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Foz do Iguaçu
2021
ALEJANDRA DE LA CARIDAD HERNÁNDEZ HERBELLO
ALIDA SANCHEZ SERVIAT
BIANCA LIMA ALESSI
CESAR AUGUSTO BECKER LONGEN
FELIPPE SARACENI TECELÃO
LAUREN OLIVEIRA DE MELLO
MARIANA SOARES
2
RESUMO
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 5
3. PROCESSO DE PLANEJAMENTO 51
3.1 MOMENTO EXPLICATIVO 51
3.2 MOMENTO NORMATIVO 55
3.3 Momento estratégico 56
4
4. CONCLUSÃO 60
5. REFERÊNCIAS 61
5
1. INTRODUÇÃO
6
vertente, a realização do diagnóstico situacional de um território é essencial para
qualquer aspiração de mudança que venha ser implantada na região de cobertura
de uma equipe de saúde. Ademais, realizar a territorialização do local é fator
determinante para o bom desenvolvimento do DS, tendo em vista a importância do
território e da relação homem-ambiente no processo saúde-doença.
Por fim, vale mencionar que o uso aprofundado dos dados que foram
coletados para a realização deste trabalho é de extrema riqueza para representar,
ainda que em partes, a realidade sanitária do município.
7
2. RESULTADOS DIAGNÓSTICO SITUACIONAL EM SAÚDE E
TERRITORIALIZAÇÃO
Histórico da UAPS: A USF São Roque Anair Dos Santos de Quadros, com
fundação em julho de 2019. Possui esse nome em homenagem à técnica de
enfermagem Anair dos Santos de Quadros, natural de Prudentópolis/PR.
Localização: Rua Da Caratinga, 130, Jardim São Roque, Foz do Iguaçu-PR. CEP:
85853-709
8
há 2 anos. Sua formação é em Gestão Pública, com enfoque em saúde, além do
curso técnico em Enfermagem.
Horário das equipes: há 2 equipes de saúde na USF São Roque Anair Do Santos
Quadros, sendo que a equipe 75 trabalha no horário da manhã e à tarde a equipe
74.
9
Quadro 1, ambientes presentes e preconizados na UBS
3 Banheiro 1
4 Sala de imunização 1
5 Farmácia 1
7 Consultório indiferenciado/acolhimento 1
10 Sala de inalação 1
11 Sala de curativos 1
12 Sala de procedimento/coleta 1
13 Expurgo 1
19 Sala de gerência 1
21 Almoxarifado 1
22 Copa 1
10
26 Depósitos de resíduos contaminado 1
Meio utilizado pela UAPS para comunicação com a comunidade: há diálogo com
a associação de moradores, também tem o site da UAPS, Whatsapp, e-mail e a
caixa de sugestões.
Conselhos Locais de Saúde (CLS): Teve, mas não está ativo no momento.
11
O CLS participa do planejamento e monitoramento das ações desenvolvidas
pelas ES?: Não
Esse tópico tem por objetivo relatar as informações que obtivemos com a
equipe em relação a realidade diária da unidade, foram coletadas de maneira
informal, mas que ainda assim se mostram de grande valor visto que os
componentes da equipe são a máquina que faz com que a unidade esteja
funcionando da forma que está e, também, representa como fomos bem recebidos
na unidade e a colaboração da equipe com o desenvolvimento deste trabalho.
As duas equipes que compõem a unidade (74 e 75) se revezam nos turnos
para atendimento, dessa forma, sempre há uma equipe por turno. Ainda assim, as
emergências são atendidas independente da equipe a que o usuário pertence.
12
A unidade possui um automóvel que é utilizado, em maior parte, pelos ACS
para as visitas domiciliares e cadastro de domicílios mais afastados da unidade.
As gestantes costumam receber visitas uma vez por mês e no último bimestre
uma vez por semana.
Também foi relatado pela equipe 74 que existe uma microárea sobre sua
responsabilidade, chamada de “mata verde”, que está descoberta e fica na zona
rural do distrito.
13
2.2 PERFIL TERRITORIAL - AMBIENTAL
2.2.1 TERRITÓRIO
14
Figura 2 - tipo de imóvel
15
Figura 3 - mapa topográfico de Foz do Iguaçu
16
Figura 4 - Mapa da área 74
Fonte: Autores
17
2.2.4 URBANIZAÇÃO ACESSO
18
batido e sobre outras 208 residências não há informação. Faltam informações de
208 moradias.
O abastecimento de água da região é realizado, predominantemente, por
rede encanada até o domicílio (922). 57 moradias utilizam de poço e nascente, 2 por
outros meios. Faltam informações de 207 moradias.
Do total de 1188 residências na área 74, 475 têm animais. Ao todo, são
388 cachorros, 131 gatos, 32 pássaros e 17 outros animais não informados.
A situação das moradias da região: 608 é própria posse, 199 residências
são alugadas, 24 financiadas, 42 cedidas, 1 arrendada e 147 outros tipos de posse.
Não há informação de 167 moradias.
A construção das paredes externas dos domicílios é feita, principalmente,
com o uso de alvenaria com revestimento (935). 12 residências são feitas de
alvenaria sem revestimento, 21 de madeira aparelhada, 9 de material aproveitado e
3 de outros materiais. Faltam dados de 208 moradias.
Percebe-se que na maioria das residências não ocorre tratamento de água
para o consumo em domicílio (737). Em 72 residências a água é tratada por
filtração. Além disso, a água é fervida em 3 residências e em 33 é mineral. Não há
informação de 235 moradias.
Observa-se que a forma de escoamento do banheiro ou sanitário difere
entre as 1188 residências. Em 22 domicílios há a utilização do sistema de esgoto ou
pluvial, 560 utilizam fossa séptica, 398 usam fossa rudimentar e 4 escoam para o
céu aberto.
O número de domicílios com energia elétrica é 917. 5 moradias não
possuem esse tipo de energia e não foram coletados dados de 266 residências.
Nota-se que de 1188 residências, 962 domicílios têm seu lixo coletado, em
6 o lixo é queimado ou enterrado e não há nenhuma moradia que o lixo fica a céu
aberto.
19
Figura 6 - mapa inteligente
Fonte: autores
20
2.3 PERFIL DEMOGRÁFICO
Menos de 01 ano 17 9 26
01 ano 10 7 17
02 anos 16 7 17
03 anos 11 16 27
04 anos 19 19 38
05 a 9 anos 65 62 127
10 a 14 anos 76 49 125
15 a 19 anos 53 66 119
20 a 24 anos 74 78 152
25 a 29 anos 96 95 191
35 a 39 anos 76 97 173
45 a 49 anos 80 97 177
50 a 54 anos 86 83 169
55 a 59 anos 70 86 156
60 a 64 anos 52 59 111
65 a 69 anos 34 42 76
70 a 74 anos 25 34 59
21
75 a 79 anos 9 15 24
80 anos ou mais 16 13 29
Fonte: autores
22
Figura 8 - Pirâmide etária de Foz do Iguaçu 2010
23
Com relação a declaração racial o IBGE relatou em 2010 que 63,5% da
população residente em Foz do Iguaçu se autodeclarou branca, tal situação
mostra-se distinta da realidade encontrada na unidade de saúde, onde 72,4% da
população adscrita identifica-se como branca. Essa discrepância mostra-se presente
em outras raças/cores: segundo o IBGE (2010, Foz do Iguaçu) a autodeclaração de
raça/cor preta é 3,8%, enquanto no território da equipe 74 é 2,03%; amarela é
1,46%, enquanto no território é 1,79%; parda é 30,55%, enquanto no território é
22,8% e; indígena 0,28%, enquanto no território é 0%. Assim, observa-se que a
maior correspondência é a de raça/cor amarela, mostrando a menor diferença
percentual. Segue abaixo, gráficos comparando percentual de pessoas segundo
cor/raça entre a população de Foz do Iguaçu e a da área 74 da UBS São Roque
(gráficos 1 e 2).
Fonte: autores
24
Gráfico 2 - Identificação por cor/raça - Foz do Iguaçu
Fonte: autores
25
visitas são de fundamental importância em especial para atendimento ao lactente,
na puericultura e na imunização em idade correta principalmente da população
menor de 2 anos de idade. Essa parcela dos cidadãos representa cerca de 1,98%
da população atendida pela UBS, totalizando 43 crianças, como pode-se observar
na tabela 1.
Além disso, no contexto da população atendida pela UBS São Roque, 6,0%
da população é representada por crianças menores de 5 anos de idade. Nessa faixa,
têm-se os cidadãos elegíveis para atendimento de puericultura pelo
médico/enfermeiro.
26
população possui 20 anos ou mais e, portanto, se enquadra para rastreamento da
HAS.
27
2.4 PERFIL SOCIOECONÔMICO
28
Figura 9 - Renda familiar
CRIANÇAS DE 0 A 9 ANOS
29
divulgação como panfletos e cartazes gerados pelas unidades da saúde para a
população, são recursos audiovisuais tal qual informações em saúde a serem
divulgadas em frequências de rádio.
30
Figura 10 - Qual é o curso mais elevado que frequenta ou frequentou
31
A partir do gráfico 3, elaborado segundo o relatório individual da área 74,
nota-se que o número de não informados (88,5%), apesar desse fato que reflete
coleta de dados insuficiente, infere-se que a maioria das crianças de 0 a 9 anos
ficam com um adulto responsável (10,2%). Ademais, 1,3% ficam na creche.
Fonte:autores
SAÚDE PRIVADO
32
população local. Uma vez que se conheça os riscos aos quais o trabalhador está
exposto é possível instruí-lo a procurar os serviços de saúde quando demonstrar
determinados sinais. Entretanto, a análise desses dados possui valor comprometido
visto que a taxa dos que não informaram, subtraindo o número de crianças e
adolescentes (população até 19 anos) é de 51%.
Tabela 3 - Ocupação
Servente de obras 18
Técnico de enfermagem 14
Motorista de caminhão 14
Operador de caixa 14
Mototaxista 10
Pedreiro 10
Vigilante 8
Psicólogo clínico 8
Total 2225
Fonte: autor
33
mercado de trabalho, os ACS podem orientar para inscrição nos programas do
governo, tais como Bolsa Família e Centro de Referência da Assistência Social
(CRAS).
A análise dos cidadãos em situação de rua torna-se inviável uma vez que,
de acordo com as figuras 13 abaixo, todos os dados constam como não informados.
34
Figura 13 - Cidadão em situação de rua
35
2.4.7 População LGBT
De acordo com a figura 15, 1653 não quiseram informar a orientação sexual
e 150 constam como não informados. Dos 422 informados, 96,6% constam como
heterossexual. Além de 11 homossexuais, 1 bissexual e 1 como “outro”. Não existem
dados do censo dessa população para serem comparados aos dados nacionais e
das demais regiões. O que prejudica o estabelecimento de ações de promoção de
saúde para a população LGBT+. Existe demanda e projeto de lei (PL 420/2021) para
que essa população faça parte do Censo. De acordo com o agente comunitário de
saúde da USF São Roque, normalmente a coleta desses dados são evitados por
receio de constrangimento.
36
Figura 15 - informações sociodemográficas de orientação sexual
37
2.5 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
38
que informem sobre métodos contraceptivos, planejamento familiar e consequentes
problemas de uma gravidez precoce. De acordo com a pesquisa "Perfil
socioeconômico da maternidade nos extremos do período reprodutivo", divulgada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2005, as mães
brasileiras estão mais jovens e o número de meninas com idade de 10 a 19 anos
que já tiveram um filho vem crescendo. (IBGE, 2005)
No período analisado, houve um incremento relativo de mais de 80% no
número de mães de 10 a 14 anos e de mais de 38% no grupo daquelas com idade
entre 15 e 19. De forma que essas meninas passam de uma forma muito abrupta da
infância para uma maturidade sem o devido preparo, prejudicando toda uma
trajetória de escolaridade e ocupação. Além da gravidez precoce, a pesquisa do
IBGE também destaca um aumento da participação das mulheres de 40 a 49 anos
entre o grupo de mães pela primeira vez.
A urbanização, as mudanças sociais e econômicas e a globalização
impactaram o estilo de vida dos brasileiros. De forma que, nos últimos anos, está em
processo uma transição demográfica e epidemiológica, com o crescimento e a
prevalência de fatores como o envelhecimento, a obesidade e o sedentarismo,
fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT). Além disso, ocorre uma transição na atenção à saúde, pois os serviços de
saúde ofertados devem ser reorganizados para atender às novas necessidades.
(DUARTE, 2012)
As ações de promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) (figura 16) iniciam-se durante a gravidez, promovendo os
cuidados pré-natais e a nutrição adequada, passam pelo estímulo ao aleitamento
materno, pela proteção à infância e à adolescência quanto à exposição aos fatores
de risco (álcool, tabaco) e quanto ao estímulo aos fatores protetores (alimentação
equilibrada, prática de atividade física) e persistem na fase adulta e durante todo o
curso da vida. (SANTA CATARINA, 2019)
39
Figura 16 - Prevenção das DCNTs durante a vida
40
Gráfico 4 - Situação do usuários da área 74 da UBS São Roque em relação à hipertensão
arterial
Fonte: autores
Essa pequena baixa percentual, pode ser atribuída por se tratar de uma
condição frequentemente assintomática, o que dificulta o diagnóstico. Contudo,
como em números absolutos é o maior agravo de saúde encontrado nessa
população, há uma procura da unidade e gastos com recursos para atendimento dos
hipertensos. Portanto, os profissionais da APS têm importância primordial na
consolidação da Linha de Cuidado da HAS, por meio de estratégias de prevenção,
diagnóstico, monitorização e controle dessa doença, com a finalidade de fortalecer
e qualificar a atenção à pessoa com esta condição crônica, por meio da
integralidade, da longitudinalidade e a coordenação do cuidado em todos os pontos
de atenção. (BRASIL, 2014)
Outra doença crônica não transmissível (DCNT) relevante encontrada no
território é o diabetes, 6,9% da população adulta do território sofre desse agravo
(gráfico z), um valor muito próximo ao encontrado na cidade de Curitiba de acordo
com a pesquisa VIGITEL 2020, que foi de 8,2% e a PNS 2019, de 7,7% (gráfico 5).
Assim como a hipertensão arterial, o diabetes pode se manifestar em um indivíduo
41
apenas anos após sua instalação. E por ter consequências sistêmicas graves e
incapacitantes essa enfermidade merece atenção da equipe de saúde, tanto para
um diagnóstico precoce quanto para um acompanhamento atento multiprofissional.
(VIGITEL, 2020; PNS, 2019)
Fonte: autores
Ademais, foi verificado que apenas 8,9% da população adulta é tabagista
(gráfico 6), um percentual bem abaixo do VIGITEL 2020 referente à Curitiba, que é
de 12,0% e da PNS 2019, de 12,8%. (VIGITEL, 2020; PNS, 2019). De acordo com a
Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde [CID-10], o tabagismo integra o grupo de transtornos mentais
e comportamentais em virtude do uso de substância psicoativa (BRASIL, 2020). Ele
também é considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes
precoces em todo o mundo, dado que é fator de risco para o desenvolvimento de
uma série de doenças crônicas, tais como cânceres, doenças pulmonares e doenças
cardiovasculares (WHO, 2009; 2011).
42
Gráfico 6 - Situação do usuários da área 74 da UBS São Roque em relação ao tabagismo
Fonte: autores
43
No que se refere a pessoas que sofreram infarto ou Acidente Vascular
Encefálico (AVE), verifica-se que é uma população em vulnerabilidade e demanda
um maior por parte da unidade de saúde, sobretudo os ACS devem realizar o
cuidado regular, orientando o paciente e/ou o cuidador sobre o plano de tratamento
ou cuidado específico discutido com a equipe de acordo com cada paciente
(NÚCLEO DE TELESSAÚDE RIO GRANDE DO SUL, 2008). Nesse cenário,
percebe-se que na população adscrita à UBS São Roque há 44 pessoas que tiveram
infarto ou AVE, o que corresponde a 2,6% de indivíduos
Ainda no escopo de doenças que podem demandar maior gestão da
unidade no que se refere ao acompanhamento desses pacientes, é o câncer, muitos
casos têm uma grande chance de serem curados se detectados precocemente e
tratados. Nessa área há 36 pessoas diagnosticadas com câncer ou 2,1% da
população. Esse valor é inferior, porém próximo ao encontrado da PNS 2019, que foi
de 2,6% da população brasileira (PNS, 2019).
Câncer é um termo genérico para um grande grupo de doenças que pode
afetar qualquer parte do corpo, é definido pela rápida criação de células anormais
que crescem além de seus limites habituais e podem invadir partes adjacentes do
corpo e se espalhar para outros órgãos levando à morte. Cerca de um terço de
todos os casos de câncer poderiam ser evitados por meio da abordagem dos fatores
de risco pela atenção primária, como tabagismo, abuso de álcool, dieta inadequada
e inatividade física. (OPAS, 2020)
A doença renal crônica (DRC) é um problema de saúde pública em todo o
mundo. As causas de DRC terminal são múltiplas, porém, a hipertensão arterial e o
diabetes mellitus tipo 2 são, há décadas, as mais comuns e respondem a 63,5% dos
casos de DRC terminal no Brasil (SESSO, 2011). Segundo o relatório consolidado
de cadastro individual, há 17 pessoas com insuficiência renal crônica, o que
corresponde a 1,0% da população adulta e abaixo do percentual encontrado na PNS
2019 para a região Sul do Brasil, que é de 1,5% e 89 pessoas têm ou já tiveram
problemas nos rins, correspondente a 4% dos indivíduos da UBS. (PNS, 2019).
A asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por
hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo
44
aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento. Ela resulta de uma interação
entre genética, exposição ambiental a alérgenos e irritantes, e outros fatores
específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas (IV
Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma, 2006).
Anualmente ocorrem cerca de 350.000 internações por asma no Brasil,
sendo a quarta causa de hospitalizações pelo Sistema Único de Saúde (2,3% do
total) e sendo a terceira causa entre crianças e adultos jovens (BRASIL, 2005). Por
isso é preciso diagnosticar, classificar a gravidade e conhecer os pacientes
asmáticos, a fim de evitar crises e hospitalizações. Verifica-se na região, a presença
de 60 portadores de asma, o que perfaz 0,8% da população da UBS São Roque.
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta
prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. A
forma extrapulmonar, que acomete outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais
frequentemente em pessoas que vivem com HIV, especialmente aquelas com
comprometimento imunológico (BRASIL, 2021a). Dois dados que chamam a atenção
é a presença de apenas um caso de tuberculose na UBS São Roque e 250
pessoas que não informaram se possuem ou não essa doença, sendo que de
acordo com o Boletim de Tuberculose 2021, em 2020 tiveram 31,6 casos por
100.000 habitantes no Brasil. (BRASIL, 2021b).
Outra doença infecciosa é a hanseníase, antigamente conhecida como
lepra. Ela possui cura, mas, se não tratada, pode deixar sequelas de neuropatia
periférica. Não há casos de hanseníase na área e 252 pessoas não informaram se
possuem ou não essa doença. De acordo com o Boletim Epidemiológico de
Hanseníase, a taxa de detecção geral de casos novos de hanseníase no Brasil foi
de 8,49 casos por 100.000 habitantes em 2020 (BRASIL, 2022).
De acordo com a OMS, a obesidade é uma doença crônica, progressiva,
recidivante e uma epidemia global. A OMS define o diagnóstico pelo índice de
massa corporal (IMC), que é calculado utilizando a altura e o peso do indivíduo (IMC
= peso (kg) / altura (m)2). Assim, uma pessoa tem obesidade quando o IMC é maior
ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2. Os
45
indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados com
sobrepeso, e já podem ter alguns prejuízos com o excesso de gordura (tabela 4).
46
“abaixo do peso”, “peso adequado” e “acima do peso”, não tendo registros de
cálculo do IMC ou da CA. Além disso, outros fatores como o constrangimento à
pergunta e o desconhecimento do peso atual podem afetar esse dado.
Gráfico 7 - Percepção pessoal sobre o peso dos usuários da área 74 da UBS São Roque
Fonte: autores
Ainda assim, é fundamental o desenvolvimento da promoção de saúde e
prevenção dessa doença, visto seu alto índice global e sua característica de levar à
coexistência de vários fatores de risco para a saúde, bem como a associação com
outras doenças (figura 17), por meio da articulação com outras áreas, como a
educação e a assistência social, a fim da criação de projetos de integração e da
participação social.
47
Figura 17 - Obesidade e doenças associadas
48
Os acamados e domiciliados fazem parte de uma população que necessita
de cuidado continuado e visitas domiciliares mais frequentes da equipe de saúde,
sendo de fundamental importância a identificação dessas pessoas. A região da UBS
São Roque tem uma população de 7 acamados e 18 domiciliados, o que
corresponde a 1,15% da população em situação de vulnerabilidade. Outra
população que necessita de cuidados continuados por parte da equipe, ações de
prevenção e promoção de saúde são os internados no último ano. É preciso
reconhecer e entender a causa do internamento, se previamente seria uma condição
sensível à atenção primária e direcionar os cuidados em saúde para o tratamento e
prevenção de recorrência do agravo. Verificou-se 135 pessoas nessa situação
cadastradas na área, o que corresponde a 6,2% dos informados.
De acordo com a OPAS, existem diversos transtornos mentais, com
apresentações diferentes. Eles geralmente são caracterizados por uma combinação
de pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais, que também
podem afetar as relações com outras pessoas. Entre eles estão a depressão, o
transtorno afetivo bipolar, a esquizofrenia e outras psicoses, demência, deficiência
intelectual e transtornos de desenvolvimento, incluindo o autismo. A OMS alerta que
uma em cada 10 pessoas no mundo, 10% da população global, sofre de algum
distúrbio de saúde mental. De acordo com a PNS 2019, cerca de 11,3% da
população brasileira teve diagnóstico autorreferido de doença mental por profissional
de saúde. No que se refere aos usuários da UBS, 79 pessoas tiveram algum
problema de saúde mental ou 3,6% delas, um dado muito abaixo do esperado.
(OPAS, 2020)
Vale ressaltar que devido ao contexto de pandemia a busca por atendimento
de saúde mental aumentou consideravelmente. Dentre as principais causas estão as
experiências traumáticas associadas à infeção ou à morte de pessoas próximas, o
estresse induzido pela mudança na rotina devido às medidas de distanciamento
social ou pelas consequências econômicas, na rotina de trabalho ou nas relações
afetivas e, por fim, a interrupção de tratamento por dificuldades de acesso (BRASIL,
2020). Portanto, a saúde mental é uma demanda crescente e ainda bastante
estigmatizada por grande parte da população, sendo de suma importância a
49
realização de ações de promoção e prevenção nesse sentido, além de um maior
preparo por parte das equipes em receber e manejar esses pacientes.
Na análise da população portadora de deficiência, identifica-se ocorrência
de percentuais inferiores aos descritos para o Brasil em todos os tipos de deficiência
considerados. Uma vez que, de acordo com o Censo 2010 do IBGE, considerando
somente os que possuem grande ou total dificuldade para enxergar, ouvir, caminhar
ou subir degraus (ou seja, pessoas com deficiência nessas habilidades), além dos
que declararam ter deficiência mental ou intelectual, há 12,5 milhões de brasileiros
com deficiência, o que corresponde a 6,7% da população. Na população adscrita à
UBS São Roque identifica-se que 2,5% da população possui algum tipo de
deficiência, totalizando 55 pessoas, sendo que 9 possuem deficiência auditiva, 23
deficiência visual, 12 deficiência física/motora e 10 deficiência intelectual/cognitiva.
(IBGE, 2010)
Gráfico 8 - Comparação da situação geral de saúde entre a área 74 da UBS São Roque em 2021
e Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019
Fonte: autores
50
Dentro da realidade observada (gráfico 8), conclui-se que, a melhor
abordagem seria aquela que vise a melhoria do estilo de vida da população da área
74 em virtude das enfermidades mais recorrentes serem DCNTs, portanto é
necessário maior interação da Unidade de Saúde com a comunidade, no sentido de
desenvolver estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças por meio
de qualificação profissional, atividades integrativas e a participação social. (SANTA
CATARINA, 2019)
Stürmer e Bianchini (2012) propõem cinco níveis de atenção com sugestão
de ações de saúde predominantes e exemplo de atividades:
51
estabelecida. Nessa situação, o apoio ao autocuidado é uma estratégia fundamental.
(BRASIL, 2014)
52
3. PROCESSO DE PLANEJAMENTO
53
Tabela 6 - Priorização dos problemas
Marcação de consultas 2 4 4 1 11
presenciais
Falta de 3 2 3 2 10
questionamento por
parte dos ACS’s sobre
orientação sexual e
identidade de gênero
dos usuários
Programas coletivos 4 4 2 3 13
ausentes de
orientação sobre
DCNT
Fonte: autores
54
pobreza. Como determinantes sociais dessas doenças, são apontadas as
desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos bens e aos serviços, a baixa
escolaridade e as desigualdades no acesso à informação (BRASIL, 2011a).
Por fim, apresenta-se um desenho esquemático (figura 19), que resume as causas e
efeitos da problemática.
55
Figura 19 - Árvore de problemas
Fonte: autores
56
3.2 MOMENTO NORMATIVO
Falta de dados concretos sobre estado de Incluir dados específicos sobre aspectos de
nutrição, peso e condicionamento físico dos nutrição, peso e condicionamento físico dos
usuários da UBS. usuários
Fonte: autores
57
Tabela 8 - Planilha operacional
58
ao aleitamento materno, pela proteção à infância e à adolescência quanto à
exposição aos fatores de risco (álcool, tabaco) e quanto ao estímulo aos fatores
protetores (alimentação saudável, atividade física) e persistem na fase adulta e
durante todo o curso da vida (figura 20) (BRASIL, 2011a).
59
Figura 20 - Abordagem integral da linha de cuidado em doenças crônicas
60
apresentações.
Facilidades Relacionamento Espaço disponível Reuniões podem ser feitas Baixo custo de
preexistente com ao entorno da em espaços dentro da UBS, implementação.
a população. unidade sem necessidade de nova
infraestrutura.
Estratégia Criar grupos de Criar grupos de Produzir reuniões técnicas Realizar coleta e
Whatsapp Whatsapp para quinzenais sobre doenças registro dos
acerca do tema divulgar as crônicas prevalentes na área danos durante a
e, a partir dos atividades com objetivo de capacitação espera do
grupos, divulgar esportivas. dos profissionais. atendimento e
as nas visitas
apresentações. domiciliares.
61
4. CONCLUSÃO
62
5. REFERÊNCIAS
63
ENFRENTAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT)
NO BRASIL 2011-2022. Brasília, Ministério da Saúde, 2011a.
64
CIA%20DE%20FATORES%20DE%20RISCO%20E%20PROTE%C3%87%C3%83O,
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