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Farmacologia Aplicada À Neurociência
Farmacologia Aplicada À Neurociência
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
3 PSICOFARMACOLOGIA .......................................................................... 13
4 NEUROTRANSMISSORES ...................................................................... 17
8 FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS.................................................................... 37
9 FARMACODEPENDÊNCIA ...................................................................... 42
10 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA............................................................. 48
Prezado aluno!
Bons estudos!
3
2 FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Fonte: pdi.sites.uff
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Encéfalo
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localizada perto do topo do cérebro, no centro do córtex cerebral, atrás e acima dos
demais lobos. Seu limite com os outros ocorre pelo sulco lateral em relação ao lobo
temporal e pelo sulco parieto-occipital, que o separa do lobo frontal. Ele se divide em
cinco áreas. A rotação pós-central é responsável pela principal área somatossensorial,
pois recebe e processa as informações relativas aos sentidos (SILVA, 2017).
O córtex parietal posterior se trata da estrutura que processa os estímulos
visualizados e, a partir disso, coordena todos os movimentos do corpo. Já o lobo
parietal superior faz a orientação espacial e as habilidades motoras finas; e o inferior
relaciona as expressões faciais às emoções, sendo fundamental para realizar as
operações matemáticas e executar a linguagem ou a expressão corporal. A área
sensorial primária, por sua vez, se encarrega do processamento das informações
associadas às sensações da pele, como calor, frio e dor. Assim, por meio dessas cinco
regiões, o lobo parietal participa dos processos sensoriais e perceptivos dos
indivíduos (BRUNTON, 2019).
O lobo occipital, por sua vez, é uma estrutura localizada na porção inferior do
cérebro, que processa os estímulos visuais, por isso, também se chama córtex visual.
Ele possui diversas subáreas responsáveis por processar os dados visuais, com
zonas especializadas na visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância e
demais situações relativas a ela. Essas porções são chamadas de área visual primaria
e, após seu processamento, há uma comparação do que foi visualizado e a
identificação, como um cachorro, um carro, um avião ou uma laranja. (BRUNTON,
2019).
Quando ocorre uma lesão nessa área, a pessoa fica impossibilitada de
reconhecer objetos, palavras e rostos de pessoas conhecidas ou de familiares.
Quanto às pequenas estruturas que se ligam à base do cérebro, há o telencéfalo
(integrado pelos lóbulos da olfação e os hemisférios cerebrais) e diencéfalo, sendo
este visto apenas na porção mais inferior do cérebro e se constitui de tálamo,
hipotálamo, epitálamo e subtálamo (SILVA, 2017).
O tálamo possui 3 cm de comprimento e compõe cerca de 80% do diencéfalo,
com duas massas ovuladas de substância cinzenta. Nesse sentido, alguns de seus
núcleos são responsáveis por transmitir os impulsos para áreas sensoriais do cérebro
da seguinte forma segundo Silva (2017):
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o núcleo geniculado medial é responsável por transmitir os impulsos
auditivos;
o núcleo geniculado lateral é responsável por transmitir os impulsos
visuais;
o núcleo geniculado ventral posterior é responsável por transmitir os
impulsos para o paladar e as sensações somáticas, como o tato, a
pressão, a vibração, o calor, o frio e a dor. Portanto, o tálamo é a
estrutura que atua como uma estação intermediária para as fibras que
vão da parte inferior do cérebro e medula espinhal às áreas sensíveis do
cérebro, e são responsáveis por classificar as informações e direcioná-
las para regiões específicas para mais interpretação precisa ter.
Nesse sentido, ele faz as funções relacionadas ao comportamento emocional,
ao estado de alerta, à motricidade, à sensibilidade e à ativação do córtex. Já o
hipotálamo é uma área pequena localizada abaixo do tálamo, relacionada às funções
importantes do organismo, principalmente as que possuem relação com a atividade
dos sistemas. Mesmo com apenas 4 g, ele se trata de uma das áreas mais importantes
do sistema nervoso e se constitui, na maior parte, por uma substância cinzenta que
se agrupa em núcleos (BRUNTON, 2019).
Os impulsos dos neurônios que têm seus dendritos e corpos celulares no
hipotálamo são conduzidos pelos seus axônios até os neurônios situados na medula
espinal e, consequentemente, os impulsos se transferem para a parte periférica do
organismo. Assim, o hipotálamo é responsável por realizar o controle do sistema
nervoso autônomo; a regulação da temperatura corporal, do comportamento
emocional, do sono, da vigília, da ingestão de alimento e água, da diurese, do sistema
endócrino; além da geração e regulação dos ritmos circadianos (SILVA, 2017).
De acordo com Brunton (2019) o epitálamo, por sua vez, é uma estrutura que
possui três partes: o trígono da habênula, o corpo pineal e a comissura posterior. A
primeira é uma área triangular na parte de trás do tálamo perto da glândula pineal. O
corpo pineal se encarrega de secretar o hormônio melatonina, considerada a grande
responsável pelo sono e que faz o ajuste do relógio biológico do organismo. A
comissura posterior, por outro lado, consiste em um feixe de fibras arredondadas que
cruzam a linha média na junção do aqueduto com o terceiro ventrículo anterior e
cranial com o cálice superior.
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Por fim, o subtálamo é uma região de transição entre o diencéfalo e o
tegumento do mesencéfalo, que se localiza na parte inferior do tálamo, lateralmente
pela cápsula interna e medialmente pelo hipotálamo. Logo, uma lesão no seu núcleo
provoca nos indivíduos uma síndrome chamada de hemibalismo, que se caracteriza
pelos movimentos anormais das extremidades. O cerebelo também é conhecido no
organismo humano como metencéfalo, sendo responsável por regular a manutenção
e equilíbrio do corpo, bem como coordenar os tônus muscular e o desenvolvimento
motor dos indivíduos. Ele se constitui de um centro composto de uma substância
branca, chamada de corpo medular, em que se irradia a lâmina branca do cerebelo
revestida, externamente, por uma fina camada de substância cinzenta, denominada
córtex cerebelar (SILVA, 2017).
Quando é realizado um corte sagital no corpo medular do cerebelo, pode-se
observá-lo em uma imagem conhecida como “árvore da vida”. Na porção interior do
cerebelo, especificamente no campo medular, há quatro pares de núcleos centrais de
substância cinzenta, chamados de denteado, emboliforme, globoso e fastigial. Assim
como o cérebro, o cerebelo também é constituído de dois hemisférios, separados por
uma faixa bem estreita conhecida como vérmis (BRUNTON, 2019).
Segundo Silva (2017), o cerebelo está relacionado à integração sensório
motora, participa dos movimentos da cabeça, dos olhos e dos membros, coordena
todos os movimentos do corpo, bem como controla o equilíbrio durante a caminhada.
Logo após o cerebelo, tem-se o tronco encefálico. O tronco encefálico é composto de
três partes chamadas de mesencéfalo, ponte e bulbo. Nele, encontram-se muitos
corpos celulares de neurônios e os prolongamentos dos nervos que estão
relacionados às respostas sensoriais, motoras e autônomas da cabeça e do pescoço.
Assim, por meio dos nervos presentes no crânio, ele recebe as informações para
controlar as funções da cabeça e do pescoço de forma majoritária. Há ainda, na sua
constituição, uma rede de neurônios que se compõe de modo reticular e se envolve
na coordenação das atividades cardíacas e respiratórias.
O mesencéfalo é a menor parte do tronco encefálico, conectando a ponte e o
cerebelo com o telencéfalo. Ele ainda recebe informações sobre os músculos e
participa no controle das contrações musculares e postura corporal. Já a ponte está
localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, possui um sulco transversal demarcando a
separação entre as duas estruturas (que fica encoberta pelo cerebelo), bem como se
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conecta à coordenação das funções cerebelares de movimento e equilíbrio. O bulbo
também é chamado de medula oblonga, sendo que na porção inferior, ele está ligado
à medula espinal e, na parte superior, liga-se à ponte. Nele, você pode encontrar os
centros vitais, responsáveis pelo controle da respiração e dos batimentos cardíacos
(SILVA, 2017).
Medula espinal
A parte mais alongada do SNC é a medula espinal, que recebe esse nome
porque medula significa miolo e indica o que está dentro. Logo, ela se localiza dentro
das vértebras ou espinhas e possui um cordão cilíndrico formado por células
nervosas, que se situam no canal interno das vértebras que compõem a coluna
vertebral. Em um homem adulto, essa estrutura pode medir até 45 cm e, na mulher,
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fica um pouco menor. Na parte superior, a medula espinal liga-se ao bulbo, próximo
ao forame magno do osso occipital e, na sua porção inferior, em um adulto, está
situada na vértebra lombar 2 (L2). Na sua constituição longitudinal, ela vai afinando e
formando o cone medular, que segue com um filamento meníngeo denominado de
filamento terminal (SILVA, 2017).
Apesar de a medula espinal apresentar um formato cilíndrico e achatado, seu
calibre não é uniforme, pois ela possui duas dilatações denominadas de
intumescências cervical e lombar, que são formadas pela maior quantidade de
neurônios e fibras nervosas que entram ou saem dessas áreas da medula. Elas
realizam uma conexão de forma mais grossa com as raízes nervosas que formam o
plexo braquial e lombossacral, os quais se destinam à inervação dos membros
superiores e inferiores (BRUNTON, 2019).
A intumescência cervical encontra-se entre a vértebra cervical 4 (C4) e a
torácica 1 (T1); já a lombar ou lombossacral se situa entre os seguimentos da vértebra
torácica 11 (T11) até a lombar 1 (L1) da medula espinal. Além das intumescências, na
superfície, a medula possui alguns sulcos que percorrem sua extensão, como o sulco
mediano posterior, sulco lateral posterior e sulco lateral anterior. Já na medula cervical
apenas, há o sulco intermédio posterior, que fica entre o mediano posterior e o lateral
posterior. Na medula espinal, existe ainda uma substância cinzenta presente na parte
interior da substância branca, que apresenta a forma de um H.
Ela é composta de corpos das células nervosas (os neurônios) e responsável
por interpretar os impulsos nervosos das diversas regiões do corpo e enviá-las para o
encéfalo, produzindo impulsos e coordenando as atividades musculares e os reflexos.
Essa substância se origina no cérebro, a matéria branca, por outro lado, é formada
por fibras que se movem para cima e para baixo ao longo do cordão, que podem ser
agrupadas dos dois lados em três funículos, chamados cordões (BRUNTON, 2019).
Ela se conecta à substância cinzenta para enviar impulsos nervosos entre os
neurônios. Assim, a mielina age como isolante, aumentado a velocidade de
transmissão de todos os sinais nervosos. O funículo anterior está localizado entre a
fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior. Já o funículo lateral se situa entre o
sulco lateral posterior e o sulco lateral anterior. O funículo posterior, por sua vez, se
encontra entre o sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior. Por meio da
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medula espinal, o SNC se comunica com o restante do organismo, e há a coordenação
das respostas rápidas do corpo e dos reflexos (SILVA, 2017).
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3 PSICOFARMACOLOGIA
Fonte: webstudy.pt
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necessária constante atualização sobre as teorias biológicas que justificam o uso
desses medicamentos (TAVARES, 2019).
3.1 Ansiolíticos
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4 NEUROTRANSMISSORES
Fonte: centroclinicoacras.com
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mecanismo da impressionante complexidade que tem como resultado o pensamento,
a ação, locomoção, manifestação de alegria ou de preocupação (BRUNTON, 2019).
Os impulsos nervosos para passar de um neurônio a outro, através do axônio,
devem passar por um espaço entre eles, que é chamado de fenda sináptica. Esta
função de passar e receber o estímulo é chamada de sinapses. Os nervos podem
passar por esse espaço, o primeiro neurônio, por meio de impulsos que chegam ao
seu término, liberando substâncias químicas que estimulam ou inibem o próximo.
Esses produtos químicos, sintetizados e liberados pelos neurônios, são chamados de
neurotransmissores. Os quais têm um papel fundamental no nosso sistema nervoso
(ANDRADE et al, 2019).
Considerando que a seletividade dos fármacos baseia-se no fato de que
diferentes vias utilizam transmissores diferentes, uma das principais metas dos
neurocientistas foi identificar os neurotransmissores nas vias do SNC. Nesse contexto,
foram estabelecidos alguns critérios para que uma determinada substância química
fosse identificada como transmissor segundo Brum (2018):
a) Localização: é necessário demonstrar que o transmissor está presente nas
terminações pré-sinápticas da sinapse e nos neurônios a partir dos quais se originam
as vias pré-sinápticas.
b) Liberação: um suposto transmissor deve ser liberado de um neurônio em
resposta à atividade neuronal e de maneira dependente de cálcio.
c) Mimetismo sináptico: a aplicação da substância de teste deve produzir uma
resposta que imita a ação do transmissor liberado pela estimulação do nervo e a
aplicação de um antagonista seletivo deve bloquear a resposta, ou seja, os agonistas
e antagonistas farmacológicos específicos devem imitar e antagonizar,
respectivamente, as funções medidas do transmissor putativo com afinidade
adequada e ordem de potência (BRUM, 2018).
Com base nos critérios apresentados anteriormente, inúmeras moléculas foram
isoladas do cérebro e os estudos utilizando uma variedade de abordagens sugerem
que os tais agentes são neurotransmissores. Apresentamos, agora, a descrição dos
neurotransmissores bem como as funções fisiológicas: Aminoácidos: os aminoácidos
de interesse para a farmacologia enquadram-se em duas categorias: o aminoácido
ácido glutamato e os aminoácidos neutros glicina e GABA. Todos esses compostos
estão presentes em altas concentrações no SNC e são potentes modificadores da
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excitabilidade neuronal. Glutamato: a transmissão sináptica excitatória é mediada pelo
glutamato, que está presente em concentrações muito altas nas vesículas sinápticas
excitatórias (cerca de 100 mM) (BRUNTON, 2019).
O glutamato é liberado na fenda sináptica por exocitose dependente de Ca2+.
O glutamato liberado atua sobre os receptores pós-sinápticos de glutamato e é
depurado por transportadores de glutamato, presentes na glia circundante. Na glia,
esse aminoácido é convertido em glutamina pela glutamina-sintetase, liberada da glia,
captada pelo terminal nervoso e convertida de volta em glutamato, pela enzima
glutaminase. Os neurônios testados são fortemente excitados pelo glutamato, sendo
a excitação causada pela ativação dos receptores tanto ionotrópicos quanto
metabotrópicos. Os receptores ionotrópicos são divididos em três subtipos, com base
na ação de agonistas seletivos: o ácido α-amino-3-hidroxi-5-metilisoxazol-4-
propiônico (AMPA), o ácido caínico (KA) e o N-metil-d-aspartato (NMDA) (BRUNTON,
2019).
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permeáveis ao Cl−. Esses receptores são seletivamente inibidos pela picrotoxina e
pela bicuculina, as quais, ambas, provocam convulsões generalizadas. Foram
clonadas inúmeras subunidades dos receptores de GABAA, e isso explica a grande
diversidade na farmacologia dos receptores de GABAA, tornando-os alvos essenciais
para agentes clinicamente úteis (BRUNTON, 2019).
Em vez disso, os receptores GABA são receptores metabotrópicos ativados
seletivamente pelo baclofeno, uma droga antiespasmódica, esses receptores são
acoplados às proteínas G que, dependendo de sua posição celular, inibem os canais
de Ca2 + ou ativam os canais de K + (BRUM, 2018).
Acetilcolina: a acetilcolina foi o primeiro composto a ser identificado
farmacologicamente como transmissor no SNC. As respostas do SNC à acetilcolina
são mediadas, em sua maior parte, por uma grande família de receptores
muscarínicos acoplados à proteína G. Em alguns locais, a acetilcolina provoca inibição
lenta do neurônio ao ativar o subtipo M2 do receptor, que abre os canais de K+. Uma
ação muscarínica muito mais disseminada em resposta à acetilcolina consiste em
excitação lenta que, em alguns casos, é mediada por receptores M1. Oito núcleos
principais de neurônios acetilcolina no SNC foram caracterizados com projeções
difusas, incluindo neurônios neostriatal, núcleo septal mediano e formação reticular,
que parecem desempenhar papéis importantes na função cognitiva, particularmente
na memória (BRUNTON, 2019).
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Dopamina: as principais vias que contêm dopamina são a projeção que liga a
substância negra ao neoestriado e a projeção que liga a região tegmentar ventral às
estruturas límbicas, particularmente o córtex límbico. A ação terapêutica da levodopa,
um fármaco antiparkinsoniano, está associada à primeira área (substância negra), ao
mesmo tempo em que se acredita que a ação terapêutica dos fármacos antipsicóticos
esteja associada às estruturas límbicas. Além disso, os neurônios que contêm
dopamina no hipotálamo ventral desempenham um importante papel na regulação da
função hipofisária. Foram identificados cinco receptores de dopamina, que são
divididos em duas categorias: semelhantes a D1 (D1 e D5) e semelhantes a D2 (D2,
D3 e D4) (BRUNTON, 2019).
Todos os receptores de dopamina são metabotrópicos. Em geral, a dopamina
exerce uma ação inibitória lenta sobre os neurônios do SNC. Essa ação foi mais bem
caracterizada nos neurônios da substância negra que contêm dopamina, nos quais a
ativação do receptor D2 abre os canais de K+ pela proteína de acoplamento Gi.
Norepinefrina: Os neurônios noradrenérgicos são encontrados principalmente no
locus ceruleus ou na área tegmentar lateral da formação reticular. Todos os subtipos
de receptores noradrenérgicos são metabotrópicos. Quando aplicada a neurônios, a
norepinefrina tem a capacidade de hiperpolarizá-los, aumentando a condutância do
K+. Este efeito é mediado por receptores α2 e foi posteriormente caracterizado em
neurônios no locus ceruleus. Em muitas regiões do SNC, a norepinefrina aumenta os
impulsos excitatórios por mecanismos diretos e indiretos (BRUNTON, 2019).
O mecanismo indireto envolve a desinibição, ou seja, os neurônios inibitórios
do circuito local são inibidos. O mecanismo direto envolve o bloqueio da condutância
do K+, que retarda a descarga neuronal. Dependendo do tipo de neurônio, esse efeito
é mediado por receptores α1 ou β. A facilitação da transmissão sináptica excitatória
está de acordo com muitos dos processos comportamentais que se acredita que
envolvam vias noradrenérgicas, como a atenção e o despertar. 5-hidroxitriptamina: as
vias da 5-hidroxitriptamina (5-HT, serotonina) originam-se, em sua maioria, de
neurônios nos núcleos da rafe, da linha média da ponte e da parte superior do tronco
encefálico. A 5HT está contido em fibras não mielinizadas que inervam difusamente a
maioria das regiões do SNC, mas a densidade da inervação varia. 5HT atua em mais
de 12 subtipos de receptores. Com exceção do receptor 5HT3, todos são
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metabotrópicos. 5HT3 ionotrópico exerce estimulação de ação rápida em um número
muito limitado de locais do SNC (ANDRADE et al, 2019).
Na maior parte das áreas do SNC, a 5-HT exerce forte ação inibitória. Essa
ação é mediada pelos receptores 5-HT1A e está associada à hiperpolarização da
membrana, causada por um aumento da condutância do K+. Alguns tipos de células
são excitados lentamente pela 5-HT, em razão de seu bloqueio dos canais de K+ por
meio dos receptores 5-HT2 ou 5-HT4. Podem ocorrer ações tanto excitatórias como
inibitórias no mesmo neurônio. A serotonina é encontrada em altas concentrações nas
células enterocromafins distribuídas por todo o trato gastrointestinal, nas plaquetas e
amplamente dispersa pelo SNC. No SNC, a 5-HT foi implicada na regulação de
praticamente todas as funções cerebrais, incluindo percepção, humor, ansiedade, dor,
sono, apetite, temperatura, controle neuroendócrino e agressão (BRUNTON, 2019).
Tendo em vista os amplos papéis desempenhados pela 5-HT na função do
SNC e a rica diversidade molecular de seus receptores, não é surpreendente que
muitos agentes terapêuticos sejam direcionados para o sistema serotoninérgico. O
subgrupo dos receptores 5-HT1 estão expressos no hipocampo e na amígdala,
regiões do SNC associadas ao humor e à ansiedade. Fluoxetina e buspirona são
exemplos de fármacos que atuam na neurotransmissão serotoninérgica,
respectivamente, para o tratamento de depressão e ansiedade (BRUNTON, 2019).
O subgrupo dos receptores 5-HT2 estão expressos nas regiões do SNC
associadas a alucinações, onde o alucinógeno dietilamida do ácido lisérgico (LSD)
atua e os receptores 5-HT2A estão envolvidos com esquizofrenia, pois a risperidona,
um fármaco antipsicótico com ação antisserotoninérgica, atua em receptores 5-HT2A.
O subgrupo dos receptores 5-HT3 está expresso na área póstrema, região do SNC
associada à indução de náuseas e vômitos (BRUM, 2018).
Ondasentrona e granisentrona são exemplos de fármacos que atuam como
antagonistas de receptores 5-HT3 e são usados no tratamento de náuseas e vômitos
induzidos por quimioterápicos antineoplásicos. Além disso, sumatriptana, trazodona e
cetancerina são exemplos de fármacos que atuam na neurotransmissão
serotoninérgica e, respectivamente, são úteis no tratamento de enxaqueca, depressão
e esquizofrenia. Histamina: no SNC, a histamina é exclusivamente produzida por
neurônios no núcleo tuberomamilar no hipotálamo posterior. Esses neurônios se
projetam amplamente por todo o cérebro e medula espinhal, onde modulam o estado
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de alerta, a atenção, o comportamento alimentar e a memória. Existem quatro
receptores de histamina (H1 a H4), sendo que todos são metabotrópicos. Os
antihistamínicos de ação central são geralmente usados pelas suas propriedades
sedativas e o antagonismo dos receptores H1 constitui um efeito colateral comum de
muitos fármacos, incluindo alguns antidepressivos tricíclicos e antipsicóticos
(BRUNTON, 2019).
Neuropeptídeos: foram descobertos inúmeros peptídeos do SNC que produzem
efeitos tanto no comportamento animal, como na atividade de neurônios isolados. Em
muitos casos, os hormônios peptídicos descobertos na periferia também atuam como
neurotransmissores no SNC. Como esses peptídeos foram, em sua maioria,
inicialmente designados com base nas suas ações periféricas, os nomes
frequentemente não estão relacionados com sua função no SNC. As vias de muitos
dos peptídeos foram mapeadas com técnicas imuno-histoquímicas e incluem
peptídeos opioides (por exemplo, encefalinas e endorfinas), neurotensina, substância
P, somatostatina, colecistocinina, polipeptídeo intestinal vasoativo, neuropeptídeo Y e
hormônio liberador da tireotrofina (BRUM, 2018).
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5 AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS
Fonte: a4mbrasil.com
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sinápticos na célula-alvo (nicotínicos ou muscarínicos). Ao receptor pré-sináptico na
membrana neuronal que liberou Ach ou outros receptores-alvo pré-sinápticos
(BRUNTON, 2019).
A ligação ao receptor leva a uma reação fisiológica dentro da célula, como o
aparecimento de um impulso nervoso na fibra pós-ganglionar ou a ativação de
enzimas específicas em células efetoras mediadas por moléculas de segundo
mensageiro. O sinal no local efetor pós-funcional é rapidamente encerrado devido à
hidrólise da ACh por (AChE). Ou seja, toda a ACh liberada é distribuída através da
fenda sináptica e hidrolisada pela AChE, que divide a ACh na fenda sináptica em
colina e acetato, o que leva a uma interrupção da ação. Sistema de captura acoplado
de sódio de alta afinidade que transporta a molécula de volta ao neurônio. Lá é
acetilado em ACh, que fica armazenado até ser liberado por um possível efeito
secundário (BRUM, 2018).
Receptores colinérgicos
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6 CLASSES FARMACOLÓGICAS DE MEDICAMENTOS QUE ATUAM NO SNC
Fonte: petquimica.ufc
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respiratória e obstipação (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016;
WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016 apud BRUNTON, 2019).
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7 FARMACOLOGIA DOS ANTIDEPRESSIVOS
Fonte: wreducacional.com
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mesma maneira, os fármacos de primeira geração, que incluem IMAOs e ADTs,
também aumentam a neurotransmissão monoaminérgica: os IMAOs inibem o
metabolismo da monoamina e, assim, aumentam o armazenamento do
neurotransmissor nos grânulos secretores; os ADTs inibem a captação de 5-HT e NE.
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Embora os ISRSs apresentem efeitos adversos menos graves do que os ADTs
e os IMAOs, eles não são isentos de efeitos adversos, como cefaleia, sudorese,
ansiedade e agitação, náuseas, êmese, diarreia, fraqueza e cansaço. Disfunções
sexuais, incluindo perda de libido, ejaculação retardada e anorgasmia, são comuns
com os ISRSs. O manejo de tais efeitos pode ser realizado por meio da troca por outro
antidepressivo (como bupropiona ou mirtazapina) (BRUM, 2018).
Por outro lado, vale ressaltar que a vantagem farmacológica do uso dos ISRSs,
em especial a fluoxetina, quando comparada ao uso da amitriptilina, que é um ADT,
está principalmente na ausência de efeitos adversos cardiovasculares e autonômicos
periféricos, tais como boca seca, visão turva e retenção urinária. Além disso, ao
contrário dos ADTs, que têm múltiplos efeitos graves e potencialmente fatais em uma
superdose, os ISRSs têm relativamente poucos efeitos tóxicos graves e um potencial
muito baixo de fatalidade em uma superdose. Interações medicamentosas A fl
uoxetina e a paroxetina são potentes inibidores da isoenzima CYP450 (CYP2D6), e
quando administradas com outros fármacos simultaneamente induzem interações
medicamentosas, com a consequente diminuição da metabolização dos outros
fármacos (ADTs, antipsicóticos e alguns antiarrítmicos e β-antagonistas adrenérgicos)
(BRUNTON, 2019).
Mecanismo de ação
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são náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação.
Em doses elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência
cardíaca. Efeitos adversos gastrointestinais são comuns com a duloxetina, incluindo
náuseas, xerostomia e constipação. Insônia, tonturas, sonolência, sudorese e
disfunção sexual também são observadas. A duloxetina pode aumentar a pressão
arterial e a frequência cardíaca. A duloxetina é amplamente biotransformada em
metabólitos inativos no fígado e, portanto, deve ser evitada em pacientes com
insuficiência hepática (BRUNTON, 2019).
Interações medicamentosas
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mecanismos de recaptação de NE e 5-HT, responsável pelo término das ações
sinápticas da NE e 5-HT no cérebro. Dessa forma, tal ação produz um aumento das
ações dos neurotransmissores nos receptores pós-sinápticos e, consequentemente,
aumento da neurotransmissão noradrenérgica e serotoninérgica.
Efeitos adversos
Os antidepressivos tricíclicos apresentam inúmeros efeitos adversos em razão
da ação em outros neurotransmissores: a) bloqueio dos receptores colinérgicos
muscarínicos causa visão turva, xerostomia (boca seca), retenção urinária,
taquicardia, constipação e agravamento do glaucoma de ângulo fechado; b) bloqueio
dos receptores α-adrenérgicos causa hipotensão ortostática, tonturas e taquicardia
reflexa; e c) bloqueio dos receptores H1 histamínicos causa sedação, que pode ser
significativa, especialmente durante as primeiras semanas do tratamento (BRUNTON,
2019).
Além disso, os ADTs estão relacionados com o aumento de peso. Também
estão relacionados à disfunção sexual, porém em uma minoria de pacientes, e a
incidência é menor do que a associada com o ISRSs. Os ADTs podem agravar certas
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condições médicas, como hiperplasia prostática benigna, epilepsia e arritmias
preexistentes.
Como com todos os antidepressivos, os ADTs devem ser usados com cautela
em pacientes com transtorno bipolar, inclusive durante a fase depressiva,
pois podem causar alterações no comportamento maníaco (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016
apud BRUM, 2018).
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Os IMAOs são bem absorvidos por administração oral, são biotransformados
no fígado e excretados rapidamente na urina (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN,
2016). Mecanismo de ação O mecanismo de ação envolve a inibição da MAO-A,
enzima responsável pela metabolização de NE, 5-HT e tiramina, bem como a MAO-
B, que metaboliza a dopamina.
Antidepressivos atípicos
Mecanismo de ação
8 FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS
Fonte: inpaonline.com
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na cognição e na memória. A buspirona atua no sistema serotoninérgico (agonista
parcial nos receptores 5-HT1A). Os antagonistas β-adrenérgicos, em especial
fármacos mais lipossolúveis (como o propranolol e o nadolol), são usados
ocasionalmente para o controle da ansiedade de desempenho, como o medo de falar
em público. Porém, podem causar hipotensão. O anti-histamínico hidroxizina tem sido
usado como ansiolítico, mas produz sedação de curta duração e tem sido útil em
pacientes que não podem usar outros tipos de ansiolíticos (por exemplo, aqueles com
histórico de uso abusivo de fármacos ou álcool, em que os benzodiazepínicos seriam
evitados) (BRUNTON, 2019).
8.1 Benzodiazepínicos
38
A potencialização na condução do íon cloreto induzida pela interação dos
benzodiazepínicos com os receptores GABA significa um aumento na frequência da
abertura do canal.
Efeitos adversos: os efeitos adversos mais comuns com o uso dos
benzodiazepínicos é a sonolência e a confusão, causando alteração na coordenação
motora e, dessa forma, podendo interferir em tarefas que exigem concentração e
atenção, como o ato de dirigir. Também pode ocorrer comprometimento cognitivo. Os
benzodiazepínicos devem ser usados com cautela em pacientes com insuficiência
hepática e devem ser evitados em pacientes com glaucoma de ângulo estreito.
Buspirona
A buspirona tem efeitos ansiolíticos seletivos e suas características
farmacológicas são diferentes das atribuídas aos fármacos benzodiazepínicos.
Buspirona alivia a ansiedade sem provocar fortes efeitos sedativos ou eufóricos e não
tem propriedades hipnóticas, anticonvulsivantes ou relaxantes musculares.
Diferentemente dos benzodiazepínicos, os efeitos ansiolíticos da buspirona podem
levar mais de uma semana para surgirem, tornando o medicamento inadequado ao
controle dos estados de ansiedade agudos. É usada em estados de ansiedade
generalizados, mas não se mostra muito efi ciente nos distúrbios de pânico (BRUM,
2018).
A buspirona tem uma tendência mínima ao abuso. Mecanismo de ação: o
mecanismo de ação da buspirona para exercer seus efeitos ansiolíticos envolve ação
como um agonista parcial nos receptores 5-HT1A presentes no cérebro, mas também
tem afinidade pelos receptores D2 dopaminérgicos presentes no cérebro. Efeitos
adversos: com relação aos efeitos adversos, pacientes tratados com buspirona não
apresentarão sinais de ansiedade de rebote nem sintomas de abstinência se houver
uma interrupção abrupta no tratamento. Provoca menor comprometimento psicomotor
do que o diazepam, não afetando a capacidade de dirigir veículos, nem potencializa
os efeitos depressores no SNC provocados pelos sedativo-hipnóticos convencionais,
etanol ou antidepressivos (BRUNTON, 2019).
Os pacientes idosos não são mais sensíveis aos seus efeitos. Podem ocorrer
taquicardia, palpitações, nervosismo, desconforto gastrointestinal e parestesia com
maior frequência com a buspirona do que com os benzodiazepínicos. A buspirona
também provoca constrição da pupila, dependendo da dose. A pressão arterial pode
39
ser elevada em pacientes tratados simultaneamente com antidepressivos inibidores
da monoaminoxidase (IMAO) (BRUNTON, 2019).
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Entre os barbitúricos, o tiopental e o metoexital são muito solúveis em gordura,
penetrando rapidamente no tecido cerebral após a administração intravenosa, uma
propriedade que favorece seu uso para induzir anestesia. Os benzodiazepínicos,
como diazepam, lorazepam e midazolam, são usados por via intravenosa na
anestesia, em muitos casos combinados com outros agentes (BRUM, 2018).
Porém, os benzodiazepínicos, administrados em grandes doses como
auxiliares dos anestésicos gerais, contribuem para depressão respiratória persistente
pós-anestesia, sendo provável que esse fator tenha relação com as suas meias-vidas
longas e a formação de metabólitos ativos. Efeitos anticonvulsivantes: a maioria dos
sedativo-hipnóticos é capaz de inibir o desenvolvimento e a dispersão da atividade
epiléptica no SNC. Existe alguma seletividade, pois alguns membros do grupo podem
exercer efeitos anticonvulsivantes sem a marcante depressão do SNC (embora a
função psicomotora possa ser prejudicada). Vários benzodiazepínicos, como
clonazepam, diazepam e lorazepam, são seletivos o bastante para serem
clinicamente úteis no tratamento dos quadros de crise. Dos barbituratos, o fenobarbital
é eficaz no tratamento das crises tônico-clônicas generalizadas (BRUNTON, 2019).
8.3 Barbituratos
41
glutâmico) e exercem efeitos nas membranas não sinápticas em paralelo com seus
efeitos na transmissão do GABA. Esses múltiplos locais de ação dos barbituratos
podem ser a base para sua capacidade de induzir à anestesia geral e seus efeitos
depressivos bem expressivos sobre o SNC (que resultam em baixa margem de
segurança), em comparação com os dos benzodiazepínicos.
Efeitos adversos: no SNC, os barbitúricos causam sonolência, dificuldade de
concentração e lassidão. Também estão relacionados com “ressaca farmacológica” e
dependência física. A retirada abrupta dos barbitúricos causa síndrome de abstinência
caracterizada por tremores, ansiedade, náuseas, convulsões, delírio e parada
cardíaca, podendo levar o paciente à morte (BRUM, 2018).
9 FARMACODEPENDÊNCIA
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com
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consequência de modificações cerebrais causadas por essas substâncias
(TONIAZZO, 2018).
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O uso da substância continua, apesar do conhecimento de que eles têm um
problema físico ou psicológico contínuo ou recorrente, causado ou exacerbado
por tal uso (TONIAZZO, 2018).
45
adaptação negativa, por diminuir a sensibilidade a uma próxima exposição à droga ou
fármaco. Ou seja, a ativação do CREB pode levar a uma forma de tolerância aos
efeitos prazerosos das drogas e fármacos. Essas alterações podem levar a um
comportamento negativo durante a primeira fase de abstinência, mas não têm
influência em alterações comportamentais mais duradouras, associadas ao fato de
dependentes apresentarem recaídas mesmo após anos ou décadas de abstinência.
Outro fator de transcrição relacionado com a dependência é o ΔFosB. Sabe-se
que a administração aguda de vários tipos de drogas/fármacos causa a ativação leve
desse fator no NAc. No entanto, quando acontecem repetidas exposições, a proteína
ΔFosB começa a se acumular, permanecendo por longo prazo no encéfalo, como
observado no estágio de transição do uso recreativo de drogas para o estágio de
dependência. Por exemplo, a administração crônica, mas não aguda, de cocaína,
anfetamina, opiáceos, nicotina e etanol induz o ΔFosB no NAc, permanecendo por
longos períodos mesmo após o fim do uso das drogas/fármacos (TONIAZZO, 2018).
46
2. Transição do uso recreativo para padrões de dependência (vício): essa
transição está relacionada com o efeito cumulativo de mudanças na função neuronal,
em resposta à exposição repetida a drogas/fármacos, e diminuem após dias ou
semanas sem o uso dessas substâncias. Essa adaptação acontece quando a ação
da dopamina em seu receptor (D1) sinaliza para a estimulação de proteínas de meia-
vida longas, como a ΔFosB. A proteína ΔFosB regula a síntese de subunidades dos
receptores ácido α-amino-3-hidróxi-5-metil-4-isoxazolpropiônico (AMPA) de glutamato
e de enzimas na ATV após poucos dias da descontinuação no uso de cocaína, o que
está relacionado ao desenvolvimento da dependência.
Evidências têm mostrado que a expressão gênica induzida pelo fator de
transcrição ΔFosB tem grande relação com as mudanças causadas pelo uso crônico
de cocaína no NAc, sendo esse fator altamente relacionado com a mudança de padrão
de uso de drogas/fármacos, do uso recreativo para o uso abusivo (BRUNTON, 20019).
Estágio final da dependência, caracterizado pela vontade excessiva de obter a
droga, diminuída capacidade de controlar a busca e reduzido prazer ou recompensa:
a maior vulnerabilidade a recaídas observada no estágio final da dependência perdura
por anos, como consequência das alterações celulares causadas pelo uso repetido
de drogas. Interessantemente, as alterações no conteúdo e na função de proteínas
nesse estágio se tornam maiores com o passar do tempo; quanto maior o período de
abstinência, mais intensos os comportamentos de busca pelas drogas. Essa
característica possivelmente está associada às mudanças de expressão de proteínas
que medeiam o estágio anterior (transição para dependência), pois essas proteínas
podem converter a vulnerabilidade a recaídas da forma reversível para irreversível.
Por isso, esse comportamento perdura por anos e décadas (TONIAZZO, 2018).
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Fonte: TONIAZZO, 2018.
10 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com
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por manifestações físicas causadas pela falta da droga ou fármaco. Nesse contexto,
é possível que o indivíduo seja dependente sem que tenha síndrome de abstinência,
assim como é possível que tenha a síndrome sem ter a dependência (TONIAZZO,
2018).
A administração de drogas e fármacos de forma prolongada induz a adaptações
no cérebro e em outros tecidos. Essas adaptações são moduladas pelo estimulo de
processos fisiológicos que contrapõem os efeitos causados por esses compostos,
processo conhecido como contra adaptação. Sabe-se que o etanol, os barbitúricos e
os benzodiazepínicos, por exemplo, são caracterizados por serem depressores da
excitabilidade neuronal, por provocarem mudanças no fluxo de íons e causarem
prejuízos na liberação de neurotransmissores (BRUNTON, 20019).
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11 O CID - CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS
Fonte: play.google.com
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A principal função da CID é monitorar a incidência e prevalência de doenças
por meio de uma padronização universal de doenças, problemas de saúde pública,
sinais e sintomas, enfermidades, causas externas de lesões e circunstâncias sociais,
e apresentar um amplo panorama da situação e sua população.
O CDI é usado por médicos, outros profissionais de saúde, pesquisadores e
executivos, empresas, seguradoras de saúde e pacientes para classificar doenças e
problemas de saúde em registros médicos.
Essa ferramenta foi traduzida para 43 idiomas diferentes e está presente em
mais de 115 países. Uma nova versão está disponível.
Fonte: image.slidesharecdn.com
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Fonte: scielosp.org
11.2 A CID-11
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Conhecimento médico atual O amplo espectro de entidades nosográficas
reflete o desenvolvimento científico.
• Abordagens contemporâneas de atenção primária com maior ênfase na área
em que a maioria dos diagnósticos são feitos.
• Revisão e atualização da seção que versa sobre a segurança do paciente.
• Atualização da seção sobre HIV, com base nas inúmeras descobertas sobre
o assunto nas últimas décadas.
• Parte complementar para avaliação funcional do paciente antes e após o
procedimento.
• Inclusão de todas as doenças raras. Importante ativo no campo da pesquisa
científica.
• Os códigos referentes a estresse pós-traumático foram atualizados e
simplificados.
• Perturbações de jogos eletrônicos foram adicionadas a condições que podem
ser viciantes. Outras modificações nosográficas e estruturais importantes da nova
versão da CID:
• O novo capítulo 7 trata dos distúrbios do sono e da vigília apresentados
anteriormente nos capítulos sobre o sistema respiratório, o sistema nervoso ou a
saúde mental.
• O capítulo 17, que trata das condições relacionadas à saúde sexual,
apresenta a condição de "incongruência de gênero", que antes era considerada
"saúde mental". A preocupação com a inclusão social e a aceitação das diferenças
são aspectos relevantes da nova versão da CID. Essa condição não seria possível
devido a pensamentos de cunho puramente cultural, sem embasamento científico
suficiente, aspecto que pode ser destacado como uma das principais áreas de
aprimoramento da CID11 (ALMEIDA et al, 2020).
• O novo capítulo 26 corresponde à seção específica da medicina tradicional.
Em vários países, os conceitos e práticas da medicina tradicional são usados sem
acompanhamento devido à falta de registro. O CID11 pode ser usado para monitorar
essas práticas e seu impacto na saúde pública (ALMEIDA et al, 2020).
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12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
56
FORMIGONI, M. L. O. S. et al. Efeitos das substâncias psicoativas: módulo 2. 11.
ed. Brasília: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2017
57
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
1072 p. MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 904 p.
58
SHATZBERG, A. F.; DEBATTISTA, C. Manual de psicofarmacologia clínica. 8. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2016.
World Health Organization. ICD-11 for mortality and morbidity statistics. Version: 2019
April. Geneva: WHO; 2019
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