Você está na página 1de 59

FACULDADES INTEGRADAS DE CIÊNCIAS HUMANAS, SAÚDE E

EDUCAÇÃO DE GUARULHOS

CURSO DE PSICOLOGIA

TAT
TESTE DE APERCEPÇÃO TEMÁTICA
Apostila para fins didáticos

Disciplina: Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico IV


Docente Responsável: Érika Leonardo de Souza

Guarulhos / 2006
2

I - INTRODUÇÃO

Henry A. Murray e colaboradores elaboraram o TAT na Clínica Psicológica da


Universidade de Harvard, nos EUA. Foi apresentada em 1935 a primeira série de
pranchas e em 1945, foi publicada a terceira revisão, a que foi considerada a definitiva
e por nós hoje conhecida.
Quando o TAT foi elaborado, os autores aplicavam-no em sujeitos a partir de 4
anos de idade, no entanto isso não é realizado atualmente, sobretudo pelo surgimento
de teste aperceptivo temático infantil que é o CAT (Teste de Apercepção para
Crianças) nas formas Animal (CAT -A), Humano (CAT -H) e animal escala especial
(CAT-S), bem como o teste Symonds apropriado para adolescentes.
Em geral, TAT atualmente é amplamente aplicado em adultos e, às vezes em
pré-adolescentes ou adolescentes.

II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente
a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com
sua perspectiva pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiência revela a
atitude e a estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada. Assim, expondo-se
o sujeito a uma série de situações sociais típicas e possibilitando-lhe a expressão de
sentimentos, imagens, idéias e lembranças vividas em cada uma destas
confrontações, é possível ter acesso à personalidade subjacente. Esse procedimento,
nas situações apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do sujeito.
Partindo desse princípio, Murray, com sua assistente Christiana Morgan,
procedeu à escolha do material que viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em
museus, anúncios em revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que
posteriormente foram redesenhados para apresentar um estilo uniforme. O produto
final são reproduções de situações dramáticas, de contornos imprecisos, impressão
difusa e tema inexplícito. Exposto a esse material, o indivíduo, sem perceber,
identifica-se com uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade, comunica,
por meio de uma história completa, sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa
e emocional. Dessa forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao
indivíduo temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e pressões
fundamentais na dinâmica subjacente de sua personalidade.
Em relação ao conceito de projeção, Murray comenta que o sujeito percebe o
ambiente e responde ao mesmo em função de seus próprios interesses, atitudes,
3

hábitos, estados afetivos, desejos etc. – em outras palavras, o indivíduo estrutura a


realidade de acordo com suas próprias características. No caso do TAT, em vez de
projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma mera percepção de um objeto,
mas toda uma interpretação de uma cena.
A percepção depende do campo de estímulos (fator externo) e das
necessidades do indivíduo (fator interno). Quando o campo de estímulos é mais
estruturado, predomina o fator externo na percepção; quando o campo de estímulos é
menos estruturado, predominam os fatores internos na percepção. Nos métodos
projetivos, os estímulos são pouco estruturados e as instruções permitem grande
liberdade de resposta.
Para a mente aberta e humanista de Murray, a teoria de Freud sobre as
pulsões inconscientes, sexuais e agressivas pecava por ser uma simplificação
excessiva da complexidade multifacetada da motivação humana. Murray admirava
Freud e sua obra, mas acreditava que sua primeira teoria libidinal era excessivamente
restrita e limitada. Desenvolveu então sua personologia, uma teoria basicamente
motivacional em que são centrais os conceitos de necessidade e pulsão.
Necessidade é um construto que representa uma força, na região cerebral,
que organiza a percepção, a apercepção, a intelectualização, a conação e a ação, de
modo a transformá-la em certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória
existente. Em outras palavras, a necessidade gera um estado de tensão que conduzirá
a ação no sentido de chegar à satisfação, que por sua vez reduzirá a tensão inicial, ou
seja, restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser produzida por forças internas
ou externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou emoção.
A presença de uma necessidade pode ser identificada:
1. efeito ou resultado final do comportamento.

2. padrão ou modo do comportamento envolvido.

3. atenção seletiva e resposta a uma determinada classe de objetos-estímulo.

4. expressão de uma determinada emoção ou afeto.

5. expressão de satisfação quando se obtém determinado efeito, ou de


desapontamento quando o resultado é negativo.

O autor elaborou uma lista das principais necessidades.


4

Necessidade Definição
Afiliação Tornar-se íntimo a outrem, associar-se a outrem em assuntos comuns (afiliação
associativa).
Fazer amizades e mantê-las. Ligar-se afetivamente e permanecer leal a um amigo
(afiliação emocional).
Agressão Vencer a oposição pela força. Lutar, revidar à injúria. Atacar, injuriar, matar. Opor-se
pela força ou punir a outrem.
Altruísmo Promover as necessidades de pessoas desamparadas, como crianças ou pessoas
fracas, incapazes, fatigadas, inexperientes, enfermas, arruinadas, humilhadas,
abandonadas, aflitas e mentalmente perturbadas. Ajudar alguém que está em perigo.
Alimentar, ajudar, consolar, proteger, curar, confortar, cuidar
Apoio Ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de pessoa amiga; ser
protegido (n.proteção), sustentado, cercado, amado, aconselhado, guiado, perdoado,
consolado. Permanecer ao lado de um devotado protetor. Ter um defensor
permanente
Aquisição Adquirir, comprar algum objeto. É aquisição social, quando o objeto adquirido é
ajustado socialmente; enquanto que, é associal quando o objeto é para um objetivo
desajustado socialmente, tal como para agredir
Autodefesa (física) Evitar a dor, o dano físico, a doença, a morte. Escapar de uma situação perigosa.
Tomar medida de autoprecaução.
(Autodefesa Psíquica): Evitar a humilhação. Fugir de situações embaraçosas ou depreciativas: escárnio,
ridículo, indiferença dos outros.
Reprimir a ação pelo medo do fracasso.
Autonomia Libertar-se, resolver a restrição, romper o confinamento. Resistir à coerção e à
restrição ou mesmo domínio. Romper com as convenções. Não se sentir obrigado a
cumprir ordens superiores. Ser independente e agir segundo o impulso. Não estar
comprometido.
Compreensão Perguntar e responder. Interessar-se por teorias. Especular, formular, analisar,
generalizar.
Conhecimento Saber os fatos aprofundar-se.
Contra-reação Dominar ou vencer o fracasso pelo esforço.
Desfazer a humilhação pela reação. Superar a fraqueza, reprimir o temor. Defender a
honra através de uma ação. Procurar obstáculos e dificuldades a vencer. Manter a
auto-estima e o orgulho em alto nível.
Defesa Defender-se do ataque, da crítica, da censura. Ocultar ou justificar um mal feito, um
fracasso, uma humilhação. Reinvidicar o ego.
Deferência Admirar e apoiar um superior. Louvar, honrar, elogiar. Imitar um modelo. Sujeitar-se,
avidamente, à influência de pessoa aliada. Conformar-se com os costumes.
Degradação Diminuir a auto-estima, desvalorizar-se.
5

Domínio Controlar o ambiente. Influenciar ou dirigir o comportamento alheio, através de


sugestão, sedução, persuasão ou ordem. Dissuadir, restringir ou proibir.
Entretenimento Agir por brincadeira, sem segundas intenções. Rir, contar anedotas. Procurar relaxar
a tensão. Participar de jogos, atividades desportivas, bailes, reuniões sociais.
Exibição Deixar uma impressão. Ser visto e ouvido. Provocar, fascinar, causar admiração,
divertir, impressionar, intrigar, seduzir
Excitação e Dissipação O fato de se estimular e posteriormente eliminar ou anular a excitação através da
redução da tensão, pode ser de ordem sexual.
Humilhação Submeter-se passivamente à força externa. Aceitar injúria, censura crítica, punição.
Render-se. Resignar-se ante a sorte. Admitir inferioridade, erro, fracasso, defeito.
Confessar e reparar. Censurar-se, diminuir-se ou mutilar-se. Desejar sofrimento,
punição, doença, infortúnio.
Oposição Rebelar-se às normas, valores ou ainda ao domínio.
Ordem Por as coisas em ordem. Promover a limpeza, o arranjo, a organização, o equilíbrio, a
precisão.
Passividade Sofrer ou receber uma ação ou impressão.
Realização Aumentar a auto-estima pelo uso bem sucedido dos seus talentos. Realizar algo
difícil.
Dirigir, manipular ou organizar objetos físicos, seres humanos ou idéias. Fazer isso
tão rápida e independentemente quanto possível. Vencer obstáculos e atingir um alto
padrão. Superar a si mesmo. Rivalizar com os outros, superá-los.
Reconhecimento Ato ou efeito de reconhecer-se; e ser reconhecido.
Rejeição Separar-se de uma influência negativa. Excluir, abandonar um objeto inferior ou
tornar-se indiferente a ele. Repelir ou desprezar um objeto.
Retenção Conservar posse duma coisa alheia ou pessoa.
Sensitividade ou Procurar impressões sensuais e sentir prazer nelas. Planejar e manter uma relação
sensualidade: erótica. Intercurso sexual.

Pressões são os determinantes do meio externo que podem facilitar ou impedir


a satisfação das necessidades, representando a forma como o sujeito vê ou interpreta
seu meio. A pressão está associada a pessoas ou objetos ou mesmo o ambiente que
se acham envolvidos, diretamente, nos esforços que o indivíduo faz para satisfazer
suas necessidades. "A pressão é um objeto é o que pode fazer ao sujeito ou para o
sujeito, ou seja, o poder que tem para afetar o bem estar do sujeito". Conhecemos
muito mais as possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição não apenas
de seus motivos ou tendências, mas também a maneira pela qual ele vê ou interpreta
seu meio.
6

Ambiente é favorável quando ele facilita a obtenção da necessidade. É


desfavorável quando ele dificulta e neutro não está relacionado com a necessidade.
Murray organizou várias listas de pressões, para fins especiais. Exemplo disso
é a classificação contida na tabela a seguir, destinada a representar eventos ou
influências significativas da infância.
Na prática, essas pressões não apenas são vistas operando em determinadas
experiências do indivíduo, mas também, se lhes atribui uma função quantitativa para
indicar sua força ou importância na vida do mesmo indivíduo.

Pressão Tipo
Falta de Apoio (família) a) discordância cultural
b) discordância familiar
c) disciplina instável
d) separação dos pais
e) ausência de um dos pais
f) enfermidade de um dos pais
g) morte de um dos pais
h) inferioridade de um dos pais
i) dissemelhança () entre os pais
I) pobreza
l) lar desorientado
Perigo Físico: a) Desproteção física
b) através da água
c) abandono e escuridão
d) intempéries, relâmpagos
e) através do fogo
f) através de acidente
g) animal
Falta ou Perda: a) de alimentos
b) de recursos
c) de companhia
d) de mudança (monotonia)
Afiliação: a) associativa (amizades)
b) emocional
Agressão: a) emocional
b) verbal
c) física
d) social
e) associal
7

f) destruição de propriedade
g) mau trato de mais velhos (homem ou mulher)
h) mau trato de companheiros
i) desavença com companheiros
Dominação: a) coerção
b) restrição
c) indução, sedução
d) proibição
e) disciplina
f) orientação religiosa
Inferioridade: a) física
b) social
c) intelectual
Sexo: a) exibicionismo
b) sedução (homo/heterossexual)
Apoio, dar afeto
Criação, indulgência
Decepção, ou traição
Deferência, louvor, reconhecimento
Nascimento de irmão
Rejeição, desprezo
Retenção de objetos
Rival, competidor

III – MATERIAL DO TESTE

O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações


humanas clássicas. Segundo as instruções originais, a cada sujeito devem ser
aplicados 20 estímulos, perfazendo o total de vinte histórias. O grau de realismo é
variável, sendo as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas.
Cada prancha apresenta impressos no verso, apenas um número ou um número
seguido de uma ou mais letras. O número indica a ordem em que o estímulo deve ser
apresentado, na série, e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo
se destina.
8

Tipo de Estímulo Convenção


Universal Apenas o número
Para mulheres Número seguido de F
Para homens Número seguido de H
Para crianças do sexo feminino (menina) Número seguido de M
Para crianças do sexo masculino (rapaz) Número seguido de R

Os quadros, impressos em branco e preto, representam situações de trabalho,


relações familiares, perigo e medo, atitudes sexuais, agressão e uma prancha em
branco que permite associações mais livres. O uso de figuras nas pranchas tem por
objetivo facilitar a produção do sujeito, que tem que encarar determinadas situações
típicas que nos interessa que sejam exploradas e permite padronizar a interpretação.
9

TEMAS EVOCADOS PELOS ESTÍMULOS

1) PRIMEIRA SÉRIE
PRANCHA 1

O MENINO E O VIOLINO
Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa à sua frente.

A) Área que explora:


- Dever: submissão - rebeldia
- Aspirações, expectativas, ambições, frustrações, ideal do Ego, fantasias vocacionais.
- Atitude frente ao dever
- Imagem dos pais

B) Interpretação dos adultos:


Aparecem temas que expressam a opinião que o sujeito tem de suas atitudes e
a imagem dos pais.

C) Clichês:
Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e com freqüência as
suas aspirações:

1. Os pais, geralmente, impõem ao menino a praticar ou estudar o violino; referido


comumente pelos sujeitos como sendo dominados pelos pais. Diante dessa exigência
o menino reage com passividade, conformismo, oposição, rebeldia ou fuga à fantasia,
reação que corresponde, em geral à do sujeito em condições semelhantes da
realidade.
2. Outras histórias freqüentes se referem às aspirações, objetivos, dificuldades do
herói: ordinariamente pertinentes em sujeitos ambiciosos.

D) Distorções:
Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo; em relação ao
violino ou o percebe mal, ou uma das cordas está solta; confusão do objeto
identificado como sendo um livro.

E) Omissões:
Não consegue ver o arco ou o violino, ou ambos.
10

F) Simbolizações:
1. O herói está preocupado porque uma corda está solta ou arrebentada, portanto
intocável: freqüente em sujeitos que tem sentimento de culpa devido à masturbação
ou que sofrem de ansiedade de castração.

2. O herói analisa ou pesquisa acerca do funcionamento e do mecanismo interno do


violino: sujeitos preocupados (ansiedade de castração) ou de curiosidade das
questões de ordem sexual.

PRANCHA 2

A ESTUDANTE NO CAMPO
Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros na mão; ao
fundo, um homem está trabalhando no campo e uma mulher mais idosa assiste.

A) Área que explora:


- Conflitos de adaptação intrafamiliares
- Conflito com a feminilidade e com as formas de vida: campesina X urbana; instintivo
X intelectual; virgindade X maternidade.
- Nível de aspiração
- Atitude frente aos pais

B) Interpretação dos adultos:


Aspirações pessoais do sujeito e de sua situação intrafamiliar.

C) Clichês:
Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o homem do
fundo) frente ao ambiente pouco cordial ou que não a (o) estimula, ou diante dos
problemas enraizados pelas dificuldades de relacionamento familiar. Denuncia como o
paciente vê seu ambiente, seu nível de aspiração e suas atitudes frente a seus pais.
11

PRANCHA 3 RH

RECLINADO (A) NO DIVÃ


No chão, encostado a um sofá, está agachado um rapaz com a cabeça
reclinada sobre o seu braço direito. Ao seu lado, no chão, há um revolver.

A) Área que explora:


Frustração, depressão, suicídio.

B) Interpretação dos adultos:


Principais frustrações do sujeito, fatores aos quais são atribuídas reações
frente aos mesmos.

C) Clichês:
Histórias que expressam depressão; rejeição e suicídio. O rapaz foi injustiçado
e o mesmo acaba tendo mal procedimento. Mais especificamente denunciam as
situações que o sujeito considera sendo frustradores de seus desejos, assim como
suas reações e seu estilo na resolução dos problemas.

D) Distorções:
1. O jovem é visto como moça, pelos sujeitos com fortes tendências femininas;
2. O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos hostil, pelos sujeitos
incapazes de expressar sua agressão de forma manifesta.

E) Omissão:
Do revolver

PRANCHA 3 MF

A JOVEM NA PORTA
Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a mão direita. Seu
braço esquerdo está estendido para frente, apoiando-se numa porta de madeira.

A) Área que explora:


Desespero culpa abandono, fracasso, violentado e perdido.
12

B) Interpretação dos adultos:


Revelam os principais fatores causadores das frustrações e sua reação frente
aos mesmos.

C) Clichês:
Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa

PRANCHA 4

UMA MULHER ENLAÇA O HOMEM, RETENDO-O.


Uma mulher enlaça um homem, cujo rosto e corpo estão desviados dela, como
se ele tentasse afastá-la.

A) Área que explora:


- Abandono, ciúmes, infidelidade, competição.
- Conflitos matrimoniais
- Atitude frente ao próprio sexo e ao sexo oposto

B) Interpretação dos adultos:


- Conflitos vivenciados pelo sujeito na vida real e a forma como o encara e enfrenta.

C) Clichês:
Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno triângulo amoroso) do
casal que está no primeiro plano. A figura seminua no fundo é a amante ou noiva do
homem. O homem deseja desvencilhar-se da mulher para realizar algum plano, mas
ela quer retê-lo. Traduzem as dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial ou suas
atitudes frente às mulheres e o sexo.

D) Omissão: -
Da mulher semidespida.

PRANCHA 5

MULHER IDOSA À PORTA


Uma mulher de meia-idade está de pé no limiar de uma porta entreaberta,
olhando para dentro de um quarto.
13

A) Área que explora:


- Imagem da mãe ou esposa (protetora, vigilante, castradora).
- Ansiedades paranóides

B) Interpretação dos adultos:


Inter-relações mãe-filho
C) Clichês:
A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos em atitudes que
prefere ignorar; ou inspeciona o quarto por uma ou mais razões. Revela as atitudes e
expectativas do sujeito frente a sua mãe (visto como superprotetora, proibindo ou
censurando), a sua esposa ou às situações frente às que sente curiosidade.

D) Distorções:
A mulher é vista como sendo homem; a mulher examinando a parte externa da
casa; dois quartos ao invés de um; o abajur como sendo uma cortina.

PRANCHA 6RH

O FILHO QUE VAI PARTIR


Uma mulher madura e gorda está, de pé, de costas para um jovem de elevada
estatura. Este olha para baixo, com uma expressão perplexa.

A) Área que explora:


- Atitude frente à figura materna
- Dependência X Independência
- Abandono, culpa

B) Interpretação dos adultos:


Comportamento frente à situação edipiana.

C) Clichês:
Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um projeto largamente
planejado, abandonar seu local para ir trabalhar numa outra cidade; casar-se ou
alistar-se no exército. Seus desejos quase sempre estão em conflito com os da mãe.
Revela a atitude do sujeito frente à figura materna (sentimentos de culpa, dependência
14

x independência, superproteção) e os fatores que produzem e justificam seu


afastamento.

PRANCHA 6 MF

MULHER SURPREENDIDA
Uma mulher jovem, sentada na borda de um sofá, olha para trás, por cima do
ombro, para um homem mais velho, com um cachimbo na boca, que parece dirigir-lhe
a palavra.

A) Área que explora:


Expectativas, temores, pressão, suspeita, extorsão.

B) Interpretação dos adultos:


Comportamento frente à figura paterna.

PRANCHA 7RH

PAI E FILHO
Um homem grisalho está olhando para um jovem que contempla o espaço com
semblante carrancudo.

A) Área que explora:


- Atitude frente à figura paterna (adulto, autoridade).
- Submissão, rebeldia
- Necessidade de ser aconselhado, de ajuda, de apoio, orientação.
- Ameaça de homossexualidade

B) Interpretação dos adultos:


Comportamento intrafamiliar

C) Clichês:
O jovem recorre ao velho em busca de conselhos; ou ambos discutem um
problema de mútuo interesse. Reflete a atitude do sujeito frente ao pai; aos adultos e
à autoridade em geral (dependência, obediência, rejeição, desafio). Pode expressar
as tendências anti-sociais e a atitude do sujeito frente à terapia.
15

PRANCHA 7MF

MOÇA E BONECA
Mulher idosa sentada num sofá, próxima de uma menina, falando-lhe ou lendo-
lhe. A menina, que está com uma boneca no regaço olha para longe.

A) Área que explora:


- Imagem da mãe
- Atitude frente à maternidade.

B) Interpretação dos adultos:


Comportamento intrafamiliar

PRANCHA 8RH

A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Um adolescente olha diretamente para fora do quadro. O cano de um rifle é
visível a um lado e, ao fundo, a cena nebulosa de uma operação cirúrgica, como a
imagem de uma divagação.

A) Área que explora:


- Direção da agressividade
- Imagem do pai
- Medo da morte

B) Interpretação dos adultos:


Nada em especial

C) Clichês:
Em geral o adolescente é o herói.
1. O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser médico, em cujo
caso se delata a ambição do sujeito.
2. Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o resultado da
operação: história que expressa as tendências agressivas do sujeito em dadas
ocasiões dirigidas contra uma determinada pessoa.
16

D) Omissão:
Do rifle.

E) Simbolizações:
Se amputar a perna da pessoa que está à mesa, geralmente, reflete ansiedade
de castração.

PRANCHA 8 MF

MULHER PENSATIVA
Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão, seus olhos estão
distantes.

A) Área que explora:


Problemas atuais e fantasia

B) Interpretação dos adultos:


Relações com o grupo do próprio sexo nas áreas: profissional, familiar e sexual.
Conflitos atuais, tensões e esforço para solucioná-los.

PRANCHA 9RH

GRUPO DE VAGABUNDOS
Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado, repousando.

A) Área que explora:


- Trabalho e ociosidade
- Relacionamento com o próprio grupo sexual
- Homossexualidade.
B) Interpretação dos adultos:
Relacionamento com o próprio grupo social nas esferas: familiar, profissional e
sexual.
C) Clichês:
Os homens estão descansando ou dormindo após uma dura jornada de trabalho
ou tomando um breve descanso antes de retornar ao trabalho.
As histórias de sujeitos mais esforçados concluem como retorno ao trabalho.
17

PRANCHA 9MF

DUAS MULHERES NA PRAIA


Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão, espia detrás de uma árvore
uma outra jovem trajada elegantemente, que corre ao longo de uma praia.

A) Área que explora:


- Competição feminina
- Rivalidade feminina
- Espionagem, culpa e perseguição.

B) Interpretação dos adultos:


Relações com o grupo do próprio sexo nas atividades profissionais, familiares
e sexuais.

PRANCHA 10

O ABRAÇO
A cabeça de uma mulher encostada no ombro de um homem.

A) Área que explora:


- Atitude frente à separação
- Conflito do casal
B) Interpretação dos adultos:
Conflitos amorosos e sexuais
C) Clichês:
O homem e a mulher expressam seu mútuo afeto. Indica em geral, a atitude do
sujeito frente à separação da pessoa amada, assim como seu grau de dependência à
figura paterna. Normalmente denuncia como o sujeito considera sua mulher ou as
relações entre seus pais.

D) Distorções:
A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as sombras faciais são
interpretadas de diferentes maneiras.
18

2) SEGUNDA SÉRIE

PRANCHA 11

PAISAGEM PRIMITIVA DE PEDRAS


Uma estrada à beira de um profundo desfiladeiro entre elevadas escarpas. Na
estrada, aparecem figuras obscuras à distância. De um lado da vertente rochosa
assoma a longa cabeça e o pescoço de um dragão.

A) Área que explora:


- Ansiedade frente ao perigo
- Angústia frente aos instintos

B) Interpretação dos adultos:


- Fantasias e tendências sexuais e agressivas.
- Dificuldade de controle e respostas a situações perigosas.

C) Clichês:
Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de
experimentar a ansiedade. As figuras obscuras (homens ou animais) são vistas como
se estivessem sendo atacadas pelo dragão e normalmente descrevem suas técnicas
defensivas: indica o temor do sujeito à agressão e os meios desencadeados para
vencê-lo.
O personagem masculino pode ser um cientista ou um explorador das regiões
desconhecidas: revela sua curiosidade ou desejo de experimentar situações novas ou
perigosas.

D) Distorções
Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades aos erros
perceptivos: o dragão é visto como um caminho; a cabeça do dragão como sua
margem; o fundo como uma cascata; as paredes do abismo como sendo o castelo; as
pedras como sendo cabeças humanas. A confusão do grupo de homens com o inseto
é comum e não constitui um indicador especial.

E) Omissão
Do dragão
19

F) Simbolizações:
O monstro geralmente constitui uma representação simbólica das exigências
instintivas que ameaçam seu interior. As histórias que se referem às dificuldades para
dominar o animal e aquelas em que o herói é perseguido pelos animais, podem refletir
dificuldades de se controlar ou se adaptar aos impulsos e tensões sexuais.

PRANCHA 12H

O HIPNOTIZADOR
Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados. Debruçado sobre ele,
a forma esguia de um homem idoso, a sua mão estendida para o rosto da figura
recostada.

A) Área que explora:


- Relação transferencial à situação de prova
- Ameaça ao homossexualismo
B) Interpretação dos adultos:
- Atitude frente aos adultos
- O papel de passividade e a atitude frente ao terapeuta.
- Tendência homossexual latente e experiências homossexuais ocultas.
C) Clichês:
O herói (em geral o homem que está deitado) está dormindo e o ancião veio
despertá-lo, ou é hipnotizado por este homem, ou está enfermo e o ancião veio
perguntar-lhe pela sua saúde. Geralmente revelam a atitude do examinando frente aos
homens adultos e seu ambiente, o papel da passividade em sua personalidade e, à
vezes, sua atitude frente à terapia.
D) Distorções:
Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo de um dos dois
homens; o jovem pode ser visto como mulher pelos sujeitos com fortes componentes
femininos.

E) Simbolizações:
As histórias em que o jovem que está deitado está se submetendo ou pode ter
sido forçado a ser hipnotizado pelo homem maduro, geralmente denunciam tendências
homossexuais latentes ou experiências homossexuais encobertas.
20

PRANCHA 12 F

A CELESTINA
Retrato de uma mulher jovem. Ao fundo uma velha misteriosa, com xale sobre
a cabeça faz caretas.

A) Área que explora:


- Tentação instintiva e defensiva
- Relação mãe-filha

B) Interpretação dos adultos:


- Atitude da filha frente ao controle materno.
- Tendências ao controle das irmãs

C) Clichês:
Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à figura da mãe ou da
filha, e envelhecimento e o matrimônio.

D) Distorções:
Nos casos psicóticos raros, a jovem é vista como um homem.

PRANCHA 12RM

O BOTE ABANDONADO
Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre entre o arvoredo
de uma floresta. Não há figuras humanas no quadro.

A) Área que explora:


Fantasias desiderativas (desejos)

PRANCHA 13 HF

MULHER SOBRE A CAMA


Um jovem de pé e com a cabeça inclinada, coberta por seu braço. Atrás dele, a
figura de uma mulher deitada numa cama.
21

A) Área que explora:


- Atitude frente ao relacionamento heterossexual (ansiedade).
- Sentimento de culpa

B) Interpretação dos adultos:


Tendências sexuais, relacionamento e conflitos no amor, e matrimônio e a vida
erótica.

C) Clichês:
Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e ao sexo, às
vezes frente aos sentimentos de culpa e a atitude frente ao alcoolismo. Histórias mais
freqüentes: temas sexuais.

1. Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher (esposa, noiva ou


prostituta) na cama.

2. A mulher, esposa do herói, está morta ou enferma e se descrevem os sentimentos


do jovem, comumente representam a hostilidade, contra a esposa ou às mulheres
em geral.

D) Distorções:
Grande variedade, incluindo especulações acerca do fundo e dos objetos sobre
a mesa.

E) Omissões:
Da mulher que está sobre a cama.

PRANCHA 13R

UM MENINO ESTÁ SENTADO NA SOLEIRA


Um menino sentado na soleira da porta de uma cabana de madeira.

A) Área que explora:


- Carências, solidão, saudade, abandono e expectativas.
22

PRANCHA 13M

RAPARIGA SUBINDO AS ESCADAS


Uma jovem está subindo um lance de escada em espiral.

A) Área que explora:


- Carência, solidão e expectativas.

PRANCHA 14

HOMEM À JANELA
A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela iluminada. O resto do
quadro é totalmente negro.

A) Área que explora:


- Homem adentro: fantasias, expectativas, evocação
- Homem afora: evasão, aventura sexual, roubo
- Choque ao negro
B) Interpretação dos adultos:
Denunciam os determinantes das ambições, preocupações, expectativas e
eventualmente, fantasias de suicídio.
C) Clichês:
Permite a expressão das frustrações, expectativas, ambições e preocupações,
inclusive suicidas.
D) Distorções:
O homem é visto como uma mulher, ou que está subindo em algum lugar.

PRANCHA 15

NO CEMITÉRIO
Um homem negro, de mãos unidas, está em pé entre sepulturas.

A) Área que explora:


- Morte, culpa e castigo.
- Choque ao negro
23

B) Interpretação dos adultos:


- Atitude e sentimentos do sujeito frente à morte e à perda de membros da família.

C) Clichês:
A figura delgada reza ante a tumba de um morto. Descreve seus sentimentos e
atitudes, passados e presentes frente à mesma. A pessoa morta geralmente
representa a pessoa a quem dirige ou experimenta uma forte agressividade.

D) Distorções:
O Homem é visto como sendo uma mulher. Em suas mãos retém uma lâmpada
ou um livro; os túmulos como sendo platéia de um teatro.

PRANCHA 16

PRANCHA EM BRANCO

A) Área que explora:


- Relação transferêncial à situação da prova.
- Ideal do EGO

B) Interpretação dos adultos:


Aspirações e possessões

C) Clichês:
Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores de grande
importância, ou deixa manifestar a atitude frente ao examinador.

PRANCHA 17RH

O ACROBATA
Um homem nu está suspenso em uma corda. Está para galgar ou descer pela
corda.
A) Área que explora:
- Nível de aspiração
- Exibicionismo ou narcisismo
- Masturbação
24

B) Interpretação dos adultos:


- Vontade de triunfar, nível de aspiração e tendências exibicionistas.
- Problemas pessoais, relações interpessoais e atitudes frente às dificuldades do
mundo exterior.

C) Clichês:
Em geral não provoca nenhum tema significativo. O homem da corda é visto como:

1. Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um público numeroso, o


qual revela o desejo de ser reconhecido, seu nível de aspiração ou as tendências
exibicionistas do sujeito.

2. Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de resolver para o


sujeito ou as reações ante as emergências. Se este tema é repetitivo,
estereotipado, elaborado em excesso e seu teor afetivo e seu desenlace são
intensos, representa as expectativas e esperanças do sujeito em escapar-se das
suas dificuldades.

D) Distorções:
Quanto ao fundo, ao homem

E) Simbolizações:
O herói que sobe e desce pela corda: preocupação masturbatória.

PRANCHA 17MF

A PONTE
Uma ponte sobre a água. Uma figura feminina debruça-se do parapeito. Ao
fundo estão altos edifícios e pequenas figuras de homem.

A) Área que explora:


- Frustração, depressão
- Autocastigo, suicídio
25

B) Interpretação dos adultos:


Frustrações e reações frente ao controle familiar. Sentimentos depressivos e
tendências ao autocastigo.

C) Clichês:
Com freqüência provoca:
1. Fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a esperança ou a
ceder (suicídio).

2. Atitudes frente à partida ou aparecimento de um objeto amado.

D) Distorções:
A ponte é vista como balcão da casa, a mulher como homem; perspectivas
equivocadas.

E) Omissões:
Da mulher ou do grupo de trabalhadores.

PRANCHA 18 RH

ATACADO PELAS COSTAS


Um homem é agarrado por detrás por três mãos. As figuras dos seus
antagonistas são invisíveis.
A) Área que explora:
- Ansiedade, culpa
- Idéias paranóides, ataque homossexual
B) Interpretação dos adultos:
Atitudes frente às condutas socialmente desaprovadas.

C) Clichês:
Histórias estereotipadas relacionadas a roubos, ou à bebida, que expressam
atitudes frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de drogas). Podem, assim mesmo,
expressar a ansiedade do paciente frente à agressão dirigida contra o terapeuta.

1. O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem às pessoas que o


ajudam.
26

2. O herói está sendo atacado pelas costas, e as mãos pertencem aos seus
agressores.

D) Distorções:
Os dedos das mãos como correntes; da expressão facial, posição e estado da
pessoa do fundo.

E) Simbolizações:
Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes ou experiências
homossexuais encobertas do sujeito.

PRANCHA 18MF

MULHER QUE ESTRANGULA


Uma mulher aperta o pescoço de uma outra mulher, a quem parece estar
empurrando sobre o corrimão de uma escada.
A) Área que explora:
- Agressividade e apoio
B) Interpretação dos adultos:
Agressividade e relação com a figura materna e parentais do sexo feminino.
C) Clichês:
Estimula as atitudes agressivas. Expressam as relações com as figuras da
filha, irmã, mãe e figuras femininas em geral; os ciúmes, sentimentos de inferioridade
e reação frente a relações submissas.
D) Distorções:
Da conotação agressiva; da perspectiva, e raramente, do sexo dos personagens.
PRANCHA 19

CABANA COBERTA DE NEVE


Quadro fantasmagórico com formações de nuvens, pairando sobre uma
cabana coberta de neve.

A) Área que explora:


- Carência e conforto; vazio e plenitude; frustração e segurança.
B) Interpretação dos adultos:
Explora os sentimentos e desejos de segurança; como responde o sujeito
frente às barreiras que o interceptam.
27

C) Clichês:
Oferece dificuldade: os pacientes a consideram como fantasmagórica. A
cabana está cercada pela neve, mas seus habitantes estão acomodados. Descreve-se
o estado destes e como superam a situação, reflete o desejo de segurança do sujeito
e o modo como enfrenta as circunstâncias frustradoras de seu próprio meio.

D) Simbolizações:
A preocupação pelos "olhos" (as aberturas da cabana) pode denunciar os
sentimentos de culpa do paciente.

PRANCHA 20

SOZINHO DEBAIXO DA ILUMINAÇÃO


Figura de um homem ou mulher iluminada de modo tênue, apoiando-se num
candeeiro de rua, numa noite escura.
A) Área que explora:
- Preocupações, abandono, culpa, castigo.

B) Interpretação dos adultos:


Problemas íntimos, preocupações, tendências sexuais ou agressivas.

C) Clichês:
A figura medita sobre diversos problemas interiores, de relativa importância:
aguarda a noiva (ou o noivo), ou planeja o ataque a uma vítima. Revela os temas que
preocupam seus problemas, atitudes heterossexuais e as tendências agressivas do
sujeito.
28

IV – ADMINISTRAÇÃO (MURRAY, 2005, p. 21-23).

Preparação do Sujeito
A maioria dos sujeitos não precisa de nenhum preparo, além de algum motivo
razoável para se submeter ao teste. Mas, para os que forem muito limitados, pouco
responsivos, resistentes ou desconfiados, bem como aqueles que nunca passaram por
provas escolares ou testes psicológicos, é melhor que se comece com uma tarefa
menos exigente antes de ser submetido ao TAT. As crianças, geralmente, produzem
melhor depois de algumas sessões dedicadas à expressão de suas fantasias,
verbalizadas por meios de brinquedos e brincadeiras.

Ambiente de teste
O ambiente de cordialidade, o aspecto do consultório e de seu mobiliário,
assim como o sexo, a idade, as atitudes e a personalidade do psicólogo, são capazes
de afetar a liberdade, vivacidade e a direção da atividade imaginativa do sujeito. A
meta do psicólogo é conseguir maior quantidade de material, com a melhor qualidade
possível, conforme as condições circunstanciais. Dado que a execução depende
totalmente da boa vontade e criatividade momentâneas do sujeito, e também que a
criatividade é um processo delicado, fundamentalmente involuntário, que não pode ser
forçado, nem irá desabrochar num clima áspero, frio, intelectualmente arrogante ou de
algum modo não empático, é importante que o sujeito tenha bons motivos para sentir
que o ambiente é acolhedor e que capte que estão presentes a receptividade, a boa
vontade e o apreço por parte do psicólogo.

Instruções
I – Primeira sessão
O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou, então, reclinar-se num
divã. As instruções serão lidas para ele devagar, utilizando-se uma das seguintes
formas:
Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de
inteligência e cultura): “Este é um teste de imaginação que é uma das formas da
inteligência. Vou mostrar-lhe algumas pranchas, uma de cada vez, e a sua tarefa será
inventar, para cada uma delas, uma história com o máximo de ação possível. Conte-
me o que levou ao fato mostrado na prancha, descreva o que está acontecendo no
momento, o que as personagens estão sentindo e pensando. Conte depois como
termina a história. Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem
ocorrendo em sua mente. Você compreendeu? Como você tem cinqüenta minutos
29

para as 10 pranchas, você pode utilizar cerca de 5 minutos para cada história. Aqui
está a primeira prancha”.

Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco inteligentes ou de


pouca instrução): “Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui algumas
pranchas que vou lhe mostrar. Quero que você faça uma história para cada uma
delas. Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Fale o que as
pessoas estão sentindo e pensando e como termina a história. Você pode fazer o tipo
de história que quiser. Compreendeu? Bem, então aqui está a primeira prancha. Você
tem 5 minutos para fazer uma história. Faça o melhor que puder”.

As palavras exatas dessas instruções podem ser modificadas para se


adaptarem à idade, inteligência, personalidade e condições peculiares de cada sujeito.
Mas é melhor, de início, não dizer: “Está é uma oportunidade para você usar
livremente sua imaginação”, pois essa forma de instrução suscita, algumas vezes, no
sujeito, a suspeita de que o psicólogo pretende interpretar o conteúdo de suas
associações livres, como ocorre na psicanálise. Tal suspeita pode causar grave dano
à espontaneidade do pensamento do sujeito. Convém que ele acredite que o psicólogo
está interessado tão somente em sua aptidão criativa ou literária.
Terminada a primeira história (e desde que haja base para isso), o sujeito deve
ser discretamente elogiado. E, a menos que as tenha seguido com precisão, é preciso
relembrar-lhe as instruções. Assim, o examinador poderá dizer: “Certamente essa foi
uma história interessante, mas você esqueceu de dizer como o menino reagiu quando
sua mãe o repreendeu, deixando a narrativa no ar. Não houve de fato um verdadeiro
desfecho para a sua história. Você gastou nela três minutos e meio. As outras podem
ser um pouco mais compridas. Procure fazer o melhor que puder com esta segunda
prancha”.
De modo geral, é preferível que o psicólogo não diga mais nada no restante do
tempo, exceto (1) para informá-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em
relação ao tempo previsto, por ser importante que o sujeito complete a série de dez
histórias e dedique mais ou menos a mesma quantidade de tempo a cada uma delas;
(2) para estimulá-la com um discreto elogio de vez em quando, pois essa pode ser a
melhor maneira de incentivar a imaginação; e (3) se o sujeito omitir algum detalhe
fundamental, as circunstâncias antecedentes ou o desfecho, lembrar-lhe com alguma
breve observação tal como: “o que levou a essa situação?” De modo algum deve o
psicólogo envolver-se em discussões com o sujeito.
30

O psicólogo deve interromper uma história demasiado longa e inconsistente,


perguntando: “E como ela termina”, podendo dizer ao sujeito que o que importa é o
enredo e não uma grande quantidade de detalhes. Os sujeitos que ficam intensamente
absorvidos na descrição literal das pranchas devem ser alertados com tato de que
este constitui apenas um teste de imaginação. Se o sujeito fizer perguntas sobre
detalhes pouco claros, o psicólogo deve responder: “Podem ser o que você quiser”.
Não se deve permitir que o sujeito construa várias narrativas para uma mesma
prancha. Se perceber que está orientando nessa direção, convém dizer-lhe que deve
aplicar seus esforços numa única história mais longa.
As histórias devem ser registradas com detalhes, usando abreviações comuns
ou pessoais.
Ao marcarmos a segunda sessão, convém que o sujeito não saiba ou que não
seja levado a pensar que lhe serão solicitadas novas histórias. Ter essa expectativa
em mente pode levá-lo a se preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou
em filmes vistos por ele que, nessas condições, voltaria equipado com um material
mais impessoal do que o produzido quando obrigado a inventar as histórias no impulso
do momento.

II – Segunda sessão
É desejável que haja um intervalo de, pelo menos, um dia entre a primeira e a
segunda sessão. Nessa segunda parte, o procedimento é semelhante ao utilizado na
anterior, salvo num aspecto: a ênfase nas instruções sobre a completa liberdade da
imaginação.
A prancha 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que você pode ver
nesta prancha em branco. Imagine alguma cena aí e descreva-a em detalhe”. Se o
sujeito não conseguir, o examinador deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma
coisa”. Depois que o sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o
psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”.

O exame completo com o TAT compreende o uso das duas séries de


pranchas, em duas sessões, separadas por um intervalo de tempo mínimo de um
dia e um máximo de uma semana. Se não essa possibilidade, recomenda-se o
emprego das dez pranchas da segunda série, consideradas como estímulos mais
eficazes. Em determinados casos, o examinador pode escolher as pranchas mais
importantes para a abordagem dos problemas em foco. Sempre que possível,
31

entretanto deve dar preferência ao exame completo. As pranchas são apresentadas


na ordem estabelecida pela numeração
Após a coleta das histórias procede-se ao inquérito, para a suplementação de
dados imprecisos, assim como para pesquisar a fonte de idéias.

V – Interpretação (MURRAY, 2005; SHENTOUB, 1951).

A – Herói principal (protagonista)

Murray centraliza a interpretação no herói principal como catalizador das


projeções do sujeito. Outros autores, porém como Piotrowsky, reconhecem haver
projeção em outros personagens, sobretudo projeções de impulsos não aceitos,
quanto mais inconscientes seriam os impulsos neles projetados.
Os traços do herói corresponderiam à imagem, real ou ideal, que o sujeito tem
de si. O herói seria o catalizador principal das projeções do sujeito, sobretudo segundo
a linha interpretativa de Murray.
Idade: Informa-nos se o sujeito se percebe como jovem, criança, homem
maduro ou velho.
Sexo: Informa-nos sobre a identificação do sujeito com o próprio sexo ou com o
sexo oposto.
Personalidade: As atitudes, sentimentos, conduta, traços, etc, traduzem-nos as
qualidades que o sujeito possui, crê ou deseja possuir.
Aparência física: Relaciona-se com os interesses do sujeito, sua imagem
corporal, seu ideal físico, sobretudo se trata de figuras ambíguas.

Multiplicidade de heróis:
Tal multiplicidade pode "resultar do deslocamento da identificação e revelar
importantes fases, ou aspectos contraditórios, ou uma dissociação mais ou menos
forte da personalidade do sujeito".

 Identificação: Em geral, o herói principal é:


- O personagem em quem o narrador está mais interessado, cujo ponto de vista o
narrador adota.
- Quem mais se assemelha ao sujeito em termos objetivos e reais (regra não rígida).
- Pessoa que figura no quadro.
- Pessoa que desempenha papel principal.
32

Entretanto, deve-se ter atenção aos seguintes pontos:

- Pode haver uma seqüência de protagonistas.


- Dois impulsos podem ser representados por dois protagonistas (o conflito seria então
mais intenso do que se os dois impulsos estivessem representados num só
protagonista).
- pode haver numerosos protagonistas parciais.
- o personagem principal pode ser simplesmente um elemento do meio ambiente do
sujeito e não alguém com quem ele se identifica, o protagonista estaria num
personagem secundário.

 Caracterização: Identificando o herói principal, analisa-se nele:

- Dados pessoais, idade, sexo, profissão, etc.


- Características psíquicas, vocação, habilidades, interesses, adaptação.
- Tendências e traços caracterológicos: superioridade (capacidade, poder, fama),
inferioridade, masculinidade-feminilidade, ascendência, submissão, etc.
- Atitude frente à sociedade, autoridade, colegas e parentes.
- Características físicas.

 Suas Necessidades
Caracterizar as necessidades do herói (ver lista)

 Seus estados interiores e emoções

- Decepção, desilusão, depressão, aflição, melancolia, mágoa, desespero


(abatimento).
- Alegria, felicidade, excitação.
- Amor, desconfiança.
- Conflitos, passividade-atividade, dependência-independência, realidade- prazer,
medo, ansiedade, angústia, sentimentos de culpa.
- Mudança emocional.
33

B. OUTROS PERSONAGENS

Faz-se igualmente sua caracterização. Comparam-se os homens e as


mulheres. Investigam-se os traços das mulheres de idade, bem como dos homens de
idade.
Seus atributos revelam como o sujeito visualiza as pessoas com as quais se
encontram emocionalmente ligado (pai, irmão, etc.) Pode haver, entretanto um
deslocamento, como por exemplo, no caso da polícia representar a figura paterna.

C. AMBIENTE/ PRESSÃO
Caracterizar o ambiente e as pressões (ver lista)

D - OMISSÃO/ DISTORÇÃO

Omissão: Não percepção e não inclusão na história de elementos significativos


manifestos na Prancha.

Distorção: Alteração perceptual dos elementos significativos manifestos na Prancha.

E - ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO

Os sinais aqui reunidos correspondem à expressão, pela conduta, de certa


ansiedade e de mal estar provocadas pela prancha. Segundo o contexto clínico, elas
permitem prejulgar a natureza patológica das respostas.

 Exclamações - Comentários

Toda observação verbal com relação às pranchas e toda expressão de alegria,


de desgosto, de admiração, de surpresa, etc. testemunham certa labilidade emocional
e impulsividade. Traduz o desejo do sujeito de "neutralizar" o objeto, entrando
imediatamente em sua intimidade, como também a necessidade de se identificar com
o objeto, de se projetar. Esta atitude que reflete certa perda de distância é seguida
freqüentemente pelas projeções diretas, referências pessoais, etc.
34

 Digressão

Toda observação "à margem" do teste, formulada durante a exibição das


pranchas. Ex.: "como faz calor aqui". Estas observações têm a mesma significação
que as exclamações, mas confirmam melhor a necessidade que o sujeito experimenta
de se subtrair à tarefa de fugir da ansiedade provocada pelo exame ou, por uma
determinada prancha.

 Necessidade de fazer perguntas

Toda intervenção do examinador para solicitar a continuação das histórias


(mais), ou o final da mesma (F), ou então dos dois (mais, F). Podem-se encontrar duas
categorias de sujeitos aos quais é necessário fazer perguntas.

###Sujeitos ansiosos que se põem eles mesmos as perguntas e tem desejos de confirmação para
continuar sua narração, e que se beneficiam com a intervenção do examinador.

Sujeitos que, malgrado às múltiplas perguntas, não chegam a sobrepujar sua incapacidade de
###construir uma história. Suas defesas, quer de ordem neurótica ou psicóticas, são muito mais
estruturadas do que as do sujeito da primeira categoria.

 Necessidade de aprovação

Toda expressão que tenha por finalidade atrair a atenção do examinador. Ex.:
"está bem feito? "A necessidade de aprovação se encontra nos sujeitos ansiosos e
que, além do mais, têm tendência a uma emotividade lábil. Um de seus mecanismos
de defesa consiste em procurar segurança por meio de uma série de reinvidicações
afetivas.

 Ansiedade manifesta

Toda manifestação exteriorizada de temor, de mal estar (expressões verbais,


mímicas, posturais). A ansiedade manifesta pode se exprimir de várias maneiras e, tal
como: a temperatura nos doentes, traduzir um simples "estado febril" ou se indício de
doenças de toda sorte.
35

O comportamento ansioso pode se traduzir, dentre outras por atitudes


posturais embaraçadas e gestos estereotipados como: mão na testa, dedos nos
cabelos, fumar nervosamente, pela careta, pela transpiração, pelas maneiras de olhar
a prancha, ou de ficar sentado, etc.
É importante observar, se esta ansiedade ocasiona uma perturbação na
elaboração do tema, ou se permanece de qualquer modo isolada, o que é indício de
uma estruturação muito mais caracteriológica.

 Observações críticas

Toda observação destinada a desvalorizar as situações do exame, seu


interesse, o material usado, etc. Ex.: "não é bonito isso que o senhor está me
mostrando"; "parece que o senhor faz questão de escolher as pranchas mais feias";
"pra que serve tudo isto?".
Esta expressão manifesta agressividade e traduz uma estruturação do caráter
muito elaborado e é indicativo de adaptação defeituosa. Incluiremos ainda uma outra
forma de crítica: aquela que diz respeito aos personagens. Aqui a crítica é
acompanhada por referências pessoais e de uma projeção muito forte, portanto de
uma perda de distância em relação à prancha, que é vista como uma realidade
"horrível" Ex..: (pr..2) a pessoa da direita está grávida. Isto não me agrada... Este tipo
de respostas testemunha tendências paranóides pronunciadas.

 Cinismo

Toda atitude insolente ou desdenhosa desafiando a situação incômoda. O


cinismo indica certo afastamento, e mesmo uma espécie de isolamento afetivo, e
mostra uma estruturação caracterial de defesa mais séria. É também uma das
manifestações do comportamento esquizofrênico, mas não se pode interpretá-lo neste
sentido, senão em um contexto clínico patológico particular.

 Recusa

Rejeição à prancha e recusa a contar uma história. A recusa testemunha tanto


a agressividade como o bloqueio do sujeito; ou o sujeito manifesta conscientemente a
agressividade e rompe toda relação; simplesmente recusando uma ou mais pranchas,
36

ou se limita ao silêncio, malgrado as instruções em conseqüência de um choque


profundo que bloqueou toda expressão.
Pode ser considerada como índice patológico engajado na própria estrutura da
personalidade, embora se encontre também nos sujeitos normais, e mais
particularmente nos psicossomáticos.

 Não obediência às instruções

Ausência de um ou vários elementos da instrução: história onde falta qualquer


coisa: passado (P); solução (S); ação (A) e fim (F).
A obediência às instruções pode ser considerada, essencialmente como um
índice de adaptação à realidade. Neste sentido, material, examinador, situação de
exame e instruções formam um conjunto que o sujeito deve enfrentar e frente ao qual
deve adotar certa conduta.

 Insistência no passado

Toda história que se desenrola quase exclusivamente no passado, em


detrimento do presente, que não é assinalado senão por alusões ou implicitamente.
Certos sujeitos sentem necessidade de demorar-se longamente sobre o passado,
sem, no entanto, perder de vista a situação da prancha à qual eles chegam finalmente.
As situações da imagem parecem despertar neles um eco longínquo, talvez vivido; a
prancha não lhes serve senão de pretexto para desenvolver um tema central sobre os
acontecimentos anteriores.
Outros sujeitos atêm-se igualmente ao passado, mas se perdem e se acham
muito desamparados assim que tenham de se reportar à situação representada na
prancha. Este tipo de reação não se encontra a não ser, praticamente, nos psicóticos.

F - ELEMENTOS DE LINGUAGEM

Estas poucas observações reunidas sob o título "Linguagem" estão longe de


abranger tudo o que se pode observar em relação ao sujeito no TAT.

 Estilo falho ou frustrado

Expressão verbal pobre, vocabulário restrito. O estilo pobre, ou falho, se


encontra fatalmente nos débeis, mas também nos sujeitos de inteligência normal e de
37

um nível cultural pouco elevado. Pode ser observado, igualmente, nos casos de
psicose orgânica e de problemas de origem psicossomáticas, com forte rebaixamento
de eficiência (nos hipertensos, por exemplo).

 Estilo rebuscado

Todo o pedantismo ou afetação nas expressões verbais, como o emprego


repetido de um determinado tempo do verbo. é encontrado em nível "normal" nos
sujeitos com sentimento de inferioridade muito acentuados e que procuram compensar
e se afirmar desta maneira particular. No domínio patológico, é típico de
esquizofrênicos e paranóico.

 Expressões surrealistas

Efeitos verbais que não levam em conta a lógica da língua. Ex.: "dois caminhos
(ou retas) que se encontra e gritam: "viva o Lula". As expressões surrealistas ou
poético-herméticas, sem procura voluntária de originalidade se encontram
essencialmente na esquizofrenia, e são acompanhados, freqüentemente de
neologismo.

 Neologismo

Invenção de palavras novas. Os neologismos espontâneos fazem parte do


mesmo quadro clínico da esquizofrenia.

 Perturbação no decurso do pensamento

Sintaxe perturbada, linguajar sem nexo, perda do fio do pensamento. Difluência.

 Fluidez verbal

Linguajar inconsistente, verboso, dominado pelas associações de idéias


sucessivas. Vai interpretar como os precedentes, mas em um contexto diferente, se
apresenta como sinal de comportamento maníaco ou de deficiência intelectual. (Obs.
conjunto de idéias simplesmente jogadas).
38

 Estereotipias (histórias desprovidas de sentimentos)

Toda repetição de fórmulas desprovidas de conteúdo afetivo, é também a


recusa no engajamento de afetos.

 Contradição entre o tema e expressão

Toda expressão verbal ou mímica do narrador é inadequada ao tema. Nos


sujeitos normais, indica um defeito de identificação super compensado, nos psicóticos
esta discordância é muito mais manifesta e é característica do quadro esquizofrênico.
 Expressões "isto poderia ser"... Etc.

Toda expressão que permite ao sujeito não se comprometer com uma


afirmação direta, correspondem a uma tomada de distância mais ou menos grande,
que se encontra principalmente nos hesitantes com estrutura obsessiva. (ex.: "a rigor
poderia ser"; "pode-se esperar que").

 Expressões "Percebe-se nitidamente que", etc.

Toda expressão que reforça o engajamento pessoal do sujeito com uma


afirmação direta Ex.: "É evidente que..."; "Não há dúvida que..." Estas expressões
categóricas correspondem a uma perda de distância, engajando o sujeito a uma
identificação e projeção direta.

G - RELAÇÕES INTERPESSOAIS

É evidente que um sujeito vive e se desenvolve criando ou mantendo sem


cessar relações, e que a menor dificuldade com referências a estas, traduz um
problema da personalidade do sujeito. Estes relacionamentos não se limitam àquilo
que se entende comumente sob esta designação, isto é, às relações de pessoa a
pessoa, mas implicam também nos relacionamentos que um sujeito mantém com um
objeto material sobre o qual ele transfere os seus sentimentos, e com ele próprio.
Sabemos também que cada sujeito conduz um diálogo interior com os
sentimentos que tem respeito ao objeto, diálogo consciente ou inconsciente.
E o conjunto de todos estes relacionamentos com suas tonalidades e as suas
qualidades múltiplas que se transportam para os movimentos dos personagens e suas
39

relações nas histórias do TAT compreende-se, portanto, a importância que atribuímos


ao significado das "relações interpessoais".

 Relações positivas (em suas diferentes combinações) um diálogo


satisfatório entre os personagens.

Existe, evidentemente, uma infinidade de modalidades de relações que se


podem classificar de "positivas". É difícil, às vezes, reconhecê-los como tais,
sobretudo quando os afetos não são explícitos. Dever-se-á mesmo, às vezes, recorrer
ao exame das soluções dos conflitos para compreender a qualidade das relações
interpessoais.
O examinador tem uma tendência a supor que as boas relações entre heróis da
história traduzem boa relação do sujeito com seu meio ambiente. E isto é verdade
para a maioria dos casos, mas não é uma regra absoluta. A explicação está no fato de
que as relações interpessoais parciais de um sujeito podem ser excelentes (no seu
trabalho, na vida social, etc.), sendo todas negativas no domínio da vida privada.
Uma outra razão de discordância entre as relações dos heróis e as relações
dos sujeitos é devida ao fato de que o narrador projeta nas histórias, a uma só vez,
aquilo que ele é, o que queria ser, aquilo que não quer ser, aquilo que ele não é, etc.
Novamente o contexto e o conjunto do protocolo que darão a chave da interpretação.

 Relações negativas (em suas diferentes combinações) um diálogo não


satisfatório entre os personagens.

As relações são negativas quando existe uma ruptura do diálogo e quando


nenhum entendimento se estabelece entre os personagens. s dificuldades que se
encontram aqui são as mesmas que nos sinais precedentes. Nós a encontramos, por
exemplo, nas histórias de relações homossexuais negativas, quando o narrador, na
realidade, tem relações homossexuais parcialmente positivas. Pode ser mesmo que a
maior parte das relações homossexuais do sujeito seja positiva com exceção das
relações com a mãe (no caso de uma moça) ou com o pai (no caso de um rapaz).

 Relações tensas

Relações muito carregadas de afeto e que não dão aos personagens a


possibilidade de descargas positivas. Nós encontraremos esta tensão que invade a
40

personalidade em casos limites ou nas neuroses graves. As histórias são geralmente


sem final. O conflito é agudo e dramático.

 Relações inconsistentes

Relações pouco vividas e às quais não se pode determinar o caráter. Traduz


certa ambigüidade de relacionamento, um defeito de identificação. Nos casos muito
pronunciados devemos pensar em neuroses graves ou psicoses.

 Relações ausentes (seja totalmente, seja parcialmente entre os


personagens)

Falta de relações entre os personagens evocados ou não. Esta ausência é, em


todo caso, um sinal grave, traduzindo uma retração importante da libido. A ausência
total de relações nos fará pensar em uma estrutura psicótica; a ausência parcial
significará um mecanismo obsessivo.

 Conflito intrapessoal tenso

Conflito entre o herói e ele mesmo. Os conflitos interpessoais evocados devem


ser distinguidos do conflito que se desenrola no interior do herói, isto é, intrapessoal.
Clinicamente estes conflitos são uma redução maciça dos conflitos interpessoais.
Traduzem, em todo caso, uma estrutura psicótica fortemente narcisista e devem ser
notados na medida em que substituem os conflitos interpessoais não evocados na
história.

H - SOLUÇÃO DO CONFLITO EVOCADO (desfecho da história)

A adaptação de um sujeito à vida será avaliada facilmente, a partir da


qualidade das soluções que ele dá aos conflitos evocados em suas histórias. é, em
suma, o índice global de adaptação mais seguro que nos oferece o TAT.
Isto não quer dizer que uma solução negativa implique necessariamente numa
inadaptação do sujeito a todos os domínios da vida. Mas a relação entre a solução
encontrada e o modo de adaptação do sujeito é sempre existente.
41

a) Relações interpessoais positivas podem conduzir a soluções positivas:


teremos, então, um sujeito normalmente adaptado;

b) Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções positivas:


teremos "sujeitos complexados", mas conseguem vencer as suas próprias
dificuldades, graças, sem dúvida, a sistema de super compensação.

c) Em nossa experiência com o TAT, temos tido ocasião de encontrar relações


interpessoais positivas ligadas a soluções negativas. Ao se encontrar isto, o
caso deverá ser estudado;

d) Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções negativas ou


coexistir com elas. Isto assinala um grau importante de inadaptação do
sujeito ao mesmo tempo em que uma homogeneidade de suas relações.

Estas ligações simples entre relações interpessoais e soluções dos conflitos


não são mais freqüentes. Encontraremos mais freqüentemente, num mesmo
protocolo, índices positivos e negativos, o que é uma imagem fiel da vida. É o exame
aprofundado do protocolo inteiro que nos permite aproximar da personalidade
complexa do sujeito: a tônica deve ser colocada na "estrutura dinâmica" (assim, as
relações positivas e as soluções positivas, ambas tendo sido placadas, estão longe de
traduzir um modo de adaptação perfeita. Testemunha somente a possibilidade do
sujeito estabelecer e de "manter relações à distância", sem afetos e sem engajamento
pessoal.
Com um grau de adaptação decrescente nós podemos classificar as soluções
positivas da seguinte maneira:

 Solução adaptada

Toda história onde o personagem resolve a situação conflitual em seu proveito


e de maneira socialmente integrada.
42

 Compromisso viável

Toda tentativa no sentido de evitar a resolução do conflito aberto, encontrando-


se uma solução intermediária aceitável

 Dependente de ajuda exterior

Adaptação às situações dadas, graças às circunstâncias ou às personagens


favoráveis do meio exterior.

 Hipotética

Toda solução positiva do conflito sendo remetida para o futuro, sob condição.
Exemplo: "Eles se casarão um dia, se tudo correr bem".

 Placada ou moralização

Todo clichê otimista e gratuito em lugar de solução de conflito. É muito difícil


catalogar essas soluções de maneira "objetiva". É evidente, sobretudo na clínica que
intervém escalas de valores pessoais, morais e sociais, que podem variar segundo as
diferentes tradições ou culturas. Mas a clínica terá a última palavra, sempre. Exemplo:
(Trata-se de determinar se a solução seguinte, dada pelo narrador, é adaptada ou
neurótica) "uma moça que queira deixar a mãe; esta tenta retê-la; a filha fica por ter
pena da mãe".
A despeito das tradições morais que consideram esta solução como desejável,
ela será qualificada pelo examinador como neurótica, tendo em vista o conhecimento
que hoje temos das conseqüências de uma tal solução de conflito.

 Soluções múltiplas

Toda história comportando diversas soluções. As soluções múltiplas podem ser


homogêneas quanto a sua qualidade ou heterogêneas. Quando são heterogêneas e,
sobretudo, quando a última solução evocada é má, devemos concluir por uma
adaptação defeituosa. Se ao contrário, a última solução for positiva isto significa que
as defesas obsessivas são integradas apesar de tudo.
43

A multiplicidade de soluções, mesmo boas, testemunha o medo do sujeito em


engajar-se e se encontra mais freqüentemente nas estruturas obsessivas.

 Solução autopunitiva ou de fracasso

Toda história que termina desfavorável ao herói principal. Esta espécie de


solução traduz necessariamente uma má adaptação. Mas traduz, além disso, uma
conduta de fracasso propriamente dita, que trás, na clínica psicanalítica, o nome de
"neurose de fracasso", estas respostas, muito infantis em geral, implicam numa
imaturidade afetiva.

 Soluções por satisfação dos impulsos

Toda história na qual a solução é conseguida graças à satisfação de um desejo


ou uma tendência, sem se levar em conta as exigências sociais e do Superego. O
superego de um sujeito que dá tais soluções é impotente ante a força do Id. Se a esta
configuração se junta uma má integração do Ego, ou se encontramos várias respostas
deste gênero, estaremos tratando com estrutura psicótica. Mas se, ao contrário, a
função de integração do Ego é relativamente boa, estaremos em presença de uma
personalidade normal, com defesas psicóticas.

 Solução discordante com relação ao tema

Todo final de história contradizendo a evolução do conflito. Isto é quase


incoerência, logo, por definição, psicótico.

 Ausência de solução

O conflito evocado permanece aberto. A significação desta ausência não pode


ser explicada senão em função do contexto. Pode ser encontrada, tanto no protocolo
de um neurótico, como de um psicótico, o sujeito normal que se omitiu à solução, da-
la-á, em geral, sob demanda do examinador.
44

VI - AS PARTES DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O TAT

1. Funcionamento cognitivo
A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado nas histórias.
A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o indivíduo percebe
ou não as figuras de modo adequado e se as histórias são ou não realistas. O
pensamento pode ser avaliado verificando se as histórias são organizadas ou não.

2. Afeto
Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e as situações que
despertam essas emoções. A adequação dos afetos às situações deve ser analisada.

3 Auto-imagem e auto-estima.
As características dos heróis expressam a auto-imagem do indivíduo. Os heróis
são competentes ou incompetentes para lidar com as situações? Como reagem ao
cometerem erros? Como são vistos pelos outros personagens?

4 Relacionamentos interpessoais.
As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os
relacionamentos interpessoais do sujeito. Além disso, considerar o modo de o sujeito
se relacionar com o examinador durante a testagem. As atitudes frente a diferentes
tipos de pessoas, tais como os pais, companheiros amorosos, amigos e colegas de
trabalho devem ser descritas. Relações com a figura materna costumam ser
expressas nas respostas às figuras 2, 5, 6BM e 7GF. Relações com a figura paterna
costumam ser expressas nas respostas às figuras 6GF e 7 BM. Relações com
pessoas da mesma idade, do mesmo sexo e do sexo oposto, costumam ser expressas
nas respostas às figuras 9BM, 9GF, 4 e 13 MF.
45

Psicologia USP
Print ISSN 0103-6564

Psicol. USP vol.11 n.1 São Paulo 2000

A DESVINCULAÇÃO DO TAT DO CONCEITO DE "PROJEÇÃO"


E A AMPLIAÇÃO DE SEU USO

Vera Stela Telles1


Instituto de Psicologia – USP

Crítica à designação de "projetivo" referente aos fenômenos implicados no material do


TAT. Procurou-se mostrar que tal designação levou historicamente o teste a ser
amarrado às teorias psicanalíticas, sem que nada, nos fenômenos registrados,
obrigasse a tal leitura. Ao contrário, a nosso ver, a maior parte da problemática de seu
uso em pesquisa e da possibilidade de um consenso geral referente à sua interpretação,
deve-se aos problemas inerentes à próprias teorias psicanalíticas. Sugerimos então sua
desvinculação desse termo que o remete a um sistema teórico fechado que como tal,
impede a verdadeira observação do material obtido pelo teste. Essa observação dos
fenômenos permitiria a superação dos impasses e consequentemente a ampliação de
seu uso, já que o consenso seria procurado no material, para além de qualquer postura
teórica prévia do observador.

Descritores: Teste de Apercepção Temática. Projeção (Mecanismo de defesa). Teoria


psicanalítica. Técnicas projetivas. Psicologia clínica. Cognição.

O problema dos assim chamados testes projetivos começa na própria definição de


"projetivo." Esse conceito carrrega consigo o sentido subjacente de que o fenômeno, a
ser pesquisado, de certo modo já é previamente "conhecido" - ele pertence e é
circunscrito dentro de uma dimensão "projetiva" (qualquer que seja o sentido dado à
palavra). Essa forma de nomear implica então em uma específica posição frente ao
fenômeno. Aliás, é precisamente à imprecisão do termo projetivo que os autores
atribuem os erros dos "métodos projetivos" (Cattell, 1951 & Rappaport, 1952, citados
por Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 40). Também Shentoub (1990) na sua introdução
46

afirma: "Os testes ditos projetivos, seriam melhor nomeados de provas de


personalidade, desde que eles procedessem de mecanismos que ultrapassam o quadro
da projeção, mesmo na concepção mais ampla do termo ..." (p. 1, grifos nossos).

A história do TAT (Teste de Apercepção Temática) poderia ser concebida como uma
démarche das mais complicadas, tentando resolver um impasse que, pensamos ter muito
mais a ver com essa designação intempestiva do que com problemas suscitados pelos
fenômenos psicológicos implicados na tarefa. As mais diferentes formas de avaliação e
teorização do teste tentam, no fim, explicar a "projeção" (e o "inconsciente"); suas
fundamentações teóricas deixam muito a desejar 2 - tanto em relação à captação do
fenômeno quanto ao consenso sobre sua explicação e sua metodologia. O problema é de
tal magnitude que alguns autores põem em dúvida se existe algo neste teste compatível
com a função de instrumento diagnóstico (Anderson, & Anderson, 1967). Quanto à sua
utilização em pesquisas, o impasse parece insolúvel.

Voltando às suas origens (1935), apesar de Henry Murray ter recorrido à teoria
psicanalítica clássica para descrever a estrutura de personalidade do indivíduo achava
"... que somente a psicanálise não seria suficiente para fornecer esquemas facilmente
utilizáveis na ... praxis da psicologia; quis então integrá-la num sistema teórico que
sublinhasse os problemas de adaptação e as influências ambientais" ((Imbasciati &
Ghilardi, 1994, pp. 15-16). Tenta assim (segundo os autores) integrar a clínica e a
psicologia experimental. Sua linha teórica é basicamente fundamentada nas
necessidades do sujeito e nas pressões ambientais. Necessidades que incluem uma força
determinada pelos processos internos e, mais freqüentemente, devidos às interferências
ambientais "organizadoras de toda atividade do indivíduo em vista de uma modificação
de uma situação tida como insatisfatória" (Imbasciati & Ghilard, 1994, pp. 15-16).

A idéia que fundamenta essa posição é a de adaptação e centraliza-se na problemática


de harmonizar o interior do sujeito e o exterior, representado pelo seu ambiente. Para
descrever as alterações perceptivas introduzidas pelo sujeito, Murray usa o termo
psicológico de apercepção (Imbasciati & Ghilard, 1994, p. 34). 3

Os trabalhos da Gestalt estabelecendo as leis da percepção também preocupam-se em


dar sentido às distorções perceptivas; nestas distorções a Gestalt localiza "um processo
dinâmico devido às leis da "pregnância" e do conceito de transponibilidade."

As imagens percebidas no TAT seriam então "antes de mais nada uma gestalt, formada
desde a memória que fornece a imagem composta real das figuras concretas que lhes
correspondem, e das imagens – estímulos fornecidos pelo teste segundo uma
organização perceptiva ótima" (Ancona, s. d., grifos nossos).

Essa configuração perceptiva não é um simples resultado de uma composição, mas a


percepção é gestaltizada com os componentes afetivos que estão presentes no sujeito:

Estes últimos são responsáveis ... por um processo de distorção de tipo gestáltico que
procura a organização mais simples possível; no nível desta gestalt superior, a
organização se exprime como a manutenção do equilíbrio psíquico obtido com a
exclusão subjetiva da dificuldade da realidade; o que perturba é evitado enquanto não é
percebido, e o que não é percebido não existe. 4 (Ancona, s.d., grifos nossos)
47

O eu aprende depressa o modo mais econômico de manter constante a própria


organização deformando assim as percepções exteriores ..." por isso Bellak tem razão
em dizer que "a organização da personalidade constitui um sistema de controles e de
balanceamentos, de modo a absorver cada novo estímulo com o mínimo de mudanças"
e Ancona acrescenta: "A percepção do mundo exterior torna-se por isso mesmo
necessariamente projetiva" (Ancona, s.d., p. 8, grifos nossos).

Mais adiante o autor acrescenta:

... o modo mais correto de descrever essa situação é como fez Murray chamando
apercepção. A apercepção é de fato uma distorção perceptiva porque através dela a
nova experiência é assimilada e transformada segundo traços da experiência passada; e
gera a projeção, segundo uma transferência de aprendizagem. 5 (Ancona, s.d.)

Mais ainda; este modo de ver as coisas permite considerar os fatos de percepção como
aqueles descritos pela psicanálise como "mecanismo de defesa," somente substituindo a
noção de pregnância pela de defesa" – Há aqui uma contradição flagrante: o autor está
explicando a aprendizagem; parece-nos, então, absurdo falar em mecanismo de defesa;
mais ainda, o termo projeção aqui descrito (e o único que poderia ser relativo à
produção do TAT) refere-se ao conceito "normal" de projeção, não àquele advindo de
mecanismos de defesa. Desse modo a apercepção mencionada nada tem a ver com a
projeção como mecanismo de defesa. Faz-se então uma passagem indevida entre dois
termos iguais mas de sentidos completamente diferentes (sempre dentro da própria
psicanálise). Como se verá mais adiante, o único "projetivo"- (segundo autores de
orientação psicanalítica) - pertinente à produção do sujeito no TAT seria aquele que
precisamente nada tem a ver com mecanismo de defesa. Portanto nada, a não ser a
coincidência do nome, justifica que se identifiquem as alterações perceptivas ou
aperceptivas, com os mecanismos de defesa descritos pela psicanálise. Essa concepção é
improcedente mesmo dentro da avaliação orientada psicanaliticamente.

Além disso, é absurdo fazer a substituição do termo pregnância por defesa. Cremos que
absolutamente não se trata de uma mera substituição de conceitos - cada qual provém e
explicita um contexto teórico completamente diferente. O problema, a nosso ver, é
muito mais profundo; a substituição de pregnância por mecanismo de defesa,
apercepção por projeção, implica uma drástica mudança do referencial teórico, onde
essas palavras têm um sentido preciso, designando fenômenos diferentes, envolvendo,
portanto, universos teóricos específicos, implicando conseqüentemente mudanças de
perspectivas fundamentais em relação à pesquisa e sentido dos fenômenos. 6 Na história
do TAT essa substituição de palavras permitiu que se fizesse uma ponte apressada e, a
nosso ver, de todo instável – entre a proposta primitiva de Murray e as teorias
psicanalíticas. Cremos que essa passagem acabou por afastar definitivamente o teste da
possibilidade das pesquisas de psicologia em geral e determinou as dificuldades nas
quais os autores até hoje debatem-se para resolver o problema.

A partir da identificação inoportuna desses conceitos, os escritos sobre o TAT têm de


preocupar-se em definir o sentido de projeção (além de outros) pertinente à natureza do
que é observado na produção do sujeito. Assim, por exemplo, Shentoub (citado por
Brelet, 1986) analisa e critica longamente um artigo de Laplanche e Pontalis, (1963)
sobre o sentido de projeção em Freud, tentando encontrar qual deles poderia ser usado
para explicar a produção no TAT. Contra a decisão dos autores de priorizar o termo que
48

em Freud é explicitado como mecanismo de defesa (advindo da situação paranóide), ela


cita Freud entendendo a projeção como um mecanismo "normal," que para ele
explicaria a superstição, o anímismo e a mitologia (Brelet, 1986, pp. 71-72).

Além de Shentoub e Brelet secundando-a, temos já anteriormente Bellak em 1944,


apontando esse sentido mais geral da palavra projeção em Freud: "um mecanismo
perceptivo devido ao qual a percepção atual é recebida e estruturada em relação e
dependência dos traços mnêmicos de todos os fatos até agora percebidos" (Imbasciati &
Ghilardi, 1994, pp. 40-41). Franck (1939) descreve o fenômeno como o "... processo
com o qual o sujeito organiza e estrutura a sua experiência vital e, especificamente,
qualquer material não estruturado que perceba, projetando nele a sua experiência
interior e a própria estrutura da sua personalidade ..." (grifos nossos).

Nessa teoria já existe o conceito de projeção que será depois desen-volvido e elaborado
por Bellak" (Imbasciati & Tirelli, s.d., pp. 9-10, 18). Descrito assim, o conceito de
projeção ganha tal amplitude que deixou de ter sentido na descrição e ainda menos na
explicação do processo. Para usá-lo em psicologia com esta acepção, teria que
fundamentar as razões de sua escolha. Como explicação da aprendizagem, por exemplo,
por que priorizar esse enfoque em detrimento das descobertas da própria Gestalt e, mais
modernamente, frente a posições como as da Psicologia Genética de Piaget (que explica
o mesmo fenômeno em termos de assimilação e acomodação)?

O conceito de projeção envolve, na verdade, referências "subter-râneas" muito mais


profundas e complexas que não poderiam ser ignoradas na escolha de um tal termo. É só
superficialmente que ele "explica" a percepção e a apercepção do indivíduo. Dentro do
próprio assinalamento de Freud (Imbasciati & Guilardi, 1994, p. 49)7 sobre a projeção
"normal" está implícita a estrutura geral do indivíduo: – antes de mais nada sua forma
sensório-perceptiva de informar a realidade à qual ele compartilha com congêneres de
sua espécie (e portanto a própria definição do que é estímulo está assim problematizada,
Uexküll, s.d.); toda problemática do aprendizado (que é questionada inclusive com
relação às teorias psicanalíticas atuais) (Imbasciati, 1990); todo estudo da memória e da
própria percepção (estudos modernos sobre senso-percepção, por exemplo), enfim toda
relação entre "consciente" e "inconsciente" está em jogo (atualmente preocupa-se mais
com a possibilidade da consciência do que com o próprio "inconsciente") (Searle,
1998).

Em poucas palavras, o conceito de projeção nessa ampla acepção, envolve, no limite,


praticamente todos os problemas que a ciência psicológica tenta explicar. Ainda mais:
fora do campo específico da psicologia, ela arrasta consigo toda problemática filosófica
de teoria do conhecimento. Como vemos, ela é uma palavra no mínimo perigosa e
pretensiosa no atual estágio da psicologia.

Uma vez estabelecida essa conexão com a psicanálise, a história do TAT será um
verdadeiro roteiro de "correções" e "ajustes" que acompanha problemas e mudanças
teóricas da psicanálise.8 Passa-se assim da explicação freudiana clássica para uma
centrada na psicologia do ego; considera-se o teste de um ponto de vista de conteúdo
depois passa-se a priorizar a forma, etc., até a escola francesa (centralizada nos estudos
de Shentoub, de 1955 a 1971) (Shentoub, 1990, pp. 15-16). Esta resume o "drama,"
começando por considerações formais das histórias (modalidades do discurso, histórias
banais, mecanismo de defesa etc.) seguindo-se uma focalização onde ao papel do eu e
49

das funções conscientes e inconscientes no ato de organização dos estímulos tem


prioridade até que em 1967 chega-se à conclusão de que uma teoria do TAT deveria:

... referir-se não aos elementos esparços das teorias psicanalíticas, mas ao corpo
metapsicológico freudiano, tomado em seu conjunto. Deve-se, então, levar em
consideração tanto a Primeira como a Segunda tópica (inconscientemente, pré-
consciente; id, ego e super-ego) e os três pontos de vista clássicos: dinâmico, econômico
e tópico sem entretanto confundir situação psicanalítica e situação TAT, associações
livres obtidas na cura e fantasias espontâneas dadas no TAT. (Shentoub, 1990, p. 16,
grifos nossos)

Assim, a história das interpretações do TAT parece apontar continuamente para


reconhecimentos da insuficiência das teorias psicana-líticas na abordagem dos
fenômenos que ocorrem no TAT (critica-se que seja interpretado como sonho, põe-se
em dúvida o que seja fantasia no TAT, se as pranchas comportam ou não a teoria do
conteúdo latente e manifesto, etc.). Uma vez atado às teorias psicanalíticas o teste
perdeu uma preciosa autonomia teórica que poderia proporcionar-lhe correlações
altamente criativas dentro do estudo do comportamento em geral. A designação de
projetivo obriga o pesquisador, de início, partir de um referencial teórico básico, do
qual nem sempre tem consciência e que aplica sem antever as conseqüências. Toma-o
como um apriori inquestionável (no mais das vezes por inconsciência de que se trata de
uma teoria); apoia-se nele e dele conclui como se tivesse um fundamento verdadeiro, e
não como uma possível interpretação dos dados.

Enquanto isso, aparecem trabalhos em outras áreas, como na neuro-fisiologia, no


cognitivismo moderno, estudos de perceptologia precoce e o próprio - e antigo - estudo
de Piaget sobre a constituição evolutiva da inteligência, etc., que deveriam, no mínimo,
serem levados em conta numa teorização desse gênero. Infelizmente, fechada em seu
sistema teórico, a psicanálise não pôde considerar descobertas que necessariamente
deveriam levar a reformulações conceituais em seu campo de estudo. Quando chegam a
tomar consciência das novidades (exemplo a senso-percepção precoce) que, se "levadas
a sério," necessariamente determinariam reformulações teóricas, (por exemplo, em
relação à teoria kleiniana) simplesmente englobam tais achados justapondo-os ao seu
sistema teórico, (e até usando-os para "confirmar" seus pontos de vista), quando na
verdade exigiriam revisões teóricas essenciais. 9

Assim, os vários impasses e defeitos do TAT parecem advir mais de uma herança do
enfoque psicanalítico do que serem realmente devidos aos fenômenos que o teste elicia.
A possibilidade de sua utilização em pesquisa, a construção de uma teoria que seja fruto
do próprio material do teste, a constituição de uma metodologia geral frente ao seu uso,
não nos parece ser algo que remeta necessariamente para além das características dos
fenômenos que se encontram presentes no teste. Sua problemática parece ter raízes em
determinadas propostas teóricas prévias, elas próprias eivadas de contradições.

Gostaríamos, entretanto, de assinalar que essas observações críticas não se referem aos
achados observacionais derivados da experiência clínica. Os clínicos experientes sabem
usar bem o teste – apesar das teorias, diríamos; sua prática acaba por neutralizar os
efeitos negativos e contraditórios das mesmas. O problema aparece em toda sua
gravidade quando se trata de transmitir o que a experiência – mais do que as teorias –
lhes ensinou. Alertar para uma crítica epistemológica, e sugerir a volta aos fenômenos, à
50

observação seria, a nosso ver, ampliar o uso do teste, permitindo sua utilização em
pesquisa por qualquer psicólogo, independentemente de suas posições teóricas prévias.
Essa postura frente ao teste traria uma visão mais abrangente dos fenômenos
implicados, e, eventualmente, uma fundamentação teórica mais pertinente.

Nossa postura frente ao TAT

Um tanto casualmente, devido ao público a que se dirigia nosso trabalho clínico -


primeiro psiquiatras, depois alunos de psicologia - tivemos de abandonar uma avaliação
do teste em termos psicanalíticos e nos concentrar em uma análise formal do texto do
sujeito. Afim de evitar "projeções" de nossa parte, tentávamos avaliar sua produção sem
qualquer conhecimento prévio da anamnese do indivíduo (era encarregada da
supervisão, e só tinha acesso ao material do teste que os supervisionados traziam para
discutirmos). Só conhecíamos o sexo e a idade dos sujeitos. Para nossa surpresa tal
avaliação "selvagem" revelou-se capaz de permitir uma idéia bastante acurada do modo
de funcionamento dos sujeitos e, muitas vezes, até conseguíamos prever as queixas e
dados significativos de sua história de vida. Ficava muito claro, a partir do texto, o grau
de possíveis desadaptações do indivíduo, a idéia que fazia de si próprio e sua relação
mais ou menos objetiva com a realidade. A partir do recorte (Uexküll, s.d.) que fazia da
prancha, podíamos fazer previsões sobre que áreas de sua vida estariam prejudicadas em
seu funcionamento. Desde essa época (1970 – dentro da Psiquiatria do HC) até hoje
(desde 1971 lecionando o teste no Instituto de Psicologia da USP) estamos tentando
ampliar nossa observação dessa performance do sujeito, tendo oportunidade muitas
vezes de acompanhar e comparar no trabalho de Psicoterapia, a validade dessas
previsões.

Concomitantemente, nosso trabalho em psicoterapia fundamentada no referencial


psicanalítico sofreu modificações. Insatisfações concernentes à prática e
questionamentos teóricos vinham intensificando-se com a experiência. Amparada em
alguns autores (psicanalistas inclusive), começamos a encarar nossa prática terapêutica
de um modo bastante diverso. Através de suas críticas epistemológicas às teorias
psicanalíticas eles ofereciam um modelo de possível superação dos impasses com que
nos deparávamos em cada momento de nossa prática. 10 Atualmente trabalhamos em
psicoterapia sem recorrer às teorias psicanalíticas; baseando nossa prática na
observação do paciente, tentamos, a partir da forma com a qual ele estrutura e dá
sentido às suas experiências, encontrar características que nos ajudem a posicioná-lo
frente a um momento do seu desenvolvimento cognitivo. 11 Essa observação nos
proporciona a estrutura - estruturadora que logicamente permitiria fazer aquele
específico recorte de si e da realidade, e ter, conseqüentemente, os afetos e as ações
pertinentes a ele. A partir da identificação dessa forma, tentamos rastrear em sua
história (a maioria das vezes deduzida de seu comportamento) o sentido que ele pôde
formar naquela etapa da vida e que atualmente, como memória alucinada (Ferrão)
determina a construção de sentidos obsoletos. Quando essas significações precoces
podem ser inferidas, elas são transformadas em representações (sentido piagetiano do
termo) que a mente atual do paciente pode compreender; feita essa decodificação do
alucinado em termos compreensíveis para a atualidade de sua mente, ele pode vir a
perceber a não adequação daquele antigo sentido (que não é patológico a nosso ver, mas
sim desadaptativo porque obedece a uma lógica superada). 12
51

Essa possibilidade crítica das teorias psicanalíticas e a prática terapêutica onde tínhamos
oportunidade de verificar um novo modo de conceber teoricamente a "patologia" e a
ação terapêutica, nos deu subsídios para melhor fundamentar o que chamávamos
primitivamente de análise de texto das histórias do TAT.

Passamos então, com relação ao TAT, a centralizar basicamente nosso parâmetro de


comparação na noção biológica de adaptação. Dentro desse quadro referencial lemos o
TAT como um problema, uma tarefa que o indivíduo tem de dar conta. O tipo de
instrução dada a ele, descritivamente, implica que se atenha à figura, e ao mesmo tempo
construa subjetivamente uma hipótese que dê sentido à cena. Tal exigência vai obrigá-lo
a observar e partir da realidade ao mesmo tempo que deve recorrer a si próprio, aos
recursos que tenha (ou pensa ter); àquilo que ele de fato ou imaginariamente pensa ser,
enfim da identidade através da qual realmente funciona, para estabelecer uma relação
significativa entre os elementos figurativos da prancha. Assim sendo, consideramos os
elementos da prancha, somados às instruções fornecidas ao sujeito como sendo a
"realidade:" o dado "fixo" que limita o indivíduo a circunstâncias dadas (o externo) por
um lado, enquanto por outro o libera e incentiva a construir a partir de sua subjetividade
(o interno) um sentido para ela. Assim, a proposta requer que ele, como em qualquer
situação de sua vida, funcione, resolva a tarefa dentro do quadro restrito da realidade (a
figuratividade da prancha mais instruções) usando sua própria organização. Desse
modo, seja o que for que ocorra na sua interioridade, teremos na sua solução do
problema, observacionalmente falando, a explicitação do instrumental utilizado. A
comparação entre a prancha "vista" (seus elementos) e a prancha realmente "contada"
nos apresenta de imediato, pela simples observação, o modo pessoal desse indivíduo
recortar a realidade, e, portanto, também imediatamente, a expectativa (real ou não) que
possui sobre si próprio para dar conta do problema adaptativo (lembramos aqui que
Piaget mostra em termos simplesmente cognitivos que a constituição do eu e do mundo
são dialeticamente construídas; são elementos complementares, lógica e reciprocamente
constitutivas, Piaget, 1975).

Acreditamos que esse modo simples de conceber a tarefa TAT abrange tudo o que o
indivíduo é – suas estruturas gerais de comportamento, sua experiência, sua história, os
sentidos alucinados que veio a construir durante seu desenvolvimento, sua relação,
consigo e com o mundo externo, enfim sua própria identidade. E isso, independente de
sabermos que mecanismos poderiam estar "por trás" dessa ou daquela escolha feita (a
ciência ainda não pode nos oferecer as "causas últimas" dos mesmos). Todo seu
"inconsciente" (tudo aquilo que ignora porque é com tal estrutura estruturadora que
apreende, informa a experiência) está aí e à mostra nos seus resultados, não precisamos
sair à cata do "inefável" (em ciência devemos construir teorias a partir do observado).
Tal "inconsciente," por ser aquilo com que categoriza as suas experiências, não pode
logicamente ser-lhe consciente (Kant diz que são exatamente as categorias de nossa
sensibilidade). Dado a exigüidade de conhecimentos objetivamente fundamentados
sobre o mental, cremos ser de extrema importância nos atermos ao observado, fazendo
realmente uma ciência do comportamento, evitando assim teorias precoces que
enganosamente oferecem pseudos saberes.

Dentro dessa perspectiva, vemos o sujeito aparecer nas suas histórias como uma
organização total; ele está inteiro naquela específica forma de recortar a realidade –
aliás, nem pode construir qualquer coisa com algo que não seja ele; e é por isso, e não
por "projeção," que podemos inferir as características que intervieram e determinam seu
52

processo de apreensão da realidade. Tais características serão a causa lógica, formal,


daquele conseqüente recorde. Em suas histórias temos como dado de observação 13 as
causas formais que fundamentam e justificam logicamente o tipo de escolha que foi
possível ao sujeito. A análise da pertinência ou não desse enfoque (segundo o que se
espera de acordo com o desenvolvimento cognitivo do indivíduo) nos dá imediatamente
as causas formais de suas possibilidades adaptativas.

Comparando-se, então, a prancha "vista," com a inferida de sua história temos


imediatamente a visão de sua forma de "perceber" a realidade, se teve ou não de
"transformá-la," se pôde ou não dar conta da tarefa dentro do enquadre proposto. Em
outros termos, se pôde ou não, partindo do real – tal como as circunstâncias que a vida
lhe apresenta- posicionar-se adaptativa e criativamente a ele.

Sua história nesse sentido é a "descrição" de "caminhos" que ele concebeu durante seu
desenvolvimento para adaptar-se. Independentemente de como e porque construiu tais
apriores, eles estão necessariamente presentes quando se pede ao sujeito para resolver o
problema proposto pela prancha (entendida aqui, para além de seu conteúdo temático,
como expressão de uma solução pessoal a um problema previamente dado). Por mais
"conflitos" que surjam na sua história, o que temos de seguro e observável é que a
história, antes de mais nada, é dele, é sua produção, e portanto, sua expressão. Todo
problema do observador reside em poder ver o que de fato está lá.

Nesta perspectiva, as possíveis deformações introduzidas no real não vão ser concebidas
como um ato "voluntariamente – inconsciente" que o indivíduo realizaria para não ver o
que não deseja saber, mas como uma demonstração de que com aquela organização
utilizada na apreensão desse real, a partir daquela particular estrutura estruturadora de
suas experiências ele, na verdade, não pode ver de outro modo. Não seria então por
motivos "afetivos" que o indivíduo deturparia o real, mas por motivos da especifica
organização cognitiva (sentido que não pressupõe dicotomia entre afeto x cognição)
que está funcionando naquela apreensão. É devido ao tipo de "enquadramento" da
realidade que, como decorrência, vai aparecer determinada visão da mesma, seu sentido,
e conseqüentemente um afeto e uma ação correspondentes. Por exemplo para nós, a
modificação do estímulo da prancha (retirada de partes, introdução de personagens etc.)
não estaria revelando rejeição do dado realístico – antes de mais nada estaria
evidenciando que para aquele indivíduo é "natural" transformar o real (não o perceber
como um dado independente dele). E isso não porque ele é "onipotente." Isto é uma
descrição de seu comportamento que tem origem em outras causas;14 pode ser descrito
como onipotente justamente porque está estruturando aquela realidade dentro de uma
condição psíquica primitiva, onde ainda não havia sido solidamente diferenciada a
realidade interna da externa. A causa lógica para isso ocorrer está em que tal sujeito
funciona dentro de uma dimensão cognitiva onde as categorias que permitem
diferenciar idéia de fato, interno de externo, não estão consolidadas. Para que a noção
de realidade e a concomitante identidade correspondente do indivíduo sejam
estabelecidas deve ocorrer uma evolução cognitiva onde justamente vão constituir-se
tais diferenciações (para Piaget, por exemplo, elas seriam tempo, espaço, conservação
de objeto e causalidade, Telles, 1997).

Essas idéias – que são apenas um início de uma pesquisa que pretende visualizar o
problema de um outro ângulo - não têm a pretensão de criticar os achados
observacionais que toda história do uso clínico do TAT colecionou, a partir de estudos
53

obtidos da experiência. A nosso ver, qualquer que seja a postura teórica básica do
observador, se ele realmente observa o fenômeno, suas conclusões diagnósticas deverão
ser pertinentes, e nessa dimensão encontrar um consenso geral. (Isso naturalmente vale
também para os achados observáveis da psicanálise). O que pretendemos aqui é chamar
atenção para as teorias fechadas em sistemas prévios à observação do fenômeno e
utilizadas para apreendê-los. Tais "fixações," casualmente ou não, apresentam uma
"patologia" encontrada em material de sujeitos desadaptados, que não podem lidar com
o novo criativamente. Quando as teorias impedem que conhecimentos novos sejam
revolucionariamente incorporados, elas revelam-se obsoletas e impedidoras da
continuidade da pesquisa do fenômeno. Por isso, achamos inadequado, mesmo
descritivamente, pensar o TAT em termos de projeção.

Poderíamos perguntar aqui sobre a validade de pretendermos assinalar um modo


diferente de visualizar e interpretar o material fornecido pelas histórias do TAT.

De um ponto de vista epistemológico, não há nada que obrigue tal material ser
interpretado segundo uma teoria pronta, prévia, sobre o mental. Pessoalmente não
encontramos em nenhum momento no material por nós consultado, uma fundamentação
coerente com o objeto de estudo que justificasse atá-lo às teorias psicanalíticas.
Tentamos explicitar a colocação, meramente afirmativa, da passagem para o conceito de
projeção que levou o TAT ser considerado nessa vertente psicanalítica. Como
decorrência, sua pesquisa acaba regularmente nos mesmos impasses das teorias
psicanalíticas. Sua interpretação fica, então, atada a conceitos pertencentes a um sistema
fechado que não podem, sob pena de romper essa "unidade," – serem modificados
segundo exige a atualidade das pesquisas de ciências correlatas. Acreditamos que pela
natureza dos fenômenos que intervêm na realização das histórias, o teste situa-se num
lugar privilegiado tanto em termos de diagnóstico quanto como parte de um
instrumental de pesquisa do comportamento humano. Mas para isso realmente efetivar-
se, deveria haver uma liberdade real de interpretação de seus achados observacionais,
dentro de teorias abertas, provisórias, que dessem lugar às reformulações contínuas
exigidas pelas novas descobertas. Observamos na história do TAT a impossibilidade
dele obter um mínimo de validação consensual15 que permitisse seu uso na pesquisa
científica da mente, por pesquisadores pertencentes a qualquer linha teórica de
pensamento. E note-se que ele faz parte da formação profissional do psicólogo! Uma
vez ligado a uma interpretação psicanalítica, seu uso vê-se drasticamente limitado e
circunscrito aos que elegeram as teorias psicanalíticas como referencial prévio de
trabalho.

Se observarmos com atenção, veremos que, mesmo dentro do âmbito de diagnóstico, o


aparente "consenso geral" só é compatível se considerarmos os fundamentos fornecidas
pelas teorias psicanalíticas. Tal "consenso"16 não deriva do próprio material obtido
através do teste. Aliás, a sua história mostra que mesmo entre pesquisadores que
desconfiavam haver "algo mais" naquela experiência, diante do limite de saber imposto
por nossa ignorância do fenômeno, preferiram trocar esse desconhecimento natural (e
incentivador), por um pseudo-saber previamente "garantido" pelos sistemas teóricos da
psicanálise.

Uma segunda razão – (mais condizente com nossa prática) – e não menos séria, diz
respeito ao ensino do mesmo, na formação do psicólogo. Os testes fazem parte
especifica do seu instrumental de trabalho. Nesse sentido, qualquer teste deve estar
54

coerentemente alicerçado nas possibilidades de sua formação profissional. O psicólogo


não pode esperar transformar-se em psicanalista para usar devidamente esse instrumento
de avaliação diagnóstica. Apesar do aluno de psicologia dever ser informado sobre as
teorias psicanalíticas, como de qualquer outra linha de pesquisa psicológica – ele não
recebe "formação psicanalítica" no curso básico de sua preparação. E os testes serão o
instrumental básico que ele terá para garantir-se, no início de sua vida profissional,
contra a falta de experiência. Nesse sentido, achamos absurdo, – e epistemologicamente
incorreto, – ligar um teste a uma específica linha teórica de explicação dos fenômenos
(qualquer que seja), principalmente quando ela não encontra fundamentação na própria
ciência psicológica. Ele deve estar baseado em conhecimentos que o campo da
formação específica pode oferecer.

A pesquisa psicológica deve então ter como requisito básico, uma flexibilidade nos
conceitos de que se vale para dar sentidos provisórios às suas descobertas. Justamente o
que a designação de "projetivo" vai impedir. Como ter a liberdade de conceituar uma
observação que não se encaixe na "projeção?"

Além desses problemas, temos um de formação: pensamos que os alunos atuais serão os
futuros pesquisadores de nossa incipiente ciência. Eles têm de saber que pouco sabemos
e, portanto, que todo conhecimento atual é provisório; neste sentido, devem ser
alertados contra teorias "prontas", fechadas em sistemas, pois estas entravam e mesmo
impedem a observação de tudo que o fenômeno tem a nos apresentar, sendo desse modo
um empecilho ao desenvolvimento da ciência.

Assim pensamos que treiná-los no TAT, baseados antes de mais nada na análise do
texto, significa treiná-los precisamente em observação – o que a nosso ver deveria ser a
base de uma formação inicial na carreira de qualquer pesquisador, com mais razão ainda
quando se trata do estudo de um objeto tão complexo como o fenômeno mental.

Em terceiro lugar, contra uma aparência de introdução de uma maior subjetividade na


interpretação, essa proposta visa aumentar a objetividade na avaliação das histórias, na
medida em que o referencial usado não remete a nada externo à sua constituição.
Acreditamos ser um engano ingênuo pensar que a classificação prévia das respostas do
sujeito, - freqüentemente usada na maioria das avaliações do teste, - garanta uma base
mais objetiva de avaliação. Essa classificação prévia na verdade provém da decisão do
avaliador, e portanto, na melhor das hipóteses, depende de sua prática clínica e
conhecimentos aprofundados para discernir convenientemente sobre elas. Fica,
portanto, na dependência do nível de experiência do avaliador a decisão sobre a
objetividade de uma classificação - o que absolutamente não nos assegura que a técnica
seja pertinente. Podemos facilmente estar diante de um TAT do observador mais do que
do sujeito testado!
55

Telles, V. S. (2000). Disconection of TAT from the "Projective" Concept and its Use
Enlargement. Psicologia USP, 11 (1), 63-83.

Abstract: It criticises the "projective" designation, which refers itself to implicit


phenomena on TAT material. It was intended to show that the "projective" led, in
historical means, the test to be tied up to psychoanalytic theories, though nothing on
those phenomena obliged this interpretation to be made. On the contrary, the largest part
from the problematical of its research using and from the possibility of a general
consensus, concerning its interpretation, are due to inherent problems of psychoanalysis
theories themselves. We suggest, then, its disconnection from this term, which prevents
a real remark of the material obtained by the test. The phenomena observation would
allow the impasses overcoming and, consequently, the enlargement of its use, since
consensus would be searched in the material, beyond any previous theoretical posture
from the observer.

Index Terms: Thematic Apperception Test. Projection (Defense mechanism).


Psychoanalytic theory. Projective techniques. Clinical psychology. Cognition.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ancona, L. (s.d.). In Imbasciati & Tirelli. Il TAT secondo la sistemática di Bellak.


Firenze: Ed. O. S.

Anderson, H. H., & Anderson, G. L. (1967). Técnicas projetivas do diagnóstico


psicológico. São Paulo: Mestre Jou.

Anzieu, D. (1990). Prefácio. In V. Shentoub. Manuale d’utilization du TAT. Dunod:


Approche Psychanalytique.

Brelet, F. (1986). Il TAT: Fantasma e situazione proietiva. Ed. Raffaello Cortina.

Heibreder, E. (1969). Psicologias do século XX. Mestre Jou.

Imbasciati, A. (1990). Affetto e rappresentazione: Per una psicoanalisi dei processi


cognitivi. Milano: Franco Angeli.

Imbasciati, A. (1993). L'oggetto e le sue vicissitudini: Storia di un concetto e valore


della teoria in psicoanalisi. Castrovillari: Teda.

Imbasciati, A., & Ghilardi, A. (1994). Manuale clinico del TAT: La diagnosi
psicoanalitica. Firenze: Giunti.

Imbasciati, A., & Tirelli. (s.d.). Il TAT secondo la sistemática di Bellak. Firenze: Ed. O.
S.

Piaget, J. (1975). A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar.


56

Searle, J. R. (1998). O mistério da consciência. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Shentoub, V. (1990). Manuale d’utilization du TAT. Dunod: Approche Psychanalytique.

Stern, D. (1989). Le monde interpersonnel du nourrisson. Paris: Puf.

Telles, V. S. (1997). A leitura cognitiva da psicanálise: Problemas e transformações de


conceitos. Psicologia USP, 8 (1), 157-182.
[ Lilacs ] [ SciELO ]

Telles, V. S. (s.d.). O paradoxo da constituição de significações precoces antecedendo


o pensar e sua solução estética. (Manuscrito não publicado)

Uexküll, J. V. (s.d.). Dos animais e dos homens. Lisboa: Ed. Livros do Brasil.

1
Endereço para correspondência: Instituto de Psicologia. Av. Prof. Mello Moraes, 1721,
São Paulo, SP - CEP 05508-900. E-mail: ippsc@edu.usp.br
2
Anzieu (1990), diz, comparando o TAT com o teste de Rorschach, o qual foi provido
pelo seu autor de uma teoria, além do material e do método de aplicação: "Está aí sua
força (do TAT) ao mesmo tempo que sua fraqueza: o material e a aplicação são
modificáveis segundo a população estudada; a interpretação corre atrás de uma teoria
que a fundamentaria; donde em contrapartida, uma grande adaptabilidade deste teste a
conceituações diversas." (p. 7)
3
Descrevendo as fundamentações do TAT segundo Murray (1943, 1951, citado por
Imbasciati & Guilardi, 1994, p. 34) diz: "... ele considerava que o sujeito, ao descrever o
protagonista da história, se servisse de aspectos passados ou presentes da própria
personalidade, baseando-se em recordações conscientes ou inconscientes de eventos
reais ou imaginários que modelaram a sua personalidade. Se as necessidades expressas
no TAT não coincidiam com o comportamento manifesto, podia-se recorrer a alguns
conceitos psicanalíticos, como a regressão, a sublimação, a formação reativa e o
recalque, para explicar o desacordo entre história e comportamento."
4
Cremos ter ficado por conta do autor essa correlação com o afetivo e "manutenção do
equilíbrio psíquico" excluindo-se o que perturba para não perceber a dificuldade - O
texto da Gestalt falando em organização perceptiva "ótima," e "mais simples" possível
refere-se, especificamente, a leis de nossa organização perceptiva. (ver citações mais
adiante).
5
Recorre-se aqui ao uso da palavra projeção que além de ser problemático como
explicação da aprendizagem (seria quando muito descritiva), o é também quanto ao seu
uso dentro da própria teoria psicanalítica - Esse termo aqui só se justifica (dentro das
teorias psicanalíticas) se fosse referido não a mecanismos de defesa, mas à projeção
57

descrita como "normal" em Freud, e que mereceu ser descartada (como veremos
adiante) como não significativa na obra de Freud. (Laplanche & Pontalis, citados por
Brelet, 1986).
6
Citando um exemplo de percepção visual: "... este fenômeno serve de exemplo do
princípio de "complementação." Não somente há uma tendência para a "forma" em
nossas reações, mas é tão intensa que quando a circunstância externa não está
inteiramente "formada," a reação psicológica tende a completá-la. A "complementação"
é um caso particular da "lei da pregnância," de acordo com a qual a experiência, quer
seja espacial ou temporal, e seja qual for a região sensitiva, tende a assumir a melhor
forma possível, de modo que as formas tendem a se tornar mais exatas e mais bem
definidas - a tornarem-se o que elas são, de modo mais completo e típico." (Heibreder,
1969, p. 302)
E mais adiante: "... Basicamente, existe a tendência para a experiência ser "formada," e
para os componentes formarem grupos, para as figuras incompletas serem completadas
e tornadas mais definidas e exatas; e para o campo total ser organizado - quase que se
poderia dizer estratificado - em figura e fundo. É como se um processo estivesse em
andamento em busca de um estado de equilíbrio e no qual a organização total é mais
completa ..." (Heibreder, 1969, pp. 303-304)
Como pode-se depreender facilmente destes textos, as "alterações" perceptivas para a
Gestalt têm a ver com a nossa forma de organizar a experiência perceptiva (aliás os
gestaltistas encontraram inclusive na biologia e mesmo na física exemplos dessa
tendência. Köhler vai apontar as gestalten ocorrendo na resolução de problemas - o
"insight" é "... uma padronização do campo perceptível de tal maneira que as relações
importantes são óbvias..." (Heibreder, 1969, p. 307)
7
"A projeção, todavia não foi criada para defesa, ela se verifica também lá onde não
existem conflitos. A projeção ao externo de percepções internas é um mecanismo
primitivo que subjaz, por exemplo também nas nossas percepções sensoriais; a ela é
atribuído normalmente uma parte relevante na configuração de nosso mundo interno.
Em condições nas quais a natureza não é ainda suficientemente precisa, são projetadas
em direção ao externo, do mesmo modo de percepções sensoriais, também percepções
internas de processos emotivos e mentais; desse modo são utilizadas para configurar o
mundo externo percepções que deveriam legitimamente permanecer no mundo interno."
E os autores acrescentam "... Eis então como o animismo, o pensamento mágico e a
onipotência das idéias dos primitivos, da criança e do neurótico são o efeito da projeção
dos processos psíquicos primários sobre o mundo externo. De resto, também a criação
artística, segundo a intuição de Freud, é uma projeção do artista na própria obra."
8
"... Examinando as contribuições da psicanálise para a compreensão das técnicas
projetivas, nota-se fundamentalmente duas diferentes modalidades de enfoque que estão
em relação com a evolução da teoria psicanalítica. A primeira privilegia a relação entre
as pulsões do sujeito e as suas produções no teste, enquanto que a segunda analisa as
relações entre as funções do ego e o comportamento no teste." (Imbasciati & Ghilardi,
1994, p. 33).
9
Por exemplo Stern (1989) "... dizendo que os conceitos psicanalíticos necessitam
comprovação experimental." É interessante notar um viés epistemológico mesmo em
autores que podem observar a teoria mais criticamente. Ele não chega a pensar que os
conceitos já existentes podem ser modificados.
58

10
Por exemplo Ferrão, L.M. (psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise) com
sua clínica inovadora e sua sugestão de voltar à observação do paciente. Imbasciati, A -
com livros como Affeto e rappresentazione (1991) e L'Oggetto e le sue vicissitudini
(1993)- (psicanalista italiano, professor diretor da cátedra de psicologia junto à
Faculdade de Medicina e Cirurgia de Brescia).
11
Sentido do termo segundo cognitivistas modernos (citados por Imbasciati) onde é
totalmente abolida a dicotomia afeto x cognição.
12
Para melhor esclarecimento ver Telles (1997).
13
Dentro desse modo de encarar o fenômeno fica "resolvido" o problema da
explicitação do objeto estudado - o fenômeno está aí - a problemática passa a ser
centralizada na visão do observador. Não teríamos assim o objeto furtando-se ao
conhecimento (não existiriam "mecanismo de defesa" escondendo o que ele é) mas com
que olhar está sendo encarado pelo observador. E dentro desse parâmetro teríamos nas
teorias prêvias o grande impedimento da visão do que está aí.
14
Em psicanálise é comum confundir-se descrição com explicação do fenômeno.
15
"... Não obstante a sua ampla aplicação clínica, o primeiro problema é constituído
pela falta de um orgânico sistema de classificação das respostas em função
interpretativo-diagnóstica. Não se chegou a ordenar segundo um critério unívoco e
condiviso os dados recolhidos com os diversos sistemas de classificação utilizados a
partir de Murray até hoje." (Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 9)
16
Shentoub na introdução explicita essa opinião: "Aqui, a técnica, ou mais exatamente
certos princípios metodológicos, não são senão o instrumento que permaneceria letra
morta se ele não se apoiasse sobre uma teoria da personalidade do qual procede e que
permite então que os elementos dispersos recolhidos virem a ordenarem-se em um todo.
A técnica não pode ser assimilada por aquele que não possue o conhecimento das
teorias, mas tais provas constituem também o lugar privilegiado onde os conhecimentos
teóricos - corpus- abstrato- encontram, sua ilustração e sua encarnação ..." (Parece soar
tautológica uma tal afirmação). (Shentoub, 1990, p.1, grifos nossos)
59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MURRAY, Henry A. Teste de Apercepção Temática. Adaptação e padronização


brasileira de Maria Cecília Vilhena M. Silva. 3ª. Ed. Adaptado e ampliado. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2005.

TELLES, Vera Stela. A desvinculação do TAT do conceito de projeção e a ampliação


de seu uso. Psicol. USP, v.11, n.1, São Paulo, 2000

SHENTOUB, V.; SHENTOUB, S. A. et al. Contribuition à la Recherche de validation du


T.A.T. Révue de la Psychologie Apliquée, v. 8, n. 4,p. 273-341, 1958.

Você também pode gostar