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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL .................................... 4

3 PSICOFARMACOLOGIA .......................................................................... 13

3.1 Ansiolíticos ......................................................................................... 14

3.2 Antidepressivos .................................................................................. 15

3.3 Antipsicóticos ..................................................................................... 16

4 NEUROTRANSMISSORES ...................................................................... 17

4.1 Mecanismo de ação dos neurotransmissores .................................... 24

5 AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS ................................ 25

6 CLASSES FARMACOLÓGICAS DE MEDICAMENTOS QUE ATUAM NO


SNC............ ............................................................................................................... 27

7 FARMACOLOGIA DOS ANTIDEPRESSIVOS.......................................... 29

8 FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS.................................................................... 37

8.1 Benzodiazepínicos ............................................................................. 38

8.2 Fármacos hipnóticos e sedativos ....................................................... 40

8.3 Barbituratos ........................................................................................ 41

9 FARMACODEPENDÊNCIA ...................................................................... 42

9.1 Critérios para o diagnóstico de dependência ..................................... 43

9.2 Mecanismos moleculares da dependência......................................... 45

9.3 Estágios da dependência ................................................................... 46

10 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA............................................................. 48

11 O CID - CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE


DOENÇAS................................................................................................................. 50

11.1 A nova CID ...................................................................................... 53

11.2 A CID-11 ......................................................................................... 54

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ......................................................... 56


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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Fonte: pdi.sites.uff

O corpo possui uma rede de comunicação entre o cérebro e outros sistemas e


órgãos, chamada sistema nervoso. É responsável por capturar, interpretar e arquivar
informações e estímulos, especificando as reações que o organismo deve realizar
(SILVA, 2017).
Assim, sua função inclui estimular as respostas referentes aos movimentos, às
sensações e constatações. Esse sistema divide-se em SNC e sistema nervoso
periférico. O primeiro recebe e transmite informações recebidas para todos os
sistemas do organismo; já o segundo é responsável por conectar o SNC ao restante
do corpo por meio dos nervos e realizar suas ações somáticas e autônomas. O SNC
se constitui de células micróglia, dendrítica, de Schwann e neurônio, sendo a central
de comando que coordena todas as atividades. Já anatomicamente ele é composto
de encéfalo e medula espinal (BRUNTON, 2019).
O SNC se inicia no cérebro, especificamente no encéfalo, e se prolonga por
toda a medula espinal, o que o auxilia a se comunicar com todo o corpo.
Anatomicamente, ele se localiza na parte interna do esqueleto axial, por isso, a medula
espinal é protegida por partes ósseas (vértebras); e o encéfalo, pelos ossos do crânio,
sendo composto de cérebro, cerebelo e tronco encefálico (SILVA, 2017).

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Encéfalo

O encéfalo é uma estrutura que possui cerca de 35 bilhões de neurônios e o


peso aproximado de 1,4 kg. O cérebro, por sua vez, se trata da parte mais maciça
dele e é o órgão principal do sistema nervoso, com 90% da massa encefálica.
Composto de uma superfície com sulcos e reentrâncias, que forma as circunvoluções
cerebrais, ele se encarrega de coordenar as ações motoras, comanda os estímulos
sensoriais e as atividades neurológicas do organismo, como a memória, a
aprendizagem, o pensamento e a fala. A estrutura do cérebro é composta de duas
metades denominadas hemisférios direito e esquerdo, que são separados por uma
fissura longitudinal. A região mais externa dele se caracteriza pela cor acinzentada
que forma o córtex cerebral, conhecido como massa cinzenta, porém, internamente,
a coloração é esbranquiçada e chamada de substância branca (SILVA, 2017).
Segundo Brunton (2019) no organismo, seu fluxo de sangue só não fica mais
elevado do que nos rins e coração, assim, o cérebro é abundantemente irrigado devido
à sua necessidade de glicose e oxigênio Além dos hemisférios, o cérebro possui lobos,
regiões responsáveis por coordenar as funções específicas do organismo e que se
dividem em lobo frontal, temporal, parietal e occipital. Já ligadas ao córtex cerebral,
existem pequenas estruturas que se conectam à base do cérebro, como diencéfalo,
tálamo e hipotálamo.
O lobo frontal, também conhecido como córtex motor, é uma estrutura
localizada na frente do encéfalo e que ocupa a maior parte do córtex cerebral a partir
do sulco central. Ele cumpre as funções centrais no processamento das informações
e se divide em múltiplas regiões, que possuem diversas ações. Entre elas, destacam-
se o córtex motor, responsável pelas ações motoras e funções de movimento do
corpo; e o córtex pré-frontal, encarregado dos processos executivos, como tomada de
decisões e regulação das emoções (BRUNTON, 2019).
Conhecido como córtex auditivo e olfatório, o lobo temporal é uma estrutura
localizada nos dois lados do cérebro acima das orelhas. Ele se divide em função
cerebral esquerda e direita, esta controla as ações do lado esquerdo do corpo; e a
esquerda é responsável por controlar as ações do lado direito. Suas principais funções
incluem o discurso, a memória, o processamento visual, as funções olfativas, a leitura,
as respostas emocionais e o feedback auditivo. Já o lobo parietal é uma estrutura

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localizada perto do topo do cérebro, no centro do córtex cerebral, atrás e acima dos
demais lobos. Seu limite com os outros ocorre pelo sulco lateral em relação ao lobo
temporal e pelo sulco parieto-occipital, que o separa do lobo frontal. Ele se divide em
cinco áreas. A rotação pós-central é responsável pela principal área somatossensorial,
pois recebe e processa as informações relativas aos sentidos (SILVA, 2017).
O córtex parietal posterior se trata da estrutura que processa os estímulos
visualizados e, a partir disso, coordena todos os movimentos do corpo. Já o lobo
parietal superior faz a orientação espacial e as habilidades motoras finas; e o inferior
relaciona as expressões faciais às emoções, sendo fundamental para realizar as
operações matemáticas e executar a linguagem ou a expressão corporal. A área
sensorial primária, por sua vez, se encarrega do processamento das informações
associadas às sensações da pele, como calor, frio e dor. Assim, por meio dessas cinco
regiões, o lobo parietal participa dos processos sensoriais e perceptivos dos
indivíduos (BRUNTON, 2019).
O lobo occipital, por sua vez, é uma estrutura localizada na porção inferior do
cérebro, que processa os estímulos visuais, por isso, também se chama córtex visual.
Ele possui diversas subáreas responsáveis por processar os dados visuais, com
zonas especializadas na visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância e
demais situações relativas a ela. Essas porções são chamadas de área visual primaria
e, após seu processamento, há uma comparação do que foi visualizado e a
identificação, como um cachorro, um carro, um avião ou uma laranja. (BRUNTON,
2019).
Quando ocorre uma lesão nessa área, a pessoa fica impossibilitada de
reconhecer objetos, palavras e rostos de pessoas conhecidas ou de familiares.
Quanto às pequenas estruturas que se ligam à base do cérebro, há o telencéfalo
(integrado pelos lóbulos da olfação e os hemisférios cerebrais) e diencéfalo, sendo
este visto apenas na porção mais inferior do cérebro e se constitui de tálamo,
hipotálamo, epitálamo e subtálamo (SILVA, 2017).
O tálamo possui 3 cm de comprimento e compõe cerca de 80% do diencéfalo,
com duas massas ovuladas de substância cinzenta. Nesse sentido, alguns de seus
núcleos são responsáveis por transmitir os impulsos para áreas sensoriais do cérebro
da seguinte forma segundo Silva (2017):

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 o núcleo geniculado medial é responsável por transmitir os impulsos
auditivos;
 o núcleo geniculado lateral é responsável por transmitir os impulsos
visuais;
 o núcleo geniculado ventral posterior é responsável por transmitir os
impulsos para o paladar e as sensações somáticas, como o tato, a
pressão, a vibração, o calor, o frio e a dor. Portanto, o tálamo é a
estrutura que atua como uma estação intermediária para as fibras que
vão da parte inferior do cérebro e medula espinhal às áreas sensíveis do
cérebro, e são responsáveis por classificar as informações e direcioná-
las para regiões específicas para mais interpretação precisa ter.
Nesse sentido, ele faz as funções relacionadas ao comportamento emocional,
ao estado de alerta, à motricidade, à sensibilidade e à ativação do córtex. Já o
hipotálamo é uma área pequena localizada abaixo do tálamo, relacionada às funções
importantes do organismo, principalmente as que possuem relação com a atividade
dos sistemas. Mesmo com apenas 4 g, ele se trata de uma das áreas mais importantes
do sistema nervoso e se constitui, na maior parte, por uma substância cinzenta que
se agrupa em núcleos (BRUNTON, 2019).
Os impulsos dos neurônios que têm seus dendritos e corpos celulares no
hipotálamo são conduzidos pelos seus axônios até os neurônios situados na medula
espinal e, consequentemente, os impulsos se transferem para a parte periférica do
organismo. Assim, o hipotálamo é responsável por realizar o controle do sistema
nervoso autônomo; a regulação da temperatura corporal, do comportamento
emocional, do sono, da vigília, da ingestão de alimento e água, da diurese, do sistema
endócrino; além da geração e regulação dos ritmos circadianos (SILVA, 2017).
De acordo com Brunton (2019) o epitálamo, por sua vez, é uma estrutura que
possui três partes: o trígono da habênula, o corpo pineal e a comissura posterior. A
primeira é uma área triangular na parte de trás do tálamo perto da glândula pineal. O
corpo pineal se encarrega de secretar o hormônio melatonina, considerada a grande
responsável pelo sono e que faz o ajuste do relógio biológico do organismo. A
comissura posterior, por outro lado, consiste em um feixe de fibras arredondadas que
cruzam a linha média na junção do aqueduto com o terceiro ventrículo anterior e
cranial com o cálice superior.

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Por fim, o subtálamo é uma região de transição entre o diencéfalo e o
tegumento do mesencéfalo, que se localiza na parte inferior do tálamo, lateralmente
pela cápsula interna e medialmente pelo hipotálamo. Logo, uma lesão no seu núcleo
provoca nos indivíduos uma síndrome chamada de hemibalismo, que se caracteriza
pelos movimentos anormais das extremidades. O cerebelo também é conhecido no
organismo humano como metencéfalo, sendo responsável por regular a manutenção
e equilíbrio do corpo, bem como coordenar os tônus muscular e o desenvolvimento
motor dos indivíduos. Ele se constitui de um centro composto de uma substância
branca, chamada de corpo medular, em que se irradia a lâmina branca do cerebelo
revestida, externamente, por uma fina camada de substância cinzenta, denominada
córtex cerebelar (SILVA, 2017).
Quando é realizado um corte sagital no corpo medular do cerebelo, pode-se
observá-lo em uma imagem conhecida como “árvore da vida”. Na porção interior do
cerebelo, especificamente no campo medular, há quatro pares de núcleos centrais de
substância cinzenta, chamados de denteado, emboliforme, globoso e fastigial. Assim
como o cérebro, o cerebelo também é constituído de dois hemisférios, separados por
uma faixa bem estreita conhecida como vérmis (BRUNTON, 2019).
Segundo Silva (2017), o cerebelo está relacionado à integração sensório
motora, participa dos movimentos da cabeça, dos olhos e dos membros, coordena
todos os movimentos do corpo, bem como controla o equilíbrio durante a caminhada.
Logo após o cerebelo, tem-se o tronco encefálico. O tronco encefálico é composto de
três partes chamadas de mesencéfalo, ponte e bulbo. Nele, encontram-se muitos
corpos celulares de neurônios e os prolongamentos dos nervos que estão
relacionados às respostas sensoriais, motoras e autônomas da cabeça e do pescoço.
Assim, por meio dos nervos presentes no crânio, ele recebe as informações para
controlar as funções da cabeça e do pescoço de forma majoritária. Há ainda, na sua
constituição, uma rede de neurônios que se compõe de modo reticular e se envolve
na coordenação das atividades cardíacas e respiratórias.
O mesencéfalo é a menor parte do tronco encefálico, conectando a ponte e o
cerebelo com o telencéfalo. Ele ainda recebe informações sobre os músculos e
participa no controle das contrações musculares e postura corporal. Já a ponte está
localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, possui um sulco transversal demarcando a
separação entre as duas estruturas (que fica encoberta pelo cerebelo), bem como se

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conecta à coordenação das funções cerebelares de movimento e equilíbrio. O bulbo
também é chamado de medula oblonga, sendo que na porção inferior, ele está ligado
à medula espinal e, na parte superior, liga-se à ponte. Nele, você pode encontrar os
centros vitais, responsáveis pelo controle da respiração e dos batimentos cardíacos
(SILVA, 2017).

Medula espinal

A parte mais alongada do SNC é a medula espinal, que recebe esse nome
porque medula significa miolo e indica o que está dentro. Logo, ela se localiza dentro
das vértebras ou espinhas e possui um cordão cilíndrico formado por células
nervosas, que se situam no canal interno das vértebras que compõem a coluna
vertebral. Em um homem adulto, essa estrutura pode medir até 45 cm e, na mulher,
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fica um pouco menor. Na parte superior, a medula espinal liga-se ao bulbo, próximo
ao forame magno do osso occipital e, na sua porção inferior, em um adulto, está
situada na vértebra lombar 2 (L2). Na sua constituição longitudinal, ela vai afinando e
formando o cone medular, que segue com um filamento meníngeo denominado de
filamento terminal (SILVA, 2017).
Apesar de a medula espinal apresentar um formato cilíndrico e achatado, seu
calibre não é uniforme, pois ela possui duas dilatações denominadas de
intumescências cervical e lombar, que são formadas pela maior quantidade de
neurônios e fibras nervosas que entram ou saem dessas áreas da medula. Elas
realizam uma conexão de forma mais grossa com as raízes nervosas que formam o
plexo braquial e lombossacral, os quais se destinam à inervação dos membros
superiores e inferiores (BRUNTON, 2019).
A intumescência cervical encontra-se entre a vértebra cervical 4 (C4) e a
torácica 1 (T1); já a lombar ou lombossacral se situa entre os seguimentos da vértebra
torácica 11 (T11) até a lombar 1 (L1) da medula espinal. Além das intumescências, na
superfície, a medula possui alguns sulcos que percorrem sua extensão, como o sulco
mediano posterior, sulco lateral posterior e sulco lateral anterior. Já na medula cervical
apenas, há o sulco intermédio posterior, que fica entre o mediano posterior e o lateral
posterior. Na medula espinal, existe ainda uma substância cinzenta presente na parte
interior da substância branca, que apresenta a forma de um H.
Ela é composta de corpos das células nervosas (os neurônios) e responsável
por interpretar os impulsos nervosos das diversas regiões do corpo e enviá-las para o
encéfalo, produzindo impulsos e coordenando as atividades musculares e os reflexos.
Essa substância se origina no cérebro, a matéria branca, por outro lado, é formada
por fibras que se movem para cima e para baixo ao longo do cordão, que podem ser
agrupadas dos dois lados em três funículos, chamados cordões (BRUNTON, 2019).
Ela se conecta à substância cinzenta para enviar impulsos nervosos entre os
neurônios. Assim, a mielina age como isolante, aumentado a velocidade de
transmissão de todos os sinais nervosos. O funículo anterior está localizado entre a
fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior. Já o funículo lateral se situa entre o
sulco lateral posterior e o sulco lateral anterior. O funículo posterior, por sua vez, se
encontra entre o sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior. Por meio da

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medula espinal, o SNC se comunica com o restante do organismo, e há a coordenação
das respostas rápidas do corpo e dos reflexos (SILVA, 2017).

Na medula, originam-se 31 pares de nervos espinhais, sendo oito cervicais,


12 torácicos, cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo, os quais realizam
uma conexão com as células sensoriais e os diferentes músculos do corpo
(VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016 apud SILVA, 2017).

A medula espinal é responsável por inervar tanto os aspectos motores como


sensoriais das mais diversas áreas do corpo. Essa inervação ocorre devido aos
nervos espinais que se originam da medula espinal e da coluna vertebral, percorrendo
o organismo até a região alvo. A altura em que esse nervo se origina (cervical,
torácico, lombar ou sacral) corresponde à região específica em que ele realiza o
controle sensório motor. Por exemplo, os nervos espinais que se originam entre C8 e
T1 são responsáveis pela inervação das partes distais dos membros superiores, já
aqueles que têm origem nas vértebras lombares, geralmente realizam a inervação de
membros inferiores, como L1, L2, L3, L4 e L5 (BRUNTON, 2019).
Outro ponto importante para se destacar sobre este aspecto da medula espinal
é que, embora a inervação dos membros inferiores seja realizada pelos nervos
espinais conectados às vértebras lombares e sacrais, as estruturas nervosas que
transportam informações e estímulos elétricos dessas regiões percorrem um longo
caminho dentro da medula espinal até chegar ao encéfalo (SILVA, 2017).
Apesar dos nervos espinais lombares e torácicos serem observados nas
porções mais distais da coluna vertebral, eles passam por toda a medula espinal, logo,
na altura da quinta vértebra torácica, originam-se os nervos espinais T5, além de
existir estruturas nervosas de todos os nervos espinais distais. Estes conhecimentos
facilitam bastante o entendimento das lesões que ocorrem na medula espinal e quais
as consequências que elas podem trazer para o indivíduo lesado. Ao ocorrer um dano
na medula (geralmente causado por grandes traumas na coluna vertebral, como
acidentes de trânsito, ferimentos por armas de fogo, quedas, etc.), pode acontecer
uma interrupção dos tratos aferentes (que levam a informação da periferia ao cérebro)
e dos eferentes (que levam o estímulo ao movimento do cérebro à periferia),
provocando prejuízos tanto na sensibilidade como na capacidade de movimentação
corporal (SILVA, 2017).
As lesões medulares são classificadas de acordo com o nível da vértebra ferida
e, nas repercussões mais graves, ocorre o acometimento dessa vértebra em diante.
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Assim, os danos nas vértebras cervicais tornam-se os mais graves, considerando que
todas as estruturas inervadas por nervos espinais, que se originam nas vértebras mais
distais que a lesionada, serão afetadas. Nesse caso, de uma lesão nas vértebras
cervicais, as consequências mais graves podem resultar na paralisia de todos os
membros (tetraplegia), bem como afetar o tronco. Já as lesões na vértebra T12
provocam paralisia apenas dos membros inferiores (paraplegia), mas os superiores
seguem intactos, pois o dano na medula não afetou os pontos de origem desses
nervos. Devido à grande importância do ponto de vista fisiológico, a medula espinal e
todo o SNC são revestidos por membranas que fazem o isolamento e a proteção do
sistema nervoso, as quais se chamam meninges e se dividem em três: dura-máter,
aracnoide e pia-máter (BRUNTON, 2019).
A membrana dura-máter é conhecida como a mais externa, mais espessa e
mais resistente do organismo. Ela se forma pelo tecido conjuntivo composto de fibras
colágenas, e sua porção mais externa fica em contato com os ossos, como uma luva,
recebendo o nome de saco dural. Nesse sentido, ela faz o contato de toda a medula
espinal e de parte dos seus nervos com as vértebras. Já a aracnoide é considerada a
intermediária, porque está sempre entre a dura-máter e a pia-máter. Ela tem esse
nome devido à sua estrutura, que lembra a constituição de uma teia de aranha. A
membrana pia-máter, por sua vez, é a mais delicada das três e mais interna,
realizando o contato direto com o SNC. Ela ainda adere ao tecido superficial da
medula e penetra na fissura mediana anterior. No fim da medula espinal,
especificamente no cone medular, ela continua de modo caudal constituindo o
filamento esbranquiçado chamado de filamento terminal (SILVA, 2017).

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3 PSICOFARMACOLOGIA

Fonte: webstudy.pt

O século XX foi o marco no surgimento de tratamentos para os transtornos


mentais, dentre eles os psicofármacos. Especificamente nos anos 50, foram as
maiores descobertas desse período, cuja modalidade de tratamento vigente até então
era o isolamento e as terapias de eletrochoque aplicadas sem qualquer tipo de
segurança com o paciente (TAVARES, 2019).
Embora sejam amplamente utilizados na atualidade, é importante ressaltar que
a opção pelo uso de psicofármacos deve ser baseada no transtorno que afeta o
indivíduo, bem como nos sinais e sintomas clínicos e, ainda, considerando todo o seu
contexto social. Existem casos em que os psicofármacos podem não ser a melhor
opção, sendo recomendado o uso de psicoterapias, assim como há aqueles em que
pode haver combinação de ambas as terapêuticas (BRUNTON, 2019).
A escolha do psicofármaco adequado baseia-se nos sinais e sintomas
apresentados pelo indivíduo e sua doença de base, uma vez que o mecanismo de
ação dessas drogas está relacionado com o controle dos níveis de
neurotransmissores disponíveis no sistema nervoso central (SNC). Embora a
revolução causada pelo tratamento com psicofármacos tenha oferecido aos
profissionais de saúde outras alternativas no manejo dos transtornos mentais, é

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necessária constante atualização sobre as teorias biológicas que justificam o uso
desses medicamentos (TAVARES, 2019).

3.1 Ansiolíticos

Os fármacos ansiolíticos são indicados no tratamento de quadros de


ansiedade, além de serem bons indutores do sono, hipnóticos, relaxantes musculares
e anticonvulsivantes. Para compreender seu mecanismo de ação, é necessário que
você entenda o papel do GABA no corpo humano. Considerado o principal
neurotransmissor inibitório do SNC, o GABA é responsável pela redução/inibição das
atividades neuronais, sendo assim, o uso dos ansiolíticos é capaz de reduzir os
sintomas de ansiedade, induzir o sono e outros efeitos repercutidos pela
inibição/redução das atividades neuronais em nível de SNC (BRUNTON, 2019).
Dentre os fármacos ansiolíticos, a classe mais utilizada é a dos
benzodiazepínicos, cujo mecanismo de ação compreende o seguinte esquema: os
receptores de benzodiazepínicos na célula neuronal são um subtipo de receptor
GABA A e, por meio da sua ativação, a ação do GABA é intensificada, o que resulta
na abertura dos canais de cloro, provocando um influxo desse íon na célula nervosa,
reduzindo, assim, a excitação nervosa. Desse modo, compreende-se que essa é uma
ação indireta e limitada de acordo com a quantidade de GABA disponível (TAVARES,
2019).

Dentre os benzodiazepínicos, podemos encontrar: diazepam, clonazepam,


alprazolam, bromazepam, lorazepam, clobazam, cloxazolam, nitrazepam,
flunitrazepam, flurazepam, midazolam e clordiazepóxido (BAES; JURUENA,
2017 apud TAVARES, 2019).

A buspirona representa um fármaco ansiolítico não benzodiazepínico para uso


alternativo, visto que não apresenta inconvenientes como sedação e dependência,
comuns no uso dos benzodiazepínicos, sendo, então, uma segunda opção para o
tratamento dos transtornos de ansiedade quando existe contraindicações para o uso
dos benzodiazepínicos, também é escolhida para uso em pacientes idosos, ou em
abuso de substâncias como o álcool. Diferente dos benzodiazepínicos, a buspirona
atua como agonista parcial dos receptores de serotonina do tipo 1A (5HT1A), além de
atuar, ainda, como agonista ou antagonista sobre os receptores de dopamina do tipo
2 (D2) (BRUNTON, 2019).
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3.2 Antidepressivos

O mecanismo de ação dos fármacos antidepressivos está relacionado à sua


classe, embora, no geral, a maioria dos antidepressivos afetem os sistemas
serotonérgicos (5HT) ou catecolaminérgicos (dopamina e noradrenalina). Por meio de
diferentes mecanismos de ação envolvendo bloqueio da recaptação, liberação na
fenda sináptica, inibição do seu catabolismo (IMAO) ou por ação agonista ou
antagonista nos receptores presentes na membra celular, a concentração desses
neurotransmissores é alterada, embora os efeitos clínicos possam demorar para
aparecer (TAVARES, 2019).
Sabe-se ainda que a ação da maioria dos receptores está associada à proteína
G. Acredita-se que a ação prolongada dos antidepressivos sobre os receptores
poderia causar modulação dessa proteína e outros sistemas de segundos
mensageiros, como consequência, haveria uma alteração na conformação dos novos
receptores criados, o que resultaria na sua dessensibilização, contribuindo para a
ação terapêutica desses fármacos, bem como para o desenvolvimento de tolerância
e efeitos colaterais. Importante ressaltar, ainda, que todas as classes de
antidepressivos potencializam os efeitos do álcool sobre o SNC e a suspensão do seu
uso deve ocorrer de maneira gradual (BRUNTON, 2019).

Por atuar na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica, as


ações dos antidepressivos são efetivas no tratamento dos transtornos
depressivos, mas também podem ser utilizados em transtornos ansiosos, de
pânico e obsessivo-compulsivo, bulimia e anorexia, dor neuropática,
fibromialgia, dentre outros sinais e sintomas (BAES; JURUENA, 2017 apud
TAVARES, 2019).

A escolha do fármaco mais adequado a ser utilizado é fundamental para a


adesão do paciente ao tratamento, uma vez que essas substâncias se diferenciam em
relação aos efeitos colaterais comumente encontrados e que são grandes
responsáveis pela descontinuidade do tratamento, embora não exista uma classe de
antidepressivo superior a outra, uma vez que todos apresentam efetividade no
tratamento. Segundo a literatura científica, ao prescrever psicofármacos, o profissional
deve considerar o histórico do paciente a tratamentos anteriores, a sua resposta às
substâncias, bem como o desenvolvimento de tolerância, a presença de
comorbidades, a gravidade do quadro, dentre outras considerações referentes ao
histórico de saúde do paciente (TAVARES, 2019).
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3.3 Antipsicóticos

Os fármacos antipsicóticos podem ser classificados como típicos ou atípicos,


em geral, essa divisão está relacionada com seu mecanismo de ação,
predominantemente por meio do bloqueio de receptores da dopamina (D), no caso
dos típicos, e dos receptores dopaminérgicos e serotonérgicos (5HT), no caso dos
atípicos. Essa diferença resulta e manifestações de efeitos colaterais distintas. Pode
haver o bloqueio de todos os subtipos de receptores (D1, D2, D3 e D4) tanto nas vias
mesolímbicas quanto nas vias mesocorticais. O bloqueio dessas vias antagoniza a
ação da dopamina. Segundo Tavares (2019), os antipsicóticos podem ser utilizados
nos seguintes casos:
a) tratamento da Esquizofrenia (episódios agudos, tratamento de manutenção,
prevenção de recaídas);
b) transtornos delirantes;
c) Psicoses agudas;
d) Transtornos esquizoafetivos;
e) Episódios agudos de mania com sintomas psicóticos ou agitação;
f) Transtorno bipolar;
g) Depressão psicótica;
h) Psicoses induzidas por drogas;
i) Psicoses cerebrais orgânicas;
j) Controle da agitação e agressividade em pacientes com deficiência
intelectual ou demência;
k) Transtorno de Tourette e
l) Transtorno de personalidade Borderline.
Os antipsicóticos típicos disponíveis atualmente compreendem clorpromazina,
levomepromazina, flufenazina, haloperidol, tioridazina e pimozida, os atípicos são
representados por risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol,
sulpirida, amisulprida, asenapina e clozapina (TAVARES, 2019).

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4 NEUROTRANSMISSORES

Fonte: centroclinicoacras.com

A funcionalidade do sistema nervoso depende da comunicação entre


neurônios. Os neurotransmissores desempenham um papel fundamental na eficiência
dessa comunicação, qualquer modificação em sua liberação, conexão com receptores
ou recaptação compromete, de forma mais ou menos severa, o estado físico e mental
do indivíduo (COSTA, 2015).
Os neurotransmissores atuam como mediadores químicos na comunicação
intercelular através da ativação de recetores específicos e mensageiros secundários
nas células póssinápticas. Esta definição de neurotransmissor não é única.

Devido a inúmeras definições existentes de neurotransmissores foram


estabelecidos critérios para determinar se uma substância química é
considerada um neurotransmissor. A substância deve ser (1) sintetizada em
neurônios pré-sinápticos; (2) armazenado em vesículas nas terminações
sinápticas; (3) liberado após um estímulo nervoso; (4) atuar em receptores
pré ou pós-sinápticos específicos; (5) removido ou degradado após exercer
sua ação, e (6) sua aplicação exógena deve imitar o efeito pós-sináptico
(SÁMANO et al., 2012 apud COSTA, 2015).

Apesar da grande variedade de neurotransmissores, eles podem ser divididos


em três categorias: (1) monoaminas, como acetilcolina, serotonina e histamina; (2)
catecolaminas, tais como dopamina, epinefrina e norepinefrina; e (3) aminoácidos, tais
como glutamato, GABA e glicina.
17
Existem ainda os neuropéptidos que são moléculas de maiores dimensões
quando comparadas com os neurotransmissores acima referidos; os
neuropéptidos coexistem com as vesículas contendo os neurotransmissores
não peptídicos, presentes no citoplasma do terminal pré-sináptico (BARRET
et al., 2010 apud COSTA, 2015).

A comunicação entre os neurónios pré e pós-sinápticos ocorre em junções


especializadas denominadas sinapses que permitem a transmissão sináptica química
O neurónio présináptico liberta o neurotransmissor que se liga a proteínas específicas
presentes nos neurónios pós-sinápticos designadas recetores.

Os neurotransmissores ligam-se aos receptores e alteram a função neuronal


pós-sináptica. Existem dois tipos de receptores neurotransmissores: (1) os
receptores ionotrópicos, quando ativados, induzem mudanças rápidas na
permeabilidade e potencial de membrana do neurônio pós-sináptico; e (2)
receptores metabotrópicos, que, ao contrário dos receptores ionotrópicos,
desencadeiam respostas pós-sinápticas mais lentas porque esses receptores
regulam indiretamente a abertura e o fechamento dos canais iônicos e estão
ligados à proteína G (LOVINGER, 2008; KANDEL et al., 2008 apud COSTA,
2015).

Drogas de abuso, como cocaína ou heroína, têm a capacidade de afetar a via


de recompensa do cérebro, seja alterando diretamente a maneira como a dopamina
atua no sistema dopaminérgico ou modificando a atividade de outros
neurotransmissores que têm um efeito modulador. Dopaminérgico mesolímbico. Os
sistemas gabaérgico, serotonérgico, colinérgico, noradrenérgico e opióide interagem
com o sistema dopaminérgico mesolímbico e modulam sua atividade (COSTA, 2015).
O sistema nervoso, junto com o sistema endócrino, é responsável pela maioria
das funções de controle do corpo. As células principais que compõem todo esse
sistema chegam a bilhões e são chamadas de neurônios. Do corpo de cada neurônio
existem extensões que são chamadas de dendritos, e o axônio. Essas extensões
funcionam como se fossem fios que transportam impulsos nervosos captados pela
visão, olfato, audição, tato e paladar, portanto, quando um neurônio recebe um
determinado impulso, pode transmitir um estímulo, excitatório ou inibidor, a outro
neurônio distante (ANDRADE et al, 2019).
Esta comunicação neurônio-neurônio não é feita em uma base 1: 1, na verdade,
muitas vezes um único neurônio pode enviar impulsos nervosos para muitos outros,
através dos ramos finais e seu axônio. Portanto, o cérebro humano vive
constantemente uma conexão de impulsos nervosos em todas as direções, um

18
mecanismo da impressionante complexidade que tem como resultado o pensamento,
a ação, locomoção, manifestação de alegria ou de preocupação (BRUNTON, 2019).
Os impulsos nervosos para passar de um neurônio a outro, através do axônio,
devem passar por um espaço entre eles, que é chamado de fenda sináptica. Esta
função de passar e receber o estímulo é chamada de sinapses. Os nervos podem
passar por esse espaço, o primeiro neurônio, por meio de impulsos que chegam ao
seu término, liberando substâncias químicas que estimulam ou inibem o próximo.
Esses produtos químicos, sintetizados e liberados pelos neurônios, são chamados de
neurotransmissores. Os quais têm um papel fundamental no nosso sistema nervoso
(ANDRADE et al, 2019).
Considerando que a seletividade dos fármacos baseia-se no fato de que
diferentes vias utilizam transmissores diferentes, uma das principais metas dos
neurocientistas foi identificar os neurotransmissores nas vias do SNC. Nesse contexto,
foram estabelecidos alguns critérios para que uma determinada substância química
fosse identificada como transmissor segundo Brum (2018):
a) Localização: é necessário demonstrar que o transmissor está presente nas
terminações pré-sinápticas da sinapse e nos neurônios a partir dos quais se originam
as vias pré-sinápticas.
b) Liberação: um suposto transmissor deve ser liberado de um neurônio em
resposta à atividade neuronal e de maneira dependente de cálcio.
c) Mimetismo sináptico: a aplicação da substância de teste deve produzir uma
resposta que imita a ação do transmissor liberado pela estimulação do nervo e a
aplicação de um antagonista seletivo deve bloquear a resposta, ou seja, os agonistas
e antagonistas farmacológicos específicos devem imitar e antagonizar,
respectivamente, as funções medidas do transmissor putativo com afinidade
adequada e ordem de potência (BRUM, 2018).
Com base nos critérios apresentados anteriormente, inúmeras moléculas foram
isoladas do cérebro e os estudos utilizando uma variedade de abordagens sugerem
que os tais agentes são neurotransmissores. Apresentamos, agora, a descrição dos
neurotransmissores bem como as funções fisiológicas: Aminoácidos: os aminoácidos
de interesse para a farmacologia enquadram-se em duas categorias: o aminoácido
ácido glutamato e os aminoácidos neutros glicina e GABA. Todos esses compostos
estão presentes em altas concentrações no SNC e são potentes modificadores da

19
excitabilidade neuronal. Glutamato: a transmissão sináptica excitatória é mediada pelo
glutamato, que está presente em concentrações muito altas nas vesículas sinápticas
excitatórias (cerca de 100 mM) (BRUNTON, 2019).
O glutamato é liberado na fenda sináptica por exocitose dependente de Ca2+.
O glutamato liberado atua sobre os receptores pós-sinápticos de glutamato e é
depurado por transportadores de glutamato, presentes na glia circundante. Na glia,
esse aminoácido é convertido em glutamina pela glutamina-sintetase, liberada da glia,
captada pelo terminal nervoso e convertida de volta em glutamato, pela enzima
glutaminase. Os neurônios testados são fortemente excitados pelo glutamato, sendo
a excitação causada pela ativação dos receptores tanto ionotrópicos quanto
metabotrópicos. Os receptores ionotrópicos são divididos em três subtipos, com base
na ação de agonistas seletivos: o ácido α-amino-3-hidroxi-5-metilisoxazol-4-
propiônico (AMPA), o ácido caínico (KA) e o N-metil-d-aspartato (NMDA) (BRUNTON,
2019).

Os receptores de glutamato metabotrópicos são receptores acoplados à


proteína G, atuando indiretamente sobre os canais iônicos por meio dessa
proteína. Os receptores metabotrópicos (mGluR1 a mGluR8) são divididos
em três grupos (I, II e III) (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016;
KATZUNG; TREVOR, 2017 apud (BRUM, 2018).

GABA e glicina: tanto o GABA quanto a glicina são neurotransmissores


inibitórios liberados pelos interneurônios locais. Os interneurônios que liberam glicina
estão restritos à medula espinal e ao tronco encefálico, enquanto que os
interneurônios que liberam GABA estão presentes em todo o SNC, incluindo a medula
espinal. É interessante observar que alguns interneurônios da medula espinal podem
liberar tanto GABA como glicina. Os receptores de glicina são estruturas pentaméricas
seletivamente permeáveis ao Cl−. A estricnina, que é um potente convulsivante na
medula espinal e tem sido usada em alguns raticidas, bloqueia seletivamente os
receptores de glicina (BRUNTON, 2019).
Os receptores de GABA são divididos em três tipos principais: GABAA, GABAB
e GABAC. O subtipo GABA mais proeminente, o receptor GABAA, é um receptor
ionotrópico, ou seja, um canal iônico de Cl- regulado por ligando; o receptor GABAB
é um receptor acoplado à proteína G e o receptor GABAC é um canal de Cl–
controlado por transmissor. Assim, os receptores de GABAA são ionotrópicos e, à
semelhança dos receptores de glicina, são estruturas pentaméricas seletivamente

20
permeáveis ao Cl−. Esses receptores são seletivamente inibidos pela picrotoxina e
pela bicuculina, as quais, ambas, provocam convulsões generalizadas. Foram
clonadas inúmeras subunidades dos receptores de GABAA, e isso explica a grande
diversidade na farmacologia dos receptores de GABAA, tornando-os alvos essenciais
para agentes clinicamente úteis (BRUNTON, 2019).
Em vez disso, os receptores GABA são receptores metabotrópicos ativados
seletivamente pelo baclofeno, uma droga antiespasmódica, esses receptores são
acoplados às proteínas G que, dependendo de sua posição celular, inibem os canais
de Ca2 + ou ativam os canais de K + (BRUM, 2018).
Acetilcolina: a acetilcolina foi o primeiro composto a ser identificado
farmacologicamente como transmissor no SNC. As respostas do SNC à acetilcolina
são mediadas, em sua maior parte, por uma grande família de receptores
muscarínicos acoplados à proteína G. Em alguns locais, a acetilcolina provoca inibição
lenta do neurônio ao ativar o subtipo M2 do receptor, que abre os canais de K+. Uma
ação muscarínica muito mais disseminada em resposta à acetilcolina consiste em
excitação lenta que, em alguns casos, é mediada por receptores M1. Oito núcleos
principais de neurônios acetilcolina no SNC foram caracterizados com projeções
difusas, incluindo neurônios neostriatal, núcleo septal mediano e formação reticular,
que parecem desempenhar papéis importantes na função cognitiva, particularmente
na memória (BRUNTON, 2019).

Foi relatada a associação da demência pré-senil do tipo Alzheimer a uma


elevada perda de neurônios colinérgicos (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016; KATZUNG; TREVOR, 2017 apud BRUM, 2018).

Monoaminas: as monoaminas incluem as catecolaminas (dopamina e norepinefrina)


e a 5-hidroxitriptamina (serotonina). O neurotransmissor diamínico, a histamina, tem
várias semelhanças com essas monoaminas. Embora esses compostos estejam
presentes no SNC em quantidades muito pequenas, eles podem ser localizados por
métodos histoquímicos extremamente sensíveis, e essas vias são o local de ação de
muitos medicamentos; por exemplo, estimulantes do SNC, como cocaína e
anfetamina, que parecem agir principalmente nas sinapses das catecolaminas.

A cocaína bloqueia a recaptação de dopamina e de norepinefrina, ao passo


que as anfetaminas fazem os terminais pré-sinápticos liberarem esses
transmissores (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; KATZUNG;
TREVOR, 2017 apud BRUM, 2018).

21
Dopamina: as principais vias que contêm dopamina são a projeção que liga a
substância negra ao neoestriado e a projeção que liga a região tegmentar ventral às
estruturas límbicas, particularmente o córtex límbico. A ação terapêutica da levodopa,
um fármaco antiparkinsoniano, está associada à primeira área (substância negra), ao
mesmo tempo em que se acredita que a ação terapêutica dos fármacos antipsicóticos
esteja associada às estruturas límbicas. Além disso, os neurônios que contêm
dopamina no hipotálamo ventral desempenham um importante papel na regulação da
função hipofisária. Foram identificados cinco receptores de dopamina, que são
divididos em duas categorias: semelhantes a D1 (D1 e D5) e semelhantes a D2 (D2,
D3 e D4) (BRUNTON, 2019).
Todos os receptores de dopamina são metabotrópicos. Em geral, a dopamina
exerce uma ação inibitória lenta sobre os neurônios do SNC. Essa ação foi mais bem
caracterizada nos neurônios da substância negra que contêm dopamina, nos quais a
ativação do receptor D2 abre os canais de K+ pela proteína de acoplamento Gi.
Norepinefrina: Os neurônios noradrenérgicos são encontrados principalmente no
locus ceruleus ou na área tegmentar lateral da formação reticular. Todos os subtipos
de receptores noradrenérgicos são metabotrópicos. Quando aplicada a neurônios, a
norepinefrina tem a capacidade de hiperpolarizá-los, aumentando a condutância do
K+. Este efeito é mediado por receptores α2 e foi posteriormente caracterizado em
neurônios no locus ceruleus. Em muitas regiões do SNC, a norepinefrina aumenta os
impulsos excitatórios por mecanismos diretos e indiretos (BRUNTON, 2019).
O mecanismo indireto envolve a desinibição, ou seja, os neurônios inibitórios
do circuito local são inibidos. O mecanismo direto envolve o bloqueio da condutância
do K+, que retarda a descarga neuronal. Dependendo do tipo de neurônio, esse efeito
é mediado por receptores α1 ou β. A facilitação da transmissão sináptica excitatória
está de acordo com muitos dos processos comportamentais que se acredita que
envolvam vias noradrenérgicas, como a atenção e o despertar. 5-hidroxitriptamina: as
vias da 5-hidroxitriptamina (5-HT, serotonina) originam-se, em sua maioria, de
neurônios nos núcleos da rafe, da linha média da ponte e da parte superior do tronco
encefálico. A 5HT está contido em fibras não mielinizadas que inervam difusamente a
maioria das regiões do SNC, mas a densidade da inervação varia. 5HT atua em mais
de 12 subtipos de receptores. Com exceção do receptor 5HT3, todos são

22
metabotrópicos. 5HT3 ionotrópico exerce estimulação de ação rápida em um número
muito limitado de locais do SNC (ANDRADE et al, 2019).
Na maior parte das áreas do SNC, a 5-HT exerce forte ação inibitória. Essa
ação é mediada pelos receptores 5-HT1A e está associada à hiperpolarização da
membrana, causada por um aumento da condutância do K+. Alguns tipos de células
são excitados lentamente pela 5-HT, em razão de seu bloqueio dos canais de K+ por
meio dos receptores 5-HT2 ou 5-HT4. Podem ocorrer ações tanto excitatórias como
inibitórias no mesmo neurônio. A serotonina é encontrada em altas concentrações nas
células enterocromafins distribuídas por todo o trato gastrointestinal, nas plaquetas e
amplamente dispersa pelo SNC. No SNC, a 5-HT foi implicada na regulação de
praticamente todas as funções cerebrais, incluindo percepção, humor, ansiedade, dor,
sono, apetite, temperatura, controle neuroendócrino e agressão (BRUNTON, 2019).
Tendo em vista os amplos papéis desempenhados pela 5-HT na função do
SNC e a rica diversidade molecular de seus receptores, não é surpreendente que
muitos agentes terapêuticos sejam direcionados para o sistema serotoninérgico. O
subgrupo dos receptores 5-HT1 estão expressos no hipocampo e na amígdala,
regiões do SNC associadas ao humor e à ansiedade. Fluoxetina e buspirona são
exemplos de fármacos que atuam na neurotransmissão serotoninérgica,
respectivamente, para o tratamento de depressão e ansiedade (BRUNTON, 2019).
O subgrupo dos receptores 5-HT2 estão expressos nas regiões do SNC
associadas a alucinações, onde o alucinógeno dietilamida do ácido lisérgico (LSD)
atua e os receptores 5-HT2A estão envolvidos com esquizofrenia, pois a risperidona,
um fármaco antipsicótico com ação antisserotoninérgica, atua em receptores 5-HT2A.
O subgrupo dos receptores 5-HT3 está expresso na área póstrema, região do SNC
associada à indução de náuseas e vômitos (BRUM, 2018).
Ondasentrona e granisentrona são exemplos de fármacos que atuam como
antagonistas de receptores 5-HT3 e são usados no tratamento de náuseas e vômitos
induzidos por quimioterápicos antineoplásicos. Além disso, sumatriptana, trazodona e
cetancerina são exemplos de fármacos que atuam na neurotransmissão
serotoninérgica e, respectivamente, são úteis no tratamento de enxaqueca, depressão
e esquizofrenia. Histamina: no SNC, a histamina é exclusivamente produzida por
neurônios no núcleo tuberomamilar no hipotálamo posterior. Esses neurônios se
projetam amplamente por todo o cérebro e medula espinhal, onde modulam o estado

23
de alerta, a atenção, o comportamento alimentar e a memória. Existem quatro
receptores de histamina (H1 a H4), sendo que todos são metabotrópicos. Os
antihistamínicos de ação central são geralmente usados pelas suas propriedades
sedativas e o antagonismo dos receptores H1 constitui um efeito colateral comum de
muitos fármacos, incluindo alguns antidepressivos tricíclicos e antipsicóticos
(BRUNTON, 2019).
Neuropeptídeos: foram descobertos inúmeros peptídeos do SNC que produzem
efeitos tanto no comportamento animal, como na atividade de neurônios isolados. Em
muitos casos, os hormônios peptídicos descobertos na periferia também atuam como
neurotransmissores no SNC. Como esses peptídeos foram, em sua maioria,
inicialmente designados com base nas suas ações periféricas, os nomes
frequentemente não estão relacionados com sua função no SNC. As vias de muitos
dos peptídeos foram mapeadas com técnicas imuno-histoquímicas e incluem
peptídeos opioides (por exemplo, encefalinas e endorfinas), neurotensina, substância
P, somatostatina, colecistocinina, polipeptídeo intestinal vasoativo, neuropeptídeo Y e
hormônio liberador da tireotrofina (BRUM, 2018).

4.1 Mecanismo de ação dos neurotransmissores

Os neurotransmissores são armazenados em vesículas neuronais. Assim que


ocorre a liberação, essas vesículas se desintegram na fenda sináptica e reagem
diretamente com os receptores localizados nas membranas do neurônio seguinte
(BRUNTON, 2019).
Para que a recuperação ocorra, o neurotransmissor liberado pelo próprio
neurônio deve ser recebido. Também é possível que outra parte do neurotransmissor
seja metabolizada ou destruída por enzimas e seus produtos sejam excretados no
corpo. Os neurônios devem sempre ter esses neurotransmissores disponíveis para
poder sintetizá-los a qualquer momento. O armazenamento de novas moléculas de
neurotransmissores, bem como de novas vesículas de neurônios para substituir as
usadas anteriormente. Quando sintetizado e não utilizado, o neurotransmissor deve
ser armazenado e aguardar o momento exato de sua liberação (ANDRADE et al,
2019).

24
5 AGONISTAS E ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

Fonte: a4mbrasil.com

A neurotransmissão em neurônios colinérgicos envolve seis etapas:


(1) síntese, (2) armazenamento, (3) liberação, (4) ligação da ACh ao receptor,
(5) degradação do neurotransmissor na fenda sináptica e (6) reciclagem de colina e
acetato (Figura 1). Ou seja, a ACh é sintetizada no citoplasma a partir da
acetilcoenzima A (Acetil-CoA) e colina; O acetil-CoA é sintetizado na mitocôndria e a
colina é transportada do fluido extracelular para o citoplasma do neurônio colinérgico
por um sistema de carga dependente de energia que carrega sódio e pode ser inibido
pelo hemicolínio (BRUM, 2018).

É importante que a absorção de colina seja a etapa limitante na síntese de


Ach, a acetil-CoA para formar ACh no citosol (WHALEN; FINKEL;
PANAVELLI, 2016 apud BRUM, 2018).

Uma vez sintetizada, a ACh é transportada do citoplasma para as vesículas,


onde é armazenada. A liberação da ACh ocorre quando um potencial de ação,
propagado por canais de sódio voltagem-dependentes chega ao terminal nervoso,
promovendo a abertura dos canais de cálcio voltagem-dependentes na membrana
pré-sináptica, aumento na concentração de cálcio intracelular. Portanto, níveis
elevados de cálcio promovem a fusão das vesículas sinápticas com a membrana
celular e liberam seu conteúdo no espaço sináptico. A Ach liberada das vesículas
sinápticas se difunde através do espaço sináptico e se liga aos receptores pós-

25
sinápticos na célula-alvo (nicotínicos ou muscarínicos). Ao receptor pré-sináptico na
membrana neuronal que liberou Ach ou outros receptores-alvo pré-sinápticos
(BRUNTON, 2019).
A ligação ao receptor leva a uma reação fisiológica dentro da célula, como o
aparecimento de um impulso nervoso na fibra pós-ganglionar ou a ativação de
enzimas específicas em células efetoras mediadas por moléculas de segundo
mensageiro. O sinal no local efetor pós-funcional é rapidamente encerrado devido à
hidrólise da ACh por (AChE). Ou seja, toda a ACh liberada é distribuída através da
fenda sináptica e hidrolisada pela AChE, que divide a ACh na fenda sináptica em
colina e acetato, o que leva a uma interrupção da ação. Sistema de captura acoplado
de sódio de alta afinidade que transporta a molécula de volta ao neurônio. Lá é
acetilado em ACh, que fica armazenado até ser liberado por um possível efeito
secundário (BRUM, 2018).

Receptores colinérgicos

Existem duas famílias de receptores colinérgicos, conhecidos como


muscarínicos e nicotina, que diferem entre si por causa de suas diferentes afinidades
por drogas que mimetizam os efeitos da ACh. Os receptores muscarínicos e
nicotínicos são alvos naturais da ACh endógena; H (BRUNTON, 2019).

ACh sintetizada, que é armazenada e liberada por neurônios colinérgicos,


bem como numerosos fármacos administrados para produzir efeitos
farmacológicos, tanto agonistas quanto antagonistas, incluindo esses
alcaloides muscarínicos e a nicotina (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN,
2016 apud BRUM, 2018).

Os receptores de nicotina formam uma superfamília de canais iônicos


controlados por ligante. A ligação de duas moléculas de ACh causa uma mudança
conformacional que permite a entrada de íons sódio, resultando na despolarização da
célula efetora. A nicotina em concentração baixa estimula o receptor; em
concentração alta, o bloqueia (BRUM, 2018).

26
6 CLASSES FARMACOLÓGICAS DE MEDICAMENTOS QUE ATUAM NO SNC

Fonte: petquimica.ufc

Inúmeras classes de medicamentos em uso clínico exercem seus efeitos


farmacológicos por meio de mecanismos envolvendo neurotransmissores que atuam
no SNC e eles podem atuar por efeitos específicos ou inespecíficos. O efeito de um
fármaco no SNC é considerado específico quando ele afeta um mecanismo molecular
reconhecível e único para as células-alvo que apresentam receptores para esse
composto. Por outro lado, o efeito de um fármaco é considerado inespecífico quando
produz efeitos em uma variedade de células-alvo diferentes, afetando, assim, um
conjunto diverso de sistemas neurobiológicos. Em geral, essa diferenciação é afetada
pela relação entre dose e resposta do fármaco e da célula, ou dos mecanismos
estudados. Mesmo que o fármaco seja altamente específico, quando testado em
concentrações baixas, ele pode produzir ações inespecíficas com doses mais altas.
Em geral, quanto mais potente é o fármaco em seu alvo desejado, menor é a
probabilidade de ele exercer efeitos diferentes do alvo (BRUNTON, 2019).
Em contrapartida, mesmo os fármacos que têm um amplo espectro de
atividade podem não atuar do mesmo modo em todos os níveis do SNC.

Por exemplo, os sedativos, os hipnóticos e os anestésicos gerais poderiam


ter pouquíssima utilidade se os neurônios centrais que controlam os sistemas
respiratório e cardiovascular fossem particularmente sensíveis às suas
ações. Embora o alívio da dor seja a meta ao se administrar um opiáceo,
deve-se também enfrentar os potenciais efeitos fora do alvo, como depressão

27
respiratória e obstipação (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016;
WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016 apud BRUNTON, 2019).

Depressores gerais (inespecíficos) do SNC: esse grupo inclui os gases e os


vapores anestésicos, os álcoois alifáticos e alguns fármacos hipnótico-sedativos.
Esses compostos têm em comum a capacidade de deprimir os tecidos excitáveis em
todos os níveis do SNC, resultando na redução da quantidade de transmissores
liberados por cada impulso nervoso, assim como na depressão geral da reatividade
pós-sináptica e no transporte iônico. Estimulantes gerais (inespecíficos) do SNC: os
fármacos desse grupo incluem o pentilenotetrazol e os compostos semelhantes
capazes de induzir intensa excitação do SNC, assim como as metilxantinas, que
apresentam ação estimulante muito mais fraca (BRUNTON, 2019).
A estimulação pode ser induzida por dois mecanismos gerais:
(1) bloqueio da inibição ou (2) excitação neuronal direta, que pode envolver o
aumento da liberação de transmissores ou o prolongamento da ação dos
transmissores, como ocorre quando é inibida a recaptação de um transmissor.
Fármacos que modificam seletivamente a função do SNC: os compostos desse grupo
podem causar depressão ou excitação. Em alguns casos, a droga pode produzir os
dois efeitos ao mesmo tempo em sistemas diferentes. Algumas substâncias ativas
deste grupo têm pouco efeito sobre o grau de excitabilidade nas doses utilizadas
terapeuticamente (BRUM, 2018).
As principais classes de fármacos com ações no SNC são: anticonvulsivantes,
agentes usados no tratamento da doença de Parkinson, analgésicos opioides e não
opioides, supressores do apetite, antieméticos, analgésicos-antipiréticos, alguns
estimulantes, agentes antidepressivos, antimaníacos e antipsicóticos, tranquilizantes,
sedativos e hipnóticos e fármacos usados no tratamento da doença de Alzheimer
(inibidores da colinesterase e neuroprotetores antiglutamato) (BRUNTON, 2019).

Ainda que a seletividade da ação possa ser expressiva, os fármacos


geralmente afetam várias funções neurológicas centrais com intensidades
variáveis e podem causar efeitos adversos (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016 apud BRUM, 2018).

28
7 FARMACOLOGIA DOS ANTIDEPRESSIVOS

Fonte: wreducacional.com

Observa-se na prática clínica que a maioria dos antidepressivos aumenta


direta ou indiretamente a ação da norepinefrina (NE) e / ou da serotonina
(5HT) no sistema nervoso central (SNC), o que sustenta a teoria das aminas
biogênicas. Que hipotetiza que a depressão é devido a uma diminuição da
serotonina e NE no SNC (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016 apud
BRUM, 2018).

Os medicamentos mais comumente usados, muitas vezes denominados de


antidepressivos de segunda geração, são os ISRSs e os IRSNs, que têm maior
eficácia e segurança em relação à maioria dos medicamentos mais antigos, ou seja,
os ADTs e os IMAOs. Mais recentemente, inibidores de recaptação de NE
relativamente seletivos (como a maprotilina) e antidepressivos atípicos tornaram-se
disponíveis, os quais diferem em sua estrutura química e modo de ação dos ADTs e
SSRI’s. De forma geral, o modo de ação dos antidepressivos está relacionado ao
aumento da neurotransmissão noradrenérgica ou serotoninérgica. De fato, sabe-se
que no caso da neurotransmissão das monoaminas (NE e 5-HT), a recaptação do
transmissor é o principal mecanismo pelo qual a neurotransmissão é encerrada.
Assim, inibir a recaptação pode aumentar a neurotransmissão, presumivelmente
diminuindo a liberação do transmissor da sinapse e aumentando o tempo de
permanência do transmissor na sinapse (BRUM, 2018).
Os inibidores da recaptação inibem tanto o transportador neuronial de
serotonina (SERT) quanto o transportador neuronial de NE (NET), ou ambos. Da

29
mesma maneira, os fármacos de primeira geração, que incluem IMAOs e ADTs,
também aumentam a neurotransmissão monoaminérgica: os IMAOs inibem o
metabolismo da monoamina e, assim, aumentam o armazenamento do
neurotransmissor nos grânulos secretores; os ADTs inibem a captação de 5-HT e NE.

Embora eficazes, esses agentes de primeira geração apresentam efeitos


colaterais e interações medicamentosas e alimentares que limitam a sua
utilização relativamente aos antidepressivos mais recentes (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016 apud BRUM, 2018).

Os aspectos farmacológicos, incluindo mecanismo de ação, efeitos adversos e


interações medicamentosas envolvendo as diferentes classes de fármacos
antidepressivos.
ISRSs
Os ISRSs constituem um grupo de fármacos antidepressivos que inibem
seletivamente a recaptação da 5-HT e como representantes de tal classe temos
fluoxetina (protótipo do grupo), sertralina, citalopram, escitalopram, fl uvoxamina e
paroxetina (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016). Essas drogas são bem
absorvidas por via oral e metabolizadas no fígado, com meia-vida de 18 a 24 horas,
mas a fluoxetina forma um metabólito ativo com meia-vida de vários dias. A dose de
todos os ISRSs deve ser reduzida em pacientes com insuficiência hepática .
(BRUNTON, 2019).
Mecanismo de ação

Os ISRSs bloqueiam a recaptação de 5-HT, levando, assim, ao aumento da


concentração do neurotransmissor na fenda sináptica.
Geralmente, leva duas semanas para produzir qualquer melhora significativa
no humor, e os benefícios máximos podem durar até 12 semanas ou mais. O principal
uso terapêutico dos ISRSs é no tratamento da depressão, para a qual eles são tão
eficazes quanto os ADTs.

Também são úteis em outros distúrbios psiquiátricos, incluindo TOC,


transtornos de pânico, de ansiedade generalizada, de estresse pós-
traumático, de ansiedade social e disfórico pré-menstrual, além de bulimia
nervosa (para a qual apenas a fluoxetina está aprovada) (WHALEN; FINKEL;
PANAVELLI, 2016 apud BRUM, 2018).

30
Embora os ISRSs apresentem efeitos adversos menos graves do que os ADTs
e os IMAOs, eles não são isentos de efeitos adversos, como cefaleia, sudorese,
ansiedade e agitação, náuseas, êmese, diarreia, fraqueza e cansaço. Disfunções
sexuais, incluindo perda de libido, ejaculação retardada e anorgasmia, são comuns
com os ISRSs. O manejo de tais efeitos pode ser realizado por meio da troca por outro
antidepressivo (como bupropiona ou mirtazapina) (BRUM, 2018).
Por outro lado, vale ressaltar que a vantagem farmacológica do uso dos ISRSs,
em especial a fluoxetina, quando comparada ao uso da amitriptilina, que é um ADT,
está principalmente na ausência de efeitos adversos cardiovasculares e autonômicos
periféricos, tais como boca seca, visão turva e retenção urinária. Além disso, ao
contrário dos ADTs, que têm múltiplos efeitos graves e potencialmente fatais em uma
superdose, os ISRSs têm relativamente poucos efeitos tóxicos graves e um potencial
muito baixo de fatalidade em uma superdose. Interações medicamentosas A fl
uoxetina e a paroxetina são potentes inibidores da isoenzima CYP450 (CYP2D6), e
quando administradas com outros fármacos simultaneamente induzem interações
medicamentosas, com a consequente diminuição da metabolização dos outros
fármacos (ADTs, antipsicóticos e alguns antiarrítmicos e β-antagonistas adrenérgicos)
(BRUNTON, 2019).

A inibição da CYP2D6 pode resultar em aumentos desproporcionais nas


concentrações plasmáticas de fármacos metabolizados pelo CYP2D6,
quando as doses desses fármacos são aumentadas (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016; KATZUNG; TREVOR, 2017 apud BRUM, 2018).

A fluvoxamina inibe diretamente CYP1A2 e CYP2C19; a fluoxetina e a


fluvoxamina também inibem CYP3A4. A fluoxetina apresenta diversas interações
farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Ela é um inibidor da CYP450 2D6 e, portanto,
pode inibir o metabolismo do propranolol e de outros β-bloqueadores, dos analgésicos
opioides, como tramadol, metadona, codeína e oxicodona, e muitos outros fármacos.
Essa inibição do metabolismo pode resultar em níveis plasmáticos bem mais altos do
fármaco administrado concomitantemente, levando a um aumento das reações
adversas associadas ao fármaco (BRUNTON, 2019).
A combinação de tramadol com fluoxetina tem sido ocasionalmente associada
à síndrome da serotonina, que é caracterizada por sudorese, instabilidade
autonômica, mioclonia, convulsões e coma. Outra interação medicamentosa
importante com ISRSs ocorre por meio de um mecanismo farmacodinâmico com os
31
antidepressivos IMAOs, pois estes potencializam os efeitos dos ISRSs em razão da
inibição do metabolismo da 5-HT (BRUNTON, 2019).

A administração desses fármacos em conjunto pode produzir aumentos na


concentração de 5-HT cerebral extracelular, levando à síndrome
serotoninérgica. Os sintomas da síndrome incluem hipertermia, rigidez
muscular, mioclonias, tremores, instabilidade autonômica, confusão,
irritabilidade e agitação, o que pode evoluir para coma e morte. O tratamento
inclui a suspensão de todos os fármacos serotoninérgicos, a administração
de antagonistas não seletivos de 5-HT e medidas de suporte (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016 apud BRUM, 2018).

IRSNs Quatro medicamentos com estrutura não tricíclica que inibem a


recaptação tanto de 5-HT quanto NE foram aprovados para uso nos EUA para
tratamento da depressão, transtornos de ansiedade e dor: a venlafaxina e seu
metabólito demetilado, desvenlafaxina, duloxetina e milnaciprano (também
denominado levomilnaciprana, aprovado apenas para dor da fibromialgia nos EUA)
(BRUM, 2018).

Mecanismo de ação

De forma geral, o mecanismo de ação dos fármacos IRSNs envolve a inibição


da recaptação de 5-HT e NE. Em doses terapêuticas, a venlafaxina é um potente
inibidor da captação de 5-HT, porém, em altas dosagens, é inibidor da captação de
NE. A duloxetina inibe a captação de 5-HT e NE em todas as dosagens. Ela é
extensamente biotransformada no fígado em metabólitos inativos e deve ser evitada
em pacientes com disfunção hepática. Usos terapêuticos Em geral, os fármacos
IRSNs são úteis em casos de depressão não responsiva aos ISRSs e também são
usados em pacientes depressivos com quadro de dor crônica, como dor lombar ou
muscular, neuropática, etc (BRUNTON, 2019).

Os usos não aprovados incluem incontinência urinária por estresse


(duloxetina), autismo, transtornos de compulsão alimentar, rubores,
síndromes álgicas, distúrbios disfóricos pré- -menstruais e transtorno do
estresse pós-traumático (venlafaxina) (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016; KATZUNG; TREVOR, 2017 apud BRUM, 2018).

Os IRSNs, apresentam vantagem sobre os ADTS, pois têm pouca atividade em


receptores adrenérgicos α, bem como pouca atividade em receptores muscarínicos
ou histamínicos. Os efeitos adversos mais comuns da venlafaxina e da desvenlafaxina

32
são náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação.
Em doses elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência
cardíaca. Efeitos adversos gastrointestinais são comuns com a duloxetina, incluindo
náuseas, xerostomia e constipação. Insônia, tonturas, sonolência, sudorese e
disfunção sexual também são observadas. A duloxetina pode aumentar a pressão
arterial e a frequência cardíaca. A duloxetina é amplamente biotransformada em
metabólitos inativos no fígado e, portanto, deve ser evitada em pacientes com
insuficiência hepática (BRUNTON, 2019).

Duloxetina está relacionado à retirada da medicação, que deve ser gradual,


pois há o risco de causar “síndrome de descontinuação dos antidepressivos”
se o tratamento for suspenso de modo súbito, desencadeando cefaleia,
irritabilidade, nervosismo e insônia (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN,
2016; KATZUNG; TREVOR, 2017 apud BRUM, 2018).

Interações medicamentosas

Duloxetina é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6 e pode aumentar a


concentração de fármacos biotransformados por essa via, como os antipsicóticos.
Importante considerar possível interação entre IRSN e IMAO. Embora seja sugerido
um período de 14 dias para o término do tratamento com IMAO e o início do tratamento
com venlafaxina, um intervalo de apenas sete dias após a suspensão da venlafaxina
é considerado seguro antes de iniciar um IMAO (BRUNTON, 2019).

A duloxetina tem um intervalo de tempo semelhante para iniciar após a


terapia com IMAO, mas requer um período de espera de apenas cinco dias
para iniciar o tratamento com IMAO após a interrupção da duloxetina
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016 apud BRUNTON, 2019).

Os ADTs e os IMAOs foram os primeiros antidepressivos a serem empregados


na clínica no tratamento da depressão. Os ADTs incluem as aminas terciárias
imipramina (o protótipo do grupo), amitriptilina, clomipramina, doxepina e trimipramina,
e as aminas secundárias, desipramina e nortriptilina e protriptilina. Maprotilina e
amoxapina são antidepressivos de estrutura tetracíclica, porém, comumente são
incluídos na classe geral dos ADTs (BRUNTON, 2019).
Os ADTs são bem absorvidos por via oral e são amplamente difundidos no SNC
devido à sua alta lipossolubilidade. São excretados como metabolitos inativos na
urina. Mecanismo de ação O mecanismo de ação dos ADTs envolve a inibição dos

33
mecanismos de recaptação de NE e 5-HT, responsável pelo término das ações
sinápticas da NE e 5-HT no cérebro. Dessa forma, tal ação produz um aumento das
ações dos neurotransmissores nos receptores pós-sinápticos e, consequentemente,
aumento da neurotransmissão noradrenérgica e serotoninérgica.

Além disso, os ADTs também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, α-


adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos, porém ainda não se conhece
exatamente quais os benefícios relacionados à atividade antidepressiva de
tais fármacos. Por outro lado, as ações dos ADTs nesses receptores são
responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016 apud BRUNTON, 2019).

Maprotilina e desipramina são inibidores relativamente seletivos da recaptação


de NE, e a amoxapina também bloqueia os receptores 5-HT2 e os receptores
dopaminérgicos do tipo D2. Os ADTs são efi cazes no tratamento de depressão
moderada e grave. Alguns pacientes com transtorno de pânico também respondem
aos ADTs. ADTs, particularmente amitriptilina, têm sido usados para prevenir
enxaquecas e tratar síndromes de dor crônica (por exemplo, dor neuropática). Baixas
dosagens de ADT, especialmente doxepina, podem ser usadas contra insônia
(BRUNTON, 2019).

As aprovações melhoram o humor e a advertência espiritual, aumentam a


atividade física e reduzem o mórbido de 50 a 70% das pessoas com
depressão (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016 apud BRUM, 2018).

Efeitos adversos
Os antidepressivos tricíclicos apresentam inúmeros efeitos adversos em razão
da ação em outros neurotransmissores: a) bloqueio dos receptores colinérgicos
muscarínicos causa visão turva, xerostomia (boca seca), retenção urinária,
taquicardia, constipação e agravamento do glaucoma de ângulo fechado; b) bloqueio
dos receptores α-adrenérgicos causa hipotensão ortostática, tonturas e taquicardia
reflexa; e c) bloqueio dos receptores H1 histamínicos causa sedação, que pode ser
significativa, especialmente durante as primeiras semanas do tratamento (BRUNTON,
2019).
Além disso, os ADTs estão relacionados com o aumento de peso. Também
estão relacionados à disfunção sexual, porém em uma minoria de pacientes, e a
incidência é menor do que a associada com o ISRSs. Os ADTs podem agravar certas

34
condições médicas, como hiperplasia prostática benigna, epilepsia e arritmias
preexistentes.

Como com todos os antidepressivos, os ADTs devem ser usados com cautela
em pacientes com transtorno bipolar, inclusive durante a fase depressiva,
pois podem causar alterações no comportamento maníaco (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016
apud BRUM, 2018).

Os fármacos ADTs são metabolizados pelo sistema microssomal hepático e,


portanto, sua metabolização é susceptível à variação em razão de possíveis
interações medicamentosas, quando administrados simultaneamente com fármacos
indutores ou inibidores enzimáticos. Os ADTs interagem com os antidepressivos
IMAOs e podem causar hipertensão, hiperpirexia, convulsões e coma. A interação
com depressores do SNC pode desencadear um quadro de sedação intensa (BRUM,
2018).
Ainda, os fármacos que inibem CYP2D6, como ISRSs, podem aumentar as
exposições plasmáticas de ADTs. Outros fármacos que podem atuar de maneira
semelhante são os agentes antipsicóticos com a fenotiazina, fármacos antiarrítmicos
tipo 1C e outros fármacos com efeitos antimuscarínicos, anti- -histamínicos e
antagonistas α-adrenérgicos. Os ADTs podem aumentar os efeitos das aminas
simpaticomiméticas e não devem ser usados concomitantemente com os IMAOs ou
em até 14 dias após a descontinuação dos IMAOs (BRUNTON, 2019).
IMAOs
Os fármacos antidepressivos IMAOs disponíveis atualmente na clínica médica
são a fenelzina, a tranilcipromina e a selegelina. Esses fármacos apresentam efeito
pronunciado sobre a capacidade do organismo em metabolizar monoaminas
endógenas (por exemplo, 5-HT, NE e DA) e monoaminas exógenas (por exemplo,
tiramina) (BRUM, 2018).

Mais recentemente, foram desenvolvidos inibidores reversíveis e seletivos de


MAO-A e MAO-B e esses fármacos têm menos efeitos colaterais e menos
interações com alimentos e outros fármacos. Selegilina, inibidor seletivo da
MAO-B, é utilizado no tratamento da doença de Parkinson; os inibidores
seletivos da MAO-A, como a moclobemida, são antidepressivos eficazes. Os
IMAOs (por exemplo, fenelzina e tranilcipromina) têm estrutura similar à das
anfetaminas, sendo ativos quando administrados por via oral (WHALEN;
FINKEL; PANAVELLI, 2016 apud BRUM, 2018).

35
Os IMAOs são bem absorvidos por administração oral, são biotransformados
no fígado e excretados rapidamente na urina (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN,
2016). Mecanismo de ação O mecanismo de ação envolve a inibição da MAO-A,
enzima responsável pela metabolização de NE, 5-HT e tiramina, bem como a MAO-
B, que metaboliza a dopamina.

A maioria dos IMAOs, como a fenelzina, forma complexos estáveis com a


enzima, causando inativação irreversível. Isso resulta em aumento dos
estoques de NE, 5-HT e dopamina no interior dos neurônios e subsequente
difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica (WHALEN;
FINKEL; PANAVELLI, 2016 apud BRUM, 2018).

Antidepressivos atípicos

Antidepressivos atípicos constituem um grupo de fármacos que diferem na


estrutura química e no mecanismo de ação, não estando relacionados aos
ADTs ou ISRSs, mas que, por outro lado, têm demonstrado melhor perfi l de
efi cácia e efeitos adversos, quando comparados a tais classes de fármacos.
Exemplos de antidepressivos atípicos incluem bupropiona, mirtazapina,
trazodona, nefazodona, vilazodona e vortioxetina (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016 apud BRUM, 2018).

Mecanismo de ação

A bupropiona promove efeito antidepressivo por meio de fraca inibição de


recaptação da NE e também inibe recaptação de dopamina (ação que leva a redução
na compulsão e diminui síndrome de abstinência à nicotina). O efeito antidepressivo
da mirtazapina está associado ao bloqueio de receptores adrenégicos α2 pré-
sinápticos, o que resulta no aumento da neurotransmissão da 5-HT e da NE. Seu
efeito antidepressivo também está relacionado ao bloqueio de receptores 5-HT2.
Trazodona e nefazodona são inibidores fracos da recaptação de 5HT, mas seus
efeitos antidepressivos estão relacionados ao bloqueio do receptor 5HT2. Vilazodona
é um inibidor da recaptação de 5-HT e um agonista parcial em 5-HT1A. O mecanismo
de ação sugerido para a vortioxetina é uma combinação de inibição da recaptação de
5-HT, atividade agonista em receptores 5-HT1A e antagonismo 5-HT3 e 5-HT7. Usos
terapêuticos A principal indicação terapêutica dos IRSNs é no tratamento da
depressão (BRUM, 2018).

A bupropiona é usada principalmente para aliviar os sintomas de depressão,


mas também é útil para diminuir a fissura por alguma substância e atenuar os
36
sintomas de abstinência da nicotina em pacientes que tentam parar de fumar.
Nefazodona e trazodona são sedativos, provavelmente em razão da potente
atividade bloqueadora em receptores histaminérgicos H1, e, portanto, são
usadas comumente para o controle da insônia (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016 apud BRUM, 2018.

8 FÁRMACOS ANSIOLÍTICOS

Fonte: inpaonline.com

Transtornos de ansiedade englobam inúmeros sintomas e podem ser


classificados em transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo- -
compulsivo, transtorno do pânico, transtorno de estresse pós-traumático, fobia social,
fobias específicas e estresse agudo. Os sinais de ansiedade também estão
repetidamente associados à depressão. Inúmeros fármacos e classes de fármacos
apresentam efeitos ansiolíticos e têm sido empregados no tratamento farmacológico
dos transtornos de ansiedade, como antidepressivos das classes dos inibidores
seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs), inibidores de recaptação de serotonina
e norepinefrina (IRSNs), benzodiazepínicos, buspirona e antagonistas β-adrenérgicos
(como propranolol). O uso crônico de antidepressivos da classe dos ISRS e a
venlafaxina têm demonstrado atividade ansiolítica e apresentam perfil razoável e
tolerado de efeitos adversos (BRUM, 2018).
Os benzodiazepínicos são ansiolíticos eficazes tanto no tratamento agudo
quanto crônico, porém, deve haver cautela quanto à sua utilização, em razão do seu
potencial para uso abusivo e dependência, bem como pelos seus efeitos prejudiciais

37
na cognição e na memória. A buspirona atua no sistema serotoninérgico (agonista
parcial nos receptores 5-HT1A). Os antagonistas β-adrenérgicos, em especial
fármacos mais lipossolúveis (como o propranolol e o nadolol), são usados
ocasionalmente para o controle da ansiedade de desempenho, como o medo de falar
em público. Porém, podem causar hipotensão. O anti-histamínico hidroxizina tem sido
usado como ansiolítico, mas produz sedação de curta duração e tem sido útil em
pacientes que não podem usar outros tipos de ansiolíticos (por exemplo, aqueles com
histórico de uso abusivo de fármacos ou álcool, em que os benzodiazepínicos seriam
evitados) (BRUNTON, 2019).

8.1 Benzodiazepínicos

Os benzodiazepínicos continuam a ser amplamente usados para o tratamento


dos estados de ansiedade. Exemplos de fármacos benzodiazepínicos incluem
alprazolam, clordiazepóxido, clonazepam, clorazepato, diazepam, flurazepam,
lorazepam, midazolam, oxazepam, temazepam e triazolam. O alprazolam e o
clonazepam têm maior eficácia do que os outros benzodiazepínicos no tratamento do
distúrbio de pânico e fobias. A escolha dos benzodiazepínicos para a ansiedade é
baseada em princípios de segurança farmacológica, pois apresentam um índice
terapêutico relativamente alto e pouco risco de interações medicamentosas. As
desvantagens dos benzodiazepínicos consistem no risco de dependência. Além disso,
os benzodiazepínicos exercem depressão adicional no SNC quando administrados
com outros fármacos depressores ou com o etanol. Os pacientes devem ser
orientados sobre esse possível efeito, para evitar o comprometimento do desempenho
de qualquer tarefa que exija atenção e coordenação motora (como dirigir automóvel
ou operar máquinas) (BRUNTON, 2019).
De acordo com Brunton (2019) mecanismo de ação: com relação ao
mecanismo de ação, os benzodiazepínicos potencializam a inibição GABAérgica em
todos os níveis do neuráxis, como medula espinhal, hipotálamo, hipocampo,
substância negra, córtex cerebelar e córtex cerebral. Os receptores para os
benzodiazepínicos formam uma parte do complexo molecular do canal iônico cloreto
do receptor do GABA. Os benzodiazepínicos se ligam ao receptor GABA e aumentam
a eficiência da inibição sináptica GABAérgica.

38
A potencialização na condução do íon cloreto induzida pela interação dos
benzodiazepínicos com os receptores GABA significa um aumento na frequência da
abertura do canal.
Efeitos adversos: os efeitos adversos mais comuns com o uso dos
benzodiazepínicos é a sonolência e a confusão, causando alteração na coordenação
motora e, dessa forma, podendo interferir em tarefas que exigem concentração e
atenção, como o ato de dirigir. Também pode ocorrer comprometimento cognitivo. Os
benzodiazepínicos devem ser usados com cautela em pacientes com insuficiência
hepática e devem ser evitados em pacientes com glaucoma de ângulo estreito.
Buspirona
A buspirona tem efeitos ansiolíticos seletivos e suas características
farmacológicas são diferentes das atribuídas aos fármacos benzodiazepínicos.
Buspirona alivia a ansiedade sem provocar fortes efeitos sedativos ou eufóricos e não
tem propriedades hipnóticas, anticonvulsivantes ou relaxantes musculares.
Diferentemente dos benzodiazepínicos, os efeitos ansiolíticos da buspirona podem
levar mais de uma semana para surgirem, tornando o medicamento inadequado ao
controle dos estados de ansiedade agudos. É usada em estados de ansiedade
generalizados, mas não se mostra muito efi ciente nos distúrbios de pânico (BRUM,
2018).
A buspirona tem uma tendência mínima ao abuso. Mecanismo de ação: o
mecanismo de ação da buspirona para exercer seus efeitos ansiolíticos envolve ação
como um agonista parcial nos receptores 5-HT1A presentes no cérebro, mas também
tem afinidade pelos receptores D2 dopaminérgicos presentes no cérebro. Efeitos
adversos: com relação aos efeitos adversos, pacientes tratados com buspirona não
apresentarão sinais de ansiedade de rebote nem sintomas de abstinência se houver
uma interrupção abrupta no tratamento. Provoca menor comprometimento psicomotor
do que o diazepam, não afetando a capacidade de dirigir veículos, nem potencializa
os efeitos depressores no SNC provocados pelos sedativo-hipnóticos convencionais,
etanol ou antidepressivos (BRUNTON, 2019).
Os pacientes idosos não são mais sensíveis aos seus efeitos. Podem ocorrer
taquicardia, palpitações, nervosismo, desconforto gastrointestinal e parestesia com
maior frequência com a buspirona do que com os benzodiazepínicos. A buspirona
também provoca constrição da pupila, dependendo da dose. A pressão arterial pode

39
ser elevada em pacientes tratados simultaneamente com antidepressivos inibidores
da monoaminoxidase (IMAO) (BRUNTON, 2019).

8.2 Fármacos hipnóticos e sedativos

Os benzodiazepínicos também são úteis no tratamento da insônia primária e


dos distúrbios do sono. O fármaco a ser selecionado deve permitir o início rápido do
sono (redução da latência do sono) e ter duração adequada, com poucos efeitos de
“ressaca”, como sonolência, disforia e depressão mental ou incoordenação motora no
dia seguinte. A sedação durante o dia é mais comum com os benzodiazepínicos que
têm menor velocidade de eliminação (como lorazepam) e os biotransformados em
metabólitos ativos (como flurazepam). Eszopiclona, zolpidem e zaleplona têm efi cácia
similar à dos benzodiazepínicos hipnóticos, mas prejudicam menos a função cognitiva
durante o dia do que a maioria dos benzodiazepínicos (BRUM, 2018).
Sedação: benzodiazepínicos, barbituratos e sedativo-hipnóticos mais antigos
exercem efeito calmante com a redução simultânea da ansiedade em doses
relativamente baixas. Entretanto, na maioria dos casos, as ações ansiolíticas dos
sedativo-hipnóticos são acompanhadas pela redução dos efeitos sobre as funções
psicomotoras e cognitivas. Eles também exercem efeitos de amnésia anterógrada
(incapacidade de lembrar eventos que ocorreram durante a ação do fármaco),
dependendo da dose. Hipnose: todos os fármacos sedativo-hipnóticos induzirão ao
sono se forem administrados em uma dose elevada. Os efeitos dos sedativo-
hipnóticos nos estágios do sono dependem de vários fatores, como dose e frequência
da administração do fármaco. Os efeitos dos benzodiazepínicos e dos sedativos-
hipnóticos mais antigos sobre os padrões do sono normal estão relacionados a menor
latência para o início do sono, aumento do movimento não rápido dos olhos (NREM)
e redução do movimento rápido dos olhos (REM) (BRUNTON, 2019).
O zolpidem também reduz o sono REM, mas tem pouco efeito sobre o sono de
ondas lentas. A eszopiclona e a zaleplona reduzem a latência do início do sono, com
pouco efeito sobre o sono NREM ou REM. Anestesia: fármacos sedativo-hipnóticos
em altas doses induzem depressão do SNC ao estágio III-anestesia geral. Entretanto,
a adequação de um agente como auxiliar na anestesia depende principalmente das
propriedades físico- -químicas que determinam seu rápido início e a duração do efeito.

40
Entre os barbitúricos, o tiopental e o metoexital são muito solúveis em gordura,
penetrando rapidamente no tecido cerebral após a administração intravenosa, uma
propriedade que favorece seu uso para induzir anestesia. Os benzodiazepínicos,
como diazepam, lorazepam e midazolam, são usados por via intravenosa na
anestesia, em muitos casos combinados com outros agentes (BRUM, 2018).
Porém, os benzodiazepínicos, administrados em grandes doses como
auxiliares dos anestésicos gerais, contribuem para depressão respiratória persistente
pós-anestesia, sendo provável que esse fator tenha relação com as suas meias-vidas
longas e a formação de metabólitos ativos. Efeitos anticonvulsivantes: a maioria dos
sedativo-hipnóticos é capaz de inibir o desenvolvimento e a dispersão da atividade
epiléptica no SNC. Existe alguma seletividade, pois alguns membros do grupo podem
exercer efeitos anticonvulsivantes sem a marcante depressão do SNC (embora a
função psicomotora possa ser prejudicada). Vários benzodiazepínicos, como
clonazepam, diazepam e lorazepam, são seletivos o bastante para serem
clinicamente úteis no tratamento dos quadros de crise. Dos barbituratos, o fenobarbital
é eficaz no tratamento das crises tônico-clônicas generalizadas (BRUNTON, 2019).

8.3 Barbituratos

Os fármacos da classe dos barbituratos, conhecidos como barbitúricos, foram


amplamente utilizados no passado para sedar ou para induzir e manter o sono, porém,
em razão da sua elevada capacidade em induzir depressão grave do SNC, causar
coma e causar dependência física, eles foram substituídos na clínica pelo emprego
dos benzodiazepínicos. Exemplos de fármacos barbitúricos são pentobarbital,
secobarbital, tiopental e amobarbital, que têm sido empregados como hipnóticos e
sedativos (BRUNTON, 2019).
De acordo com Brunton (2019) fenobarbital é usado como anticonvulsivante.
Mecanismo de ação: os barbituratos também facilitam as ações do GABA em vários
locais no SNC, mas, diferentemente dos benzodiazepínicos, aumentam a duração da
abertura do canal do cloreto regulada pelo GABA. Esses efeitos envolvem local de
ligação ou locais diferentes dos locais de ligação dos benzodiazepínicos. Os
barbituratos são menos seletivos em suas ações que os benzodiazepínicos, pois
também deprimem as ações dos neurotransmissores excitatórios (como ácido

41
glutâmico) e exercem efeitos nas membranas não sinápticas em paralelo com seus
efeitos na transmissão do GABA. Esses múltiplos locais de ação dos barbituratos
podem ser a base para sua capacidade de induzir à anestesia geral e seus efeitos
depressivos bem expressivos sobre o SNC (que resultam em baixa margem de
segurança), em comparação com os dos benzodiazepínicos.
Efeitos adversos: no SNC, os barbitúricos causam sonolência, dificuldade de
concentração e lassidão. Também estão relacionados com “ressaca farmacológica” e
dependência física. A retirada abrupta dos barbitúricos causa síndrome de abstinência
caracterizada por tremores, ansiedade, náuseas, convulsões, delírio e parada
cardíaca, podendo levar o paciente à morte (BRUM, 2018).

9 FARMACODEPENDÊNCIA

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

A dependência de drogas e/ou de fármacos é considerada uma síndrome


comportamental que acontece quando o indivíduo perde a capacidade de controlar,
de forma voluntária, o consumo dessas substâncias. O indivíduo perde a capacidade
de consumir apenas ocasionalmente e de forma controlada o fármaco/droga e passa
a usar essas substâncias compulsivamente. A dependência acontece por

42
consequência de modificações cerebrais causadas por essas substâncias
(TONIAZZO, 2018).

No entanto, a dependência varia entre os indivíduos, por isso nem todo


usuário de fármacos ou drogas de abuso necessariamente irá se tornar
dependente (OGA, 2008 apud TONIAZZO, 2018).

9.1 Critérios para o diagnóstico de dependência

O diagnóstico de dependência acontece baseado em alguns critérios


estabelecidos pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10), elaborada pela
OMS, e pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5,
Diagnostic and Statistical Manual of Mental Desorders), elaborado pela Associação
Americana de Psiquiatria (APA). Esses critérios foram criados para auxiliar os
profissionais da saúde a classificar os problemas relacionados ao uso de substâncias
(TONIAZZO, 2018).
No Brasil, o critério do Sistema Único de Saúde (SUS) é a CID10, que abrange
todas as doenças, inclusive os transtornos mentais. De acordo com a CID10, uma
pessoa só pode ser diagnosticada definitivamente como dependente se atender a três
ou mais dos seguintes critérios, que ocorrem a qualquer momento dentro do período
de 12 meses (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013 apud TONIAZZO,
2018):
 Forte desejo ou compulsão para consumir a substância.
 Dificuldade em controlar o uso da substância em termos de iniciação, cessação
e nível de uso.
 Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância foi interrompido
ou diminuído, conforme evidenciado pela síndrome de abstinência de uma
determinada substância, ou quando a mesma substância é usada com a
intenção de aliviar ou prevenir os sintomas de abstinência. Evidência de
tolerância, quando o uso de doses crescentes da substância psicoativa é
requerido para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais
baixas.
 Abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos em favor do uso
da substância psicoativa. Além disso, aumente o tempo que leva para manter
ou ingerir a substância, bem como para se recuperar de seus efeitos.
43
 Persistência do consumo de substâncias apesar de indicações claras de
consequências prejudiciais, como danos ao fígado devido ao consumo
excessivo de álcool; humores deprimidos; Períodos de uso excessivo de
substâncias; funções cognitivas prejudicadas, etc. Nesse caso, deve-se tentar
determinar se o tipo e a extensão do dano eram realmente conhecidos (ou
esperados) pelo usuário.
O DSM-5 contempla apenas os transtornos mentais e é mais utilizado em
centros de pesquisa. Segundo o DSM-5, o indivíduo pode ser classificado como
dependente se manifestar pelo menos dois dos seguintes critérios no período de 12
meses (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud TONIAZZO, 2018):
 Tolerância causada pela necessidade de quantidades progressivamente
maiores da substância para atingir a intoxicação ou o efeito desejado, ou pela
acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de
substância.
 Síndrome de abstinência manifestada pela síndrome de abstinência
característica para a substância, ou a mesma substância (ou uma substância
estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de
abstinência.
 Desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar
o uso da substância.
 A substância é frequentemente consumida em grandes quantidades ou por um
período de tempo mais longo do que o pretendido. “Muito tempo é gasto nas
atividades necessárias para originar a substância, quando ela está em uso, ou
quando está se recuperando de seus efeitos.
Problemas legais recorrentes relacionados ao uso de substâncias.
 Uso recorrente da substância, resultando no fracasso em desempenhar papéis
importantes no trabalho, na escola ou em casa.
 Uso continuado da substância, apesar de problemas sociais e interpessoais
persistentes ou recorrentes, causados ou exacerbados por seus efeitos.
 Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são
abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância.
 Uso recorrente da substância em situações nas quais representa perigo para a
integridade física.

44
 O uso da substância continua, apesar do conhecimento de que eles têm um
problema físico ou psicológico contínuo ou recorrente, causado ou exacerbado
por tal uso (TONIAZZO, 2018).

9.2 Mecanismos moleculares da dependência

As alterações comportamentais observadas nos quadros de dependência,


como perda de controle e compulsão, desenvolvem-se de forma progressiva durante
os episódios repetidos de administração das drogas ou fármacos. Esses
comportamentos são duradouros, podendo permanecer por meses e até anos após a
retirada da substância (TONIAZZO, 2018).

Essa estabilidade das anormalidades comportamentais, que caracterizam a


dependência, está relacionada com alterações na expressão gênica: o uso
repetido de drogas e fármacos de abuso pode causar alterações tanto na
quantidade quanto no tipo de genes expressos em regiões específicas do
encéfalo. Consequentemente, pode levar a mudanças na síntese de
proteínas nesses locais. Como essas proteínas podem afetar a função
neuronal, acabam repercutindo em alterações no comportamento do
indivíduo (OGA, 2008 apud TONIAZZO, 2018).

A administração repetida de drogas/fármacos pode modificar a expressão


gênica no encéfalo, principalmente, por meio da regulação da transcrição gênica. A
transcrição e a expressão dos genes neurais são controladas por diversos fatores de
transcrição, sendo que o CREB — elemento ligado à proteína responsiva ao
monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) — e ΔFosB estão diretamente ligados com
a dependência. O CREB é um fator de transcrição que se liga ao DNA, promovendo
aumento ou diminuição na velocidade da transcrição gênica de algumas proteínas
(TONIAZZO, 2018).

A sinalização envolvendo o CREB acontece da seguinte maneira: um sinal


que chega à superfície da célula ativa seu receptor correspondente, que ativa
a produção de um segundo mensageiro, como o AMPc, que, por sua vez,
ativa uma proteína cinase. Essa proteína se mobiliza até o núcleo da célula e
ativa a proteína CREB por fosforilação. O CREB fosforilado se liga a sítios
específicos no DNA e ativa a transcrição de genes (OGA, 2008 apud
TONIAZZO, 2018).

De acordo com Toniazzo (2018) o uso de diversas drogas e fármacos de abuso


estimulam a via do AMPc, que ativa o CREB no NAc. Essa ativação do CREB,
causada pela administração dessas substâncias no NAc, é reconhecida como uma

45
adaptação negativa, por diminuir a sensibilidade a uma próxima exposição à droga ou
fármaco. Ou seja, a ativação do CREB pode levar a uma forma de tolerância aos
efeitos prazerosos das drogas e fármacos. Essas alterações podem levar a um
comportamento negativo durante a primeira fase de abstinência, mas não têm
influência em alterações comportamentais mais duradouras, associadas ao fato de
dependentes apresentarem recaídas mesmo após anos ou décadas de abstinência.
Outro fator de transcrição relacionado com a dependência é o ΔFosB. Sabe-se
que a administração aguda de vários tipos de drogas/fármacos causa a ativação leve
desse fator no NAc. No entanto, quando acontecem repetidas exposições, a proteína
ΔFosB começa a se acumular, permanecendo por longo prazo no encéfalo, como
observado no estágio de transição do uso recreativo de drogas para o estágio de
dependência. Por exemplo, a administração crônica, mas não aguda, de cocaína,
anfetamina, opiáceos, nicotina e etanol induz o ΔFosB no NAc, permanecendo por
longos períodos mesmo após o fim do uso das drogas/fármacos (TONIAZZO, 2018).

9.3 Estágios da dependência

Estudos mostram que o início da dependência é caracterizado pela liberação


de dopamina no NAc. O uso repetido de drogas ou fármacos causa o recrutamento
gradual do córtex pré-frontal e de seus eferentes glutamatérgicos para o accumbens.
Essa transição da dopamina para o glutamato mostra que o desenvolvimento da
drogadição ocorre por meio de uma sequência cronológica, em que diferentes partes
do circuito se tornam proeminentes, assim como as adaptações celulares também
acontecem em uma sequência cronológica. Existem três estágios da dependência,
listados a seguir segundo kalivas (2005):
1. Efeito agudo das drogas: os efeitos agudos de recompensa da droga estão
relacionados com a liberação exacerbada da dopamina através do circuito ATV-NAc,
causando modificações na sinalização celular. Ao se ligar ao seu receptor D1, a
dopamina ativa o AMPc (segundo mensageiro), que ativa a proteína cinase A (PKA).
A PKA se mobiliza para o núcleo da célula e fosforila o CREB, que induz a transcrição
de genes como o cFos. Essa indução do cFos promove alterações neuroplásticas que
persistem por horas ou dias, não mediando alterações comportamentais mais
duradouras associadas à dependência.

46
2. Transição do uso recreativo para padrões de dependência (vício): essa
transição está relacionada com o efeito cumulativo de mudanças na função neuronal,
em resposta à exposição repetida a drogas/fármacos, e diminuem após dias ou
semanas sem o uso dessas substâncias. Essa adaptação acontece quando a ação
da dopamina em seu receptor (D1) sinaliza para a estimulação de proteínas de meia-
vida longas, como a ΔFosB. A proteína ΔFosB regula a síntese de subunidades dos
receptores ácido α-amino-3-hidróxi-5-metil-4-isoxazolpropiônico (AMPA) de glutamato
e de enzimas na ATV após poucos dias da descontinuação no uso de cocaína, o que
está relacionado ao desenvolvimento da dependência.
Evidências têm mostrado que a expressão gênica induzida pelo fator de
transcrição ΔFosB tem grande relação com as mudanças causadas pelo uso crônico
de cocaína no NAc, sendo esse fator altamente relacionado com a mudança de padrão
de uso de drogas/fármacos, do uso recreativo para o uso abusivo (BRUNTON, 20019).
Estágio final da dependência, caracterizado pela vontade excessiva de obter a
droga, diminuída capacidade de controlar a busca e reduzido prazer ou recompensa:
a maior vulnerabilidade a recaídas observada no estágio final da dependência perdura
por anos, como consequência das alterações celulares causadas pelo uso repetido
de drogas. Interessantemente, as alterações no conteúdo e na função de proteínas
nesse estágio se tornam maiores com o passar do tempo; quanto maior o período de
abstinência, mais intensos os comportamentos de busca pelas drogas. Essa
característica possivelmente está associada às mudanças de expressão de proteínas
que medeiam o estágio anterior (transição para dependência), pois essas proteínas
podem converter a vulnerabilidade a recaídas da forma reversível para irreversível.
Por isso, esse comportamento perdura por anos e décadas (TONIAZZO, 2018).

47
Fonte: TONIAZZO, 2018.

10 SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

A dependência e a síndrome de abstinência são manifestações diferentes e,


portanto, não podem ser confundidas. Na dependência, o indivíduo perde a
capacidade de controlar voluntariamente o consumo de drogas e fármacos, passando
a usar esses compostos de forma compulsiva, voltada ao alívio ou para evitar
sintomas de abstinência. Por outro lado, a síndrome de abstinência é caracterizada

48
por manifestações físicas causadas pela falta da droga ou fármaco. Nesse contexto,
é possível que o indivíduo seja dependente sem que tenha síndrome de abstinência,
assim como é possível que tenha a síndrome sem ter a dependência (TONIAZZO,
2018).
A administração de drogas e fármacos de forma prolongada induz a adaptações
no cérebro e em outros tecidos. Essas adaptações são moduladas pelo estimulo de
processos fisiológicos que contrapõem os efeitos causados por esses compostos,
processo conhecido como contra adaptação. Sabe-se que o etanol, os barbitúricos e
os benzodiazepínicos, por exemplo, são caracterizados por serem depressores da
excitabilidade neuronal, por provocarem mudanças no fluxo de íons e causarem
prejuízos na liberação de neurotransmissores (BRUNTON, 20019).

No caso de um processo de adaptação, para contrabalançar os efeitos


desses fármacos, podem ocorrer alterações na membrana celular, que
causam um aumento da excitabilidade neuronal e, por consequência, um
maior fluxo de íons e uma maior facilidade na liberação de
neurotransmissores (OGA, 2008 apud TONIAZZO, 2018).

No entanto, com a retirada desses fármacos, essas alterações podem persistir


e dar origem a uma hiperexcitabilidade de rebote, que consiste em uma síndrome de
abstinência. Essas manifestações físicas podem incluir desde tremores, sonolência,
irritabilidade e alucinações até convulsões. A intensidade da síndrome de abstinência
é diretamente proporcional às mudanças adaptativas que foram induzidas pelo uso de
determinada droga ou fármaco. A morfina, por exemplo, normalmente induz à
diminuição na motilidade gastrointestinal e provoca miose (constrição da pupila)
(BRUNTON, 20019).
Em uma situação de abstinência de morfina, ocorre hipermotilidade intestinal,
diarreia e midríase (dilatação da pupila). Outro fator que influencia na intensidade da
síndrome de abstinência é o tempo de ação de determinada droga ou fármaco. Ou
seja, se a substância possuir ação lenta e agir por tempo prolongado, os sintomas de
abstinência são menos intensos, se comparados à uma droga ou fármaco com ação
rápida e intensa. A ação lenta de um composto permite uma readaptação fisiológica
do organismo, reduzindo assim os sintomas de abstinência (TONIAZZO, 2018).

49
11 O CID - CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS

Fonte: play.google.com

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas


Relacionados à Saúde, mais conhecida como CID, é uma das ferramentas
epidemiológicas mais importantes na prática médica diária.
O uso da substância continua, apesar do conhecimento de que eles têm um
problema físico ou psicológico contínuo ou recorrente, causado ou exacerbado por tal
uso.
Em maio de 2019, a Organização Mundial da Saúde publicou a nova
Classificação Internacional de Doenças (CID), a décima primeira revisão. Como uma
contribuição para essa transição, o objetivo deste texto é apresentar as mudanças
mais importantes em comparação com a versão revisada da classificação e identificar
os desafios mais urgentes.
Após 30 anos após a publicação da CID10, os principais desafios estão sendo
identificados em relação à nova classificação que foi submetida para adoção pelos
Estados membros e entrará em vigor em janeiro de 2022. O avanço visa permitir que
os países planejem a implantação e capacitem seus profissionais A nova versão é
totalmente digital, o que reduz erros de notificação e facilita a divulgação e
consolidação da nova versão. A atualização revela achados científicos e requer uma
estruturação de ações e uma implementação eficiente por parte dos governos, para
que todos os envolvidos no cuidado possam se comunicar em um mesmo idioma no
mundo todo.

50
A principal função da CID é monitorar a incidência e prevalência de doenças
por meio de uma padronização universal de doenças, problemas de saúde pública,
sinais e sintomas, enfermidades, causas externas de lesões e circunstâncias sociais,
e apresentar um amplo panorama da situação e sua população.
O CDI é usado por médicos, outros profissionais de saúde, pesquisadores e
executivos, empresas, seguradoras de saúde e pacientes para classificar doenças e
problemas de saúde em registros médicos.
Essa ferramenta foi traduzida para 43 idiomas diferentes e está presente em
mais de 115 países. Uma nova versão está disponível.

Fonte: image.slidesharecdn.com

O DATASUS disponibiliza o programa PESQCID, que permite a partir de um


nome, parte do nome ou código, localizar as informações sobre a CID. Este programa
está disponível para download na página do DATASUS.
Os seguintes códigos são usados pela Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.

51
52
Fonte: scielosp.org

11.1 A nova CID

Em maio de 2019, a Organização Mundial da Saúde publicou a nova


Classificação Internacional de Doenças (CID), a décima primeira revisão. Como uma
contribuição para essa transição, este texto visa apresentar as principais mudanças
na versão revisada da classificação e destacar os desafios mais urgentes que janeiro
de 2022 entrará em vigor. O progresso deve permitir aos países planejar o
desdobramento e treinar seus especialistas. A nova versão é totalmente digital, o que
53
reduz erros de notificação e facilita a distribuição e consolidação da nova versão. A
atualização mostra o avanço do conhecimento científico e as exigências dos
governos, a estruturação da ação e a eficiência na implementação, para que todos os
participantes do mundo possam se comunicar no mesmo idioma (ALMEIDA et al,
2020).

11.2 A CID-11

A CID11 é criada no contexto de uma realidade que as sociedades nunca


experimentaram. A integração global nunca foi tão possível graças ao advento dos
sistemas de comunicação computadorizados e à capacidade de acessar informações
relevantes quase em tempo real. Na realidade, a CID11 foi desenvolvida com o intuito
de reduzir erros de notificação, aumentar a praticabilidade e abranger melhor as
informações catalogadas. Alguns pontos relevantes nortearam essa atualização, a
participação de especialistas de diferentes realidades possibilitou a heterogeneidade
necessária para refletir as peculiaridades regionais. Médicos, estatísticos,
programadores, especialistas em informação e tecnologia incorporaram a atualização
em um tipo de participação global sem precedentes na história da CID (ALMEIDA et
al, 2020).
Para facilitar o registro e o aconselhamento, a nova versão é totalmente digital,
o que reduz erros de notificação e facilita a divulgação e consolidação da nova versão.
O CID11 traz mudanças no conteúdo e formato da apresentação, além de novas
ferramentas. Um grande avanço é a aceitação das sugestões dos usuários do CID por
meio da plataforma criada para a revisão. A décima primeira revisão apresenta uma
Ferramenta de Avaliação da Implementação (CIDFit) com capacidades analíticas que
permitem a atualização contínua da plataforma.
Sugestões são examinadas por grupos consultivos e, caso sejam encontradas
melhorias, implementadas na CID 11. Desta forma, os Estados Membros e a OMS
podem avaliar a qualidade da codificação e das traduções e melhorar a classificação
(ALMEIDA et al, 2020).
Com essas diretrizes, o ICD11 oferece melhorias notáveis em relação à versão
anterior, incluindo segundo Almeida et al (2020):

54
Conhecimento médico atual O amplo espectro de entidades nosográficas
reflete o desenvolvimento científico.
• Abordagens contemporâneas de atenção primária com maior ênfase na área
em que a maioria dos diagnósticos são feitos.
• Revisão e atualização da seção que versa sobre a segurança do paciente.
• Atualização da seção sobre HIV, com base nas inúmeras descobertas sobre
o assunto nas últimas décadas.
• Parte complementar para avaliação funcional do paciente antes e após o
procedimento.
• Inclusão de todas as doenças raras. Importante ativo no campo da pesquisa
científica.
• Os códigos referentes a estresse pós-traumático foram atualizados e
simplificados.
• Perturbações de jogos eletrônicos foram adicionadas a condições que podem
ser viciantes. Outras modificações nosográficas e estruturais importantes da nova
versão da CID:
• O novo capítulo 7 trata dos distúrbios do sono e da vigília apresentados
anteriormente nos capítulos sobre o sistema respiratório, o sistema nervoso ou a
saúde mental.
• O capítulo 17, que trata das condições relacionadas à saúde sexual,
apresenta a condição de "incongruência de gênero", que antes era considerada
"saúde mental". A preocupação com a inclusão social e a aceitação das diferenças
são aspectos relevantes da nova versão da CID. Essa condição não seria possível
devido a pensamentos de cunho puramente cultural, sem embasamento científico
suficiente, aspecto que pode ser destacado como uma das principais áreas de
aprimoramento da CID11 (ALMEIDA et al, 2020).
• O novo capítulo 26 corresponde à seção específica da medicina tradicional.
Em vários países, os conceitos e práticas da medicina tradicional são usados sem
acompanhamento devido à falta de registro. O CID11 pode ser usado para monitorar
essas práticas e seu impacto na saúde pública (ALMEIDA et al, 2020).

55
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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