Mecanismos de defesa do ego

A difícil posição do ego

• Entre id, ambiente, e superego, o ego fica em posição difícil.

• Isso às vezes lhe provoca angústia, que mobiliza o processo defensivo

• Angústia vem do perigo de destruição da organização do ego

• O ego constrói barreiras para barrar certos impulsos ou solucionar os

conflitos originados pela oposição das instâncias psíquicas.
 Por que o ego se defende dos instintos?

O ego teme o instinto

a) porque teme o superego;

b) por angústia objetiva derivada da realidade;

c) pela força do instinto que pode dominar e desorganizar o ego;

d) pela necessidade de conciliar tendências opostas

A repressão

• Processo pelo qual um ato psíquico não pode encontrar o caminho

que conduz ao sistema consciente e, portanto, torna-se ou
permanece inconsciente

• A repressão “impede o acesso do impulso instintivo à motricidade

mas, ao mesmo tempo, mantém intata sua carga de energia” (Freud)
Repressão
• A satisfação do instinto reprimido seria possível e agradável em si,
mas inconciliável com outros princípios e aspirações.
Por um lado causaria prazer, por outro, desprazer.
Ex: roubar

• Uma condição indispensável da repressão: o motivo de desprazer é

mais forte que o prazer que a satisfação produziria.
• É preciso que o superego e o sentido de realidade tenham um grau
suficiente de desenvolvimento
Repressão
• A função da repressão é rejeitar e manter fora do
consciente determinados elementos
• Isto exige esforço contínuo e permanente, ou seja, gasto
constante de energia

• Repressão é como manter um barril vazio afundado na

água.
Precisa de força constante, senão o barril vem à tona
imediatamente
• O fato de que uma representação esteja reprimida não impede que
ela perdure no inconsciente e continue se organizando, criando
ramificações e estabelecendo relações...

Assim se forma o complexo— uma constelação de ideias associadas

entre si, afetivamente carregadas

• O que a repressão faz é impedir a relação com o sistema consciente e

a atuação do instinto no mundo exterior.
• Por meio da livre associação, vai-se aproximando do conflito nuclear,
como quem desfaz um novelo puxando por uma ponta.

• A cessação da repressão significa uma grande economia de energia, a

qual fica assim à disposição do ego para funções úteis.
A regressão

• processo que conduz a atividade psíquica a uma forma de atuação já

superada, evolutiva e cronologicamente mais primitiva do que a
atual.

• crianças que já tinham aprendido a não urinar na cama voltaram a

fazê-lo

• O indivíduo requer gratificações instintivas e, se não pode obtê-las no

nível que já alcançou, regressará a uma fase anterior em que
experimentara satisfações mais completas.
A regressão

• Os padrões de comportamento que se mostram uteis são repetidos,

porque são automáticos e consomem menos energia
• De modo geral, produz-se como consequência de uma grande
decepção ou de um intenso temor, quase sempre o temor consciente
ou inconsciente ao castigo.
• Ex: multidão em pânico pode correr sem rumo, gritando por ajuda,
como crianças que esperam ser socorridas por adultos
A regressão

• Tem função importante nos jogos, esportes, repouso e diversão

• O homem de negocio que joga cartas ou golfe depois de um exaustivo
dia no escritório, comporta-se, de certa forma, como uma criança.
Compete por satisfações que não tem significação na luta diária pela
existência
• Essas satisfações regressivas constituem um alívio das tensões do
comportamento ajustado coordenado e representam uma concessão
passageira às tendências regressiva latentes em todos
• A tensão é relaxada e o vigor para as tarefas sérias é restabelecido
A regressão

• Os sonhos são as formas mais comuns de manifestações regressivas e

pertencem ao ritmo básico da vida; volta a formas infantis de
pensamento
O isolamento
• Faz com que se considere separado aquilo que, na realidade,
permanece unido

• Exemplo: um homem que tinha desejos conscientes de matar o pai

(situação traumática)
- como sintoma desse desejo, sentia um temor enorme de facas
- O medo ocorria porque, inconscientemente, ele vinculava as
facas ao desejo parricida.
A anulação ou reparação

• Realização de um ato determinado com a finalidade de anular ou

reparar o significado de um anterior.
• Em seu livro Histeria e neuroses obsessivas, Fenichel dá um
exemplo que elucida o significado da anulação. Diz ele:
• “Um paciente via-se impelido a rezar de forma obsessiva durante uma
doença grave de sua mãe; mas ao terminar a reza aplicava um tapa na
boca, ato com que pretendia anular o efeito positivo da reza.”
A formação reativa

• O ego faz o oposto às tendências do id que pretende evitar

• o ódio
parece ter sido substituído pelo amor, a crueldade pela gentileza, a obstinação pela
submissão, o prazer da sujeira pela ordem e a limpeza

Ex: menina na janela

• “Cheguei em casa irritado e encontrei a filhinha da empregada. Senti desejos de jogá-la
na rua por uma janela que estava aberta, mas me contive. Sentei-me para estudar e, de
repente, vi a mãe da garotinha colocar um banco junto à janela para que a filha pudesse
ficar olhando a rua. A partir desse momento, não consegui mais estudar e fui sentar-me
perto da menina para tomar conta dela. Eu temia que a criança se debruçasse demais e
caísse pela janela...”

Ex2: Ser bombeiro voluntário como defesa contra piromania

A projeção

• Atribuir à outras pessoas ou coisas suas próprias tendências

inconscientes (inaceitáveis para seu superego),
Percebe suas tendências como características próprias do objeto

• “Vamos embora, vovô, pois você está com medo dos leões.”
Volta do instinto contra o ego

• Uma carga agressiva, primitivamente dirigida contra um objeto do

mundo exterior, volta-se contra o ego e pode, às vezes, destruí-lo,
como nos suicídios.

• O caso mais corrente é machucar-se em vez de machucar o outro

A sublimação

• A sublimação é a adaptação lógica, dos impulsos do id, às normas do

meio ambiente, com benefícios para nós mesmos e para a sociedade
(É uma forma de satisfação indireta)
• Um instinto abandona seu objetivo original, porque, pelo princípio de
realidade, a satisfação poderia originar um desprazer (castigo).
• O instinto busca um novo fim, que concilie as exigências do princípio
de realidade e do superego, e que é aceito pela sociedade.

Exs: Brincar com fezes → escultura

Agressão → luta
Racionalização
• Principio da psicodinâmica: Todos os atos humanos são superdeterminados e
motivados por vários motivos conflitantes

• Por que se ajuda um amigo?

Por lealdade, desejo de ser superior, sentimento de obrigação e
por esperar que ele retribua a ajuda no futuro

• A racionalização significa escolher os mais aceitáveis entre um vários

motivos para explicar o comportamento
Isto permite o recalque de outros motivos estranhos
Comportamento provocador
• Provocar nos outros a hostilidade contra nós mesmos.

• Isso justifica a retaliação e libera a hostilidade, sem o reconhecimento

de que a fonte está no próprio eu.

• Fica parecendo uma reação natural à hostilidade dos outros.

Identificação com o agressor temido

Ex: marido volta para casa sentindo-se culpado por uma traição e provoca
briga com a esposa por um motivo qualquer
Identificando-se com a agressão conjugal que espera, realiza um “gesto
mágico”, com o qual pretende que a esposa não brigue com ele

• O benefício protetor contra a angústia:

ao representar o papel do agressor, assumindo suas atitudes e atributos, ou
imitando suas agressões, o sujeito deixa de ser a pessoa ameaçada e passiva
e torna-se pessoa que ameaça e está ativa (inconscientemente)
A renúncia altruísta

• Em vez de experimentar a própria vida, vive a vida dos outros.

• Exemplos:

- Homem com deficiência física, irmão de um esportista

- Mulher que faz tudo pelo sucesso da filha