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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas


DPCS – Departamento de Política e Ciências Sociais
Curso de Graduação em Ciências Sociais
Disciplina: Sociologia das Relações Raciais
Professora: Railma
Jackson C. Bicalho
UM OLHAR DECOLONIAL: ASPECTOS DO BRANQUEAMENTO E DA
BRANQUITUDE NO BRASIL

“O negro não tem mais de ser negro, mas sê-lo diante do branco.” (FANON, 2008, p.104)

Um exemplo claro do processo de Uberização é a empresa Uber. De início, a Uber


surgiu para oferecer um serviço de transporte privado nos Estados Unidos. Através de um
aplicativo os clientes solicitavam o serviço de um motorista próximo a sua localização. Se por
um lado a Uber oferece rapidez, facilidade e menores custos; por outro lado ela precariza o
trabalho de seus motoristas. Os motoristas da Uber não possuem vínculo trabalhista formal. A
Uber é como uma espécie de intermediária entre os motoristas e os clientes. Portanto, a
Uberização pode ser explicada como uma forma de informalização do trabalho.

Todavia, tendo em vista a facilidade de acesso ao serviço, é importante salientar


como reflexo da Uberização a intensa precarização do trabalho. Um trabalhador formal
possue direitos e garantias previstos em lei, enquanto um trabalhador uberizado arca sozinho
com os riscos. O trabalhador uberizado não possue um horário de trabalho definido, muito
menos uma remuneração fixa; o que leva-os a fazer grandes jornadas de trabalho para
conseguir uma remuneração razoável. Outra característica desse processo que prejudica os
trabalhadores é a não negociação com a empresa, isto é, ao aceitar os termos de uso os
trabalhadores são os únicos responsáveis a partir de então.

Segundo ABÍLIO (2020), a Uberização se destaca como uma nova forma de


organização do trabalho, ela não se restringe as plataformas digitais, ela é mais um degrau no
processo de flexibilização do trabalho. A humanização é uma tendência global, ela se deu
através de muitas mudanças políticas no mundo do trabalho. Para exemplificar esse fenômeno
no Brasil, a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) dispõe de dados e
análises. A pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De
acordo com a Pnad Contínua, entre setembro e novembro de 2020, a informalidade no
mercado de trabalho brasileiro subiu cerca de 11,2% em relação ao trimestre anterior. Com
isso, a informalidade corresponde a 33,5 milhões de pessoas.

Pensando nos motoristas de aplicativo, segundo a Uber, existem mais de 1 milhão


de motoristas cadastrados em seu sistema. Atuam em mais de 500 cidades brasileiras, e
atendem cerca de 22 milhões de usuários. É importante destacar também que, em meio a
explosão da pandemia de COVID-19 iniciada em 2020, esses serviços se tornaram essenciais.
As plataformas digitais de entrega tiveram um aumento expressivo em seus serviços, tendo
em vista a recomendação do “fique em casa”. Sendo assim, os trabalhadores cumpriam
jornadas de trabalho mais extensas para darem conta da demanda estabelecida, e muitas vezes
a remuneração não era melhor, quando não, pior. Os trabalhadores não possuíam
equipamentos de proteção, e muito menos, garantia de alguma coisa caso viessem a se
contaminar com o vírus da COVID 19.

Ademais, a Uberização gera inúmeros debates na atualidade. É um processo de


informalização e precarização do trabalho que tende a aumentar cada vez mais. É necessário
discutir uma forma de regular essa nova configuração do trabalho com a finalidade de criar
garantias e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

REFERÊNCIAS

-BRANQUEAMENTO E BRANQUITUDE NO BRASIL In: Psicologia social do racismo –


estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil / Iray Carone, Maria Aparecida
Silva Bento ( Organizadoras) Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. (25-58)
-FANON, Frantz . Pele negra, máscaras brancas. Salvador, EdUFBA, 2008
-Filme: O grande desafio. Disponível em https://youtu.be/X8mjFAsu3d0

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