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Estadiamento da DRC pela IRIS (Modificado em 2023)

1. Estadiamento da DRC baseado nas concentrações séricas de creatinina e SDMA


O estadiamento é realizado após o diagnóstico da Doença Renal Crônica (DRC), a fim
de facilitar o tratamento adequado e o monitoramento do paciente canídeo ou felino.
O estadiamento baseia-se inicialmente na avaliação da concentração sanguínea de
creatinina em jejum, ou na concentração sanguínea da SDMA em jejum, ou
preferencialmente, na avaliação de ambos os biomarcadores, pelo menos em duas
ocasiões em um animal em jejum, hidratado e estável. Consequentemente, o cão ou
gato deverá então ser subestadiado com base na proteinúria e pressão arterial.
Utilizando estes critérios, algumas recomendações empíricas poderão ser feitas nestes
casos para o tipo de tratamento lógico a ser aplicado. Além disso, previsões baseadas
na experiência clínica poderão ser feitas sobre a provável resposta ao tratamento
adotado.

Estádio Creatinina sérica*


µmol/l
mg/dL
Comentários
SDMA#µg/dL
Cães Gatos

1. Concentrações sanguíneas normais de creatinina e SDMA, ou


1 <125 <140 discreto aumento da SDMA. 2. Presença de outra anormalidade
<1.4 <1.6 renal como por exemplo: Incapacidade de manter urina
concentrada sem causa identificada de origem não-renal (apenas
<18 <18 em gatos), alteração da palpação renal, alterações renais em
exames de imagem, proteinúria de origem renal, alteração nos
resultados de biópsia renal, aumento das concentrações
sanguíneas de creatinina ou SDMA (em amostras coletadas
seriadamente). 3. O diagnóstico precoce da DRC poderá ser
instituído quando houver concentrações elevadas e persistentes da
SDMA (>14 µg/dl).

2 125 –250 140 – 250 1. Creatinina normal ou levemente aumentada, azotemia renal leve
1.4 – 2.8 1.6 – 2.8 (O limite inferior do intervalo está dentro dos limites de referência
da creatinina para muitos laboratórios, no entanto, devido a
insensibilidade da concentração de creatinina como teste de
18 - 35 18 - 25 triagem, pacientes com valores de creatinina próximos ao limite
superior de referência geralmente apresentam falha excretora). 2.
SDMA levemente aumentado. 3. Sinais clínicos geralmente leves ou
ausentes.

3 251 – 440 251 – 440 1. Azotemia renal moderada. 2. Muitos sinais extra-renais podem
2.9 – 5.0 2.9 – 5.0 estar presentes, mas sua extensão e gravidade poderão variar.
Se estes sinais estiverem ausentes, o animal poderá ser
considerado como estádio 3 inicial, no entanto, na presença de
36 - 54 26 - 38
diversos ou sinais sistêmicos marcantes resultará na classificação
como estádio 3 avançado.

4 >440 >440
Aumento do risco de sinais clínicos sistêmicos e crises
>5.0 >5.0
urêmicas.

>54 >38

*As concentrações de creatinina no sangue se aplicam a cães de tamanho médio – aqueles de tamanho extremo podem variar. # As recomendações para
a SDMA são baseadas na literatura publicada que utiliza tecnologia proprietária da IDEXX para medir SDMA. Neste momento, não se sabe se outros
ensaios fornecerão resultados equivalentes.

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2019 © 2023 International Renal Interest Society (IRIS) Ltd. Document translated in Portuguese by Dr. André Le Sueur
IRIS Ltd. is an independent non-profit organization limited by guarantee in the UK (RegisteredNumber 10213173).
Estadiamento da DRC pela IRIS (Modificado em 2023)
Discrepâncias entre Creatinina e SDMA
O estadiamento da DRC pela IRIS baseia-se nas concentrações sanguíneas de
creatinina e SDMA do animal em jejum e hidratado. A SDMA pode ser um marcador
mais sensível que é menos afetado pela perda de massa corporal magra.

EM CÃES:
Caso a SDMA sérica ou plasmática for persistentemente >18 µg/dL em um cão
cuja creatinina for <1,4 mg/dL (Estádio 1 da DRC pela IRIS com base na creatinina),
este paciente canídeo deverá ser estadiado e tratado no Estádio 2 da DRC pela IRIS.

Caso a SDMA sérica ou plasmática for persistentemente >35 µg/dL em um cão


cuja creatinina está entre 1,4 e 2,8 mg/dL (Estádio 2 da DRC pela IRIS com base na
creatinina), este paciente canídeo deverá ser estadiado e tratado no Estádio 3 da
DRC pela IRIS.

Caso a SDMA sérica ou plasmática for persistentemente >54 µg/dL em um cão


cuja creatinina está entre 2,9 e 5,0 mg/dL (Estádio 3 da DRC pela IRIS com base na
creatinina), este paciente canídeo deverá ser estadiado e tratado no Estádio 4 da
DRC pela IRIS.

EM GATOS:
Caso a SDMA sérica ou plasmática for persistentemente >18 µg/dL em um gato
cuja creatinina for <1.6 mg/dL (Estádio 1 da DRC pela IRIS com base na creatinina),
este paciente felino deverá ser estadiado e tratado no Estádio 2 da DRC pela IRIS.

Caso a SDMA sérica ou plasmática for persistentemente >25 µg/dL em um gato


cuja creatinina está entre 1,6 e 2,8 mg/dL (Estádio 2 da DRC pela IRIS com base na
creatinina), este paciente felino deverá ser estadiado e tratado no Estádio 3 da DRC
pela IRIS.

Caso a SDMA sérica ou plasmática for persistentemente >38 µg/dL em um gato


cuja creatinina está entre 2,9 e 5,0 mg/dL (Estádio 3 da DRC pela IRIS com base na
creatinina), este paciente felino deverá ser estadiado e tratado no Estádio 4 da DRC
pela IRIS.

Os ensaios de SDMA são oferecidos por vários laboratórios em todo o mundo. A metodologia utilizada
ainda não foi padronizada e as recomendações feitas acima são baseadas na metodologia proprietária
oferecida pelo laboratório IDEXX Laboratories. Estas recomendações são baseadas no atual estado do
conhecimento, onde a SDMA parece ser um indicador mais sensível de DRC nos estádios iniciais em cães
e gatos.
Recentes estudos demonstram condições em que a SDMA pode ser elevada sem que haja uma
redução na Taxa de Filtração Glomerular (TFG), onde consequentemente, os valores de creatinina sérica
não são afetados. O linfoma em cães e gatos é um exemplo. Isto ilustra o valor agregado de dois
biomarcadores, os quais são marcadores substitutos da TFG, os quais podem ser avaliados e
interpretados em conjunto.

Efeitos associados à raça e ao porte na creatinina sérica e SDMA


Gatos da Birmânia e cães galgos saudáveis apresentam valores séricos de SDMA mais elevados do
que outras raças. Ambas as raças também apresentam valores de creatinina sérica mais elevados,
induzindo alguns indivíduos saudáveis para fora dos intervalos de referência laboratoriais (até 20% dos
gatos da Birmânia).
Para obter mais detalhes e informações sobre a SDMA e creatinina como marcadores substitutos da TFG, consulte nosso artigo educacional intitulado
“Utilidade da creatinina, RPC e SDMA no diagnóstico precoce de DRC”

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(modified 2019)

2a. Subestadiamento com base na Proteinúria

“A meta aqui é identificar a proteinúria renal tendo excluído os fatores Pré e


pós-renais.”

As tiras reagentes de urina padrão podem levar diagnósticos falsos positivos,


portanto, os médicos deverão considerar o uso de um teste de triagem mais
específico, como a Razão Proteína: Creatinina urinária (RPC) em uma análise de
Albuminuria espécie-específico.

A RPC deve ser avaliada em todos os cães e gatos com DRC, desde que não haja
evidência de inflamação, infecção, e hemorragia do trato urinário, além da exclusão
das disproteinemias pela avaliação rotineira das proteínas plasmáticas. Idealmente, o
subestadiamento deve ser feito com base em pelo menos duas amostras do
sobrenadante das urinas coletadas durante um período de pelo menos 2 semanas.

Valor do RPC Subestádio

Cão Gato

<0.2 <0.2 Não proteinúrico


0.2 - 0.5 0.2 - 0.4 Proteinúria limítrofe ou transitória
>0.5 >0.4 Proteinúrico

Pacientes canídeos e felinos com proteinúria limítrofe persistente deverão ser


reavaliados em 2 meses e reclassificados conforme apropriado.

Valores de RPC na faixa não proteinúrica ou proteinúria limítrofe podem ser


categorizados como “microalbuminúricos”. A importância da microalbuminúria na no
diagnóstico precoce da saúde renal não é completamente compreendida no momento.
A recomendação da IRIS é que o médico continue monitorando este nível de proteinúria
(para cães). Os veterinários podem oferecer tratamento para gatos persistentemente na
faixa proteinúrica limítrofe ou microalbuminúrica, considerando a associação com
proteinúria desse nível e doença renal progressiva no gato (consulte as diretrizes de
tratamento).

A proteinúria poderá diminuir à medida que a função renal piore e, portanto, poderá
ser menos frequente em cães e gatos nos estádios 3 e 4.

A resposta de qualquer tratamento administrado a fim de reduzir a hipertensão


glomerular, pressão de filtração e proteinúria deverá ser monitorada em intervalos
seriados pelo exame de RPC.

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2b. Subestadiamento com base na Pressão Arterial

Para evitar o diagnóstico falso positivo de hipertensão, cães e gatos deverão ser
aclimatados, isto é, serem atendidos em um ambiente seguro e tranquilo para a
aferição da pressão arterial. Desta forma, a classificação final deverá basear-se em
múltiplas aferições da pressão arterial sistólica (PAS), preferencialmente feitas
durante visitas repetidas do paciente à clínica em dias separados, ou, se durante a
mesma visita, em um intervalo de pelo menos de 2 horas entre as avaliações. Os
pacientes serão então subestadiados pela média da PAS, de acordo com o grau de
risco de lesão de órgão-alvo, e se houver evidência de lesão de órgão-alvo ou
presença de complicações.

Na maioria dos cães e todos os gatos, o subestadiamento da pressão arterial pela


IRIS são os seguintes abaixo:

Pressão Arterial Sistólica Subestádio da Pressão Risco Futuro de Lesão em


(mmHg) Arterial Órgão-Alvo

<140 Normotenso Mínima

140 – 159 Pré-hipertenso Baixo

160 – 179 Hipertenso Moderado

³ 180 Severamente hipertenso Alto

No entanto, algumas raças de cães, principalmente cães de caça, tendem a ter


pressão arterial mais alta do que outras raças, sendo preferível usar intervalos de
referência específicos da raça, se disponíveis. A classificação de risco futuro de lesão
em órgãos-alvo em “raças de alta pressão” pode ser ajustada da seguinte forma:
Risco mínimo – Pressão sistólica <10 mmHg acima do intervalo de referência específico
da raça.
Risco baixo – Pressão sistólica de 10 a 20 mmHg acima do intervalo de referência
específico da raça.
Risco moderado – Pressão sistólica de 20 a 40 mmHg acima do intervalo de referência
específico da raça.
Alto risco – Pressão sistólica >40 mmHg acima do intervalo de referência específico da
raça.

Assim como na proteinúria, na ausência de evidência de lesão em órgão-alvo


existente, é importante a reavaliação da pressão arterial para que o paciente seja
subestadiado dentro de uma categoria em particular. O critério de aumento
“persistente” da PAS deverá ser julgado pelas múltiplas aferições e nas seguintes
escalas de tempo de acordo com os seguintes subestádios abaixo:
Hipertenso – Pressão arterial sistólica de 160 a 179 mmHg aferida ao longo de 1 a 2
semanas.
Severamente hipertenso – Pressão arterial sistólica ³180 mmHg aferida ao longo de
1 a 2 semanas.
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3. Revisão do estadiamento e subestadiamento após o tratamento


O estádio e subestádios atribuídos ao paciente deverão ser revistos adequadamente
à medida que as mudanças ocorrerem. Por exemplo, um aumento substancial na
concentração de creatinina ou SDMA no sangue poderá justificar a mudança para um
estádio superior devido ao reflexo dos novos achados laboratoriais.

Da mesma forma, caso prescrito um tratamento para hipertensão e/ou proteinúria,


a classificação do paciente na reavaliação deverá ser ajustada, se necessário, em
consequência aos novos valores da pressão arterial e/ou RPC, ao invés dos valores
iniciais, além de adicionar este novo dado ao histórico do animal informando de que
a classificação atual foi afetada pelo tratamento.

Os dois exemplos a seguir ilustram o processo de revisão, onde “em tratamento” é


usado como um indicador de tratamento em andamento.

Exemplo 1

Gato euvolêmico com função renal estável


Creatinina 2.3 mg/dL (200 µmol/l)
SDMA 22 µg/dL
RPC 0.32
Pressão arterial sistólica 200 mmHg
Classificação – DRC no Estádio 2 pela IRIS, proteinúrico limítrofe, severamente
hipertenso.

Mesmo gato após o tratamento da hipertensão

Creatinina 2.5 mg/dL (220 µmol/l)


SDMA 24 µg/dL
RPC 0.12
Pressão arterial sistólica 155 mmHg
Nova classificação – DRC no Estádio 2 pela IRIS, não-proteinúrico, Pré-hipertenso (em
tratamento).

Exemplo 2

Cão euvolêmico com função renal estável


Creatinina 2.6 mg/dL (230 µmol/l)
SDMA 39 µg/dL
RPC 0.8
Pressão arterial sistólica 155 mmHg
Classificação – DRC no Estádio 3 pela IRIS, proteinúrico, Pré-hipertenso.
Nota: Como descrito acima, na seção Discrepâncias entre creatinina e SDMA, Caso a
SDMA do sangue for persistentemente >35 µg/dL em um cão cuja creatinina está entre 1,4 e
2,8 mg/dL (Estádio 2 da DRC pela IRIS com base na creatinina), este paciente canídeo
deverá ser estadiado e tratado no Estádio 3 da DRC pela IRIS.

Mesmo cão após o tratamento da proteinúria


Creatinina 2.7 mg/dL (240 µmol/l)
SDMA 42 µg/dL
RPC 0.4
Pressão arterial sistólica 155 mmHg
Nova classificação – DRC no Estádio 3 pela IRIS, proteinúrico limítrofe (em tratamento)
e Pré-hipertenso.

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