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Para a Contabilidade de Gestão interessa determinar os gastos de acordo com a sua origem em
termos organizacionais, identificando com que função estão relacionados e, dentro de cada fun-
ção, quais as diferentes atividades que a incorporam (Franco et al., 2015).
Apesar do grau de complexidade no funcionamento das empresas ser diferente de entidade para
entidade, Silva (1991), Mortal (2007) e Franco et al. (2915) acham possível identificar em todas
elas pelo menos as funções, e respetivos gastos, que se segue:
Por fim, um gasto menos frequente em algumas estruturas empresariais é o gasto de Investigação
e Desenvolvimento que respeita a actividades relacionadas com a pesquisa de novos produtos,
serviços, tecnologias e métodos.
Franco et al. (2015) aconselha que quando for economicamente viável estes gastos sejam
discriminados por actividades.
Portanto, para testarem esta imputação, no mês de fevereiro recolheram as operações que se
seguem:
a) Consumo de matérias-primas;
b) Décima segunda prestação do empréstimo;
c) Remunerações do pessoal de produção;
d) Consumo de eletricidade;
e) Publicidade e propaganda;
f) Seguro de acidentes de trabalho;
g) Conservação e reparação de equipamentos básicos;
h) Remunerações do pessoal administrativo;
i) Gastos de contencioso e notariado;
j) Desenvolvimento de um novo produto;
k) Armazenagem dos produtos semiacabados no mês.
Resolução:
No que respeita à operação b), esta trata de uma utilização de capitais alheios, e como tal, são
gastos financeiros.
Os custos e os produtos
No mundo empresarial deparamo-nos com muitas situações diferentes, onde coexistem empresas
industriais, comerciais e de prestação de serviços, que podem ter como objecto o lucro ou o
simples carácter social. Segundo Mortal (2007), para qualquer uma destas situações devemos
considerar as características dos seus custos, pois o tipo de custos que uma entidade incorre, bem
como a forma como são qualificados depende do tipo de organização.
De acordo com o autor, o que ocorre normalmente nas empresas transformadoras é a compra de
matérias-primas necessárias, que com o apoio da mão-de-obra e a utilização de equipamento
fabril, são transformadas em produtos acabados. Como tal, Franco et al. (2015) afirma que para o
cálculo do custo industrial de produção (CIP) pode-se considerar o somatório de todos os custos
inerentes à produção que ocorre durante o período, como as matérias-primas (MP), a mão-de-
obra direta (MOD) e os gastos gerais de fabrico (GGF).
Entenda-se por matérias-primas todos os produtos que a entidade adquire com o intuito de
transformar noutros produtos, ou seja, são materiais consumidos durante o processo de
fabricação que incorporam o produto acabado (Mortal, 2007; Ferreira et al., 2014). No
apuramento do custo do consumo destas matérias deverá ter-se em conta a quantidade consumida
e o respetivo custo unitário de aquisição. Para Franco et al. (2015), este último pode incluir além
do custo de aquisição, custos que se verifiquem internamente e que devam ser imputados às
matérias antes de se registar a sua entrada em armazém, como custos de preparação prévia das
matérias ou de armazenagem.
No que respeita à quantidade consumida, os autores referem que a entidade poderá calculá-la
com base nas requisições feitas ao armazém, onde deverá ser registado não só a quantidade, mas
também o objecto de custo onde esta foi incorporada.
Caiado e Cabral (2004) e Caiado (2009), chamam à atenção para as embalagens, pois a natureza
destas tem um tratamento especial devido ao facto de poder ou não ser considerada custo
industrial.
Segundo estes, existem indústrias em que os produtos não podem sair da fábrica sem estarem
acondicionados em embalagens apropriadas, como é por exemplo, o caso dos perfumes e do café
torrado. A embalagem é parte integrante do custo do produto. Por outro lado, acham que existem
produtos que apenas poderão ser transportados para o cliente numa embalagem adequada, sendo
que nesse caso assume a natureza comercial, não devendo ser imputada ao custo industrial.
O custo primo prende-se com a soma dos custos que são diretamente atribuídos ao produto, ou
seja, as matérias-primas e a mão-de-obra direta (Franco et al., 2015). Ferreira et al. (2014) não
dúvida que se trata do apuramento dos custos mais relevantes na produção. No entanto, denota
que se trata de um custo bastante incompleto, e, portanto, pouco utilizado.
CP = MP + MOD
No caso do custo de transformação, é a soma dos custos da mão-de-obra direta com os gastos
gerais de fabrico. Este custo serve para verificar quanto custa à entidade transformar as matérias-
primas em produtos acabados, pelo que existe algum interesse em ser calculado, pois permite
facilitar o controlo e imputação destas duas grandezas (Franco et al., 2015; Caiado, 2009).
CT = MOD + GGF
O custo não industrial (CNI) inclui todos os custos que não fazem parte da função produção,
como os gastos de distribuição (GD), os gastos da administração (GA), os gastos de investigação
e desenvolvimento (GID) e os gastos financeiros (GF) (Mortal, 2007; Franco et al., 2015).
CNI = GD + GA + GID + GF
Segundo Franco et al. (2015: 31) “a soma algébrica destas naturezas de gastos corresponde ao
Custo Comercial em sentido lato”.
Custo Complexivo
O custo complexivo (CC) corresponde a todos os custos que afectam o resultado de determinado
período, compreendendo todo o custo de um produto, desde a sua entrada enquanto matéria-
prima até ao fim do processo de transformação e, posterior venda (Franco et al., 2015; Ferreira et
al., 2014). De uma forma geral, calcula-se este custo pela soma dos custos industriais com os
custos não industriais. Silva (1991) evidencia o facto deste custo só se referir a bens ou serviços
vendidos, pelo que os custos industriais tidos em conta são referentes a esses (CIPV). No
próximo subponto explicaremos melhor esse conceito.
CC = CIPV + CNI
O custo complexivo é um custo mais completo, pois engloba todos os custos, tanto os industriais
como os não industriais (Ferreira et al., 2014). Logo, o valor apurado deste custo deverá ser o
preço mínimo de venda que a empresa pode praticar, pois é ele que garante que não haja prejuízo
(Caiado, 2009). Ou seja, este custo trata-se do preço crítico do produto.
Embora ninguém conteste a vantagem de apurar este custo, quase ninguém o faz, pois, a maioria
limita-se a calcular os custos industriais, supondo que a avaliação dos inventários a esses custos é
a mais aconselhável para efeitos de apuramento dos resultados do exercício (Silva, 1991).
Custo económico-técnico
Outro tipo de custo é o custo económico-técnico (CET), que corresponde ao preço normal e
inclui, para além do custo complexivo, os gastos figurativos. Estes gastos poderão ser
considerados como o lucro que a empresa espera gerar como forma de remunerar os acionistas,
pelo que incluem a quota-parte da remuneração do capital investido na empresa pelos sócios, e o
prémio de risco decorrente da actividade em que a empresa actua (Caiado, 2009; Ferreira et al.,
2014).
Nos casos em que a empresa produza vários produtos, torna-se difícil a determinação do custo
complexivo, dadas as dificuldades de repartição dos custos não industriais. Assim, nestas
circunstâncias, existe pouco interesse para a gestão o cálculo do custo complexivo e do custo
eco-nómico-técnico (Caiado, 2009).