Você está na página 1de 320

Fic Dark

Copyright 2021 © Fic Dark

Capa e Diagramação: Fic Dark

Revisão: Fic Dark

1ª Edição
Brasil, 2021

Todos os direitos reservados.


Proibido a reprodução total ou parcial desta obra, sem a autorização expressa
do autor. Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, artigo 184. “Violar direitos
autorais, pode acarretar pena de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.”

Plágio é crime!

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Nota da autora:

Esclarecendo algumas coisas antes de você começar a ler esse livro.


Essa é a minha primeira obra publicada na Amazon. É um livro amador, não
sou profissional e comecei a escrever em uma plataforma gratuita apenas para
passar o tempo, como hobby. Antes de escritora, sou leitora ávida por livros
de romance em geral, especialmente aos de subgênero Dark, minha paixão.
Eu dei o meu melhor para a criação dessa história, no entanto, esse livro é um
trabalho solo independente. Eu mesma escrevi, revisei e editei o meu livro.
Dito isso, peço desculpas antecipadamente por qualquer erro que possa ter
cometido. Obviamente que você não encontrará erros que prejudicarão a
compreensão do enredo, minha esperança é que a história seja agradável o
suficiente para que alguns poucos erros, aqui e ali, passem sem incomodar.

Lembrando também, que esse romance não é um conto de fadas, aqui


não terá um mocinho gentil, amoroso e perfeito. Algumas cenas são
perturbadoras e pode deixar algumas pessoas desconfortáveis. Haverá cenas
de violência e assédio sexual bem acentuado. Também haverão palavras de
baixo calão e de cunho sexual.

Alguns assuntos religiosos serão abordados, mas sem nenhuma


intenção de desacreditar ou ofender a religião.
Sumário

Capítulo 1
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Epílogo
Capítulo 1

Clara

Era uma manhã fria e sombria, andava apresada pelo corredor do


convento, a oração diária começaria em poucos minutos e não podia me
atrasar. Entrei na pequena capela onde as irmãs já estavam posicionadas em
seus lugares. A madre superiora me encarou com seu olhar severo, apenas me
sentei e fiquei de cabeça baixa. O padre iniciou a oração, apertava o terço
entre os dedos e repetia os mantras fervorosamente.

Eu nunca me atraso para as orações, sempre sou a primeira acordar e já


sigo para a cozinha para ajudar na preparação do café da manhã junto com a
irmã Mary e a irmã Madalena, elas são boas e me ajudam em tudo que
preciso, contudo aquela manhã acabei passando da hora, não sei o que
aconteceu comigo, mas dormir demais. Claro que sei que terá consequências,
mas tenho esperanças que a madre superiora entenda que consegui chegar na
hora.

Após a oração, todas seguimos para a sala de jantar, era uma área
ampla com uma grande mesa e várias cadeiras em torno. Eu fiquei de pé para
ajudar a servir o desjejum. O padre e a madre sentaram nas cabeceiras da
mesa. Eu e as irmãs responsáveis pela preparação da refeição, servimos os
alimentos. Na cozinha, a irmã Mary sussurrou no meu ouvido.

— Por que se atrasou hoje?


— Eu não sei, dormi demais.
— Você nunca fez isso.
— Eu sei, mas parece que tomei algum remédio para dormir,
simplesmente apaguei.
— Eu iria acordar você, mas a madre superiora me impediu.
— Ela irá me punir?
— Eu acho que sim.

Fiquei triste, era injusto, apenas cheguei em cima da hora, nem ao


menos me atrasei. Mas não podia fazer nada, vivo nesse convento desde que
me entendo por gente, nunca tive família e muito menos conheço alguma
coisa do mundo lá fora e não tenho nem um pouco vontade de conhecer. Em
poucos dias completarei 18 anos e comunicarei a Madre superiora que desejo
me tornar uma noviça, seguir e viver a vida para ajudar as pessoas. Meu
trabalho social com as crianças órfãs, assim como eu, me deixa muito
satisfeita, eu adoro ajudá-las, ensiná-las, cuidar delas. Quero dedicar a minha
vida a isso, me tornando para sempre a noiva de Jesus.

Terminamos de servir o café e antes de começarmos a comer, todas as


freiras fizeram uma fila e uma a uma, beijamos a mão do padre. Quando
terminamos, ele fez a oração para a bênção do alimento. Ao finalizar,
sentamos em nossa cadeira e esperamos o padre e a Madre superiora
servirem-se primeiro, para que nós começássemos a comer. Assim que
terminaram, antes de eu levar qualquer alimento a boca, a Madre superiora
falou severamente.
— Clara, levante-se e vai para a sala do castigo, ficará em jejum toda
manhã pensando em seu atraso de hoje.

Levantei-me e segui para onde ela mandou, eu já sabia o caminho, a


sala do castigo é o lugar onde fico com frequência, não porque sou
desobediente ou rebelde, muito pelo contrário, faço tudo que me mandam,
todos os afazeres, ajudo onde precisam de mim, cuido do jardim, dos quartos
das freiras, até ajudo na secretaria do convento organizando documentos, mas
nada que eu faça é visto de bons olhos pela Madre superiora e algumas
freiras. Elas encontram qualquer motivo para me punir.

Ando firme até a sala, seguro as lágrimas, não é permitido chorar, isso
significa fraqueza na fé, preciso me manter firme e agradecer a Deus por está
sendo castigada, isso significa que ele está me fortalecendo para as
dificuldades da vida de entrega total. Entrei no recinto e me ajoelhei no chão
duro e frio. Fiquei nessa posição a manhã toda, orando e pedindo perdão a
Deus.

Estava com tamanha fome que pensei que iria sucumbir, mas me
mantive firme, já se passaram muito tempo, não sei que horas são agora, mas
provavelmente era perto da hora do almoço. A madre falou que ficaria toda
amanhã. Escuto a porta abrir-se e intensifico a oração. Não me movo, meus
joelhos estão doendo, mas não ouso sair da posição. Escuto a ordem da
Madre.

— Levante-se!
O faço imediatamente, levanto-me e mantenho a cabeça abaixada em
sinal de respeito. Mãos atrás das costas. Ela se aproxima de mim e segura
meu rosto, me fazendo olha-la.

— Espero que tenha aprendido a lição Clara. Nesse convento não há


lugar para preguiçosas.
— Sim Senhora, eu aprendi.
— Não mandei que se manifestasse menina insolente.

Ela me deu um tapa na cara. Eu apenas fiquei quietinha, segurando o


choro o máximo que podia. Com maldade, ela pegou em meus cabelos e
observou os fios dourados naturais. Puxou-os até deixar o couro cabeludo
dolorido.

— Você é a tentação do diabo Clara, sua beleza não deve ser vista por
ninguém.

Ela me empurrou e eu bati na parede.

— Está dispensada do castigo por hoje. Há trabalho a ser feito.


— Sim Senhora!
— Agora saia da minha frente.

Saí praticante correndo da sala. Não entendo porque a Madre superiora


me odeia tanto, a dois anos atrás ela assumiu o convento e desde então, me
trata dessa maneira. A madre superiora Dulce, que antecedeu a ela, era um
anjo, me tratava com carinho e me protegia da maldade de outras internas e
até de outras irmãs. Agora não tem ninguém para me proteger delas. Eu
realmente não entendo porque todo esse raiva sobre mim.

No corredor, encontrei-me com a irmã Mary, ela falou baixo.

— Você está bem?


— Sim.
— Sinto muito, Clara.
— Eu tive culpa, não se preocupe.
— Vamos parar com esse papo. Clara, há afazeres, após terminar suas
tarefas, poderá ir até à escolinha ajudar com as crianças — uma das irmãs
falou alto, ela era responsável por distribuir os afazeres e sempre me deixava
ficar com as crianças após as tarefas.

— Obrigada irmã Jenny.

Antes de começar os trabalhos, comi um pedaço de pão, para não ficar


sem nada no estômago. O resto do dia passou rápido, e eu consegui fazer
todas as tarefas que me foi designado. Lanchamos a tarde e a irmã Jenny me
liberou para ficar com as crianças. Cheguei na creche e os pequenos correram
em minha direção.

— Clara, Clara, estávamos com saudades.


— Eu também — Falei eufórica.
— Que bom que veio, as crianças não pararam de perguntar por você
— a professora falou animada.
— Elas são um amor.

Passei o resto da tarde na Creche. Ali era o lugar que mais gostava de
ficar, me sentia bem, crianças sempre me fizeram ter um sorriso nos lábios. A
creche ficava dentro dos muros do convento em um prédio afastado da casa
principal das freiras. Era uma escola mantida pela igreja, mas os professores
não faziam parte da vida religiosa.

— Tem muito jeito com crianças. — A professora falou.


— Sim, quero dedicar minha vida a elas.
— Pretende se tornar freira?
— Sim.
— Mas você é tão jovem, é um passo muito importante.
— Eu sei, mas estou preparada.
— Você não tem curiosidade de conhecer o mundo lá fora? Conhecer
rapazes.
— Não!
— Você já viu algum homem diferente de um padre?
— Não, e nem pretendo conhecer.
— Vou te fazer uma pergunta e espero que não fiquei chateada.
— Pode fazer — ri tímida.
— Você sabe o que é sexo?

Fechei o sorriso e segurei meu crucifixo.

— E algo que um homem e uma mulher praticam para procriar.

Ela riu.

— Sim, mais ou menos. E você já pensou que irá privar-se de ter seus
próprios filhos?
— Eu não penso sobre isso, cuidar dessas crianças órfãs já preenche
todo meu ser, não sinto necessidade de ter meus próprios filhos.
— Entendo.

A professora não tocou mais no assunto e eu segui cuidando dos


pequenos, essa era a minha missão.
Capítulo 2

Maximus

Giro em minha cadeira de couro preto e olho através da grande janela


de vidro que cobre toda a parede atrás de mim. Levo o charuto a boca e trago
profundo. Solto a fumaça no ar enquanto observo meu filho que brinca no
quintal, o menino corre pelo gramado bem cuidado da minha propriedade na
Itália. Ele tem cinco anos, um garoto forte e inteligente, assim como deve ser
um filho de um mafioso, criado para ser tornar o próximo Capo del Capi,
chefe dos chefes, assim como eu.

Ouvi uma batida na porta.

— Entra! — ordenei.

Nem ao menos virei-me para ver quem entrava, eu já sabia.

— Maximus, mandou me chamar?


— Sim, sente-se.

Voltei-me para o meu interlocutor, meu consigliere, Riccardo, ele é a


pessoa que resolve meus assuntos burocráticos.
— Quero que contrate uma acompanhante para o Alessio nas férias de
verão, preciso que seja Inglesa para falar somente em Inglês com ele. Além
do mais que seja jovem, mas não essas jovens emancipadas, que seja uma
moça ajuizada.
— Então terá que encontrar a moça em um convento, dificilmente
achará uma jovem inglesa que seja cometida — Riccardo riu.
— Não é uma má ideia, entre em contato com alguns conventos,
provavelmente eles têm essas freiras ou noviças, ofereça uma boa soma em
dinheiro como doação.
— Está falando sério, Maximus?
— É claro que estou.
— Mas trará uma freira para tomar conta do filho de um mafioso? Será
que ela aceitará?
— É claro que aceitará, eles devem ter essas órfãs que não tem
escolha, solicite uma dessas. Alessio ficará três meses em casa e nesse
período quero que ele tenha a companhia de uma mulher diferente dos que
está acostumado.
— Ou seja, suas amantes e prostitutas.
— Exato, uma freira será perfeito. Providencie isso.
— Até que é uma boa ideia, pelos menos você não terá impedes de
levar a moça para cama — Riccardo gargalhou.
— Você sabe que se eu quiser, como até uma freira, mas de certa
forma o fato de ser religiosa não me atrairá, o que é bom para o Alessio, não
quero foder a babá dele — ri alto.
— Vou entrar em contato com o padre Gaspard, com certeza ele
indicará um convento.
— Faça isso, já quero que a babá esteja aqui na próxima semana.
Providencie tudo para a vinda dela.
— Certo! Mais alguma coisa?
— Não, agora vou até um dos meus bordeis.
— Você precisa casar de novo.
— Está louco, já me livrei de uma esposa, não quero outra.
— Seu plano foi perfeito, matou dois coelhos em uma caixa dada só.
— É, casei com a filha de Dom Morelli, garantindo assim a paz entre
as famílias mafiosas, tive um filho macho e depois matei a esposa e fiz
parecer um sequestro, seguido de assassinato e ainda joguei a culpa no Paolo,
braço direito de Dom Morelli. Perfetto!
— Sí, Sí!
— Você sabe como eu sou, não nasci para me amarrar a mulheres,
Lorena estava me enchendo a Porra da paciência com esse negócio de
fidelidade. Mandei-a para o inferno.
— Quando vocês se casaram, percebi de imediato que ela não duraria
muito ao seu lado.
— Você me conhece Riccardo, sabe que odeio imposições, mas tinha
interesse em negociar com Dom Morelli, disputas entre as famílias mafiosas
nunca são bons para os negócios. No entanto, já havia planejado o fim da
Lorena.
— Não contava que ela pegaria no seu pé.
— Lorena se tornou insuportável em pouco tempo, por sorte só
precisei transar com ela algumas vezes antes de engravidar. Assim que meu
filho veio ao mundo, me livrei dela.
— E Dom Morelli nem desconfia o que aconteceu com a filha.
— E espero que continue assim, uma guerra agora seria um problema.
— Sim.
— Bom! Não vamos revirar o passado, pode ir. Faça o que mandei
quanto antes.
— Sim, claro!

Riccardo levantou-se e dirigiu-se a porta, antes de sair fez uma leve


mesura. A porta fechou-se e encostei no encosto alto da cadeira. Coloquei as
mãos atrás da nuca e pensei em meu casamento, foi apenas um ano casado
com Lorena. Minha mente vagou para o dia que fiz negócio com o pai dela.

***

— Dom Morelli — O cumprimentei cordialmente.


— Maximus Ferrara, fico contente que tenha aceitado meu convite.
— Não poderia deixar de atender um dos "amigos" do meu pai.
— Seu pai foi um grande homem, uma pena que se tornou poderoso e
perigoso, inclusive para a integridade da nossa amizade.
— E acredite, ele passou essa responsabilidade para mim, e eu não
tenho amigos, Dom Morelli.

O homem mais velho me encarou com os olhos estreitos, a névoa da


fumaça do seu charuto em volta de seu rosto já bastante enrugado. Seus olhos
frios, lançavam raios de gelo sobre mim. Estávamos em uma sala sombria,
seus homens apostos para qualquer eventualidade. Porém, eu sei exatamente
como as coisas funcionam, ninguém atentará contra a vida do outro, há muito
interesses nesse negócio e Dom Morelli sabe que ele se prejudicará mais
ainda se fizer algo contra mim. Ele está em desvantagem.

— Sei disso meu jovem, por isso tenho uma proposta que será
vantajoso para ambos.
Não disse nada, apenas esperei.

— Sabe que não tive um filho homem, apenas uma filha, Lorena.
— Sei disso.
— Ela ainda é solteira, então pensei que podemos unir nossas famílias
através do casamento.
— Por que acha que aceitaria sua imposição?
— Não é uma imposição, é um negócio, sei que disputas entre as
famílias não é bom para nossas organizações.
— Então me propõe paz através do casamento?
— Por que não? Você precisa se casar, ter seu filho. Lorena foi
educada para ser esposa de um mafioso.
— Não tenho interesse em me casar agora.

O homem pareceu incomodado, ele sabe que precisa me convencer a


aceitar, caso contrário, destruirei todo seu império no crime, que já está em
decadência.
— Pense bem Maximus, esse acordo trará benéficos para você. Um
deles é que assumirá toda minha parte nos negócios, quando me for.

Sei que o acordo será vantajoso para mim, no entanto, apenas quis
deixá-lo angustiado. Aceitarei a junção, já tinha planos para a futura esposa.

Depois de mais algumas conversas, fechamos o acordo. Um mês


depois estava me casando com Lorena. Em pouco tempo, ela se tornou uma
megera, cobrava fidelidade. Obviamente a coloquei em seu lugar, ela logo
conheceu a força do meu punho, mas parecia que a mulher foi treinada para
apanhar, acredito que já estava acostumada, o pai era violento com ela.
Assim que engravidou, ela mudou, já não fazia mais cenas, não fazia
seus shows histéricos e se fechou dentro dela mesma. Não me importei, o
destino dela já estava planejado. E assim foi, alguns dias após o nascimento
do Alessio, ela foi assassinada. Lembro daquele dia.

***

— Por favor, não me faça mal? — ela chorava descontroladamente.


— Cala a boca vadia! — um dos meus homens falou.

Estava sentado em um canto do galpão, observava a minha esposa


amarrada, com o rosto ensanguentado. Meus homens a feriram bastante.

— Meu marido irá matá-lo seu saco de bosta — ela falou cuspindo no
chão.

Ele deferiu um outro soco em seu rosto.

— Não, eu tenho um filho, ele só tem alguns dias de vida.


— E ficará sem mãe — minha voz ecoou no ar.

Ela olhou horrorizada para minha direção.

— Maximus? O que está acontecendo?


— Como está vendo, fui eu que mandei te sequestrar.
— Deus! Por quê?
— Você acha que iria continuar casado com você, Lorena? Nunca
pensei em viver para sempre ao seu lado, sua morte já havia sido planejado
antes mesmo de assinarmos qualquer papel de casamento.
— Você enganou meu pai — ela gritou.
— Eu cumpri o acordo, casei com você.
— Seu bastardo desprezível.
— Pode me chamar do que quiser Lorena, sem fim está próximo.
— Você nunca me amou?
— Amor? O que é isso Lorena, sabe que amor nunca existiu entre a
gente. Não sou homem para amar.
— Pense no nosso filho, ele precisa da mãe — ela suplicou.
— Ele só precisa de mim, mais ninguém.

Paguei minha pistola dourada, ela tem sorte, irei matá-la com a pistola
dourada, apenas mato pessoas com ela que merecem. Aproximei-me, a
mulher me encarava com os olhos esbugalhados.

— Não faça isso, lhe rogo!

Apontei a arma em direção da sua cabeça.

— Não!
— Sim, vai para o inferno.
— Seu desgraçado, desejo que você encontre uma mulher que te faça
rastejar igual uma serpente traiçoeira, porque é isso que você é, que ela
esmague a sua cabeça com um pisão.

Gargalhei e sem mais, disparei em sua cabeça. Os miolos dela


espalharam-se pelo piso de concreto.
Me senti leve, agora finalizarei o resto do plano. O homem que
contratei para sequestra-lá, pensa que o mandante foi o Paolo. Então, mandei
que arrancassem os olhos dela e enviasse para seu pai, Dom Morelli. Paralelo
a isso, prendi o homem até fazer parecer que eu o havia encontrado. Depois
era só interrogá-lo na frente do pai dela, torturando para ele revelar quem foi
o mandante. Assim aconteceu, ele confessou que foi Paolo, e Dom Morelli
me deu carta-branca para matá-lo. Tudo aconteceu exatamente como planejei,
fiz parecer que havia vingado a morte da minha esposa.

Voltei ao presente, levantei-me da cadeira, arrumei o termo e sai da


casa. Alessio ao me ver, correu em minha direção.

— Papa.
— E aí filhão, se divertindo?
— Não muito, Rui parece um robô, nem ao menos brinca comigo.
— Mas esse é o trabalho dele, proteger você e não brincar.
— Eu sei.
— Em breve terá uma babá.
— Uma mulher?
— Sim.
— Está falando sério? Ela é uma das suas namoradas?
— Suposto que não tenho namoradas, somente amantes e você sabe
disso. Mas a moça não é uma delas, ela é da igreja.
— Sério? Tipo como o padre Gaspard?
— Mais ou menos.
— Maneiro! Será que ela fará todas as minhas vontades?
— Se não fizer, chamarei a atenção dela.
— Legal!
— Agora vai para dentro de casa com Rui.

Virei-me para o segurança e ordenei.

— Mande a cozinheira lhe dá sorvete de chocolate.


— Sim, Senhor!
— Oba!
— Agora tenho que ir. Comporte-se.
— Vamos Alessio — o segurança o chamou.

O menino seguiu para dentro e eu entrei no carro para mais uma noite
de diversões.
Capítulo 3

Clara

Levantei-me nos primeiros raios da manhã, olhei às horas, marcava


5:00h, a oração da capela se inicia às 7:00h, então dará tempo para fazer tudo.
Hoje é um dia especial, completo, 18 anos. Sorrio para mim mesma, sempre
quis chegar a essa idade, a partir de agora, posso tomar minhas decisões e a
primeira delas, será entrar para a ordem como noviça. Suspirei fundo,
levantei-me do colchão velho onde dormia. Meu quarto fica no sótão, na
verdade, não é exatamente um quarto, mas um local apertado e escuro, não
tem luz e é sempre sombrio. No entanto, fiz desse cantinho meu pequeno
refúgio. Mas agora que entrarei para a ordem, dormirei junto das outras
noviças, no alojamento embaixo onde tem beliches. Para mim, será um
grande avanço, finalmente serei alguém, noviça Clara. Suspirei sonhadora.

Animada, ajoelhei-me, peguei meu terço e fiz minha oração fervorosa,


a primeira do dia. Logo após, separei artigos de toalete, minhas roupas e
sapatos que são sempre os mesmos, calçados grosseiros de couro velho e uma
vestido estilo jardineira de lã preto que usa junto com uma blusa de manga
comprida branca. Tenho somente essa roupa, a madre superiora não deixa eu
usar mais nada, nem doado, segundo ela, preciso me acostumar com pouco,
já que a vida de uma noiva de Jesus não tem regalias. Porém, eu sempre vivi
com pouco. Antes, com a madre Dulce, eu tinha pelo menos três pares de
roupas, contudo, isso foi me tirado, mas não reclamo, servir a Deus e as
causas dos menos favorecidos, principalmente crianças, me faz pensar que
tudo valeu a pena.

Desci e andei pelo corredor até o banheiro. liguei o chuveiro frio para
tomar meu banho. A água gelada bateu em minha pele quente e me fez
estremecer, comecei a bater os dentes, a água estava tão fria que até meus
ossos doíam, mas não reclamei, fiz tudo de bom grado e agradeço a Deus por
pelo menos ter um local para me banhar. Nunca tomei banho quente, isso é
um luxo que não existe no convento, então já estou acostumada.

Após toda a higiene, já vestida, voltei para o sótão, arrumei as coisas e


me sentei no colchão para esperar a sineta que bate às seis e trinta. Aproveitei
e peguei a minha caixa de recordações, minha mãe preparou-a para mim
antes de morrer. Abri e peguei a carta que ela escreveu um pouco antes de
morrer. Em poucas palavras ela escreveu a data do meu nascimento e o nome
que escolheu para mim, apenas Clara,sem sobrenome. Assim como Santa
Clara, viverá para ajudar os pobres necessitados. Peguei também uma
medalha da Santa que ela me deixou, observei-a e meus olhos marejaram,
minha mãe morreu poucas horas depois do meu nascimento, ela era uma
freira e foi violada. Ela não contou isso na carta, mas a madre Dulce, a
conheceu e me revelou toda a história. Lembro aquele dia.

***

Era meu aniversário de 15 anos, estava chorando em um canto, mas


uma vez as internas me bateram e me chamaram de filha do pecado, eu
sempre fui chamada assim, pelas irmãs, noviças e até as outras órfãs. Não
entendia porque me maltratavam daquela forma. A madre superiora me viu
encolhida no canto e me levou para a sua sala. Entre soluços lhe questionei:

— Por que todos me chamam de filha do Pecado? Por que, Madre?

— Clara, está fazendo 15 anos, já é uma moça e lhe contarei as


circunstâncias do seu nascimento. Senta aqui — ela me indicou a poltrona.

Acomodei-me, ela também sentou-se do meu lado e pegou em minhas


mãos que estavam frias. Ela as apertou e sorriu para mim. Me senti acolhida.

— Sua mãe tinha 20 anos quando você nasceu, havia acabado de se


tornar uma freira. Em uma noite, ela e uma outra irmã, chamada Lizzie,
saíram para atender um pedido de oração em uma casa. Na volta, se deparam
com um grupo de homens, eram três, eles estavam bêbados e começaram a
segui-las. Em um local mais escuro, as sequestram e as violaram. Sua mãe
sobreviveu, a irmã Lizzie, não resistiu e morreu. Alguns meses depois, sua
mãe descobriu que estava grávida, ela ficou muito debilitado durante a
gravidez, nós a acolhemos e demos o suporte necessário, mas sua mãe estava
não só abalada fisicamente, mas emocionalmente também. A igreja escondeu
sua condição, ela não podia ser vista por ninguém, ficou isolada até o seu
nascimento. Deus enviou uma menina linda de olhos azuis. Sua mãe não
tinha olhos claros.

Irmão Dulce fez uma pausa longe e voltou a falar:

— Sua mãe morreu de hemorragia, seu parto foi complicado, ela não
foi para o hospital. Te contei tudo isso para que você entenda o que
aconteceu. Eu sei que é doloroso, mas essa é sua história.

— Obrigada por me contar.

***

Foi assim, por conta disso, sempre fui estigmatizada pelo fato de ter
nascido fruto de um estupro. Todas me chamavam e até hoje me chamam de
filha do pecado, porém, não me abalo mais, sofro sim, mas sempre me agarro
as orações, porque o único que pode me ajudar é Deus.

A sineta tocou, levantei-me e segui para a capela alegremente.

Dois dias depois

Madre superiora

— O que está me dizendo padre Francisco?


— A Clara irá para a Itália cuidar do filho de um homem poderoso nas
férias de verão.
— Mas por que ela? É uma preguiçosa. Além de tudo, é burra, não
sabe nem escrever o próprio nome, como irá cuidar de um filho de alguém
tão importante?
— Madre Miriam, a minha decisão já está tomada, padre Gaspard me
ligou direto da Itália me solicitando uma freira para esse trabalho que fosse
Inglesa e jovem, ela não precisará lecionar para o menino, somente lhe fazer
companhia. Além disso, Clara não é tão burra assim, ela sabe ler.
— Muito mal. Ademais ela quer entrar para ordem agora que
completou 18 anos.
— E ela entrará se assim desejar, serão somente três meses. Clara é a
mais indicada, é uma órfã, tem jeito com crianças e nunca conheceu o mundo
lá fora, essa será uma ótima oportunidade dela ver como são as coisas para
além dos muros do convento. Depois dessa experiência tenho certeza que
entrará para a ordem consciente do que abrirá mão para sempre. Além do
mais, o Senhor Ferrara é um mafioso, talvez a menina não passe do primeiro
mês, se é que me entende.
— O que dizer padre Francisco, se já tomou a decisão, não posso fazer
nada.
— É isso Madre Miriam, e não devemos esquecer que o Senhor
Ferrara fez uma doação altíssima para a nossa igreja.
— Hum! Isso é bom.
— Ela se sairá bem, para o próprio bem dela. Agora mande alguém
chamá-la, partirá amanhã na primeira hora.

Clara

Estava na escolinha com as crianças, quando irmã Mary veio me


chamar.

— Clara, a madre superiora está te chamando na sala dela, agora.

Meu coração deu um pulo, o medo tomou conta de mim, todas às vezes
que a Madre me chama em sua sala, coisa boa não acontece. Segurei meu
crucifixo e apertei com força.
— Vamos logo Clara, não a deixe esperando.
— Vai Clara — a professora falou.

Levantei-me da mesa que estava sentada onde ajudava as crianças a


colorir com guache e segui irmã Mary.
— Anda Clara, o padre Francisco também está com ela.
— O Padre Francisco?

Fiquei mais apreensiva, o meu medo era que eles me mandassem


embora agora que fiz 18 anos. Andava como se estivesse com um peso em
minhas pernas. Irmã Mary, bateu na porta e ao ouvir a ordem para entrar,
abriu-a e me deu passagem, em seguida voltou a fechar a porta e foi embora,
me deixando a mercê dos olhares da Madre e do Padre. A Madre me encarava
como sempre com olhos severos, parecia que ela sempre estava com raiva de
mim. O Padre já tinha um olhar mais acolhedor.

— Senta aqui jovem Clara. — O padre indicou a cadeira.

Fiz o que me mandou, mas antes, ajoelhei-me e beijei suas mãos que
estavam estendidas.

— Então Clara, já está de maior, por isso, irá para a Itália, será babá de
uma criança.
— Eu?
— É claro que é você, está vendo outra Clara aqui?
— Mas eu não quero ir Madre, por favor, não me faça ir.
— Você não tem escolha, Clara, irá e isso já foi decidido.
— Mas ficarei lá para sempre? Eu quero entrar para a ordem, não me
façam ir, por favor.
— Serão somente três meses, depois que retornar poderá seguir sua
vocação.

Suspirei aliviada, então não é tão ruim assim. Talvez tenham me


escolhido porque gosto de crianças.

— Agora vai, recolha seus pertences, amanhã estará partindo — a


madre comunicou.

Levantei-me e saí, não sabia o que pensar. Estava aterrorizada, não me


lembro de ter visto outras pessoas além de padres, freiras e órfãs. A única
pessoa externa do convento que cheguei perto foi a professora da escolinha.
Isso será algo totalmente novo para mim.

Deus! Irei para a Itália, nunca nem sai para a rua do convento, que dirá
fazer uma viagem para outro país. Estava com um frio na barriga. Senti algo
muito ruim, como se fosse um mau presságio. Arrepiei-me. Segurei minha
cruz e pedi proteção a Deus e a virgem Maria.

***

Na manhã seguinte, estava com a minha sacola pronta, não tinha


muitas coisas, somente minha caixa de recordações e meus poucos objetos de
toalhete. Não sei se para onde irei, terei essas coisas.
Alguém me chamou e eu desci as escadas. Usei meu casaco surrado.
— Está pronta?
— Sim.
Irmã Mary me levou até a saída, não havia ninguém para se despedir
de mim. Ela abriu a grande porta de madeira. Estacionado no pátio na frente
do convento, havia um carro preto me esperando. Olhei assustadíssimo, não
queria entrar naquele carro. Voltei-me para irmã Mary.
— Não quero ir.
— Sinto muito.

Um homem grande usando um terno, desceu do carro, ele abriu a porta


traseira. Caminhei a passos vacilantes, não conseguia nem olhar para os
lados, meu medo era muito grande. Entrei no veículo, logo percebi que era
luxuoso, nunca em minha vida, pensei em se quer ver um carro como aquele,
que dirá entrar em um.

O homem fechou a porta, olhei através do vidro da janela, a porta do


convento fechou-se, eu estava agora sobe autoridade de pessoas que não
conhecia. Deus! O que me espera ao final dessa viajem?

O carro começou a mover-se, dei uma última olhada para o convento,


uma sensação de que nunca mais voltaria aquele lugar ocupou minha mente.
Uma lágrima escorreu por minha face.
Capítulo 4

Clara

Olhava admirada os grandes portões de ferro que se abriram


automaticamente, ainda não havia assimilado que estava na Itália entrando
para um mundo que eu nunca nem em meus sonhos, tinha imaginado. Tudo
era extremamente diferente, viajei de avião pela primeira vez, estava
assustada, o homem que me acompanhou não falava muito, só o necessário.
Ele era para mim aterrorizante, nunca havia estado perto de alguém como ele
em toda a minha vida. Ele usava terno, sempre com uma cara fechada e era
alto. No avião também havia muitas pessoas, olhava com os olhos
arregalados para todos.

Agora chegava a casa das pessoas que me chamaram, não fazia ideia
quem eram, o único membro que me falaram foi o menino que tomarei conta,
mas nada sei sobre seus pais. Porém, ao avistar a mansão a minha frente, já
deduzi que são pessoas de muitas posses, eu nunca vi uma casa tão linda
como aquela, o jardim de frente era bem cuidado, havia um chafariz lindo e
uma escadaria que levava para a entrada. O motorista parou na frente e um
homem veio me receber. A porta do carro foi aberta para eu descer. O homem
aproximou-se e perguntou educadamente.
— Senhorita Clara?
— Sim.

O homem pareceu surpreso ao me ver, ele me olhou de uma maneira


estranha, franziu a sobrancelha e passou os dedos entre os cabelos. Ele era
um senhor, de cabelos já grisalhos e falou algo em Italiano incompreensivo
para mim. Logo depois mudou para o Inglês apresentando-se.

— Sou Riccardo e lhe levarei para conhecer o menino, mas antes quero
lhe fazer algumas perguntas.
— Sim, Senhor.
— O motorista levará a sua mala para dentro.
— Eu não tenho mala, senhor, somente essa sacola.

Ele olhou para as minhas mãos e ficou de boca aberta. Avaliou-me de


cima a baixo e de novo falou algo em Italiano, parecia que ele praguejava.
Um outro homem apareceu e se dirigiu a ele em Italiano, não entendia nada,
mas tive a impressão que ele não havia gostado de mim. A outra pessoa
lançou um olhar estranho em minha direção, sorriu de lado, falou algo em
Italiano para o homem chamado Riccardo.

— Ela é muito linda! Está maltrapilha, mas percebe-se que é uma


coisinha apetitosa.
— Caralho, não mexe com essa garota ainda até Maximus vê-la, ou ele
vai manda-lá de volta no primeiro voo ou irá devora-lá. Puta que pariu, ele
vai ficar puto.

O homem virou-se para mim e falou em Inglês.


— Vamos entrando Senhorita Clara.

Segui os dois homens, estava com medo, olhei em volta discretamente


e percebi que havia vários deles por todos os lados. O local parecia que só
tinha homens. Agarrei o crucifixo no meu pescoço e fiz várias preces em
silêncio. Andava atrás deles com as pernas bambas. A suntuosidade da parte
interna da casa, me deixou sem fôlego, nunca vi nada como aquilo, era tudo
muito luxuoso, não conseguia imaginar que no mundo alguém vivesse
daquele jeito. O homem chamado Riccardo, abriu uma porta e me convidou a
entrar, o fiz e logo em seguida eles entraram. O som da porta fechando me
fez pular de susto. Riccardo sentou em uma cadeira atrás da escrivaninha e o
outro em uma das cadeiras de frente para a mesa. Ele fez um gesto para que
eu sentasse. Acomodei-me e esperei para ser entrevistada.

— Então Senhorita Clara, tem quantos anos?


— Dezoito, completei a dois dias atrás.
— Tão nova e já é freira?
— Não sou freira ainda Senhor, entrarei para a ordem assim que
retornar ao convento.
— Hum!

O outro homem se manifestou falando em Italiano. Ele ria enquanto


falava.

— Como enviaram uma coisinha deliciosa dessa para o covil do leão?


— Silêncio, Matteo, estou pensando se a mando de volta antes de
Maximus vê-lá.
— Valha-me Deus! Ele vai come-lá no café da manhã.

Estava constrangida por não entender o que eles falavam, mas com
certeza era sobre mim, pois não desviavam os olhos da minha figura,
inclusive o outro homem me olhava como se tivesse me despedindo. Decidi
perguntar sobre a mãe do menino.

— Senhor, eu posso falar com a mãe da criança que tomarei conta?


— Não te falaram nada? Alessio não tem mãe, somente pai.
— Ah! Então posso conhecer o menino? Ele tem quantos anos?
— Cinco anos.

O outro homem riu alto e falou novamente em Italiano.

— Não falaram nada para ela, provavelmente nem sabe que está na
casa de um mafioso. Tenho pena dela.
— Fica quieto Matteo, estou tentando raciocinar.

O homem chamado Riccardo, cravou os olhos em mim e parecia


pensativo, como se estivesse decidindo algo. Então, ele parecia ter tomado
uma decisão.

— Senhorita Clara, mandarei uma empregada mostrar seus aposentos,


após deixar suas coisas lá, ela te levará para conhecer o menino.
— Sim, Senhor!

Ele pegou um interfone e chamou a mulher que em pouco tempo batia


na porta.
— Marise, leve a senhorita Clara até seus aposentos, ela será a babá do
Alessio nas férias de verão, logo após, leve-a para conhecer o menino na
saleta.
— Sim, Senhor!
— Vai com ela minha jovem.

Levantei-me e segui a mulher até uma área onde haviam algumas


portas, a empregada falou:

— Aqui é a área dos empregados, seu quarto será esse.

Quando ela abriu a porta, fiquei de queixo caído, o quarto era


mobiliado com uma cama de solteiro, uma mesa de cabeceira com abajur,
uma pequena poltrona e até TV na parede. Eu nunca tinha visto nada como
aquilo em toda a minha vida. Não acreditei que dormirei nesse quarto.

— Aqui tem um pequeno banheiro e um armário para as suas roupas.


O dormitório é simples, mas bem confortável.

A empregada falava enquanto me mostrava o cômodo.

— Eu dormirei aqui? — Perguntei surpresa.


— Sim, não achou agradável?
— Sim, é que não acredito que dormirei em um quarto como esse.
Somente eu dormirei aqui?
— Sim, os empregados internos da casa, dormem em quartos como
esse, estamos sempre prontos para atender a qualquer ordem do Senhor
Ferrara. Aqui do lado da cama, tem um interfone, ele chama através dele se
precisar de alguma coisa.
— A sim! Mas quem é Senhor Ferrara?

A mulher pareceu surpresa com minha pergunta, mas logo se recompôs


e me respondeu.
— O dono da casa e pai do pequeno Alessio.
— Ah! Pensei que o Senhor Riccardo era o pai dele.
— O Senhor Riccardo é o consigliere, na maioria das vezes tratará as
coisas com ele mesmo, o Senhor Ferrara é bastante ocupado.
— Entendo!
— Agora deixa a sua sacola aqui, se quiser usar o banheiro antes de
irmos, fica à vontade.
— Estou bem, podemos ir, estou ansiosa para conhecer o menino.
— Então Vamos!

Deixei minha sacola e saímos do quarto, seguimos até a saleta. Ao


entrar o Senhor Riccardo estava sentado próximo do menino, assim que me
viu levantou-se seguido do garoto.

— Aqui está ela, Alessio, sua nova babá.


— Uau! Ela é bonita! — Ele falou em Italiano.
— Alessio, fale em Inglês com a senhorita Clara, ela não fala Italiano e
vocês somente se comunicarão em Inglês, Capito?
— Si!

O menino aproximou-se de mim e falou em Inglês perfeito.


— Olá, senhorita Clara, sou Alessio Ferrara, filho de Maximus Ferrara.
Será a minha babá é fará tudo que eu quiser.

Abaixei-me na altura do menino e falei de maneira firme.


— Serei sua babá e cuidarei de você, mas terá que seguir minhas
regras.
— Eu não sigo regras, faço o que quero.
— Mas vamos estabelecer algumas regras, e espero que as siga.
— Meu pai falou que você fará tudo que eu quiser.
— Sim, faremos coisas juntas, mas se o que quiser fazer não for bom
para você, a gente falará sobre isso.
— Você parece as professoras da escola.

O menino afastou-se e voltou a sentar no sofá, percebi de imediato que


ele não tinha uma disciplina.

— Senta aqui perto de mim — ele falou em tom de comando.

Olhei para o Senhor Riccardo que parecia se diverti. Ele me dirigiu a


palavra.

— Obedeça ao menino, Senhorita Clara.

Sem opção, sentei-me próximo a ele, percebi que Alessio parecia um


pequeno rei e que todas as suas vontades eram satisfeitas a um levantar de
dedo. Terei que conversar com o pai dele sobre isso.

— Você é uma freira? — Alessio questionou.


— Não ainda, serei em breve.
— O que as freiras fazem?
— Ajudamos os menos favorecidos e trabalhamos para a Igreja.
— Meu pai não vai te comer, ele disse que não trepa com religiosas.
— Alessio!?— Riccardo chamou a atenção dele.

Eu não entendi nada do que ele disse, nunca ouvi alguém falar aqueles
palavriados.

— Me desculpe Senhorita Clara, o Alessio tem uma imaginação fértil.


— Tudo bem, eu realmente não entendi o que ele quis dizer.

O homem me olhou de boca aberta, ele me encarava como se eu fosse


algo inanimado. Alessio continuou fazendo perguntas, porém não disse mais
nada sobre o pai.

— Você quer conhecer meu quarto?


— Sim, é claro!
— Vamos lá!

O menino levantou-se e começou a me puxar pelas mãos, ele parecia


animado. Seguimos para o andar de cima da casa, sempre escoltados pelo
Senhor Riccardo.

O quarto do Alessio era um pequeno mundo encantado, era grande e


arejado, acho que dava uns dez quartos do tamanho do quarto que dormirei.
No centro havia uma cama linda, com colcha decorada com personagens
animados.
— Gostou do meu quarto, Senhorita Clara?
— Sim, é muito bonito.
— Vem aqui que vou te mostrar minha área de brinquedos.

O segui e entramos em um outro comado adjunto do quarto principal,


tão grande quando o outro, porém nesse havia um verdadeiro mar de
brinquedos. Alessio animado, sentou em poltronas confortáveis e pegou um
controle remoto, uma Tv enorme que cobria quase toda parede, acendeu e
personagens animados surgiram na tela.
— Sabe jogar Vídeo game? — Ele perguntou.
— Eu nunca vi isso.
— É sério? Mas é maneiro, senta aqui e me veja jogar.

Sentei em uma das poltronas e o jogo iniciou. Era algo muito violento,
Alessio usava algo como uma arma e atirava nos personagens. Ele ria ao
matar aqueles desenhos. Me senti incomodada, achei um jogo muito violento
para um menino tão pequeno, falarei com o pai dele sobre isso.

— Quer tentar? — Alessio perguntou.


— Não, eu acho que não é bom para você jogar algo tão violento.
— Isso é só um jogo, meu pai falou que em breve mataremos pessoas
de verdade.

Levei um choque com aquela revelação, não sei se ele fala essas coisas
de verdade, mas era estranho um menino tão pequeno falar sobre matar
pessoas com tamanha naturalidade. Olhei em direção do Senhor Riccardo e
ele somente suspendeu os ombros. Parecia não se importar com esse fato.
Às horas foram passando e eu conheci toda a rotina do Alessio, na
verdade, ele não tinha uma rotina, os empregados faziam tudo que ele queria,
o menino era extremamente mimado, ele não tratava as pessoas mal, não
precisava, todos o atendia prontamente sem nem ao menos contesta-lo.
Pensei sobre isso, acho que terei que falar com o pai dele sobre sua rotina,
não quero ser chata, mas acho que criança precisa de um pouco de disciplina.

A noite já havia caído e estávamos esperando o Senhor Ferrara Chegar


para o jantar. Como eu precisava ser apresentada a ele, fiquei na sala o
esperando também. O Senhor Riccardo também estava no cômodo. Assim
que o Alessio ouviu a porta abrindo, correu para a entrada. Ouvi-o falar:

— Papa.
— Oi! Garotão, como foi seu dia?
— Conheci a babá nova.
— A sim, e você gostou dela?
— Ela parece uma boneca, mas tem uma roupa estranha.

Naquele momento, o homem entrou na sala com o filho no colo,


Riccardo levantou-se e eu permaneci de pé onde estava. Assim que o homem
focou seus olhos em mim, meu coração começou a bater como tambor. Ele
era alto, usava uma roupa preta, seus cabelos estavam penteados para trás.
Ele colocou a criança no chão e aproximou-se de mim, eu o encarava com os
olhos esbugalhados, diante de mim, estava o próprio demônio. Segurei minha
cruz com toda a força. Ele me olhou de alto a baixo e falou com uma voz
grossa e uma sonoridade de alguém que nunca recebeu ordens, somente que
as ditas.
— Ora, ora, ora! O que temos aqui? Uma gata- borralheira.
— Maximus, essa é a Senhorita Clara, a babá do Alessio — Riccardo
comunicou.

O homem voltou seu olhar sobre mim, o que vi em suas órbitas azuis
me fez ter calafrios. Meu Deus! Em que lugar vim parar?
Capítulo 5

Maximus

Caralho! Caralho e Caralho! Que porra é essa? O que significa essa


menina na minha sala? Eu pedi por alguém jovem, mas não por uma
garotinha na idade escolar. Voltei-me para o Riccardo que me encarava com
expectativa, ele sabia que eu não reagiria bem à presença dessa garota. Não
que a achei repugnante, muito pelo contrário, apesar de estar vestida de
maneira que repudiaria até um santo, percebia-se sua beleza. E não era uma
beleza fatal, longe disso, era pura e angelical. Não deve ter mais que 18 anos,
uma menina mulher. Puta que pariu, meu corpo instantaneamente reagiu a
ela, O Pau moveu-se dentro das calças, como se estivesse vida própria. Nem
parecia que havia acabado de sair de uma transa.

Olhei-a de alto a baixo, a menina parecia aterrorizada, segurava o


cordão em seu pescoço como se sua vida dependesse dele. E não tiro sua
razão de estar apavorada, o meu olhar sobre ela não era de um patrão
avaliando uma empregada, mas de um homem avaliando sua próxima transa.
Ah! Sim, se ela não fosse a babá do Alessio, a levaria para a cama essa noite
mesmo, mas, ela é a Porra da babá e a Porra de uma freira. Essa constatação
me fez voltar-me para o Riccardo e falar entre os dentes.
— No meu escritório, agora!

Ele saiu rapidamente. Voltei a olhar para a garota, seu rosto estava
levemente ruborizado, sua boca rosada um pouco aberta e seus cabelos
dourados, presos com alguns fios soltos a deixavam encantadora. Nunca senti
uma atração tão forte por uma mulher. Eu vou matar o Riccardo por ter me
trazido essa tentação. Puta Merda!

Me controlando, saí de perto da menina e falei com o Alessio.

— Filho, leve a Senhorita Clara até seu quarto, irei para o escritório
falar algo importante com o Riccardo e já os procuro para jantarmos.
— Posso comer salgadinho?
— É claro filho, peça para a cozinheira.
— Eu acho que ele não deve comer salgadinho antes do jantar, senhor
Ferrara.

A voz doce da pequena ragazza, vibrou no ar e entrou nos meus


ouvidos como uma melodia doce, estava pronto para ignora-lá, pelo menos
por enquanto, mas a menina ousou intrometer-se nas minhas decisões com o
meu filho. Andei em sua direção, a freirinha recuou dois passos, assustada,
ela era tão franzina e pequena, praticamente tenho quase o dobro do seu
tamanho. Posso esmaga-la apenas com minhas mãos, mas naquele momento
só penso em esmaga-lá com meu corpo. Parei a sua frente, ela me encarava
apavorada, porém não abaixou o olhar, me encarava com os lábios
entreabertos, o rostinho lindo levemente rosado. Maldição! Ela é uma
tentação e veio cair em minhas mãos.
— O que disse?
— Eu acho que ele...

Levantei um dedo a calando. Cheguei próximo ao seu ouvido, podia


sentir sua respiração acelerada, seu medo. Sussurrei no ouvido dela.

— Não te ensinaram no convento a não desfiar o demônio, freirinha?

Ela não conseguia falar, percebi que segurava a respiração, tamanho


era seu pânico. Afastei-me e olhei para seu rosto, aqueles grandes olhos azuis
me focavam como se verdadeiramente estive de fronte ao capeta, e de fato ela
está, não é atoa que me chamam de il demone.

— Papa, acho que a Senhorita Clara vai desmaiar.


— Só estou dizendo para a sua babá, quem faz as regras aqui. — falei
sem desviar os olhos dela. Continuei — Ela fará exatamente o que você quer.
Então Senhorita Clara, vai até à cozinha e solicite a cozinheira o salgadinho.
— Sim Senhor!
— Vem senhorita Clara — Alessio, a chamou já andando para a
direção da cozinha.

Ela o seguiu, observei-os se afastando com o olhar, agora vou comer o


fígado do Riccardo. Segui para a direção do escritório e assim que entrei ele
já foi logo se defendendo.

— Eu não sabia que enviariam essa criança para cuidar do Alessio.


— Senta-se Riccardo — ordenei sentando também atrás da minha
mesa. Abri a caixa do charuto e peguei um, acendi e baforei algumas vezes.
Olhei para o Riccardo. Ele queria falar, mas sabe que não deve.

— Qual é a idade dela?


— Acabou de completar dezoito anos.
— Não é tão criança assim.
— Maximus, você disse que não levaria a babá do Alessio para a
cama.
— E não irei, não por enquanto.
— Eu sabia que você se interessaria por ela.
— Caralho, Riccardo. Você é culpado por isso. Eu disse que queria
alguém jovem, não uma tentação com cara de anjo.
— Como saberia que dentro de conventos se escondia alguém como
ela? Quase a enviei de volta.
— E por que não fez?
— Por que você iria querer me matar de qualquer jeito.
— Você me conhece, agora tenho uma criatura dessas dentro da minha
casa e o que fazer? Freiar meus instintos para não trepar com ela na primeira
oportunidade?
— Acho que você pode conseguir, apesar de ser bonita, a moça se
tornará freira, não se esqueça disso.
— É o Caralho! Não posso acreditar que ela entregará a vida para a
Porra de uma igreja. Não é possível que queira isso.
— Olha Maximus, a moça parece muito humilde, não sabe nada da
vida, acredito que nem ao menos saiu do convento durante muito tempo, ela
parece mais ingênua que o próprio Alessio, será uma excelente companhia
para ele. Não estraga isso comendo a menina.

Parei para pensar um pouco, não sou um homem com falta de sexo,
tenho isso disponível a qualquer momento que quiser, e minhas
acompanhantes não são menininhas inexperientes, sabem fazer tudo que
gosto na cama. Mas ela é algo diferente, eu não sei, mas não é só desejo
sexual que senti por ela, é algo possessivo, como se não quisesse que ela
fosse de mais de ninguém, somente minha, minha.

Bati o punho sobre a mesa e Riccardo se assustou, levantei-me. Virei-


me de costas para ele e fiquei de fronte a uma janela. Olhei o jardim a frente,
pensativo. Ela ficará, será a babá do Alessio, isso já está decidido, no entanto,
por agora apenas a observarei, será interessante provocar a pequena freirinha.
Decisão tomada, voltei-me para o Riccardo e ordenei.

— Quero que mande investigar qual era a condição dela dentro do


convento. Por enquanto ela ficará com a função de babá.
— Não vai levá-la para a cama?
— Não!

Riccardo riu.

— Ela será uma boa distração, mas por enquanto, sua integridade física
ficará intacta. Só não garanto que voltará para o convento, tão pura quanto
chegou aqui — ri.
— Quero ver até quando.
— Isso não é problema seu. Agora vamos jantar.
— Tá certo! Já me arrependi por não ter mandado a menina embora
antes de você olhar para ela.
— Agora já era, ela está sob meus domínios.
— Desejo sorte para a pobrezinha.
Riccardo e eu seguimos para a sala de jantar. Ao chegarmos nos
deparamos com Matteo, um dos meus chefes de segurança que tem livre
acesso à casa e de vez enquanto faz as refeições conosco.

— Boa noite chefe. Já conheceu a nova babá?


— Já! — falei seco.
Sentei-me à mesa, seguido do Mateo e Riccardo, olhei em volta e não
vi Alessio. Perguntei para o mordomo.
— Onde está o Alessio?

O mordomo pigarreou e informou.

— O Pequeno Alessio está na cozinha com a nova babá.


— Chame-o e traga a babá também — ordenei já irritado.
— Sim, Senhor!

O mordomo saiu apressado, Riccardo e Matteo nada falaram, eles


sabem que quando estou irritado odeio que me dirijam a palavra. Em pouco
tempo, Alessio entrou na sala de jantar e já foi dizendo.
— A Senhorita Clara me fez comer maçã, ela disse que era melhor que
Salgadinhos.

Olhei para a petulante freira, ela está brincando com fogo e não sabe
disso, mas de certa forma gostei por ela ter me desafiado e feito o contrário
do que mandei, vou pô-la em seu lugar, de uma maneira bem prazerosa.

— Sente-se Alessio, vamos comer!


Fiz sinal para o mordomo começar servir a refeição. A freira também
fez o gesto para segui-lo e eu a fiz parar, lhe dirigindo a palavra
extremamente grosso.

— Vai aonde, Senhorita Clara?


— Hã! voltarei para a cozinha, senhor.
— Eu a dispensei?
— Não Senhor!
— Então sente-se à mesa, fará as refeições conosco.
— Eu prefiro comer junto aos outros empregados, Senhor.
— Tem hábito de desobedecer ordens, Senhorita Clara?
— Não Senhor!
— Então faça o que ordenei, não repetirei.

Sem opção, ela fez o que mandei, acabou escolhendo uma cadeira
próximo ao Alessio e manteve a cabeça baixa. A comida começou a ser
servida, não conseguia parar de olhar para aquela criatura, ela é linda, uma
beleza ímpar, sou acostumado a ter mulheres lindíssimas, mas igual a essa
garota, não se igualam, será difícil manter minhas mãos longe dela.

Começamos a comer, a freira era a única que ainda não havia tocado
em sua comida, observava curioso o que ela estava fazendo. A vi juntar as
mãos e orar, ela agradecia a Deus pela refeição. A fiz parar.

— Não está em um convento, Senhorita Clara.


— Devemos agradecer a Deus pelas refeições.
—Foda-se! Aqui na minha casa não agradecemos a Deus nenhum.
Ela finalmente levantou a cabeça e olhou em minha direção com os
olhos arregalados. Ótimo que a deixei chocada, odeio ser ignorado,
principalmente por uma mulher. Percebi que os olhos dela ficaram marejados
pelas lágrimas. Continuei comendo tranquilamente, os outros ocupantes da
mesa não falavam nada, apenas observavam. Riccardo parecia incomodado,
já o Matteo, segurava o riso.

— Alessio, o que achou da sua babá? — perguntei.


— Ela é legal e bonita. Vai virar freira, por isso não se apaixonará por
você, as freiras não podem namorar.

Gargalhei, meu filho definitivamente é meu filho, a menina estava com


o rosto muito vermelho.

— Não fique constrangida, Senhorita Clara, Alessio só está brincando,


ele tem o hábito de achar que todas as mulheres são potenciais namoradas,
mas ele já deveria saber que não tenho namorada, mas amantes.
— A senhorita Clara não deve nem saber a diferença entre amante e
namorada — Matteo falou rindo da situação.
— Sabe a diferença, Senhorita Clara? — perguntei curioso, estava
adorando vê-lá quase levantar-se da mesa e sair da sala correndo.
— Não aprendemos relações afetivas entre homem e mulher no
convento, Senhor Ferrara.
— Então sabe que são relações entre homem e mulher?
— Naturalmente, Senhor. Na bíblia relata o pecado no mundo desde
Adão e Eva.
Matteo gargalhou e logo ficou quieto quando lhe lancei um olhar
fulminante.
— Vejo que acha que essas relações são pecaminosas — afirmei
curioso.
— Tudo que está fora do sagrado matrimônio, é pecado.

Esbocei um sorriso. Vou adorar corrompê-la.

Voltamos a comer. O resto do jantar passou sem mais nenhuma


conversa constrangedora para a Freirinha. Após a refeição, ela levou Alessio
para fazer a higiene noturna e colocá-lo para dormir. Riccardo e Matteo
seguiram para seus aposentos fora da casa. Eu sentei em minha poltrona
favorita e acendi um charuto. Vi quando a freirinha desceu as escadas para ir
se recolher. Eu a estava aguardando.

— Agora somos eu e você, freirinha.

Ela procurou com os olhos de onde vinha a voz e empalideceu quando


me viu, parecia que havia visto um fantasma.
Capítulo 6

Clara

A voz forte daquele homem me fez estremecer, enquanto a sala


mergulhava na escuridão, sendo apenas iluminada discretamente por um
abajur, eu não conseguia desviar os olhos da figura alta. Ele era um pagão,
um homem mundano e eu viverei sob seu teto por três meses. Essa
constatação me deixou apreensiva. Ele Caminhava como um felino, entre
seus dedos um charuto com a ponta brilhante liberava seu perfume que
penetrava nas minhas narinas. O aroma parecia intensificar sua virilidade e
pela primeira vez na vida, percebi a diferença entre um homem e uma
mulher.

Ele parou a uma distância de mais ou menos um metro de mim, eu


queria correr e me refugiar no quarto, no entanto, não o fiz, pois, meu senso
de disciplina me segurava no lugar. Minha respiração ficou suspensa, meus
olhos arregalados e minha boca aberta e seca. Como instinto, agarrei meu
crucifixo e comecei rogar em pensamento pedindo a Deus para afastar aquele
demônio de perto de mim. O homem desviou os olhos do meu rosto e mirou
em minha mão que apertava a cruz. Nunca senti tanto medo de outra pessoa,
nem no convento quando a madre superiora me dava uma de suas correções,
mas aquele homem nada se assemelhava as freiras e nem mesmo a madre ou
os frades, ele era a próprio diabo. Lembrei de uma frase que a madre Dulce
falou uma vez para mim: "Um dia você irá enfrentar o demônio, precisa
estar preparada para destruí-lo." Agora percebo o que ela queria me dizer,
para se tornar freira é preciso passar pela provação, e eu passarei, estou
pronta para enfrentá-lo e destruí-lo.

— Você acha que essa cruz irá te proteger de mim?


— Por que deveria me proteger do senhor?
— Então a freirinha tem língua afiada, hein?!
— Apenas não entendo a sua colocação, senhor. Estou aqui para ser a
babá temporária do seu filho, nada mais.
— E ainda é petulante.

Percebi alarmada, ele apagar o charuto em um sinceiro próximo e em


seguida diminuiu a distância entre a gente. Recuei até bater as costas na
parede, me vi presa quando ele espalmou às duas mãos na lateral da minha
cabeça, impossibilitando-me de qualquer fuga. Meus olhos ficaram maiores,
arregalados por causa da reação que aquela proximidade causou em mim. Eu
estava como em choque por ter percebido a masculinidade dele. Aquilo me
assustou imensamente.

— Não sabia que havia uma preciosidade como você perdida em um


convento. Ainda por cima veio parar na palma da minha mão. Não vou
rejeitar o presente dos deuses, freirinha.

Senti seu corpo pressionar o meu contra a parede. Suspirei profundo e


fechei os olhos. Meu Deus! minhas pernas estavam bambas de pânico.
— Você sente? Sabe o que é isso?

Ele moveu os quadris e pude perceber uma protuberância dura contra a


minha barriga. Não entendia o que era aquilo, aliás, eu compreendia sim, só
não entendia porque ele estava encostando em mim daquele jeito. Muitos
sentimentos afloraram em mim, mas o maior deles foi a repulsa que senti
daquele gesto, não queria aquilo e o deixarei saber disso.

— Eu sei e peço que se afaste, não é uma conduta educada de um


patrão molestar uma empregada assim.

Ele parou e se afastou um pouco, me encarou com um olhar


aterrorizante, nesse momento, aproveitei para tentar correr, mas não consegui
me afastar nem meio metro, as mãos dele agarraram em minha cintura e de
novo me encostou na parede, minhas costas bateram forte. Ele me suspendeu
e prendeu meu corpo com o dele.

— Você acha que pode comigo? Eu sou um homem, freirinha e você


está sob os meus domínios.
— Eu não entendo, senhor — falei com a voz embargada.

De novo, ele moveu os quadris.

— Isso é tesão garota, é o que um homem sente quando tem nas mãos
uma coisinha linda assim como você.

Percebi que ele aproximou o rosto do meu, virei a cabeça de lado e


fechei os olhos. Mas para meu desespero ele não me deixou, voltou virar meu
rosto de frente e encostou os lábios nos meus. Liberei um gemido de protesto,
me sentia uma mariposa presa, sem nenhuma defesa. Ele roçou os lábios nos
meus, aquele contato me fez sentir uma quentura em minhas veias, meu
coração pulava como um louco, era o medo, nada mais.

— O que fará se eu te beijar? Já sentiu os seus lábios sendo esmagados


por dos de um homem?
— Por Deus! Deixe-me ir, senhor.

Uma de suas mãos, deslizou pela minha perna por cima do vestido.

— Que tesouro você esconde por de baixo dessa roupa grosseira?

A mão chegou até a barra do vestido, então começou a subi-ló


lentamente.

— Não! — Protestei.

Ele esboçou um sorriso e parou. Encostou os lábios nos meus e beijou


de leve. Em seguida me soltou e se afastou. Permaneci no mesmo lugar,
encostada na parede, sem saber o que fazer e aterrorizada. Ele andou até
próximo a uma mesa, abriu uma caixa, pegou outro charuto e acendeu.
Voltou-se para mim, eu ainda estava como havia me deixado, não conseguia
me mover.

— Vai freirinha, está livre, por enquanto.

Sem esperar mais, andei rapidamente, mas ainda pude ouvir sua risada
e voz.

— Corre enquanto pode, freirinha.

Como se estivesse fugindo do próprio demônio, corri até o quarto, abri


a porta e entrei. Procurei desesperada pela fechadura e respirei aliviada ao
constatar que tinha uma chave. Tranquei a porta e encostei as costas na
madeira. Coloquei a mão no peito em busca da minha cruzinha. Meu Deus!
Não posso ficar nessa casa por três meses.

Desesperada, corri para o armário onde havia deixado a minha sacola,


ao abrir a porta, me deparei com um grande espelho. Meu reflexo no vidro
mostrava alguém completamente assustada e incrédula do que havia
acontecido. Meu rosto estava vermelho nas bochechas e meus lábios mais
rosados do que costumam ser. Os cabelos dourados haviam quase se desfeito
do coque e algumas mexas moldavam meu rosto de traços delicados e
grandes olhos azuis. Deslizei as mãos sobre o corpo, o vestido de lã preto era
largo, nenhuma parte do meu corpo a mostra, nem mesmo os contornos.
Nunca me percebi antes, vaidade não é algo visto com bons olhos no
convento, então espelhos não eram comuns, especialmente de corpo inteiro.
Por isso me olhava como se estivesse me vendo pela primeira vez,
principiante naquele momento em que o Senhor Ferrara havia encostado em
mim daquela maneira. Arrepiei-me da cabeça aos pés. Preciso ir embora
dessa casa o quanto antes, mas como? Não tenho dinheiro e nem ao menos
sei onde estou. Só me resta rezar.

Com um jeito nervoso, peguei minha sacola, tirei de dentro meu terço e
o lenço para as orações. Coloquei-o sobre a cabeça e ajoelhei-me próximo à
cama. Juntei as mãos e apoiei os cotovelos no colchão. Comecei a rezar o
terço com fervor. Pedia a Deus e Nossa Senhora para me proteger e me
mostrar uma direção. Na minha cabeça ecoava o tempo todo para ir embora,
estou em perigo nessa casa. O pequeno Alessio apesar de mimado, me
pareceu um menino solitário, eu gostei dele e adoraria acompanhá-lo e cuidar
de seu bem-estar nesse período, mas o pai dele era a personificação do
demônio e depois do que fez, vejo-me em perigo se continuar nessa casa.
Mas o que fazer meu Deus? Como irei embora?

Após a oração, tinha tomado uma decisão. Não posso continuar aqui,
irei embora. Falarei com o Senhor Riccardo no dia seguinte e pedirei para me
enviar de volta para o convento. Com essa decisão, levantei-me e guardei as
coisas na sacola. Olhei às horas no pequeno relógio digital na mesa de
cabeceira, marcava 10 da noite. Andei pelo quarto e segui até a janela.
Afastei a cortina e percebi que os fundos davam para um jardim. Estava sem
sono, meus nervos muito abalados, além do mais precisava olhar as
redondezas da casa para me prevenir, se por acaso o Senhor Riccardo não me
deixar ir embora, terei que me arriscar e sair sozinha, fugir se for preciso.

Decidi explorar lá fora, respirar um ar também. Nada farei hoje à noite,


mas precisava de ar fresco. Peguei meu casaco velho e o vesti, andei até a
porta do quarto e destranquei com cuidado, espiei de um lado para o outro no
corredor, antes de sair. Fechei a porta e andei devagar. Percebi que havia uma
porta larga no final do corredor, imagino que deve ser a saída para fora. Girei
a maçaneta e a porta abriu-se. Saí e de fato me encontrei no pequeno jardim.
A noite estava fria, mas não me importei, respirei fundo o ar do breu e olhei
para o céu, as estrelas brilhavam intensas e a lua iluminava a noite, linda e
majestosa na escuridão da noite. Deus é perfeito, não canso de ser grata pela
criação.

Abracei-me apertando o casaco ao meu corpo. Andei e sentei em um


banco. Foquei em meus pés com aqueles sapatos surrados. Pensei em minha
mãe, ela teve uma vida curta e o pouco que viveu, dedicou aos mais
necessitados. Ela é como um anjo para mim, tenho apenas uma pequena foto
dela dentro de um pingente que carrego comigo no bolso do vestido. A pego
e abro, olho sua imagem, ela usa o hábito, mas seus olhos castanhos e seu
rosto com um sorriso são as únicas partes à mostra. Ele teve a vida ceifada
pela luxúria de homens. Nunca pensei sobre o que ela sofreu, mas depois do
que me aconteceu hoje, vejo que posso ter o mesmo destino que o dela.

Lágrimas escorrem em meu rosto. Não conseguia ficar parada,


levantei-me e comecei a caminhar sem destino, eu estava com medo,
incertezas. Mas precisava me agarrar na fé, Deus não permitirá que algo ruim
aconteça comigo, preciso agarrar a minha fé.

Sem perceber, me deparei com uma grande piscina, me assustei ao


perceber um vulto alto andar na borda. Arregalei os olhos ao distinguir quem
era. A luz que vinha da piscina iluminou seu corpo que estava completamente
nu, meu coração quase saiu pela boca. Segurei minha cruzinha e petrifiquei
no lugar. Não conseguia dar mais nenhuma passo, nem para a frente e nem
para trás. O homem pulou na piscina e nadou de um lado para o outro, em
braçadas perfeitas e sincronizadas. Observava a cena com os olhos
arregalados. Somente consegui me mover, quando ele saiu da água de repente
e olhou para a minha direção. Nesse momento, praticamente me joguei para
trás de um arbusto e fiquei agachada. De novo, ouvi o barulho da água e
decidi espiar, ele havia mergulhado de novo.
Desesperada, levantei-me e tentei sair do local sem ser percebida, mas
com o movimento brusco que fiz, acabei tropeçando e caí. O barulho da
queda foi ouvido pelo homem. Ele saiu da água e vestiu um roupão, pegou
algo em cima de uma mesa, era uma arma. Entrei em pânico e levantei para
correr, mas ele foi mais rápido e me alcançou facilmente. Me segurou pela
cintura e me virou para olhá-lo. Seus olhos me focaram zombeteiros.

— Olha quem veio espiar.


— Solte-me, senhor Ferrara, por favor.
— Por quê? Você estava curiosa em ver um homem nu, não precisava
se esconder, eu mostro para você.
— Não, me deixa!

Tentava fugir dos braços dele, mas era impossível, ele me segurava
apenas com um dos braços em volta da minha cintura e mesmo assim não
consegui me desvencilhar. Ele segurou em meus pulsos e começou a me
puxar, eu pedia desesperada para me deixar em paz, mas nada o fazia recuar.
Ao chegarmos próximo à piscina, ele deixou a arma sobre a mesa, eu olhava
para aquele objeto horrorizada.

— Vim para a piscina esfriar minha libido, mas você veio me tentar
novamente, não recusarei uma oferta desses, freirinha.
Capítulo 7

Maximus

Ainda não posso acreditar que tenho um anjinho tentador desses em


minhas mãos. A inocência dela e tamanha que está me deixando louco. Estou
adorando brincar com ela.

Afasto-me alguns passos e a observo, ela mantém a cabeça baixa e


aperta as mãos uma na outra nervosa. Ordeno.

— Olha para mim.


— Me deixa voltar para o quarto, senhor.

Ela pede choramingando.

Percebo que ela olha algumas vezes para arma que deixei em cima da
mesa. Esboço um sorriso zombeteiro, ou está com medo do que eu posso
fazer com a pistola, ou pensa em pega-lá para se proteger de mim, a segunda
opção é tão patética que nem me abalo. Aproximo-me dela e percebo-a
afastar-se, seu rosto está apavorado, mas não olha para mim, continua com a
cabeça baixa. Ela olha para trás algumas vezes, com certeza pensando em
correr.
— Ouse correr, e vou te pegar — ri.

Quando me encontrei a poucos centímetros dela, abri o robe e deixei


toda a minha virilidade a mostra. O pau está duro, nunca tive uma ereção tão
rápida apenas por olhar uma mulher, mas essa garotinha está me deixando
com um tesão do Caralho! A minha vontade é fode-lá sobre a mesa de ferro
da piscina. Ela apertava os olhos fechados para não ver.

— Abre os olhos, freirinha, não é isso que queria ver, sou todo seu.

Aproximei-me e segurei seu pulso, a fiz encostar no meu pau esfregado


aquela mãozinha delicada na minha ereção. Ele tentou puxar, mas foi inútil.

— Sente como ele está? Você deixou ele assim, agora terá que acalma-
lo.

Ela abriu os olhos em pânico, percebi seus olhos minarem lágrimas,


seu rosto vermelho me deixava fascinado. Ela é linda, mesmo com roupas
horrendas não consigo parar de desejá-la. A faço pegar no pau, ela resiste,
mas obrigo-a massagear meu membro duro.

— Não! — ela suplicou.


— Olha para mim.

Ela vira o rosto de lado, sigo seu olhar, está focado na pistola em cima
da mesa.

— Está com medo de que? Dessa arma ou dessa?


Esfreguei a mão delicada no membro, ela tentou correr, mas a segurei
firme e a trouxe para junto do meu corpo, segurei em seu maxilar com uma
das mãos e a fiz me olhar.

— Eu sei usar ambas as armas, mas só esse é exclusiva para você.


— Não senhor, me deixa ir, eu não o estava espiando. Por favor, lhe
suplico.
— Não tenha medo, coisinha linda, eu vou te levar ao paraíso sem que
você precise morrer para isso. A não ser que seja morrer de prazer.

Estreitei meus braços em volta dela e senti seu corpo através das
roupas largas. Caralho, ela é perfeita, tenho certeza que tem um corpo
incrível, na medida certa para mim. E os cabelos, macios me deixa fascinado.
Quando levá-la para a cama, saberei saborear essa florzinha, ela desabrochará
em meus braços, ensinarei tudo para ela. Por agora, somente quero deixá-la
assustada, adoro vê-lá desesperada para fugir de meus braços. Isso é um
delicioso desafio, nunca uma mulher quis escapar de meus braços antes, no
entanto, a freirinha luta pelo inevitável, ela será minha no momento certo.

Sinto sem coração puro e jovem bater loucamente no peito. Ela tenta
escapar de mim, sem me tocar, mas em um momento ela espalma suas
pequenas mãos em meu peito e tenta empurrar. Suas palmas estão ásperas,
provavelmente pelo trabalho no convento.

— Me solta, seu maldito!


— Que coisa feia, freirinhas não deveriam maldizer os outros assim,
não irá para o céu.
— Senhor Ferrara, por Deus! Deixe-me ir.
— Do que tem medo, de mim ou de você mesma?
— Eu não vim aqui para ser um brinquedo, Senhor, alguém para
provocar.
— Mas estou adorando provocar você.
— Não!

A danadinha, fincou os dentes em meu braço e eu a soltei por reflexo.


No desespero para tentar correr, ela acabou caindo na piscina. Vi seu corpo
afundar e logo se debater na água. Ela não sabia nadar, logo percebi e ainda
caiu na parte mais funda. Sem pensar muito, pulei na água e a segurei, a
emergi, ela se debatia desesperada e se agarrou em mim.

— Calma! Calma!

Seus lindos lábios tremiam de frio, ela havia engolindo um pouco de


água e tossiu algumas vezes.

— Segura no meu pescoço firme, vou te tirar da água.

Assim ela fez. Nadei até a beirada e a fiz sentar na borda. Em seguida
saí da água e a peguei no colo. Ela se debatia de frio e nervoso. Entrei na casa
e a levei para o andar de cima. Adentrei em um dos quartos de hóspedes e
segui para o banheiro, a coloquei no chão. Peguei uma toalha e comecei
enxuga-lá, ela não fazia nenhum movimento para me impedir, parecia que
estava em choque.

— Terá que tirar a roupa.


Nesse momento ela saiu do seu estado estático e balançou a cabeça
negativamente várias vezes. Não dei importância ao seu protesto, andei até
um armário e peguei um roupão, entreguei para ela.

— Tire esse roupa molhada e use esse roupão.

Ela me encarava com os olhos arregalados. Aproxime-me e beijei seus


lábios trêmulos.
— Te deixarei sozinha, mas te espero lá fora, se não sair em cinco
minutos, voltarei e eu mesmo tirarei suas roupas.

Afastei-me e saí do banheiro, deixando uma freirinha perplexa.

***

Clara

Meu corpo estava trêmulo, não conseguia parar de tremer, não sei se é
de frio ou do estado nervoso que me encontro, talvez os dois. Estou nessa
casa a menos de 24 horas e já aconteceram tantas coisas que parece surreal.
Passo as mãos pelo corpo como se estivesse limpando a palma, ele me fez
encostar naquilo. Senti uma vontade de vomitar, estava com nojo, não só por
ele ter me obrigada a pegar em seu órgão sexual, mas pelo fato de sentir um
calor estranho por todo meu corpo, inclusive em minha intimidade.

A pele da minha mão ardia, eu as esfregava com vigor no tecido


molhado da roupa. Todos os meus nervos vibravam, precisava sair daqui.
Mas como? Ele avisou que estaria lá fora.

— O seu tempo está passando, freirinha.

Ouvi a voz dele e dei um sobressalto, não queria tirar as roupas e ficar
só de robe, mas se não fizer ele entrará e me obrigará. Imediatamente,
comecei a despir-me, fiquei somente de lingerie, não as tirarei, jamais ficarei
nua mesmo que esteja encoberta com o roupão. Usei o robe e atei bem o nó
da faixa na cintura. Olhei em volta e vi uma toalha, a peguei e sequei os
cabelos. Arrumei-os.

Levei um susto quando ele entrou no cômodo, o encarei através do


espelho, ele estava vestido com calças de moletom e uma camisa de malha.
Seus cabelos também estavam úmidos e os pés descalços. Tudo era tão
íntimo, nunca fiquei vestida daquela maneira na frente de outra pessoa, muito
mesmo de um homem. Tentei me afastar quando ele se aproximou, mas como
sempre ele não deixou e me enlaçou na cintura. Fechei os olhos e suspirei
fundo. Ele estava atrás de mim e me olhava pelo espelho.

— Vai aonde baixinho assustado?


— Eu quero voltar para o quarto dos empregados.
— Você dormitará nesse quarto, aliás, a partir de agora esse é seu novo
quarto.
— Eu prefiro dormir na ala dos outros funcionários.
— Mas não irá e isso não é um pedido, é uma ordem.
— Senhor Ferrara, eu lhe imploro, sou apenas a babá, quando o
período de três meses passar, voltarei para o convento e farei os votos.
— Só sob o meu cadáver, freirinha. Mas por hoje não precisa se
apavorar, não dormirei com você. Por enquanto.

Com isso ele afastou-se e ordenou.

— Agora venha, a empregada trouxe chá quente e alguns bolinhos para


você comer antes de dormir.

Sem saída, o segui. O quarto era lindo, em tons de bege com detalhes
branco e marrom. A cama era enorme. Ele sentou na beirada e bateu no
colchão me convidando a sentar do lado oposto dele. Havia uma bandeja bem
arrumada com o lanche. Sentei e não sabia o que fazer, ele descontraído,
colocou os pés sobre a cama, encostou as costas na cabeceira e pos as mãos
atrás da nuca.

— Coma, não tocarei em você.

Ele estava brincando comigo, seu semblante era de alguém que se


divertia com meu constrangimento. Olhei para o alimento e não senti forme,
não tinha vontade de comer nada, queria ir embora para o refúgio do outro
quarto. Contudo, se não fizer o que ele mandou, provavelmente não sairá
daqui. Então, para aquele pesadelo acabar logo, peguei o bule com mãos
trêmulas, coloquei um pouco de chá quente na xícara. Tomei uns goles com
alguns pedaços do bolinho. Ele não parava de me olhar e isso me deixava
mais nervosa, porém consegui esconder bem meu estado.

Ao terminar de comer, peguei a bandeja e levantei-me, minha intenção


era levar para a cozinha e de lá seguir para o outro quarto que me foi
designado quando cheguei.

— Coloque a bandeja na mesa.


— Levarei para a cozinha, Senhor.
— Faz o que eu mandei, não repetirei.

Naquele momento ouvi uma batida de leve na porta e ele ordenou que
entrasse. Uma empregada adentrou o cômodo, a reconheci, era a mesma que
havia me recebido mais cedo. Meu rosto pegou fogo, imaginei o que ela
estava pensando sobre aquela situação.

— Ajude a Senhorita Clara no que ela precisar.

Ele ordenou, se dirigindo para a porta. A empregada, assentiu e entrou


no banheiro, ele olhou para mim e desejou:

— Durma bem, freirinha.

A porta fechou-se e suspirei com alívio. A empregada apareceu com


minhas roupas na mão.

— Preparei um banho de banheira, levarei suas roupas para secarem.


— Obrigada! — Agradeci sem graça.
— Há uma camisola e lingeries limpas para você vestir, não se
preocupe, são novas, sempre há roupas extras para qualquer eventualidade.
— Me desculpe, eu não sei seu nome.
— Marise.
— Marise, eu quero voltar para o outro quarto, agradeço muito pela
sua ajuda, mas não ficarei aqui e nem tomarei banho. Eu tenho minha própria
camisola em minha sacola e roupas íntimas.
— Sinto muito Senhorita Clara, mas são ordens do Senhor Ferrara e eu
apenas as cumpro.

Ela pegou a bandeja e saiu. Fui até a porta e estava aberta, olhei através
do batente. Voltei para dentro, andei de uma lado para outro pensando o que
fazer. Depois de ponderar, tomei uma decisão, ficarei nesse quarto essa noite,
não posso arriscar contraria-lo. Suspirei fundo e segui para o banheiro, olhei
a banheira convidativa. Nunca tomei banho em um local tão luxuoso e ainda
mais em uma banheira.

Aproximei-me e sentei na beirada, mergulhei a mão na água quentinha.


Parecia tão bom. Despi-me do roupão e das peças íntimas. Mergulhei na água
perfumada. Peguei uma esponja e comecei a me ensaboar, a sensação era
maravilhosa. Reparei em toda aquela mordomia e me senti culpada por estar
gostando, parecia pecado admitir que o conforto era algo bom. No Santa
Tereza somos ensinadas que não devemos sucumbir aos prazeres do mundo e
temos que reprimir qualquer tipo de vaidade. Só de imaginar que as outras
órfãs tomam banho em chuveiros frios, assim como eu sempre tomei, me fez
sentir culpada. Por isso, terminei rapidamente o banho e saí da banheira.
Peguei a toalha felpuda e enrolei em meu corpo. Puxei o dreno da banheira, e
organizei as coisas, não deixarei nada sujo. Me enxuguei e vesti as roupas
que Marise havia deixado.

Voltei para o quarto, estava tão cansada sobre tudo que aconteceu
naquele dia que só queria dormir. Olhei às horas e já eram mais de meia-
noite. Subi na cama e me embrulhei no edredom. Fiz minha oração e assim
que terminei, ajeitei-me no travesseiro e apenas um pensamento povoava
minha mente antes de pegar no sono, no dia seguinte irei embora e nada me
impedirá.
Capítulo 8

Clara

Abri os olhos lentamente, a luz do sol vindo da janela ofuscou a minha


visão, fecho-os novamente e aperto as pálpebras. Tento ordenar meus
pensamentos, há algo errado, não estou no convento e muito menos no sótão
onde dormia. Uma sensação de que alguém me observava me fez ficar
arrepiada. Lembrei como uma avalanche tudo o que me ocorreu no dia
anterior e me sentei na cama rapidamente. Olhei para os lados e me assustei
com dois pequenos olhos castanho claro com cílios espessos me olhando
curiosos. Ele estava de joelhos em cima da cama.

— Meu pai trepou com você?

A pergunta dele me faz ficar constrangida, senti meu rosto queimar por
causa do sangue que se agitava em minhas veias, tive plena consciência o que
aquela pergunta significava. Era estranho uma criança tão pequena ter um
vocabulário desses, isso era um absurdo, mas compreendo porque é assim,
com o pai que tem é compreensivo esse comportamento. Decidi ignorar sua
pergunta e lhe ensinar bons modos.

— Bom dia Alessio, você dormiu bem?


— Muito bem! fiquei esperando você ir no meu quarto me ajudar
escovar os dentes, então fui até a ala dos empregados para te procurar, mas
Marise avisou que você estava dormindo aqui.
— Ah! É.. é que ontem sofri um pequeno incidente na piscina. —
Gaguejei, Alessio é um menino muito perspicaz para a idade.
— Eu já sei, meu pai te salvou.
— Hã! É mais ou menos isso.
— Alessio, deixe a Senhorita Clara fazer a toalhete, em seguida ela irá
a seu aposento, espere lá.

Marise entrou no quarto enquanto falava, eu fiquei mais envergonhada,


já era para eu ter levantado a horas, no entanto, estou ainda deitada e não faço
ideia das horas, acho que nunca dormi tanto.

Alessio desceu da cama e seguiu para um dos sofás, sentou-se e


encarou a empregada com olhos desafiadores.

— Não irei para meu quarto, Marise, esperarei a senhorita Clara aqui
mesmo, tenho meu vídeo game portátil comigo.

O menino tirou o objeto do bolso do pijama e ligou, ignorando


totalmente o pedido da emprega. Percebi que Marise abaixou a cabeça e
seguiu para o banheiro. Achei a atitude do Alessio completamente arrogante e
decidi interceder. Levantei-me e fui até próximo dele. Sentei-me no outro
sofá e o olhei atentamente, ele continuou jogando.

— Alessio, poderia parar de jogar um instante.


Ele parou e me encarou. Respirei fundo e lhe disse.

— Acho que você deveria ouvir o que Marise disse e a obedecer,


crianças de sua idade não decide as coisas sozinhas, se ela pediu para você
esperar no seu quarto e isso que deve fazer.
— Ela não é minha babá.
— Se eu te pedir você vai?
— Por que preciso ir? Meu pai me deixa fazer o que quero, além do
mais, ele disse que você também faria o que eu quisesse.
— Mas as coisas não funcionam assim, por favor, espera em seu
quarto, prometo que irei o mais rápido possível.
— Então brincará comigo no quintal?
— Sim, podemos fazer isso.
— Legal!

Ele levantou e saiu do quarto correndo, percebi que ele só fez porque
barganhou algo. Suspirei fundo, sinto muito ter que deixá-lo, mas não posso
ficar mais nessa casa. Percebe-se que é uma criança que precisa demais de
disciplina, mas não serei eu que lhe ensinarei. Nesse momento Marise voltou
do banheiro e se surpreendeu por Alessio não está mais no quarto.

— Conseguiu domar a ferinha?


— Ele é só uma criança.
— Que seguirá o caminho do pai e assumirá os negócios, então é tão
perigoso quanto ele.

Uma curiosidade se acendeu em mim com relação aos negócios do Sr.


Ferrara, não faço a mínima ideia o que ele faz, mas não perguntei tão pouco,
fiquei vermelha só em pensar nele, imagina demostrar algum interesse.
Marise parece que não percebeu minha batalha interna e falou.

— Suas roupas estão secas no banheiro, também trouxe sua sacola com
seus pertences. Encontrei uma foto no bolso do seu vestido e guardei na sua
sacola. O café da manhã será servido às dez horas. Com licença.

— Obrigada! — Falei tímida, nunca alguém fez algo por mim.

Ela saiu e me senti completamente perdida, não sabia o que fazer, o


que pensar. Contudo, naquele momento o melhor era trocar de roupa e ir
cuidar do Alessio, já que ainda era a babá dele, não podia deixar de cumprir
minhas obrigações. No entanto, assim que tiver uma oportunidade, falarei
com o Sr. Riccardo para me enviar de volta ao convento.

Determinada, segui para o banheiro e escovei bem os dentes, penteie


os cabelos e os prendi firmemente com uma trança única e a coloquei sobre o
ombro de lado. Estava aliviada por ter minhas próprias coisas e roupa. A
vestimenta que uso agora são confortáveis e percebe-se que de boa qualidade,
mas não são minhas. Por isso, as tirei e dobrei cuidadosamente deixando
sobre a pia do banheiro. Tirei também a calcinha e fiquei nua. Olhei minha
imagem no espelho, coloquei a mão no pescoço e segurei minha cruzinha
feita de Tucum. Pela primeira vez olho para meu corpo nu refletido no
espelho, nunca olhei para mim mesmo daquele jeito. Percebi a pela branca e
pálida. Os seios são firmes e pequenos com áureos rosados como dois
pequenos botões. Olhei para parte de baixo, um triângulo coberto por
pelugem dourada. Uma sensação estranha apoderou-se de mim, toda minha
pele arrepiou-se, e meu rosto pegou fogo, nunca me vi como uma mulher,
nunca percebi minha familiaridade. O pecado sondava a minha mente, me
sentia úmida e a imagem daquele demônio de olhos azuis formou-se em meus
pensamentos.

Pulei de susto quando subitamente a porta foi aberta e ele entrou. Meus
olhos arregalaram e minhas pupilas dilataram, o choque foi tamanho que
petrifiquei. Não esperava de forma alguma que alguém entrasse em um
banheiro sem bater antes, não tranquei a porta porque já estava acostumada
não fazer isso no convento, pois não era permitido, mas me arrependo por
minha imprudência, não me encontro no convento, mas na casa daquele
homem demoníaco.

O mais rápido que consegui, coloquei meu braço em cima dos seios e
uma das mãos na genitália cobrindo-a. Virei-me de frente para ele e curvei o
corpo para tentar me tapar o máximo que podia. Ele sorriu caçoísta e andou
em minha direção, meu coração batia tão acelerado que tive a impressão que
iria desfalecer. Porém, precisava pedir.

— Por favor Senhor, vai embora.


— E deixar de apreciar uma beleza dessas. Você está a imagem de
Eva, a imagem do pecado, uma tentação suculenta para um homem.
— Não...

Ele colocou dois dedos em meu queixo e levantou minha cabeça me


fazendo encara-lo. Nossos olhos se cruzaram e minhas pernas ficaram
bambas, a masculinidade dele tomou conta de tudo à volta, todos os meus
sentidos aguçaram diante daquele olhar penetrante. Senti uma fraqueza
profunda, por isso não tive força para resistir quando ele me enlaçou na
cintura, um das mãos desceram entra às minhas pernas e afastou a minha mão
que tapava meu sexo, tentei fecha-las o máximo, mas as mãos dele
deslizaram preguiçosamente entre a fenda da minha vagina. Seus dedos ágeis
fizeram uma pequena pressão e foi deslizando lentamente, passando pela
minha barriga, peito, pescoço e boca. Ele passou o polegar nos meus lábios
trêmulos e olhou para a própria mão.

— Olha o que temos aqui, alguém está molhadinha para mim.


— Senhor Ferrara, não faça isso.
— Não fazer o que, Freirinha?

As lágrimas reprimidas desceram pelo meu rosto sem controle, eu não


aguentava mais. Quando pensei que iria desmaiar, senti os lábios dele sobre
os meus, aquele contato foi tão chocante que abri os olhos alarmada. Nossas
bocas unidas e a pressão do maxilar dele não me dava chance de repeli-lo. O
movimento de seus lábios, língua e o ruído da respiração forte me deixaram
atordoada. Tentei lutar, o empurrar, mas minha resistência só o fez aumentar
a selvageria do gesto. Senti que ele me suspendeu pela cintura e me fez sentar
sobre a pia e abriu minhas pernas com o próprio corpo enquanto esmagava
meus lábios com os dele. Ele então liberou meus lábios e deslizou a boca pela
minha bochecha até a curva do pescoço, ele ria dos meus esforços de tentar
me soltar.

— Quem está lutando comigo? A freira ou a mulher que tem dentro de


você.
— Me deixa em paz — supliquei.
— Não posso, você desperta o demônio que há dentro de mim.
Ele levou a mão de novo ao meu sexo e separou os lábios com os
dedos, soltei um gemido se angústia e desespero.

— Provarei dessa buceta intocável, a terei freirinha e você não


escapará.

Reparei na crueldade contida naquelas palavras, na sua força, ele pode


fazer o que quiser comigo e isso me deixava apavorada.

— Contudo, nossa primeira vez não será sobre a pia do banheiro, não
sou uma adolescente que não consegue controlar os instintos masculinos. A
terei freirinha sobre a minha cama forrada em cetim negro, e essa noite será a
mais longa da sua vida.

Com essas palavras vibrando no ar, ele me soltou e afastou-se. Antes


de sair, contudo, falou com sarcasmo.

— Reze para afastar o pecado da sua cabecinha pura.

Ouvi a risada dele enquanto se afastava. Desesperada, peguei as roupas


e as vesti rapidamente. Calcei os sapatos velhos. Não podia acreditar que ele
havia me visto nua, absolutamente ninguém me viu assim, nem mesmo as
irmãs. Deus do céu! Estou perdida nessa casa, não ficarei mais nenhum
minuto aqui.

Juntei minhas poucas coisas e coloquei na sacola com as mãos


trêmulas. Abri a porta do banheiro e olhei pela soleira, o quarto estava vazio,
saí e já me dirigia a porta para procurar o Senhor Riccardo, quando essa
abriu-se e Alessio seguido do pai entraram.
— Aí está sua babá Alessio, agora ela está vestida com a armadura.
— Por que não foi no meu quarto? Não aguentava mais esperar.
— Eu, eu...
— A senhorita Clara precisa Orar Alessio, tenho certeza que ela estava
fazendo exatamente isso.

Olhei para aquele homem alto, cínico, demoníaco. Apertava a sacola


entre os dedos nervosamente. Os olhos dele correram até as minhas mãos e
em seguida voltou para meu rosto.

— Irá para algum lugar, Senhorita Clara?

Nada saia da minha garganta, por sorte ou azar não sei, Alessio
aproximou-se e pegou no meu pulso me puxando.

— Vem senhorita Clara, quero brincar no quintal.

O segui, era melhor cuidar do menino do que ficar na presença do pai


dele. Depois na primeira oportunidade que tiver, falarei com o Sr. Riccardo.
Chegamos até seu quarto, respirei aliviada por constatar que o Sr. Ferrara não
veio também.

Acabei me entretendo com os cuidados com Alessio, o ajudei a escovar


os dentes, preparei seu banho e separei suas roupas. Ele tinha um closet
enorme com tantas roupas que vestiriam todas as crianças órfãs do Santa
Tereza e ainda sobrava. O ajudei a vestir-se e escovei seus cabelos.
— Está horrível isso Senhorita Clara, gosto do meu cabelo arrepiado,
não de lado parecendo um babaca.

Alessio pegou gel e passou nos cabelos os deixando apontados para


cima. O menino é cheio de vontades.

— Agora sim, vamos descer para o café da manhã e depois brincarmos


no quintal.

Descemos a escada, juntos e ao chegarmos em baixo nos deparamos


com o Sr. Matteo, que foi logo dizendo.

— Bom dia! Vejo que conseguiu sair ilesa da primeira noite.

Ele riu sarcástico. Educadamente e com toda disciplina devolvi o


cumprimento.

— Bom dia, Sr. Matteo.


— Ora! Chame-me apenas Matteo, sinto que seremos grandes amigos.
— Eu prefiro usar a maneira formal, Senhor.
— Não sou o chefe, portanto, podemos nos tratar informalmente.

Não disse nada, não queria ter contato com mais ninguém daquela
casa, muito menos com os homens.

— Vamos Senhorita Clara, estou com fome.

Alessio de novo me puxou e eu o acompanhei seguidos pelo Sr.


Matteo. Ao aproximar-nos de uma das salas, nos deparamos com o Sr.
Ferrara sentado em uma poltrona, lendo o jornal impresso. Assim que nos
viu, levantou-se, dobrou o jornal e olhou o relógio de pulso.

— Na hora. Vamos!

Todos seguimos para a sala de jantar e eu apenas afastei a cadeira para


que Alessio sentasse. Não tomarei o café da manhã com eles. Me dirigi a
saída orando em pensamento para que ele não percebesse minha saída. Foi
em vão, ouvi a voz autoritária do todo-poderoso ordenando.

— Sente-se!

Sem ter o que fazer, me dirigi a cadeira que sentei na noite anterior e
me acomodei.

— Espero que essa seja a última vez que tenho que lembra-lá,
senhorita Clara, que fará todas as refeições conosco. Entendido?

— Sim senhor!
— Ótimo!

Após o café da manhã que transcorreu sem incidentes, Alessio e eu


seguimos para a saída da mansão. O pai dele e o Matteo saíram da
propriedade O menino estava muito animado. O jardim da casa era
magnífico, o sol bateu em meu rosto aquecendo minha pele. Alessio correu
entre as plantas podadas do jardim de topiaria.
Percebi que um homem grande nos seguiu, ele tinha uma feição
fechada e nos acompanhava o tempo todo. Aquilo me incomodou, mas não
disse nada. Alessio acabou me esclarecendo que o homem era Rui, o
segurança particular dele. Fiquei intrigada de por que será que ele precisava
de um segurança se estava dentro da propriedade. Deixei minhas dúvidas de
lado e me concentrei no Alessio.

Havia uma playground enorme com balanço, muro de escalada e vários


brinquedos. Alessio sentou no balanço e me chamou para empurra-lo. Com
um sorriso me posicionei atrás dele e prendi a minha sacola que ainda
mantinha comigo no cinto fino na minha cintura. Comecei a empurra-lo e o
menino sorria alegremente. Senti pena dele, é apenas uma criança, apesar de
ter tudo o que o dinheiro podia comprar, ele queria somente alguém para
brincar.

Acabamos passando o resto da manhã até o início da tarde no quintal.


O lugar era enorme, exploramos os arredores, mas nem de longe
conseguimos andar por tudo. A uma certa altura, percebi o sol alto, já era
mais de meio-dia, deduzi, por isso decidi voltar para dentro.

— Alessio, acho que devemos entrar agora, já deve ser quase hora do
almoço.
— Não estou com fome, vamos continuar brincando.
— Mas não agora, há responsabilidades também, vamos lavar as mãos
para comer.
— Mais tarde podemos jogar vídeo game?
— Sim, mas primeiro deve descansar o almoço.
Entramos e Marise veio em nossa direção.

— O almoço já está quase pronto, apenas o Sr. Riccardo almoçará com


vocês.

Respirei fundo, essa será a oportunidade para lhe falar.

Após lavarmos as mãos no lavabo, seguimos para uma sala de jantar


menor. Riccardo já estava na mesa.

— Senhorita Clara, como está?


— Bem, Sr. Riccardo, mais tarde gostaria de lhe falar.
— Sobre o quê?
— É algo pessoal.

Ele me olhou com as sobrancelhas franzidas, mas não disse nada.


Sentamos e a refeição foi servida, Alessio torceu o nariz para os vegetais e
com autoridade, ordenou para o mordomo.

— Carlos, não quero legumes, traga-me batata frita.

O mordomo sem hesitar, voltou-se para recolher o prato dele e eu


decidi me intrometer.

— Só um minuto.

O mordomo parou e me olhou questionador. Voltei-me para o menino.


— Alessio, vegetais são bons para você, lhe fará crescer forte e
saudável.
— Sou forte e saudável comendo batata frita também.
— Eu sei que batata frita e gostoso, mas você sabe que existem
milhares de crianças no mundo que jamais desprezaria um alimento como
esse?
— Que crianças?
— As que não tem nada para comer.
— Mas eu tenho tudo para comer, e não quero isso, quero batata frita.
— Pois só receberá batata frita se comer os legumes.

Alessio fechou a cara e espetou uma cenoura com o garfo e colocou na


boca a contra gosto, mastigou e engoliu. Assim ele começou a comer tudo do
prato.

— É inacreditável. — O Sr. Riccardo falou. O olhei e ele literalmente


estava de boca aberta.

O menino acabou comendo tudo, mais batata frita e de sobremesa,


sorvete de chocolate. Ao final da refeição, Sr. Riccardo ordenou que Marise
olhasse o Alessio e me convidou a entrar em seu escritório.

— Estou curioso, Senhorita Clara, pelo que tem a me falar.


— Senhor Riccardo, peço que me mande de volta para o convento.
— E por qual motivo faria isso? Não gostou de cuidar do Alessio ?
Vejo que tem muito jeito com crianças e Alessio precisava de um pouco de
disciplina.
— Não tem nada a ver com o menino.
— Eu sei, tem a ver com o pai dele.

Corei violentamente e baixei minha cabeça. Ouvi a respiração


profunda dele e sua voz com tom de pena.

— Sinto muito Senhorita Clara, mas não posso atender seu pedido.
— Por favor Sr. Riccardo, não posso ficar nessa casa.
— Senhorita Clara, você sabe quem é o Maximus Ferrara?
— Não!
— Então lhe direi, ele é um mafioso, sabe o que significa?
— Alguém que comete crimes?
— Muito mais que isso, ele chefia uma das maiores organizações
criminosas da Itália.

Fiquei paralisada diante daquela revelação.

— Te aconselho Senhorita Clara a não desafia-lo, ninguém,


absolutamente ninguém diz não a vontade do mafioso. Não o teste, se
machucará.

Aquelas palavras entraram em minha carne como facas afiadas. Jesus


Cristo! Estou sem saída.
Capítulo 9

Clara

Não podia acreditar que teria que passar os próximos três meses a
mercê de um mafioso. A minha situação piorava a cada dia, jamais imaginei
que estava na casa de um criminoso. Levei a mão ao estômago e cambaleei,
não me sentia bem.

— Senhorita Clara, está tudo bem?

O Sr. Riccardo aproximou-se e me ajudou sentar em uma das cadeiras.


Eu tremia e via tudo desfocado por causa das lágrimas que se formavam em
meus olhos. Tentei segura-las, aprendi no Santa Tereza a não deixá-las cair
desde muito nova, a fraqueza e o medo não são vistos com bons olhos no
convento, é preciso enfrentar todas as dificuldades com coragem, principiante
as órfãs que não tem tempo de lamentarem sua sorte. Contudo, como ter esse
sentimento se estou de baixo do teto de um homem perigoso e pelo que
percebo poderoso? Ninguém me ajudará aqui, com certeza todos somente
obedecem suas ordens.

Todavia, preciso tentar mais uma vez, suplicar se for preciso para que
o Sr. Riccardo me envie de volta, ele é minha última esperança. Levantando a
cabeça e o encarando com os olhos marejados, juntei às duas mãos e pedi,
demonstrando todo meu desespero.

— Por favor Sr. Riccardo, me envie de volta, lhe suplico.

Ele suspirou fundo e voltou para sua própria cadeira. Sentou-se e


recostou no encosto, estreitou os olhos e ficou pensativo por alguns segundos,
me avaliando.

— Senhorita Clara, são apenas três meses, conseguirá se sair bem.


— Não... O Sr. não entendi, eu... eu farei os votos...

Parei de falar, agora via nos olhos dele deboche, ele estava caçoando
do meu desespero.

— Vai cuidar do Alessio, Senhorita Clara, não há nada que possa fazer
para mudar sua situação, apenas a aceite. Maximus é generoso com suas
amantes, se é que me entende.

Ele piscou um dos olhos para mim e sorriu abertamente. Um suspiro


perplexo saiu dos meus lábios, meu estômago deu um nó, além dele saber
quais são as intenções do seu chefe, não dá a mínima importância para isso.
Sem mais, levantei-me e corri até a porta, nem ao menos olhei para trás, saí e
andei pelo corredor, cheguei até o hall de entrada e olhei para saída. Sem
pensar muito, abri a grande porta de carvalho pesada e saí. La fora, o vento
frio da tarde atingiu meu rosto, não me importei, andei sem rumo com as
lágrimas molhando as minhas bochechas. Só queria ir embora, fugir das
garras desse mafioso.
Estudei em volta com os olhos atormentados, precisava encontrar os
portões de ferro. Observei que havia uma estrada ladeada por jardins e segui
adiante andando apressada. Finalmente avistei o portão de longe. Espiei por
sobre os ombros e percebi que havia alguns homens de terno preto me
seguindo. Comecei a correr. Ao chegar no portão, um outro homem apareceu
e eu parei assustada.

— Vai aonde, senhorita? — Ele perguntou.


— Abra o portão, por favor, quero ir embora.
— Não recebi nenhuma autorização para deixá-la sair, senhorita.
— Não... Não precisa de autorização, eu quero sair.

Nesse momento os portões de ferro começaram a abrir


automaticamente, meu coração batia forte, um carro preto com vidros escuros
adentrou e parou. Os vidros desceram e ele apareceu, os olhos cobertos pelos
óculos escuros e um sorriso sarcástico nos lábios.

— Espero que esteja apenas apreciando os jardins, Senhorita Clara.


— Eu vou voltar para o convento — anunciei o mais firme que
consegui.
— É mesmo? E como pensa chegar lá, a pé?
— Se for preciso, sim.

Ele me observou por alguns segundos, não sabia o que seus olhos
expressavam, pois, usava os óculos de sol, mas percebi que não havia mais
um tom de sarcasmo. Vi que ele fez um gesto quase imperceptível com a
cabeça e o homem que tinha me parado antes, aproximou-se do carro e abriu
a porta.

— Entre! — ele ordenou.

Hesitei, não queria entrar no carro, mas não tenho saída, para todos os
lados há seguranças ou capangas, não sei, com certeza eles me segurarão se
correr. O portão naquele momento começou a fechar. Diante da minha
hesitação, ele tirou os óculos escuros e me olhou ameaçador, deixando claro
que se eu correr ou fazer qualquer outro gesto que não seja entrar no carro, as
consequências serão desastrosas. Sem saída, acatei sua ordem, sentei-me do
seu lado, estática, olhando para a frente. O homem fechou a porta e o vidro
da janela subiu lentamente. O carro entrou em movimento.

— Que dizer que prefira caminhar até a Inglaterra somente para fugir
de mim.
— Não estava fugindo, senhor, apenas quero voltar para o convento,
esse lugar não é para mim. Sinto muito se não posso cuidar do seu filho, terá
que encontrar outra babá.

O carro parou em frente a mansão, mas ninguém fez o gesto para abrir
a porta, então decidi eu mesmo fazê-lo, porém fui impedida por uma mão
grande que agarrou com violência meu maxilar e me fez voltar para ele. Seu
rosto agora era uma máscara de ódio, seus olhos mostravam uma fúria
incontida.

— Você não irá a lugar nenhum, menina, seu lugar agora é aqui de
preferência nos meus braços e minha cama — ele falou entre os dentes —
Então aconselho-a que o melhor a fazer é entender isso e aceitar quanto antes,
caso contrário, não responderei pelos meus atos.

Ele me soltou com tamanha violência que bati a cabeça no vidro do


carro. Nesse momento o motorista prontamente abriu a porta. Desci com as
pernas bambas e lágrimas nos olhos. Ele fez o mesmo e segurou meu
cotovelo me levando para dentro da casa. Assim que entramos, o Sr. Riccardo
e Alessio nos receberam.

— Papa, você chegou mais cedo — o menino correu para os braços do


pai.

Suspendendo o filho, ele falou de maneira caçoísta.

— Trouxe sua babá de volta, Alessio, ela queria fugir e voltar para a
Inglaterra para atrás dos muros e a frieza do convento.

Alessio desceu do colo do pai e veio na minha direção, me olhou


curioso e falou com um tom de tristeza.

— Por que queria ir embora, Senhorita Clara? Não gostou de cuidar de


mim? Prometo ser um menino legal se você ficar.

Um nó formou-se em minha garganta, não conseguia falar nada,


apenas as lágrimas escorreram em meu rosto. Me senti culpada por ter
pensado em ir embora sem nem ao menos me despedi do menino. Por isso,
deixando de lado o meu temor, a plena consciência que estava sendo
observada atentamente pelo Sr. Ferrara e a ameaça dele, abaixei-me para ficar
da altura do Alessio, lhe falei com carinho.
— Não iria embora porque não gosto de você, eu adorei ser sua babá,
mas lá fora tem outras crianças que precisam dos meus cuidados também, por
isso pensei em voltar para o convento.
— Mas você não vai mais, papai te trouxe de volta.
— Sim, ficarei e cuidarei de você.
— Oba!

Sem que esperasse, ele me abraçou. Fiquei surpresa e hesitei por um


instante em retribuir o abraço, porém o fiz, ele é só uma criança, não oferece
perigo, diferente do pai dele.

— Conseguiu muito mais do que eu filho — o pai dele falou com o


tom sarcástico como sempre.
— Eu gosto da Senhorita Clara, papa, ela é divertida e fez um monte
de coisas legais no quintal comigo.
— Imagino, espero que ela faça muitas coisas legais com o papa
também.

Corei, ele fitou-me com olhar cheio de luxúria antes de seguimos para
a sala principal da casa.

— Você irá brincar com a gente no quintal? — o


menino perguntou.

O Sr. Riccardo que até então, apenas observava a cena, deu uma
gargalhada. Me senti inquieta e envergonhada, posso ser inocente, mas
percebo a malícia nos comentários do Sr. Ferrara e pior, sou caçoada por
todos, eles me veem como uma órfã pobre coitada feita para ser maltratada e
tratada como um ser inferior.

— Não Alessio, a gente vai brincar no meu quarto, uma brincadeira


mais interessante.

Fiquei horrorizada, meu coração bateu


violentamente, segurei na minha cruzinha em busca de ajuda.

— Sente-se, senhorita Clara, antes que desmaie.

Todos já estavam acomodados e eu era a única ainda de pé, decidi


acatar, pois, não conseguia manter as pernas.

— O que mais você e a Senhorita Clara fizeram hoje?


— Ela me fez comer vegetais.
— É mesmo?
— Sim, mas até que gostei. Depois comi batata frita e sorvete. Ela
disse que existem crianças que não tem o que comer.
— A Senhorita Clara é altruísta e tem empatia pelas pessoas, isso é o
que ensinam para as freiras. Você não precisa ter piedade de ninguém
Alessio, no nosso mundo, o que manda é o poder, dinheiro, uma boa arma e
claro, uma boa mulher para trepar.

Corei e senti a temperatura subir. Ele sorriu para mim e eu fiquei mais
embaraçada ainda, claramente a mensagem era para mim. Alessio também
riu, a criança nem ao menos se chocou, ele estava acostumado a ouvir esse
tipo de palavreado por parte do pai, por isso não tem pudores e só repete
aquilo que lhe ensinaram. Toda aquela situação era desconcertante.

— O que foi senhorita Clara, não aprova a forma como educo meu
filho? — ele perguntou.
— Isso não cabe a mim, Senhor Ferrara, é seu filho e pode educa-lo
como achar melhor.
— Está vendo Alessio, até as freiras mentem.
— Não estou mentindo...
— Mas é claro que está, vejo pela sua expressão que desaprova a
maneira que falo com ele.
— Não estou aqui para aprovar ou desaprovar algo, Senhor, serei
apenas a babá temporária dele e se o senhor me permitir, gostaria de falar-lhe
coisas sobre a minha visão.
— Tem carta-branca, Senhorita Clara, se quer bancar a mãe dele.
— Não quero ser a mãe dele — protestei.
— Eu gostaria que você fosse minha mãe, Senhorita Clara.

Um silêncio pesado tomou conta do ambiente, percebi que Alessio


ressentiu ao meu comentário, como se eu o estivesse rejeitando. Uma tristeza
muito forte desceu sobre mim, de certa forma Alessio é órfã de mãe assim
como eu. Não sei o que aconteceu com sua mãe, mas provavelmente é
falecida. Um sentimento de empatia pelo menino dominou-me, queria muito
cuidar dele e lhe fazer companhia, sem que o pai me visse como um
entretenimento. Respirei fundo e decidi me desculpar com ele, porém deixado
bem claro que não assumirei o papel de mãe, mas de babá temporária.

— Me desculpe Alessio, não disse isso porque não gostaria de ser sua
mãe, é que eu sou apenas a babá é em breve irei embora para o convento,
você sabe disso não é?
— Sim.
— Então, enquanto estiver aqui, a gente vai se divertir bastante.
— Legal! Mas acho que tenho uma ideia melhor.

O menino virou-se para o pai e perguntou:

— Papa, você pode comprar a Senhorita Clara para ser a minha mãe
para sempre?
— Eu posso comprar o que você quiser, filho.
— Oba!
— Senhor, eu acho que não deveria...
— Quieta Senhorita Clara, quem decide sou eu, não você.

Meu Deus do Céu! As coisas só pioravam, estava sendo envolvida


aquela família e essa é a última coisa que quero. Eu preciso ir embora,
preciso!

Alessio acabou quebrando o silêncio mudando de assunto. Perguntou


sobre o brinquedo que ele havia lhe prometido comprar.
— Riccardo não comprou para você? — o pai questionou.
— Desculpa Maximus, acabei esquecendo.
— Então vamos fazer o seguinte, amanhã ficarei em casa e todos
sairemos às compras, inclusive a Senhorita Clara, comprarei algumas roupas
para ela.
— Oba! — o menino exclamou animado.

Decidi protestar sobre as roupas, não as aceitarei.


— Não preciso de roupas, Senhor, tenho a minha própria.
— Esse saco que você usa?
— Sim, é a única roupa que tenho, porém, é minha.
— E as que comprarei também serão suas. Você não acha que a
Senhorita Clara precisa de roupas nova, Alessio?
— Sim, papai tem muito dinheiro, Senhorita Clara e ele pode comprar
todas as roupas da loja.
— Não se trata disso, eu me sinto melhor com minha própria roupa.
— Não estou te dando opção, Senhorita Clara, você irá conosco
amanhã e eu comprarei roupas para você.

O tom dele não deixava dúvida que não devo mais contestar, então
apenas baixei minha cabeça e consenti, estou sem saída, a minha vida estava
sendo dominada pelo pai e filho.
Capítulo 10

Clara

A noite já havia caído, estou no quarto do Alessio o ajudando com a


rotina da noite. O dia foi muito cansativo para mim, não fisicamente, mas
emocionalmente, estou abalada e com medo. O Sr. Ferrara não tem boas
intenções para comigo, ele me olha de uma maneira como se quisesse me
devorar. Corei só em pensar que ele já me viu nua e tocou na minha
intimidade. Fiz o sinal da cruz várias vezes para dissipar todas as sensações
que isso me causou.

— Está rezando, senhorita Clara? — Alessio perguntou.


— Estou pedindo a proteção de Deus.
— Pra que precisa de proteção de Deus? Meu pai pode proteger você.
— Ah! Tem coisas que só Deus pode proteger. Acho que seu pai não
pode fazer nada.
— Pode sim, ele tem muitas armas e mata qualquer um que entrar em
seu caminho. Meu pai vai matar todos os inimigos com sua arma poderosa,
como os super-heróis.

Olhei para ele com pesar, pobre menino, ver no pai a imagem de herói.
Não o julgo, para ele deve ser assim mesmo. A figura do pai veio a minha
mente, era tão alto, porte atlético, ombros largos, a imagem nua e crua da
masculinidade e que fazia pensar em tudo que era proibido. Deus! O que está
acontecendo comigo, não posso pensar nele dessa maneira.

— Senhorita Clara?

Oh Céus! O que está se passando em minha cabeça?

— Por que está segurando seu cordão com tanta força?

Saí do transe e olhei para o Alessio, então me recompus e o ajeitei na


cama, tentando despistar meus pensamentos pecaminosos com o pai dele.

— Agora mocinho, é hora de dormir, já está tarde.

Alessio deitou e eu o cobri com o edredom.

— Ler uma história para mim, Senhorita Clara.


— Claro, o que você quer?
— Qualquer uma.

Fui até as prateleiras de livros, havia muitos, escolhi um, sentei-me na


poltrona próximo à cama dele e iniciei a leitura. Quando estava quase
terminando o livro, percebi que Alessio estava quase dormindo. Fechei o
livro é já me preparava para apagar o abajur quando ele questionou
sonolento.

— Por que existem crianças que não tem o que comer?


Olhei para seu rostinho, o que falei atingiu ele de alguma maneira e o
fez refletir. Suspirei fundo e me ajoelhei próximo à cama. Passei as mãos em
seus cabelos e falei.

— Porque elas são muito pobres, muitas não tem papai e nem mamãe.
— Eu não tenho mãe.
— Eu também não tenho.
— O que aconteceu com sua mãe?
— Ela morreu.
— Minha mãe também, alguém a sequestrou e acabou com a vida dela.
— Sinto muito, Alessio.
— Eu não a conheci, meu pai falou que ela não valia nada, que foi bom
ter morrido.

Fiquei chocada com a maneira que ele falou da morte da mãe, senti
meu peito apertar, o pai dele o está ensinado a ser frio e desprovido de
sentimentos. Dizer a uma criança tão pequena que a morte da mãe foi bom é
um absurdo sem tamanho, mesmo que a mulher não tenha sido uma boa
pessoa em vida, devemos sempre lembrar das coisas boas. Não posso mudar
seu pensamento, não cabe a mim isso, mas pelos menos quero deixar uma
pouco de humanidade nesse menino, ele ainda tem salvação.

— Alessio, vamos rezar para Deus e a Virgem Maria pela alma de sua
mãe?
— Por quê?
— Por que sempre devemos rezar pelos mortos, você me ajuda?
— Não sei fazer isso.
— É fácil, junte as mãos e fecha os olhos, pense no céu, é para lá que
as almas vão.
— Então não vai dar certo, meu pai falou que a alma da minha mãe foi
para o inferno.

Oh! Deus — Pensei.

— Nem sempre as almas vão para o inferno — indaguei.


— Meu pai manda as almas para o inferno.
— Seu pai está errado.

Falei um pouco alterada, me arrependi imediatamente por ter falado


com ele assim, mas me irritou as coisas que o pai dele fala para o menino.
Decidi me desculpar e amenizar um pouco.

— Desculpe Alessio, o que quis dizer é que talvez seu pai só falou isso
de brincadeira.
— Meu pai não brinca.
— Está bem. Vamos fazer o seguinte, ao invés de pedirmos pelas
almas que tal pedirmos pelas crianças que não tem o que comer?
— Como vamos fazer isso?
— Em oração, como te falei.
— Mas como Deus vai me escutar, por acaso ele ler pensamentos?
— Sim, Deus tem poderes mágicos.
— Sério?
— Sim, você não pode vê-lo, mas pode senti-lo. Fecha os olhos e sinta.

Alessio fechou os olhos e juntou as mãos, eu também fiz o mesmo,


mas logo ele me interrompeu.
— Não sinto nada.

Abri os olhos e respirei fundo, o menino é extremamente questionador.


Decidi não insistir mais por enquanto, é preciso trabalhar muito para ensiná-
lo as coisas de Deus. Mas acho que esse processo será inútil, pelo pouco que
percebi, penso que o pobrezinho está sendo treinado para se tornar um
mafioso como o pai. Arrepiei-me só em pensar nisso. Olhei para seu rosto e
percebi que ele acabou dormindo. O contemplei por alguns minutos, ele é
uma criança linda, mas não tem a inocência própria das crianças. Isso me
entristeceu. Levei a mão em sua testa e fiz o sinal da cruz.

Nesse momento a porta abriu e o pai dele entrou, levantei-me


imediatamente, juntei as mãos em frente do corpo e baixei a minha cabeça.

— O que está fazendo, freirinha?

Ele aproximou-se da cama do Alessio e o olhou, sua presença poderosa


dominou o espaço rapidamente. Segurei a respiração e a mantive suspensa.
Ele voltou seu olhar para mim e parecia inabalável, senti um calafrio diante
do olhar penetrante dele e decidi sair do quarto.

— Com licença, senhor, o Alessio já dormiu e agora vou me recolher.

Tentei andar até a porta, mas ele não deixou, me segurou no braço e
me puxou de volta. Bati em seu corpo enorme.

— Não foge não, freirinha.


— Por favor, não faz isso, o Alessio pode acordar.
— Não usa meu filho como escudo.
— Não estou fazendo isso.
— Se está tão preocupada em atrapalhar o sono do menino com a
nossa lutinha sexual, então vamos para seu quarto.
— Não!

Meu protesto foi em vão, ele segurou em meu pulso e me arrastou até o
quarto, tentei me livrar, mas a mão dele parecia garra. Ele abriu a porta do
quarto que dormir na noite anterior e me empurrou para dentro, quase caí,
mas me recompus e me afastei o máximo que pude. Ele bateu a porta com
força e trancou-a. Meu coração batia acelerado e minhas pernas pareciam
gelatina.

— Agora estamos a sós, freirinha e vamos nos divertir.

Arregalei os olhos e senti o sangue fugir do meu corpo, o encarava


aterrorizada, apertei os olhos para tentar fazer com que ele sumisse, mas de
nada adiantou, cá estava ele, com toda sua altivez, vestido uma camisa com
as mangas enroladas até a altura dos cotovelos, deixando seus braços à
mostra e calças. lMovia-se como um gato selvagem em minha direção. Parou
a poucos centímetros de mim e me avaliou atentamente. Sentia a veia da base
do meu pescoço pulsar rapidamente. Eu estava a ponto de ter um colapso
nervoso.

— Você sabe o quanto está desejável com esses olhos lindos


apavorados, as bochechas ruborizadas e a respiração acelerada?
Ele aproximou-se mais e eu instintivamente recuei e arfei assustada,
mas não tinha para onde correr mais, estava acuada.

— Senhor, por favor! — choraminguei.


— O que você quer para liberar essa buceta? Uma aliança?
— Não! — Falei veemente.
— Não? É o que todas as mulheres querem, uma maldita aliança.
— Mas eu não quero nada disso, somente que o senhor me deixe em
paz.
— Mas não é isso que vai acontecer, freirinha, meu corpo te deseja e
eu me saciarei você querendo ou não.

Ele tomou meu rosto em suas mãos e acariciou meus lábios com o
polegar, que tremeram sob o seu toque. Em seguida aproximou-se de mim
mais ainda e encostou seus lábios em meu rosto. A respiração dele era
quente. Como trilha de fogo, ele deslizou os lábios pelo meu rosto até
encontrar minha boca. Seus lábios roçaram nos meus, então ele me abraçou e
apoderou-se de minha boca em um beijo que abalou minha alma. Havia algo
de cruel, possessivo, impetuoso e primitivo em seu gesto e isso me assustou
mais ainda. Tentei inutilmente me livrar, mas ele forçou-me deitar na cama e
cobriu-me com seu corpo.

Então ele diminuiu a pressão de sua boca até transforma-se em um leve


tocar de lábios. Eu arfava e ainda tentei fugir. Ele falou entre lábios.

— Você foi feita para proporcionar prazer, menina, não para se


esconder em conventos. Eu ensinarei tudo para você e deixarei seu corpo
afiado apenas a um toque meu.
— O senhor não deveria fazer essas coisas, isso não é conduta
aceitável em um cavalheiro, deveria respeitar-me como governanta do seu
filho.
— Caralho, não sou a porra de um padre, sou um homem, um homem
desejoso desse seu corpinho delicioso.

Ele voltou em busca de mais. Me beijou como se estivesse saboreando


meus lábios. Meu corpo arrepiou-se, me sentia uma pecadora por sentir todas
aquelas sensações desconhecidas para mim. Ele moveu o peito contra os
meus seios, mesmo com roupas podia sentir sua musculatura rígida e meu
seios reagiram ficando ouriçados. Ele pressionou os quadris ao encontro do
meu, provocando uma intimidade que não queria ter com ele e nem com
homem nenhum. Ele explorava meu corpo com a mão, buscando meu calor
proibido para ele.

— Não, não, para! — Implorei.

A mão dele entrou na minha calcinha e começou a massagear meu


ponto sensível. Um grito estrangulado escapou do fundo da minha garganta
quando ele aumentou a pressão sobre minha região suave. Senti uma pequena
ardência, mas ele deslizou os dedos entre a fenda e pressionou mais a cima
causando sensações pecaminosas.

— Por favor... Para! — Ainda implorei.


— É bom não é?
— Isso é pecado da carne, o senhor está me fazendo pecar.
— Pecado é não usufruir de algo que foi feito para nos dar prazer,
tanto para mim quanto para você, não tente negar.

Ele voltou a beijar-me agora na curva do pescoço, a mão se movia em


minha intimidade, eu estava em um rodamoinho de sensações confrontantes,
entre o prazer e a razão, entre o pecado e o prazer. Ele era a tentação do
demônio, ou pior, o próprio demônio. Aquilo não era certo, não podia ser.

— Deus! Solte-me Senhor Ferrara.


— Deus? Deus fez você para isso garota, proporcionar prazer para um
homem com esse seu corpo lindo e essa boceta gostosa. Foi para isso que
você foi criada. Não para se esconder atrás de um hábito.

Tentei protestar novamente, porém ele me calou com um outro beijo


ardente, apertando-me contra si. Ele tirou a mão da minha vagina e
pressionou os quadris, senti algo muito duro, era tão poderoso que quase
desmaiei só pela sensação que aquilo causou em mim, nunca em minha
existência, sequer imaginei partilhar uma intimidade como aquela com um
homem.

— Viu feirinha, não tente negar, você nasceu para isso, e não vejo a
hora de provar da sua doçura.

Ele apoiou as duas mãos no colchão e suspendeu o tórax, fitou-me com


o olhar febril e triunfante. O olhar dele é hipnotizante, estou perdida,
completamente perdida. Rápido ele deu um beijo na boca e ergueu-se me
liberando. Fiquei na mesma posição, uma sensação de vazio e perca me
dominou, suspirei fundo.
— Por hoje chega, não sou um santo, Senhorita Clara e nem me
tornarei um só por sua causa. Isso acontecerá entre a gente, cedo ou tarde.
Porém, sua honra está salva por agora. A deixarei acostumar-se comigo, e no
momento certo a terei.

Ele seguiu para a porta e saiu batendo-a. O silêncio no aposento era


denso, não conseguia mover-me, ainda sentia seus dedos em minha
intimidade. Lembrei do peso dele sobre mim das suas carícias e mãos fortes,
toda mistura de sensações que me arrastavam para as profundezas
desconhecidas, para o mesmo destino da minha mãe? Me questionei, sim, ele
disse que faria com o sem meu consentimento.

Levantei-me da cama alarmada, andei de um lado para o outro, talvez a


paixão que ele oferece não me levará a morte como aconteceu com minha
mãe, mas a desgraça e a desonra. Eu não quero isso, farei os votos e quero
fazê-los pura de corpo, pois de alma eu já pequei. Sei que a pureza de corpo
não é algo exigido para se tornar uma freira, contudo não quero conhecer a
intimidade entre um homem e uma mulher, prefiro ficar na ignorância sobre
isso para eu ter a minha alma purificada das coisas mundanas e me dedicar
somente a Deus.

Ajoelhei-me próximo à cama e rezei com fervor, pedindo a Deus para


tirar de mim todas aquelas sensações e pensamentos pecaminosos com aquele
demônio. Quando finalmente senti-me mais leve, levantei-me e segui para o
banheiro. Tranquei a porta e me certifiquei que ninguém conseguirá entrar.
Tomei um banho de chuveiro rápido e vesti minha camisola. Voltei para o
quarto e fui até a porta, tranquei-a. Deitei na cama e demorei para pegar no
sono, mas fui vencida pelo cansaço.
Na manhã, após fazer a minha higiene matinal, fui até o quarto do
Alessio, ele havia acabado de acordar e esticava-se na cama.

— Bom dia!
— Bom dia, senhorita Clara, hoje estou animado, vamos às compras.
— Sim, por isso vim ajudá-lo, primeiro vai tomar um banho, vou
separar sua roupa.

Ajudei o Alessio a apronta-se e descemos para o café da manhã.


Encontramos Marise que nos comunicou que o café será servido no deck. Ao
chegarmos, o Sr. Ferrara já estava à mesa, usava uma roupa informal preta, os
cabelos úmidos penteados para trás e óculos escuro. Estava absorto em seu
lap top, mas deixou de lado assim que nos viu. Alessio correu para seus
braços.

— Bom dia papa, estou ansioso para às compras.


— Bom dia garotão, dormiu bem?
— Sim.

Ele voltou os olhos para mim e me cumprimentou sarcástico.


— Bom dia, senhorita Clara, espero que tenha tido um sono tranquilo.
— Bom dia, Senhor Ferrara. Sim, as orações me ajudaram a dormir —
O desafiei.
— Imagino quantas orações precisou fazer para limpar sua alma.

Ele sorriu sardônico.


— A senhorita Clara me ensinou a rezar pelas almas. Ela disse que as
pessoas que morrerem vão para o céu, mas disse para ela que a mulher que
me pariu foi para o inferno.

Ele gargalhou abertamente.

— Alessio, meu filho, não diga uma coisa dessas para a freira, é capaz
dela jogar água benta em nós.
— O que é água benta?
— Água santificada, mas só quem acredita nessas baboseiras isso tem
algum efeito.
— Padre Gaspard acredita e a senhorita Clara também.
— Os religiosos acreditam nessas coisas.

Alessio aproximou-se do ouvido do pai e lhe falou cochichando, ele


sorriu e ordenou.
— Agora repete em voz alta para a Senhorita Clara o que me disse.
— Eu falei para meu pai que você não será mais uma religiosa, pois ele
te comprou para ser a minha mãe, por isso ele pode trepar com você.

— Que absurdo! — Falei extremamente constrangida.


— Não quer ser minha mãe?
— Não se trata disso Alessio, não estou à venda e seu pai não pode me
comprar. Quando o período de minha permanência aqui esgotar, voltarei para
o convento e me tornarei uma religiosa.
— Eu não quero que vai embora e se torne freira.

Suspirei fundo e sentei-me em uma das cadeiras, apesar do pai dele


está observando com interesse aquela cena, não me deixei intimidar, o que
falei e falarei serve para os dois e espero que ele entenda que não serei um
brinquedo dele.
— Alessio, pessoas não são objeto, por isso não podem ser compradas
e nem usadas a nossa vontade, devemos respeitar as escolhas dos outros. Eu
quero me tornar uma freira e assim o farei.
— Mas meu pai tem tudo o que quer e eu também.

O menino olhou para o pai e esse tirou os óculos escuros e me encarou


sério. Falou derrubando todos os meus argumentos.
— A senhorita Clara ainda não entendeu Alessio que eu posso fazer
tudo o que quero e nada me impedirá. Se você a quer como mãe, assim o
será.

Abri a boca para protestar, no entanto, ele levantou o dedo me


silenciando.

— Silêncio, aprenda que quando eu decido algo, apenas concorde,


você não tem voz aqui, muito menos opinião.

Ele voltou-se para o filho e falou.

— A Senhorita Clara a partir de agora será sua mãe.


— Oba!

Ele correu para meu colo e me abraçou. Fiquei sem ação e chocada ao
mesmo tempo.
— Agora que as coisas foram esclarecidas, não vejo necessidade de
formalidades, você pode chamá-la de clara Alessio, assim como eu também o
feirei.
— Senhor, não acho...
— Maximus, me chamará pelo primeiro nome a partir de agora.

Abalada pelo rumo daquela situação, fiquei quieta, mas minha cabeça
não parava de planejar uma maneira de ir embora antes que me envolvesse
demais na vida deles, principalmente pelo Alessio, ele sofrerá de qualquer
maneira quando me for em três meses, então era melhor cortar o mal pela
raiz. Alessio mencionou um padre chamado Gaspard, se ele o conhece
provavelmente já veio na casa, darei um jeito de entrar em contato com ele e
lhe pedir ajuda.

O café da manhã foi servido e logo em seguida partimos para às


compras. Observei que não iríamos sozinhos, um bando de homens nos
acompanharam. Quando chegamos ao centro da cidade, primeiro paramos
em uma loja de brinquedos, o local foi fechado somente para nos atender,
fiquei atordoada com isso e percebi o quanto ele era influente. Alessio
escolheu muitos brinquedos, tudo que ele queria o pai lhe comprava. Em
seguida, seguimos para a boutique, o mesmo aconteceu, a loja foi é fechada
somente para nos atender. A vendedora tirou minhas medidas e separou um
montante de roupas para eu provar. Decidi me rebelar, aceitarei apenas uma
muda de roupa, nada mais, tratarei apenas como o uniforme.

— Me desculpa, não vou provar todas essas, apenas separe um vestido


comportado e está ótima.
A vendedora olhou para O Senhor Ferrara que estava sentado junto
com o Alessio

— Separei todas as roupas que você estiver no estoque, das casuais até
vestidos de noite. Clara irá experimentar todos.
— Não acho necessário, Senhor...
— Maximus, não repetirei. Agora faça o que mandei, não quer que eu
mesmo a faça entrar no provador.

Fiquei ruborizada por ser tratada daquela maneira na frente da


vendedora, mas para não criar mais caso, segui a mulher e ela separou muitas
outras roupas, vestia as peças e desfilava para que pai e filho aprovassem.
Alessio animado gostava de todos e discutiam entre eles, qual ficava melhor,
me sentia uma marionete sendo manipulado pelos dois.

Depois de horas na loja, finalmente finalizamos as compras, eles


haviam escolhido tantas roupas que precisariam ser entregues em casa. Eu
permaneci vestida com um dos vestidos, porém queria guardar minhas roupas
para usá-las de volta quando fosse embora.

— Com licença, gostaria de levar de volta minhas roupas que estava


vestindo quando cheguei.

Falei com a vendedora, essa de novo olhou em direção do Maximus.

— Mandei jogar aquele saco fora, você não precisa mais daquilo.
— Não tinha o direito de fazer isso, Senhor...
Parei de falar quando percebi seu olhar mortal sobre mim, era difícil
tratá-lo pelo primeiro nome, essa é uma intimidade que não quero ter com
ele, contudo, se eu não fizer ele impōe sua vontade. Repeti o protesto agora
falando o nome dele.

— Não foi difícil. E sobre a roupa, esqueça, você não as terão de volta.
— Você está muito bonita, Clara.
— Obrigada, Alessio.
— Agora vamos para o restaurante almoçar, pediremos sua sobremesa
preferida, Alessio.
— Oba!
Alessio estava muito animado e a alegria do menino me contagiou
também, pelo menos ele estava se divertindo.

Acabamos ficando quase o dia inteiro na rua e só retornamos à tarde.


Alessio dormiu no carro e quando chegamos ele lanchou e o acompanhei na
abertura a dos novos brinquedos e organizei-os. As roupas que o senhor
Ferrara comprou para mim, chegaram no início da noite. Marise foi
designada a arruma-las no closet. Me senti baqueada, tudo estava
acontecendo tão rápido que está me deixando tonta.

À noite, após deixar o Alessio na cama, cuidadosamente, saí do seu


quarto e espiei o corredor, decidi não dormir no quarto de hóspedes essa
noite, segui para as escadas, dormirei no quarto que foi designado para mim,
assim que cheguei. Quando estava pronta para descer, fui detida por uma
figura alta, saindo das sombras.

— Fugindo, freirinha?
O olhei, ele vestia apenas uma calças de moletom, seus braços e
peitoral musculosos estavam todos a vista. Aflita, tentei passar por ele, mas
fui impedida por seus braços poderosos se fechando na minha cintura.

— Hoje a farei minha e nada me impedirá.


Capítulo 11

Maximus

Tomei-a nos braços e a encostei na parede, seus lindos olhos azuis


cristalinos me encaravam chocados mas, ao mesmo tempo curiosos, eu sei
que ela quer conhecer o que tenho a oferecer, no entanto, seu rígido código
moral adquirido no maldito convento a faz me repeli. Ah! Eu adoro isso,
quando mais ela tenta fugir, mais a quero, meu pau está duro doido para
penetrar em sua carne molhada e intocada. O fato dela ser virgem está me
deixando mais maluco por ela, nunca me preocupei com isso, mas com ela é
diferente, tudo nela é diferente e especial. Não tinha como não tirar proveito
do que os deuses me ofereceram, ela será minha, minha mulher, minha
amante.

— Senhor Ferrara, me deixa voltar para o convento. Ela insistiu.


— Esquece esse convento, coisinha linda e se concentra em mim,
percebe como você me deixa?

A fiz sentir minha ereção, ela suspirou fundo e um gemido tímido saiu
dos seus lábios. Estou adorando o jeito que ela tenta esconder que também
sente tesão, vontade de descobrir os prazeres da carne. Meu desejo por ela é
impossível de controlar. O meu corpo exigia saborear aquela flor rara, ela é
uma tentação onde um homem quer se perder. Nunca em minha vida, senti
tamanha atração. Meu apetite sexual sempre fora enorme, não fico sem sexo
um dia se quer e meu cardápio é extenso e variado. No entanto, fazem três
dias que não fodo uma mulher, desde que ela entrou no meu caminho, eu a
quero e nada menos que ela vai me satisfazer agora. Só eu sei quantos banhos
frios tenho tomado para tentar esfriar minha libido inflamada, toda vez que a
provoco.

E hoje não tomarei banho frio, vou levá-la para a cama, e não a
forçarei, nunca precisei forçar mulher nenhuma a ter relação comigo, muito
pelo contrário. Todavia, não usarei a força, mas a sedução. Ela é apenas uma
menina que acabou de ser tornar mulher, cederá facilmente. Mas confesso
que a resistência dela está me deixando com uma vontade de pega-la nos
ombros, jogá-la na cama e possuí-la com ferocidade. Os meus demônios
internos se manifestam quando estou com ela, sinto necessidade de ver sua
pele rosada por meus tapas. Mas na nossa primeira vez, tentarei ser cuidadoso
para não assusta-la mais que já está, contudo, não me frearei nas próximas
vezes. Tenho muitos planos deliciosos para fazer com ela.

Beijei seu rosto e senti o gosto de suas lágrimas. Caralho, eu estou


ficando louco, vou fode-la aqui na parede, não aguento mais esperar. Levei as
mãos em suas nádegas e a suspendi a fazendo encaixar-se em minha
virilidade, ela debatia-se com toda força que conseguia empregar, mas
quando mais ela lutava, mais seu corpo roçava no meu, me deixando
alucinado.

— Tão inocente — murmurei encostando meus lábios nos dela — Tão


doce, não lute porque isso é inevitável, apenas sinta.
Então, peguei na tira da sua calcinha e puxei para baixo, logo sua
boceta ficou exposta, meu pau agitava-se dentro das calças e sem mais, o
liberei. Ao encostar o membro rígido em sua entrada quente, ele escorregou
nos fluidos dela, Porra, não quero nem saber, vou comê-la agora, sem dó nem
piedade.

— Não, não — Ela implorou.


— Fique quietinha, não quero machucar você.
— O Senhor já está me machucando.
— Vai ser gostoso, não precisa se apavorar.

Com isso, me preparei para investi-la, mas fui interrompido e parei o


que estava pronto para fazer abruptamente.

— Papa, estou com dor de barriga.

Caralho! Praguejei em pensamento. Porra, por que esse garoto veio me


interromper agora? Aproveitando que afrouxei o aperto, Clara se livrou de
mim e se ajeitou nervosa, em seguida foi até o Alessio. Frustrado e com
raiva, virei-me de lado e levantei às calças, se esse menino não fosse meu
filho, o mataria agora.

— O que você tem, Alessio? — Clara questionou preocupada.


— Eu não sei, minha barriga dói muito.

Me recompondo, voltei-me para o menino e fui até ele, abaixei-me


para ficar da sua altura e percebi que estava pálido e suava frio.
— O que você está sentindo? — perguntei.
— Eu vomitei na cama, papa.

Alessio, contraiu-se e de novo vomitou no chão.

— Porra, ele deve estar com intoxicação alimentar. Leve-o para o


quarto dele, Clara, vou chamar o médico.

Ela fez o que mandei e eu segui para meu quarto, peguei o celular e fiz
a chamada para o pediatra dele que atendeu prontamente.

— Senhor Ferrara, algum problema?


— Venha a minha casa agora, Alessio não se sente bem e creio que
seja intoxicação alimentar. Ele vomitou duas vezes.
— Faça-o ingerir algum líquido para limpar seu estômago, estou a
caminho o mais rápido possível. É bom fazê-lo vomitar para que o que está
lhe fazendo mal saia.

Encerrei a ligação e fiz outra chamada, para o Riccardo, lhe


comuniquei o que estava acontecendo, mandei que autorizasse para que o
médico entrasse na propriedade.

Em seguida fui para o quarto, Clara já havia trocado a roupa dele e


estava abraçada a ele. O garoto gemia de dor. Peguei o interfone e ordenei
que trouxessem um chá. Assim que desliguei, fui até a poltrona onde eles
estavam. Abaixei-me e passei as mãos no cabelo dele. Olhei para o rosto da
Clara e ela expressava preocupação, gosto do jeito que ela cuida e se
preocupa com meu filho.

— O médico está a caminho — comuniquei.


— Papa, eu vou morrer?
— Não filho, tudo isso passará, não se preocupe.

Nesse momento, a empregada bateu na porta, ordenei que entrasse, ela


deixou a bandeja com o chá sobre a mesa e mandei que ela trocasse os
lençóis da cama do Alessio. Enquanto a mulher fazia isso, peguei a xícara
com o chá e tentei fazer com que ele bebesse um pouco.

— Não quero — Ele recusou travando a boca.


— Mas precisa beber.
— Já disse que não vou beber nada.

Fiquei irritado, esse moleque vai ingerir essa Porra nem que eu tenha
que enfiar goela abaixo. Clara percebendo minha intenção de obrigá-lo a
beber a força, disse calmamente.

— Deixe que eu mesmo dou, Senhor Ferrara.


— Boa sorte!

Entreguei a xícara para ela e me levantei afastando-me.

— Alessio, precisa beber o chá para se sentir melhor.


— Meu estômago está doendo.
— Eu sei, por isso o chá lhe fará bem e você não sentirá mais dor.
— Você promete?
— Sim.

Alessio, abriu a boca e Clara levou a xícara aos seus lábios, assim que
o líquido entrou no estômago, ele começou a ter ânsia de vômito. Clara o
pegou e levou para o bananeiro e o menino vomitou tudo. Quando terminou,
ele estava trêmulo e fraco, mas já não sentia dor. Clara o pegou e levou para a
cama que já estava arrumada e o deitou.

— Obrigado, Clara — Alessio agradeceu.

Nesse momento o médico chegou e examinou ele, Clara e eu


permanecemos de pé do lado da cama observando tudo.

— Ele está bem agora, foi só um susto. Não precisamos levá-lo ao


hospital. Espera mais ou menos uma hora e o faça comer algo leve, sem
gordura e beber bastante líquido. Água de preferência, mas se ele quiser
beber suco ou outra bebida pode dar, o importante é que ingira líquidos.

O médico foi até sua maleta e tirou de lá saquinhos com líquido


colorido. Entregou para a Clara.

— Mande colocar esses saquinhos no congelador, assim que estiverem


congelados, dê para ele, isso é soro, as crianças aceitam melhor ingeri-lo
quando está em fomento de gelo colorido.

— Obrigada!
— Ele dormirá agora, seu corpo vai se recuperar, ele é um menino
forte.
O médico saiu do quarto acompanhado da empregada.

O silêncio parecia constrangedor, não para mim, o que eu queria


naquele momento era terminar o que havia começado, mas não há mais
clima, no entanto, preciso me aliviar. Aproximei-me dela e a abracei por trás,
ela contraiu-se e tentou escapar como sempre.

— Obrigado!
— Senhor Ferrara...

A interrompi, sussurrando em seu ouvido.

— Maximus, se me chamar de Senhor Ferrara novamente, esqueço que


o Alessio está doente e te como aqui e agora.

Ela se calou e somente sua respiração forte era ouvida. Deslizei meus
lábios em seus cabelos e a estreitei contra meu corpo.

— Estou só agradecendo por cuidar do meu filho. Está a salvo agora


Clara, mas essa espera só está me fazendo ficar mais louco por você, quando
finalmente a ter, vou fode-la tanto até deixá-la mole.

Com isso, a soltei e saí do quarto, segui para meu próprio a passos
largos e fui direto para o banheiro. Andei nervoso de um lado para o outro, de
novo terei que me contentar com banho frio. Fui para frente do espelho e me
encarei, peguei no pênis e o massageei, ele estava duro só de pensar nela. Eu
preciso me livrar disso, então sem pensar, coloquei o pau para fora das calças
e fui até o vaso, comecei me masturbar, a muito anos que não faço isso,
nunca precisei, me satisfazia fudendo uma mulher, agora por causa dessa
menina, tenho que recorrer a esse artifício.

Apertei os olhos a medida que estimulava o pau, aumentei a velocidade


e a imagem da Clara não saia da minha cabeça, mordi o lábio inferior e joguei
a cabeça para trás. O nome dela não saia dos meus lábios enquanto chegava
ao meu prazer.

— Clara, Clara, Clara.

O jato forte do sêmen saiu e caiu no vaso, eu gemia e contraia o


abdome enquanto ejaculava. A porra sujou minha mão e toda a borda do
vaso. Respirei entrecortado até liberar a última gota no vaso. Ao terminar,
tirei as calças e segui para o chuveiro frio. Fiquei embaixo da água tentando
recuperar o fôlego. Deixei a água escorrer pelo meu corpo por mais ou menos
meia hora, até me acalmar. Desliguei o chuveiro e um sentimento de
frustração me dominou. Caralho! Eu vou ficar louco se não tiver essa
freirinha debaixo de mim.

Segui para o quarto e fui ao bar, enchi um copo de whiskey e bebi em


uma golada só. Enchi outra vez e bebi de novo. Larguei o copo e fui para a
cama, peguei um cigarro e acendi, traguei profundamente recostado na
cabeceira da cama. Só de pensar que ela está alguns metros no quarto ao lado
me deixava acesso de novo. Que Merda!

Levantei-me, eu preciso vê-la, não farei nada, apenas preciso olhar


para ela. Segui para seu quarto e entrei sem bater, jamais baterei para ter
acesso a algum cômodo da minha casa, muito menos no quarto dela.
Adentrei, percebi que ela estava na cama, a luz da lua que entrava da janela
banhava seu corpo, fui até lá e reparei que Alessio dormia junto com ela, o
menino estava com a cabeça repousada em seu peito e aninhado ao seu corpo.
Esbocei um sorriso, definitivamente esse menino é meu filho, conseguiu
muito mais do que eu consegui até agora. Clara dormia também, tão linda e
serena, parecia um anjo. Suspiro fundo e saio do quarto sem fazer barulho.
Volto para o meu próprio e me visto, preciso de uma mulher, preciso
descontar minha frustração em alguém. Se a tal mulher sair viva essa noite,
será um milagre.

Pego o celular e ligo para o Riccardo.

— Chefe!
— Estou de saída, só voltarei amanhã.
— Irá sozinho?
— Mande três soldados me seguirem, eu mesmo irei dirigir.
— Claro!

Desci as escadas e segui para a garagem, escolhi uma das Ferraris,


preta brilhante. Peguei a chave e liguei a máquina antes mesmo de entrar, o
barulho do motor potente entrou nos meus ouvidos como música. Nesse
momento Riccardo apareceu na garagem.

— Está tudo bem com o Alessio?


— Agora sim.
— E a Senhorita Clara?
— O que tem ela? — perguntei praticamente rosnado.
— Pela sua resposta, vejo que ainda não a levou para a cama.
— É só uma questão de tempo.
— Estou surpreso por você está se segurando.
— Cala a boca Riccardo, a única coisa que quero ouvir de você com
realçarão a Clara é o resultado da investigação que mandei fazer sobre ela.
— Amanhã já terei o relatório.
— Ótimo!

Entrei no carro e arranquei. Meus soldados vieram logo atrás de mim.


Acionei o comando de voz e ordenei que o sistema inteligente do carro
ligasse para alguém. Uma voz feminina sexy ecoou no interior.

— Maximus, estou surpresa por me ligar.


— A quero hoje à noite.
— Estou te esperando, como sempre.
— Vista algo sexy, esteja pronta, não terei piedade de você hoje.
— Claro meu senhor! Estarei te aguardando prontinha e ansiosa por
você.

Encerrei a chamada e sorri, segui para o apartamento da vadia.

***

Bebericava uma bebida, já era manhã. Traguei o charuto e soltei a


fumaça no ar. Olhei através da janela a movimentação da rua. Voltei-me para
a cama e olhei o corpo da mulher estendido. Ela estava nua e sem vida. Eu a
estrangulei enquanto a fodia. Não tenho hábito de matar as mulheres que
dormem comigo, mas quando estou irritado e frustrado, desconto nelas, na
maioria das vezes as espanco ou mando um dos meus dar um fim nas que me
enchem o saco, mas ontem eu estava em um estado animal, tinha a
necessidade de tirar a vida de alguém, por que não de uma puta como ela?
Além do mais o sexo foi uma merda.

Recolhi minhas roupas e vesti-me, pensei na Clara, ela está me tirando


do sério, nunca fiquei tão fissurado em uma foda como estou com ela. Talvez
isso seja algo passageiro, tenho certeza que quando a ter essa fixação irá
passar, mas o fato de ainda não ter trepado com ela me deixava irritado. A
interrupção ontem a noite, me deixou realmente frustrado. Suspirei fundo e
caminhei para a saída do apartamento. Ordenei para meus soldados fazer a
limpeza do local. Coloquei meus óculos escuros, dei partida no meu carro.

Meio hora depois, atravessava os portões de ferro da mansão. Ao


chegar na entrada da casa, um dos meus abriu a porta do carro, entreguei a
chave para que guardasse a Ferrari na garagem. Riccardo me esperava no hall
de entrada.

— Bom dia Maximus, já tenho o relatório da senhorita Clara.


— Perfeito! Vamos até meu escritório.

Seguimos para meu escritório, acomodei-me atrás da minha mesa.


Riccardo sentou em uma das cadeiras de couro.
— E então, o que descobriu?
— A Senhorita Clara nasceu no convento e foi criada pelas freiras.
— Isso não é novidade. Conta algo novo.
— A mãe dela era uma freira.
— Hum! Interessante.
— Ela era tratada como uma escrava no convento, vivia com o
mínimo. As circunstâncias do seu nascimento foi algo que a igreja escondeu a
sete chaves.
— Mas tenho certeza que você descobriu tudo.
— Sim, leia o relatório.

Peguei o envelope e abri, de dentro tirei várias fotos do convento, das


freiras e também o relatório. Comecei a ler. Arqueei uma das sobrancelhas a
medida que lia.
— Então ela é fruto de um estupro — afirmei.
— É o que diz o relatório.
— Então tenho uma outra missão para você, descubra quem foram os
homens que estupraram a mãe dela e a outra freira, se estiverem vivos, os
quero, e mais, quero saber quem é o pai dela, descubra tudo sobre ele.
— Como saberemos quem é o homem?
— Teste de DNA. Eu conseguirei uma amostra da Clara assim que eles
estiverem ao nosso poder, a dele a gente arranca uma amostra de cada um.
Assim descobriremos quem é o pai dela.
— O que você fará Maximus?
— Justiça!
Capítulo 12

Maximus

Riccardo gargalhou, eu o encarava sério esperando achar a graça.


Quando ele percebeu meu semblante fechado parou de rir e falou:
— Justiça, Maximus? Você nem ao menos sabe o significado dessa
palavra.
— Sei quando me convém — disse irônico.
— Ainda estamos limpando a sujeira que você fez ontem à noite.
— Foda-se! Você é pago para isso.
— Por que matou a mulher? O que ela fez?
— Nada, apenas queria matar alguém depois de uma merda de foda.
— Você está louco? A freirinha está mexendo com você, hein! — ele
gargalhou.
— Ah! Cala a boca. Mulher nenhuma é capaz de me fazer perder a
cabeça. Assim que eu tiver saciado meu desejo por ela, será apenas mais uma
na minha lista.
— Sei! Sei! Está frustrado, come logo a freira e pronto!
— Não era você que me dizia para me freiar?
— Só dizia por dizer Maximus, eu sabia que isso nunca aconteceria,
conheço sua fama.
— Vamos acabar com esse papo, faça o que mandei o mais rápido
possível, estou a fim de decepar alguns membros.

Riccardo levantou-se rindo e saímos juntos do meu escritório ainda


conversando. Ao passar pela sala principal, ouço risos de mulher e de criança.
Também escuto uma voz masculina, reconheço-a, é do Matteo. Franzi a testa,
intrigado. Riccardo me olhou sério. Ando em direção ao som e logo os vejo
através das portas de vidro, Clara, meu filho e o Matteo sentados em uma das
mesas na varanda. A cena me fez ter um sentimento que nunca pensei em
sentir antes. Meu rosto se transformou, meu sangue se agitou, olhei para ela
que sorria abertamente como se estivesse se divertindo muito com o que meu
chefe de segurança estava falando.

Imediatamente fechei o punho e vi tudo vermelho a minha frente, a ira


tomou conta de mim. Ela nunca sorriu para mim daquele jeito, no entanto, se
abre toda para o Matteo. Riccardo percebeu meu estado, tentou me acalmar.

— Maximus, se tranquilize, eles não estão fazendo nada de mais, você


sabe que o Matteo gosta de contar piadas.
— Me deixa Riccardo, eu vou matá-lo — rosnei entre os dentes.

Ele entrou na minha frente e fala tentando me impedir de passar.

— Não faz isso na frente da freira, perderá todas as chances com ela.
— Foda-se!

O empurrei o tirando do meu caminho. Andei a passos largos até a


varanda. Ao me verem, imediatamente todos param de rir.
— Atrapalho alguma coisa? — perguntei irônico.

Olhei diretamente para a Clara, ela me encarou apavorada, nenhum


vestígio de alegria que demonstrava a pouco em seu lábios. Matteo, levantou-
se e Alessio correu para meu colo.

— Papa!

O pego no colo, e ele logo tagarela.

— Matteo estava contando piadas para a gente.


— Percebo!
— Junte-se a nós chefe, a Clara até deixou a rígida polidez de lado e
sucumbiu ao meu charme.
— Saí daqui, Matteo — falei grunhindo como um animal enjaulado.

Matteo, fechou a expressão e franziu a testa, eu tentava me controlar


para não matá-lo na frente da Clara e do Alessio, mas se ele ficar mais um
minuto aqui, eu vou acabar com a raça dele. Riccardo aproximou-se do
Matteo e sussurrou para ele.

— Vem Matteo, não fala mais nada.


— Mas...
— Saí daqui! — gritei.

Matteo olhou para a Clara e depois para mim, em seguida saiu


rapidamente, Riccardo fez menção em segui-lo, mas o impedi.
— Riccardo, leve o Alessio para o quarto dele, tenho algo para falar
com a Clara.

Coloco Alessio no chão e Riccardo segura sua mão.

— Vem Alessio, vamos jogar vídeo game enquanto esperamos seu pai
falar com a senhorita Clara.
— Você vai brigar com ela, papa?
— Moleque, faça o que mandei, vai com o Riccardo.

Falei irritado, sem desviar os olhos da Clara, que se mantinha sentada,


rígida, olhando para a frente fixamente.

— Vamos Alessio, nada irá acontecer — Riccardo o tranquilizou.

O menino sem ter o que fazer, acompanhou o Riccardo e saiu da


varanda. Eu fiquei parado no mesmo lugar observando-a por alguns segundos
antes de ordenar.

— Levante-se!

Ela imediatamente fez o que mandei. Percebi que estava trêmula e


quase não conseguia se manter de pé. Aproximei-me dela e vi seu rosto
perder a cor, ela estava a ponto de desfalecer, mas se fará isso, será nos meus
braços.

Parei a centímetro de distância dela, ouvi sua respiração acelerada, o


palpitar frenético do seu coração. Podia até ver o pulsar de sua jugular. Ela
não olhava para mim, manteve a cabeça baixa. Ah! Eu estou ao ponto de
fode-la sobre a mesa, em plena varanda e sob a luz do sol. Essa menina está
me tirando do sério, estive a ponto de matar meu chefe de segurança por
causa dela. Isso me fez pensar que jamais tive um sentimento de posse tão
forte por uma mulher, na verdade, nunca tive esse sentimento por ninguém.
Nunca pensei em matar alguém por causa de uma mulher, contudo agora, só
penso em acabar com a vida de qualquer um que se aproximar dela, qualquer
um.

Isso me fez ficar com mais raiva e com gesto brusco, peguei no rosto
da freira pelo maxilar e apertei a fazendo olhar para mim. Seus lindos olhos
me encaravam aterrorizados, eles brilhavam pelas lágrimas que se formaram.
Caralho! Ela fica mais linda quando me olha assim, eu preciso demais dela, o
pau já está ereto e dolorido. Aproximo a boca do rosto jovem dela, a minha
barba roça naquele pele acetinada. A menina não usa nenhum artifício para
atrair os homens, nenhuma maquiagem, mas sua aparência fresca me deixa
mais fascinado.

Ela entreabre os lábios e tenta falar, se ela soubesse como fica


desejável quando faz isso, jamais o faria. Eu a silêncio antes que qualquer
palavra saia da sua boca encostando meus lábios nos dela. Falo sussurrando,
com a voz embargada de luxúria e posse:

— Se a ver mais uma vez se engraçando para meu chefe de segurança,


acabo com você e com ele, entendeu?
— Eu não estava fazendo nada — ela protestou.

A ignorei e continuei:
— Você é minha, somente minha e somente para mim, sorrirá,
somente para mim, viverá, somente para mim, dará prazer, capire?

Ela balançou a cabaça positivamente. Naquele momento a tomei em


um beijo violento e inclemente. Esmaguei seus lábios rosados contra os meus
e apertei seu corpo em meus abraços. Meu pau comprimiu-se entre a gente,
tenho certeza que ela sente toda a potência e magnitude dele contra seu corpo.
Ela libera pequenos suspiros e tenta não corresponder ao beijo, mas não me
importo, a forço e minha língua invade sua boca. A saboreio, a devoro,
machuco seus lábios, eu quero machucá-la, não serei mais gentil, eu quero
fode-la, fundo, enterrar meu pau até seu útero e a torná-la minha, minha,
minha.

Mas não farei isso agora, a hora dela chegará quanto antes, eu a terei
de todas as maneiras possíveis, ela será a minha amante, a farei dela minha
mulher e a marcarei para sempre. Eu serei o dono do seu corpo, da sua vida,
de seus pensamentos.

Paro de beija-la e olho para seu rosto, ela chora, os lábios estão
inchados e trêmulos, suas bochechas ruborizadas. Esboço um sorriso cruel e a
solto. Ela cambaleia. Seguro o pau dentro das calças massageando.

— Não vejo a hora de você acalma-ló, freirinha.

Ela não fala nada, me deleito da sua aparência, ela quer correr e, ao
mesmo tempo ficar.
— Vai cuidar do Alessio, antes que eu trepe com você agora.

Ela não esperou mais e praticamente correu, eu gargalhei com o


desespero dela. Em seguida parei de rir e decidi, ela será minha para sempre.
A prenderei com as correntes do casamento.

***

Clara

Meu coração parecia que rasgaria meu peito e pularia para fora.
Segurei minha cruzinha, todo meu corpo tremia. Subi as escadas rapidamente
e fui direto para o quarto do Alessio, eu sei que é covardia minha, mas penso
que se estiver próxima do menino ele não fará nada comigo. Meu Jesus! Eu
estou apavorada, passo as mãos trêmulas nos lábios e sinto dor, ele me
machucou, preciso olhar minha aparência antes de entrar no quarto do
Alessio. Fui até o banheiro do corredor, entrei e tranquei a porta.

Fiquei chocada com o que vi no espelho, os lábios estavam inchados,


meu rosto vermelho e os cabelos haviam se soltado do coque. Rapidamente
lavei o rosto com água fria e tentei me recompor. Prendi os cabelos de novo e
esperei alguns minutos para me acalmar antes de sair do cômodo.

Meu cérebro não parava de pensar em uma maneira de ir embora, eu


vou me arriscar a fazê-lo, hoje à noite. O Senhor Matteo revelou que a troca
de soldados que fazem a segurança da guarita de entrada acontece às dez da
noite, será esse momento que me arriscarei a sair. Nesse horário o Alessio
estará dormindo. Ainda não sei como farei, mas estou decidida, tentarei. Não
posso mais ficar a mercê desse homem, ele desperta muito sentimentos
contraditórios, repulsa é um deles, mas não é só isso, também me faz sentir
coisas estranhas no meu corpo que nem ouso pensar sobre.

Respirando fundo, abri a porta do banheiro e espiei o corredor, não


havia ninguém. Saí e fui até o quarto do Alessio. Ele não estava no
dormitório principal por isso fui até o cômodo de brinquedos. Riccardo
estava sentado próximo a ele e levantou assim que me viu.

— Pronto Alessio, sua babá está viva.


— Ela é minha mãe agora, meu pai comprou ela pra mim.
— Claro!

Ele me encarou e sorriu sarcástico, obviamente que não dá a mínima


importância para minha situação naquela casa.

— Clara, vem jogar comigo — Alessio me chamou.


— Vai Senhorita Clara, seu filho a aguarda.

Ele passou por mim e sussurrou:

— Prevejo que teremos mais Alessios correndo por aí em breve.

Empalideci e entendi perfeitamente o que ele queria dizer. O homem


saiu do cômodo e eu aproximei-me do Alessio, precisava prepará-lo para a
minha partida, claro que não falarei dos meus planos, mas deixarei
esclarecido na cabeça dele que não irei embora porque não gosto dele.

— Alessio, posso lhe falar?


— Meu pai brigou com você?
— Não, ele - ele somente chamou minha atenção por causa do Matteo.
— Ele te bateu?

Fiquei chocada pela pergunta do garoto e não sabia o que falar.

— Seus lábios estão vermelhos e machucados. Você chorou também.


Eu já vi o meu pai bater em uma das putas, ela estava enchendo o saco dele.
Você irritou meu pai?
Como sempre o Alessio me deixava desconcertada e impactada, ele é
tão pequeno e já viu todas as atitudes negativas que o pai dele fez. E pior que
nem ao menos acha aquilo anormal. Suspirei fundo antes de falar:

— Seu pai não me bateu, eu estava chorando porque estou com


saudades do convento. Por isso, terei que ir embora mais cedo.
— Você não pode ir embora, meu pai te comprou.
— Alessio, as coisas não funcionam assim, eu adoraria ser sua mãe,
mas como já te disse, terei que ir embora. Não quero que pense que irei por
não gostar de você, mas tenho uma missão maior.
— E qual é?
— Casar com Jesus.
— Casar com Jesus? Ele é melhor que meu pai? Freiras podem casar?
— Jesus não é um homem como seu pai, ele é filho de Deus.
— Não gosto dele, ele quer tirá-la de mim.

Alessio me abraçou, assim como fez na noite anterior quando tentei me


afastar dele logo após seu mal-estar. Ele choramingou e pediu para dormir
junto comigo, não resisti e levei-o para meu quarto. Agora ele faz a mesma
coisa, tenta me convencer usando o emocional. Afago seus cabelos, eu sinto
tanto, mas terei que magoá-lo, queria que não fosse dessa maneira, no
entanto, não tenho saída.

— Alessio...

Não consegui completar a fala, fui interrompida com a entrada dele,


meu coração acelerou. Alessio se desfez do abraço e correu para o pai.
— Papa, a Clara vai embora.
— É mesmo? E quando irá?

Ele olhou para mim com uma feição de alerta, me desfiando a desafia-
lo.
— Ela vai casar com Jesus!

Ele gargalhou e sentou-se na poltrona, fez o filho sentar-se em uma das


suas pernas.

— Isso não irá acontecer, Alessio, ela se casará, mas não com Jesus.
— E com quem ela irá casar?
— Comigo.

Apenas uma palavra, pequena, quase insignificante, que não teria


muito impacto fora daquele contexto, mas ela entrou em meus ouvidos e
dilacerou minha carne. Não podia acreditar o tamanho do significado do que
ele disso.

— Oba! — Alessio exclamou alegre e saltitante.

Aquilo para mim era um absurdo sem tamanho, ele não pode dizer uma
coisa dessas, nem de brincadeira, não me casarei com ele. O deixarei saber
disso.

— O Senhor não pode falar essas coisas para o Alessio li, não me
casarei com o Senhor.
— Alguém aqui lhe fez algum pedido para negá-lo? Eu não lhe pedi,
eu lhe comuniquei que irá se casar comigo.
— Acho que ela gosta de Jesus, papa.
— Alessio, vai para seu quarto e espere um instante lá, eu e a Clara já
iremos em seguida e prometo que mais tarde jogaremos vídeo game juntos.
— Legal!

O menino saiu correndo e de novo me encontrava sozinha com ele.


Tremi ligeiramente, uma mistura de afilação e irritação. Nunca senti raiva de
alguém, mas naquele momento, esse sentimento passou por mim, esse
homem demoníaco estava destruindo todas as minhas convicções, me
obrigando a fazer coisas que não queria. Será que não quero? Me perguntei.
Mas é óbvio que não quero, não me casarei com ninguém, muito menos com
ele.

Em um gesto de desespero, decidi escapar dali, não o deixarei me


intimidar. Mas antes de conseguir fugir, ele levantou-se e me segurou
facilmente, me jogou em cima do sofá e me prendeu com seu corpo. Meus
sentidos se inflamaram, senti minha pele arder pelo fogo do desejo. Eu não
queria sentir aquilo, mas não podia ignorar o latejar das minhas partes
íntimas.

— Ainda acho difícil acreditar que tenho uma santinha em minhas


mãos.
— Não sou santa.
— Não mesmo freirinha, em breve, muito em breve, estará gemendo
em meus braços. Então, considere-se com sorte, esperarei até o casamento
para possuí-la. Mas a deixarei avisada, se aprontar qualquer coisa antes disso,
não responderei por mim, eu a farei minha mulher antes de me casar com
você. Por tanto, comporte-se como uma noiva pura e virginal. Se eu vê-la de
conversa com o Matteo ou com qualquer outro, conhecerá Maximus Ferrara.

Com essa sentença, ele levantou-se e saiu do cômodo, deixando suas


ameaças no ar. Apertei minha cruzinha, estou sem saída, terei que me casar
com ele.
Capítulo 13

Clara

A manhã estava fresca e linda, contemplava através da janela do quarto


o dia raiar. Ainda era bem cedo por volta de seis horas, decidi manter minha
rotina das manhãs como a do convento, acordava por volta de cinco, fazia a
higiene, logo depois as orações e esperava o Alessio acordar para ajudá-lo em
sua rotina, logo depois irmos para o desjejum. Essa refeição era servida tarde,
aproximadamente às dez horas, então aproveitava esse tempo para fazer o
jejum em oração com intenção de me livrar desse casamento, que estava
sendo planejado a todo vapor.

Já havia se passado uma semana desde o episódio com o Senhor


Matteo e o comunicado do casamento, desde então, muitas coisas mudaram, a
minha posição na casa passou de babá a dona, os empregados já me tratavam
como a esposa dele, me consultado para tudo. Ele por sua vez me tratava
como a noiva, me beijando e abraçando na frente das pessoas. Eu não podia
protestar, se o fizesse ele usava de suas ameaças. Ele simplesmente tomou
conta da minha vida e deixava bem claro para todos a quem pertencia.

Percebi também um distanciamento do Sr. Matteo, antes ele tinha livre


acesso à casa, mas desde que tudo aconteceu ele não entrava mais e nem fazia
as refeições conosco. Eu o via às vezes instruindo os soldados, mas se ele me
percebia rapidamente se afastava.

Suspirei fundo e me afastei da janela. Vou até à cama, sento na


beirada, pego uma pequena caixinha na primeira gaveta da mesa de cabeceira
e abro. Dentro estava o meu anel de noivado, ele me deu no dia seguinte após
anunciar que se casaria comigo. Lembro aquele dia.

Alessio e eu estávamos no deck sentados em uma das mesas tomando


lanche, havíamos brincado bastante no quintal e agora estávamos
descansando enquanto comíamos. O pai dele chegou e rapidamente assumi
minha postura rígida. Eu não tive contato com ele desde a noite anterior no
jantar e sua presença sempre me intimidava. Já havia planejado na minha
cabeça, dizer-lhe que não casaria com ele e insistir para que me deixasse
voltar para o convento, mas não contava que ele oficializaria o noivado me
presenteando com um lindo anel de diamantes e Safira.

Alessio como sempre ficou muito feliz com a presença do pai e já foi
tagarelando as coisas que fizemos. O pai sentou-se do meu lado e para meu
espanto me beijou na boca na frente do menino. Não foi um beijo profundo,
apenas pressionou seus lábios contra o meu, contudo foi suficiente para me
deixar constrangida. Fiquei tão chocada que não tive reação, meu rosto pegou
fogo de vergonha. Alessio por sua vez vibrava de alegria.

— Papa vai casar com a Clara — Alessio cantarolava.


— Isso mesmo filho e para oficializarmos, olha o que trouxe para ela.

Ele tirou a caixa com o anel do bolso do paletó e abriu-a na minha


frente, o brilho da joia ofuscava minha visão e pensamentos, nunca vi algo
tão lindo. Desviei meus olhos para seu rosto e meus cílios estremeceram
enquanto sustentava o olhar dele cheio de luxúria e advertência, claramente
me avisando para nem ao menos cogitar recusar o anel.

— Não é lindo, Alessio, o anel da Clara?


— É muito lindo. Coloca no dedo, Clara.

Senti-me atormentada, era crueldade dele fazer-me passar por isso, a


cada minuto ele me envolve em sua vida, me presenteando com roupas e
acessórios que jamais teria em minha vida, agora essa joia que certamente
deve valer uma fortuna. Isso não está certo, sou órfã, não tenho ninguém
nesse mundo, mas nem por isso devo ser tratada como um objeto, um bibelô
para ser manipulado ao bel-prazer. Era um jogo para ele, onde jogava
sutilmente com minha inexperiência e inocência.

— Vamos Clara, estenda a mão direita e para de ficar com essa cara de
tonta.

Com as mãos trêmulas, entendi-a para que ele colocasse o anel que
ficou perfeito, porém, o aro em contato com minha pele parecia queimar-me,
era absurdo pensar que estava sendo obrigada aceitar esse casamento. Para
minha surpresa, ele me segurou pela cintura e me puxou para perto do seu
corpo, meus olhos o focaram apavorados, não só pelo fato dele ter me
segurado daquela maneira, mas pela reação imediata do meu corpo ao seu
toque. Ainda para piorar, me sentia constrangida pelo Alessio está
presenciando tudo isso, por esse motivo, sentia meu rosto arder de vergonha,
provavelmente estou vermelha como pimentão.
— Você fica encantadora quando cora, moça estranha.

Involuntariamente entreabri os lábios sem consciência que aquele meu


gesto mais parecia um convite para ser beijada. Ele contornou meus lábios
com o polegar, em seus olhos via a luxúria espelhada nas pupilas azuis. Ele
esboçou um sorriso safado e me soltou. Alessio animado perguntou:

— Quando terei um irmão?

Era só o que me faltava o Alessio tocar nesse assunto. Maximus


gargalhou antes de perguntar:
— Você quer um irmão?
— Eu quero, pra gente jogar vídeo game juntos.

Percebi que Maximus me encarava com seu olhar sarcástico,


claramente se deliciando com meu incômodo.

— O que você acha de atendermos o pedido do Alessio, amor!

Meu coração deu um baque, não só pela pergunta, mas pela forma
como me chamou. Arregalei os olhos com indignação, não tenho nem a
pretenção de casar com ele, que dirá pensar em filhos. Sei que Alessio é uma
criança e não entende essas coisas, mas as atitudes do pai dele são
desprezíveis, ele sabe que não poderei ser rude com o menino. Decidi dar-lhe
uma resposta vaga. Volte-me para ele e falei com ternura.

— Acho que devemos esperar por um tempo, quero cuidar de você


exclusivamente.
— Mas não espera muito, eu sempre quis ter um irmão
— Ou uma irmã — Maximus falou cínico.
— Não menina, garotas são chatas — Alessio falou fazendo expressão
de desdém.

Eles continuaram o debate e eu fiquei ponderando sobre tudo aquilo.


Minha vida estava sendo consumida por esses dois e não vejo uma luz no fim
do túnel.

Voltei ao presente e suspirei fundo, tirei o anel da caixa e coloquei no


dedo. Me assustei quando a porta abriu subtangente dando passagem para o
Maximus. Não gosto que ele faça isso, sempre entra sem bater, não posso
trancar a porta por ordem dele, porém gostaria que pelo menos se anunciasse
antes de entrar.

Levantei-me imediatamente, assumi minha postura prostrada, mãos


juntas na frente do corpo e cabeça baixa. Percebi que ele trancou a porta com
a chave e levarei o rosto, assustada. Ele votou-se para mim, alto de ombros
largos, vestido em um terno escuro bem-talhado em seu corpo musculoso.
Seus penetrantes olhos azuis me focavam maliciosos, eu já conhecia aquele
jeito dele me olhar e meu corpo reage sempre da mesma forma. Tento
reprimir e esconder o máximo que posso todas aquelas emoções que
florescem em mim, mas é inegável a atração sexual. Meu coração começou a
pulsar forte e o sangue latejar a medida que ele se aproximava.

— Bom dia, noivinha — falou sarcasticamente como sempre.


— Bom-bom dia — não consegui deixar de gaguejar.
Os olhos dele fitavam-me atentamente, examinado-me. Me esforcei a
enfrenta-los, mas a expressão do rosto dele, cínico, malicioso, me fez tremer
de medo.

— Está com frio?

Percebi que seus olhos estavam fincados em meu peito e para meu
desespero, os mamilos enrijeceram marcando o tecido da blusa de seda que
estava usando. Os pêlos dos braços também estavam arrepiados, por sorte
usava uma blusa de manga comprida. Contudo, cruzei os braços e esfreguei-
os tentando disfarçar o máximo.

— Sim, um pouco.
— Então posso aquecer você.

Ele me segurou e me abraçou, seus lábios encostaram na minha orelha,


as palavras um sopro cálido contra a minha pele.

— Sei como será entre nós, seu corpo já me reconhece, freirinha. Tem
sorte por eu esperá-la até o casamento, poderia tê-la agora se quisesse.

Maximus abraçou-me fortemente, liberei um gemido sem querer. Ele


passou as mãos pelas minhas costas, subindo até a nuca.

— Não deveria prender os cabelos — ele falou com rouquidão.


— Senhor Ferrara...
— Quando aprenderá que é minha noiva e me chamar pelo primeiro
nome?
— Eu não quero ser sua noiva.
— O que prefere, ser minha amante? E isso que quer? Estou sendo
muito gentil com você lhe oferecendo uma aliança, mas se não a quer
podemos resolver isso agora.
— Não! Eu quero ir embora, seguir minha vocação.
— Para o Caralho que você vai voltar para aquele convento. Entenda,
Clara, ou você será minha esposa, ou será minha amante, não há meio-termo.
— Por que eu? Sou apenas uma órfã, Senhor Ferrara, não entendo nada
sobre essas coisas, não tenho nada a lhe oferecer.

Meu coração soltou e estremeceu quando ele me puxou para si e


capturou minha boca, penetrando fundo na cavidade cálida. O beijo era
quente, meu corpo todo entrou em combustão, ele segurou em minhas
nádegas e apartou a carne macia com os dedos rijos, sua ereção pétrea junto
ao meu corpo, me fez ficar perdida entre o desejo e a razão, entre o pecado e
a sanidade.

Com dois passos cambaleantes, chegamos à beira da cama, as bocas


coladas, a língua dele forçando-me aceitá-lo. Sem interromper o beijo, ele
segurou em minha cintura e me fez deitar na cama macia. Então as mãos dele
deslizaram entre as minhas coxas, interna em busca do meu calor. Aquele
contato me fez ofegar como se estivesse me afogando.

Oh! Deus. Aquilo era loucura, não posso ceder assim. Sem pensar
muito, comecei a remexer tentando escapar, mas o gesto o fez me atacar com
brutalidade, o beijo se tornou duro, exigente. As mãos dele forçaram minhas
coxas até abri-las me machucando. Então ele parou de me beijar com
brusquidão e segurou em meu queixo com uma das mãos me apertando,
parecia que queria quebrar minha mandíbula.

— Você acha que pode comigo, garota? Se quiser te comer agora você
não escapará. Me provoque e verá do que sou capaz.

Com essas palavras ele me soltou, saiu do quarto como um furacão.


Me levantei da cama trêmula e limpei a boca com dorso da mão. Deixei as
lágrimas reprimidas descerem soltas. Quando me senti melhor, fui até o
banheiro, lavei o rosto e ajeitei o cabelo. Ao terminar, segui para o quarto do
Alessio.

O dia passou tranquilo, Maximus saiu logo após o café da manhã, dei
graças a Deus. A tarde para minha surpresa, recebi a visita do padre Gaspard,
um senhor de idade, com pouco cabelo, corpulento e vestido com a batina e o
colarinho clerical. Uma esperança acendeu-se em mim, essa era uma chance
para pedi-lhe ajuda.

— Senhorita Clara, esse é o padre Gaspard, ele veio tratar alguns


detalhes do casamento, pois será o celebrante — Riccardo nos apresentou.

Automaticamente, peguei em suas mãos, curvei-me e a beijei em sinal


de respeito. Ao me levantar, vi a surpresa nos olhos do Clérigo. Riccardo
esclareceu:

— A senhorita Clara veio do convento que o Senhor indicou, ela era


noviça, mas agora se casará com Maximus.
— Hã!
— O senhor quer sentar? Aceita algo para beber? Perguntei nervosa,
torcendo para que o Senhor Riccardo nos deixasse a sós.
— Sim minha jovem, um suco será ótimo, traga alguns biscoitos
também.

O padre tinha uma voz alta e um sotaque italiano bem acentuado, mas
falava um Inglês perfeito. Eu pedi a Marise para trazer o lanche enquanto nos
acomodávamos. O padre voltou-se para o Riccardo e pediu:

— Podemos falar a sós? Não sequestrarei a noiva do Maximus.

O padre riu alto e Riccardo também o acompanhou, mas logo ficou


sério e disse:

— É claro padre, sei que não ousaria e nem tentará esconder a


Senhorita Clara embaixo da batina.
— Tenho motivos para escondê-la embaixo da batina?
— Não sou eu que lhe responderei.

Com essas palavras, Riccardo saiu e eu mantive minha cabeça baixa.


Alessio como sempre, estava junto comigo, jogando no vídeo game portátil.
Não queria me livrar dele deliberadamente, mas precisava fazer isso, apesar
de ele parecer alheio a tudo, o menino é espero e com certeza contará para o
pai tudo que falarei para o padre. Por isso, quando Marise chegou com o
lanche, pedi com a maior delicadeza possível.

— Alessio, você poderia acompanhar Marise até a cozinha? Ela lhe


dará seu lanche lá.
— Por quê? Quero ficar aqui.
— É só por alguns minutos, prometo que quando terminar de tratar os
detalhes do casamento com o padre Gaspard, te procuro e a gente pode fazer
o que você quiser.

— Opa!

O menino levantou-se e seguiu Marise, o padre ficou me olhando


curioso. Imediatamente levantei-me para servi-lo, mas ele estendeu a mão me
impedido. Voltei a sentar.
— Não precisa me servir minha jovem, não em sua posição.
— Uma posição que não quero.
— Então, está sendo obrigada a esse casamento?

O padre colocou o suco no copo e pegou uma dos biscoito e começou a


comer, eu ponderava sobre sua pergunta, não tinha porque esconder, se quero
lhe pedir ajuda, o deixarei saber a minha situação naquela casa.

— Sim.
— E penso que quer minha ajuda para se livrar do seu destino.

Levarei o rosto, esperançosa para o padre e juntei as mãos em súplica,


ele havia me entendido sem nem ao menos falar sobre o assunto.

— Sim, me ajude voltar para o convento Santa Tereza na Inglaterra.

O Clérigo parou de comer, limpou a boca e as mãos no guardanapo,


suspirou fundo e me encarou severo, sem nenhum vestígio de cumplicidade
ou pena. Minha garganta fechou na hora, não conseguia engolir saliva de tão
nervosa que estava.

— O que me pede é impossível senhorita Clara, e esse pedido pode ter


consequências tanto para mim, como para você.

— Mais... Mais...

— Sem mais nem menos, conversei com o padre do convento Santa


Tereza e ele me disse que é uma órfã, filha de uma das freiras. Deveria
agradecer pelo Senhor Ferrara casar com você, alguém sem nome e posição
social, ele poderia simplesmente torná-la amante e depois jogá-la ao relento a
própria sorte, sua posição é muito favorável. Pense, de uma órfã a dama da
máfia, nada mal, hã!

— Mas quero seguir minha vocação e me tornar freira.


— Esquece isso minha jovem, pense nas vantagens, será dona dessa
casa e de quebra já vem até com o filho.

O padre riu alto. Eu apenas baixei minha cabeça e tive certeza que
desse padre jamais receberei ajuda, aliás, de ninguém, nenhuma pessoa
ousaria desafiar Maximus Ferrara.

— Agora vamos tratar do enlace, sendo uma moça criada em um


convento, acredito que queira um casamento religioso dentro das tradições.

Sem ter como argumentar, apenas respondi que sim.


— Ótimo, então acertemos tudo.

Depois de uma hora, o padre já com tudo anotado, levantou


anunciando:

— Agora que encetamos tudo, estou indo embora.


— Eu o acompanho até a saída.
— Não é preciso, sei o caminho.

O padre aproximou-se de mim, fez o sinal da trindade em minha testa e


falou de maneira branda:

— Não fique triste, se sairá muito bem, é uma menina esperta e muito
bonita, o convento não era o seu lugar. Agora terá um nome e uma posição.

Sendo assim, ele seguiu para a saída e minha última esperança de


escapar do meu destino, saia pela porta. Não tinha mais ninguém. Sentei
desolada.

A noite chegou e recebi um comunicado do Senhor Riccardo que o


Maximus não viria para jantar, ao mesmo tempo que fiquei aliviada, também
fiquei intrigada por ele não vir. Mas logo esqueci isso é continuei com a
rotina. Alessio e eu jantamos sozinhos, nem o Senhor Ricardo nos
acompanhou.

Após colocar Alessio na cama aquela noite, decidi sair da casa e sentar
em um dos bancos do jardim. A noite estava fria, mas não me importei,
apertei o casaco sobre o corpo e escondi as mãos no bolso. Pensei o que o
padre me falou, sobre a sorte que tive em me tornar esposa dele. Talvez ele
tenha razão, minha situação poderia ser pior.

Assustei-me ao perceber um vulto, mas logo reconheci o homem sob a


luz cálida da noite, era o Senhor Matteo.

— Ora! Ora! Quem encontrei aqui, a noiva do chefão.

Nitidamente percebi sua voz pastosa, parecia que estava bêbado. Para
meu espanto maior, ele praticamente desabou do meu lado no banco, senti o
cheiro forte do whiskey e de fato era o que ele estava bebendo, pois, havia
uma garrafa já pela metade em sua mão. Ele virou a garrafa no gargalo e
bebeu mais um pouco, fez uma careta balançado a cabeça de uma lado para o
outro. Naquele momento, decidi ir embora, não era boa ideia ficar sentada ao
lado dele à noite, quase na penumbra e ainda por cima com ele nesse estado.
Fiz menção de levantar, mas fui impedida pela mão dele que me segurou no
pulso.

— Senta aí, agora entendo tudo, não me dava bola porque estava dando
para o chefão né?
— Senhor Matteo, não sei sobre o que está falando, me solta por favor,
está me machucando.

Ele riu cínico e não me soltou, pelo contrário, me agarrou e me


prendeu com seu corpo no banco.

— As mulheres são todas iguais, umas piranhas que se deixam levar


pela oferta maior, até a freira puritana. Mas se pensa que não vou tirar uma
lasca também, está enganada, piranha, se dá para o chefe, dará para mim
também.

Com isso ele tentou me beijar, então desviei o rosto e tentei de todas as
maneiras me soltar, mas mesmo estando alterado pela bebida uma mulher não
consegue encontrar forças para se livrar do aperto de um homem e isso me
deixava revoltada. Então usei as palavras:

— Por Deus! Me solta, eu não sou um objeto sexual.


— Você é uma vagabunda, só pensa em ter vantagens, usou essa sua
beleza para seduzir o chefe e pegar o peixe maior.
— Me solta seu maldito!

O mordi no anti braço com toda a força, ele gritou e me soltou, naquele
momento, o senti sendo puxado com força de cima de mim e lançado longe,
olhei aterrorizada para o Maximus, ele parecia completamente alterado pela
fúria. Sem piedade, avançou sobre o Senhor Matteo e começou a espancar-
lo. O homem tentou se defender e os dois começaram a brigar. A cada golpe
que Maximus deferia em seu rosto eu ouvia seus ossos quebrando e me
encolhi no banco. O senhor Matteo tentava acetar o outro, mas não
conseguia, talvez por causa de seu estado de embriaguez. A violência da luta
era tanta que em um determinado momento, os dois praticamente caíram em
cima de mim no banco, levantei-me e corri até a parede colocando as mãos
no ouvido e comecei a gritar por socorro.

Nesse meio tempo o Senhor Riccardo apareceu acompanhado de


outros homens, mas não teve tempo para nada, apenas o som de uma disparo
se ouviu. Eu olhava horrorizada para os corpos no chão.
Capítulo 14

Clara

Meu corpo estava paralisado de medo, minha respiração suspensa pelo


que acontecia a minha frente. Me encolhi, meu coração batia forte contra a
caixa torácica, minha boca estava seca. Vi a silhueta enorme do Maximus
sobre o Matteo, seu corpo grande, coberto por um sobretudo preto, ergueu-se
rápido, aos meus olhos, parecia um anjo da morte e de fato era. Percebi em
choque que o Sr. Matteo contorcia-se, ele havia sido atingido pelo tiro. O
terror encheu-me, quando Maximus mirou a arma na direção da cabeça do
outro e sem piedade, disparou uma sequência de tiros. A cada estrondo eu me
encolhia contra a parede e fechei os olhos. Eram tantos disparos que pareciam
não ter fim. Até que ouço a voz do Riccardo gritando.

— Acabou Maximus, ele está morto.

Maximus parou de atirar, eu não conseguia abrir os olhos e nem sair da


minha posição encolhida. O silêncio que se seguiu me fez ter coragem de
abri-los lentamente. Em meio a névoa das lágrimas que se formaram em
meus olhos, vi a figura alta do Maximus e junto dele o Sr. Riccardo. No chão,
estendido o corpo do Sr. Matteo, sem vida, irreconhecível, o rosto
completamente desfigurado. Liberei um grito de pavor. Maximus voltou-se
para mim e me olhou diretamente. Senti o impacto de seu olhar fulminante
sobre mim. Meu lábio inferior tremeu pelo medo, os batimentos cardíacos
estavam tão rápidos que pensei que cada batida se juntava a outra é
certamente meu coração pararia.

Maximus, moveu-se e entregou a arma para Riccardo, praticamente


jogando em cima dele.

— Tire esse maledetto da minha propriedade.

Assim, ele voltou-se para mim, andou a passos firmes, eu paralisei,


minha respiração acelerou, pensei em correr, mas não conseguia ter reação, o
rosto dele era uma transfiguração do demônio e toda sua ira caiu sobre mim.
Movi minha cabeça de um lado para o outro em negativa e tentei me afastar,
mas ele me agarrou no pulso e me puxou, sem dizer absolutamente nada,
somente ouvia a sua respiração forte, suas narinas flamejavam parecia que
soltava fogo pelas ventas.

Tropecei em minhas próprias pernas enquanto era arrastada pelo


Maximus, meu pulso onde sua mão apertava como garras, latejava de dor. Ele
me puxou como se eu fosse uma boneca de pano. As lágrimas frescas
inundavam meu rosto, não conseguia emitir nenhum som, minha garganta
parecia fechada, somente soluços de angústia e pavor escapavam.

Maximus subiu as escadas e ao chegarmos no corredor, seguimos para


a direção oposta ao meu quanto. Quando me dei conta de que ele me levava
para seu próprio dormitório, entrei em pânico e tentei me livrar do aperto. No
entanto, todo o meu esforço somente servia para me causa mais dor física.
Ele abriu a porta e me jogou para dentro, quase caí, mas consegui me
equilibrar. O estrondo da porta sendo fechada me fez soltar. Maximus a
trancou. Ele ficou de costas para mim por alguns segundos, aparentava está
tentando se controlar, via as mãos dele abrindo e fechando e a respiração
acelerada. Vaguei os olhos em volta rapidamente, o quarto era enorme, com
cores sombrias entre cinza escuro e preto, havia uma cama bem arrumada. O
cômodo se dividia em vários ambientes luxuosos e até tinha um bar com
variados tipos de bebidas. Estava na cova do leão, ou melhor, nos aposentos
do demônio.

Meu sangue gelou quando ele virou para mim. Seus olhos pareciam
duas chamas incandescentes, ele não piscava, suas pupilas delatadas pareciam
vidradas. Com um gesto brusco ele tirou o sobretudo, o lançou longe, a
próxima peça foi o terno e em seguida a gravata que foi arrancada com
violência e lançada no chão. Enquanto ele se despia, não desviava os olhos do
meu rosto. Eu também o encarava apavorada, precisava ter coragem para lhe
pedir que me deixasse ir para meu quarto, mas a voz não saia tamanho era
meu medo. Quando ele começou desatar o cinto, a intenção dele ficou claro
para mim, então sussurrei.

— Não!
— Tira a roupa! — ele ordenou seco.
— Não, por favor, Sr.Ferrara — solucei ao falar.

A fúria que ele estava tentando segurar explodiu. Com gesto brusco,
puxou o cinto e jogou longe. Avançou sobre mim como um furacão, me
segurou pelos dois braços me puxando para junto do seu corpo. Sua boca
encostou na minha e ele perguntou entre os dentes, a voz uma corrente de
ódio.

— Até onde ele chegou?


— Ele-ele não fez nada, o senhor chegou a tempo.

Seus lábios apossaram-se dos meus, esmagado-os, possuindo-os de


maneira arrebatadora, perdi o fôlego e segurei em seus ombros desnudos.
Minhas mãos em contato com sua pele quente me fez acender como uma
tocha humana. Não queria sentir aquilo, mas meu corpo despertou em um
desejo louco, uma ânsia de senti-lo, saborear seu gosto. Minha pele arrepiou-
se e meus mamilos enrijeceram. Enquanto me beijava, ele tirou meu casaco,
levou as mãos para trás do meu vestido e deslizou o zíper. A peça escorregou
me deixando apenas com as roupas íntimas. Não sei como, mas em pouco
tempo estávamos deitados na cama. Com urgência, ele se livrou do resto das
roupas e dos sapatos, ficando completamente nu.

Um turbilhão de sentimentos me deixavam confusa, não sabia o que


estava fazendo, ele havia matado um
homem. Deus! O que está acontecendo comigo? Aquela paixão
assustou-me, provocando um tremor de medo. A paixão ardente espelhada
em seus olhos me deixaram apavorada mas, ao mesmo tempo me excitava.
Recuei quando os braços dele se estendeu, rodeando-me o pescoço, puxando-
me para mais perto. Assustada, supliquei quase inaudível, mas suficiente para
ele entender.

— Por favor, não faz isso.

Suas mãos em meu pescoço apertaram, sua boca sussurrou em meu


ouvido com uma voz rouca e crua lançando arrepios de desejo e medo por
todo meu corpo.

— Você é minha, a farei minha, minha mulher, minha amante, minha


propriedade.

A intensidade com que ele falava aquelas palavras de posse me


deixaram muda, não conseguia expelir palavra nenhuma. A boca dele
deslizou em meu pescoço, o toque de seus lábios em minha pele, perpassou-
me como raio, deixando-me sem fôlego. Fechei os olhos e me deixei levar
por todos aqueles sentimentos desconhecidos, para o nível mais baixo, mais
primitivo. Era o instinto puro, onde homem e mulher se deixam sucumbir
pelo desejo carnal. Era pecado Deus! Pecado! Aquelas palavras latejavam em
minha mente, mas não sabia como não pecar, eu queria pecar? Não tinha uma
reposta, estava perdida nos sentimentos conflitantes.

Sua boca deslizou pelo meu ombro e desceu a alça do meu sutiã,
praticamente ele os arrancou do meu corpo, assustei-me e abri os olhos e um
suspiro profundo saiu da minha garganta ao sentir sua boca apossando-se de
um dos meus seios, a outra mão, massageava com sofreguidão o outro. Eu
não poderia permitir isso, precisava fazê-lo parar.

— Senhor Ferrara... — minha voz saiu mais como um gemido.

Ele levantou a cabeça e me apertou com muita violência, ele rosnou


contra meu rosto.

— Maximus Caralho, meu nome é Maximus, sou seu homem, a farei


minha mulher, tomarei sua buceta e nada me impedirá. Eu quero que fale
meu nome, que grite meu nome quando estiver te possuindo.

Assim ele reiniciou sua posse, podia sentir toda sua masculinidade
contra a minha pele, eu não conseguia encontrar forças para impedi-lo, eu não
sei se queria encontrar forças, eu não sei de nada, qualquer pensamento
racional se perdeu quando ele desceu sua boca entre as minhas pernas,
traçando um caminho de beijos até meu sexo que ainda estava com a
calcinha. Suspirei fundo quando ele a arrancou do meu corpo com um puxão,
o tecido se rasgou como se fosse uma peça de papel.

— Belíssima — Ele sussurrou contra a minha abertura.

A língua quente dele, deslizou entre a fenda, eu fiquei perdida, meu


coração parecia que sairia pela boca, tentei fechar as pernas, mas ele segurou
minhas coxas e deliciou-se do meu ponto mais íntimo. Eu estava muito
molhada, meus fluidos misturavam-se a saliva dele e a língua escorregava
facilmente. Eu estava assustada com a intensidade de tudo aquilo, ao mesmo
tempo que queria, também não queria.

Senti seus dedos escorregarem massageando um ponto extremamente


sensível da minha anatomia íntima, o pontinho latejava, eu arregalei os olhos
e liberei um gemido estrangulado, os olhos dele me encarando com desejo
ardente.

— Esperei tempo demais, Cara mia, não esperarei nenhum minuto


mais. Quero você demais, demais...
Sendo assim, ele alojou-se em cima de mim e me forçou a abrir as
pernas, senti sua ereção escorregar na minha vagina e entrei em pânico.
Comecei a me debater o empurrando. Ele segurou meus pulsos contra o
colchão com violência, porém a maneira que falou comigo, foi brandamente,
como se quisesse me acalmar.

— Fica quietinha, amore, não quero te machucar, não me faça


machucar você. Essa é sua primeira vez e será doloroso, mas prometo que
serei gentil. Eu tentarei ser gentil, porém estou muito desejoso de você.

Aquelas palavras não me acalmaram, porém, o beijo que ele me deu,


eliminou qualquer vestígio de medo e insegurança. A força feroz daquele
beijo, apoderou-se da minha mente e corpo. Me reduziu ao puro desejo físico,
nada mais.

Pernas fortes voltaram a se enfiarem entre as minhas. Senti a pressão


de seu pênis pressionar minha carne entre as minhas coxas, havia chegado o
momento, ele me tomará e roubará minha inocência para sempre. As mãos
dele percorreram meu corpo, buscando, acariciando-me, deixando-me
embriagada pelo desejo.

Mãos firmes apertaram meus quadris, dedos rijos enterraram-se em


minhas nádegas. Em um movimento forte e decidido, ele me elevou
ligeiramente, posicionou-se no ponto certo e mergulhou seu músculo ereto
rompendo a película fina de minha pureza. Gritei estrangulado e apertei os
olhos, mas ele prendeu meu grito em sua própria boca ao selar meus lábios
com os dele. As lágrimas minaram meus olhos e escorreram pela lateral, eu
não conseguia controlar. Quando ele estava todo dentro de mim, começou a
se movimentar, no início suave, deixando meus músculos acostumarem-se
com seu comprometimento robusto. A dor era latente, ardia e queimava, mas
ele não liberava a minha boca e nem soltava meus pulsos, então só saia um
som de angústia abafado vindo da garganta.

A medida que ele me penetrava e me alargava, fazendo que o pênis


deslizasse mais facilmente, ele acelerou os movimentos, todo seu controle e
cuidado esvaiu-se, a cada penetração ele rosnava entre meus lábios:

— Minha.

Mais uma penetração forte e violenta.

— Minha.

O ritmo foi aumentando, tornando-se mais forte, mais rápido e mais


violento. A cada investida ele repetia que eu era dele.

A dor, o desejo, o fogo, a paixão, a posse, o desconhecido, tudo isso


me deixaram em um rodamoinho de sentimentos, meu corpo estava à deriva
de sua posse, não tinha mais controle sobre ele. Agora tudo o pertencia,
minha vida, minha alma, minha inocência e minha existência. Ele não parava
um minuto de me possuir, falava várias palavras em italiano enquanto
mergulhava cada vez mais fundo em meu canal vaginal.

Em um momento, mergulhei em uma escuridão, como se eu tivesse


saído do meu corpo, algo poderoso aconteceu, como vindo em ondas
revoltas, senti minha vagina contrai-se e um prazer desconhecido para mim,
atingiu-me, sem que eu pudesse controlar, gritei o nome dele, tremendo
enquanto contraia todo meu corpo, nunca senti nada igual, até a dor se
dissipou e somente aquela sensação dominava.

O poder primitivo da paixão o dominou também é ele parou por um


instante, senti seus músculos ficarem rígidos, com grito áspero ele desalojou
o pênis dentro de mim e deixou que seu corpo cedesse a força do desejo.
Senti um líquido quente bater entre minhas coxas internas, o ápice da paixão
se derramava em jatos fortes. O homem falava meu nome em um grito rouco,
por várias vezes.

Nossos gemidos mesclavam-se até que ele me abraçou e assim


ficamos, respiração com respiração, suor com suor, o oblívio da harmonia
perfeita. O ritmo dos nossos corações e respiração foram diminuindo. Eu não
sei quanto tempo havia levado para que a devastação total dos meus sentidos
recuassem. Ainda estava entorpecida demais e sem forças para abrir os olhos,
mas a realidade do que havia acontecido me atingiu gradativamente me
fazendo arder de vergonha. Senti o Maximus rolar o corpo pesado de cima de
mim e se esticar do meu lado na cama.

Ouvi o suspiro dele profundo e satisfeito, mas mesclado com um fio


sombrio de sorriso áspero. Aquilo me inquietou, me virei de costas para ele e
me encolhi em forma de concha. Senti que ele se moveu me abraçou,
mergulhou seu rosto entre meus cabelos que aquela altura, estavam soltos e
bagunçados.

— Você foi incrível Bella mia.


Estremeci, naquele momento tudo que eu queria era ficar sozinha, não
acreditava que havia acontecido. No entanto, os planos dele era diferente, ele
seguiu me beijando e passando a mão em meu corpo. Minha intimidade
estava dolorida e sensível, era inegável que tudo ocorreu. A culpa e a
vergonha, eram os únicos sentimentos naquele instante.

— Você está bem?

Não, eu não estava, as lágrimas saíram forte, balançando todo meu


corpo. Maximus abraçou-me tentando me acalentar e falou carinhoso.

— Não queria que fosse assim, estava disposto a tê-la depois do


casamento, mas diante das circunstâncias perdi o controle. Contudo, não me
arrependi, você é uma delícia.

Me afastei dele, indignada. Então perdendo a paciência, ele me virou


para o lado dele e perguntou com raiva.

— O que há com você?


— Você matou um homem — disse baixo entre soluços de desespero.
— Matei e matarei qualquer ser vivente que se aproximar de você, que
encostar em você.
— Não!
— Sim, você é minha mulher agora, a mulher de um mafioso, vai
acostumando-se com o título. Além
do mais essa buceta é minha para me proporcionar prazer e quero mais
de você, freirinha.
Sendo assim, ele subiu em cima de mim e reiniciou sua posse. Dessa
vez ele não foi nem um pouco gentil.

***

Não fazia ideia quanto tempo havia se passado, a única certeza que
tinha era que precisava sair daquele quarto, não me importava para aonde iria,
só quero me afastar, andar, sumir. Olhei para ele que dormia profundamente,
um sorriso de satisfação desenhado em seu rosto.

Com o máximo cuidado, levantei-me da cama, meu corpo estava


dolorido e fiz uma expressão de dor, contudo, não havia tempo a perder com
lamentações, precisava ir embora. Busquei minhas roupas com os olhos,
avistei-as espalhadas no chão. Peguei as peças e cobri meu corpo. As roupas
íntimas não estavam a vista, mas não me importei. Procurei meus sapatos e os
calcei. Pé ante pé, segui até a porta e girei a chave cuidadosamente, um click
pronto, abri e saí sem olhar para trás. Desci as escadas, a casa estava escura,
somente iluminada com luzes discretas. Ao chegar em baixo andei até a porta
da saída, abri e percebi naquele momento que um verdadeiro dilúvio
acontecia. Não me importei, como uma sonâmbula, andei sem destino e logo
uma rajada de chuva e vento atingiu meu corpo me deixando completamente
encharcada. Abracei-me e andei em maio ao dilúvio. A chuva estava tão forte
que não conseguia enxergar nada claramente.

Minha mente não parava de pensar sobre o que havia acontecido, após
me possuir mais uma vez, sem carinho, ele me levou para o chuveiro e me fez
tomar banho junto com ele. Ao mesmo tempo, ele me encostou no vidro do
boxe e de novo me teve. Meu corpo oscilava entre prazer e dor, mas mesmo
assim me sentia culpada e me recriminava por ter sentido e cedido ao desejo
da carne, eu havia sucumbido ao demônio, não consegui lutar contra ele.

Sem perceber, cheguei até a saída, observei que o portão estava aberto,
mas não havia ninguém por perto. A chuva ainda caia muito forte e os
trovões rompiam no firmamento. Continuei andando sem destino, as lágrimas
inundavam meu rosto mesclando-se com a água da chuva. Atravessei o
portão e continuar caminhando. A rua era íngreme, descia com os meus pés
mergulhados na correnteza da água que escorria pela rua abaixo. As grandes
árvores que ladeavam os dois lados da rua, balançam suas folhas a força do
vendo. Aquela noite assemelhava-se comigo mesma, com todos os
sentimentos que me perturbavam.

De repente, uma rajada de vento muito forte e um raio que rasgou o


céu, atingiu uma árvore, o galho soltou-se, iria cair sobre mim se eu não me
jogasse para o lado, mas assim que o fiz, não tinha ideia que havia uma
declinação após o pavimento. Escorregando na lama, desequilibrei e caí, rolei
junto com a água e lama. Parei quando bati em algo pedregoso, parecia ser
uma rocha. Olhei para o céu e a chuva caia sem piedade, senti uma dor
latente na fronte da minha cabeça. Fechei os olhos e me entreguei.
Capítulo 15

Clara

A chuva implacável ainda caia sem parar. Me movi devagar colocando


a mão na testa. Pressiono o ponto dolorido e contorço a face de dor. Não
havia passado muito tempo desde a queda até agora, talvez alguns minutos.
Nem ao menos perdi a consciência, somente fiquei de olhos fechados
tentando raciocinar o que tinha acontecido. Precisava sair desse lugar para
buscar ajuda. Não tenho ideia dos danos caudados pela queda, mas sinto todo
meu corpo dolorido.

Espalmei as mãos na rocha que havia segurado meu corpo e usei como
apoio para tentar sentar. Assim que consegui, apoiei as costas na pedra e
comecei avaliar meu corpo. Olhei para os braços e percebi que o tecido do
casaco havia se rasgado em algumas regiões, as pernas que estavam expostas,
sofreram algumas escoriações. Aparentemente não tinha nenhum osso
quebrado. Naquele momento, a chuva começou a diminuir de intensidade.

As rajadas de vento me atingiam me fazendo sentir frio, me encolhi


tentando encontrar uma saída. Estava muito escuro ainda e quase não
conseguia enxergar nada, mas necessitava olhar em volta para avaliar onde
me encontrava. Assim, apoiei na rocha para me segurar e me erguer. Senti
uma pequena vertigem e fechei os olhos. Fiquei parada até aquela sensação
dissipar-se e abri as pálpebras novamente. Enxerguei além da pedra
iluminação, parecia uma estrada. Olhei para baixo e percebi que já estava no
final da descida. Então, segurando em alguns galhos de vegetação, desci o
restante da ribanceira.

A chuva já não era tão intensa, agora era apenas uma garoa, porém, o
vento e meu corpo molhado, me faziam sentir muito frio. Andei alguns
metros e cheguei na estrada pavimentada. Verifiquei de um lado para o outro
antes de descer e seguir para a esquerda. Observei a iluminação das casas
naquela direção, será lá que pedirei ajuda. Iniciei a caminhada tremendo de
frio, com muita dor e o corpo coberto pela lama, mas não podia me lamentar
agora, meu único pensamento era tentar encontrar abrigo antes de sucumbir
de vez.

Depois de andar aproximadamente, dez minutos, exausta, com frio e


machucada, as lágrimas de angústia começaram a descer. Aquela autora a
chuva já havia parado definitivamente. Me sentia muito debilitada e parei
para descasar. Não consegui me manter de pé, sentei na margem da estrada.
Depois de algum tempo, avistei a luz de um farol, era um veículo. Com
dificuldade, levantei-me e acenei, rezando a Deus que parece. Para meu
alívio, a caminhonete parou no acostamento. Sem pensar muito, fui até o
carro, a janela abriu-se revelando um Senhor de cabelo grisalho no volante.

— Por favor, me ajuda.

O homem falou algo em Italiano antes de abrir a porta da caminhonete.


Notei também que tinha uma senhora no bando do carona. Ela rapidamente
desceu do veículo já com um cobertor e cobrou meu corpo. Eles falavam em
italiano, eu não conseguia entender, mas me sentia grata pela ajuda.

— Eu sou Inglesa.
— Vamos levá-la para o hospital — O senhor avisou em Inglês.
— Não, não, me leva para o convento, eu quero ir para o convento.
— Convento?
— Sim, por favor, eu quero voltar para o convento.

Os dois se entreolharam por um instante, mas logo começaram a agir.


A mulher me segurou pelos ombros me ajudando entrar na caminhonete no
banco de trás. Em seguida, ambos entraram no carro e guiaram rapidamente.
Eles conversavam em Italiano entre eles. Só entendi uma única palavra. Eles
falavam ospedale, eu não queria ir para o hospital, então insisti:

— Não quero ir para o hospital, mas o convento, sou uma noviça,


apenas me leva para lá.
— Que convento?
— Qualquer um, por favor.

Os dois ponderaram o meu pedido e começaram a discutir alguma


coisa que não entendi. Apenas fechei os olhos e me deixei levar pela
exaustão.

Não sei quanto tempo se passou, dormir e fui acordado por pessoas que
não conhecia. Olhei em volta e percebi que estava em um local grande, já
havia amanhecido e vi entre a névoa do cansaço físico um rosto de anjo, ela
usava um hábito das freiras e falava comigo carinhosamente.
— Nós vamos cuidar de você.

Me deixei levar, não tinha forças, percebi que estava com o corpo
muito quente, talvez tinha febre, não sei, porém, me senti acolhida e
protegida ali.

Às horas seguintes, as bondosas freiras cuidaram de mim, limparam


meus machucados, medicaram e me deram uma sopa quentinha para comer.
Percebi que o lugar que estava parecia um hospital, talvez seja o hospital do
convento. Após me alimentar, fui colocada em uma cama.

Os dias foram passando e eu fiquei muito doente, tive uma pneumonia


grave. Durante minha enfermidade, delirei, falava coisas incompreensíveis,
desconexas, mas chamava sempre por um nome.

— Maximus.
— Ela está delirando, a febre está muito alta e nenhum medicamento
faz efeito. Vamos rezar para que ela consiga sair dessa — alguém falou.
— Maximus — Movi a cabeça de uma lado para o outro.
— Calma, você ficará bem e a levaremos para o Maximus.
— Não! — Exclamei apavorada.
— Shiii! Tudo ficará bem minha querida, tudo ficará bem.

Aquela voz era tão doce e me acalmava. Acabei dormindo. Em meus


sonhos, via o pequeno Alessio correndo pelo jardim, ele estava feliz,
sorridente. Mas de repente, vi uma sombra escura pairar sobre ele, o menino
gritou de pavor e caiu no chão contorcendo o pequeno corpinho de dor e
sofrimento, podia sentir que ele também se encontrava doente, escutava meu
nome sair de seus lábios infantis.

— Clara, Clara.
— Alessio — sussurrei delirando.

Som de tiros estrondosos, aterrorizante, a morte, medo, angústia. Tudo


era uma distorção em minha cabeça. A escuridão dominou-me.

O calor envolveu meu corpo como um pesado cobertor. Os raios de sol


me banhava, o som de passarinhos cantando anunciando mais uma manhã,
entrou em meus ouvidos. Abri os olhos lentamente, e olhei para o teto por
alguns minutos. Logo uma voz doce e calma que já conhecia falou do meu
lado.

— Bom dia!

Virei meu rosto e me deparei com uma freira sorridente, somente seu
rosto estava visível. Ela usava o hábito e o véu negro com a borda branca.

— Olá, sou a irmã Liz, enfermeira no hospital do convento


Franciscano da ordem secular. Como se sente?
— Perdida.
— Esteve muito doente e ainda está convalescendo, mas já não corre
risco de vida.
— Estou na Inglaterra? Você é Inglesa?
— Sim, sou Inglesa como você, mas não estamos na Inglaterra e sim
na Itália, eu sirvo ao convento a muitos anos.
— A quanto tempo estou aqui?
— Duas semanas, você foi resgatado na estrada por um casal que
estava de passagem. Teve sorte por serem pessoas boas.
— Gostaria de agradecê-los.
— Eles ligam todos os dias para perguntar sobre você.

Naquele momento, uma outra freira entrou no quarto e logo percebi


pela vestimenta que era a Madre superiora, fiquei rígida, mas a mulher, assim
como a outra, me encarou com ternura.

— Então voltou para nós.


— Essa é nossa Madre superiora, Ângela.
— Sua benção!
— Deus te abençoe minha querida.

Deu-se uma pausa e a madre sentou-se em uma cadeira próximo à


cama. Eu também sentei na cama, ajudada pela irmã Liz e encostei nos
travesseiros que ela colocou atrás das minhas costas. Em seguida a madre
superiora falou:

— Você chegou aqui muito debilitado, com muitas escoriações, um


machucado na testa e em estado febril que logo evoluiu para uma pneumonia.
Não descobríamos nada sobre você, nem ao menos seu nome, não
encontramos nenhuma documentação. Ainda não comunicamos seu caso as
autoridades civis e nem ao Clero da Igreja, apenas cuidamos para salvar sua
vida. Mas agora, temos que saber sobre sua história, o que sucedeu-se. Você
consegue lembrar de alguma coisa?
— Sim, meu nome é Clara, sou Inglesa.
— Clara, lindo nome. Sente-se confiante para contar sua história?
Durante seus delírios, chamou por um nome, Maximus.

Fiquei tensa e imediatamente olhei para a mão direita a procura do anel


de noivado. Observado meu movimento, imã Liz comunicou:

— Tiramos o seu anel para não danifica-lo ou perdê-lo, você perdeu


peso e ele ficou um pouco largo. Mas aqui está.

Ela colocou a mão dentro do bolso e tirou o anel, estendeu a joia em


minha direção que brilhava intensamente.

Todas as coisas que ele fez comigo, vieram a tona em minha mente e
para meu horror, aquelas cenas fizeram meu corpo reagir de maneira
vergonhosa. Minha pele arrepiou-se e meus mamilos enrijeceram, minha
intimidade latejou e meu rosto aqueceu-se, com certeza fiquei vermelha com
todos a quelas sensações pecaminosas. Desviei os olhos da joia cheia de
vergonha e falei baixo.

— Não quero isso.


— Maximus é seu noivo, vocês brigaram?
— Não! — falei rápido olhando para a irmã Liz que havia feito a
pergunta — Eu-eu não quero falar sobre ele — continuei — apenas tira essa
joia daqui, faça o que quiser com ela, venda e dê o dinheiro para a caridade.

Percebi que a Madre superiora suspirou profundo antes de falar:

— Clara, eu sei que sua situação é delicada, mas precisamos esclarecer


algumas coisas para que possamos conduzir seu caso. Se não quer falar sobre
essa pessoa, entendemos, mas nos diga o que você quer nesse momento, se há
outros parentes...

— Não — Cortei a fala da Madre Superiora — a única coisa que peço


é que me deixe ficar aqui, eu não quero que ele me encontre, não relate meu
caso para nenhuma autoridade, por favor.

Um silêncio pesado pairou no ar até que foi cortado pela Madre


superiora.

— O que a fez nos procurar, Clara? O casal que a trouxe disse que
você pediu o tempo todo que a trouxesse para o convento ao invés de um
hospital. Além do mais, eles falaram que você disse que era uma noviça.

Suspirei fundo e decidi contar uma parte da história. Nos minutos


seguintes relatei minha vida desde o convento na Inglaterra até a minha
chegada na Itália. Apenas omiti toda minha situação com o Maximus.
Também não revelei quem ele era e as circunstâncias do acidente. Somente
contei que tinha vindo para Itália para ser babá de uma criança de família
rica.

— Então é essa a minha história — finalizei.


— Durante seu adoecimento, algumas vezes, chamou pelo nome
Alessio, era o menino que tomava conta?
— Sim.
— Muito bem! Nós vamos continuar te acolhendo aqui até sua
recuperação, assim que estiver curada, a decisão que tomar será apoiada por
nós.

— Obrigada!
— Por agora, deixo-a aos cuidados da irmã Liz.

A madre levantou-se e aproximou-se de mim, fez o sinal da cruz em


minha testa e saiu do quarto. A irmã Liz, sorriu cordialmente e iniciou meus
cuidados.

Os dias foram passando e eu me fortalecendo cada vez mais. Todas as


irmãs eram cuidadosas comigo, conheci uma por uma e todas eram gentis. O
casal que tinha me resgatado vieram para me visitar, eles disseram que não
eram daquela região e só estavam de passagem. Foi sorte ter me encontrado.

Em pouco tempo ganhei de volta o peso que havia perdido e já não


aparentava tão abatida, os machucados sararam e meus pulmões se recuperam
completamente, por isso pude sair do leito. Acabei me envolvendo na rotina
do convento, ajudando com as tarefas. Me senti muito acolhida entre elas,
diferente do convento Santa Tereza. Passei a dormir com as noviças. Irmã Liz
era que mais me ajudava e também uma das noviças que se chamava
Donatella, nós dormíamos no mesmo beliche, ela em cima e eu embaixo e
passamos ser amigas. Ela estava aprendendo Inglês, então acabamos fazendo
uma troca, eu a ajudava com o Inglês e ela me
ajudava com o Italiano.

Minha vida parecia perfeita exceto por uma coisa, a falta que ele fazia,
chorava toda noite com saudades do Alessio, e sim, sentia a falta dele. Orava
a Deus fervorosamente para tirar aquele sentimento do meu coração, eu não
queria sentir aquilo, mas a medida que o tempo passava, maior era aquele
sentimento, ele me corroía por dentro, como uma doença maligna. Não
consigo identificá-lo, na verdade, não consigo denomina-lo, não sabia se era
desejo, atração, paixão, amor... Não, não, negava veementemente que poderia
sentir aquilo por ele.

O sofrimento da alma era uma das minhas maiores tormentas e para


suportar aquela dor, me entreguei para a caridade junto com as irmãs e
noviças. O convento Franciscano da ordem secular, trabalhava diretamente
com a população de rua, pessoas desamparadas, vítimas de violência,
principalmente mulheres, cuidávamos de todos com carinho e dedicação. Só
esses momentos eu conseguia esquecê-lo um pouco, entretanto, na calada da
noite, pensava nele e no Alessio. Meu coração sangrava em pensar no
menino, era como se um pedaço desse órgão tivesse sido arrancado, sentia
que ele não estava bem, ouvia sua voz infantil me chamado, ele chama por
mim. Mais uma noite dormi chorando.

Em uma das manhãs, decidi falar com a Madre superior, havia tomado
uma decisão.

— Madre, eu gostaria muito de me confessar com a senhora.


— Essa é uma confissão penitencial ou apenas uma conversa de amiga
para amiga? Se for penitencial, somente com o padre, sabe disso, não?
— Não é uma penitência, mas quero compartilhar algo com a Senhora
e lhe fazer um pedido.
— Sou todo ouvidos.
— Como já contei, pretendia entrar para a ordem quando saí do
convento Santa Tereza. Esse desejo ainda permanece, gostaria que acolhesse
meu pedido para entrar na ordem Franciscana secular.

Pausei por um instante e olhei para as minhas mãos que contorcia-se de


nervosa em meu colo. Levantei o rosto para a Madre, ela apenas me
observava, com toda a calma esperando o que tinha para falar.

— No entanto, eu fui noiva, do pai do menino que tomei conta e... —


apertei os lábios um no outro, era difícil falar aquilo, mas precisava — nós
tivemos uma relação carnal.

Parei de falar e desviei os olhos, envergonhada. A voz da madre calma


e serena penetrou em meus ouvidos.

— Você ama seu noivo?

Amava? Não sei, mas se há esse sentimento dentro de mim, reprimirei,


não viverei com um monstro assassino.

— Eu não quero amá-lo, por isso lhe imploro, aceita meu pedido para
me tornar freira, por favor.
— Minha querida, se é seu desejo de coração você pode iniciar seu
noviciado, na verdade, acho que já pode entrar na leva da primeira fase e
fazer os votos temporários junto com as outras noviças na próxima ordenação
que será em breve. Assim, você será uma freira, mas sem o compromisso
final, por isso não precisará cortar os cabelos se não desejar e ter mais tempo
para pensar se é isso que quer mesmo até seus votos finais. No entanto,
receberá o hábito, o véu e será chamada de irmã.
— Seria maravilhoso — falei animada.

— Contudo, tenha em mente que essa é uma decisão muito séria,


mesmo que não seja definitiva. Você está preparada para fazer os votos,
abdicar da sua vida em prol do outro, viver enclausurada, fazer o voto de
castidade e o mais importante, ser fiel a Deus?

— Sim.
— Então assim seja.

Um mês depois do meu resgate, fui ordenada freira em uma cerimônia


religiosa na capela do convento. Essa não era a decisão final, como disse a
Madre, contudo, recebi uma aliança de tucum, simbolizando o meu
compromisso com Jesus e com a ordem franciscana. As vestes das freiras,
hábito e véu. Por último, ganhei a cruz para o pescoço e o terço. As outras
irmãs, puseram a touca branca sobre minha cabeça, escondendo meus cabelos
e logo em seguida o véu preto. Me senti realizada. Porém, uma inquietude
sondava meu coração.

Uma semana depois da minha ordenação, a Madre superiora me


chamou na sala dela. Andei apreensiva pelo corredor. Bati de leve na porta e
ouvi a ordem para entrar. Suspirei fundo antes de adentrar o cômodo. Um
baque como um soco me atingiu, assim que me deparei com uma figura alta,
poderoso, assustador, vestido impecavelmente em um terno de três peças
preto e um sobretudo da mesma cor. Seus olhos diabólicos me percorreram
de cima a baixo até deterem-se capturando os meus. A fúria espelhada
naqueles olhos de aço, impiedoso. Tempo e espaço pararam, minha alma
parecia que havia fugido do corpo, de novo me encontrava de frente ao
demônio encarnado em forma de homem. Todo o meu corpo estremeceu.
Capítulo 16

Maximus

Manhã após o desaparecimento da Clara

Levou alguns segundos para despertar e lembrar a noite incrível que


tive com a minha freirinha. Desenho um sorriso de satisfação, uma sensação
agradável em meu corpo me fez despertar de vez. Meu pau já estava rígido e
meus testículos cheios novamente, doido para serem descarregados. Sem
demora virei-me para procurar minha noivinha e saciar meu apetite mais uma
vez. Estiquei os braços preguiçosos e não a senti. Levantei a cabeça
procurando por ela, não a vi. Pragueje, não acredito que ela saiu da cama para
rezar.

Olhei para o despertador na mesa de cabeceira para vericidade às


horas, são seis da manhã, ela tem o hábito de levantar cedo, no entanto, terá
que mudar isso, a partir de hoje se mudará para esse quarto e a quero todas as
manhãs, fará as orações com a boca no meu pau, isso sim.

Levantei rápido para procurá-la no banheiro, olhei em volta e ela não


estava ali. Peguei um roupão de seda negro, vesti e ateei o cinto. Ela só pode
ter ido para o quarto de hóspedes. Segui para lá, vaguei os olhos rapidamente
pelo cômodo e não a encontrei, comecei a emputecer. Verifiquei também no
banheiro, mas nada dela.

— Clara.

Nenhum sinal dela, Puta que Pariu! Será que ela está no quarto do
Alessio? Saio do cômodo como um furacão e vou para a do Alessio. Entrei
com cuidado para não acordar o garoto. Fui até a cama e observei meu filho
dormindo profundamente. Também procurei no banheiro, closet e nada.

Irritado, passei as mãos entre os cabelos. Decidi voltar para meu quarto
e trocar de roupa, ela tem que estar em algum lugar dessa casa.

Após me vesti, desci as escadas e me deparei com Riccardo.

— Onde está a Clara?


— Não está com você?
— Se estivesse não estaria perguntando, Caralho!
— Calma aí Maximus, você a levou para seu quarto e desde então, não
a vi.

Com fúria, andei apressado até a cozinha, seguido pelo Riccardo, as


atividades da manhã já haviam começando e quando os empregados me
viram adentrar o cômodo como um furacão, ficaram assustados.

— Alguém viu a Clara?


— Não Senhor! — um dos empregados falou.
— Mas que Porra! O que está acontecendo nessa casa, ninguém viu
nada! — esbravejei.
— Maximus, olha as câmeras de segurança.

Virei-me para o Riccardo processo e o segurei pele colarinho.

— Está insinuando que ela saiu da casa?


— É o que parece ela não está em lugar nenhum.
— Se ela saiu sem que ninguém a visse, matarei os seguranças que
estavam na guarita e você será responsabilizado.
— Eu? Não estava nem aqui, cheguei agora pela manhã. Estava
resolvendo a morte do Matteo.
— Não me interessa Riccardo, se ela saiu de casa, houve uma falha no
sistema de vigilância.

Parei por um instante, Caralho! O Matteo era meu chefe de segurança,


alguma sabotagem ele deve ter feito ou simplesmente não fez o seu trabalho
direito justamente para me prejudicar. O infeliz estava de olho na minha
mulher, eu deveria ter matado o infeliz no dia que o vi com a Clara e Alessio,
mas não fiz e esse é o resultado, um traidor entre nós.

— O Matteo fez alguma coisa.


— Calma! Vamos olhar as câmeras. Estava chovendo muito ontem à
noite.

Seguimos para a sala de controle, mandei um dos seguranças que


fazem o monitoramento das câmeras, mostrar todos os vídeos da entrada da
casa. Ele foi passando até o momento que começou a chover, parecia um
dilúvio, mas mesmo assim as câmeras conseguiam captar tudo. Ele continuou
passando o filme até que vejo alguém saindo da casa. Era ela, mandei parar o
vídeo e rodar normalmente.

A vi andar na chuva pelo caminho da Saída. Mudei a câmera para a da


entrada, algumas horas antes dela sair da casa o portão foi aberto para que um
carro saísse. Riccardo se pronunciou.

— Era o meu carro, estávamos saindo com o corpo do Matteo, eu usei


meu próprio controle do portão para abrir-lo. Era hora da troca dos soldados.

O portão não foi fechado. Alguma coisa aconteceu para que não
fechassem o portão. Avancei o vídeo e por volta de três da manhã a
tempestade começou. Alguns minutos depois, vi a Clara saindo, quase não
dava para percebê-la, pois a chuva era muito forte, mas com certeza era ela.
— Eu vou matar todos esses seguranças incompententes.
— Maximus, calma, primeiro precisamos encontrar a Clara, pelo
horário que ela saiu até agora, já se passaram algumas horas, ela pode estar
ferida em algum lugar.

Aquela possibilidade dela estar ferida em algum lugar, me fez ficar


mais possesso. Cego pelo ódio, saí da sala de controle e caminhei até outra
porta, acionei a senha e a porta abriu-se. Dentro havia um arsenal de armas.
Peguei uma pistola e coloquei na cintura. Riccardo atrás de mim, sugeriu:

— Maximus, mande o helicóptero sobrevoar a área, ela não deve ter


ido muito longe sem dinheiro e a pé.
— Prenda os seguranças que estavam na guarita ontem a noite. Separe
outros e mande fazer uma varredura em toda essa área a procura dela. Solicite
o helicóptero também.

Segui a passos firmes para saída, Riccardo perguntou.

— Você vai aonde?


— Procurar por ela.

Ao passar pelo hall de entrada, vi Alessio no pé da escada, ele


perguntou sonolento.
— Vai aonde, Papa?
— Oi Filho, vou sair, volta para seu quarto.
— Cadê a Clara?
— Eu vou trazê-la de volta.
— Ela foi embora?
— Não, apenas saiu e se perdeu, mas logo a encontrarei.
— Quero ir junto.
— Não! Volta para seu quarto — ordenei sem paciência.
— Eu quero ir — ele bateu o pé birrento.

Peguei nos bracinhos dele com força e o sacudi.

— Moleque, faz o que eu estou mandando, Caralho!


— Calma Maximus.

Alessio começou a chorar. Eu o larguei e ele subiu as escadas em


prantos. Riccardo mandou a empregado segui-lo. Passei as mãos entre os fios
de cabelo, nervoso, eu estava a ponto de explodir.
— Maximus, nunca te vi assim, consegue resolver tudo com frieza, não
é dessa maneira que conseguirá resolver essa parada.
— Você é culpado, todos nessa casa são incompetentes e matarei um
por um se alguma coisa aconteceu a ela.

Parti em meu carro, estava furioso com todos, mas também com Clara,
como ela fez uma coisa dessas após a noite maravilhosa que tivemos? Eu sei
que ela sentiu prazer comigo e não foi apenas uma vez. Evidentemente que
ela ficou assustada pelo que aconteceu, a maneira como matei o Matteo, para
mim, matar alguém é algo corriqueiro, principalmente um Filho da Puta que a
estava molestando. Tenho ciência que para ela foi pavoroso, mas ainda assim,
sair de casa naquelas condições foi loucura. Ela tem que entender que agora é
mulher de um mafioso. Pretendia introduzi-la ao meu mundo sombrio, mas
não farei isso sutilmente, mostrarei para ela a verdade nua e crua.

Percorro todas as estradas a procura dela, enquanto isso, Riccardo me


mantém informado sobre o andamento das buscas. Algumas horas depois,
voltei para a propriedade, Riccardo tem novidades.

— Vasculhamos tudo, não há vestígio dela, se ela desceu a ribanceira


ou até caiu não há marcas, pois a chuva apagou qualquer sinal. Não
encontramos marcas de sangue, absolutamente nada.

— Não e possível que ela tenha desaparecido dessa maneira — estava


mais preocupado do que aborrecido.
— Evidentemente que ela recebeu algum tipo de ajuda.
— Está dizendo que alguém da minha confiança a ajudou? Algum
empregado? Seguranças?
— Acredito que não, pelo que parece foi tudo uma confidência e tem a
ver com a falha na segurança.
— Continua.
— Matteo tinha um plano essa noite, ele pretendia sequestrar o
Alessio.

Cerrei os dentes furioso e praguejei, Filho da Puta! Riccardo


continuou:

— Ele havia instruído para que os soldados da noite fossem


substituídos por dois que fariam o trabalho de sequestrar o Alessio. E a coisa
não termina por aí.

Riccardo pausou e suspirou forte. Lá vem a bomba.

— Matteo se juntou a ninguém menos que Dom Morelli.


— O avô do Alessio — conclui.
— Sim, e você já deve saber porque, ele descobriu o que aconteceu
com a Lorena.
— E o infeliz pretendia matar o próprio neto para me atingir.
— Sabe que Dom Morelli não tem escrúpulos, porém, acho que ele não
mataria o menino, mas o usaria de alguma maneira para te manipular.
— Então agora temos uma guerra para iniciar.
— Sim, o plano não deu certo porque você matou o Matteo antes. Os
homens que tinham sido contratados para o serviço, não concluíram e
fugiram deixaram a guarita, no entanto, o capturamos e eles falaram tudo.
Dom Morelli já está ciente que o plano dele foi desmascarado.
— Eu vou destruir o resto da decadente organização criminosa dele.
Os dias fora passando e a busca pela Clara não parou, paralelo a isso,
Alessio, na manhã seguinte ao desaparecimento da Clara, ficou muito doente,
o menino chamava por ela o tempo todo. O pediatra foi chamado, mas não foi
encontrado nenhuma patologia para seu estado. O médico concluiu que ele
estava sofrendo emocionalmente, provavelmente sentindo falta dela.

Foi um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo, estava em


meio a uma guerra sanguinária, o desaparecimento da Clara e a situação de
saúde do Alessio.

Três semanas depois, eu havia conseguido derrubar Dom Morelli,


meus soldados o mataram, não queria nem ter esse trabalho. Fora dias
sombrios, muito sangue derramado. Agora me dedicarei integralmente a
busca da Clara.

Ainda não tinha encontrado nenhuma pista sobre ela, porém Riccardo
me chamou a atenção para um fato.

— Ela pode ter ido para o convento Santa Tereza.


— Como se já mandei investigar cada aeroporto e rodoviária, ela não
saiu do país, além do mais, não tinha documentos.
— Ela pode ter ido de carona com alguém, sem a necessidade de
comprar passagens.

Várias coisas passaram em minha cabeça, tudo pode ter acontecido


com ela, pelas estradas até chegar a Inglaterra, se chegou até lá.
— Prepare tudo, partirei para a Inglaterra.

Antes de viajar, fui até o quarto do Alessio, ele estava tão debilitado,
seus olhinhos castanhos já não tinham o brilho de antes, sua apetência era
pálida e abatida, quase não comia, só chamava por ela.

— Quando você vai trazer a Clara de volta, papa.


— Estou indo buscá-la.
— Você a encontrou?
— Ainda não, mas não se preocupe, eu vou trazê-la de volta para nós.
— Por que ela foi embora? Ela não gostava de mim?

Sou um homem frio, emoções, era algo que não podia sentir, então
reprimia, porém, ver o meu filho sentindo-se rejeitado era de partir o coração.
A clara me pagará, mas a maneira que pretendo puni-la me dará muito prazer.

Eu não queria admitir, mas assim como Alessio, eu também sentia


muito falta dela, as minhas noites eram agitadas, não conseguia pregar os
olhos, imaginava muitas coisas, pessoas lhe fazendo algum mal ou ela na rua
com frio e fome. Mas o que me deixava puto era o fato de que se ela estiver
passando por alguma situação difícil, preferia continuar nessas condições que
voltar para casa. Ou talvez ela não sabia como voltar. Realmente não sei.

Pela primeira vez me sinto impotente diante de uma situação. A clara


realmente veio para bagunçar tudo, inclusive meus sentimentos, de homem
frio e calculista, para um doente de preocupação. Ela está fudendo a Porra da
minha cabeça, me destruído, e o mais engraçado disso que ela não faz a
mínima ideia do poder que tem sobre mim. Ela será o meu fim.
Na manhã seguinte pousava na Inglaterra, entrei na limusine e fui
direto para o convento Santa Tereza, não tinha tempo a perder. A manhã
estava chuvosa e nebulosa, odeio esse clima Inglês.

Assim que cheguei, fui recebido pela Madre Superiora.

— Senhor Ferrara, a Clara não se encontra aqui ha semanas,


pensávamos que estava em sua casa cuidando do seu filho.

Olhei para aquela freira maldita, pelas minhas investigações, essa


velha maltratava a Clara. Um pensando diabólico passou pela minha cabeça,
vou dar uma lição nessa bruxa.

Antes que a velha pudesse ter reação, avancei sobre ela e agarrei no
seu pescoço, comecei a estrangular-la.

— Se estiver mentindo, morrerá.

Ela balançou a cabeça negando com os olhos arregalados, mas não


afrouxei o aperto, pelo contrário, estreitei ainda mais até matá-la. A velha
morreu com os olhos esbugalhados e a língua de fora. A soltei no chão como
um saco de bosta que ela era. Saí da Sala e me deparei com as outras freiras
que rezavam baixinho, todas encostadas na parede do corredor. Parei em
frente a uma delas.

— Onde está a Clara?


— Não sabemos, Senhor — ela falou choramingando.
Nesse momento, os homens que mandei procurá-la por todo convento,
apareceram e comunicaram que não havia sinal dela.

Olhei em volta para aquelas freiras assustadas, de fato se Clara


estivesse aqui, ela mesmo se entregaria, com absoluta certeza não permitiria
que nenhum mal acontecesse a essas religiosas.

Decidi ir embora, não tinha nada o que fazer. Entrei na limusine,


seguido pelos meus homens. Voltei para a Itália.

***

Andava pelo corredor dos escritórios da minha sede, em silêncio,


tentando reunir todos os meus pensamentos, iniciei uma busca nos conventos
da Itália, não havia pensado nisso antes, mas tenho quase certeza que ela se
encontra escondida em algum deles. Na Itália tem milhares desses conventos,
muitos totalmente enclausurados. A igreja é o melhor lugar para esconder
pessoas, eles sabem fazer isso muito bem. Apesar de ser um mafioso, não
tenho hábito de matar religiosos, por isso, as buscas estavam sendo pacíficas.
Somente matei a Madre por vingança, por tudo que ela fez a Clara

Entre a máfia e a igreja há uma linha tênue de respeito mútuo, eles


sabem que nós não os faremos mal, basta apenas colaborar. Também instruir
padre Gaspard a me comunicar qualquer coisa que ele souber.

A porra da minha cabeça estava estourando, a tempos não sinto dor de


cabeça, mas após beber até cair na noite passada, acordei com uma tremenda
ressaca. Porra! Não me lembrava a última vez que dormir mais que uma, duas
horas, sempre com um olho aberto e fechado, esperando o que vier em meu
caminho.

Entrei em no escritório, sentei-me na cadeira de couro, coloquei os cotovelos


sobre a mesa e as mãos nas têmporas, massageando-as. Gostava do silêncio,
pelo menos por alguns minutos. Permiti que o silêncio tomasse conta da
mente, do corpo e da alma negra. Senti tantas coisas nos últimos dias e, ao
mesmo tempo, não senti nada.

— Clara, Clara, onde você está?

Ouvi uma batida na porta e já fiquei irritado. Riccardo entrou e sentou na


cadeira a minha frente.

— Nunca pensei em ver o il demone, derrotado.


— Cala a Porra da boca. Não quer que enfie uma bala na sua cabeça.
— Você está mal, tão mal, a freirinha te derrubou.
— Se você não veio aqui para me dizer que a encontrou, então caia fora.
— Mas vim justamente te dar uma notícia sobre ela.

Levantei minha cabeça rapidamente. Meus olhos flamejaram fogo.

— il demone voltou.
— Vai se foder, desembucha logo essa Porra.
— Temos uma pista, padre Gaspard entrou em contato e disse que entrou um
nome novo na lista do clero da Igreja.
Riccardo jogou um envelope na minha direção. Peguei-o e abri, havia uma
ficha com uma foto anexada. Olhai para a foto fixamente, somente o rosto
dela a mostra, seus olhos azuis lindo e sua boca tentadora. Ela estava vestida
com o hábito religioso. Li os dados: irmã Clara da ordem Franciscana
secular.

— Ela se tornou freira — afirmei.


— É o que está nessa ficha. Padre Gaspard disse que ela só foi revelada
quando entrou para a ordem, porque até então, o convento manteve sua
identidade em segredo.

Ri irônico, pois se agora ela é uma freira, será a freira do mafioso e meu pau
não sairá da buceta dela.
Capítulo 17

Clara

Com o coração batendo depressa, percebi que Maximus fez um


movimento com a cabeça e a Madre superiora levantou-se da sua cadeira e
andou até a porta. Eu a olhei alarmada, ela também estava com uma
expressão preocupada. Minha boca se moveu em um pedido mudo para que
ela não me deixasse sozinha com ele, minhas mãos queriam segurar ela,
contudo, não consegui fazer nada. A vi saindo silenciosamente e a porta
fechou com um ruído leve.

O silêncio que se seguiu só era cortado pelo pulsar do meu coração que
se assemelhava a tambores dentro do meu peito. Eu não conseguia olhar para
ele, contorcia as mãos uma nas outras em busca de coragem para lhe dizer
que agora era uma freira e nada ele poderia fazer sobre isso.

— Não tem nada para dizer, Clara?

O som da voz dele atingiu-me como um chicote batendo em minha


pele. Pulei assustada e olhei em sua direção. Ele ainda estava no mesmo
lugar, com todo seu porte altivo, superior. Suas mãos estavam no bolso das
calças, nenhum sinal do seu estado emocional, apenas frieza como se fosse
um ser das trevas. Minha alma e corpo reagiram de
maneiras distintas, enquanto eu negava e tentava, despreza-lo, meu
corpo se acendia em reconhecimento. Sensações que não quero sentir, mas
que insistiam em se manifestar. Meu Deus! Eu preciso reprimir, ele é um
monstro e é nisso que tenho que me agarrar. Havia uma escuridão sobre ele e
uma abismo sombrio entre nós.

E seu olhar... Aquele cintilar intenso e estranho nas pupilas dele me


assustou. Não acreditava em almas perdidas, nem em solidão ou em
sofrimento que não pudesse ser afastado com amor e carinho. A escuridão
noturna sempre se transformava em luz quando amanhecia. Essa era minha
grande fé. Por isso, reunindo toda coragem e a fé falei tentando o máximo
parecer firme e decidida.

— Não há nada para falar ou explicar, já viu com os seus próprios


olhos, agora sou uma freira, Senhor Ferrara e nós não temos nada a nos falar.

Em uma fração de segundo, o homem moveu-se em minha direção


como um jato, me segurou nos braços e me sacudiu com fúria. Sua boca ficou
centímetro da minha.

— Você acha que vestida assim me impedirá de alguma coisa?


— Não é só a questão da vestimenta, eu realmente me tornei freira, fiz
os votos e não tenho pretensão nenhuma de quebrá-los, senhor Ferrara —
enfatizei as palavras.

O estalar do tapa no meu rosto foi alto, a força do golpe me fez virar a
face e cambalear. As lágrimas desceram como cachoeira, não podia acreditar
que aquilo estava acontecendo. Levei uma das mãos ao rosto no lugar que me
atingiu, mas senti que ele me puxou com força. Eu estava aterrorizada sem
saber o que ele fará em seguida. Como se eu fosse uma pena ele me
suspendeu com um dos braços, com a outra mão, segurou em meu maxilar e
apertou, falou com ódio.

— Senhor Ferrara é o Caralho, não me venha com esse tratamento


polido como se nada tivesse acontecido entre nós. Se ouvir me tratar com
polidez novamente levará outro tapa, entendeu?

Eu não conseguia falar nada de tão apavorada estava, mas ele queria
uma resposta e me sacudiu com violência.

— Entendeu, Porra!
— Si-i-im — Gaguejei parecendo um ratinho assustado.
— Você sabe o que causou com essa fuga ridícula? Tem ideia de como
deixou o Alessio?

Meu coração apartou-se, posso imaginar que o menino sofreu, eu


também sofri com sua ausência, não tinha um dia sequer que não pensava
nele e sentia dor, sentia seu sofrimento. A culpa me corroeu, então mesmo
com todo medo e mágoa pelo o que ele acabou de fazer, decidi me desculpar.

— Eu sinto muito, não tive a intenção de magoar o Alessio.

— Você fez muito mais que magoá-lo, você o deixou doente.

Ele me empurrou com força e eu bati na parede, o ódio dele era denso.
Eu estava apavorada, mas também preocupada com Alessio, contudo não
tinha coragem de lhe perguntar o estado de saúde dele, pois o homem estava
possesso de raiva e uma pergunta sobre isso, poderia provocar uma resposta
mais violenta ainda.

— Não estou com paciência para porra de desculpa nenhuma, Clara.


Eu avisei para você não me provocar, para não aprontar e na mesma noite
você fez mais que qualquer um ousou fazer. Se quer ver o demônio querida,
aqui estou, prontinho para você.

Ele me precisou contra a parede, virei o rosto de lado e apertei os


olhos, senti seu hálito quente no meu pescoço e correntes elétricas passaram
por todo meu corpo com o contato dele. Uma parte da anatomia de seu corpo
estava rígida como rocha, mesmo com a proteção do hábito, eu podia senti-lo
perfeitamente. Meu Deus! Ele estava naquele estado dentro de um convento e
com alguém vestida de freira.

— Você sairá daqui comigo, sem protestar. Se fizer qualquer gesto


para tentar escapar ou falar alguma coisa, eu mato cada freira desse maldito
convento, assim como fiz com aquela maldita Madre do convento Santa
Tereza.

Meu Jesus! Minha mente estava tentando processar aquela informação.


Ele matou a Madre Miriam?!

Sem deixar que eu formulasse qualquer pensamento, ele me puxou


pelo braço arrastando-me até a porta, abriu-a e caminhamos pelo corredor. Vi
a irmã Liz, a irmã Donatella e a madre superiora, alarmadas, com as mãos
juntas rezando, eu as encarei e tentei lhes passar tranquilidade, movi a boca
sem som lhes dizendo que estava tudo bem. Não iria arriscar a vida daqueles
anjos que me acolheram e cuidaram de mim com tanto carinho. No entanto,
para meu desespero, irmã Liz moveu-se e parou em frente a nós com às duas
mãos estendidas impedindo nossa passagem, eu a olhei aterrorizada. Os
soldados que acompanhavam o Maximus, apontaram suas armas para ela,
contudo, ele levantou uma das mãos em sinal para que eles não fizessem
nada.

Ela voltou seu rosto para mim e falou carinhosamente:


— Acho que isso pertence a você.

Ela colocou a mão no bolso e tirou o anel de noivado. Abriu a mão e


me mostrou. Rapidamente a peguei, apertei a joia na palma da mão e
agradeci.

— Obrigada!

Mas ela não havia terminado, com coragem, encarou o Maximus e


falou suplicante:

— Não lhe faça mal, senhor Ferrara, ela ficou muito doente, quase
morreu e não parava de chamar pelo seu nome e a do menino Alessio.

Maximus não demonstrou nenhuma simpatia pelo o que ela disse, com
a voz diabólica ordenou:

— Saia da minha frente.


Ela ainda tentou justificar, mas Maximus fez um gesto com a cabeça e
um dos seus soldados empurrou-a com violência a fazendo cair no chão.
Gritei desesperada pedindo para não machucá-la.

Maximus voltou a me puxar, ainda olhei para trás, aquela cena da irmã
Liz no chão, as outras irmãs tentando ajudá-la a levantar, irmã Donatella em
prantos, me partiu o coração. Eu sou culpada por tudo isso, jamais me
perdoarei.

Fora já havia um carro preto nos esperando com as portas dianteiras


aberta. Ele me fez sentar no banco do passageiro, prendeu o cinto e bateu a
porta com força. Logo depois assumiu o volante. O carro moveu-se e fiquei
rígida, olhando para a frente, não conseguia mover nenhum músculo. Meu
rosto estava ardendo por causa do tapa, queria colocar mão, mas tinha medo
até de respirar que dirá me mover. Meus olhos ardiam também, pois tentava
segurar as lágrimas. Apertei o anel na mão, olhei de soslaio para ele, seu
rosto implacável não desviava da estrada a frente, percebi suas mãos
apertando o volante, claramente nervoso. Discretamente, deslizei o anel no
dedo.

Depois de aproximadamente dez minutos, sem trocarmos nenhuma


palavra, o carro parou próximo a um ancoradouro. Ele desceu e me tirou do
veículo. Olhei em volta assustada e me questionei do por que ele havia me
trazido aquele lugar. Pensei que me levaria para a casa, direto para o Alessio.
Quando ele me puxou, resolvi questiona-lo.

— Maximus, para onde nós vamos, pensei que me levaria para casa
por causa do Alessio.

Ele não disse nada, continuou andando sobre o ancoradouro de


madeira. Logo a frente havia um barco, muito grande e brilhante, então
pensei que Alessio podia estar lá dentro nos esperando.

— O Alessio está aqui?


— Essa sua preocupação com Alessio é tocante — falou com escárnio.
— Você disse que ele está doente, quero vê-lo!
— Ah! Você o verá meu amor, mas primeiro saciará a minha sede de
você.

Tentei esconder a agitação que as palavras dele fizeram, meu corpo


parecia que tinha vida própria ao entender o significado daquelas palavras.
No entanto, era quase impossível simular uma indiferença, meu coração batia
forte e por um instante senti como se estivesse sem respiração.

Maximus me ajudou a subir no barco pela rampa, imaginei àquela cena


vista por alguém de fora, uma freira sendo praticamente carregada por um
verdadeiro Adônis, de uma beleza incomparável, força e porte de um rei.
Talvez o rei do submundo, sim, ele é o rei das trevas e eu estava a mercê dele
novamente, não queria pensar nas coisas pecaminosas que ele pretende fazer
comigo. Estava em pânico.

Maximus me levou até uma das cabines, me empurrou para dentro e


fechou a porta. Corri até ela tentando abrir forçando a maçaneta, mas
claramente estava trancada. Com a respiração acelerada, voltei-me para
dentro da cabine e olhei em volta. O luxo era visível, as paredes forradas de
lambri de madeira, os móveis modernos dispostos harmoniosamente e uma
cama grande, forrada com uma colcha azul e branco. Sentei-me na beirada do
leito e deixei algumas lágrimas descerem, ouvi o barulho potente do motor do
barco sendo ligado e logo aquele gigante se moveu cortando o mar.

Alguns minutos se passaram até ouvi a porta da cabine sendo aberta.


Ele entrou, havia retirado o sobretudo e o paletó. Ele me olhou como um
predador olha para a presa que está prestes a atacar. Tentei me manter firme,
talvez se eu pedisse, suplicasse se for preciso, ele me deixaria me paz, mas
isso não acontecerá porque ele começou a desatar as abotoadeiras de ouro e
colocou sobre o aparador, em seguida foram os botões do colete, devagar,
sem nenhuma presa, seus olhos não desviavam dos meus e eu também não
conseguia desviar os meus, parecia que estava preso sobre uma força
magnética poderosa que vinha dele. Em pouco tempo, seu corpo musculoso
ficou a mostra. Somente sua masculinidade potente estava protegida pela
cueca, mas era nítido seu estado. Eu desviei o olhar quando ele andou em
minha direção, minha garganta seca não me deixava falar. Ele aproximou-se
e falou de modo luxurioso:

— Ajoelha-se, é hora de rezar, freirinha.

Não assimilei imediatamente o que ele queria dizer, mas olhei para ele,
seu rosto era uma máscara diabólica.

— Não... não compreendo — sussurrei gaguejando.

Ele riu cínico e moveu-se até um sofá. De costas para mim, ele retirou
a última peça da vestimenta ficando completaste nu com toda a plenitude de
um deus pagão. Arregalei os olhos ao me deparar com suas nádegas
musculosas, eu não sei o que estava acontecendo, mas não consegui desviar
os olhos. Ele virou-se de frente e contemplei aquele membro latente com toda
sua plenitude, meu coração parecia que sairia pela boca e não era de medo,
mas de algo muito mais letal, poderoso e luxurioso. Ele Sentou-se e fez um
sinal com os dedos me chamando.

— Vem rezar aqui, ajoelha entre as minhas pernas, talvez assim eu


tenha misericórdia de você, mas tem que rezar fervorosamente.

Reunindo o pouco de coragem, tentei protestar.

— Maximus....
— Não me faça ir até aí — ameaçou.

Com as pernas bambas, ergui-me e fui até ele, fiquei de pé na sua


frente, sem saber o que fazer.

— Ajoelhe-se.

Assim o fiz, mas não olhei para aquilo, porém ele não teve pena de
mim, segurou na minha nuca e forçou para baixo.

— Vamos freirinha, engole o meu pau com a boca.


— Eu não sei...
— Não sabe, vai aprender.

Ele pegou a minhas mãos e me fez segurar o pênis quente e duro. Em


seguida me fez levá-lo a boca. Ao sentir seu gosto, tive ânsia de vômito e
tentei sair, mas ele me segurou e ameaçou.

— Engoli essa porra, vai logo, quero que reze todo o terço enquanto
chupa meu pau. E faça isso direito.

Aquilo era uma heresia sem tamanho, então falei em desespero.


— Por favor, não me faça fazer isso, eu fiz o voto de castidade, não
posso quebrá-lo.
— Foda-se para seu voto de castidade, faça o que estou mandando se
não será pior para você.

Sem saída, coloquei o pênis dele na boca e comecei a chupar, a


princípio de maneira tímida, pois não sabia exatamente como fazer, mas a
medida que chupava parecia que os movimentos eram automáticos. Ele
forçava minha nuca me fazendo intensificar e colocar quase tudo na boca.
Aquilo era horrível, mas o pior não era o ato e sim, a resposta do meu corpo.
Minha vagina começou a lubrificar e meu corpo arrepiou a medida que eu
chupava. Me sentia muito molhada, parecia encharcada e me recriminava por
me sentir daquele jeito.

Maximus respirava forte, eu imaginei aquela cena, estava


completamente vestida com o hábito fazendo aquela coisa pecaminosa. Em
um determinado momento, ele com força puxou o véu da mina cabeça e
arranco-o, tentei tirar o Pênis da boca, mas ele me empurrou segurando
minha nuca.

— Vai freirinha, reza mais fervorosamente e recebe a minha porra


nessa boquinha gostosa.

Assustei-me quando senti um jato potente bater em minha garganta,


quase engasguei e tirei a boca. Ainda aquele líquido bateu em meu rosto e o
sêmen escorreu pela lateral da minha boca caindo na roupa. Ouvi os gemidos
e palavras sujas saindo de seus lábios. Mantive meus olhos fechados,
enquanto sentia aquele cheiro clorótico. Me sentia imunda, não só por estar
toda melada, mas por ter feito aquilo nele. Mantive minha cabaça baixa e
chorei baixinho.

Depois de alguns minutos, ele se moveu e segurou no meu queixo


forçando-me a olhar para o fundo dos seus olhos azuis. O rosto dele abaixou-
se devagar e como se saboreasse meu constrangimento, falou perto da minha
boca.

— É assim que se reza no meu mundo.

Então ele me soltou e levantou-se, me mantive na mesma posição.


Somente ouvia seus movimentos pela cabine. Trêmula, peguei meu véu e
limpei a boca, senti o cheiro do charuto, aquele perfume invadiu minhas
narinas me deixando embriagada.

— Levante-se e dispa-se.

Fiz o que me mandou, não tinha coragem de lutar. Vagarosamente,


tirei o hábito, a touca que cobria meu cabelo e fiquei de peças íntimas. Essas
eram grandes, a calcinha cobria toda a minha barriga e bunda, e o sutiã era de
algodão, um pouco maior que meus seios o que deixava os bojos dançando
em mim.

— Que merda de lingerie é essa? Se não te desejasse tanto desistiria de


te comer — ele falou com expressão de nojo.
— Então me deixa em paz, não me visto para te satisfazer, sou uma
freira — gritei revoltada.

Ele como um furacão, avançou sobre mim e de novo me atingiu com


um tapa. Caí sobre o sofá. Ele subiu em cima de mim e falou com ódio.
— Modere a sua língua ao falar comigo, quem você pensa que é? Não
serei piedoso, você não é porra de freira nenhuma, é minha noiva e é melhor
começar a acostumar com isso.

Com brusquidão, ele puxou meu sutiã e arrancou do meu corpo, o


mesmo fez com a calcinha.

— Pronto, você não vai precisar desse lixo enquanto estiver aqui,
quando voltarmos para casa, sairá para comprar seu enxoval e não quero
nunca mais, vê-la vestida com esses sacos de batatas. Se vestirá para me
satisfazer.

Sendo assim, ele levantou-se, reuniu todas as minhas roupas, embolou


tudo. Andou até a mesa de cabeceira da cama e pegou um objeto, apertou um
botão e uma cortina abriu-se revelando uma janela de vidro que cobria toda
parede. Não era exatamente uma janela, mas uma saída para o convés. Ele
seguiu até lá e a abriu. Saiu e o vi lançar minhas roupas no mar.

Fiquei encolhida, chorando de soluçar pela minha situação. Quando ele


retornou, disse:

— Agora é hora de comer a sua buceta, você me pagará por ter fugido
de mim, mas o lugar que fará isso será na minha cama e embaixo de mim.
Capítulo 18

Maximus

Meus olhos percorrem seu corpo trêmulo encolhido no chão. Avaliava


cada pedacinho dela, sua bunda redonda e empinada, as curvas da sua cintura
fina, os ombros delgados, a pele clara leitosa. Seus cabelos loiros estavam
presos, crispei a boca, odeio que ela prenda os cabelos e ela sempre os
mantém presos. Caralho! Estou cheio de tesão por ela, vou fude-lá com força,
vou devorar sua buceta como um homem faminto, sedento. Ela me deixou
um mês na seca, nunca fiquei um período tão grande sem uma mulher, mas
nenhuma outra me satisfaria, depois de ter provado dela, somente ela me
proporcionará o prazer que preciso.

Ah! Se ela soubesse que essa resistência me deixa mais louco por ela,
não me desafiava, eu estou entusiasmado como nunca estivesse na
perspectiva de fuder uma mulher. Meu corpo tem fome dela e isso é excitante
e diferente. Sei que ela também quer e gosta, mas essa fixação de ser freira a
deixa cega. Contudo, derrubarei todas essas idiotices de sua cabeça, ela não
foi feita para viver uma vida celibatária, não mesmo e mostrarei isso para ela.

Caminhei em sua direção, percebi que ela me encarava apavorada, se


encolheu mais ainda no chão. Me aproximei e abaixei junto de seu corpo. Ela
virou o rosto de lado quando estendi minhas mãos para toca-la. Porém, a fiz
olhar para mim, meu desejo por ela está estampado nos meus olhos e ela sabe
disso, posso ler nas entrelinhas da sua expressão que ela sabe o quanto a
quero. A fiz levantar e puxei seu corpo feminino esplendidamente desnudo
para mim, até que os seios macios roçassem em meu peito músculo e liso.
Olhei-a intensamente e reconheci nos olhos dessa quase criança o desejo
impresso, ela não consegue me enganar, sou um homem experiente e sei
como deixo uma mulher e ela parece um cristal de tão transparente. Também
percebi o temor, ela tem medo de mim, mas isso me faz querê-la ainda mais.
Seus lábios rosados, levemente aberto estavam trêmulos. Caralho! Que tesão
olhá-la tão vulnerável e linda, preciso estar dentro da sua buceta logo.

As marcas dos meus tapas estão estampados em seu rosto, aproximo os


lábios e dou pequenos beijos de forma gentil e carinhosa em seu machucado
onde estava vermelho, ela resmungou de dor e tentou se afastar, mas eu a
segurei ainda mais junto ao meu corpo e a deixei sentir toda a potência do
meu desejo. Sussurrei com os lábios encostados em seu rosto.

— Está doendo? Isso é para você aprender, não me provoque,


freirinha, se não ao invés de beijos, lhe darei tapas.

Desci meus lábios em seu pescoço com pequenos beijos, sussurrei:

— Nesse lindo pescocinho quero enfeitar com joias e não aperta-lo.

Voltei os lábios para sua boca e encostei com os meus:

— Eu te darei o mundo e o inferno em meus braços.


Com essas palavras, tomei sua boca trêmula e medrosa em um beijo
faminto e furioso, minhas mãos chegaram até seus cabelos e com um gesto
brusco, sem ao menos deixar de beija-la, puxei a fivela que prendia e soltei e
as madeixas caírem em suas costas. Os cabelos dela são compridos e macios.
Segurei um punhado na altura da nuca e puxei a medida que aprofundava o
beijo selvagem com fúria faminta. Percebi que ela ficou rígida, tentando não
se entregar aquele fogo de desejo e prazer vertiginoso.

Minhas mãos exigentes, deslizaram pelos seus contornos perfeitos,


como se quisesse gravar para sempre suas formas em meus dedos, sentia sua
pele sedosa e lisa. Apesar dela ser pequena em relação a mim, nossos corpos
se moldavam em perfeita harmonia, ela se encaixava perfeitamente entre
meus músculos. Apertei sua bunda firme e a deixei sentir minha virilidade,
ela suspirou e choramingou em protesto tímido. Afastei minha boca da dela e
observei-a detidamente vendo as expressões do seu rosto variar, mostrando
timidez, desejo e inocência.

— Que delícia — murmurei mordiscando os lábios dela de leve.

Minha mão agora deslizou entre as suas pernas, encontrei minha fonte
de prazer quente e molhada. Massageio com vigor sua buceta, ela apertou as
pernas e tentou me impedir de tocar. Ela ainda insistia resistir a mim.

— Não foge não, eu vou te fuder até fazê-la esquecer seu próprio
nome.

Com isso, a suspendi nos braços e levei para a cama. Joguei-a sobre o
colchão e deitei sobre ela. Meu corpo estava em chamas, meu desejo por ela
inflando. Preciso dessa buceta engolindo meu pau. A forcei abrir às pernas,
ela tentou lutar, mas seu esforço foi inútil, facilmente a fiz abrir-se e me
posicionei entre suas coxas, meu pau deslizou naquela buceta deliciosa.
Beijei a curva do seu pescoço modificando o lóbulo da sua orelha.

— Não! — ela exclamou baixinho, tombando a cabeça para trás,


tentando fugir dos meus lábios. Sem paciência e segurei no pescoço e rosnei
próximo do seu rosto.
— Não me faça ser bruto com você, eu estou no meu limite, até agora
fui compadecido, não me provoque mais porque não terei pena de te
machucar.

Voltei a explorar seu corpo agora com as mãos e beijar seu rosto. Desci
até sua buceta e falei sussurrando de desejo:

— Que bucetinha quente e molhada para mim, não negue, você me


quer tanto quanto te quero.

Separei mais ainda as pernas dela e comecei a passar meu pau entre
sua fenda por toda extensão até a bunda. Apertei suas nádegas e forcei o
pênis em sua entrada apertadinha. Ela choramingou de angústia, mas não vou
comer o cuzinho dela ainda, primeiro vou me deliciar de sua buceta por
algum tempo e quando sentir que ela está pronta para a segunda etapa da
nossa relação, isso vai ser tornar mais sujo ainda. Não terei limites com ela.
Por enquanto, apenas o básico.

Levei a boca até um dos seus pequenos seios e o suguei com vigor, o
outro esfreguei o mamilo enrijecido e sensível entre os dedos e belisquei. Ela
suspirou fundo tentando não demostrar o quanto estava lhe dando prazer.
Alternei entre os dos seios até deixá-los vermelhos e entorpecidos. Em
seguida, deslizei minha língua em sua barriga, lambendo-a até chegar entre
suas pernas. Deslizei as mãos entre as coxas, interna e voltei para cima em
sua virilha dedilhando sua buceta até enterrar um dos dedos nela sentido sua
umidade.

Comecei a estocar ela com o dedo forte, o som molhado do dedo


fudendo-a misturou-se aos seus gemidos tímidos. Sem piedade introduzi mais
um dedo, girando, esfolando-a. Ela se contorcia e tentava falar, mas somente
sons desconexos saiam de sua garganta.

Tirei os dedos e olhei para sua buceta aberta, massageei as laterais e


lambi toda sua abertura, A buceta dela é linda, e está pronta para me receber,
ela pisca me chamado. Dei uma chupada e girei a língua rapidamente em seus
sucos, quente e delirante. Afastei a boca e olhei para ela. Agora é hora de
devora-la. Me posicionei em cima dela, forçando-a manter as pernas abertas,
ela está ofegante e com medo, mas não tenho pena. Segurei o pau e
mergulhei tudo de uma vez dentro dela. Fechei os olhos enquanto a
penetrava. Porra, como ela é apertadinha e quente, estou louco e vou acabar
com ela de tanto fude-la. Ela gritou abafado ao me receber.

Comecei a investir rápido, não vou ser gentil, estou de joelhos e a fodo
sem piedade.

— Toma freirinha safada, toda a minha potência.


Vou fundo, escuto nossas pélvis batendo uma na outra e minhas bolas
serem comprimidas ao bater em seu limite. Ela gritou em delírio. Parei de
estoca-la e puxei o pênis quase saindo, depois mergulhei tudo de novo. Fiz
isso algumas vezes até deitar em cima dela. Eu estou louco, nunca me senti
assim fudendo uma mulher, ela é muito gostosa, eu quero mais dela, eu quero
ouvi-la gritar. Agarrei seus cabelos e puxei. Falei palavras baixas para ela em
seu ouvido, meus músculos estão todos contraídos e minha pele coberta de
gotículas de suar.

— Está gostando, freirinha? Recebe meu pau, ele é todo seu, assim
como você é minha, minha putinha gostosa, caralho. Vou te mostrar o que é
ser minha mulher.

Eu estava tão alucinado que segurei em seu pescoço delicado e a cada


investida, apertava-o. Ele tentou me afastar com as mãos segurando nos meus
pulsos. Seu rosto estava vermelho e ela tentava respirar. Soltei seu pescoço
antes de matá-la estrangulada e mergulhei a cabeça na curva do seu pescoço,
ainda a estocando com vigor.

— Ainda você quer ser uma porra de uma freira? Quer? Nunca será, eu
vou te corromper, vou te levar para meu mundo, para o inferno.

Com uma estocada mais profunda cheguei no meu limite, meu corpo
estremeceu e a preenchi com minha porra. Rosnei, fechei os olhos enquanto
me derramava todo dentro dela. Na nossa primeira vez eu não gozei dentro
dela em nenhuma das nossas fodas, mas agora foda-se, eu quero que ela
receba toda o sêmen e não estou preocupado se engravida-la.
Enquanto convulsionava de prazer tomei sua boca e introduzi a língua
em um beijo erótico. Mantinha seu corpo delicado muito apertado ao
encontro do meu, aumentando o valor do beijo até ouvi-la gemer. Acariciei
todo seu corpo e afastei a boca da dela, a olhei profundamente. Ela estava
com os olhos fechados.

— Abre os olhos.

Seus lindos olhos azuis se abriram e ela me encarou. Todo o corpo dela
estava arrepiado, comecei a mover meu peito musculoso em seus seios
empinados e ela reagiu gemendo.

— Olha... veja como você reage a mim.


— Não!
— Sim!

Saí de cima dela e rolei para o lado, trouxe-a para junto do meu corpo.
Ficamos parados até as respirações voltarem ao normal. Senti meu peito
molhado por causa das lágrimas dela. Ficamos assim por alguns minutos, até
me sentir pronto novamente.

Virei-me para ela e nossas bocas juntaram em um beijo sôfrego e


ardente, enquanto os corpos ansiosos, movimentavam-se lentamente em um
ritmo sensual, eu a empurrei até a cabeceira da cama e a prendi com as mãos.
Separei de seus lábios e ordenei:

— Fica paradinha aí.


Levantei-me na cama, meu pau já estava ereto novamente, segurei no
cumprimento e comecei a massagear, deslizei a mão pelo prepúcio e exibido
toda a minha cabeça lisa. Ela olhava apavorada e, ao mesmo tempo excitada,
eu podia perceber isso. Comecei os movimentos mais rápido me masturbando
na frente dela. Quando percebi que iria gozar, peguei eu seus cabelos
puxando até fazer sua cabeça curvar para trás.

— Abre a boca — ordenei.


— Não!

Puxei mais ainda o cabelo dela e repeti a ordem.

Sem saída e sentindo dor pelo meu puxão, ela abriu a boca. Me abaixei
um pouco e aproximei meu pau alguns centímetros de sua boca. Intensifiquei
os movimentos da mão até chegar no prazer e liberei minha porra dentro da
boca dela. O líquido esbranquiçado saiu em um jato só, como um tiro e caiu
certeiro em sua cavidade bucal. Com o restante, lambuzei seu rosto. Ela
tentou cuspir, mas a segurei com a cabeça virada e mandei ela engolir tudo.
Finalizo soltado-a na cama, humilhada, encolhida chorando. Deitei-me do seu
lado e a abracei, moldurado seu corpo ao meu. Estava satisfeito como nunca
estive, nos completamos. Agora eu sou dela e ela é minha e não tem mais
volta. Passamos a tarde nos amando, incansavelmente.
***

Clara

Me sentia nas nuvens, meu corpo estava saciado e dolorido, mas não
era desagradável, era uma dor maravilhosa. Deslizei minhas mãos pelo meu
corpo marcado pelo sexo que fizemos quando de repente, senti um solavanco.
Abri meus olhos rapidamente saindo do meu sonho. Olhei para o Maximus
assustada. Ele também me olhava. Mesmo antes de formular algum
raciocínio, outro solavanco sacudiu a cama. Sentei-me assustada enquanto
Maximus se levantou para verificar na janela o que estava acontecendo.

— Droga, que porra é essa? Não estamos em uma tempestade.

Segurei na cabeceira da cama apavorada quando senti outro solavanco,


dessa vez mais forte. Naquele momento tive certeza que algo não estava bem.
Maximus rapidamente voltou para a cama e ordenou:

— Vista alguma coisa.


— Eu não tenho nada.

Ele pegou a camisa dele e jogou para mim.

— Vista isso.

Observei que ele abriu um armário, pegou um shorts de praia e vestiu.


Enquanto fazia isso, o barco começou a balançar de um lado para o outro
com muita força. Os objetos começaram a cair dos móveis. Não conseguia
me segurar e gritei apavorada. Maximus correu até a porta e abriu. Vi que a
embarcação estava tombada e água já entrava no convés.

— Puta que Pariu! — Maximus praguejou.

Ele correu até mim e me instruiu:

— Fica aqui e se segura, o barco está no piloto automático, eu vou lá


ver o que está acontecendo.

— Maximus, não me deixa aqui.


— Clara, eu não posso te levar, fica aqui e se segura.

Quando ele saiu da cabine, comecei a orar e pedir a Deus para nos
salvar, não só por mim e Maximus, mas pelo Alessio, será um golpe muito
grande para o menino se perder o pai. Minutos depois, Maximus voltou e
gritou:

— Vem aqui, temos que deixar o barco agora.

Me segurei nas coisas que já estavam amontoadas até chegar na saída.


Maximus me segurou firme e saímos da cabine.

— Segura aqui nessa barra com força — me auxiliou.

Ele colocou um colete salva-vidas em mim e ajustou no meu corpo.


Fez o mesmo com ele. O vi abrir um armário e pegar uma mochila. Arrumou
nas costas. Em seguida, com agilidade e força, desatou o bote jogando no
mar. Aquela altura, o barco já estava com a proa mergulhada na água. O leme
movia-se sem controle, tínhamos que sair rápido, antes que tudo fosse
engolido pelo mar. Estava paralisada de pavor, segurando forte na barra de
ferro. Os nos dos meus dedos doíam. Maximus me segurou para ajudar a
descer a escada feita de corda até o bote. Logo atrás ele também desceu. Ágil,
ele pegou os remos e começou a remar para longe da embarcação. O barulho
do barco afundando era muito alto, as ondas que se formaram, agitava o bote.
Maximus lutava com vigor contra a força da água para que não nos puxasse
para o fundo. Me segurava firme totalmente aterrorizada e molhada. Era fim
da tarde e diante dos nossos olhos, a embarcação enorme foi engolida pelo
mar. Ele continuou remendado sem parar e sem destino. Estávamos
completamente à deriva e perdidos na imensidão do mar.
Capítulo 19

Clara

O sol do horizonte já estava se pondo, me encontrava trêmula de


nervoso. Olhei para a silhueta do Maximus, ele remava sem parar, seus
músculos do braço contraíam-se a medida que empurrava a água. Olhei para
suas mãos fortes que seguravam os remos, eficiente, os músculos rijos. Ele
remava sem aparentar grades esforços.

Observei a volta e não havia nada para olhar, apenas o azul profundo
do mar e o céu sem nuvens, já alaranjado por causa do crepúsculo do sol
poente. Logo à noite chegará e essa perspectiva me deixava mais apreensiva.
Não podia acreditar que estava em um bote salva-vidas em meio a um mar
imenso com o homem que me machucou de todas as maneiras.

O bote estava estabilizado na água, o mar calmo somente se agitava


com as ondas feitas pelo bote que cortava a água. Meu queixo batia tremendo
de frio. As juntas dos meus dedos estavam doendo por causa do esforço que
fazia para segurar-me. Percebi que Maximus parou de remar e tirou a mochila
das costas colocando-a no chão, em seguida abriu um pequeno
compartimento na lateral do bote e tirou um cobertor, veio para o meu lado e
colocou-o nos meus ombros.
— Deita um pouco para descansar.
— E você?
— Não se preocupe comigo, estou bem.

Voltando para a outra extremidade pegou a mochila e abriu, tirou de


dentro uma garrafa descartável com água. Aproximou-se de mim novamente
e encostou a garrafa nos meus lábios.

— Beba um pouco, temos apenas algumas garrafas, não sabemos


quanto tempo vamos ficar a deriva, por isso temos que economizar água por
enquanto.

Bebi a água e me ajustei no cobertor. Maximus, voltou para o seu lado


do bote e pegou algo na mochila, um aparelho, ele o ligou e começou a olhar
para a tela.

— Não há sinal, apenas a bússola está funcionando.


— Estamos perdidos?
— Um pouco, mas não esquente sua cabecinha com isso.

Ele parecia muito tranquilo diante daquela situação, talvez só queria


me deixar confiante e não compartilhar que estávamos completamente em
apuros. Eu já não conseguia relaxar, sentia-me estranha.

— Maximus, estou com medo.

Ele aproximou-se de mim e me abraçou junto a ele, falou sussurrando


no meu ouvido.

— Não tenha medo, não deixarei que nada lhe aconteça, cuidarei de
você.

Vagarosamente, ele beijou-me nos lábios, roçando. Sem querer meu


corpo reagiu a seu toque e tudo que fizemos no barco veio a mente. Mãe de
Deus! Não quero sentir essas coisas, mas o contato dele fazia meu corpo
estremecer. Ele me abraçou com mais força e beijou meus cabelos.

— Relaxa, tente dormir — ele disse suavemente no meu ouvido.

Acabei deitando no chão do bote, encolhida, mas não conseguia pregar


os olhos. Maximus voltou para seu lugar e pegou a mochila, tirou de lá um
binóculo e olhou a volta. Ele estava de pé e suas pernas musculosas ficaram
na altura dos meus olhos. Eu olhava admirada, ele é forte e me faz sentir
segura. Comecei a fazer uma pequena prece a Deus para nos tirar daquela
situação, mas também agradeci por não está sozinha, mas com ele.

Maximus voltou a sentar e começou a remar novamente, ele parecia


um robô, não demonstrava cansaço, apenas percebiam-se algumas gotículas
de suor em sua testa, nada mais o fazia parecer humano. O barco estava
rápido e um vento leve começou a soprar. Ouvi algumas gaivotas ao longe.
Maximus parou de remar e levantou-se, olhou para o céu e falou:

— Temos terra próximo, as gaivotas nos guiará até lá.

Esperançosa, levarei-me e sentei, olhei para o horizonte e via-se as


aves voando. Maximus remou mais uma meia hora, o vento e ondas
aumentaram. Consegui ouvir as ondas quebrando em algo sólido, meu
coração batia acelerado com esperança de ser terra. Ele remou com mais
vigor até que consegui avistar a uma pequena distância, a arrebentação das
ondas em recifes de corais e mais adiante, surgia o contorno de terra firme.

— Terra, estamos a salvo, amorzinho — Ele falou em tom caçoísta.

Achei estranho a maneira como ele falou, parecia que não dava muita
importância a isso. Mas deixei minhas conjecturas de lado e comecei a rezar e
agradecer a Deus por ter nos salvados. O vento forte esvoaçava meus cabelos
e fazia as ondas baterem com força no bote. O mar estava barulhento agora e
o bote era erguido muito alto pelas ondas e mergulhava novamente. Maximus
parou de remar e ordenou:

— Segure-se firme, a onde nos levará até a costa.

Assim fiz, o bote seguiu a força das ondas, parecia que não íamos
conseguir, algumas vezes o bote inclinava para o lado e parecia que viraria,
eu orava e me segurava forte. A água também atingiu a gente e ficamos
completamente molhados. Quando Maximus percebeu que estávamos
próximos, suficiente da margem, levantou-se e anunciou:

— Vou pular na água e puxar o bote até à terra.


— Não, é muito perigoso.
— Eu sei nadar muito bem, não se preocupa.
— Não vá, não me deixe.
— Eu nunca a deixarei!
Essa foi a última frase que ouvi, antes dele se lançar no mar. Fiquei
apreensiva, mas de certo modo acreditava nele. Com braços fortes, começou
a puxar o bote lutando contra as ondas, até que, conseguimos chegar à praia.
Maximus rebocou o barco até a areia e sentou exausto. Eu ainda me mantive
no mesmo lugar, paralisada de alívio.

Depois de alguns minutos ele levantou e subiu no bote.

— Você está bem?


— Sim.
— Vamos descer, preciso puxar o barco mais para dentro, hoje não
dará para explorarmos nada a não ser nos protegermos para passar a noite,
mas assim
que o sol nascer, olharemos em volta para ver se a ilha e habitável.
Num primeiro momento, percebe-se que não, tendo em vista que não vimos
nenhum sinal de civilização até agora.

Maximus pegou a mochila, ajustou nas costas e me ajudou descer.


Meus pés descalços afundaram na área fofa e clara. Naquele momento
atentei-me pelo fato de estar sem calcinha. Um rubor atingiu minhas
bochechas e me senti extremamente constrangida. Maximus estava alheio
meu estado emocional, ele trabalhava duro puxando o bote para um lugar
seguro. Logo após, ele me chamou. Corri ao seu encontro.

— Tira o colete — ordenou.

Fiz o que ele mandou e entrei no bote, ele também tirou o colete e seu
peito liso e musculoso ficou a mostra. Ágil, retirou da mochila alguns pacotes
de biscoitos e frutas desidratada e também uma pequena lanterna e acendeu, o
breu da noite já havia devorado tudo.

— Como um pouco, deve estar com fome.

Sem protestar, comi um pouco de frutas secas e um pacotinho de


biscoito salgado, tomei água. Comemos em silêncio. Estava tão absorta em
meus pensamentos que quando levarei os olhos, dei de encontro com o olhar
dele. Nitidamente havia paixão naquelas órbitas, passei a língua nos lábios,
nervosa, algo aconteceu nas minhas partes íntima e apertei as pernas para
dissipar aquela vontade. No entanto, Maximus aproximou-se lentamente,
como uma pantera-negra, grande, pronto para denotar sua presa, não
conseguia desgrudar de seu olhar que me segurava como uma força poderosa
de desejo e paixão. Ele estava sério, seus olhos mostravam uma espécie de
fome.

Ao aproximar-se de mim, ele segurou em meu rosto com às duas mãos


e sussurrou rouco:

— Como você é linda!

Começou a me beijar nos lábios, firmes e exigente, eu tentei empurrar,


mas ele não permitiu, aumentou ainda mais a pressão do beijo e me abraçou.
Agora sentia toda a força e o calor do seu corpo quente quase nu. Ele me
deitou no chão do bote e subiu em cima de mim. Senti suas mãos nos meus
seios apertando-os. Tentei esquivar-se.
— Maximus, não podemos, não sabemos se estamos realmente
sozinhos aqui.
— Claro que podemos, ninguém nos verá aqui, mesmo que tenha
alguém.

Ele pegou a lanterna e apagou, agora somente a luz do luar banhava


nossos corpos.
— Pronto, assim ficou melhor. O que você acha que dois náufragos
pode fazer em uma noite estrelada, a não ser amor.

Com essas palavras ele me tomou em um beijo avassalador, eu ainda


tentei escapar, mas sua força e sensualidade me dominaram completamente.
Suas mãos fortes deslizaram em minhas coxas subindo a camisa dele que me
cobria como um vestido. Abri minhas pernas instintivamente e ele se
encaixou entre elas. Todas as emoções e paixões emergiram aumentado,
centenas de vezes ao seu toque dominador. Suas carícias eram ávidas, ele
apertava minha carne enquanto tentava tirar a camisa. Sem paciência, ele
puxou com às duas mãos a parte da frente da camisa e os botões pularam.
Aquela brutalidade me fez tremer de medo, mas ao mesmo tempo me fez
ficar quente. Meus seios ficaram intumescidos ao toque de seus lábios. Ele
tomou os pequenos mamilos na boca e sugo-os avidamente indo de um para o
outro.

Ele liberou os seios por um instante e acabou de tirar a camisa do meu


corpo, em seguida o seu próprio shorts liberando toda sua masculinidade
potente. Eu respirava entrecortado, não queria, tinha medo de tudo aquilo a
minha frente, mas, ao mesmo tempo, estava derretendo de desejo. Me sentia
estranha, algumas horas atrás eu estava no convento, tentando esquecer tudo
que havia acontecendo, querendo tirar esse homem da cabeça, esse monstro
sem coração e violento. Eu não queria que ele me tocasse mais, porém, como
impedi-lo estando em uma ilha com ele? Se resistir provavelmente me baterá
novamente.

Maximus voltou a sugar meus seios, passando a língua nos mamilos


que estavam rijos de excitação. Com carinho ousado, começou a depositar
uma trilha de beijos cálidos úmidos e eróticos no meu corpo que de cima a
baixo e terminou por entre as minhas coxas. Apertei os olhos quando sua
língua deslizou entre minha rachadura, senti os dados dele na lateral da minha
intimidade abrindo-a e ali ele começou a passar a língua introduzindo-a e
lambendo até deixá-la mais molhada e sensível.

De repente ele parou e me puxou para baixo em um gesto violento, eu


respirava acelerado, o olhava apavorada, ele entrou entre minhas pernas e
deitou sobre meu corpo.

— Eu preciso de você agora — rosnou.

Senti todo aquele músculo me penetrar de uma vez, arqueei o quadril e


solucei de angústia, ele iniciou a posse de forma rápida, potente, feroz. Meu
corpo parecia que se quebraria a força da sua posse.

Nossos gemidos se confundiam com o barulho das ondas do mar, no


calor da paixão reconheci a ânsia que me assolava, o corpo que me possuía
sem piedade, ele aumentou o ritmo a medida que me penetrava mais fundo,
eu gemi prisioneira daquela magia, rendendo-me aos impulsos da paixão
avassaladora. O corpo dele suado e forte comprimia-me mais e mais, eu
estava sem fôlego e sentia todo o impacto de suas investidas.

— Você é maravilhosa — ele sussurrou em meu ouvido, ofegante.

Pele contra pele, nos tornamos um só, sem perceber, levei minhas
mãos ao ombro dele, era a primeira vez que o tocava, seus músculos rígidos
de encontro às minhas palmas me fizeram sentir sensações voluptuosas,
pecaminosas. Ele gemia de prazer e falava cheio de luxúria.

— Você sabe como me deixa? Sabe o que sinto quando estou dentro de
você, de fodendo? Te fazendo minha? Sabe caralho! Sabe o quão gostosa
você é? Porra!

Ele estava sem controle, e aquela paixão me assustou, eu não sabia,


não sei como o deixo, eu não sei nada. Lágrimas quentes desceram em
minhas bochechas, tudo era muito intenso, ele falava palavras sujas, me
fazendo sentir uma pecadora.

Diante de toda aquela excitação, fogo, paixão, desespero, uma


sensação começou a tomar conta do meu corpo, enquanto ele fazia cada
movimento. O fogo que ardia em meu corpo, tornou-se mais selvagem, em
cada investida, a excitação crescia mais e mais... até que nada mais me
controlou, explodi em uma sensação maravilhosa, gritei seu nome é mexi os
quadris buscando por mais. Apertei sua carne nos ombros e perdi o fôlego.
Eu estava em êxtase da paixão. Maximus também estava chegando lá,
agarrando meus cabelos, murmurou:

— Eu vou gozar gostoso dentro dessa buceta quente, vou te


transbordar com minha porra, freirinha safada, gostosa.

E assim ele se entregou ao gozo, seu pênis liberou sua carga potente,
senti meu canal sendo preenchido por seu líquido quente. Ele também gemia
e movia os quadris contraindo-se. Sentia-me parte dele e nosso corpos
pulsavam no mesmo ritmo em uma paixão que preenchia aquele bote. Ele
tombou sobre mim e assim ficamos. Ele era pesado e me sufocava, mas não
ousei falar e nem ao menos me mover. Apenas sentia seu cheiro másculo e
fechei os olhos.

Então ele moveu-se e saiu de dentro de mim, deitou de lado e me


abraçou, beijou meus cabelos e rosto. Ficamos juntinhos. Eu não conseguia
raciocinar direito, tudo aquilo era confuso para mim, mas em meio a meus
conflitos, a exaustão venceu e eu mergulhei no sono. Essa foi a nossa
primeira noite naquela ilha, mais e mais vezes, ele me possuiu.
Capítulo 20

Clara

Os primeiros raios do amanhecer começaram a surgir, filtrando-se por


entre as nuvens. Abri os olhos vagamente e tentei me situar. A claridade fez
meus olhos doerem, fechei-os de novo e apartei esfregando para poder abri-
los novamente. Tudo o que havia acontecido no dia anterior venho a minha
memória. Despertei de vez assustada, abri as pálpebras e olhei em volta à
procura do Maximus, não o vi e comecei a entrar em pânico. Sentei no bote e
vaguei os olhos a procura dele, nem sinal.

Levantei e o cobertor que me cobria caiu, percebi que estava


completamente nua e o vento frio que vinha da maré me fez estremecer.
Procurei a camisa para usá-la e a vi amontoado no chão, abaixe e peguei,
vesti-me, não podia fechar, pois, os botões estavam arrebentados, então ateei
e segurei, praticamente dava duas voltas no meu corpo. Lembrei da maneira
como ele havia arrancado-a de mim. Fiquei quente, o rosto pegou fogo de
vergonha.

Desci do bote e fiquei desorientada, não sabia que direção seguir para
procurá-lo, não era possível que ele tinha me deixado, sozinha. Comecei a
respirar acelerado, com medo e apreensiva. Decidi chamá-lo.
— Maximus.

Nada, somente o som dos pássaros e das ondas do mar ecoavam ao


fundo. Andei alguns passos e o chamei mais alto.

— Maximus.

Nenhum sinal dele, preocupada, comecei a rezar em meu íntimo para


que nada tivesse acontecido com ele. Nesse momento escutei barulho de
galhos e folhas sendo pisado e pulei de susto quando ele surgiu vindo da
floresta. Ele estava sem camisa, só usava o short, em suas mãos havia vários
cocos verdes. Tive ímpetos de correr ao seu encontro, mas consegui me
conter, porém, respirei aliviada. Ele chegou perto de mim e colocou os cocos
na areia.

— Bom dia minha deusa do mar — ele falou zombeteiro sorrindo e


estendeu as mãos me agarrando na cintura.
— Bom dia — disse tímida.
— Sentiu minha falta? Já que me chamava com tanto ardor.
— Eu-eu só estava com medo, pesei que você tivesse ido embora ou se
ferido.
— Está preocupada comigo, bom sinal — como sempre falou caçoísta.
— Eu me preocupo com qualquer pessoa — falei indignada.
— Hum! Não vamos brigar, pelo visto estamos sozinhos aqui, não vi
sinal de civilização, então somos eu e você, como Adão e Eva no Paraíso.

Com essas palavras ele esmagou seus lábios nos meus e me beijou.
Suspirei fundo e fiquei passiva, ele me puxou para junto de seu corpo
musculoso e sem querer minhas mãos espalmaram em seu peito desnudo.
Podia sentir o bater do seu coração, forte, sua pele quente e os músculos rijos.
Senti vontade de deslizar as mãos pelo seu corpo. Ele deixou minha boca, eu
liberei um suspiro bobo de perda. Meu rosto ficou vermelho de
constrangimento pelo meu comportamento. Percebendo meu deslize, ele me
olhou de maneira debochada e falou no mesmo tom.

— Pode me tocar, pode sentir falta dos meus beijos, sou todo seu.

Tentei me afastar dele, mas como sempre ele não permitiu.


— Não foge, já deveria saber que não tem como escapar de mim.
— Eu não estava tentando escapar, só queria voltar para o bote.
— Para que? Quer fazer amor?
— Não — neguei envergonhada.
— Não? Mas eu adoro fazer amor pela manhã.

Enquanto ele falava, me estreitou em seus braços fortes, beijando meu


rosto. Eu não sabia como fazer para ele parar, mesmo que aparentemente
estávamos sozinhos, era muito estranho para mim aquela situação, em plena
luz do dia fazer essas coisas que ele faz comigo. Ainda tentei protestar.

— Maximus...
— Fala meu nome de novo com esse sotaque Inglês.

Ele murmurou com voz cheia de luxúria. Então repeti o nome dele.

— Hum! Pareceu música para meus ouvidos e o garotão aqui fica


agitado. Vê como você o deixa.

Ele moveu o quadril e me fez sentir toda sua virilidade latejante. Eu


fiquei sem voz, a garganta seca e envergonhada, tentei sair do abraço, mas ele
me virou de costas e colocou as mãos sobre meus seios. Seus lábios
aproximaram do meu ouvido.

— Não precisa ficar envergonhada, admita que me deseja tanto quanto


eu a desejo.
— Eu... eu não sei, estou confusa.

Ele deslizou as mãos por minha barriga e encontrou meu sexo, respirei
fundo quando senti seus dedos passarem entre a rachadura. Eu tentei manter
as pernas o mais fechada possível para evitar aquele contato, mas nada
adiantou, ele introduziu um dos dedos e começou a mover. Os movimentos
dele me causou incômodo e dor.

— Que buceta quentinha e apertadinha.


— Maximus, está me machucando.
— É mesmo?

Ele aumentou a pressão e enfiou mais ainda o dedo, eu gemi com uma
mistura de dor e prazer, pois enquanto me introduzida com o dedo,
massageava o clitóris.

— Está gostoso?
— Não.
— Não? Você prefere meu pau em você?
— Maximus, eu não quero, por favor.

Para meu total espanto, ele me soltou, o gesto foi tão surpreendendo
que eu fiquei desorientada por alguns instantes. Ouvi ele se mover atrás de
mim e decidi virar para ver o que ele fazia.

— Vamos comer alguma coisa e depois explorar a ilha — comunicou


enquanto pegava os cocos e começava a arrancar a casca verde com uma
faca.

Me recompus e apenas esperei ele terminar. Quando um dos cocos,


estava aberto ele fez um buraco e me entregou.

— Beba, esse será nosso café da manhã. Ainda temos algumas


comidas de emergência na mochila, mas só comeremos no almoço.

Não disse nada, bebi a água que desceu refrescante, era incrível como a
natureza é perfeita e não deixei de agradecer a Deus por aquele alimento. Ele
também abriu um para ele e ficamos e silêncio degustando nossa refeição
improvisada.

Depois que terminamos, Maximus pegou a mochila e colocou nas


costas. Aproximou-se de mim e pegou em minha mão. Começamos a
caminhar na areia. A praia era branca e cheio de palmeiras. Conchas exóticas
se espalhavam pela areia e um caranguejo fugiu correndo ao passarmos.
Maximus olhou em volta, mas não viu sinal de gente. Não havia nem cabana,
nem barcos. A praia não parecia ter fim. Depois de andarmos um bom tempo,
meus pés estavam doendo, o sol estava muito alto e minha pele queimava.
Percebendo minha exaustão, Maximus seguiu na direção da floresta, lá
encontramos uma clareira e sentando embaixo de uma árvore.

— Vamos descansar um pouco e depois explorar mais, tentaremos


achar algum lago ou cachoeira para montarmos acampamento próximo.
— Será que ficaremos por muito tempo aqui?
— Não há comunicação com o mundo externo, não há pessoas aqui,
teremos que esperar um barco aparecer próximo para sinalizarmos e se
tivermos sorte, alguém nos ver. Eu tenho sinalizadores.

Comemos e bebemos água, logo depois descansamos um pouco.


Acabei cochilando e fui acordada com
um beijo na bochecha.

— Vamos, precisamos continuar antes que a noite chegue.

Andamos mais alguns metros. Escutei água corrente, o barulho da


correnteza aumentava a medida que caminhamos. De repente nos deparamos
com uma lagoa com uma pequena cachoeira. Maximus tirou a mochila das
costas e sem cerimônias o short ficando completamente nu. Desviei o olhar
corada da raiz dos cabelos até a ponta dos pés. Ouvi ele se jogar na água e em
seguida me chamou.

— Entra, a água está uma delícia.


— Eu não sei nadar.
— Eu te seguro, vem.

Ainda hesitante, caminhei até a margem da lagoa e coloquei os pés, a


água era fresca e convidativa. Minha pele estava ardida do sol e com certeza
aquele banho me faria sentir melhor. Andei e Maximus me observava.

— Vai entrar com essa camisa? — ele perguntou.


— Sim — afirmei sem hesitar.

Maximus pareceu aborrecido e nadou até mim, saiu da água e me


segurou, arrancou a camisa do meu corpo rasgando-a. Pulei de susto e tentei
me tapar. Mas ele foi mais rápido e segurou minhas mãos atrás das costas.

— Não há necessidade de se tapar para mim, você é minha mulher.


— Eu ainda não estou acostumada com essa intimidade.
— Pois trate de se acostumar, agora não tem mais roupas. Não negue a
natureza, eu sou um homem e você é uma mulher e viveremos a forma mais
crua dessa realidade.

Com isso, ele me levou para a lagoa e nadamos juntos, na verdade, ele
nadou e eu apenas segurava nele. Ficamos embaixo da cachoeira. Abri a boca
para beber água e me lavar. Ao abrir os olhos, vi o Maximus me observando
com olhos de desejo e sem mais me agarrou e me beijou avidamente. Suas
mãos afagam meu corpo e me leva até uma parte rasa da lagoa onde haviam
várias pedrinhas. Ele em deitou ali mesmo e começou a beijar todo meu
corpo formando um caminho de fogo com a língua e os lábios em minha pele
molhada.

Tomou meus seios nas mãos e os apertavam tanto que me fez sentir
dor, suspirei entrecortado, a abrir a boca com se estivesse me afogando.
Agora ele subia até minha boca e mais uma vez tomou meus lábios nos seus.
— Queria que esse momento durasse para sempre.

Murmurou as palavras apaixonadamente, tão eróticas quanto o toque


das mãos fortes, excitando-me de uma maneira que nunca pensei senti.

Quando ele esmagou meu corpo com o dele, penetrou-me, um gemido


escapou-me entre os lábios. Nos entreolhamos, eu parecia hipnotizado por
aqueles olhos lindos e cheios de desejo. Ele começou a se lançar dentro de
mim com vigor, sem pensar, agarrei em seus cabelos úmidos, gemendo e
gritando de prazer. A água corria atrás nas minhas costas e passava em minha
bunda se misturando a nossa ligação. Nossos fluidos se fundiam a água assim
como nossos sussurros se confundiam com o som da natureza. Nós agora
éramos um só, de corpo e alma.

Alcançamos o ápice do prazer, juntos e como se estivéssemos


flutuando no ar, nossos corpos se entregaram a explosão do êxtase. Suados e
ofegantes permanecemos deitados, pernas, troncos e braços entrelaçados até
que nossos corações diminuíssem o ritmo acelerado.

Os dias foram passando e a cada vez mais próximos ficávamos.


Maximus trouxe o bote para a clareira e ali fixamos nossa moradia provisória.
Ele também encontrou árvores frutíferas, banana, coco tinham em
ambulância. Eu vivia praticamente nua, apenas rasguei o que sobrou da
camisa e fiz uma espécie de tanga para andar durante o dia, mas Maximus
sempre arrancava do meu corpo. Com o passar dos dias já não sentia tanta
vergonha dele. Por sua vez ele usava o short durante o dia. Injusto.
As noites, dormíamos juntinhos dentro do bote, Maximus acendia a
fogueira e assávamos peixes que ele mesmo pescava. Ele tinha muita
habilidade e sabia fazer muitas coisas. Um dia o observava acender a fogueira
curiosa, ele olhou para mim e perguntou:

— O que foi?
— Nada, só estava pensando como você é hábil e sabe fazer tantas
coisas.
— Sou um mafioso, não aprendemos somente atirar em pessoas, mas
sobrevier em condições precárias. Somos treinados as mais diversas
situações. Alessio também passará por esse treinamento.

Meu coração se apertou, Alessio deve está sofrendo demais a falta do


pai.

Naquela noite fizemos amor a luz das estrelas. Após o ato, chorei
baixinho. Maximus percebeu meus soluços e me abraçou.
— Não fique triste.
— Estou com saudade do Alessio e preocupada com ele, deve estar
sofrendo muito a sua ausência.
— Não se preocupe com Alessio, ele está bem.
— Como você sabe?
— Apenas confie em mim. Agora tire essas lágrimas dos olhos e me
beija, quero você de novo.

E assim foi, mais uma vez nos amamos.

Acordei na manhã seguinte e pela primeira vez, ele ainda estava


dormindo, deduzi que era muito cedo, pois Maximus sempre levantava
primeiro que eu. Desvencilhei dos seus braços e saí do bote. Procurei minha
tanga, amarrei na cintura e decidi ir até à praia. Minha cabeça não parava de
pensar sobre esses dias que estamos naquela ilha, eu me tornei
completamente dependente desse homem, não conseguia dar um passo se não
fosse junto dele. Sentia falta e ficava desesperada quando ele se afastava um
pouco. Não conseguia fazer nada sem ele por perto. Essa era a primeira vez
que me arrisquei sair para à praia sozinha.

Acabei sentando em uma rocha e contemplei o horizonte, o vento


morno beijava meu rosto e balançava meus cabelos. Aquela ilha havia se
tornado um cenário de amor para nós. Dávamos longos passeios pela praia,
pela floresta, nadávamos, ele estava até me ensinado a nadar. Juntos
observávamos o sol se pôr enchendo o céu de tons dorados e vermelhos. E
fazíamos amor o tempo todo, sob as estrelas, nas ondas do mar, na cachoeira,
encostados nas árvores. Eu já estava tão viciada nele que não conseguia
pensar minha vida sem os seus toques e sua posse.

Contudo, não era só desejo sexual que aflorava dentro de mim, era um
sentimento muito maior, mais letal e perigoso. Fechei os olhos em angústia,
eu não sei o que fazer, tenho muito medo de me entregar por completo, ele
está sendo muito bom aqui na ilha, em nenhum momento me bateu, claro que
o sexo era sempre que ele queria, não podia protestar. Embora o sexo seja
intenso, na maioria das vezes era gentil e carinhoso. Me sentia entre a cruz e
a espada, ele era muito complexo e não sei como lidar com ele.

— Você parece uma ninfa do mar.


Assustei-me e me virei para ele. Meus olhos percorreram seu corpo
que estava completamente nu. Pele bronzeada e músculos definidos me
deixavam em êxtase. Olhei para sua masculinidade, ereto, pronto para me
devorar. E eu o queria, muito e não resisti quando ele me fez descer da pedra
e me encostou na mesma. Nos perdemos nos olhares, e sem mais ele me
virou de costas. Me fez espalmar às duas mãos na rocha e empinar a bunda.
Ele passou os dedos na abertura por várias vezes, da bunda para a vagina e
vise e versa. Depois me penetrou por trás, na vagina e começou a se mover
freneticamente. Cada estocada fazia meu corpo ir para a frente, mas me
mantive firme para não sair da posição. Ele segurava meu quadril enquanto
me preenchia. Após mais algumas estocadas vigorosas ele liberou seu prazer
e tirou o pênis. Senti o sêmen deslizando pelas minhas pernas abaixo e as
fechei.

Ele me pegou pelas mãos e seguimos para a praia, ele me abraçou e me


beijou enquanto as ondas quebravam em nossos corpos.

A tarde, estávamos sentados no bote, eu comia uma fruta suculenta e o


suco caiu no meu colo. Maximus se aproximou e começou a lamber os
mamilos
limpando tudo.

— Doce.

Então ele se afastou e sentou, abaixou o short já ereto.

— Senta aqui.
— Como assim? — perguntei confusa.
— Desliza sua buceta no meu pau, deixa ele entrar tudo e cavalga em
cima dele.
— Eu não sei fazer isso.
— Não sabe, aprende, vem, não me faça ir até aí te buscar.

Sem saída fui até ele engatinhando, quando cheguei próximo, ele me
pegou nos braços e me fez sentar em seu colo com as penas abertas. Já sentia
toda sua potência.

— Fica de cócoras, agache aqui e deixa sua buceta encontrar meu pau.

Fiz o que ele mandou e como instinto, o pênis se encaixou na entrada


em deslizou lentamente a medida que eu sentava. A sensação era
maravilhosa. Após está tudo dentro de mim, Maximus segurou em minhas
nádegas e falou.

— Cavalga gostoso, vai.

Ele me deu um tapa na bunda e comecei os movimentos. A princípio


meio tímida, mas a medida que tomava confiança, segurei em seu ombro e
fechei os olhos, virei a cabeça para trás e me perdi no rodamoinhos de
sensações. Movi meus quadris, rebolando e dançando. Ele agarrou meus seios
apertando-os.

— Ah! caralho — ele xingou e gemeu alucinado.

Quando atingimos o orgasmo caí em seu corpo e o abracei exausta. Eu


estava completamente viciada nele.
Aquela noite, estamos sobre a areia sob a luz do luar. Eu abraçada a
ele, minha cabeça encostada no seu peito ouvindo as batidas do seu coração.
Por algum tempo, ficamos assim, abraçados ouvindo a mistura do barulho das
ondas e do vento. Uma certeza apoderou-se do meu coração, eu sinto algo
muito forte por ele, é tão forte que sentia a necessidade de lhe falar. Levantei
meus olhos e ele me ancorava, com os olhos azuis cheios de mistérios. Não
conseguia desviar, as palavras presas na garganta. Devagar como se estivesse
sendo puxada como ímã, aproximei-me de sua boca, não ouvia mais o vento,
as ondas arrebentando, só ele.

— Ainda quer me deixar, Clara?


— Não.

Foi a única palavra que consegui dizer antes dele me beijar, mas
daquela vez era diferente, não era somente necessidade física simplesmente.
Naqueles dias que passamos juntos, o conheci melhor e vi muito mais que um
mafioso, mais que um homem perigoso. Descobri que precisava dele.

Maximus me deitou na areia me saboreando com seus beijos quentes.


Ele me lambia e sugava, cheio de paixão e desejo. Senti-me desfalecer ante as
carícias dele. Era como se estivesse flutuando, totalmente fora da
consciência. Todos os músculos, sangue, carne, ansiando pelo toque das
mãos firmes e do corpo másculo.

— É assim que deve ser entre nós — murmurou.

Assim nos perdemos mais e mais uma vez no fogo da paixão, no ápice
do desejo e da entrega.

Na manhã seguinte, acordei e dei de encontro com os olhos do


Maximus me observado, pisquei algumas vezes ao perceber que ele estava
completamente vestido, não de madeira formal, mas de calças, camiseta e
tênis. Sentei tentando me orientar e Maximus falou.

— Hora de ir embora.

O encarei sem entender, será que algum barco havia nos, encontrado?
— Ponderei. Tirei essa dúvida quando ele jogou para mim um vestido e uma
calcinha, tirados da mochila.

— Vista-se.

E para meu maior espanto, ele pegou um celular e fez uma chamada.

— Riccardo, mande o helicóptero, estamos prontos.


Capítulo 21

Clara

Senti um arrepio de revolta, não podia acreditar que ele havia feito
isso. Fiquei estarrecida e não me movi, tudo foi planejado, nunca ficamos
perdidos... Jesus! Ele me manipulou, me enganou, me fez aceitá-lo. Fechei os
olhos de indignação, ouvi-o ordenar.

— Vamos Clara, não quero que o helicóptero chegue e meus homens a


veja nua.

Abri os olhos e não conseguia assimilar as palavras, tudo era tão


horrível, desde o princípio ele tratou aquilo como um negócio, me tratou
como uma pessoa sem vontades, facilmente manipulável. O som de
helicóptero cruzou o ar. Saindo do meu estado de choque, me vesti
rapidamente, a roupa era simples, por isso, não tive dificuldades em usá-la.
Saí do bote e segui para à praia. Maximus estava parado com mão na testa
fazendo sombra, olhando a aeronave que se preparava para pousar na areia.

Ainda não conseguia acreditar, na verdade, não queria acreditar e com


revolta segurei nos braços dele e o questionei.
— Por que fez isso?
— Não e óbvio, você precisava descobrir seus sentimentos.
— Que sentimentos? Você me sequestrou, me fez..

Ah! Não conseguia nem completar o raciocínio tamanho a minha


indignação. Lembrei o dia do naufrágio aquilo foi real, o barco afundou de
verdade, não pode ter sido algo fantasioso.

— O barco, eu o vi afundar, aquilo era real.


— Sim, eu mesmo o sabotei para o momento certo ele afundar,
precisava fazer você acreditar que realmente havia sido um acidente.
— Meu Deus! Você afundou um barco caríssimo de propósito só para
encenar e executar esse plano?
— Meu amor, eu sou um mafioso, aquele barco e um dos muitos que
posso comprar, não se preocupe com isso.
— Que monstruoso.
— Clara, não seja melodramática, eu não sou um homem de perder
tempo, faço o que tem que ser feito para conseguir meus objetivos.

Nesse momento o helicóptero já havia pousado e as hélices diminuíram


a rotação, Maximus segurou minha mão e disse:

— Vamos voltar para a civilização.

Algo dentro de mim, revoltou, era raiva, nunca havia experimentado


esse sentimento antes. O sabor amargo da indignação inundou a minha boca.
Ele ei tinha mentido para mim, e provavelmente mentiu sobre outras coisas.
Ele me deixou conhecer a paixão, me fez apaixonar-me por ele, por puro
capricho, pois com certeza não é recíproco. Com raiva, parei e tentei me
soltar.

— Me larga, não irei a lugar nenhum com você.


— Caralho! E lá vamos nós de novo.

Ignorando minha revolta, com um puxão, ele começou a me arrastar,


então gritei a todos pulmões.

— Me solta, seu mentiroso, assassino. Quero voltar para o convento.

Nesse momento ele parou e voltou-se para mim, trazendo-me para


junto do seu corpo com violência. Seus dedos fortes apertaram a minha
carne. Lenta e inexoravelmente, ele me puxou para mais perto, encostando
seus lábios próximo a minha bochecha. Sua boca era uma linha fina e ele
falou entre os dentes.

— Você lembra o que me disse ontem à noite? Eu avisei que cobraria.


— Eu.. Eu disse sob persuasão e falso pretexto, eu achei que.. que...

As palavras não vinham, eu me sentia perdida, estava confusa.

— Achou o quê? Que gosta do meu toque, da minha posse sobre seu
corpo?

Enquanto ele falava, colocou a mão na lateral do vestido e começou a


subi-lo, eu respirava arfante, o coração batendo como tambores. Quando senti
sua mão em minha vagina, respirei fundo, ele a massageou por cima da
calcinha e aquilo me causava sensação avassaladora de desejo.

— Admita que te deixo louquinha de tesão, que você gosta disso,


freirinha.

Ele apertou mais ainda meu braço e foi mais invasivo com seu toque
na minha intimidade.

— Admita! — ele ordenou rosnando como um animal no sio.


— I..Isso é só algo carnal.
— Carnal ou não, é isso que temos, e provarei todos os dias que você é
minha, cada centímetro do seu corpo é meu e que você me quer tanto quanto
a quero.

Ele afastou-se de mim, contudo não me largou e andou me puxando, eu


estava meio atordoada e não quis protestar mais por hora, até porque o Sr.
Riccardo vinha em nossa direção e já me encontrava constrangidas por toda
aquela situação não agravaria mais minha vergonha discutindo com o
Maximus aquela relação.

— Maximus, Senhorita Clara, estão prontos para voltar a civilização?


— Riccardo falou.
— Óbvio, não aguentava mais comer banana e coco.

Riccardo e Maximus riram e eu permaneci com a cabeça baixa e o


rosto quente pela vergonha. Imagino que eles saibam o que fizemos todos
esses dias.
— O que não fazemos por uma mulher — Maximus falou caçoísta
enquanto me ajudava a subir no helicóptero. Havia mais dois homens além do
piloto e do Senhor Riccardo. Eles desceram e receberam ordens para recolher
as nossas coisas.

Maximus ajustou o cinto de segurança em mim e sentou do meu lado,


Senhor Riccardo foi na frente junto com o piloto. Eu observava a janela e
olhava as ondas quebrando. O helicóptero levantou voo e por não sei qual
motivo, senti vontade de chorar. Meus olhos umedeceram a mediada que via
a praia se distanciando. Tinha sido tão feliz ali, admiti, foram dias mágicos de
descobertas. Tivemos uma convivência tão linda, pelo menos da minha parte.
Depois daqueles primeiros dias de tensão, tudo se tornou maravilhoso.
Atingimos juntos as maiores alturas da paixão. Nada seria igual outra vez.

— Por que está chorando? — ele perguntou rude.


— Você estragou tudo.
— Cara mia, guarde só os momentos bons que passamos aqui e
esquece o resto, além do mais, deveria ficar grata, depois do que você
aprontou considere que isso foi um tratamento VIP.
— Eu não quero lembrar nada, aliás eu quero esquecer tudo — falei
magoada.
— Pois a farei lembrar cada momento que passamos aqui.

Ele aproximou-se de mim e me segurou nos ombros.

— Olhe para baixo, amore mio, tenho uma surpresa para você.

Curiosa, olhei através da janela, abaixo de nós poderíamos perceber


toda a ilha, era enorme e para meu maior espanto não era deserta, havia uma
construção magnifica, uma casa, não uma casa, uma mansão branca no alto
de uma colina. Olhei para ele sem entender.

— Essa ilha me pertence e nós nos casaremos aqui, já está tudo


preparado.
— O quê?
— Nos casaremos hoje aqui na ilha, Alessio está nos esperando
ansioso.

Estarrecida, olhei para baixo novamente, a aeronave já estava próximo


ao solo pronto para pousar em um campo de pouso. Daquela altura
percebiam-se os jardins decorados para um casamento. Horrorizada com o
rumo dos acontecimentos, não consegui articular uma palavra se quer. Isso
tudo foi tão inesperado, surpreendente, me sentia presa em uma armadilha
muito bem arquitetada por aquele demônio. Olhei-o de soslaio, ele parecida
tão confiante, poderoso, se vangloriando da sua vitória. Contudo, o deixarei
saber que não concordo.

— Não me casarei com você — falei veemente.


— Minha querida, não perca seu tempo, já sabe que a sua vontade não
é levada em consideração. Além do mais, estou muito contente e não quero
brigar com
você hoje.
— Você não pode obrigar-me a casar.
— Como você é ingênua meu amor, eu posso tudo, não entendeu isso
ainda? — a voz dele havia uma inflexão, apesar de ter uma certa suavidade
no olhar.
Naquele momento o helicóptero já havia pousado, Maximus ajudou a
desatar o cinto de segurança e me ajudou a descer. Para meu espanto, ele me
puxou para junto do seu corpo e me fez olhá-lo e falou com tom de ameaça.

— Eu espero que você se comporte como uma noiva e coloque um


sorriso nesse rosto. Não tolerarei rebeldia e nem choradeira, nós vamos nos
casar hoje e não há nada que você possa fazer para impedir, capire?

Em desafio, desvencilhei do abraço dele e saí andando, porém, ele


agarrou meu pulso com força. Olhei para o braço, lágrimas já queriam minar
meeis olhos, mas me mantive firme.

— Poderia soltar meu braço ou quer arrancá-lo de vez.

Os olhos azuis percorreram o meu corpo e voltaram ao meu rosto.

— Prefiro você inteirinha.


— Você só pensa em sexo, isso me enjoa.
— Pena, pois ficará enjoada e terá que aguentar.

Nesse momento ouvia a voz do Alessio me chamado, voltei meu rosto


para direção do som e o vi correndo.

— Clara!
— Alessio!

Puxei o braço que não encontrou resistência e corri em direção dele.


Abaixei e estendi os braços para recebê-lo, o menino se jogou sobre mim, nos
abraçamos. Meu coração se transbordou de amor e, ao mesmo tempo de
culpa por tê-lo deixado. Me sentia a pior das criaturas. Ficamos assim por
alguns minutos, as lágrimas que tentei segurar agora rolavam solta. Alessio
foi o primeiro a se separar, olhou para meu rosto banhado de lágrimas e
passou a pequena mão para e enxuga-las.

— Não chore, meu pai trouxe você de volta, ele a salvou, eu te disse
que ele é um super-herói.
— É sim — falei entre risos e lágrimas.
— E agora vai ter casamento, está tudo pronto e eu serei o pajem.
— Eu sei. Sinto muito Alessio por ter ido embora sem se despedir de
você.
— Meu pai falou que você se perdeu.
— É... É..

Não encontrava palavras. Maximus interrompeu.

— Não me dará um abraço, filho?


— Papa!

O menino correu para o pai e esse o suspendeu nos braços em um


abraço caloroso. Por mais que ele seja um homem odioso, não poderia negar
que amasse o filho, não havia dúvida.

— Eu disse que traria sua mãe de volta, promessa é dívida.

Maximus colocou Alessio no chão e ele aproximou-se de mim muito


animado, pegou em minha mão e começou me puxar.

— Vem Clara, quero te mostrar tudo.

Segui-o e a medida que nos aproximávamos da casa, mais admirada


ficava, tudo era muito lindo. Em pouco tempo estávamos em frente a uma
construção de paredes brancas e altas janelas cinzas. Uma varanda ampla à
frente da casa com redes brancas e nas laterais palmeiras decoravam o
entorno. A casa havia dois pavimentos.

Alessio conduziu-me para o interior da casa. No hall pude ver que


amplas divisórias davam acesso ao pátio retangular, no meio havia uma fonte
natural jogando água para uma piscina. Havia vasos de flores e plantas em
todo o lugar, criando um ambiente alegre e colorido. Não podia acreditar que
a todo tempo que ficamos "perdidos" na ilha havia uma casa como aquela tão
próximo. Alessio continuou me puxando até a área da piscina, ao lado
haviam meses com grandes guardas sóis e espreguiçadeira. Tudo estava
decorado para o casamento. O pátio se estendia até um muro baixo, havia
uma gazebo decorado com flores e cortinas. Ao fundo o mar azul-turquesa.

— Aqui será o casamento.


— É lindo — falei baixo, estava sem voz.
— Melhor entrarmos, precisamos descansar um pouco antes de
começarmos a nos arrumar, a cerimônia está marcada para daqui a... —
Maximus olhou o relógio de pulso e completou: — Três horas.

Estava tão impactada com tudo que não protestei, não adiantaria, estou
sem saída, não tem a quem recorrer, nada que eu fizer mudará meu destino.
Além do mais tem o Alessio, o menino estava radiante de felicidade, não
estragaria a felicidade dele me rebelando contra meu próprio casamento.

Já dentro da casa, demos de encontro com padre Gaspard, ele havia


acabado de chegar. Imediatamente o cumprimentei em sinal de respeito,
curvado-me ligeiramente.

— Sua benção padre.


— Deus te abençoe, minha filha, estou aqui para celebrar o casamento.

Uma angústia apoderou-se de mim, precisava saber uma coisa, então


sem hesitar e ignorando que na sala se encontrava o Alessio, o senhor
Riccardo e o Maximus, perguntei para ele:

— Padre Gaspard... — pausei e pigarreei antes de continuar — o


senhor sabe que me tornei freira, e...

Ele me interrompeu e informou.

— Não precisa se preocupar minha jovem, sua ordenação foi revogada,


como não era definitiva, não precisamos da autorização do papa, o bispo
mesmo revogou.

Suspirei aliviada. Porém, queria saber se tudo estava bem com as


irmãs, principalmente com a irmã Liz.
— E as irmãs, estão todas bem?
— Sim, irmã Liz lhe enviou um presente.
— Ah! — exclamei emocionada.
O padre olhou para o Maximus, como se pedindo autorização para
entregar o presente. Ele moveu a cabeça positivamente. Então o padre abriu
sua valise e tirou um pequeno embrulho e entregou-me.

— Aqui está.

Com as mãos trêmulas, abri o embrulho e dentro havia uma pequena


imagem de Santa Clara segurando a lanterna. Havia um bilhete, abri e li
silenciosamente.

" Clara, assim como Santa Clara, você veio a esse mundo para ser luz e
iluminar as trevas. Mesmo que tudo parece sombrio, não apague essa luz.
Santa Clara te protegerá."

Irmã Liz

Não pude conter as lágrimas.

— Obrigada, padre — agradeci com a voz embargada.

Padre Gaspard apenas balançou a cabeça ligeiramente.

— Riccardo lhe mostrará suas acomodações — Maximus comunicou.

Então, os dois seguiram para a escadaria.

— Vamos Clara, quero te mostrar meu quarto.


— Não agora Alessio, Clara precisa descansar.
— Não, estou bem, eu posso conhecer seu quarto agora.
— Oba!

Antes de me afastar, Maximus segurou meu braço e falou:

— Resolverei alguns assuntos e só nos veremos na cerimônia,


comporte-se, freirinha.

Ele beijou meus lábios de leve e se afastou pelo corredor.


— Vamos! — Alessio me puxou alegre.

Seguimos para o quarto do Alessio que era tão grande quanto o outro
na mansão. Havia uma varanda linda que dava para o mar, aliás, todas as
janelas eram voltadas para o mar.

— O que achou Clara?


— É lindo!
— Posso ver seu presente?
— Sim! — mostrei.
— Quem é ela?
— É Santa Clara de Assis, ela viveu para ajudar os pobres.
— Seu nome é Clara, igual o dela.
— Minha mãe que escolheu.
— Quando estava perdida, sonhei com você muitas vezes.

Suprirei fundo e sentei-me em uma das poltronas. Decidi não mentir


para ele, quero que saiba que fui embora e não me perdi como o pai dele
falou.

— Alessio, seu pai disse que ficou doente quando eu fui embora, quero
que saiba que não era minha intenção te magoar, você lembra que te falava
que iria embora?
— Sim!
— Por isso fui, mas assim como você, senti muito a sua falta e também
fiquei doente.
— O que aconteceu?
— Eu peguei chuva e fiquei com pneumonia.
— Isso é grave? Você já está bem?
— É grave sim, mas as bondosas freiras cuidaram de mim.
— Você foi para o convento?
— Sim!
— Mas não irá mais não é? — Ele perguntou em um tom de angústia.
— Não, ficarei com você para sempre, até Deus permitir.
— Oba! Essa é a melhor notícia do mundo.

Ele me abraçou forte. Eu também o abracei. Seja o que acontecer daqui


para a frente, uma coisa tinha certeza, não magoarei mais uma vez esse
menino.
Capítulo 22

Clara

O vestido era lindo, um clássico romântico de organza e corpete


fechado de tule bordado com fios de seda. Me admirava no grande espelho de
chão com moldura branca e estilo vintage, ainda sem acreditar que estou
pronta para me casar. Meus cabelos estão puxados para trás em um penteado
sofisticado e na minha cabeça um véu preso a uma tiara de pérolas e flores de
tecido. Em meu rosto havia uma maquiagem leve, apenas blush e batom que
me deixaram com uma pele natural e levemente ruborizada, me dando ar de
uma noiva virgem, o que estava longe de ser.

Uma angústia e tristeza se refletiam em meu rosto, nunca sonhei em


me casar, não era isso que planejei para a minha vida, mas já que estou sendo
obrigada a fazê-lo, queria pedir perdão a Deus pelos meus pecados. Por ter
sido criada no convento e seguindo o rígido código moral da minha religião,
não me sentia apta para casar sem antes me confessar, eu precisava fazer isso.

— Senhorita Clara, aqui estão as joias que usará.

A mulher que ajudou a me aprontar, abriu um estojo preto de veludo e


me mostrou um conjunto de colar e brincos de brilhantes e pérolas, não era
nada exagerado, o design era simples, mas lindos. Passei a mão nas pedras,
admirada, nunca vi nada tão bonito e brilhante. O par de brincos era em
formato de gota com uma carreira de pequenos brilhantes e no centro, pérola
branca e o colar seguia o mesmo estilo.

— São feitos de diamantes e pérolas verdadeiros — ela comunicou:

Tirei a mão rapidamente e olhei para mulher chocada.

— Sente-se aqui para eu colocá-los em você.

Sem protestar, fiz o que ela mandou ainda sem acreditar em tudo
aquilo. Para finalizar, ela me fez usar sapatos forrados de tecido de seda.

— Está lindíssima.
— Obrigada!
— Gostaria de mais alguma coisa antes do horário da cerimônia? — A
mulher perguntou solicita.
— Sim, gostaria muito de falar com o padre antes de ir, avise-o que em
confissão, se não for pedir muito.
— Providenciarei, com licença.

A mulher se retirou e eu sentei-me em uma das poltronas. Juntei às


duas mãos e fechei os olhos. Alguns minutos depois, o padre bateu a porta e
entrou.
— Quer fazer uma confissão?
— Sim padre.
— Muito bem!
O padre Gaspard, colocou sua estola sentou em um dos sofás, eu me
ajoelhei a sua frente.

— Não precisa se ajoelhar, minha criança.


— Eu prefiro assim.

O clérigo não disse nada e assim iniciou o sacramento. Confessei todas


as minhas angústias. Ao final ele me absorveu dos pecados. Assim me senti
mais leve para o próximo passo.

— Obrigada Padre.
— Você é um anjo, pequena Clara e será a luz na vida do Senhor
Ferrara.
— Eu não sei se conseguirei, ele é tão, tão, tão...
— Tão poderoso, perigoso? — O padre completou.
— Sim, e também dono de si e violento.
— O Senhor Ferrara não é um homem bom e nunca o será, tenha em
mente isso, você não mudará sua essência, mas pode conseguir muitas coisas
dele, aliás já conseguiu. Ele irá se casar com você e reparar o relacionamento
de vocês.
— Mas ele está me obrigando a tudo isso, padre, o Senhor acha certo?
— Não é certo, contudo, sinta-se com sorte, para o Senhor Ferrara isso
é uma gentileza.
— Mas ele matou um homem, na minha frente e também a madre.
— Fiquei sabendo do ocorrido e compreendo ter ido embora assustada,
mas entenda minha filha, ele é um mafioso, tem suas próprias regras e
infelizmente matar pessoas para ele é algo corriqueiro.
— Isso é horrível, não consigo achar natural.
— Clara, você e o Senhor Ferrara são como água e óleo, anjo e
demônio, mas que foram unidos por um sentimento forte, arrisco amor. Você
o, ama?
— Eu não sei.
— Mas ele a ama e isso não é uma suposição, mas uma certeza.
— Ele, ele... te disse alguma coisa? — Perguntei um tanto apreensiva
com um medo incomum sondando meu coração pela resposta.
— Não, um homem como ele não falaria seus sentimentos assim, mas
para mim isso é tão óbvio quanto a certeza que o sol nascerá amanhã.
— Eu acho que o senhor está equivocado, ele só me ver como um
objeto, uma mãe para o Alessio e isso me assusta.
— Minha criança, ele se livrou da mãe do menino, não casaria apenas
para ter uma mãe para o filho.
— Se livrou da mãe do Alessio? Como assim?
— Oh! Eu em minha boca — o padre levou a mão a boca e depois
apenas desconverso — não liga para o que falei, pense apenas que ele casará
com você não para substituir a mãe do Alessio. Além do mais você também
não é alheia a ele.
— Eu não tenho certeza dos meus sentimentos.
— Escute para seu coração, sem barreiras e medo, ele te dirá seus
sentimentos. Por agora, apenas siga o seu destino, não há nada que você
possa fazer.

O padre curvou-se ligeiramente e se retirou. Voltei a sentar e abaixei


minha cabeça. Meus pensamentos estavam confusos, mas não havia
escapatória para mim.
Minutos depois, Alessio entrou no cômodo seguido da organizadora do
casamento.

— Clara, você está linda!


— Você também, está muito elegante.

Alessio usava um fraque cinza, um colete, camisa e gravata de seda,


calças e sapatos, preto.

— Estou muito feliz que você e papa irão se casar.


— Eu também, principalmente por você.
— Clara, posso te fazer um pedido?
— Sim.
— Posso chamá-la de mama.

Meu coração acelerou, não de medo ou angústia, mas de emoção, não


consegui segurar as lágrimas.

— Por que está chorando, não quer ser minha mãe?

Me abaixei para ficar da altura dele e o segurei nas duas pequenas


mãozinhas.
— Não, não é por isso que estou chorando, mas de emoção, o que me
pede é muito importante para mim, e sim, pode me chamar de mama, sinto
muito orgulho que me considera assim e espero suprir suas expectativas.
— Oba!

Ele me abraçou. Alessio é um menino muito carente e percebe-se que


sua afeição por mim e genuína, sem segundas intenções.

— Senhorita Clara, está quase na hora, levarei o Alessio para o pátio e


em seguida venho aqui para lhe buscar.
— Nossa, acho que borrei a maquiagem.

Ela me entregou um lenço e enxuguei as lágrimas.

— Está perfeita, não há necessidade de retocar.


— Vai com ela, Alessio, a gente se vê mais tarde.
— Antes de ir, quero lhe entregar isso, foi a mando do senhor Ferrara.

Ela me entregou outro estojo de veludo e se retirou junto com Alessio.


Me sentei e abri a caixa, dentro havia um terço de safiras com a cruz de ouro.
Junto encontrei um bilhete escrito à mão com uma caligrafia firme.

"Sei que esperaria algo assim ao invés de um buquê de flores. As


pedras azuis lembram a cor dos seus olhos lindos e puros, use-o."

Ti amo

Meu coração disparou, eu posso não entender italiano, mas sou capaz
de ler a palavra amor. É uma confissão de amor ou apenas dito da boca para
fora?

Sem pensar, deixe-me envolver por um alegre silêncio, uma esperança


boba cresceu dentro de mim. Sorri de leve com confiança. Mas logo voltei a
ficar séria. O que está acontecendo comigo? Não posso alimentar sentimentos
por ele e nem desejar que ele os tenha em relação a mim. Mas, por outro lado,
talvez era melhor pelo menos aceitar que havia desejo sexual... de ambos os
lados. Era difícil para eu admitir isso, mas como ele mesmo disse, era isso
que tínhamos. Embora, um casamento não deve somente se basear em sexo,
porém, era um começo. Minhas conjecturas foram interrompidas com a
chegada da mulher me avisando que havia chegado a hora, a hora de me
tornar a esposa de Maximus Ferrara.

Caminhava lentamente sobre o tapete de flores até o altar sob o gazebo


decorado de flores. Olhei para os lados, tímida através do véu que cobria meu
rosto e reparei que havia algumas pessoas que não conhecia para acompanhar
o casamento. Vi Alessio de pé próximo ao altar com um sorriso lindo no
rosto. Também sorri. Estava uma pilha de nervos e apertava as contas do
terço que carregava nas mãos pedindo proteção a Virgem Maria, enquanto
andava ao encontro do meu noivo. Contemplei-o, ele estava lindo, usava um
fraque parecido com do Alessio perfeitamente ajustado em seu corpo forte de
ombros largos e ar de arrogância. Seu rosto não demonstrava sentimentos,
apenas seus olhos azuis me observava calorosos, uma chama de desejo
irradiavam deles.

Um magnetismo vindo de seu olhar não me deixaram desviar, andei


como se estivesse flutuando de encontro a ele. O homem que poucos minutos
se tornará meu marido, meu dono. A medida que chegava próximo, um
pânico foi crescendo dentro de mim aos poucos, senti uma pequena vertigem
e parei, Maximus aproximou-se de mim e segurou minha mão firme, ele a
apertou entre seus dedos de aço. O olhei dentro dos olhos, havia um aviso
velado, uma ameaça. Maximus me amparou até chegarmos no altar. A
cerimônia iniciou, ao fundo o céu azul sem nuvens se encontrava com o mar.
O cenário era lindo, tudo parecia tão perfeito, porém, somente agora diante
do padre e do lado do homem que em poucos minutos se tornará meu marido,
dei-me conta que aquele misto de sonho e pesadelo estava apenas
começando, pois agora serei a mulher dele, a mulher de um mafioso.

Ainda dava tempo de protestar? Correr, não aceitar todo esse suplício?
Creio que não, o máximo que aconteceria era ter um adiamento por alguns
minutos, nada que eu faça aqui surtirá efeito, apenas preciso aceitar que ele
será meu marido. Senti as pernas tremerem e o coração acelerar com esse
ideia.

Subitamente, ele segurou em minha mão e eu o olhei, ele sorriu para


mim e uma música suave começou a tocar, Maximus me fez virar para a
frente e vi Alessio caminhado através do corredor de flores com as alianças.
Meu coração aqueceu-se de carinho e voltou ao normal. Aquela angústia
desapareceu ao ver o sorriso de orgulho no rosto dele. É por ele, tudo é por
ele.

O menino entregou as alianças para o pai e ele as colocou em cima do


altar. Padre Gaspard as abençoou e em seguida estava deslizando o aro no
dedo do Maximus assim como ele fez no meu. A cerimônia prosseguiu e
quando me dei conta da realidade, o padre Gaspard nos declarava marido e
mulher.

— Pode beijar a noiva.

Maximus suspendeu meu véu e me beijou com ternura, sem aprofundar


o beijo, mas caloroso. Após a benção final, caminhávamos de braços dado
pelo corredor sob a chuva de arroz lançado pelos poucos convidados. Estava
feito, agora eu sou a Senhora Ferrara.

Dentro da casa, os poucos convidados vieram nos cumprimentar e eu


fui apresentada a eles. Eram parentes e associados do Maximus. Em um certo
momento, Maximus afastou-se de mim por um instante e o Senhor Riccardo
veio falar comigo.

— Então pequena Clara, quando chegou na Itália era apenas uma


menina assustada, pensei que não passaria de um mês nas mãos do Maximus,
mas aqui estamos, conseguiu domar o demônio.
— Acho que está enganado senhor Riccardo, eu jamais o dominarei.
— Você que pensa, o levou ao altar, nenhuma mulher conseguiu tal
feito.
— E a mãe do Alessio? — perguntei curiosa. Nunca demonstrei
interesse em saber sobre a mulher, mas naquele momento gostaria de
conhecer a história dos dois.
— Lorena não conquistou Maximus, foi um casamento arranjado entre
o pai dela e ele.
— Não consigo vê-lo sendo obrigado a fazer qualquer coisa, ainda
mais se casar por acordo.
— E você está certa, ele jamais fez algo por imposição de alguém,
Maximus faz aquilo que quer pelos seus interesses, e naquele momento ele
tinha interesse de casar e ter um filho.
— Entendo.
— Está na hora da nossa dança, amore.
Maximus aproximou-se e segurou em minhas mãos, O senhor Riccardo
sorriu e piscou para mim. Ele e eu seguimos para o meio da sala onde estava
sendo oferecido o pequeno bufê. Uma canção de amor começou a tocar.
Ficamos abraçados bem juntinhos, encostei minha cabeça no peito dele e
podia ouvir os batimentos de seu coração. Ouvi sua voz sussurrada.

— Você está linha, parece uma princesa.


— Obrigada!
Ele afastou meu rosto do peito dele e me fez olhá-lo.
— A perfeita esposa, mia moglie.

Ele me beijou nos lábios, exigente, erótico, meu corpo todo se


aqueceu, realmente parecíamos um casal, perdidos de amor, completamente
apaixonados.

— Papa, larga a mama, quero dançar com ela, a música já acabou.

Alessio interrompeu o beijo puxando Maximus pelo paletó.


— Para você eu deixo, filho, mas somente para você.

Maximus afastou-se e Alessio segurou minhas mãos, sorri animada,


uma música agitada tocou e ele me guiou.

Às horas foram passando e à tarde caiu. A maioria das pessoas havia


ido embora. Me encontrava nervosa pela expectativa que viria à noite, sei que
não será nenhuma novidade, ele já me teve de diversas maneiras, mas agora
eu sou a esposa dele e essa noite seria a nossa lua de mel e essa perspectiva
me deixava apreensiva.
Os últimos a saírem foi o padre Gaspard e Riccardo, eles iriam embora
de lancha.

— Obrigada padre Gaspard — agradeci.


— Não fiz mais que minha obrigação.
— Gostaria de lhe fazer um pedido.
— Sim.
— Se o Senhor puder enviar meu agradecimento para irmã Liz e dizer
para todas que em breve irei visita-las.
— Se o seu marido permitir...

Olhei para o Maximus, ele estava com o Alessio no colo e falou.

— Pensarei sobre isso.


— Mas não acho nada de mais — protestei.
— Eu disse que pensarei, quer ouvir um não definitivo?

Baixei os olhos e torci as mãos uma nas outras, isso é uma pequena
amostra que tipo de casamento terei, era pior que uma prisão perpétua.

Quando todos foram embora, subi para trocar de roupa enquanto


Maximus ficou com Alessio. A noite já havia caído então após me trocar,
peguei o menino paga ajudá-lo com a rotina da noite. Após deixá-lo no
quarto já dormindo, segui para a suíte onde dividirei com o Maximus. Entrei
no cômodo e senti um frio na barriga, era a minha noite de núpcias.
Capítulo 23

Clara

A lua brilhava sobre o mar, milhares de estrelas destacavam-se contra


o veludo do céu. Estava na varanda observando, uma brisa leve soprou e o
meu corpo arrepiou. Usava uma camisola fina e os meus mamilos ficaram
ouriçados, estava pronta para minha noite de núpcias.

Não percebi a sua presença imediatamente, ele abraçou-me por trás e


segurou os meus seios macios com às duas mãos, os apertou. Beijou a curva
do meu pescoço lançando, arrepios por todo o meu corpo. Fechei os olhos me
deixando embalar por aquela atmosfera de paixão e desejo. Virei-me e o fitei
imóvel, seus olhos eram intensos, demorados, penetrantes, que exigiam uma
entrega total, minha completa submissão. Nós não falávamos nada, não há
necessidade de palavras, apenas sentir. Meus olhos vagaram pelo seu corpo
perfeito, ele era completamente proporcional, ombros esguios, tórax forte,
braços musculosos, seu peito estava desnudo, apenas usava as calças do
pijama. Queria toca-lo, deslizar minhas mãos em todos seus contornos, seu
peito liso e abdome definido. Nunca pensei no físico de um homem, mas
aquele momento queria senti-lo, tocar seus músculos rígidos. Como lendo
meus pensamentos ele disse:
— Me toque, sou todo seu, mia moglie.

Tímida, segurei em seus ombros e iniciei a minha exploração. Deslizei


as mãos por seus bíceps, sua pele bronzeada estava quente, os músculos
firmes e definidos moldavam entre meus dedos. Insinuando-me agora com as
mãos em seu peito, escorreguei lentamente até o abdômen contornando
aquelas formas esculpidas. Escorreguei as palmas por seu quadril e parei
abruptamente quando percebi que atingia um ponto mais íntimo. Será que
terei coragem de continuar? Não tive mais tempo para pensar o que fazer,
Maximus segurou minhas mãos e me fez senti-lo, o membro estava duro,
apontados para mim como uma ameaça, meu coração estava disparado, meu
rosto quente.

— Desembrulhe seu presente, amore.

Ainda com receio, coloquei a mão no coz das calças do pijama e desci
lentamente, todo o resto do seu corpo magnífico mostrou-se, ele ficou
completaste nu. Meu coração começou a bater mais forte, olhei para sua
nudez fascinada por sua masculinidade perfeita. Meus olhos vagaram e se
detiveram na plenitude de sua virilidade, recuei um passo impactada e
assustada ao mesmo tempo, não por ver seu membro, pois já conhecia toda
sua magnitude, mas pela minha reação, eu quero sentir tudo aquilo dentro de
mim, eu quero que ele me possua, preciso que me possua.

Entendendo minha linguagem corporal, em um impulso, ele me


segurou e trouxe-me para junto do seu corpo, com uma das mãos massageou
meu seio e com as outra explorou minha vagina que ainda estava escondida
na calcinha, seus toques quentes faziam meu corpo vibrar, como choques
elétricos. Ele me pegou no colo e seguiu a passos largos até nosso leito
nupcial. Deitou-me cuidadosamente e debruçou sobre meu corpo. Eu estava
excitada, minha vagina pulsava e produzia fluidos lubrificantes. Maximus
tomou meus lábios ávidos, impacientes, em um beijo erótico me deixando
sem fôlego. Seus dentes prenderam meu lábio inferior e puxou-o. Liberei um
gemido de dor e angústia. Enquanto ele fazia isso, sua mão penetrou dentro
da minha calcinha e seu dedo pressionava em minha entrada. O gesto ao
mesmo tempo, era doloroso e prazeroso, estava em um rodamoinho de
sensações loucas.

Gritei quanto ele introduziu o dedo dentro de mim, ele começou a


movê-lo com força e rápido, podia sentir sua unha esfolando minha carne
sensível. Em seguida ele tirou o dedo e deslizou entre as minhas pernas.
Puxou minha camisola e a tirou do meu corpo com sofreguidão, em seguida
foi a calcinha. Subiu minhas pernas e as abriu, olhou para mim entre as
minhas coxas antes de beijar meu mistério carnal. Arqueei os quadris e a
cabeça para trás ao sentir sua língua quente deslizar na entrada lisa do meu
órgão. Deus! Nunca pensei que uma língua poderia fazer isso com alguém,
mas era tão bom, tão excitante, eu apertava a colcha da cama e mexia o
quadril querendo mais e mais. Ele lambeu toda a exceção até chegar naquele
pontinho que ultimamente descobrir ser meu ponto rápido de prazer. Ele
rolou a língua e chupou por vários minutos enquanto me penetrava com o
dedo, não consegui segurar os gemidos, eles saiam naturalmente da minha
garganta, balançava a cabeça de um lado para o outro.

De repente ele parou e alojou-se entre as pernas, eu fiquei perdida,


queria que continuasse, segurei em seus ombros, pedindo silenciosamente
que me preenchesse, que me fizesse mulher, eu respirava acelerado.
— Continua... — Sussurrei afobada.
— Eu vou minha gatinha, te farei minha esposa em toda plenitude da
palavra.

A respiração dele era irregular, sua excitação era sentida contra minha
pele, eu abri as penas o máximo que consegui, meu músculo vaginal pulsava
pronto para recebê-lo. Ele segurou-me com força pelo ombro e me puxou
para cima com violência, eu bati na cabeceira da cama, o gesto me assustou e
um gemido de choque e protesto saiu dos meus lábios.

Ignorando tal protesto, segurou-me com força pelos quadris e ergue-me


até que todo seu pênis alinhasse na minha entrada, e sem que eu pudesse
raciocinar, sua ereção titânica penetrou-me sem mais preliminares.

— Recebe meu pau esposinha, engula tudo nesse buceta apertada.

Seus movimentos iniciaram freneticamente, ele me estocava tão forte


que minhas costas batiam na cabeceira da cama, eu tentava acompanhá-lo e
movimentava o quadril, mas a maneira que ele me penetrava não estava
confortável para mim, por isso como um gesto de proteção, espalmei minhas
mãos em seu peito o empurrando, mas não surtiu efeito nenhum, pois seu
corpo forte não se moveu nenhum milímetro. Ele estava em meia flexão com
as mãos espalmadas no colchão, seu rosto era uma máscara distorcida de
fúria, paixão, luxúria e possessão, ele nem ao menos piscava, apenas seu suor
na testa indicava que ele era um homem que me possuía ferozmente.

— Quer que eu pare? — Ele rosnou me estocando mais forte.


Não conseguia falar, havia um nó em minha garganta, eu queria que
ele parasse? Não, eu não queria e, ao mesmo tempo queria, podia sentir a
ponta do pênis batendo no meu útero. Contudo, a cada estocada além de dor,
eu sentia prazer, era uma mistura dos dois e isso estava me deixando louca.

— Quer que eu pare? — ele perguntou de novo.


— Não... não ... para — pedi ofegante.

Ele sorriu malicioso e intensificou os movimentos, lágrimas


escorreram na lateral dos meus olhos enquanto recebia toda sua potência.

Em um dado momento ele parou de estocar e puxou o pênis quase o


tirando do meu canal, em seguida ele mergulhou de novo, e mais uma vez
puxou e mergulhou, ele fez aquilo algumas vezes e enquanto fazia,
massageou meu clitóris.

Gemia e mexi os quadris, perdida nas sensações, fechei os olhos, meu


corpo recebia impulsos elétricos e meu ponto sensível liberava cargas de
excitação. Aquela sensação do pênis dele deslizando lentamente estava me
deixando louca.

— Oh céus... — mordi o lábio inferior e me movi de modo rítmico, até


gritar estrangulado pelo prazer. Meu corpo foi sacudido por violentos
espasmos elétricos.

— Abre os olhos — Ele ordenou — Quero ver seu orgasmo.


Abri os olhos e o encarei, ele estocou mais algumas vezes forte e se
entregou ao prazer. Seu líquido quente me preencheu, podia estilo me
invadido. Ele desalojou o pênis e terminou de pulverizar seu esperma em
cima da vagina. Em seguida ele olhou entre as minhas pernas a vagina
lambuzada de sua semente, aberta e vermelha de sua posse.

— Assim que eu gosto, ver essa buceta vermelha e fodida.

Em seguida ele deitou sobre mim e me beijou, arrastou os lábios pelos


meus cabelos e mordiscou o lóbulo da minha orelha. Sussurrou rouco.

— Não fodo criança, eu arrombo, até agora fui gentil com você,
contudo na cama eu não quero só uma esposa, eu quero uma puta, uma
esposa puta. E não sairá dela sem ter muitos orgasmos, se assim eu quiser,
freirinha.

Arrepiei-me toda com suas palavras, ele moveu-se e deitou de barriga


para cima e ficamos lado a lado.

— Casamento consumado com sucesso, freirinha.

Ele riu sarcástico, próprio dele.

Após alguns minutos ele já havia se recuperado, eu ainda sentia os


efeitos da sua posse, mas não protestei quando ele me segurou e virou de
costas, sem seguida massageou as almofadas da minha bunda.

— Bundinha linha, quero deixá-la vermelha.


Eu não entendi o que ele queria dizer até sentir o primeiro golpe, ele
estapeou com força e eu soltei um grito de dor e tentei me virar.

— Fica quieta! — Ordenou me segurando com força, seus dedos


esmagando minha carne sensível.

Outro tapa seguido de mais, de ambos os lados da minha bunda. Chorei


entre os travesseiros para abafar meus gritos de dor. Quando ele se sentiu
satisfeito, esmagou a carne da minha bunda com às duas mãos e lambeu meu
ânus algumas vezes com a língua.

— Hoje não iniciarei o sexo anal, mas se prepare esposinha, pois adoro
comer um cu e o seu parece maravilhoso.

Depois, ele lambeu o ânus e a vagina, ele passava a língua entre minha
fenda da bunda até e entrada da minha vagina. Meu corpo começou a reagir
aquela exploração. Em seguida ele me virou e jogou em meu rosto seu pênis
ereto, respirava acelerado e observei toda sua extensão pétrea e venosa, as
veias saltitavam tamanho era sua ereção.

— Engole amore.

Ele estava de joelho sobre a cama, então pegou em uma mexa dos
meus cabelos da nuca e puxou-os rente raiz, empurrou minha cabeça até seu
membro e eu o segurei. Em seguida levei-o a boca e ele empurrou a minha
cabeça, abri a boca o máximo que pude para alojá-lo em minha cavidade
bucal, minhas mandíbulas doeram e praticamente engasguei. Mas ele
começou a mover os quadris e eu tentava acompanhá-lo.

— Use essa língua, chupa com força.

Movi a língua a chupei o pênis sentindo o prepúcio na ponta da minha


língua. Aquilo não tinha gosto de nada e na fazia ficar enjoada, mas a medida
que me familiarizava, mas fundo e mais rápido eu rolava a minha língua e o
chupava, Maximus puxava meus cabelos e gemia alto. Ele balançou minha
cabeça com mais força e o pênis entrou no início da minha garganta,
engasguei e tentei tirar, mas ele não deixou, a pressão em meus cabelos,
aumentou me avisando para continuar, respirando fundo movi a cabeça para
frente e para trás rapidamente, ele gemeu em êxtase.

— Já está pegando o jeito, amore, mais fundo.

Continuei movendo, o pênis parece que ficou maior, não podia caber
mais tudo em minha boca antes da garganta se fechar, gemia abafado, eu
havia encontrado meu limite, mas a cada golpe que ele fazia e puxava meu
cabelo, aprofundava aquele pau que cortou a minha respiração. Naquele
momento ele uivou como um animal e ejaculou em minha garganta, para não
engasgar deixei que o líquido descesse, ele empurrou minha cabeça de
encontro a ele, sentia o pênis contraindo dentro da minha boca. Em seguida
ele o retirou de uma vez e ainda liberou esperma em meus lábios, o sêmen
escorreu e lambuzou meus seios. Fiquei com os olhos fechados recebendo
todo o seu esperma.

Ao finalizar, ele beijou minha boca e me abraçou, estamos


agarradinhos, até ele recuperar-se e começar tudo de novo. Aquela noite foi
longa, ele só me deixou descansar quando os primeiros raios do amanhecer
despontava no horizonte.

***

Maximus

Observei minha esposa que dormia profundamente, completamente


exausta. Sorri satisfeito, essa freirinha está virando minha cabeça, estou
extremamente obcecado por ela, não sabe fazer nada na cama e apenas um
bebê que está aprendendo, descobrindo, e eu serei seu professor, a deixarei
afiada para mim. Já consigo fazê-la ter desejo e tesão, logo, se tornará uma
pequena ninfomaníaca, mas somente para meu deleite, nunca deixarei
ninguém nem ao menos olhá-la, muito menos tocar nela, eu mato com
requintes de crueldade se isso acontecer.

Bufo, eu a cercarei de todos os cuidados, ela não fará nada sem que eu
saiba ou autorize, quando disse que a prenderia com as correntes do
casamento, não era metaforicamente, era real, eu a prendi a mim, até sua
respiração será controlada por mim e seu corpo, pertence a mim.

Preciso levantar, o dia já chegou e daqui a pouco Alessio acorda, não


há empregados na casa, dispensei todos, ficarmos somente nós três na ilha.

Levantei-me e fui até o banheiro, liguei o chuveiro frio e tomei um


banho rápido, não sinto necessidade em dormir muito, me sinto revigorado e
disposto. Deixarei a Clara dormir até quando ela quiser, minha freirinha não
está acostumada com uma noite inteira de sexo.

Após me vesti fui até o quarto do Alessio, ele havia acabado de


acordar.

— Bongiorno, garotão, dormiu bem?


— Si! Onde está a mama?
— Dormindo, vamos deixá-la descansar.
— Vocês treparam?
— Alessio, não quero que fale mais assim, eu não trepei com a Clara,
ela é minha esposa e não uma puta. Capiste? — Só na minha cama — Pensei.
— Si!
— Bene, bene! Agora vamos preparar o café da manhã.
— Você vai cozinhar papa?
— Sim, igual no acampamento que fizemos, lembra?
— Oba!
— Mas antes, escovar os dentes e vestir uma roupa.

Animado, o menino pulou da cama e correu para o banheiro, eu o segui


e ajudei com sua higiene. Logo depois seguimos para o closet e escolhemos
uma roupa leve para aquele dia. Antes de sairmos do quarto para preparar o
café da manhã, Alessio me surpreendeu com um abraço.

— Obrigado papa por ter trazido a Clara de volta.

Sorri satisfeito.

Estávamos na cozinha de avental preparando o desjejum quando a


Clara entrou, Alessio animado correu em direção a ela.

— Mama!
— Bom dia meu amor. — Ela falou abaixando-se e abraçando o
menino.
— Dormiu bem?
— Sim. — Ela falou um pouco constrangida, percebi.

Aproximei-me deles e Clara se levantou, me olhou e corou, tenho


certeza que se lembrou de tudo que fizemos na noite anterior.

— Bom dia! — Cumprimentei e beijei seus lábios.


— Bom dia! — Falou tímida.
— Estamos preparando o café da manhã, mama.
Alessio falou.

— Posso ajudar?
— É claro, vem!

Alassio a pegou pelas mãos e puxou, ela escolheu um dos aventais e


assim iniciamos o nosso dia.

Passamos uma semana na ilha, durante o dia, fazíamos muitas coisas,


juntos. Nadávamos, pescávamos, acampávamos, passeávamos de barco. A
noite era somente para nós dois, passávamos uma boa parte da noite
transando, de todas as maneiras e posições, ela me correspondia cada vez
mais e eu não me cansava de tê-la.

Uma cera tarde, Alessio e Clara brincavam na areia da praia enquanto


eu os observava através dos meus óculos de sol de uma das espreguiçadeiras.
Clara fica linda de biquíni, ela tem um corpo incrível. Fui interrompido com
o toque do meu celular, era o Riccardo, atendi.

— Maximus, estamos com os três caras que estupraram a mãe da Clara


e a outra freira.
— Já colheu o material para fazer o teste de DNA.
— Sim, mas pela apetência de um deles não há dúvidas que é o pai da
Clara.
— Iremos para casa amanhã, quero todos os detalhes.
— Sim.

Desliguei o celular, a lua de mel acabou.


Capítulo 24

Maximus

A fumaça perfumada do charuto inundou o cômodo do escritório da


mansão. A minha frente os relatórios dos homens, li o nome no primeiro na
lista.

— Edward Drumont, empresário, 50 anos, casado e três filhos.


— Sim, esse é o provável pai da Clara, pela foto anexada percebe-se a
semelhança. Ele é loiro com os olhos azuis como os dela. Os outros dois são
morenos de olhos escuros.
— Hum! Ele é empresário de que setor?
— Tecnologia, tem uma empresa de TI, ele é o CEO. Tem uma vida
bem estabelecida na Inglaterra, é considerado um exemplo para a sociedade
Londrina. É um tipo filantropo e pasme, a esposa dele tem um centro de
ajuda para as mulheres vítimas de violência patrocinado pela empresa dele.

Ri de lado, esse é um tremendo filho da puta. Riccardo continuou:

— Ele já é casado a mais de 20 anos e o filho mais velho tem 4 anos


mais que a Clara, isso significa que já era casado quando cometeu o crime.
Há também fotos dos filhos e da esposa.
Olhei a foto, todos juntos como uma família feliz. Mas essa felicidade
acabará em breve. Sorri maquiavélico, agora passando para os outros dois
relatórios.

— Os três são amigos, e estavam juntos naquela noite para comemorar


justamente a abertura da empresa, segundo o que conseguimos descobrir foi
que eles ficaram até por volta de dez horas no bar e estavam bem alterados
quando saíram.

— Então deve ter sido nesse momento que eles deram de cara com as
freiras e decidiram se divertir.
— Provavelmente.
— Bom, agora só preciso mandar colher uma amostra de sangue da
Clara para o teste de DNA e termos certeza que o homem é pai dela para
decidir seu destino.
— Como fará isso? A clara não pode saber que descobrimos o
paradeiro do suposto pai dela.
— Eu...

Parei de falar quando fui interrompido pela abertura da porta do


escritório, Clara entrou, com uma expressão no rosto completamente
chocado. Ela me olhou questionadora.

— Isso é verdade?
— Clara meu amor, o que você está fazendo aqui? Sabe que não gosto
de ser interrompido quando estou tratando de negócios. Além do mais é
muito feio escutar a conversa dos outros.
— Eu não tive a intenção, estava passando e ouvi a conversa, a porta
não estava fechada.
— O que você ouviu?
— O suficiente.
— É melhor contar logo para ela — Riccardo sugeriu.

Levantei-me da cadeira e fui até ela, a fiz sentar em sofá de couro e me


sentei do seu lado, avaliei seus lindos olhos azuis, são tão expressivos e ainda
mantém seu ar de pureza e inocência. Queria poupa-lá desse sofrimento, mas
como ela escutou, é melhor esclarecer as coisas.
— Sim, o que você ouviu é verdade, talvez esse homem que
descobrimos, seja seu pai.

Ela me encarava sem acreditar, em choque percebia-se.


— Por que o procurou?
— Para lhe dar uma lição.
— Lição? Que tipo de lição?
— Clara, esse é o meu negócio.
— Você... Você irá, matá-lo?
— É o que ele merece, não!
— Não.
— Não? Clara, ele é o cara que estuprou sua mãe de forma violenta.
— Eu sei, mas acredito no perdão de Deus. Por favor Maximus, quero
vê-lo.
— Eu posso lhe mostrar o relatório dele, tem uma foto anexada.
— Quero vê-lo pessoalmente.
— Fora de cogitação.
Levantei-me abruptamente, ela também levantou e segurou meu braço.

— Por favor Maximus, eu preciso vê-lo, falar com ele, saber por quê...

Ela começou a chorar baixinho. Suspirei fundo e fiz um sinal para que
o Riccardo saísse da sala, o que fez imediatamente fechando a porta
silenciosamente. Fui até lá e a tranquei. Clara me encarava assustada.
Aproximei-me dela e segurei em sua cintura, ela liberou um pequeno suspiro
ao perceber que estava excitado. Passei o polegar em seu rosto enxugando as
lágrimas. Adora esse jeitinho tímido dela, sua boca tentadora que me convida
o tempo todo para serem beijados. Curvei-me e beijei a curva do seu pescoço,
empurrando-a contra a mesa.

— Maximus, o que está fazendo?


— Quero você.
— Não podemos, é dia. Por mais, Alessio daqui a pouco acordará e me
procurará.
— Você precisa relaxar, meu amor. É só um sexo rapidinho, não
precisamos nem nos despirmos.

Desci uma das minhas mãos até a borda do seu vestido e o subi, ela
ainda tentou me impedir.
— Para, preciso saber sobre o homem, por favor Maximus.
— Você saberá, mas agora quero te fuder gostoso, sobre a minha mesa.

Sem mais, a fiz sentar sobre o tampo e abri suas pernas, puxei sua
calcinha de lado e comecei a massagear sua buceta macia, ela respirava
afobado e segurou em meu pescoço. Em um gesto rápido, abri minhas calças
e projetei meu pau que aquela altura tinha uma ereção completa. Cuspi na
mão e afastei a calcinha, passei a saliva em sua lisura que já se encontrava
molhada. Ela gemeu e resmungou ao mesmo tempo, enquanto a massageava
preparando-a para receber meu pau.

O buraquinho dela estava quente e pulsante, segurei o pênis e encostei


em sua entrada, forcei um pouco e ela mexeu o quadril e apertou a carne do
meu pescoço com os dedos. Deslisei algumas vezes a cabeça do pau até
deixá-la sem fôlego.

— Quer que enfie tudo em você?


— Hum hum!
— Quer que te foda até fazê-la esquecer o mundo?

Ela resmungou e abriu a boca sem som, somente o suspiro abafado.


Beijei seus lábios e a penetrei, ao mesmo tempo que introduzia minha língua
na boca dela. Caralho, é tão gostoso fude-lá, eu não consigo manter minhas
mãos longe dela, é só olhá-la que meu pau se alegra. Essa freirinha me deixa
alucinado, me faz esquecer até mesmo da porra das minhas obrigações.

A medida que me lanço e enterro meu pau nela, o prazer vai


aumentando, meu pênis cresce, a parede do canal vaginal dela aperta o
membro me proporcionando mais prazer. Acelero os movimentos e enfio até
os testículos. O crescente desejo toma conta de mim, já não raciocínio direito,
começo a falar palavras de carinho em Italiano e confesso meus sentimentos
mais íntimos.

— Amore mio, ti amo, ti amo.


Explodo de êxtase e paixão, derramo toda minha porra dentro dela e
falo palavras obscenas em seu ouvido. Puta merda! Eu estou completamente
rendido, entregue aos seus encantos, apaixonado, sim, estou apaixonado por
ela, e não consigo segurar, não consigo esconder de mim mesmo, eu a amo,
eu a amo.

Com gentileza a beijei no rosto com ternura, ainda sentindo os efeitos


do gozo. A Abracei forte, meu pau ainda estava dentro dela. Ficamos assim
por alguns minutos, meu coração batia loucamente não só pelo esforço da
transa, mas pelos meus sentimentos por essa mulher. Porra! Eu nunca senti
algo assim em toda minha vida.

Ouvi um soluço vindo dela, percebi que ela começou a chorar, afastei-
a e olhei para seu rosto banhado de lágrimas.

— Ei... O que é isso? — Tomei o rosto dela entre as mãos e olhava


para dentro dos seus olhos. Percebi que ela intensificou ainda mais o choro e
eu a abracei, não sou um homem que primo pela paciência, especialmente
com mulheres, mas me compadecia dela, eu a entendo, é muita coisa para sua
cabeça, sendo tão jovem e sensível.

— Calma, calma — Sussurrei acariciando seus cabelos.


— Maximus, você só me ver como um objeto sexual? Um corpo
apenas? — Ela perguntou soluçando.

Afastei-me dela e a olhei intrigado com a testa franzida.


— Sobre o que está falando?
— Você... Você, só demonstra esse sentimento, de.. de posse. Sei que
não sou experiente nesses assuntos, mas é isso que sinto vindo de você, me
trata apenas um corpo, nada mais.

Movi-me e nossa ligação foi desfeita. Ajeitei as roupas e ela fez o


mesmo, não havia muito o que fazer, nem ao menos tirei sua calcinha, apenas
afastei de lado. Ela desceu da mesa e deixou os dois braços na frente do
corpo como se estivesse se protegendo.

Olhei para ela, tão linda e inocente. Eu sou um filho da puta insensível,
eu sei, só penso nos meus desejos, sim, mas Porra! Como explicar para ela o
que realmente faz comigo? Eu nunca senti conflitos internos, nunca me
preocupei com nada, nem com ninguém, mas pela primeira vez estou com
medo. Ri por dentro, caralho, eu estou com medo de lhe confessar meus
sentimentos e ser rejeitado. Ah! Sim, a obrigarei a viver comigo, mesmo que
me rejeite, mas eu não quero que ela o faça.

Aproximei-me dela e lhe segurei o queixo a fazendo olhar para mim,


acariciei seu rosto e ajeitei alguns fios de cabelo que estavam agarrados em
suas bochechas por causa das lágrimas.

— Eu não a vejo somente como um objeto sexual, não mesmo.

Peguei em sua mão esquerda, levantei na altura de seus olhos e lhe


mostrei a aliança.

— Eu jamais te ofereceria isso, se fosse apenas tesão. Sexo consigo em


qualquer lugar.
— Então, casou comigo por causa do Alessio...

Coloquei um dedo em seus lábios a silenciando.

— Não, casei com você porque és minha fraqueza, nunca me senti


assim com nenhuma outra mulher. Nunca estive tão... — Pausei, qual palavra
usar, como descrever esse sentimento que me corrói, que me vicia como uma
droga?

Ela me encarava com suspense, respiração presa, não sei o que ela
espera ouvir, mas também não sei se quero revelar.

— Tão obcecado — Completei.


— Obcecado.... — Ela repetiu a palavra com uma entonação de
decepção.
— Entenda Clara, eu não podia deixá-la, só de imaginar que outro
homem pudesse toca-lá já me deixava louco.
— Mas eu jamais teria outro homem, queria me tornar freira.
— Caralho, que porra! Você acha que a deixaria se enfiar em um
convento?
— Era a minha escolha.

Uma raiva atingiu-me e sem pensar a segurei nos dois braços


apertando-os e a sacudi.

— Você não entende, que sou louco por você, a quero do meu lado até
me tomar um velho, quero dividir o carvalho da minha vida com você, ter
filhos, acordar e dormir juntos, fazer amor... porra!

A soltei e passei as mãos no cabelo nervoso, que merda, merda, merda!


Andei pelo cômodo em círculos, nunca me senti tão nervoso, tão impotente
diante de uma situação.

Clara soluçava de chorar. Voltei-me para ela e em passos largos a


abracei e beijei seus lábios. Eu a amo, muito. Entre beijos fiz algo que nunca
fiz na vida.

— Me desculpa, eu não queria te machucar, te magoar, eu não queria


te forçar a nada, mas eu sou assim, quando quero tomo, e eu queria você
Clara, eu queria... — Pausei, era difícil falar aquilo, mas precisava.

— A deixarei conhecer seu pai e você decidirá o destino dele. E após


isso, eu a deixarei decidir sua vida.
— O que quer dizer?
— Isso que ouviu, o que decidi para você, respirarei e aceitarei, não
irei atrás e nem a obrigarei a viver comigo se assim não o quiser.

Vi em seus olhos várias emoções: surpresa, alegria, pena e tristeza. A


soltei e comuniquei.

— Te levarei até o laboratório para fazer a coleta do sangue para o


teste de DNA. O resultado sairá amanhã mesmo, pedirei urgência.

Uma batida na porta e um chamado interrompeu nossa conversa.


— Mama — era a voz do Alessio.

Clara imediatamente seguiu para a porta, mas antes dela sair a segurei
no braço e falei:

— Não pense no Alessio em sua decisão, se quiser ficar comigo e


continuar sendo a minha mulher, que seja por mim, entendeu?

Ela não disse nada, puxo o braço e abriu a porta.

— O que vocês estavam fazendo trancados no escritório? — Alessio


perguntou malicioso.
— Hum... Nada, apenas estávamos conversando assuntos de adulto.

Clara falou já ficando vermelha como sempre. Eu peguei-o no colo e


comuniquei.
— Clara irá conhecer o pai dela.
— Você tem pai? — Ele perguntou espantado.
— Acho... Acho que sim. — Ela gaguejou.
— Então ele será meu avô como era Dom Morelli?
— Não Alessio, ele não participará da nossa vida. Esse é um assunto
da Clara e quero que você entenda que, qualquer coisa que ela decidir a partir
de agora, nós teremos que respeitar.
— Entendo. — Alessio falou com a testa franzida.
— Agora eu e Clara teremos que sair, você ficará em casa, prometo
que não demoraremos.
— Eu quero ir papa, por que não posso ir?
— Porque esse é um assunto para crianças. — Já falei irritado.
— Alessio, vamos para seu quarto, te explicarei porque não poderá ir.
— Clara falou com toda sua calma e serenidade.

Alessio desceu do meu colo e seguiu a Clara. A porta se fechou e eu


segui para minha mesa. Desmoronei na cadeira passei os dedos, várias vezes
entre os fios dos cabelos. Alguém bateu na porta e esperou a ordem para
entrar. Eu não disse nada. Um minuto depois quem bateu decidiu entrar, era o
Riccardo.

— O que você decidiu?


— Clara irá fazer o exame de DNA, não mate nenhum dos três,
amanhã assim que o resultado sair, levarei Clara para conhecer o pai.
— E depois?
— Quero que prepare um documento, te explicarei tudo o que
acontecerá. Amanhã será o dia decisivo para a minha vida e da Clara.

Riccardo nada disse, apenas assentiu.


Capítulo 25

Clara

A ansiedade era enorme, minha vida estava uma bagunça, minha


cabeça estava uma bagunça, meus sentimentos estavam uma bagunça. Nossa!
Nunca fui uma pessoa ansiosa e nervosa, gosto de manter a serenidade, a paz,
aprendi no convento a não me permitir sofrer e sempre me agarrava as
orações para passar por qualquer turbulência. Todavia, nada me preparou
pelo que vem a frente, Deus do céu, conhecerei meu pai, meu pai. Estava no
carro indo ao seu encontro.

Sim, o teste de DNA confirmou que um dos homens que Maximus


capturou era de fato meu pai biológico. Inclusive estava com o relatório dele
em mãos. Já havia olhado inúmeras vezes para a foto anexada, queria sentir
raiva, desprezo, nojo. Mas não era capaz, não conseguia, o único sentimento
que aflorava dentro de mim era o de perdão, sim, eu estou pronta para
perdoa-lo, para ouvi-lo, mesmo que haja rejeição de sua parte, na verdade, já
espero isso, não quero conhecê-lo para que me assuma, ele nunca foi um pai
para mim e nunca o será, contudo, para prosseguir minha vida, preciso olhar
em seus olhos e mostrar que suas atitudes destruíram vidas, devo isso a
minha mãe, tenho certeza que ela faria o mesmo, eu tenho mais certeza ainda
que ela o perdoaria, assim como a irmã Lizzie.
Virei a página do relatório e contemplei a foto de sua família, eu tenho
irmãos, um irmão e duas irmãs. Sorri com tristeza, eu não sei explicar a
sensação que estou sentido, mas é como se estivesse me encontrado, como se
pertencesse a esse mundo de fato, eu tenho uma origem, mesmo que tenha
sido da forma que foi, eu tenho uma origem.

Maximus estava do meu lado, sério, semblante enigmático, não


conseguia desvendar seus sentimentos, o que se passava em sua cabeça. Ele
não dormiu no nosso quarto a noite passada, essa foi a primeira vez que
dormimos separados desde que nos casamos. No café da manhã ele também
não falou muito, nunca o vi assim, sempre com suas ironias e arrogância, mas
dessa vez ele parecia fechado em seu mundo. A atitude dele fez minha alma
chorar, eu queria endurecer meu coração, mas não consegui, naquele
momento só queria acalentar ele e disser que está tudo bem.

Eu entendi quando ele disse que me amava, ele sempre diz essas
palavras em italiano quando está gozando, eu não entendo seu idioma, mas
por tanto ouvi-lo falar a mesmas coisas já sabia que eram palavras de amor,
no entanto, ele só fala quando estamos transando, em nenhum outro
momento, então penso que só diz da boca para fora, apenas de sentir prazer, é
luxúria apenas, não tem nada a ver com amor.

Porém, por outro lado, ele me deu a chance de ir embora, eu ainda não
acredito que realmente ele cumprirá com o que disse, de verdade não sei, mas
pela sua atitude nas últimas horas, acho que ele não estava blefando. Todavia,
isso não me deixa feliz, eu queria me sentir alegre e saltitante, mas não, eu
sinto angústia, medo e incerteza.
E eu, quero ir? Me pergunto isso desde ontem, na verdade, não dormi
direito, rolei a noite toda na cama pensando na vida, nas minhas decisões. Eu
preciso que ele realmente demonstre que terei a escolha. Minha alma e corpo
estavam em conflito. O corpo quer ficar, mas a alma quer ser livre. Mas que
liberdade? Me pergunto e eu mesmo respondo, a liberdade de fazer minhas
próprias escolhas, mesmo que essa escolha seja não ser livre.

Virei o rosto ligeiramente para a janela e pisquei várias vezes as


pálpebras para não chorar. Jurei para mim mesma que não farei isso, preciso
ser forte, preciso ser forte....

O carro parou em frente a uma construção, parecia um armazém. Olhei


para o Maximus, ele estava de ósculos de sol por isso não conseguia ver-lhe
os olhos, mas pela boca percebia-se que estava aborrecido.

— Tem certeza que quer fazer isso, Clara?


— Sim, eu tenho.
— Muito bem! Se é assim que quer.

As portas do carro foram abertas e nós descemos, percebi os


seguranças, a nossa volta, eram muitos. Maximus me segurou no cotovelo e
me fez entrar no prédio, subimos uma pequena escada, o local era grande a
havia várias divisões com portas, Maximus me levou até uma delas é me fez
parar.

— Ele está aqui, não entrarei com você, mas saiba que estarei
vigiando.
— Obrigada!

Um dos seguranças abriu a porta e Maximus me levou até lá, soltou


meu braço e eu entrei na sala. O cômodo era de tamanho médio, com apenas
uma mesa no centro e do teto pendia uma luminária, as paredes eram lisas e
cinzas, parecia uma sala de interrogatório. Havia em uma das paredes um
painel grande de vidro escuro, mas não conseguia enxergar nada do outro
lado, porém, penso que Maximus está assistindo tudo através dele.

Olhei para o homem sentado de cabeça baixa, ele estava preso nos
pulsos por algemas. As mãos em cima da mesa, ombros caídos, parecia um
homem derrotado. Penso que ele não percebeu a minha presença, pois nem ao
menos se moveu. Andei vacilante até próximo à mesa e sentei-me na cadeira
de frente para ele. Engoli algumas vezes em seco e o chamei:

— Senhor Drumond?

O homem ficou rígido, pude perceber pelos ombros. Ele levantou a


cabeça vagarosamente. Quando seus olhos me focaram, imediatamente vi
lágrimas minar deles. O homem abriu a boca gradativamente a medida que
ele assimilava quem eu era, tenho certeza que ele se reconheceu em mim,
sim, eu também me reconheci nele, os mesmos olhos, a mesma cor dos
cabelos.

— Quem... Quem é você? — Ele perguntou chocado.


— Aquela noite teve muitas consequências e uma delas foi que eu fui
concebida.
— Não! — Ele balançou a cabeça várias vezes em negação.
— Sim Senhor Drumond, você arruinou não só a vida de minha mãe,
mas a minha também.
— Deus!

O homem parecia desolado, ele de fato, estava em choque e devastado.

— Eu não sei o que dizer... Eu poderia apenas me desculpar, mas só


isso não adiantaria. Entendo que me odeie e queira a minha morte, eu aceito
isso, acabe comigo de uma vez.

— Não senhor Drumont, não vim aqui para lhe desejar a morte, muito
pelo contrário, eu quero entender, por que fez o que fez com minha mãe? Por
quê?

— Por que.... eu não tenho uma resposta para isso, mas se você quiser
me ouvir, eu posso te dizer que não teve um único dia da minha maldita vida
que não me atormento pelo que fiz, absolutamente nenhum. Você acredita em
mim?

— Eu quero ouvi-lo.
— Todos esses anos, lembro aquela noite, não, não colocarei a culpa
na bebida, eu estava bem consciente do que estava fazendo. A princípio não
queria, mas eu e os outros, só pensamos em assusta-las, porém, as coisas
foram aconteceram e saíram fora de controle. Elas não resistiram, não
gritaram, somente rezavam. Eu ainda lembro da voz de sua mãe, ela orava a
Deus e a virgem Maria. Eu fui o último, os outra já haviam abusado dela. E
eu fiz, não tem justificativa, não tem.
Fiquei em silêncio, era doloroso demais ouvi-lo, talvez não tenha sido
uma boa idea ter vindo, meu coração doía muito, me sentia uma aberração
por ter nascido desse ato abominável. O homem voltou a falar.

— Minha esposa cuida de um centro de ajuda para mulheres vítimas de


violência, financiado pela minha empresa, foi essa a maneira que encontrei de
apaziguar a culpa.

Olhei paga aquele homem e não sentia nada, nenhum sentimento. Ele
para mim era apenas uma pessoa qualquer. Nem ao menos isso, era nada.

— Senhor Drumond, quero que saiba que meus sentimentos pela sua
pessoa é nula, mas eu não o condeno, se há um perdão para o que fez, então o
receba, minha mãe, que Deus a tenha, teria orgulho de minha atitude, porque
ela era boa. Jamais guardarei rancor. Que o Senhor siga sua vida junto da sua
família, não quero absolutamente nada vindo do Senhor, nem mesmo
reconhecimento.

Levantei-me e estava pronta para sair quando ele perguntou.

— Qual é o seu nome?


— Clara.

Andei até a porta sem olhar para trás e sai, me sentia leve e em paz.
Uma página da minha vida acabou de ser virada para sempre. Maximus
apareceu e me encarou, eu queria abraçá-lo, mas nada fiz.

— Vejo que o deixará vivo.


— Não quero que o mate, ele já vive em sua tormenta.
— Muito bem!
— Obrigada.
— O carro te levará para casa, ficarei para resolver tudo por aqui.
— Maximus, você não vai..
— Não Clara, eu dei minha palavra. Agora vai, mais tarde
conversaremos.

Ele falou rude, tentei argumentar, mas não consegui, andei até o carro
que estava com as portas abertas me esperando e entrei. Segui para casa com
lágrimas nos olhos.

***

Maximus

Um sentimento sombrio apodera-se de mim, sigo os passos da Clara


com o olhar até vê-lá dentro do veículo. Sua nobreza por perdoar o maldito
homem e plausível e eu a entendo, mas não sou nobre e nem quero ser.
Riccardo aproxima-se de mim com o laptop nas mãos.

— Vamos acabar com isso.

Caminhei até a porta e um dos meus homens a abriu para nossa


passagem, o homem ainda estava sentado na mesma posição. Sem delongas,
sentir-me de frente para ele e ordenei.
— Levante a cabeça.

Ele me encarou com os olhos esbugalhados, vermelhos de chorar.


Patético o infeliz, minha vontade era lhe meter uma bala no meio da testa,
mas dei minha palavra para Clara e não o matarei em consideração a ela, no
entanto, minha promessa não me impede de destruir a vida desse verme.

Riccardo a um sinal meu, colocou o laptop na frente do homem, falei


sem rodeios.

— Assinará esse documento abdicando de todos os seus bens,


absolutamente tudo. Se afastará da sua família, esposa, filhos e jamais, eu
digo jamais, tente chagar perto da Clara. Ficará em um lugar escolhido por
mim, tendo apenas o necessário para viver, será vigiado, se pensar em sair,
toda a sociedade Londrina saberá o que você fez, seu nome será arrastado na
lama, como o porco que você é.

O homem nada disse, apenas olhava para a tela do computador.


Riccardo estendeu em sua direção uma caneta touch screen para ele assinar o
documento. Ele não ignorou, pegou e assinou onde Riccardo apontou.

— Decisão certa.
— O que acontecerá com minha família? — O homem perguntou.
— Isso não é mais assunto seu.
— Mas o que eles pensarão? Preciso contacta-los pelos menos para me
despedir.
— Você estará morto para eles.
Continuei andando e sai do cômodo seguido do Riccardo. Parei no
meio do armazém, peguei um cigarro e um isqueiro de ouro do bolso e
acendi. Puxei a fumaça para dentro dos meus pulmões e soltei no ar. Riccardo
apenas me olhava, esperando minhas ordens. É, sou o chefe de uma das
maiores organizações criminosas da Itália, homem temido por muitos e
respeitado por outros. Ninguém entrou no meu caminho e viveu para contar a
história. E cá estou, em conflito comigo mesmo, em fazer o certo.

Fazer o certo... Que Porra deu na minha cabeça em fazer aquela


proposta para a Clara? Eu a tenho, ela é minha, não preciso lhe dar uma
merda de escolha, apenas obriga-lá a ficar comigo e foda-se o resto. Mas não
é isso que quero, não, quando lhe dei a escolha não fiz por ela, mas por mim
mesmo, eu não a quero pela metade, eu não a quero apenas para ser mãe do
Alessio, eu quero tudo dela, quero que fiquei comigo porque me... Merda! E
isso, eu quero seu amor, uma Porra de amor. Nunca pensei que poderia sofrer
por esse sentimento, porém estou, que Porra! Eu estou sofrendo porque a
amo, eu a amo, por isso, não posso obrigá-la ficar comigo e lhe darei a
liberdade se assim ela desejar.

Contudo, nada me impedirá de conquista-lá, sim, não a perturbarei, não


irei atrás dela, não a manipularei, não a ameaçarei, apenas tentarei conquista-
lá. Eu sei que ela jamais deixará de visitar o Alessio, por isso nada me
impede de conquista-lá. Não a assediarei, eu seu que ela gosta de mim, pode
não ser amor, mas tenho certeza que ela nutre algum sentimento por mim.
Não quero que ela tenha mais medo. É isso, irei para casa agora e
decidiremos nossa vida, não quero adiar mais, preciso que ela me dê uma
resposta. Virei-me para o Riccardo e ordenei.
— Mate os outros dois que estupraram as freiras e envio o outro para a
prisão.

Riccardo apenas balançou a cabeça positivamente e depois perguntou:

— Vai para casa?


— Sim.
— Está certo, boa sorte.

Não disse nada, joguei a ponta do cigarro no chão, esmaguei com o pé,
ajeitei o paletó e andei a passos decididos até o carro que já estava com as
portas abertas. Segui para casa.
Capítulo 26

Clara

Eu o aguardava, ansiosa sentada em uma das poltronas da sala de estar.


Já era tarde por volta das dez horas da noite, Alessio já dormia, era melhor
assim, não quero interrupções na nossa conversa.

Todos os acontecimentos do dia vieram à tona em minha cabeça, todos


os meus sentimentos... Sim, não posso esconder de mim mesma que sinto
algo por ele, e não é desejo, não é paixão, não é submissão e muito menos
medo. Eu o amo, não há menor dúvida.

E esse amor está dentro de mim a algum tempo, até um pouco antes da
ilha, lá só cresceu mais ainda e eu sofro desde então por sentir isso por ele.
Deus! Que confusão, como é possível amá-lo? Como isso aconteceu? Eu
realmente não sei, porém, agora ele me deu a opção de ir embora e eu já
tomei minha decisão, independente do que conversarmos, nada mudará, a não
ser que ele...

O barulho da porta interrompeu meus pensamentos e me fez ficar em


alerta, era ele, meu coração acelerou. Olhava fixamente para a entrada da sala
por onde ele entrou, sua figura alta contra a penumbra do cômodo era
assustador. Não conseguia desviar meus olhos, o acompanhei com o olhar até
vê-lo sentar em uma das poltronas em frente a mim. Nada foi dito, apenas o
observava.

Subitamente, nossos olhares se encontraram, notei os brilhos intensos


neles, não conseguia desvendar o que se passava em sua alma, não podia ler
seus olhos, era difícil para mim, desvenda-lo. Por isso me sentia confusa, ora
pensava que me amava, ora demostrava somente desejo. Talvez minha
inexperiência com relações amorosas contribui para esse estado de dúvidas e
incertezas.

Lentamente ele desviou os olhos de mim, acedeu um charuto,


encostou-se no encosto do estofado e fumou algumas vezes, sem olhar-me.
De repente ele esmagou o Charuto no cinzeiro como se tivesse se tornado
amargo, e continuou demonstrando uma tranquilidade controlada.

Senti calafrios quando ele voltou a me olhar e falou com voz sonora e
firme.

— Clara, antes de me dizer qual a sua decisão, deixe-me falar algo.

Fiquei em silêncio, senti medo e insegurança, mal conseguia respirar


esperando para ouvir o que ele tinha para falar.

— A princípio, quando te vi, eu senti desejo, sim, foi imediato. Mas


estou acostumado a desejar as mulheres. No entanto, você fugia de todos os
padrões, não por achá-la repugnante, longe disso, mas você era uma menina,
na verdade, ainda é, inocente e pura. E eu só queria levá-la para cama.
Mantive minha cabeça baixa, não conseguia olhá-lo e me sentia
envergonhada, pois eu também o desejei de imediato, só não sabia que o que
senti era isso, mas não tenho coragem de lhe confessar, ainda. Maximus
continuou:

— O momento que realmente percebi que não era só desejo sexual que
eu sentia por você, foi quando a vi na varanda com o Matteo. A partir daquele
dia, tudo mudou.

Naquele momento, levantei os olhos e o encarei, estava confusa sobre


o rumo daquela conversa, será que ele vai confessar que me ama? Meu
coração batia tão forte no peito que chegava doer. Ele parecia hesitante em
continuar e eu precisava saber, então indaguei.

— O que mudou?

Maximus sorriu sem humor, como se ele estivesse rindo dele mesmo.
Passou os dedos entre os cabelos e me encarou buscando as palavras certas,
como se quisesse confessar algo íntimo.

— Parece até mentira, se meus inimigos me vissem agora, celebrariam


vitória, o grande Maximus Ferrara, completamente rendido a uma menina.

Sem que eu esperasse, ele levantou, com dois passos aproximou-se da


mim e ajoelhou-se a minha frente, eu estava tão chocada com aquele gesto
que não conseguia formular palavras, só o encarava com os olhos arregalados
e a boca seca. O coração queria sair da caixa torácica e não era de medo, mas
expectativa do que virá a seguir. Ele segurou nas minhas duas mãos, e as
levou aos lábios beijando
o dorso. Em seguida prosseguiu sua declaração:

— Clara, eu descobri que a queria mais do que uma amante


temporária. Você começou a importar para mim de todas as formas.... e foi
nesse momento que decidi me casar com você, assim lhe prenderia para
sempre a mim e nenhum outro rondaria o que era meu.

Uma tristeza caiu sobre meu coração e uma dúvida surgiu, ele só havia
casado comigo para me prender a ele e não dá a chance de nenhum outro
aproximar-se de mim. Não foi por amor, mas possessão.

— Então me obrigou casar com você somente para me controlar? —


Lhe indaguei.

— Posso dizer que esse foi o método eficaz para conseguir o que
queria. Eu tenho o poder, e se eu usasse o caminho da conquista, teria que ser
um santo e estou longe de ser um. Não sou um homem bom, não serei um
homem bom, não tenho pretensão de o ser. Entenda Clara, eu sou assim e
nada mudará isso.

O ouvi respirar fundo. Ele me encarou como se fosse revelar algo


grandioso.

— Clara, tudo que vivemos até hoje, viveria de novo e de novo com
você. Sou um homem que quando quer algo, apenas toma, e eu a queria
demais. Não me arrependo de nada, absolutamente nada do que aconteceu
entre nós. No entanto, pelas circunstâncias como tudo aconteceu, quero te dar
a liberdade.

— Por quê?
— Porque... Porque eu te amo! É isso, te amo, porra!
— Ama? — perguntei hesitante, pois sei que ele já disse que me amava
algumas vezes, mas nunca senti que fosse amor de verdade, no entanto,
agora....
— Sim, te amo muito, não é só desejo, obsessão, é amor, o sentimento
mais nobre descrito de todas as maneiras, inclusive pela bíblia e eu posso
citar cada palavra: "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se
vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não
guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a
verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." Não é assim? Pois,
aqui estou, me desnudando e dizendo que te amo e sou capaz de abrir mão de
você para provar o meu amor.

Entre risos e lágrimas, segurei em seu rosto com às duas mãos, falei
emocionada:

— Você sabe cada palavra do versículo bíblico, nunca pensei que um


mafioso citaria a bíblia.
— Eu decorei cada palavra, somente por você.
— Pois não era necessário, eu escolhi ficar com você, mesmo antes de
me falar tudo isso, mesmo tendo dúvidas dos seus sentimentos. Eu escolhi
ficar com você porque te amo, e não posso mais esconder esse sentimento, eu
te amo mesmo com todos os seu defeitos, machismo e arrogância.
— Clara, você tem certeza do que está falando? Não é por causa do
Alessio...
— Não, é por você, é por nós, pelo nosso casamento. Eu sempre o
amei, mas você matou o senhor Matteo e depois...

Ele me interrompeu colocando um dedo sobre meus lábios.

— Como disse anteriormente, não me arrependo de nada, não serei


hipócrita. Mas te peço desculpas pela maneira como tudo aconteceu, você é
tão jovem e inocente e entendo que tenha se assustado com o que presenciou,
e a forma como a tomei aquela noite.
— Mas eu gostei, foi por isso que fui embora.
— Está me dizendo que fugiu daquela maneira porque gostou da nossa
primeira vez, juntos?

Ele parecia realmente surpreso.

— Sim, claro que também me assustei e fiquei com medo de você, mas
o que realmente me fez ir embora foi a culpa por ter gostado de transar com
você.
— Ah! Clara.Eu não acredito.
— Eu sou uma boba, eu sei, mas a intensidade desse sentimento me
assustou mais do que o assassinato do senhor Matteo. Sofri muito enquanto
estive no convento, pensando em você e no Alessio.
— No entanto, se tornou freira.
— Sim, foi a maneira que encontrei de esquecê-lo. Aí depois que você
me encontrou, me bateu e me fechei ainda mais em minha concha.
— Sinto muito ter batido em você, mas entenda, você havia fugido de
mim, contudo, prometo que isso não se repetirá, não haverá mais
necessidade.
— Eu não planejei fugir, aconteceu, vi o portão aberto e saí. Mas agora
não importa mais, já passou e eu quero ficar com você, ser sua esposa,
amante e mãe do Alessio.

Maximus segurou em meu rosto e beijou-me delicadamente nos lábios


selando assim nosso amor. Eu estava tão feliz que não cabia no meu peito,
também me sentia leve por poder mostrar o meu amor por ele. Ele me
envolveu nos braços e me ergueu me carregando até nosso quarto entre beijos
apaixonados.

Me deitou suavemente na cama e afastou-se um pouco, me contemplou


como se estivesse diante de uma peça rara. Me perdi naquelas íris azuis. O
coração batia descompassado, eu estava olhando para o homem que amo, sem
medo ou dúvidas de seu amor.

— Eu quero você — ele declarou — Preciso sentir cada pedacinho do


seu corpo.

Com carinho ele ergueu a mão e tocou-me no rosto, tirou os cabelos


que modulavam como halos dourados em volta da minha cabeça.

— Você é tão linda amore mio. Tira a roupa, quero vê-lá por inteiro —
ele falou entre um beijo e outro.

Prendi a respiração tamanha era minha emoção e sentei-me na cama,


comecei a desatar os botões do vestido branco e tirei-o revelando meu corpo.
Ainda me sentia um pouco tímida, apesar de termos compartilhado essa
intimidade inúmeras vezes, contudo, essa é a primeira vez que as roupas não
são arrancadas do meu corpo.

— Tire tudo Bella — Ele ordenou vendo que eu permanecia com a


calcinha e sutiã.

Com movimentos sensuais, deslizei as alças do sutiã de renda e tirei-o,


deixando meus seios redondos totalmente expostos aos olhos famintos dele.
Percebi quando ele engoliu em seco e senti um imenso prazer ao me dar
conta que ele me desejava tanto quanto eu a ele. Assim, quando deslizei a
calcinha pelas pernas, não havia mais nada a esconder. Sorri para ele e podia
sentir o calor que emanava dos seus olhos a medida que percorria meu corpo
com avidez.

— Tenho um presente para você — declarou.

Colocando a mão no bolso, ele tirou uma caixa média, preta de veludo
e me entregou.

— Abra!

As mãos estavam trêmulas, mas abri o estojo e dentro havia um cordão


de prata com um pingente de coração que brilhava intensamente. Passei a
mão na pedra e perguntei.

— É verdadeiro?
— Sim, é tão verdadeiro como o amor que sinto por você. Use-o, eu te
ajudo a colocá-lo.

Então, Maximus tirou o cordão da caixa e me ajudou por no pescoço, o


pingente de coração repousou entre o vale dos seios.

— Eu te amo, te amo, te amo.

Com essa declaração apaixonada ele me abraçou e me beijou na boca


de modo erótico. Pude sentir toda a intensidade da sua ereção mesmo ainda
estando vestido. Com gestos nervosos, comecei a ajudá-lo a se livrar das
roupas revelando seu físico magnífico. Ali estava, o grande amor da minha
vida, o homem que desejava a qual estava apaixonada e só agora percebia a
natureza dos meus sentimentos. Sim, eu o amo como nunca imaginei ser
possível, e no instante que a boca ávida cobriu a minha, deixei que todos
esses sentimentos explodissem em gestos, carícias e palavras, entregando-me
completamente a paixão avassaladora.

Maximus desceu com os lábios pelos meus ombros, fazendo trilhas de


fogo até meus seios com suavidade e erotismo. Quando as mãos deles
envolveram meus seios, suspirei com prazer. Os mamilos se enrijeceram,
enquanto ele os sugou com
vigor, revezando entre os dois mamilos. A língua dele rolava
freneticamente e ele sugava forte me causando dor e desejo ao mesmo tempo.
Afundei os dedos nos cabelos dele puxando-os, nunca em minha vida me
senti tão vibrante e feminina. As pequenas mordidas que ele dava e a
massagem que fazia em seguida com a língua aguçava os meus sentidos e me
faziam delirar de excitação. Meu Deus, como era bom!
Ele mudou dos mamilos para meu pescoço e me fez abrir as penas
alojando-se entre elas. Ele mordiscava e sussurrava em meu ouvido.

— Abre-se para mim minha flor, eu vou te foder agora. Diga que me
quer dentro de você.
— Sim, eu quero.

O pau dele duro deslizou na minha vagina que estava competente


molhada. Ele deslizou algumas vezes entre a fenda me estimulando cada vez
mais. Eu o queria tanto que o puxava para junto de mim.

— Maximus...
— Ah! Caralho! Como te quero.

Todo o autocontrole dele esvaiu-se ele me penetrou potente. O pênis


deslizou fundo e rapidamente ele iniciou os movimentos vigorosos. Ele me
estende ainda dentro de mim e me faz sentar encima dele ainda me
bombeando sem parar. Ele aperta os lados dos meus quadris robusto e áspero,
puxando-me com força e me penteando profundamente. Nossos corpos
suados estão em sintonia, sigo ritmo também né movendo em cima dele.
Agora ele mudou de posição e praticante me jogou sobre a cabeceira da
cama. Os gestos dele são brutais, mas já estou acostumando com esse jeito
dele me possuir. Segurando meus pulsos contra a cabeceira ele continua me
penetrando, o seu peito e dorso estão suando assim como seu rosto e seus
cabelos estão completamente molhados. O ritmo acelerado, assim como os
gemidos e grunhidos a chegada do prazer. Meu másculo vaginal, aperta seu
membro e com uma investida mais profunda, e assim eu grito a atingir meu
orgasmo. Meu corpo treme todo e meus músculos contraem enquanto liberto
líquido quente. Em seguida Maximus também atinge o ápice do prazer se
declarando para mim em Inglês, enquanto liberava todo sua carga dentro de
mim.

— Minha Clara, minha menina, te amo, te amo, minha anjinha gostosa,


minha freirinha puta.

Eu posso sentir o pulsar do seu pau contra a minha parede apertada.


Ele dessa sobre mim e eu o abraço. Ficamos assim longos minutos, nos
beijando e nos declarando. Foi tudo perfeito e lindo. Parecia um sonho.

— Eu te amo, Maximus. — Declarei sem medo.


— Também te amo, freirinha.

Dias depois

O dia estava lindo, arrumava os últimos detalhes da festa de


aniversário de seis anos do Alessio, convidei alguns amigos da escola dele
para celebrar aquele dia especial. O menino estava muito alegre e na
expectativa de receber seus amigos.

— Eu nunca tive uma festa de aniversário em casa, sempre era


celebrado na escola.
— Por isso vamos mudar isso um pouco.
— Você é a melhor mãe do mundo, Clara.
— E você é um menino muito galante.
— O que é galante?
— Pessoa elegante, que conquista qualquer um com seu charme.
— Estão me descrevendo? — A voz linda do Maximus nos
interrompeu e eu abri um sorriso.
— Papa, o que acha da minha festa de aniversário?
— Tudo bonito, mas o mais perfeito de tudo é quem preparou.

Maximus aproximou-se de mim e beijou meus lábios levemente,


ruborizei, ainda me sentia tímida com todas as demonstrações de carinho
dele. Ele riu galante.

— Ainda a deixo corada.

Sorri tímida.

A festa do Alessio foi um sucesso, ele se divertiu demais com os


amigos que foram selecionados pela equipe do Maximus para segurança.
Foram seis meninos e Alessio ficou muito feliz.

Os dias foram passando e o outono começou a dar os primeiros sinais.


Estava no jardim da casa, sozinha já que Alessio iniciou as aulas. O verão
havia acabado e se tudo não tivesse acontecido, nesse momento estaria
voltado para o convento. Em apenas três meses minha vida mudou
radicalmente. Recebi até um bom dinheiro, segundo Maximus veio do meu
pai. Claro que não fiquei com nada, doei tudo para o convento que me
acolheu tão bem. Eu mesmo as entreguei, Maximus permitiu que eu fosse até
lá.

Ouvi o barulho do carro e sorri, deve ser o Alessio chegando da escola.


Ao me levantar para recebê-lo, senti uma vertigem forte. Quase caí e voltei a
sentar-me no banco de novo. Abaixe a cabeça e fiquei nessa posição até
perceber que havia melhorado. Essa não é a primeira vez que sinto tonteira,
está sendo algo recorrente e preciso comunicar para o Maximus.

Alguns minutos depois, Alessio correu até o banco seguido pelo


Maximus.

— Mama, porque não estava lá na entrada me esperando?


— Eu queria ter ido, mas não me senti bem.
— O que você tem? — Maximus perguntou.
— Senti uma tontura.
— Tontura?

Ele estendeu a mão e me puxou sorrindo.

— Acho que teremos uma surpresa.


— Sobre o que?
— Vamos marcar uma consulta para você, mas tenho certeza que não é
nada de mais.

Não disse nada, mas eu também desconfiava o que podia ser.

No dia seguinte, estava no hospital esperando o médico com o


resultado. Alessio também estava junto, queria que ele participasse desse
momento. O
médico entrou na sala e comunicou.

— Senhora Ferrara, já temos o resultado do seu exame, não há dúvidas


que está grávida de quase três meses.
— Grávida, isso significa que terei um irmão?
— Ou uma irmã — Maximus completou.
— Vai ser menino, não gosto de garotas chatas.

Todos rimos, agora a nossa felicidade estava completa.

Aquela noite, Maximus e eu decidimos comemorar a gravidez no seu


barco, ele havia mandado preparar um jantar especial e comíamos no convés
sob a luz das estrelas. A minha felicidade era tanta que até tinha medo de
senti-la.

Mais tarde, com as pernas desnudas e entrelaçadas às dele, após


fazermos amor, sorri completamente derretida com as palavras de amor e
pelo prazer adquirido. Maximus moveu-se e deitou sobre a minha barriga
acariciando-a.

— Nosso filho está crescendo aqui.


— Sim — falei emocionada.
— Obrigado meu amor, por te me trazido tanta felicidade.
— Eu te amo, meu mafioso.
— Eu também te amo minha freirinha, e sempre amarei até o dia que
as estrelas caírem do firmamento.

Depois de toda uma vida sendo excluída, estigmatizada, havia


encontrado o meu lugar nos braços do Maximus e ficaremos juntos para todo
o sempre.
Fim...
Epílogo

Clara

5 anos depois

Silêncio calmo e doce silêncio, ajusto o véu na cabeça, ajoelho-me


sobre a almofadinha do banco de frente para o altar da pequena capela que
construí na mansão. Olho para o sacrário que está aberto onde o ostensório do
santíssimo sacramento repousa. Pego o rosário e fecho os olhos, início
minhas orações. Todos os dias nesse mesmo horário, venho a capela e fico
uma hora conversando com Deus. Ele é meu ouvinte, meu conselheiro e meu
amigo. Tudo que está no meu íntimo é com ele que falo, e ele sempre me
mostra um caminho, uma direção. Hoje quero me despojar e fazer um
balanço dos últimos cinco anos da minha vida. Prepare os ouvidos, Senhor.
Falando com Deus

Senhor, minha vida deu uma volta de 360 graus. De uma órfã e
candidata a freira, para uma mulher com marido e filhos. Hoje é nosso
aniversário de 5 anos casados, longos cinco anos onde aprendi muitas coisas
sobre meu marido. Ele não é perfeito, está longe de ser, mas a cada ano que
passo o amo cada vez mais e esse amor é recíproco, Maximus demostra o
quanto me ama todos os dias com palavras, gestos e atos. Sem contar o pai
incrível que ele é para nossos filhos, Alessio e Melissa, nossa princesa. Ele é
doido por ela, nunca vi um pai tão babão.

As crianças estão crescendo felizes e saudáveis e sou muito grata pela


família linda que o Senhor me proporcionou. Alessio, com seus 11 anos,tão
parecido com o pai em tantas coisas, iniciará seu treinamento para se tornar
um mafioso. Meu coração está sangrando Senhor, sei que esse dia chegaria,
mas não estou preparada. Tentei persuadir Maximus a não submetê-lo a isso
tão jovem, mas o Senhor conhece o marido que tenho, pois, sempre falo dele,
está irredutível e até brigamos por causa disso. Estou triste, mas ainda tenho
esperança que Alessio não perca totalmente sua humanidade, pois a inocência
já não existe mais, ele sempre foi malicioso e muito esperto para a idade, e a
medida que cresce se torna mais ainda. Contudo, é um menino maravilhoso,
muito carinhoso e protetor comigo e com a irmã. Também um pouco
ciumento, como o pai, mas relevo, ele é apenas uma criança para mim.

Hoje Melissa caiu enquanto brincava no jardim, Alessio rapidamente a


pegou e cuidou dela. Ele fez questão. Acho magnífico esse carinho que ele
tem com ela. Às vezes ele fala coisas que me assustam, como matar qualquer
menino que se aproximar dela. Fiquei angustiada, Maximus também fala
essas coisas comigo, ele é extremamente possessivo e ciumento e às vezes me
sinto sufocada. Melissa é ainda uma criança de 4 anos, diferente do Alessio
quando tinha quase a mesma idade, ela não tem malícia, eu a estou
protegendo desse mundo, lhe mostrando e falando das coisas do céu, assim
como fiz com Alessio, sendo que com ele, Maximus derrubava tudo que o
havia ensinado, com seus argumentos sobre a conduta de um verdadeiro
mafioso. Já com a Melissa ele não se importa. Nesse mundo da máfia, a
responsabilidade dos meninos é muito maior do que das meninas, pois são os
meninos que herdam o título de Don e para o Alessio isso é mais cobrado,
pois ele é o primeiro na linha de sucessão, mesmo que eu e Maximus
tivéssemos um menino, mesmo assim ele seria o próximo a assumir a
liderança da máfia.

Sabe Deus, eu não tenho o hábito de reclamar, possuo uma família


linda com o homem que amo, mas às vezes me sinto uma prisioneira, não, na
verdade, eu sou uma prisioneira do meu próprio marido. Eu sei que ele é o
homem da minha vida e que tudo que aconteceu tinha um propósito para ser,
e não estou me lamentando e muito menos me arrependo da decisão que
tomei, fiz com plena consciência sobre tudo, no entanto, Maximus, apesar de
ser um excelente marido, não me dá abertura para nada, nem ao menos para
estudar, fazer um curso simples de qualquer coisa, ele não me deixa nem
tocar no assunto, já me corta nas primeiras palavras e se torna irredutível,
segundo ele, não preciso fazer curso nenhum e sempre me presenteia com
algo caro como se isso substituísse a minha ânsia por conhecimento.
É muito difícil para mim me impôr, fui criada em um convento onde
fui ensinada a obedecer e pronto. Além do mais, o Senhor sabe como é o
Maximus, intolerante, arrogante e sempre tem que ter a palavra final. Eu
confesso que tenho um pouco de medo dele, até por se toner violento de
novo. Eu percebo o quanto tenta se controlar nas raras vezes que o confronto
com alguma coisa. Ah! Mas o Senhor já sabe de tudo isso, pois todos os dias
lhe agradeço por Maximus nunca mais ter me agredido fisicamente, nesses
cinco anos, nenhuma vez ele me encostou o dedo se quer, ele é enérgico sim,
com as palavras, mas nunca em agressões.

Contudo, eu o temo, até porque ouvi alguns rumores sobre a forma que
a primeira esposa morreu, padre Gaspard já deixou escapar algumas coisas e
sem querer ouvi o Senhor Riccardo falando sobre isso, claro que não tenho
certeza de nada e, na verdade, nem quero ter, prefiro ficar no absoluto sobre
isso.

Acho que já falei demais não é Senhor, peço-lhe que cuide do meu
marido, apesar de tudo eu o amo muito e não quero que nada de mal o
aconteça, proteja meu filho Alessio, que o coração dele não seja totalmente
atingido pela frieza e maldade, e por fim, abençoe a minha filha Melissa, ela
é meu pedacinho e foi concebida com muito amor. Obrigada Senhor, por
tudo.

Amém.

Me sinto em paz, todas às vezes que converso com Deus experimento


uma leveza no coração, e saio da Capela renovada.
— Mama!

Sorrio ao ver Melissa correndo em minha direção. Agacho-me e a


agarro em um abraço apertado. A deixo com Marise para ter meu momento.
Optei por não ter babá, eu mesmo quis cuidar dos meus filhos, Maximus não
se opôs, mas sempre que preciso deixo as crianças com ela.

— Tava com xaudade de você, mama.


— Mamãe só se ausentou por uma hora.
— É Saudade que se fala, filha.
— Papa!

Melissa correu para os braços do pai e ele a pegou e girou-a no ar, a


menina gargalhava de elegeria e emoção. Aproximei-me dos dois e recebi um
beijo nos lábios.

— Chegou cedo hoje.


— É nosso aniversário de casamento, esqueceu?
— Não, é que pensei que não deixaria seus negócios por causa disso,
ao sair essa manhã parecia ter algo importante para resolver.
— Você e as crianças são mais importantes que qualquer coisa, até
assuntos da máfia.

Quando ele fala essas coisas meu coração acelera, por isso amo esse
homem cada dia mais.

— Mas eu consegui resolver tudo e voltar para você, minha linda


freirinha.
Ele me abraçou ainda com a Melissa no colo e nos apertou.

— Está me sufocando, papa — Melissa reclamou.


— É porque papa ama demais vocês duas, que me conquistam a cada
dia com esses grandes olhos azuis.

— Eu tenho olhos da cor do seu e da mama, Alessio não, por que


papa?

Olhei para o Maximus preocupada, era a primeira vez que Melissa


pergunta sobre isso e estou apreensiva com a resposta dele. Seguimos para a
outra sala e sentamos no sofá, Maximus fez Melissa sentar nas pernas dele e
começou a explicar.

— Alessio não é filho biológico da sua mama, ele tem uma mama
diferente e os olhos dele são parecidos com os dela.
— Onde está ela?
— Ela morreu a muitos anos atrás.
— Sim filha, ela está no céu com os anjos, por isso agora eu sou a
mamãe do Alessio também.
— Não sei se ela está no céu filha, sua mãe tem o hábito de dizer que
as pessoas vão para o céu quando morrem.
— Maximus, por favor, não fala assim. — Indaguei.
— Tudo bem, se quer acreditar nisso!

Nesse momento ouvimos o carro chegar, era o Alessio com certeza


voltando da escola. Todos seguimos para o hall de entrada esperá-lo. Assim
que ele entrou, Melissa correu para recebê-lo, como todos os dias.

— Alessio!
— Oi irmãzinha — Ele mexeu no cabelo dela bagunçando todo o
penteado.
— Vamo jogar videogame, vamo vamo!
— Se fala vamos! — Ele a corrigiu, como Maximus faz.
— Como foi seu dia na escola, filho? — Perguntei.
— Bem mama.

Ele me beijou no rosto carinhosamente.

Aquela noite, mandamos preparar um jantar especial para comemorar o


aniversário de casamento, as crianças estavam animadas e tagarelas. Foi uma
noite agradável com minha família e eu estava feliz.

Estava no quarto da Melissa a colocando para dormir.

— Vamos rezar o santo anjo.

Melissa prontamente junta as mãozinhas e fechou os olhos, fez a


oração que ela já sabe de cor.

— Amém! — Ela finalizou.


— Durma bem filha — Beijei sua testa.
— Te amo mãe!
— Também te amo.
Saí do quarto dela e fui para o quarto do Alessio. Ele estava sentado
sobre a cama lendo, assim que me viu abriu um sorriso.

— Vim te dar boa noite.

Ao me aproximar para beija-lo, ele me surpreendeu com um presente.

— Feliz aniversário de casamento, mama.


— O que é?
— Abra.

Um pouco nervosa, abri o embrulho e dentro havia um pequeno álbum.


Comecei a folhear as páginas e lágrimas vieram em meus olhos, ele havia
juntado fotos dos últimos cinco anos das nossas vidas.

— Esses cinco anos foram os mais felizes da minha vida mãe.

O abracei forte, meu filho, meu filho de coração.

Após deixar as crianças na cama, fui para meu quarto e meu marido.

— Finalmente tenho minha esposa só para mim.

Corri para a cama e me joguei nos braços dele e nos abraçamos e


beijamos. Após cinco anos juntos ainda era maravilhoso sentir o calor do
corpo do meu marido e o desejo ainda era o mesmo, ainda maior que do
início.
— Você está feliz? — Ele perguntou.
— Muito, você sabe disso.
— Eu sei que sou controlador com você, e quando me faz certos
pedidos...
— Não quero discutir sobre isso, eu entendo.
— Eu sei que entende amor, por isso te amo tanto, você é a esposa
perfeita para um mafioso, mas você sabe que sempre consegue tudo de mim
não é?
— Eu consigo?
— Você sabe que sim. Por isso, te deixarei fazer o curso que quiser,
mas... em casa, contratarei uma professora para vir te dar aula particular.
— Obrigada, obrigada, obrigada!

O agradecia dando vários beijos em seu rosto.

— Você sabe que te amo e não enjoo de te dizer isso.


— Também te amo Maximus, você é o marido que sempre pedi a
Deus!
— Mentirosa! Você nunca pediu um marido a Deus.

Ri com humor, ele tem razão, nunca pedi, mas Deus sabe o que é
melhor para nós, por isso o agradeço todos os dias.

— Agora vamos comemorar nosso aniversário de casamento...


— Eu estou usando algo especial somente para você.

Abri o robe e mostrei a lingerie sexy.


— Assim você me mata, vem aqui.

Duas batidas na porta nos interromperam.

— Mama, abre a porta.

Era a voz do Alessio, rapidamente pulei da cama e fui abrir a porta já


preocupada.

Alessio e Melissa invadiram o nosso quarto.

— Mama, papa, queremos ficar com vocês.


— É claro, venham!

As crianças correram e deitaram junto de nós. Maximus e eu nos


entreolhemos, acho que teremos que comemorar o nosso aniversário de
casamento em outro momento.
Me siga no intagram
Click no símbolo

Você também pode gostar