Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
SOBREPESO E OBESIDADE
EM IDOSOS
UFSC 2020
| DEISE WARMLING |
| ANA LUCIA DANIELEWICZ |
| FLÁVIA HENRIQUE |
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
SOBREPESO E OBESIDADE
EM IDOSOS
UFSC 2020
FLO R I A N ÓP O LIS
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS)
Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS)
Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN)
3
Autores Deise Warmling
Ana Lúcia Danielewicz
Flávia Henrique
4
Diagramação/Esquemáticos/ Laura Martins Rodrigues
Infográficos/Finalização
ISBN 978-65-87206-62-2
CDU: 612-3
5
APRESENTAÇÃO 7 2.2.2 Interação entre medicamentos e nutrientes 31
2.2.3 Sarcopenia 33
1 PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS 9 2.3 RELAÇÃO ENTRE EXCESSO DE PESO
1.1 ASPECTOS DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS 10 E OUTRAS DOENÇAS CRÔNICAS 36
1.1.1 Fatores epidemiológicos 10
1.1.2 Fatores ambientais e sociais 11 3 AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
1.2 DETERMINANTES COMPORTAMENTAIS E RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES E NUTRICIONAIS 40
DO SOBREPESO E OBESIDADE 13 3.1 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DO
1.2.1 Consumo alimentar 13 ESTADO NUTRICIONAL PARA PESSOA IDOSA 41
1.2.2 Atividade física e comportamento sedentário 15 3.1.1 Avaliação antropométrica 42
1.2.3 Fatores comportamentais e hábitos 3.1.2 Marcadores de consumo alimentar 45
relacionados à saúde 17 3.2 RECOMENDAÇÕES PARA CONTROLE
1.2.4 Fatores cognitivos-comportamentais 18 E PREVENÇÃO DO EXCESSO DE PESO 46
1.3 IMPACTOS E CONSEQUÊNCIAS DO SOBREPESO 3.2.1 Medidas associadas ao preparo
E DA OBESIDADE 20 das refeições diárias 46
1.3.1 Impactos sociais e econômicos 20 3.2.2 Medidas associadas ao consumo das refeições 49
1.3.2 Impactos na saúde da população idosa 21 3.2.3 Dez passos para a alimentação
saudável da pessoa idosas 52
2 ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO 3.3 ALIMENTAÇÃO CARDIOPROTETORA BRASILEIRA:
E NUTRIÇÃO DO IDOSO 23 ESTRATÉGIA PARA CONTROLE E PREVENÇÃO DO
2.1 AÇÕES PARA APOIAR O CUIDADO NUTRICIONAL, EXCESSO DE PESO E COMORBIDADES 55
O CONTROLE E A PREVENÇÃO DO SOBREPESO
E DA OBESIDADE ENTRE IDOSOS 24 ENCERRAMENTO DO MÓDULO 61
2.2 ESPECIFICIDADES RELACIONADAS A SOBREPESO REFERÊNCIAS 62
E OBESIDADE EM IDOSOS 27 MINICURRÍCULO DOS AUTORES 68
2.2.1 Alterações da composição
corporal e fisiológicas 27
6
APRESENTAÇÃO
7
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
8
UN1
PANORAMA DO EXCESSO
DE PESO EM IDOSOS
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
Esta unidade apresenta o cenário epide- aprofundar seu conhecimento sobre algu-
miológico do sobrepeso e da obesidade na mas dessas características direcionadas à
população idosa brasileira, com destaque população idosa.
para as principais variáveis sociodemo-
gráficas, ambientais e comportamentais 1.1.1 Fatores epidemiológicos
que estão relacionadas à sua ocorrência.
Abordaremos também um breve panorama O sobrepeso e a obesidade são muito
dos impactos econômicos e sociais que o comuns na população adulta em geral, e
sobrepeso e a obesidade podem gerar aos entre os idosos a situação não é diferente.
idosos, bem como à população em geral. Nos últimos anos temos verificado o
aumento progressivo no número de pessoas
1.1 ASPECTOS DO EXCESSO idosas com excesso de peso.
DE PESO EM IDOSOS Os dados mais recentes, analisados a par-
tir de inquéritos nacionais, consideram que
A prevalência de excesso de peso entre as prevalências são elevadas, tanto do exces-
os idosos brasileiros tem aumentado pro- so de peso, quanto da obesidade. No ano de
gressivamente. O sobrepeso e a obesidade 2019, o Sistema de Vigilância de Fatores de
são consideradas doenças crônicas multifa- Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
toriais, uma vez que podem ser ocasionadas Inquérito Telefônico (VIGITEL) entrevistou
por diversos fatores que englobam aspectos aproximadamente 52 mil brasileiros e a partir
biológicos, históricos, econômicos, sociais, do peso e altura relatado, estabeleceu-se o
políticos, culturais, dentre outros. Atual- índice de massa corporal (IMC). Foi conside-
mente, a determinação do sobrepeso e da rado com excesso de peso o indivíduo com
obesidade tem sido estudada com maior IMC ≥ 25 kg/m² e com obesidade o indivíduo
enfoque às características ambientais e com IMC ≥ 30 kg/m² (WHO, 2000). Confira a
comportamentais dos indivíduos, passíveis seguir os principais resultados em homens e
de modificações. Nesta unidade, você vai mulheres com mais de 65 anos.
10
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
11
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
prestar atenção se ele apresenta grande ofer- pecialmente por esses locais apresentarem
ta de alimentos ultraprocessados, e redes de mais espaços com áreas verdes e opções
restaurantes ou, então, se ele se encaixa no para a prática de exercícios físicos, o que os
que chamamos de “deserto alimentar”, ou ajudam a manter seu peso adequado.
seja, um local caracterizado por ter pouca Nesse contexto, ainda podemos citar
ou nenhuma disponibilidade de comércio outros fatores que são determinados indi-
com opções de alimentos saudáveis (CDC, retamente pela renda do local de moradia
2010). No entanto, é importante lembrar que e que podem contribuir para o aumento de
o ambiente que nos cerca não é constituído peso, tais como a segurança, a presença de
somente por esses aspectos alimentares, calçadas bem cuidadas, ruas pavimentadas
servamos nossa convivência social, afetam e abrange muitas outras características e com opções de transporte público adequa-
diretamente o controle do peso corporal. sociais e econômicas que podem afetar do, presença de áreas recreativas (clubes e
Para as pessoas idosas, as quais tendem negativamente a saúde e contribuir para o academias ao ar livre, por exemplo), espaços
a passar a maior parte do seu tempo den- excesso de peso. de lazer, dentre tantos outros (MATHIS et al.,
tro de casa ou realizando atividades na Idosos que residem em bairros em vul- 2017). Todas essas características impactam
comunidade onde vivem, as oportunidades nerabilidade social, em que a maioria dos fortemente quando o morador é uma pessoa
que esses ambientes oferecem costumam moradores tem menor renda ou são desem- idosa, pois é quem costuma fazer a maioria
ser ainda mais influentes. É comum escu- pregados, costumam ter mais chances de das suas atividades nos arredores de casa.
tarmos o termo “ambiente obesogênico”, terem obesidade. Esses bairros, geralmente,
que em termos conceituais, diz respeito apresentam menor disponibilidade e/ou
à influência que as oportunidades e as acessibilidade aos alimentos saudáveis, ou
condições ambientais próximas às pessoas seja os in natura e minimamente processa-
têm nas suas escolhas e hábitos de vida, dos tais como as frutas, verduras e legumes
capazes de auxiliar no desenvolvimento da e, em compensação, oferecem maior varie-
obesidade (SWINBURG et al., 1999). dade de alimentos ultraprocessados que
De modo mais prático, para que se possa contribuem para o ganho de peso (ARAÚJO
identificar se o ambiente no qual se mora et al., 2018). Idosos com maior renda tendem
pode ser chamado de obesogênico, deve-se a adotar estilos de vida mais saudáveis, es-
12
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
13
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
dos alimentos. Além desses, devem ser na alimentação, visto que há grande oferta de
Para conhecer mais sobre a I Diretriz considerados também os fatores do contexto alimentos ultraprocessados ricos em gordura
sobre o Consumo de Gorduras e Saú-
de Cardiovascular, publicada pela
social e econômico, que parecem exercer e açúcares com baixo custo.
Sociedade Brasileira de Cardiologia grande poder no momento da escolha dos Ainda, o fato de muitos idosos morarem
em 2013, acesse o documento na alimentos a serem consumidos. A dificuldade sozinhos ou não terem companhia diária
íntegra no link: <https://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
financeira, por exemplo, tem sido associada para realizar as refeições, podem influenciar
d=S0066-782X2013000900001>. às maiores chances de ter baixa qualidade no consumo alimentar (GOMES et al., 2016).
compreendermos os fatores que podem es- idosos que a utilizam tendem Essa informação nos mostra Ainda, as melhores condi-
a adotar hábitos de vida mais que a inclusão digital da ções de acesso à internet e,
tar interferindo na escolha e/ou manutenção
saudáveis e mantêm alimen- pessoa idosa está favorecen- consequentemente, a infor-
da alimentação saudável nessa população, a tação mais adequada na do a prevenção do sobrepeso mações em saúde, podem
fim de que possamos auxiliá-los no processo estar associadas a melhores
de prevenção ou tratamento do sobrepeso e condições de renda, nível de
da obesidade. escolaridade e habilidades
Sabemos que o consumo alimentar na cognitivas.
pessoa idosa sofre influência de fatores
fisiológicos decorrentes do próprio processo
de envelhecimento, os quais envolvem a
redução de apetite, distúrbios de deglutição,
dentes perdidos, uso de próteses dentárias,
diminuição da capacidade gustativa e olfa-
tiva, dentre outros, que, em conjunto, contri-
buem para a menor absorção dos nutrientes
14
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
Diversos outros fatores culturais e am- cias foram se modificando e hoje já se sabe diferenciadas, porém, suas interpretações
bientais contribuem para a escolha dos ali- que o aumento excessivo de peso, ao longo podem ser facilitadas se compreendermos
mentos consumidos diariamente como, por da vida, apresenta relação muito forte com que seguem na mesma linha de cuidado
exemplo, o local de moradia, conforme dis- baixos níveis de atividade física reduzida e com a saúde. Veja na figura abaixo como
cutimos anteriormente. Em estudo realizado também com o elevado consumo calórico. identificar esses conceitos na pessoa idosa.
com idosos da zona rural observou-se que Ter uma vida fisicamente ativa, que é Estão cada vez mais consolidadas as
mesmo aqueles que cultivavam verduras, recomendado pela Organização Mundial evidências que mostram que a redução
legumes e frutas nas suas hortas caseiras da Saúde (OMS), tem sido substituído por do tempo total gasto em comportamentos
não tinham o hábito de consumi-los. baixos níveis de atividade física e compor- sedentários é tão importante quanto o
Diante disso, devemos considerar que tamentos sedentários, que trazem severos aumento nos níveis de atividade física para a
avaliar o padrão do consumo alimentar prejuízos para a saúde das pessoas idosas. diminuição de riscos à saúde, ou seja, realizar
da pessoa idosa requer que o profissional Mas, antes de tudo, vale destacar que menos de 30 minutos de atividade física
da saúde investigue os diferentes fatores comportamento sedentário e inatividade ao dia pode ser tão prejudicial quanto ficar
que contribuem para suas escolhas. Ainda, física não significam a mesma coisa. São exposto por 10 horas em comportamentos
lembrar sempre de que o meio social e dois comportamentos que têm definições sedentários (DUNSTAN; OWEN, 2012).
econômico, em que esse idoso está inserido,
é importante para que se possa estabelecer
Idoso em comportamento sedentário
a melhor representação da sua realidade
15
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
Mesmo conhecendo os efeitos negativos OMS e não alcança o nível ideal para se prazo. Confira, no quadro, as recomendações
do sedentarismo, a maioria dos idosos não manter suficientemente ativos, o que pode da OMS para a atividade física direcionadas
atende às recomendações propostas pela comprometer sua saúde a curto e em longo à pessoa idosa.
A partir desta realidade, é importante
que você, profissional da saúde da APS, se
Recomenda-se que a pessoa idosa pratique pelo menos 150 minutos semanais de questione sobre quais são as atividades
atividade moderada ou 75 minutos semanais atividades vigorosas. A quantidade
físicas adequadas a serem indicadas,
recomendada de atividade física por semana é possível alcançar combinando
atividades físicas moderadas e vigorosas.
com objetivo de controlar o sobrepeso e a
obesidade na pessoa idosa. De maneira
geral, o que já se sabe é que tanto atividades
Os idosos devem realizar as atividades físicas no seu tempo livre, no deslocamento,
no trabalho e nas tarefas domésticas.
físicas moderadas quanto as atividades
físicas de fortalecimento são capazes de
induzir alterações favoráveis no peso e
As atividades físicas podem ser realizadas em pequenos blocos de na composição corporal, e o fator mais
tempo ou fazer mais minutos por dia, de uma só vez. importante a ser considerado nos programas
que objetivam a redução de peso é o gasto
Para benefícios adicionais de saúde, os idosos devem praticar atividade física energético total.
de forma regular e aumentar progressivamente o tempo por semana.
16
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
17
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
e 7,4% dos homens consumiram cinco ou na tentativa de lidar com os sentimentos A exposição solar é indicada ao
mais doses de bebida alcoólica em uma de estresse e tensão gerados pela falta do menos duas a três vezes por semana
mesma ocasião, nos últimos 30 dias que hábito, aumentam a ingestão calórica com para contribuir na síntese de vitamina D,
antecederam a pesquisa (BRASIL, 2020). alimentos não saudáveis. que é produzida endogenamente na pele
O hábito de ingerir bebidas alcoólicas No entanto, deve-se salientar que o efeito após receber a exposição aos raios de sol
geralmente costuma estar associado ao de ganho de peso costuma ser temporário, ultravioleta (UVB). Sua ação costuma ser
hábito de fumar. No entanto, a relação entre e, na maioria dos casos, ocorre apenas direta no metabolismo do cálcio corporal,
o tabagismo e o consumo alimentar é um nos primeiros meses após a cessação, não mas também produz efeitos indiretos
pouco mais complexa, já que a nicotina, devendo ser visto como uma barreira para no tecido adiposo. Alguns mediadores
além de ser altamente tóxica, tem ação o abandono do tabaco. O uso de tabaco inflamatórios que contribuem para o ganho
tanto estimulante quanto depressiva sobre é contraindicado devido aos malefícios de peso também são liberados em resposta
o sistema nervoso central, o que influencia que traz à saúde; no caso de pessoas com a baixa quantidade sanguínea de vitamina D
diretamente na regulação do apetite e do sobrepeso ou obesidade, o tabagismo ainda (BRONZEADO; TAVARES, 2020).
comportamento alimentar (MARTINS, 2006). é um fator de risco para outras doenças Assim, entende-se que o processo de
Em estudo realizado com idosos, crônicas prevalentes entre os idosos , como envelhecimento contribui para que o corpo
residentes no Sul do país, foi verificado por exemplo, as doenças cardiovasculares. fique com o metabolismo mais lento e
que tanto o fato de ser fumante quanto ex- (BRASIL, 2015a). reduza a capacidade da pele em sintetizar a
fumante estiveram associados ao sobrepeso. vitamina D (HOLICK, 2012).
No entanto, os ex-fumantes apresentaram
prevalência maior de sobrepeso (Índice de 1.2.4 Fatores cognitivos-comportamentais
Massa Corporal, o IMC, maior que 27kg/m²)
quando comparados aos fumantes (SILVEIRA As atitudes e os hábitos de vida que são
et al., 2009). Acredita-se que os ex-fumantes adotados pelos idosos refletem diretamente
tendem a sentir falta da sensação de mexer nas maiores chances de apresentarem so-
algo com a boca e com as mãos, e com brepeso e obesidade. Mas, será que existe
isso acabam adquirindo outros hábitos que relação entre a presença de comprometi-
envolvem a comida, tais como “petiscar” mentos cognitivos, como a demência ou da
ou “beliscar” várias vezes ao dia. Ou seja, depressão, e o ganho de peso corporal?
18
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
Na revisão de diversas pesquisas, cícios físicos e, até mesmo, seu poder de que entre os depressivos houve maiores pre-
realizadas com aproximadamente 29 mil escolha dos alimentos a serem consumidos. valências de comportamentos considerados
participantes sobre a temática, foi encon- A depressão, que tem sido uma das doen- prejudiciais à saúde, como a alimentação não
trado que o desenvolvimento de demência ças crônicas cada vez mais prevalentes entre saudável e as percepções negativas da ima-
esteve associado aos maiores valores de os idosos, também parece exercer papel gem corporal (GODOY; ADAMI, 2019).
IMC (GOROSPE; DAVE, 2007). Em estudos mais importante no controle do ganho de peso. A avaliação dos sintomas depressivos
recentes, realizados com idosos brasileiros, Ao analisar os dados da PNS realizada clinicamente significantes, sem levar em
também foi possível observar relações em 2013, verificou-se que a probabilidade de consideração os critérios diagnósticos para
semelhantes, inclusive com outros indica- homens idosos com depressão apresentarem depressão maior, mas utilizando escalas
dores antropométricos de obesidade, tais obesidade foi 42% maior em comparação aos de sintomas, também mostra que todas as
como perímetro da cintura e a relação cin- que não tiveram relatos de sintomas depres- alterações cognitivas podem prejudicar a
tura/quadril elevados (CONFORTIN et al., 2019; sivos; para as mulheres, a relação se mostrou capacidade do idoso de preparar seu próprio
BRITO et al., 2016). aumentada, sendo que aquelas com depres- alimento, fazer compras e assim ter uma
Esses trabalhos apontam que, sistemica- são tiveram 25% maior probabilidade de alimentação saudável (BRASIL, 2014).
mente, os sintomas de declínio cognitivo e/ também serem obesas (FERREIRA et al., 2019). Vale ressaltar, ainda, que o fato do idoso
ou demência causam alterações na estrutu- Em outro estudo que analisou 49 mil adultos viver sem companheiro também tem sido
ra cerebral e desregulam alguns hormônios e idosos com e sem depressão, foi observado apontado como um fator agravante para
importantes, como a insulina e a leptina, as mudanças no apetite, inclusive entre
que controlam a saciedade e os processos aqueles que mantêm relações conjugais
inflamatórios no metabolismo, e favorecem que os deixam solitários ou, ainda, que já
o aumento do peso corporal. Por outro lado, apresentam indícios de sintomas depressi-
os déficits cognitivos, caracterizados por vos (BORROS et al., 2013).
perda de memória, falta de concentração Ressalta-se que os sintomas cognitivos-
e outros comprometimentos psicológicos, -comportamentais estão entre as principais
costumam acarretar o declínio funcional, ou causas incapacitantes nos idosos, uma vez
seja, geram maior dificuldade para que os que reduzem a capacidade física, bem como
idosos acometidos realizem suas atividades a autonomia das pessoas idosas, e influen-
cotidianas, que envolvem a prática de exer- ciam os quadros de sobrepeso e obesidade,
19
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
pontos que devem receber atenção durante No ano de 2019 a Organização para da produtividade, especialmente nos idosos,
os atendimentos a esse público. Cooperação e Desenvolvimento Econômico que tendem a se afastar devido à aposenta-
(OCDE) divulgou relatório apontando que, doria. O efeito também ocorre nos gastos
1.3 IMPACTOS E CONSEQUÊNCIAS DO devido ao sobrepeso, os brasileiros estão vi- com saúde, pois quem tem sobrepeso e
SOBREPESO E DA OBESIDADE vendo 3,3 anos a menos do que a média dos obesidade tende a precisar mais de serviços
outros países, que é de 2,5 (com variações de saúde e passa por mais procedimentos
Até aqui vimos que muitos fatores rela- de 0,9 a 4,2 anos). Além disso, o Produto hospitalares, tais como internações e/ou
cionados às condições sociais, ambientais Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá reduzir cirurgias. Acredita-se que 8,4% do orçamen-
e comportamentais dos idosos podem in- cerca de 5% nos próximos 30 anos (entre to de saúde pública dos próximos 30 anos
fluenciar no excesso de peso. Porém, por se 2020 e 2050) devido à diminuição da produ- deverá ser destinado ao tratamento das
tratarem de condições crônicas relevantes tividade da população que é acometida por complicações decorrentes do excesso de
na saúde pública, vamos também ressaltar sobrepeso e obesidade. peso na população brasileira (OECD, 2019).
alguns dos principais impactos sociais e Esse impacto na economia, segundo o re- Além do impacto na economia, o sobrepe-
econômicos que acarretam, não apenas para latório, acontece porque o excesso de peso so e a obesidade devem ser encarados com
a pessoa idosa, mas para toda a sociedade. leva a doenças crônicas, tais como diabetes, um problema de ordem social. Por exemplo,
doenças cardiovasculares e câncer, as quais os modos de produzir, abastecer, comercia-
1.3.1 Impactos sociais e econômicos afetam a manutenção da carga de trabalho e lizar e acessar os alimentos no nosso dia
20
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
a dia podem contribuir significativamente ambiente da comunidade, a presença de para sua sobrevivência com autonomia e
para a promoção da alimentação adequada doenças associadas e todos os demais independência (BEZERRA et al., 2019).
e saudável. Da mesma forma, as informa- fatores determinam não apenas se o idoso Já, em um contexto mais indireto, encon-
ções fornecidas nos rótulos dos alimentos ficará acima do peso adequado, mas também tram-se as diversas doenças crônicas que
e as propagandas da indústria alimentícia como será sua qualidade de vida. surgem devido ao sobrepeso e à obesidade,
também interferem nas escolhas que cada A alimentação e a nutrição têm sido e que também refletem no modo como a
pessoa faz sobre o modo de se alimentar, vistas como fatores determinantes para se pessoa idosa mantém sua qualidade de
fatores a serem observados e trabalhados manter a interação harmoniosa de variados vida. Conforme aumenta a carga de doenças,
de maneira ampliada na sociedade. fatores que moldam e diferenciam o coti- eleva-se o tempo gasto em hospitalizações e
diano da pessoa idosa, tais como a saúde outros tipos de tratamentos em longo prazo,
1.3.2 Impactos na saúde da física e mental, a satisfação no trabalho e o que prejudica a realização de atividades e
população idosa nas relações familiares, a espiritualidade e hábitos saudáveis para manutenção da boa
a longevidade. qualidade de vida. Com tudo isso, aumenta
Diante de tantos prejuízos causados pela As consequências mais diretas dessas o risco de morte precoce e as chances de
ocorrência do sobrepeso e da obesidade, perdas podem ser observadas diariamente, complicações associadas que perduram
vimos que a pessoa idosa é, ainda, aquela quando o idoso com excesso de peso pelo restante da vida (SOUZA et al., 2018).
que mais sofre as consequências. Os encontra dificuldades para caminhar, subir Para compreender melhor o impacto do
hábitos de vida adotados diariamente, as escada, se alimentar, realizar higiene cor- excesso de peso sobre a saúde da população,
escolhas alimentares, o convívio social no poral, dentre tantas outras tarefas básicas vamos conhecer a seguir o estudo "Fatores
21
SOBREPESO E OBESIDADE UN 1
EM IDOSOS PANORAMA DO EXCESSO DE PESO EM IDOSOS
22
UN2
ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO
E NUTRIÇÃO DO IDOSO
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
24
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
interferem na sua qualidade de vida para a a manutenção do estado nutricional para a de cuidado para esses casos (BRASIL, 2014).
realização de tarefas cotidianas, entre elas a promoção da saúde e melhoria da qualidade As ações de pesar e medir também podem
alimentação saudável. No acompanhamento de vida. Para tanto, os profissionais devem ser realizadas na atenção à demanda espon-
do idoso com excesso de peso, deve-se oferecer uma atenção integrada, humaniza- tânea, que pode ser importante momento de
enfatizar a importância da nutrição e da da e levar em consideração as necessidades captação de usuários com excesso de peso
promoção de hábitos alimentares saudáveis. específicas de cada indivíduo. que não frequentam a unidade básica de
A atividade física moderada é importante Na rotina da atenção primária a vigilância saúde nas ações programadas. Na prática
para reduzir a perda de massa óssea, alimentar e nutricional deve fazer parte do do acolhimento, uma atribuição de todos
além de reduzir outros efeitos adversos à cuidado às demandas espontâneas e pro- os profissionais, é preciso estar atento aos
saúde causados pela obesidade. A prática gramadas. Os atendimentos de hipertensos aspectos relacionados à alimentação e à
de atividade física deve, no entanto, levar e diabéticos, por exemplo, são momentos nutrição, considerando-os determinantes de
em consideração as doenças crônicas, as oportunos para a mensuração do peso e saúde e levando em conta a subjetividade e a
deficiências sensoriais ou as limitações da altura e para a classificação do estado complexidade do comportamento alimentar
funcionais dessa população. nutricional, além de conhecimento sobre os (BRASIL, 2014).
Intervenções de promoção da saúde hábitos alimentares, permitindo identificar Para além da atenção primária, os
que incluam cuidados com a alimentação, aqueles com excesso de peso e hábitos ali- ambulatórios de especialidades, os hospitais
a prática de atividade física moderada mentares não saudáveis e orientar a oferta e outros pontos de atenção que compõem
e o aconselhamento possuem melhores a rede, também devem estar sensíveis à
resultados no acompanhamento de idosos captação do usuário com excesso de peso,
com obesidade. Qualquer intervenção para a identificando os casos e encaminhando-
promoção da perda de peso em idosos deve os para a atenção primária para que nesse
levar em consideração as especificidades espaço seja ordenado o cuidado do usuário
dessa população, analisar cuidadosamente na rede de atenção. Para uma eficiente
os benefícios e riscos possíveis (desnutrição) identificação e acolhimento dessa demanda,
e incorporar a atividade física. os profissionais da saúde devem estar
Apesar das mudanças fisiológicas, psi- capacitados e sensibilizados para essa
cológicas e sociais ocorrerem com o passar temática, entendendo que o excesso de peso
da idade, é necessário buscar o equilíbrio e é um agravo à saúde, com grande influência
25
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
no desenvolvimento de outras doenças especializada (ambulatorial ou hospitalar). vigilância alimentar e nutricional, a atenção
crônicas e que a reversão desse quadro, Cabe à atenção primária, por meio de suas primária deverá ser capaz de nortear a
pode e deve ser, na maioria das situações, equipes de referência e de apoio matricial, oferta de cuidado nos serviços de atenção
realizada na atenção primária. Veja algumas ordenar a organização da rede municipal ou especializada, informando o quantitativo
orientações no quadro abaixo. regional de atenção à saúde para garantir de indivíduos que necessitam do cuidado
Casos mais complexos de sobrepeso com a oferta desse cuidado especializado. nesses pontos de atenção e ordenando os
comorbidades descompensadas deverão Ou seja, a partir da classificação de risco casos prioritários de atendimento ao serviço
ser assistidos em serviços de atenção de sua população adstrita e da contínua especializado.
26
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
27
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
28
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
29
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
raramente encontradas nos adultos jovens. tônus e da força do esfíncter anal, associada anal interno, talvez compensatório (FREITAS;
As cáries radiculares e coronais foram a menor complacência retal, aumenta a PY, 2017).
preditores significativamente mais impor- chance de incontinência fecal nas pessoas Algumas alterações decorrentes do
tantes de perda dentária do que a condição idosas, sendo as mulheres mais predispostas processo de envelhecimento podem ter
periodontal. Esse fato justifica a aplicação que os homens. Nos idosos continentes é um impacto direto sobre a alimentação,
de flúor nos idosos em paralelo à adição de observado um espessamento do esfíncter descritas a seguir.
flúor na água. A mucosa oral se torna fina,
lisa e seca. Perde a elasticidade e parece
edemaciada. A língua também é lisa devido Ausência parcial ou total dos dentes, uso de próteses, lesão oral e diminuição
à perda das papilas, podendo trazer altera- da secreção salivar podem comprometer a mastigação e a deglutição.
ções no paladar e sensação de queimação.
Com a redução da palatabilidade, deve-se Alterações na visão, audição e tato podem levar à perda de autonomia.
atentar para as suas consequências no
consumo de alimentos ricos em açúcares, Diminuição da sensação de sede e da percepção da temperatura dos alimentos.
sal e gorduras, devido ao hipersabor que
apresentam. Reforça-se a importância da Perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção,
alimentação adequada e saudável, com o preparo e o consumo dos alimentos.
utilização de óleos, gorduras, sal e açúcar
em pequenas quantidades ao temperar Perda ou redução do paladar e olfato, interferindo em seu apetite.
e cozinhar alimentos e criar preparações
culinárias (BRASIL, 2014). Restrição de determinados tipos de alimentos, em decorrência de dietas para
perda de peso, diabetes mellitus, hipertensão arterial, hipercolesterolemia etc.
Das alterações funcionais, a constipação
intestinal é uma das queixas mais comuns.
Alterações de peso recentes.
Ocorre por alimentação pobre em fibras,
baixa hidratação oral, falta da prática de
Diminuição dos movimentos peristálticos, da secreção de ácido clorídrico,
exercícios físicos regulares, coordenação de enzimas digestivas, do fator intrínseco e de sais biliares, principalmente
das contrações alterada e o aumento da de gorduras, podem prejudicar a digestão e dificultar a absorção de nutrientes.
sensibilidade aos opióides. A diminuição do
30
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
Conforme exposto, são diversos os tras doenças crônicas, tais como diabetes e avaliação antropométrica, de exames bio-
fatores fisiológicos característicos do en- hipertensão arterial. Outra questão relevante químicos, da avaliação clínica e da análise
velhecimento, que podem contribuir com o entre as pessoas idosas é a interação entre de fatores socioeconômicos e ambientais,
ganho de peso nesta fase do curso da vida. medicamentos e nutrientes e o impacto des- como, por exemplo, a instabilidade emocio-
Evidencia-se o aumento do tecido adiposo ta no estado nutricional. Vamos conhecer nal, a proximidade da família e dos amigos e
e a redução da massa magra, a redução da mais sobre esta temática a seguir. o abuso de álcool ou de medicamentos.
taxa de metabolismo basal, tanto pela dimi- Os medicamentos utilizados pelo idoso
nuição da função dos sistemas respiratório, 2.2.2 Interação entre medicamentos podem ser mais ou menos absorvidos,
digestivo, renal, musculoesquelético como e nutrientes dependendo das condições de consumo,
pela redução dos hormônios tireoidianos. ou seja, se associados ou não às refeições,
Ainda, as incapacidades físicas e cognitivas A realização de refeições a base de bem como do seu estado nutricional.
que podem surgir com o envelhecimento são alimentos in natura ou minimamente pro-
comprometedoras da realização de ativida- cessados, restringindo-se o consumo de
des físicas e adoção de hábitos alimentares ultraprocessados é importante para a ma-
saudáveis, devido a menor autonomia das nutenção do estado nutricional. No idoso, o
pessoas idosas para realização de ativida- requerimento nutricional é diferenciado, em
des de autocuidado. virtude, principalmente, da diminuição do
Por isso, destaca-se a importância do metabolismo basal, aliada na maioria das
apoio familiar e da comunidade, bem como a vezes ao comportamento sedentário (MOU-
inserção social dos idosos e a promoção de RA; REYES, 2002).
grupos para esta faixa etária nas unidades Modificações fisiológicas, como aponta-
de saúde, no sentido de fortalecer a rede de das no item anterior, podem afetar o estado
apoio social da pessoa idosa. nutricional e consumo alimentar do idoso.
O excesso de peso é um importante fator Portanto, para a preservação da integridade
de risco para doenças crônicas, inclusive en- estrutural e funcional de seu organismo, é
tre os idosos. A redução do peso em idosos preciso monitorar suas necessidades e con-
com obesidade é benéfica para indivíduos dições nutricionais, o que pode ser feito por
com alto risco cardiovascular, bem como ou- meio da avaliação do consumo alimentar, de
31
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
Por outro lado, as deficiências nutricionais de grande risco quanto à interação fármaco- devem ser usadas com cautela no idoso com
podem ocorrer por indução medicamentosa, nutriente (MOURA; REYES, 2002). obesidade.
sendo as mais frequentes as depleções de Por outro lado, vários medicamentos Conforme o exposto, verificamos que
vitaminas e de minerais. podem ter efeito adverso no peso corporal o uso de medicamentos, situação comum
Medicamentos podem causar um estado por influenciarem tanto o consumo alimentar dentre as pessoas idosas, podem exercer in-
nutricional insatisfatório em idosos por quanto o gasto calórico/energético. Nesses fluência sobre o estado nutricional, podendo
diferentes mecanismos. Em contrapartida, casos, deve-se considerar medicamentos alterá-lo tanto para o baixo peso como para
a condição nutricional inadequada pode alternativos com menos impacto no ganho o excesso de peso, um fator relevante que
alterar a ação do fármaco. de peso. Confira abaixo uma lista de medi- deve ser considerado nos atendimentos de
Por exemplo, os inibidores da ECA (enzima camentos associados ao ganho de peso que pessoas nesta fase do curso da vida.
conversora de angiotensina) são benéficos
para as pessoas com obesidade, pois au- Medicamentos associados a ganho de peso
mentam a sensibilidade à insulina, enquanto
os antagonistas dos canais de cálcio podem Antipsicóticos típicos - clorpromazina
ser recomendados por sua ação natriurética Antipsicóticos atípicos – risperidona, clozapina, olanzapina
e neutralidade sobre o metabolismo lipídico
Estabilizadores de humor – lítio, ácido valproico, carbamazepina
e glicêmico. Por outro lado, os diuréticos e
betabloqueadores devem ser utilizados com Psicofármacos Antidepressivos tricíclicos – amitriptilina, imipramina, nortriptilina, mirtazapina
cautela, pela possibilidade de aumentar a re- Inibidores seletivos da receptação de serotonina – paroxetina
sistência à insulina e determinar intolerância
Antiepiléticos – valproato de sódio
à glicose. O uso concomitante com diurético
facilita a perda não somente de sódio, mas Benzodiazepínicos – diazepam, alprazolam, flurazepam
também de potássio, magnésio e cálcio. Em Insulina
mulheres na menopausa a perda de cálcio Antidiabéticos
Sulfonilureias – glipizida, tolbutamida, clorpropamida
aumenta o risco de osteoporose.
A idade exerce uma grande influência no Corticosteroides
Hormônios
processo farmacocinético do fármaco e, Medroxiprogesterona
portanto, o idoso representa uma população Fonte: BRASIL, 2014.
32
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
33
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
34
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
Nenhuma = 0
O quanto de dificuldade você
Rise from a chair Alguma = 1
tem para levantar de uma cama
(levantar da cadeira) Muita ou não consegue sem
ou cadeira?
ajuda = 2
Nenhuma = 0
Quantas vezes você caiu no
Falls (quedas) 1 a 3 quedas = 1
último ano?
4 ou mais quedas = 2
35
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
2.3 RELAÇÃO ENTRE EXCESSO DE PESO O envelhecimento é fator de risco para frequente falta de evidências, as condutas
E OUTRAS DOENÇAS CRÔNICAS a maioria das doenças cardiovasculares, devem ser individualizadas. As decisões
assim como de inúmeras comorbidades, devem ser compartilhadas e é necessário
A obesidade, além de ser um fator de tornando os idosos o grupo etário de maior considerar a relação risco/benefício e a
risco para uma série de doenças crônicas heterogeneidade e complexidade. Na aten- expectativa de vida (CAMARANO et al., 2019).
como diabetes e hipertensão, possui ção integral à pessoa idosa realizada na Tanto a obesidade quanto o sobrepeso
evidências convincentes que permitem APS, bem como nos demais pontos da rede foram associados ao aumento no risco de
afirmar que também aumenta o risco para de atenção, ganham prioridade o usuário mortalidade por todas as causas e por DCV
desenvolvimento do câncer. O excesso de em relação à doença e o controle da doença na população geral. A maioria dos estudos
peso aumenta o risco de diferentes tipos de em relação à cura. O usuário idoso apre- envolveu principalmente adultos jovens,
câncer, veja a seguir. senta comorbidades e alta vulnerabilidade sendo que esta relação não é tão evidente
Estima-se que no Brasil pelo menos um biopsicossocial sendo os tratamentos mais em idosos.
em cada dez casos desses tipos de câncer suscetíveis a efeitos indesejados. Assim, a Além de possíveis fatores confundidores,
relacionados à obesidade poderia ser evitado avaliação em múltiplos domínios, clínicos outros motivos podem estar envolvidos.
por meio do controle do peso (BRASIL, 2014). e psicossociais, é fundamental. Devido à O índice utilizado para medir e classificar
o peso corporal foi o IMC. Variáveis como
idade, sexo e cor de pele podem afetar
Excesso de peso aumenta o IMC. Com o envelhecimento ocorre
risco de cânceres mudança na composição corporal, como
Esôfago
aumento da gordura visceral e diminuição
Mama da massa muscular. Pode ocorrer também
Vesícula biliar
perda de altura por compressão dos corpos
vertebrais ou cifose. Deste modo, o IMC
Pâncreas Rins torna-se menos preciso na medida da massa
gorda, e ele, isoladamente, pode não ser um
Endométrio Colorretal
preditor preciso de risco por DCV em idosos.
Por exemplo: alguns idosos podem ser
considerados com excesso de peso pelos
36
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
padrões de gordura corporal sem terem um sarcopênica tem relevância prognóstica. O progressivamente, de forma absoluta, o
IMC igual ou superior a 27 kg/m². controle do peso oferece uma consideração risco para as doenças cardiovasculares.
Mais importante que o IMC nos idosos particular no idoso pela aparente constata- Portanto, não há a menor dúvida de que a
com sobrepeso é a presença ou não de sín- ção do paradoxo do IMC com a idade. Em relação entre a pressão arterial e a doença
drome metabólica, dividindo essa população uma análise mais conclusiva do assunto em cardiovascular é muito consistente, para
em idosos com sobrepeso sem síndrome doença arterial coronariana, a redução da ambos os sexos e para todas as classes
metabólica e idosos com sobrepeso e obesidade se associa a melhores resultados populacionais (FREITAS; PY, 2017).
síndrome metabólica. Esse último grupo (CAMARANO et al., 2019). A hipertensão arterial e a obesidade são
foi fortemente associado ao risco aumen- A associação de outros fatores de risco condições frequentemente associadas.
tado de DCV independente do IMC. Mais como sobrepeso e obesidade, diabetes Redução do excesso de peso, redução do
pesquisas são necessárias para esclarecer a mellitus (DM), dislipidemia, tabagismo e consumo de sal e prática de atividade física
interrelação de envelhecimento, obesidade, hipertrofia ventricular esquerda aumentava regular são fundamentais para o controle
risco cardiovascular e quais os melhores pa-
râmetros de medida (CAMARANO et al., 2019).
O manejo do peso em idosos e os esfor-
ços para promover o envelhecimento sau-
dável devem ter uma abordagem individual,
levando-se em consideração manutenção
de massa e força muscular, comorbidades,
estado funcional, social, atividade física e
qualidade de vida. A redução de peso inten-
cional em idosos com obesidade melhora o
perfil de risco cardiovascular, reduz a infla-
mação crônica e está correlacionada à me-
lhora na qualidade de vida. A perda de peso
não intencional requer uma avaliação clínica
cuidadosa da causa subjacente. Também
a identificação de idosos com obesidade
37
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
da pressão e podem, por si sós, normalizar O DM2 está associado à obesidade, O câncer e o envelhecimento estão
os níveis de pressão. A associação de obe- especialmente víscero abdominal, surgindo relacionados. À medida que aumenta a
sidade e apneia do sono deve ser sempre muitas vezes após ganho de peso associado esperança de vida e cresce o número de
lembrada como fator que pode dificultar o ao envelhecimento caracterizado por idosos, a exposição constante a fatores
controle da pressão arterial. menor tolerância à glicose. Os indivíduos de risco para doenças oncológicas faz
Em relação ao diabetes mellitus tipo 2 com diabetes frequentemente apresentam com que se tornem mais frequentes as
(DM2) verifica-se que a prevalência e a inci- diversas e graves complicações que criam complicações de saúde por esses agravos.
dência vêm crescendo de maneira acentuada a demanda por procedimentos complexos, Trata-se, portanto, de uma doença de alta
nos últimos 20 anos como consequência do que resultam em altas taxas de permanência prevalência global e, em nosso meio, veri-
aumento da população idosa, da urbaniza- e mortalidade hospitalar. fica-se aumento importante da mortalidade
ção e industrialização, do aumento da obesi- Apesar de poder ser de origem genética, a partir dos 30 anos de idade, em especial,
dade e da inatividade física e do aumento de o DM2 é na maioria das vezes decorrente na população geriátrica, na qual se concen-
sobrevida dos diabéticos. A estimativa para de causas adquiridas como, por exemplo, tram as maiores taxas. Além disso, 70%
as próximas duas décadas é a de que esses adiposidade abdominal, obesidade e seden- das mortes por câncer especificamente
números continuem crescendo, passando tarismo. Os idosos apresentam tendência ocorrem em indivíduos com idade superior
de aproximadamente 194 milhões em 2003 ao acúmulo de gordura abdominal e à obe- a 65 anos, fazendo desta enfermidade a
para 300 milhões em 2030, portanto, com sidade, além de reduzirem suas atividades segunda causa de morte neste grupo popu-
um aumento de 35,3% (FREITAS; PY, 2017). físicas, tendo em muitos casos também lacional (FREITAS; PY, 2017).
histórias de hábitos alimentares não sau- Além disso, segundo dados da OMS,
dáveis por muitos anos. Esse fatores levam 13 em cada 100 casos de câncer no Brasil
à resistência à insulina, que é compensada são atribuídos ao sobrepeso e à obesidade,
pelo aumento da secreção deste hormônio, sugerindo uma carga significativa de doença
fundamental para a manutenção dos níveis pelo excesso de gordura corporal. O excesso
de glicose normais. A evolução da doença de peso está fortemente associado ao risco
leva à deficiência da produção de insulina, de desenvolver 13 tipos de câncer: esôfago
com consequente intolerância à glicose, (adenocarcinoma), estômago (cárdia),
levando à hiperglicemia de jejum e ao esta- pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino
belecimento do diagnóstico de DM2. (cólon e reto), rins, mama (mulheres na
38
SOBREPESO E OBESIDADE UN 2
EM IDOSOS ESPECIFICIDADES NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO IDOSO
39
UN3
AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
E RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
41
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
42
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
menores que 31 cm podem significar uma Para os idosos acamados, quando não
Perímetro da panturrilha (em cm) tendência à sarcopenia. for possível realizar a aferição da estatura
Recomenda-se precaução no uso das ou do peso, devem ser seguidas as seguin-
medidas antropométricas, por conta da tes equações propostas por Chumlea et al.
possibilidade de erros nas interpretações (1987).
40 dos resultados. A estatura precisa ser A estatura deve ser verificada com o
medida utilizando-se antropômetro vertical auxílio de uma régua antropométrica ou
ou estadiômetro para adultos, medido em de um infantômetro com haste de metal. O
35
34 centímetros. Os idosos necessitam ficar indivíduo deve ficar com a perna dobrada,
com os pés juntos, descalços, com o corpo formando um ângulo de 90° com o joelho.
31
30 erguido em extensão máxima e a cabeça A parte fixa da régua é colocada embaixo do
ereta, olhando para frente, com as costas e calcanhar e a móvel é trazida para dois a três
a parte posterior dos joelhos encostados ao dedos da patela. Pode ser verificada com o
25 antropômetro. A estatura é uma das medidas indivíduo sentado ou deitado e a leitura é
mais simples de ser realizada. feita no milímetro mais próximo.
20
Exemplo de registro da avaliação antropométrica de idoso, que deve ser feita anualmente
43
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
44
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
45
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
divíduos. Embora não se proponha a analisar do consumo, que podem necessitar de outras tenha incapacidades que o limitem quanto ao
a composição nutricional da alimentação ferramentas e instrumentos. O profissional planejamento e à organização da sua alimen-
ou realizar diagnósticos específicos, esses da APS deve estar atento às condições de tação, outra pessoa próxima, um cuidador
marcadores proporcionam aos profissionais saúde da população adscrita, bem como ou familiar, deve assumir essa tarefa. Para
da APS a identificação de inadequações na conhecer a rede de atenção à saúde e as auxiliar nesse processo, vamos conhecer
alimentação e no fornecimento de subsídios possibilidades de cuidado disponíveis. algumas recomendações que contribuem
para orientação acerca da promoção da para a manutenção do peso adequado. Estas
alimentação adequada e saudável (BRASIL, orientações estão relacionadas à qualidade
Para saber mais sobre como aplicar
2015b). Em relação a coletividades, a com- o instrumento, calcular os indicado- dos alimentos a serem consumidos, ao con-
pilação dos dados, que é realizada pelo res e realizar as primeiras orienta- sumo de água, bem como sobre a realização
SISVAN por meio do módulo de relatórios, ções básicas em relação aos marca- das refeições, devendo-se observar seu
dores de consumo alimentar acesse:
poderá orientar ações específicas para o <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ fracionamento ao longo do dia e os ambien-
grupo de idosos, assim como para outros publicacoes/marcadores_consumo_ tes onde ocorrem (BRASIL, 2009). Vamos lá,
grupos populacionais e também para o con- alimentar_atencao_basica.pdf>. continue a leitura a seguir!
junto da população atendida na APS. Para conhecer o módulo de geração
Ressaltamos que a vigilância alimentar de relatórios do SISVAN acesse: 3.2.1 Medidas associadas ao preparo
<http://sisaps.saude.gov.br/
e nutricional, composta pela avaliação sisvan/>. das refeições diárias
antropométrica e dos marcadores de
consumo alimentar, será de grande O processo de compra, armazenamento,
relevância na sua prática profissional nos 3.2 RECOMENDAÇÕES PARA CONTROLE higiene pessoal e no preparo dos
serviços de APS, pois servirá de subsídio E PREVENÇÃO DO EXCESSO DE PESO alimentos é fundamental para favorecer
para o planejamento e as avaliações das uma alimentação adequada e saudável à
intervenções a serem realizadas para Para o alcance de uma alimentação ade- pessoa idosa. Sempre que possível, deve-
as pessoas idosas com sobrepeso e quada e saudável, é importante estar atento se possibilitar a participação da pessoa
obesidade. Por fim, lembramos que alguns às características dos alimentos desde a idosa nesses processos, a fim de promover
casos podem demandar o cuidado individual compra e seleção. A alimentação deve ser a sua autonomia, bem como o autocuidado
na atenção primária e especializada, com considerada uma atividade importante na por meio da alimentação. Vamos conhecer,
aprofundamento de aspectos de avaliação rotina diária da pessoa idosa. Caso o idoso a seguir, alguns dos cuidados que devem
46
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
ser levados em consideração em relação ao em geral, possuem sal em excesso (sódio), alimentos processados é consultar a lista de
preparo das refeições no dia a dia. açúcar, gorduras saturadas, gorduras trans, ingredientes que, por lei, deve constar dos
e outros ingredientes que podem estar rótulos de alimentos embalados que pos-
Cuidados na compra dos alimentos associados ao aumento do risco de doenças suem mais de um ingrediente Um número
Os idosos e seus cuidadores ou familiares crônicas não transmissíveis, tais como, elevado de ingredientes (frequentemente
devem ser orientados a observar algumas doenças cardiovasculares, hipertensão e cinco ou mais) e, sobretudo, a presença de
características nos alimentos no momento diabetes, entre outras. ingredientes com nomes pouco familiares
da aquisição, a fim de assegurar sua A relação dos ingredientes aparece em e não usados em preparações culinárias
qualidade. Uma característica importante é ordem decrescente, ou seja, o primeiro da (gordura vegetal hidrogenada, óleos inte-
a rotulagem nutricional. lista é o ingrediente em maior quantidade no resterificados, xarope de frutose, isolados
Deve-se ficar atento às escolhas dos alimento e assim consecutivamente. proteicos, agentes de massa, espessantes,
alimentos para composição das refeições emulsificantes, corantes, aromatizantes,
e dar preferência aos alimentos in natura e realçadores de sabor e vários outros tipos
Para saber mais sobre a rotulagem
minimamente processados para compor a dos alimentos, leia o “Manual de de aditivos) indicam que o produto pertence
base da alimentação. Alimentos processados orientação aos consumidores – edu- à categoria de alimentos ultraprocessados
e ultraprocessados devem ser evitados pois, cação para o consumo saudável” da (BRASIL, 2014).
ANVISA, acessando o link:
<http://www4.planalto.gov.
br/consea/publicacoes/ Cuidados no preparo das refeições
alimentacao-adequada-e-saudavel/ Para a preparação de uma refeição com
manual-de-orientacao-aos-
consumidores-educacao-para-o- base nos princípios de uma alimentação
consumo-saudavel/15-manual- saudável, deve-se orientar idosos e cuidado-
de-orientacao-aos-consumidores- res a observar algumas características:
educacao-para-o-consumo-
saudavel.pdf>. • Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar
em pequenas quantidades. Quando uti-
lizados com moderação e combinados
É importante também identificar se o ali- com alimentos in natura ou minima-
mento é ultraprocessado. Uma forma prática mente processados, colaboram para
de distinguir alimentos ultraprocessados de a criação de preparações culinárias
47
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
48
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
• Para as pessoas idosas que moram 3.2.2 Medidas associadas ao Utilizar sal e açúcar em
sozinhas, estimule o desenvolvimento consumo das refeições pequenas quantidades
ao cozinhar
do autocuidado e do prazer em cozinhar.
Busque junto ao usuário novas maneiras Existem medidas associadas ao con- Orientar que se utilize sal e açúcar em
de preparar legumes e verduras. Ajude-os sumo das refeições que podem contribuir pequenas quantidades ao temperar e
a organizar o tempo, planejar uma lista de para o controle e a prevenção do excesso de cozinhar alimentos e criar preparações
compras com legumes e verduras, iden- peso. Em sua maioria, não exigem recursos culinárias, com ressalvas para os casos
tificar locais para compras de alimentos financeiros adicionais, dependendo mais da em que seja necessário evitar o consu-
frescos e a planejar preparações para a mudança e adoção de alguns hábitos, tanto mo desses ingredientes.
semana. pela pessoa idosa como pelos membros da
Quando a pessoa idosa apresentar família ou demais pessoas que com ela coa- Com o envelhecimento, ocorrem mu-
limitações para mastigar e engolir, a forma de bitam. Vamos conhecer algumas medidas? danças na percepção da intensidade
preparo, a consistência, a textura, o tamanho do sabor dos alimentos, isso faz com
dos alimentos e a quantidade que é levada à que a pessoa idosa tenha a tendência
Fazer refeições em
boca devem ser adaptados ao grau de limitação de adicionar mais açúcar, sal e outros
local agradável
apresentado. Nesses casos, moer, ralar, picar ingredientes nos alimentos, o que pode
em pedaços menores podem ser alternativas levar ao consumo excessivo.
O ambiente onde será feita a refeição
viáveis para facilitar o planejamento das deve estar limpo, arejado, ter boa lu- Recomenda-se que sal, açúcar e de-
refeições e o consumo, evitando a recusa minosidade, ter mobiliário resistente e mais ingredientes não sejam utilizados
da refeição e complicações como engasgo, adequado (mesas com cantos arredon- à mesa, a fim de favorecer o controle do
aspiração ou asfixia durante o consumo dados, cadeiras com braços, altura da seu consumo. Ocorre a adaptação ao
dos alimentos. É importante que sejam mesa compatível com a altura do ido- sabor dos alimentos preparados com
adotadas as técnicas culinárias adequadas ao so), ter espaço livre para circulação, menos sal, porém isso pode levar algum
estado fisiológico da pessoa idosa, a fim de além de ter tonalidades de cores que tempo. Uma estratégia que contribui
assegurar que alimentos diversos possam ser favoreçam a luminosidade. No caso de com essa redução é o estímulo do uso
consumidos, tal como frutas, verduras, carnes, idosos acamados, devem ser feitas as de outros temperos, como cheiro verde,
cereais (dando preferências aos integrais). adaptações necessárias. alho, cebola, ervas, entre outras.
49
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
Fracionar a alimentação diária Estimular o entrosamento social estes podem fazer algumas das suas
em cinco ou seis refeições no horário das refeições refeições com a pessoa idosa. Nas ins-
tituições de longa permanência para
Ao longo do dia, a pessoa idosa deve É importante que a pessoa idosa possa pessoas idosas, deve-se estimular os
realizar três refeições principais: café sentar-se confortavelmente à mesa, na idosos a frequentarem o salão de refei-
da manhã, almoço e jantar. Essas po- companhia de outras pessoas, sejam da ções, sempre que for possível.
dem ser intercaladas por dois ou três família, amigos, cuidadores ou demais
refeições menores (lanche da manhã, indivíduos que com ela residem ou con-
lanche da tarde e ceia). A distribuição vivem. A companhia pode proporcionar
Orientar a pessoa idosa a
das refeições no dia favorece o funcio- mais prazer durante as refeições. A au-
mastigar bem os alimentos
namento adequado do intestino, evita o sência de companhia pode contribuir
consumo de alimentos fora de hora (be- para alimentação inadequada, tal como
A mastigação é importante, pois a di-
liscos) bem como o consumo excessivo pular refeições ou, ainda, consumir ali-
gestão inicia na boca. A mastigação
de alimentos nas grandes refeições. mentos em maior quantidade ou que
adequada estimula a produção de sa-
deveriam ser restritos por alguma con-
É importante estabelecer horários para liva e mantém os alimentos em conta-
dição de saúde.
a realização das refeições, levando-se to com a superfície da língua por mais
em consideração que a digestão dos Considerando o cotidiano das famílias, tempo, favorecendo a percepção do
idosos é mais lenta. O ajuste dos horá- em que parte das refeições são realiza- sabor. Também facilita a digestão me-
rios das refeições deve ser individuali- das fora de casa, pode ser difícil man- cânica, feita pelos dentes ou pela pró-
zado, de acordo com a rotina da pessoa ter esse convívio social com a pessoa tese dentária, como a enzimática, pelo
idosa, para então contribuir com o for- idosa diariamente ou em todas as re- contato e atuação da saliva nos alimen-
necimento adequado de alimentos, bem feições. Porém, sugere-se eleger uma tos. Ainda, contribui para o aumento da
como a regulação do apetite. refeição ao dia, ou em alguns dias da saciedade nas refeições. Muitos idosos
semana, ou mesmo nos finais de sema- brasileiros tem limitações na mastiga-
na, a fim de promover o convívio social ção devido a perda de dentes ou uso
à mesa. Na existência de cuidadores, de próteses, nestes casos, devem ser
50
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
adequadas a consistência dos alimen- melhor, mantém a boca mais úmida, Cuidar da saúde bucal
tos às condições de saúde bucal, sem- mantém a hidratação do corpo, entre
pre dando preferência aos alimentos in outras vantagens). É fundamental ga-
natura e minimamente processados. rantir o fácil acesso da pessoa idosa As condições de saúde bucal influen-
aos utensílios (caneca ou copo ou xíca- ciam na autoestima, na fala, na percep-
ra) e ao recipiente de água, bem como ção do paladar, na digestão e na degluti-
Estimular o consumo da estar atento ao risco de engasgo e até ção. A higiene correta da boca, após as
água entre as refeições asfixia, caso haja problemas de degluti- refeições, é uma conduta que precisa
ção. A água pura, ou saborizada (com ser reforçada com a pessoa idosa para
O consumo de água pelas pessoas ido- rodelas de limão, outras frutas, gengi- favorecer a saúde bucal. Manter uma
sas precisa ser incentivada devido aos bre ou folhas de hortelã) é a melhor op- boa saúde bucal auxilia na preservação
casos frequentes de desidratação. O ção para o consumo de líquidos. da capacidade mastigatória, o que inter-
consumo adequado de água também fere na seleção dos alimentos e na sua
Deve ser incentivado o consumo de forma de preparo. Deve-se manter o há-
pode prevenir a constipação intestinal,
água, em quantidades fracionadas, vá- bito de visitar regularmente o dentista,
situação comum neste ciclo de vida.
rias vezes ao dia, entre as refeições. visando à preservação da capacidade
O baixo consumo de água pelas pes-
Quando houver restrição do consumo mastigatória e da saúde bucal. Com a
soas idosas muitas vezes é justificado
de líquidos, devido a condições de saú- saúde bucal preservada, a pessoa idosa
por afirmações como: “não sinto sede”;
de, a quantidade diária de água para a estará mais apta a consumir alimentos
“não gosto de água”; “água não tem gos-
pessoa idosa deve ser calculada e seu in natura ou minimamente processados,
to de nada”; “bebo chás, sucos e café no
consumo monitorado. como frutas, verduras, legumes, carnes
lugar da água”; “a posição do filtro me
dificulta buscar a água”. e cereais, com possibilidade de manter
uma alimentação saudável.
Para estimular o consumo adequado
de água, deve-se sensibilizar a pessoa Nos casos dos idosos acamados ou
idosa acerca dos benefícios que a água dependentes, devem ser reforçadas as
traz para a saúde (o intestino funciona orientações de saúde bucal para os cui-
dadores e familiares.
51
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
52
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
O consumo desses alimentos contribui para diminuir o da no fortalecimento dos ossos. Já as carnes, as aves,
risco de várias doenças e ajuda a evitar a constipação os peixes e os ovos são ricos em proteínas e minerais.
(prisão de ventre). Feiras livres, “sacolões” ou “varejões” Quanto mais variada e colorida for a alimentação, mais
são boas opções para a compra de alimentos frescos da equilibrada e saborosa ela será.
safra (época) e com menor custo.
Use pouca quantidade de óleos, gorduras,
Coma feijão com arroz, de preferência 6 açúcar e sal no preparo dos alimentos
4 no almoço ou no jantar Esses ingredientes culinários devem ser usados com
Esse prato brasileiro é uma combinação completa e moderação para temperar alimentos e para criar pre-
nutritiva e é a base de uma alimentação saudável. Varie parações culinárias. Procure evitar o açúcar e sal em
os tipos de feijões usados (preto, manteiga, carioquinha, excesso, substituindo-os por temperos naturais (como
verde, de corda, branco e outros) e use também outros cheiro verde, alho, cebola, manjericão, orégano, coentro,
tipos de leguminosas (como soja, grão-de-bico, ervilha, alecrim, entre outros) e optando por receitas que não
lentilha ou fava). Se você tem habilidades culinárias, levem açúcar na sua preparação.
procure desenvolvê-las e partilhá-las com familiares
Beba água mesmo sem sentir sede, de
e amigos. Se você não tem tais habilidades, converse 7 preferência nos intervalos das refeições
com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas
a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a A quantidade de água que precisamos ingerir por dia
internet e descubra o prazer de preparar o seu próprio é muito variável e depende de vários fatores, incluindo
alimento. Para evitar o desperdício, cozinhe pequenas a idade e o peso da pessoa, a atividade física que ela
porções e congele o alimento sempre que isso for realiza e o clima e a temperatura do ambiente onde vive. É
possível, para a sua utilização em dias posteriores. importante estar atento ao consumo diário de água para
evitar casos de desidratação, principalmente em dias
Lembre-se de incluir carnes, aves, muito quentes. Vale lembrar que bebidas açucaradas
5 peixes, ovos, leite e derivados em pelo (como refrigerantes e sucos industrializados) não
menos uma refeição durante o dia devem substituir a água. Uma dica é aromatizar a água
Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves com hortelã ou frutas, como rodelas e cascas de laranja
antes da preparação torna esses alimentos mais saudá- ou limão.
veis. Os leites e derivados são ricos em cálcio, que aju-
53
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
54
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
Agora que já estudamos as principais ser seguidas por qualquer pessoa, indica-
recomendações para o alcance da das especialmente para indivíduos com as
alimentação saudável em idosos, que podem seguintes morbidades:
contribuir para o controle e a prevenção • excesso de peso ou obesidade
do sobrepeso e da obesidade nesta etapa • pressão alta
da vida, vamos conhecer recomendações • diabetes
para prevenção de doenças crônicas não • colesterol alto
transmissíveis a partir da alimentação • triglicérides alto
cardioprotetora, acompanhe no item a seguir. • histórico de infarto e cirurgia do
coração (pontes safena ou mamária)
3.3 ALIMENTAÇÃO CARDIOPROTETORA • histórico de derrame cerebral (AVC).
BRASILEIRA: ESTRATÉGIA PARA Para cada uma dessas condições,
CONTROLE E PREVENÇÃO DO podem ser enfatizadas recomendações
EXCESSO DE PESO E COMORBIDADES direcionadas ao seu tratamento como, por
exemplo, na hipertrigliceridemia, deve-
A Alimentação Cardioprotetora Brasilei- se salientar a importância do consumo
ra, também chamada de Dica Br, está em dos carboidratos integrais e adequar os As orientações da Alimentação Car-
consonância com o Guia Alimentar para Po- alimentos do grupo amarelo. Para pessoas dioprotetora estão fundamentadas em três
pulação Brasileira e foi elaborada com base com hipertensão, reforçar a importância referenciais técnicos:
em alimentos tipicamente brasileiros com a do controle do consumo de sal. Porém, • As recomendações nutricionais
finalidade de apoiar a orientação nutricional determinados casos, como de pessoas com descritas nas diretrizes atuais para
voltada para indivíduos portadores de fato- diabetes e glicemia descompensada ou controle e prevenção secundária das
res de risco cardiovasculares. Em sintonia hipertensas com a pressão arterial elevada, doenças cardiovasculares (DCV).
com as recomendações do guia alimentar, a devem ser encaminhados para o profissional • A classificação do grau de processa-
alimentação cardioprotetora inclui em suas nutricionista para acompanhamento na mento de alimentos (in natura ou mi-
orientações apenas alimentos in natura, Atenção Primária à Saúde ou Atenção nimamente processados, processados
minimamente processados e processados Especializada, conforme especificidades de e ultraprocessados) utilizada no Guia
(BRASIL, 2018). Tais recomendações podem cada caso. Alimentar para a População Brasileira.
55
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
• O conceito de densidade de nutrientes Para a classificação dos demais alimentos entre os grupos (verde, amarelo e azul), foi
e de energia, identificando três grupos analisada a densidades de energia (calorias), gordura saturada, colesterol e sódio, com base
alimentares de acordo com as cores na Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos (TACO) ou nos rótulos dos alimentos.
da bandeira do Brasil. Foram seguidos os seguintes pontos de corte:
Inicialmente, foram identificados os
alimentos e preparações segundo os
Pontos de corte do grupo verde
critérios relacionados a seguir.
56
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
GRUPO VERDE
GRUPO AZUL
Consumir em
Consumir em Exemplos de alimentos – Grupo verde
maior quantidade
menor quantidade
• Verduras (alface, repolho, couve,
brócolis, espinafre, agrião)
• Frutas (banana, abacaxi, maçã, uva,
limão, manga, morango, mexerica,
GRUPO AMARELO laranja)
Consumir com • Legumes (cenoura, tomate, chuchu,
moderação maxixe, abóbora, beterraba, abobrinha,
57
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
Grupo Azul
O grupo azul deve ser consumido em
menor quantidade, pois contém alimentos
que são fontes de gordura saturada, sal e
Exemplos de alimentos – Grupo amarelo Exemplos de alimentos – Grupo Azul
colesterol, nutrientes que podem prejudicar
• Pães (francês, caseiro, de cará, • Carnes (de boi, porco, frango e peixe)
a saúde do coração.
integral) • Queijos brancos e amarelos
• Cereais (arroz branco e integral, aveia, • Ovos
Grupo Vermelho granola, linhaça) • Manteiga
Além dos grupos alimentares recomenda- • Macarrão • Doces caseiros (pudim, bolos, tortas,
dos (verde, amarelo e azul), existe o grupo • Tubérculos cozidos (batata, mandioca, mousses)
vermelho, que não é recomendado para mandioquinha, inhame, cará) • Leite condensado
• Farinhas (mandioca, tapioca, milho, • Creme de leite
uma alimentação saudável. Assim, o ideal
rosca)
é evitá-lo. O grupo vermelho é composto
• Oleaginosas (castanha-do-Brasil/Pará, Fonte de minerais, vitaminas,
por alimentos ultraprocessados. Esses ali- caju, nozes) calorias, sal e gorduras.
mentos têm aditivos químicos com efeitos • Óleos vegetais (soja, milho, azeite)
desconhecidos na saúde, como conservan- • Mel, goiabada, doce de abóbora,
tes, estabilizantes, corantes, edulcorantes e cocada, geleia de frutas
aromatizantes, além de excesso de alguns • Embutidos (presunto, mortadela, salame)
ingredientes, como gordura vegetal hidroge- Fonte de minerais, vitaminas, • Refrigerantes e sucos industrializados
nada, açúcar e sódio (sal). calorias, sal e gorduras. (em pó ou de caixinha)
• Linguiça e salsicha
Importante: os alimentos ultraproces-
• Nuggets, hambúrguer congelado
sados, independente das densidades, não • Achocolatado em pó
devem ser incluídos na alimentação car- • Refeições congeladas industrializadas
Exemplos de alimentos – Grupo Vermelho
dioprotetora! (exemplo: lasanha)
• Macarrão instantâneo
Então, qual a proporção de alimentos de • Molhos industrializados (ketchup e
• Salgadinhos de pacote
cada grupo da alimentação cardioprotetora mostarda)
• Biscoitos e bolachas
deve ser consumida nas refeições? Vamos • Sorvete (massa ou picolé)
• Farinha láctea
ver, a seguir, imagens e exemplos que
58
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
Salada de frutas
Castanhas
1/2 mamão
1 xícara de café com leite desnatado
Almoço 2 fatias de pão caseiro
Ao lado, podemos observar um prato de 1 fatia de queijo minas
almoço típico brasileiro: arroz, feijão, bife e Leite batido com frutas
salada de alface e tomate.
Café da Manhã
Como exemplo de um café da manhã,
temos uma refeição composta por café,
leite, pão com queijo e frutas.
59
SOBREPESO E OBESIDADE UN 3
EM IDOSOS AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES
ALIMENTARES E NUTRICIONAIS
Vamos conhecer outras práticas • Nos finais de semana, manter a rotina diagnóstico e recomendações alimentares
alimentares que devem ser orientadas, alimentar. e nutricionais para a pessoa idosa. Apro-
em conjunto com a alimentação a partir Essas são recomendações que podem fundamos conhecimentos sobre avaliação
dos grupos verde, amarelo e azul, da dieta ser repassadas à população em geral, em antropométrica, marcadores de consumo
cardioprotetora: especial a pessoas idosas com sobrepeso e alimentar e recomendações para o controle
• Fazer as refeições diárias em horários obesidade e outras morbidades associadas, e a prevenção do excesso de peso nesta fase
semelhantes. e que irão auxiliar no alcance de uma alimen- do curso da vida. Para atingir tais objetivos
• Fazer, no mínimo, três refeições por dia. tação saudável e prevenir outros agravos em e colocá-los em prática na atenção primária,
Priorizar o café da manhã todos os dias. saúde. Em casas de pessoas com um fator conferimos algumas medidas associadas ao
• Evitar “beliscar” alimentos processados e de risco ou DCV já instalada, elas devem ser preparo das refeições diárias, aos cuidados
ultraprocessados nos intervalos entre as encaminhadas ao profissional nutricionista na compra dos alimentos e no preparo das
refeições, dando preferência para alimen- para atendimento individualizado. refeições, além dos dez passos para a ali-
tos naturais. Nesta unidade, acompanhamos im- mentação saudável das pessoas idosas e a
• Comer devagar e mastigar bem os portantes informações sobre avaliação, alimentação cardioprotetora brasileira.
alimentos.
• Fazer as refeições em ambientes
apropriados sempre que possível. Para saber quando encaminhar o usuá- bem como ações coletivas, que podem ser reali-
• Evitar mexer no celular e/ou computador rio ao nutricionista, verifique no “Cader- zadas por profissionais de saúde da APS, acesse
ou assistir à televisão enquanto realiza as no de Atenção Básica nº 35 - Estratégias o material: “Alimentação Cardioprotetora - manual
para o cuidado da pessoa com doença de orientações para profissionais de saúde da
refeições. crônica” como realizar a estratificação Atenção Básica”, disponível no link:
• Preferir comer em companhia, com de risco para usuários com doenças <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/
amigos, familiares ou colegas de trabalho. crônicas. Acesse o link: publicacoes/alimentacao_cardioprotetora_orien_
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ pro_saude_ab.pdf>.
• Fazer compras em locais com variedades publicacoes/estrategias_cuidado_
de alimentos frescos. pessoa_doenca_cronica_cab35.pdf> Cartilha sobre Alimentação Cardioprotetora, com
• Saborear refeições variadas e aproveitar a versão resumida do Manual:
Para conhecer mais sobre a prescrição <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/pu-
os alimentos saudáveis da sua região. dietética (exclusiva para nutricionistas) blicacoes/alimentacao_cardioprotetora.pdf>
• Beber de seis a oito copos de água
diariamente.
60
SOBREPESO E OBESIDADE ENCERRAMENTO DO MÓDULO
EM IDOSOS
61
SOBREPESO E OBESIDADE REFERÊNCIAS
EM IDOSOS
62
SOBREPESO E OBESIDADE REFERÊNCIAS
EM IDOSOS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de risco e proteção para doenças crônicas
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção de Atenção à Saúde. Departamento de nas capitais dos 26 estados brasileiros e no
Básica. Orientações para a coleta e análise Atenção Básica. Estratégias para o cuidado Distrito Federal em 2019. Brasília: Ministério
de dados antropométricos em serviços da pessoa com doença crônica: o cuidado da Saúde, 2020.
de saúde: Norma Técnica do Sistema de da pessoa tabagista. Brasília: Ministério da
Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Saúde, 2015a. BRONZEADO, R. P. F.; TAVARES, R.
Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 76 p. L. Insuficiência de vitamina d no
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de desenvolvimento da obesidade. Diálogos
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção em saúde, v. 2, n. 1, 2020.
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Marco de referência da vigilância
Básica. Alimentação saudável para a alimentar e nutricional na atenção básica. CAMARANO, A. A. et al. Atualização das
pessoa idosa: um manual para profissionais Brasília: Ministério da Saúde, 2015b. Diretrizes em Cardiogeriatria da Sociedade
de saúde. Brasília: Editora do Ministério da Brasileira de Cardiologia–2019. Arq Bras
Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Hospital Cardiol, v. 112, n. 5, p. 649-705, 2019.
do Coração Hcor. Alimentação
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Cardioprotetora: manual de orientações CDC. Centers for Disease Control and
de Vigilância em Saúde. Plano de ações para profissionais de Saúde da Atenção Prevention. Food Deserts. Atlanta: Center
estratégicas para enfrentamento das Básica. 2018. for Disease Control and Prevention, 2010.
doenças crônicas não transmissíveis Disponível em: <https://www.cdc.gov/
(DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria features/fooddeserts/index.html>. Acesso
Ministério da Saúde, 2011. de Vigilância em Saúde. Departamento de em: 2 fev. 2018.
Análise em Saúde e Vigilância de Doenças
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019: CHUMLEA, W. C.; ROCHE A. F.; MUKHERJEE
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção vigilância de fatores de risco e proteção D. Nutritional assessment of the elderly
Básica. Guia alimentar para a população para doenças crônicas por inquérito through anthropometry. Columbus (OH):
brasileira. 2. ed., 1. reimpr. Brasília: telefônico: estimativas sobre frequência e Ross Laboratories, 1987.
Ministério da Saúde, 2014. distribuição sociodemográfica de fatores
63
SOBREPESO E OBESIDADE REFERÊNCIAS
EM IDOSOS
CONFORTIN, S. C. et al. Indicadores FERREIRA, A. P. S.; SZWARCWALD, C. L.; HALLAL, P. C. et al. Physical activity: more
antropométricos associados à demência em DAMACENA, G. N. Prevalência e fatores of the same is not enough. Lancet, London,
idosos de Florianópolis–SC, Brasil: Estudo associados da obesidade na população England, v. 380, n. 9838, p. 190-191, 2012.
EpiFloripa Idoso. Ciência & Saúde Coletiva, brasileira: estudo com dados aferidos da
v. 24, p. 2317-2324, 2019. Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Revista HOLICK, M. F. Vitamina D: como um
Brasileira de Epidemiologia, v. 22, p. tratamento tão simples pode reverter
DIAS, P. C. et al. Obesidade e políticas e190024, 2019. doenças tão importantes. São Paulo, SP:
públicas: concepções e estratégias Editora Fundamento Educacional LTDA,
adotadas pelo governo brasileiro. FREITAS, E. V.; PY, L. Tratado de geriatria 2012.
Cadernos de Saúde Pública, v. 33, p. e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
e00006016, 2017. Guanabara Koogan, 2017. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística. Pesquisa de Orçamentos
DUNSTAN, D. W.; OWEN, N. New exercise GODOY, A. R.; ADAMI, F. S. Estado Familiares 2002-2003 – POF. IBGE: Rio de
prescription: don’t just sit there: stand up and nutricional e qualidade de vida em adultos Janeiro, 2004.
move more, more often. Archives of Internal e idosos com depressão. Revista Brasileira
Medicine, v. 172, n. 6, p. 500-501, 2012. em Promoção da Saúde, v. 32, 2019. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística. Pesquisa de Orçamentos
FAZZINO, T. L. et al. Heavy Drinking in Young GOMES, A. P.; SOARES, A. L. G.; Familiares 2008-2009 – POF. IBGE: Rio de
Adulthood Increases Risk of Transitioning to GONCALVES, H. Baixa qualidade da dieta Janeiro, 2010.
Obesity. Am J Prev Med, v. 53, n. 2, p. 169- de idosos: estudo de base populacional no
175, 2017. sul do Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e
Janeiro, v. 21, n. 11, p. 3417-3428, 2016. Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde
FERREIRA, P. M.; PAPINI, S. J.; CORRENTE, 2019: Percepção do estado de saúde, estilo
J. E. Fatores associados à obesidade em GOROSPE, E. C.; DAVE, J. K. The risk of de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes
idosos cadastrados na rede básica de dementia with increased body mass index. regiões e unidades da federação. IBGE: Rio
saúde do município de Botucatu, São Paulo. Age Ageing, v. 36, n. 1, p. 23-29, 2007. de Janeiro, 2020a.
Revista de Ciências Médicas, v. 20, n. 3/4,
p. 77-85, 2012.
64
SOBREPESO E OBESIDADE REFERÊNCIAS
EM IDOSOS
IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares MATHIS, A. L.; ROOKS, R. N.; TAWK, R. H.; OMS. Organização Mundial da Saúde.
2017-2018: análise do consumo alimentar KRUGER, D. J. Neighborhood influences Global status report on alcohol and health
pessoal no Brasil. Coordenação de Trabalho and BMI in urban older adults. Journal of 2018. Genebra: OMS, 2018.
e Rendimento. IBGE: Rio de Janeiro, 2020b. Applied Gerontology, v. 36, n. 6, p. 692-708,
2017. PEREIRA, I. F. S.; SPYRIDES, M. H. C.;
INCA. Posicionamento do Instituto Nacional ANDRADE, L. M. B. Estado nutricional de
de Câncer José Alencar Gomes da Silva MOREIRA, P. F. P.; MARTINIANO, F. F. idosos no Brasil: uma abordagem multinível.
acerca do Sobrepeso e Obesidade. Revista Aspectos nutricionais e o abuso do álcool Cadernos de Saúde Pública, v. 32, p.
Brasileira de Cancerologia, v. 63, n. 1, p. em idosos. Envelhecimento e Saúde, v. 14, e00178814, 2016.
7-12, 2017. n. 1, p. 23-6, 2008.
PEREIRA, D. S. et al. Percepção de ambiente
MALTA, D. C.; et al. Fatores de risco MOURA, M. R. L; REYES, F. G. Interação e nível de atividade física em idosos do
relacionados à carga global de doença do farmaco-nutriente: uma revisão. Rev. Nutr., Nordeste Brasileiro. Coleção Pesquisa em
Brasil e Unidades Federadas, 2015. Rev. Campinas, v. 15, n. 2, p. 223-238, 2002. Educação Física, v. 18, n. 3, p. 83-91, 2019.
bras. epidemiol., São Paulo, v. 20, supl. 1, p.
217-232, maio 2017. Disponível em: <http:// NIAAA. National Institute on Alcohol RIEDIGER, N. D.; MOGHADASIAN, M. H.
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ Abuse and Alcoholism. 2015- 2020. Patterns of fruit and vegetable consumption
arttext&pid=S1415-790X2017000500217>. Dietary Guidelines for Americans. and the influence of sex, age and socio-
Acesso em: 08 dez. 2020. Estados Unidos: Department of Health demographic factors among Canadian
and Human Services and U.S.; 2015. elderly. J Am Coll Nutr, v. 27, n. 2, p. 306-
MARTINS, K. A. Perfil de consumo Disponível em: <https://health.gov/sites/ 313, 2008.
alimentar de pacientes tabagistas em default/files/2019-09/2015-2020_Dietary_
tratamento, na cidade de Goiânia, em 2006. Guidelines.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2020. SANTOS, R. D. et al . I Diretriz sobre
Dissertação [Mestrado em Ciências da o consumo de gorduras e saúde
Saúde]. Rede Convênio Centro-Oeste (UnB, OECD. Organisation for Economic Co- cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol., São
UFG e UFMS), 2006. 143p. operation and Development. Health at a Paulo, v. 100, n. 1, supl. 3, p. 1-40, 2013.
glance 2019: OECD indicators. Paris: OECD
Publishing, 2019.
65
SOBREPESO E OBESIDADE REFERÊNCIAS
EM IDOSOS
SANTOS, R. G. et al. Comportamento de vida em idosos do Brasil: 2002/03- SOUZA, J. D. et al . Dietary patterns of the
Sedentário em Idosos: uma revisão 2008/09. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. elderly: characteristics and association with
sistemática. Motricidade, v. 11, n. 3, p. 171- 3, p. 891-901, 2018. socioeconomic aspects. Rev. bras. geriatr.
186, 2015. gerontol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 6, p. 970-
SILVEIRA, E. A. et al. Prevalência e fatores 977, 2016.
SASS, A.; BACK, I. R.; MARCON, S. S. Estado associados à obesidade em idosos
nutricional e fatores associados em idosos residentes em Pelotas, Rio Grande do Sul, SOUZA, Y. P. et al. A qualidade de vida de
residentes na área urbana de município do Brasil: classificação da obesidade segundo idosos com obesidade ou sobrepeso. Rev
noroeste do Paraná. Nutrição Brasil, v. 16, dois pontos de corte do índice de massa Bras Ciênc Saúde, , v. 22, n. 2, p. 155-64,
n. 4, 209-218, 2017. corporal. Cad. Saúde Pública, Rio de 2018.
Janeiro, v. 25, n. 7, p. 1569-1577, 2009.
SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. SOUZA, B. B. et al. Consumo de frutas,
Atualização das Diretrizes em SILVEIRA, E. A. da et al . Obesidade em legumes e verduras e associação com
Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Idosos e sua Associação com Consumo hábitos de vida e estado nutricional: um
Cardiologia. Arq Bras Cardiol, v. 112, n. 5, p. Alimentar, Diabetes Mellitus e Infarto Agudo estudo prospectivo em uma coorte de
649-705, 2019. do Miocárdio. Arq. Bras. Cardiol., São idosos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de
Paulo, v. 107, n. 6, p. 509-517, 2016. Janeiro, v. 24, n. 4, p. 1463-1472, 2019.
SENGER, A. E. V. et al . Alcoolismo e
tabagismo em idosos: relação com ingestão SISVAN. Sistema de Vigilância Alimentar SULANDER, T.; RAHKONEN, O.; NISSINEN, A.;
alimentar e aspectos socioeconômicos. e Nutricional. Relatórios do Estado UUTELA, A. Association of smoking status
Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro, nutricional dos indivíduos acompanhados with obesity and diabetes among elderly
v. 14, n. 4, p. 713-719, 2011 . por período, fase do ciclo da vida e people. Archives Of Gerontology And
índice de massa corporal. Idosos. 2019. Geriatrics, v. 45, n. 2, p. 159-167, set. 2007.
SILVA, V.; SOUZA, I.; SILVA, D. A. S.; Disponível em: <http://sisaps.saude.gov.br/
BARBOSA, A. R., FONSECA, M. J. M. sisvan/relatoriopublico/estadonutricional>.
Evolução e associação do IMC entre Acesso em: 08 dez. 2020.
variáveis sociodemográficas e de condições
66
SOBREPESO E OBESIDADE REFERÊNCIAS
EM IDOSOS
SWINBURG, B.; EGGER, G.; RAZA, F. WHO. World Health Organization. Global
Dissecting obesogenic environments: Recommendations on Physical Activity
the development and application of a for Health. 2010. Disponível em: <https://
framework for identifying and prioritizing www.who.int/dietphysicalactivity/
environmental interventions for obesity. publications/9789241599979/en/>. Acesso
Prevent. Med., v. 29, p. 563-570, 1999. em: 10 ago. 2020.
67
SOBREPESO E OBESIDADE MINICURRÍCULO DOS AUTORES
EM IDOSOS
68