto aos parâmetros de renda, educação e ocupação. Além de
abordar outros elementos importantes no âmbito social e econômico relacionando-os
aos parâmetros municipais. Além de sugerir ações de prevenção e promoção de
saúde condizentes com a realidade local.

Temos na área de abrangência da equipe 73, apenas 34 pessoas


informadas como que possuem plano de saúde privado. Isso corresponde a 0,76%
da população total. Isso significa que 99,3% da população é dependente do sistema
de saúde público, portanto, faz-se necessário conhecer o perfil socioeconômico
dessa população pois ela é usuária do SUS.

4.1 Ocupação e renda


A renda familiar é um fator importante quando consideramos a
vulnerabilidade da população. Considerando os dados dos cadastros individuais e
de domicílios obtidos através do E-SUS, em fevereiro de 2022, temos um total de
1663 domicílios. Considerando uma população de 3,2 pessoas por domicilio, na
cidade de Foz do Iguaçu, esperamos na região uma população de 5322 pessoas.
Considerando os parâmetros brasileiros, temos 7,5% da população sobrevivendo
com menos de 145 reais por mês, ou seja, na extrema pobreza. Isso, calculado para
a população estimada da equipe 73, temos cerca de 400 pessoas extremamente
pobres (E-SUS, 2023; IBGE, 2010).

Nos relatórios consolidados, encontramos que um total de 9 registros de


usuários que sobrevivem na extrema pobreza. Considerando a população que vive
com menos de 1 salário mínimo, temos 60 usuários registrados nos relatórios
consolidados. Quando consideramos a pobreza a nível nacional, temos uma parcela
de 26,5% da população nessas condições, ou seja, encontramos um déficit de ao
menos 1350 pessoas. Isso é um grande problema se considerarmos a dificuldade de
acesso aos serviços de saúde que essa população possui, considerando sua
vulnerabilidade econômica. Sendo assim, esses usuários devem ser procurados de
maneira ativa, sendo registrado de forma adequada quanto a sua renda, uma vez
que está desconhecida pela equipe até o momento (E-SUS, 2023; IBGE, 2010).
A situação no mercado de trabalho da população da equipe 73, conforme
dados do relatório de cadastro individual, temos 42 desempregados. A escala de
vulnerabilidade familiar, elaborada por Coelho e Savassi, considera que o
desemprego atribui soma de 2 pontos para o risco familiar, ou seja, essas famílias já
tem maior risco de vulnerabilidade devido ao desemprego, correspondendo a 6% do
total de indivíduos que tiveram sua situação no mercado de trabalho informada. Já
os assalariados sem carteira de trabalho totalizam 3,9% desse grupo, os autônomos
sem previdência social correspondem a 10,8% desse total. Porém, temos 3775
casos que foram registrados como não informado, isso dificulta o conhecimento da
população e identificação dos mais vulneráveis (E-SUS, 2023).

Entre as ocupações predominantes temos pedreiro, com 16 registros,


empregado doméstico diarista com 15 registros, empregado doméstico nos serviços
gerais, motorista de carro de passeio ambos com 5 registros; vendedor ambulante,
açougueiro, ajustador mecânico, motorista de caminhão, costureira de reparação de
roupas ambos com 4 registros. Observa-se um predomínio das ocupações com
trabalho braçal, isso favorece as condições de saúde associadas a doenças que
acometem o sistema osteoarticular e musculares (E-SUS, 2023).

Algo observado, no dia a dia da unidade, foi a procura por atendimento


médico aumentada nos dias chuvosos, pelos trabalhadores da construção civil. Por
isso, deve existir uma flexibilização quanto aos horários de atendimento para
favorecer o acesso a essa população. Temos ainda 4285 registrados como não
informado, isso dificulta a elaboração de estratégias pois podem existir ocupações
mascaradas nesses números, que não estão sendo vistas nem são pensadas ações
para elas (E-SUS, 2023).

4.2 Educação
O analfabetismo, na escala de vulnerabilidade familiar, elaborada por
Coelho e Savassi, considera soma de 1 pontos para indivíduos nessa condição.
Considerando o relatório da equipe 73, temos 92 pessoas sem nenhum estudo, ou
seja, 9,6% da população informada. Sabendo que 4,67% da população de Foz do
Iguaçu-PR, se enquadra nesse grupo, teríamos uma concentração de analfabetismo
na área 2 vezes maior que os dados municipais. Conhecendo essa vulnerabilidade
da área, temos que esse grupo apresenta maior dificuldade para compreender sua
condição de saúde e doença, além da adesão ao tratamento ser prejudicada.
Devendo-se estabelecer estratégias de facilitação para que esses pacientes
consigam autonomia para realizar seu tratamento de forma adequada, além de
busca ativa para consultas na UBS (E-SUS, 2023, IBGE, 2010).

Considerando a escolaridade, temos 177 crianças menores que 5 anos.


Nos registros de curso mais elevado que frequenta ou frequentou temos 29 crianças
em creche. Isso corresponde a cerca de 16% do ideal, que seriam 100% das
crianças em creches. No ensino fundamental temos 243 registros e uma população
de 5 a 14 anos com 685 usuários. Sendo cerda de 35% do ideal. Está registrada 1
escola municipal na área de abrangência da unidade São João. Isso significa que há
uma grande defasagem entre a oferta de vagas e a demanda da região, sendo
necessário a abertura de novas vagas ou de novas instituições de ensino (E-SUS,
2023).

Somado a isso temos 519 crianças menores que 9 anos na região.


Dessas, 413 ficam com adultos responsáveis, ou seja 79,5%. Em creches ficam 55
crianças, correspondendo a 10,5%. Já as crianças com maiores riscos que são as
que ficam sozinhas, com outras crianças ou com adolescentes somam 5 crianças.
Seria importante identificar essas crianças e com ajuda da assistência social, ver a
possibilidade de novas vagas na escola do bairro, favorecendo a retirada dessas
crianças da situação de perigo. Além de procurar a crianças que foram registradas
como “outros”, para esclarecer melhor as condições dessas crianças e se for
necessário intervir com ações para correção das vulnerabilidades (E-SUS, 2023).

A população acima de 14 anos corresponde a 3566, estando registrado


como maior escolaridade um número de 185 registros, sendo 5,18% da população o
projetado no Atlas de Desenvolvimento Humano de Foz do Iguaçu, 2010, 24,7%, ou
seja, cerca de 880 usuários. Já a população com ensino superior, seguindo essa
projeção, seria de 13,4%, e considerando a população maior de 25 anos, que é de
2801 usuários, seriam esperados 375 registros. Encontramos 38 usuários com
registro de ensino superior, bem aquém do esperado (E-SUS, 2023).

Considerando que 3476 foram marcados como não informados, temos


uma ausência de informações sobre escolaridade em 78.5% dos usuários. Isso
implica em uma falta de informações mais condizentes com a realidade, faltando
para a elaboração de estratégias para melhorar a qualidade dos serviços de
educação prestados na região.

4.3 Grupos especiais


As pessoas com deficiência na área da equipe 73 são 118 indivíduos,
correspondendo a 2,6% da população. Comparando com os dados do censo temos
uma diferença grande entre o que foi informado e a porcentagem de 24% dos dados
estimados. Dentre os portadores de deficiência temos predomínio de 48% de
deficiência física, seguido de deficiência intelectual /cognitiva corresponde a 25%
dos casos da área, em terceiro lugar temos deficiência visual correspondendo a
13,5%, a deficiência auditiva com 6,7% e deficiência classificada como outras que
são 23% do total de Pessoas com Deficiência na área (E-SUS, 2023; IBGE 2010).

Comparando com os dados nacionais temos: deficiência visual com


0,36% da população da área e 3,4% na população nacional; deficiência intelectual
/cognitiva com 0,67% da população da área e 1,4% na população nacional;
deficiência auditiva com 0,18% da população da área e 1,1% na população nacional;
deficiência física com 1,28% da população da área e 2,3% na população nacional;
Observamos que a porcentagem na área é menor que todos os dados nacionais,
temos então a probabilidade de pessoas com deficiência na área não estarem
identificadas nesse relatório. Isso se torna um empecilho para a criação de
estratégias de cuidado voltados a população PcD, como visto no perfil ambiental, a
região conta com diversas dificuldades de infraestrutura que isolam essa população
da UBS, sendo necessário identificar esses usuários e promover o acesso por meio
de diferentes estratégias de busca (E-SUS, 2023; IBGE 2010).

Quanto a população LGBT, temos 239 pessoas que desejaram informar


a orientação sexual, desses temos 238 que se identificaram como heterossexual e 1
que se identificou como outro. Através da pesquisa Mosaico Brasil, de 2009, temos a
estimativa de que 10,4% da população masculina e 6,3% da população feminina
fazem parte da população LGBT, temos então um grande déficit no registro dessas
pessoas. Considerando que essa população, na sociedade em geral, sofre muito
preconceito, cabe a APS priorizar o atendimento de saúde favorecendo o acesso ao
sistema para esses usuários (E-SUS, 2023; BARROS, 2009).

5 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
O perfil epidemiológico é uma parte importante do diagnóstico situacional
por estudar a população em diferentes grupos, relacionando com seus indicadores
específicos. Isso engloba uma extensa análise das taxas calculadas com base nos
registros dos relatórios e os parâmetros ideais para a situação.

5.1 Crianças menores de 5 anos


As crianças entre 2 e 5 anos cadastradas na área são 140. Dessas, no
relatório operacional da criança, haviam 189 registros, e desses apenas 57 com
consultas realizada por médico ou enfermeiro. Dessas, apenas 33 foram realizadas
no último ano. Isso representa 23,5% das crianças cadastradas. A recomendação é
que se mantenham consultas mensais com profissional médico ou enfermeiro até 1
ano de vida. Após a cada 6 meses, e para crianças maiores de 3 anos sem riscos
adicionais, as consultas são anuais (PARANÁ, 2016).

Já crianças menores de 2 anos são um total de 37 cadastradas, dessas,


apenas 10 foram consultadas por médico ou enfermeira nos últimos 4 meses. Isso
representa 27% do total. Sendo ideal acompanhar 100% das crianças nessa
condição, se faz necessário buscar ativamente as crianças que não foram atendidas
nos últimos meses e dar seguimento a programação de consultas. Sabendo que o
calendário vacinal acompanha as consultas de puericultura, essas crianças correm o
risco de estarem sem receber as vacinas adequadas para a idade (PARANA, 2022;
E-SUS, 2023).

Sobre a vacinação, as crianças menores de 1 ano devem estar todas com


a vacinação em dia. Conforme registros no E-SUS, apenas 1 das 9 crianças atende
a esse critério. Temos então uma falha de 88% na cobertura vacinal para esse
público, sendo assim, consultas de acompanhamento e puericultura devem ser
marcadas além da realização de busca ativa desses usuários, com incentivo a
vacinação. Os profissionais devem estar atentos a forma de registro dos dados no
sistema para consolidação das informações (PARANÁ, 2022; PARANÁ, 2015; E-
SUS, 2023).
Considerando as visitas dos ACSs, é esperado que as crianças recebam
visitas periódicas sendo a primeira até o 5º dia de vida, para orientações quanto aos
cuidados com o bebê, observação da carteirinha e verificação se há falhas nas
vacinações ou nos registros dos testes de triagem neonatal. Além dessa, são
estabelecidas consultas mensais até o sexto mês, trimestrais entre o 6º e 12º mês,
duas consultas no segundo ano de vida e anuais a partir do 3º ano. Das crianças
menores de 5 anos temos que 14 delas receberam visita do ACS nos últimos 2
meses. Isso corresponde a 7,9%, das crianças menores que 5 anos na área. O ideal
é que 100% das crianças dessa faixa etária recebam visitas frequentes do ACS, e
que essa visita seja devidamente registrada no sistema (PARANÁ, 2015; E-SUS,
2023).

As consultas na primeira semana de vida são priorizadas em diversos


protocolos, por serem um momento crítico da vida da criança que necessita de
acompanhamento próximo da equipe de saúde. Diversos agravos conseguem ser
identificados nessa fase, algo que soma na redução da mortalidade dessa
população. Assim, temos que das 9 crianças menores que 1 ano cadastradas no
relatório individual, apenas 2 apresentam registro dessa consulta no relatório
operacional do E-SUS. Isso corresponde há 22,2% das crianças, sendo muito
aquém do esperado. Erros no registro dessa informação podem estar atrapalhando
a consolidação dessas informações no E-SUS (PARANÁ, 2022; E-SUS, 2023).

Além disso, o registro dos dados antropométricos dessa população é


fundamental. Através das medidas de peso, altura, perímetro cefálico e índice de
massa corporal, é possível classificar as crianças quanto ao seu estado nutricional.
Crianças que apresentam redução nesses valores, ou crescimento menor que o
esperado para a idade, correm risco de desnutrição e atraso no desenvolvimento.
Apenas 36 crianças têm esse registro no relatório, sendo 20% do total de crianças
menores que 5 anos. Segundo os dados relatados, todas as crianças apresentam
eutrofia ou estão com sobrepeso, portanto, faltam os registros das demais crianças
para identificar as que apresentam riscos nutricionais (PARANÁ, 2022; E-SUS,
2023).

Consolidando esses dados, conforme mostra o quadro 3, observamos um


déficit entre a população elegível e a que está sendo atendida. Isso revela uma
fragilidade quanto a continuidade do cuidado da população. Para garantir isso, é
importante a manutenção do vínculo e realização de ações para essa população de
forma periódica e programadas.

Quadro 3- Perfil epidemiológico crianças menores que 5 anos


População
Total em nº atendida
Grupo Parâmetro
absoluto Nº absoluto/
porcentagem
Crianças de 0 a 1 ano 9 Vacinação em dia 1 / 11%
Crianças de 0 a 1 ano 9 Consulta com médico ou 2 / 22%
enfermeiro até o 7º dia de
vida
Crianças de 0 a 2 anos 37 Consulta com médico ou 10 / 27%
enfermeiro nos últimos 4
meses
Crianças de 2 a 5 anos 140 Consulta com médico ou 33 / 23,5%
enfermeiro no último ano
Crianças de 0 a 5 anos 177 Receberam visita do ACS 14 / 7,9%
nos últimos 2 meses
Crianças de 0 a 5 anos 177 Registro dos dados 36 / 20%
antropométricos
Fonte: E-SUS, 2023, adaptado

Através de um planejamento adequado, é possível incluir essa população


que não está sendo acompanhada nas buscas ativas e realizar uma revisão nos
dados do cadastro. Isso permite que as informações registradas nos atendimentos
sejam devidamente exportadas para o sistema nacional.

5.2 Gestantes
A gestação é uma condição da saúde da mulher que inspira cuidados
médicos. Pois, a identificação de determinadas doenças e agravos da gravidez
devem ser feitos o mais rápido possível para garantir o desenvolvimento do bebê e
preservar a saúde materna. As consultas com profissional médico ou enfermeiro
devem ser no mínimo 6 se a gestante for de risco habitual. Para gestantes
classificadas como alto risco, são somadas além das consultas com profissionais da
atenção primária as consultas com obstetra e os demais acompanhamentos que
forem necessários conforme o quadro clínico da gestante (PARANÁ, 2022).
Na área da equipe 73, temos um total de 13 gestantes cadastradas no E-
SUS. Dessas, apenas 5 possuem consulta com médico ou enfermeiro no ultimo
mês, sendo 38% do total, as demais gestantes possuem consultas há mais de 1 mês
ou não possuem consultas registradas em relatório. Considerando as visitas dos
ACSs, no último mês, nenhuma das gestantes recebeu visita. Já as que foram
acompanhadas pelo odontólogo temos 2 registros de acompanhamentos na
gestação, ou seja, 15% do total de gestantes (E-SUS, 2023).

Entre as gestantes vinculadas a equipe 73 temos um déficit no registro da


idade gestacional e data provável do parto em 5 casos, ou seja 38% do total das
gestantes. Além disso, 2 pacientes estão com data provável de parto vencida, que
devem passar por consultas com até 42 dias do pós-parto, sendo 15% do total de
gestantes. Se considerarmos os dados do RP-Saúde Foz, temos 30 gestantes
vinculadas a equipe, sendo 20% delas de alto risco e 80% de risco habitual ou risco
intermediário. Estando acima do esperado no estado do Paraná, onde somente 15%
das gestantes são de alto risco (RP-SAÚDE, 2023; E-SUS, 2023; PARANÁ, 2022).

Como observamos no quadro 4, temos novamente uma diferença entre os


registros do E-SUS, e do RP-Saúde. Além dessa diferença entre os registros, temos
uma porção pequena de gestantes que recebem o atendimento adequado, em
comparação com o total de gestantes na área. Conforme o preconizado, 100% das
gestantes devem ser acompanhadas e receberem atendimento integral durante todo
o período de pré-natal, parto e puerpério (PARANÁ, 2022).

Quadro 4- Perfil epidemiológico gestantes E-SUS

GESTANTES
População atendida
Parâmetro Nº absoluto/
porcentagem

Consulta com médico no último mês 5 / 38%


Receberam visita domiciliar do ACS no último mês 0
Sem registros de data provável do parto 5 / 38%
Apresentam data provável do parto vencida 2 / 15%
Gestante com consulta atrasada 1 / 7,5%
TOTAL 13 / 100%
Fonte: E-SUS, 2023, adaptado

O quadro 5 apresenta uma consolidação dos dados do RP-SAÚDE, onde


observamos uma diferença dos dados em comparação com o quadro anterior. Isso
significa que as informações do E-SUS estão desatualizadas ou que não estão
sendo exportadas da forma correta, existindo essa diferença entre os registros dos
dois sistemas (RP-SAÚDE, 2023; E-SUS, 2023).

Quadro 5- Perfil epidemiológico gestantes RP-SAÚDE FOZ

GESTANTES
População atendida
Parâmetro Nº absoluto/
porcentagem

Gestantes de alto risco 6 / 20%


Gestante de risco habitual e intermediário 24 / 80%
Consulta com odontólogo 9 / 33%
TOTAL 30 / 100%
Fonte: RP-SAÚDE, 2023, adaptado

5.3 Adolescentes
Nenhuma gestante adolescente está registrada na área da equipe 73.
Foram consultados os relatórios do E-SUS e do RP-Saúde e 4 registros são
identificados no E-SUS como sendo da equipe 73, porém não aparecem nos
relatórios consolidados. Isso pode ocorrer por inconsistências nos dados
cadastrados dessas pacientes, portanto não é possível obter maiores informações
sobre o estado de saúde dessas pacientes e seu acompanhamento pré-natal (E-
SUS, 2023; RP-SAÚDE, 2023).

5.4 População adulta e idosa


A diabetes mellitus e a hipertensão arterial sistêmicas são as doenças
crônicas não transmissíveis mais prevalentes no país. Estando associadas a
complicações com alta morbimortalidade, o diagnóstico deve ser realizado de forma
precoce e o acompanhamento deve ser realizado de maneira próxima pela equipe
de saúde da família. Para isso deve ser calculado o risco cardiovascular e realizado
rastreio para todos os pacientes maiores de 18 anos (BRASIL, 2013).

Considerando dados do cadastro individual e relatórios operacionais da


equipe 73, temos uma população de hipertensos registrados de 287 pessoas, ou
seja cerca de 9% da população. Considerando os dados do VIGITEL, 2020, temos
21,1% da população de Curitiba-PR hipertensa. Trazendo isso para a equipe 73,
seriam esperadas 675 pessoas, temos então uma diferença de 388 pacientes que
não foram diagnosticados e que não estão sendo acompanhados para essa
condição de saúde. Além disso, 595 pessoas são registradas com hipertensão auto
referida, sendo 18,5% da população total. Dessas, 308 não foram consultadas por
médico ou enfermeiro, sendo 51,7% do total, que devem ser procurados por busca
ativa para atendimento (BRASIL, 2020; E-SUS, 2023).

Está preconizado que hipertensos devem ser consultados regularmente,


sendo estabelecido uma consulta anual para usuários com baixo risco
cardiovascular, duas consultas ao ano para risco cardiovascular moderado. Para
pacientes com alto risco cardiovascular as consultas devem ser ao menos 3 vezes
ao ano. Considerando os hipertensos com consultas realizadas por médico ou
enfermeiro com menos de 6 meses, temos 163 usuários, isso representa 27% do
total de hipertensos, sendo necessário realizar uma melhor programação regular do
atendimento desses pacientes (BRASIL, 2013; E-SUS, 2023).

Quanto ao rastreamento de risco cardiovascular, que é realizado através


de exames periódicos, não há registros de pacientes que foram rastreados no último
ano. Isso provavelmente se deve a um erro no registro desses dados, que não são
consolidados de forma adequada no E-SUS. Já os hipertensos que receberam visita
do ACS nos últimos 2 meses, temos 78 pessoas que foram visitadas. Isso
representa 13% do total, sendo importante reforçar as visitas periódicas para esse
grupo (BRASIL, 2013; E-SUS, 2023).

Observamos que novamente existe uma grande diferença entre a


população alvo e a população que é atendida. Considerando o risco que envolve a
população hipertensa, temos que mais de 70% encontra-se sem atendimento
médico ou de enfermagem nos últimos 6 meses. Como mostra o quadro 5.
Quadro 5- Perfil epidemiológico população hipertensa

HIPERTENSOS
População atendida
Parâmetro Nº absoluto/
porcentagem

Sem registros de consultas com médico ou


308 / 51,7%
enfermeiro

Consulta com médico ou enfermeiro nos últimos 6


163 / 27%
meses

Receberam visita do ACS nos últimos 2 meses 78 / 13%


Fonte: E-SUS, 2023, adaptado

Quanto ao uso do tabaco, que é fator de risco para inúmeras doenças e


piora o prognóstico das doenças cardiovasculares, temos 293 pessoas que auto
referiram o tabagismo. Sendo que segundo dados do VIGITEL, 2019, temos 11,3%
da população maior de 18 anos tabagista. Na área da equipe 73 essa porcentagem
é de 9,1%, sendo menor que a referência. Isso pode significar que existem
tabagistas não registrados na área, ou seja, que estão sem acompanhamento e que
podem desenvolver agravos devido ao uso do tabaco (BRASIL, 2020; E-SUS,
2023).

Estão registradas 97 pessoas que apresentam hipertensão arterial e


diabetes simultaneamente. Essa população está sob um risco maior pois essas
doenças predispõem ao aparecimento de diversos agravos. Portanto o cuidado da
equipe deve ser em manter um acompanhamento efetivo e garantir que o paciente
de seguimento ao tratamento. Isso representa 16% do total de hipertensos e 80% do
total de diabéticos. Portanto, deve-se considerar o rastreio dessas condições e
agravos em todos os atendimentos realizados pelos profissionais de saúde da
equipe (E-SUS, 2023).

Considerando dados do cadastro individual e relatórios operacionais da


equipe 73, temos uma população de diabéticos registrados de 192 pessoas, ou seja
cerca de 5,9% da população maior de 20 anos. Segundo os dados do VIGITEL,
2020, temos 7% da população de Curitiba-PR é diabética, sendo 7,9% se
considerarmos a população da região Sul. Trazendo isso para a equipe 73, seriam
esperadas 225 pessoas, temos então uma diferença de 30 pacientes que não foram
diagnosticados e que não estão sendo acompanhados para essa condição de saúde
(BRASIL, 2020; E-SUS, 2023).

Está preconizado que hipertensos devem ser consultados no mínimo 3


vezes ao ano. Considerando os diabéticos com consultas realizadas por médico ou
enfermeiro com menos de 4 meses, temos 55 usuários, sendo 28,6% do total de
diabéticos. Sendo necessário realizar uma programação regular de atendimento
para pacientes, evitando o espaçamento dos atendimentos (BRASIL, 2013; E-SUS,
2023).

Quanto ao rastreamento de risco cardiovascular, que é realizado através


de exames periódicos, não há registros de pacientes que foram rastreados no último
ano. Isso provavelmente se deve a um erro no registro desses dados, que não são
consolidados de forma adequada no E-SUS. Já os diabéticos que receberam visita
do ACS nos últimos 2 meses, temos 19 pessoas que foram visitadas. Isso
representa 9,89% do total, sendo importante reforçar as visitas periódicas para esse
grupo. Quanto as consultas odontológicas, temos 7 diabéticos atendidos pela
odontologia no ultimo ano, sendo 3,64% do total de diabéticos (BRASIL, 2013; E-
SUS, 2023).

Podemos observar, no quadro 5, que mais de 50% dos diabéticos não


estão sendo atendidos de forma regular na UBS. Isso inspira maior atenção da ESF,
para programar consultas e busca ativa, pelos ACSs para essa população (E-SUS,
2023).

Quadro 5- Perfil epidemiológico população diabética

DIABÉTICOS
População atendida
Parâmetro Nº absoluto/
porcentagem

Consulta odontológica no último ano 7 / 13,64%

Consulta com médico ou enfermeiro nos últimos 4


55 / 28,6%
meses
Receberam visita do ACS nos últimos 2 meses 19 / 9,89%
Fonte: E-SUS, 2023, adaptado
Dentro dos agravos mais comuns decorrentes tanto da hipertensão
quanto do diabetes, temos o infarto e o acidente vascular cerebral. Foram
registradas 16 pessoas que infartaram, ou seja, 0,5% da população maior de 20
anos. Já os que tiveram acidente vascular cerebral, somam 27 pessoas,
correspondendo a 0,8% da mesma população. Esses dados divergem do VIGITEL,
2019, que mostra uma taxa de 1,8% para esse agravo entre a população maior de
18 anos (E-SUS, 2023; BRASIL, 2020).

5.5 População com outras condições de saúde


Considerando os dados do relatório consolidado do E-SUS, temos
registro de 2 pessoas com tuberculose e de zero com hanseníase. Tendo em vista
dados da VIGITEL 2019, temos um total de 35,1 casos a cada 100 mil habitantes, na
população da equipe 73 essa taxa é de 45,1 casos a cada 100 mil habitantes, ou
seja, é maior que a taxa nacional. Sabemos que o tratamento da tuberculose é longo
e que toda a família deve ser acompanhada, por isso é importante manter as visitas
frequentes do ACSs para essa população, além das consultas médicas regulares
para avaliar a evolução clínica e efetividade do tratamento (E-SUS, 2023; PARANÁ,
2015; BRASIL, 2020).

A população acamada está em uma situação de maior vulnerabilidade e


necessita da visita dos profissionais de saúde para atendimento domiciliar. Isso pode
ser articulado entre a equipe de saúde e os ACSs tem um papel muito importante
nesses casos. Considerando os dados do E-SUS temos 12 acamados e 35
domiciliados na área da equipe 73, correspondendo há 1,6% da população da área.
Além disso, 66 pessoas, ou seja, 1,4% da população foi internada nos últimos 12
meses (E-SUS, 2023; PARANÁ, 2015).

A população que faz uso de drogas registrada é de 38 pessoas, sendo


cerca de 1% da população total que possui entre 12 e 65 anos da área. Temos
também 67 pessoas, ou seja, cerca de 1,5% de pessoas com diagnóstico de
transtorno mental. Esses dois grupos são populações que devido a própria condição
de saúde podem não ter uma boa noção de morbidade, podendo postergar a
procura de atendimento médico, podendo evoluir com agravos. Além disso, temos
dados de 2017 que mostram que 3,2% da população brasileira consome substancias
ilícitas, tendo então uma diferença entre os dados que eram esperados e os que
foram registrados na área (E-SUS, 2023; BASTOS, 2017).

Estão registradas 33 pessoas com asma, isso representa cerca de 2%


considerando a população maior de 18 anos. Conforme dados do VIGITEL, 2019,
temos uma incidência de 6,2% de asma para a população maior de 18 anos.
Observando isso, podemos constatar que essa diferença entre os dados nacionais e
o esperado é devido a falta de registros adequados ou esses pacientes estão
descobertos. O mesmo acontece com pessoas acima do peso, temos uma taxa
nacional de sobrepeso de 53,7% na população acima de 18 anos, enquanto na
população da equipe 73 apenas 7,5% da mesma faixa etária da população foi
registrada nesse grupo (E-SUS, 2023; BRASIL, 2020).

Já quando consideramos as pessoas com doença renal crônica, tanto os


dados nacionais quanto a taxa da população na área da equipe 73 é de 1,5% para
pessoas acima de 20 anos. Porém, quando consideramos as pessoas
diagnosticadas com câncer, temos uma diferença entre a taxa de incidência de
câncer na região Sul, que é de 3,5% em 2019. Na população da equipe 73 temos
1,2%, ou seja, 40 pessoas da população acima de 18 anos com câncer. Podemos
observar a expressão gráfica desses dados logo abaixo (E-SUS, 2023; BRASIL,
2020).
Gráfico 6- Outras condições de saúde
100%

15,82%
90%
27,84% 28,32% 28,3% 27,55% 28,01% 27,8% 29,75%
30,56%
80%

70%

60%

50%

82,7%
40%
71,9% 70,9% 71,7% 71,6% 71,1% 71,6%
69,4% 69,9%

30%

20%

10%

12; 35; 0; 2; 38; 40; 27; 16; 66;


0,26% 0,78% 0% 0,04% 0,85% 0,89% 0,6% 0,35% 1,48%
0%
C

o
o

do

rto
er
se

as

an
ad

AV
os

nc
ci t
a
lia

fa

ul
m

o

de
i lí

in
i ci

rc
e

tim
a

ns
Ac

de
as
be
m

de
ico
Ha

ul
Do

og
Tu

ico

ico
ór

no
dr

st
ór

ór
o

ão
Hi
st

st
Us


Hi

Hi

rn
te
In

sim não não informado


Fonte: E-SUS, 2023
Além disso, observamos que grande parte dos dados são registrados
como não informado. Isso prejudica a identificação da população da área e impacta
no resultado final. Vemos no gráfico 6 que os registros de “não informado” chegam a
30% (E-SUS, 2023).

6 INDICADORES DE FINANCIAMENTO
Através da análise dos indicadores de financiamento compara os dados
registrados no E-Gestor AB e os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Isso possibilita conhecer os pontos críticos para estabelecer metas de atuação
específicos e adequados.

6.1 Indicadores da atenção básica


Os indicadores definidos pelo Ministério da Saúde, atendem as áreas de
ação estratégica de saúde da mulher, saúde da criança, pré-natal e condições
crônicas. Foram selecionados por atenderem os critérios de disponibilidade,
simplicidade, granularidade, periodicidade, baixo custo de obtenção, adaptabilidade,
rastreabilidade e representatividade dos dados utilizados no cálculo. Os dados
obtidos pelo SISAB serão calculados e servirão como monitoramento para o
financiamento da atenção básica de forma quadrimestral. Podemos observar na
figura abaixo, os parâmetros (valor de referência ideal), as metas (valores de
referência ponto de partida para a mensuração da qualidade) e os pesos (fator de
multiplicação que leva em consideração a relevância clínica e epidemiológica das
condições de saúde) (BRASIL, 2022b).

Figura 8 - Indicadores de pagamento por desempenho


Fonte: BRASIL, 2022b

Podemos observar no quadro 7, a série dos indicadores da cidade de Foz


do Iguaçu, no último quadrimestre de 2018 até 2022, em comparação com os
resultados da equipe de ESF 73. Temos uma diferença na classificação para cada
indicador, sendo utilizada a visualização semafórica com a seguinte legenda:

 Se menor que 40% da meta: vermelho


 Se entre 40% e 69% da meta: laranja
 Se entre 70% e 99% da meta: verde
 Se maior ou igual a meta: azul

Quadro 7- Série histórica comparativa dos indicadores


SÉRIE HISTÓRICA
EQUIPE FOZ DO
PARÂMETRO ANO Q*
73 IGUAÇU
Proporção de gestantes com pelo menos 6 1º 0% 0%
consultas pré-natal realizadas, sendo a 1º até a 2018 2º 0% 1%
12º semana de gestação 3º 0% 2%
1º 18% 21%
2019 2º 54% 32%
3º 32% 35%
1º 11% 39%
2020 2º 38% 51%
3º 47% 56%
2021 1º 53% 72%
2º 11% 57%
3º 21% 59%
1º 60% 40%
2022 2º 29% 47%
3º 38% 42%
1º 0% 0%
2018 2º 0% 0%
3º 0% 6%
1º 23% 20%
2019 2º 46% 30%
3º 44% 38%
1º 41% 52%
Proporção de gestantes com realização de
2020 2º 34% 61%
exames para sífilis e HIV 3º 63% 66%
1º 63% 83%
2021 2º 11% 68%
3º 32% 72%
1º 100% 64%
2022 2º 100% 72%
3º 62% 63%
1º 0% 0%
2018 2º 0% 0%
3º 11% 8%
1º 27% 21%
2019 2º 17% 22%
3º 52% 25%
1º 22% 24%
Proporção de gestantes com atendimento
2020 2º 6% 19%
odontológico realizado 3º 11% 11%
1º 5% 24%
2021 2º 5% 31%
3º 32% 39%
1º 87% 43%
2022 2º 21% 45%
3º 15% 39%
1º 0% 9%
2018 2º 14% 10%
3º 17% 12%
1º 22% 13%
2019 2º 23% 13%
3º 21% 15%
1º 22% 14%
Proporção de mulheres com coleta de
2020 2º 21% 14%
citopatológico na APS 3º 22% 20%
1º 21% 21%
2021 2º 15% 21%
3º 14% 21%
1º 21% 23%
2022 2º 22% 24%
3º 28% 26%
Proporção de crianças de 1 ano de idade 1º - 100%
vacinadas na APS contra Difteria, Tétano, 2018 2º - 100%
Coqueluche, Hepatite B, Infecções causadas por 3º - 96%
haemophilus influenzae tipo B e Poliomielite 2019 1º - 94%
2º - 85%
3º - 43%
1º - 67%
2020 2º - 72%
3º - 89%
1º - 68%
inativada 2021 2º - 26%
3º - 19%
1º 80% 66%
2022 2º 83% 79%
3º 90% 67%
1º 0% 0%
2018 2º 6% 3%
3º 6% 6%
1º 10% 11%
2019 2º 20% 12%
3º 18% 12%
1º 13% 9%
Proporção de pessoas com hipertensão, com
2020 2º 4% 6%
consulta e pressão arterial aferida no semestre 3º 4% 7%
1º 1% 8%
2021 2º 4% 8%
3º 10% 10%
1º 23% 11%
2022 2º 33% 17%
3º 29% 18%
1º 0% 0%
2018 2º 0% 1%
3º 1% 4%
1º 1% 5%
2019 2º 1% 5%
3º 0% 6%
Proporção de pessoas com diabetes, com 1º 6% 6%
consulta e hemoglobina glicada solicitada no 2020 2º 7% 6%
semestre 3º 13% 11%
1º 14% 14%
2021 2º 19% 19%
3º 23% 28%
1º 14% 12%
2022 2º 23% 18%
3º 16% 20%
*Q: Quadrimestre

Fonte: SISAB, 2023

Podemos observar que nos índices Proporção de gestantes com pelo


menos 6 consultas pré-natal realizadas, sendo a 1º até a 12º semana de gestação e
Proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e HIV, tivemos uma
melhora nos indicadores tanto no município quanto na equipe. Já o indicador
Proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado, teve melhora nos
índices municipais e manutenção dos índices da equipe. Quando ao 4º indicador,
Proporção de mulheres com coleta de citopatológico na APS, tivemos uma melhora
do índice no último quadrimestre, sendo a primeira vez no período analisado que foi
classificado como verde (SISAB, 2023).

No 5º indicador, Proporção de crianças de 1 ano de idade vacinadas na


APS contra Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B, Infecções causadas por
haemophilus influenzae tipo B e Poliomielite inativada, os dados do município
sofreram uma expressiva queda de 2019 até 2021, tendo uma recuperação em
2022, finalizando o ultimo quadrimestre tanto o município quanto a equipe com
índice verde. Já os indicadores Proporção de pessoas com hipertensão, com
consulta e pressão arterial aferida no semestre, e Proporção de pessoas com
diabetes, com consulta e hemoglobina glicada solicitada no semestre, temos os
piores índices da série de dados estando majoritariamente classificados como
vermelho (SISAB, 2023).
O indicador sintético final é um resultado dos indicadores calculados com
seus devidos pesos. Observando a série histórica do município de Foz do Iguaçu,
podemos identificar uma progressiva melhora até o segundo quadrimestre de 2022.
Isso ocorre dado a capacitação dos profissionais de saúde da atenção básica sobre
o adequado registro das informações, além de melhorias em infraestrutura que
permitem atendimentos melhores e de mais qualidade. Observamos uma queda do
segundo para o terceiro quadrimestre de 2022. Dados anteriores ao terceiro
quadrimestre de 2020 não estão disponíveis. No quadro 8, observamos esse padrão
(SISAB, 2023).

Quadro 8- Índice Sintético Final Foz do Iguaçu-PR


INDÍCE SINTÉTICO FINAL
Ano Quadrimestre Resultado
2020 3º 4,24
1º 4,67
2021 2º 5,62
3º 6,36
1º 6,04
2022 2º 6,97
3º 6,89
Fonte: SISAB, 2023.
6.2 Validação dos atendimentos
Quanto a validação dos atendimentos para serem contabilizados nos
indicadores, podemos classifica-los em quatro grupos: Pré-natal, Saúde da Mulher,
Saúde da Criança e Doenças Crônicas.

6.2.1 Pré-natal
Para a validação das gestantes no indicador 1, 2 e 3 é necessário dados
de identificação (nome, cartão nacional de saúde e CPF). Informações sobre data da
ultima menstruação, data da primeira consulta pré-natal, apresentar idade
gestacional calculada no primeiro atendimento, apresentar data provável do parto
registrada, apresentar a quantidade total de consultas/atendimentos realizados na
APS entre a data da última menstruação e a data provável do parto. Além do registro
da realização dos exames de sífilis e HIV no período pré-natal, juntamente com a
consulta com odontólogo no mesmo período (SISAB, 2023; BRASIL, 2022b).

Do total de 13 gestantes, 5 atenderam aos critérios do 1º indicador.


Tivemos 5 gestantes com a primeira consulta após a 12º semana de gestação e 3
que não tiveram o mínimo de 6 consultas no período registrado da data da ultima
menstruação até 14 dias após a data provável do parto. Para melhorar esse índice é
necessário ações de busca ativa das gestantes, para abertura de pré-natal, e
posteriormente o seguimento adequado nas consultas programadas (SISAB, 2023).

No segundo indicador, tivemos 5 gestantes que não foram registrados a


realização dos testes de sífilis e HIV. É importante que na primeira consulta do pré-
natal se realizem os exames de rastreio para IST, e além da realização desses, é
importante realizar o registro adequado no sistema. Essas gestantes são as mesmas
que não começaram o pré-natal até a 12º semana e também 4 delas não tiveram o
mínimo de 6 consultas no período. Percebemos assim que existe uma soma dos
fatores que prejudicam o atendimento e estão refletidos nos indicadores (SISAB,
2023).

Quanto ao atendimento odontológico, apenas 2 possuem registros dos


atendimentos no período de pré-natal. Seria uma estratégia para favorecer a adesão
da gestante a programação do atendimento odontológico no mesmo dia da consulta
pré-natal ou então no dia da coleta dos exames. Pois a gestante não precisaria se
deslocar em dias diferentes para os atendimentos, além de aproveitar a
oportunidade em que ela se encontra na UBS para a realização do atendimento.
Além de orientar aos profissionais de saúde bucal a importância do registro desse
atendimento, para que seja contabilizado como atendimento a gestante (SISAB,
2023).

6.2.2 Saúde da Mulher


Para validação das mulheres no indicador 2, é necessário dados de
identificação (nome, cartão nacional de saúde, CPF e data de nascimento).
Apresentar a data do último exame citopatológico nos últimos 3 anos, exames
realizados anteriormente a esse período não serão apresentados (BRASIL, 2022b).

Considerando os dados gerados para o indicador, temos 204 mulheres


que tiveram seu exame realizado e registrado atendendo a esses critérios, o total de
mulheres elegíveis é de 738, ou seja, apenas 27,6% foram contabilizadas. Isso
mostra uma falha em buscar ativamente essas pacientes e realizar adequadamente
o exame e o registro dele. Podem ser promovidos mutirões de coleta de exame
citopatológico, realizando em um dia pré-estabelecido sendo convidada a população,
para que as mulheres com exames desatualizados possam ser atendidas (SISAB,
2023).

6.2.3 Saúde da Criança


Para a validação das gestantes no indicador 5, é necessário dados de
identificação (nome, cartão nacional de saúde, CPF e data de nascimento). Além do
registro da data em que foi realizada a aplicação da 3º dose do imunobiológico
contra poliomielite e a vacina pentavalente. Existem 12 cenários possíveis, sendo
identificado o cenário A (idade entre 6 meses e 1 ano do denominador que foram
imunizadas com 3 doses de VIP somado a 3º dose de pentavalente celular) entre 9
das 10 crianças. Apenas 1 criança não possuía registros sobre as datas de
vacinação, não sendo classificada em nenhum dos cenários. A busca ativa é um
recurso muito importante nesse caso, identificando a criança para que possa ser
dado seguimento na vacinação (BRASIL, 2022b; SISAB, 2023).
6.2.4 Doenças Crônicas
Para que os atendimentos aos hipertensos e diabéticos sejam validados é
necessário conter os dados de identificação (nome, cartão nacional de saúde, CPF e
data de nascimento), ter sua condição de saúde sendo ela avaliada ou autorreferida,
sendo devidamente registrada. Além de registrar as consultas realizadas por médico
ou enfermeiro no período de 6 meses. Para os pacientes hipertensos é necessária a
realização e registro da aferição da pressão arterial. Para os diabéticos deve ser
realizado o pedido do exame hemoglobina glicosilada, no período de 6 meses
(BRASIL, 2022b).

Estão registrados 540 pacientes que atendem ao critério de hipertensão,


seja ela auto referida ou avaliada pelo profissional de saúde. Desses, apenas 159
foram incluídos por atenderem aos 2 demais critérios do indicador. Temos 160
pacientes que foram atendidos nos últimos 6 meses e 314 que tiveram registro da
pressão arterial nos últimos 6 meses. Essa diferença ocorre pois mesmo os
atendimentos realizados por técnicos de enfermagem são registrados as medidas
dos sinais vitais, estando incluída a pressão arterial, por isso existem mais medições
que consultas no último semestre (SISAB, 2023).

Identificando isso, podemos otimizar esses atendimentos de rotina para


que seja incluída uma consulta pelo médico ou enfermeiro. Dessa forma será
possível melhorar esse indicador pois são necessários tanto a consulta quanto a
aferição da pressão arterial para que esses dados sejam validados (SISAB, 2023).

Considerando os pacientes diabéticos temos apenas 36 que foram


incluídos no indicador, de um total de 223 pacientes. Desses, 71 foram consultados
por médico ou enfermeiro nos últimos 6 meses, e 48 foram solicitados exame de
hemoglobina glicosilada. Nesse caso, temos que muitos pacientes que passaram
por consulta não receberam o pedido do exame. Sabendo disso, os profissionais de
saúde devem ser orientados quanto a importância do exame e de realização
periódica, além de registrar adequadamente no sistema, a fim de que esse paciente
atenda os critérios desse indicador (SISAB, 2023).
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A garantia da oferta dos serviços nas Unidades Básicas de Saúde de
forma integral, gratuita e particularizada as necessidades territoriais de cada local
subentendem uma análise individualizada de cada população adscrita. De acordo
com as atribuições dos profissionais da APS, todos devem contribuir para que esses
objetivos sejam atingidos de forma adequada. Através do planejamento,
gerenciamento e avaliação conjunta das ações desenvolvidas.

Dessa forma, o diagnóstico situacional se estabelece nesses três


momentos: como fonte de dados para o planejamento, como referência para a
gestão e na forma de verificação dos resultados, uma vez que é possível comparar
os indicadores com outros momentos históricos. Isso favorece e fortalece a
elaboração de estratégias, podendo ser utilizado como marcador de sua efetividade.

Assim, o presente trabalho trouxe dados atualizados da equipe 73 da


UBS São João, como fonte de dados para as ações da própria equipe. Além de
servir como base comparativa para trabalhos futuros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASTOS, Francisco Inácio Pinkusfeld Monteiro et al. (Org.). III Levantamento


Nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira. 528 p Rio de Janeiro:
FIOCRUZ/ICICT, 2017. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34614. Acesso em: 20 de março de 2023.

BARROS, M.B.A. O mosaico epidemiológico brasileiro. Epidemiologia e serviços de


saúde. volume 18, nº4. Brasília-DF, 2009. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742009000400001. Acesso em 23 de fevereiro de
2023.

BORGES, E. et al; O Envelhecimento Populacional: Um Fenômeno Mundial. In:


DANTAS, E.H.M.; SANTOS, C.A.S. (coord); Aspectos biopsicossociais do
envelhecimento e a prevenção de quedas na terceira idade. P. 17-46. Joaçaba-
SC: Editora Unoesc, 2017. Disponível em:
ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/ppgpsi/ebooks/Aspectos_Biopsicossociais_do_env
elhecimento.pdf. Acesso em 14 de fevereiro de 2023.

BRASIL. Decreto nº 11.016, de 29 de março de 2022. Regulamenta o Cadastro


Único para Programas Sociais do Governo Federal, instituído pelo art. 6º-F da Lei nº
8.742, de 7 de dezembro de 1993.. Brasília-DF: Congresso Nacional. 2022.
Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=429465. Acesso em: 12
janeiro 2023.
BRASIL. Nota técnica nº 11/2022. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção
Primária à Saúde. 2022b. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/p
ortaldab/documentos/financiamento/nota_tecnica_11_2022.pdf. Acesso em: 23 de
março de 2023.

BRASIL. Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para


a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providencias. Brasília-DF: Congresso
Nacional. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA
%208.080%2C%20DE%2019%20DE%20SETEMBRO%20DE%201990.&text=Disp
%C3%B5e%20sobre%20as%20condi%C3%A7%C3%B5es
%20para,correspondentes%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.
Acesso em 12 de janeiro de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Diretoria da Atenção Básica. Caderno de Atenção


Primária: Rastreamento nº 29. Brasília-DF, 2010. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastream
ento.pdf. Acesso em: 15 de janeiro de 2023.

BRASIL. Portaria nº 2436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional


de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília-DF:
Ministério da Saúde, 2017. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html.
Acesso em: 10 jan 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Caderno de
Atenção Básica nº 33. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi
mento.pdf. Acesso em: 02 de fevereiro de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica:
hipertensão arterial sistêmica. Brasília-DF, 2013. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cr
onica.pdf. Acesso em: 13 de fevereiro de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na


atenção básica. Brasília- DF. 2018. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_adolescentes_atencao_
basica_2ed.pdf. Acesso em: 14 de fevereiro de 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019:
vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito
telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores
de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e
no Distrito Federal em 2019. Brasília-DF, 2020. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2019_vigilancia_fatores_ri
sco.pdf. Acesso em: 16 de fevereiro de 2023.

CNES. Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. Brasília-DF, 2023.


Disponível em: https://cnes.datasus.gov.br/. Acesso em 15 de janeiro de 2023.
E-SUS. Ministério da Saúde. Atenção Primária. Relatórios consolidados equipe
0000385050. 2023. Disponível em: http://esusab.saude.pmfi.pr.gov.br/ Acesso em:
14 de fevereiro de 2023.

FOZ DO IGUAÇU. Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. Secretaria Municipal de


Saúde. Diretoria de Atenção Básica (DIAB). Identificação das áreas de atuação
das equipes da DIAB, Foz do Iguaçu, 2023. Disponível em:
https://sites.google.com/view/diabfoz/in%C3%ADcio?authuser=0. Acesso em: 10 jan
2023.

GOOGLE, INC. Google Maps. Cidade de Foz do Iguaçu. 2023. Disponível em:
https://www.google.com/maps/search/maps/@-25.4696977,-54.6555444,12z/data=!
3m1!4b1 Acesso em: 16 fev 2023.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sinopse do censo


demográfico: 2010. Rio de Janeiro-RJ, 2010. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/bibliotecacatalogo?view=detalhes&id=249230
Acesso em: 12 janeiro 2023.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Distribuição da população por


sexo, segundo grupos de idade em Foz do Iguaçu: 2010. Rio de Janeiro-RJ,
2010. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/censo2010/apps/
sinopse/webservice/frm_piramide.php?
ano=2010&codigo=410830&corhomem=88C2E6&cormulher=F9C189&wmaxbarra=1
80. Acesso em: 20 janeiro 2023.

OLIVEIRA, M.A.C.; PEREIRA, I.C. Atributos essenciais da Atenção Primária e a


Estratégia de Saúde da Família. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília-DF,
volume 66, página 158-164. 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reben/a/5XkBZTcLysW8fTmnXFMjC6z/?lang=pt. Acesso em
15 de janeiro de 2023.

PARANÁ. Linha de cuidado Materno Infantil do Paraná. Secretaria da saúde.


Curitiba-PR, 2022. Disponível em:
https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_ restritos/files/documento/2022-
03/linha_guia_mi_gestacao_8a_ed_em_28.03.22.pdf. Acesso em: 13 de fevereiro de
2023.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Caderno de Atenção à


Saúde da Criança. Primeiro ano de vida. Curitiba-PR, 2016. Disponível em:
https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-
07/pdf4.pdf. Acesso em: 20 de março de 2023.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Protocolo de Atenção ao
Pré-natal. Risco Habitual. Curitiba-PR, 2015. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.
pdf. Acesso em: 15 de fevereiro de 2023.

RP-SAÚDE. Secretaria da saúde de Foz do Iguaçu. Dados administrativos da


gestante. 2023. Disponível em: https://rpsaude.pmfi.pr.gov.br/. Acesso em: 16 de
março de 2023.

SANEPAR. Companhia de Saneamento do Estado do Paraná. Resultado da


análise de Foz do Iguaçu: registro sobre as características da água distribuída.
Curitiba-PR. 2023. Disponível em: https://site.sanepar.com.br/conteudo/analise-da-
qualidade-da-agua. Acesso em: 17 fevereiro 2023.

SISAB. Sistema de informação em saúde para a Atenção Básica. Ministério da


Saúde. 2023. Disponível em: https://sisab.saude.gov.br/paginas/a
cessoRestrito/relatorio/municipio/indicadores/detalharIndicadoresDesempenho.xhtml
?i=202212000038505040. Acesso em: 13 de fevereiro de 2023.

Você também pode gostar