Você está na página 1de 33

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

GLEICY FAVACHO RODRIGUES, RU 2173145, TURMA 2018/02

ESTÁGIO SUPERVISIONADO HÍBRIDO - EXTENSÃO

CABO FRIO - RJ
2020
GLEICY FAVACHO RODRIGUES, RU 2173145, TURMA 2018/02

ESTÁGIO SUPERVISIONADO HÍBRIDO - EXTENSÃO

Relatório de estágio de ESTÁGIO


SUPERVISIONADO HÍBRIDO da
disciplina de Estágio Supervisionado –
Pesquisa Aplicada apresentados ao curso
de Bacharelado em Artes Visuais do
Centro Universitário Internacional
UNINTER.

CABO FRIO – RJ
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 03
2 O PROJETO DE EXTENSÃO ................................................................ 04
2.1 ESTADO DA ARTE ................................................................................. 12
2.2 CAMPO EXTERNO REMOTO – ANÁLISE IMAGÉTICA ........................ 13
2.3 MATERIAL: CRIAÇÃO E REFLEXÃO .................................................... 17
2.4 PRÁXIS E RELATÓRIO DE EVIDÊNCIAS ............................................. 18
2.4.1 Práxis ..................................................................................................... 18
2.4.2 Relatório de evidências ........................................................................ 21
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 31
REFERÊNCIAS....................................................................................... 32
3

1 INTRODUÇÃO

O projeto de extensão tem como principais objetivos: Disponibilizar para a


comunidade o curso Arte em Quadrinhos, propiciar a leitura e conhecimento da
estrutura dos quadrinhos e da releitura, por meio da pintura e da colagem utilizando
material reaproveitado. O curso traz a reflexão sobre o tema do hibridismo na arte
que mescla estilos e materiais distintos, já que o trabalho feito durante o curso utiliza
mais de uma linguagem, permitindo aos participantes criar algo novo.
O projeto de extensão foi aplicado juntamente com o polo de apoio presencial
de Barra de São João, segundo distrito do município de Casimiro de Abreu/RJ, que
possui a população estimada de 45.041 pessoas, de acordo com os dados do IBGE.
O município tem como principais atividades a agropecuária e o turismo ecológico e
rural, segundo o site do ConLeste (consórcio intermunicipal de desenvolvimento do
Leste Fluminense). Há na cidade grande interesse em resgatar a história de Barra
de São João visto que existe o Circuito Histórico e Cultural Barra 400, onde houve
um passeio com estudantes em 2019 para conhecer a história de Barra de São João
que completou quatro séculos de fundação naquele ano (ação que fez parte do
projeto caminhos da história, realizado pala Secretaria Municipal de Comunicação
Social em parceria com o turismo e apoio da Guarda Municipal.
Como o projeto de extensão traz a proposta de releitura através da linguagem
dos quadrinhos, da colagem e da pintura (a obra híbrida), o tema pode ser
importante para a cidade pois instrumentaliza os educadores para a prática docente,
sendo uma proposta de atividade em que os alunos podem fazer uma releitura dos
poemas de Casimiro de Abreu, poeta nascido no município que leva seu nome.
Casimiro foi um dos maiores poetas da segunda geração do Romantismo, tendo
como destaque o poema “Meus Oito Anos” e a casa onde passou sua infância é hoje
um museu dedicado à sua memória. O poeta também é patrono da cadeira número
6 da Academia Brasileira de Letras.
O Polo em Barra de São João é importante para a cidade por oferecer
diversos curso de Graduação e Pós Graduação, tendo o apoio dos funcionários que
prestam excelente atendimento, presencial ou remotamente. O curso de Artes
Visuais, por exemplo, tanto na licenciatura quanto no bacharelado, é uma opção
perfeita para quem é educador ou trabalha nas instituições culturais.
4

A escolha do formato de em extensão para o estágio se justifica por estarmos


em um momento onde se vive em uma pandemia, então foi feito de forma remota.
Esse curso é destinado para o público jovem e adulto, podendo ser professores ou
interessados nos assuntos abordados. A construção de uma nova obra utilizando
diversas linguagens, possibilita ao espectador a prática artística, além de um novo
olhar sobre as formas de arte utilizadas no processo, já que a releitura traz uma
nova interpretação sobre as obras abordadas.

2 O PROJETO DE EXTENSÃO

O principal foco do projeto de estágio em de extensão é a releitura, utilizando


linguagens e materiais diferentes, relacionando-se assim com a temática da obra
híbrida. Por iniciar com a introdução à linguagem dos quadrinhos, está relacionada
com a disciplina de Fotografia Digital e Quadrinhos, sendo a base para começar o
projeto, utilizando como base o próprio livro da disciplina, “Fotografia Digital e
Quadrinhos”, de André Lopes Scoville e Bruno Oliveira Alves.
Conforme já foi mencionado, tem seu início com uma introdução à linguagem
dos quadrinhos, tema da primeira aula, descrevendo cada item necessário para a
criação de uma história em quadrinhos, pois o conhecimento desse item dá aos
participantes a base para estruturar a obra de releitura.
Vale lembrar que as histórias em quadrinhos são narrativas gráfica, isto é,
histórias narradas por meio de imagem e texto. A narrativa por meio da imagem, que
é associada aos quadrinhos, vem desde a arte rupestre, há 35 mil anos, passando
pelo Egito antigo e pela Grécia antiga entre outros, tendo o formato que conhecemos
hoje a partir do fim do século XIX, com a invenção da prensa.
O primeiro item a ser tratado na linguagem dos quadrinhos foi justamente o
quadrinho, ou vinheta, que faz parte de uma narrativa, isto é, faz parte de um
conjunto, porém também deve ser analisado de forma individual, pois carrega dentro
de si vários elementos. O formato e o tamanho de um quadrinho podem ajudar a
contar a história, dando bastante ênfase a um personagem ou cenário.
Entre os diversos formatos de quadrinho, existe o formato mais comum, muito
usado em tiras e revistas infantis, que é o formato quadrado, há também o quadrinho
sangrado, que dispensa as bordas, o quadrinho de página inteira onde, como o
5

nome já diz, uma cena ocupa toda uma página. Quando a cena ocupa duas páginas,
igualmente sem a interrupção das bordas, é chamado de double page spread. Além
dessas formas temos também os formatos retangulares e até mesmo irregulares,
alguns dentro de outros quadrinhos. Alguns personagens chegam até mesmo a
invadir outro quadro, trazendo uma ideia de unidade ou continuidade interessantes.
Depois de falar do quadrinho, temos o texto, ou letreiramento. O texto é um
elemento gráfico que, além de ajudar a construir a narrativa, faz parte também da
estética da história. Uma fala ou som pode ser destacado de forma diferente, ao ter
as letras aumentadas, por exemplo, as onomatopeias (que serão comentadas em
seguida) são representadas em letras grandes, soltas ou em balões estilizados, os
balões poder ter cores diferentes. São muitas as formas em que o texto vai ser
representado.
O item seguinte a ser abordado na linguagem dos quadrinhos foi o balão.
Existem balões de fala, pensamento, som, etc. O balão visto com mais frequência
em uma história em quadrinhos é o de fala comum, que é uma linha inteiriça oval ou
retangular com uma ponta direcional simples. Se o personagem sussurra, a linha
costuma ser pontilhada. Se alguém na história está gritando, as linhas tomam a
forma de uma explosão, assim como sua ponta e as letras aumentam de tamanho.
Se a fala expressa frieza, o balão representará isso visualmente, trazendo as linhas
escorridas como se a água tivesse escorrido e congelado. Existem outras maneiras
de representar visualmente uma fala, como a de medo, onde o balão tem linhas
trémulas, ou o de fala eletrônica, cuja ponta direcional possui o formato de um raio,
muito usada quando a voz do locutor vem da televisão ou do rádio, por exemplo.
Em seguida falamos da sarjeta, também conhecida como calha, aquela área
em branco que delimita o espaço entre uma cena e outra. Ajuda a determinar o corte
entre uma cena e outra (como na linguagem do cinema) e a marcar a passagem de
tempo.
Depois de falar da sarjeta, passamos para a legenda, um elemento que vai
complementar a narrativa ao informar, opinar, explicar, etc., sendo uma extensão do
texto. A legenda pode se tornar a voz do narrador, seja ele externo à história ou um
narrador-personagem. Esses textos geralmente são emoldurados em uma forma
retangular ou ficam soltos mesmo no canto superior do quadrinho. Também costuma
ficar fora de quadro quando o texto é informativo, como quando há uma citação na
fala do personagem, marcada por um asterisco. Nesse caso, a legenda fica no final
6

da página, no canto inferior esquerdo abaixo do último ou penúltimo quadrinho. Um


bom exemplo de texto na legenda é quando o narrador diz “Algum tempo depois...”
para indicar a passagem de tempo.
Terminada a explicação sobre a legenda, partimos para a onomatopeia, figura
de linguagem na qual, por meio de fonemas, reproduz os sons. Todos os ruídos,
gritos, sons de animais e da natureza e até mesmo alguns gritos, (geralmente
alguma exclamação, serão representados dessa forma. Então quando lemos “plaft”,
sabemos que representa uma queda, “toc-toc” é a batida na porta, “buáááá” é choro,
“crash” é som de batida, “smack” é som de beijo, entre outros diversos exemplos.
Algumas vezes o quadrinho é preenchido somente por onomatopeias e por isso um
bom trabalho no Letreiramento, como foi falado lá em cima, é muito importante.
Em seguida, falamos sobre linha cinética, ou linha de movimento, que
representa a ação de um personagem ou objeto, como por exemplo, a trajetória de
uma bala, um carro em alta velocidade, a trajetória do punho de um personagem
prestes a desferir um soco em outro, um ser mágico ou heroico levantando voo, etc.
Cada ação desse tipo é mostrada através dessas linhas, que trazem bastante
impacto à cena. Algumas são mais leves, mostrando um movimento mais lento,
como o de cabeça que é representado por duas linhas curvas parecidas com
parênteses, ou quando a cabeça ou corpo giram, assim, o movimento é
acompanhado por linhas curvas ao redor do personagem.
O último item abordado na aula sobre a linguagem dos quadrinhos foi a linha
de expressão. Essa linha reforça a expressão que denuncia a emoção do
personagem. Três pequenas linhas retas e paralelas próximas ao rosto do
personagem, por exemplo, indicam um leve ar de surpresa. Algumas linhas em “U”
contornando o rosto, podem representar o susto.
Ainda na aula um, abordamos um outro assunto que faz parte da execução do
projeto: a colagem. Trata-se de uma composição com diversas imagens,
sobrepostas ou colocadas lado a lado, fazendo assim surgir uma nova imagem,
modificando o contexto e criando uma nova história. Uma capa de abajur por
exemplo, pode se tornar uma saia se colada na cintura da imagem de uma pessoa
ou, de uma outra composição que tomou a forma de uma pessoa, por exemplo.
Pode-se também transformar as asas de um pássaro em asas de anjo ao uni-las à
imagem de uma estátua, pode se construir um carro ou bicicleta com dois relógios
7

ou um par de óculos, enfim, não há limites para a imaginação. O principal intuito


nessa etapa é estimular a criatividade dos participantes.
A colagem pode ser feita manualmente, com recostes de revistas e jornais ou
no computador, com aplicativo de edição. Existem algumas HQs, como “A comédia
trágica ou a trágica cômica de Mr. Punch”, de Neil Gaiman, em que boa parte das
ilustrações é feita com fotografias e colagens editadas no computador.
Chegando na segunda aula da oficina de arte em quadrinhos, entramos da
etapa da ideia, história e argumento.
Começando pela ideia, que é onde tudo começa. Tem a ideia geral, que
define toda a história, que mesmo não estando pronta, é preciso que a ideia esteja
definida e a ideia específica, que não define a história, mas é um acontecimento que
pode ter uma certa importância, dando um gancho maior na história.
A ideia geral lançada para o curso, se deu através da leitura do conto
“Rumpelstiltskin” de Wilhelm Grimm, o mais novo dos irmãos Grimm. A partir da
leitura desse conto, retirado do livro “Os mais belos contos de fada” de Lornie Heete-
Hodge, surgiu a ideia de fazer uma adaptação para uma HQ. Cada participante
estaria livre para criar a partir de qualquer inspiração, não sendo necessário adaptar
o conto escolhido. Poderia ser até a história ou obra de uma personalidade das artes
ou da cultura, como por exemplo, uma adaptação de um poema de Casimiro de
Abreu, que já foi citado nesse texto. O mais importante era usar a criatividade.
Mais especificamente, a ideia geral, baseando-se no conto, era: Uma jovem
se torna vítima de um Rei ganancioso por conta das mentiras do pai e se vê
obrigada a fazer um acordo com um homenzinho misterioso para escapar da morte.
Para a ideia específica, foi tomado como exemplo o momento em que surge um
cavaleiro com uma mensagem para a então Rainha, o que muda o curso da história.
A partir dessas ideias, começou a ser desenvolvida a adaptação, com foco maior na
jovem e no homenzinho.
O argumento é um pequeno resumo de toda a história. Precisa de um
começo, meio e, um fim. No começo, temos a frase inicial e o problema (ou
estopim/motivação). A frase inicial seria “A jovem levada para o palácio após uma
mentira do pai” a motivação é: “O acordo com um ser mágico por temer pela sua
própria vida”. O meio é o que desenvolve a história, isso é resumido com a frase: “O
acordo se vira contra a mocinha e ela precisa adivinhar o nome do ser em três dias,
senão terá que entregar seu filho a ele.” Para o final, podemos dizer que “ela derrota
8

o ser e consegue ficar com seu filho.” Essas quatro frases, as duas no início e as
outras duas sendo meio e fim, foram a base para a adaptação da história.
Tendo nossa ideia e argumentos pudemos partir para o roteiro, na terceira
aula. Foi explicado na aula que se pode fazer como o saudoso Stan Lee, cocriador
da Marvel, que fazia um argumento prévio, com as ideias bem soltas para que o
ilustrador tivesse a liberdade de criar as páginas, eliminando a necessidade de um
roteiro. Porém era interessante que o fizéssemos para que os participantes tivessem
uma noção de como funciona um trabalho de forma completa.
Definimos o número de páginas no roteiro, o número de quadros, os planos,
ângulos de visão, etc. (assunto abordado em outra aula), falas dos personagens e
legendas. Foi dada a opção de escrever as informações das básicas, para serem
melhor desenvolvidas na hora de desenhar, ou serem bem detalhadas, para deixar
claro o que se quer incluir em cada página. O roteiro feito na aula foi feito da forma
mais simples já que, por ser um trabalho de colagem, nem sempre vamos encontrar
as imagens do jeito que imaginamos para a história, é preciso adaptar.
Antes de se construir todo o roteiro, foi feita uma espécie preparação para o
roteiro. Primeiro, recorrendo ao livro do conto escolhido e decidindo os pedaços da
história que estariam em cada página e quadrinho. Depois disso, ainda na
preparação, foi passado para o papel o que seria colocado em cada página (título,
falas, cenas, personagens, etc.) no final foram definidas sete páginas.
Para essa etapa, além do livro da disciplina, foi utilizada a revista “Curso
Completo de Mangá Edição 1” da Editora Escala com edição de Arthur Garcia e
Junior Fonseca.
Finalmente, foram ensinadas três maneiras de se fazer um roteiro. A primeira
em tabela, dividindo em dois itens: quadro e texto (isso é feito para cada página). No
espaço onde colocamos o número do quadro, identificamos qual será o plano (ex.:
cena 1, plano americano). Na parte onde ficará o texto é onde escrevemos as falas,
legendas e, se for a primeira página, o título. No caso das falas, dividimos em:
personagem X, personagem Y, etc.
A segunda opção, também em tabela, dividida em três itens: quadro,
descrição e texto. Isto é, o número do quadro; descrição da ação, tipo de plano e
outros detalhes importantes para a cena; texto, com as falas dos personagens, e
legenda.
9

A terceira opção pode ser feita do mesmo modo que a segunda, com os três
itens, porém sem tabela. Cada item em um parágrafo diferente. Essa última foi a
opção de roteiro utilizada no projeto de extensão, sem o uso de tabela.
Chegando na quarta aula, foi o momento de falar sobre desenho e
quadrinização, para interpretar o roteiro de forma visual. Nesse momento pudemos
entender melhor sobre o que foi falado na aula de roteiro, como o enquadramento,
que é a distância entre o observador e a cena. Essa distância é determinada pelos
diferentes tipos de planos. Essa é a parte em que os quadrinhos se aproximam do
cinema, por falar a mesma linguagem.
Começando pelos planos maiores, temos o plano panorâmico, ou geral
extremo, onde há uma distância maior da cena, e se enxerga o máximo de detalhes
do ambiente. Esse plano é externo, ou seja, acontece fora de quatro paredes. Pode
ser em um campo, cidade, um parque, etc. O plano geral, ou de localização, é uma
forma menos ampla do plano panorâmico. Nesse plano podemos ver com clareza
um grupo de personagens e o local onde estão.
Falamos dos os planos intermediários, como o plano conjunto, onde vemos
um grupo menor de pessoas ou o corpo inteiro de um único personagem e o plano
americano (ou ¾) onde vemos o personagem acima da cabeça até a linha da altura
do joelho. No plano médio enxergamos o personagem da cintura para cima.
Chegando aos planos menores, falamos do primeiro plano, ou close-up, que
mostra a cabeça, os ombros e, às vezes, a primeira parte do tórax do personagem.
No primeiríssimo plano, ou big close-up mostra o rosto do personagem. Por fim, o
plano detalhe, mostra apenas uma pequena parte, como por exemplo, a boca,
orelha, as mãos em cima do colo.
Para facilitar a compreensão dos participantes a respeito do assunto, foram
utilizadas como exemplo as ilustrações do livro que adaptamos, com o auxílio de
duas filhas em branco cortadas em “L” a fim de adquirir uma forma retangular, que
seria ampliada ou diminuída em cima das ilustrações, para ilustrar a explicação
sobre cada plano. Algumas vezes foi usada apenas uma régua.
Nessa mesma aula, unimos as explicações sobre todas as aulas dadas até o
momento, fazendo um esboço de uma página, utilizando o exemplo do livro
“Fotografia digital e Quadrinhos” que se encontra na página 265. Foi desenhada a
página com a ilustração, as legendas e as falas.
10

Ainda na aula quatro, foi falado sobre os ângulos de visão dentro dos planos.
O plano superior ou plongée, que é a visão de cima par abaixo, num ângulo de 45
graus. Quando essa visão é de costas, se chama superior invertido. O contra
plongée é o oposto do plongée, visão de baixo para cima. Falou-se de visão frontal,
inclinada, de costas, infinitas possibilidades para a criação das histórias.
Na quinta aula, foi ensinado sobre letreiramento, mostrando os diversos
exemplos nas revistas em quadrinhos e criando uma nova história para demonstrar
o que era falado. O título era “Na idade da Pedra” e as letras foram pintadas de
forma que lembrasse a textura de uma pedra. Esse tratamento gráfico ajuda a contar
a história, como foi passado para os alunos anteriormente, sendo reforçado nessa
aula. Os quadrinhos, pintados como o exterior de uma caverna, receberam um texto
com letras irregulares, para não destorarem do estilo definido.
A sexta aula foi para mostrar as diversas opções de materiais que poderiam
ser usados. Como estamos em um momento de ficar em casa, seria nela que
deveríamos encontrar o material. Além de recortes de revistas, poderia se usar
linhas, algodão, fitas de cetim, tudo o que combinasse com a história escolhida pelo
participante e pudesse ser colado na revista.
Tudo o que foi usado a adaptação de “Rumpelstiltskin” foi a partir do que já
existia em casa, sendo um grande estimulo para pensar no que poderia ser
reaproveitado e ressignificado. A revista foi feita de forma artesanal, o que foi uma
ótima opção para estimular a criatividade dos participantes dessa oficina para dar
um novo sentido a cada material encontrado em seus lares. Aliás, o material
encontrado em casa foi fundamental para a escolha do conto.
A sétima aula foi exclusivamente sobre colagem, onde foi ensinado na prática
a buscar imagens para serem reunidas de forma criativa, mudando seu contexto. Em
uma folha pintada com tinta acrílica preta, foi colada a imagem de um terno, logo em
cima o rosto em preto e branco de uma mulher e uma nuvem recortada foi colada
sem sua cabeça. Ao lado, foi colada a figura estilizada do planeta Terra. Com
algumas intervenções usando tinta acrílica, caneta nanquim e tinta nanquim, criamos
uma espécie de James Bond intergaláctico, mostrando como uma nova história pode
surgir a partir de imagens completamente distintas.
Na oitava aula, fizemos o esboço do roteiro para a adaptação do conto
“Rumpelstiltskin”. Foi o momento de decidir o tamanho dos quadros, o tamanho do
texto, distribuição dos balões e legendas, tudo foi pensado de maneira a comportar
11

as imagens que foram encontradas nas revistas e, então, recortadas. Também foi
decidido o que seria ilustrado por meio da pintura. Tudo pensando no contexto da
arte híbrida.
Feito o esboço, pudemos prosseguir para a oitava aula, que era de
desenvolvimento de personagem. Por mais que fosse uma adaptação, ou seja, com
personagens já existentes, foi possível pensar em suas características e
personalidades a fim de humaniza-los um pouco mais, já que os contos, por serem
curtos, não têm isso tão bem definido. A proposta era fazer os alunos pensarem um
pouco além do bom e do mal.
O objetivo era encontrar o rosto dos personagens nos recortes de revista,
então, a procura foi feita com o que se tinha em casa. Para a filha do moleiro, foi
encontrada a figura de uma modelo com um penteado vintage, o que combinaria
com a história. Como ela apareceria diversas vezes, o fato de ser um catálogo com
a mesma modelo usando o mesmo penteado e maquiagem facilitou a escolha.
Porém a principal característica era o ar de inocência no rosto da modelo, o que
combinava muito com a história.
Para o “Rumpelstiltskin” foram recortados vários rostos em preto e branco
para serem feitas intervenções de modo que ficasse com a mesma característica, já
que não havia muitas imagens iguais. O rei, o moleiro e o cavaleiro, foram mais
fáceis de arranjar, já que apareciam uma única vez. Apenas o Rei aparecia duas
vezes, no entanto, isso foi resolvido escondendo parcialmente o segundo rosto.
As buscas foram sempre baseadas nas características físicas e
personalidades de cada um. A partir dos recortes foi feito o esboço de cada um para
definir as intervenções a serem feitas na hora de trabalhar na revista.
Finalmente, durante os últimos momentos do projeto foram para colocar tudo
em prática, seguindo o roteiro, porém, usando a criatividade e instinto para
improvisar quando o material encontrado não fosse capar de seguir à risca o que foi
decidido no esboço. Toda a base que tivemos foi necessária para compreender a
estrutura de uma revista em quadrinhos, que era um dos objetivos, porém, outro
objetivo era dar um novo significado, ou seja, uma releitura. Por esse motivo, a
liberdade na hora de criar também era muito importante.
Ao se pensar em trazer um conto de fadas (ou outra história a ser escolhida)
para o universo dos quadrinhos, os participantes tiveram a oportunidade de trazer a
sua própria interpretação, já que, para contar a história em um novo formato, poderia
12

tanto tirar, quanto acrescentar algo. Poderia até se captar a essência da história,
como em Rumpelstiltskin, que na sua releitura seria chamado apenas “Rumpel” e
ganhou uma atmosfera sombria, para representar todo o horror vivido pela filha do
moleiro.
Assim, foi feita uma releitura, não só de texto, mas também de imagens, já
que era preciso transformar os rostos encontrados na revista em personagens da
nossa história. Do texto, foi tirado apenas o essencial do conto, de modo que as
imagens falassem mais alto, possibilitando a quem lesse interpretar da sua própria
maneira.

2.1 ESTADO DA ARTE

A adaptação de uma obra literária para história em quadrinhos pode requerer


a omissão ou mudança de algumas partes do texto para caber nesse novo formato.
No entanto a história é sempre enriquecida visualmente, já que podemos transmitir
muitas informações da história através de imagens e não apenas texto, seja nas
falas ou nas legendas, podendo apresentar novos fatores ao leitor, já que “Por meio
de sua iconicidade, a história em quadrinhos pode oferecer ao leitor elementos que o
texto literário apenas descreve ou não apresenta” (DOS SANTOS, Roberto Elísio,
VERGUEIRO, Waldomiro, 2012). Assim, a história pode ser contada também de
forma visual, trazendo aos leitores uma nova percepção dos acontecimentos. Isso
faz com que as HQs se tornem uma ferramenta poderosa no ensino e incentivo à
leitura.
Por falar na parte visual, é interessante perceber que todos os elementos, não
só as ilustrações, como também a distribuição do texto e seu tratamento gráfico,
fazem parte da estética de uma história em quadrinhos. A escolha do estilo, das
cores, dos ângulos, tudo faz parte do processo artístico que constrói visualmente a
narrativa da HQ e, “Por ser o resultado de um processo artístico, os quadrinhos
levam à compreensão de técnicas e conceitos estéticos da área de Artes” (DOS
SANTOS, Roberto Elísio, VERGUEIRO, Waldomiro, 2012).
Reunindo esses dois aspectos, artístico e literário, os quadrinhos nem sempre
são apenas entretenimento, como também uma ferramenta que traz muitas
possibilidades a serem aplicadas no processo de aprendizagem em qualquer
13

disciplina, destacando-se entre elas o ensino de história, visto que temos muitos
títulos narrando acontecimentos ao longo da nossa existência (tanto mostrando os
fatos de maneira mais séria, quanto trazendo um pouco de leveza através do humor,
como faz muitas vezes o Maurício de Souza, por exemplo) , trazendo informação,
crítica e a possibilidade de aumentar o nosso conhecimento. Por isso, “as HQs
tornam-se fontes de uma significativa e importante contribuição acadêmica, sob
inúmeras perspectivas de análise, como a Literatura, a Psicologia, a Educação e a
Comunicação.” (BONIFÁCIO, Selma de Fátima, 2005). Desse modo, justifica-se a
importância das HQs no meio educacional e social, pois além de ser um poderoso
instrumento no auxílio da educação, também pode contribuir para trazer informação
e cultura para a nossa sociedade.

2.2 CAMPO EXTERNO REMOTO – ANÁLISE IMAGÉTICA

Anti-Herói Americano é um filme de 2003, que conta a história real de Harvey


Pekar, um homem que trabalha como arquivista em um hospital em Cleveland, que,
ao deixar cair alguns arquivos de óbito no chão, encontra a ficha de um homem que
trabalhou a vida inteira no mesmo lugar e no mesmo cargo que ele. Esse momento
se somou ao fato de Harvey ter encontrado seu amigo Robert Crumb, que havia feito
um certo sucesso como cartunista em São Francisco e o inspirou a criar sua própria
revista chamada “American Splendor” (traduzida para o português como “Anti-Herói
Americano), retratando o cotidiano do próprio autor. A revista foi publicada em 1976
com grande sucesso (Fonte: Filmow).
Contexto:
O filme gira em torno da criação de uma história em quadrinhos que se trata
de uma biografia e mistura ficção e realidade da vida do homem comum, Harvey
Pekar.
A trama pode ser considerada social, pois, apesar de ser protagonizado por
Harvey, afeta diretamente aqueles que estão à sua volta, como seus colegas de
trabalho, sua esposa, seus amigos. O sucesso que a revista alcança joga uma luz
sobre o lugar onde vive e trabalha e sobre as reflexões do cotidiano. Também
chama a atenção para problemas que afetam a muitos e muitas vezes são
silenciosos aos olhos da sociedade, como a depressão, solidão e o medo dela.
14

O filme se passa em um contexto totalmente urbano, sendo sua maior parte


em Cleveland onde mora o protagonista e também onde são ambientadas as suas
histórias. Também vemos algumas vezes a fachada do hotel em que Harvey e sua
esposa Joyce se hospedavam em Nova York, quando Pekar passou a ser um
convidado frequente no programa Late Show, comandado pelo apresentador David
Letterman.
O ambiente que mais predomina é o social. Harvey tem seus momentos de
solidão, mas seu dia a dia é cercado de amigos, esposa, das pessoas que se
tornaram seu público, até mesmo a plateia do Late Show.

Roteiro:
O roteiro mistura brilhantemente a realidade com ficção, começando por nos
mostrar um pequeno momento do protagonista na sua infância, já denunciando o
tipo de personalidade que nos seria apresentada no decorrer do filme. A partir daí,
começa a se contar a história de Harvey, com muitas cenas narradas por ele próprio,
que aparece tanto na pele do ator Paul Giamatti, quanto representado através das
ilustrações que se vê em seus quadrinhos.
Há muitas cenas em que vemos Harvey Pekar em pessoa, seja narrando,
seja respondendo às perguntas do direto, quase como numa entrevista de
documentário ou interagindo com seus colegas em um estúdio todo branco, com
vários objetos de cena que fazem parte da sua vida.
A narrativa, que mistura drama, comédia e biografia, consegue apresentar os
fatos de uma forma muito interessante, tanto ao inserir o Harvey na sua forma
cartunizada em cena com atores reais, quanto ao vermos personagens e atores
interagindo, até mesmo imagens reais das entrevistas com David Letterman. A sua
história se conta de várias formas diferentes, sem se perder no contexto.
Nós vemos tanto o passado do protagonista quanto momentos mais próximos
do atual (o filme é de 2003), sendo esses mais atuais durante a produção do filme,
quando ele aparece no estúdio.

Ambiente/Espaço:
Podemos dizer que o personagem central transita por muitos lugares de sua
cidade (Cleveland), porém podemos destacar a sua casa, onde acontecem a maioria
15

das conversas importantes para a trama e também o hospital onde ele trabalha e tira
muitas das suas inspirações para suas histórias em quadrinhos.
O que vemos predominante nas cenas são os aspectos psicológicos, já que
Harvey retrata sua própria vida do seu ponto de vista melancólico e mal humorado.
Personagens:
Além do melancólico e mal humorado Harvey, que encontra certo alívio em
sua rotina que ele parece considerar deprimente vemos uma esposa (Joyce) que
também carrega uma certa melancolia e as vezes até parece mais centrada, porém
carrega suas próprias questões e é muito preocupada com doenças, chagando a
tomar remédios por precaução.
Outros personagens que valem a pena serem destacados são dois de seus
colegas: Toby, que parece estar no espectro autista (como Joyce aponta) e não tem
vergonha de se dizer nerd, muito firme nas suas convicções; e Mr. Boats, com quem
o protagonista conversa muito sobre música e é muito reflexivo, sendo muitas vezes
pego sozinho, divagando sobre várias situações da vida.
Reflexões interdisciplinares
Vida e obra se misturam inevitavelmente, já que o protagonista retrata sua
realidade, mas também faz parte da produção num filme que fala de sua criação e
de sua própria vida, sendo que são praticamente uma coisa só, quase nos levando a
pensar que nada do que se vê nesse filme é fictício.
O filme não fala profundamente sobre a produção de uma história em
quadrinhos, mas nos apresenta vários aspectos e podemos ver um pouco da
realidade de autores independentes e suas inspirações.

Relações com a sua formação acadêmica-pedagógica:

O filme contribui para a unidade curricular de estágio, não só ao mostrar um


pouco do que é a construção de uma história em quadrinhos, mas também na forma
como “Anti-Herói Americano é produzido, mesclando cinema e quadrinhos em sua
estética, além de vários elementos, remetendo a uma criação híbrida, como
acontece na atividade realizada durante esse estágio, que é a criação de uma
revista que mistura mais de uma linguagem na sua produção.
O meu curso poderia utilizar esse filme tanto para falar de elementos de uma
obra cinematográfica quanto da linguagem dos quadrinhos, além de aspectos
16

literários. Dessa forma, a obra contribui para a minha formação trazendo uma
unidade entre essas matérias, porém, esses assuntos podem ser tratados de forma
individual.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Documentário: 

 Filme: Anti-Herói Americano

Título Original: 

 American Splendor (original)

 Ano: 2003 Cor: Colorido Idade recomendada: 

Não recomendado para menores de 14 anos

Palavras-chave: 

 Quadrinhos, Robert Crumb, HQ, 1980, dark horse comics, biografia, Cleveland

Direção:  Produção: Good Machine, Dark Horse Entertainment

Shari Springer Berman, Robert Pulcini

Elenco Principal: Paul Giamatti, Harvey Pekar, Hope Davis, Joyce Brabner, Shari Springer
Bergman

Informações de Produção: 

 O filme é baseado na história real de Harvey Pekar, um arquivista de um hospital em Cleveland,


que se inspira a criar sua própria revista em quadrinhos baseada no seu cotidiano.

Restrições: 

 Para maiores de 14 anos.

Sinopse: 

O balconista de hospital Harvey Pekar encontra a ficha de um homem que trabalhou a vida inteira
como balconista em Cleveland, um emprego burocrático exatamente como o dele. Esse episódio,
combinado com o fato de ver seu amigo Robert Crumb se tornar uma pequena celebridade como
cartunista, o inspiram a criar a sua própria revista em quadrinhos. A revista, publicada em 1976 com
grande sucesso, retrata com realismo o cotidiano do próprio Harvey, um amante compulsivo de jazz e
livros.

Interdisciplinaridade com outras áreas: 

História em quadrinhos, cinema.

Observações:
17

 O filme além contar a história real do homem por trás de uma revista de sucesso, traz muitas
reflexões sobre questões psicológicas, relacionamento e sobre o que é a ideia de ser alguém bem
sucedido.

2.3 MATERIAL: CRIAÇÃO E REFLEXÃO

O projeto de extensão se relaciona com o ensino escolar, apresentando aos


alunos a linguagem dos quadrinhos, a colagem e a releitura, utilizando mais de uma
linguagem para trabalhar tanto a parte artística quanto a literatura, podendo também
ser uma introdução a algumas áreas da história da arte.
O trabalho foi feito a partir de um conto que seria adaptado para o formato de
história em quadrinhos, porém utilizando colagem e pintura, resultando não só em
uma releitura textual, como também artística.
Para realizar essa atividade foi passada aos participantes a parte teórica, que
seria a linguagem e toda a estrutura utilizada na produção de uma HQ, além de
ensinar sobre colagem e sobre releitura.
O conto escolhido foi Rumpelstiltskin, que ganhou uma estética sombria para
combinar com tema da narrativa e também com o clima mais pesado que essas
histórias tinham na época dos irmãos Grimm, criadores desse e de outros contos.
As aulas foram todas passadas por vídeos no YouTube, além de uma
apresentação no Google apresentações, que substituiu o vídeo mediante problemas
técnicos. Foram oito aulas teóricas com alguns momentos de prática e quatro
totalmente voltados para a prática da produção de uma revista artesanal do tipo
fanzine.
Tudo foi feito com material reaproveitado, como o papel Kraft, recortes de
revista, linha de crochê e vários outros itens encontrados em casa e que combinava
com a estética da obra.
Todo o projeto foi pensado de forma a permitir que cada aluno fizesse sua
própria interpretação criando uma revista com seus próprios materiais e estilo,
podendo até mesmo escolher uma história diferente para adaptar. Desse modo, os
participantes teriam um entendimento sobre cada linguagem e sobre como mesclar
todas elas, tirando-as de seu contexto, criando algo com um novo significado.
18

https://www.youtube.com/playlist?list=PLpNfD8TVWsvBs1UKQiAiFm0SAVLdqR2U8

https://docs.google.com/presentation/d/
1BTEpVjSNMqJzt9hKohenKLUZ0QJ3qtasyEtcdXhFzP0/edit?usp=sharing

2.4 PRÁXIS E RELATÓRIO DE EVIDÊNCIAS

Os quadrinhos são narrativas visuais compostas por texto e imagem em


ordem sequencial. “[...] são um meio de comunicação em massa por consistirem em
produtos da indústria cultural, ou seja, são o resultado de um processo de produção
com várias etapas.” (Fotografia digital e quadrinhos, pág. 205, 2009). E sua
importância nesse trabalho se dá justamente unir mais de uma linguagem na sua
construção.

2.4.1 Práxis

Will Eisner, a quem o livro da disciplina (fotografia digital e quadrinhos) cita


muitas vezes, é um referenciado autor de quadrinhos e enfatiza bastante a
concepção de quadrinhos como arte sequencial. Ou seja, várias imagens dispostas
em sequência que vem nos contando uma história. Eisner explica em seu livro
“quadrinhos e arte sequencial: “A função fundamental da arte em quadrinhos (tira ou
revista), que é comunicar ideias e/ou histórias por meio de palavras e figuras [...]”
(Eisner, pág. 38, 1989,)
Além de ser esse meio de comunicação em massa com texto e imagem,
podemos ver os quadrinhos como uma forma de arte e, como o livro da disciplina
menciona: “[...] as histórias em quadrinhos são objeto estudo de diversas áreas de
conhecimento, como artes, letras e comunicação – por constituírem uma arte visual,
os quadrinhos interessam, é claro, aos estudos das artes; por constituírem uma
narrativa, interessam aos estudos literários; por constituírem uma linguagem própria,
interessam aos estudos linguísticos; e por constituírem um meio de comunicação em
massa (entre outros motivos), interessam aos estudos de comunicação” (págs. 204
e 205) Essa explicação sobre como são vistas as histórias em quadrinhos foi o
motive de eles teres sido a base do projeto de estágio de pesquisa aplicada.
19

Os quadrinhos possuem vários gêneros e formatos, mas, seja qual for, “fomos
alfabetizados para a leitura de quadrinhos” (fotografia digital e quadrinhos, pág. 208).
E o interessante nisso é que não percebemos, muitas das vezes, que o texto nos
quadrinhos também faz parte da sua arte, já que o tratamento dado a ele, como
mencionados algumas vezes nesse texto, contribui para a estética de uma página,
ou, de toda uma revista em quadrinhos. Do mesmo modo, a forma como a arte é
disposta nos quadrinhos também tem muito a contribuir com a narrativa. Por
exemplo, o uso do requadro como “parte da linguagem não verbal” (fotografia digital
e quadrinhos, pág. 209, 2019).
A parte da linguagem dos quadrinhos que remete aos estudos literários é
claro, está no texto e foi muito importante na adaptação do conto “Rumpelstiltskin”
para o formato, mais precisamente, o roteiro, onde seria pensada a disposição do
texto nos balões e legendas. Outras partes do conto ficariam por conta das imagens,
apenas, lembrando que as imagens também fazem parte da narrativa.
A pesquisa sobre quadrinhos para esse projeto artístico, claro, não se limita
ao livro da disciplina. Como vemos ao logo do curso, as várias linguagens da arte se
interligam em muitos momentos. É por isso que vemos o estudo sobre arte
sequencial (as HQS) no livro Fundamentos das artes visuais, da disciplina de
mesmo nome e isso nos leva a pensar na etapa do projeto em que começamos a
definir a disposição das imagens a serem coladas e criadas nas páginas da revista.
Se tratando dos recursos visuais nos quadrinhos, o livro diz que: “Os recursos
de linguagem visual[...] têm como objetivo fornecer as ilusões de espaço, movimento
e sequência das imagens das HQs, que, por sua natureza, são estáticas”
(Fundamentos da linguagem visual, pág. 233, 2016). Por isso temos os planos
(como o plano geral, plano detalhe, etc.), os ângulos de visão (plongée, frontal,
inclinado, etc.), as linhas cinéticas ou de movimento para indicar uma trajetória ou
mover de cabeça (alguns desses movimentos reforçados pela onomatopeia),
recursos que ajudam o observador, no caso, leitor, a perceber o que acontece na
cena, se o personagem ou objeto se move e como se move.
As expressões faciais e corporais também ajudam a indicar emoção e reação
de um personagem. E aqui, mais uma vez, o livro também cita Eisner, que “orienta
aos artistas que querem trabalhar com quadrinhos devem se basear em suas
observações pessoais e no inventário de gestos comuns compreensíveis para o
leitor” (Fundamentos da linguagem visual, pág. 240, 2016). Isso significa que
20

devemos usar expressões que conhecemos, comuns no ser humano, mesmo que
estilizadas ou exageradas, devem ser reconhecíveis aos olhos do leitor.
É claro que não só os estudos sobre quadrinhos alimentaram essa pesquisa.
Nesse mesmo livro da disciplina, entendemos que “para a criação artística, o
produtor de arte deve ter muito claros os fundamentos teóricos das artes visuais, por
exemplo, a compreensão dos elementos da linguagem visual e o sei papel na
criação de uma composição. Contudo, além desses saberes conceituais, o artista
visual precisa dominar as técnicas do fazer arte, aperfeiçoando-se na linguagem
escolhida” (Fundamentos da linguagem visual, pág. 257, 2016).
Desse modo, temos a base para a parte criativa do projeto, já que a aplicação
de cada técnica não vem antes de um conhecimento teórico. Assim, foi dada a base
da colagem da pintura, desenvolvimento de personagem e a linguagem como já
mencionada. Na mesma página, o livro diz que é fundamental “conhecer as
características dos materiais”, assim, a escolha da tinta acrílica usada na revista
artesanal foi determinada pela secagem rápida. De mesmo modo, a colagem foi um
fator que, além de trabalhar a criatividade, não precisa de secagem, então o tempo
de produção seria mais rápido.
Em relação ao conto escolhido, a fim de curiosidade, e também, de modo a
colaborar com o roteiro, podemos mencionar o livro “Introdução às culturas
populares”, no capítulo “Narrativas e lendas populares”, e sua característica
determinante que é o fato de “pertencerem ao domínio da oralidade”, e que “cada
vez que se conta uma história, esta pode ganhar novos contornos e significados. As
nuances, as sutilezas e os acréscimos podem mudar conforme o narrador, e certos
fatos podem ser enfatizados ou subtraídos com a intenção de produzir diferentes
interpretações” (pag. 140).
Essa citação se encaixa na pesquisa pelo fato de o conto adaptado para
quadrinhos ter sua origem nas lendas populares na Alemanha, muitas delas
adaptadas pelos irmãos Grimm no século XIX. Por serem histórias contadas pelos
populares e reescritas por outros autores além dos Grimm, as histórias costumam
ter muitas versões. Isso poderia inspirar o participante a criar sua própria versão do
conto que escolhesse, ou até mesmo adaptar alguma lenda conhecida na região
onde vivem, pois as lendas, “se apresentam como narrativas orais, mas, diferente
dos mitos, não têm a função primordial de explicar a origem das coisas; além disso,
21

contêm elementos e personagens fantásticos e, muitas vezes, têm a função de


reguladora da vida cotidiana” (Introdução às culturas populares, pág. 145).
Um bom exemplo para aplicar essa citação no trabalho, é adaptar uma lenda
brasileira, por exemplo, ao invés de adaptar um conto alemão, escrevendo sobre o
Saci, a Cuca, ou algumas lendas menos conhecidas como a Matinta Pereira, por
exemplo. Assim pode-se valorizar a própria cultura e ensinar sobre algumas das
nossas lendas através de uma ferramenta divertida como são as histórias em
quadrinhos.
Todas essas escolhas e referências podem contribuir imensamente para o
estudo em várias áreas de ensino, como já mencionado nessa pesquisa e também
para o estímulo da criatividade, tanto para produção textual quanto artística.
Sabendo sobre o que vamos escrever, com o roteiro pronto, pode-se determinar as
cores, as técnicas e o formato a ser usado.
É claro que as adaptações não precisam se resumir às lendas e aos contos.
Podem também ser feitas versões de poemas em HQ, ou letras de músicas, trechos
de reportagem, etc. As possibilidades são infinitas. As técnicas também podem
variar. O aluno pode criar algo apenas em preto e branco com caneta nanquim, por
exemplo, ou até mesmo partir para o digital, fazendo desde o texto, passando pelo
desenho e colorização em programas de sua escolha, inclusive a colagem pode ser
feita no computador.
Quando unimos todo esse estudo e referências conseguimos criar um
trabalho maravilhoso e o nosso conhecimento em várias áreas cresce de maneira
divertida e criativa, além de ajudar a melhorar nossas habilidades nas artes e na
escrita.
Os quadrinhos, nem sempre aceitos no meio educacional se mostraram uma
ferramenta poderosa no ensino e tende a estar cada vez mais presente no auxílio da
educação.
Por todos esses motivos o conhecimento sobre o processo de produção de
uma história em quadrinhos foi a escolha óbvia para esse projeto de estágio em
artes visuais, se tornando a base dessa pesquisa e da oficina Arte em Quadrinhos.

2.4.2 Relatório de evidências

Nome da ação: Curso de extensão – Arte em Quadrinhos


22

Ementa – Estudos sobre releitura e linguagem dos quadrinhos, passando


pela aplicação prática da construção de uma HQ utilizando materiais reaproveitados,
criando uma revista com pintura e colagem.
Período de realização: 19/10/2020 a 30/10/2020
Número de inscritos e participantes: 5 participantes
Lista de participação, conforme consta:
Glaucia Favacho Rodrigues
Alessandro Cesar Beck Jr.
Jéssica Teodoro Artioli
Beatriz da Silva Lemos
Thallyta de Jesus Braz

Fotos da atividade e dos materiais:


23
24

A seguir ficha de frequência obrigatória:

NOME DO ALUNO – RU Gleicy Favacho Rodrigues - 2173145


CURSO Artes Visuais - Bacharelado
ESTÁGIO Extensão
HORAS 12h

LISTA DE PRESENÇA PARA CERTIFICAÇÃO DE 12 HORAS


NOME COMPLETO E-MAIL
Glaucia Favacho Rodrigues gfavachor@gmail.com
Alessandro CesarBeck Jr. Alessandro.beck@live.com
Jéssica Teodoro Artioli Jssica_teodoro@yahoo.com.br
Beattriz da Silva Lemos Blemos42@gmail.com
Thallyta de Jesus Braz thallybraz@hotmail.com

Anexe abaixo, os dados de repercussão de suas atividades nas


mídias sociais. Você precisará fazer prints de telas em três momentos distintos para comprovar o
número de participantes.
1. Momento 01: ao término da atividade
2. Momento 02: dois dias após a realização da
25

atividade
3. Momento 03: cinco dias após a realização da
atividade

Aula 1:
20/10/2020

Aula 2:
21/10/2020
26

Aula 3:
1° momento: 22/10/2020
27

Aula 4:
23/10/2020

Aula 5:
24/10/2020
28

Aula 6:
25/10/2020

Aula 7:
26/10/2020
29

Aula 8:
27/10/2020

Aula 9:
28/10/2020
30

Aula 10:
29/10/2020

Aula 11:
30/10/2020
31

Aula 12:
31/10/2020

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização desse estágio foi possível perceber que as histórias em


quadrinhos oferecem inúmeras possibilidades de criação e aprendizado, pois
transita entre o desenho, a literatura, a escrita, até mesmo a linguagem
cinematográfica (por algumas semelhanças).
As HQs podem facilitar muito o aprendizado de qualquer assunto, porém,
aquele educador que for aplicar as suas lições utilizando essa ferramenta deve ser
um conhecedor dessa linguagem para saber como adaptá-la ao ensino da sua
matéria. Para quem for criar também, afinal, mesmo que se faça uma releitura com
livre interpretação das técnicas, deve-se entender o que está sendo mudado, como
por exemplo, a colagem no formato das páginas de uma revista em quadrinhos.
O estudo sobre roteiro para adaptar o conto no formato de HQ também
mostrou se pode abrir muitos caminhos para contar uma nova história.
A produção escrita mostrou como os quadrinhos foram surgindo e mudando
ao longo da história e também a grande importância que essa arte sequencial
possui. As pesquisas referenciadas nesse documento mostram que o assunto vem
32

sendo bastante estudado e pode ser de grande ajuda, não só na educação, como
também em projetos sociais, informativos e também podem ser referência para
trabalhos artísticos.
Existem muitas publicações voltadas principalmente para o ensino de história,
língua portuguesa e literatura.
Assim, o universo dos quadrinhos e sua linguagem têm mostrado grande
valor na educação e nas artes visuais.

REFERÊNCIAS

ConLeste – http://conlest.com.br
IBGE – http://ibge.gov.br
SCOVILLE, André; OLIVEIRA, Bruno. Laboratório de Artes Visuais, Fotografia
Digital e quadrinhos. Curitiba: Editora Intersaberes, 2019.
 LEETE-HODGE, Lornie, Os Mais Belos Contos de Fadas. Editora Círculo do
Livro, 1893.
Google Acadêmico: DOS SANTOS, Roberto Elísio, VERGUEIRO, Waldomiro,
Histórias em quadrinhos no processo de aprendizado: da teoria à prática.
EccoS Revista Científica [Internet]. 2012; Recuperado de:
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71523347006
Google Acadêmico: BONIFÁCIO, Selma de Fátima. História em quadrinhos:
análises sobre a História ensinada na arte sequencial. 2005; Recuperado de:
https://www.acervodigital.ufpr.br/handle/1884/6604
Filmow: Sinopse de Anti-Herói Americano, https://filmow.com/anti-heroi-americano-
t1774/
IMDB: Anti-Herói Americano, https://www.imdb.com/title/tt0305206/
EISNER, Will, Quadrinhos e arte sequencial. Editora Martins Fontes, 2015.
VAZ, Adriana, SILVA, Rossano, Fundamentos da linguagem visual. Editora
Intersaberes, 2016.
BRAGA, Gesline Giovana, ZUCON, Otávio, Introdução às culturas populares.
Editora Intersaberes, 2013.

Você também pode gostar