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Pietro Chiarani

O cultivo do milho é mais uma opção para a rotação com arroz irrigado
em terras baixas.
Uma realidade hoje da lavoura orizícola é a diversificação de cultivos. Nesse aspecto, a
soja entrou há 13 anos e hoje já tem 415.000 hectares, ou seja, 45% da área de arroz entra em
rotação com soja com bastante sucesso. Um dos grandes benefícios da diversificação de
culturas em terras baixas é o fato que ela propicia a diversidade de fontes de renda e isso
determina a melhor gestão de riscos climáticos e de preços.

Além disso, um dos problemas críticos do monocultivo do arroz é a resistência de


plantas daninhas a determinados herbicidas. Com a diversificação de culturas na área há
possibilidade de fazer a rotação de mecanismos de ação e com isso controlar melhor as plantas
daninhas.

Com relação especificamente sobre o milho, em rotação com o arroz ele propicia todas
as vantagens que a soja tem dado, como o já comentado aumento de produtividade. O milho,
por outro lado, tem múltiplos usos na propriedade e pode ser utilizado na forma de grão ou
silagem na alimentação da pecuária.

Os pontos que estão determinando esse grande interesse dos produtores de arroz é o
fato de que os preços atuais do milho são muito atrativos. Por outro lado, a produção obtida no
estado do Rio Grande do Sul não atende a demanda e tem que importar anualmente milho de
outros estados e países. Hoje, com os atuais preços do frete, é uma coisa que está se tornando
bastante difícil.

Outra vantagem é que as áreas de arroz já dispõem de sistemas de armazenamento e


distribuição de água que são usados na lavoura de arroz e isso funciona como um verdadeiro
seguro da produtividade de milho. Isso porque o milho é uma espécie muito exigente em água
e quase não tolera sua deficiência.

O milho também é uma cultura que produz uma grande quantidade de palha: para
produzir 10 toneladas de grãos, deixa 10 toneladas de palha, o que é interessante para a
construção da fertilidade do solo.

Os principais desafios do cultivo de milho em terras baixas, são ditados pela fisiologia
da planta. Em relação à soja, o milho é muito mais sensível à estresses, tanto por excesso
quanto por deficiência hídrica.

Se observarmos as terras baixas, normalmente nas áreas arrozeiras da metade sul do


estado do Rio Grande do Sul, onde chove menos do que na metade norte, a drenagem é mais
deficiente e os solos têm baixa capacidade de retenção de umidade. Além disso, em áreas de
arroz se usa muito herbicida e o milho é um pouco mais sensível, sendo necessário cuidados
quanto aos resíduos desses herbicidas.

Pela estrutura de irrigação que temos disponível em áreas de arroz, temos conseguido
10 toneladas por hectare, ou seja, de 167 sacos por hectare, em condições experimentais e em
condições de lavouras que têm sido conduzidas pelos produtores. Isso porque a água é um dos
grandes responsáveis pela oscilação da produtividade de milho.
É necessário fazer a macrodrenagem já que o milho, assim como a soja, não tolera
excesso hídrico que ocorre quando, por exemplo, temos grandes volumes de precipitação. O
milho é sensível na falta da água nesse período de florescimento e porque normalmente
pendoa em condições de seca, mas ela não larga a espiga.

Outros aspectos também que são importantes para o milho e soja diz respeito à
descompactação do solo, porque normalmente as áreas de arroz são muito compactadas pelo
trabalho intensivo do solo. A correção do pH do solo também é necessária, já que para o arroz
irrigado normalmente não se faz a calagem pelo fato de ter água, tornando presente o efeito
da auto calagem.

No caso do milho e da soja, temos que ter em mente que são plantas são
extremamente sensíveis, sendo imprescindível a correção do pH. Além disso, o milho é muito
exigente em nutrientes. Assim, para uma produtividade alta é exigido uma grande quantidade
de nitrogênio, fósforo e potássio.

É extremamente importante que haja integração de todas as práticas de manejo,


porque não adianta nós termos, por exemplo, 9 práticas bem executadas e uma está limitando,
porque é essa prática que estiver limitando é que vai determinar a produtividade de milho.

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