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Neuroanatomia e Neurofisiologia

Funcional

Brasília-DF.
Elaboração

Igor Duarte
João Guilherme de Oliveira Silvestre

Atualização

Victor Fabricio

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
INTRODUÇÃO À NEUROLOGIA................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
DIVISÃO EMBRIOLÓGICA DO SISTEMA NERVOSO....................................................................... 9

CAPÍTULO 2
DIVISÃO FUNCIONAL............................................................................................................... 14

CAPÍTULO 3
DIVISÃO ANATÔMICA.............................................................................................................. 19

UNIDADE II
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS....................................................................................................................... 28

CAPÍTULO 1
LÍQUIDO CEREBROESPINHAL, SUA PRODUÇÃO E FUNÇÃO....................................................... 28

CAPÍTULO 2
MENINGES, VENTRÍCULOS E CISTERNAS................................................................................... 33

CAPÍTULO 3
CEREBELO, TÁLAMO E HIPOTÁLAMO........................................................................................ 39

UNIDADE III
TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL.............................................................................................. 48

CAPÍTULO 1
MESENCÉFALO, PONTE E BULBO.............................................................................................. 48

CAPÍTULO 2
MEDULA ESPINHAL................................................................................................................... 54

CAPÍTULO 3
PATOLOGIAS ASSOCIADAS...................................................................................................... 57

UNIDADE IV
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO............................................................................................................ 61
CAPÍTULO 1
DIVISÃO DO SNP..................................................................................................................... 61

CAPÍTULO 2
PLEXOS................................................................................................................................... 67

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 71
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

6
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução
O sistema nervoso é o responsável pelas relações dos seres vivos com o meio externo
e pelo controle de seu meio interno. Tem a função de detectar as variações do meio
ambiente e produzir respostas apropriadas por meio de impulsos nervosos para
músculos e glândulas de secreção.

O controle do meio interno é uma função compartilhada com o sistema endócrino e


permite a manutenção das condições favoráveis para funcionamento do organismo, a
qual conhecemos por homeostase.

O sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso


Periférico (SNP).

O SNC é a parte protegida por ossos. Ele está contido no interior da caixa craniana e
nos forames vertebrais. É responsável pela recepção dos estímulos de todo corpo,
processá-los e criar respostas para esses estímulos como o movimento.

O SNP é a parte do sistema nervoso fora da proteção óssea. Ele está espalhado por todo
o corpo. Tem papel fundamental na captação das sensações e transmissão de estímulos
ao SNC para interpretação e possível resposta.

Por essa razão, podemos deduzir que apresentam uma anatomia e fisiologia complexas.

Nessa parte do curso, você estará em contato com informações sobre o sistema nervoso e
seu funcionamento no controle de diversas funções e estará habilitado para atuar como
docente nos cursos da saúde em temas relacionados à neuroanatomia, neurofisiologia
e matérias correlatas.

Objetivos
»» Identificar os diversos órgãos que compõem o sistema nervoso desde sua
formação central até as bases neurofisiológicas.

»» Compreender as diversas divisões do sistema nervoso: embriológica,


anatômica e funcional.

8
INTRODUÇÃO À UNIDADE I
NEUROLOGIA

CAPÍTULO 1
Divisão embriológica do sistema nervoso

Cerca de três semanas após a concepção, o embrião apresenta em sua região dorsal, um
tubo fechado nas extremidades e vazio em seu interior. Trata-se do tubo neural. Esse tubo
tem origem no folheto embrionário, denominado ectoderma, e a partir daí serão formados
todos os órgãos do sistema nervoso (ANZURES; PEDERNERA; MÉNDEZ, 2009).

<http://www.youtube.com/watch?v=8an5Epbwbm8>.

<http://www.youtube.com/watch?v=uG7Va9_jn7A>.

Figura 1. Tubo neural e vesículas primordiais.

3a semana 5a semana

Fonte: Próprio autor.

Duas semanas depois, na 5a semana, o tubo neural sofrerá 3 dilatações em sua


extremidade superior. Essas dilatações são conhecidas por vesículas primordiais e
darão origem a todas as estruturas encefálicas. A primeira vesícula de cima para baixo

9
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

é a prosencéfalo seguida por mesencéfalo e rombencéfalo. O restante do tubo é a


medula primitiva.

Uma semana depois, temos a duplicação das vesículas com exceção da vesícula
mesencéfalo. Assim temos as seguintes vesículas: telencéfalo, diencéfalo, mesencéfalo,
metencéfalo e mielencéfalo. O restante é a medula primitiva.

Observe que na 6a semana de vida, as vesículas primordiais deram origem a novas


vesículas.

»» O rombencéfalo deu origem ao telencéfalo e ao diencéfalo.

»» O mesencéfalo continua sem alterações.

»» O rombencéfalo deu origem ao metencéfalo e ao mielencéfalo.

Figura 2. Vesículas na 5a e 6a semanas.

5a semana 6a semana

Fonte: Próprio autor.

As 5 vesículas darão origem às estruturas encefálicas:

»» O telencéfalo dará origem ao cérebro, ou seja, aos hemisférios cerebrais.

»» O diencéfalo dará origem ao tálamo e hipotálamo.

»» O mesencéfalo é a única vesícula que permanece inalterada, pois se


desenvolve sem subdividir-se e sua luz permanece como um canal estreito,
e permanece com a mesma denominação.

»» O metencéfalo dará origem à ponte e ao cerebelo.

»» O mielencéfalo dará origem ao bulbo (medula oblonga).

10
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

»» O restante do tubo neural primitivo origina a medula primitiva e essa a


medula espinhal.

Telencéfalo
É a maior porção do sistema nervoso central, pesando cerca de 1,2 Kg. Porém não
concentra o maior número de neurônios, cerca de 16 bilhões (HERCULANO-HOUZEL;
LENT, 2005).

O telencéfalo, ou melhor, o cérebro, na verdade, é constituído por duas partes, que


chamamos de hemisférios cerebrais. Portanto, existem dois cérebros: um direito e
um esquerdo.

Handedness e Adelman (1987) afirmaram que o hemisfério esquerdo é responsável


pelas funções verbais e de seleção de detalhes (é detalhista) enquanto que o hemisfério
direito é responsável pelas funções visuais e espaciais.

Figura 3. Telencéfalo.

Fonte: <http://maseotelencefalo.blogspot.com>.

Diencéfalo
Na 5a semana de vida intrauterina, o embrião apresenta um tubo na região posterior
com dilatações superiores às quais conhecemos como vesículas primordiais. A primeira
11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

vesícula primordial, denominada prosencéfalo, dá origem a outras duas vesículas, o


telencéfalo, e o diencéfalo.

Então, o diencéfalo é a vesícula primordial formada na 6a semana de vida intrauterina


a partir do prosencéfalo e essa vesícula dará origem aos importantes tálamo e a
hipotálamo (DUARTE, 2009).

Figura 4. Diencéfalo (em verde).

Fonte: <http://meucerebro.com>.

Mesencéfalo
É a última parte do tronco encefálico e está situado acima da ponte, abaixo do diencéfalo
e anterior ao cerebelo. É uma região de transição entre estruturas pares (diencéfalo e
telencéfalo) e estruturas ímpares (tronco encefálico). O mesencéfalo é a segunda das
três vesículas primordiais e se origina na 5a semana pós-concepção (DUARTE, 2009).

Figura 5. Mesencéfalo (em cinza).

Fonte: <http://meucerebro.com>.

12
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

Metencéfalo
A 3a vesícula primordial, rombencéfalo, aparece na 5a semana de vida embrionária e
dará origem às vesículas: metencéfalo e mielencéfalo.

A vesícula embrionária metencéfalo se origina a partir de rombencéfalo na 6a semana


de vida embrionária. O metencéfalo dará origem à ponte e ao cerebelo, importantes
órgãos do tronco cerebral.

Figura 6. Metencéfalo.

Fonte: <http://correio.rac.com.br>.

Mielencéfalo
Corresponde à última vesícula primordial formada na 6a semana de vida intrauterina a
partir da vesícula rombencéfalo. Essa vesícula dará origem ao bulbo ou medula oblonga.

Figura 7. Mielencéfalo (em azul).

Fonte: <http://meucerebro.com>.

13
CAPÍTULO 2
Divisão funcional

Sistema nervoso
O sistema nervoso central, de uma forma geral, é comparável a uma central telefônica
que coordena várias conexões, com inúmeras ligações feitas e recebidas.

Atualmente, existe também a comparação com supercomputadores. Essas comparações


são feitas para explicar, de forma simplificada, o magnífico trabalho feito pelo cérebro e
pela medula espinhal dos seres humanos.

O sistema nervoso (SN) consiste em dois componentes: o sistema nervoso central


(SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso central é formado pelo
encéfalo e pela medula espinhal. Já o sistema nervoso periférico é dividido em duas
partes: a sensitiva (aferente) e a motora (eferente).

Figura 8. Divisão do sistema nervoso.

Fonte: <http://eviialba.blogspot.com.br>.

14
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

A parte aferente do sistema nervoso é responsável por informar o SNC sobre o que está
ocorrendo dentro e fora do corpo. Já a divisão eferente, realiza o envio das informações
do SNC às diversas partes do corpo, em resposta aos sinais que chegaram por meio da
divisão aferente. Então, a divisão eferente divide-se em duas partes também, sendo elas
o sistema nervoso somático e o sistema nervoso autônomo.

Figura 9. Organização do sistema nervoso.

Fonte: Wilmore; Costil; Kenny, 2010.

Sistema nervoso somático


Esse sistema é formado pela porção somática do SNC e SNP, sendo responsável pelas
inervações sensitiva e motora de todas as partes do corpo, exceto as vísceras nas
cavidades, músculo liso e glândulas.

Dessa forma, é divido em dois sistemas: sensitivo somático e motor somático.

O primeiro, sistema sensitivo somático, transmite a partir dos receptores


sensoriais as sensações de tato, dor, temperatura e posição, as quais atingem, na
maioria, níveis conscientes. Enquanto o sistema motor somático inerva apenas o
músculo esquelético, estimulando o movimento voluntário e reflexo, gerando a
contração muscular.

15
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

Sistema nervoso autônomo


Esse sistema controla as funções internas involuntárias do corpo e é, frequentemente,
considerado como parte da divisão motora do SNP. Alguns exemplos das funções
controladas, a seguir:

»» frequência cardíaca;

»» pressão arterial;

»» função pulmonar;

»» distribuição do sangue.

O sistema nervoso autônomo possui duas divisões que se originam em locais diferentes
da medula espinhal e na base do cérebro, sendo elas sistema nervoso simpático e o
sistema nervoso parassimpático.

Figura10. Sistema nervoso autônomo.

Fonte: <http://www.afh.bio.br>.

16
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

Sistema nervoso simpático


Esse sistema é conhecido, também, como sistema de “luta ou fuga”, pois prepara o corpo
para enfrentar situações consideradas críticas. Alguns exemplos são: situação em que a
vida está em risco, um ruído intenso e repentino ou, ainda, os últimos segundos antes
de uma competição esportiva. Em situações como essas, o sistema nervoso simpático
promove uma grande descarga no corpo, deixando-o preparado para a ação. A seguir,
algumas das alterações que ocorrem antes e durante um exercício.

»» Dilatação dos vasos do coração, aumentando a quantidade de sangue que


chega ao tecido cardíaco, possibilitando que as altas demandas sejam
atendidas.

»» Aumento da frequência cardíaca e da força de contração do coração.

»» Aumento da pressão arterial, possibilitando uma melhor perfusão dos


músculos e melhorando o retorno do sangue ao coração.

»» Vasodilatação periférica, permitindo a entrada de maior quantidade de


sangue nos músculos esqueléticos que estão ativos.

»» Vasoconstrição, que ocorre na maioria dos tecidos que não estão sendo
utilizados durante a atividade, desviando o sangue para os músculos
esqueléticos ativos.

»» Broncodilatação, melhorando a troca gasosa.

»» Aumento da atividade mental, melhorando a percepção dos estímulos


sensitivos e mais concentração no desempenho.

»» Aceleração da taxa metabólica.

»» Atraso das funções que não são diretamente necessárias para a atividade,
como, por exemplo, a redução da função renal e a digestão, conservando
energia para sua utilização na atividade.

»» Liberação da glicose hepática na corrente sanguínea, para ser utilizada


como fonte de energia.

Essas alterações demonstram a importância do sistema nervoso autônomo na preparação


do corpo para estresses agudos ou atividades físicas, facilitando o funcionamento do
organismo, melhorando as respostas motoras.

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

Sistema nervoso parassimpático


Esse sistema administra o corpo, possuindo um papel fundamental na condução de
processos, como digestão, secreção glandular e conservação de energia. Esse sistema
é mais ativo em situações de repouso, geralmente, opondo-se ao sistema nervoso
simpático, causando, por exemplo, diminuição da frequência cardíaca, broncoconstrição
e constrição dos vasos coronarianos.

Tabela 1. Ações dos sistemas nervosos simpático e parassimpático em vários órgãos.

ÓRGÃOS E
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO
SISTEMAS-ALVO
Rim Vasoconstrição, diminuindo a produção de urina Sem efeito
Fígado Aumento da liberação de glicose Nenhum efeito
Broncodilatação, com leve constrição dos vasos
Pulmões Broncoconstrição
sanguíneos
Coração
Vasodilatação Vasoconstrição
Vasos coronarianos
Coração
Aumento da frequência e da força de contração Diminuição da frequência
Músculo cardíaco
Tecido adiposo Estímulo da quebra dos triglicerídeos (quebra de gordura) Nenhum efeito
Diminuição da atividade das glândulas e dos músculos. Aumento do peristaltismo e da secreção glandular.
Sistema digestivo
Constrição dos esfíncteres. Relaxamento dos esfíncteres.
Glândulas suprarrenais Estímulo da secreção de adrenalina e noradrenalina Nenhum efeito
Glândulas sudoríparas Aumento do suor Nenhum efeito
Metabolismo celular Aumento da taxa metabólica Nenhum efeito

Fonte: Adaptada de Wilmore, 2010.

18
CAPÍTULO 3
Divisão anatômica

Sistema nervoso central


O SNC é dividido em encéfalo e medula espinhal. Todas as estruturas encontradas
dentro do crânio e da medula espinhal fazem parte do SNC, incluindo a grande maioria
dos neurônios (mais de 100 bilhões de neurônios). Ele é bilateral e totalmente simétrico.
Além disso, o encéfalo possui um formato irregular, com saliências e dobraduras,
permitindo que existam várias subdivisões em sua estrutura.

Figura 11. Sistema nervoso central.

Fonte: <http://www.teoriadamedicina.com/>.

Para entender melhor a estrutura do SNC, é importante visualizar as relações entre as


suas grandes divisões. Para isso, veja com atenção a tabela abaixo.

Tabela 2. Classificação das estruturas anatômicas do SNC.

SNC
Encéfalo
Cérebro Cerebelo Tronco encefálico
Telê encéfalo Medula
Córtex Núcleos Espinhal
Córtex Núcleos da Diencéfalo Mesencéfalo Ponte Bulbo
cerebral profundos
cerebral base

Fonte: Adaptado de Lent, 2010.

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

As quatro divisões principais são: cérebro, diencéfalo, cerebelo e tronco encefálico.

Figura12. Divisões do sistema nervoso central.

Fonte: <http://www.auladeanatomia.com.br/>.

Suas funções são muito mais complexas, quando comparadas às funções da medula
espinhal. Entre as funções do encéfalo, estão a capacidade cognitiva e afetiva e todas as
funções que os outros animais também possuem. A cavidade interna do encéfalo também
é irregular, formada por diferentes câmaras preenchidas por líquido. Essas regiões são
chamadas de ventrículos.

Figura 13. Ventrículos cerebrais.

Fonte: Adaptado de Marieb, 2009.

20
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

Cérebro
É a maior porção do SNC, pesando cerca de 1,2 Kg. Porém, não concentra o maior
número de neurônios, cerca de 16 bilhões (HERCULANO-HOUZEL; LENT, 2005).

O cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais: esquerdo e direito. Eles são ligados
entre si por meio de fibras (tratos) que permitem a comunicação entre os hemisférios
e são chamados de corpos calosos.

A parte externa dos hemisférios é formada pelo córtex cerebral, também chamado de
massa cinzenta, pois reflete sua cor devido à falta de mielina nos corpos celulares.
O córtex é a parte consciente que permite o pensamento, a percepção dos estímulos
sensitivos e o controle voluntário dos movimentos.

Figura 14. Hemisférios cerebrais.

Fonte: Adaptado de Marieb, 2009.

Existem cinco lobos formando o cérebro, sendo quatro lobos externos e a ínsula central,
que não será abordada. Os lobos externos são os seguintes:

»» Lobo frontal: responsável pelo intelecto geral e pelo controle motor.

»» Lobo temporal: responsável pelas informações auditivas e sua interpretação.

»» Lobo parietal: responsável pelas informações sensitivas e sua interpretação.

»» Lobo occipital: responsável pelas informações visuais e sua interpretação.


21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

Figura 15. Lobos que formam o cérebro.

Lobo Frontal
Lobo Parietal

Lobo Occiptal

Lobo Temporal
Fonte: Adaptado pelo autor.

Dentro do crânio dos seres humanos existe um conjunto de membranas formando um


saco fechado cheio de líquido, em que o encéfalo praticamente flutua. Na medula,
existem, também, membranas, chamadas de meninges, e um líquido chamado de líquido
cefalorraquidiano. A função do líquido é proteger o sistema nervoso central contra
traumatismos que possam atingir a cabeça, além de contribuir com a nutrição do cérebro
e da medula espinhal.

Olhando o SNC de forma mais completa, é possível visualizar que a caixa craniana é
dividida em três diferentes regiões: anterior, medial e posterior. Protegendo o encéfalo,
existem três camadas de tecido que se estendem ao tronco encefálico e à medula
espinhal. Essas camadas são conhecidas como meninges.

Figura 16. Meninges do cérebro e da medula espinhal.

Fonte: <http://www.cabuloso.xpg.com.br/Anatomia-Humana/Sistema-Nervoso-SNC/Sistema-Nervoso-Central-SNC.htm>.

Diencéfalo
Essa região é composta pelo hipotálamo e pelo tálamo. O hipotálamo fica abaixo do
tálamo e é responsável pela manutenção da homeostase, regulando praticamente todos
22
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

os processos que afetam o ambiente interno do corpo. Aqui, encontramos os centros


que ajudam a controlar:

»» o equilíbrio hídrico;

»» os ciclos de sono-vigília;

»» a sede;

»» a ingestão de alimentos;

»» as emoções;

»» o controle neuroendócrino;

»» a pressão arterial;

»» a frequência cardíaca;

»» a contratilidade do coração;

»» a respiração;

»» a temperatura corporal;

»» a digestão.

Já o tálamo é um centro de integração sensitivo, ou seja, todas as informações


sensitivas, exceto o olfato, passam por ele. Posteriormente, são encaminhadas para a
área apropriada do córtex. Além disso, o tálamo regula todas as informações sensitivas
que chegam ao encéfalo consciente, sendo muito importante para o controle motor.

Cerebelo
O cerebelo fica localizado logo atrás do tronco encefálico. É conectado ao encéfalo em
diversas partes e possui importante papel na coordenação dos movimentos.

Figura 17. Cerebelo.

Fonte: <http://dicasparaenfermeiros.blogspot.com.br>.

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

Tronco encefálico
O tronco encefálico é composto por mesencéfalo, ponte e bulbo. É considerado o suporte
do encéfalo, pois o conecta à medula espinhal.

É o local de origem de 10 dos 12 pares de nervos cranianos. Os neurônios sensitivos


e motores passam pelo tronco encefálico, com a função de retransmitir informações
entre o cérebro e a medula espinhal.

Além disso, o tronco encefálico possui os principais centros responsáveis pelas


regulações autonômicas que controlam os sistemas cardiovascular e pulmonar.

Figura 18. Tronco cerebral.

Fonte: <http://www.abcdamedicina.com.br>.

Existe um conjunto de neurônios (conhecidos como formação reticular) no tronco


encefálico que são responsáveis por:

»» manter o tônus muscular;

»» coordenar a função dos músculos esqueléticos;

»» controlar as funções cardiovasculares e respiratórias;

»» determinar o estado de consciência (vigília e sono).

No encéfalo, existe um sistema conhecido por auxiliar no controle da dor. Por meio
das encefalinas e beta-endorfinas (opiatos), que atuam nos receptores de opiatos no
cérebro, é possível que exista redução da dor.

24
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

Poderia a atividade física induzir analgesia


em pacientes com dor crônica?
Juliana Barcellos de Souza.

A dor crônica se caracteriza pela persistência do sintoma além do período


fisiológico de recuperação do tecido lesado. Essas dores causam incapacidade
física e redução da performance cognitiva, reduzem a qualidade de vida e
o bem-estar dos pacientes, cujo tratamento proposto contradiz o clássico
binômio da terapia da dor aguda (repouso e fármacos). Para a dor crônica,
prescrevem-se exercícios físicos e sugerem-se tratamentos multidisciplinares.
Embora a atividade física seja prescrita há mais de 20 anos, os mecanismos
neurofisiológicos envolvidos ainda não são compreendidos. Descrevemos,
brevemente, os mecanismos endógenos de controle da dor crônica e evidências
da literatura científica que defendem o sistema opioide como mecanismo de
ação na analgesia induzida pelo exercício em indivíduos sadios e atletas. Esse
mecanismo também parece agir na população com dor crônica, embora haja
controvérsias. Finalizamos o artigo com considerações clínicas para a prescrição
do exercício para a população com dor crônica.
Fonte: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v15n2/v15n2a13.pdf>.

Figura 19. Encéfalo.

Fonte: <http://www.brasilescola.com/biologia/estruturas-encefalo-suas-funcoes.htm>.

Medula espinhal
É a parte mais caudal do sistema nervoso, recebendo e processando informações sensitivas
da pele, das articulações, dos músculos, dos membros e do tronco, além de controlar os
movimentos dos membros e do tronco. Possui as subdivisões sacral ou pélvico, lombar,
torácica e cervical.
25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA

Figura 20. Subdivisões da medula espinhal.

Fonte: <pt.wikipedia.org/wiki/Coluna_vertebral>.

A medula espinhal é formada por tratos de fibras nervosas que realizam a transmissão
dos impulsos nervosos nos dois sentidos. As fibras aferentes (sensitivas) transportam
os sinais nervosos dos receptores sensitivos, como, por exemplo, os receptores dos
músculos, das articulações, da pele e dos níveis superiores do SNC. Por outro lado,
as fibras eferentes (motoras) provenientes do cérebro e da parte superior da medula
espinhal transmitem potenciais de ação até os órgãos-alvo, como glândulas e músculos.

Figura 21. Massa cinzenta no sistema nervoso central.

Fonte: Adaptado de Marieb, 2009.

26
INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA │ UNIDADE I

Os homens devem saber que, a partir do cérebro, e do cérebro somente, surgem


os prazeres, as alegrias, os risos e as brincadeiras, bem como as tristezas, as dores
e as lágrimas. Por meio dela, em particular, pensar, ver, ouvir e distinguir o feio
do belo, o mau do bom, o agradável a partir do desagradável etc. É a mesma
coisa que nos faz louco ou delirante, inspira-nos com pavor e medo, seja de
noite ou de dia, traz insônia, erros inoportunos, ansiedades, distração e atos que
são contrários ao hábito. Dessas coisas que sofremos, todas vêm do cérebro.
Torna-se, anormalmente, quente, frio, úmido ou seco, ou sofre qualquer outro
afeto natural a que não estava acostumado. Loucura, por exemplo, vem da sua
umidade. Quando o cérebro é, anormalmente, úmido, por necessidade, move-se
e, quando se move, nem visão, nem audição funcionam perfeitamente. Vemos
ou ouvimos agora uma coisa, ora outra, e a língua fala de acordo com as coisas
vistas e ouvidas em qualquer ocasião. Mas enquanto for cérebro, um homem
pode pensar corretamente.

Fonte: Kandel; Schwartz, 2000.

27
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Líquido cerebroespinhal, sua produção
e função

É o mesmo que líquido cerebroespinhal ou simplesmente liquor.

A cavidade craniana inteira, incluindo o cérebro e a medula espinhal, tem cerca de


1.600 a 1.700 mililitros, sendo que 150 mililitros desse volume total é ocupado pelo
liquor, e o restante pelo encéfalo e a medula espinhal.

Machado (2005) diz que é um fluído aquoso e incolor que está presente nos ventrículos
cerebrais, nas cisternas ao redor do encéfalo e no espaço subaracnóide, ao redor tanto
do encéfalo como da medula espinhal. Todas estas câmaras são conectadas entre si, e a
pressão do liquor é mantida constate.

Figura 22. Líquido cerebroespinhal.

Fonte: <http://www.infoescola.com/>.

28
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

A função primordial do liquor é de proteção mecânica do sistema nervoso central,


formando um verdadeiro coxim líquido entre ele e a coluna óssea. Qualquer pressão ou
choque que se exerça em um ponto desse coxim, será distribuído igualmente a todos
os pontos. Desse modo, o liquor constitui um eficiente mecanismo amortecedor dos
choques que frequentemente atingem o sistema nervoso central.

O encéfalo e o liquor têm mais ou menos, a mesma gravidade específica, diferença em


torno de 4%. Assim, o encéfalo flutua no fluido. Por essa razão, um soco na cabeça, se
não for muito intenso, movimenta conjuntamente o crânio e o cérebro, impedindo que
alguma parte do cérebro seja distorcida pelo soco.

Em virtude da disposição do espaço subaracnóideo que envolve todo o sistema nervoso


central, esse fica totalmente submerso em líquido e o torna muito mais leve, o que reduz
o risco de traumatismos do encéfalo resultantes do contato com os ossos do crânio.

O volume total do liquor em um adulto é de 100 a 150 cm3, renovando-se completamente


a cada oito horas. No estado normal, o liquor é incolor e límpido, sendo encarregado
pela drenagem auxiliar do sistema nervoso.

Figura 23. Medula espinhal na ressonância magnética.

Fonte: Durá, 2008.

A ressonância magnética evidencia o liquor em T2, por esse motivo a medula espinhal
está toda evidenciada no plano sagital.
29
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

O liquor é secretado por células epiteliais coroidais – células epiendimárias modificadas


– dos plexos corióideos nos ventrículos laterais 3o e 4o. Os plexos corióideos são franjas
vasculares da pia-máter cobertas por células epiteliais cúbicas. São invaginadas para os
tetos do 3o e 4o ventrículos e nos assoalhos dos corpos e cornos inferiores dos ventrículos
laterais do encéfalo.

Cerca de dois terços ou mais desse líquido surgem como secreção dos plexos coroides nos
quatros ventrículos cerebrais, principalmente nos dois ventrículos laterais. Pequenas
quantidades adicionais de líquido são secretadas pelas superfícies ependimárias de
todos os ventrículos e pelas membranas aracnoides. Pequena quantidade vem do próprio
cérebro pelos espaços perivasculares que circundam os vasos sanguíneos cerebrais.

Figura 24. Liquor no sistema nervoso.

Fonte: <http://www.adam.com/>.

O líquido cefalorraquidiano pode ser retirado e o estudo de sua composição pode ser
de grande valia para diagnosticar diversas doenças como neoplasias malignas, doenças
desmielinizantes, infeções nas meninges e hemorragia subaracnoide.

Figura 25. Punção lombar para retirada do liquor.

Fonte: <http://www.adam.com/>.

30
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

<http://www.youtube.com/watch?v=SDMO4vYkqdg>.

<http://www.youtube.com/watch?v=8elNGECcyZs>.

»» Os tratos motores são cruzados nas pirâmides bulbares.

»» O bulbo está localizado abaixo da ponte e acima da medula espinhal.

»» O limite superior do bulbo é o sulco bulbopontino.

»» O limite inferior do bulbo é o forame magno.

»» Do bulbo saem os nervos lX-glossofaríngeo, X-vago, Xl-acessório e


Xll-hipoglosso

»» O bulbo tem funções importantes no movimento e sensibilidade da


língua.

»» O bulbo tem funções parassimpáticas dos órgãos torácicos e abdominais.

»» O bulbo controla a deglutição, a tosse e o vômito.

»» O nó vital corresponde à formação reticular do bulbo e dos núcleos


ambíguo e solitário.

»» O nó vital controla a respiração, a pressão arterial e a frequência cardíaca.

»» A medula espinhal é constituída de substância branca nas margens e


substância cinza no centro (H-medular).

»» A medula espinhal inicia na altura do forame magno e termina entre


L1 e L2.

»» Da medula espinhal, saem as raízes nervosas que vão formar os nervos


espinhais.

»» A cauda equina é constituída por axônios mielinizados e amielinizados.

»» A medula espinhal está envolvida pelas meninges pia-máter, aracnoide


e dura-máter.

»» Da superfície inferior do cone medular, a meninge pia-máter emite


um prolongamento que tem trajeto caudal para se ligar no osso sacro
(filamento terminal).

»» O filamento terminal se junta a prolongamentos da meninge dura-


máter para formar o filamento da dura-máter espinhal.

31
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

»» O prolongamento da dura-máter espinhal se insere no cóccix formando


o ligamento coccígeo.

»» O liquor protege o SNC de impactos.

32
CAPÍTULO 2
Meninges, ventrículos e cisternas

Meninges
O termo meninge deriva da palavra grega meninx que significa membrana. O sistema
nervoso central está envolvido por essas membranas denominadas meninges.
As meninges estão em contato com todo o sistema nervoso central e se apresentam de
dentro para fora com a seguinte ordem:

»» Pia-máter, a mais interna.

»» Aracnoide, a intermediária.

»» Dura-máter, a mais externa.

Figura 26. Meninges.

Fonte: <medinsitu.blogspot.com.br>.

Todo o sistema nervoso central é envolvido pelas referidas membranas que tem a função
de coxim, inclusive da medula espinhal.

Pia-máter

A meninge pia-máter é a meninge mais delicada e também a mais interna das meninges,
aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula espinhal, cujos relevos e
depressões acompanham, descendo até o fundo dos sulcos cerebrais.

33
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

Sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido
nervoso, constituindo, assim, a membrana pioglial. A pia-máter dá resistência aos
órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole.

Pequenas incisões na pia-máter, tanto no encéfalo quanto na medula, resultam em


hérnias de substância nervosa.

Essa meninge acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço
subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares.

Nesses espaços existem prolongamentos do espaço subaracnóideo, contendo liquor,


que forma um manguito protetor em torno dos vasos, muito importante para amortecer
o efeito da pulsação.

A meninge pia-máter se adere intimamente à medula nervosa e penetra na fissura mediana


anterior. Quando a medula termina no cone medular entre L1 e L2, a pia-máter continua
caudalmente, formando um filamento esbranquiçado denominado filamento terminal.

Figura 27. Meninge pia-máter.

Pia-máter

Filamento terminal

Fonte: <http://inclusaoemacao.wordpress.com>.

Aracnoide

Membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço


virtual denominado espaço subdural, contendo uma pequena quantidade de líquido
necessário à lubrificação das superfícies de contato das duas membranas.
34
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

A aracnoide se separa da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido


cérebro-espinhal ou simplesmente liquor, havendo ampla comunicação entre o espaço
subaracnóideo do encéfalo e da medula espinhal.

Considera-se também como pertencendo à membrana aracnoide as delicadas trabéculas


que atravessam o espaço para se ligar à pia-máter, e que são denominadas trabéculas
aracnoides.

Essas trabéculas lembram a teia de aranha, de onde vem o nome da meninge aracnoide.

Figura 28. Meninge aracnoide.

Pia-máter

Aracnoide

Filamento terminal

Fonte: <http://inclusaoemacao.wordpress.com>.

Entre as meninges aracnoide e pia-máter existe o espaço subaracnoide, de onde


extrai-se o liquor para tratamento e diagnóstico. Repare na característica semelhante
à teia de aranha.

Dura-máter

A meninge mais superficial é a dura-máter. É a mais espessa e resistente formada por


tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas. A dura-máter do encéfalo difere da
35
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

dura-máter espinhal por ser formada por dois folhetos: externo e interno, dos quais,
apenas o interno continua com a dura-máter espinhal.

O filamento terminal da meninge pia-máter perfura o fundo do saco dural e continua


com sentido caudal até o osso sacro. O filamento terminal recebe vários prolongamentos
da dura-máter e o conjunto passa a ser denominado filamento da dura-máter espinhal.

O filamento da dura-máter espinhal se insere na superfície dorsal do osso cóccix,


constituindo o ligamento coccígeo.

Figura 29. Meninge dura-máter.

Pia-máter

Aracnoide

Filamento terminal

Dura-máter

Filamento da dura-máter espinhal

Ligamento coccígeo

Fonte: <http://inclusaoemacao.wordpress.com>.

Por meio do ligamento coccígeo, a medula espinhal é estabilizada inferiormente.

Ventrículos
Há no encéfalo o sistema ventricular, o qual é formado por dois ventrículos laterais e o
3o e o 4o ventrículos, medianos, unidos pelo aqueduto cerebral.

Os ventrículos laterais, o 1o e o 2o ventrículos, são as maiores cavidades e ocupam


grandes áreas dos hemisférios cerebrais. Cada ventrículo lateral abre-se através de um
forame interventricular para o 3o ventrículo.

36
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

A cavidade em forma de fenda entre as metades direita e esquerda do diencéfalo trata-


se do 3o ventrículo. Esse é contínuo póstero-inferiormente com o aqueduto cerebral,
um canal estreito no mesencéfalo que une o 3o e 4o ventrículos.

O 4o ventrículo piramidal se localiza na parte posterior da ponte e do bulbo, estendendo-


se ínfero-posteriormente. Inferiormente, afila-se até formar um canal estreito que
continua até a região cervical da medula espinhal com o canal central.

O liquor é drenado do 4o ventrículo para o espaço subaracnóideo pela abertura mediana


única e um par de aberturas laterais. Essas aberturas são as únicas entradas do liquor no
espaço subaracnóideo. Caso ocorra um bloqueio dessas passagens, ele será acumulado
distando dos ventrículos, levando assim a uma compressão dos hemisférios cerebrais.

Figura 30. Ventrículos

Fonte: <http://olharocerebro.com/>.

Cisternas
As cisternas subaracnóideas são espaços maiores que o espaço subaracnóideo, formadas
entre a pia-máter e a aracnoide cujo acúmulo de liquor é maior que em outras regiões.

As principais cisternas subaracnóideas incluem:

»» Cisterna cerebelobulbar: localizada entre o cerebelo e o bulbo é a


maior cisterna. Recebe o liquor das aberturas do 4o ventrículo e é dividida
em posterior e lateral.

»» Cisterna ponto cerebelar ou pontina: constitui-se de um grande


espaço ventral à ponte, contínuo inferiormente com o espaço subaracnóideo
espinhal.

37
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

»» Cisterna interpeduncular ou basal: localiza-se na fossa


interpeduncular entre os pedúnculos cerebrais do mesencéfalo.

»» Cisterna quiasmática: situa-se anterior e inferiormente ao quiasma


óptico, o ponto de cruzamento das fibras dos nervos ópticos.

»» Cisterna colicular: contém partes da veia cerebral magna e se localiza


entre a parte superior do corpo caloso e a superfície superior do cerebelo.

»» Cisterna circundante: situa-se na face lateral do mesencéfalo e


continua posteriormente com a cisterna colicular.

38
CAPÍTULO 3
Cerebelo, tálamo e hipotálamo

Cerebelo
Assim como a ponte, o cerebelo também tem origem na vesícula primordial metencéfalo.
O cerebelo está inserido na fossa craniana posterior num acidente do osso occipital
denominado fossa cerebelar.

Herculano-Houzel e Lent (2005) afirmam que o cerebelo é o órgão encefálico com o


maior número de neurônios. Os pesquisadores indicam 150g como o peso médio de
um cerebelo e mesmo assim concentra mais da metade de todos os neurônios do SNC.
Cerca de 69 bilhões de neurônios denominados neurônios multipolares de Purkinje.

O cerebelo sempre foi associado às funções motoras pela sua intervenção nos movimentos
somáticos e manutenção do tônus muscular, mas não se restringe a isso.

Veremos agora outras funções importantes desse complexo órgão encefálico.

O cerebelo se comunica com o mesencéfalo por meio do pedúnculo superior, com a


ponte por meio do pedúnculo médio e com o bulbo por meio do pedúnculo inferior
(CARNEIRO, 2004).

Anatomicamente, o cerebelo é constituído por dois hemisférios que são unidos por uma
estrutura mediana denominada verme do cerebelo.

Figura 31. Cerebelo.

Fonte: <www.uv.mx/eneurobiologia>.

39
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

A palavra ontogenia significa o estudo das origens de um órgão desde o seu embrião.
Baseado no estudo do desenvolvimento do cerebelo, temos a seguinte divisão:

1. Lobo rostral (anterior).

2. Lobo caudal (inferior).

3. Lobo floculonuclear.

Figura 32. Divisões do cerebelo.

Lobo rostral (anterior)

Lobo caudal (inferior)


Lobo floculonuclear

Fonte: <www.ict.unesp.br>.

A palavra filogenia significa o estudo da relação evolutiva entre grupos e organismos.


Baseado no estudo evolutivo do cerebelo, temos a seguinte divisão:

Cerebelo vestibular (arquicerebelo)

Segundo Kierman (2003), o cerebelo vestibular (arquicerebelo) surgiu com animais


vertebrados primitivos que, embora não tivessem membros, precisavam de um apurado
controle motor para manter-se equilibrados principalmente em meio líquido. Temos
então uma função importante do cerebelo, o equilíbrio.

O cerebelo recebe informações da posição da cabeça pelas fibras aferentes a partir dos
núcleos vestibulares localizados na ponte para atuar na manutenção do equilíbrio.

O cerebelo vestibular corresponde ao lobo floculonuclear e à parte superior do verme


denominado língula.

40
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

Figura 33. Arquicerebelo.

Fonte: Adaptado de Grodd et al., 2001.

Cerebelo espinhal (paleocerebelo)

Kierman (2003) afirma que houve um grande avanço a partir do cerebelo vestibular nos
peixes. Diferentes de outros animais, os peixes apresentavam nadadeiras que exigiam
movimentos mais apurados. Nesse período formou-se o cerebelo espinhal (paleocerebelo)
que tem ampla comunicação com os tratos espinhais. Nesse período, se juntou ao cerebelo
vestibular para comandar o equilíbrio, a modulação da força e o tônus muscular.

Machado (2005) diz que foram os peixes que apresentaram os primeiros sensores de
propriocepção (fuso neuromuscular e órgão tendinoso de Golgi) ambos responsáveis
pela informação da quantidade de posição do membro e força muscular, fundamentais
na importante função do cerebelo, a dosagem de força muscular.

O cerebelo espinhal é formado pela porção inferior do verme (pirâmide e úvula) e pelo
lobo anterior.

Figura 34. Paleocerebelo.

Fonte: Adaptado de Grodd et al., 2001.

41
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

Cerebelo cortical (neocerebelo)

Machado (2005) diz que o cerebelo cortical (neocerebelo) é a última parte da divisão
filogenética do cerebelo e se desenvolveu em mamíferos, principalmente nos que precisam
de movimentos delicados. Segundo o autor, nesse período de evolução cerebelar, houve
grande evolução cerebral e o trabalho conjunto entre cérebro e cerebelo tornou-se intenso,
principalmente nos movimentos de extrema delicadeza. Devido a essa comunicação com
o cérebro, temos uma importante função do cerebelo no planejamento do movimento.

O cerebelo cortical (neocerebelo) é formado por todo o lobo caudal (inferior) e a parte
central do verme (declive, folium e túber).

Figura 35. Neocerebelo.

Fone: Adaptado de Grodd et al., 2001.

Grodd et al. (2001) apresentam um mapa funcional do cerebelo.

Figura 36. Mapa funcional do cerebelo.

Fonte: Adaptado de Grodd et al., 2001.

42
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

O córtex motor no cérebro envia o sinal primário de comando muscular. Na gíria


popular, o sinal do cérebro é 8 ou 80, ou seja, é tudo ou nada. Na prática, o cérebro
determina a contração do músculo, porém, cabe ao cerebelo aprender sobre a
resistência do objeto a ser tocado para determinar a quantidade de força adequada
que será aplicada pelo músculo. Para levantar uma marreta, o cerebelo determina
uma grande quantidade de força. Se aplicarmos essa mesma força para segurar
um ovo, com toda certeza o quebraremos. Se segurarmos a marreta com a força
usada para segurar um ovo, com certeza a marreta vai cair e provocar um acidente.
As informações de textura e peso são armazenadas no cerebelo. Isso significa que
tem grande importância na memória e aprendizado motor.

<http://www.youtube.com/watch?v=Qw0oyrhlmpw>.

<http://www.youtube.com/watch?v=XGGzMiggxP8>.

<http://www.youtube.com/watch?v=BSIsVhAXIEw>.

»» O mesencéfalo é o órgão mais rostral do tronco cerebral.

»» Do mesencéfalo saem os pares III-oculomotor e IV-troclear dos


nervos cranianos.

»» O mesencéfalo é responsável pelos movimentos dos olhos, e pelos


movimentos somáticos do corpo.

»» A ponte se liga ao cerebelo para controlar os movimentos do corpo.

»» Na ponte estão os núcleos dos nervos V-trigêmeo, VI-abducente, VII-


facial e VIII-vestibulococlear.

»» A ponte tem funções nos movimentos e sensibilidade da face,


movimentos dos olhos, audição e equilíbrio.

»» A ponte tem grande importância no controle da respiração inibindo


o centro respiratório do bulbo.

»» O sistema ativador reticular ascendente (SARA) é responsável por ligar e


desligar o cérebro, além de determinar a que o cérebro deve dar atenção.

»» O cerebelo pesa 150 gramas e tem o maior número de neurônios


do sistema nervoso.

»» É constituído por 69 bilhões de neurônios Purkinje.

»» O cerebelo é responsável pela dosagem de força muscular.

»» Evolutivamente, o cerebelo é dividido em:

43
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

›› Cerebelo vestibular (arquicerebelo) responsável pelo equilíbrio.

›› Cerebelo espinhal (paleocerebelo) responsável pelo controle motor.

›› Cerebelo cortical (neocerebelo) responsável pelo controle motor fino.

Tálamo
Os tálamos são duas massas volumosas compostas de corpos de neurônios (substância
cinza) com forma ovoide, dispostas uma em cada hemisfério cerebral, na porção
laterodorsal do diencéfalo (DUARTE, 2009).

Os tálamos são unidos pela aderência intertalâmica que atravessa o III ventrículo.

Distinguem a extremidade anterior pontuda denominada tubérculo anterior do


tálamo e outra posterior e bastante proeminente, o pulvinar do tálamo.

O tálamo é fundamentalmente constituído de substância cinzenta (corpos de neurônio)


na qual se distinguem vários núcleos. Porém sua superfície dorsal é revestida por uma
lâmina de substância branca (MACHADO, 2005).

O tálamo é dividido em grupos de núcleos:

1. Núcleo anterior.
2. Núcleo medial.
3. Núcleo mediano.
4. Núcleo lateral.
5. Núcleo posterior (pulvinar).
6. Metatálamo.

Figura 37. Divisão do tálamo.

Fonte: Adaptado de <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3e/Thalamus-schematic-ES.svg>.

44
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

1. Núcleo anterior: compreende os núcleos situados no tubérculo


anterior do tálamo sendo limitados posteriormente pela bifurcação em
Y da lâmina medular interna. Esses núcleos recebem fibras dos núcleos
mamilares pelo fascículo mamilotalâmico e projetam fibras para o córtex
do giro do cíngulo, sendo parte do sistema límbico relacionado com o
comportamento emocional.

2. Núcleo medial: compreende os núcleos situados dentro da lâmina


medular interna (núcleos intralaminares) e o núcleo dorsomedial,
situado entre essa lâmina e os núcleos do grupo mediano. Os núcleos
intralaminares, recebem fibras da formação reticular e têm importante
papel ativador sobre o córtex cerebral. O núcleo dorsomedial recebe
fibras da amígdala e do hipotálamo e tem conexões recíprocas com a parte
anterior do lobo frontal, denominada área de associação pré-frontal.

3. Núcleo mediano: são núcleos localizados próximos ao plano mediano,


na aderência intertalâmica. Muito desenvolvidos nos vertebrados
inferiores, os núcleos do grupo mediano são pequenos e de difícil
delimitação. Comunica-se com o hipotálamo.

4. Núcleo lateral: Machado (2005) diz que esse é o mais importante grupo
e o mais complicado. Distinguem-se 4 núcleos:

›› Núcleo ventral (V A): recebe a maioria das fibras que do globo pálido
se dirigem para o tálamo. Projeta-se para as áreas motoras do córtex
cerebral. Tem função ligada à motricidade somática.

›› Núcleo ventrolateral (V L): recebe as fibras do cerebelo e se projeta


para as áreas motoras do córtex cerebral. Integra a via cerebelo-
tálamo-cortical. Além disso, o núcleo ventral lateral recebe parte das
fibras que do globo pálido se dirigem ao tálamo.

›› Núcleo ventroposterior (V P): é um núcleo relé das vias sensitivas,


recebendo fibras dos lemniscos medial e espinhal. O núcleo ventral
posterolateral projeta fibras para o córtex do giro pós-central, onde se
localiza a área somestésica.

›› Núcleo laterodorsal (L D): é também um núcleo relé das vias sensitivas.


Recebe fibras do lemnisco trigeminal, trazendo sensibilidade somática
geral de parte da cabeça e fibras gustativas provenientes do núcleo do
trato solitário (fibras solitariotalâmicas). Projeta fibras para as áreas
somestésica e gustativa, situadas no giro pós-central.

45
UNIDADE II │ ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS

Figura 38. Núcleo lateral do tálamo.

Fonte: Adaptado de <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3e/Thalamus-schematic-ES.svg>.

5. Núcleo posterior: compreende o pulvinar e os núcleos geniculados.


Machado (2005) afirma que alguns autores os consideram como uma
parte independente do diencéfalo denominada metatálamo.

›› Corpo genicular medial recebe pelo braço do colículo inferior, fibras


provenientes do colículo inferior ou diretamente do lemnisco lateral.
Projeta fibras para a área auditiva do córtex cerebral sendo, um relé da
via auditiva.

›› Corpo genicular lateral é formado por substância branca e cinzenta.


Recebe pelo trato óptico fibras provenientes da retina e as envia ao
córtex visual, situado nas bordas do sulco calcarino do lobo occipital.

Figura 39.

Fonte: <https://www.verywell.com/the-anatomy-of-the-brain-2794895>.

46
ÓRGÃOS ENCEFÁLICOS │ UNIDADE II

No dicionário português, a palavra ‘relé’ significa interruptor acionado


eletricamente. Inúmeros equipamentos possuem relés, como automóveis e
televisores. A analogia do tálamo ao dispositivo eletrônico é feita pelo fato de as
vias sensitivas com exceção do olfato, não terminarem no córtex sensitivo e sim
no tálamo. O tálamo é acionado e então aciona o córtex sensitivo responsável
pelo tipo de sensibilidade determinada. Exemplo: a sensibilidade visual chega
ao tálamo e termina ali. O tálamo processa esse sinal e reenvia ao córtex visual.
É um intermediador sensitivo.

<http://www.youtube.com/watch?v=_Qqbd03DmqY>.

Hipotálamo
É uma pequena estrutura do diencéfalo com cerca de 1 cm2. Localizada superiormente
à hipófise, abaixo dos tálamos com leve projeção anterior.

Martin (1998) aponta o hipotálamo (1) como responsável pelo controle hormonal da
glândula hipófise (2), homeostase, regulação do sono, regulação térmica, atividade
sexual e sentimentos.
Figura 40. Hipotálamo

Fonte: Adaptado de Netter, 2011.

<http://www.youtube.com/watch?v=8eJcHefMSiI>.

47
TRONCO CEREBRAL E UNIDADE III
MEDULA ESPINHAL

CAPÍTULO 1
Mesencéfalo, ponte e bulbo

O mesencéfalo, a ponte e o bulbo compõem o tronco encefálico, o qual é considerado o


suporte do encéfalo, pois o conecta à medula espinhal.

É o local de origem de 10 dos 12 pares de nervos cranianos. Os neurônios sensitivos e


motores passam pelo tronco encefálico, com a função de retransmitir informações entre
o cérebro e a medula espinhal. Além disso, o tronco encefálico possui os principais centros
responsáveis pelas regulações autonômicas que controlam os sistemas cardiovascular
e pulmonar.

Existe um conjunto de neurônios (conhecidos como formação reticular), no tronco


encefálico, que são responsáveis por:

»» manter o tônus muscular;

»» coordenar a função dos músculos esqueléticos;

»» controlar as funções cardiovasculares e respiratórias;

»» determinar o estado de consciência (vigília e sono).

Mesencéfalo
O mesencéfalo está localizado atrás do dorso da sela turca (túrsica) do osso esfenoide,
na altura dos olhos. Num corte transversal (axial) de encéfalo, na altura dos globos
oculares, teremos o mesencéfalo em evidência.

48
TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL │ UNIDADE III

Figura 41. Mesencéfalo

Fonte: Durá, 2008.

Anatomicamente, o mesencéfalo apresenta as seguintes estruturas:

Figura 42. Divisão do mesencáfalo.

Fonte: Adaptado de Netter, 2011.

1. Pedúnculo cerebral: formado pelas fibras descendentes dos tratos


corticoespinhal e corticonuclear. Cada pedúnculo cerebral conduz
axônios que comandam os movimentos de cada lado do corpo.
Portanto, o mesencéfalo tem importantes funções motoras somáticas.
(MACHADO 2005)

49
UNIDADE III │ TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL

2. Substância negra: considerada como pertencente aos núcleos da base por


alguns autores. É constituída por neurônios dopaminérgicos que tem atuação
inibitória no corpo estriado. Portanto, o mesencéfalo tem importantes
funções nos movimentos extrapiramidais. (MACHADO, 2005)

3. Núcleo rubro: local por onde passam os axônios do trato rubro-espinhal.


Participa do controle motor somático dos músculos distais dos membros,
principalmente dos músculos flexores. Na medula aparece paralelo ao
trato corticoespinhal lateral onde atua como auxiliar deste, suavizando os
movimentos e tornando-os mais coordenados. (GUYTON, 2011)

4. Aqueduto do mesencéfalo: canal hidráulico por onde passa o líquido


cérebro espinhal produzido nos ventrículos laterais e III-ventrículo
para se comunicar com o IV-ventrículo. Localiza-se na região posterior
do mesencéfalo denominada teto do mesencéfalo. Está envolto por
substância cinza central. (MACHADO, 2005)

5. Teto do mesencéfalo: constituído de quatro eminências, os colículos


superiores, que estão relacionados com os órgãos da visão, e os colículos
inferiores que estão relacionados com a audição, além da área pré-tectal
ou tectal que está relacionada com os reflexos da pupila. Portanto, o
mesencéfalo tem importância na visão e audição. (MACHADO, 2005)

6. Tegmento do mesencéfalo: continuação do sistema reticular ativador


ascendente originário na ponte. No tegmento do mesencéfalo estão presentes
o núcleo rubro a substância branca e a substância cinza. (MACHADO, 2005)

7. Fossa interpeduncular: espaço entre os pedúnculos cerebrais. Nesse


espaço está a cisterna interpeduncular.

Dos nervos cranianos, cinco pares são exclusivamente motores. São os pares III, IV, VI,
XI e XII. Porém, do mesencéfalo, emergem dois pares de nervos cranianos com funções
do controle dos olhos. Os pares III (óculo motor), IV (troclear). Portanto, o mesencéfalo
tem importantes funções motoras dos olhos.

<http://www.youtube.com/watch?v=wI5lSfFjht0>.

Ponte
É o órgão intermediário do tronco cerebral. Localiza-se abaixo do mesencéfalo e acima
do bulbo na parte anterior da fossa posterior do crânio. Em sua parede posterior, ajuda
50
TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL │ UNIDADE III

na formação do IV ventrículo. Num corte transversal (axial) de encéfalo, na transição


olhos/nariz, teremos a ponte em evidência.

Figura 43. Ponte.

Fonte: Adaptado de Durá, 2008.

A ressonância magnética T1 mostra a ponte anteriormente ao IV ventrículo. Na parte


lateralmente do IV ventrículo estão os pedúnculos cerebelares.

Anatomicamente, a ponte é dividida nas partes anterior e posterior.

Figura 44. Divisão da ponte.

Fonte: Adaptado de <what-when-how.com>.

1. Base: é o local onde se encontram os núcleos pontinos, e os tratos


corticoespinhal, corticonuclear e rubroespinhal (*) responsáveis pelos
movimentos somáticos do corpo e face. Os núcleos pontinos (**) são
formados pelos neurônios transversais que vão até o cerebelo pelo
pedúnculo cerebelar médio para formar a via córtico-ponto-cerebelar cuja
51
UNIDADE III │ TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL

função é informar ao cerebelo tudo o que se passa no cérebro. Portanto,


a ponte tem grande importância no controle da movimentação somática.

Figura 45. Base da ponte.

Fonte: Adaptado de <what-when-how.com>.

2. Tegumento: é a parte posterior da ponte e é formado por fibras


ascendentes (tratos sensitivos), descendentes (tratos motores), núcleos
de nervos cranianos, além dos neurônios do sistema reticular ativador
ascendente (SARA).

Na ponte, estão os núcleos dos nervos cranianos V trigêmeo, VI abducente, VII facial e
VIII vestibulococlear, juntamente com suas origens aparentes. Portanto, a ponte tem
importantes funções na mímica facial, movimentos dos olhos, sensibilidade da face,
audição e equilíbrio.

Figura 46. Núcleos dos nervos cranianos na ponte.

Fonte: Adaptado de <what-when-how.com>.

Os lemniscos são a fusão de tratos sensitivos que vão em direção ao tálamo. Pelo menos
dois lemniscos são identificados na ponte: lemnisco medial (*) e lemnisco lateral (**).

52
TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL │ UNIDADE III

O lemnisco medial (*) é a união dos tratos espinotalâmico anterior e lateral que vão em
direção ao tálamo levando informações de sensibilidade tátil e térmica respectivamente.
Portanto, a ponte tem importância na sensibilidade somática geral.

O lemnisco lateral (**) é composto por fibras provenientes dos núcleos cocleares que
farão sinapse no colículo inferior, no mesencéfalo.

Figura 47. Lemniscos.

Fonte: Adaptado de <what-when-how.com>.

É de conhecimento dos profissionais da saúde que o centro respiratório está localizado


no bulbo. Porém, algumas considerações respiratórias relacionadas à ponte são
relevantes. Na parte dorsal superior da ponte, na região da formação reticular, há um
grupo de neurônios aos quais damos o nome de centro pneumotáxico. Essa região é
responsável pelo controle da frequência respiratória, inibindo o centro apnêustico
também localizado na ponte. Portanto, é uma importante função da ponte, a respiração.

Figura 48. Centro respiratório.

Fonte: Adaptado de <lookfordiagnosis.com>.

53
CAPÍTULO 2
Medula espinhal

O cérebro se desenvolveu mais do que os ossos que o protegem, e por isso teve de criar
os giros para caber mais neurônios no mesmo espaço. Diferentemente do cérebro, a
medula espinhal, se desenvolveu menos do que os ossos que a protegem e por isso não
apresenta o aspecto contorcido próprio do cérebro.

Machado (2005) comentou a etimologia da palavra medula e seu significado literal é


miolo ou o que está dentro. Assim, temos medula óssea dentro dos ossos, a medula
suprarrenal, dentro da glândula adrenal, e a medula espinhal dentro do canal vertebral.

Para Moore e Daley (2008) é o principal centro reflexo e via de comunicação entre o
corpo e o encéfalo. Nos adultos, a medula espinhal mede cerca de 45 cm.

Costanzo (2007) diz que a medula espinhal é a porção mais caudal do sistema nervoso
central, estendendo-se desde a base do crânio até a primeira vértebra lombar.

A medula espinhal se apresenta como uma massa cilíndrica de tecido nervoso, situada
dentro do canal vertebral. Inicia na altura da vértebra entre o forame magno e C1, em
que se diferencia topograficamente do bulbo e termina na altura da vértebra L1/L2.

Figura 49. Medula espinhal e cone medular.

Fonte: Adaptado de <http://inclusaoemacao.wordpress.com>.

Na altura de L1/L2 corresponde à extremidade inferior da medula espinhal. Nessa


região a medula se torna fina e pontuda para formar o cone medular. Abaixo do cone

54
TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL │ UNIDADE III

medular tem-se o que se conhece por cauda equina. A cauda equina recebe esse nome
pela sua suposta semelhança com a cauda do cavalo. A cauda equina é composta por
raízes nervosas contendo axônios de neurônios mielinizados e amielinizados.

Figura 50. Cauda equina.

Fonte: Adaptado de <http://inclusaoemacao.wordpress.com>.

Substância branca
Assim como no cérebro, a medula possui em sua constituição substância branca
composta por axônios de neurônios mielinizados. Esses axônios correspondem aos
tratos eferentes e aferentes, de controle e sensibilidade gerais.

Diferente do cérebro, essa substância, ocupa a periferia da medula.

Figura 51. Substância branca e cinzenta da medula espinhal.

Fonte: <http://escolakids.uol.com.br/>.

55
UNIDADE III │ TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL

Substância cinza
Essa parte da medula espinhal apresenta corpos de neurônios assim como no córtex
cerebral. A diferença está na localização. Enquanto no cérebro os corpos de neurônio
estão no córtex (capa), na medula espinhal ocupam a posição central. Destacamos sua
semelhança com a letra (H) formando o H-medular.

Figura 52. Medula espinhal na coluna vertebral.

Fonte: Adaptado de <www.eorthopod.com>.

O número 1 corresponde à substância branca feita por axônios mielinizados.

O número 2 corresponde ao H-medular feito exclusivamente por corpos de neurônios


formando a substância cinza.

A porção posterior do H-medular apresenta um limite estreito que conhecemos por


corno posterior. Essa região recebe a somestesia (sensibilidade) somática de todo o
corpo. Por não conter muitos corpos de neurônio, apresenta-se fina.

A porção anterior do H-medular apresenta um limite largo que conhecemos por


corno anterior. Dessa região saem o sinal motor somático para os músculos estriados
esqueléticos. Por conter grande quantidade de corpos de neurônio, apresenta-se larga.

Figura 53. H-medular.

Fonte: Adaptado de <www.eorthopod.com>.

O número 1 corresponde ao corno posterior e recebe sinal de somestesia de todo corpo.

O número 2 corresponde ao corno anterior e emite sinal de controle motor aos músculos.
56
CAPÍTULO 3
Patologias associadas

Como vimos, o tronco encefálico possui os principais centros responsáveis pelas regulações
autonômicas que controlam os sistemas cardiovascular e pulmonar. Dessa forma, sua
integridade é de extrema importância para o funcionamento normal do organismo.

Lesões no tronco cerebral são semelhantes aos danos cerebrais, bem como lesões
cerebrais podem lesar estruturas adjacentes, assim, apresentam sintomas semelhantes.
Alguns sintomas são listados abaixo:

»» disfagia;
»» apneia do sono;
»» dificuldade respiratória;
»» vertigem e náusea;
»» dificuldade no equilíbrio e movimento;
»» perda de consciência;
»» paralisia;
»» parada cardiorrespiratória em casos graves, entre outros.

Redução do suprimento sanguíneo para o


tronco cerebral
Em condições de aterosclerose, a redução de fluxo sanguíneo para as artérias vertebrais
através dos forames transversos dos processos transversos das vértebras cervicais e dos
trígonos suboccipitais, pode causar atordoamento, tontura e outros sintomas devido à
interferência do suprimento sanguíneo para o tronco cerebral.

Figura 54. Aterosclerose.

Fonte: <drluisgustavohernandes.files.wordpress.com>.

57
UNIDADE III │ TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL

Figura 55. Redução do suprimento sanguíneo cerebral.

Fonte: <www.adam.com>.

Isquemia da medula espinhal


Lesões como fraturas e luxações podem interferir no suprimento sanguíneo para a
medula espinhal, afetando sua função, podendo levar a fraqueza muscular e paralisia.
A isquemia pode decorrer também por comprometimento circulatório decorrente da
doença arterial obstrutiva ao estreitar as artérias medulares.

Figura 55. Fratura na coluna vertebral.

Fonte: <drcolunavertebral.com.br>.

58
TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL │ UNIDADE III

Lesões da medula espinhal


O canal vertebral se diferencia de indivíduo para indivíduo, variando muito em tamanho
e formato de um nível para outro, principalmente nas regiões cervical e lombar. Caso
seja estreito na região cervical, por exemplo, uma pequena fratura ou luxação de uma
vértebra cervical pode causar danos irreversíveis à medula espinhal.

Outras lesões como protusão discal para o canal vertebral após um trauma ou aumento
da pressão sobre uma ou mais raízes nervosas da cauda equina resultante de osteoartrite
das articulações dos processos articulares, podem, respectivamente, causar choque
medular associado à paralisia inferior ao local acometido ou sintomas sensitivos e
motores na área de distribuição no nervo espinhal envolvido.

Figura 56. Protusão discal.

Fonte: <www.itcvertebral.com.br>.

Transecção da medula espinhal também altera a sensibilidade e os movimentos


voluntários abaixo do nível da lesão, porém, trata-se de uma lesão mais grave, a qual
causará diferentes acometimentos.

De acordo com o local da transecção da medula espinhal os efeitos indicados são:

»» C1-C3: perda de função abaixo do nível da lesão. Necessita-se um


ventilador para manter a respiração, caso contrário, é fatal.

»» C4-C5: há respiração, mas o paciente é quadriplégico, ou seja, não há


função dos membros superiores e inferiores.

»» C6-C8: perda da função da mão e um grau variável de perda no membro


superior, o indivíduo pode conseguir alimentar-se ou impulsionar uma
cadeira de rodas.

»» T1-T9: indivíduo paraplégico, ou seja, paralisia dos membros inferiores,


mas o controle do tronco varia de acordo com a altura da lesão.
59
UNIDADE III │ TRONCO CEREBRAL E MEDULA ESPINHAL

»» T10-L1: apresenta alguma função dos músculos da coxa, o que pode


permitir caminhar com órteses longas de perna.

»» L2-L3: maior parte da função da perna preservada, podendo precisar de


órteses curtas de perna para se locomover.

Figura 57. Nível da lesão medular e sistemas afetados.

Fonte: <http://cienciasecognicao.org/>.

60
SISTEMA NERVOSO UNIDADE IV
PERIFÉRICO

CAPÍTULO 1
Divisão do SNP

Os principais componentes do sistema nervoso periférico são os nervos. Eles podem ser
encontrados em quase todas as partes do corpo. Caso você siga o trajeto de um nervo,
perceberá que uma ponta do nervo termina em um órgão, enquanto a outra ponta se insere
no sistema nervoso central, por meio de orifícios no crânio e na coluna. Dessa forma,
podemos classificar os nervos como “cabos de conexões” entre o sistema nervoso e os
órgãos do corpo.

No início das pesquisas em anatomia, acreditava-se que dentro dos nervos circulavam
líquidos responsáveis pela transmissão da mensagem nervosa. Depois, foi esclarecido que a
mensagem consiste em impulsos elétricos que são conduzidos ao longo dos nervos. Durante o
trajeto, alguns filetes nervosos se separam dos nervos e alguns outros filetes se juntam
aos nervos. Isso acontece para que grupos de fibras nervosas saiam ou entrem no tronco
principal. De forma geral, próximo ao SNC os nervos são mais calibrosos, contendo um
número maior de fibras, e, próximo aos órgãos, os nervos tendem a separar-se em filetes.

Figura 58. Nervos do sistema nervoso periférico.

Fonte: <http://saude.culturamix.com/dicas/sistema-nervoso-central-e-periferico>.

61
UNIDADE IV │ SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O SNP é formado, também, por gânglios, que são um agrupamento de células nervosas
que ficam localizadas próximas ao SNC. Muitas fibras nervosas que formam os nervos
têm sua origem em neurônios ganglionares. Algumas fibras têm origem em células
nervosas que estão localizadas dentro do SNP.

Figura 59. Estrutura dos nervos e gânglios nervosos.

Fonte: <http://sistemanervosocentral304.blogspot.com.br/>.

Em anatomia, um gânglio (plural, gânglios) é uma massa de tecido biológico. As células


encontradas em um gânglio são conhecidas como células ganglionares, embora esse
termo seja usado, também, para referir-se, especificamente, às células ganglionares
da retina.

Existem dois grandes grupos de gânglios:

»» Gânglios da raiz dorsal (também conhecido como gânglio espinhal),


que contêm os corpos celulares dos nervos sensoriais (aferentes).

»» Gânglios autônomos, que contêm os corpos celulares dos nervos


autônomos.

No sistema nervoso autônomo, as fibras que saem do sistema nervoso central para os
gânglios são conhecidas como fibras pré-ganglionares, enquanto as fibras que saem dos
gânglios em direção ao órgão efetor são chamadas de fibras pós-ganglionares.

O termo ‘gânglio’ se refere, geralmente, às estruturas do sistema nervoso periférico.


No entanto, no cérebro, o gânglio basal é um grupo de núcleos interligados com o
córtex cerebral, tálamo e tronco cerebral, associado a uma variedade de funções, como
controle motor, cognição, emoções e aprendizado.

62
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO │ UNIDADE IV

Figura 60. Localização do gânglio basal.

Fonte: <http://dererummundi.blogspot.com.br/>.

Quando os gânglios basais sofrem danos graves, o sistema cortical do controle motor não
pode mais fornecer essas informações corretamente. Com isso, a escrita fica grosseira
e estranha, como se a pessoa estivesse aprendendo a escrever. A seguir, outras funções
dos gânglios basais:

»» cortar papel com a tesoura;

»» arremessar bola em algum alvo;

»» atirar com arma em alvo fixo;

»» passar bola de futebol;

»» recolher sujeira com pá;

»» qualquer outro movimento especializado.

Os gânglios basais possuem, também, funções cognitivas. Esse é o processo pelo qual os
gânglios utilizam a memória armazenada no encéfalo para ocorrência da ação motora.
Por exemplo: ver uma cobra na cozinha de sua casa, lembrar que ela pode picar e
envenenar, virar para trás correr e fugir, sair na rua gritando para pedir ajuda.

Além disso, os gânglios basais possuem funções na alteração da marcação do tempo e


na escala de intensidade dos movimentos.

63
UNIDADE IV │ SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

»» Determinar a velocidade com que o movimento vai ocorrer.

»» Determinar a amplitude que o movimento vai ter.

Figura 61. Gânglios Basais.

Fonte: <http://www.cabuloso.xpg.com.br/Anatomia-Humana/Sistema-Nervoso-SNC/Sistema-Nervoso-Central-SNC.htm>.

Os nervos podem ser divididos em espinhais, quando se unem ao SNC por meio de
orifícios existentes na coluna vertebral, e cranianos, quando se unem por meio de orifícios
no crânio. As informações transmitidas pelos nervos espinhais e cranianos podem ser
sensitivas ou motoras, viscerais ou somáticas. Além disso, existem muitos nervos mistos
que são capazes de carrear mais de um tipo dessas informações.

O SNP possui 43 pares de nervos, sendo 12 pares de nervos cranianos que estão conectados
ao cérebro e 31 pares de nervos espinhais conectados à medula.

Divisão sensitiva
O SNP possui a divisão sensitiva, em que as informações são transportadas em direção
ao SNC. Os neurônios aferentes (sensitivos) têm origem nas seguintes áreas:

»» órgãos;

»» órgãos responsáveis pelos sentidos do paladar, olfato, tato, audição e visão;

»» pele;
64
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO │ UNIDADE IV

»» vasos sanguíneos e linfáticos;

»» músculos e tendões.

Podemos, ainda, classificar a divisão sensitiva em cinco receptores principais:

»» Mecanoceptores: respondem às forças mecânicas, como pressão, tato,


vibrações ou estiramento.

»» Termoceptores: respondem às alterações de temperatura.

»» Fotoceptores: respondem à luz, permitindo a visão.

»» Nociceptores: respondem a estímulos de dor.

»» Quimioceptores: respondem a estímulos vindos de alimentos, odores,


mudanças nas concentrações sanguíneas de oxigênio, dióxido de carbono,
eletrólitos e glicose, por exemplo.

Muitos receptores têm funções importantes durante as práticas esportivas e exercícios.


As terminações nervosas livres detectam o frio, o calor, a pressão, o tato e a dor,
funcionando, portanto, como termoceptores, nociceptores e mecanoceptores. São
importantes para a prevenção de lesões que possam surgir durante a prática esportiva.
Alguns exemplos importantes são os seguintes:

»» Receptores cinestésicos articulares: esses receptores são capazes


de perceber a posição e o movimento das articulações. Localizados nas
cápsulas articulares, são sensíveis aos ângulos articulares e à velocidade
de mudança desses ângulos.

»» Fusos musculares: percebem o comprimento e a velocidade de


mudança do comprimento muscular.

»» Órgãos tendinosos de Golgi: detectam a tensão aplicada por um


músculo em seu tendão, informando a força da contração muscular.

Divisão motora
As informações transmitidas pelo SNC para as diferentes partes do corpo são realizadas
pela divisão motora, ou eferente, do SNP. Após o processamento da informação que foi
recebida, o SNC decide como o corpo deve responder a esse estímulo.

Os nervos são formados por fibras que são prolongamentos dos neurônios. Dessa forma,
é importante conhecer a localização dos corpos celulares desses neurônios. As fibras

65
UNIDADE IV │ SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

dos nervos espinhais podem se originar em neurônios que estão na medula ou, ainda,
em gânglios distribuídos por fora da medula, próximo à coluna vertebral.

As fibras dos nervos cranianos se organizam de forma parecida, mas os neurônios estão
em núcleos do encéfalo ou em gânglios fora dele, próximos ao crânio.

66
CAPÍTULO 2
Plexos

O termo inervar significa ramificar-se de forma profusa em um território específico do


corpo e, assim, por exemplo, realizar o comando dos músculos ou veicular as sensações
de dor, tato etc. da musculatura.

Os 31 pares de nervos espinhais originados na medula espinhal distribuem-se de


maneira segmentar pelo corpo.

Cada fibra nervosa sensitiva que realiza inervações em diferentes tecidos dos dedos
das mãos se junta a outras fibras nervosas sensitivas, formando filetes nervosos, que
passam a ficar cada vez mais calibrosos.

Na região do punho, por exemplo, os filetes formam um feixe mais calibroso, recebendo
o nome de nervo mediano. O nervo mediano, por sua vez, passa pelo antebraço e pelo
braço e, nesses pontos, ele recolhe muitas fibras sensitivas e motoras dessas regiões,
tornando-se, assim, ainda mais calibroso. Na região da axila, algumas fibras do nervo
mediano se separam, mas se juntam a outras fibras que vêm de regiões diferentes. Isso
acontece várias vezes e, para esse conjunto intrincado de fascículos e nervos que se
encontram e se separam, é dado o nome de plexo.

No caso do nervo mediano, o plexo é chamado de plexo braquial.

Os plexos se distribuem para o pescoço, formando o plexo cervical; para os membros


superiores originando o plexo braquial, e para a pelve e membros inferiores formando
o plexo lombossacro.

Plexo cervical
Rede de nervos que formam várias alças nervosas a partir dos quatro primeiros nervos
cervicais, C1 a C4 no pescoço, inervando alguns músculos do pescoço, o diafragma e
áreas da pele na cabeça, no pescoço e no tórax.

Situa-se profundamente no músculo esternocleidomastóideo na face anterolateral


do pescoço.

A alça cervical é formada por duas raízes, uma superior e outra inferior. O ramo
superior origina-se da alça entre as vértebras C1 (atlas) e C2 (áxis), mas segue com o
nervo hipoglosso, que não faz parte do plexo cervical. Os ramos superficiais do plexo
são ramos cutâneos, enquanto os ramos profundos são ramos motores.

67
UNIDADE IV │ SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Figura 62. Plexo cervical.

Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAeopkAA/plexos-neuroanatomia>.

Plexo braquial
Importante rede nervosa que supre o membro superior. Inicia no pescoço e se estende
até a axila. É formado pela união dos ramos anteriores dos quatro últimos nervos
cervicais e o primeiro nervo torácico, que constituem as raízes do plexo braquial.

As raízes nervosas atravessam a entrada entre os músculos escalenos anterior e médio


com a artéria subclávia, e formam três troncos:

»» Tronco superior: união das raízes de C5 e C6.

»» Tronco médio: continuação da raiz de C7.

»» Tronco inferior: união das raízes de C8 a T1.

Figura 63. Plexo braquial.

Fonte: <http://www.paralisias.com.br/lesoes/paralisia-plexo-braquial>.

68
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO │ UNIDADE IV

Plexo lombossacro
O plexo lombar é formado anteriormente aos processos transversos lombares dentro
da fixação proximal do músculo psoas maior. É formado pelos ramos anteriores dos
nervos L1 a L4, sendo eles:

»» Nervo femoral – L2-L4.

»» Nervo obturatório – L2-L4.

»» Tronco lombossacral – L4-L5.

»» Nervos ilioinguinal e ílio-hipogástrico – L1.

»» Nervo genitofemoral – L1-L2.

»» Nervo cutâneo femoral lateral da coxa – L2-L3.

Figura 64. Plexo lombossacro.

Fonte: Adaptado de <http://labanatoin.ufpel.edu.br/>.

Já o plexo sacral se localiza na parede póstero-lateral da pelve menor, estando


intimamente ligada à face anterior do músculo piriforme. Seus principais nervos são
o isquiático e o pudendo, porém apresenta ainda os nervos glúteos superior e inferior.

Existem alguns nervos que não formam plexos, dirigindo-se diretamente para a medula
espinhal. Nas regiões próximas à medula, as fibras que emergem do plexo braquial
se aproximam da medula por meio de orifícios na coluna vertebral. Aqui, as fibras

69
UNIDADE IV │ SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

motoras se separam das fibras sensitivas e formam dois grupos de raízes chamados de
raízes dorsais sensitivas e as raízes ventrais motoras. Na entrada das raízes dorsais, são
encontrados os gânglios espinhais, onde são encontrados os neurônios sensitivos que
recebem o tato, a dor e as outras sensações.

Os nervos cranianos se organizam de forma parecida com a dos nervos espinhais, no


entanto, são mais complexos e variáveis. Na maior parte das vezes, suas terminações
são distribuídas nas diferentes partes da cabeça e, então, vão se juntando em filetes que
ficam cada vez mais calibrosos, até constituírem os nervos.

Quando possuem fibras sensitivas, os nervos cranianos se ligam a gânglios que são
homólogos aos espinhais, onde se encontram os corpos celulares dessas fibras. No
entanto, como o cérebro apresenta dobramentos e irregularidades, diferentes da forma
tubular encontrada na medula, os nervos cranianos não se dividem em raízes dorsais
e ventrais. Eles penetram no crânio por meio de orifícios específicos, chamados de
forames. Depois, entram no encéfalo em diferentes pontos.

Podemos fazer uma analogia do sistema nervoso periférico com algumas máquinas.
O SNP pode ser entendido como um conjunto de sensores, chips e cabos. Os sensores
se distribuem pelos tecidos do organismo, como os músculos, os ossos, as articulações,
as vísceras e a pele. Sua função é captar as informações produzidas no ambiente ou no
próprio organismo e traduzi-las para uma linguagem que possa ser entendida pelo sistema
nervoso. Essa língua são os impulsos elétricos. Os sensores são os receptores sensoriais.

Eles ficam ligados às fibras nervosas, que formam os nervos. Os nervos, por sua vez, são
os cabos que têm a função de conduzir os impulsos elétricos gerados pelos receptores até
o SNC. Além disso, os cabos conduzem informações no sentido contrário. Os impulsos
elétricos produzidos no SNC são levados aos músculos esqueléticos, cardíacos, músculos
das vísceras e glândulas. Nessas regiões, os impulsos são transformados em ações:
contrações musculares ou secreções das glândulas. Por fim, podemos, ainda, pensar
que, além de função condutora, o SNP possui chips que processam as informações,
como pequenos computadores. Os contatos entre os neurônios situados nos gânglios
sensitivos e nos gânglios motores, ou secretores/motores, podem ser entendidos como
os chips.

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Referências

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Sistema Nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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71
REFERÊNCIAS

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