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Professor: J. C. Ferrante
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Conteúdo
Capítulo Página
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Logística Integral e Supply Chain Management
Capítulo 1 : Introdução
Professor : J. C. Ferrante
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1. Introdução
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Nos últimos anos, a economia mundial e a economia brasileira têm sofrido
mudanças importantes. Fusões, incorporações, aquisições e alianças estratégicas
têm se multiplicado. Parte considerável destas mudanças relaciona-se com
profundas alterações nos sistemas de valores de todos os segmentos da economia.
Transformar
Fornecer Insumos em Consumir
Insumos Produtos Produtos
FLUXO DE INFORMAÇÕES
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Em função de a empresa ter se tornado uma entidade econômica compartilhada , a
gestão de operações passou a ter elevada importância e a logística integral da
empresa ganhou prioridade no atendimento ao cliente sendo encarada como uma
vantagem diferencial no mercado competitivo.
Administração de Otimização
Primeira Materiais e Transportes dos
Transportes
Visão Sistêmica e
Segunda Logística Integral Integração por
Sistemas
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Evolução segundo o Professor Manoel Reis FGV São Paulo- 1997:
Até a Década de 40 :
Alta Produção.
De 1950 a 1965 :
De 1965 a 1980 :
Após 1980 :
Nas últimas décadas, a economia mundial tem oscilado entre períodos de crise e
prosperidade, numa velocidade cada vez maior. Estas constantes alterações
obrigaram as empresas a reverem os seus conceitos administrativos como forma de
sobrevivência frente aos novos desafios.
No período de pós - guerra até a década de 60, num mercado em franca expansão,
as empresas voltaram-se totalmente para a sua própria produção tendo como
prioridade básica o volume de produção, caracterizado pela variável preço.
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Na década de 70, o mercado começa a indicar uma maior exigência fazendo com
que tenhamos um início de competição entre as empresas. Nesse período, a
prioridade básica da empresa, além do volume, passa a ser também a qualidade
técnica do produto.
Mercado Competitivo
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3. A logística e a vantagem competitiva
Vantagem em Produtividade
Custo
Volume
Vantagem em valor
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Resumindo a logística integral e a vantagem competitiva :
Serviços e Custos
Líder
Baixa
“Commodity” em
Custos
Baixa Alta
Vantagem em Produtividade
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Logística Integral e Supply Chain Management
Professor : J. C. Ferrante
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1. Logística Integral
Várias técnicas foram desenvolvidas nos últimos tempos para administrar o fluxo de
materiais e produtos. Entre elas podemos citar :
KANBAN : Kanban
Independente das técnicas, o objetivo maior pode ser resumido como sendo :
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A Logística Integral compreende todas as operações da empresa relacionadas com
o fluxo de materiais e produtos. Administra o fluxo de informações (planos de
vendas, produção, materiais, compras e estoques) e o fluxo físico (recebimento,
estocagem, produção, vendas, transportes e entregas).
Ao longo dos anos, pouca atenção tem sido dada à logística em função do enfoque
departamental. Todavia, a maximização das partes não implica na maximização do
todo. Hoje, no mercado extremamente competitivo em que vivemos, há necessidade
do enfoque global e sistêmico dos processos básicos da empresa e a logística
integral está sendo vista como tarefa fundamental e todas as atenções estão sendo
voltadas à administração do fluxo de materiais e produtos, do fornecedor ao cliente
final.
Um Pouco do Conceito
gerenciamento de materiais.
gerenciamento de estoques.
controle de estoques.
distribuição e transportes.
outros.
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“A logística integral é o planejamento e o controle total do fluxo de informação e do
fluxo físico, integrando todas as atividades, com o objetivo de aumentar o nível de
atendimento ao cliente com o menor volume de recursos envolvidos na cadeia
produtiva”. (J. C. Ferrante).
2. O Fluxo Logístico.
CLIENTES
FORNECEDORES
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A Análise do Fluxo Físico versus Fluxo de Caixa
0 25 85 120
Prazo Médio
de Compras
25 dias
Pagamento
da
Duplicata
Fluxo de Caixa
95 dias
Pagamento Recebimento
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3. O Modelo de Gestão do Resultado Logístico
Modelo
de
Controle
Planejamento
Produção
Modelo
Modelo
de
de
Modelo
de
Controle
O Modelo de Controle
O Modelo de Planejamento
O Modelo de Produção
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4. A Missão do Gerenciamento Logístico
Portanto, a logística deve ser vista como o elo entre o mercado e a atividade
operacional da empresa. O raio de ação da logística estende-se sobre toda a
organização, do gerenciamento de matérias primas até a entrega do produto final.
De 1940 até 1960, a segunda era fez-se vigente com o nome de “funções
segmentadas”, sofrendo grande influência militar. O foco da logística estava ligada à
identificação dos aspectos de eficiência no fluxo de materiais, em especial, as
questões de armazenamento e transporte, tratadas de modo funcional ou
segmentado.
Na terceira era, chamada de “funções integradas”, de 1960 a 1970, surgia uma visão
integrada nas questões de logística, explorando questões como custo total e
abordagem de sistemas. É neste momento que a logística passa a ser vista como
um conjunto integrado de disciplinas tais como transportes, distribuição,
armazenagem, controle de estoque e manuseio de materiais.
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De 1970 a meados de 1980, veio a era de “foco ao cliente”, com ênfase na aplicação
de métodos quantitativos às questões logísticas. O foco principal era nas questões
de produtividade e custos de estoques.
Finalmente, a quinta era, em vigor até os dias de hoje, recebe o título de “a logística
como elemento diferenciador”. Nesta era, a logística é identificada como a última
fronteira empresarial em que se podem explorar novas vantagens competitivas,
permitindo o surgimento do conceito de “supply chain management”, como pano de
fundo da globalização e da tecnologia da informação.
Com isto, o “supply chain management” encontrou terreno fértil para ser
desenvolvido, pois, ao falar em processo integrado e busca contínua de
competitividade para fazer frente a uma forte concorrência, não resta outra
alternativa às empresas que não seja a de buscar a integração com os fornecedores
e clientes ao longo de toda a cadeia, até por que, no fundo, o cliente é o consumidor
final, e todos os envolvidos na cadeia de suprimentos deveriam trabalhar em torno
do objetivo comum de atender ao mesmo.
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Basicamente, ele começa o exercício com uma pergunta: “O produto com o qual
lidamos é funcional ou inovativo?”.
Margem de Contribuição 5 % a 20 % 20 % a 60 %
Erro na Estimativa
(comprometimento dos 10 % 40 % a 100 %
recursos)
Índice de Falta de
1%a2% 10 % a 40 %
Produtos
Desconto de Fim de
0% 10 % a 25 %
Promoção
Como exemplo de produto funcional o autor cita as Sopas Campbell, cujos produtos
apresentam um nível de demanda com uma curva de sazonalidade relativamente
conhecida (o seu consumo é maior no inverno americano), com portfolio
relativamente pequeno.
Por outro lado, cita um fabricante de roupas esportivas como exemplo de produto
inovativo, que é obrigado a relançar modelos a cada estação.
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Diferenças entre processos de “supply chain” :
Processo Processo
Especificação Fisicamente Sensitivo ao
Eficiente Mercado
Responder rapidamente à
Suprir demanda previsível demanda imprevisível
Objetivo primário de forma eficiente ao minimizando a falta de
menor custo possível estoque e inventário
obsoleto
Manter altos índices de Desenvolver capacidade
Foco da manufatura
utilização extra
Gerar alto giro e minimizar Desenvolver significativos
Estratégia de estoque inventário ao longo da estoques de componentes
cadeia e produto acabado
Reduzir “lead time” ao Investir agressivamente
Foco de “lead time” máximo sem aumentar em formas de reduzir
custos “lead times”
Método de escolha de Com base em custo e Com base em velocidade,
fornecedores qualidade flexibilidade e qualidade
Usar desenvolvimento
Estratégia de
Maximizar “performance” modular de forma a
desenvolvimento de
e minimizar custos postergar a diferenciação
produto
tanto quanto possível
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Neste ponto, é interessante lembrar das estratégias genéricas de Porter: Custo,
diferenciação e enfoque. Existem autores que dizem que no fundo só existem duas
estratégias genéricas. Enfoque, na verdade, seria uma combinação adequada de
custo e diferenciação que visa a atender um grupo específico de clientes de forma a
maximizar a entrega de valor para os mesmos.
Mesclando as idéias de Porter e Fisher, podemos assumir uma matriz que liga a
estratégia do negócio com a estratégia de “supply chain”, tal como a seguir:
Estratégia de
Especificação Estratégia de Custo
Diferenciação
“Supply chain” de
Inadequado Adequado
resposta rápida
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1 : segmentar os produtos do ponto de vista de demanda: básicos (de demanda
constante), promocionais, sazonais, edições limitadas, edições de temporada, de
pico e outros.
5 : uma vez estabelecida a política e os processos para cada LDB, desenhar fluxos
logísticos para atender à demanda dos consumidores de forma eficiente do ponto de
vista de custo.
Apesar de ser uma metodologia originalmente voltada para varejistas, a LDB pode
ser extrapolada para qualquer operação, desde que sejam feitos os devidos ajustes.
A grande qualidade desta metodologia, é que ela atenta para a necessidade de
reconhecer a diversidade do negócio, e seu impacto na atividade logística. Se
formos traduzir o modelo LDB na linguagem do modelo de Fisher, diríamos que os
produtos básicos precisam de um “supply chain” eficiente, enquanto que os produtos
de demanda não constante, precisam de um “supply chain” de resposta rápida.
Portanto, nas organizações que convivem com os dois tipos de produtos (funcionais
e inovativos), deveriam ser criadas em paralelo estratégias de “supply chain”
específicas para atender a cada tipo de produto.
Esta forma de operar, com dois tipos de “supply chain” pode parecer confusa e pode
confundir o foco da organização, mas ela nada mais é do que uma mera
conseqüência de uma estratégia de negócio que transita entre as estratégias
genéricas de custo e diferenciação. Se quisermos optar por uma única estratégia de
“supply chain”, devemos optar antes por uma única estratégia de negócio.
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Logística Integral e Supply Chain Management
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1. O que é o Serviço ao Cliente
O assunto serviço ao cliente tem ganho cada vez mais importância dentro das
empresas. Todavia, vemos que, na prática, muitas companhias têm pontos de vista
diferentes sobre o assunto. Para avaliarmos este aspecto, vamos analisar um estudo
feito por LaLonde e Zinszer (Customer Service : Meaning and Measurement 1976.)
2 . elementos da transação.
Acessibilidade.
Estrutura organizacional.
Flexibilidade do sistema
Elementos da transação
Ciclo do pedido.
Disponibilidade de estoque.
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Elementos da pós - transação
Rastreabilidade do produto.
Aspectos % de Respostas
1. Qualidade 94 %
2. Confiabilidade da entrega 92 %
3. Compromisso com a melhoria contínua 89 %
4. Tecnologia 86 %
5. Flexibilidade / respostas rápidas 78 %
6. Orientação para o cliente 76 %
7. Preço 71 %
8. Bom marketing / publicidade 38 %
Uma das definições clássicas de Marketing diz que seu objetivo é : Ganhar e reter
clientes. A importância da conservação do cliente é realçada pelo conceito de “valor
perpétuo” de um cliente.
O valor perpétuo de um cliente pode ser calculado como sendo o valor médio das
transações, multiplicado pela freqüência anual de compras e multiplicado pela
expectativa de vida do cliente.
A medição simples da retenção do cliente pode ser feita com a seguinte pergunta :
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a)
Clientes
novos
Clientes
mantidos
No de clientes
No de clientes hoje
12 meses atrás
b)
Claro está que o serviço ao cliente deve ser encarado do ponto de vista do cliente e
não do ponto de vista da empresa.
• ciclo do pedido
• disponibilidade de estoque
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• facilidade de colocação do pedido
• freqüência de entregas
• confiabilidade de entrega
• qualidade da documentação
• suporte técnico
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Logística Integral e Supply Chain Management
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1. Introdução
Uma vez que a logística integral é um conceito orientado para o fluxo, com o objetivo
de integrar recursos ao longo de todo o trajeto dos fornecedores até o cliente final, é
desejável que se tenha um meio de avaliar os custos e o desempenho deste fluxo
físico de materiais e produtos.
Antes
O preço de venda de um produto era formado pelo preço de custo do produto mais
uma determinada porcentagem de lucro.
O preço de custo era formado por um grupo de fatores de produção que pertenciam
diretamente ao produto em questão, os quais, eram denominados de custos
variáveis. Mais um outro grupo de fatores de produção que não pertenciam somente
ao produto em questão, e sim, pertenciam a todos os produtos da empresa, os
quais, eram denominados de custos fixos. Através de uma fórmula qualquer de
rateio, os custos fixos eram rateados e somados aos custos variáveis e chegava-se
ao preço de custo do produto em questão.
Hoje
Admitindo que o preço de venda de um produto seja definido pelo mercado, algumas
empresas, consideradas de ponta no mercado, estão pensando da seguinte forma :
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"Se, antes, havia necessidade do preço de custo para formatar o preço de venda e,
hoje, o preço de venda é definido pelo mercado, portanto, não há mais necessidade
da formulação do preço de custo dos produtos dentro das empresas".
O preço de custo do produto, hoje, é feito da mesma forma como era feito
anteriormente, ou seja, rateando a parcela dos custos fixos que pertence à empresa
e somando à parcela dos custos variáveis que pertence ao produto.
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Os melhores sistemas de custos atuais calculam os elementos de custo até o
derradeiro nível de particularidade, sumarizando-os depois por produtos. Os
resultados raramente apresentam utilidade para a tomada de decisões empresariais.
Eis alguns dos problemas:
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6. a preocupação da gerência com os estoques centra-se nos dados do balancete
ou balanço e, muitas vezes, se limita a eles. Os custos variáveis e diretos de
manutenção de estoques geralmente não são incluídos na declaração de renda
como componente do custo de fabricação. Os cálculos dos custos dos produtos,
portanto, costumam ignorar os custos de estocagem de vários produtos.
7. as finalidades atribuídas com maior freqüência aos cálculos dos custos dos
produtos consistem em avaliar estoques, determinar preços e tomar decisões quanto
à mudança da linha de produtos. No entanto, é raro achar uma empresa cujos
preços dos produtos se aproximem de alguma fórmula de custos - quer dizer, onde o
preço de venda dos produtos represente um percentual padrão do seu custo. O
mercado e a competição são fatores bem mais importantes na fixação dos preços do
que o custo dos produtos.
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No ambiente de fabricação do futuro, o novo sistema de gerenciamento de custos
deverá abranger:
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Nas novas e pequenas minifábricas dedicadas por famílias de produtos, torna-se até
mais fácil para o gerente operacional compreender a real dimensão econômica da
operação.
Ganho
O ganho refere-se a diferença entre o preço líquido de venda dos produtos para os
clientes e os gastos 100% variáveis, em função da produção dos produtos, também
ao preço líquido. Não tem rateio neste cálculo.
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Ativo Produtivo
Despesa Operacional
Lucro Líquido
Produtividade Global
Equação ROI = LL / AP
3. Custos Logísticos
Nos dias de hoje, muito se tem falado e escrito a respeito do que é custo logístico.
Existe uma bibliografia significativa no mercado sobre os custos logísticos. Todavia,
ainda não temos uma definição completa do assunto que possa ser utilizada na
prática. Os gestores operacionais ainda encontram muitas dúvidas em relação a
estes custos gerando um certo grau de desconforto para a tomada de decisão. Com
o intuito de esclarecer melhor as dúvidas existentes, abaixo mostramos algumas
tabelas a respeito dos chamados custos logísticos.
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Tabela 1 : custos como porcentagem da receita de vendas.
Elementos País
De
Custo Reino
França Alemanha Holanda U.S.A
Unido
Transporte 2,43 5,81 1,44 2,65 2,92
Especificação %
Total 16,1
Um custo oculto da logística são os juros pagos pela manutenção dos estoques.
Uma vez que ele raramente é identificado separadamente pela maioria dos sistemas
de contabilidade gerencial. É claro que não são só os juros ou o custo do capital que
devem ser alocados na manutenção dos estoques. Devemos também considerar
outros custos, tais como, obsolescência e deterioração, seguro, perdas, controle
etc. Estima-se que, no total, o custo anual de manutenção do estoque chega a 25 %
do valor contábil do mesmo.
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Outro ponto que nos chama atenção é com relação ao serviço ao cliente. Por
exemplo, quanto custa o não atendimento completo de um pedido, ou ainda, quanto
custa uma venda perdida, ou ainda, quanto custa um cliente não atendido?
Apenas com estas colocações, fica claro que o assunto custos logísticos ainda não
está totalmente desenvolvido.
Uma forma de custear o fluxo físico conforme o conceito de logística integral, seria o
custeio do processo completo através da teoria do custo ABC. Todavia, essa forma
de custear não nos parece adequada devido ao fato que o custo logístico deve servir
não só para controle mas também para decisão, ou seja, para medir o resultado do
gerenciamento logístico.
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Tabela 1 : Performance da Empresa (ou da Logística Integral?)
Mix de Maior
Preço de Despesa 100 Ganho por
Produto Ganho
Venda % Variável Produto
Individual
1 100 80 20 2o
2 50 25 25 1o
3 30 15 15 3o
4 45 35 10 4o
Venda Real
Ganho por Mix de Maior
Produto em Ganho Total
Produto Ganho Total
Quantidade
1 20 5.000 100.000 2o
2 25 2.000 50.000 3o
3 15 3.000 45.000 4o
4 10 12.000 120.000 1o
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Tabela 3 : Mix de Clientes
Mix de Maior
Preço de Despesa 100 Ganho por
Cliente Ganho
Venda % Variável Cliente
Individual
A 100 80 20 2o
B 50 25 25 1o
C 30 15 15 3o
D 45 35 10 4o
Venda Real
Ganho por Mix de Maior
Cliente em Ganho Total
Cliente Ganho Total
Quantidade
A 20 500 10.000 2o
B 25 200 5.000 3o
C 15 300 4.500 4o
D 10 1.200 12.000 1o
Será que estas 3 tabelas nos ajudam a gerenciar a logística integral como um
fluxo do fornecedor ao cliente final, ou seja, como um sistema?
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Construindo um Experimento
Vamos começar com a pergunta que normalmente todo gerente reclama de não
poder responder devido à falta de informações.
A meta de empresa é ganhar mais dinheiro agora, assim como no futuro. Qual será
o lucro líquido da empresa no próximo trimestre? Esta não é uma das perguntas
mais importantes? Não, não queremos uma estimativa, queremos uma resposta com
precisão de, vamos dizer, mais ou menos dois centavos. Podemos responder a isto?
Não, não existe informação suficiente. Esta é a resposta normal.
O que nos impede de responder com exatidão qual será o lucro líquido do próximo
trimestre? Muitas coisas. Por exemplo, não conhecemos a confiabilidade das nossas
previsões de vendas. Nossos pedidos firmes não são exatamente firmes. Nossos
clientes têm a tendência de mudar suas mentes de tempos em tempos. O que
vamos fazer, processá-los?
Mas o problema não é apenas com informação de marketing. Também podemos ter
alguns problemas internamente. Ninguém garante que uma máquina não quebrará;
comumente, pode-se garantir que uma máquina deixará de funcionar. As únicas
dúvidas são qual máquina, quando e por quanto tempo? Nossos fornecedores não
são totalmente confiáveis, muitas vezes não entregam no prazo ou enviam as
quantidades erradas. Às vezes, toda uma entrega, quando chega, vem defeituosa.
Não sei quanto a você, mas nossa mão-de-obra não é totalmente confiável, temos
problemas de faltas. Temos refugos, parte devido ao processo, parte devido aos
trabalhadores. E nossos mestres não são totalmente disciplinados: dizemos a eles o
que fazer, eles sabem fazer muito melhor. A lista pode continuar, e continuar. É falta
de informação? Parece mais uma relação de reivindicações:
1.Os clientes mudam seus pedidos. 2. Fornecedores não confiáveis. 3. Máquinas
não confiáveis. 4. Mão-de-obra não treinada. 5. Administração indisciplinada.
Observando esta lista, existe algo que começa a nos preocupar. Todos conhecemos
o sinal de uma desculpa. O sinal de uma desculpa é: "é culpa de alguém". Você
observou o que é comum nesta relação? Sim, "algum outro responsável". Os
clientes, os fornecedores, as máquinas, a mão-de-obra... nós somos perfeitos, eles
devem ser os culpados. Você também não sente um cheiro estranho?...
Esta é uma lista de motivos do porque não podemos responder à pergunta: “qual
será o Lucro Líquido do próximo trimestre"? Ou é apenas uma lista de desculpas?
Esta é uma questão muito importante, porque quando revisamos a lista, observamos
que é um bom resumo dos esforços que estamos fazendo para melhorar nossa
empresa.
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Estamos tentando aperfeiçoar nossas previsões de vendas. Grandes esforços são
feitos para melhorar as relações com nossos clientes e temos um longo programa
intitulado "Programa do Fornecedor". Como, para as máquinas, embarcamos
agressivamente na manutenção preventiva e também investimos pesadamente em
novos equipamentos para aperfeiçoar a contabilidade. Como, para os processos,
estamos treinando e retreinando cada trabalhador em métodos de controle
estatístico do processo. Etc... etc ... etc ...
Se a relação acima for apenas uma relação de desculpas e não a coisa real,
estamos enfrentando dois enormes problemas, não apenas um. O primeiro é que
estamos usando a falta de informação como desculpa e, portanto, talvez o motivo
por não ter informação suficiente seja simplesmente por não defini-la corretamente.
O segundo problema é o enfoque diverso que a empresa tomou para fazer os
melhoramentos. Poderia ser errôneo. Como testá-lo?
Talvez a melhor forma seja, mais uma vez, conduzir um experimento GEDANKEN*.
Vamos supor que nossos esforços atuais para melhorar tenham sucesso além de
nossos sonhos mais desenfreados. Vamos supor que atacamos cada item da lista e
tivemos espetacular sucesso. Nenhum dos problemas acima existe na nossa fábrica.
Agora temos o que alguns chamariam de fábrica perfeita. Tudo está consertado,
cada parte do dado é precisamente conhecida. Temos a informação? Sabemos
exatamente qual será o lucro líquido da nossa empresa no próximo trimestre?
Vamos descrever nossa fábrica perfeita. Vamos passar todos os dados que alguém
poderia pensar ser necessário. Na nossa fábrica, racionalizamos nossa linha de produtos
para que tenhamos apenas dois: vamos chamá-los de P e Q. Estes são produtos muito
bons e nossa mão-de-obra está muito bem treinada para produzi-los; o índice de defeitos
é zero, não PPM, zero.
Agora, o preço de venda. O preço de venda destes dois produtos é fixado até o último
centavo. Temos que superar a síndrome de que todo vendedor barganha com
diferentes clientes. Eles são disciplinados neste momento. Você pode imaginar este
mundo? O preço de venda para P é de US$ 90 por unidade e para Q um pouco mais,
de US$ 100 por unidade.
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Naturalmente, no caso de P, tendo um potencial de mercado de 100 unidades por
semana, significa que se produzirmos mais de 100 unidades por semana, ficaremos
com os produtos acabados encalhados.
Observe, a mesma estrutura poderia descrever diferentes ambientes, tais como layout de
projeto do produto, um projeto ou mesmo um processo de decisão; tudo parece igual.
Temos que nos fixar a uma terminologia específica, caso contrário nada será claramente
entendido. Mas isto não significa que estamos necessariamente tratando apenas de um
ambiente de produção. O que estamos tentando descrever é o caso genérico de "usar os
recursos para preencher tarefas, a fim de alcançar um objetivo pré-determinado". Agora,
devemos ter um dado numérico. Isto certamente nos forçará a entrar numa terminologia
mais específica. Não obstante, não vamos nos esquecer de que este é um exemplo de
uma situação muito mais genérica.
P Q
$90/U $100/U
100U/Sem 50U/Sem
D D
15 min/U 5 min/U
Peça
Comprada
$5/U C C B
10 min/U 5 min/U 15 min/U
A B A
A
15 min/U 15 min/U 10 min/U
15 min/U
Vamos assumir que o preço pago pela peça comprada seja de US$ 5 por unidade,
enquanto que o preço pago pela matéria-prima, em cada caso, seja de US$ 20 por
unidade. O primeiro material começa sua "jornada" pelo departamento A.
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Ele poderia ser o engenheiro tipo A, o local A do armazém, o vendedor na região A,
o gerente nível A... Neste experimento, já que estamos falando sobre um ambiente
de produção, vamos usar a terminologia de um Recurso com habilidade A. Vamos
considerar que no Recurso A levamos 15 minutos para processar uma unidade.
Naturalmente, se estivéssemos num ambiente de processo, usaríamos toneladas ou
litros por hora ou, na engenharia, usaríamos dias ou semanas (e reze para que não
leve anos). O ambiente determina a terminologia. Aqui, estamos usando a
terminologia de minutos por unidade.
O primeiro processo do segundo material é realizado por outro tipo de Recurso, com
habilidade B, e leva exatamente o mesmo tempo: 15 minutos por unidade. O
segundo estágio de processamento de ambas as peças é feito por um terceiro tipo
de Recurso, com habilidade C. Ele gasta 10 minutos por unidade para fazer a
primeira peça, mas apenas 5 minutos por unidade para a segunda peça. Isto
naturalmente implica em que o Recurso, executando a habilidade C, não está
dedicado à produção de apenas um tipo de peça; mas é um Recurso multifuncional.
Você tem recursos de função múltipla? Não tem certeza? Você tem setup? Se a
resposta for sim, você tem recursos de função múltipla. No nosso caso, o setup é
zero. Somos tão bons que reduzimos todo o setup a zero, não para um segundo,
mas a zero.
A montagem é realizada por um Recurso D. Ele gasta 15 minutos para montar uma
unidade. Isto completa os dados para o produto P. Agora, vamos descrever o
produto Q.
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O segundo processo é realizado pelo Recurso B, o mesmo que realizou o primeiro
estágio sobre a segunda peça, e foi dado a ele o mesmo tempo: 15 minutos por
unidade. A montagem é feita pelo mesmo Recurso D, mas, neste caso, ele leva
apenas 5 minutos para montar cada unidade.
Por quanto tempo cada um destes recursos fica disponível na fábrica? Vamos
novamente pegar o caso mais simples. Vamos considerar que cada um dos recursos
fique disponível cinco dias por semana, oito horas por dia, sessenta minutos por
hora. Isto dá 2.400 minutos por semana. Nenhum absentismo, você notou? Nem
mesmo vão ao banheiro ou quebram.
O que mais está faltando? A despesa operacional. Vamos considerar que a despesa
operacional total da fábrica é de US$ 6.000 por semana. Talvez algum lembrete seja
útil. O que chamamos de despesa operacional? Estes US$ 6.000 incluem os salários
destes operários, seus benefícios, os salários da supervisão, do pessoal de vendas
da empresa e da gerência e o dinheiro que pagamos pela energia e aos bancos
pelos empréstimos. Tudo isto está incluído nos US$ 6.000. Mas o que não está
incluído?
Vamos repetir. O que não está incluído é o dinheiro pago a nossos fornecedores
pelos materiais e peças. Este dinheiro não é despesa operacional, é inventário. Se
queremos vender alguma coisa, teremos que comprar material. Quanto teremos que
pagar? Isto depende das quantidades que compramos. O preço por unidade já foi
dado para cada material. Mas lembre-se, este dinheiro é além dos US$ 6.000.
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Tudo está dado. Tudo está preciso. Nenhuma desculpa. Portanto, vamos repetir a
pergunta original. Não exatamente, já que tudo está especificado por semana.
Vamos repetir da seguinte forma: "qual é o máximo lucro líquido (mínima perda) que
esta empresa é capaz de obter por semana"? Temos todos os dados disponíveis e
exatos. Temos a informação? Podemos responder à pergunta gerencial?
Recomendo muito que agora reserve um tempo para tentar solucionar este teste por
si mesmo, pois propiciará uma nova visão sobre o que intuitivamente chamamos de
informação; é muito diferente do uso comum desta palavra.
Notas :
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Logística Integral e Supply Chain Management
Professor : J. C. Ferrante
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1. Introdução
No passado era comum que cada setor da empresa elaborasse a sua própria
previsão em função dos problemas de comunicação entre as partes. Atualmente,
para atingir a integração necessária da cadeia de suprimentos, todas as atividades
devem ser orientadas pelas mesmas previsões. Portanto, a área de logística está
sendo responsável pela previsão da vendas levando em consideração todas as
ações que estão sendo planejadas pelos outros setores da empresa. Como por
exemplo podemos citar as promoções que a área de marketing está planejando
realizar a fim de que as quantidades previstas estejam dentro da capacidade
produtiva ou se é necessário uma capacidade adicional. As pressões atuais por
redução dos estoques e os avanços da tecnologia de informação estão resultando
em maiores esforços para a integração do processo de previsão de vendas, não só
dentro da empresa, mas também em toda a cadeia de suprimentos.
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Atualmente, as empresas estão desenvolvendo procedimentos de previsão
integrando as áreas de marketing, vendas, finanças, produção, compras, etc. A
logística está sendo a área responsável por isso, buscando também a integração
com os clientes e os fornecedores, ou seja, a integração da cadeia de suprimentos.
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2: O Método das Médias Móveis
2.1: Introdução
2.2: Conceito
O método das médias móveis é uma técnica aplicada a série temporal, a fim de
determinar quais os fatores que são responsáveis pela forma particular de uma
determinada série. Neste método uma série temporal apresenta quatro elementos ou
componentes, são eles:
A tendência,
O efeito sazonal,
A variação incidental,
A variação aleatória.
2.3: Os 4 Componentes
1º : Tendência
A tendência refere-se à direção geral, segundo a qual parece que o gráfico da série
temporal se desenvolve em determinado intervalo de tempo, geralmente longo. Uma
série de tempo apresenta uma tendência, se os números nela contidos mostram
uma tendência geral de crescer ou decrescer com o tempo. Se isto não é o caso,
isto é, se não há uma tendência geral nos números para o acréscimo ou decréscimo
com o tempo, a tendência é denominada de horizontal; se os números mostram uma
tendência de aumentar com o tempo, a tendência é denominada ascendente e,
finalmente, se os números mostram uma tendência de diminuir com o tempo, a
tendência é denominada de descendente. Nos últimos anos, o telefone celular de
um modo geral, tem se tornado cada vez mais popular e, se um dos fabricantes
deste produto for compilar uma série de tempos a partir dos números de vendas
trimestrais dos respectivos períodos, encontrará uma tendência crescente. No
entanto, considerando também os últimos anos, o disco de vinil tem se tornado cada
vez menos popular entre os consumidores de um modo geral. Claro está que, se os
fabricantes deste produto também compilassem uma série de tempos das suas
vendas trimestrais nos respectivos períodos iriam constatar uma tendência
49
decrescente. Normalmente, a tendência apresenta a forma linear. Todavia, existe a
tendência dada por curva. Para simplificar o raciocínio, limitaremos a nossa análise
e avaliação para o caso onde a tendência da série de tempos é linear.
Avaliação da Tendência
ANO VENDAS TM 4 TM 8 TE
I 10 - - -
II 20 - -
X - 4
100
III 50 205 25.6
105
IV 20 220 27.5
115
I 15 250 31.2
135
II 30 275 34.3
X - 3
140
III 70 285 35.6
145
IV 25 300 37.5
155
I 20 330 41.2
175
II 40 355 44.3
X - 2
180
III 90 365 45.6
185
IV 30 380 47.5
195
I 25 410 51.2
215
II 50 435 54.3
X - 1
220
III 110 - -
IV 35 - - -
50
2º : Efeito Sazonal
O efeito sazonal refere-se a padrões idênticos, ou quase idênticos, que uma série
temporal parece obedecer durante os mesmos meses de anos sucessivos ou os
mesmos anos de períodos sucessivos. O efeito sazonal de longo prazo chama-se
normalmente, variação por estação. Exemplos : 1. Demanda muito alta em uma loja
de departamento no mês de dezembro. 2. Demanda muito alta de agasalhos no
inverno.
Existem várias maneiras de avaliar o efeito sazonal. Nesta parte o efeito sazonal
será avaliado através da realidade da demanda com a tendência apropriada. Dessa
forma, o efeito sazonal torna-se desvio sazonal.
Desvio Sazonal.
É definido como sendo: Desvio Sazonal = Valor Real - Valor da Tendência. Quando
determinamos o desvio sazonal o fazemos para um intervalo de tempo na série
temporal. Todavia, quando da projeção da série temporal há necessidade de se
saber o desvio sazonal médio, para todos os intervalos de tempo e, por conseguinte,
aproveitaremos o conceito de desvio sazonal e definiremos o desvio sazonal médio,
o qual, será usado na projeção da série temporal. Exemplo no 2:
I 26 - -
II 90 - -
X - 4
III 150 - -
IV 90 - -
51
Desvio Sazonal Médio
É igual a soma dos desvios sazonais de cada trimestre para todos os anos da série
temporal, dividida pelo número de desvios sazonais de cada trimestre em todos os
anos.
Exemplo no 3:
X - 4 - - + 45.5 - 18.0
X - 1 - 48.5 + 10.5 - -
Trimestre I - 48.8
Trimestre II + 14.2
Trimestre IV - 13.5
52
Projeção de Vendas Período X - 4 a X - 1.
I 26 - - -
II 90 - - -
X - 4
III 150 - - -
IV 90 - - -
53
3º : Variação Incidental
Exemplos
4º : Variação Aleatória
Desvio Aleatório
D. A. = (Realidade) - (Estimativa).
54
Desvio Aleatório
Exemplo no 5:
I 26 - - - -
II 90 - - - -
X - 4
III 150 - - - -
IV 90 - - - -
55
2.4: Erro Padrão da Estimativa
O erro padrão da estimativa é uma ferramenta que a estatística fornece a fim de que
se possa determinar o nível de confiança para a previsão de vendas. É determinado
através do desvio aleatório.
σ=
(
∑ Y − Yˆ
2
)
(N − K )
Sendo :
Y - Ŷ : Desvio aleatório.
K : parâmetros.
Observação :
σ=
(
∑ Y − Yˆ
2
)
(N − 2)
56
Determinação do Erro Padrão da Estimativa.
I 26 - -
II 90 - -
X - 4
IV 62 - 4.5 20.25
I 38 + 2.8 7.84
IV 82 + 3.0 9.00
I 42 - 3.2 10.24
IV 86 + 1.5 2.25
I 50 + 0.3 0.09
III 150 - -
IV 90 - -
TOTAL 80.84
σ=
∑ Y − Yˆ(2
) σ = 8,1 σ = 2,84 σ = 3,00
(N − 2)
Por aproximação podemos considerar o erro padrão da estimativa igual a 3.00.
57
Portanto, o nível de confiança da previsão neste exemplo será:
58
7º : Determinar o erro padrão da estimativa, sendo :
∑ (Y )
2
− Yˆ
σ =
N − 2
10º : Traçar uma reta, sobre a maioria dos pontos que representam a tendência, até
os intervalos de tempo necessários para as previsões.
Especificação I II III IV
Tendência X X X X
Previsão P P P P
Erro Padrão S S S S
59
2.6: Exercício Completo
Obs.:
60
1º : Determinação da Tendência
I 100 - - -
II 200 - -
X - 4
850
III 500 1.720 215.0
870
IV 50 1.780 222.5
910
I 120 1.870 233.8
960
II 240 1.925 240.6
X - 3
965
III 550 1.935 241.9
970
IV 55 1.990 248.8
1.020
I 125 2.110 263.8
1.090
II 290 2.190 273.8
X - 2
1.100
III 620 2.230 278.8
1.130
IV 65 2.320 290.0
1.190
I 155 2.460 306.3
1.270
II 350 2.560 320.0
X - 1
1.290
III 700 - -
IV 85 - - -
61
2º : Determinação do Desvio Sazonal, Projeção e Desvio Aleatório
I - - - -
II - - - -
X - 4
III - - - -
IV - - - -
62
3º : Determinação do Desvio Sazonal Médio
X - 4 - - + 285.0 - 172.5
X - 1 - 151.3 + 30.0 - -
∑ (Y )
2
− Yˆ
σ = σ = 419 σ = 20
N − 2
Especificação I II III IV
Erro Padrão 20 20 20 20
63
3 : O Método das Médias Exponenciais
3.1: Introdução
Período Especificação
1 I 10
1 II 40
1 III 80 71,25
1 IV 150
2 I 20
Prova
= (1/8 • 10) + (1/4 • 40) + (1/4 • 80) + (1/4 • 150) + (1/8 • 20) =
Como podemos notar, o maior peso situa-se na parte central da série temporal. A
pergunta que pode ser feita é a seguinte: Podemos tomar estes pesos para
determinarmos a tendência de uma série temporal?
A resposta pode ser : no método das médias móveis fazemos exatamente isso.
64
Entretanto, existem outros sistemas que partem do princípio de que o peso deveria
ser menor na medida que o período de tempo se situa mais no passado e um peso
maior para o período de tempo que se situa mais no presente. Isto significa que a
informação mais recente tem maior influência sobre o valor da tendência do que as
informações menos recentes.
Considerando essa forma, a fim de que os valores mais antigos tenham menor
influência do que os valores mais atuais, deveremos adotar uma série geométrica
para os valores dos pesos. Quando adotamos uma série geométrica decrescente
para dar valores aos pesos estamos falando em uma série exponencial.
3.2: Conceito
Aplicação
α Coeficiente de ponderação
F t + 1 = F t + α ( X t - F t ), sendo :
α Coeficiente de ponderação
65
Demonstração
F t+1 = Ft+α(Xt-Ft)
F t+1 = F t+ α X t - α F t
F t+1 = αXt+(1-α)Ft
F t + 1 = α X t + ( 1 - α ) F t , onde :
No entanto F t era também uma previsão feita com base nos dados para o intervalo
de tempo t - 1. Assim sendo :
F t = α X t - 1 + ( 1 - α) F t - 1,
F t + 1 = α X t + ( 1 - α ) [ α X t - 1 + ( 1 - α) F t - 1 ]
F t + 1 = α X t + α ( 1 - α ) X t - 1 + ( 1 - α) 2 F t - 1
No entanto, F t - 1 era também uma previsão feita com base nos dados para o
intervalo de tempo t - 2 . Assim sendo :
F t - 1 = α X t -2 + ( 1 - α ) F t - 2 .
F t + 1 = α X t + α ( 1 - α ) X t - 1 + ( 1 - α ) 2 [α X t - 2 + ( 1 - α ) F t - 2 ] .
F t + 1 = α X t + α ( 1 - α ) X t - 1 + α ( 1 - α ) X t - 2 + ( 1 - α ) 3 F t - 2 ...
66
Notamos que :
1º : α X t
2º : α ( 1 - α ) X t - 1
3º : α ( 1 - α ) 2 X t - 2
α ; α ( 1 - α ); α ( 1 - α ) 2 ; α ( 1 - α ) 3 ...
Mês T XT F t+1 = F t + α (X t - F t)
Jan 1 95 -
Fev 2 108 -
Mai 5 84
Jun 6 64
67
Neste exemplo o valor inicial foi calculado da seguinte forma:
1º : Determinação do Coeficiente
2
α=
N + 1
68
Gráfico explicativo:
Coeficiente
1,0
0,3
0,1
0 5 19 T (Intervalos de Tempo)
Para α = 0,1 iremos dar pesos numa série geométrica pa 19 períodos da série
temporal e α = 0,3 para 5 períodos da série temporal.
Para α = 0.4 concluímos que iremos dar pesos para os valores de vendas de fev.,
mar., abr. e mai., pois jan. é excluído. Podemos comprovar da seguinte forma:
fevereiro, março, abril e maio, representam 4 períodos. Portanto, N é igual a 4, então
temos:
α = 2 / n + 1 = 2 / 4 + 1 = 2 / 5 = 0.4
69
Como um segundo exemplo, vamos considerar a série de tempo abaixo e calcular a
previsão inicial para o mês de agosto de um determinado ano, considerando que
valor inicial é igual a média aritmética dos 5 primeiros períodos e o coeficiente de
ponderação igual a 0.10.
Mês T XT F t+1 = F t + α (X t - F t)
Jan 1 95 -
Fev 2 108 -
Ago 8 ?? -
3.5: Tendência
VT = ( F t+1 ) - ( F t )
70
No exemplo anterior, o VT é calculado da seguinte maneira:
Período (F t + 1) - (F t) VT
Mês T VT D t+1 = D t + α (V t - D t)
Ago 8 - -
71
Correção da Tendência
1 − α
F t+1 = F t+1 + ( D t+1 ) •
α
Resumidamente temos :
F t+1 = F t + α ( X t - F t)
V t = ( F t+1 ) - ( F t )
D t+1 = D t + α ( V t- D t )
1 − α
( D t+1 ) •
α
1 − α
F t+1 = F t+1 + ( D t+1 ) •
α
72
3.7: Exercício Completo
ANO X ANO X
MAR 93 SET 78
Com estes dados, a empresa deseja saber as vendas previstas para o ano X + 1,
mensalmente no inicio de cada mês desse referido ano.
Nota :
73
3.8: Solução Proposta
Jan 111 - -
Fev 110 - -
74
2º : Tendência
Jan 111 - -
Fev 110 - -
Mar 93 - D t + 1 = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . = 0.00
Jul 110 Vt = 101.7 - 98.2 = + 3.5 Dt+1 = 0.37 + 0.3(3.5 - 0.37) = 1.31
Ago 111 Vt = 104.5 - 101.7 = + 2.8 Dt+1 = 1.31+ 0.3(2.8 -1.31) = + 1.76
75
3º : Correção da Tendência
Jan 111 - -
Fev 110 - -
Jul 110 Dt+1 = 0.37 + 0.3(3.5 - 0.37) = 1.31 (+1.31 ) * ( 2.33 ) = + 3.06
Ago 111 Dt+1 = 1.31+ 0.3(2.8 -1.31) = + 1.76 (+1.76 ) * ( 2.33 ) = + 4.10
76
4º : Previsão Final
Jan 111 - - -
Fev 110 - - -
Mar 93 - - -
77
4: O Método dos Mínimos Quadrados
4.1: Introdução
Com muita freqüência, na prática, verifica-se que existe uma relação entre duas (ou
mais) variáveis.
Por exemplo :
O volume de vendas de uma empresa com os gastos com propaganda desta mesma
empresa.
Outras.
Na verdade, o que desejamos é expressar essa relação sob forma matemática, por
meio de uma equação que relacione estas variáveis.
Então, numa primeira etapa, uma amostra de N gastos com propaganda e volume
de vendas se apresentaria da seguinte forma:
Volume de Vendas : Y 1 , Y 2 , Y 3 , … , Y N.
78
Exemplo 1 :
Y
•
•
•
• •
• •
•
•
• •
•
• •
• •
0 X
Neste exemplo podemos notar que os dados estão bastante próximos de uma linha
reta, o que nos permite distinguir uma reta crescente, na qual podemos concluir que
existe uma relação linear entre as variáveis Y e X.
Exemplo 2 :
0 X
Neste exemplo podemos notar que os dados estão bastante próximos de uma curva,
o que nos permite concluir que, apesar de existir uma relação entre as variáveis Y e
X, existe uma relação não linear.
79
4.2: Equações das Curvas de Ajustamento
1º : Y = a + b X reta de 1º grau
2º : Y = a + b X + c X 2 parábola de 2º grau
3º : Y = a + b X + c X 2 + d X 3 curva de 3º grau
Para evitar o critério individual na construção das retas, parábolas ou outras curvas
de ajustamento que se adaptam a um conjunto de dados, é necessário a definição
da melhor reta de ajustamento, da melhor parábola de ajustamento, ou seja, da
melhor curva de ajustamento.
Para uma melhor definição para o método dos mínimos quadrados, devemos
considerar o seguinte exemplo :
D3
DN
YN:XN
Y1:X1
Y1
D1
D2
Y0
Y2:X2
0 X1 X2 X3 XN X
80
Neste gráfico, notamos que os pontos na ordem crescente, apresentam-se da
seguinte forma :
Y 1 : X 1 , Y 2 : X 2, Y 3 : X 3 , … , Y N : X N .
4.4: Conceito
∑ Y=Na+b∑X
∑XY= a ∑ X + b ∑X 2
81
Exemplo Geral
Y3
Y2
b b : coeficiente angular
Y1
a a : coeficiente linear
0 X1 X2 X3 XN X
Admitindo-se as equações :
1 : D = Y - Ŷ ; 2 : Ŷ = a + b X ; 3 : D 2 = (Y - Ŷ) 2 ; 4 : ∑ D 2 = Σ (Y - Ŷ) 2
Σ D 2 = ∑ [Y - (a + b X)] 2 ; ∑ D 2 = ∑ ( Y - a - b X) 2 ;
2∑(Y-a-bX)(-1 )=0.
( 1/2 ) • 2 ∑( Y - a - b X ) ( - 1 ) = 0 • ( 1/2 ) ; - ∑ Y + na + b ∑ X = 0
∑ Y = na + b ∑ X , ou seja, equação 1.
d ∑D 2 = 2 ∑ ( Y - a - b X ) ( 0 - 0 - X ).
82
Condição é que d Σ D 2 = 0 , então, temos :
2 ∑ ( Y - a - b X ) (0 - 0 - X ) = 0
( 1/2 ) • 2 ∑ ( Y - a - b X ) ( - X ) = 0 • ( 1/2 ) ; - ∑ XY + a ∑ X + b ∑ X 2 = 0
Σ ∑= N a + b ∑ X e ∑ XY= a ∑ X + b ∑X 2 .
Com estes dados, a empresa deseja saber as vendas previstas para o período de
julho até dezembro do mesmo ano X.
Nota :
83
Trabalhando a Solução
Variáveis Envolvidas
MÊS N X Y X2 XY
∑ 6 21 1.422 91 5.190
Equações Necessárias
1º : ∑ Y = N a + b ∑ X
2º : ∑XY= a ∑ X + b ∑X 2
Substituindo os valores
1.422 = 6 a + 21 b
5.190 = 21 a + 91 b
84
Resolvendo o Sistema de Equações
Na equação 1 :
a = (1.422 - 21 b) / 6
Substituindo na equação 2 :
Portanto, temos que o “a” é igual a 195 e o “b” é igual a 12, então a equação da reta
será :
Ŷ = 195 + 12 X
Previsão de Vendas
MÊS X Ŷ
Jul 7 279
Ago 8 291
Set 9 303
Out 10 315
Nov 11 327
Dez 12 339
85
4.6: Exercício Completo
1º : Introdução
1 1.250 543
Real X - 2
2 1.375 643
3 1.545 662
1 1.668 716
Real X - 1
2 1.738 719
3 1.740 740
86
2º : Solução Mercado Nacional
Variáveis Envolvidas
1 1 1.250 1 1.250
Real X - 2
2 2 1.375 4 2.750
3 3 1.545 9 4.635
1 4 1.668 16 6.672
Real X - 1
2 5 1.738 25 8.690
3 6 1.740 36 10.440
Equações Necessárias
1º : ∑ Y = N a + b ∑ X
2º : ∑ XY= a ∑ X + b ∑X 2
Substituindo os valores
9.316 = 6 a + 21 b
34.437 = 21 a + 91 b
87
Resolvendo o Sistema de Equações
Na equação 1 :
a = (9.316 - 21 b) / 6
Substituindo na equação 2 :
Portanto, temos que o “a” é igual a 1.185 e o “b” é igual a 105, então a equação da
reta será :
Ŷ = 1.185 + 105 X
ANO QUA X Ŷ
1 7 1.920
Previsto X
2 8 2.025
3 9 2.130
1 10 2.235
Previsto X + 1
2 11 2.340
3 12 2.445
88
3º : Solução Empresa CBT
Variáveis Envolvidas
1 1 543 1 543
Real X - 2
2 2 643 4 1.286
3 3 662 9 1.986
1 4 716 16 2.864
Real X - 1
2 5 719 25 3.595
3 6 740 36 4.440
Equações Necessárias
1º : ∑ Y = N a + b ∑ X
2º : ∑ XY= a ∑ X + b ∑X 2
Substituindo os valores
4.023 = 6 a + 21 b
14.714 = 21 a + 91 b
89
Resolvendo o Sistema de Equações
Na equação 1 :
a = (4.023 - 21 b) / 6
Substituindo na equação 2 :
Portanto, temos que o “a” é igual a 544 e o “b” é igual a 36, então a equação da reta
será :
Ŷ = 544 + 36 X
ANO QUA X Ŷ
1 7 796
Previsto X
2 8 832
3 9 868
1 10 904
Previsto X + 1
2 11 940
3 12 976
90
4º : Resumo
1 1.250 543
X-2
2 1.375 643
Real
3 1.545 662
1 1.668 716
Real X - 1
2 1.738 719
3 1.740 740
1 1.920 796
X
Previsto
2 2.025 832
3 2.130 868
1 2.235 904
X+1
2 2.340 940
Previsto
3 2.445 976
91
Logística Integral e Supply Chain Management
Professor : J. C. Ferrante
92
1. Introdução
Uma cadeia de suprimentos pode ser formada por diversos setores que estão
ligados entre si pelo chamado fluxo físico de materiais e produtos. Ao longo de toda
a cadeia de suprimentos encontramos diferentes estoques e, quando falamos em
estoques, é necessário identificar os vários tipos de estoques existentes.
Estoque de Materiais
Setor de Materiais
Estoque Estoque
Inicial Final
Estoque Estoque
Inicial Final
Estoque Estoque
Inicial Final
93
Considerando os vários elos de uma cadeia de suprimentos, identificamos o estoque
inicial e o estoque final. Além destes estoques podemos identificar também os
estoques intermediários e os estoques em trânsito, ou seja, identificamos estoques
em vários lugares diferentes ao longo do fluxo físico de materiais e produtos.
Estoque de Amortecimento
Estoque de Antecipação
Estoque Especulativo
Este é um estoque que é mantido a fim de obter um lucro numa etapa posterior.
Como exemplo podemos citar o fruticultor que armazena sua colheita numa câmera
frigorífica para vender na entressafra por um preço maior. Outro bom exemplo,
muito utilizado na época da inflação significativa e que ainda é usual atualmente, é
aquele onde o fornecedor informa que o preço de determinado produto vai subir de
preço e que ele (fornecedor) tem um lote especial para você garantindo o preço sem
aumento. Caso você tenha dinheiro disponível é conveniente comprar ou não? Em
caso positivo este é o chamado estoque especulativo.
94
Estoque Econômico
Estoque físico, mais o que foi pedido mas ainda não recebido, menos o que foi
vendido mas ainda não entregue. Atualmente, este tipo de estoque não é muito mais
usual.
Para auxiliar na escolha da forma mais adequada para a colocação dos pedidos de
reposição de materiais e/ou produtos, vários sistemas e/ou métodos foram
desenvolvidos, os chamados sistemas de reposição dos estoques.
Sistemas Período
de
Reposição
Fixo Variável
QFPF : quantidade fixa e período fixo. QFPV : quantidade fixa e período variável.
95
2.1: Reposição Periódica : Sistema Quantidade Variável e Período Fixo : QVPF:
"Nível Máximo".
Como o próprio nome sugere é um sistema onde o estoque nunca excede um "teto"
previamente fixado. Do ponto de vista do controle de estoque isso é um ponto
extremamente atrativo.
2. Absorver as flutuações acima da média durante este tempo até um total desejado.
96
A parte do nível de reposição que serve para absorver as flutuações nas retiradas é
chamada de estoque de segurança. Vamos considerar a seguinte legenda:
Em 2,5 % de todos os casos a retirada será menor que 55 peças por semana, da
mesma forma que em 2,5 % de todos os casos a retirada será maior que 95 peças
por semana. Considerando os 2,5 % de possibilidade de não ser possível fornecer a
partir do estoque durante o período de tempo de reposição e o tempo de entrega ou
"lead time", existirá uma probabilidade de 2,5 % de não existir estoque ou de um
grau de atendimento de 97,5 %. O risco de a retirada do estoque ser maior que 95
peças por semana vale para as 4 semanas para as quais devem ser adaptados os
97
limites dos 2 desvios - padrão. O conceito estatístico sugere que, quando o desvio
padrão é de 10 peças por semana, o desvio padrão sobre um período de 4 semanas
será a 4 , ou seja, igual a 2 vezes maior. Portanto, admitindo-se o limite de 2
desvios - padrão, o estoque de segurança torna-se :
V=2•S• L+T
Assim sendo, o cálculo para o nível de reposição será efetuado da seguinte forma :
NR = X • ( L + T ) + 2 • S • L + T , continuando :
NR = 75 • ( 3 + 1 ) + 2 • 10 • 3 + 1 , continuando :
NR = 300 + 40 = 340
A retirada média durante o intervalo entre 2 períodos mais o tempo de entrega será
de 300 peças e o estoque de segurança será de 40 peças. Portanto, o estoque total
será de 340 peças.
Aplicação do Modelo
01 75 25 240 75 340
03 45 45 250 45 340
04 60 60 220 60 340
05 80 55 205 80 340
06 75 80 185 75 340
07 90 35 215 90 340
08 55 40 245 55 340
09 40 80 220 40 340
10 60 95 185 60 340
11 90 95 155 90 340
12 75 75 190 75 340
98
A situação da semana 05 é a seguinte :
Estoque Inicial 05 60
Consumo da Semana 05 80
Estoque Final 05 55
Estoque Inicial 06 55
Consumo da Semana 06 75
Estoque Final 06 80
1
E médio = Q + V , onde Q é o lote médio e V é o estoque de segurança.
2
99
2.2: Reposição Contínua : Sistema Quantidade Fixa e Período Variável : QFPV :
Neste sistema, como o próprio nome sugere, a quantidade a ser pedida é fixa e o
período de tempo para a solicitação do pedido é variável. A quantidade fixa é
considerada a quantidade ótima, ou seja, o chamado lote econômico, o qual, ainda
neste capítulo será objeto de estudo incluindo análise e avaliação.
*
Q
ESTOQUE
TEMPO
V=2 • S • L , onde :
100
"S" é o desvio padrão do consumo em relação ao consumo médio do período
considerado e "L" é o tempo de entrega ou "lead time" de entrega. Como o consumo
médio, normalmente, é dado por semana, o tempo de entrega também deve ser
definido em semana. Assim sendo, considerando um grau de atendimento de 95,45
% e a distribuição sendo a normal, o nível de reposição pode ser considerado como :
NR = X • L + 2 • S • L.
Exemplo numérico :
NR = 75 • 3 + 2 • 10 • 3
03 45 115 365
06 75 150 400
07 90 60 310
250
08 55 255 505
250
09 40 215 465
10 60 155 405
101
A semana 01 terminou com um estoque de 260 e não há mais pedidos pendentes.
Como o nível de reposição, calculado anteriormente, é de 260 peças, então, há
necessidade da colocação de um novo pedido considerando a quantidade ótima de,
por exemplo, 250 peças.
Resumindo, toda vez que o estoque total chegar abaixo do nível de reposição, um
novo pedido é colocado considerando quantidade ótima ou o chamado lote
econômico.
(V + Q*) + (V ) 2V + Q * 1
Estoque Médio = = = V + Q*
2 2 2
102
2.3: Sistema Quantidade Fixa e Período Fixo : QFPF
Cada vez que chega o momento de pedir, o estoque efetivo é comparado com o
nível de reposição. Caso o estoque efetivo seja maior que o nível de reposição, não
há a necessidade de novo pedido. Caso o estoque efetivo seja menor que o nível de
reposição, um novo pedido é colocado considerando a quantidade ótima ou o lote
econômico.
O nível de reposição pode ser definido como sendo o consumo médio multiplicado
pelo tempo de entrega mais o período de tempo de reposição, mais o estoque de
segurança. O estoque de segurança é calculado, para 95,45 % de confiabilidade,
como sendo 2 vezes o desvio - padrão vezes a raiz quadrada do tempo de entrega e
o intervalo de tempo de reposição. Dessa maneira, podemos escrever a seguinte
equação :
NR = X • ( L + T ) + V, onde V = 2 • S • L+T
Exemplo numérico :
NR = 75 • (3 + 1) + 2 • 10 • 3 +1
O pedido da quantidade ótima de 250 peças será colocado toda vez que o estoque
efetivo chegar abaixo de 340 peças.
103
Neste caso, no momento de pedir, o total do nível de reposição estava no estoque e
isso deve cobrir o consumo médio durante o tempo de entrega até que seja recebido
o novo pedido.
X (L + T) + V - ( X • L) + Q * = ( X • T) + V + Q * , ou seja :
X • T + V + Q * +V X • T + 2V + Q * X •T 2V Q*
Estoque Médio = = = + +
2 2 2 2 2
1 1
Estoque Médio = • ( X • T) + V + •Q*
2 2
1 1
Estoque Médio = • (75 • 1) + 40 + • 250 , então :
2 2
104
Tão logo o estoque efetivo seja menor que o nível de reposição, um novo pedido é
solicitado para uma quantidade igual ao limite superior do estoque menos o estoque
disponível e menos os pedidos pendentes. Assim, não há necessidade de esperar
até o tempo de reposição seguinte, e por isso o período de risco é limitado ao tempo
de entrega. Para uma melhor ilustração, vamos relembrar o nível de reposição e o
estoque de segurança:
Exemplo numérico :
NR = (75 • 3) + (2 • 10 • 3)
O limite superior do estoque pode ser calculado como sendo o nível de reposição
mais a quantidade média pedida. Anteriormente, foi descrito que a quantidade média
pedida pode ser considerada como sendo a quantidade ótima. Portanto, o limite
superior do estoque é igual a :
LS = NR + Q *
V + Q * +V 2V Q* 1
Estoque Médio = = + = V + •Q*.
2 2 2 2
Como Q * = Q = 250 peças, e V = 35 peças, então o estoque médio será :
250
Estoque Médio = 35 + = 160 peças.
2
105
3: Comparação dos Sistemas de Reposição
Uma primeira condição diz respeito a pergunta que deve ser respondida para cada
produto : produção para estoque ou produção sob encomenda? Make to Stock or
Make to Order? O uso de qualquer dos sistemas estudados, significa que estamos
considerando a resposta como sendo produzir para estoque. Entretanto, tão logo o
estoque não seja mais aceitável, seja qual for a razão, então um outro sistema de
reposição deve ser avaliado.
Uma terceira condição diz respeito ao controle das variáveis envolvidas nos
sistemas de reposição. É fundamental que o controle seja feito através da
comparação da realidade com o planejamento das variáveis envolvidas. Este
controle deve orientar o replanejamento das variáveis de acordo com o tempo
necessário para que a resposta seja satisfatória com relação às necessidades da
cadeia de suprimentos.
Uma quarta condição diz respeito ao tempo de entrega ou o "lead time" de entrega
dos produtos ou materiais necessários. O tempo de entrega normalmente se baseia
num acordo entre fornecedor e cliente. Deve existir um sistema de controle, através
de indicadores adequados de performance, para que este acordo entre o fornecedor
e o cliente seja cumprido. Porém, é conveniente salientar que o objetivo maior entre
o fornecedor e o cliente é buscar a redução deste prazo de entrega. Quanto menor
for o prazo de entrega, menores serão as flutuações que acontecerão na cadeia de
suprimentos.
Uma quinta condição básica diz respeito a quantidade ótima ou o chamado lote
econômico. Ainda neste capítulo estudaremos a quantidade ótima, todavia,
independente da análise do lote econômico, a quantidade considerada dever ser
sempre cada vez menor. A redução do tamanho do lote de comprar, produzir,
vender e entregar, sendo cada vez menor, aumenta a velocidade do fluxo físico ao
longo da cadeia produtiva e melhora a resposta ao cliente.
106
Resumindo a quarta e a quinta condições podemos concluir que a redução do tempo
de entrega e o aumento na freqüência de reposição são condições básicas para um
bom gerenciamento da cadeia de suprimentos. Claro está que, tanto a redução do
tempo de entrega quanto a redução do tamanho do lote ou o aumento da freqüência,
tem um limite, ou seja, é necessário um "trade off" sobre o que é melhor.
nível de reposição NR
limite inferior LI
limite superior LS
107
3.1: Resumo dos Sistemas de Reposição
Isto tem conseqüência direta no estoque de segurança, o qual, serve para absorver
as flutuações de consumo durante o período de risco. Os sistemas QVPV e QFPV
operam com um estoque de segurança menor. Isso é lógico, porque nestes sistemas
os novos pedidos podem ser colocados a qualquer momento. Já os outros sistemas
QFPF e QVPF operam com um estoque de segurança maior porque o período é
fixo.
Este sistema tem uma vantagem de ser puramente periódico, dando assim um grau
muito alto de regularidade de pedidos. Acima de tudo opera com um estoque muito
108
baixo quando o intervalo de reposição dos pedidos é curto. A desvantagem é que
certamente não é possível trabalhar com um custo ótimo, pois a quantidade
solicitada não é a ótima. Outra desvantagem que podemos citar é que este sistema
transfere para o fornecedor todas as irregularidades das necessidades e, fazendo
isso, elimina uma função importante do estoque, ou seja, a absorção e a redução de
flutuações na demanda. Este sistema de reposição pode ser aplicado para produtos
de baixo valor unitário e de grandes volumes onde são baixos os custos de ajustes e
os desvios em relação à demanda são pequenos.
Este sistema opera claramente com custos ótimos pela aplicação da quantidade
ótima e pelo período de reposição ser variável. O período sendo variável torna
possível um estoque menor. Como desvantagem podemos citar o controle constante
do nível de estoque e a incerteza que influencia a data do próximo pedido. Este
sistema de reposição pode ser aplicado para produtos de maior valor unitário com
uma demanda regular e um desvio - padrão relativamente grande.
4. O Lote Econômico
109
Assim sendo, o custo total do sistema pode ser definido como :
Np : Número de pedidos que devem ser feitos para atender o consumo do período n
considerado.
O custo total do sistema é o somatório do custo total da compra (Pc • Cn), o custo
total dos pedidos (Cp • Cn/Q*) e o custo total de estocagem (Pc • Ti • Q*/2) da
seguinte forma:
O custo total da estocagem (Pc • Ti • Q*/2) e o custo total dos pedidos (Cp • Cn/Q*)
são utilizados para a determinação do chamado lote econômico. Podemos
representar graficamente estas duas curvas de custos, em função do tamanho do
lote, para determinar o ponto em que o custo total é mínimo.
Custo Total
Custos
Custo de Estocar
Custo de Comprar
Q* Tamanho do Lote
110
O custo total será o menor possível quando o custo de estocar for igual ao custo de
comprar. Matematicamente, podemos considerar o seguinte :
Q * Cn
CES = (Pc • Ti ) • e CCO = • Cp
2 Q*
Cn Pc • Ti • Q * Cn • Cp
(Pc • Ti ) • Q *
= • Cp ou =
2 Q* 2 Q*
2 • Cn • Cp 2 • Cn • Cp
Q* ² = ou Q* =
Pc • Ti Pc • Ti
Exemplo 01 :
Lote Econômico
2 • Cp • Cn 2 • 200 • 15000
Q*= Q*= = 2.000
Pc • Ti 5 • 0,30
Cn 15.000
Np = Np = = 7,5
Q* 2.000
Custo de Comprar
111
Custo de Estocar
Exemplo 02 :
Lote Econômico
2 • Cp • Cn 2 • 19 • 2400
Q*= ; Q*= = 302 = 300
Pc • Ti 5 • 0,20
Cn 2.400
Np = ; Np = = 8
Q* 300
Custo de Comprar
C CO = Cn / Q* • Cp = 8 • 19,00 = R$ 152,00
Custo de Estocar
112
5. Ajustes no Lote Econômico de Comprar, Produzir, Vender e Entregar.
Vamos admitir que tenhamos uma taxa de frete melhor para um lote de 480
unidades do exemplo 2 anterior, ao invés do lote econômico calculado de 300
unidades.
O primeiro impacto é no estoque médio que passa das 150 unidades anteriores para
240 unidades atuais, aumentando assim o custo de manutenção dos estoques.
Uma possível resposta para isso deve ser dada pela análise do custo de
manutenção do estoque, do custo de emissão dos pedidos e a taxa de fretes.
113
Alterando o lote de 300 unidades para 480 unidades e considerando o desconto
concedido no frete teremos alterações nos cálculos efetuados nos custos anteriores
conforme demonstrado abaixo :
Número de Pedidos 8 5
114
Atualmente, com o aumento de competitividade do mercado, outras considerações
estão sendo feitas em relação ao lote econômico. Em um mercado competitivo
outras varáveis estão sendo avaliadas dentro das empresas. O volume do
desembolso financeiro, para cada lote de compra, tem importância significativa no
fluxo de caixa. Normalmente, a empresa não compra somente um item, ela compra
um mix de produtos e/ou materiais. Isto também tem implicações nos lotes
considerados. Sabemos, atualmente, que os custos envolvidos com os estoques,
não são somente os custos de manutenção e de emissão dos pedidos. Muitos
outros custos estão envolvidos, por exemplo, seguro, deteriorização, perdas,
obsolescência, perda de venda, etc.
Atualmente, outras variáveis importantes no fluxo físico ainda não foram tratadas
adequadamente, de um lado a velocidade do fluxo físico de materiais e produtos ao
longo da cadeia de suprimentos e, do outro, o serviço ao cliente.
"Tempo é dinheiro" talvez seja uma expressão já muito batida na linguagem comum,
mas no gerenciamento da cadeia de suprimentos esta velha expressão tem um
significado importante. Não só o tempo significa custo, como também prazos
extensos implicam em penalidades ao serviço ao cliente. Na consideração dos
custos, existe uma relação direta entre o tamanho do fluxo físico e o estoque que
fica retido nele, pois em cada dia de retenção do produto ocorrem despesas de
manutenção de estoques. Na consideração dos prazos, existe uma relação entre
prazos longos e respostas lentas às necessidades dos clientes e prazos curtos e
respostas rápidas às necessidades dos clientes.
Isto posto, no mercado competitivo atual, onde é cada vez maior a importância da
velocidade das entregas e do serviço ao cliente, a definição adequada dos lotes de
comprar, produzir, vender e entregar pode significar uma vantagem diferencial
competitiva.
115
Logística Integral e Supply Chain Management
Professor : J. C. Ferrante
116
1. Introdução
117
manufatura. A manufatura, utilizada como arma competitiva, proporcionou aos
produtos japoneses a conquista de mercados, devido a sua superior qualidade e
confiabilidade, assim como a sua melhor resposta às necessidades e oportunidades
do mercado.
118
A grande concorrência entre as empresas modificou o mercado de regido pela
demanda para regido pela oferta.
Ser capaz de prometer os menores prazos possíveis aos clientes e depois fazer
cumpri-los;
119
O objetivo deste capítulo é tornar conhecida as metodologias (técnicas e/ou
ferramentas e/ou filosofias) de gerenciamento da cadeia produtiva, esclarecendo o
significado de siglas que mais parecem uma sopa de letrinhas que se torna indigesta
a medida em que os programas não são absorvidos e conseqüentemente não
evoluem ao longo tempo.
Muito se tem falado sobre estas metodologias, ou seja, as técnicas e/ou ferramentas
e/ou filosofias aplicadas no gerenciamento da cadeia produtiva como um todo.
Por outro lado, estaremos analisando a mais conhecida metodologia (técnica e/ou
ferramenta e/ou filosofia), ligada a uma cadeia logística do tipo “Pull” (Puxar), no
caso o Just in Time (JIT), bastante utilizada no Modelo de Produção.
120
O sistema MRP foi concebido a partir da formulação dos conceitos desenvolvidos
por Joseph Orlicky, de que os itens em estoque podem ser divididos em duas
categorias: itens de demanda dependente e itens de demanda independente.
Desta forma, através da explosão dos materiais que compõem o produto final, o
sistema permite que possamos definir de maneira precisa, a quantidade de cada
item que deverá ser comprado
Martins observa que os dados de entrada devem ser verificados e validados, pois a
entrada de informações erradas resultará em ordens de fabricação e compra
inválidos. O mesmo procedimento deve ser feito com relação à lista de materiais,
com as mesmas refletindo o que acontece no chão-de-fábrica, tanto em quantidades
quanto em precedência entre as partes componentes do produto acabado, pois caso
contrário, as listas de materiais resultarão em necessidades erradas de materiais,
tanto em quantidades quanto nas datas.
121
Corrêa & Gianesi definem MRP II como: "um sistema hierárquico de administração
da produção, em que os planos de longo prazo de produção, agregados (que
contemplam níveis globais de produção e setores produtivos), são sucessivamente
detalhados até se chegar ao nível do planejamento de componentes e máquinas
específicas".
Este módulo visa auxiliar a decisão dos planejadores quanto aos níveis agregados
de estoques e produção período - a - período. Devido a agregação e quantidade de
dados detalhados, é usado para um planejamento de longo prazo.
122
garantir as prioridades calculadas e fornecer feedback do andamento da produção
para os demais módulos do MRP II.
Corrêa & Gianesi destacam algumas das principais características do sistema MRP
II :
Os lead times dos itens são dados de entrada do sistema e são considerados fixos
para efeito de programação; como conforme a situação da fábrica, o lead times pode
mudar, de acordo com a situação das filas do sistema, os dados usados podem
perder a validade.
As críticas mais comuns que são feitas ao sistema MRP II, dizem respeito : a sua
complexidade e dificuldade de adaptá-lo às necessidades das empresas; ao nível de
acuracidade exigidos dos dados; o fato do sistema assumir capacidade infinita em
todos os centros produtivos; não enfatizar o envolvimento da mão-de-obra no
processo.
No entanto, alguns fatores positivos são ditos do sistema MRP II, entre os quais
pode-se citar : a introdução dos conceitos de demanda dependente; ser um sistema
de informações integrado, pondo em disponibilidade um grande número de
informações para os diversos setores da empresa.
Talvez, a grande razão para o sucesso do MRPII é a sua natureza dinâmica. Obvio
dizer que num contexto de aumento de competitividade e aumento da turbulência,
esta é uma característica que suplanta quaisquer defeitos que se queira citar. Em
situações onde a estrutura do produto é muito complexa, e em que as demandas
são instáveis, tal benefício se torna mais claro.
Bowman e Corrêa & Gianesi citam alguns pontos fundamentais que devem ser
obedecidos para que se tenha uma implementação bem sucedida de um sistema
MRP II :
possuir uma clara definição dos objetivos do sistema e dos parâmetros que podem
medir seu desempenho;
123
um intenso programa de treinamento da mão-de-obra sobre os objetivos e
funcionamento do sistema;
O Just in Time (JIT) é uma filosofia que surgiu no Japão em meados da década de
70, sendo sua idéia básica e seu desenvolvimento creditados a Toyota Motors
Company1.
1o : Definir valor (de produto ou serviço) com precisão e sob o ponto de vista do
consumidor final, com claro entendimento das capacidades específicas oferecidas a
um dado preço em uma dada época.
Apesar de ser uma proposição direta e de fácil entendimento, a sua implementação
numa grande organização está sujeita à diversidade dos interesses de suas diversas
áreas. Organizações com cultura orientada ao compartilhamento de objetivos
comuns têm mais facilidade em implementar esta proposição.
Um incorreto entendimento do valor que se deve entregar ao consumidor pode gerar
produtos ou serviços de forma eficiente mas na direção errada, o que na opinião de
Ohno, seria um desperdício.
1
Corrêa e Gianesi, op.cit.,pp.56
2
James P Womack e Daniel T Jones - “Beyond Toyota: How to Root Out Waste and
Pursue Perfection” - Harvard Business Review - September/October 1996
124
2o : Identificar a cadeia de valor de um produto e eliminar os desperdícios, ou seja,
identificar as atividades críticas de qualquer negócio tais como desenvolvimento de
produto e processo, gerenciamento de informação (do pedido à entrega ao cliente
passando pela programação da produção) e transformação física (de materiais a
produto acabado acessível ao consumidor final), para depois eliminar etapas
desnecessárias, problemas de qualidade, insatisfação do consumidor e outras
formas de desperdício.
3o : Garantir que seja estabelecido um fluxo de criação de valor com base nas
oportunidades remanescentes. Esta etapa geralmente demanda o domínio de novas
formas de organização ou tecnologias, mas não necessariamente implica na adoção
de equipamentos modernos ou complexos. Estes, quando adquiridos de forma
inconseqüente podem demandar modelos de operação em lotes, que por sua vez,
se opõem ao modelo de Pensamento Sincronizado e ao JIT.
É comum pensar que este fluxo seja exclusivamente baseado no Kaizen, ou
processo de melhoria contínua. Entretanto, a partir do Kaikaku, ou processo de
melhoria radical, é que se consegue, por exemplo, romper o paradigma do sistema
de planejamento Push (baseado em batch e filas), para ingressar no mundo Pull ou
mundo do fluxo contínuo. Depois de uma melhoria Kaikaku, onde resultados
expressivamente positivos contribuiriam para a obtenção do comprometimento das
pessoas, teríamos um ambiente propício ao Kaizen.
5o : Perseguir a perfeição. Por trás desta etapa reside a premissa de que não
existem limites para a busca da perfeição no processo de redução de estoques,
tempos, espaço, custo e erros no lançamento de produtos que não agregam valor ao
consumidor. Esta premissa se baseia num círculo virtuoso que envolve as 4 etapas
anteriores. Uma definição cada vez mais precisa de valor (etapa a) sempre contribui
para desafiar a cadeia de valor e a busca de novas oportunidades de redução do
desperdício. Com isto, quanto mais exigente o consumidor se torna, oportunidades
de reduzir o desperdício aparecem, fazendo com que a perfeição seja o único
“target” aceitável.
125
um sintoma do JIT, mas na verdade é uma variável de controle que permite propor
novos desafios ao sistema produtivo.
3
Corrêa e Gianesi, op.cit.,pp.91
126
reinventar o papel do papel do MRPII dentro do paradigma Pull. Alguns autores
estão denominando isto de MRP III.
Vale à pena comentar outros aspectos que diferenciam o JIT dos modelos “Push”:
3o : O papel da mão-de-obra: segundo o JIT, toda atividade deve ser feita de forma
certa pela primeira vez. Com isto, a mão-de-obra direta passa a assumir novas
responsabilidades, de forma que fabricação, teste, movimentação de materiais,
manutenção de equipamentos e monitoração da qualidade ao longo de todo o
processo produtivo. Bem diferente do MRPII, onde a mão-de-obra direta tende a ter
uma participação discreta ou nula no processo de melhoria contínua. Neste
contexto, o pessoal indireto (engenharia, supervisão, qualidade, manutenção) passa
a fazer o papel de consultoria interna, para suportar o pessoal da linha de frente.
4
Edward Feitzinger e Hau L Lee - “Mass Customization at Hewlett-Packard: The
Power of Postponement” - Harvard Business Review - Jan-Feb 1997
127
7o : Gerência das Linhas: ênfase em manutenção preventiva, layout que favoreça o
trabalho por processo, utilização de equipamentos menores e mais flexíveis. Quando
ocorre algum problema na linha de produção, todos os funcionários da linha se
concentram no problema., mesmo que isso atrase um pouco a produção. O foco é
na resolução do problema no momento em que ele é detectado. Por outro lado,
quando não há problemas, desconfia-se que há muita gente trabalhando na linha, e
alguns trabalhadores vão para outras atividades, forçando a ocorrência de novos
gargalos que possibilitem identificar novas melhorias.
128
economia gerada, tinham maiores chances de serem premiados com negócios
adicionais.
Como exemplo de aplicação junto aos clientes, a Divisão Lexus da Toyota5, por
exemplo, no início dos anos 80, queria firmar-se como parceira de distribuidores
capazes de investir em um sistema de serviços diferenciados para o consumidor
final. Para isto, a mesma se preocupou em garantir altos ganhos para o distribuidor a
partir dos preços de venda extremamente competitivos em relação à proposição de
valor do produto. Graças ao nível de custo total obtida pelo processo de pensamento
sincronizado, tal política de preços foi viabilizada.
O ECR (Efficient Consumer Response) é uma estratégia que tem por objetivo
atender às demandas dos consumidores com o maior nível de eficiência possível.
Por ser baseada na integração maior de todos os elos da cadeia de bens de
consumo de massa, ela força uma revisão dos paradigmas tradicionais de
gerenciamento. Pelos modelos tradicionais as empresas clientes e fornecedores
estabeleciam entre si relacionamentos do tipo ganha-perde, baseados em conflitos
dominados por relações de poder. Pelo ECR, as empresas que compõem a cadeia
logística são forçadas a rever seus relacionamentos comerciais, visando maximizar o
desempenho do sistema como um todo, na direção da satisfação do consumidor
final.
O ECR baseia-se em quatro grandes pilares conceituais que são expostos a seguir.
5
Nirmalya Kumar, “The Power of Trust in Manufacturer-Retailer Relationships”, Harvard
Business Review, November-December 1996
129
2 : Promoção Eficiente (Efficient Promotion)
Esta frente tem sido polêmica em função do tradicional vício do setor varejista de
formar estoques na virada da tabela promocional.
Este tipo de problema ocorre em situações onde o fabricante desenvolve seu plano
de lançamento sem consultar devidamente as necessidades dos consumidores ou
clientes.
3ª : Implementação do teste;
130
manutenção de estoques em excesso, danificação excessiva de mercadoria, custo
excessivo de mercadoria, custos administrativos excessivos, maiores custos de
produção e cronogramas de produção altamente flutuantes.
- coleta das informações dos produtos no ponto de venda: a partir da leitura por
código de barra, além de gerar uma redução de filas nos supermercados, cria-se a
condição de gerar informação rápida e confiável sobre o perfil das vendas do varejo.
Se a cadeia não estiver gerando um estoque-lar desnecessário na casa do
consumidor final por via de ofertas que desvirtuam o comportamento normal do
mesmo, podemos assumir que o perfil das vendas do varejo se aproxima muito do
perfil do consumo efetivo ao longo do tempo.
131
semelhante ao CRP, mas neste caso o fornecedor tem um grau de liberdade maior
para a montagem das cargas possibilitando um nível maior de otimização dos custos
da cadeia logística.
A esta altura conseguimos visualizar que este modelo é do tipo Pull, ou seja, ele cria
demanda aonde ela efetivamente tem de ser criada, ou seja no ponto de consumo,
em parceria entre fornecedor (especialista no produto e suas interações com o
consumidor) e cliente (especialista no entendimento dos hábitos de compra do
consumidor final).
Por outro lado, vale observar uma certa semelhança entre o Kanban e a Reposição
Eficiente. Enquanto o Kanban tem sido tradicionalmente utilizado para melhorar a
confiabilidade de uma unidade produtiva e integrá-la com os fornecedores, a
reposição eficiente procura atender às necessidades do consumidor final por via de
um atendimento operacional excelente ao cliente. De qualquer modo, os dois
processo são do tipo Pull, pois os elos clientes disparam o envio de novos lotes aos
elos fornecedores por via de parâmetros de estoques previamente definidos que,
quando não atendidos, devem ser devidamente recuperados.
132
isto, estaremos assumindo que o ECR é um modelo ideal de Supply Chain para a
indústria de bens de consumo.
Vale lembrar que ao escolher o ECR como modelo Ideal, não estamos desprezando
o aprendizado acumulado com modelos do tipo Push (MRPII) ou o JIT. Certamente
o MRPII poderá ser parcialmente aproveitado num processo de implementação de
ECR. Já o pensamento sincronizado, em nossa opinião, é absolutamente aderente
aos princípios filosóficos do ECR. Mais que isto, acreditamos que o ECR é uma
adequação do modelo de pensamento sincronizado à realidade da indústria de bens
de consumo.
Pelo fato de o ECR ser um modelo que rompe com paradigmas tradicionais de
relacionamento comercial, entendemos que é de fundamental importância entender
quais são estas dificuldades.
“Não muito tempo atrás, executivos da área logística da Procter & Gamble (P&G)
examinaram o padrão de comportamento dos pedidos de um de seus campeões de
vendas (Pampers). Suas vendas no varejo estavam flutuando, mas as variações não
eram excessivas. Entretanto, no momento que foram examinados os pedidos dos
atacadistas, houve surpresa com o nível de variabilidade. Quando analisados os
pedidos de materiais da P&G junto a seus fornecedores, tais como 3M, as variações
foram maiores. À primeira vista, as variações não faziam sentido. Enquanto os
consumidores, neste caso, os bebês, consumiam fraldas num ritmo constante, as
variações da demanda eram amplificadas conforme a informação se movia em
direção ao primeiro fornecedor da cadeia logística. A P&G apelidou este fenômeno
de ‘Bullwhip’ Effect”
Por falta de expressão melhor, traduziremos este termo para efeito especulativo em
Supply Chain.
Segundo Lee et al7, existem quatro grandes causas que podem gerar o efeito
especulativo:
6
Hau L Lee, V Padmanabhan, Seungjin Whang – “The Bullwhip Effect in Supply Chains” –
Sloan Management Review / Spring 1997 / p.93
7
Lee op cit p.95
133
a) processo de atualização de estimativa de demanda
Outra razão para tal prática é a intenção de otimizar o transporte das mercadorias
por via das solicitações de ordens que atendam permitam maximizar a ocupação
dos meios de transporte.
Por mais que o ECR permita visualizar algumas soluções para este problema, tais
como EDI para redução do custo de processamento e transmissão de pedidos, o
134
VMI para a otimização de cargas de transporte, o uso de centros de distribuição
terceirizados para otimização de custos de distribuição, é muito difícil mexer na
cultura do processo logístico de todos os elos da cadeia a ponto de implementar
estas práticas.
Práticas como redução de lotes de produção por exemplo, podem representar uma
mudança significativa tanto do ponto de vista interno à organização (manufatura,
logística de suprimentos) quanto externo (integração de fornecedores).
c) flutuação de preços
d) racionamento de produto
Óbvio que a melhor forma de evitar o problema é atender os clientes com nível de
serviço tão alto quanto os custos permitirem. Na prática, nem sempre é possível
praticar tal nível de serviço. Com isto, situações de racionamento infelizmente
tendem a ocorrer. Neste caso, é clara a importância de dividir com o cliente
informações sobre a capacidade produtiva e a demanda do mercado de modo a
evitar pânico.
Nas situações em que o pânico for inevitável, porque a escassez é real e porque não
foi possível gerenciar as expectativas do mercado, só resta uma alternativa: distribuir
o produto disponível entre os clientes com base no histórico mais recente de vendas
antes do surto de escassez.
Com isto podemos concluir que ao mesmo tempo em que o modelo ECR pode ser a
solução para as questões de efeito especulativo, a sua implementação pode ser
extremamente dificultada pelos sintomas deste efeito.
135
Neste ponto, a habilidade tática da organização em buscar os parceiros corretos
para iniciar o processo de implementação do ECR é de fundamental importância.
Para desenvolver este tipo de habilidade, é muito importante começar o processo
pela quebra de paradigmas internos à organização. Neste contexto, por exemplo,
não existe mais espaço para organizações funcionais onde cada departamento
busca atingir um objetivo isolado.
Quando se fala de ECR, e queremos atingir um objetivo comum a toda a cadeia, que
pretende atender ao consumidor final, devemos antes de mais nada conscientizar
internamente a organização da importância deste objetivo integrado. Somente a
partir deste momento, a organização estará preparada para ir a campo e ‘dar o
exemplo "a seus parceiros".
8
Ann Majchrzak and Qianwei Wang – “Breaking the Functional Mind-Set in Process
Organizations” – Harvard Business Review – September-October - 1996
136
Segundo Marjchzak e Wang, quando não existe um espírito de responsabilidade
coletiva dentro da organização, é pouco provável implementar um modelo orientado
para processo com êxito. Pessoas que tenham responsabilidade coletiva são
capazes de trabalhar duro para garantir que o resultado do time seja positivo.
9
Peter M Senge, “The Leader´s New Work Organization”, Sloan Management
Review, Fall 1990.
10
David L Bradford e Allan R Cohen, “Excelência Empresarial - Como Levar as
Organizações a um Alto Padrão de Desempenho” - Editora Harbra - Caps. 4, 5 e 6.
11
James M Kouzes e Barry Z Posner, “O Desafio da Liderança”, 2a edição, Editora
Campus, Caps. 3 a 8.
137
- utilizando a visão exterior com o fim de estimular e informar o grupo;
- incentivando o grupo a enxergar de forma realista a situação atual;
- incentivando a formação de uma visão comum de futuro que seja capaz de resultar
num processo de aprendizado gerador de conhecimento;
- identificando o “gap” entre situação atual e a visão comum de futuro;
- internalizando a intenção estratégica de eliminar o “gap”.
c) Uma vez tendo estabelecida uma nova identidade e uma visão para a equipe,
fazer um acompanhamento constante da evolução individual dos membros da
equipe:
Mas, este tipo de integração representa a maior quebra de paradigma trazida pelo
ECR. Tipicamente, o relacionamento comercial entre varejistas e fabricantes foi
marcado, no Brasil e no mundo, pela imposição de poder. O elo mais forte,
usualmente o fabricante, tendia a utilizar sua força para impor suas prioridades aos
clientes.
138
Óbvio dizer que, com este tipo de postura, torna-se impossível estabelecer um
vínculo de confiança entre cliente e fornecedor, de forma que o relacionamento
comercial torna-se marcado pelo conflito. Perde-se muito tempo discutindo
particularidades comerciais de forma fechada (sem informação suficiente) e
portanto, especulativa. Não são focalizadas as oportunidades de desenvolvimento
conjunto sugeridas pelo ECR.
Para ajudar a quebrar este tipo de resistência Kumar12 frisa que desenvolver um
relacionamento de confiança não é apenas um procedimento que nos ajuda a sentir-
nos bem no trabalho. Numa pesquisa junto a um fabricante de peças de reposição
para veículos nos USA e 429 de seus clientes varejistas, Kumar cita que os
varejistas que confiam no fabricante são mais comprometidos com o relacionamento
e não têm intenção de mudar de fornecedor. Além disto, varejistas com alto grau de
confiança tem um nível de vendas 78% superior a aqueles que não confiam no
fabricante, além de um nível de rentabilidade 11% superior.
12
Nirmalya Kumar, “The Power of Trust in Manufacturer-Retailer Relationships”,
Harvard Business Review - November-December - 1996
139
RELACIONAMENTO RELACIONAMENTO
BASEADO EM : BASEADO EM :
ESPECIFICAÇÃO
PODER CONFIANÇA
MODO DE OPERAÇÃO Criar Medo Criar Confiança Mútua
Perseguir o que é
PRINCÍPIO Perseguir interesse
razoável para ambas as
DIRECIONADOR próprio
partes
Criar interdependência
limitando o número de
Evitar a dependência de
parceiros; ambas as
ESTRATÉGIA DE um parceiro. Manter a
partes se comprometem
NEGOCIAÇÃO própria flexibilidade e
com investimentos
diminuir a do parceiro.
mútuos dedicados ao
relacionamento.
COMUNICAÇÃO Unilateral Bilateral
140
Abaixo, um quadro resumo do sistema de reposição via ECR.
141
Logística Integral e Supply Chain Management
Professor : J. C. Ferrante
142
1. Introdução
"Tempo é dinheiro" talvez seja uma expressão já muito batida na linguagem comum,
mas no gerenciamento da logística integral esta velha expressão tem o significado
do grande objetivo da logística. Não só o tempo significa custo, como também
prazos extensos implicam em penalidades ao serviço ao cliente.
Na consideração dos custos, existe uma relação direta entre o tamanho do fluxo
logístico e o estoque que fica retido nele, pois em cada dia de retenção do produto
ocorrem despesas de manutenção de estoques.
Na consideração dos prazos, existe uma relação entre prazos longos e respostas
lentas às necessidades dos clientes e prazos curtos e respostas rápidas às
necessidades dos clientes..
Assim sendo, no mercado competitivo atual, onde é cada vez maior a importância da
velocidade das entregas e o serviço ao cliente, a combinação de altos custos e
longos prazos pode significar a decadência da competitividade das empresas. Em
termos de prazo, seria conveniente definirmos o que é um produto de consumo (de
prateleira) e o que é um produto sob pedido (de encomenda). Para tanto,
necessitamos definir o chamado “Production Time” (P Time : tempo de produção) e o
chamado “Demand Time” (D Time : tempo de vender).
O tempo de vender é composto pelo “lead time” do pedido, ou seja, o tempo que o
cliente aceita esperar.
Tempo de Produzir
143
Produtos Sob Pedido : Relação P / D é menor que 1
Tempo de Vender
Tempo de Produzir
Tempo de Vender
No mercado competitivo atual, o tempo de vender está-se tornando cada vez menor.
Dessa forma, a redução do tempo de produzir torna-se cada vez mais prioritário.
Relembrando os grandes objetivos da logística integral, temos de um lado, a
redução do “manufacturing throughput time” e, do outro, o aumento do nível de
atendimento ao cliente. Os processos logísticos que estão sendo implementados
nas empresas estão levando em consideração estes objetivos, em função das
necessidades de mercado. Portanto, resumindo, a redução dos “lead time” deve ser
efetuada em todos os processos da empresa. O ponto inicial para reduzir os “lead
time” envolvidos no fluxo de materiais e produtos, é a implantação de indicadores de
performance e, quando falamos em indicadores, podemos dividi-los em grandes
módulos:
1. confiabilidade de entregas;
2. estoques;
3. lead times;
4. flexibilidade;
5. qualidade;
144
2. Indicadores de Desempenho
Módulo 2 : Estoques
Módulo 4 : Flexibilidade
Este módulo dá uma visão geral sobre a flexibilidade necessária para o atendimento
do mercado e a flexibilidade real da empresa.
Módulo 5 : Qualidade
Apenas como forma didática, vamos analisar como administrar o fluxo de materiais e
produtos (redução dos “lead time” e aumento do nível de atendimento ao cliente),
considerando os 3 processos básicos da Logística Integral, ou seja, a logística do
processo de vendas, a logística do processo de produção e a logística do processo
145
de compras. Além dos 3 processos básicos da logística integral, devemos também
considerar a logística no desenvolvimento de novos produtos, pois tem fundamental
importância no fluxo físico de materiais e produtos.
Tempo
146
Horizonte de Planejamento
Liquidificador I
110 V 220 V IV
Uma previsão de vendas feita no nível I, tem uma boa confiabilidade. Uma previsão
de vendas feita nos níveis II e III, tem uma confiabilidade bem menor. Todavia, uma
previsão de vendas feita no nível IV tem uma confiabilidade muito baixa.
147
Horizonte de Planejamento X Nível de Agregação
Matriz de Planejamento
Sob o ponto de vista do cliente, existe apenas um prazo : o tempo decorrido desde a
entrega do pedido até a entrega do produto. Certamente, esta é uma variável
competitiva, a medida em que um número cada vez maior de mercados está se
tornando mais competitivo em relação ao tempo. Abaixo, relacionamos as diferentes
etapas de um pedido tradicional:
2. Entrada do pedido.
3. Processamento do pedido.
4. Execução do pedido.
5. Expedição e Transporte.
6. Entrega do pedido.
Cada um destes componentes consome tempo. Este tempo pode ser maior ou
menor em função de : 1. maiores ou menores gargalos; 2. processos mais ou menos
eficientes; 3. maior ou menor número de pedidos; 4. etc.
O efeito geral de todas estas possibilidades pode resultar num alto ou baixo nível de
atendimento ao cliente, como também, num alto ou baixo ciclo de caixa do fluxo
físico.
148
Apenas, como exemplo, vamos formatar o fluxo do pedido de uma empresa de
produtos de consumo, organizada de uma forma normal e tradicional no mercado.
Clientes 1 2 3 4 5 N
Filiais 1 2 N
Input do Pedido
Condições de Crédito
Empresa
Condições de Logística
Faturamento
Expedição
Clientes Entrega
149
A logística do atendimento do pedido deve levar em consideração a classificação de
cada cliente em termos de :
política de preços:
política de crédito:
política de atendimento:
transportes:
local de entrega:
etc.
150
3.2 : Logística do Processo de Produção
Neste instante, seria conveniente avaliar um pouco os focos de atenção das áreas
de vendas e de produção. Para isso, vamos identificar algumas variáveis envolvidas
nestas duas áreas com relação à logística : 1. número de itens diferentes de
produtos produzidos e vendidos (“range” de produtos); 2. “lead time” de produção e
de vendas; 3. produção variável e estável; 4. “mix” e volume de produção e de
vendas; 5. flexibilidade.
“Range” de Produtos
151
“Lead Time”
A área de vendas, normalmente, deseja ter um “lead time” pequeno, pois o mercado
é competitivo. A área de produção, normalmente, tem um “lead time” que, na maioria
das vezes, é grande.
Produção
A área de vendas deseja uma produção variável. A área de produção deseja uma
produção estável.
“Mix” - Volume
Flexibilidade
152
Para responder a estas perguntas, o planejamento de produção deve ser elaborado
para os chamados fatores de produção : máquinas, equipamentos, mão de obra e
materiais. Este planejamento define a necessidade dos fatores de produção, a qual,
deve ser comparada com a capacidade de produção, também em termos dos
mesmos fatores de produção. A programação da produção define, no curto prazo, o
que, quanto e quando produzir. No planejamento de produção devemos levar em
consideração também aquilo que chamamos de análise rápida dos principais
gargalos de produção através dos conceitos de “planning bill of material” e “rough
cut capacity”.
Como foi citado no capítulo referente às técnicas e/ou ferramentas, o MRP serve
como modelo de planejamento de vendas, produção, compras e estoques. Claro
está que devemos levar em consideração aquilo que chamamos de modelo de
empurrar e de puxar. No momento de programar a produção é que devemos
considerar se será através de plano (empurrar) ou se será em função da venda real
(puxar).
153
Durante muito tempo a filosofia JIT foi estudada e muitos autores definiram o “Just in
Time”. Todavia, não é simples definir JIT, pois, atrás da técnica, tem toda uma
filosofia de trabalho.
1a – “Just in time” é utopia até o nosso concorrente não definir esta utopia, pois, caso
o nosso concorrente consiga definir, ou nós também definimos, ou estamos fora do
mercado.
2a - Quando olhamos a filosofia JIT como um todo, de 0 a 100, realmente parece ser
utopia. Todavia, numa escala de 0 a 100, necessariamente passamos pelo 1, 2, 3,
4... e, assim, sucessivamente. Dessa forma, implantando devagar, mas firme, pouco
a pouco começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel e a utopia começa a fazer
sentido.
estrutura organizacional
flexibilidade de fabricação
Em termos de layout celular, com transparência do processo desde o início até o fim
e a produção orientada para o “mix” de produtos.
postos de trabalho
equipamentos de produção
dimensão humana
Com a mentalidade "nosso produto", evidenciando maior responsabilidade e maior
motivação, permitindo o controle de qualidade em cada operação.
distâncias percorridas
154
em produtos "rapidamente", ou seja, "reduzir o ciclo produtivo da empresa" (objetivo
da logística integral). A mensuração das distâncias percorridas pelas matérias
primas, dentro de uma fábrica, tem surpreendido muitos dirigentes. Não é incomum
vários quilômetros, ou até centenas deles. É óbvio que encurtar as distâncias é
importante. Isto concentra as atenções no “layout” da fábrica, no agrupamento de
máquinas versus grupos funcionais, pequenas plantas autônomas, versus grandes
fábricas especializadas etc. Todos estes parâmetros devem ser questionados e
avaliados para ver se existe uma otimização em relação ao mercado (não em
relação à produção).
155
Analogia do Lago e das Pedras
Um barco pode navegar tranqüilamente num lago que contém muitas pedras, desde
que o mesmo esteja cheio. O objetivo do barco é atravessar o lago, porém este lago
está cheio de pedras e, para isso, o nível de água representa o nível de estoques e
as pedras são os problemas encobertos da empresa. Algumas pedras estão
identificadas na figura acima, todavia, existem muitas outras. A não identificação das
pedras (causa dos problemas) não permite um ataque coordenado rumo ao objetivo
principal da Logística. As últimas tentativas, por exemplo, de reduzir estoques,
melhorar o nível de atendimento ao cliente e ser mais eficiente, acabaram gerando
um sistema muito maior e mais complexo. À medida que reduz o nível de água do
lago, para que o barco possa seguir o seu caminho, muitos controles são
necessários para desviar das pedras. Aí surgem os complexos sistemas de controle,
porém as pedras não são removidas. Isto não quer dizer que os sistemas não são
efetivos. Provavelmente, uma grande pedra no lago seja o próprio sistema de
informações. Uma melhoria no sistema pode resultar numa pequena redução nos
estoques e alguma melhoria no nível de atendimento ao cliente e em produtividade.
Mas as melhorias terminam aí. Qualquer outro progresso esperará até que seja feito
um ataque concentrado às outras pedras. Esta é a razão pela qual um enorme
potencial ainda existe.
156
3.3 : Logística do Processo de Compras
1.Planejamento de Compras
157
Caso pudéssemos fazer uma evolução da função compras, poderíamos dizer que :
No passado a variável preço foi a única variável importante na área de compras. Com o
passar do tempo, outra variável foi acrescida: a qualidade. Recentemente, além do
preço e da qualidade, foi dada prioridade a uma terceira variável: o prazo de
entrega. Atualmente, além do preço, da qualidade e do prazo de entrega, temos
também a variável flexibilidade. Como vemos, no decorrer do tempo, as relações
com os fornecedores foram se alterando, foram ganhando cada vez maior
importância. Dessa forma, cabe a pergunta: Qual é o relacionamento que
mantemos hoje com os fornecedores?
COMPRAS DE PARCERIA
158
Podemos resumir como principais itens do “co-makership”, o seguinte: 1.
especificações do produto; 2. qualidade; 3. flexibilidade; 4. ”lead time”
Especificações do Produto
Este ponto diz respeito quando estamos desenvolvimento uma nova linha de
produtos. Basicamente é solicitar a participação do fornecedor já na fase de
especificação da nova linha. Assim podemos conseguir projetos mais balanceados,
menores dificuldades na fabricação, níveis mais baixos de rejeição, maior
confiabilidade nas entregas e, conseqüentemente, isto irá refletir no custo do produto
de uma forma extremamente positiva.
Qualidade do Material
Aqui está o conceito de "built in quality", ou seja, construir a qualidade como parte
integrante do controle de processo do fornecedor até a eliminação da inspeção de
entrada na empresa.
Flexibilidade
Este tipo de relacionamento permite uma troca maior de informações orientativas,
gerando uma flexibilidade maior.
“Lead Time”
- maior fexibilidade
- menor “lead-time”
- melhor qualidade
159
Benefícios para o fornecedor:
Há um ditado que diz: "desenvolva uma ratoeira melhor e as pessoas farão fila à sua
porta". Isto é provavelmente verdade, mas se você não tiver a que eles necessitam,
provavelmente irão comprar uma inferior com o concorrente e nunca voltarão. A
eficiência logística no desenvolvimento de produtos tem que ser tão importante
quanto o seu custo e a sua função mercadológica. A logística no desenvolvimento
de produtos deve levar em consideração os seguintes conceitos : o conceito de
previsibilidade e o conceito de producibilidade.
Previsibilidade
Producibilidade
160
PRODUCIBILIDADE
Variabilidade do produto no último momento possível
TEMPO
PROJETO E
PROCESSO COMUNS
(PRODUTO COGUMELO)
161
4. Planejamento Integrado
162
Como conseqüência, exércitos de funcionários debruçam-se sobre páginas e
páginas de listagens e relatórios para verificar sua precisão e coerência. Muitas
vezes, sistemas e procedimentos desenvolvidos, com grandes despesas, para gerar
relatórios periódicos sobre problemas operacionais, como a inutilização e
reprocessamento de produtos, não tiveram sucesso. Estes tipos de problemas
costumam ter solução, e a um custo relativamente modesto. O enfoque correto,
quando se quer aperfeiçoar o sistema de trabalho, está em investir na solução dos
problemas, e não em relatá-los. Ademais, o custo e complexidade de muitos
sistemas é maior do que o necessário porque muitas companhias não utilizam
adequadamente softwares pré-programados, ocasionando um aumento significativo
do tempo de desenvolvimento de sistemas. Os softwares atualmente disponíveis
permitem processamento just-in-time, de modo a apoiar e simplificar as operações
de planejamento e controle. Atualmente, encontramos no mercado vários tipos de
“softwares” que tratam do planejamento e controle.
163
Logística Integral e Supply Chain Management
Professor : J. C. Ferrante
164
1. Introdução
165
incentivam a flexibilidade, particularmente no que diz respeito à conciliação de
solicitações especiais ou que estejam fora da rotina.
Fonte: Leading edge logistics: Competitive positioning for the 1990’s, Council of
Logistics Management, Oakbrook, Illinois, USA, 1989.
166
• enfatizam o planejamento.
Nas últimas décadas, a economia mundial tem oscilado entre períodos de crise e
prosperidade, numa velocidade cada vez maior. Estas constantes alterações
obrigaram as empresas a reverem os seus conceitos administrativos como forma de
sobrevivência frente aos novos desafios.
Na década de 70, o mercado começa a indicar uma maior exigência fazendo com
que tenhamos um início de competição entre as empresas. Nesse período, a
prioridade básica da empresa, além do volume, passa a ser também a qualidade.
Qualidade do ponto de vista do produto.
167
Na gestão de operações, a principal característica de um mercado competitivo, em
termos de logística de produção é : "Devemos produzir somente o que vendemos".
Portanto, a logística da empresa começa a considerar esta característica, ou seja,
começa a repensar o modelo até então predominante.
Problema do tipo : a área de vendas vende o que não tem e a área de produção
produz o que não precisa, começa a aparecer.
mercado competitivo
Este novo modelo logístico exige um novo modelo de organização das empresas. É
evidente que um novo modelo de organização não é elaborado e testado de um
momento para outro. Isto leva tempo e depende das características de cada uma.
No entanto, de um modo geral, estas transformações vão além de simples
reformulação do organograma. Envolve uma mudança cultural que deve começar
pelo primeiro nível da organização.
168
1A : De Função para Processos
A idéia que o fluxo de materiais ligando a empresa com o seu mercado e seus
fornecedores deve ser gerenciado como um sistema integrado está bem no âmago
do gerenciamento logístico. Este ponto de vista desafia a idéia clássica que defende
o negócio sendo mais bem gerenciado em bases funcionais. Para operar no novo
ambiente, é necessário ter habilidades interdisciplinares e compreensão das
oportunidades de “trade-offs” entre as áreas funcionais.
lembra-nos que a lucratividade vem não somente da margem de lucro, mas também
do giro do ativo. Conseqüentemente, o responsável da logística do futuro terá que
ser bem informado financeiramente e terá que procurar controlar os recursos e os
custos.
169
reduzir drasticamente as necessidades de estoques. Uma vez que estes foram
freqüentemente mantidos como protetores contra incertezas e, se estas são
reduzidas, o mesmo deve acontecer com os estoques. O responsável da logística,
em verdade, transforma-se num gerente de informações e, não apenas um gerente
de materiais.
Quadro Resumo
Habilidades
Mudança de Paradigma Conduz a ...
Necessárias
Compreensão das
De Funções para Gerenciamento integral do oportunidades de
Processos fluxo de materiais e produtos “trade-off” entre as
áreas funcionais
Habilidade de definir,
medir e gerenciar as
Enfoque nos mercados e no
De Produtos para Clientes necessidades de
serviço ao cliente
serviço por segmento
de mercado
Técnicas de
De Transações para Parcerias de co-produção e
gerenciamento de
Relacionamentos co-transporte
redes e de otimização
Familiaridade com
Sistemas de
sistemas de
De Estoque para reabastecimento com base
informações e com a
Informação na demanda e de reposta
tecnologia da
rápida
informação
170
3. Estratégias Logísticas Orientadas para o Serviço ao Cliente
Serviço
ao
Cliente
Projeto da Rede de
Distribuição
171
Logística Integral e Supply Chain Management
Bibliografia
Professor : J. C. Ferrante
172
1.CHRISTOPHER, Martin. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos.
São Paulo : Pioneira, 1.997.
8. COPACINO, Willian C. Supply Chain Management. The basics and beyond. The
St. Lucie Press / APICS Séries, 1.997.
173
17.POIRIER, Charles; REITER, Stephen E. Supply Chain Optimization : building the
strongest total business network. São Francisco : Berret-Koehler Publishers, 1.996.
174