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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACID - WYDEN

JANE CLÉCIA DE SOUZA ANDRÉ

MATERNIDADE HUMANIZADA
Arquitetura Hospitalar Humanizada no município de
Piripiri - PI.

TERESINA-PI
NOVEMBRO/2023
JANE CLÉCIA DE SOUSA ANDRÉ

MATERNIDADE HUMANIZADA
Arquitetura Hospitalar Humanizada no município de
Piripiri - PI.

Monografia apresentada na disciplina Trabalho


Final de Graduação I - TFG I, como parte dos
requisitos necessários à conclusão do curso de
Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário UNIFACID-WYDEN.

Orientador: Profª. Thicianne Moraes Pessoa

TERESINA-PI
NOVEMBRO/2023
JANE CLÉCIA DE SOUSA ANDRÉ

MATERNIDADE HUMANIZADA
Arquitetura Hospitalar Humanizada no município de
Piripiri - PI.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial à obtenção do título Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Profª. Thicianne Moraes Pessoa

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________
Profª.
Faculdade

________________________________________________________________
Nome do Professor(a) - Convidado(a) interno
Faculdade

________________________________________________________________
Nome do(a) convidado(a)
Arquiteto e Urbanista
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS

LISTA DE ABREVIATURAS

LISTA DE SIGLAS

LISTA DE ACRÔNIMOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11
2 JUSTIFICATIVA 13
3 OBJETIVOS 20
3.1 OBJETIVO GERAL 20
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 20
4 METODOLOGIA DA PESQUISA 21
5 REFERENCIAL TEÓRICO 23
5.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS MATERNIDADES 23
5.2 HUMANIZAÇÃO DO PARTO
5.2.1 TIPOS DE PARTOS 23
5.3 POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS À GESTAÇÃO E INCENTIVO AO PARTO
HUMANIZADO
NO BRASIL 25
5.4 ARQUITETURA HOSPITALAR HUMANIZADA 27
5.5 ASPECTOS BIOCLIMÁTICOS E AUTOMAÇÃO 29
5.6 MATERNIDADES HUMANIZADA NA CIDADE DE TERESINA-PI
29
6 ESTUDOS DE CASOS 29
6.1 CASO INTERNACIONAL
6.1.1 29
6.2 CASO NACIONAL
6.1.2 29
6.3 CASO REGIONAL
6.1.3 29
7. ANÁLISE DO TERRENO ESCOLHIDO 29
7.1 LOCALIZAÇÃO DO TERRENO 29
7.2 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO E ENTORNOS 29
7.3 TRANSPORTE PÚBLICO 29
7.4 DIAGNÓSTICO DO TERRENO 29
7.5 ASPECTOS CLIMÁTICOS 29
7.6 LEGISLAÇÃO
8. PROGRAMA DE NECESSIDADES
9.MEMORIAL JUSTIFICATIVO
10.MEMORIAL DE ESPECIFICAÇÃO
11.REFERÊNCIAS
12.ANEXOS
1 INTRODUÇÃO

O nascimento de uma criança é um momento especial e significativo, que


marca o início de uma nova vida e pode vir a ser marco da reestruturação familiar,
social e profissional perante a sociedade. Trata-se de um evento fisiologicamente
complexo, especialmente para a mulher, uma vez que o parto é uma atividade íntima e
familiar, que durante muitas décadas ocorria no ambiente domiciliar, mediado por
mulheres mais experientes conhecidas como parteiras. Ocorrem simultaneamente dois
eventos únicos: para a mulher, o parto, para o bebê, o nascimento, momento este cheio
singularidades e peculiaridades, e que deve ser realizado com cautela e cuidados
específicos (FERREIRA et al., 2019).
Embora a medicalização do parto cirúrgico dentro da medicina tenha sido um
evento grandemente importante, este tem se tornado um procedimento médico e não
mais um evento fisiológico. Neste sentido, o Ministério da Saúde tem buscado nos
últimos anos humanizar o parto, prestando assistência de maneira integral e de forma
humanizada à mulher, garantindo-lhe segurança, dignidade e assistência humanizada na
gravidez, parto e pós-parto. Deste modo, cabe ao Sistema Único de Saúde (SUS) o
compromisso e a obrigatoriedade de garantir uma atenção integral à saúde das gestantes
(VENDRÚSCOLO; KRUEL, 2015; BRASIL, 2011).
A assistência à saúde da gestante é tida como oportunidade de fomento à saúde
dela e do bebê, tendo os profissionais de saúde o papel de mediadores e sendo
indispensável a participação efetiva e consciente da gestante e acompanhante no
processo, a fim de zelar por seus direitos e preferências. O incentivo ao parto natural
não tem o intuito de retornar a métodos antigos ou negar todo o avanço científico, mas
que a ciência seja aliada e esteja em favor da saúde da mulher e do bebê (REIS;
PATRÍCIO, 2005).
Neste contexto, a neutralidade do ambiente de parto pode trazer a sensação de
conforto à parturiente, fazendo do ambiente hospitalar uma ferramenta terapêutica que
contribua para a sensação de bem-estar físico da mãe. Desse modo, o arquiteto é
fundamental no planejamento e desenvolvimento destes ambientes, garantindo que a
ambiência atenue as sensações indesejadas, atendendo às recomendações para esta
tipologia tão complexa sem deixar de lado a visão global da instituição. Torna-se assim,
o profissional de arquitetura, um agente participativo no gerenciamento da realização de
todas as etapas do projeto, bem como na execução deste serviço (CIACO, 2010;
SAMPAIO, 2005).
Arquitetura e humanização do parto devem associar-se intimamente, no
conceito e na prática na elaboração desta proposta arquitetônica de uma Maternidade em
uma cidade no interior do Piauí, favorecendo o estabelecimento de um ambiente
humanizado à gestante e, por conseguinte, ao bebê, uma vez que, um ambiente
humanizado pode minimizar as tensões inerentes ao momento do parto. Além disto, esta
proposta trará a inclusão de técnicas bioclimáticas e de automação, com a finalidade de
realizar um projeto arquitetônico que atenda às necessidades dos usuários e às
padronizações vigentes.
O intuito deste estudo é desenvolver a proposta arquitetônica de uma
maternidade na cidade de Piripiri que atenda às necessidades das gestantes e no pré-
parto, parto e pós-parto oferecendo um ambiente planejado com áreas que favoreçam o
processo humanizado do parto, seja natural ou cesárea e que se distanciam em partes da
estrutura e ambientação de hospitais tradicionais, proporcionando ambientes mais
aconchegantes. A proposta também contará com ambientes estruturados para receber os
bebês e a rede de apoio da puérpera, contando ainda com um ambiente de integração e
socialização, onde as mães possam trocar experiências umas com as outras.
2 JUSTIFICATIVA

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, o número


de cesarianas continua a crescer no mundo inteiro e deve continuar aumentando nas
próximas décadas, com as cesáreas representando quase 1/3 dos partos até o ano de
2030. Até o ano de 2018, o Brasil estava em segundo lugar no ranking mundial de
cesarianas, representando estas mais de 50% dos partos realizados no país, contrariando
as recomendações da OMS, de que este procedimento cirúrgico só deve ser realizado
em situações de extrema necessidade ou que representem risco à vida da gestante ou do
bebê (OPAS, 2021; BRASIL, 2018).
No entanto, o Brasil ultrapassa em muito o percentual máximo recomendado de
partos cesarianas que é de até 15%, chegando a 84% no setor privado e 40% no setor
público (BRASIL, 2018). Considerando o número excessivo de partos cirúrgicos
realizados no país e a complexidade deste procedimento e do pós-operatório, esta
pesquisa norteia-se pela defesa do parto natural e humanizado, visto que trata-se de um
processo natural, onde a mãe tende a sentir-se mais segura e a humanização deste
processo garante mais conforto e bem-estar físico e social para a mãe e para o bebê.

Figura SEQ Figura \* ARABIC 1 - Número de partos normais e cesários na cidade de Teresina-PI no
primeiro semestre de 2019.

Fonte: Elaborado com base nos dados de Fundação Municipal de Saúde


(FMS)
Em 2019, foram realizados 3.986 partos nas maternidades da rede pública
municipal administradas pela Fundação Municipal de Saúde (FMS). Teresina mantém,
atualmente, quatro maternidades, uma em cada zona da cidade, que seguem as diretrizes
da Rede Cegonha. Trata-se de uma série de cuidados para assegurar às mulheres o
direito ao planejamento reprodutivo, assim como atenção humanizada à gravidez, ao
parto e ao puerpério. Também pretende garantir às crianças o direito ao nascimento
seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis. Dos 3.986 partos, 2.353 (59%)
foram partos normais e 1.633 (41%) foram cesarianas. O parto natural é o método mais
incentivado pela política da Rede Cegonha.
De acordo com informações obtidas por meio do resultado de uma pesquisa,
realizada em 2010, que avaliou o parecer de 10 puérperas quanto ao parto humanizado
em uma maternidade pública de Teresina-PI, foi considerável a aceitação deste tipo de
procedimento. Todo o atendimento foi realizado tendo como base o acesso às
informações pertinentes, bem como tendo a liberdade de escolha com relação ao
procedimento e à presença ou não de um acompanhante; dessa maneira, as gestantes se
sentiram mais seguras e tranquilas para realizar o trabalho de parto (MONTE; GOMES;
AMORIM, 2011).
Em contraposição, segundo a pesquisa Mulheres brasileiras e gênero nos
espaços público e privado divulgada no ano de 2010 pela Fundação Perseu Abramo,
25% das mulheres afirmaram haver sofrido alguma violência no atendimento ao parto.
Essa taxa é evidentemente alta, ainda mais levando em consideração que se trata de algo
novo e pouco debatido e divulgado o que motivou a Defensoria Pública do estado de
São Paulo, com determinação do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos
Direitos da Mulher, a realizar campanhas com o intuito de orientar juridicamente as
mulheres a respeito dessa violência intitulada como Violência obstétrica (BRASIL,
2014).
As maternidades da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina
realizaram de janeiro a junho de 2023 o total de 37.735 atendimentos, sendo que 32.430
foram urgências. Foram realizados também: 2.009 partos normais, 1.621 partos
cesarianos, 954 internações para tratamentos clínicos, 447 internações e 674 curetagens.
( Figura 2).
De acordo com a diretora de Atenção Especializada (DAE) da FMS, Roberta
Bert, as maternidades buscam concretizar que o nascimento no ambiente hospitalar se
caracteriza pela adoção de várias tecnologias e procedimentos com o objetivo de torná-
lo mais seguro para a mulher e seu bebê. Atualmente, a FMS gerência quatro
maternidades na capital, sendo estas: maternidade do Buenos Aires, Maternidade do
Wall Ferraz (CIAMCA), Maternidade do Satélite e Maternidade do Promorar, que
atendem emergência de obstetrícia e ginecologia além de mulheres em processo de
abortamento.

Figura 2 - Atendimentos em 2023

Fonte: Elaborado com base nos dados de Fundação Municipal de Saúde


(FMS)
A cidade de Piripiri, que, originalmente, possuía a grafia primitiva Perypery,
possui uma área 1.407,192 km² (IBGE, 2022), é um importante município brasileiro do
interior de Teresina no estado do Piauí (Figura 3), localizado na Região Nordeste do
Brasil. Conforme o Censo Demográfico de 2022, atualmente sua população é estimada
65.450 habitantes (IBGE, 2022), sendo a 4ª (quarta) cidade mais populosa do Estado do
Piauí, com distância de 165 km da capital.

Figura 3 - Localização de Piripiri - PI


Fonte : Wikipédia

Neste sentido, outra questão fundamental que justifica a escolha deste tema é
que a região de Piripiri (PI) não possui um ambiente público de incentivo e apoio à
prática do parto natural ou cesárea, embora o único hospital público da cidade conte
com as políticas de humanização do parto, a estrutura do local não permite um
tratamento mais específico e confortável durante o parto e pós-parto. Outro desafio, é
suprir, de forma humanizada as puérperas da região em questão, visto que este hospital
também atende muitas cidades e povoados circunvizinhos, municípios como Brasileira,
Capitão de Campo, Domingos Mourão, Batalha, Lagoa de São Francisco e outros.
( Figura 4)

Figura 4 - Localização de Piripiri e circunvizinhos


Fonte : Elaborada pela autora pelo Google Earth Pro 2023

Figura 5 - Hospital Chagas Rodrigues

Foto: Sebastião Silva Neto

Fonte: Ascom Sesapi

O Hospital Regional Chagas Rodrigues (HRCR) (Figura 5), é a unidade de


referência para a macrorregião Litoral e região de saúde Cocais, que possui 23
municípios, e conta com 101 leitos para oferecer atendimento à população. A unidade
possui ainda uma média mensal de 15 mil pessoas atendidas no hospital.
O HRCR, além das obras de reforma que irão influenciar positivamente na
prestação de serviços para a população da região, atualmente conta com os serviços de
maternidade, pediatria, ortopedia, centro cirúrgico, ultrassonografia, urgência e
emergência, raios X, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e exames laboratoriais. No
setor de maternidade serão quatro salas de parto onde a mulher terá acolhimento no pré-
parto, parto e pós-parto. Segundo o Secretário de Estado da Saúde, Francisco Costa:
“Podemos falar com muito entusiasmo que aqui será a primeira
maternidade com salas de parto humanizado de acordo com o que recomenda a
portaria do Programa Rede Cegonha do Ministério da Saúde. Nem na
maternidade Dona Evangelina Rosa temos essa estrutura)”.
Portanto, dentro da temática de assistência social e humanização do parto, este
projeto visa a criação de um ambiente de apoio às gestantes, as puérperas e também aos
bebês, desenvolvendo um projeto amplo que leve em consideração, especialmente a
ambientação, as técnicas bioclimáticas que visam a melhoria da sensação térmica dentro
da edificação e que tem como consequência a redução do consumo de energia elétrica
da edificação.
Além disso a proposta é voltada para uma edificação arquitetônica totalmente
pensada na humanização do parto e no bem-estar dos usuários, abrangendo a região de
Piripiri-PI e povoados vizinhos, inclusive proporcionando estadia temporária à
familiares de gestantes que por ventura não possam se deslocar às suas cidades ou que
permaneçam para auxiliar no cuidado ao bebê recém-chegado.
Desta maneira será possível proporcionar à gestante e ao bebê mais conforto,
segurança e apoio durante o parto natural, para tanto, a proposta arquitetônica será
desenvolvida utilizando-se de estudos de casos com proposta semelhantes, no mundo,
no Brasil e no Piauí, visando criar uma maternidade pública de referência no que tange
ao parto normal humanizado.
3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Propor o projeto arquitetônico de uma maternidade humanizada pública, na


cidade de Piripiri-PI e de apoio aos demais municípios circunvizinhos.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Revisar a bibliografia para sustentação teórica da proposição de uma


Maternidade Pública Humanizada para Piripiri, PI;
b) Analisar e compreender as técnicas bioclimáticas para auxiliar na
melhoria da sensação térmica no interior da edificação e por consequentemente na
redução do consumo de energia elétrica.
b) Aplicar os conceitos e normas projetuais à humanização dos espaços.
c) Elaborar programa de necessidades que contemple espaços de atendimento
hospitalar no pré-parto, no parto e no pós-parto, para a mãe e o bebê;
d) Analisar estudos de casos semelhantes no Mundo, no Brasil e no Piauí
aprimorando assim, o processo de projeto em andamento;
e) Analisar o terreno proposto para implantação do projeto, observando as
questões topográficas e suas limitações.
4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia do trabalho foi dividida em duas etapas: na primeira foi elaborada a


monografia sobre arquitetura hospitalar, tendo como enfoque principal o projeto de uma
maternidade humanizada; A segunda etapa foi o desenvolvimento de um projeto arquitetônico
e sua contextualização com o local. O trabalho desenvolvido na primeira etapa serviu de base
para a elaboração do projeto na segunda etapa do trabalho.

Para o desenvolvimento da primeira etapa, inicialmente objetivando compreender


de que forma a proposta pode aderir a uma assistência humanizada, automatizada e com
técnicas bioclimáticas, a metodologia utilizada foi de abordagem qualitativa descritiva para
que se possibilite identificar os meios que conduzem a esse resultado. Diante disso, foram
utilizadas como base teórica, pesquisas relacionadas ao tema, propostas e artigos que
trabalharam este mesmo viés, os manuais da Secretaria de Saúde de Teresina, as exigências
do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, e legislação municipal vigente.
Nessa etapa foram utilizados os seguintes instrumentos de pesquisa:
a) Pesquisa bibliográfica, em que foram consultados conteúdos impressos e
eletrônicos que continham estudos específicos e instrumentos legais relativos ao tema, como
por exemplo jornais, revistas, periódicos, livros, dissertações, teses, dentre outros;
b) Levantamento de dados da região a ser implantada, como legislação municipal
vigente e as normas da Secretaria de Saúde de Teresina - FMS, as exigências do Ministério da
Saúde e da Organização Mundial da Saúde - OMS.
c) Realizou-se visitas à Maternidade Evangelina Rosa na capital de Teresina-PI, e
ao Hospital Chagas Rodrigues no setor de maternidade no município de Piripiri-PI, com o
objetivo de entender o funcionamento dos mesmos e suas necessidades quanto à
infraestrutura.
d) Realizou-se estudos de casos e foi construído subsídio teórico para definição
do programa de necessidades; relações do programa, pré- dimensionamento;
e) Foi escolhido e foram levantadas informações sobre o terreno a ser implantado
a maternidade, assim como foi realizada a análise do seu entorno.
A segunda etapa do trabalho foi a elaboração do projeto arquitetônico que se
dividiu em:
a) Desenvolvimento do projeto em nível de estudo preliminar, que conterá
fluxograma, a definição do partido e do conceito arquitetônico, estudos de orientação quanto a
ventilação e insolação do terreno;
b) Desenvolvimento do projeto em nível de anteprojeto e de projeto básico.
c) Elaboração do projeto básico, detalhamento, estudos volumétricos, bem como
memorial justificativo e descritivo.

Tais estudos de caso envolvem um estudo detalhado e extenuante de


determinados objetos, possibilitando que se conheça seu todo profundamente. Consistindo,
assim, em executar a coleta e análise das informações pertinentes; sendo necessário como
premissa para isso que se tenha seriedade, uma meta traçada, originalidade e congruência
(PRODANOV; FREITAS, 2013).

Sendo assim, tem como objetivo contextualizar a importância de entender e


reconhecer as necessidades principais do ambiente hospitalar, e identificando as suas
particularidades para que sejam beneficiados com o projeto arquitetônico.
5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS MATERNIDADES (AMBIENTE DO NASCIMENTO)

Nos primórdios da humanidade, a função do parto era extremamente social e exercida


apenas por algumas mulheres, visto que era considerado uma prática natural e foi comum por
muito tempo que ocorressem através de mãos leigas das denominadas parteiras, escolhidas
pela sua experiência e pelos conhecimentos culturais que tinham a respeito do parto. Este
conhecimento era passado de mulher para mulher, de mãe para filha, e por muito tempo, estas
mulheres foram vistas como santas ou puras e não recebiam nenhum tipo de remuneração
para assistir uma mulher durante o parto (CUNHA, 2012).
Com o passar dos séculos, o parto e sua assistência passaram por diversas
transformações, mas até o século XVII este trabalho era realizado quase que exclusivamente
por mulheres, sendo a presença de homens evitada é considerada apenas em casos extremos
onde ocorria algum imprevisto. Neste momento da história, os partos eram realizados na
própria casa da gestante, as parteiras se deslocavam aos domicílios para auxiliar no
nascimento da criança (MALDONADO, 1991).
Além disso, outras mudanças foram ocorrendo na forma de parir, com relação à
posição do parto, por exemplo, por muito tempo foi realizada de forma vertical, estando a
gestante de joelhos, sentada, em pé ou de cócoras, sendo posteriormente substituída por
posições onde a gestante permanecia deitada, o que facilitava a locomoção do bebê e os
procedimentos médicos que seriam realizados futuramente (ATWOOD, 1989 apud
MALDONADO, 1991).
Outra mudança significativa que acompanhou a evolução dos partos em ambiente
domiciliar foi a utilização apenas das mãos das parteiras, utilizando-se de tecidos limpos e
água para a higienização do ambiente. Aos poucos, este trabalho manual foi sendo substituído
pelos instrumentos cirúrgicos dos médicos. A partir do século XVI percebe-se uma inserção
da figura masculina no processo do parto, com o advento das escolas de medicina e cirurgias e
com o desenvolvimento de tecnologias criadas para tornar mais fácil o ato de parir (BRENES,
1991; VIEIRA, 2002).
Neste contexto, as disputas sociais e profissionais impulsionaram a mudança do local
de parto, saindo dos ambientes domiciliares para os espaços hospitalares tornando esta
atividade mais reservada aos homens, mais especificamente aos médicos e estudantes de
medicina da época. Os principais fatores que motivaram esta transferência estão relacionados
ao grande índice de mortalidade materna e fetal dos partos realizados em ambiente
domiciliares, os riscos de infecções, o pouco conhecimento científico das parteiras, as más
condições e estruturas da época, com pouco ou nenhum controle sobre a higiene da
parturiente e do bebê, podendo colocar em risco a vida dos dois (SANCHEZ et al., 2019;
VIANA et al., 2019).
Um dos marcos desta transição ocorre ao final do século XVIII, com o isolamento do
pavilhão da maternidade de Paris, construído no ano de 1875 sendo um dos pioneiros no que
diz respeito à relação entre arquitetura e obstetrícia (MALDONADO, 1991). Assim, os partos
começam a ser realizados cada vez mais em ambientes hospitalares e cada vez menos em
ambientes domiciliares, excluindo a necessidade de parteiras, sendo substituídas pelos
profissionais de medicina e de enfermagem. Logo, as mãos leigas das parteiras foi substituída
pelos fórceps e pela violência obstétrica, que permeia os partos cesários, além do uso de
medicações, indo em desencontro ao processo natural e fisiológico do parto (FABRIZZIO et
al, 2019; SOUZA et al., 2019).
No Brasil, a partir da década de 1960, a realização de partos em hospitais torna-se
mais frequente, aumentando-se também a preocupação e a qualidade da assistência hospitalar,
contribuindo para a queda nas taxas de mortalidade (LEISTER; RIESCO, 2013). Em
contrapartida, houve uma mudança drástica no cenário do parto, o que representava cada vez
mais incertezas para a mulher e mais comodidade aos profissionais de saúde, tanto que o
número de cesariana cresceu amplamente na década de 1970 (BRASIL, 2001).
Atualmente, os partos no Brasil ocorrem quase que exclusivamente em ambiente
hospitalar ou em casas de parto especializadas, ocupando o país o segundo lugar do ranking
mundial de partos cesáreos segundo o Fundo das Nações Unidas para a infância – UNICEF
(UNICEF, 2017), representados pelas mais de 1.604.000 cesarianas realizadas somente no ano
de 2019 e pela crescente preocupação com a humanização da assistência ao parto no país
(BRASIL, 2019).

5.2 HUMANIZAÇÃO DO PARTO

Fisiologicamente o parto representa uma transição, marcada pelo fim da gravidez e o


nascimento de um novo ser. Neste processo, combinam-se fenômenos mecânicos e
fisiológicos que resultam na expulsão do feto pelo organismo da mãe. Neste contexto,
considere-se que o parto possa ocorrer de maneira natural (parto normal), em ambiente
hospitalar (cesárea) ou ainda que em um ambiente hospitalar, com uma abordagem menos
invasiva (parto humanizado natural) (Figura 6) (FERREIRA et al., 2019).

Figura 6 – Tipos de parto.

Fonte: UFU, 2023. Disponível em:


https://comunica.ufu.br/noticias/2019/03/enfermagem-da-ufu-desenvolve-projeto-para-
reducao-de-cesarianas-desnecessarias.

Considerando a complexidade deste evento fisiológico é importante que, a


então parturiente, receba os cuidados necessários, a fim de reduzir o estresse gerado pelo
trabalho de parto, incluindo a garantia de que a mãe receba todas as informações necessárias
sobre o parto, contrações, tipo de parto, alimentação entre outras informações. Trata-se de
tornar a mãe uma protagonista neste evento importante de sua vida, tendo autonomia
suficiente para decidir a melhor forma de fazê-lo (CARDOSO et al., 2020; NASCIMENTO
et al., 2018).
Atualmente, o modelo de parto em ambiente hospitalar é deficiente no que se
refere à saúde psicológica e física da mãe, especialmente quando acontece na rede pública
de saúde, sendo influenciada por hierarquia social de classe, gênero e raça. Além disso, o
parto realizado em ambiente hospitalar não é isento de riscos, estando sujeito à imprudência,
negligência e diversos procedimentos desnecessários, inclusive com violência obstétrica
(MAIA, 2010).
Diante deste cenário, as últimas décadas foram marcadas por mães que optam
pela cirurgia de cesariana ao invés do parto normal em ambiente hospitalar. Antes indicada
apenas para casos de gravidez de risco, a cesariana tem se tornado a principal escolha de
muitas mulheres nos últimos anos. Com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços
prestados, especialmente no serviço público, o Ministério da Saúde (MS) instituiu o
Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), tornando-se, no
ano de 2003 a Política Nacional de Humanização (PNH) (BRASIL, 2013).
O programa busca, com suas diretrizes (quadro 1) melhorar o relacionamento
de servidores da saúde e a população assistida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com
isso, intensifica-se ainda mais a busca pela humanização do parto, assim, considera-se a
humanização como um ato de tornar humano, ou seja, dar condições humanas. Com a
disseminação da cultura de humanização do parto a valorização da vida humana é colocada
em pauta, garantindo à mãe e ao bebê os seus direitos fundamentais (MORAES, 2018).
O processo de humanizar o nascimento de uma criança visa oferecer serviços de
forma mais humana, enxergar as necessidades e limitações da mãe e do bebê. Neste
contexto, humanizar o parto engloba toda a reorganização de procedimentos obstétricos
durante o parto, considerando as elevadas taxas de cesariana e principalmente a
morbimortalidade materna e perinatal.

Quadro 1 - Diretrizes da Política Nacional de Humanização.

Fonte: Brasil, 2006. Adaptado pelo autor.


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a assistência humanizada ao
parto inclui: o direito da mãe em escolher alguém para lhe acompanhar durante este
momento, a garantia da privacidade e do acesso às informações que achar necessárias,
orientação sobre a liberdade de escolher métodos de alívio para a dor no trabalho de parto
assim como escolher a posição que achar mais confortável e o uso de técnicas de
relaxamento entre outras escolhas (MATEI, 2003)
Nos grandes centros urbanos existe um aumento expansivo das unidades de
saúde que ofertam atendimento humanizado às parturientes ainda que no SUS, no entanto, as
pequenas cidades não possuem recursos suficientes para oferecer uma assistência humanizada
ao parto, uma vez que nem sempre tem as condições mínimas para receber a mãe em trabalho
de parto. Portanto, estudar a viabilidade da criação de centros humanizados de assistência ao
parto nas pequenas cidades é de grande relevância para a população de classes sociais menos
favorecidas.

5.3. TIPOS DE PARTOS

A OMS (Organização Mundial da Saúde) define o parto normal como sendo de


início espontâneo em posição cefálica de vértice, entre 37 e 42 semanas de
gestação, de baixo risco no início do trabalho de parto, permanecendo assim
durante todo o processo, até o nascimento. O corpo da gestante, em determinado
momento, se encarrega de dar as coordenadas para o nascimento do bebê.
Inicialmente, é o tipo de parto indicado para todas as mulheres por ser algo
espontâneo.
Nada impede, no entanto, a realização de intervenções durante o processo,
como forma de preservar a saúde da mãe e do bebê. Também podem ser usadas
medicações para induzir as contrações e anestesia para aliviar dores e
desconfortos. Tudo depende do que foi combinado entre a gestante e o seu médico
ainda durante o pré-natal. A classificação dos tipos de parto definia-se apenas como
“parto cesariano” ou parto “normal” (MORAES, [20--], p.1), cabendo à mulher se
adaptar às condições padronizadas de tais tipologias (MORAES, [20--]).

Ao longo dos anos este conceito foi transformado em sinônimo de sofrimento


materno, devido a utilização de intervenções rotineiras e indiscriminadas que acabam por
aumentar as complicações maternas e neonatais, como episiotomia, a suspensão da
alimentação e ingesta de líquidos, a tricotomia, o uso de enema, a hidratação venosa, o
repouso na cama hospitalar, a proibição da presença de um acompanhante, dentre outras
ações. Por isso, existe uma diferenciação entre o parto normal (tradicional) e o parto
natural. Este último é realizado sem intervenções ou procedimentos desnecessários durante
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto, e com o atendimento centrado na
mulher. Podendo ser chamado de "parto humanizado", devido todo o respeito e cuidado
com que são tratados a mulher e o bebê neste período (SÃO PAULO, 2010).

O parto vaginal deve ser incentivado por oferecer diversos benefícios para mãe e bebê
entre eles estão: rápida recuperação da mulher, facilitando o cuidado com o bebê após o
parto; menos riscos de complicações, favorecendo o contato pele a pele imediato com o
recém-nascido e o aleitamento; menor risco de complicações na próxima gravidez, tornando
o próximo parto mais rápido e fácil; Para o bebê o trabalho de parto é um amadurecimento
dos pulmões e do sistema de defesa natural do organismo, seus sistemas e órgãos são
estimulados para a vida por meio das contrações uterinas e da passagem pela vagina
(BRASIL, 2014). As mulheres devem saber que o melhor tipo de parto é aquele mais
adequado às condições clínicas de sua gravidez. Visto que o parto normal ou vaginal reúne,
em relação à cesárea, uma série de vantagens, o que o torna a forma ideal de se
parir, pois tem menor custo e propicia à mulher uma recuperação bem mais rápida, além de
ser fisiológico (BRASIL, 2012).
Pensando em reduzir as taxas de mortalidade materno-fetal e de cesarianas indesejadas
surgiu a Rede Cegonha que prioriza ações para mudança desse modelo, ao devolver o parto
para a vivência íntima e pessoal de cada mulher, dentro de uma ambiência adequada para a
boa evolução do nascimento do bebê, com a inclusão da presença de um acompanhante de
livre escolha da mulher e a adoção de boas práticas de atenção centradas no bem-estar da
mulher, da criança, do pai e da família (BRASIL, 2013).
A Rede Cegonha foi lançada em 2011 pelo Governo Federal para proporcionar às
mulheres saúde, qualidade de vida e bem-estar durante a gestação, parto, pós- parto e o
desenvolvimento da criança até os dois primeiros anos de vida. Objetiva reduzir a mortalidade
materna e infantil e garantir os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres, homens, jovens e
adolescentes. A proposta qualifica os serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
no planejamento familiar, na confirmação da gravidez, no pré-natal, no parto e no puerpério
(BRASIL, 2011).
A cesariana é uma cirurgia de grande porte que quando utilizada adequadamente pode
salvar a vida da mãe e do bebê, porém se empregada sem critérios clínicos pode oferecer
também riscos à saúde da parturiente e de seu conceito (BRASIL, 2014).
Alguns dos riscos e desvantagens para a mãe relacionados à cesariana
programada são: dor e dificuldade para andar e cuidar do bebê após a cirurgia,
maior risco de complicações na próxima gravidez e aumento da possibilidade de
problemas em futuras gestações; E para o bebê: maior risco de nascer prematuro,
ficar na incubadora, ser afastado da mãe e demorar a ser amamentado e maior risco de
desenvolver alergias e problemas respiratórios na idade adulta. Enquanto que seus possíveis
benefícios são: conveniência, não passar pela dor do trabalho de parto e do parto, menos
trauma no assoalho pélvico da gestante e diminuição do tempo de parto (BRASIL, 2012).

Com o questionamento a respeito dos excessos nos métodos intervencionistas


e da busca por melhores condições de parto, outros tipos de parto passaram a ser
realizados, como o Parto Leboyer que focava apenas no bem-estar do recém-nascido;
o Parto de Cócoras, que esteve à frente do movimento “parto ativo” (MORAES, [20--],
p.1) em Londres durante os anos 80, esta tipologia era a
Preferida das gestantes, por conta da comodidade e aceleração na fase de expulsão do
bebê, sendo possível constatar uma melhor reação fisiológica e emocional após o parto (MORAES,
[20--]).
Outra tipologia é a do Parto na Água, onde o líquido morno auxilia no alívio da dor e na
dilatação, método este que atualmente é realizado no mundo inteiro; bem como o Parto sem dor, no
qual são utilizadas técnicas de relaxamento, controle da respiração e concentração para o alívio
das dores (MORAES, [20--]).

Por último tem-se o parto humanizado, um processo que apresenta uma estrutura física e
equipamentos adequados para o atendimento às gestantes; neste, a mulher tem total direito de
escolha no que diz respeito ao seu tempo, à sua posição mais cômoda, à presença ou não de um
acompanhante, ao acesso às informações sobre os acontecimentos, além do método que será
utilizado no alívio das dores. Neste processo, o médico dá assistência e só interfere quando há
necessidade, respeitando a fisiologia natural (DANTAS, 2010)
5.4 POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS À GESTAÇÃO E INCENTIVO AO PARTO HUMANIZADO NO

BRASIL

No Brasil, diversos programas e iniciativas tem como objetivo o incentivo ao


atendimento à gestante e ao parto humanizado, buscando além de atender as necessidades das
gestantes, proporcionar uma experiência mais adequada, segura e respeitosa. Nesse sentido,
alguns programas merecem destaque como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher (PNAISM).
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, lançada em 2004,
estabelece os princípios e diretrizes gerais acerca da saúde feminina e tem por objetivo
orientar as ações relacionadas à saúde da mulher de modo geral. O PNAISM reúne, em um
único documento, condutas que vão desde a prevenção e controle de doenças até o
planejamento familiar e pré-natal, englobando, nesse meio, diversas áreas relacionadas à
saúde da mulher (PNAISM, 2004).
Apesar do PNAISM não ser voltado especificamente ao incentivo à gestação e ao
parto humanizado, contém princípios e diretrizes que estão diretamente relacionados ao tema,
mais especificamente quando destaca a humanização como diretriz, ressaltando a importância
da autonomia da mulher em todas as fases da sua vida, inclusive durante a gestação e no
parto, tendo ela o direito de fazer escolhas e devendo, para tanto, ser tratada com respeito e
dignidade (PNAISM, 2004).
Ademais, o PNAISM traz como objetivos para melhorar a qualidade dos cuidados
prestados às gestantes e garantindo uma abordagem humanizada e respeitosa, ações como: o
incentivo à atenção obstétrica de qualidade, com ênfase na humanização e inclusão em casos
de aborto inseguro; o estabelecimento de uma rede de atendimento que garanta assistência
eficaz a gestantes de alto risco; o fortalecimento da capacitação e qualificação dos
profissionais de saúde para humanização no atendimento de mulheres gestantes e diante
situação de aborto. Além desses, impõe como objetivos ainda, situações práticas como a
expansão da rede laboratorial e a garantia do fornecimento de ácido fólico e sulfato ferroso a
todas as gestantes, dentre outros (PNAISM, 2004).
Outra política pública nacionalmente reconhecida é o Programa de Humanização do
Pré-Natal e Nascimento (PHPN), lançado em 2000. O PHPN é uma política totalmente
voltada ao parto humanizado, tendo como principal objetivo aperfeiçoar a qualidade e
humanizar a assistência do pré-natal e do parto. O Programa de Humanização do Pré-Natal e
Nascimento é voltado para profissionais de saúde, gestores e demais envolvidos na assistência
ao parto, buscando promover o parto normal bem como a humanização desse processo
(PHPN, 2000).
O PHPN se fundamenta em princípios essenciais, dentre os quais a garantia do direito
de toda gestante a um atendimento digno e de qualidade ao longo da gestação, no momento do
parto bem como durante o período de pós-parto, inclusive o direito da gestante de saber onde
será realizado seu parto. Além disso, o programa garante que a assistência ao parto e
puerpério seja conduzida de maneira humanizada e segura, seguindo as diretrizes médicas
estabelecidas (PHPN, 2000).
Em 24 de junho de 2011, o Ministério da Saúde por meio da portaria nº 1459, lançou
um novo programa para fortalecer a atenção ao pré-natal, parto e pós-parto, a Rede Cegonha.
A Rede Cegonha é uma estratégia que visa promover a melhoria da atenção à saúde materna e
neonatal, com foco na promoção do parto humanizado e na redução da mortalidade materna e
neonatal, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
A Portaria nº 1459/11 estabelece as diretrizes, objetivos, responsabilidades e estratégia
da Rede Cegonha, bem como os critérios para a habilitação de Centros de Parto Normal, Casa
de Gestantes, Bebê e Puérpera e as ações específicas para promover a assistência ao pré-natal
e parto humanizados.
A Rede Cegonha baseia-se em alguns princípios fundamentais que incluem o respeito
à proteção dos direitos humanos, a valorização da diversidade cultural e racial, a promoção da
equidade, o enfoque de gênero, a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, a participação e
mobilidade social, e a integração com as redes de atenção à saúde materna e infantil em
desenvolvimento nos estados.
Além das retro mencionadas políticas públicas, o Ministério da Saúde periodicamente
edita diretrizes e documentos específicos destinados à assistência pré-natal e parto
humanizado, são exemplos “o Guia do Pré-Natal do Parceiro” e a “Diretriz Nacional de
Assistência ao Parto Normal”. O primeiro tem por objetivo fornecer orientações sobre como
envolver os parceiros na assistência pré-natal e na promoção da saúde materna (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2023).
O segundo, por sua vez, busca estabelecer diretrizes e orientações a nível nacional
para a assistência ao parto humanizado no SUS, elencando diversas recomendações
relacionadas ao parto que vão desde indicação de apoio emocional, passando por medidas de
assepsia, à abordagem farmacológica ou não à dor. É, portanto, uma ferramenta importante de
humanização do trabalho de parto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).
5.5 ARQUITETURA HOSPITALAR HUMANIZADA

Por muito tempo os hospitais foram considerados locais de abrigo para peregrinos,
ainda que não estivessem doentes. As instalações físicas eram simples e atendiam aos
costumes de cura, geralmente sendo associado a igrejas ou estalagens. Com o avanço da
tecnologia e da medicina, os hospitais também passaram a ser vistos como locais de
esperança, nascimento e cura, mas a humanização dos espaços físicos ainda continuou em
segundo plano, direcionados apenas ao desempenho das funções básicas aqui foram
destinados.
Por muito tempo não houve preocupação com iluminação natural ou com melhorias
na ventilação, uma vez que esta era considerada uma via de contaminação, um dos
momentos históricos mais marcante para arquitetura hospitalar foi a construção de um
hospital coletivo em Lyon, na França, chamado de Hôtel-Dieu – Albergue de Deus (Figura
7). O hospital, pela sua complexa estrutura, apresentava um alto índice de contaminação e
no ano de 1772 passa por uma grande reforma após um incêndio.

Figura – 7 – Instalações físicas do Hôtel-Dieu – Albergue de Deus na França.

Fonte: SILVA, 2019. Disponível em: https://pt.aleteia.org/2019/08/23/a-fascinante-historia-do-albergue-de-deus-


de-paris/.
Toda esta movimentação levou à discussão as altas taxas de mortalidade dos
hospitais, com os procedimentos médicos e as características físicas dos prédios em que se
localizavam, assim, começam a surgir diretrizes para a construção de hospitais considerando
seu aspecto arquitetônico. Despontam as primeiras discussões sobre hospitais terapêuticos,
com novas propostas hospitalares direcionadas à missão de curar os doentes nestes
ambientes, sendo a estrutura física uma parte integrante deste processo (LIMA, 2010;
BECHIMOL et al., 1990).
Um grande marco para a reorganização das estruturas hospitalares foi o
documento publicado por Florence Nightingale, uma experiente enfermeira de hospitais
militares de campanha que foi requisitada para instruir e organizar construções hospitalares,
instituindo algumas normas para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) com
princípios e diretrizes que são utilizadas até os dias atuais (DRAGONOV; SANNA, 2017).
Assim surge a preocupação com a humanização dos ambientes hospitalares,
visando melhorar as condições de saúde e associando-se à tecnologia para projetar
ambientes que promovam o bem-estar de maneira mais acolhedora e que auxiliem no
processo de cura. Neste contexto, surge a preocupação com a humanização dos espaços de
nascimento, voltando a preocupação para as necessidades da mãe e do bebê, assim como
para a complexidade dos procedimentos realizados (MIQUELIN, 2012)
Tais espaços precisam atender a requisitos específicos de ventilação,
iluminação, utilização de mobiliário e até mesmo a combinação de cores, garantindo uma
sensação de bem-estar, acolhimento e segurança, e trazendo à memória um ambiente
familiar. Arquitetura e humanização devem compor a construção de um ambiente onde será
concebida uma criança, de maneira prática, atendendo às expectativas materiais e também
psicológicas da mãe e de toda a sua rede de apoio, reunindo qualidades mínimas unindo
conforto, higiene, segurança e bem-estar dos usuários (CIACO, 2010).

5.5 ASPECTOS BIOCLIMÁTICOS

O conceito de Bioclimatismo é o uso de elementos e fatores das condições atmosféricas


– clima – com o intuito de proporcionar conforto térmico, acústico e visual aos usuários
de um determinado ambiente. A partir disso, a Arquitetura Bioclimática busca
relacionar o Bioclimatismo a elementos arquitetônicos construtivos, determinando
estratégias que irão promover conforto ambiental (HARADA, [201-]). Por conta disso,
atualmente já existem métodos arquitetônicos construtivos que podem ser utilizados em
favor da sustentabilidade e que interferem no conforto térmico, acústico e luminoso
nesses ambientes. Desse modo, torna-se possível construir e preservar, integrando a
edificação ao contexto social e ambiental em que está inserida, construindo sem
comprometer os recursos naturais para o futuro, causando o mínimo possível de
impacto ambiental. Ou seja, “o termo Sustentável é utilizado para todo o processo que
tem a qualidade de continuidade e
preservação” (CAVALCANTI, [20--], p.1) sem que seja necessário abdicar das novas
tecnologias, podendo usá-las até mesmo para contribuir com a redução do consumo de
energia, por exemplo, com a finalidade de melhorar o conforto térmico.
Sabe-se que, com as novas tecnologias, elevou-se o consumo de água e energia
elétrica, tornando relevante o uso de técnicas que colaborem na redução da aplicação e custo
destes recursos, tendo em vista que este tipo de edificação requer muitos gastos e não deve ter
suas atividades descontinuadas para não prejudicar a saúde dos pacientes (ZAMPIVA, 2016).
Devendo-se, portanto, utilizar os avanços tecnológicos, como a automação, para melhorar o
conforto, reduzir o consumo e contribuir com a funcionalidade.

A automação, em si, é bastante complexa e abrange diversas áreas do conhecimento,


como sistemas operacionais, equipamentos mecânicos, entre outros. O seu avanço tem se
dado principalmente por conta dos seus relevantes benefícios, podendo melhorar a eficiência,
a produtividade, e o custo-benefício do processo em que é aplicada (VALENTIM et al, 2012).

Inserida na automação, tem-se a automação hospitalar que objetiva gerar todas as


vantagens, que são inerentes à sua inserção, em uma edificação destinada ao uso hospitalar,
adequando-se às suas especificidades (VALENTIM et al, 2012).
5.6 MATERNIDADES E CENTROS DE APOIO AO PARTO HUMANIZADO NA CIDADE DE TERESINA-
PI

A Maternidade Evangelina Rosa, foi a primeira maternidade da cidade e continua tendo


bastante relevância na região sendo. Ela se localiza na Avenida Higino Cunha no
Bairro Ilhotas, Zona Sul. Atualmente, a mesma dispõe de 248 leitos obstétricos e 168
leitos neonatais, realizando em média 1200 internações e 900 partos por mês, sendo
assim o local onde há o maior número de partos realizados na cidade (GOVERNO DO
ESTADO DO PIAUÍ, [20--]). No local existe, além dos demais leitos, um Centro de
Parto Normal Intra Hospitalar (CPNI) com capacidade para 5 leitos em quartos PPPs
(Pré-Parto, Parto e Pós- Parto), onde é priorizada a realização do parto normal e
humanizado (GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ, 2017).
A segunda maternidade na rede pública é no Hospital Geral de Buenos Aires, o qual
está situado na Rua Castelo do Piauí no Bairro Buenos Aires, Zona Sul da cidade. Ele
realiza atendimentos de diversas áreas, dispondo, no setor de maternidade, de 30 leitos
obstétricos, 07 leitos de neonatologia, 10 leitos de Unidades de Cuidados
Intermediários Neonatais (UCIN), além de um centro cirúrgico e 05 quartos PPPs,
totalizando assim 52 leitos (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA, 2017a).
Além de outras maternidades como a Maternidade Wall Ferraz, a Maternidade Dr.
Olavo Mendes de Carvalho ( Hospital do Promorar), Hospital e Maternidade do
Satélite, sendo assim totalizando seis maternidades na cidade de Teresina.

Na rede privada, tem-se a Clínica e Maternidade Santa Fé, a qual está localizada na
Rua Clodoaldo Freitas, no bairro Porenquanto da Zona Centro Sul. A clínica dispõe de
13 suítes com atendimentos de parto humanizado; além de uma UTI Neonatal com oito
leitos e sete leitos de berçários de médio risco. Nela, são assistidos por mês cerca de
450 partos (CLÍNICA SANTA FÉ, 2013b).

6 ESTUDOS DE CASOS

7.1 INTERNACIONAL
7.2 NACIONAL

7.3 REGIONAL

7. ANÁLISE DO TERRENO ESCOLHIDO

7.1 LOCALIZAÇÃO DO TERRENO

7.2 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO E ENTORNOS

7.3 TRANSPORTE PÚBLICO

7.4 DIAGNÓSTICO DO TERRENO

7.5 ASPECTOS CLIMÁTICOS

7.6 LEGISLAÇÃO

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional


de Humanização - PNH. Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2013c.
FERREIRA, C. M. et al. Percepções de profissionais de enfermagem sobre
humanização do parto em ambiente hospitalar. Portal de Revistas de Enfermagem, v. 20,
e41409, 2019.
VENDRÚSCOLO. C. T.; KRUEL, C. S. A História do Parto: do domicílio do
hospital; das parteiras ao médico; de sujeito a objeto. Disciplinarum Scientia. v. 16, n. 1, p.
95-107, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Rede Cegonha. Atenção integral à saúde da mulher e
da criança. Estratégia de qualificação da atenção obstétrica e infantil. Brasília: Ministério da
Saúde, 2011
CIACO, R. J. A. S. A arquitetura no processo de humanização dos ambientes
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Arquitetura e Urbanismo da EESC/USP. São Paulo, 2010.
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características responsáveis pela integração interior/exterior. 2004. 117f. Dissertação
(pós-graduação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
BRASIL ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria
Colegiada -RDC Nº 36, 03/06/2008 . Regulamento Técnico para Funcionamento dos
Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal -Junho, 2008.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Taxas de cesarianas
continuam aumentando em meio a crescentes desigualdades no acesso, afirma OMS.
Disponível em:https://www.paho.org/pt/noticias/16-6-2021-taxas-cesarianas-continuam-
aumentando-em-meio-crescentes-desigualdades-no-acesso. Acesso em: 06 Out. 2023.
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[Piripiri]: IBGE, [2023?]. Disponível
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BRASIL. Secretaria de Estado da Saúde. Portal da Saúde:Hospital Regional Chagas


Rodrigues receberá UCINCO para cuidados neonatais. A Unidade irá beneficiar municípios
como Pedro II, Domingos Mourão, Piracuruca, Brasileira entre outros. [Piripiri]: Secretaria do
Estado da Saúde, 08 fev. 2023. Disponível em:
https://portalodia.com/municipios/piripiri/hospital-regional-chagas-rodrigues,recebera-
unidades-para-cuidados-neonatais-373186.html. Acesso em: 19 out. 2023.
UNICEF. UNICEF chama atenção para a importância do trabalho de parto
espontâneo. [S.l], 2017. Disponível em:
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