14 a 20 de Março, 2021 Órgão dos filiados do Partido da Causa Operária n.

º 6

JORNAL

Conspiração internacional

Abaixo a
lava-jato,
Lula 2022
EDITORIAL

Abaixo a lava-jato, Lula 2022

A decisão de Fachin de de-
volver os direitos políticos de
Lula, julgando incompetene
a Justiça do Paraná para as
condenações do ex-presiden-
te, coloca como necessida-
de imediata a campanha por
Lula candidato.
Esse fato não está isolado
e vem na esteira dos recen-
tes escândalos envolvendo a
operação Lava Jato. Cada va-
zamento revelou aquilo que
sempre denunciamos: trata-
-se de uma quadrilha de cri-
minosos que conspiraram,
conjuntamente com órgãos
norte-americanos, para dar o
golpe e prender ilegalmente
Lula para tirá-lo da eleição.
E dessa quadrilha não faziam
parte apenas Sérgio Moro e
os procuradores do MP, mas
também os ministros do STF,
militares, partidos da direita e
imprensa golpista.
A desmoralização comple-
ta dessa conspiração crimi-
Foto: Miguel SCHINCARIOL / AFP

nosa deve dar lugar a uma

denúncia de conjunto de todo
o regime político golpista. A
esquerda deve expor todos os
envolvidos, exigir que sejam
punidos como traidores do
povo.
É nesse marco que se en-
contra a decisão de Fachin.
Se por um lado sua decisão
devolve os direitos políticos
de Lula, a manobra visa a pre-
servar ao menos em parte as
instituições golpistas, envol-
vidas até o pescoço na cons-
piração.
Por isso, é hora de colocar
em prática uma ampla cam-
panha de rua pela candidatu-
ra de Lula, para impedir qual-
quer reversão da decisão de
Fachin. Só uma mobilização
será capaz de garantir os di-
reitos políticos de Lula e sua
candidatura.
É hora da esquerda, que até
agora apoiou-se nas ilegali-
2
dades contra Lula para não
defender sua candidatura, ab-
dicar de qualquer pretensão
individual e anunciar apoio a
Lula.
Não se trata de condicionar
o apoio a um programa abs-
trato, como quer parte da es-
querda, como o PSOL de Gui-
lherme Boulos. A candidatura
de Lula é um movimento real
e é a única política capaz de
unificar a esquerda e os traba-
lhadores.
Lula representa a vonta-
de dos trabalhadores, como
mostram inclusive as pesqui-
sas divulgadas pela própria
imprensa golpista. É preciso
um movimento que dê vazão
a essa vontade e que coloque
em primeiro plano a luta con-
tra todos os golpistas, Bolso-
naro e os partidos da direita
que são os pais do golpe de
Estado, e a defesa dos interes-
ses reais dos trabalhadores e
de todo o povo brasileiro.
Se a tarefa principal, como
dizem todos os setores da es-
querda, é a unidade para der-
rotar Bolsonaro e o fascismo,
Lula é o nome em torno do
qual se faz possível tal tarefa.
É preciso que a candidatu-
ra de Lula seja uma alavanca
para uma enorme mobiliza-
ção de massas.
 EM DEBATE

DERRUBAR O GOVERNO GOLPISTA

Paraguai mostra o caminho: sair às

ruas contra o genocídio
Na América Latina onde os regimes golpistas prevalecem há um genocidio dos trabalhadores, a crise
levou os paraguaios às ruas para derrotar o golpe, no Brasil é preciso seguir seus passos
Na sexta feira 05/09 o povo
paraguaio saiu às ruas em re-
volta contra o regime golpis-
ta, que governa o país desde
2012 e que vem perpetuando
um genocidio durante a pan-
demia de covid-19. Os traba-
lhadores da Capital Assun-
ção realizaram protestos de
dezenas, senão centenas de
milhares e em apenas um dia
derrubaram 3 ministros, in-
cluindo o próprio ministro da
saúde. Os protestos também
pedem o “fuera Marito”, em
referência ao presidente gol-
pista Mario Benitez, que vem
destruindo o país desde 2018.
As semelhanças com o Brasil
Foto: Reuters/Cesar Olmedo

são incontáveis, agora o Pa-

raguai nos aponta o caminho
para pôr um fim ao genocidio,
a mobilização.
O Paraguai é um dos paí-
ses mais pobres da América
do Sul, em toda a sua história
ele só foi governado uma vez
por um presidente de esquer-
da, Fernando Lugo, que foi
eleito em 2008 e derrubado
por um golpe organizado pelo
imperialismo em 2012. Desde
lá o país vem sendo comple-
tamente destruído com um
aumento enorme da miséria,
com a chegada da pandemia
o Paraguai foi jogado em um
estado de calamidade. Com
uma população de apenas 7
milhões de habitantes, o país
conta com 3350 mortes, caso
os números fossem adapta-
dos à população brasileira es-
tariam na casa dos 90 mil, isso
com uma população muito
menos concentrada em gran-
des cidades devido a enorme
Sem uma esquerda combativa juventude saiu às ruas por conta própria pela
vacinação em massa e contra o regime golpista
parcela que vive no meio ru- paraguaia já optou pelo seu
ral. caminho tradicional de luta,
O governo golpista do Para- às ruas, enquanto isso no Bra-
guai não apresenta nenhum sil a esmagadora maioria da
plano real de contenção da esquerda aposta no sentido
pandemia e a campanha de oposto, caminhando para o
vacinação é uma farsa com- desastre total.
pleta, até o início dos protestos Desde o início da pandemia
apenas 4 mil doses de vacinas o PCO denunciou que a polí-
haviam chegado, o que garan- tica do fique em casa não iria
tiu a imunização de menos impedir o genocidio que esta-
de 0,1% da população. Após va por vir, diante dos gover-
a gigantesca revolta popular, nos golpistas de Bolsonaro e
o governo ultra repressivo de dos governadores como Dó-
Piñera no Chile em uma arti- ria e Witzel era evidente que
culação entre os golpistas la- centenas de milhares iriam
tino americanos decidiu doar perder suas vidas. A única
20 mil doses de vacina para maneira da classe operária
o Paraguai. As semelhanças de fato garantir a sua saúde
com o Brasil são grandes de- era por meio da mobilização
mais para serem ignoradas, em torno de um programa de
contudo a classe trabalhadora combate à crise econômica
3
EM DEBATE
e da saúde nas ruas. As dire-
ções de esquerda impediram
qualquer tipo de mobilização
e chegaram não só a fechar os
sindicatos como a entregá-los
para os governadores golpis-
tas. Após 1 ano e 270 mil mor-
tes está mais que claro que
essa era, e ainda é, a política
errada.
No Paraguai em apenas um
dia de mobilização o governo
entrou em uma crise comple-
ta, 3 ministros foram derru-
bados e por pouco não caiu
o próprio presidente. Caso o
povo continue nas ruas é algo
bem possível de acontecer.
Dessa luta irão sair diversas
vitórias parciais para a classe
trabalhadora paraguaia, es-
sas serão ainda maiores caso
ela derrube completamente
o regime golpista e coloque
de volta à esquerda no poder.
Aqui vale comparar os países
da América Latina governa-
dos pela esquerda, a Venezue-
la que tem 5 vezes a população
do Paraguai e está sob fortes
sanções do imperialismo teve
1400 mortes, já Cuba que so-
fre um embargo genocida há
60 anos teve apenas 350 mor-
tes. Esses resultados só estão
neste nível devido a mobiliza-
ção revolucionária da classe
trabalhadora que em Cuba
tomou o poder e que na Vene-
zuela derrotou diversas tenta-
tivas de golpes de Estado.
Enquanto isso onde as mo-
bilizações tendem ao zero
devido a política de represa-
mento das tendências de luta
as mortes estão muito próxi-
mas de atingir o patamar dos
300 mil. Diante desta política
de genocidio do povo, que
se soma a política e miséria,
fome e desemprego que estão
próximos de atingir a casa
dos 100 milhões de brasilei-
ros, é um completo absurdo ir
contra as mobilizações popu-
lares. No Paraguai, como foi
calculado acima, com 3 vezes
menos mortos que o Brasil
proporcionalmente, o povo
saiu às ruas e quase derrubou
4
o golpe, contudo existe mais já assassinou mais de 60 mil
uma semelhança que ainda paulistanos. O essencial aqui
não foi comentada, não foram é entender que mesmo estan-
as organizações de esquerda do desorganizados os traba-
que conclamaram o povo a se lhadores paraguaios saindo às
mobilizar. ruas colocaram em xeque o re-
No Paraguai a esquerda é gime golpista, no Brasil, onde
quase uma nulidade, em toda a classe operária é muito mais
a história ele esteve apenas organizada o impacto das mo-
4 anos no governo e foi der- bilizações seria muito maior.
rubada por um golpe, depois, Não só isso,como existe uma
ao contrário do que houve no alternativa clara contra o go-
Brasil, nunca se desenvolveu verno golpista que é a maior
um forte movimento de luta liderança popular do país, o
contra o golpe. Agora durante ex-presidente Lula.
a pandemia foi uma pequena Já passou da hora de que-
manifestação de enfermeiros brar esse imobilismo que a
que deu início a gigantesca cada dia que passa gera mais
revolta popular, os partidos mortes, mais desemprego,
de esquerda e sindicatos só mais miséria e mais fome. O
se posicionaram depois que PCO defende as mobilizações
viram que a maré já estava de rua pois estas são a única
subindo. Já no Brasil as or- saída que a classe trabalhado-
ganizações de esquerda são ra tem diante da crise e, como
enormes, a CUT tem milha- pode-se ver no paraguai, as
res de sindicatos, o MST tem ruas serão tomadas pelo povo,
milhões de membros, o PT é quer a esquerda queira ou não.
um dos maiores partidos de As opções são, chamar o povo
esquerda no mundo e ainda a sair às rua agora de forma
há diversos outros partidos e organizada com um progra-
organizações. ma de lutas bem definido, ou
Contudo mesmo com todo virar as costas para a classe
esse poder, a esmagadora trabalhadora que por sua vez,
maioria das direções da es- eventualmente irá se rebelar
querda definiu uma política de de forma caótica e também
não mobilizar nas ruas e assim irá virar as costas para todos
ficar a reboque da direita ge- os setores da esquerda que de
nocida ao estilo de Dória, que fato nunca a defenderam.
Foto: Alan Santos
Presidentes golpistas do Paraguai e do Brasil se unem para esmagar a classe
trabalhadora latino americana
 EM DEBATE

PARA INGLÊS VER

Lockdown da direita é uma farsa para

culpar o povo
Única medida da burguesia para conter a pandemia é reprimir a população em seu horário de lazer
Passou-se um ano e não
passou a crise da covid-19. A
pandemia que estava prevista
para durar até setembro, no-
vembro nas estimativas mais
pessimistas, alcança novos
patamares toda semana. No
dia 10 e 11 de março de 2021
o Brasil bateu o recorde de
maior número de mortes por
dia, chegando a mais de 2 mil
vítimas nos dois dias. Con-
tudo a burguesia c’ontinua a
insistir na mesma campanha
fracassada; o “fique em casa”,
hoje insustentável pelo nú-
mero enorme de brasileiros
obrigados a se aglomerar nos
transportes públicos todos os
dias, transformou-se no “lock-
down” de 23h às 5h da manhã.
Uma política inócua cujo úni-
co objetivo é mascarar a falta
de solução da burguesia para
a crise.
Entre março de 2020 e
março de 2021 nenhuma me-
dida séria foi tomada para
implantar hospitais de cam-
panha, desenvolver uma va-
cina, aumentar os leitos nos
hospitais. Os governadores e
prefeitos que fizeram “frente”
contra Bolsonaro não foram
Foto: Reprodução

muito além do que o presiden-

te, e apenas maquiaram a situ-
ação. Witzel no Rio de Janeiro
fez hospitais de campanha fic-
tícios, chegando a desmontar
um para abrir outro.
A situação é similar no
mundo inteiro, mas no Brasil
temos o caso mais agudo da
crise. A única política da bur-
guesia brasileira foi a propa-
ganda midiática de que algo
estava sendo feito e, diante
do aumento constante do nú-
Enquanto frequentar bares e sair na rua de madrugada é proibido, os
trabalhadores estão enlatados no transporte público diariamente
mero de mortes, jogar todo o tavam abertos e reprimir ma-
ônus da crise em cima da po- nifestações. Falou-se até em
pulação que ela mesma em- rastrear as pessoas via smar-
purra para as ruas. tphone.
Todas as iniciativas de lo- Mas qual a contribuição des-
ckdown ao longo dos últimos sas medidas para amenizar a
12 meses concentraram-se em pandemia? Nenhuma. É uma
multar quem estava na rua farsa culpar o trabalhador que
sem máscara, bares que es- foi ao bar na sexta-feira depois
5
EM DEBATE

do expediente, depois de ter

pego, pelo menos 10 vezes se
levarmos em conta que o mes-
mo pega uma condução para
ir a outra para voltar do traba-
lho, o transporte público, e ter
passado 8 horas trabalhando
com mais centenas de outros
trabalhadores que por sua vez
passaram pela mesma situa-
ção para chegar no trabalho.
Se para os trabalhadores
nunca foi dada a opção de fi-
car em casa, por que eles de-
veriam acreditar que se pri-
var do seu único momento de
lazer é o que está alastrando
o vírus pelo país, e não a falta
de auxílio, a falta de higieni-
zação nos locais públicos, no
supermercados, na falta de
hospitais, vacina e insumos
para hospitais, escala de tra-
balho?
A burguesia tem dois objeti-
Foto: Reprodução

vos com o lockdown: conven-

cer uma parcela da população,
mais abastada e formadora
de opinião, de que está sendo
feito o possível para barrar a
pandemia; e ao mesmo tempo
aumentar a repressão sobre
os trabalhadores, evitando
manifestações.
A tendência repressiva do
regime é uma parte impor-
tante da manobra política da
burguesia. A população está
vivendo no limite desde que a
pandemia começou. O regime
inteiro parece andar numa
corda bamba. Em meados do
ano passado, quando se pen-
sava estar no auge da pande-
mia, manifestantes no mundo
inteiro saíram às ruas para
enfrentar seus governos. Nos
Estados Unidos, o país esteve
à beira de uma guerra civil.
No Brasil, uma parte da es-
querda foi às vias de fato com
os bolsonaristas nas ruas, e,
não fosse a esquerda peque-
na-burguesa encabeçada por
Guilherme Boulos e a histeria
eleitoral desenfreada, teria
desencadeado grandes mani-
festações por todo o Brasil.
A esquerda pequeno-bur-
guesa trabalha desde o ano
6
Enquanto frequentar bares e sair na rua de madrugada é proibido, os
trabalhadores estão enlatados no transporte público diariamente
passado para conter as mani- tado de São Paulo, recomenda
festações e endossar a farsa que os passageiros evitem ho-
do lockdown. O pequeno bur- rários de pico, mas o próprio
guês comum aplaude as medi- secretário diz que é impossí-
das repressivas da burguesia vel manter o distanciamento
contra o povo no desespero social dentro das plataformas.
que essas medidas tenham Denunciar essa farsa é o
de fato algum efeito na pan- primeiro passo para começar
demia. As direções buscam uma mobilização. É preciso
desesperadamente apoiar as sair às ruas para reivindicar as
medidas da direita tradicional vacinas, hospitais de campa-
para receber em troca miga- nha, paralisação do trabalho
lhas eleitorais, mesmo após a com auxílio salarial. Nesse
derrota acachapante das elei- sentido precisamos separar o
ções de 2020. isolamento social efetivo, que
Para que serve um lock- só acontecerá com incentivos
down das 23h às 05h a não e auxílios, do “lockdown” da
ser pegar de exemplo algum burguesia que serve apenas
desesperado atrás da vida no- para maquiar a decadência
turna, algum desavisado ou e a incapacidade da burgue-
um sem sorte, e jogar sua ca- sia e reprimir a população.
beça para a população? Como A esquerda deve organizar,
se ali estivesse o culpado pelo através de comitês de luta,
recorde de mais de 2000 mor- núcleos de bairros, conselhos
tes diárias. populares etc., os trabalhado-
As próprias declarações da res na rua para pressionar a
burguesia sobre o assunto burguesia. O momento não
mostram a farsa. Alexandre poderia ser melhor que com a
Baldy, secretário dos Trans- restituição dos direitos políti-
portes Metropolitanos do Es- cos de Lula.

8 DE MARÇO
O dia internacional da mulher
trabalhadora esquecido pela esquerda
Data histórica de luta das operárias foi substituída por manifestações virtuais
A data que homenageia o
dia da mulher trabalhadora
teve sua história marcada por
lutas e conquistas progressis-
tas para as mulheres e está
ligada à luta das operárias têx-
teis de Nova Iorque, em 1857.
Em greve, as operárias per-
maneceram de braços cruza-
dos durante semanas, sendo
brutalmente reprimidas pela
polícia e perseguidas pelos
patrões em uma grande ma-
nifestação, transformando-se
num símbolo de luta para as
trabalhadoras e as socialistas
norte-americanas.
Vinte anos depois, o dia in-
ternacional da mulher vai se
estabelecer, definitivamente,
no 8 de março, com a vitória da
revolução na Rússia. A mani-
festação convocada pelas ope-
rárias ligadas ao socialismo
russo foi o estopim da Revo-
lução de Fevereiro de 1917, ao
se transformar em uma greve
geral na enorme concentração
operária do bairro Viborg, em
São Petersburgo, principal ci-
dade industrial do país.
Esses exemplos mostram
um pouco da história da data
do dia 8 de março, que é uma
história de luta das mulheres
operárias, pela conquista de
direitos e contra a exploração
capitalista e da burguesia. Po-
rém, em 2021, um ano após a
pandemia de COVID-19 ma-
tar mais de 270 mil pessoas,
deixar milhares de mulheres
desempregadas, e sem auxí-
lio emergencial, ou seja, o ano
mais propício para se mani-
festar contra os governos ge-
nocidas de Bolsonaro, Doria,
Eduardo Paes e demais gol-
pistas, a data foi totalmente
esvaziada pela esquerda e pe-
las direções sindicais.
Atos de rua foram substi-
tuídos por lives na internet.
Algumas organizações reali-
zaram essas lives nos dias 7
e 9 de março, ou até mesmo
chamaram o ato para o dia 14
de março, uma iniciativa difí-
cil de compreender. Por que
esvaziar a data que sempre foi
símbolo da luta das mulheres?
O fato da esquerda esquecer
o dia internacional da mulher
trabalhadora nada mais é do
que uma consequência da po-
lítica da esquerda desde o iní-
cio da pandemia. A esquerda
no geral não se mobilizou con-
tra a política genocida de Bol-
sonaro e os golpistas diante
da pandemia do COVID-19. No
primeiro momento encabeça-
ram a política da pequena-bur-
guesia de “ficar em casa”, ig-
norando a classe trabalhadora
que não tinha como ficar em
casa.
Também não se mobiliza-
ram contra o desemprego e
as centrais sindicais aprovei-
taram a inércia, fechando as
portas dos sindicatos em um
momento em que os trabalha-
dores precisavam de ajuda,
para garantir seus salários
e seus empregos em meio a
uma crise gigantesca.
Quando o auxílio emergen-
cial foi reduzido de R$600,
que já era uma miséria, para
R$200, nada foi falado. Testes
em massa não foram reivindi-
cados, a classe trabalhadora
foi abandonada pela esquerda,
e consequentemente o dia da
mulher trabalhadora também
EM DEBATE
foi deixado para escanteio.
Vale lembrar que as mulhe-
res, em meio a crise da pande-
mia no Brasil, desde o primei-
ro momento foram uma das
maiores vítimas do descaso
da esquerda e da ofensiva da
extrema-direita. O direito ao
aborto, já restritivo no país,
sofreu diversos ataques do
governo Bolsonaro no últi-
mo período. Mulheres mães,
quando mantiveram seu em-
prego, se viram em casa com
seus filhos, tentando conciliar
a vida profissional com a cria-
ção das crianças, totalmente
sem perspectiva de vacina ou
de uma política séria do gover-
no para conter o vírus.
Não está na hora do movi-
mento de mulheres ficar re-
clusa dentro de casa, como
deseja a direita. O momento
é de sair às ruas contra o go-
verno genocida de Bolsonaro
e os governadores golpistas,
para a garantia dos direitos
das mulheres e da classe tra-
balhadora.
O descaso pelo dia interna-
cional da mulher trabalhadora
nada mais é do que um refle-
xo da política de abandono da
classe trabalhadora como um
todo no último período. É inad-
missível continuar com essa
política. O coletivo de mulhe-
res Rosa Luxemburgo do PCO
chama todas as mulheres que
desejam se mobilizar contra
o golpe, contra os ataques da
burguesia à classe trabalhado-
ra e a ofensiva da extrema-di-
reita contra as mulheres, a se
organizar e mobilizar nas ruas
pela derrubada do governo
Bolsonaro.
7
EM DEBATE

NO PIOR MOMENTO

Esquerda chama de heróis os lava-

jatistas do STF
“Quem confia em Juiz? Eu não sou louco.”
A esquerda está comemo-
rando, com razão, a retoma-
da dos direitos políticos de
Lula. Nesta segunda-feira (5),
o ministro Fachin declarou a
suspeição de Moro nos pro-
cessos condenatórios do Lula,
anulando todos os resultados
anteriores. Com isso, a con-
denação em segunda instân-
cia decorrente do processo do
Triplex foi anulada, retirando
o ex-presidente das garras da
anti-democrática Lei da Ficha
Limpa e restituindo seus di-
reitos políticos integralmente.
Essa vitória, contudo, não é
um presente de Fachin para
a esquerda brasileira. Na re-
alidade, a ação contraditória
do ministro se deu motivada
pela intensa crise em meio a
burguesia decorrente do es-
cândalo com as revelações
da vaza-jato. Em agravo, a
decisão favorável ao ex-pre-
sidente limita-se à retirar o
processo de Curitiba e levá-lo
à Primeira Vara Federal de
Brasília. Quer dizer, qualquer
campanha visando fortalecer
os ministros, o STF ou o po-
der judiciário, chamando-os
de heróis, abre margem para
a burguesia manobrar com a
crise em uma nova condena-
ção com o atual tribunal. A
Foto: Reprodução

tarefa das forças progressis-

tas consiste em aproveitar a
falta de coesão do inimigo de
classe e tomar a iniciativa po-
lítica. Concretamente, lançar
a candidatura de Lula ime- sa proposta. surdos que foram corrobora-
diatamente e pressionar os Nesse momento, é preci- dos pelos ministros da corte,
demais setores de esquerda a so relembrar a participação desde o farsesco julgamento
levar adiante uma campanha do judiciário no processo do do mensalão, o ataque à so-
de mobilização em torno des- golpe de estado, a série de ab- berania nacional feito pelo
8
 EM DEBATE

imperialismo na operação benéfica para o desenvolvi- enquanto que o mais provável

lava-jato, a subserviência aos mento da luta pelos interes- seria a classe dominante se
militares, a chancela da vota- ses da população e uma in- agrupar novamente em torno
ção parlamentar que derru- capacidade da burguesia em da indesejada candidatura de
bou a presidenta eleita Dilma conter a polarização política. Bolsonaro nas próximas elei-
Roussef, a prisão política de Por isso a imprensa monopo- ções. Deve-se garantir a can-
Lula e remoção arbitrária de lista e setores da alta burocra- didatura de Luiz Inácio Lula
seu nome nas urnas. Cabe às cia militar já se manifestaram da Silva, único capaz de mo-
organizações ligadas ao povo fortemente contrários à res- bilizar as amplas massas, e
(sindicatos, partidos de es- tituição dos direitos políticos ficar atento, pois com ela, as
querda, movimentos) ver essa do ex-presidente . Essa hosti- eleições de 2022 se tornam o
longa lista de violação aos di- lidade deve aumentar no pró- principal problema para to-
reitos democráticos também ximo período com Lula re- dos os golpistas.
como um ensinamento sobre presentando o setor popular
o caráter ditatorial dessa insti-
tuição e seu papel de classe. A
consequência da proposta da
esquerda pequeno burguesa
de ficar a reboque da direita
“civilizada” e exaltar as ações
do STF é jogar areia nos
olhos da população sobre o
que está acontecendo no país.
A própria decisão de Fachin
não vem motivada por boas
intenções daquele que é um
dos principais apoiadores do
Mussolini de Maringá, Sérgio
Moro, na Suprema Corte, mas
sim como forma de conter a
crise gerada pelas revelações
dos bastidores da Lava-jato.
Os vazamentos explicitaram
que, além da própria relação
pessoal entre o procurador e o
juiz do caso, Dalagnol e Moro,
foram realizadas uma série
de manobras escusas para
manter Lula preso. O episó-
dio do “solta-prende”, no qual
o juiz substituto Rogério Fa-
vreto decidiu pela soltura do
Lula. Nessa ocasião, as men-
sagens revelaram que a pró-
pria ministra Cármen Lúcia
foi acionada para falar com o
ex-ministro de segurança da
PF, Raul Jungmann, para ga-
rantir que Lula permanecesse
encarcerado. Ao que tudo in-
dica isso ainda seria a ponta
do iceberg.
Com a desmoralização pro-
funda da Lava-Jato, cujo es-
cândalo chegou na própria
cúpula do STF, a esquerda
Foto: Reprodução

não deve buscar impedir esse

processo de enfraquecimento
do regime golpista. A contra-
dição, no campo inimigo, é
9
ATIVIDADES DO PARTIDO
UNIVERSIDADE MARXISTA O ANO INTEIRO
Um plano de ensino marxista para todo
o brasil
Nos últimos dias 5, 6 e 7 de
março, o Comitê Central Na-
cional (CCN) do PCO realizou
uma reunião ampliada com re-
presentantes de todas as regi-
ões do País e companheiros do
exterior. Como é tradicional, a
reunião debateu as principais
campanhas e atividades do
Partido para o próximo perío-
do, entre elas a campanha pela
candidatura de Lula e por fora
Bolsonaro e todos os golpistas,
que será realizada através dos
mutirões e de atos de rua em
todo o País.
Uma das discussões mais
importantes da reunião foi o
balanço da 46ª Universidade
de Férias, que está na sua reta
final e conta com o tema “O
que foi o Stalinismo, uma aná-
lise marxista”. Com a partici-
pação de cerca de 1.200 inscri-
tos, a experiência desta edição
da universidade serviu para
que o partido tirasse algumas
conclusões importantes sobre
o projeto Universidade Mar-
xista. Com isso, foi discutido e
aprovado um plano de forma-
ção política permanente para
militantes e simpatizantes do
PCO e para o público geral.
Um partido verdadeiramen-
te revolucionário e marxista
deve ter na formação polí-
tica de seus militantes uma
das principais atividades. A
esquerda pequeno-burguesa
despreza completamente a
formação política, em geral,
ela oscila entre uma atividade
demagógica, falsamente “prá-
tica” e um pedantismo acadê-
mico que nada tem a ver com
o marxismo.
Por isso, o PCO é de longe o
partido que mais se dedica ao
estudo sistemático dessa ciên-
10
cia que é o marxismo.
No plano anual de forma-
ção política aprovado pelo
CCN estão atividades voltadas
exclusivamente para os mili-
tantes como o CIEM (Curso
de Introdução ao Estudo do
Marxismo), o Curso Básico e
o curso avançado de marxis-
mo. Cada um com duração de
um semestre, com professores
formados entre os quadros do
partido.
Além dos cursos de forma-
ção de militantes, que funcio-
narão como uma verdadei-
ra escola de quadros, o CCN
aprovou um plano para a uni-
versidade marxista que prevê
quatro cursos anuais, sendo
dois relativos à Universidade
de Férias e dois cursos regula-
res de meio de semestre. Além
disso, semestralmente haverá
a Escola Marxista, com cur-
sos reduzidos e organizados
por município, sempre com
o tema que foi abordado em
profundidade na Universida-
de de Férias imediatamente
anterior. O objetivo da Escola
Marxista é possibilitar a par-
ticipação ampla e a formação
de trabalhadores e estudantes
nos bairros populares, catego-
rias sindicais e escolas. O tema
da próxima Escola Marxista já
está definido: “Bolchevismo e
stalinismo”, baseado no livro
do revolucionário russo, Leon
Trótski, de mesmo nome. Os
cursos acontecem nos finais
de semana, começando no dia
13 de março com a aula inau-
gural em São Paulo com a
companheira Natália Pimenta,
indo até o final de junho.
Na sequência, na 47 Univer-
sidade de Férias, que aconte-
cerá em julho, o companheiro
Universidade marxista
Curso de férias - verão 2021 (reta
final)
janeiro e fevereiro de 2021
“O que foi o stalinismo” Parte 1 (1917-
1945)
Curso regular - primeiro semestre
de 2021
abril, maio e junho de 2021
“Democracia e revolução”
Curso de férias - inverno 2021
julho de 2021
“O que foi o stalinismo” parte 2 (1945-
1991)
Curso regular - segundo semestre
de 2021
setembro, outubro e novembro de
2021
“200 anos da independência e 100
anos do tenentismo: 200 anos de his-
tória da revolução brasileira”
Curso de férias - verão 2022
janeiro e fevereiro de 2022
“100 anos da fundação do PCB: o stali-
nismo e a classe operária brasileira”
Rui Costa Pimenta apresen-
tará a segunda parte do tema:
“O que foi o stalinismo, uma
análise marxista”, abrangendo
o período que vai do final da
Segunda Guerra Mundial até o
colapso da URSS no início dos
anos 90.
Para participar de todas es-
sas atividades, as inscrições
estarão abertas no sítio da Uni-
versidade Marxista (univer-
sidademarxista.com.br) e da
Escola Marxista (escolamar-
xista.pco.org.br).
Veja a programação dos te-
mas de cursos da Universida-
de Marxista em 2021 até janei-
ro de 2022
 IMPRENSA OPERÁRIA

JORNAL DIGITAL

Um avanço para a imprensa

revolucionária: Jornal Causa Operária
em versão digital
Em entrevista, o companheiro Rafael Dantas comenta sobre a importância de ampliar o acesso ao órgão
partidário e os planos futuros
para a plataforma
O Partido da Causa Operária
deu mais um passo na expan-
são de sua imprensa indepen-
dente, operária e revolucioná-
ria. O tradicional Jornal Causa
Operária (JCO), principal im-
presso do partido, em publica-
ção há 40 anos, agora possui
uma versão digital e conta
com um extenso acervo, com
planos de ampliar ainda mais!
O JCO é uma das principais
ferramentas políticas do par-
tido. O jornal orienta sua mi-
litância, organiza e mantém
o partido em funcionamento,
sendo uma expressão concre-
Foto: Reprodução

ta da atividade partidária. His-

toricamente, o Jornal Causa
Operária foi instrumento fun-
damental na luta contra a di-
reita, estando presente duran-
te a ditadura militar e também
dos governos neoliberais dos
anos 90. No último período,
o jornal cumpriu o papel de
um dos principais órgãos de
agitação e propaganda da luta
contra o golpe de 2016 e pela
liberdade do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que
cobriu e denunciou sistemati-
camente os ataques da direita
golpista.
Para nos contar um pouco
sobre a nova plataforma, con-
vidamos o companheiro Rafa-
el Dantas, um dos responsá-
veis pela elaboração do jornal
digital. Confira:
Em primeiro lugar, como
surgiu o projeto da versão di-
Jornal Causa Operária lançou recenemtente seu terceiro caderno
gital do jornal?
Rafael Dantas: O JCO digi-
tal surge da necessidade que
o partido verificou de fazer
com que o conteúdo do jornal
impresso alcance um público
maior. Com o jornal na inter-
net, tanto os leitores regula-
res, que já conhecem o jornal,
quanto os que ainda não o
leem, poderão fazer sua assi-
natura e ter acesso ao conte-
údo, fortalecendo assim o jor-
nal.
A imprensa partidária deu
um importante avanço no
ano passado, lançando o sinal
24h na Causa Operária TV.
Qual seria a importância des-
sa nova expansão para nossa
imprensa?
R.D.: Do ponto de vista da
expansão da imprensa, o Jor-
nal Causa Operária digital,
o portal do nosso semanário
impresso, faz com que o con-
teúdo que a gente já produz
regularmente seja mais bem
aproveitado numa nova plata-
forma. O jornal impresso tem
um conteúdo diferente do nos-
so jornal diário na internet, o
Diário Causa Operária. Ele é
mais analítico e procura de-
senvolver em maior profun-
didade os argumentos. Esse
conteúdo agora não está mais
restrito somente àqueles que
adquirem o seu exemplar físi-
co em todo o país. Além disso,
ele permite também que esse
conteúdo, de maior profun-
11
IMPRENSA OPERÁRIA

didade, mais bem elaborado,

alcance também os leitores
do partido no estrangeiro, que
não têm acesso ao jornal físi-
co.
E o que há de novo no jornal
online? Como será a disponi-
bilização?
R.D.: A versão digital do
JCO vai oferecer ao leitor todo
o conteúdo do jornal, todos os
artigos, todos os detalhes do
semanal impresso. Um gran-
de destaque, algo que consi-
deramos de extrema impor-
tância e de grande interesse
para o público do partido, é
a possibilidade de acesso ao
acervo do Jornal Causa Ope-
rária para todos os assinantes
da versão digital do jornal. É
um projeto de grande fôlego,
visto que são mais de 40 anos
de publicação. O jornal existe
desde 1979 e nós estaremos
gradualmente disponibilizan-
do todo o conteúdo do jornal
para que dentro em breve a
Foto: Reprodução

pessoa possa consultar o que

o jornal disse há 10, 20, 30, 40
anos atrás, até na primeira
edição, de 1979. As capas e as
edições do ano de 2020 já es-
tão todas disponíveis de ime-
diato. A maneira mais fácil e
prática que nós encontramos
de fazer isso é a distribuição
do jornal já no seu arquivo dia-
Assine o Jornal Causa Operária
digital e fortaleça a imprensa re-
volucionária
Conteúdo online e acervo do mais
tradicional órgão da imprensa
operária do País
Mensal (4 edições) R$11,99
Semestral (25 edições) R$64,99
(x% de desconto sobre o preço de
capa)
Anual (52 edições) R$99,99 (x%
de desconto sobre o preço de
capa)
www.jornalcausaoperaria.com.br
12
Companheiro Rafael Dantas, membro da Direção Nacional do partido
gramado, em formato PDF. E
nas edições mais antigas nós
teremos uma versão digitali-
zada, para que seu conteúdo
esteja disponível.
O lançamento representa
algum avanço para o partido e
para a luta dos trabalhadores?
R.D.: Sem dúvidas é um
avanço para a luta pela or-
ganização de um partido re-
volucionário, de um partido
operário. O jornal é o militan-
te número 1 do partido. Ao
longo de todos esses anos,
ele é um registro da evolução
política, do crescimento do
partido, da solidez da sua li-
nha política, da solidez do seu
programa, que acompanhou
todo esse período decisivo na
história do país e podemos
observar a importância disso
hoje. Desde o final dos anos
70 até agora. Para os militan-
tes e filiados, ter esse acervo
disponível é ter um recurso
que significa um avanço im-
portante para sua formação
política, na formação de sua
consciência política, na com-
preensão do programa revo-
lucionário e, portanto, num
fortalecimento político e ide-
ológico do partido que repre-
senta os interesses históricos
da classe operária.
Para concluir, o companhei-
ro teria um recado final para
os leitores do Jornal Partido?
R.D.: Como recado final, não
poderia deixar de convidar
a todos a acessar o portal do
jornal (jornalcausaoperaria.
com.br), fazer a sua assina-
tura e acompanhar, de onde
você estiver, rapidamente e
com facilidade. Assim que o
jornal é publicado, logo que
a edição é fechada, fica dis-
ponibilizado no portal todo
o conteúdo semanal do mais
antigo e mais tradicional ór-
gão da imprensa operária, da
imprensa revolucionária do
nosso país.