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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DIEGO EMANOEL CASTILHO FERNANDES


EDUARDO SENA PROENÇA
FELIPE VIEIRA PRUDENCIO PEREIRA
JOÃO VITOR GARCIA RODRIGUES
JORGE ROGÉRIO PITANGA CARDOSO
JÚLIO LAURENTINO SILVA
KLEBER NERES DA SILVA

UBERIZAÇÃO DO TRABALHO E OS MOTORISTAS DE APLICATIVO

VITÓRIA, ES
2021
SUMÁRIO

1. O QUE É A UBERIZAÇÃO DO TRABALHO..........................................................................3


2. BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS.................................................................................................4
3. DIFERENÇA ENTRE TRABALHO E EMPREGO.................................................................5
4. SEGURANÇA DO EMPREGO..................................................................................................6
5. REFERÊNCIAS...........................................................................................................................7
1. O QUE É A UBERIZAÇÃO DO TRABALHO

Com o aumento do desemprego no país, chegando a aproximadamente 13,7% da população


em setembro de 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o que é
equivalente a algo em torno de 14,1 milhões de brasileiros, o cenário para empregos formais
vem se tornando cada vez mais desfavorável e, com isso, a população tem buscado meios
alternativos de se sustentar, como consequência a uberização do trabalho surgiu como uma
nova forma de trabalho que vem crescendo cada vez mais, e que oferece de maneira autônoma
um contorno ao desemprego. Seu nome deriva do aplicativo de transporte individual de
passageiros, mundialmente conhecido como Uber.

O termo conceitua uma forma de trabalho autônoma, a qual os trabalhadores são capazes de
escolher quais dias e quantas horas trabalharão. Tal forma passou a ser inclusa de maneira
muito frequente na sociedade recentemente, seja pelo desemprego, como já citado, ou até
mesmo para gerar uma renda extra. Dessa forma, esse modelo prevê um estilo mais informal,
flexível e por demanda, proporcionando uma maior liberdade para os trabalhadores que
utilizam essa forma de trabalho.

A uberização veio com uma premissa de diminuir o desemprego através da desculpa de estar
sendo apenas o intermediador entre o fornecedor e o recebedor, dando uma maior liberdade ao
atual assalariado(empregado).

Contudo será que essa ideia de liberdade é realmente verdadeira? Ou é apenas uma retórica
para dar uma razão aos acontecimentos. Um preço estipulado por algoritmos do aplicativo em
que você em muitas das vezes não pode dar seu próprio valor ao fruto do seu trabalho, sem a
certeza de uma remuneração mensal, com uma maior insegurança sobre seu futuro, tendo que
competir com incontáveis outros trabalhadores buscando um destaque em sua venda,
diminuindo mesmo o seu preço em busca de maiores vendas.

Portanto, é possível que essa uberização não seja uma experiência de maior liberdade, mas
sim de uma precarização do trabalho, já que com essa liberdade vem todo um conjunto de
desvantagens para o empregado, como a perda do apoio da legislação trabalhista, das férias,
do décimo terceiro e da carteira assinada, já que com essa liberdade ele não é mais um
empregado de alguém e sim está ali apenas para uma prestação de serviços.
2. BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS

Os principais pontos positivos da uberização é que todos os serviços de economia


compartilhada são menos burocráticos, mais práticos e rápidos, e possuem preços mais
acessíveis para os consumidores, além de serem uma oportunidade de renda para os
desempregados. Por outro lado, os pontos negativos são notáveis e extremamente
prejudiciais a quem utiliza ou necessita desse meio como fonte de renda.

De início, é notório destacar a precarização do trabalho. Isso porque aplicativos como o


Uber e Ifood, a companhia fica com uma porcentagem do valor cobrado por corrida, sem
oferecer uma garantia de renda para o motorista. Vale destacar que a propaganda feita por
essas empresas diz que estão libertando o trabalhador, lhe oferecendo vantagens, como
não ter chefe e escolher o horário em que vai trabalhar. No entanto o que realmente
acontece é um aumento da jornada de trabalho sem cobertura das leis trabalhistas, pois
não existe um contrato entre o motorista e a empresa, além disso todos os recursos
necessários para trabalhar são por conta do trabalhador, e ao se tornar parceiro do
aplicativo, o motorista precisa assumir algumas obrigações, como aceitar um número
mínimo de corridas, e cumprir determinadas metas, caso contrário pode ocasionar em seu
afastamento do aplicativo, e esses fatores resultam na precarização do trabalho.

Ademais, cabe ressaltar o monopólio. Esse contexto envolve a falta de transparência da


empresa em relação ao algoritmo utilizado para determinar o preço das corridas, no Uber a
precificação basicamente funciona de acordo com a demanda, logo quanto mais carros
disponíveis, menor o preço da corrida. Isso evidencia as práticas da empresa que se
aproveita de um cenário de um país como o Brasil com um grande número de pessoas
desempregadas, para se beneficiar. E como não há regulamentação dessas empresas, o
estado não pode intervir em suas práticas abusivas.

Outrossim, é possível mencionar a concorrência desleal que esse fenômeno gera. Uma vez
que os demais serviços não conseguem acompanhar o avanço tecnológico ou a praticidade
da economia compartilhada, além disso os preços fazem com que os consumidores optem
pelos serviços dos aplicativos, trazendo assim mais dificuldades e empecilhos para os
serviços “tradicionais”.
3. DIFERENÇA ENTRE TRABALHO E EMPREGO

De maneira rotineira, a utilização dos termos trabalho e emprego como se fossem


sinônimos é bastante frequente para definir uma atividade realizada em troca de
remuneração financeira, mas na realidade, as duas palavras possuem significado bem
distintos. Apesar de ambas palavras serem usada para explicar o “oficio”.

O Trabalho está diretamente ligado a objetivos e realizações profissionais, ou seja, está


pautado em projetos, metas e sonhos, vai além da necessidade financeira. Evidentemente,
que pode ser remunerado, mas sua principal motivação não se trata de lucro, e sim de algo
que engradeça o trabalhador ou lhe forneça satisfação pessoal.

Por exemplo, o trabalho voluntário, faz isso por amor, por acreditar que pode contribuir,
pela necessidade de criar um legado, de fazer a diferença. O ser humano é preparado para
o trabalho desde a infância, com os primeiros trabalhos escolares. Estes já incitavam que
fazer um trabalho traz recompensas para além daquelas ligadas ao dinheiro.

“O trabalho enobrece o homem. O emprego, nem sempre.” (Max Weber)

O emprego é um cargo que o indivíduo tem em uma empresa que oferece pagamento para
que cumpra devidas funções. Ou seja, é uma forma de conseguir renda através das
atividades desenvolvidas. Segundo o dicionário Michaelis, a palavra emprego significa
“trabalho ou ocupação que se realiza em troca de remuneração”. Toda atividade que é
desemprenhada exclusivamente para render lucro, se enquadra na palavra.
4. SEGURANÇA DO EMPREGO

No Brasil, ainda não existe uma jurisprudência em relação ao trabalhador e a empresa


"contratante" em relação a uberização do trabalho. Este fator vem mascarando muito os
acidentes de trabalho e aumentando muito a precarização de saúde e segurança dos
trabalhadores.

Jornada de trabalho, condições físicas e local de trabalho são condições mínimas e


fundamentais para garantir o direito mínimo a saúde e segurança do empregado, mas que
as empresas deste novo modelo de negócio não oferecem.

A expectativa dos trabalhadores digitais é que seja responsabilidade da plataforma digital


oferecer esses direitos, além de intervalos de descanso e benefício financeiro em caso de
acidentes ou doenças.

A solução para este entrave seria o uso de novas tecnologias e plataformas visando o
gerenciamento automático da saúde e segurança do trabalhador, monitorando
regularmente sua saúde além de informações sobre os riscos que estão correndo no
momento.

Infelizmente, são muitos os casos de acidentes no trabalho desses trabalhadores informais,


seja por negligência da empresa empregadora quanto a da contratante. De acordo com o
site Brasil De Fato, a trabalhadora informal da empresa Rappi, Polliana Késsia sofreu um
acidente de trabalho onde sofreu queimaduras em 50 por cento de seu corpo, o site indica
que a lanchonete em que fazia a entrega no momento utilizava álcool de posto ao invés de
álcool em gel, como Polliana é uma trabalhadora informal, não uma empregada com
carteira assinada, não é constatado como acidente de trabalho, e a empresa digital não
necessita custear seu tratamento, nem pagar nenhuma indenização por acidente laboral.

Conclui-se então que a problemática se dá no momento em que o trabalhador necessita


tanto do emprego que as empresas digitais não se dão o trabalho de fornecer ações para
precaver acidentes laborais e que monitorem e cuidem da saúde do trabalhador.

Espera-se, portanto, que o governo aplique em sua jurisdição novas leis que melhorem a
qualidade de vida do trabalhador autônomo e do trabalhador informal, fazendo com que as
empresas digitais se tornem responsáveis por lidar com a saúde e segurança de seus
trabalhadores, ou até mesmo que ofereçam condições básicas de trabalho.
5. REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era


digital. São Paulo: Boitempo, 2018.

Publicado pelo canal Contexto. Entenda a Uberização do Trabalho – mini-doc #1.


Youtube, 2020. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=BEstp3s-Imk&t=47s >
Acesso em: 01 Out. 2021

FEBRACIS; Você sabe qual é a diferença entre trabalho e emprego? 2017. Disponível
em: < https://febracis.com/diferenca-entre-trabalho-e-emprego/ > Acesso em: 01 Out. 2021.

Catho; Trabalho e Emprego: você conhece a diferença entre os dois? 2019. Disponível
em: < https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/carreira/trabalho-e-emprego-voce-conhece-
a-diferenca-entre-os-dois/ > Acesso em: 01 Out. 2021.

Agência IBGE Notícias; Desemprego recua para 13,7% e atinge 14,1 milhões de pessoas
no tri até julho. 2021. Disponível em: < https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-
noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/31732-desemprego-recua-para-13-7-e-atinge-14-1-
milhoes-de-pessoas-no-tri-ate-julho > Acesso em: 02 Out. 2021.

OnSafety; Impactos Da Uberização Na Segurança E Saúde Do Trabalho. 2020.


Disponível em: < https://onsafety.com.br/impactos-da-uberizacao-na-seguranca-e-saude-do-
trabalho/ > Acesso em: 02 Out. 2021.

Brasil de Fato; Uberização vai mascarar números de acidente de trabalho, dizem


especialistas. 2019. Disponível em: <
https://www.brasildefato.com.br/2019/07/21/uberizacao-vai-mascarar-numeros-de-acidente-
de-tra balho-dizem-especialistas > Acesso em: 02 Out. 2021.

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