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INSTITUTO POLITÉCNICO BOA ESPERANÇA DE NAMPULA

CURSO DE TÉCNICO DE MEDICINA GERAL


Trabalho de Hematologia e Oncologia
Turma: TMG 13

Tema
TRANSFUSÃO SANGUÍNEA

Docente
Vidjay Sinoia

Nampula, Junho de 2023


Elementos do grupo
Omar Ali
Amélia Victor Sizela
Abiba Faquira

Tema

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA

Trabalho Avaliativo de investigação


Científica, da cadeira de Hematologia e
oncologia lecionado terceiro semestre do
curso de TMG. Pela docente: Vidjay Sinoia

Nampula, Junho de 2023


Índice
Introdução ......................................................................................................................... 4
Transfusão sanguínea ....................................................................................................... 5
Historial ............................................................................................................................ 5
Definição .......................................................................................................................... 5
Indicações para transfusões de sangue ............................................................................. 5
Tipos de transfusão de sanguínea ..................................................................................... 6
Indicações e Contra-indicações ........................................................................................ 6
Concentrado de glóbulos vermelhos ................................................................................ 6
Indicações de uso .............................................................................................................. 6
Contra - indicações ........................................................................................................... 7
Concentrado de plaquetas ................................................................................................. 7
Indicações de uso .............................................................................................................. 7
Contra - indicações ........................................................................................................... 7
Plasma fresco congelado (PFC) ........................................................................................ 7
Indicações de uso: ............................................................................................................. 7
Contra-indicações ............................................................................................................. 8
Sangue Total ..................................................................................................................... 8
Indicações de uso: ............................................................................................................. 8
Contra-indicações ............................................................................................................. 8
Complicações das Transfusões ......................................................................................... 8
Sistema ABO .................................................................................................................... 9
Sistema Rhesus ............................................................................................................... 10
Conclusão ....................................................................................................................... 11
Bibliografia......................................................................................................................12
Introdução
Embora a transfusão de sangue e seus componentes seja responsável por salvar muitas
Vidas, esse recurso terapêutico deve ser utilizado de forma criteriosa, uma vez que toda
Transfusão traz consigo um risco imediato ou tardio ao receptor, de gravidade variável.
À luz do conhecimento atual, o sangue e os seus componentes não possuem substitutos
Sintéticos adequados. São obtidos exclusivamente através da doação voluntária e altruísta
de sangue e, por isso, representam um recurso “escasso e finito”. A decisão transfusional
deve ser norteada por um diagnóstico preciso e um conhecimento real dos riscos e
benefícios envolvidos neste processo. Sua indicação poderá ser objeto de análise e
aprovação pela equipe médica do serviço de hemoterapia. Todos os médicos que
prescrevem sangue ou seus componentes devem estar familiarizados com as indicações,
assim como com as alternativas à transfusão desses hemocomponentes. O sangue e seus
componentes podem ser obtidos de varias maneiras.
TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
Historial
Na virada do século XIX para o século XX, mais especialmente em 1900, o médico
austríaco Karl Landsteiner notou que quando juntamos amostras de sangue de pessoas
diferentes, dois resultados poderiam ocorrer:
 Em alguns casos, os sangues se misturavam sem haver nenhum problema
 Em outros, os sangues não se misturavam, havendo uma intensa reação que levava
a distribuição das hemácias (glóbulos vermelhos) e ampla formulação de
coágulos.
Foi através deste experimento que surgiu o conceito de sangue incompatível e compatível.
Baseando-se em seus experimentos, Landsteiner descreveu três tipos de sangue,
nomeadamente tipo A, B ou tipo O ou tipo 0 (zero), dando origem a famosa classificação
ABO dos grupos sanguíneos. Depois anos depois um quarto grupo sanguíneo foi
identificado. O tipo AB, formando, assim os 4 grupos sanguíneos actualmente.
Em 1940, o mesmo Karl Landsteiner descobriu a existência de fator Rh, que era
responsável pela incompatibilidade de alguns tipos de sangue mesmo quando o sistema
ABO era respeitado. A partir desta descoberta, os indivíduos foram classificados com Rh
positivo ou Rh negativo, consoante a existência ou não do for Rh em seus sangues.
Definição
Segundo a OMS (2012) define que a transfusão sanguínea e a transferência total ou de
um componente sanguíneo (concentrados de glóbulos vermelhos, de plaquetas ou plasma)
de uma pessoa (doador) para outra (receptor).
Os objectivos das transfusões de sangue ou hemoderivados são:
 Aumento da capacidade do sangue de transportar oxigénio.
 Restabelecimento do volume de sangue do corpo.
 Melhoria da imunidade.
 Correção de eventuais problemas de coagulação.
Indicações para transfusões de sangue
 Quando um paciente não consegue produzir sangue suficiente por si
mesmo/mesma.
 Quando a vida de um paciente corre risco por sangramento maciço causado pelas
doenças, cirurgias ou lesões entre outros.
Tipos de transfusão de sanguínea
Autóloga: o paciente doa sangue, que será usado para uma transfusão posterior dele
mesmo. Exemplo: em caso de cirurgia programada.
Homóloga (dador voluntário): os hemoderivados do dador voluntário são distribuídos
aleatoriamente aos pacientes que precisam. Exemplo: o sangue pelos dadores regulares
que é administrado a qualquer paciente que precise na Unidade Sanitária.
Dirigida (dador repositor): os hemoderivados são doados por um indivíduo para ser
transfundido em um receptor específico. Exemplo: um pai que doa sangue para um filho
doente e que precise de sangue urgente.
Indicações e Contra-indicações
A partir da colheita de sangue de um doador podem-se obter os seguintes produtos
hemoterápicos:
 Concentrado de glóbulos vermelhos
 Concentrado de plaquetas
 Plasma (a parte líquida do sangue) fresco congelado e que contém os factores de
coagulação.
 Sangue total
Dos produtos acima citados, os únicos que são manejados à nível do TMG são o sangue
total e o concentrado de hemácias.
Concentrado de glóbulos vermelhos
 A finalidade é a de aumentar a capacidade de transporte de oxigénio aos tecidos
pelo sangue.
 É obtido por fraccionamento do sangue total, remoção de outros componentes
celulares e do plasma.
Indicações de uso
 Hemorragia aguda (associada a cirurgias, traumas, neoplasias) ou volume
estimado de perda de mais de 20% da volémia (deve-se associar a fluídoterapia
para repor o volume sanguíneo perdido);
 Nível de hemoglobina inferior a 8 gr/dl e/ou de hematócrito inferior a 24% em
pacientes com doenças anemiantes (malária, hiperesplenismo), severa disfunção
de algum órgão (insuficiência hepática ou respiratória), na fase pré- quimioterapia
ou na fase pré-operatória;
 Nível de hemoglobina inferior a 5 gr/dl e/ou de hematócrito inferior a 15% em
pacientes sintomáticos;
Contra - indicações
 Anemias que podem ser corrigidas com a suplementação de elementos deficitários
como o ferro, a VitB12, o ácido fólico;
 Défice da coagulação;
 Hemorragias agudas, com o objectivo de expandir o volume total do sangue, neste
caso devem ser usados os expansores de plasma.
Concentrado de plaquetas
É obtido por fraccionamento do sangue total, remoção do plasma e de outros componentes
celulares.
Dosagem: 10 a 15 ml/kg de peso corporal.
Indicações de uso
 Contagem de plaquetas menor que 50.000/mm3 em pacientes com sangramento;
 Para tratamento de doenças da coagulação (coagulopatias) causadas por
trombocitopenia (diminuição de plaquetas) ou por disfunção plaquetária. Ex:
Púrpura trombocitopénica idiopática, pacientes no período pós-transplante.
 Profilaxia em pacientes com coagulopatia que serão submetidos a procedimentos
invasivos;
Dosagem: depende do caso clínico. A dosagem mínima no adulto é de 4 unidades.
Contra - indicações
Hemorragias de outras causas como defeitos de coagulação e hemorragias que possam
ser corrigidas com vitamina K.
Plasma fresco congelado (PFC)
É obtido por fraccionamento do sangue total e separação dos eritrócitos. É rico em
factores de coagulação V, VIII e IX.
Indicações de uso:
 Pacientes com coagulopatias causadas por deficiências de um ou mais factores de
coagulação;
 Profilaxia em pacientes com coagulopatia que serão submetidos a procedimentos
invasivos;
Dosagem: 15 a 20 ml/kg de peso corporal.
Contra-indicações
 Não usar o PFC como repositor de volume sanguíneo e em pacientes com
coagulopatias que podem ser corrigidas com a Vitamina K.
 Aumento do volume do sangue
 Aumento da albumina plasmática
Sangue Total
Indicações de uso:
 O uso de sangue total tem reduzido gradualmente, para evitar o disperdício de
hemoderivados e reduzir os efeitos adversos, contudo, está indicado nos casos de
pacientes que tenham perdido mais de 50% do volume sanguíneo e em que o uso
de concentrado de hemácias associado à expansores do volume sanguíneo não
tenha resultado.
 Também está indicado nalguns casos de anemia grave associada à depleção de
factores de coagulação como mordeduras de cobras e por outros animais
venenosos.
Dosagem: 10 a 15 ml/kg de peso corporal. O cálculo é feito estimando-se as unidades
Contra-indicações
 Em todas as situações que possam ser tratadas com componentes específicos.
Complicações das Transfusões
Apesar de ser considerada uma prática segura, a transfusão pode por vezes apresentar
complicações ou reacções adversas graves. É importante recordar, que as transfusões só
devem ser prescritas quando estritamente necessárias e que o uso de componentes
específicos do sangue (hemoderivados) deve ser sempre a primeira opção, pois reduz o
risco de complicações e para além disso melhora a gestão do sangue como elemento
terapêutico.
Durante o processo de transfusão, o paciente deve ser monitorado de perto e todos os
sinais ou sintomas que surjam, ainda que leves devem ser tomados em consideração, pois
podem anunciar uma reacção adversa grave.
As principais complicações ou reacções adversas à transfusão são:
Sobrecarga de volume (por transfusões de quantidade elevada de sangue ou
hemoderivados)
 Reacções transfusionais: estas podem ser agudas e crónicas e são listadas a seguir:
Reacções transfusionais agudas: ocorrem durante a infusão ou dentro de minutos ou horas
após a transfusão. As principais são:
 Hemólise Intravascular Aguda
 Choque Séptico
 Urticária (reacção alérgica)
 Reacção febril não hemolítica
 Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão (edema agudo do pulmão)
Reacções transfusionais crónicas:
 Sobrecarga de ferro
 Hemólise tardia
 Transmissão de infecções (hepatite B ou C, HIV)
 Púrpura pós transfusional
As reacções transfusionais agudas e a sobrecargada de volume, são as complicações mais
preocupantes, por serem aquelas que colocam em risco imediato a vida do paciente, pelo
que perante estes casos, a conduta consiste em:
 Parar a transfusão;
 Comunicar a ocorrência ao serviço de banco de sangue;
 Colher uma nova amostra de sangue do paciente e enviar ao laboratório
juntamente com o sangue transfundido remanescente para testagem e verificação
de incompatibilidades;
 Comparar os dados do paciente com os da bolsa de sangue e a prescrição médica;
 Transferir ou referir todos os casos para níveis de atenção superior.
Sistema ABO
Existem os seguintes grupos sanguíneos que foram identificados com letras
correspondentes aos antigénios presentes na superfície do Glóbulo vermelho:
 Grupo A: tem o antigénio A
 Grupo B tem o antigénio B
 Grupo AB tem os antigénios A e B
 Grupo O ou “zero”: não tem os antigénios A nem B
Na transfusão de sangue é necessário ter em conta a compatibilidade dos grupos
sanguíneos:
 Grupo sanguíneo AB: pode receber sangue de qualquer outro grupo (com AB
preferível), mas só pode doar sangue para outros com o tipo AB.
 Grupo sanguíneo A: pode receber sangue só de pessoas dos grupos A ou O (com
A preferível), e só pode doar sangue para indivíduos com o tipo A ou AB.
 Grupo sanguíneo B: pode receber sangue só de indivíduos de grupos B ou O
(com B preferível), e pode doar sangue para indivíduos com o tipo B ou AB.
 Grupo sanguíneo O: pode receber sangue só de alguém do grupo O, mas pode
doar sangue para pessoas com qualquer grupo ABO (ou seja, A, B, O ou AB).
Sistema Rhesus
O fator Rh e um sistema de grupos sanguíneo, descobertos atravez de sangue do macaco
rhesus, ele indica se o sangue e positivo ou negativo
O fator Rh foi descoberto em 1940, pelos cientistas Landsteiner e Wiener, através de
experimentos envolvendo coelhos e macacos de gênero rhesus, dai a origem do nome Rh
que ao injetar o sangue de macaco no coelho começam a produção de anticorpos e esses
anticorpos foram denominados de anti-Rh. As pesquisas demostravam que determinados
tipos de sangue possuíam ausência do fator Rh, e assim surgio a classificação como Rh
positivo
Resumo da compatibilidade dos grupos sanguíneos – sistema ABO:
Grupo sanguíneo Antigénio presente no GV Pode doar para Pode receber de
A A A e AB AeO
B B B e AB BeO
AB AeB AB A, B, AB, e O
O Nenhum todos O
Os pacientes com sangue Rh- de qualquer tipo do sistema ABO, só podem receber sangue
de grupo Rh – (que seja ABO compatível). Se estes pacientes recebem sangue Rh+
(mesmo que seja ABO compatível), há o risco de se desenvolverem reacções
transfusionais pois o sistema imunológico do receptor desenvolve uma reacção contra o
antígeno ‘’D’’ presente no sangue do dador.
Conclusão
Os efeitos das transfusões de sangue ou hemoderivados são: Aumento da capacidade do
sangue de transportar oxigénio. Restabelecimento do volume de sangue do corpo.
Melhoria da imunidade.Correcção de eventuais problemas de coagulação.
Ao decidir sobre uma transfusão, deve-se sempre avaliar o doente individualmente e
sempre que possível, optar pela transfusão de componentes específico e não de sangue
total. Apesar de ser considerada uma prática terapêutica segura, as transfusões podem
apresentar complicações (na maior parte das vezes causadas por erro clínico), pelo que o
clínico deve conhecer muito bem os seus critérios de administração e só indicar
transfusões se for estritamente necessário.
Os pacientes com sangue Rh- de qualquer tipo do sistema ABO, só podem receber sangue
de grupo Rh – (que seja ABO compatível).
Bibliografia
1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. (2013). Manual de Formação Para Técnicos de
Medicina Geral - 3º. Semestre Hematologia e Oncologia. Maputo, Mocambique.
2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. (2013). Manual de Formação Para Técnicos de
Medicina Geral - 2º. procedimentos clinico. Maputo, Mocambique.
3. https://www.mdsaude.com/hematoogia/tipos-sanguineo-sistema-abo.

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