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Resumo de Aula / Prof.

Aritonio

As línguas no dia de Pentecostes (At 2.1-13): Subsídios linguístico-teológico


A. L. Azevedo
Analisando o texto de Atos 2.1-13, que trata da descida do Espírito Santo no dia de
Pentecostes e a manifestação do dom de línguas, constatamos no texto original duas palavras
gregas traduzidas para o português por “língua”, transliteradas por “glôssai” – glossa – (At
2.3,4,11) e “dialékto” – dialeto – (At 2.6,8), cujos significados podem ser interpretados da seguinte
forma:
- Glossa: indica um gênero linguístico com características gerais de um grupo, que pode ser
entendido como uma língua materna. Glossa – gênero (vv. 3,4,11).
- Dialeto: indica as variantes de um gênero linguístico com características próprias, mas
compreensíveis por outras dentro do mesmo gênero, que podem ser entendidas como os
regionalismos de uma língua. Dialeto – regionalismos (vv. 6,8).
A língua se modifica ao longo do tempo, pois é viva. Para exemplificar, citamos o idioma
“latim”, que possivelmente foi falado no dia de pentecostes, pois estavam presentes “forasteiros
romanos” (At 2.10). O latim seria a língua materna (glossa) que deu origem a outras línguas
(dialetos) e, entre elas, o “português”. O “português” tem sua origem no latim, principalmente,
mas com raízes no indo-europeu.
Nesse exemplo do processo de modificação da língua no tempo, o “português” seria
visto agora como uma língua materna que originaria outros dialetos. Atualmente existe cerca
de 10 países que tem a língua portuguesa como sua língua materna (glossa), mas com
características próprias na fala (dialeto) – jeito de falar, sotaques, palavras próprias e etc. – e
que são compreendidas em si.
No Brasil, particularmente, podemos dizer que o português (glossa) é o idioma oficial,
mas não é o mesmo que se falava na época do Brasil colônia, por exemplo, pois a língua é viva
e se modifica com o tempo e de acordo com os seus falantes. Assim, cada região brasileira
tem suas particularidades na fala, com variantes locais (dialeto) e palavras regionais próprias,
como por exemplo a palavra macaxeira (mandioca, aipim, uaipi, pão-de-pobre e etc.).
Essas observações são interessantes, pois Atos 2.3 afirma que “foram vistas por eles
línguas repartidas, como que de fogo, (...)” que pousaram sobre os quase 120 discípulos que
estavam reunidos (At 1.15). O termo “línguas” aqui no grego é “glossai” e refere-se a gêneros ou
línguas maternas que se subdividiram depois em “dialetos” locais - ou seja, separadas em
partes e distribuídas entre eles, conforme dar-se a entender pelo termo “repartidas” (v. 3). Assim
testemunharam os que ouviram a palavra de Deus através dos discípulos falando em línguas
(At 2.6,8).
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Pode-se dizer que Deus fez no dia de Pentecostes o inverso do que fez em Babel em
relação as línguas. Em Babel o Senhor confundiu as línguas para que um não entendesse a
língua do outro (Gn 11.7; cf. vv. 1,6,9). No Pentecostes o Senhor fez os participantes da festa
entender sua mensagem no idioma deles (At 2.6,8).
Nesse contexto percebe-se que as línguas faladas eram os idiomas das nações
representadas pelos participantes da festa de Pentecostes (At 2.8-11), e não línguas de anjos
como alguns costumam entender, citando 1 Coríntios 13.1 como justificativa, mas aqui o
contexto é outro.
Dessa forma, fizemos um resumo dos possíveis idiomas (línguas maternas) falados no
dia de Pentecostes, tendo como base os dialetos (regionalismos) falados pelos participantes da
referida festa.
Resumo de Aula / Prof. Aritonio

REFERÊNCIAS

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RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Trad. Degmar


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SCHOLZ, Vilson e BRATCHER, Roberto G. Novo Testamento Interlinear Grego/Português.


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VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; JR, William White. Dicionário Vine: O significado exegético e
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