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Debate de redação

A sociedade atual e as relações de trabalho: O fenômeno da Uberização


 O que é Uberização?

 Conforme o dicionário de Cambridge “Uberizar” significa modificar a oferta de um


dado serviço, introduzindo uma forma diferente de compra-lo ou de usa-lo por via de
tecnologia móvel, platarformas digitais ou sites. A raiz do termo tem origem na Uber
Tecnology, uma empresa multinacional americana.

 Por que é um problema?

 Hoje o termo tornou-se sinônimo de precarização do trabalho e do trabalhador.


 As empresas se apresentam apenas como fornecedoras de uma tecnologia de
intermediação de serviços, porém, não assumem nenhuma responsabilidade trabalhista
em relação a usuários – chamados de parceiros.
 Isso gera uma massa de trabalhadores desprotegidos e adoecidos.
Um pouco da história sobre seu surgimento
 Depois de 2010, o mundo enfrentou um Boom das Star Ups.

 Ano que surge a empresa Uber em São Francisco, nos Eua.

 A Uber, no entanto, não se assume como uma empresa de transporte, e sim como uma
empresa de tecnologia.

 Não é dona de nenhum carro.

 A ideia da empresa surgiu em 2009 em Paris, quando dois americanos estavam em


uma conferência de empreendedorismo e tecnologia e ao sair pediram um táxi, que
demorou muito para chegar. Nesse dia estava muito frio, e o incômodo gerado pela
demora fez com que ambos idealizassem um aplicativo para pedir um carro de forma
mais prática e rápida. E assim, surgiu a Uber no ano seguinte, que hoje é uma empresa
gigantesca que atua em mais de 500 cidades brasileiras e em +- 70 países.
 E “nos braços” da Uber,
foram surgindo inúmeras
outras empresas, como:

 Airbnb
 Blá Blá Car
 Uber eats
 Get ninjas
 Happy
 99 car
 Entre outras.

 O termo Uberização hoje se transformou em sinônimo de precarização, tanto do trabalho,


quanto do trabalhador.
Tese – Organize a discussão
 O comando do tema é muito claro: Os efeitos da Uberização.
 Sugestão: introdução por atualidade e problematização sucinta.
 No atual momento, observa-se que esses impactos são muito mais negativos que positivos.
Assim, cabe destacar:

1. Flexibilização das relações trabalhistas (Eufemismo – Flexibilização – pois está mais para
imposição). Refere-se justamente à falta de proteção ao trabalhador, falta de vínculos e
direitos empregatícios.
2. Precarização do trabalhador – Irrelevância do indivíduo (facilmente descartável).

 Prestar atenção na abordagem do texto de apoio.


 Cuidado para não apresentar efeitos positivos clichês.
 Discutir os efeitos negativos e provar sua existência.
 Mostrar a amplitude da situação (para além da empresa uber)
Dicas para a introdução
 Documentário – GIG: A Uberização do trabalho.

 Feito por Brasileiros, porém engloba a situação mundial


desse fenômeno.
 Aborda esse crescente fenômeno de uberização do trabalho
mediado por aplicativos e por plataformas digitais no mundo
todo. Ao apresentar histórias reais, debate sobre a
intensificação e a precarização do trabalho, que torna o
indivíduo uma peça cada vez mais descartável. São
empresas do século XXI, utilizando uma modalidade de
trabalho do século XIX (Exploratória).

 Citação – Ricardo Antunes – Sociólogo – “O trabalho que


estrutura o capital, desestrutura a humanidade”.
 Escreveu o livro chamado “O privilégio da servidão”.
 Novas modalidades de capitalismo
 Lucro das empresas
 Trabalho se estrutura em torno do dinheiro.
 Livro – Quarta revolução industrial – Klaus Schulab

 Aborda dimensões das mudanças ocorridas pelas transformações tecnológicas, as quais fundiram os meios
físicos, digital e biológico que nos força a repensar como os países se desenvolveram, como organizações
criam valor e o que significa ser humano. E como, nesse contexto, cresce o trabalho uberizado.
 Economista, um dos fundadores do FORUM MUNDIAL.
 Aborda as vantagens e desvantagens dessa quarta revolução industrial e seu contexto.

 Trazendo para nosso contexto, podemos pensar na relação do Brasil com o trabalho, que sempre foi uma
relação de falta de empatia.
 Depois de quase 4 séculos de escravidão o Brasil preferia importar imigrantes a empregar escravos.
 Capitalização da mão de obra.
 Pessoas negras recém libertas ficavam com os trabalhos mais pesados e braçais da sociedade.
 Argumentos:
 No Brasil há uma flexibilização na legislação trabalhista.
 Em alguns países já temos algumas regras voltadas a essa questão, primeiro podemos
desenvolver essa ideia da ausência de leis usando a seguinte questão: por que não temos leis.
 Quando essas empresas surgiram com a ideia otimista e positiva de uma nova era de consumo,
o princípio era baseado na ideia de economia partilhada, associado a um consumo consciente.
Não mais a noção de posse, mas de uso de um produto ou serviço vinculado ao cuidado do
meio ambiente, pois menos poluentes e resíduos seriam produzidos.
 Entretanto o termo promove exatamente o contrário (Lembra da idéia de ecocapitalismo?).
 Ocorre aqui uma troca de valores, em que a preocupação com o meio ambiente serve de
“Muleta” para um total desprezo de garantias para os indivíduos.
 Trabalhadores iludidos por falsas promessas de que seriam “empresários” de si mesmos se
tornam completamente reféns dessa ilusão, tem seus direitos negados e os lucros ficam
totalmente vinculados à empresa. Enquanto os gastos recaem somente sobre eles.
 Os “parceiros” (trabalhadores) ganham apenas pelo tempo exato de trabalho e arcam
com todos os gastos sozinhos, não há contrapartida.
 Ausência de qualquer tipo de responsabilidade e obrigação em relação aos parceiros
cadastrados.
 As empresas não correm riscos, eles ficam com o infoproletariado (alta intensidade de
trabalho, pouca criatividade – atividades mecânicas, pouca capacidade de controle e
nenhuma estabilidade para o futuro).

Para que servem as leis trabalhistas?

 Debate.
 Para que servem?
 Por que existe um valor salarial chamado de mínimo?
Falando um pouco sobre o Airbnb

 Airbnb é um aplicativo de hospedagem que intermedia o proprietário de um


determinado imóvel e o cliente interessado em se hospedar.

 Em Barcelona e Paris, já existem uma série de regras e protestos contra o Airbnb, pois
enchem os bairros antigos e tradicionais, que anteriormente as pessoas pagavam
valores devidos, diminuindo a demanda de hotéis, aumentando a questão do lixo e
depredação do meio ambiente.

 Depreciação desses ambientes.


 Além de problemas relacionados à assédio sexual.
 Notícia: Em 2019, houve também um caso em que uma família Brasileira morreu por
conta de um vazamento de gás em Santiago, no Chile, em um apartamento alugado no
Airbnb.
 Nesses casos, quem deveria se responsabilizar? O proprietário? A empresa?
 Então veja:

 Existe uma enorme precarização do trabalho

 As jornadas de trabalho são intensas, sem descanso, com


um trabalho intermitente e inseguro.
 O trabalhador é exposto a riscos multidimensionais – à
integridade física e mental principalmente.
 O esforço físico e riscos ficam por conta do trabalhador.
 Esses trabalhadores não têm nenhuma garantia em caso de
assaltos, adoecimento ou acidentes.
 São subordinados a avaliações constantes de terceiros – as
quais podem provocar o desligamento da plataforma.
 Devido ao alto nível de desemprego, as pessoas se
submetem a esse tipo de trabalho para ter uma renda e
sobreviver.
 É o chamado “privilégio da servidão”
Dicas de repertório
 O privilégio da servidão – Ricardo Antunes, sociólogo contemporâneo.
 Apresenta uma análise detalhada das mudanças na história recente do país. Por meio de
pesquisa, mostra que adoecimento, precarização, desregulamentação e assédios parecem
tornar-se mais a regra do que a exceção.

 O Precariado – A nova Classe perigosa – Gerry Standing


 O conceito de precarização se refere a uma classe emergente definida por uma combinação
distinta de relações. Estas pessoas do precariado estão sendo forçadas a aceitar uma vida
de empregos instáveis, sem uma identidade ocupacional, tendo que realizar muitos
serviços que, na verdade, não são trabalho. Neles, os trabalhadores estão sendo explorados
fora de um emprego, fora de um espaço físico e horários regulares de trabalho, assim
como dentro deles.
Dica de repertório Prático
#Breque dos apps
“As reinvindicações dos entregadores buscam o aumento das taxas mínimas e por Km,
além do fim do bloqueio individual e a demanda de auxílios ou licenças de saúde,
acidente e distribuição de EPI’s que foi limitado. Com foco nas taxas, os entregadores
apontam a valorizar o próprio trabalho, que tende a diminuir com a alta procura desta
forma de venda, mesmo com um aumento considerável do lucro dos aplicativos”.
Brasil, El País.

IBGE –
• Dados do primeiro trimestre de 2020 – 12,9 milhões de desempregados no país, cerca de
40% de trabalhadores estão na informalidade.
• Desalentados.
Dicas de Repertório

 Filosofia:
 Karl Marx – mais valia/ Alienação
 Byung Chull Han – Sociedade do cansaço.

 Filmes/DOC:
 Tempos modernos – (Charles Chaplin)/ Parasita
 Industria Americana – Que horas ela volta – The true cost

 Livros:
 Admirável mundo novo – Aldos Huxley.
 Casa grande e senzala – Gilberto Freyre.
Proposta de intervenção
 Necessidade urgente de uma política de regulamentação.
 Quem?

 Governo Federal/ Ministério do trabalho e do emprego – Foi extinto


 Ministério da Economia ou da Justiça.

 O que?
 Exigir a autorregulamentação ou criar uma legislação específica.

 Como?
 Por meio das próprias empresas, ao criarem uma rede de seguridade social que inclua
seguros laborais e de assistência a saúde.

 Para que?
 Evitar abusos e dar o mínimo de proteção ao trabalhador.

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