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Conhecendo a história do Espírito Santo: O papel da ação mediadora e mediada na

aprendizagem no Arquivo Público Estadual do Espírito Santo (APEES). Conhecendo a


História capixaba: Possibilidades de ensino e aprendizagem noa educação básica
Arquivo Público do Estado do Espírito santo (APEES) com intermédio dos Arquivos
Públicos Estaduais

1 - Introdução

2 – Análise metodológica da dissertação

3 – Apresentação do APEES

4 – Acesso Online ao acervo

5 – Potencialidades de ensino a partir dos documentos

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos na história brasileira, a educação era de acesso restrito a homens, brancos e
ricos. Tivemos significativos avanços quanto a acessibilidade, principalmente nas últimas
décadas, universalizando o acesso aos meios educativos. A escola, ganha ênfase não como um
direito, mas como uma necessidade, carregando, portanto, as limitações trazidas por séculos
de exclusão e preconceito.

Constantemente na educação brasileira, presenciamos diversos debates que visam questionar


os processos metodológicos educativos que são abordados por professores em sala de aula,
sempre em busca por um melhor desempenho pessoal e educacional para os alunos.

A educação é um processo que precisa transcender a sala de aula, a fim de tornar o


aprendizado mais interessante em ambas as perspectivas, tanto o lado docente quanto o
discente. Partindo dessa premissa, eu, como futuro professor de história, me indaguei sobre as
possibilidades de trabalhar a história em sala de aula, de forma que tornasse a disciplina mais
atrativa e interessante para os alunos do segundo segmento do ensino fundamental e ensino
médio. A preferência por optar em trabalhar essa perspectiva com alunos do ensino médio, se
baseia principalmente por entender que haveria uma melhor compreensão das ideias propostas
ao se trabalhar uma fonte primária em sala de aula com o referido público.ensino médio.
Em colaboração com o meu trabalho realizado no Arquivo Público do Estado do Espírito
Santo (APEES), ao longo de cinco anos (2018-2023), enxerguei diversas possibilidades em
que professores poderiam utilizar a documentação do acervo como materiais metodológicos
em sala de aula, podendo ser trabalhadas diversas temáticas: escravidão, política,
emancipações, indígenas, imigrações, etc. O APEES é um espaço bastante rico para se
trabalhar atrabalhar a História do Espírito Santo, podendo realizar conexões históricas para o
âmbito nacional e em certos casos, a partir de observações enquanto funcionário, acervos
pouco explorados ou conhecidos pelas grandes massas da população capixaba.

O espaço do Arquivo Público é um patrimônio da sociedade capixaba, um local que conta a


nossa história, apresentando as nossas raízes, um elo entre o indivíduo e sua comunidade,
fortalecendo o sentimento de pertencimento, desenvolvendo valores, levando a reflexões
críticas sobre a cidade e sua realidade objetiva. Na Grande Vitória em geral, não há uma
grande difusão de espaços culturais, seja museus, galerias de artes, etc. O APEES, acaba se
tornando essencial como mediador cultural e “contador” da nossa história.

Os professores, utilizando o Arquivo em sala de aula e intermediando o acesso para os alunos,


ajudariam a perpetuar às próximas gerações, o conhecimento do que é o APEES em si, o
conteúdo que ele disponibiliza e as possibilidades de intermediações culturais, além, é claro,
da possibilidade de aprendizado em sala de aula, tornando o ensino de história muito mais
interessante para os alunos, possibilitando a oportunidade de ter contato com a história,
fazendo com que a teoria e a prática seja algo mais palpável.

Para elaborar e desenvolver o projeto essa ideia, tenho como meu objetivo principal:
apresentar as possibilidades de ensino e aprendizagem que o Arquivo Público do Espírito
Santo, pode oferecer aos alunos do ensinoo fundamental e médio, com isso, buscarei atender
os seguintes objetivos específicos:

a) ContextualizarElaborar o histórico do arquivo público e o acervo que ele oferece; Cap.


I
b) Apresentar formas de acessos ao acervo online do APEES;
c) Mapear a produçãoa produção acadêmica no que se refere ao uso do arquivo no
processo de ensino e aprendizagem.
d) Compreender o APEES como lugar de produção do conhecimento histórico por meio
do seu acervo.
e) Descrever Elaborar proposta de Oficina com o tema escravidão. como poderá ser
trabalhado os documentos do acervo em uma aula sobre escravidão.

Ao propor a pesquisa nessa linha de pensamento, pretendo promover em longo prazo sobre a
importância dos arquivos públicos estaduais, sendo órgãos essenciais para guarda e difusão da
história brasileira, no nosso caso específico APEES, com a sensibilidade de indivíduos para a
formação de uma consciência cidadã, de valorização da história e cultura, porém, sendo um
processo que pode e deve começar nas escolas em salas de aulas, com apoio dos professores,
é de senso comum que muitos alunos saem do ensino médio sem saber da existência de um
arquivo local e a riqueza de informações e trabalhos que contém e são realizados pelos
mesmos.

ANÁLISE METODOLÓGICA

Ao iniciar o levantamento de referências acerca do tema proposto, notei diversos problemas


quanto às disponibilidades dos materiais para pesquisa, desde já, aproveito a oportunidade
para denunciar a falta de um olhar crítico por parte da academia, em relação às possibilidades
em que podemos trabalhar os documentoos documentos sob a guarda dos arquivos,a história
em sala de aula. Os Arquivos Públicos são fontes primordiais para a preservação de
disseminação sobre a história do próprio estado e de certa forma, da história nacional, com
abertura para se tornar um espaço de apoio aos professores de história da rede básica de
ensino e até mesmo para o ensino superior.

Foram realizadas buscas nas principais bases de teses, dissertações e artigos do Brasil. BDTD
(Base Nacional de Teses e Dissertações) e no SCIELO (Scientific Eletronic Library Online)
(VERIFICAR, DIFICULDADE ACHAR TRABALHOS SOBRE).

Na BDTD ao realizar a busca com os termos: Arquivo Público; fontes documentais no ensino
de história; Arquivo Público e o ensino de História; foi encontrada apenas 01 (uma)
dissertação que fosse compatível com o tema proposto.
A dissertação em questão, RIBEIRO (2019), tem como título “Potencialidades de ensino a
partir dos arquivos históricos”, da UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), no curso de
Mestrado profissional em educação.

Ribeiro (2019), organiza seu trabalho com base nas experiências de 1 ano e 3 meses como
funcionário do Arquivo Histórico Juarez Miguell Illa Font (AHM), no município de Erechim,
na região do Alto Uruguai Gaúcho, no Rio Grande do Sul. Em um primeiro momento ele traz
um panorama geral da cidade de Erechim, organização geográfica, populacional, etc. Logo
em seguida, aborda de fato o AHM, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura,
detalhando a sua criação, o espaço que contempla o arquivo, o acervo, os funcionários e o
funcionamento.

De modo geral, o AHM é uma instituição “pequena” se comparado aos demais arquivos
espalhados pelo Brasil, o espaço é dividido com a Biblioteca Municipal e não conta com um
orçamento próprio. Até 2019, trabalhava apenas com uma servidora efetiva e três estagiários,
que ficam responsáveis por organizar o arquivo e atender a demanda, cujo é um espaço de
pesquisadores acadêmicos, disseminação cultural e ainda recebe visitas escolares.

De acordo com Ribeiro (2019), o AHM, é um espaço que oferece inúmeras possibilidades
para o ensino, na prática, pouco utilizado a essa finalidade por partes de pesquisadores,
acadêmicos e estudantes. De modo geral, o arquivo visa promover diversas ações educativas
que acabam esbarrando em problemas estruturais do próprio arquivo, falta de espaço e falta de
recursos que comprometem seu potencial como um agente educativo.

Em sua fundamentação teórica, Ribeiro (2019), apresenta a percepção da educação não


formal, definindo-a a partir das características elaboradas por Gohn (1991), sendo um método
onde o aluno desenvolve práticas e conhecimentos voltados à formação humana em sua
totalidade, fora dos espaços institucionalizados da educação, porém, não substituindo o
modelo educacional tradicional para a formação de um cidadão pleno, abordando a educação
em espaços não formais para o campo das ciências, ou seja, ele aborda esse conceito teórico
para justificar a potencialidade do arquivo público como um local para a prática da educação
não formal. A educação não formal, foge do caráter institucionalizado das escolas, abrindo
horizontes para potencialidades educacionais que vão além daquele espaço.

Os arquivos históricos são espaços que guardam um grande número de


documentos um número incalculável de fontes para pesquisa, estudos
educativos e histórico educativos. Defendo que para além da história, um
arquivo histórico é uma fonte de múltiplas possibilidades educacionais
(RIBEIRO, 2019 p. 55)

Quanto a metodologia utilizada por Ribeiro (2019), ele fundamenta-se na experiência


promovida junto com uma turma de 9° ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Santo
Agostinho, em um espaço de educação não formal, que é o Arquivo Histórico Municipal
Juarez Miguel Illa Font.

Nesse aspecto, o autor viabiliza o contato desses estudantes, a qual julga serem de camadas
populares, mas com crenças, trajetórias e experiências diversas, com esse novo horizonte de
possibilidades de conhecimentos, a fim de despertar e plantar o interesse no conhecimento
histórico e cultural, em um espaço que não estão habituados a frequentar.

Auxiliar o estudante em sua emancipação intelectual, frente a um modelo


tradicional de escola conteudista, alheia aos anseios e abruptas mudanças
sociais, é também um desafio. Ainda que possa parecer temerário aqui
falarmos em emancipação intelectual para estudantes do 9º ano do ensino
fundamental, é necessário lançar as bases que permitirão ao longo da vida
estudantil e acadêmica, que o estudante tenha acesso aos meios de produção
de conhecimento, entendendo que trata-se de um processo de esforço
intelectual, leituras, discussões, análise de dados, escrita, percepções, etc.
(RIBEIRO, 2019 p. 62)

Com isso, Ribeiro (2019), propõe um trabalho nas turmas de história do 9° ano, realizando
oito visitas ao AHM e os dividindo em oito grupos, a fim de realizarem uma pesquisa com um
recorte temporal de 1922 a 1940, pegando diversos eventos históricos correspondente ao
período para desenvolverem um seminário sobre o tema que fosse de interesse dos alunos,
contanto que respeitasse o recorte temporal, para que apresentassem os resultados e
experiências de suas pesquisas.

No início, os estudantes conheceram o Arquivo, o acervo e suas normas de funcionamento.


Ribeiro (2019), relata a dificuldade dos alunos em um contato inicial com os documentos,
como organizarem seus pensamentos e os objetos de pesquisa, nesse sentido que ponderamos
a figura do professor, como direcionador nesse processo, a pesquisa em fontes primárias passa
a ser um desafio para aqueles que não estão habituados com a prática.

De modo geral, os assuntos que os estudantes escolheram para a pesquisa, variam entre:
Fascismo, Nazismo, Crise de 1929, Olimpíadas de 1936 e o integralismo em Erechim. No
trabalho proposto, os alunos poderiam buscar fontes em outros meios de pesquisa, contanto
que utilizassem o acervo de fontes primárias do arquivo para compor a apresentação do
trabalho.

O autor, ao longo dos encontros, percebeu algumas dificuldades por parte dos alunos, sendo
dificuldade de interpretações de textos, a linguagem arcaica do documento analisado e a
dispersão dos alunos em alguns momentos, mais uma vez frisando a importância do
direcionamento do professor, estando sempre presente para a orientação a resolução de
dúvidas.

Neste sentido a participação e mediação da equipe do AHM, do


professor Leonel e do pesquisador, foram essenciais para auxilia-los a
fazer as conexões entre as informações textuais e o contexto em que
foram produzidas. A mediação realizada não teve por objetivo inserir
nos trabalhos a percepção do professor, do pesquisador e dos
componentes da equipe do AHM mas sim auxiliá-los na composição
de seus textos e material para o seminário. (RIBEIRO, 2019 p. 72)

Com isso, após a etapa de coleta de dados no AHM, os alunos se organizaram para a
elaboração e apresentação dos seminários propostos. Cada grupo teve um tempo de até 20
minutos para apresentarem, através de slides em Power Point.

Após todo o trabalho de pesquisa no AHM e a apresentação dos trabalhos realizados pelos
alunos, Ribeiro (2019), analisa os dados obtidos após suas propostas iniciais, visando cumprir
a atender seu objetivo, apresentando as possibilidades de ensino que um Arquivo Público
pode oferecer. É importante destacar, que só pelo fato de plantar a semente e instigar a
curiosidade dos alunos para conhecerem mais a sua própria história, entendendo o que é um
Arquivo Público, já é uma justificativa válida para intervir nesse processo educativo não
formal.

Das potencialidades de ensinos observadas por Ribeiro (2019), destacam-se as seguintes


ideias: a) a variação gramatical apresentada nos documentos históricos pesquisados no AHM;
b) a pesquisa histórica envolvendo personagens importantes da política local; c) pesquisas
históricas propriamente ditas, com base nos jornais disponibilizados pelo arquivo; o autor
ainda destaca um dos trabalhos, cujo era intitulado “Ascensão de Adolf Hitler ao poder na
Alemanha” no qual os estudantes traçaram um breve histórico da ascensão de Hitler ao poder,
através de excertos do jornal Diário de Notícias do ano de 1933.

E é nesta perspectiva que realizamos a pesquisa, cientes do potencial dos


estudantes e no trabalho já realizado em sala de aula, mas cientes de que
trata-se de um trabalho contínuo permeado por muitas leituras e
apresentação de multiformes possibilidades de educação. As apresentações
dos trabalhos no seminário deixaram um saldo positivo em relação à
pesquisa. (RIBEIRO, 2019 p. 86)

Por fim, o autor elabora um questionário com a turma, nesse questionário, é possível perceber
alguns pontos que devem ser refletidos. Cerca de 2/3 da turma nunca havia feito nenhuma
pesquisa no Arquivo PublicoPúblico municipal, portanto, esse primeiro contato com o
arquivo, o espaço do arquivo e as fontes documentais primarias, passam a ser uma importante
intermediação cultural e educacional para os alunos. Segundo os dados apresentados, os
alunos tiveram sentimentos satisfatórios em relação a pesquisa e o espaço do AHM e que o
projeto trabalhado no arquivo contribuiu com informações para seu processo de formação
humana.

Ribeiro (2019), conclui apontando vários elementos que confirmam o espaço dos arquivos
públicos como possibilidades para várias áreas do conhecimento, adaptando-se a realidade de
cada escola e de cada arquivo, o processo pode e deve ser um trabalho colaborativo entre o
espaço de conhecimento formal e não formal.

HISTÓRICO DO ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO (APEES)


E SEU FUNCIONAMENTO NOS DIAS ATUAIS

O Arquivo Público do Espírito Santo, é o principal órgão de guarda e preservação documental


do Estado, responsável pela guarda de documento referente à administração pública e outros
documentos de caráter histórica que seja interessante à população.

Nesse momento, pretendo traçar um histórico do APEES, com base no seu site oficial,
www.ape.es.gov.br, juntamente com a tese publicada por Taiguara Villela Aldabalde (2015),
na Universidade de Brasília (UNB), intitulada “Mediação cultural em instituições
arquivísticas: o caso do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo”.

Aldabalde (2015), ao traçar um histórico acerca do APEES, levanta a ideia de que a sua
criação já se deu no século XIX, mais precisamente no ano de 1860, a partir da fala do então
presidente da província, José Fernandes da Costa Junior, que mencionava a existência de um
“archivo” nesse período. Porém, tendo uma função restrita ao auxilio do poder executivo da
província.

Consideramos assim que o entendimento do arquivo por parte dos gestores


nesse período era de que, primeiramente, se tratava de uma repartição
pública instrumental da administração do poder executivo. Entretanto havia
consciência de que os documentos ali depositados poderiam obter o
reconhecimento histórico e, apesar disso, ainda não havia uma atribuição
clara para o órgão sobre o tratamento que deveria ser dado aos arquivos com
valor secundário. Isso significa que em termos funcionais o arquivo era
apenas auxiliar da administração e ao mesmo tempo guardava os
documentos para as administrações vindouras (ALDABALDE, 2015 p. 90)

De acordo com o seu site oficial, o Arquivo Público Estadual do Espírito Santo (APEES),
através do decreto nº 135, de 02 de dezembro de 1908, oficializado pelo então Presidente do
Estado, Jerônimo Monteiro, estabelecia a criação do “Archivo Público Espírito-Santese”
como um órgão devidamente institucionalizado para a guarda da documentação do estado.
Sendo Henrique Alves de Cerqueira Lima, o primeiro diretor do APEES. Segundo Aldabalde
(2015), a partir da institucionalização do arquivo em 1908, o próprio conceito de arquivo seria
ressignificado, passando a ser visto de forma mais sólida como um espaço cultural de
preservação da história do estado.

(Inserir imagem do decreto de criação)

No princípio, o arquivo funcionava em um dos salões do Palácio Anchieta juntamente com a


Biblioteca Pública, que viria a funcionar nesse espaço até o ano de 1925, de forma bastante
precária e com diversos problemas de organização e estrutura (ALDABALDE, 2015), onde o
então Presidente do Estado, Florentino Avidos, em seu governo, construiria a sede oficial do
APEES, um prédio localizado na Rua Pedro Palácios, Cidade Alta. Juntamente com a nova
sede, viria mudanças significativas na estrutura do ambiente, principalmente na questão de
arquivamento e conservação dos documentos. Foi então, na gestção de Accioly (1924-1938),
houve uma intervenção arquivística, organizando e catalogando os fundos documentais do
acervo no APEES.
A partir do ano de 1929, houve uma interrupção na organização e desenvolvimento do
APEES, devido a forte crise financeira que assolou o mundo e consequentemente o Espírito
Santo, com pouco verba para investimento e manutenção do arquivo, levando à dispensa de
diversos funcionários. Ao longo da década de 30, o estado e o arquivo puderam se recuperar,
acarretando nas primeiras reformas da sede.

No ano de 1943, finalmente o arquivo se separa da biblioteca pública, tendo um espaço


independente para desempenhar as funções cabíveis ao APEES, culminando, ao longo da
década de 40, a organização de diversos catálogos de documentos, fundamentais para apoio às
pesquisas até os dias atuais, como por exemplo, o catálogo do fundo governadoria, organizado
por Moysés de Medeiros Accioly.

Durante a década de 50, o APEES passou a oferecer diversos serviços à população capixaba,
como por exemplo os documentos de processos de terras, arquivados junto ao arquivo,
levando informações sobre terras, medições, topografia, etc. aumentando sua demanda de
público, afim da população enxergar a potencialidade e a necessidade do órgão. Outro serviço
seria a publicações de livros de caráter cientifico, literário e histórico, obras como: “Parecer
na questão entre o Estado do Espírito Santo e os banqueiros J. Loste & Cia”, de Ruy Barbosa
(1946); “A Ordem de São Bento na capitania do Espírito Santo” de D. Clemente Maria da
Silva Nigra (1946), “Orquidáceas novas do Estado do Espírito Santo” de Augusto Ruschi98
(1946) e “Constituições do Estado do Espírito Santo” de Milton Caldeira (1951)”.

No fim da década de 50 e 60, o arquivo mais uma vez passa por situações deploráveis e
decadentes, principalmente em termos de manutenção da sede, fazendo com que o arquivo
passasse a ser um desmembramento subordinado ao Departamento Administração Geral, que
oque o levaria a um certo esvaziamento.
Na década de 70, a UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) teve um papel
fundamental no “ressurgimento” do APEES. Em parceria com o Departamento de História da
UFES e a professora Gilda Rocha, reorganizaram o acervo

É a partir de 1972 que o APEES começa a apresentar os principais traços


que o caracterizam como a instituição que é hoje. Isto porque o
Departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
se mostraria como um interlocutor privilegiado do APEES por meio da
professora Gilda Rocha, influenciando o espaço institucional. Os trabalhos
desenvolvidos contaram com o apoio dos cursos de História,
Biblioteconomia e Artes Plásticas. (ALDABALDE, 2015 p.99)
O arquivo viria a recuperar o prestigio e importância cultural/histórica perante a sociedade
capixaba.

Em 1974, o APEES foi elevado ao nível de diretoria, sendo subordinado a Divisão de


Seleção, Documentação e Divulgação, com a regulamentação das funções arquivísticas
praticadas. Ao longo da década de 70, o arquivo volta ao patamar de uma das principais
instituição culturais capixabas, com a publicações de novas obras cientificas.

Na década de 80, novamente, o arquivo passava por alguns problemas estruturais, passando
por uma grande reforma em toda a estrutura da prédiodo prédio, a partir desse momento, o
arquivo ainda viria contar com a sala própria para restauração de documento e processamento
de microfilme.

Sob a gestão de Achiamé (1975-1983), houve uma grande preocupação na “profissionalização


do arquivo”, sob uma nova reorganização do acervo, foi lançado o “Guia Preliminar do
Arquivo Público Estadual”, que orientava e direcionava a pesquisa ao acervo, de acordo com
o Achiamé:

Pode-se resumir esta fase de transição no seguinte: não aceitamos mais os


antigos catálogos manuscritos e nem elaboramos ainda os novos
instrumentos de pesquisa. Vivemos um período de afirmação técnica,
quando todos os servidores desta instituição estão objetivando aplicar os
princípios da arquivística. (...) Por tudo isto, a feição deste Guia e, portanto,
a sua utilidade são transitórias. Esperamos que no espaço de dois a cinco
anos ele seja substituido por uma versão definitiva, que refletirá os avanços
técnicos a serem obtidos no APE. (Citação do site do APE – VERIFICAR)

A gestão do Achiamé viria a ser um marco no crescimento e profissionalização do Arquivo.

1983 a sede do APEES é tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Estadual.

Em 1986 foi publicado o primeiro catálogo com cerca de 300 Plantas e Mapas, pertencentes
ao acervo do APEES e em 1987, passa a ser reconhecido como um órgão de regime especial,
pela lei nº 3.932 em 14 de maio de 1987, juntamente com o cargo de Diretor de órgãos de
Regime Especial, “tem como finalidade a coordenação e execução dos serviços relativos à
administração do patrimônio documental do Poder Executivo do Estado do Espírito Santo”
(página 4 do referido decreto).

De acordo com Aldabalde (2015), a partir de 1987, os diretores do arquivo público,


acentuavam a preocupação de difusão cultural e acesso ao arquivo, a fim de tornar o arquivo
um local menos elitizado, tentando estender para além dos pesquisadores da academia, a
cultura e a informação precisam ser levadas às mais diversas camadas populares, reforçando
tais ideias para atender a constituição de 1988.

Durante a gestão de Inês Pupa (1987-1995), ocorreram diversas aprimoramentosdiversos


aprimoramentos quanto aos instrumentos de pesquisas e nos catálogos dos documentos,
facilitando ainda mais o acesso a informação. Algumas transformações na estrutura do órgão
foiAlgumas transformações na estrutura do órgão foram estabelecidaestabelecidas,
aprimoramento naaprimoramento na estrutura do espaço físico e aprimoramento quanto a
informatização do acervo, contando com a aquisição de equipamentos de informáticas, como
computadores e periféricos. Outro aprimoramento na gestão Pupa, é referente a estrutura
hierárquica do arquivo, estabelecendo cargos competentes para cada área de atuação (Diretor
Geral, Gerência, Coordenação, etc).

Primeiro, como notado, houve o progresso legislativo. Em segundo lugar, as


transformações organizacionais que contribuíram para uma melhora no
ambiente institucional para as práticas de mediação cultural. Por fim,
destaca-se ainda o legado da Coleção Memória Capixaba, que contou com o
total de oito publicações. Tratou-se de uma série de publicações de cunho
técnico voltadas a promover o acervo para pesquisadores (ALDABALDE,
2015 p. 107).

A Gestão Agostino Lazzaro (1995 – 2015) (Incompleto – Pretendo me aprofundar um pouco


mais, trazendo dados atualizados do APPES, a gestão do atual diretor e o funcionamento do
arquivo), cujo era sociólogo, teve um impacto fundamental no crescimento do arquivo, com
um importante papel da mediação cultural do arquivo com a sociedade, isso influenciou o
entendimento do o arquivo como lugar de cultura.

A nomeação de Agostino Lazzaro para direção-geral do APEES significou


uma oportunidade para que a dimensão cultural do APEES pudesse ser
explorada, pois o diretor possuía ampla experiência na área de produção
cultural, seja pela via artística ou antropológica. Este histórico influenciou de
forma positiva a sua atuação no ambiente institucional do APEES
(ALDABALDE, 2015 p. 110).

Sua gestão foi marcada inicialmente por fortes dificuldades no campo orçamentário,
acarretando em problemas estruturais no arquivo, principalmente em questão de problemas
com equipamento, estrutura e devido condicionamento aos documentos, ao mesmo tempo em
que consegue avanços significativos quanto a informatização do arquivo.
Em sua gestão, o APEES, dadá início a uma nova linha editorial, que é a coleção Canaã,
acarretando em diversas publicações sobre a história do Espírito Santo. Atualmente, a coleção
Canaã conta com 27 publicações nos mais diversos assuntos, imigração, política, escravidão,
indígenas, etc. e disponibilizadas todas digitalmente em formato PDF no próprio site do
APPES, além de contar com alguns exemplares físicos de distribuição gratuita.

Durante o início de sua gestão, o arquivo passa por um intenso processo de informatização do
seu acervo, com a aquisição de materiais mais tecnológicos que possibilitavam a organização
e o acesso aos documentos. É nesse contexto, que em 1998 o arquivo inaugura a “Base de
dados de imigrantes” que posteriormente ficaria conhecido como “Projeto Imigrantes”. É
importante destacar que o arquivo contava (e conta até os dias atuais) com uma grande
demanda de buscas por antepassados imigrantes a partir dos documentos históricos (listas de
recenseamentos, listas de navios, lista da hospedaria de imigrantes), pensando nisso,
Agostino, juntamente com o Diretor Administrativo, Cilmar Franceschetto e sua equipe,
organizam essa base de dados de imigrantes para facilitar a busca por antepassados.

Nesse processo de construção da base de dados, foi feito um levantamento de todos os


documentos em posse do arquivo que mencionavam informações sobre imigrantes que vieram
para o Espírito Santo, no período da imigração (século XIX e XX), a partir disso, as
informações foram organizadas em planilhas do Excel, facilitando as buscas e o acesso às
informações. Atualmente essa base de dados conta com mais de 56 mil imigrantes e é
constantemente alimentada com novas informações que são repassadas ao arquivo através de
descendentes desses imigrantes, ou seja, ocorre um processo dialético de troca de informações
entre o arquivo e o público pesquisador.

Atualmente, o público interessado em genealogia/ imigração é o maior público do arquivo e o


próprio arquivo se tornou referência quanto a esse assunto, emitindo aos interessados o
“Registro de entrada de imigrantes”, um documento com todas as informações históricas
sobre o imigrante.

O Sucesso e o interesse sobre os imigrantes foi tanto, que no ano de 2000 é inaugurado o
projeto “Arquivo Itinerante”, no qual uma equipe do APEES, se desloca para o interior do
estado com uma van de escritório móvel, para atender as pesquisas do público do interior e
emitir gratuitamente o “Registro de entrada de imigrantes”, a primeira cidade contemplada
com essa visita do Arquivo Itinerante, foi Venda Nova do Imigrante e desde então, o arquivo
seria convidado para estar presentes em festas e eventos do interior do estado.
Em 2004, o APEES passou a ser vinculado à Secretaria de Estado da Cultura (SECULT),
através do Decreto nº 1.320-R de 03 de maio de 2004.

No mesmo ano, quando se completariam 130 anos da imigração italiana, o arquivo


desenvolveu o evento “Caminho do Imigrante”, idealizado por Cilmar Franceschetto, em
parceria com as prefeituras de Santa Leopoldina e Santa Teresa. O evento consiste em realizar
o percurso que o imigrante teria percorrido para se estabelecer, partindo de Santa Leopoldina
até Santa Teresa, por mais de 28km, se tornando uma tradição anual até os dias atuais, com
base no perfil oficial do evento, em 2022 participaram mais de 3 mil pessoas.

Em 2005, o arquivo inicia o processo para mudança da sede, que até então era localizada na
Rua Pedro Palácios, e passaria a funcionar na Rua sete de setembro, no antigo edifício da
fornecedora de energia e antiga estação de bonde.

Ainda em 2005, um importante programa de gestão documental é implantado (PROGED),


cujo é responsável por gerir os documentos contemporâneos, nesse sentido, o APEES passaria
a prestar assessoria aos demais órgãos do estado.

Em 2008, após as obras e reformas no novo edifício do APEES, localizado na rua sete de
setembro, o arquivo passa a finalmente funcionar em um novo local. O novo edifício traz
diversos benefícios em questão de espaço, alocação dos documentos e atendimento ao
público, sendo dividido da seguinte maneira: no térreo, no momento em que adentra a porta
principal, você está na sala de consulta, local onde os pesquisadores tem suas demandas de
pesquisas atendidas pelos funcionários, a sala de consulta é um ambiente bastante amplo,
agradável e climatizado, com mesas e máquinas leitoras de microfilmes para a pesquisa em
microfilmes, além do espaço ser utilizado para diversas exposições. Ainda no térreo, temos a
biblioteca de apoio, Maria Stella de Novais, com diversos livros, periódicos, mensagens de
governo, etc. relacionados ao Espírito Santo, que contribuem nas pesquisas sempre que
necessário e a mapoteca, com diversos mapas e plantas sobre o Espírito Santo; no primeiro
andar conta com o setor administrativo, uma parte do setor é destinada as necessidades gerais
e funcionamento do órgão, outra parte são os responsáveis pelo acervo, organização e
catalogação, ainda no primeiro andar, temos uma sala de acervo geral, um ambiente
climatizado com estantes móveis para conservação e alocação dos documentos, cujos são
separados em caixas próprias para esse tipo de condicionamento. Em uma outra sala de acervo
do primeiro andar, conta com o acervo de microfilme, também em um ambiente devidamente
climatizado para condicionamento do mesmo; no segundo andar, temos o setor de restauração
dos documentos, os documentos que precisam ser restaurados são encaminhados a esse setor,
a fim de que possam receber o devido tratamento para sua recuperação; no terceiro andar,
conta com o acervo permanente do arquivo, um refeitório para os funcionários e um terraço.

Um outro importante avanço do APEES, ainda em 2008, foi lançado o site do Projeto
Imigrantes. Toda a base de dados de imigrantes, com o nome e informações dos imigrantes,
foi disponilizada online para a pesquisa genealógicas e informações sobre processos de
cidadania europeia. Essa novidade da início a um forte processo de “digitalização do
arquivo”, aumentando o alcance e difusão do conteúdo oferecido pelo APEES.

Em 2011, foi inaugurada oficialmente a nova sede do Arquivo Público na rua sete de
setembro.

Em 2013, o APEES fez parte do desenvolvimento do projeto “memórias reveladas”, que foi a
digitalização do acervo do DOPS e outros documentos relacionados à ditadura,
disponibilizados em uma base de dados na internet.

Em 2015, após a gestão de Agostino, o então diretor administrativo assume a diretoria geral
do APEES, Cilmar Cesconetto Franceschetto, com formação em jornalismo, cujo foi
responsável por diversos avanços no arquivo durante a antiga gestão, sendo uma das figuras
mais importantes da comunidade Ítalo-brasileiro, um dos idealizadores do projeto imigrante
do Espírito Santo, o Arquivo Itinerante e o evento anual do Caminho do Imigrante.

Em 2017, foi lançado o primeiro exemplar “Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito
Santo”, que viria a ser lançada semestralmente, com artigos científicos da comunidade
acadêmica sobre a história e a cultura capixaba.

Nesse período, o arquivo foi responsável por inúmeras mediações culturais com a sociedade,
seja exposições artísticas, lançamento de livros, etc.

Em 2019, foi feito um acordo entre o APEES e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias (Mórmons), visando a digitalização dos documentos do acervo do APEES,
sendo uma digitalização em massa do acervo, contemplando mais de 2,5 milhões de
documentos e sua disponibilização na plataforma do Family Search, gerida pelos mórmons.

Durante a pandemia do COVID 19, o APEES mantém esse olhar visando a digitalização dos
documentos e a disponibilização de forma online. Desse modo, em 2022 foi lançado o
aprimoramento da plataforma digital ATOM, do próprio arquivo, para a disponibilização do
acervo online, esse processo ainda está em andamento, porém, a ideia é digitalizar e indexar
os principais fundos documentais mais consultados do arquivo, sendo eles, o fundo
Governadoria, fundo Agricultura, Fundo polícia entre outros.

O USO DE DOCUMENTOS EM SALA DE AULA, UM BREVE DIÁLOGO ENTRE


RÜSSEN, VIGOTSKY, SCHMIDT E CAINELLI

As fontes documentais e seu uso no ensino e aprendizagem é uma questão complexa que pode
ser abordada a partir de diferentes perspectivas teóricas. Neste capítulo, vou trazer as
principais perspectivas e dialogar sobre a temática considerando os pensamentos de Rüsen,
Vigotsky, Schmidt e Cainelli.

Rüsen (2010) argumenta que o ensino e a aprendizagem de documentos são fundamentais


para a formação da consciência histórica. Para ele, os documentos são fontes primárias que
permitem ao sujeito conectar-se com o passado e compreender como as sociedades e culturas
foram construídas ao longo do tempo. Nesse sentido, Rüsen defende que a análise de
documentos deve ser uma atividade crítica e reflexiva, capaz de levar o sujeito a compreender
a complexidade da realidade histórica e construir sua própria visão de mundo.

Vigotsky (1993), por sua vez, enfatiza que o processo de aprendizagem não se limita a uma
transmissão de informações, mas envolve a construção de significados e a interação social.
Segundo ele, a aprendizagem é mediada pela linguagem e a compreensão dos documentos
depende do contexto cultural e histórico em que foram produzidos. Assim, o ensino de
documentos deve levar em consideração as diferenças culturais e as experiências prévias dos
alunos, para que a aprendizagem seja significativa e contextualizada.

No entanto, é importante ressaltar que as teorias de Rüsen e Vigotsky também apresentaram


críticas em relação ao uso de documentos no ensino de história. Por exemplo, Rüsen destaca
que o ensino de visão de história pode ser marcado por uma tradição e eurocêntrica, que
enfatiza a história dos grandes homens e das grandes nações. Nesse sentido, é necessário que
os documentos utilizados no ensino de história sejam selecionados de forma a contemplar a
diversidade cultural e as diferentes visões de mundo.
Vigotsky, por sua vez, enfatiza a importância da mediação cultural na aprendizagem, o que
significa que o processo de ensino deve levar em consideração as peculiaridades e o contexto
de cada alunoas diferenças culturais e as experiências prévias dos alunos. Isso implica que os
documentos utilizados no ensino de história devem ser selecionados de forma a contemplar a
diversidade cultural e a complexidade da realidade histórica.

Dessa forma, é possível perceber que a abordagem proposta por Rüsen e Vigotsky para o uso
de documentos no ensino de história tem como objetivo a formação de uma consciência
crítica e reflexiva, que contemple a diversidade cultural e as diferentes visões de mundo.
Como ressalta Rüsen (2010), "A história deve ser ensinada como uma ciência crítica, que
considera o passado como um objeto construído culturalmente e, portanto, sujeito a mudanças
e compreendido" (p. 26).

Cainelli (2012) apresenta uma abordagem que enfatiza a importância da relação entre os
documentos e os contextos sociais e políticos em que foram produzidos. Para ele, a análise
dos documentos deve levar em conta não apenas o seu conteúdo, mas também o contexto
histórico em que foram produzidos, a fim de que os alunos possam compreender as condições
sociais e políticas que influenciaram a sua produção. "a análise dos documentos deve levar em
conta as condições sociais e políticas que influenciaram a sua produção, a fim de que os
alunos possam compreender a complexidade da realidade histórica e a diversidade cultural
que caracteriza a sociedade" (p. 38).

Nesse sentido, é possível afirmar que a abordagem proposta por Cainelli complementa as
teorias de Rüsen e Vigotsky, uma vez que destaca a importância do contexto histórico na
compreensão dos documentos. Segundo Cainelli (2012), "A história é um processo social e
político, e o ensino de história deve levar em conta essa dimensão para que os alunos possam
compreender a realidade histórica em sua complexidade" (p. 37).

Além disso, Cainelli destaca a importância do uso de recursos tecnológicos no ensino de


história com acesso aos documentos, como a digitalização e a análise de documentos em
formato digital.

Assim, é fundamental que o uso de documentos no ensino de história seja realizado de forma
crítica e reflexiva, levando em conta as diferentes abordagens teóricas e metodológicas
propostas por Rüsen, Vigotsky e Cainelli. Isso implica que os documentos devem ser
selecionados de forma a contemplar a diversidade cultural e a complexidade da realidade
histórica, levando em conta o contexto social e político em que foram produzidos.
Schmidt (2001) propõe uma abordagem didática que envolve a resolução de problemas a
partir da análise de documentos. Segundo ele, os documentos são fontes de informação que
permitem ao aluno desenvolver habilidades de leitura crítica, interpretação e argumentação. A
partir da análise de documentos, o aluno é desafiado a formular hipóteses, identificar lacunas
de informação e buscar novas fontes para complementar sua análise. Dessa forma, a
aprendizagem é construída de forma ativa e reflexiva, e o aluno se torna protagonista do
processo de ensino.

Schmidt (2009) e Cainelli (2012) apresentam abordagens distintas em relação ao uso de


documentos no ensino de história. Enquanto Schmidt enfatiza a importância da
interdisciplinaridade e do diálogo entre fontes e linguagens diferentes, Cainelli destaca a
necessidade de levar em conta o contexto histórico em que os documentos foram produzidos.

Schmidt (2009) afirma que o ensino de história deve se basear em uma abordagem
interdisciplinar, que permita o diálogo entre diferentes fontes e linguagens. Para ele, os
documentos não devem ser vistos como fontes primárias, mas sim como elementos que
podem ser relacionados a outras fontes, como imagens, filmes e obras literárias. Segundo
Schmidt (2009), "a interdisciplinaridade é fundamental para que os alunos possam
compreender a complexidade da realidade histórica e superar a visão fragmentada e
reducionista que muitas vezes prevaleceu no ensino de história" (p. 40).

Por outro lado, Cainelli (2012) enfatiza a importância do contexto histórico na compreensão
dos documentos. Para ele, os documentos devem ser analisados levando em conta não apenas
o seu conteúdo, mas também o contexto social e político em que foram produzidos. Segundo
Cainelli (2012), "a análise dos documentos deve levar em conta as condições sociais e
políticas que influenciaram a sua produção, a fim de que os alunos possam compreender a
complexidade da realidade histórica e a diversidade cultural que caracteriza a sociedade" (p.
38).

Embora as abordagens de Schmidt e Cainelli sejam distintas, é possível perceber que elas se
complementam. Enquanto Schmidt destaca a importância da interdisciplinaridade e do
diálogo entre fontes e linguagens diferentes, Cainelli enfatiza a necessidade de levar em conta
o contexto histórico na análise dos documentos. Dessa forma, é possível afirmar que a
abordagem interdisciplinar proposta por Schmidt pode contribuir para ampliar a compreensão
dos documentos no contexto histórico proposto por Cainelli.
No entanto, é importante destacar que a abordagem interdisciplinar proposta por Schmidt
pode apresentar alguns desafios no contexto do ensino de história. Como destaca Cainelli
(2012), "a interdisciplinaridade pode levar à diluição do objeto de estudo, tornando difícil a
compreensão das especificidades da história como ciência" (p. 43). Nesse sentido, é
fundamental que o diálogo entre diferentes fontes e linguagens seja realizado de forma crítica
e reflexiva, levando em conta as especificidades da história como ciência e a mediação do
professor de história nesse processo de ensino e aprendizagem..

A análise metodológica dos documentos e seu uso no ensino e aprendizagem envolve


múltiplas dimensões teóricas e práticas. É preciso considerar as perspectivas de Rüsen,
Vigotsky, Schmidt e Cainelli para desenvolver uma abordagem crítica, contextualizada,
reflexiva, interdisciplinar e tecnologicamente mediada para o ensino de documentos.

Pelo caminho percorrido até aqui pensei nesta estrutura para a monografia.

INTRODUÇÃO

Já fez um pouco vamos acrescentado no decorrer da mono II

Cap.1 – HISTÓRICO DO ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO


(APEES) E SEU FUNCIONAMENTO NOS DIAS ATUAIS

Introdução do capítulo (fazer uma breve apresentação em todos os capítulos

1.1. O APEES
1.2. O APEES virtual
1.3. O APEES NA SALA DE AULA

Escrever a oficina

Cap. 2 – O CAMINHO PERCORRIDOR PARA RALIZAÇÃO DA PESQUISA

Sua pesquisa é qualitativa bibliográfica e documental.


LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: Epu, 1986.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, SP: Atlas, 2002.

Trazer também as teses encontradas na BDTD a partir dos Conectivos ARQUIVO E


ENSINO DE HISTÓRIA (Pode ir adiantando nas férias rsrsr)

CAP. 3 – DIÁLOGOS COM OS TEÓRICOS QUE EMBASARAM A NOSSA PESUISA

Referencial teórico: Ao falar do arquivo, estamos falando dos usos dos do cumentos no
ensino de história. Precisamos desenvolver um capítulo teórico falando do uso dos
documentos e seu ensino e aprendizagem; Rüsen, VIgotsky, Schmidt e Cainelli, Bittencourt,
Bloch vão nos apoiar

Considerações Parciais

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