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AULA 2
CONTEXTUALIZANDO
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e encaminhados para a fábrica para processamento. O processamento se dá
pela manipulação dos materiais com a utilização de fatores como mão de obra,
instalações e equipamentos, além do consumo de outros recursos necessários
ao processo de fabricação (Padoveze, 2010). Segundo o autor supracitado, os
insumos industriais responsáveis pela formação dos estoques são:
Materiais consumidos no processo industrial
Mão de obra dos operários da indústria
Gastos gerais de fabricação
Depreciação das instalações e equipamentos industriais
O tema da nossa aula é sobre os materiais. Mas, afinal, o que são
materiais dentro do processo produtivo? Em contabilidade de custos, “material é
o mais importante elemento do custo industrial” (Schier, 2013, p. 148) e constitui
todos os componentes adquiridos prontos, utilizados no processo de produção e
apropriados aos produtos ou serviços (Martins, 2010). Nesse sentido,
consideram-se materiais todos os itens tangíveis adquiridos pela empresa para
serem utilizados durante alguma fase do processo produtivo.
De acordo com Schier (2013) os materiais podem ser classificados em
Diretos e indiretos, sendo:
Materiais diretos: sua aplicação ao produto pode ser identificada de
forma direta, não necessitando de uma base de rateio.
Materiais indiretos: seu consumo só pode ser medido em conjunto,
pois não existe a possibilidade de sua determinação em cada unidade
fabricada.
Dado o exposto, podemos definir os materiais diretos como aqueles que
constituem parte do produto, são itens que podem ser identificados no produto
fabricado. Por sua vez, os materiais indiretos são aqueles usados no processo,
mas que não constituem parte do produto, ou seja, são itens consumidos durante
o processo de fabricação. O Quadro 1 apresenta alguns exemplos de materiais
diretos e indiretos (considerando como exemplo uma fábrica de calçados):
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Quadro 1 Exemplos de materiais
MATERIAIS DIRETOS MATERIAIS INDIRETOS
Couro Graxa
Tecidos Água
Pinos Cola
Rebites Lixa
Embalagem Material de limpeza
A apuração dos custos dos materiais diretos e indiretos deve ser feita de
forma diferente, pois, conforme já vimos na Aula 1, os materiais diretos (custos
diretos) podem ser mensurados conforme seu consumo em cada produto ou lote
de produto, enquanto os indiretos (custos indiretos) precisam de uma base de
rateio para sua apropriação (Schier, 2013). Posteriormente, nas próximas aulas,
trabalharemos com métodos de custeio, e vamos ver diferentes formas de
alocação de custos indiretos. Nesta aula, vamos trabalhar somente com os
custos diretos, mais especificamente, com os materiais diretos. A classificação
dos materiais diretos segue a mesma lógica dos custos diretos. Dessa forma,
pelo fato de serem facilmente apropriados aos produtos, quanto à sua formação,
os custos de material direto são classificados como variáveis. Em relação à sua
ocorrência, são classificados como diretos, sendo o custo de material o
componente do custo total dos bens que propicia a maior precisão na sua
apuração (Stark, 2010).
Uma vez classificados, torna-se necessário saber o que compõe os
materiais diretos. “Material direto (MD) é o custo de qualquer material
diretamente identificável com o produto e que se torna parte integrante dele”
(Crepaldi; Crepaldi, 2018, p. 41). O material direto “é constituído pelas matérias-
primas e pelas matérias secundárias que, transformadas, irão constituir o
produto fabricado” (Schier, 2013, p. 148). Para Megliorini (2012, p. 26), os
materiais diretos, “também chamados de matérias-primas, são os recursos que
integram “fisicamente” as carteiras, representando a parte “visível” do custo”. No
mesmo sentido, Silva e Garbrecht (2016, p. 87) colocam que “os materiais diretos
representam as matérias-primas, embalagens e demais itens que são facilmente
identificados com os produtos e, assim, podem ser apropriados diretamente a
eles”.
Conforme exposto pelos autores supracitados, os materiais diretos são
componentes físicos que integram o produto e podem ser visivelmente
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identificados. No entanto, esses materiais podem ser divididos em duas
categorias (Schier, 2013):
Matéria-prima: material que entra em maior quantidade na fabricação
do produto.
Material secundário: embora aplicado diretamente no produto, as
quantidades aplicadas representam uma pequena parte do custo do
material.
A matéria-prima, por se tratar do material direto que é utilizado em maior
quantidade na fabricação dos produtos, é o material mais importante do processo
produtivo. De acordo com Megliorini (2012), na cadeia produtiva, o produto
fabricado por uma empresa pode ser a matéria-prima utilizada por outra
empresa, sendo, de um modo geral, destinado ao consumidor, que poderá
utilizá-lo para consumo ou na fabricação de outros itens. Ainda de acordo com o
autor supracitado, para que seja considerada como custo direto, é necessário
quantificar o consumo de matéria-prima. De forma complementar, Stark (2010,
p. 101) afirma que “apenas as quantidades requisitadas pela produção serão
consideradas como custo e não a totalidade das compras efetuadas no período,
pois podem existir quantidades em estoque no início e no final do período”.
Nesse sentido, Martins (2010) aponta que é necessária alguma forma de controle
para que se saiba quanto de material foi aplicado em cada produto, e coloca
como sugestões de controles a requisição do almoxarifado, o apontamento pelo
chefe do departamento ou apontamento por alguém do próprio sistema de
custos. É importante ressaltar que a eficiência no processo de fabricação é
influenciada pelo controle desses materiais, pois as variações nas quantidades
deles vão impactar no custo final do produto.
O ciclo desde a entrada dos materiais no almoxarifado da empresa até o
estoque de produtos acabados é um ponto que merece muita atenção por parte
da contabilidade de custos, pois esse processo envolve muitos aspectos
importantes para a apuração do custo dos produtos vendidos. A Figura 1
apresenta esse ciclo, conforme exposto por Padoveze (2010).
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Figura 1 Fluxo dos estoques industriais
FÁBRICA
PRODUTOS
PRODUÇÃO EM
ALMOXARIFADOS ACABADOS
ELABORAÇÃO
É importante conhecer todo esse fluxo dos estoques, pois em cada fase
existem itens que podem impactar na contabilização dos custos dos produtos
fabricados, que se inicia com a aquisição dos materiais, a qual incorre em
impostos que podem compor ou não os custos dos produtos, e também existe a
questão dos métodos de avaliação dos estoques, que é regulamentada pelo fisco
brasileiro. Esses são os assuntos dos nossos próximos temas.
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2.1 Classificação dos tributos
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se dá pelo fato de ser justamente essa classificação que vai impactar no custo
do produto.
Pelo exposto, daremos ênfase aos dois principais tributos que incidem
sobre a compra de mercadorias, sendo eles:
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
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a empresa recebe de um cliente por ocasião da venda de mercadorias
representa uma obrigação (ICMS a Recolher)”.
Vamos usar um exemplo para visualizar a contabilização do IPI e ICMS
sobre a compra de mercadorias.
A CIA Mandirituba é uma indústria de calçados e, no dia 02/05/20X8,
adquiriu matéria-prima da Indústria de Curtumes Boi Bandido, tendo negociado
o pagamento para 30, 60 e 90 dias, conforme demonstrado na nota fiscal:
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terceiros, ou seja, ela deve para quem lhe vendeu a mercadoria. Por conta disso,
o crédito é realizado na conta fornecedores.
Agora, seguindo o mesmo exemplo, suponha que, com a matéria-prima
adquirida, a empresa tenha elaborado produtos e estes tenham sido vendidos
em sua totalidade por R$ 41.000,00 a prazo. Consideremos também que a
alíquota do ICMS é de 18% e o IPI incidente é de 10%. Vamos ver como fica a
contabilização.
Data: 30/05/20X8
Débito: Clientes R$ 45.100,00
Faturamento Bruto: R$ 45.100,00
Histórico: Venda de produtos conforme NF 456789.
Data: 30/05/20X8
Débito: Custo dos produtos vendidos R$ 16.400,00
Crédito: Estoques R$ 16.400,00
Histórico: Baixa no estoque por venda conforme NF 456789.
Data: 30/05/20X8
Débito: ICMS sobre vendas R$ 7.380,00
Crédito: ICMS a recolher R$ 7.380,00
Histórico: Apuração do ICMS sobre venda conforme NF 456789.
Data: 30/05/20X8
Débito: IPI Faturado nas R$ 4.100,00
Vendas Crédito: IPI a recolher R$ 4.100,00
Histórico: Apuração do IPI sobre venda conforme NF 456789.
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Perceba que, embora a empresa tenha tirado dinheiro do caixa para
realizar o pagamento dos impostos, esses valores já serão cobrados na nota
fiscal, ficando o comprador como o real pagador desses tributos, e a empresa
funcionando como simples intermediária entre o seu cliente e o governo. Por
esse motivo, esses impostos não podem ser considerados nem como custo, na
aquisição da matéria-prima, nem como receita, na venda dos produtos.
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compra outras unidades do mesmo produto por preço diferente (Iudicibus et al.,
2010).
A legislação fiscal e a do imposto de renda indicam a obrigatoriedade do
inventário periódico para fins de apuração de resultados, controle da
movimentação do material e apuração efetiva do custo (Schier, 2013). Para um
melhor entendimento do funcionamento do método do custo médio, vamos
aplicá-lo num exemplo, e para tanto, visando demonstrar uma forma de
inventário, adotamos uma ficha de controle de estoques, na qual registraremos
as entradas, as saídas e o saldo em estoque. Segue o modelo de ficha de
estoque adotado, representado pela Tabela 1. Em seguida, temos o exemplo de
aplicação do método.
TOTAL
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2.000,00. Uma vez que houve uma entrada no dia 02/05/X8, precisamos
atualizar o preço unitário dos produtos. Para calcular o custo médio, basta fazer
a soma das unidades e dos totais em valores e, em seguida, dividir o valor total
pela quantidade de unidades em estoque. O cálculo é feito da seguinte forma:
(R$2.000,00 + R$1.650,00)
CUSTO MÉDIO =
(40 + 30)
R$3.650,00
CUSTO MÉDIO =
70
Feito esse primeiro cálculo, temos o valor do custo médio unitário das
unidades em estoque, e é esse valor que será usado para dar baixa nas
próximas unidades que serão vendidas. Acompanhe os lançamentos na nossa
ficha de controle de estoque, representada pela Tabela 2.
ENTRADA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
E. I. 40 R$ 50,00 R$ 2.000,00
02/05/X8 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00 70 R$ 52,14 R$ 3.650,00
SAÍDA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
02/05/X8 70 R$ 52,14 R$ 3.650,00
05/05/X8 35 R$ 52,14 R$ 1.825,00 35 R$ 52,14 R$ 1.825,00
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Continuando o registro das transações, no dia 10/05 temos uma entrada
de mercadorias de 25 unidades pelo custo unitário de R$ 60,00, o que totaliza
R$ 1.500,00. Vamos fazer um novo cálculo do custo médio utilizando o saldo do
dia 05/05 com as entradas do dia 10/05.
Total de unidades = 35 + 25 = 60
Total em valores: R$ 1.825,00 + R$ 1.500,00 = R$ 3.325,00
Custo médio ponderado móvel: R$ 3.325,00 / 60 = R$ 55,42
ENTRADA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
05/05/X8 35 R$ 52,14 R$ 1.825,00
10/05/X8 25 R$ 60,00 R$ 1.500,00 60 R$ 55,42 R$ 3.325,00
Nos dias 15/05 e 18/05 temos duas saídas, sendo a primeira de 40
unidades e a segunda de 10 unidades. Uma vez que o custo médio unitário não
se altera com as saídas, mas somente com as entradas quando estas são de
valores diferentes do saldo em estoque, então em ambas as transações os
valores do custo unitário de saída serão os mesmos. E teremos no dia 15/05
uma saída de 40 unidades por R$ 55,42 por unidade, totalizando R$ 2.216,80,
ficando nosso estoque com saldo de 20 unidades com custo unitário de R$ 55,42
e valor total de R $1.108,40. Com a saída de 10 unidades no dia 18/05, damos
baixa em R$ 554,20 (10 unidades x custo unitário de R$ 55,42) e ficamos com o
saldo em estoque também de 10 unidades, pelo custo unitário de R$ 55,42
totalizando R$ 554,24.
SAÍDA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
10/05/X8 60 R$ 55,42 R$ 3.325,00
15/05/X8 40 R$ 55,42 R$ 2.216,80 20 R$ 55,42 R$ 1.108,40
18/05/X8 10 R$ 55,42 R$ 554,20 10 R$ 55,42 R$ 554,20
Como última transação informada, temos no dia 20/05X8 uma entrada de
50 peças no estoque pelo preço unitário de R$ 54,00. Assim como nas outras
vezes, vamos fazer o cálculo do preço médio.
Total de unidades = 10 + 50 = 60
Total em valores: R$ 554,20 + R$ 2.700,00 = R$ 3.254,20
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Custo médio ponderado móvel: R$ 3.254,20 / 60 = R$ 54,24
ENTRADA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
E. I. 40 R$ 50,00 R$ 2.000,00
40 R$ 50,00 R$ 2.000,00
02/05/X8 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
70 R$ 3.650,00
SAÍDA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
40 R$ 50,00 R$ 2.000,00
02/05/X8 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
70 R$ 3.650,00
5 R$ 50,00 R$ 250,00
05/05/X8 35 R$ 50,00 R$ 1.750,00 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
35 R$ 1.900,00
Podemos perceber que o saldo mais antigo em estoque foi suficiente para
atender a venda do dia 05/05/X8, e ainda ficamos com 5 unidades referentes
àquele estoque. Dessa forma, a próxima baixa de estoque deverá iniciar com
esse saldo.
No dia 10/05/X8 tivemos uma entrada de 25 unidades a R$ 60,00 cada
uma, totalizando R$ 1.500,00. Então, o nosso saldo em estoque nessa data
passa a ser composto de 5 unidades a R$ 50,00 cada; 30 unidades a R$ 55,00
cada; e 25 unidades a R$ 60,00 cada, totalizando 60 unidades com valor de R$
3.400,00, conforme exposto na Tabela 8.
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Tabela 9 – Método PEPS: Movimentação 10/05/20X8
ENTRADA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
5 R$ 50,00 R$ 250,00
05/05/X8 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
35 R$ 1.900,00
5 R$ 50,00 R$ 250,00
30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
10/05/X8 25 R$ 60,00 R$ 1.500,00
25 R$ 60,00 R$ 1.500,00
60 R$ 3.400,00
SAÍDA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
5 R$ 50,00 R$ 250,00
30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
10/05/X8
25 R$ 60,00 R$ 1.500,00
60 R$ 3.400,00
5 R$ 50,00 R$ 250,00
15/05/X8 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00 20 R$ 60,00 R$ 1.200,00
5 R$ 60,00 R$ 300,00
18/05/X8 10 R$ 60,00 R$ 600,00 10 R$ 60,00 R$ 600,00
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10 unidades a R$ 60,00 cada; mais 50 unidades a R$ 54,00 cada, totalizando 60
unidades com valor de R$ 3.300,00. Todas as transações estão registradas na
ficha de controle.
Conforme exposto na ficha, todas as saídas foram dadas pelo custo mais
antigo, conforme determinado pelo método PEPS. Note também que todos
saldos foram mantidos separados, justamente para não confundir na hora da
venda, visto que os estoques mais antigos devem ser baixados primeiro.
Pode-se observar também que, conforme exposto por Martins (2010), o
custo apurado dos materiais requisitados por esse método foi menor que o valor
pelo custo médio. Nesse sentido, caso os lotes produzidos fossem vendidos, se
comparássemos os resultados por ambos os critérios, o método PEPS traria um
maior resultado para a empresa, uma vez que os custos foram mais baixos.
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esse método não ser aceito pelo imposto de renda brasileiro, provocando efeitos
contrários ao PEPS.
Ainda de acordo com Martins (2010), a utilização desse método leva as
operações a um risco, visto que os estoques de materiais são avaliados por
preços antigos, e se em algum dia houver a utilização dos estoques sem que
haja compras adicionais, na sua apropriação os produtos serão subavaliados em
comparação com preços recentes. Vamos utilizar o mesmo exemplo dos
métodos anteriores para visualizar o funcionamento do UEPS.
A CIA Mandirituba apresentou as seguintes movimentações de estoques
de materiais no mês de maio:
Estoque inicial de 40 unidades com preço unitário de R$ 50,00.
Dia 02: entrada de 30 unidades por R$ 55,00 cada.
Dia 05: saída de 35 unidades.
Dia 10: entrada de 25 unidades por R$ 60,00 cada.
Dia 15: saída de 40 unidades.
Dia 18: saída de 10 unidades.
Dia 20: entrada de 50 unidades por R$ 54,00 cada.
Como estamos trabalhando com o método UEPS, vamos dar as baixas
considerando primeiro os valores dos materiais que entraram por último no
estoque. Para começar a preencher a ficha de controle, temos um saldo inicial
do estoque de 40 unidades com preço de R$ 50,00 cada, totalizando um saldo
em valores monetários de R$ 2.000,00. A primeira transação acontece no dia
02/05/X8, em que ocorre uma entrada de 30 unidades de mercadorias no valor
unitário de R$ 55,00. Dessa forma, nessa data temos um saldo de 70 unidades,
totalizando R$ 3.650,00 em estoque.
ENTRADA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
E. I. 40 R$ 50,00 R$ 2.000,00
40 R$ 50,00 R$ 2.000,00
02/05/X8 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
70 R$ 3.650,00
No dia 05/05/X8 tivemos uma venda de 35 unidades. Agora, como
estamos fazendo uma saída, é necessário ter muita atenção, pois a baixa deve
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ser dada pelos valores mais recentes, ou seja, as últimas aquisições de materiais
devem ser as primeiras a sair. Portanto, o estoque é baixado da seguinte forma:
SAÍDA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
40 R$ 50,00 R$ 2.000,00
02/05/X8 30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
70 R$ 3.650,00
30 R$ 55,00 R$ 1.650,00
05/05/X8 35 R$ 50,00 R$ 1.750,00
5 R$ 50,00 R$ 250,00
Podemos perceber que o saldo mais recente em estoque não foi suficiente
para atender a venda do dia 05/05/X8, e por isso tivemos que baixar 5 unidades
referentes ao saldo inicial.
Continuando as transações, no dia 10/05/X8, tivemos uma entrada de 25
unidades a R$ 60,00 cada uma, totalizando R$ 1.500,00. Então, o nosso saldo
em estoque nessa data passa a ser composto de 35 unidades a R$ 50,00 cada
e 25 unidades a R$ 60,00 cada, totalizando 60 unidades com valor de R$
3.250,00.
ENTRADA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
35 R$ 50,00 R$ 1.750,00
10/05/X8 25 R$ 60,00 R$ 1.500,00 25 R$ 60,00 R$ 1.500,00
60 R$ 3.250,00
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unidades ficamos com o mesmo saldo em estoque (10 unidades x R$ 50,00 =
R$ 500,00).
SAÍDA SALDO
DATA VALOR VALOR
QTD QTD
UNITÁRIO TOTAL UNITÁRIO TOTAL
35 R$ 50,00 R$ 1.750,00
10/05/X8 25 R$ 60,00 R$ 1.500,00
60 R$ 3.250,00
25 R$ 60,00 R$ 1.500,00
15/05/X8 20 R$ 50,00 R$ 1.000,00
15 R$ 50,00 R$ 750,00
18/05/X8 10 R$ 50,00 R$ 500,00 10 R$ 50,00 R$ 500,00
No dia 20/05/20X8 a empresa adquiriu 50 unidades ao preço unitário de
R$ 54,00. Então, o nosso saldo em estoque nessa data passa a ser composto
de 10 unidades a R$ 50,00 cada; mais 50 unidades a R$ 54,00 cada, totalizando
60 unidades com valor de R$ 3.200,00.
Vamos observar o resultado visualizando a ficha de controle completa,
exposta na Tabela 16.
22
Tabela 17 – Comparação entre os resultados dos diferentes métodos de
avaliação de estoques
ENTRADA SAÍDA SALDO
MÉTODO VALOR VALOR VALOR
QTD QTD QTD
TOTAL TOTAL TOTAL
CUSTO MÉDIO 105 R$5.850,00 85 R$ 4.596,00 60 R$ 3.254,20
PEPS 105 R$5.850,00 85 R$ 4.550,00 60 R$ 3.300,00
UEPS 105 R$5.850,00 85 R$ 4.650,00 60 R$ 3.200,00
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talvez seja essa a razão para esse método não ser aceito pelo imposto de renda
brasileiro.
TROCANDO IDEIAS
Você já parou para pensar que o material que uma empresa fabrica pode
ser a matéria-prima de outra empresa? Já observou que quando uma empresa
vende sua mercadoria ela está vendendo seu produto final, mas, muitas vezes,
esse produto será colocado em processo de fabricação dentro de outra empresa,
para se transformar em outro item, que, por sua vez, pode acabar sendo
comprado por outra empresa e entrar no processo de fabricação de outro
produto? Esse ciclo é contínuo e dificilmente se encerra, principalmente na
atualidade, em que falamos tanto em sustentabilidade e reaproveitamento, e a
tendência é de que, cada vez mais, os materiais recicláveis voltem para as
fábricas e se transformem em outros produtos. Dessa forma, conhecer sobre
materiais, matéria-prima e processos produtivos não é somente uma
necessidade do profissional da área de custos, mas é uma necessidade de
praticamente todas as áreas, visto que a tendência é de que as empresas
busquem cada vez mais reaproveitar os materiais recicláveis, diminuindo, assim,
a exploração ambiental, e nesse ínterim o papel do profissional de custos será
aprimorar as práticas, viabilizando os processos e desenvolvendo técnicas que
possibilitem o máximo de aproveitamento desses recursos.
Diante do exposto, é comum vermos cada vez mais campanhas de
conscientização para separação do lixo, visando principalmente à reciclagem.
Imagine você que, para uma empresa, muitas vezes usar produtos reciclados
como matéria-prima pode ser muito mais vantajoso do que comprar produto novo
ou mesmo explorar o meio ambiente. Nesse sentido, pense no seu cotidiano, no
seu dia a dia. Você conhece alguma empresa que pratica ações sustentáveis e
que lucram com isso? Imagine as grandes empresas brasileiras e pense, será
que práticas sustentáveis podem de alguma forma contribuir para o crescimento
da empresa no sentido de reduzir custos e aumentar a eficiência no processo
produtivo?
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NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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pois somente poderá ser considerado custo o tributo pago na operação de
entrada e não recuperável na operação de saída, de modo que a empresa tenha
que recuperar os valores via preço de venda.
Em relação à movimentação desses materiais dentro do processo
produtivo, destacamos um item primordial para as operações da empresa, que
é a questão do critério de avaliação destes. Conforme estudamos nos temas 3,
4 e 5, os três principais métodos de avaliação dos estoques existentes são a
média ponderada móvel, PEPS e UEPS, e os resultados podem ser diferentes
em cada método utilizado, sendo que no Brasil o método UEPS não é permitido.
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REFERÊNCIAS
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