No dia 27 de outubro, estudantes do movimento estudantil da Universidade Estadual de

Maringá (UEM) marcaram presença na reitoria da universidade, reivindicando a participação

na reunião do Conselho de Administração (CAD). Os discentes são, em maioria, de cursos
que enfrentam a falta de professores efetivos e a precarização.
Para cobrar do CAD maior agilidade e transparência na contratação de professores, o
movimento estudantil exigiu a participação na reunião em que seriam discutidas as
propostas de distribuição. Porém, alegando se tratar de uma “reunião informal”,
alguns conselheiros se negaram a comparecer diante da presença dos discentes, o
que gerou revolta e protesto.

Quando os estudantes, a despeito de serem alienados da reunião, ocuparam o prédio e

foram ao auditório, foram informados de que a reunião não ocorreria, pois alguns
conselheiros não realizariam a reunião na sua presença, inventando todo tipo de
mentiras e besteiras para justificar esse absurdo.

Foram faladas e sugeridas todo tipo de sandices e disparates de que a reunião era
“informal”, por isso a participação da massa de estudantes não seria permitida; de que os
estudantes não compreenderiam o conteúdo da reunião; de que já havia representação
discente na reunião e de que os estudantes presentes não representavam ninguém…
Ora, senhores… Se estivéssemos satisfeitos com a situação, por acaso estaríamos ali?

Após cerca de 3 horas de ocupação, persistência e luta dos discentes, em discussão com
conselheiros e reitor, chegou-se a um acordo de que uma reunião instantânea seria iniciada
para a apresentação de dados e propostas, sendo complementada por uma outra na
próxima semana. A postura dos estudantes foi sempre resolutiva e no sentido de pedir por
transparência e exigir a sua participação na reunião como forma de exercer a democracia
universitária. Por sua vez, a postura dos conselheiros foi de enrolação e de conversa fiada
para ludibriar os estudantes e impedir sua participação.

Após muita insistência, os conselheiros então se retiraram para o segundo andar da

Reitoria. Porém, o tempo passava e estes não apareciam para discutir com os estudantes.
Até que foi revelado que há 40 minutos os conselheiros, enquanto os estudantes
aguardavam, estariam fazendo um lanchinho no andar superior... Isso foi a gota d´água e
os estudantes começaram a se dirigir até a sala dos conselheiros com gritos de protesto
para que o acordo fosse efetivamente cumprido.

Nesse momento, com o intuito de impedir os estudantes de subirem as escadas em direção

aos conselheiros, os seguranças apareceram rapidamente para barrar a movimentação dos
estudantes. Um dos discentes foi brevemente estrangulado pelo pescoço por um
funcionário da universidade. O estudante passa bem, porém a revolta e indignação dos
estudantes agora se centuplicou!

Todo o ocorrido obrigou os conselheiros prontamente a descerem e a iniciarem a

“reunião”. Esta, que foi iniciada cerca de 40 minutos depois do horário combinado,
apresentou slides censurados, com tarjas sobre as tabelas, ignorou a graduação e falou
apenas de propostas para a pós-graduação e contou com a presença dos conselheiros que
tinham coisas mais importantes para resolver em seus smartphones, sem sequer olhar para
os slides ou fazer alguma anotação. Em suma, foi uma encenação, uma piada de mau gosto
para enrolar os discentes e um insulto a estes e a sua inteligência.
Repudiamos toda essa postura mesquinha e antidemocrática, totalmente avessa à
universidade pública, que deveria estar a serviço de todos os professores, funcionários,
estudantes, do povo e não a interesses corporativistas de feudos dentro da universidade,
nem da burocracia universitária, que além de tudo é covarde, pois recusou-se a admitir que
chamou a segurança para cima dos estudantes, como se essa tivesse agido por livre e
espontânea vontade.

Sublinhamos nossa exigência de que os estudantes tomem parte em todas as decisões

dentro da universidade, não bastando nossas representações oficiais, pois que são voto
vencido dentro do CAD e em todos os outros conselhos. Enquanto os discentes são mais
de 90% de toda a universidade, inversamente temos peso minoritário em todos os
conselhos, com ínfimos 1/10 dos votos. Somos maioria e faremos nossos interesses
serem ouvidos e concretizados em uma autêntica democracia universitária e co-governo
estudantil.

Ressaltamos também que os documentos utilizados para a realização das propostas do

CAD até então não tinham sido compartilhados e as informações necessárias para a
contratação de professores permanecem ocultas e inacessíveis aos estudantes e à
comunidade acadêmica.

Por que razão há esse medo dos estudantes? Por que o medo em compartilhar os dados e
documentos públicos? Por que alijar os estudantes da participação da reunião? Não são de
interesse público? Não dizem respeito à universidade e todo o nosso povo? Há algo a
esconder? Algum feudo a ser beneficiado pela LGU?

É bom que fique claro a todos, que se continuar esse desrespeito, essa enrolação, esse
descaso contra os estudantes, professores e contra nossa universidade, os estudantes serão
obrigados a elevar sua luta com imprescindível e iminente greve de ocupação da Reitoria e
dos blocos dos cursos mais precarizados, para atender as reivindicações estudantis de
democratização e compartilhamento de informações (que já deveriam ser públicas), para
realizarmos nossa própria proposta de contratação de professores de maneira a evitar o
fechamento de cursos mais precarizados.

Protelar a contratação de professores – que vem sendo pautada desde abril! – só serve aos
interesses do governo de não destinar recursos necessários à manutenção da universidade
como um todo, precarizando ainda mais os cursos para logo com a LGU fechá-los. Essa
protelação vai contra os interesses dos estudantes e contra a maioria dos professores
contratados, mas atende diretamente ao interesse privatista do governo de Ratinho Jr.

Reafirmamos a todos estudantes e à universidade – a luta persiste e só ela transforma

nossa situação! Seguiremos firmes, mobilizados, contra todos os ataques à universidade
pública e contra nossos cursos! Por isso convocamos todos para a próxima reunião do
CAD na quinta-feira às 14 horas!

Sem contratação, vai ter ocupação!

Avante juventude, a luta é o que muda, o resto só ilude!

Para barrar a privatização, greve geral de ocupação!

Abaixo a LGU!