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17/05/2023, 15:37 Código de Hamurábi: o que é, princípios, artigos - Brasil Escola

Código de Hamurábi
O Código de Hamurábi foi um conjunto de leis elaborado no reinado de Hamurábi, rei
babilônico do século XVIII a.C.

O Código de Hamurábi, de maneira genérica, é entendido como um código de leis que resumia uma série de
determinações legais que eram tradicionais na Mesopotâmia. Foi elaborado durante o reinado de Hamurábi, rei babilônico
no século XVIII a.C. Possuía um total de 282 artigos, que se baseavam no princípio da Lei do Talião.

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O que era o Código de Hamurábi?


O Código de Hamurábi era um compêndio de leis que foi criado na Mesopotâmia, mais especificamente durante o
reinado de Hamurábi, rei do Primeiro Império da Babilônia, no século XVIII a.C. É vulgarmente conhecido como um código
penal, embora os historiadores tenham resistência de defini-lo dessa maneira por não se tratar de um código penal no
sentido moderno da palavra.

Acredita-se que o Código de Hamurábi foi elaborado durante o reinado de Hamurábi, rei da Babilônia no
século XVIII a.C.

Esse código é entendido como uma espécie de resumo de uma série de tradições legais que existiam historicamente na
Mesopotâmia. Basicamente, o Código de Hamurábi estabelecia formas de conduta para determinadas situações e
punições para certos delitos. O nome do código faz menção direta a quem supostamente o elaborou ou ao rei do período
em que ele foi elaborado.

Hamurábi foi rei da Babilônia de 1792 a.C. a 1750 a.C. e o responsável por formar o Primeiro Império da Babilônia. No
próprio código, Hamurábi afirmava que essas leis visavam garantir o que era mais justo para as pessoas, caso elas

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entrassem em disputa umas com as outras. Hamurábi ainda definia a si próprio como rei da justiça e como um pai para os
seus súditos|1|.

O Código de Hamurábi não foi o primeiro compêndio de leis criado na Mesopotâmia, uma vez que os historiadores
sabem da existência do Código de Ur-Namu, criado por volta do século XX a.C. Esse código era de origem suméria e tinha
punições muito mais leves que as que estão presentes no Código de Hamurábi.

O Código de Ur-Namu apresentava penas capitais para alguns delitos, como roubo e assassinato, por exemplo, e
determinada multas em prata para a maioria dos outros delitos. Já o Código de Hamurábi, como veremos, baseava-se na
Lei de Talião e oferecia punições proporcionais ao delito cometido.

Quando falamos do Código de Hamurábi, é importante entendermos que, apesar das duras punições estabelecidas por
esse código, ele é entendido pelos historiadores como um grande avanço, pois foi desenvolvido em um contexto em que a
Mesopotâmia formava reinos e cidades cada vez mais multiétnicas.

Do ponto de vista do Primeiro Império Babilônico, o Código de Hamurábi foi importante porque se colocava como uma
referência para mediação de conflitos. O historiador Paul Kriwaczek apresenta o fato de que desentendimentos em
sociedades multiétnicas, como a Babilônia, poderiam se transformar rapidamente em conflitos violentos|2|.

Sendo assim, o Código de Hamurábi era uma ferramenta essencial para garantir a estabilidade do império, pois
estabelecia punições para determinadas condutas, controlando assim a sede de vingança de muitos e evitando o
desenvolvimento de conflitos que poderiam prejudicar a ordem do império babilônico.

O Código de Hamurábi foi escrito originalmente em língua acadiana e foi registrado em uma estela de diorito negro por
meio da escrita cuneiforme, a escrita que foi criada pelos sumérios. Esse registro mesopotâmico foi resgatado em
escavações realizadas onde ficava a cidade de Elam, atual Irã. Acredita-se que a estela, que tinha mais de 2 metros de
altura, foi para Elam como butim de guerra.

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Princípios do Código de Hamurábi


Como mencionado, o Código de Hamurábi baseava-se na Lei de Talião, um princípio que tinha como ideia central uma
punição proporcional ao dano/delito cometido. O lema da Lei de Talião era o “olho por olho, dente por dente”, um
lema sugestivo que já nos dá a ideia do que ele propõe.

O Código de Hamurábi foi escrito em língua acadiana se utilizando da escrita cuneiforme.

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Ao todo, o Código de Hamurábi possui 282 leis, que tratavam de diferentes questões e abordavam assuntos relativos à
família, ao trabalho, ao preço das mercadorias, etc. A questão mais discutida pelo código, segundo Paul Kriwaczek, eram
assuntos de família, como “noivado, casamento e divórcio, adultério e incesto, filhos, adoção e herança”|1|.

Por meio dos registros do Código de Hamurábi, sabemos hoje que existiam três classes sociais na Babilônia. Essas classes
sociais eram três:

awilum, os homens livres (um tipo de classe elitizada);


mushkenum, os fidalgos (uma tipo de classe inferiorizada);
wardum, a classe dos escravos.

As classes sociais são elementos importantes do Código de Hamurábi, pois o rigor das punições poderia, muitas vezes,
variar, a depender da classe daquele que cometia o delito. Além das classes, outros fatores que poderiam fazer com que as
punições variassem de intensidade eram idade e gênero.

Um princípio importante que guiava o Código de Hamurábi era a ideia de presunção de inocência. Quem acusava alguém
de determinado delito era obrigado a comprovar a sua acusação; caso contrário, a lei babilônica estipulava punição para o
acusador. Os três primeiros artigos do código tratam exatamente dessa questão.

Exemplo:

1º – Se alguém acusa um outro, lhe imputa um sortilégio, mas não pode dar a prova disso, aquele que acusou, deverá ser
morto|3|.

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Artigos do Código de Hamurábi


Como mencionado, o Código de Hamurábi possui 282 artigos. Vamos ver alguns exemplos de abordagem do código para
assuntos diferentes.

Roubo:

6º – Se alguém furta bens do Deus ou da Corte deverá ser morto; e mais quem recebeu dele a coisa furtada também
deverá ser morto|3|.

Direitos dos oficiais:

27º – Se um oficial ou um gregário foi feito prisioneiro na derrota do rei, e em seguida o seu campo e o seu horto foram
dados a um outro e este deles se apossa, se volta a alcançar a sua aldeia, se lhe deverá restituir o campo e o horto e ele
deverá retomá-los|3|.

Matrimônio e família:

137º – Se um homem quiser separar-se de uma mulher que lhe deu filhos, ou da esposa que lhe deu filhos, deverá devolver
a essa mulher seu dote e lhe dar parte da renda do campo, da horta e de seus bens, para que ela possa criar os filhos. Se
ela criou seus filhos, deverá ser-lhe dada uma parte de tudo o que for concedido aos filhos, igual à parte de um filho. Ela
poderá casar-se com o homem de seu coração|4|.

Contratos de depósito:

120º – Se alguém deposita o seu trigo na casa de outro e no monte de trigo se produz um dano ou o proprietário da casa
abre o celeiro e subtrai o trigo ou nega, enfim, que na sua casa tenha sido depositado o trigo, o dono do trigo deverá
perante Deus reclamar o seu trigo e o proprietário da casa deverá restituir o trigo que tomou, sem diminuição, ao seu
dono|3|.

Sobre o trabalho:

229º – Se um construtor constrói uma casa para alguém e não i faz corretamente, e se a casa que ele construiu caia e mata
seu proprietário, esse construtor deverá ser morto.

230º – Se matar o filho do proprietário, o filho do construtor deverá ser morto|4|.

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Sobre delitos:

196º – Se alguém arranca o olho a um outro, se lhe deverá arrancar o olho.

197º – Se ele quebra o osso a um outro, se lhe deverá quebrar o osso|3|.

Notas

|1| KRIWACZEK, Paul. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, p.
228.

|2| Idem, p. 230.

|3| Código de Hamurábi. Para acessar, clique aqui.

|4| KRIWACZEK, Paul. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, p.
229.

Fonte: História do Mundo - https://www.historiadomundo.com.br/babilonia/codigos-penais-hamurabi.htm

https://www.historiadomundo.com.br/imprimir/247 4/4

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